Cap 15 O Iluminismo

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Profº. José Ferreira Júnior O ILUMINISMO

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O Iluminismo, Voltaire, Montesquieu, Rousseau, Immanuel Kant.

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Profº. José Ferreira Júnior

O ILUMINISMO

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MATERIALISMO E SENSACIONALISMO

• As preocupações dos pensadores do século XVIII eram muito distintas daquelas do início da era moderna.

• Definir limites para os regimes totalitários;

• Crença na superioridade da razão;

• A ideia de Liberdade.

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MATERIALISMO E SENSACIONALISMO

• O cientista inglês Isaac Newton era uma personalidade consagrada.

• Newton deixou de lado as hipóteses que não podiam ser explicadas matematicamente nem comprovadas pela experiência (como a existência de Deus); aceitava assim as limitações do entendimento humano.

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MATERIALISMO E SENSACIONALISMO

• Os pensadores se afastaram das discussões metafísicas e buscaram aplicar a nova metodologia emprestada das ciências da natureza em outros campos de investigação, como a moral, a política e a estética.

• Seu lema era denunciar todas as ideias obscuras, dogmáticas, autoritárias que impediam o crescimento humano e a solução dos problemas sociais.

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MATERIALISMO E SENSACIONALISMO

• Esses intelectuais acreditavam na capacidade racional de todos os homens, quando livres da opressão, do medo e das superstições.

• Denominaram a própria época em que viveram de Século das Luzes e o movimento intelectual da qual faziam parte de iluminismo ou ilustração.

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MATERIALISMO E SENSACIONALISMO

• Pretendiam iluminar as trevas da ignorância tendo por instrumento a luz natural a todos os homens, ou seja, a razão.

• A filosofia das luzes teve como palco principal a França, deslocando-se mais tarde para a Alemanha.

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MATERIALISMO E SENSACIONALISMO• A TESE EMPIRISTA de que toda filosofia válida deve partir

de noções que o homem possa conhecer e comprovar com seus próprios sentidos é abraçada pela maioria dos pensadores franceses.

• O escritor naturalista francês Georges-Louis Leclerc Buffon, voltando-se para a natureza, concentra sua observação sobre os seres vivos, suas características físicas e fisiológicas, e produz, com uma equipe de colaboradores, uma monumental História natural, em 44 volumes.

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MATERIALISMO E SENSACIONALISMO

• Georges-Louis além de classificar o reino animal em grupos de seres semelhantes entre si, ele organizou essas espécies numa série contínua, realizando um trabalho precursor da teoria da evolução das espécies.

• De acordo com a teoria da evolução, todas as espécies de plantas e animais teriam um antepassado comum e seriam o resultado de um conjunto de transformações de caracteres ocorrido de geração em geração.

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MATERIALISMO E SENSACIONALISMO

• O primeiro a enunciar essa teoria foi o naturalista francês Jean-Baptiste de Monet, para quem o meio é o principal fator de mudança: a modificação do meio leva à mudança de necessidade da espécie; a nova necessidade modifica os hábitos, a estes, por fim, os órgãos e as formas do corpo, segundo o princípio de que um órgão não utilizado se atrofia e o que é mantido em uso se desenvolve.

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MATERIALISMO E SENSACIONALISMO

• Para o naturalista inglês Charles Darwin, que formulou a primeira teoria realmente científica da evolução, a adaptação das espécies resulta da sobrevivência dos mais aptos, isto é, de um processo de seleção natural em que formas vivas novas eliminam ou ocupam o lugar das suas ancestrais.

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MATERIALISMO E SENSACIONALISMO

• Buffon, em sua teoria sobre a formação da vida, dispensa a noção de Deus como criador da natureza: para ele, a vida é resultado apenas de processos físicos e químicos no interior da matéria, e esses processos não apresentam nenhuma finalidade, como concebia a filosofia aristotélica-tomista.

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MATERIALISMO E SENSACIONALISMO

• Trata-se de uma concepção materialista da natureza, isto é, que enfatiza o papel da matéria nos processos naturais.

• O médico e filósofo francês Julien Offroy de La Mettrie radicaliza essa tendência, afirma que tudo é matéria, até mesmo a alma humana, concebendo a realidade como uma cadeia contínua que vai da matéria inanimada até o homem.

