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1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E JUSTIFICATIVAS DA PESQUISA
1.1.1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E AGENDA 21
O conceito de desenvolvimento sustentável emergiu realmente durante as discussões
realizadas no início dos anos 70, seguindo uma série de publicações–chave que chamavam
atenção para a super-exploração do ambiente pelo homem, enfocando o desenvolvimento
econômico e o crescimento da preocupação global quanto aos objetivos do desenvolvimento
e limitações ambientais (NSSD, 2003).
Na Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, em
1972, ressaltou-se que as questões ambientais haviam se tornado cada vez mais objeto de
políticas sócio-econômicas, em nível nacional ou internacional. Em 1987, a World
Commission on Environment and Development (WCED1), cunhou a definição de
desenvolvimento sustentável que se tornaria clássica (BRUNTLAND, 1987):
"Desenvolvimento econômico e social que atenda as necessidades da geração atual sem comprometer a habilidade das gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades."
Esta busca de equilíbrio entre o que é socialmente desejável, economicamente viável e
ecologicamente sustentável é usualmente descrita em função da chamada “triple bottom
line”, que congrega as dimensões ambiental, social, e econômica do desenvolvimento
sustentável.
A dimensão ambiental do desenvolvimento sustentável requer o equilíbrio entre proteção do
ambiente físico e seus recursos, e o uso destes recursos de forma a permitir que o planeta
continue a suportar uma qualidade de vida aceitável. A dimensão social requer o
desenvolvimento de sociedades justas, que proporcionem oportunidades de desenvolvimento
humano e um nível aceitável de qualidade de vida. A dimensão econômica, por sua vez,
requer um sistema econômico que facilite o acesso a recursos e oportunidades e o aumento
1 Também conhecida como Comissão Brundtland, em menção a Gro Harlem Brundtland, coordenadora dos trabalhos e então Primeira-Ministra da Noruega.
Capítulo 1 - Introdução 2
de prosperidade para todos, dentro dos limites do que é ecologicamente possível e sem ferir
os diretos humanos básicos (CIB/UNEP-IETC, 2002).
A partir da década de 80, metas ambientais passaram a ser definidas em convenções globais
como as de Montreal (19872), do Rio de Janeiro (1992) e de Kyoto3 (1997). A meta do
desenvolvimento sustentável, até então implícita em muitas políticas nacionais, ganhou
comprometimento e reconhecimento global vinte anos depois da reunião em Estocolmo,
com a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNCED4)
realizada no Rio de Janeiro, em 1992. Nesta ocasião, foi consenso que as estratégias de
desenvolvimento sustentável deveriam integrar aspectos ambientais em planos e políticas de
desenvolvimento. Foi então publicada a Agenda 21 (UNITED NATIONS, 1992), um plano
ambicioso de ação global para o século seguinte, que estabelecia uma visão de longo prazo
para equilibrar necessidades econômicas e sociais com os recursos naturais do planeta. Na
própria UNCED, a Agenda 21 foi adotada por 178 governos.
Todos os setores da sociedade então iniciaram um processo de re-interpretação da Agenda
21 nos contextos específicos das diversas agendas locais e setoriais. Políticas públicas
passaram a impor requisitos ambientais a inúmeras atividades econômicas e a demanda por
produtos ambientalmente menos agressivos cresceu em paralelo. Os padrões internacionais
de eficiência ambiental foram se elevando gradativamente e algumas instituições passaram a
atrelar a concessão de financiamentos de projetos aos resultados de avaliações ambientais.
No setor da construção civil, as interpretações da Agenda 21 mais relevantes são (1) a
Agenda Habitat II, assinada na Conferência das Nações Unidas realizada em Istambul, em
1996; (2) a CIB5 Agenda 21 on Sustainable Construction (CIB, 1999), que contempla, entre
outros, medidas para redução de impactos através de alterações na forma como os edifícios
2 Em continuidade às resoluções da Convenção de Viena para Proteção da Camada de Ozônio (1985), o Protocolo de Montreal (UNITED NATIONS, 1987) restringiu a liberação de CFCs e halogêneos, principais substâncias responsáveis pelos danos à camada de ozônio, ao nível de consumo calculado para 1986. Após 1994, a quantidade emitida não poderia superar 8% do consumo em 1986.
3 Com a assinatura do Protocolo de Kyoto (MCT, s.d), diversos países industrializados comprometeram-se a reduzir, entre 2008 e 2012, suas emissões combinadas de gases causadores de efeito estufa em pelo menos 5% em relação aos níveis de 1990.
