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CAP. 4 – AVALIAÇÃO DE PROJETOS E NEGÓCIOS Este capítulo pretende apresentar conceitos e procedimentos para avaliação de projetos e negócios. As projeções e os indicadores utilizados são aqueles que normalmente são utilizados por instituições financeiras na avaliação de projetos para financiamentos. Para avaliação de Projetos e Negócios é necessário: Projetar Demonstração de resultados Projetar Fluxo de Caixa Conhecer conceitos de Custos Utilizar conceitos de Depreciação Utilizar conceitos de Impostos proporcionais à receita e ao lucro, como IRPJ e CSL Influência do IRPJ e CSL e a Depreciação do Ativo Imobilizado na avaliação de Projetos O Ativo Imobilizado O Ativo Imobilizado é um subgrupo do Ativo Permanente que por sua vez é localizado no Ativo de uma empresa. O Ativo Imobilizado é registrado na contabilidade de uma companhia através de seu custo de aquisição. Este custo pode ser tanto aquele pago pelo ativo, quanto o seu custo de fabricação ou construção. No caso de compra de terceiros, o custo de aquisição é determinado pelo seu valor de compra mais os gastos complementares necessários à sua posse, instalação e funcionamento. Em resumo, o custo de aquisição normalmente é constituído de: Valor de compra Gastos com transporte do Bem Prêmio de seguro pelo transporte Gastos com a instalação Gastos necessários à transferência do Bem. Principais Grupos de Contas do Ativo Imobilizado Em vista da infinidade de tipos de ativos fixos, costuma-se agrupa-los em contas, cujos títulos indicam com razoável precisão a natureza dos bens nelas registrados. Os bens que compõem o Ativo Imobilizado podem ser, quanto à existência, de dois tipos: Bens tangíveis Bens intangíveis Os bens tangíveis são aqueles que existem fisicamente, que podem ser vistos, tocados e sentidos. As principais contas que agrupam os bens tangíveis são:

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CAP. 4 – AVALIAÇÃO DE PROJETOS E

NEGÓCIOS

Este capítulo pretende apresentar conceitos e procedimentos para avaliação de projetos e negócios. As projeções e os indicadores utilizados são aqueles que normalmente são utilizados por instituições financeiras na avaliação de projetos para financiamentos. Para avaliação de Projetos e Negócios é necessário: • Projetar Demonstração de resultados • Projetar Fluxo de Caixa • Conhecer conceitos de Custos • Utilizar conceitos de Depreciação • Utilizar conceitos de Impostos proporcionais à receita e ao lucro, como IRPJ e CSL

Influência do IRPJ e CSL e a Depreciação do Ativo Imobilizado na avaliação de Projetos O Ativo Imobilizado O Ativo Imobilizado é um subgrupo do Ativo Permanente que por sua vez é localizado no Ativo de uma empresa. O Ativo Imobilizado é registrado na contabilidade de uma companhia através de seu custo de aquisição. Este custo pode ser tanto aquele pago pelo ativo, quanto o seu custo de fabricação ou construção. No caso de compra de terceiros, o custo de aquisição é determinado pelo seu valor de compra mais os gastos complementares necessários à sua posse, instalação e funcionamento. Em resumo, o custo de aquisição normalmente é constituído de: • Valor de compra • Gastos com transporte do Bem • Prêmio de seguro pelo transporte • Gastos com a instalação • Gastos necessários à transferência do Bem.

Principais Grupos de Contas do Ativo Imobilizado Em vista da infinidade de tipos de ativos fixos, costuma-se agrupa-los em contas, cujos títulos indicam com razoável precisão a natureza dos bens nelas registrados.

Os bens que compõem o Ativo Imobilizado podem ser, quanto à existência, de dois tipos: • Bens tangíveis • Bens intangíveis

Os bens tangíveis são aqueles que existem fisicamente, que podem ser vistos, tocados e sentidos. As principais contas que agrupam os bens tangíveis são:

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Capítulo 4 - Análise de Investimentos em Situação de Incerteza 4. 2

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• Terrenos • Edificações • Máquinas e Equipamentos • Veículos • Móveis e Utensílios • Ferramentas

Os bens intangíveis são aqueles que existem mas não podem ser vistos ou tocados. Representam direitos assegurados à companhia proprietária, ou seja, esta detém sua posse jurídica. Os principais tipos de bens intangíveis são:

• Patentes • Marcas de Indústria e de Comércio • Direitos de uso de processo (Know-How) • Direitos de Publicação • Direitos de Exploração e Extração

É conveniente lembrar que estes bens são considerados Ativo Imobilizado se forem destinados à manutenção da atividade da companhia.

Contabilidade da Depreciação Como norma básica a lei das sociedades por ações dispõe: No Balanço Patrimonial os elementos do Ativo Imobilizado serão registrados pelo custo de aquisição, deduzido o saldo da respectiva conta de depreciação, amortização ou exaustão. A diminuição de valor dos elementos do Ativo Imobilizado será registrada periodicamente nas contas de depreciação, quando corresponder à perda do valor dos direitos que tenham por objeto bens físicos sujeitos a desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência. As depreciações vão sendo registradas a cada ano em contas específicas acumuladoras de saldo e em contrapartida esses valores serão computados como custo ou despesa operacional, em cada exercício social. Quando o bem chega a 100% de depreciação e ainda existir fisicamente (caso normal nas empresas) deixa de ser depreciado. O Ativo é baixado contabilmente quando for vendido, doado ou quando cessar sua utilidade para a empresa. Do ponto de vista econômico, e este é o conceito que deve ser adotado em estuodos de investimentos, a depreciação não é considerada como um custo, mas como uma fonte de recursos para as operações da firma que poderá ser utilizada a critério da administração. A depreciação é um custo ou despesa operacional sem desembolso.

