CÂNCER

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CÂNCER A palavra Câncer é empregada para descrever um complexo e heterogêneo grupo de estados patológicos no qual as células proliferam descontroladamente e invadem tecidos vizinhos. Outra forma de denominação do câncer é neoplasia, que significa literalmente “novas proliferações” ou multiplicação progressiva de células, e estas podem se iniciar a partir de células normais em qualquer tecido sadio. Durante o desenvolvimento normal e ao longo da vida adulta, sistemas genéticos de controle regulam o equilíbrio entre o nascimento celular e morte em resposta a sinais de crescimento, sinais inibidores do crescimento, e sinais de morte. Ciclo celular: Em alguns tecidos adultos, a proliferação celular ocorre continuamente como uma estratégia de tecido- renovação constante. Células epiteliais intestinais , por exemplo, vivem apenas alguns dias antes de morrer e são substituídas; determinados glóbulos brancos são substituídos rapidamente, e células da pele normalmente sobrevivem por apenas 2-4 semanas. As células em muitos tecidos de adulto, no entanto, normalmente não proliferam, exceto durante os processos de cura. Tais células estáveis (por exemplo, hepatócitos, células do músculo cardíaco, os neurônios) podem permanecer funcionais por longos períodos ou mesmo durante toda a vida de um organismo.

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Bases moleculares e genéticas do câncer

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CÂNCER

A palavra Câncer é empregada para descrever um complexo e heterogêneo

grupo de estados patológicos no qual as células proliferam descontroladamente e invadem

tecidos vizinhos. Outra forma de denominação do câncer é neoplasia, que significa

literalmente “novas proliferações” ou multiplicação progressiva de células, e estas podem se

iniciar a partir de células normais em qualquer tecido sadio.

Durante o desenvolvimento normal e ao longo da vida adulta, sistemas genéticos de

controle regulam o equilíbrio entre o nascimento celular e morte em resposta a sinais de

crescimento, sinais inibidores do crescimento, e sinais de morte.

Ciclo celular: Em alguns tecidos adultos, a proliferação celular ocorre continuamente

como uma estratégia de tecido-renovação constante. Células epiteliais intestinais , por

exemplo, vivem apenas alguns dias antes de morrer e são substituídas; determinados glóbulos

brancos são substituídos rapidamente, e células da pele normalmente sobrevivem por apenas

2-4 semanas. As células em muitos tecidos de adulto, no entanto, normalmente não

proliferam, exceto durante os processos de cura. Tais células estáveis (por exemplo,

hepatócitos, células do músculo cardíaco, os neurônios) podem permanecer funcionais por

longos períodos ou mesmo durante toda a vida de um organismo.

O câncer é uma enfermidade de caráter genético, que se produz ao serem eliminadas

as restrições que limitam a divisão celular em células de tecidos já diferenciados e na maioria

dos casos é uma enfermidade adquirida e, com freqüência, de caráter irreversível.

Com base em alterações genéticas relacionadas com a presença de mutações

(alterações produzidas na estrutura ou no número de genes que se transmite aos descendentes

por herança), translocações (mudança de um segmento de cromossomo para a outra parte de

um cromossomo homólogo ou ao interior de um cromossomo não homólogo) ou deleções

(forma de alteração cromossômica que consiste na perda de uma porção de um cromossomo).

O câncer geralmente é derivado mutações causadas por exposição a produtos

químicos ou radiações carcinogênicas. Mutações que causam câncer ocorrem principalmente

em células somáticas, não nas células de linhagem germinativa, e mutações somáticas não

são passadas para a próxima geração. Em contraste, determinadas mutações herdadas, que

são transportadas na linhagem germinativa, aumentam a probabilidade de que câncer irá

ocorrer em algum tempo. Numa destrutiva parceria, mutações somáticas podem se combinar

com mutações herdadas para causar o câncer.

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Mutações em duas grandes classes de genes têm sido implicadas no aparecimento de

câncer: proto-oncogenes e genes supressores tumorais. Os genes em ambas as classes

codificam proteínas que ajudam a regular o nascimento celular (isto é, a entrada e a

progressão através do ciclo celular) ou de morte celular por apoptose; outros codificam

proteínas que participam reparação de DNA danificado.

Proto-oncogenes são ativados para se tornarem oncogenes por mutações que fazem o

gene ser excessivamente ativo na promoção do crescimento celular. Oncogenes são genes

envolvidos com o processo de proliferação celular que, quando superexpressos, promovem o

fenótipo maligno. Superexpressão pode ser causada por mutação, rearranjo cromossômico ou

amplificação gênica (geração de novas cópias).

Exemplos:

MYC (codifica fator de transcrição nuclear pró-proliferativo. Mutaçãopode aumentar

a expressão desse gene e a proliferação celular.)