4 United Nations Conference on Environment and Development. Também comumente referida como Earth Summit e ECO’92.
5 International Council for Research and Innovation in Building and Construction.
Capítulo 1 - Introdução 3
são projetados, construídos e gerenciados ao longo do tempo; e (3) a CIB/UNEP6 Agenda 21
for sustaninable construction in developing countries (CIB/UNEP-IETC, 2002) (Figura 1).
Figura 1 – Reinterpretações da Agenda 21 relacionadas ao setor de construção (CIB/UNEP-IETC, 2002).
1.1.2 CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS E IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DA AVALIAÇÃO DE EDIFÍCIOS
O setor de construção tem uma importância significativa no atendimento das metas de
desenvolvimento sustentável estabelecidas para qualquer país. A indústria da construção
representa a atividade humana com maior impacto sobre o meio ambiente. Edifícios e obras
civis alteram a natureza, função e aparência de áreas urbanas e rurais. Atividades de
construção, uso, reparo, manutenção e demolição consomem recursos e geram resíduos7 em
proporções que em muito superam a maioria das outras atividades econômicas. Enquanto
alguns destes efeitos são transitórios, como ruído e poeira gerados durante a construção,
outros são mais persistentes ou mesmo permanentes, como os do CO28 de combustão
6 United Nations Environment Programme. 7 No Brasil, os resíduos das atividades de construção e demolição correspondem a quase a metade dos resíduos sólidos
municipais (PINTO, 1999). 8 CO2 – dióxido de carbono.
Agenda 21 da ONU(1992) Habitat Agenda
(1996)
Ag21 do CIB para Construção Sustentável
(1999)
Ag21 do CIB/UNEP para Construção Sustentável em
países em desenvolvimento
(2002)
Capítulo 1 - Introdução 4
liberado na atmosfera. Infelizmente, estes impactos não podem ser reduzidos na mesma
proporção dos avanços tecnológicos experimentados pelo setor9.
Por outro lado, os profundos impactos econômicos e sociais do setor tornam-no um
contribuinte essencial para o aumento da qualidade de vida. Primeiro, porque a construção
provê meios para o atendimento de necessidades humanas básicas (como abrigo, saúde,
educação e interação social) e maximização do capital social (THE WORLD BANK, 1997).
Segundo, pela expressiva geração de emprego e participação na economia. No Brasil, as
atividades de construção e demolição respondem por 10% do PIB e empregam 9,2 milhões
de trabalhadores (CEE/CBIC;FGV, 2001). Números igualmente expressivos em outros
países posicionam, em caráter mundial, a construção civil como um setor estratégico para
intervenção.
Não é possível, portanto, alcançar o desenvolvimento sustentável sem que haja construção
sustentável. BRE;CAR;ECLIPSE (2002) definem construção sustentável como o
compromisso com:
• Sustentabilidade econômica: aumentar a lucratividade e crescimento através do uso mais eficiente de recursos, incluindo mão de obra, materiais, água e energia.
• Sustentabilidade ambiental: evitar efeitos perigosos e potencialmente irreversíveis no ambiente através de uso cuidadoso de recursos naturais, minimização de resíduos, e proteção e, quando possível, melhoria do ambiente.
• Sustentabilidade social: responder às necessidades de pessoas e grupos sociais envolvidos em qualquer estágio do processo de construção (do planejamento a demolição), provendo alta satisfação do cliente e do usuário, e trabalhando estreitamente com clientes, fornecedores, funcionários e comunidades locais.
Buscar uma indústria da construção mais sustentável é fornecer mais valor, poluir menos,
ajudar no uso sustentado de recursos, responder mais efetivamente às partes interessadas, e
melhorar a qualidade de vida presente sem comprometer o futuro. Construção sustentável
não é desempenho ambiental excepcional à custa de uma empresa que saia do mercado, nem
desempenho financeiro excepcional, à custa de efeitos adversos no ambiente e comunidade
local.
9 Uma discussão abrangente dos impactos ambientais do setor de construção e da produção, uso e pós-uso de edifícios é feita por SJÖSTRÖM (1992); ROODMAN;LENSSEN (1995); INDUSTRY AND ENVIRONMENT (1996); LIPPIATT (1998); CIB (1999); JOHN (2000); SILVA (2000); e JOHN;SILVA;AGOPYAN (2001), entre outros.