Exemplos de Bens Sujeitos à Depreciação • Prédios e Edificações • Veículos • Máquinas e Equipamentos • Móveis e Utensílios • Ferramentas

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Capítulo 4 - Análise de Investimentos em Situação de Incerteza 4. 3

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Exemplos de Bens não Sujeitos à Depreciação • Terrenos • Antigüidades • Obras de arte

Baixa do Ativo Imobilizado Os motivos mais freqüentes para a baixa do Ativo Imobilizado são a venda ou a cessação de utilidade para a companhia. Em qualquer dos casos, é necessário que o valor do bem baixado seja retirado contabilmente dos registros da empresa.

Se o bem for vendido, o resultado contábil da baixa (lucro ou prejuízo) será a diferença entre seu valor pelo qual o bem for vendido e seu valor contábil, que por sua vez é o custo original menos a depreciação acumulada. Se o seu valor contábil for nulo, no caso de já estar totalmente depreciado, o valor da venda será o lucro da transação. Se o bem for baixado por motivo da cessação de utilidade (obsolescência, danos irreparáveis, etc), e ainda tiver valor contábil, este será o valor da perda que irá para a demonstração de resultados. Uma firma A que compre um equipamento usado de uma firma B iniciará o processo de depreciação sobre este equipamento (baseando-se no valor da transação), mesmo que este equipamento já tenha sido totalmente depreciado na contabilidade da firma B. Vemos, pois, como podem surgir vantagens para firmas de um mesmo grupo, mas que sejam pessoas jurídicas independentes, ao transacionarem equipamentos usados entre sí.

Apresentação nas Demonstrações Financeiras No Balanço Patrimonial: PERMANENTE Imobilizado Edificações 60.000 Máquinas e Equipamentos 20.000 Móveis e Utensílios 5.000 Veículos 15.000 100.000 Depreciação Acumulada (20.000) 80.000 Na Demonstração de Resultados A depreciação deve ser apropriada ao custo de produção (é um custo indireto de fabricação) ou então como despesa de depreciação no grupo de “outras despesas operacionais”. O prejuízo ou lucro na baixa do Ativo Imobilizado deve ser apresentado na Demonstração de Resultados do exercício como Receita (no caso de lucro) ou Despesa (no caso de prejuízo) não Operacional.

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Capítulo 4 - Análise de Investimentos em Situação de Incerteza 4. 4

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Demonstração de Resultados Receita Bruta de Vendas 100000 - Impostos Proporcionais (ICMS, IPI, Outros) -12000 Receita Líquida de vendas 88000 - Custo do Produto Vendido (MP, MOD, CIF) -35000 Despesa de Depreciação -10000 Lucro Bruto 43000 - Despesas Operacionais Despesas Administrativas -10000 Vendas - 8000 Financeiras - 5000 Despesa de Depreciação - 8000 Lucro Operacional 12000 - Despesas não operacionais (Ex: Venda Ativo) -1000 +Receitas não Operacionais (Ex: Venda Ativo) +2000 Lucro Antes do Imposto de renda 13000 - IR / Contribuição Social -4000 Lucro Líquido 9000 As taxas máximas de depreciação permitidas pelo governo para os principais grupos de ativos são: Edificações 4% Instalações 10% Animais Vivos 20% Veículos Em Geral 20% Equipam. Em Geral 10% Móveis E Utensílios 10% Atualmente, são as seguintes as taxas limites de depreciação anual, fixadas pela Instrução Normativa 162, de 31/12/1998, da Secretaria da Receita federal (tabela resumida):

Ministério da Fazenda Secretaria da Receita Federal

Instrução Normativa SRF nº 162, de 31 de dezembro de 1998 DOU de 07/01/1999, pág. 5 Fixa prazo de vida útil e taxa de depreciação dos bens que relaciona.O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL, no uso de suas atribuições e tendo em vista o disposto no art. 253, § 1°, do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto n° 1.041, de 11 de janeiro de 1994, resolve: Art. 1° A quota de depreciação a ser registrada na escrituração da pessoa jurídica, como custo ou despesa operacional, será determinada com base nos prazos de vida útil e nas taxas de depreciação constantes dos anexos: I - Anexo I: bens relacionados na Nomenclatura Comum do MERCOSUL - NCM; II - Anexo II: demais bens. Art. 2° Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.

EVERARDO MACIEL Anexo I - Bens relacionados na Nomenclatura Comum do MERCOSUL - NCM

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Capítulo 4 - Análise de Investimentos em Situação de Incerteza 4. 5

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Bens Taxa anual de depreciação

ANIMAIS VIVOS 20 % Exceção: Galos, Galinhas, Patos, Gansos, Perus, Peruas E Galinhas-D'angola (Pintadas), Das Espécies Domésticas, Vivos

50 %

OBRAS DE PLÁSTICOS 20 % Correias de transmissão e correias transportadoras 50 % OBRAS DE BORRACHA (Correias Transportadoras Ou De Transmissão, De Borracha Vulcanizada) 50 %

OBRAS DE COURO 50%

OBRAS DE MADEIRA (caixotes, caixas, engradados, barricas e embalagens semelhantes, de madeira; carretéis para cabos, de madeira; paletes simples, paletes-caixas e outros estrados para carga, de madeira; taipais de paletes, de madeira; barris, cubas, balsas, dornas, selhas e outras obras de tanoeiro)

