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Historia Caribe ISSN: 0122-8803 [email protected] Universidad del Atlántico Colombia Filho, Geraldo Inácio; Pereira da Silva Rossi, Michelle EDUCAÇÃO FEMININA NO TRIANGULO MINEIRO E ALTO PARANAÍBA: A CONTRIBUIÇÃO DAS CONGRAGAÇOES CATÓLICAS Historia Caribe, vol. V, núm. 14, 2009, pp. 197-210 Universidad del Atlántico Barranquilla, Colombia Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=93717337010 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

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Historia Caribe

ISSN: 0122-8803

[email protected]

Universidad del Atlántico

Colombia

Filho, Geraldo Inácio; Pereira da Silva Rossi, Michelle

EDUCAÇÃO FEMININA NO TRIANGULO MINEIRO E ALTO PARANAÍBA: A CONTRIBUIÇÃO DAS

CONGRAGAÇOES CATÓLICAS

Historia Caribe, vol. V, núm. 14, 2009, pp. 197-210

Universidad del Atlántico

Barranquilla, Colombia

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=93717337010

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GERALDO INÁCIO FILHO♦

MICHELLE PEREIRA DA SILVA ROSSI♦♦

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi estudar as congregações religiosas católicas durante o primeiroperíodo republicano no oeste do estado de Minas Gerais. Tais congregações desenvolverampapel peculiar na formação dos jovens, especialmente das meninas, em um contexto em quea Igreja Católica procurava consolidar sua presença ameaçada pelas propostas republicanas.Em termos Metodológicos utilizamos os seguintes procedimentos: pesquisa bibliográfica,sobre a consolidação das escolas normais para capacitação da mulher e sobre os ideais edu-cativos católicos desenvolvidos no contexto da sociedade brasileira, especialmente no oestede Minas Gerais. Para configurarmos essa realidade em perspectiva regional, também proce-demos a uma pesquisa documental acerca da implantação das escolas católicas porcongregações religiosas oriundas da Europa. Percebemos que as escolas normais religiosasconverteram-se em importantes espaços de difusão da educação da mulher, com o modelo“mulher ideal”, que correspondia a fins sociais determinados e foram ensinados nas referidasescolas. Os pla nos educativos desenvolvidos pela Igreja, destinados à mulher, consideravaa relação entre a escola e o lar. A análise da consolidação das escolas confessionais permitiu-nos perceber a que a educação das mulheres foi, para a Igreja, projeto de evangelização, nosentido da Restauração Católica (Romanização) na sociedade brasileira. Nossa hipótese ini-cial foi que a formação feminina correspondia às preocupações católicas como meio impor-tante da evangelização e internalização da religião na sociedade, pelo estímulo à disciplina eà ordem, bem como à defesa da família.

PALAVRAS-CHAVE

História da Educação; Educação Feminina; Minas Gerais; Igreja Católica

♣♣♣♣♣ Artículo Recibido en Enero de 2008; Aprobado en Febrero de 2009. Artículo de Investigación Científica.♦ Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Uberlândia – UFU:[email protected].♦♦Doutoranda em Educação – UFU. Bolsista da Capes: [email protected].�� �� ���� � �� �� ��� ���� ��� ��� �� ���� �� �� ��� � ��� �� ��� ��� <�<� �"= > �!� !!"

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�� �� ���� � �� �� ��� ���� ��� ��� �� ���� �� �� ��� � ��� �� ��� ��� !!"EDUCACIÓN FEMENINA EN TRIANGULO MINEIRO Y ALTO PARANAIBA:

CONTRIBUCIÓN DE LAS CONGREGACIONES CATOLICAS

RESUMEN

La propuesta de este trabajo es estudiar las congregaciones religiosas católicas durante elprimer período republicano en Minas Gerais occidental. Tales Congregaciones handesarrollado peculiar papel en la formación de los jóvenes, especialmente las niñas, en uncontexto que la Iglesia Católica buscó consolidar su presencia, amenazada por las propuestasrepublicanas. Metodológicamente, utilizamos los procedimentos siguientes: estúdiobibliográfico, acerca de la consolidación de las escuelas normales para capacitación de lamujer, y acerca de ideales educativos catolicos desarrollados en el contexto brasileño,especialmente en el ocidente de Minas Gerais para configurarmos esa realidad en perspectivaregional; también, encuesta documental acerca de la implantación de las escuelas católicaspor congregaciones religiosas de Europa. Por tanto, las escuelas normales religiosas si hanconvertido en importantes espacios por difusión de la educación de la mujer, como el modelo«mujer ideal», que representaban a los fines sociales y fueron ensinados en esas escuelas.Por cierto, los planes educativos desarrollados por la Iglesia para la mujer, alentaría la relaciónentre la escuela y el hogar. El análisis de la consolidación de las escuelas confesionales, nosha permitido percibir que la educación de mujeres fue, para la Iglesia, proyecto de laevangelización o Restauración Católico en la sociedad brasileña. Retomando la hipótesisinicial, la formación femenina correspondia a las preocupaciones católicas como un medioimportante de la evangelización y internalización de la religión en la sociedad, por el estímulo

ar la disciplina y a la orden y la defensa de la família.