Capítulo 1 - Introdução 5
No contexto de países em desenvolvimento, em que os recursos financeiros são escassos e
há demanda por um volume excepcional de construção para combater a pobreza e garantir
níveis mínimos aceitáveis de qualidade de vida a grandes proporções da população, é difícil
posicionar proteção ambiental como prioridade (SILVA et al., s.d.), e a viabilidade
econômica assume importância vital. Mas construção sustentável não implica em priorizar
uma dimensão detrimento das demais, nem demanda uma solução perfeita, e sim a busca do
equilíbrio entre a viabilidade econômica que mantém as atividades e negócios; as
limitações do ambiente; e as necessidades da sociedade.
Uma redução considerável dos impactos ambientais da construção civil, assim como a
maximização de seu potencial de criação de valor e desenvolvimento social, pode ser obtida
pela implementação de políticas consistentes e especificamente orientadas para o setor.
Entre estas políticas, a adoção de sistemas de avaliação e classificação do desempenho
ambiental e da sustentabilidade de edifícios representa um papel fundamental.
Internacionalmente, um número crescente de empresas do setor imobiliário e de construção
vislumbra oportunidades de negócios relacionadas ao ambiente, seja para minimizar riscos,
antecipar-se a mudanças na legislação, ou para sustentar uma imagem corporativa positiva.
Os maiores desafios e oportunidades referem-se ao valor adicionado referente a valores
ambientais, pois, apesar da importância atribuída aos valores verdes ter aumentado,
argumentos ambientais não são suficientes para “vender” um empreendimento.
Há dois fatores importantes na criação destas dificuldades de mercado. Primeiro, a ótica dos
agentes financeiros continua como um obstáculo (POST, 2002). Não raro, os bancos
ignoram o teor ecológico do projeto, e examinam apenas o fluxo monetário; e, como em
qualquer outro investimento, os investidores querem saber sobre o retorno previsto para o
empreendimento, seja ele ecológico/sustentável ou não. Por outro lado, tem-se tentado
vender “teor verde” e “sustentabilidade” em vez dos benefícios de um projeto ou
desenvolvimento. Antes de tudo, construção sustentável significa benefícios, desempenho
superior e viabilidade econômica no longo prazo. Não se trata de um senso vago de
responsabilidade social, mas de questões concretas de saúde, segurança, produtividade e
relação custo-eficiência. Projetos ambientalmente responsáveis são mais duráveis,
econômicos e eficientes para operar e oferecem ambientes mais saudáveis e confortáveis
para ocupantes e usuários. São estes aspectos que capturam a atenção do investidor ou
comprador potencial. São eles, portanto, que devem ser ressaltados.
Capítulo 1 - Introdução 6
Segundo, existe uma imprecisão quanto ao que efetivamente significa ser “ambientalmente
responsável, conforme ou amigável” (HUOVILA et al, 2002). Em diversos segmentos e
países, a rotulagem ambiental tem sido uma estratégia bem sucedida, por permitir que os
consumidores tenham um papel mais ativo na responsabilidade de reduzir o impacto
ambiental da sociedade, como sugerido no Capítulo 4 da Agenda 2110. No que tange a
edifícios, a classificação ambiental ajuda a criar uma visão compartilhada do significado
prático de ser “ambientalmente amigável”. O impacto ambiental de um edifício durante seu
longo ciclo de vida consiste em uma série de fatores que os clientes não esperam ser
conhecedores: soluções de projeto, produtos e materiais usados na sua construção, e também
a forma como o edifício é utilizado e mantido. Extrair as características ambientais de um
edifício e apresentá-las em um pacote atraente e conciso é uma necessidade mercadológica
fundamental, e também um dos maiores desafios.
Até o momento, existem apenas métodos para avaliação ambiental de edifícios, que
encontram pelo menos seis grandes aplicações dentro do setor de construção civil (Tabela
1). Estas aplicações evidenciam que a implementação de sistemas de avaliação traz
benefícios que vão além de simplesmente avaliar edifícios. Ela pode, por um lado, atuar
positivamente nos dois pontos mencionados acima. Primeiro, porque as avaliações podem
demonstrar os benefícios obtidos pelos investimentos para aumentar a sustentabilidade.
Segundo, porque, ao ampliar o número – e o refinamento - dos parâmetros considerados, os
métodos de avaliação existentes passaram a também contribuir para o próprio entendimento
do conceito de qualidade ambiental de edifícios. Por outro lado, a implementação de
sistemas de avaliação oferece as vantagens mercadológicas reunidas na Tabela 1, além de
encorajar e contribuir para a melhoria do desempenho dos edifícios.
