CAP 28 - OS FLUXOS MIGRATÓRIOS E A ESTRUTURA DA POPULAÇÃO I

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OS FLUXOS MIGRATÓRIOS E A ESTRUTURA DA POPULAÇÃO I Movimentos populacionais O deslocamento de pessoas entre países, regiões, cidades etc. é um fenômeno antigo, amplo e complexo, pois envolve as mais variadas classes sociais, culturas e religiões. Os motivos que as levam a tais deslocamentos são diversos e apresentam conseqüências positivas e negativas, dependendo das condições e dos diferentes contextos socioeconômicos, culturais e ambientais em que ocorrem. Existem, por exemplo, causas religiosas, naturais, político-ideológicas, psicológicas e também as guerras, entre outras, associadas a esses movimentos populacionais, mas se verifica ao longo da história que predominam os fatores de ordem econômica. Nas áreas de repulsão populacional, observam-se crescente desemprego, subemprego e baixos salários ou rendimentos; já nas áreas de atração populacional, vislumbram-se melhores perspectivas de emprego e salário e, portanto, melhores condições de vida. Há tipos diferenciados de movimentos populacionais: voluntário, quando o movimento é livre; forçado, como nos casos de escravidão e de perseguição religiosa, étnica ou política; e, por fim, controlado, quando o Estado controla numérica ou ideologicamente a entrada e/ou saída de migrantes. Qualquer deslocamento de pessoas traz conseqüências demográficas (o número de habitantes aumenta nas áreas de atração e diminui nas de repulsão) e culturais (língua, religião, culinária, arquitetura, artes, costumes em geral). Enquanto se limitam aos aspectos culturais, as conseqüências costumam ser positivas, pois ocorre a troca e o enriquecimento dos diferentes valores postos em contato. Ao acompanharmos os jornais, porém, percebemos a face perversa dos atuais movimentos imigratórios. Têm crescido, a cada ano, os conflitos entre pessoas que passaram a compartilhar o mesmo território nacional. Em muitos países, os movimentos neonazistas e separatistas têm aumentado de modo considerável, assumindo dimensões críticas principalmente na Europa. Cerca de 9% dos migrantes do mundo são refugiados, alcançando, em 2001, um número superior a 16 milhões - a maioria deles na Ásia, com 8,8 milhões, e na África, com 4,2 milhões. Do total, 3 milhões estavam abrigados nos países desenvolvidos e 13 milhões nos subdesenvolvidos. Em 2001, segundo dados da ONU, cerca de 175 milhões de pessoas residiam fora de seu país de origem, o que equivale a aproximadamente 3% da população mundial, percentual que duplicou desde 1970. Parte do aumento do percentual de imigrantes na população mundial está ligada, principalmente, ao desmembramento da antiga União Soviética em vários países independentes - antes do desmembramento havia 2,4 milhões de imigrantes na antiga superpotên- cia; em 2000, cerca de 29 milhões de pessoas, ou 16% do total mundial, eram imigrantes em países que fizeram parte da ex-União Soviética. Dessa forma, o desmembramento dos 15 países que a compunham provocou um aumento de quase 27 milhões de imigrantes no total mundial são pessoas que moram na antiga União Soviética, mas fora de seu país de nascimento. Os países desenvolvidos abrigam 60% dos imigrantes do planeta e, portanto, 40% residem em países subdesenvolvidos ou emergentes. A Europa é a maior receptora de imigrantes (54 milhões), seguida pela Ásia (41 milhões) e pela América do Norte (40 milhões).

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OS FLUXOS MIGRATÓRIOS E A ESTRUTURA DA POPULAÇÃO I

Movimentos populacionaisO deslocamento de pessoas entre países, regiões, cidades etc. é um fenômeno antigo, amplo e complexo, pois envolve as

mais variadas classes sociais, culturas e religiões. Os motivos que as levam a tais deslocamentos são diversos e apresentam conseqüências positivas e negativas, dependendo das condições e dos diferentes contextos socioeconômicos, culturais e ambientais em que ocorrem.

Existem, por exemplo, causas religiosas, naturais, político-ideológicas, psicológicas e também as guerras, entre outras, associadas a esses movimentos populacionais, mas se verifica ao longo da história que predominam os fatores de ordem econômica. Nas áreas de repulsão populacional, observam-se crescente desemprego, subemprego e baixos salários ou rendimentos; já nas áreas de atração populacional, vislumbram-se melhores perspectivas de emprego e salário e, por tanto, melhores condições de vida.

Há tipos diferenciados de movimentos populacionais: voluntário, quando o movimento é livre; forçado, como nos casos de escravidão e de perseguição religiosa, étnica ou política; e, por fim, controlado, quando o Estado controla numérica ou ideologicamente a entrada e/ou saída de migrantes.