20 %

TAPETES E OUTROS REVESTIMENTOS PARA PAVIMENTOS, DE MATÉRIAS TÊXTEIS

20 %

OUTROS ARTEFATOS TÊXTEIS CONFECCIONADOS (cortinados, cortinas e estores; sanefas e artigos semelhantes para camas para uso em hotéis e hospitais; sacos de quaisquer dimensões, para embalagem)

20 %

Encerados e toldos; tendas; velas para embarcações, para pranchas à vela ou para carros à vela; artigos para acampamento

25 %

PRODUTOS CERÂMICOS 20 %

OBRAS DE VIDRO 20 %

OBRAS DE FERRO FUNDIDO, FERRO OU AÇO 10 % construções, de ferro fundido, ferro ou aço, exceto as construções pré-fabricadas: Pontes e elementos de pontes, Torres e pórticos

4 %

Recipientes para gases comprimidos ou liquefeitos, de ferro fundido, ferro ou aço 20 % OBRAS DE ALUMÍNIO 10 % construções de alumínio 4 % Recipientes para gases comprimidos ou liquefeitos, de alumínio 20 % FERRAMENTAS 20 % aparelhos mecânicos de acionamento manual, pesando até 10kg, utilizados para preparar, acondicionar ou servir alimentos ou bebidas

10 %

OBRAS DIVERSAS DE METAIS COMUNS (cofres-fortes, portas blindadas e compartimentos para casas-fortes, cofres e caixas de segurança e artefatos semelhantes, de metais comuns) (fichários)

10%

REATORES NUCLEARES, CALDEIRAS, MÁQUINAS, APARELHOS E INSTRUMENTOS MECÂNICOS (turbimas, motores, bombas, ar-condicionado, queimadores, fornos, etc.)

10 %

"bulldozers", "angledozers", niveladores, raspo-transportadores ("scrapers"), pás mecânicas, escavadores, carregadoras e pás carregadoras, compactadores e rolos ou cilindros compressores, autopropulsores

25 %

Máquinas automáticas para processamento de dados e suas unidades; leitores magnéticos ou ópticos, máquinas para registrar dados em suporte sob forma codificada, e máquinas para processamento desses dados, não especificadas nem compreendidas em outras posições

20 %

máquinas e aparelhos para selecionar, peneirar, separar, lavar, esmagar, moer, misturar ou amassar terras, pedras, minérios ou outras substâncias minerais sólidas (incluídos os pós e pastas); máquinas para aglomerar ou moldar combustíveis minerais sólidos, pastas cerâmicas, cimento, gesso ou outras matérias minerais em pó ou em pasta; máquinas para fazer moldes de areia para fundição

20 %

-Máquinas e aparelhos para obras públicas, construção civil ou trabalhos semelhantes 25 % caixas de fundição; placas de fundo para moldes; modelos para moldes; moldes para metais (exceto lingoteiras), carbonetos metálicos, vidro, matérias minerais, borracha ou plásticos

33,3 %

ferramentas eletromecânicas de motor elétrico incorporado, de uso manual 20 %

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Capítulo 4 - Análise de Investimentos em Situação de Incerteza 4. 6

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aparelhos ou máquinas de tosquiar de motor elétrico incorporado 20 % aparelhos elétricos para telefonia ou telegrafia, por fio, incluídos os aparelhos telefônicos por fio conjugado com um aparelho telefônico portátil sem fio e os aparelhos de telecomunicação por corrente portadora ou de telecomunicação digital; videofones

20 %

gravadores de dados de vôo 20 % Gravador-reprodutor de fita magnética, sem sintonizador 20 % Gravador-reprodutor e editor de imagem e som, em discos, por meio magnético, óptico ou opto-magnético 20 % -Discos para sistemas de leitura por raio "laser": 33,3 % -Fitas magnéticas para reprodução de fenômenos diferentes do som e da imagem 33,3 % -Cartões magnéticos 33,3 % Aparelhos transmissores (emissores) para radiotelefonia, radiotelegrafia, radiodifusão ou televisão, mesmo incorporando um aparelho de recepção ou um aparelho de gravação ou de reprodução de som; câmeras de televisão; câmeras de vídeo de imagens fixas e outras câmeras ("camcorders")

20 %

Aparelhos de radiodetecção e de radiossondagem (radar), aparelhos de radionavegação e aparelhos de radiotelecomando

20 %

aparelhos receptores para radiotelefonia, radiotelegrafia ou radiodifusão, exceto de uso doméstico 20 % VEÍCULOS E MATERIAL PARA VIAS FÉRREAS OU SEMELHANTES, APARELHOS MECÂNICOS (INCLUÍDOS OS ELETROMECÂNICOS) DE SINALIZAÇÃO PARA VIAS DE COMUNICAÇÃO

10 %

VEÍCULOS AUTOMÓVEIS, TRATORES, CICLOS E OUTROS VEÍCULOS TERRESTRES

20 %

Tratores 25 % veículos automóveis para transporte de 10 pessoas ou mais, incluindo o motorista 25 % veículos automóveis para transporte de mercadorias 25 % veículos automóveis para usos especiais (por exemplo: auto-socorros, caminhões-guindastes, veículos de combate a incêndios, caminhões-betoneiras, veículos para varrer, veículos para espalhar, veículos-oficinas, veículos radiológicos), exceto os concebidos principalmente para transporte de pessoas ou de mercadorias

25 %

veículos automóveis sem dispositivo de elevação, dos tipos utilizados em fábricas, armazéns, portos ou aeroportos, para transporte de mercadorias a curtas distâncias; carros-tratores dos tipos utilizados nas estações ferroviárias

