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Cantaria

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Cantaria

Etimologia da palavra

A palavra cantaria designa a arte de lavrar a pedra conferindo-lhe um feitio ou decoração específica. A atribuição do seu nome parece dever-se ao facto de, noutros tempos, aquela matéria-prima ter sido utilizada na construção dos cantos das casas. Graças à versatilidade daquela e às mãos hábeis dos mestres-canteiros, as nossas habitações estão repletas de balaustradas, patamares,

escadarias, corrimões, ombreiras e pavimentos. Alguns dos mais belos chafarizes, fontanários ou pelourinhos existentes no nosso país são também fruto da mestria daqueles profissionais.

Porém, a utilidade da pedra não confina apenas à cantaria. Ela é também o ponto de partida para a produção de obras em estatuária, escultura ou cantaria artística.

Enquadramento do ofício

Desde cedo, o Homem percebeu que poderia rentabilizar a pedra enquanto matéria-prima. Templos, igrejas, muralhas, casas senhoriais, conventos, prisões, pontes, fontanários e mós de moinho, foram apenas algumas das inúmeras obras edificadas, ao longo dos anos. A construção daquelas era sobretudo em mármore, granito, xisto ou calcário. Não há muitos séculos atrás, as profissões de escultor, canteiro e pedreiro gozavam de grande reputação e respeito por parte da sociedade. Grandes feitos arquitectónicos foram erigidos graças ao esforço destes profissionais. Muitas das pedras trabalhadas por estes possuíam marcas a cinzel. Estas inscrições tinham como objectivo demarcar ou referenciar o operário responsável pelo lavrar daquelas. Ainda que a maioria destes signos não passassem de simples sinais

geométricos, outros possuíam um sentido oculto de cariz maçónico.

A pedra utilizada na confecção de objectos de cantaria, escultura ou estatuária é retirada das pedreiras. Depois de adquirida pelos canteiros está apta para ser trabalhada. A tarefa de a esculpir exige um sentido estético apurado e uma boa dose de imaginação por parte dos mestres-canteiros. Para isso, servem-se de instrumentos simples como o martelo, o cinzel, a maceta, o escopro, o esquadro e o metro. Como este ofício é sobretudo manual, as máquinas são pouco utilizadas. Ser-se canteiro não é fácil, mas os que continuam a optar pela profissão fazem-no, frequentemente, para seguir as pisadas dos pais e avós. Com o objectivo de dar continuidade a esta arte foi criado em Portugal, há alguns anos, um curso profissional de cantaria.

Neste documento:

A arte da produção 2 Curiosidades 3 Glossário 3

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A arte da produção

Materiais utilizados

• Lixa: assim que a pedra é acabada de esculpir, deve ser polida. Esta operação faz parte do acabamento da obra e é executada manualmente com uma lixa. O polimento ajuda a realçar a cor natural desta;

• Mostarda: ainda que não seja uma regra, alguns canteiros usam mostarda para conferir um aspecto envelhecido à pedra ou à obra resultante desta. A sua aplicação é facultativa;

• Pedra: usada na execução dos diversos objectos em cantaria,

estatuária e escultura. Esta é extraída das pedreiras. As mais utilizadas são o mármore (ruivina, rosa e branco) e o granito;

• Pernes: ocasionalmente, algumas obras em cantaria, estatuária ou escultura têm que ser reparadas. Um dos métodos utilizados para restaurar as peças envolve a aplicação de pernes. Estes devem ser em material inoxidável e resistente, como o ferro, alumínio, inox ou bronze;

• Produtos à base de cera: estes são usados para escurecerem a pedra e fazerem realçar alguns pormenores esculpidos nela. A sua aplicação é feita após o polimento.

Ferramentas e equipamento

utilizado

• Badame: usado para conferir profundidade aos motivos decorativos ou ao desenho que está a esculpir na pedra;

• Escopro: utilizado para sulcar ou esculpir os motivos

decorativos na superfície da pedra;

• Maceta: usada em conjunto com o ponteiro ou o escopro. Serve para aplicar pequenas pancadas nestes dois à medida que se vai trabalhando ou esculpindo a pedra;

• Ponteiro: utilizado para desbastar a pedra à medida que os primeiros contornos da decoração vão sendo esculpidos;

• Rebarbadora: ao ser adquirida, a pedra não possui forma definida. A rebarbadora é usada na configuração do formato e dos contornos que a peça deve possuir.