É consenso entre pesquisadores e agências governamentais que a classificação de
desempenho atrelada aos sistemas de certificação é um dos métodos mais eficientes para
elevar o nível de desempenho tanto do estoque construído quanto de novas edificações. A
experiência internacional demonstra que os saltos nos níveis mínimos de desempenho
aceitáveis dependem necessariamente de alterações nas demandas do mercado.
Especificamente sobre o desempenho ambiental, acredita-se que estas alterações não serão
possíveis até que os empreendedores da construção civil e os usuários dos edifícios tenham
10 Capítulo 4 – Changing consumption patterns, item Decision Making: Capacity Building, Education, Training and Awareness raising.
Capítulo 1 - Introdução 7
acesso a métodos relativamente simples que lhes permita identificar aqueles edifícios com
melhor desempenho (NRCan/CANMET, 1998). Sob este aspecto, o alcance das exigências
normativas é limitado à garantia de um desempenho mínimo, não havendo incentivo para
procurar atender a patamares superiores.
Tabela 1 - Aplicações de avaliações de edifícios e vantagens oferecidas por sua implementação.
Aplicações da avaliação de edifícios (SILVA, 2000)
Vantagens oferecidas
• Instrumentos para divulgação mercadológica
• Suporte à introdução de sistemas de gestão ambiental
• Especificação do desempenho ambiental de edifícios
• Auxílio a projeto
• Estabelecimento de normas de desempenho ambiental
• Auditorias ambientais
• Melhoria da imagem/reconhecimento pelo mercado de empresas e profissionais que adotam práticas de projeto e construção mais sustentáveis
• Aquecimento do mercado para edifícios e produtos de construção com maior desempenho ambiental
• Embasamento da definição e o entendimento do que é um edifício sustentável
• Acesso facilitado a financiamentos, acesso a novos mercados ou fortalecimento do nicho atual, perspectiva de negócios no longo prazo
• Redução de custos no longo prazo (uso de recursos financeiros e naturais) e maior lucratividade, qualidade do ambiente interno e satisfação dos clientes, redução de riscos (inclusive financeiros);
• Estímulo para elevação do nível de desempenho de edifícios novos e existentes
• Conhecimento do estado atual dos impactos de edifícios e atividades, para identificação de oportunidades e definir metas para melhoria
O interesse pelo tema está finalmente se consolidando no país. Conhecer o desempenho
ambiental de edifícios já é uma necessidade percebida pela construção civil nacional, e uma
empresa-líder de mercado chegou a informar-se sobre a possibilidade de emprego de um
esquema internacional para uso no Brasil. No último ano, dois edifícios foram avaliados.
Outros três estão em perspectiva para avaliação. O SINDUSCON-SP11 abraçou a causa e,
juntamente com o DAC/UNICAMP e o PCC.USP, realizou dois workshops12, que
11 Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo. 12 17 de abril de 2002 e 17 de junho de 2003.
Capítulo 1 - Introdução 8
funcionaram como um importante canal de sensibilização e integração entre a academia e o
mercado.
1.2 PRINCIPAIS CONFERÊNCIAS, INICIATIVAS E CENTROS DE PESQUISA NO TEMA
Pesquisas visando reduzir os impactos ambientais de edifícios passaram a receber
investimento crescente a partir da década de 90. A definição de estratégias para minimização
do uso de recursos não renováveis, economia de energia e redução de resíduos de
construção, em especial, foi amplamente estimulada por agências governamentais,
instituições de pesquisa e pelo setor privado de diversos países.
Mais de 15 anos se passaram desde o Relatório Bruntland, e 10 anos desde a UNCED do
Rio. Neste ínterim, uma série de eventos internacionais tem sido organizada com o objetivo
de propor, discutir e trocar informações sobre estratégias para a redução dos impactos
associados à construção civil (Tabela 2).
Desde 1998, quando o CIB adotou o tema construção e meio ambiente como temário de seu
principal simpósio internacional, o maior destaque é, sem dúvida, a série de conferências
internacionais Sustainable Building (SB). As primeiras edições do evento foram realizadas
em Maastricht, Holanda (SB 2000) e em Oslo, Noruega (SB’02).