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MATERIALISMO E SENSACIONALISMO

• La Mettrie em sua obra O homem-máquina, alia a seu materialismo um mecanicismo de inspiração cartesiana, pois, para ele, a natureza não passa de uma máquina composta de inúmeros mecanismos.

• O filósofo francês Étienne Bonnot de Condillac concebia o conhecimento como um conjunto de sensações transformadas na mente e fixadas pela linguagem, formulando uma teoria denominada SENSACIONISTA ou SENSUALISTA

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MATERIALISMO E SENSACIONALISMO• SENSUALISTA

• Nome que se deve à ênfase que filósofo dá à sensação, da qual brotariam todas as demais ideias presentes no espírito humano por meio de transformações sucessivas.

• Condillac desenvolveu também uma teoria da linguagem, segundo a qual a ciência é uma “linguagem bem feita”, cujos termos não são jamais arbitrários e na qual cada palavra tem o seu correspondente invariável nas sensações.

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EDUCAÇÃO E PROGRESSO

• Os pensadores franceses desse período acreditavam numa evolução do pensamento e do conhecimento e que isso um dia traria melhores condições de vida pra todas as pessoas.

• Esses filósofos achavam que as “luzes” da razão trariam o progresso e que este conduziria os homens à felicidade.

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EDUCAÇÃO E PROGRESSO

• O homem é um ser que se pode construir por meio da educação.

• Para o filósofo francês Claude-Adrien Helvétius, em sua obra Sobre o espírito e Sobre o homem, diz que todos os homens têm a mesma “sensibilidade física” .

• O homem é uma espécie de “tábula rasa” que vai sendo gravada pelo meio em que vive desde o momento do nascimento.

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EDUCAÇÃO E PROGRESSO

• Helvétius propunha uma educação dos indivíduos baseada no conhecimento dos mecanismos do comportamento humano e voltada para o interesse geral.

• O interesse geral seria proporcionar o máximo de felicidade a todos e o mínimo de dor a cada indivíduo.

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EDUCAÇÃO E PROGRESSO

• Os principais obstáculos para alcançar esse objetivo seriam, segundo Helvétius, a religião cristã e as estruturas feudais.

• Paul-Henri Dietrich, ou barão de Holbach, diz que as religiões são um instrumento poderoso para manter o domínio sobre os homens. Elas também seriam antinaturais, uma vez que condenam o prazer.

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EDUCAÇÃO E PROGRESSO

• Holbach propunha uma reforma da sociedade que fizesse com que cada indivíduo tivesse prazer em desejar o bem-estar do outro.

• Um dos principais monumentos iluministas do ideal de propagação do conhecimento e da confiança no progresso da humanidade é a Enciclopédia, obra composta de 35 volumes, publicada de 1751 a 1772.

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EDUCAÇÃO E PROGRESSO

• A intenção da Enciclopédia era reunir e divulgar, da maneira mais completa possível, o conjunto das realizações técnicas, científicas e humanísticas alcançadas pelo homem até então.

• A maioria dos pensadores iluministas colaborou com a Enciclopédia escrevendo um ou mais verbetes.

• Por isso se tornaram conhecidos também como ENCICLOPEDISTAS.

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EDUCAÇÃO E PROGRESSO

• O pensamento de Diderot é uma síntese dos ideais iluministas, Materialista e empirista, ele afirmava que “uma boa observação vale mais do que cem teorias” e era avesso ao “espírito de sistema” dos filósofos racionalistas, pois considerava um absurdo alguém pretender explicar tudo numa cadeia de razões claras e distintas.

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O LIBERALISMO NA FRANÇA: VOLTAIRE E MONTESQUIEU

• Locke em sua obra “Dois tratados sobre o governo civil”, diz que os homens em estado de natureza são livres, iguais e independentes, podendo dispor de seu corpo para o que desejarem, desde que isso não prejudique os demais.

• Assim a vítima tem o direito de guerra, que é castigar o criminoso.

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O LIBERALISMO NA FRANÇA: VOLTAIRE E MONTESQUIEU

• Mas como isso tem o inconveniente de que o julgamento feito pela vítima pode ser parcial e injusto e o castigo, excessivo, os homens decidiram renunciar à sua liberdade natural por meio de um pacto, entregando a um corpo político (o governo) o seu direito de executar a lei natural para que garanta a segurança, o conforto e a paz da comunidade.