Técnicas de produção

Escolha da pedra: o tipo de objecto a esculpir condiciona a escolha da pedra e a sua tonalidade. Definidos estes pormenores, o canteiro desloca-se à pedreira para a adquirir. Esta é comprada em estado bruto, sem qualquer forma definida;

Configuração da pedra: após a escolha da pedra há que cortá-la à medida do desenho ou formato que se lhe pretende dar. Esta operação é efectuada com ajuda da rebarbadora, do martelo, da maceta, do escopro e do ponteiro;

Esboço da decoração: o esculpir de um motivo decorativo sobre a pedra pressupõe a existência de um esboço. Este é reproduzido sobre papel para que, mais tarde, o canteiro possa executar os contornos da ornamentação;

Esculpir: com ajuda da maceta e do badame, o canteiro vai esculpindo o desenho sobre a pedra. Esta parte do trabalho

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poderá ser particularmente morosa devido à quantidade de pormenores a reproduzir. Qualquer erro por parte do artesão poderá comprometer toda a peça;

Acabamento: após a conclusão da decoração, entra-se na fase de acabamento da peça. Durante esta, procede-se ao aperfeiçoar ou afinar dos contornos e pormenores esculpidos;

Polimento: Concluído o aperfeiçoamento dos contornos passa-se ao polimento. Esta operação, realizada manualmente com uma lixa, ajudará a conferir um aspecto liso e polido a toda a pedra. O tom natural desta ganhará maior destaque;

Picar: de acordo com o desejo do cliente, a obra final poderá ganhar um aspecto enrugado ou picado. Este efeito é realizado sem a ajuda de qualquer máquina;

Escurecimento: o aspecto final da pedra esculpida poderá ganhar uma tonalidade mais escura. Este procedimento, ainda que facultativo, é realizado com produtos à base de cera. Para além da possibilidade de ficar mais escura, aquela também poderá ser envelhecida. Neste caso, recorre-se a mostarda para lhe conferir a aparência pretendida.

Utilidade / Aplicação das peças

A pedra é um material muito versátil. Poderá ser utilizada na execução de ombreiras, pavimentos, patamares, corrimões, escadarias ou poiais. No que diz respeito à ornamentação dos espaços públicos que todos nós frequentamos, é comum vê-la em

forma de brasões de cidade ou família, fontanários, pedras jacentes, estátuas, esculturas, bustos ou bancos de jardim. Ocasionalmente, também é usada na construção ou decoração de igrejas, capelas ou monumentos.

Curiosidades

• Alguns tipos de pedra podem ser envelhecidas artificialmente. Esta operação é feita com mostarda;

• O mármore pode ganhar uma cor mais escura depois de esculpido. Para isso utilizam-se produtos à base de cera.

Glossário

Badame: utensílio de ferro ou aço usado para escavar a pedra em profundidade. Uma das suas extremidades tem um feitio achatado e cortante, a outra está embutida num cabo de madeira. Semelhante a um formão. O mesmo que bedame.

Cantaria artística: produção de objectos em pedra para decoração. O nível de execução é mais artístico e pormenorizado comparado com a simples cantaria. Entre outras coisas, engloba a produção de brasões de cidades, de família, monumentos comemorativos, etc.

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Cantaria: trabalho executado em pedra para aplicação em construção: pedras para janelas ou portas, balaústres, poiais, corrimões, escadarias, escadarias, pavimentos, etc.

Cinzel: instrumento cortante, agudo numa das extremidades. É usado para lavrar a pedra.

Escopro: instrumento cortante, de ferro ou aço, para esculpir pedra.

Escultura: técnica de trabalhar a pedra esculpindo figuras, estátuas ou outras representações, de tamanhos e formas variadas. A sua utilidade é meramente decorativa.

Estatuária: arte de fazer estátuas. Muito do trabalho realizado nesta área, compreende a execução de santos, anjos, bustos, etc.

Maceta: espécie de martelo ou maço pequeno, de cabo curto. É utilizada pelo canteiro e pelo escultor para dar pequenas pancadas no escopro e no ponteiro durante o esculpir da pedra.

Perne: utensílio empregue no restauro de peças de estatuária ou escultura. Funciona como elo de ligação ou gancho entre as partes a reparar. Deve ser resistente e em material inoxidável (alumínio, ferro, inox ou bronze).

Polimento: acção exercida sobre a pedra, manual ou mecanicamente, que lhe confere uma superfície lisa e brilhante.

Ponteiro: instrumento cortante, de aço, pontiagudo numa das extremidades. É utilizado para sulcar ou gravar a pedra. O mesmo que cinzel.

Bibliografia

• RAMOS, Francisco Martins– A Pedra. In Artesanato da Região Alentejo. Évora. Instituto do Emprego e Formação Profissional, 2000. ISBN.972-732-531-9. p.459

• http://pt.wikipedia.org/wiki/Pedra_de_cantaria • http://www.aoficina.pt/html/pagina_topicos.php?conteudo=1&pid=43&topic

_id=4&subtopic_id=25