Cap04 trovadorismo

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Trovadorismo

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Características gerais do período Medieval

• O Trovadorismo se caracteriza como um estilo de época, o qual se manifestou na Idade Média, durante o período do feudalismo.

• Discrepâncias entre fé e razão.• A arte da época era concebida sobre um formato

bidimensional, com ausência de perspectiva.• Métodos sociais eram ditados pela concepção

religiosa vigente, ou seja, o Cristianismo defendido pela Igreja Católica.

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O trabalho camponês nos feudos – principal atividade durante o período trovadoresco

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A poesia no período trovadoresco Chamamos de poesia trovadoresca a produção poética, em galego-português, do final do século XII ao século XIV. Seu apogeu ocorre no reinado de Afonso III, em meados do século XIII.

Os cancioneiros Só tardiamente (a partir do final do século XIII) as cantigas foram copiadas em manuscritos chamados cancioneiros. Três desses livros, contendo aproximadamente 1 680 cantigas, chegaram até nós. •Cancioneiro da Ajuda •Cancioneiro da Vaticana •Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa

Os autores Os autores das cantigas são chamados trovadores. Eram pessoas cultas, quase sempre nobres, contando-se entre eles alguns reis, como D. Sancho I, D. Afonso X, de Castela, e D. Dinis. Nos cancioneiros que conhecemos, estão reunidos as cantigas de 153 trovadores.

Os intérpretes As cantigas compostas pelos trovadores eram musicadas e interpretadas pelo jogral, pelo segrel e pelo menestrel, artistas agregados às cortes ou que perambulavam pelas cidades e feiras. Muitas vezes o jogral também compunha cantigas.

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Características das cantigas • Língua galego-português. • Tradição oral e coletiva. • Poesia cantada e acompanhada por instrumentos

musicais colecionada em cancioneiros (melopeia).

• Autores trovadores. • Intérpretes: jograis, segréis e menestréis. • Gêneros:

– lírico (cantigas de amigo, cantigas de amor);– satírico (cantigas de escárnio, cantigas de maldizer).

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Os gênerosNas cantigas prevaleciam distintos propósitos: havia aquelas em que se manifestavam juras de amor feitas à mulher do cavaleiro, outras em que predominava o sofrimento de amor da jovem em razão de o namorado ter partido para as Cruzadas, e ainda outras, em que a intenção era descrever, de forma irônica, os costumes da sociedade portuguesa, então vigente. Assim, em virtude do aspecto que apresentavam, as cantigas se subdividiam em:•gênero lírico: cantigas de amor, cantigas de amigo.•gênero satírico: cantigas de escárnio e de maldizer.

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Cantigas de Amor•Eu-lírico masculino acometido de coita, ou seja,

sofrimento amoroso; •Ambientação palaciana (corte); mulher idealizada; •Vassalagem amorosa: o eu-lírico assume uma atitude

submissa, de vassalo em relação à amada, ele é servo da mulher amada;

•O nome da mulher amada está sempre oculto (mesura - ponderação);

•Composição masculina.

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Cantigas de Amor

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Cantiga da Ribeirinha“No mundo nom me sei parelha,mentre me for como me vai;ca ja moiro por vós, e ai!,mia senhor branca e vermelha,queredes que vos retraiaquando vos eu vi em saia?Mao dia me levantei,que vos entom nom vi feia!

E, mia senhor, des aquelha,me foi a mi mui mal di' ai!E vós, filha de Dom PaiMoniz, en bem vos semelhad' haver eu por vós garvaia?Pois eu, mia senhor, d' alfaianunca de vós houve nem heivalia d'ua correia!”

Cantiga da garvaia, Paio Soares Taveiroos

“No mundo não conheço outro como eu,enquanto me acontecer como me acontece:porque já morro por vós, e ai!,minha senhora branca e vermelha,quereis que vos censurequando vos eu vi em saia? (em corpo bem feito)Mau dia me levanteique vos então não vi feia!

E, minha senhora, desde então,passei muitos maus dias, ai!E vós, filha de D. PaioMoniz, parece-vos bemter eu de vós uma garvaia? (manto)Pois eu, minha senhora, de presentenunca de vós tive nem tenhonem a mais pequenina coisa.”

Tradução livre, de algumas possíveis, daCantiga da garvaia de Paio Soares Taveiroos

A expressão senhor refere-se à vassalagem..

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Cantigas de Amigo• Eu-lírico feminino; • Ambiente popular (campo, vilas, praia etc.); • Tema a) separação do namorado, que parte em alguma expedição militar e

a espera de seu retorno;(b) a romaria a lugares santos, onde a donzela busca uma conquista

amorosa, através da dança;(c) as bailadas, que versam exclusivamente o tema da dança;(d) as marinhas ou barcarolas, à beira do mar;(e) tema das tecedeiras, no interior dos lares;(f) tema das chamadas cantigas de fonte, onde as donzelas iam lavar

os cabelos ou mesmo a roupa, encontrando-se com os namorados. • Amor real (saudades de quem o eu lírico teve); Paralelismo

(repetições parciais); Refrão (repetições integrais); Sentimentos de saudade do "amigo"; Composições com diálogo; Presença das forças da natureza; Composição masculina.