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O LIBERALISMO NA FRANÇA: VOLTAIRE E MONTESQUIEU

• O corpo político deve ser dividido em poderes:

• O LEGISLATIVO que faz as leis; é o principal e a ele subordinam-se:

• O EXECUTIVO que aplica as leis;

• O FEDERATIVO que cuida das relações com outras comunidades.

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O LIBERALISMO NA FRANÇA: VOLTAIRE E MONTESQUIEU

• O que legitima o PODER POLÍTICO é a adesão ao pacto feita pela maioria.

• Quando não há o consentimento da maioria, não há uma lei legítima e sim arbitrariedade.

• Outra concepção importante do liberalismo lockiano é a de que a propriedade privada é o resultado do trabalho.

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O LIBERALISMO NA FRANÇA: VOLTAIRE E MONTESQUIEU

• Qualquer atentado à propriedade privada é uma transgressão à lei natural e deve ser reprimido e castigado pelo corpo político.

• Locke também defendeu a tolerância religiosa em sua obra Carta acerca da tolerância.

• Para Locke, a intolerância resultava de uma confusão entre autoridade política e autoridade religiosa, ou entre comunidade e Igreja.

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O LIBERALISMO NA FRANÇA: VOLTAIRE E MONTESQUIEU

• O nome mais destacado do liberalismo francês foi o de Voltaire – pseudônimo usado pelo filósofo François Marie Arouet.

• Agitador, panfletário e satirista feroz, ele sabia que educar apenas não bastava para promover o progresso e a felicidade geral.

• Sem LIBERDADE não haveria o fim da prepotência dos poderosos e das injustiças sociais.

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O LIBERALISMO NA FRANÇA: VOLTAIRE E MONTESQUIEU

• Voltaire afirmava: “Posso não concordar com nenhuma palavra que você diz, mas defenderei até a morte seu direito de dizê-la”.

• Foi o principal propagandista dos ideais libertários do Iluminismo.

• Escreveu com humor e inteligência contra a religião, a metafísica, a superstição, os fanatismos e os preconceitos.

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O LIBERALISMO NA FRANÇA: VOLTAIRE E MONTESQUIEU

• Os argumentos de Voltaire, expostos em seu Tratado de Metafísica, são favoráveis à existência de um ser superior que tudo teria criado e que se revela à humanidade por meio apenas da natureza e da regularidade de suas leis, como uma espécie de relojoeiro divino.

• Mas Voltaire não via utilidade nas discussões sobre a essência de Deus.

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O LIBERALISMO NA FRANÇA: VOLTAIRE E MONTESQUIEU

• Após um exílio de dois anos na Inglaterra, Voltaire tornou-se também um dos principais defensores do liberalismo político e da tolerância religiosa.

• O que é a tolerância?

• “É o apanágio da humanidade. Somos todos cheios de fraquezas e de erros; perdoemo-nos reciprocamente as nossas tolices, tal é a primeira lei da natureza”.

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O LIBERALISMO NA FRANÇA: VOLTAIRE E MONTESQUIEU

• A separação entre política e religião também é apregoada pelo filósofo francês Charles-Louis de Secondat, barão de Montesquieu, um dos principais teóricos do liberalismo político.

• Montesquieu dizia que não apenas o corpo político e as leis governam os homens, mas muitas outras coisas: o clima, a religião, os costumes, os exemplos das coisas passadas, etc.

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O LIBERALISMO NA FRANÇA: VOLTAIRE E MONTESQUIEU

• Para Montesquieu estes outros fatores formam o espírito geral de uma sociedade.

• A liberdade, para Montesquieu, é o “direito de fazer tudo o que as leis permitem”.

• Dedicou-se à tarefa de verificar em que condições esse direito seria o mais amplo possível.

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O LIBERALISMO NA FRANÇA: VOLTAIRE E MONTESQUIEU

• Propôs a divisão do Estado em: LEGISLATIVO, EXECUTIVO e JUDICIÁRIO.