PALABRAS-CLAVE

Historia de la Educación Educación Femenina; Minas Gerais; Iglesia Católica.

WOMEN EDUCATION AT TRIANGULO MINEIRO AND ALTO PARANAIBA: THE

CONTRIBUTION OF CATHOLIC CONGREGATIONS

ABSTRACT

The proposal of this work is to study the presence of the Catholic Congregations which arrivedin the West of Minas Gerais during the first republican period. Such congregations played animportant role in the education of the youth, mainly, of young girls, in a context in which theCatholic Church tried to consolidate its own presence, challenged by the republican proposals.In the methodology, we used the following procedures: bibliographic inquiry to examine theconsolidation of the girl-oriented schools as well as the relation of the historical foundations ofthis catholic program of education in the Brazilian situation, specifically in the western regionof Minas Gerais. By the same token, the documental inquiry was used to examine the implan-tation of the catholic schools, created by he female congregations which arrived from Europe.These schools turned out to become important spaces in the broadcasting of education of thewoman as an “ideal woman”, which corresponded to the expected social wishes of the time.Certainly, the educational plans developed by the Church for the woman would not favor therelation school and home. When we analyze the consolidation of these confessional schools,we understand that the woman education, in the church’s view, was part of the plan of evange-lization or the catholic restauration in the republican society. At this point, the initial assump-tion may be brought up again: the woman education corresponded to the catholic plans as an

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�� �� ���� �� � ���� ���� ��� ���� �� ����� �� ���� ������ ������ ��� ��� � !Introdução

A Igreja Católica, diante dos novostempos no contexto brasileiro,especificamente, o Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, implantou sua políti-ca de restauração através da educação.O que evidencia como a atividade edu-cativa explica e reconstrói modelos ouideologias, tornando-se essencial paraatender as expectativas dominantes esuas representações na sociedade.Então, “educação é um produto daideologia de seus promotores”(RAMALHO, 1976, p. 16). Portanto,é uma relação de poder ou dominação,pois é através das complexidades doprocesso educativo que as açõespodem ser legitimadas ouhabitualizadas por determinado grupo.Dado este significado é possível en-tender a relevância que a educaçãoassumiu no contexto brasileiro,sobretudo a partir dos últimos anos doséculo XIX, os diversos conflitos en-tre Igreja e República, que diante desuas ideologias, desenvolveram seusmodelos de escolas: O modelo deescola pública para uma estrutura desociedade que firmava seus valorespara o desenvolvimento, ou o modelode escola confessional que atendia àsaspirações reformadoras da Igreja Ca-tólica.

1. As Congregações ReligiosasFemininas

O projeto de Restauração da Igreja nocontexto brasileiro assumiu suas dife-rentes formas, adaptando-se àsmudanças e aplicando seus objetivosem ações sociais políticas e religiosas.A dimensão educacional não estariaisolada deste contexto, pois desde achegada dos jesuítas a Igreja Católicadesenvolveu objetivos definidos paraa catequese dos índios adultos. Aoencontrarem problemas em relação aesta evangelização, passam a desenvol-ver o trabalho, direcionado para ascrianças e, depois, para os brancos.Esta prioridade executada pelaCompanhia caracterizou-a como umaordem docente, ou precisamente, umaordem de escolas. Ao criá-la, Sto.Inácio não só confiava na educação,como forma de encontrar por meio delanovos membros para a Companhia,este era o primeiro fim, mas também,“preparar cristãos bem formados paraos diversos cargos e funções da vidacivil” (SCHMITZ, 1994, p.170).

Assim, a evangelização vinculada aoensino nas chamadas aulascatequéticas, consistia no ensinamentoda doutrina católica, tinha como prin-cipal objetivo formar o “cidadão lusi-

important means of evangelization and religious conquest in that society by growing and sup-porting the family as well as keeping order and discipline.

KEY WORD

History of Education; woman education; Minas Gerais; Catholic Church.

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�� �� ���� �� � ���� ���� ��� ���� �� ����� �� ���� ������ ������ ��� ��� � !tano” ou a fé católica, termos que sobo regime do padroado, identificavam-se. Portanto, era um projeto político ereligioso.

Neste aspecto, a evangelização estavacaracterizada pelo domínio de terras,“passou a justificar o procedimento deopressão e escravidão de indígenas eafricanos” (CRISTIANO, folheto, p.1). É desta forma que a visão deRamalho completa nosso pensamento:a “atividade educativa subordina-se auma teoria da sociedade, que lhe vaifornecer critérios decisivos para a suaação”. Então, ela fornece modelos decondutas (representações), para queseus alunos correspondam com taisperspectivas.