10 %

motocicletas (incluídos os ciclomotores) e outros ciclos equipados com motor auxiliar, mesmo com carro lateral; carros laterais

25 %

reboques e semi-reboques, para quaisquer veículos; outros veículos não autopropulsores 20 % AERONAVES E APARELHOS ESPACIAIS 10 % EMBARCAÇÕES E ESTRUTURAS FLUTUANTES 5 % -Barcos e balsas infláveis 20 % INSTRUMENTOS E APARELHOS DE ÓPTICA, FOTOGRAFIA OU CINEMATOGRAFIA, MEDIDA, CONTROLE OU DE PRECISÃO; INSTRUMENTOS E APARELHOS MÉDICO-CIRÚRGICOS

10 %

ARTIGOS PARA DIVERTIMENTO OU PARA ESPORTE 10 % Anexo II - Demais Bens

Bens Taxa anual de depreciação

Instalações 10 % Edificações 4 %

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Capítulo 4 - Análise de Investimentos em Situação de Incerteza 4. 7

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Estas taxas são as cargas máximas de depreciação anual, permitidas pelo governo. Obedecidos estes limites, a legislação brasileira permite que qualquer método de depreciação seja utilizado. Entretanto, a necessidade de se observar limites permitidos pelo governo conduz a uma depreciação mais demorada se forem utilizados outros métodos que não o da depreciação linear. Um outro aspecto a ser considerado é a escolha da data a partir da qual o bem passa a ser depreciado: normalmente deve ser depreciado a partir da data de entrada em funcionamento. Se for adquirido para uso posterior, a depreciação não deverá ser computada durante o período de inatividade, salvo se houver possibilidade de erosão, obsolescência ou existência de outro fator que determine o imediato início de depreciação.

Para bens usados a taxa de depreciação será fixada tendo em vista o maior dos seguintes prazos:

•1. Metade da vida útil admissível para o bem novo ou •2. Restante da vida útil, considerada em relação à primeira instalação.

Depreciação Acelerada Desde que comprovada a atividade operacional dos equipamentos fixos em mais de um turno de trabalho (8 hs/dia), poderá ser aplicado um coeficiente de aceleração sobre a taxa de depreciação normal, visando reduzir a vida contábil do ativo. As normas fiscais que regulam a depreciação acelerada estão contidas no artigo 312, decreto no 3.000 de 26/03/1999. Coeficientes de Depreciação Acelerada: • 1 turno de 8 hs/dia: 1,0 • 2 turnos de 8 hs/dia 1,5 • 3 turnos de 8 hs/dia 2,0

Assim, por exemplo, se a operação de uma máquina de terraplanagem, cuja depreciação normal seja de 20% ao ano, for realizada em período contínuo de 16 hs/dia, a empresa poderá adotar a taxa máxima de depreciação acelerada de 30%.

A legislação prevê, ainda, para bens que operam em condições ambientais desfavoráveis, a possibilidade do uso de taxas maiores, mediante solicitação corroborada por laudo técnico emitido pelo Instituto Nacional de Tecnologia. Ver mais sobre depreciação no decreto 3000 de 1999 no site da Secretaria da Receita Federal: http://www.receita.fazenda.gov.br

Exemplo 1 Determinada empresa estuda a possibilidade de aquisição de uma máquina automática de processamento de dados (um computador?), no valor de $ 50.000,00. Se esta empresa utiliza o método de depreciação linear, pergunta-se: a. Qual a quota de depreciação linear b. Qual o valor contábil no sexto ano de utilização c. Qual o lucro ou prejuízo contábil se a máquina for vendida por $ 15.000,00 no terceiro ano

de utilização d. Quais seriam os registros contábeis? Exemplo 2

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Capítulo 4 - Análise de Investimentos em Situação de Incerteza 4. 8

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O valor de aquisição de um imóvel é R$ 40.000.000, incluindo o valor do terreno de R$ 3.000.000. Pede-se: a) Quota de depreciação contábil b) Vida Contábil c) Depreciação acumulada décimo ano d) Valor Contábil após 10 anos e) Lucro ou prejuízo para venda por 20.500.000 ano 10 f) Lucro ou prejuízo para venda por 4.500.000 ano 30

Importância da Depreciação na Análise de Investimentos Qual a vantagem em depreciar contabilmente um equipamento? Como a depreciação entra nos custos (ou despesas) na demonstração de resultados, automaticamente diminuirá os lucros tributáveis, e consequentemente, o impostos de renda a pagar. Sabemos, da matemática financeira, que quanto mais cedo se tiver o dinheiro na mão, mais vantajoso é. Dessa forma, todos gostariam de depreciar seus ativos fixos o mais depressa possível. Entretanto, como já vimos, o governo limita a taxa de depreciação anual por motivos óbvios.

Se o tempo de vida de um equipamento for maior que, por exemplo, 10 anos, e o governo limita a depreciação em 10 % ao ano, convém ficar quieto e depreciá-lo em 10 anos mesmo. É perfeitamente normal um equipamento já totalmente depreciado estar em condições de operação e continuar sendo utilizado (mas não mais depreciado).