• Nessa divisão, cada poder deve agir independentemente mas, ao mesmo tempo, em articulação com os demais poderes, de modo que eles se limitem mutuamente.

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• Nasceu fraco e doente, em Genebra.

• Perdeu a mãe ao nascer.

• Foi criado por uma tia e pelo pai.

JEAN-JACQUES ROUSSEAU

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JEAN-JACQUES ROUSSEAU

• A partir dos 10 anos de idade, ficou sob a tutela de várias pessoas diferentes.

• Aos 16, resolveu fugir da cidade onde vivia para levar uma vida independente.

• Passou fome e privação, mudou várias vezes de trabalho, de mulher e de país.

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JEAN-JACQUES ROUSSEAU

• Em 1742 chega a Paris, como professor de música, trazendo na bagagem um novo sistema de notação musical, uma ópera, uma comédia, uma coletânea de poemas.

• Em 1749, despontou como filósofo ao escrever sua primeira obra, Discurso sobre as ciências e as artes.

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JEAN-JACQUES ROUSSEAU

• Escreveu ainda Emílio e Do contrato social, obras consideradas ofensivas pelas autoridades, então foi obrigado a fugir de Paris para não ser preso.

• O exílio não foi tranquilo e Rousseau teve de mudar de residência diversas vezes.

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JEAN-JACQUES ROUSSEAU

• Em 1776, seu estado de saúde se agravou – ao lado da pobreza, a saúde frágil lhe servira de desculpa para não criar nenhum dos 5 filhos, que foram deixados em orfanatos.

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JEAN-JACQUES ROUSSEAUO BOM SELVAGEM

• A Academia de Dijon propôs, num concurso, a seguinte questão: “O restabelecimento das ciências e das artes terá contribuído para aprimorar os costumes?”.

• “Não”, respondeu Rousseau. As ciências e as artes, tanto quanto a civilização não eram boas como se pensava.

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JEAN-JACQUES ROUSSEAUO BOM SELVAGEM

• O homem nasce bom, a sociedade é que o corrompe.

• Na obra Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, descreveu minuciosamente como teria sido o homem em estado de natureza.

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JEAN-JACQUES ROUSSEAUO BOM SELVAGEM

• O homem em estado de natureza teria primeiro vivido livre, solitário e feliz pelas florestas, orientado apenas pelo seu instinto de autopreservação, sem precisar de ninguém para nada.

• Suas paixões eram basicamente querer, desejar e temer.

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JEAN-JACQUES ROUSSEAUO BOM SELVAGEM

• Buscava o prazer elementar e fugia da dor.• Ele não poderia ser considerado nem bom nem

mau.• Esse estado seria, na verdade, segundo Rousseau,

“o mais propício à paz e mais conveniente ao gênero humano”, pois a ignorância do vício e a tranquilidade do coração seriam as condições mais favoráveis ao surgimento da virtude.

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JEAN-JACQUES ROUSSEAUO BOM SELVAGEM

• E a única virtude que o filósofo concebe como sendo natural ao homem, e não produto do convívio social, é a piedade.

• Para Rousseau, sem piedade, de nada serviria a razão, e os homens não passariam de monstros.

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JEAN-JACQUES ROUSSEAUO BOM SELVAGEM• Esse bom selvagem teria também uma qualidade potencial

inata que o distinguiria dos outros animais: a perfectibilidade, ou faculdade de aperfeiçoar-se.

• Essa capacidade se tornaria “a fonte de todos os males” da humanidade, quando, por um conjunto de circunstâncias e coincidências, foi sendo despertada de seu estado de dormência e tirou o homem de sua condição original de tranquilidade e inocência, fazendo desabrochar “suas luzes e erros, seus vícios e suas virtudes” e tornando-o “tirano de si mesmo e da natureza”.

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JEAN-JACQUES ROUSSEAUO BOM SELVAGEM

• Rousseau imagina que tudo isso começou quando, um dia, os homens se associaram espontaneamente para realizar algumas tarefas que exigia o concurso de várias mãos, como, por exemplo, defender-se de um animal perigoso.

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JEAN-JACQUES ROUSSEAUO BOM SELVAGEM

• Esse processo teria se repetido várias vezes, e os homens passaram a dar preferência a viver juntos, formando as primeiras famílias.