No entanto, é a partir de 1840, e seestende até 1889, que segue o momen-to de preocupação com a Reforma daIgreja, com objetivo de separar o cleroda participação política. Aqui entende-mos uma evangelização para “catolizaro povo brasileiro”. Daí a atenção coma difusão de escolas e a própriaformação do clero, permitindo que aeducação fosse importante meio paratal fim, portanto, uma catequese maisextensa.

As autoridades religiosas no Brasil“recorreram a institutos religiososeuropeus para levar avante omovimento” da reforma segundo oespírito tridentino1 . Os primeiros reli-giosos a se estabelecerem no Brasil na

época imperial foram os Padres daMissão, seguidos pelas Filhas dacaridade, ramo feminino da obra fun-dada por S. Vicente de Paulo. Em se-guida, os jesuítas que conseguiramreentrar no país. “Já na última décadado império chegaram ao Brasil os do-minicanos e os salesianos” (AZZI &BEOZZO, 1986, p. 9-10). Os domini-canos instalaram, em Uberaba, no anode 1881, a sua primeira fundação; aolado deles, em 1885, as Irmãs Domini-canas fundaram a escola para meninas.A missão dos dominicanos também seorganizava em reformar a moral do povocristão, convocando as pessoas para re-gularizar os casamentos segundo alegislação eclesiástica. Estascongregações foram importantes na vidareligiosa do povo e atuaram principal-mente na região oeste de Minas e Goiás.

Estas reformas em âmbito nacionaltiveram em Mariana, uma dasprimeiras dioceses do Brasil, importan-te inserção neste movimento. O bispoD. Viçoso (1844-1897) consolidou nadiocese o trabalho dos lazaristas, queassumiram a direção do seminário e achegada das Filhas da Caridade. Em1889, a diocese já contava com otrabalho ativo dos Padres da Missão,as Filhas da Caridade, além do antigoRecolhimento de Macaúbas, reforma-do na época de D. Viçoso (AZZI &BEOZZO, 1986, p. 65).

No entanto verificamos que, desde oImpério, as dificuldades em instituir a

1 Determinou o concílio de Trento a ereção de seminários para a formação espiritual e intelectual de futurossacerdotes. Dirigiu-se, de modo particular aos cristãos, recomendando a recepção freqüente dos sacramentos.

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�� �� ���� � �� �� ��� ���� ��� ��� �� ���� �� �� ��� � ��� �� ��� ��� !!"educação da mulher a colocava emdefasagem na sociedade brasileira.Conquanto a Constituição Imperialprescrevia o ensino primário gratuitopara todo o cidadão e determinava umaescolarização diferenciada para asmulheres. Mas, o Estado nãopossibilitou as condições paraexecução dos currículos nessasescolas, que, praticamente, nãoexistiam, o ensino era precário e asescolas não tinham instalaçõesapropriadas. A responsabilidade doensino era conferida às províncias, quefizeram pouco caso dessaresponsabilidade, devido aos gastoselevados para manter uma escola pú-blica ou pela própria defesa do ensinoprivado.

Nesse conjunto de conflitos a formaçãofeminina ficou prejudicada, pois asmeninas cresciam analfabetas, semuma mínima instrução, vivendo emcasa, sendo preparadas tão somentepara o casamento, ou viviamenclausuradas nos recolhimentos,como o de Macaúbas.

Conciliando o desejo de educar osjovens por parte das famílias, com ointeresse do bispado pela disseminaçãodo catolicismo na vida cotidiana dosfiéis, a educação da mulher assumiunovas proporções educacionais nestesinstitutos, atendendo à “clientela dosestratos superiores e médios dasociedade”, possibilitando que acriação dos internatos ou orfanatosmasculinos e femininos encontrassemo apoio da sociedade (MUNIZ, 2003,p. 181). Os institutos religiosos

femininos destacaram-se na educaçãoda juventude e em outras obras deassistência social, como o atendimentoa hospitais, asilos e orfanatos.

Estes colégios eram vistos pelo bispadocomo importante espaço para aformação moral e religiosa. Por isto,se a preocupação com a internalizaçãodo catolicismo era essencial, por quenão começar com a educação dasmeninas que exerceram importantepapel nas suas futuras famílias?

De certa forma, esta realidade reforçoua presença de instituições privadas,principalmente, católicas, responsáveispela formação de professoras para osetor público, não deixando de trans-mitir a influência religiosa: “há um etosreligioso fundante na formação dessasprimeiras professoras” (LOPES &GALVÃO, 2001, p. 73). Pois, estascongregações especificavam em seuscolégios uma educação de conduta es-tética, religiosa e formação para o lar,que salientavam em seu ensinoministrado às alunas, as virtudes dafunção natural da mulher: ser mãe.