As conclusões da SB’02 enfatizaram energicamente a necessidade de envolver economias
em desenvolvimento ou em transição na discussão sobre construção sustentável,
previamente apontada também no encerramento da SB 2000. Neste sentido, decidiu-se por
realizar, ao longo de 2004, conferências regionais na África, América Latina (São Paulo),
Oceania e Sudeste Asiático, como preparação para a SB’05, a ser realizada em Tóquio,
Japão.
No mesmo mês, um dos principais resultados da World Summit on Sustainable Development
(Rio+10), realizada em setembro de 2002, em Johannesburg, África do Sul, foi a GABS
initiative (Global Alliance for Building Sustainability). Na ocasião, diversas organizações
manifestaram interesse em se tornarem signatárias, em uma tendência que vem crescendo
desde então.
Capítulo 1 - Introdução 9
Tabela 2 - Alguns dos principais eventos relacionados a construção sustentável e avaliação ambiental de edifícios (1995-2005).
Ano Organização Evento Local
CIB 1st International Conference on Buildings and the Environment
Garston, UK 1995
IBPSA13 Building Simulation 1995 Madison, EUA
1996 CIB W62 22nd Water Supply & Drainage for Buildings Lostorf, Suíça 1997 CIB 2nd International Conference on Buildings
and the Environment Paris, França
CIB CIB World Building Congress Construction and the Environment
Gävle, Suécia
NRCan Green Building Challenge 98 Vancouver, Canadá
1998
CIB W62 24th Water Supply & Drainage for Buildings Rotterdam, Holanda 1999 IBPSA Building Simulation 1999 Praga, República
Tcheca NOVEM/CIB Sustainable Building 2000 (SB 2000) Maastricht, Holanda ANTAC VIII Encontro Nacional de Tecnologia do
Ambiente Construído (ENTAC) Salvador, BA
PCC.EPUSP/CIB CIB Symposium on Construction and Environment – Theory into practice
São Paulo, Brasil
ISIAQ14 Healthy Buildings 2000 Espoo, Finlândia
2000
CIB W62 26th Water Supply & Drainage for Buildings Rio de Janeiro, Brasil
DAC/FEC/UNICAMP ENCAC Campinas, Brasil ANTAC II Encontro Nacional (ENECS) e I Encontro
Latino Americano sobre Edificações e Comunidades Sustentáveis (ELECS)
Canela, Brasil
PLEA15 XVIII International Conference on Passive and Low Energy Architecture
Florianópolis, Brasil
ASHRAE16 IAQ 2001 São Francisco, EUA
IBPSA Brasil Building Simulation 2001 Rio de Janeiro, Brasil
2001
CIB W62 27th Water Supply & Drainage for Buildings 2001
Portoroz, Slovenia
Nações Unidas World Summit on Sustainable Development (Rio+10)
Johannesburg, África do Sul
Biggforsk/iiSBE/CIB Sustainable Building 2002 (SB02) Oslo, Noruega IAIAS17 Indoor air 2002 Monterey, EUA
2002
CIB W62 28th Water Supply and Drainage for Buildings
Iasi, Romania
2003 ANTAC III Encontro Nacional (ENECS) sobre Edificações e Comunidades Sustentáveis
São Carlos, Brasil
13 International Building Performance Simulation Association 14 International Society of Indoor Air Quality and Climate 15 Passive and Low Energy Architecture 16 American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers 17 International Academy of Indoor Air Sciences
Capítulo 1 - Introdução 10
Ano Organização Evento Local
Queensland Univ. / Salford Univ. / Carnegie Mellon Univ. CIB/Brisbane City council
International Conference on Smart & Sustainable Built Environment - SASBE
Brisbane, Austrália
PLEA XIX International Conference on Passive and Low Energy Architecture
Santiago, Chile
ISIAQ Healthy Buildings 2003 Singapura IBPSA Building Simulation 2003 Eindhoven,
Holanda
CIB W62 29th Water Supply and Drainage for Buildings
Ankara, Turquia
ANTAC/CIB/iiSBE ENTAC/claCS 04 (SB04 regional) São Paulo, Brasil 2004 ASHRAE IAQ 2004 Tampa, EUA
2005 CIB/iiSBE/OECD18/IEA19/UIA20 Sustainable Building 2005 (SB05) Tóquio, Japão
Particularmente sobre o desenvolvimento de metodologias de avaliação de edifícios,
merecem destaque, entre outros, os trabalhos listados na Tabela 3.
No âmbito da International Organization for Standardization (ISO), está sendo preparado
um conjunto de normas sobre construção sustentável (atualmente na forma de Committee
Drafts – CD ou Approved Work Item – AWI, de circulação restrita):
• ISO TC59/SC3/N503 (ISO CD 21932, 2002a) – Terminology.