• Desenvolveram, então, sentimentos mais refinados, como o amor pelo outro e pelos filhos, e daí necessitaram criar códigos de comunicação (as línguas) e atividades de socialização, como o canto e a dança.

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JEAN-JACQUES ROUSSEAUO BOM SELVAGEM

• As diferenças entre os homens, no início muito sutis, passaram a ficar perceptíveis.

• Os mais hábeis, fortes e belos começaram a sobressair. Surgiu toda sorte de paixões e vícios, como o orgulho, a cobiça, a inveja e a hipocrisia.

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JEAN-JACQUES ROUSSEAUO BOM SELVAGEM

• O surgimento da propriedade privada teria sido o passo fundamental no processo de corrupção do homem, pois, a partir dele, realizou-se a divisão social entre ricos e pobres.

• A esse momento seguiu um estado de guerra generalizado entre os mais poderosos e os primeiros ocupantes das terras.

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JEAN-JACQUES ROUSSEAUO BOM SELVAGEM

• Os ricos percebendo que eles próprios eram os que mais tinham a perder com a guerra, idealizaram um projeto que empregava em seu favor as forças daqueles que os atacavam: um contrato social.

• Prometendo paz, justiça e segurança para todos e garantindo que manteriam seus bens, os ricos enganaram os grosseiros e ingênuos.

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JEAN-JACQUES ROUSSEAUA VONTADE GERAL

• O contrato social que vigorava seria, portanto, de acordo com Rousseau, uma enganação.

• Como legitimar, isto é, tornar direito e justo, aquilo que um dia não passou de uma armadilha?

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JEAN-JACQUES ROUSSEAUA VONTADE GERAL

• Na obra Do contrato social, responde à questão dizendo que dada a impossibilidade de o homem voltar a seu estado primordial, o filósofo se empenha em conceber um contrato social, ou forma de associação, “que defenda e proteja a pessoa e os bens de cada associado com toda a força comum, e pela qual cada um, unindo-se a todos, só obedece contudo a si mesmo, permanecendo assim tão livre quanto antes”.

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JEAN-JACQUES ROUSSEAUA VONTADE GERAL

• O pacto social deve nascer da entrega total de cada indivíduo à comunidade, com o que ele não perde nada, pois, diz Rousseau, “cada um dando-se a todos não se dá a ninguém”.

• Todos se mantêm livres e iguais ao ingressar na sociedade civil, isto é, o corpo político.

• Rousseau concebe o corpo político como um todo, uma unidade orgânica, com vida e vontade próprias.

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JEAN-JACQUES ROUSSEAUA VONTADE GERAL

• E o que dá vida ao corpo político é a própria união de seus membros, ou seja, a coletividade.

• As leis desse corpo político devem ser o reflexo da vontade geral, conceito importantíssimo da filosofia política de Rousseau.

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JEAN-JACQUES ROUSSEAUA VONTADE GERAL

• A vontade geral é a que busca o melhor para a sociedade como um todo, ou seja, aquela que satisfaz o interesse público, e não o de particulares.

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JEAN-JACQUES ROUSSEAUA EDUCAÇÃO PARA A LIBERDADE

• Rousseau queria uma sociedade em que as pessoas fossem não apenas livres e iguais, mas também soberanas, isto é, que tivessem um papel ativo dentro do contexto geral.

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JEAN-JACQUES ROUSSEAUA EDUCAÇÃO PARA A LIBERDADE

• Para isso seria preciso ensiná-las a ser:• Livres realizar o que o coração manda;• Autênticas reconhecer e mostrar os

verdadeiros sentimentos;• Autônomas conduzir o próprio destino.

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JEAN-JACQUES ROUSSEAUA EDUCAÇÃO PARA A LIBERDADE

• Essa tarefa de “civilizar a civilização” deveria partir da educação das crianças (obra: Emílio).

• A tese fundamental de Rousseau é a de que o homem é naturalmente bom, mas foi corrompido pela sociedade.

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JEAN-JACQUES ROUSSEAUA EDUCAÇÃO PARA A LIBERDADE

• A criança criada numa sociedade civilizada vai perdendo o contato com seus instintos naturais e sentimentos à medida que eles vão sendo reprimidos ou à medida que ela aprende, por meio de uma série de normas e conceitos abstratos, a não revelar certas emoções e a fingir outras.