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A influência do Imposto de renda Deve ser considerado, para fins de avaliação, o fluxo de caixa após todos os impostos, inclusive o Imposto de Renda e a Contribuição Social. O fluxo de caixa líquido, após os impostos, deve ser calculado de acordo com as normas que regem os impostos. Projetos que podem ser viáveis antes dos impostos podem não o ser após. O imposto de renda incide sobre o lucro tributável da empresa que, por sua vez, é influenciado por procedimentos da contabilidade da depreciação. Por esta razão, a legislação tributária permite às empresas deduzirem de seu lucro anual a correspondente carga de depreciação para fins de cálculo do imposto de renda. Conforme legislação em vigor, o imposto de renda, em geral, é apurado pela aplicação de uma alíquota de 15% sobre o lucro tributável da empresa. Para lucros tributáveis superiores a R$ 240.000,00 por ano (R$ 20.000,00 por mês) é aplicada uma taxa de 10 % sobre o lucro que excede a este limite. Também incidente sobre o lucro tributável, a contribuição social deve ser considerada na análise de investimentos. Para empresas industriais a alíquota da contribuição social é de 9% sobre o lucro tributável. Nem sempre o lucro contábil é igual ao lucro tributável, ou seja, aquele sobre o qual incide a alíquota do imposto de renda. Apurado o resultado contábil, a este deverão ser feitos alguns ajustes, chamados de inclusões ou exclusões. A base de cálculo pode ser o lucro real ou lucro presumido. O lucro real é apurado de acordo registros contábeis e fiscais. Obrigatório para empresas com receita superior a R$ 48 milhões anuais. O lucro presumido é uma simplificação do lucro real. A base de cálculo é de 8% sobre a receita bruta. Exceções: 1,6% p/ comércio de derivados de petróleo; 16% p/ serviços de transporte; 32% p/ serviços em geral. Os períodos de apuração são trimestrais, encerrados em 31/03, 30/06, 30/09 e 31/12 de cada ano. Exemplo Um investimento de $ 30.000,00 em um equipamento proporcionará redução nos desembolsos anuais de $ 10.000,00. A vida econômica do equipamento é de 5 anos, após a qual o equipamento será vendido por $ 7.000,00. Considerando que a taxa máxima de depreciação para este tipo de equipamento é de 15 % e que a empresa utiliza o método linear, calcular a taxa interna de retorno do investimento antes e após o imposto de renda. A alíquota de imposto de renda é de 35%. A taxa mínima de atratividade da empresa, após os impostos é de 18 % ao ano. Pergunta-se: a) Qual a TIR do investimento antes dos impostos. b) O investimento é viável após os impostos? c) Qual a TIR do investimento após os impostos se o equipamento operar em condições que

lhe permita taxa máxima de depreciação de 50%. Avalie a variação da rentabilidade devido à alteração da taxa máxima de depreciação.

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Capítulo 4 - Análise de Investimentos em Situação de Incerteza 4. 10

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Ano 0 1 2 3 4 5 Redução nos custos - Depreciação + Res. não oper. (Ganho de capital)

Lucro Antes IRPJ/CSL Adicional

- IRPJ / CSL Lucro Líquido Adicional

+ Depreciação - Res. Não oper. (Ganho de Capital)

- Investimento + Valor Residual Fluxo de Caixa após IRPJ/CSL

TMA= Valor do Negócio= Valor Presente Líquido= Taxa Interna de retorno = Caso da empresa de eletrônica: A empresa de eletrônica SRS desenvolve um novo tipo de placa eletrônica em SMD e avalia a possibilidade de iniciar sua produção. A nova forma de produção, com o uso de um robô, agiliza e reduz o custo de produção. A intenção é instalar esta nova linha de produção em sua fábrica no Sul de Minas. Os dados são os seguintes: • Investimentos fixos adicionais para instalar parte da fábrica em Curitiba (Robô: 150.000,

Máquina solda: 60.000, Computadores, Bancadas e outros: 60.000): R$ 270.000,00 • Investimento em Capital de Giro (principalmente estoques): R$ 65.000,00 • Produção e venda das placas: 500 placas por dia em 360 dias no ano • Preço da placa R$ 4,10 • Custos fixos (Aluguel, Mão-de-obra, encargos, etc.): R$ 230.000,00 por ano • Custos variáveis (Componentes, base, etc.): R$ 0,90 por placa • Despesas (administrativas, vendas): R$ 90.000,00 • ICMS: 18% • IRPJ + CSSL = 35% • Taxa de depreciação sobre os equipamentos: 10% por ano

A Empresa tem garantias de compra das placas durante os próximos 10 anos, no final dos quais os investimentos fixos terão um valor residual de venda de R$ 80.000,00. A taxa mínima de atratividade da empresa é de 18% ao ano. Avalie a viabilidade do projeto.

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Sistemas de Financiamentos

Amortização de Dívidas A disponibilidade de recursos é, sem dúvida, fundamental para a concretização de um investimento. Se os recursos próprios forem insuficientes as empresas devem recorrer a empréstimos. O valor desses empréstimos, ou seja, o principal, evidentemente terá que ser restituído à instituição financeira, acrescido de sua remuneração, que são os juros. À forma de devolução do principal mais juros, chama-se de “sistema de amortização”. Os sistemas mais usados serão vistos a seguir. SISTEMA FRANCÊS DE AMORTIZAÇÃO (PRICE) Também conhecido como “Sistema Price” ou “Sistema de Prestação Constante” é muito utilizado nas compras de prazos menores e no crédito direto ao consumidor. Neste sistema as prestações são constantes, ou seja, correspondem a uma série uniforme “A”. A parcela de juros decresce com o tempo, ao passo que a parcela de amortização aumenta com o tempo. Graficamente pode-se apresentar este comportamento da seguinte maneira:

Como em todos os sistemas corretos de amortização, no sistema Price a prestação é a soma da amortização com os juros do período, ou seja:

pk = ak + jk

Onde: pk - prestação no periodo k ak - amortização no período k jk - juros no periodo k

Além disso, os juros no período k são calculados sobre o saldo devedor anterior:

jk = i*(Saldo devedor)k-1 Nota-se, portanto, que quanto menor o saldo devedor menores serão os juros e, como as prestações são constantes no sistema Price, a amortização crescerá com o tempo.