Qualquer deslocamento de pessoas traz conseqüências demográficas (o número de habitantes aumenta nas áreas de atração e diminui nas de repulsão) e culturais (língua, religião, culinária, arquitetura, artes, costumes em geral). Enquanto se limitam aos aspectos culturais, as conseqüências costumam ser positivas, pois ocorre a troca e o enriquecimento dos diferentes valores postos em contato.

Ao acompanharmos os jornais, porém, percebemos a face perversa dos atuais movimentos imigratórios. Têm crescido, a cada ano, os conflitos entre pessoas que passaram a compartilhar o mesmo território nacional. Em muitos países, os movimentos neonazistas e separatistas têm aumentado de modo considerável, assumindo dimensões críticas principalmente na Europa.

Cerca de 9% dos migrantes do mundo são refugiados, alcançando, em 2001, um número superior a 16 milhões - a maioria deles na Ásia, com 8,8 milhões, e na África, com 4,2 milhões. Do total, 3 milhões estavam abrigados nos países desenvolvidos e 13 milhões nos subdesenvolvidos.

Em 2001, segundo dados da ONU, cerca de 175 milhões de pessoas residiam fora de seu país de origem, o que equivale a aproximadamente 3% da população mundial, percentual que duplicou desde 1970. Parte do aumento do percentual de imigrantes na população mundial está ligada, principalmente, ao desmembramento da antiga União Soviética em vários países independentes - antes do desmembramento havia 2,4 milhões de imigrantes na antiga superpotência; em 2000, cerca de 29 milhões de pessoas, ou 16% do total mundial, eram imigrantes em países que fizeram parte da ex-União Soviética. Dessa forma, o desmembramento dos 15 países que a compunham provocou um aumento de quase 27 milhões de imigrantes no total mundial são pessoas que moram na antiga União Soviética, mas fora de seu país de nascimento.

Os países desenvolvidos abrigam 60% dos imigrantes do planeta e, portanto, 40% residem em países subdesenvolvidos ou emergentes. A Europa é a maior receptora de imigrantes (54 milhões), seguida pela Ásia (41 milhões) e pela América do Norte (40 milhões).

Estrutura da populaçãoO estudo da estrutura da população, pode ser dividida, em três categorias: Número, sexo e idade dos habitantes - esses dados, obtidos pelo censo demográfico, são expressos em um gráfico

chamado pirâmide etária; Ramos de atividades econômicas; Distribuição da renda; Desenvolvimento social.

Pirâmide etária

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Para representar o número de habitantes (em valores absolutos ou em valores relativos) e sua distribuição por sexo e grupos de idade, utiliza-se a pirâmide etária ou pirâmide de idades. Ela pode retratar dados da população mundial, de um país, um estado, uma cidade etc. Seu formato nos permite extrair informações sobre a dinâmica demográfica da população. Se a pirâmide apresenta um aspecto triangular, o percentual de jovens no conjunto da população é alto. A base larga indica que nasce muita gente, ou seja, que a taxa de natalidade é alta. O topo estreito indica uma pequena participação percentual de idosos na população, portanto, a expectativa de vida é baixa. Alta taxa de natalidade e baixa expectativa de vida são características de subdesenvolvimento. Ao contrário, se a pirâmide não apresentar grande diferença da base ao topo, podemos concluir que a população recenseada apresenta baixa taxa de natalidade e alta expectativa de vida (veja as pirâmides a seguir).

Quando observamos uma pirâmide etária, é necessário ter em mente, ainda, a história da população recenseada, para que se conheça a causa de alguma configuração incomum no gráfico. Por exemplo, os países europeus que participaram diretamente da Segunda Guerra (1939-1945) apresentam forte afunilamento na parte da pirâmide correspondente à população na faixa etária dos nascidos no período (veja pirâmide da França).

Durante a guerra, a taxa de natalidade foi muito mais baixa que o normal, já que os casais evitavam ou mesmo se achavam impedidos, pela distância, de ter filhos. Além disso, muitas pessoas jovens, na faixa de 20 anos, morreram na guerra, sobretudo homens, o que provocou um afunilamento nessa faixa etária, principalmente na Rússia e demais países da antiga União Soviética, que juntos perderam mais de 20 milhões de pessoas. Com o final da guerra, ao contrário, a taxa de natalidade cresceu vertiginosamente, fenômeno conhecido como baby boom (isto é, "explosão de bebês"), e a pirâmide se alargou subs-tancialmente na faixa dos que nasceram nos anos seguintes. Se um país ou região qualquer passar por um período em que ocorra grande entrada ou saída de pessoas, a forma da pirâmide também se alterará.

Observe, na pirâmide da França, a grande queda na natalidade entre as faixas 50-54 e 55-59 anos. Como as condições de vida da população se refletem nas pirâmides, essa faixa de idades reflete a redução da natalidade na Segunda Guerra.