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JEAN-JACQUES ROUSSEAUA EDUCAÇÃO PARA A LIBERDADE

• O resultado é a perda de contato consigo mesma e a necessidade de mostrar-se diferente do que realmente é. Depois vêm a falsidade, a hipocrisia e todos os outros vícios.

• Em Emílio Rousseau inspira-se no homem natural e defende uma pedagogia que siga a natureza.

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JEAN-JACQUES ROUSSEAUA EDUCAÇÃO PARA A LIBERDADE

• Emílio é afastado do convívio social até os 15 anos de idade, evitando assim qualquer influência corruptora da sociedade.

• O que o filósofo propõe de fundamental e inovador é uma educação que procura incentivar a expressão das tendências naturais da criança, em vez de reprimi-las ou discipliná-las, como era mais comum até aquela época.

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JEAN-JACQUES ROUSSEAUA EDUCAÇÃO PARA A LIBERDADE

• Isso deveria ser feito com amor e carinho, não com punições e castigos; no seio da família – não na escola -, por meio do exemplo e da prática, despertando na criança, com naturalidade, os bons sentimentos e deixando em segundo plano o aspecto teórico, racional.

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• Foi o principal pensador do Esclarecimento, designação pela qual ficou conhecida a filosofia das luzes na Alemanha.

IMMANUEL KANT

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IMMANUEL KANTVIDA

• Nasceu em Königsberg (hoje Kaliningrado), pequena cidade situada a oeste da Prússia.

• Filho de um humilde artesão, estudou na universidade local, da qual se tornou professor brilhante e reitor.

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IMMANUEL KANTVIDA

• Pequeno e frágil, Kant levou uma existência extremamente metódica, sem grandes acontecimentos.

• Nunca se casou e jamais saiu de sua cidade natal até seu falecimento.

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IMMANUEL KANTA NOVA REVOLUÇÃO COPERNICANA

• Kant foi o primeiro dos grandes filósofos modernos a produzir seu pensamento dentro de uma universidade, como acadêmico.

• Ele era professor universitário de filosofia.• Na época em que Kant lecionava, o

pensamento racionalista ainda era forte entre os pensadores do Esclarecimento.

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IMMANUEL KANTA NOVA REVOLUÇÃO COPERNICANA

• Kant também foi um estudioso dos iluministas franceses.

• Com o mesmo espírito questionador de sua época, o filósofo se empenhou na crítica da própria razão, instaurando, como ele mesmo diz, “um tribunal que, ao mesmo tempo que assegure suas legítimas aspirações, rechace todas as que sejam infundadas”.

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IMMANUEL KANTA NOVA REVOLUÇÃO COPERNICANA

• Desde Descartes, os filósofos se dedicavam à investigação do conhecimento na tentativa de explicar como ele se dá e sobre o que é possível conhecer.

• Os RACIONALISTA deram sua resposta, baseada no poder de explicar tudo.

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IMMANUEL KANTA NOVA REVOLUÇÃO COPERNICANA

• Os EMPIRISTAS reagiram destacando a importância dos sentidos e seus limites.

• Kant achava que tanto os sentidos como a razão são fatores determinantes no processo de conhecimento das coisas e, portanto, não adotou nenhuma das duas posições.

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IMMANUEL KANTA NOVA REVOLUÇÃO COPERNICANA• Para Kant, ambas apresentavam acertos e erros e seria

possível obter melhores resultados se elas fossem sintetizadas numa perspectiva totalmente nova de abordagem do conhecimento.

• Na obra “Crítica da razão pura”, Kant recorda o sucesso de Copérnico quando o astrônomo, percebendo que os princípios explicativos da teoria geocêntrica se fragilizavam diante de novas constatações, resolveu tirar a Terra do centro do universo e colocar o Sol em seu lugar.

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IMMANUEL KANTA NOVA REVOLUÇÃO COPERNICANA

• Kant propõe fazer o mesmo com a questão do entendimento, ou seja, inverter o lugar determinante que ocupa o objeto nas abordagens tradicionais.

• Para ele, são “os objetos que têm de se regular pelo nosso conhecimento”.