Nas primeiras décadas da República,pouco mudou quanto à educação damulher, e certas características foramperpetuadas, como o baixo nível daeducação feminina, defendidos emnome das necessidades morais esociais de preservação da família. Umavisão católica conservadora afirman-do as diferenças entre o homem e amulher, perpetuou essa imagem com ointuito de manter a supremacia mas-culina sobre o gênero feminino:

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�� �� ���� �� � ���� ���� ��� ���� �� ����� �� ���� ������ ������ ��� ��� � !O desuso do cérebro a que asociedade condenara a mulher,negando-se a instruí-la, seria oresponsável pela menorevolução verificada dascapacidades mentais femininas.Ora, se a desigualdade decapacidades intelectuais entreos sexos se devia a fatores decaráter histórico, a mulher nãoestava condenada a persistir naignorância e, portanto, nainferioridade mental e social. Asolução encontrava-se naeducação feminina, capaz depermitir uma recuperação doatraso a que esteve sujeita [...](SAFFIOTI, 1976, p. 206).

Essas desigualdades tornaram-seestratégias para a Igreja, que aliada aosinteresses sociais, era a principalresponsável pela educação femininatambém no período republicano. Nãoé em vão que entre 1872-1930, 58congregações masculinas seestabeleceram aqui, um número bemreduzido em relação às congregaçõesfemininas: 100. Soma-se a estecrescimento a imigração do país, “elacriou a base social para a implantaçãode um catolicismo europeizado eromanizado muito distinto do anteriorcatolicismo luso-caboclo” (CentroEcumênico de serviços àEvangelização e Educação Popular,Separata II).

Seus colégios, destinados à educaçãosegundo os princípios católicos, “umavez que os institutos religiosos eramconsiderados como os baluartes do

espírito conservador e reacionário, emoposição às reformas sociais exigidaspela sociedade brasileira” (NUNES,1986, p. 195), traziam consigo aconfiguração de uma educação católi-ca para a juventude, e, precisamente,para a mulher.

Então, tais escolas tornavam-seestratégias ideológicas da Igreja no seuprojeto de restauração no decorrer doperíodo republicano, com objetivo decentralizar e aprofundar o controle ca-tólico na sociedade, constituindo, jun-tamente com outras instituições cató-licas, como asilos, creches, bem comoo trabalho catequético em geral “canaisprivilegiados, através dos quais a Igrejafaz passar representações religiosas eéticas” (NUNES, 1986, p. 199).

As constantes crises entre Igreja e Es-tado encontraram seus reflexos naEducação e, precisamente, nas escolaspúblicas. Os debates sobre o EnsinoReligioso assumoim diferentesproporções ideológicas entre alaicidade e o confessionalismo doensino. O que traz à tona a nossaanálise sobre as diversas maneiras pe-las quais a escola opera ou reproduzos interesses de determinado grupo,neste caso, a Igreja e o Estado.

A Igreja, na tentativa de consolidar-sediante do novo regime, procurou de-fender a fé católica, sob a perspectivade uma reforma moral através dareligião. O Estado de Minas Geraisexerceu salutar influência nesta con-quista da Igreja pelo Ensino Religio-so. Isto porque “a Igreja em Minas

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�� �� ���� � �� �� ��� ���� ��� ��� �� ���� �� �� ��� � ��� �� ��� ��� !!"tornou-se um campo de provas dosmovimentos de ação católica”(SCHWARTZMAN, BOMENY, eCOSTA, 2000, p. 72), seja pelaconsiderável presença dascongregações, ou pela própria luta con-tra o laicismo integral do ensino,salientando a importância da educaçãocomo meios de atingir fins.

Francisco Campos ao assumir oMinistério da Educação e Saúde, em1930, reforçou no âmbito nacional aforça política do Ensino Religioso nasescolas, pois via nele o papel para aestabilização do novo governo, o queresultou no decreto de 1931, permitindoo ensino nas escolas públicas. Para Cam-pos, o papel da Igreja era importante ins-trumento em seu projeto político, suavisão voltava-se para a consolidação donovo governo. Esse pensamentorelacionava-se com a própria visão quea Igreja tinha sobre o Ensino Religioso:a formação moral do jovem.

A Igreja reclamava a sua exclusão,naquele primeiro momento republica-no, das Escolas Públicas que seexpandiam pelo país: “jamais se ouviutanto fallar de moral, como nos nossostempos, e nunca se fez d´ella tamanhodescaso. Nega-se á Egreja o direito deensinar e de inculcar nos corações ospreceitos de Deus” (Correio Catholico,1924, nº 08). Portanto, foi pela defesada fé, ou pela importante missão que aIgreja desempenhou na trajetória dopaís, que as suas reclamações pelapresença do Ensino Religioso foramconstantes, ao mesmo tempo, quebaseadas nesta tradição educacional.