• ISO TC59/SC3/N499 (ISO CD 21930, 2002b) – Environmental declaration of building products.
• ISO TC59/SC3/N469 (ISO AWI 21932, 2002c) – Sustainability indicators. • ISO TC59/SC3/N459 (ISO AWI 15392, 2003a) – General Principles. • ISO TC59/SC3/N501 (ISO CD 21931, 2003b) – Framework for assessment of
environmental performance of buildings.
Dentre estes documentos, o único texto já consolidado refere-se à declaração ambiental de
produtos de construção (ISO CD 21930).
18 Organization for Economic Co-operation and Development. 19 International Energy Agency. 20 Union Internationale des Architectes.
Capítulo 1 - Introdução 11
Tabela 3 - Iniciativas relacionadas ao desenvolvimento de metodologias de avaliação de edifícios.
País/região Instituição Iniciativa
Sustainable Technology / BHP (Steel) Research
LISA (LCA in Sustainable Architecture), software LCA
Department of Public Works and Services, da cidade de Sidney
LCAid, software de auxílio a projetistas
Austrália
Environment Australia (Department of the Environment and Heritage)
NABERS (National Australian Building Environment Rating Scheme)
US Green Building Council (USGBC) LEEDTM (Leadership in Energy and Environmental Design)
Estados Unidos
Administrações municipais e estaduais Greenbuilder (Austin, Texas) High Performance Building Guidelines (New York City, New York) Minnesota Sustainable Design Guide - MSDG (Estado de Minnesota)
Building Research Establishment (BRE), no Reino Unido
BREEAM (Building Research Establishment Environmental Assessment Method)
Centre Scientifique et Technique du Bâtiment (CSTB) e Universidade de Savoy, na França
ESCALE
Centre for Building Environment (CBE) do Royal Institute of Technology (KTH21), na Suécia
Environmental Status of Buildings e Eco-effect
Danish Building and Urban Research (BYogBIG22), na Dinamarca
BEAT 2002
Finnish Association of Building Owners and Construction Clients (RAKLI), na Finlândia
PromisE
Building Research Institute (NBI23), na Noruega
Eco-Profile
Europa
W/E consultants e Municipalidade de Rotterdam, Holanda
Rotterdams Puntensysteem
Environmental Research Group, da British Columbia University
BEPAC (Building Environmental Performance Assessment Criteria )
Canadá
National Resources Canada – NRCan CBIP, C-2000 e início do processo Green Building Challenge (GBC)
Japan Sustainability Building Consortium (JSBC)
CASBEE Japão
Building Research Institute BEAT (Building Environmental Assessment Tool)
Hong Kong, China
Centre of Environmental Technology, Ltd HK-BEAM
Na esfera nacional, pesquisas sobre a utilização de resíduos na construção civil, sobre
conservação de água e de energia, e sobre a minimização de perdas vêm sendo conduzidas
21 KTH - Kungl Tekniska Högskolan (http://www.kth.se). 22 Statens Byggeforskninginstitut. 23 Byggforsk (http://www.byggforsk.no).
Capítulo 1 - Introdução 12
há bastante tempo e em números consideráveis. A Universidade Federal de Santa Catarina é
um centro consolidado de estudos em simulação computadorizada, eficiência energética e
conservação de energia em edificações. Ainda que enfrentando sérias dificuldades de
disponibilização de dados, estudos de ciclo de vida aplicados à construção civil têm sido
feitos na Universidade Estadual de Campinas, Universidade de São Paulo, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul e Universidade de Pernambuco.
O Brasil formalizou a sua integração ao projeto Green Building Challenge com a
apresentação das intenções e estratégias do time brasileiro na conferência Sustainable
Buildings 2000. A estratégia para implementação da pesquisa em avaliação ambiental de
edifícios no Brasil centra-se no Programa Nacional de Avaliação de Impactos Ambientais
de Edifícios (BRAiE24), uma rede nacional de pesquisa que, após o delineamento inicial da
metodologia no estado de São Paulo, poderá ser gradualmente implementada em outras
regiões do país (SILVA et al., 2000a). Com recursos FAPESP, as atividades no âmbito do
Programa BRAiE foram a base inicial desta tese e, em linhas gerais, mostraram-se
fundamentais para:
� acumular experiência nacional na coleta e tratamento das informações necessárias para sustentar a avaliação de edifícios;
� identificar itens da agenda ambiental regional/local que sobrepõem-se ao corpo genérico de parâmetros de avaliação, em coerência com os princípios do projeto GBC;
� estimar o impacto ambiental de edifícios de escritórios resultantes de práticas de construção vigentes nas cidades de Campinas e São Paulo. Este seria o ponto de partida para (1) definir desempenhos de referência regional e metas compatíveis com a realidade brasileira; (2) identificar as possibilidades mais efetivas para intervenção e (3) orientar o desenvolvimento de pesquisas subseqüentes dirigidas a outras tipologias de edificações.