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Cantigas de Amigo

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Canção de amigoOndas do mar de Vigo, se vistes meu amigo? E ai Deus, se verra cedo!Ondas do mar levado, se vistes meu amado? E ai Deus, se verra cedo!Se vistes meu amigo, o por que eu sospiro? E ai Deus, se verra cedo!Se vistes meu amado, por que ei gran coitado? E ai Deus, se verra cedo!

Martim Codax

Ondas do mar de Vigo, acaso vistes meu amigo? Queira Deus que ele venha cedo!Ondas do mar agitado, acaso vistes meu amado? Queira Deus que ele venha cedo!Acaso vistes meu amigo aquele por quem suspiro? Queira Deus que ele venha cedo!Acaso vistes meu amado, por quem tenho grande cuidado (preocupado) ? Queira Deus que ele venha cedo!

Martim Codax

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Cantigas de Escárnio• Sátiras indiretas por meio das quais critica-se, de

forma irônica e velada, pessoas sem citar nomes; • Sutis e bem-humoradas.

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Cantigas de Escárnio

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CANTIGA DE ESCÁRNIODe vós, senhor, quer’eu dizer verdade e nom ja sobr’[o] amor que vos ei: senhor, bem [moor] é vossa torpicidade de quantas outras eno mundo sei; assi de fea come de maldade nom vos vence oje senom filha dum rei [Eu] nom vos amo nem me perderei, u vos nom vir, por vós de soidade (...)

Pero Larouco

Sobre vós, senhora, eu quero dizer verdade e não já sobre o amor que tenho por vós: senhora, bem maior é vossa estupidez do que a de quantas outras conheço no mundo tanto na feiúra quanto na maldade não vos vence hoje senão a filha de um rei Eu não vos amo nem me perderei de saudade por vós, quando não vos vir.

Pero Larouco

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Cantigas de Maldizer

• Sátiras diretas por meio das quais falava-se mal das pessoas conhecidas;

• Cita-se o nome; • Vocabulário de baixo calão; • Grosseiras com a intenção de ofender.

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Cantigas de Maldizer

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CANTIGA DE MALDIZERAi, dona fea, fostes-vos queixar que vos nunca louv[o] em meu cantar; mais ora quero fazer um cantar em que vos loarei toda via; e vedes como vos quero loar: dona fea, velha e sandia!Dona fea, se Deus mi pardom, pois avedes [a]tam gram coraçom que vos eu loe, em esta razom vos quero ja loar toda via; e vedes qual sera a loaçom: dona fea, velha e sandia!Dona fea, nunca vos eu loei em meu trobar, pero muito trobei; mais ora ja um bom cantrar farei, em que vos loarei toda via; e direi-vos como vos loarei: dona fea, velha e sandia!

João Garcia de Ghilhade

Ai, dona feia, foste-vos queixar que nunca vos louvo em meu cantar; mas agora quero fazer um cantar em que vos louvares de qualquer modo; e vede como quero vos louvar dona feia, velha e maluca!Dona feia, que Deus me perdoe, pois tendes tão grande desejo de que eu vos louve, por este motivo quero vos louvar já de qualquer modo; e vede qual será a louvação: dona feia, velha e maluca!Dona feia, eu nunca vos louvei em meu trovar, embora tenha trovado muito; mas agora já farei um bom cantar; em que vos louvarei de qualquer modo; e vos direi como vos louvarei: dona feia, velha e maluca!

João Garcia de Ghilhade

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NOVELAS DE CAVALARIANem só de poesia viveu o Trovadorismo. Também floresceu um tipo de prosa ficcional, as novelas de cavalaria, originárias das canções de gesta francesas (narrativas de assuntos guerreiros), onde havia sempre a presença de heróis cavaleiros que passavam por situações perigosíssimas para defender o bem e vencer o mal.Sobressai nas novelas a presença do cavaleiro medieval, concebido segundo os padrões da Igreja Católica (por quem luta): ele é casto, fiel, dedicado, disposto a qualquer sacrifício para defender a honra cristã. Esta concepção de cavaleiro medieval opunha-se à do cavaleiro da corte, geralmente sedutor e envolvido em amores ilícitos.

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NOVELAS DE CAVALARIAA origem do cavaleiro-herói das novelas é feudal e nos remete às Cruzadas: ele está diretamente envolvido na luta em defesa da Europa Ocidental contra sarracenos, eslavos, magiares e dinamarqueses, inimigos da cristandade.As novelas de cavalaria estão divididas em três ciclos e se classificam pelo tipo de herói que apresentam. Assim, as que apresentam heróis da mitologia greco-romana são do ciclo Clássico (novelas que narram a guerra de Tróia, as aventuras de Alexandre, o grande); as que apresentam o Rei Artur e os cavaleiros da Távola Redonda pertencem ao ciclo Arturiano ou Bretão (A Demanda do Santo Graal); as que apresentam o rei Carlos Magno e os doze pares de França são do ciclo Carolíngeo (a história de Carlos Magno).

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NOVELAS DE CAVALARIA

Geralmente, as novelas de cavalaria não apresentam uma autoria. Elas circulavam pela Europa como verdadeira propaganda das Cruzadas, para estimular a fé cristã e angariar o apoio das populações ao movimento. As novelas eram tidas em alto apreço e foi muito grande a sua influência sobre os hábitos e os costumes da população da época.

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NOVELAS DE CAVALARIA