PrestaçãoJuros

Amortização

n

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Capítulo 4 - Análise de Investimentos em Situação de Incerteza 4. 12

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A prestação p é calculada da seguinte forma:

pk = p = P* (A/P; i; n ) Onde P é o principal, ou seja, o valor do empréstimo. As fórmulas do Sistema Francês de amortização são apresentadas no quadro abaixo: Período (k) Saldo devedor (SDk) Prestação (pk) Amortização (ak) Juros (jk)

0 Po = P 1 P1 = Po - a1 p = P(A/P,i,n) a1 = p - j1 j1 = i Po 2 P2 = P1 - a2 p a2 = p - j2 j2 = i P1 ... k Pk = Pk-1 - ak = 0 p ak = p - jk jk = i Pk-1

Pode-se calcular o saldo devedor após a k-ézima prestação a partir da seguinte fórmula:

Sdk = p (P/A; i; n-k) Ou seja, o saldo devedor é o valor presente das prestações futuras. Exemplo Montar o quadro de amortização para um financiamento de R$100.000,00, a juros de 15% ao ano (TJLP de 10% mais 5%), com prazo de 5 anos, amortizável pelo sistema Price em 5 prestações anuais. Calcular também o saldo devedor, imediatamente após a segunda prestação, sem o uso da tabela. Solução: Período (k) Saldo devedor (SDk) Prestação (pk) Amortização (ak) Juros (jk)

0 1 2 3 4 5

E o saldo devedor após a segunda prestação é:

SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CONSTANTE (SAC) É o sistema normalmente utilizado para financiamentos de longo prazo. Neste sistema as amortizações são constantes e calculadas da seguinte forma:

aPn=

Onde P é o principal e n é o número de prestações.

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Capítulo 4 - Análise de Investimentos em Situação de Incerteza 4. 13

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O saldo devedor após o pagamento da k - ézima prestação é dado por:

Sdk = P - k a

Graficamente a prestação pode ser representada assim:

As fórmulas do SAC são apresentadas no quadro abaixo: Período (k) Saldo devedor (SDk) Prestação (pk) Amortização (ak) Juros (jk)

0 P 1 P - P/n P/n + i P P/n iP 2 P - 2P/n P/n + i P - iP/n P/n iP - iP/n ... ... ... ... ... k P - kP/n P/n+iP-(k-1)iP/n P/n iP - (k - 1)iP/n

Exemplo Elaborar a tabela financeira pelo sistema SAC para o financiamento do exemplo anterior. Calcular também, o saldo devedor após a segunda prestação. Solução: Período (k) Saldo devedor (SDk) Prestação (pk) Amortização (ak) Juros (jk)

0 1 2 3 4 5

E o saldo devedor após o segundo pagamento, sem utilização da tabela, pode ser calculado assim: O PERIODO DE CARÊNCIA A concessão de um período de carência é muito utilizada pelas instituições financeiras. Durante o período de carência paga-se somente juros e o principal permanece inalterado, ou ainda, não se paga juros e estes são capitalizados acrescendo o principal.

Juros

AmortizaçãoPrestação

n

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Capítulo 4 - Análise de Investimentos em Situação de Incerteza 4. 14

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Se, no exemplo anterior, fosse concedido dois anos de carência, com 3 de amortização, a tabela financeira do financiamento ficaria assim: Período (k) Saldo devedor (SDk) Prestação (pk) Amortização (ak) Juros (jk)

0 1 2 3 4 5

OUTROS SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO O Sistema Americano : Neste sistema paga-se apenas os juros e o principal é devolvido ao final do empréstimo. Sistema de Pagamento Único : É muito utilizado para financiamentos industriais de capital de giro. Paga-se, neste caso, juros e principal no final do empréstimo. Nada mais do que achar F dado P. Pagamento antecipado : Aqui os juros são cobrados antecipadamente e o principal é devovido ao final do empréstimo. É uma forma conhecida de “aumentar” a taxa de juros efetiva cobrada por uma instituição financeira. Decididamente este não é um sistema correto sob o ponto de vista da matemática financeira. Para que um sistema seja correto o valor presente das prestações, descontado à taxa de juros do financiamento, deve ser igual ao principal. Avaliação de projetos e Negócios considerando impostos e financiamentos Uma das etapas mais importantes na elaboração de um projeto industrial é a análise de sua viabilidade econômica e financeira. Este capítulo visa apresentar, utilizando-se de informações das etapas anteriores de um projeto, uma metodologia de cálculo para que se possa concluir sobre a viabilidade de um projeto. É necessário, portanto, um correto levantamento dos custos e das receitas adicionais decorrentes do investimento. Para um perfeito entendimento dos quadros que serão apresentados e, para que a classificação dos itens seja adequada, deve-se conhecer a terminologia usual da área de custos: Terminologia em custos industriais:

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Capítulo 4 - Análise de Investimentos em Situação de Incerteza 4. 15