1.3 FORMULAÇÃO DA HIPÓTESE DE TRABALHO
A hipótese de trabalho sobre a qual se desenvolveu esta pesquisa é que importar métodos de
avaliação ambiental, estrangeiros, existentes não é a melhor solução para avaliar edifícios
de escritórios no Brasil, e que um método de avaliação de sustentabilidade deve ser
desenvolvido à luz das prioridades, condições e limitações brasileiras.
24 Programa Nacional de Avaliação de Impactos Ambientais de Edifícios.
Capítulo 1 - Introdução 13
1.4 OBJETIVOS
O objetivo principal deste trabalho é o desenvolvimento de um sistema nacional para avaliar
e classificar o desempenho de edifícios de escritórios brasileiros ao longo de seu ciclo de
vida, em relação a metas de sustentabilidade.
Para que este objetivo maior fosse alcançado, três metas específicas deveriam ser também atendidas, dedicadas a:
• confirmar a hipótese formulada, e demonstrar que os sistemas internacionais existentes para avaliação ambiental de edifícios de escritórios não são adequados para aplicação no Brasil;
• propor diretrizes e reunir uma base metodológica para o desenvolvimento do sistema de avaliação; e
• iniciar o desenvolvimento de um método de avaliação, e apontar a direção de desenvolvimentos futuros necessários para sua conclusão e implementação.
A tipologia edifícios comerciais, segmento escritórios foi selecionada por quatro razões
principais:
• No Brasil, os setores comercial25 e público respondem por cerca de 22,4% do consumo de eletricidade, segundo dados de 1998, publicados por LAMBERTS; WESTPHAL (2000). Nesta parcela, os edifícios de escritórios têm participação considerável, principalmente devido à reprodução de modelos arquitetônicos importados e inadequados ao clima brasileiro;
• devido ao alto custo de operação no longo prazo, o interesse por avaliações ambientais tende a ser potencializado no segmento de escritórios, em vista do grande apelo mercadológico que um possível bom desempenho tem sobre a valorização dos imóveis e facilidades;
• seus padrões de uso (número de ocupantes, atividades desenvolvidas etc) são mais facilmente identificáveis; e
• esta é a tipologia que conta com o maior número de métodos e resultados de avaliações, fundamentais para comparar e situar o desempenho dos edifícios brasileiros no panorama mundial.
1.5 METODOLOGIA
Os procedimentos metodológicos utilizados neste trabalho foram organizados em duas
etapas: verificação da veracidade da hipótese formulada (Etapa 1); e proposição de base
metodológica (Etapa 2).
Capítulo 1 - Introdução 14
1.5.1 METODOLOGIA UTILIZADA NA ETAPA 1: VERIFICAÇÃO DA HIPÓTESE
1. Análise e discussão detalhada dos métodos existentes para avaliação ambiental de edifícios, segundo três questões metodológicas básicas:
• O que estes métodos avaliam?
• Como estes métodos avaliam o desempenho ambiental do edifício?
• Quanto é preciso atingir?
2. Realização de estudo exploratório, utilizando o método mais flexível dentre os sistemas existentes, para avaliação ambiental de edifícios de escritórios brasileiros;
3. Discussão da possibilidade e adequação de utilizar estes métodos no contexto brasileiro.
1.5.2 METODOLOGIA UTILIZADA NA ETAPA 2: PROPOSIÇÃO DE BASE METODOLÓGICA PARA DESENVOLVIMENTO DE MODELO DE AVALIAÇÃO
1. Proposição de diretrizes para orientar o desenvolvimento de um método nacional de avaliação de edifícios;
2. Reunião de base metodológica para proposição de tratamento de dois pontos críticos: definição da estrutura de avaliação e do critério de ponderação;
a. levantamento de iniciativas para o desenvolvimento de indicadores de sustentabilidade e das estruturas analíticas utilizadas para a sua organização, para definir uma proposta-base de agenda para construção civil brasileira, que seria uma das três balizas utilizadas na definição da estrutura de avaliação do modelo proposto, juntamente com as diretrizes para relato de sustentabilidade de organizações e com a análise da estrutura dos métodos de avaliação de edifícios existentes; e
b. discussão do processo de análise hierárquica (AHP26) como alternativa para derivação do critério de ponderação.