Somente com a posse de GustavoCapanema, em 1934, no Ministério daEducação e Saúde, mudanças mais sig-nificativas na educação foram dirigi-das à Igreja Católica. Assim, conside-rado homem de confiança da Igreja, “asevidências que sugerem que Capanemaassumiu o Ministério como parte doacordo geral que, então, se estabeleceraentre a Igreja e o Regime de Vargas,proposto anos antes por FranciscoCampos” (SCHWARTZMAN,BOMENY e COSTA, 2000, p. 65),acontecimento este apoiado pelainfluência de Alceu Amoroso Lima.

As transformações desenvolvidas porCapanema também alcançaram aeducação feminina, sua educação sedesdobraria em dois planos: “haveriaque proteger a família” ao mesmotempo em que “haveria que dar àmulher uma educação adequada ao seupapel familiar” (SCHWARTZMAN,BOMENY, COSTA, 2000, p. 123).Entendemos que a educação femininaainda relacionada a sua função natu-ral, para o trabalho doméstico. Ao ladodisso, o seu papel social foi afirmadosobre a importância que a família tinhapara a sociedade, daí a valorização dasvirtudes femininas, e do seu papel so-cial ao executar obras sociais. Assim,verificamos que a trajetória daeducação brasileira, difundida,preferivelmente, em função de aspec-tos religiosos, também moldou-se a taisrealidades sociais tornando-se instru-mento do universo religioso.

Para a Igreja Católica, vista como edu-cadora natural, a sua missão de educar

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�� �� ���� � �� �� ��� ���� ��� ��� �� ���� �� �� ��� � ��� �� ��� ��� !!"fazia parte de um fim maior que é apromulgação de sua fé. Não é em vão oseu empenho em promover a criação deescolas católicas e tornarem-se impor-tantes instituições de ensino, apoiadase, muitas vezes, mantidas, também, pe-los recursos públicos. Isto foi possívela partir da Constituição de 1934.

O desenvolvimento de escolas católicasfemininas criaram probabilidade para aformação da mulher. No entanto, éimprescindível considerarmos, que abriucaminhos e possibilidades para a atuaçãoda mulher não somente na sociedade,mas principalmente na Igreja.

2. A presença das Congregações e aconsolidação da educação católicano Triângulo Mineiro/AltoParanaíba.

O oeste de Minas (Triângulo Mineiroe Alto Paranaíba) pertencia à diocesede Goiás. Em 1896, as treze câmerasmunicipais do Triângulo Mineirodirigiram-se ao Papa Leão XIII, soli-citando a transferência da região paraa diocese de São Paulo, devido aoscontratempos e a distância de Goiás:

Desde muitos anos que sereclama no Triângulo Mineiro apassagem para a Diocese de S.Paulo, onde pela estrada de ferroque atravessa esta parte deMinas, os negócios inerentes àmitra seriam despachados coma máxima urgência, o que nãoacontece na atualidade. Nãoacontece porque sendo a sede doBispado Goiano na cidade de

Goiás, capital daquele Estado,as relações pelo correio sãosobremodo morosas pelasdificuldades de vias fáceis erápidas de comunicação(NABUT, 1987, p.39).

No entanto, somente em 1907, onzeanos depois, o Papa Pio X atendeu àssolicitações de D. Eduardo Duarte Sil-va, criar a Diocese de Uberaba,constituindo-se de toda a região doOeste de Minas. Então, recebe suasprimeiras obrigações, dentre elas:

Determinando o Concílio deTrento que em todas as diocesesse estabeleça um Seminário,mandamos que, logo que forpossível, abra-se um nesta novaDiocese Seminário, no qualsejam mantidos e instruídos nasdisciplinas da Igreja moços quedêem esperança de vocação; e,por meio de um estudo sério ecompleto, conforme as leisestatuídas, especialmente nestestempos calamitosos, se lhesinfunda o amor a Deus, aimoralidade, e se lhesubministre doutrinas sãs, querfilosóficas, quer teológicas,hauridas especialmente dosensinamentos do DoutorAngélico (NABUT, 1987, p.43).

Não é surpresa que, com a nomeaçãodo primeiro Bispo de Uberaba, D.Eduardo Duarte da Costa, transferidode Goiás, em 24 de maio de 1908,providenciou um colégio para meninasem Água Suja e outro em Araguari,

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�� �� ���� � �� �� ��� ���� ��� ��� �� ���� �� �� ��� � ��� �� ��� ��� !!"entregando a direção destas escolaspara às Irmãs Belgas da Congregaçãodo Imaculado Coração de Maria e o“Colégio Regina Pacis” dirigido peloPadres dos Sagrados Corações de Jesuse Maria. A sua preocupação com adifusão de escolas voltava-se para ointerior da região como importantemeio de evangelização da fé católica,isto incita-o “pela circular de 31 dejulho de 1910, a recomendação sobrea criação de escolas paroquiais”(NABUT, 1987, p.39). Veio à tona ovigor e a utilidade pela qual a Igrejavia na educação meio para formar amoral e os costumes do própriocidadão católico.