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Gasto: conceito amplo que significa sacrifício financeiro de uma maneira geral. O sacrifício é representado por entrega ou promessa de entrega de dinheiro ou outros ativos. Engloba, portanto, investimento, custo, despesa e perda. Investimento: gasto ativado em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a futuros períodos. Cita-se como exemplo: Estoques, Aplicações, máquinas e equipamentos, construções civis, marcas e patentes, ações de outras empresas. Custo: Gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços. Ex: consumo de matérias primas na produção, salário dos empregados da área de produção, energia elétrica usada na produção, depreciação de máquinas da produção. Despesa: Gasto relativo a bem ou serviço consumidos para obtenção de receitas. Ex: salários da administração geral, depreciação de ativos fora da produção, comissão de vendedores. O custo de produção torna-se despesa quando o produto é vendido, mas costuma-se chamá-lo de custo do produto vendido. Perda: gasto com bem ou serviço consumidos de forma anormal e involuntária. Não é um sacrifício feito com a intenção de obtenção de receitas. Ex: valor dos danos provocados por incêndios ou enchentes, obsoletismo de estoques, gasto com mão de obra durante uma greve, refugos anormais, unidades defeituosas. Desembolso: Pagamento resultante da aquisição do bem ou serviço. Pode ser defasado ou não do gasto.

1. INVESTIMENTO O investimento pode ser classificado da seguinte forma: a) Fixo b) Giro O investimento fixo é composto por equipamentos, terrenos, construções civis, instalações industriais, móveis, etc. O investimento em giro é o capital de giro necessário para por em marcha a empresa, ou seja, disponibilidades, estoques, e os recursos necessários para sustentar as vendas a prazo. Ao final da vida do projeto estima-se o valor residual de venda do investimento fixo e considera-se o desativamento do capital de giro como uma entrada de caixa.

2. CUSTOS DE PRODUÇÃO Os custos de produção são aqueles que ocorrem na fabricação do produto e são classificados em Variáveis e Fixos. Os Custos Variáveis são aqueles que variam de acordo com a quantidade produzida. Os principais custos variáveis de produção são os seguintes: - Matérias Primas, Embalagens e Materiais Auxiliares

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Capítulo 4 - Análise de Investimentos em Situação de Incerteza 4. 16

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- Fretes - Consumo de Energia Elétrica (no processo produtivo) - Água Industrial - Combustível Os Custos Fixos normalmente não variam proporcionalmente à produção. Os principais são os seguintes: - Mão-de-Obra Fixa - Manutenção - Seguros - Demanda de Energia Elétrica - Despesas de Aluguel relativas à fabricação

3. DESPESAS GERAIS As Despesas Gerais são aquelas que, mesmo importantes para a operação, não fazem parte da fabricação de um produto. Podem, também, ser classificadas em fixas e variáveis. A principal Despesa Geral Variável é: - Despesas Variáveis com Vendas (Comissão de vendedores) Como Despesas Gerais Fixas considera-se: - Despesas Administrativas - Salários da Diretoria - Despesas de vendas fixas - Impostos fixos (IPTU, Taxas diversas)

4. OUTRAS DESPESAS E DESEMBOLSOS DEPRECIAÇÃO CONTÁBIL: É uma despesa sem desembolso que pode ser considerada para efeito de abatimento no Imposto de Renda. DESPESAS FINANCEIRAS: Referem-se aos juros de financiamentos de médio e longo prazos e podem ser abatidas para efeito de Imposto de Renda. AMORTIZAÇÃO DE FINANCIAMENTOS: A Amortização é um desembolso e não uma despesa e, portanto, não é dedutível do Imposto de Renda. IMPOSTOS PROPORCIONAIS: São os impostos proporcionais à Receita Bruta de Vendas como, p. ex., ICMS, IPI e PIS/Cofins. A Receita Líquida de Vendas é obtida subtraindo estes impostos da Receita Bruta. IMPOSTO DE RENDA: O Imposto de Renda incide sobre o lucro tributável. A legislação atual fixa uma alíquota de 15% sobre o lucro e um adicional de 10% sobre o lucro que exceder a R$ 240.000,00 no ano. Deve-se considerar ainda o efeito de 9% da Contribuição Social sobre o lucro tributável.

5. RECEITAS

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Capítulo 4 - Análise de Investimentos em Situação de Incerteza 4. 17

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Para efeito de análise econômica de projetos considera-se apenas as Receitas Operacionais, ou seja, o produto da quantidade produzida pelo preço.

RENTABILIDADE DO EMPREENDIMENTO E DO ACIONISTA A taxa interna de retorno do empreendimento considera o capital total investido no projeto, como se fosse utilizado apenas capital próprio, ou seja, obtêm-se a rentabilidade total do investimento. Por outro lado pode-se também calcular a rentabilidade do acionista ou do capital próprio investido. A rentabilidade do acionista é calculada considerando as prestações como saídas de caixa onde elas efetivamente ocorrem, não se esquecendo que a parcela de juros é dedutível para fins de Imposto de Renda enquanto a amortização não o é. Neste caso utiliza-se, para o cálculo da TIR do acionista, o investimento efetuado pelos proprietários. Se a rentabilidade do empreendimento for maior que a taxa de juros do financiamento, ocorrerá o efeito da Alavancagem financeira positiva fazendo com que a rentabilidade do acionista seja maior que a rentabilidade do projeto como um todo.