3. Definição de um modelo preliminar de avaliação;
4. Submissão do modelo preliminar para consulta às partes interessadas da construção civil do Estado de São Paulo; e
5. Incorporação das sugestões pertinentes e delineamento de um método de avaliação.
1.6 ORGANIZAÇÃO DESTE TRABALHO
O desenvolvimento deste trabalho foi construído a partir dos blocos de etapas ilustrados na
Figura 2, que os associa aos capítulos correspondentes da tese.
25 A definição que inclui o segmento escritórios. 26 Analytic Hierarchy Process (Processo de Análise Hierárquica).
Capítulo 1 - Introdução 15
Figura 2 - Etapas de desenvolvimento desta pesquisa.
Análise do Ciclo de Vida(aplicada à avaliação
ambiental de edifícios)
Cap2
Levantamento e análise dos principais métodos
O que avaliam?
Como avaliam?
Quanto é preciso atingir?
Cap3
Seleção da tipologia de edifícios a avaliar
Avaliação dos edifícios selecionados utilizando um
método consolidado
Pesquisa inicial
Definição da amostra
Estudo exploratório 22
11
33Cap4
Iniciativas no desenvolvimento de indicadores de sustentabilidade e de estruturas analíticas para sua organização Ag 21 setorial brasileira, considerando outras agendas ambientais setoriais
Diretrizes e indicadores para avaliação de sustentabilidade de organizações
Estrutura dos métodos existentes
Como avaliar?
Critério de ponderação
Cap5
O que avaliar?
Cap6
Consulta às partes interessadas
Proposição inicial do modelo de avaliação
44
Conclusões e proposição de continuidade 55
Revisão do modelo
Proposição de modelo de avaliação de sustentabilidade
Proposição de diretrizes e base metodológica
Capítulo 1 - Introdução 16
A metodologia internacionalmente aceita para avaliação ambiental e comparação de
alternativas com base em impactos ambientais é a Análise do Ciclo de Vida (LCA). No
Capítulo 2 discutem-se as vantagens e limitações da aplicação da LCA em métodos de
avaliação ambiental de edifícios, e como o tema é tratado pelos métodos já implementados.
O Capítulo 3 traça um panorama do estado atual dos sistemas de avaliação ambiental de
edifícios, e detalha alguns dos principais sistemas existentes. A discussão metodológica
destes sistemas é conduzida com base em três questões básicas: “o que avaliar?”, “como
avaliar?”, “quanto atingir?”, posteriormente retomadas para estruturar a proposição de um
método nacional. Ainda neste capítulo, argumenta-se que a GBTool é um método que
merece um destaque especial: foi desenvolvido para facilitar ao máximo a aplicação do
método em diferentes países, seja para funcionar como instrumento para introdução de
conceito de construção sustentável ou para fornecer uma base para a derivação de métodos
nacionais próprios. Para explorar esta possibilidade, foram realizados estudos de casos
empregando a GBTool para avaliação de dois edifícios brasileiros. Esta experiência é
descrita detalhadamente no Capítulo 4 (estudo exploratório), que inclui o procedimento
adotado para a solução dos pontos críticos enfrentados e as limitações intrínsecas ao método
experimentado.
No Capítulo 5 propõem-se diretrizes para o desenvolvimento de um sistema de avaliação de
sustentabilidade de edifícios, e reúne-se uma base metodológica para a abordagem de dois
pontos metodológicos críticos: a definição da estrutura de avaliação e a derivação de um
critério de ponderação.
O Capítulo 6 descreve o modelo proposto para avaliação da sustentabilidade de edifícios de
escritórios, também apresentado de forma a responder às questões básicas levantadas
anteriormente (“o que avaliar?”, “como avaliar?”, “quanto atingir?”), e a estratégia de
implementação gradual com base em (1) cenários imediato e futuro (ideal), e (2) estrutura
de pontuação evolutiva.
O Capítulo 7 reúne as principais conclusões do trabalho e aponta as prioridades para
continuidade da pesquisa. As referências bibliográficas utilizadas no trabalho estão listadas
no Capítulo 8.