RET (codifica receptor celular que pode sofrer mutação e se tornar ativo sem ligação

do respectivo fator de crescimento)

RAS (codifica proteína de transdução de sinal proliferativo que pode se tornar ativo

mesmo sem receber sinal anterior – produzindo continuamente sinal)

Genes supressores tumorais normalmente contêm o crescimento, de modo que

danos nesses genes permitem o crescimento inadequado. São genes que em seu estado normal

codificam uma proteína inibitória do crescimento ou da proliferação celular, ou seja, os GST

mantêm a integridade a nível celular.

Exemplos:

TGFBR – receptor que inibecrescimento celular em resposta à citocina TGF beta

Rb – regula o cilo celular

NF1 – inibe a transdução de sinal proliferativo RAS

APC – inibe a transdução do sinal proliferativo

gene p53 - é um GST e que possui ciclo celular no “ponto de checagem (checkpoint)”

G1/S (intervalo 1/síntese). Quando ocorre uma alteração no DNA a p53 se acumula e através

de induções e ativações o ciclo é detectado e mantido corretamente. Caso a p53 falhe o ciclo

continuará mantendo a alteração no DNA levando a mutação do gene.

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O que ocorre é um crescimento descontrolado de um grupo de células dentro de um

tecido fazendo com que, na maioria das vezes, se inicie a produção de uma massa celular

diferenciada do resto, denominado tumor.

Este tumor pode ser:

1 - Não invasivo: constituído por um conjunto de células que permanecem

“encapsuladas” no local de origem sem produzir maiores danos aos tecidos adjacentes. Neste

caso considera-se o tumor como benigno.

2 - Invasivo: quando somamos ao crescimento e proliferação descontrolados a

propriedade de invasão e dispersão a outros tecidos com produção de metástase, neste caso o

tumor será catalogado como maligno.

Biológica e clinicamente a classificação mais importante dos tumores se encontra

entre tumores benignos e malignos, dos quais somente estes últimos são considerados

propriamente cânceres:

- Tumor benigno:

1) não necessariamente avança para a malignidade,

2) se mantêm parecido com o tecido de origem,

3) nem todos os tipos de tecidos podem estar implicados

4) muitas vezes estão separados do tecido normal por uma espécie de cápsula de tecido

conjuntivo.

Citologicamente não se diferenciam muito de células normais e os problemas clínicos

surgem, em muitos casos, de maneira indireta por pressão da massa tumoral sobre nervos ou

outros tecidos próximos;

- Tumor maligno: ao contrário do anterior apresenta numerosas anormalidades citológicas,

tais como:

1) variações na forma e tamanho,

2) aumento da densidade e tamanho do núcleo celular,

3) mitoses anormais,

4) não se “encapsulam”,

5) destroem a membrana basal invadindo vasos sangüíneos e nódulos linfáticos.

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Metástase é um tumor secundário originado pela disseminação de células cancerosas

procedentes de um primeiro tumor (ou tumor primário).

A metástase é um processo complexo com muitos passos. Invasão de novos tecidos

não é aleatória, dependendo da natureza tanto a célula de metastização e o tecido invadido.

Metástase é facilitada se as células tumorais produzem crescimento e angiogénese fatores

(indutores de crescimento de vasos sanguíneos). Células com motricidade, invasivas,

agregáveis e deformáveis são as mais perigosas. Tecidos sob ataque são mais vulneráveis se

eles produzem fatores de crescimento e prontamente crescem novas vascularizações.

MUDANÇAS CELULARES QUE CARACTERIZAM O CÂNCER.

Durante a carcinogênese, seis propriedades celulares fundamentais

são alteradas, como se mostra aqui, para dar origem ao completo, mais

destrutivo fenótipo do câncer. Tumores menos perigosos surgem quando

apenas algumas dessas mudanças ocorrem.

Células neoplásicas exibem simultaneamente seis fenótipos que conferem vantagem

proliferativa:

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- auto-suficiência em sinais proliferativos (independem de fatores de crescimento)

- insensibilidade aos sinais proliferativos (insensíveis aos inibidores de crescimento)

- evasão da apoptose

-potencial replicativo ilimitado (imortalidade)

- Angiogênese sustentada

- invasão e metástase

BIBLIOGRAFIAhttp://pt.slideshare.net/caroline41/biologia-moleculardocancerLODISH, H et al., Biologia Celular e Molecular. 5 ed. ArtMed, Porto Alegre, 2005.

OLIVEIRA-JÚNIOR, Itamar S. CÂNCER DE PULMÃO E BIOLOGIA

MOLECULAR: CONCEITOS BÁSICOS. UNIFESP-EPM