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IMMANUEL KANTA NOVA REVOLUÇÃO COPERNICANA

• EXEMPLO: quando vemos um objeto qualquer, a imagem que se forma em nossa mente não é determinada por esse objeto, e sim o contrário: nós, por meio do nosso modo próprio de perceber as coisas, é que determinamos e formamos essa imagem.

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IMMANUEL KANTAS FORMAS DA SENSIBILIDADE

• Kant entendia que todos os nossos conhecimentos começam com a experiência, isto é, no momento em que entramos em contato sensível com as coisas.

• Esse conhecimento não é simplesmente dado pelas coisas, como se o sujeito que conhecesse ficasse totalmente passivo no processo.

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IMMANUEL KANTAS FORMAS DA SENSIBILIDADE

• Buscou saber como é o sujeito puro, a priori, isto é, o sujeito antes de qualquer experiência sensível.

• Kant chegou à conclusão de que o sujeito possui certas faculdades que possibilitam e determinam a experiência e o conhecimento.

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IMMANUEL KANTAS FORMAS DA SENSIBILIDADE

• Uma dessas faculdades é a sensibilidade. O filósofo observou que, quando percebemos e representamos em nossa mente qualquer coisa externa, essa representação é sempre feita no tempo e no espaço.

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IMMANUEL KANTAS FORMAS DA SENSIBILIDADE

• Kant conclui então que TEMPO e ESPAÇO são condições a priori de possibilidade da experiência sensível ou intuição empírica.

• Em outras palavras, tempo e espaço não são abstrações ou algo que existe fora de nós: eles constituem formas da sensibilidade, isto é, são ferramentas humanas inatas e necessárias ao homem para que ele possa construir toda a sua experiência do mundo.

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IMMANUEL KANTAS FORMAS DA SENSIBILIDADE

• Essas formas da sensibilidade atuam como filtros ou lentes que definem como podemos perceber a realidade.

• São como receptáculos ou vasilhas vazias que vão sendo preenchidas com alguma matéria, isto é, os conteúdos que compõem as sensações.

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IMMANUEL KANTAS FORMAS DO ENTENDIMENTO

• Kant observou também que, quando enunciamos um juízo, uma afirmação qualquer, como, por exemplo, “o calor dilata os corpos”, ocorre uma síntese das representações “calor” e “dilata os corpos”.

• Essa síntese é feita por outra faculdade humana: o entendimento ou faculdade de pensar ou de julgar.

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IMMANUEL KANTAS FORMAS DO ENTENDIMENTO

• Todo juízo é uma síntese efetuada pelo entendimento, que unifica as múltiplas representações que aparecem na sensibilidade.

• Analisando os diversos juízos possíveis, Kant percebeu que todos se articulam de acordo com certos princípios lógicos ou regras, apresentando formas básicas ou puras, isto é, destituídas de qualquer conteúdo e anteriores a qualquer experiência vivida pelas pessoas.

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IMMANUEL KANTAS FORMAS DO ENTENDIMENTO

• Do mesmo modo que existem formas da sensibilidade (espaço e tempo), Kant diz que existem formas do entendimento.

• A partir delas se estabelecem conceitos puros, a priori, que existem desde sempre em nossa consciência, como os conceitos de causa, necessidade e substância (categorias).

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IMMANUEL KANTAS FORMAS DO ENTENDIMENTO

• São as categorias que permitem pensar tudo aquilo que chega com a intuição ou experiência sensível.

• EXEMPLO: o conceito de causa.• Quando entramos numa sala aquecida pelo sol

da tarde, podemos dizer com base apenas nessa intuição ou experiência sensível: “O sol brilha na sala” e “A sala está quente”.

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IMMANUEL KANTAS FORMAS DO ENTENDIMENTO

• Se, em seguida, relacionamos essas duas intuições, subordinamos uma à outra, podemos concluir: “O sol aquece a sala”.

• Kant diz que fazer essa relação é algo inerente ao entendimento humano, que não consegue deixar de empregar o princípio de que “todo efeito tem de ter uma causa”.

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IMMANUEL KANTAS FORMAS DO ENTENDIMENTO

• Para Kant, a noção de causalidade é algo que deriva do nosso entendimento, isto é, nós é que criamos essa relação.