D. Eduardo exerceu durante quinzeanos o episcopado como Bispo deUberaba. Com a sua retirada, D.Antônio de Almeida Lustosa,continuou o seu empreendimento edu-cativo. Em 1925, ele assumiu a Diocesee foi importante líder da restauraçãocatólica na região, principalmente emPatrocínio, com a presença daCongregação das Irmãs do SagradoCoração de Maria por meio de sua açãona formação da Escola Normal N. Sra.do Patrocínio; mesmo diante do seucurto ministério na Diocese: 1925-1928.

Dom Lustosa, antes de chegar aUberaba já realizara importante currí-culo educativo: “regeu várias cadeirasno Gymnasio de S. Joaquim, deLorena. Diretor do estabelecimentoSalesiano de Jaboatão, Pernambuco,do Collegio Salesiano de Lavrinhas,São Paulo, e o Gymnasio de Bagé, Rio

Grande do Sul” (Correio Catholico,1925. Dom Lustosa e a Instrução.01.03.1925, nº 46). Através do seu vi-gor eclesiástico, Dom Lustosapercorreu imediatamente a diocese,procurando conhecer suasnecessidades. Não foi difícil verificaras carências educacionais e religiosasna região. Por isso, reabriu o SeminárioDiocesano para a formação do clero,estruturando a atividade da Igreja Ca-tólica.

Com objetivo de catolizar a população,desenvolveu, os movimentos popula-res que já estavam atuantes, operou orevigoramento do Apostolado daOração, criou na cidade de Uberaba aescola de instrução primária parameninos pobres, criou a Associaçãodos Moços Católicos, remodelou aimprensa católica, que assumiu impor-tante meio de veiculação doutrinárianas manifestações sobre a moral, aeducação, e, até mesmo, contra o pro-testantismo. Finalmente, ainda sobre aeducação, incentivou o ensino docatecismo.A política eclesiástica deDom Lustosa estava atrelada a umaconjuntura maior em conformidade aoque se passava no país. A região,naquele momento, também sedeparava com a presença do protestan-tismo, o que resultava numa ameaçaaos princípios e autoridades da IgrejaCatólica.

Sendo transferido para Corumbá em1929, assumiu o seu lugar o Bispo D.Frei Luiz Maria de Sant´Ana,ingressante da Ordem dosCapuchinhos Franciscanos, ele

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�� �� ���� � �� �� ��� ���� ��� ��� �� ���� �� �� ��� � ��� �� ��� ��� !!"também ampliou o trabalho educacio-nal na Diocese, promoveu a vinda dosPadres Estigmatinos que receberam asparóquias de Ituiutaba e Uberaba; dospadres Capuchinhos, em Frutal eCarmo do Paranaíba, as Missionáriasde Jesus Crucificado que abriram aEscola Normal em Uberlândia e asMissionárias de N. Sra. Das Dores emIbiá.

Portanto, até 1937, verificamos umaação educacional por parte do Bispadona construção de escolas, principal-mente, com o número considerável deCongregações que vieram para aregião: Congregações Religiosas Mas-culinas: Padres da Missão Lazarista(estabelecidos em Campina Verde des-de 1828); Padres Dominicanos(Uberaba desde 1881); Padres dos Sa-grados Corações (estabelecidos nadiocese desde 1925, em Araguari,Patrocínio e Água Suja); PadresSalesianos (Estabelecidos em Araxá,desde 1926, fundaram, em 1931, oGinásio Dom Bosco); PadresEstigmatinos (Entraram na diocese em1935, em Ituiutaba e N. Sra. daAbadia); Padres Capuchinhos(Estabeleceram, em 1936, em Carmodo Paranaíba e Frutal. Em 1937, emPatos); Irmãos Maristas (Desde o anode 1903 mantêm o Ginásio Estadualde Uberaba)

Quanto às Congregações ReligiosasFemininas ficaram assimestabelecidas: Irmãs Dominicanas(Estabelecidas, em Uberaba, 1885.Fundaram o colégio de N. Sra. Das Do-res); Irmãs do S. Coração de Maria de

Berlaar, Bélgica (Dirigem na Diocesedois importantes colégios: ColégioSagrado Coração de Jesus emAraguari, fundado em 1919, e oColégio N. Sra. Do Patrocínio, funda-do em 1929); Irmãs de Jesus, MariaJosé (Dirigem em Uberaba o Asilo Sto.Antônio desde 1914); IrmãsMissionárias de Jesus Crucificado(Estabelecidas em Uberlândia desde1933, com o Colégio N. Sra. das Lá-grimas, e em Araxá o orfanato, em1937); . Irmãs Missionárias de N. Sra.Das Dores (Hospital em Patos e oColégio de S. José em Ibiá).