APLICAÇÃO Determine as taxas internas de retorno do empreendimento e do acionista de um projeto de uma linha de produção que apresenta as seguintes características: Produção anual: 4.000 unid / ano Preço: $ 1000 / unid Custo var. de prod. $ 200 / unid Custo fixo de prod. $ 300.000 / ano Despesas variáveis $ 150 / unid Despesas fixas $ 200.000 / ano Investimento Fixo $ 2.000.000 Capital de Giro $ 200.000 Taxa de depreciação 20 % Parcela financiada 50 % do Inv. Fixo Taxa de juros 10 % ao ano Amortização: 5 anos (SAC com 1 anos car.) Valor residual inv. fixo $ 200.000 Vida útil: 5 anos

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Capítulo 4 - Análise de Investimentos em Situação de Incerteza 4. 18

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Primeiro ano: 70% da capacidade IRPJ/CSL: 35% ICMS (menos crédito), IPI, PIS, Cofins, etc: 17% Fluxo de Caixa do Empreendimento Em $ 1.000

Descrição 0 1 2 3 4 5 Receita Bruta (-) Impostos Proporc. Receita Líquida Custo Fixos Custo Variáveis Lucro Bruto Desp. Fixas Desp. Variáveis Depreciação Despesas Finan. Lucro Operacional -Despesas ñ operac. +Receitas ñ operac. Lucro Antes IR IRPJ/CSL Lucro Líq. Após IR (+) Depreciação (-) Resultado ñ operac. (-) Amortização (-) Investimentos (+)Liber. Financiam. (+) Valor Residual Fluxo de Caixa TMA= Valor do Negócio= VPL= TIR=

Fluxo de Caixa do Acionista Em $ 1.000

Descrição 0 1 2 3 4 5

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Capítulo 4 - Análise de Investimentos em Situação de Incerteza 4. 19

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Receita Bruta (-) Impostos Proporc. Receita Líquida Custo Fixos Custo Variáveis Lucro Bruto Desp. Fixas Desp. Variáveis Depreciação Despesas Finan. Lucro Operacional -Despesas ñ operac. +Receitas ñ operac. Lucro Antes IR IRPJ/CSL Lucro Líq. Após IR (+) Depreciação (-) Resultado ñ operac. (-) Amortização (-) Investimentos (+)Liber. Financiam. (+) Valor Residual Fluxo de Caixa TMA= Valor do Negócio= VPL= TIR=

CASOS Caso da Empresa de eletrônica: A empresa de eletrônica SRS desenvolve um novo tipo de placa eletrônica em SMD e avalia a possibilidade de iniciar sua produção. A nova forma de produção, com o uso de um robô, agiliza e reduz o custo de produção. A intenção é instalar esta nova linha de produção em sua fábrica no Sul de Minas. Os dados são os seguintes: Investimentos adicionais para instalar linha:

Robô: 150.000, Máquina solda: 60.000, Computadores, Bancadas e outros: 60.000.

Investimento em Capital de Giro: R$ 65.000,00 Produção e venda das placas: 500 placas por dia em 360 dias no ano

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Capítulo 4 - Análise de Investimentos em Situação de Incerteza 4. 20

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Preço da placa R$ 4,10 Aluguel: R$ 60.000,00 por ano Mão-de-obra: R$ 100.000,00 por ano encargos: R$ 70.000,00 por ano Componentes: R$ 0,60 por placa Base: R$ 0,30 por placa Despesas administrativas: R$ 50.000,00 por ano Despesas de vendas: R$ 40.000,00 por ano ICMS, IPI, PIS, Cofins: 18% IRPJ + CSSL = 35% Taxa de depreciação sobre os equipamentos: 10% por ano A Empresa tem garantias de compra das placas durante os próximos 10 anos, no final dos quais os investimentos fixos terão um valor residual de venda de R$ 80.000,00. A taxa mínima de atratividade da empresa é de 18% ao ano.

1. Qual o Valor do Negócio? 2. Qual o VPL? 3. Qual a TIR? 4. Caso a empresa faça um financiamento de 60% do investimento fixo no BDMG

a uma taxa de 12% ao ano, para pagar em 4 anos, sendo o primeiro de carência, pelo sistema SAC, analise a viabilidade do capital próprio (acionista);

5. Analise a viabilidade caso a empresa pague Simples de 7,4% sobre a receita e continue pagando ICMS (já descontados os créditos) de 9%

Caso da Termelétrica a Gás: Uma empresa do setor de energia estuda um investimento em uma termelétrica a gás de 350 MW e levantou os seguintes dados: Investimento $ 500,000.00 por MW instalado Produção de energia 2.800.000 MWh por ano Preço da energia elétrica produzida $30.00 por MWh Custos de Operação e Manutenção $ 4.00 por MWh Outros Custos (Transporte de energia, etc.) $ 1,000,000.00 por ano Consumo de gás 500.000.000 m3 por ano Custo do gás $ 0.06 por m3 O horizonte de planejamento é de 20 anos, após os quais a termelétrica será vendida por $35 milhões.

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Capítulo 4 - Análise de Investimentos em Situação de Incerteza 4. 21

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A taxa mínima de atratividade da empresa é de 15% ao ano após o imposto de renda. Se a TMA da empresa é de 15% ao ano, qual é o Valor do Negócio e o VPL? O negócio é viável? Usar planilha eletrônica Questão sobre depreciação Qual a quota anual de depreciação do investimento, considerando que a taxa máxima de depreciação permitida para este caso é de 4%. Qual o valor contábil no final do vigésimo ano? Qual o lucro ou prejuízo na venda do ativo? Questão sobre IRPJ e CSL Analise a viabilidade do investimento após o Imposto de Renda, considerando uma alíquota de 35% sobre o lucro tributável. Questão sobre sensibilidade Qual o preço mínimo da energia elétrica para que o investimento seja viável? (Considerar análise após o Imposto de Renda) Questão sobre financiamento Calcule a TIR do capital próprio investido na termelétrica considerando que 70% do investimento total seja financiado pelo BNDES, pelo sistema SAC, em 10 anos, a uma taxa de juros real de 10% ao ano.