• Isso quer dizer que entender a natureza é projetar sobre ela as nossas formas próprias de conhecimento.

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IMMANUEL KANTA CRÍTICA À METAFÍSICA

• Se projetamos sobre a natureza as nossas formas próprias de conhecer, o conhecimento do mundo se restringe, pois nunca poderemos saber com certeza como o mundo é em si, mas apenas como ele aparece para nós.

• Kant faz distinção: “coisa em si” e “coisa para nós”.

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IMMANUEL KANTA CRÍTICA À METAFÍSICA

• “COISA PARA NÓS” tudo o que conhecemos do mundo são os fenômenos – aquilo que aparece para nós já filtrado pelas formas da sensibilidade.

• “COISA EM SI” Kant denomina de númeno – não pode ser percebida pela razão humana porque ultrapassa a experiência possível.

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IMMANUEL KANTA CRÍTICA À METAFÍSICA• O processo de conhecer o mundo é mais ou menos como

fotografar uma festa animada, com muita música e dança.• A FESTA “a coisa em si”, o númeno.• A MÁQUINA é o sujeito com suas formas, seu aparelho

próprio de conhecer.• A IMAGEM “a coisa para nós”, o fenômeno, aquilo que

aparece para nós.• A FOTO constitui a experiência possível, a representação

do fenômeno.

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IMMANUEL KANTA CRÍTICA À METAFÍSICA

• Com base nos resultados dessa investigação, o filósofo criticará a pretensão da metafísica de querer conhecer “o ser enquanto ser”, as “coisas em si” – e pretende fazer isso como ciência, como conhecimento teórico.

• Kant afirma que isso não é possível, que há aí um uso ilegítimo da razão ao se pretender conhecer aquilo que ultrapassa a experiência possível.

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IMMANUEL KANTA CRÍTICA À METAFÍSICA• O homem não pode provar que Deus existe, que a

alma é imortal, que o universo é infinito, que o homem é livre.

• E, quando tenta fazer isso, surgem as antinomias da razão pura (juízos que se contradizem em tese e antítese)

• Nessas questões tanto parecerá provável uma coisa como o seu contrário e sempre será possível refutar as duas posições.

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IMMANUEL KANTA RAZÃO PRÁTICA

• Kant diz que o homem sempre vai sentir a necessidade de saber de onde vem e para onde vai.

• Essa é uma necessidade inerente à própria razão.

• Por isso afirma que o homem também possui uma razão prática.

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IMMANUEL KANTA RAZÃO PRÁTICA

• No campo prático da razão, idéias como Deus, imortalidade e liberdade não devem ser tratadas como conhecimento e sim como noções reguladoras da prática humana; elas têm uma função prática em nossas vidas.

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IMMANUEL KANTA RAZÃO PRÁTICA• Esse é o campo da moral e da religião, no qual o

homem afirma coisas que não pode provar, porque isso favorece a sua existência prática.

• São os postulados práticos, moralmente necessários.

• A função prática e fundamental de acreditar na imortalidade da alma é tirar a angústia causada pela ideia do fim absoluto após a morte e motivar uma conduta justa durante a vida inteira.

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IMMANUEL KANTA VONTADE LEGISLADORA

• Kant também entendia que a filosofia devia se pôr ao lado dos interesses do homem; entre os mais importantes, para ele, estava a liberdade.

• No campo da moral, propõe que as leis morais são necessárias e universais, mas, ao mesmo tempo, derivam dos próprios homens.

• Nesse sentido apesar de agir por dever, o homem é livre, pois deve seguir a lei que ele próprio criou.

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IMMANUEL KANTA VONTADE LEGISLADORA

• Parece contraditório pensar em dever e liberdade ao mesmo tempo, mas não para Kant.

• Entendia que todos nós nascemos com a capacidade de distinguir o certo do errado.

• Existiria uma lei moral universal e inata que orienta a ação de todos os homens, valendo pra todos em todas as situações.

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IMMANUEL KANTA VONTADE LEGISLADORA

• Imperativo categórico: “Age apenas segundo aquelas máximas por meio das quais possas, ao mesmo tempo, querer que elas se transformem em uma lei geral”.

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

• CHALITA, Gabriel. Vivendo a Filosofia. São Paulo: Ática, 2012.