Este considerável índice deCongregações torna-se significativopara compreendermos a ação educacio-nal da Igreja naquele momento repu-blicano. Tais congregações trouxeramos reflexos das mudanças sociais quedesencadearam na Europa e são carac-terizadas pelos constantes ministériosvoltados para a vida social, como saúdee educação. Conforme o pensamentode Nunes (1986, p. 188), estas religio-sas “encontram-se situadas socialmen-te, e suas ações podem dirigir-se àconsolidação da situação vigente ou àsua transformação social”, foram con-feridas pela própria congregaçãoatravés da eficácia no alcance social.Isto diferenciou as Congregações dosantigos modelos de vida religiosa. Nosséculos XVII e XVIII, a Vida Religio-sa se estruturava de tal forma que cadacomunidade religiosa feminina eraindependente, mas limitada pelainfluência do clero. Estas não exerciamqualquer atividade fora da área conven-tual.

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�� �� ���� � �� �� ��� ���� ��� ��� �� ���� �� �� ��� � ��� �� ��� ��� !!"Somente a partir do século XIX,devido às mudanças político-sociais, ascongregações assumiram o projeto deatuação social. Daí o significado quetais congregações assumiram no país,como estratégia de reforma erestauração da Igreja no Brasil, e o seupapel nos diversos locais da sociedade:Asilos, creches, orfanatos, hospitais e,claro, escolas para atender a formaçãofeminina e crianças.

3. A Escola Normal: Um espaçodifusor do ser mulher.

As primeiras escolas normais para aformação de professores no Brasilforam criadas entre 1835 a 1880, sendooferecidas inicialmente aos homens.Em Minas Gerais, a Escola Normal foiinstalada em 1840. Em 1841, aindafaltavam alguns materiais comocompêndios e tabelas, que o presiden-te da província julgava “indispensáveisà prática de novo sistema de ensino”,e acrescenta: “40 alunos estavam ma-triculados” (MOACYR, 1940, p.79)

A Escola Normal de Ouro Preto passoupor constantes improvisações: em1842, ficou sem exercício do anoletivo; em 1846, foi novamenteestabelecida; em 1852, foi fechada.Somente em 1871, ela é definitivamen-te reaberta. Em 1872, o Regulamentodo Ensino nº 62 constituiu uma EscolaNormal na capital e em outras locali-dades. O programa destas escolas ficouassim estabelecido:

O curso será em dois anos comas seguintes matérias: instrução

moral e religiosa; gramática dalíngua nacional; [...] aritmética;sistema métrico e elementos degeometria; noções gerais degeografia e historia, geografiado Brasil, mormente daprovíncia; leitura refletida daConstituição do Império;pedagogia e legislação doensino. Haverá uma aula dedesenho linear e outra de musica(MOACYR, 1940, p. 178).

Neste mesmo regulamento, o presiden-te ressaltava a presença feminina nasEscolas Normais, onde tal freqüênciatornara-se comum a homens emulheres, embora em lições alternadas.Desta maneira, estas escolasconstituíram-se como espaço para aprofissionalização feminina, aconte-cimento este que se expandirá naPrimeira República em diferentes con-textos nacionais, como em Minas Gerais.

Em 1906, a criação da Escola Normalda nova capital, com a Reforma JoãoPinheiro: “trata a educação como umdos pilares básicos da República” di-rigida “exclusivamente à mulher”, poissofreram mudanças em seus currículoscom a “introdução da disciplina Pren-das Domésticas e Trabalhos comAgulha, cursada apenas pelas alunas”(FARIA, 2000. p. 29).

Embora no decorrer da Primeira Re-pública, elas desenvolvessem relevan-tes papéis na formação da mulher, nãoeram satisfatórias, pois “dada ainsuficiência quantitativa das escolasnormais, o encaminhamento das moças

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�� �� ���� � �� �� ��� ���� ��� ��� �� ���� �� �� ��� � ��� �� ��� ��� !!"aos cursos secundários dos colégiosreligiosos privados constituía sérioobstáculo à profissionalizaçãofeminina (SAFFIOTI, 1976, p. 215),pois, propósitos diferentes eram rela-cionados às instituições laicas e reli-giosas, quanto à formação da mulher,visto que, enquanto a primeira seresponsabilizava pela formação daclasse popular, as instituições religio-sas privadas se preocupavam com aformação da elite.

Obviamente, um dos fatores quepossibilitou a profissionalização damulher, no magistério foi a necessidadeda classe menos favorecida de procu-rar a instituição escolar (o magistérioprimário) como meio de sobrevivência,enquanto as filhas da elite, em suamaioria, se preocupavam apenas como conhecimento cultural estabelecendoa estreita relação diploma e casamento.Com a crise econômica depois daRevolução de 1930, as filhas da eliteprocuraram o magistério comoprofissão, devido aos problemasfinanceiros de suas famílias.

A Igreja Católica mostrando-se aliadaaos interesses das oligarquias,permaneceu dirigindo boa parte doensino destinado às mulheres, por meiodos seus colégios religiosos, que foramresponsáveis pela educação das filhasda elite, apoiando a formação diferen-ciada dos sexos. Nesse contexto, elaprevalecia com o maior número deescolas femininas. Os seus colégios,por não serem gratuitos, nãopossibilitavam o acesso às camadasdesfavorecidas da sociedade.

A educação feminina nessas escolas ouinternatos religiosos visava preservara moral e a instrução da mulher para olar, “procurando guardá-la dos desviosque pudessem denegrir a imagem damulher perfeita (instruída para o lar, epara o esposo)” (MANOEL, 1996. p.86). O ensino ministrado nas escolasconfessionais favorecia a hegemoniada Igreja, em razão do insignificantenúmero de escolas normais públicas nopaís.

Esse conjunto de relatos eacontecimentos marcou o início daformação feminina: “Até a década de30, a Escola Normal gerida pelo Esta-do ou por instituições religiosas,mesmo com todas as limitações quecontinha, desempenhou papel relevan-te na formação profissional e naelevação da cultura da mulherbrasileira” (NOVAES, 1995, p. 22).

Nessa perspectiva, percebemos que oprocesso de escolarização que a novavida urbana cobrava do país aceleroua entrada da mulher nas EscolasNormais, pois o modelo criado desdea colônia já não correspondia àsexigências da urbanização brasileira,percebendo que não era mais possívelmanter a mulher no mesmo estado deignorância e isolamento. A entrada damulher para a Escola Normal tambémestá estritamente ligada à demanda docurso primário, devido ao esforço pelademocratização da cultura e pelapreocupação com o alto índice de anal-fabetismo da população. A feminizaçãodo magistério primário no Brasilaconteceu somente no século XX,

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�� �� ���� � �� �� ��� ���� ��� ��� �� ���� �� �� ��� � ��� �� ��� ��� !!"enquanto, na Europa, o século XIX jáera palco deste processo.

As mulheres atendiam às condiçõesprofissionais exigidas para o magistérioprimário, que, até então, era direcionadoaos homens. O magistério, comparadoà maternidade, tinha na figura da suarepresentação a mulher, pois eraresponsável pela educação dos filhos,sendo a pessoa mais apropriada paraensinar, ao agir com brandura, amor ecompreensão com os seus alunos. Aocontrário dos homens, seres ásperos,rudes, poderiam eles, tirar o gosto pelaescola por parte das crianças.

Avaliando o projeto educativo católi-co, no contexto brasileiro,especificamente o regional em MinasGerais, compreendemos que a Igrejaassumiu, de forma significativa, o as-pecto educacional. A relevância que asCongregações desempenharam nesteperíodo retratava os objetivos daprópria Igreja de catolizar o povoatravés da educação.

Neste sentido, a educação foi percebidapelo ideário católico como capaz dedesempenhar papel de relevo diantedestas transformações, que sedesencadeavam a partir do período re-publicano da juventude católica. Con-firmando, assim, a nossa análise: aeducação assume relevância na suafunção de legitimadora da ideologiadominante, enquadrando-se ao mode-lo social. É desta forma que a visão deRamalho (1976), completa nossopensamento: a “atividade educativasubordina-se a uma teoria da

sociedade, que lhe vai fornecercritérios decisivos para a sua ação”.Então, ela fornece modelos decondutas (representações), para queseus alunos correspondam com taisperspectivas.

Este processo é percebido pelaCongregação Sagrado Coração deMaria, que instalou-se em Patrocíniopor meio do projeto de educação cató-lica feminina, resultando na criação deuma escola primária (1928) e umaEscola Normal (1933).

Considerações Finais

As Escolas Normais religiosas tornaram-se importantes espaços para a difusão daeducação feminina, como o modelo de“mulher ideal”, que correspondia aospropósitos sociais vigentes e foramdisseminados por tais escolas.

De certo, os planos educacionaisdesenvolvidos pela Igreja para amulher, não deixariam de favorecer arelação entre escola e lar, ao mesmotempo, as escolas confessionais cató-licas foram importantes instituiçõesque atenderam à demanda deprofessoras primárias para as escolaspúblicas, pois, naquele momento, osentido de educação estava associadoao desenvolvimento, daí a necessidadee a expansão da formação do povo, queem sua maioria, encontrava-se analfa-beto. Ao lado disso, a necessidade daformação de normalistas para atendera este desenvolvimento.

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�� �� ���� � �� �� ��� ���� ��� ��� �� ���� �� �� ��� � ��� �� ��� ��� !!"Finalmente, ao analisarmos aconsolidação das escolas confessionais,principalmente devido à presençaconsiderável de congregaçõesfemininas, entendemos que a educaçãoda mulher constituiu, para a Igreja,projeto de evangelização ou restauraçãocatólica na sociedade republicana.

Retoma-se aqui a hipótese inicial, aformação feminina correspondeu aosanseios católicos como importante meiode evangelização e interiorização daprópria religião naquela sociedade, pelocultivo e estímulo em defesa da família,pela ordem e a disciplina nestaeducação.