Cap.24+-+Boog+-+videos+de+treinamento.pdf

9
Capitulo Vtleos de treinamento Marcley Lazarini Pereira 24.1 Objetivos Aqui serão apresentadas as principa is características de um vídeo, revel ando os aspectos que o tornam ferramenta ,r.tliosa para o treinamento e o desenvolvimento de pessoas. Reunimos um de info1 mações sob re os vídeos de tre inamen to, configurando-os co mo um mecanismo de ens ino em sintonia co m as necessidades modernas. Oferecemos , t ambém, a rg umentos fu nd a- mentados qu e possam aux iliar na tomada de d ec isão para se produzir e n1 vídeos de treinamento, amp li ando o co nh ecimento do leitor nessa área de concentração. Neste capítulo, apresentaremos as várias características das produ ções em vídeos de u·eina- mento qu e considero, na minha experiência, úteis para auxiliar na decisão de produzi-los com o objetivo de o·einar e desenvolver pessoas. 24.2 Introdu cão Qu em não gos ta de assistir a um bom filme no cinema, com várias indicações ao Oscar, ou mesmo cm casa, na pr ópri a TV? Filmes são en trete niment o, e reg11lanncnte investimos nosso t empo assistindo-os. U ma boa produção desperta diversos sentimentos em nós, espec- tadores , e nos conduz a mundos desconhecidos, revelando o p ensamento do h ome m em sua extraordinár ia diversidade cultural. Quando nos refe1imos a vídeos de treinamento, precisamos nos colo car diante das necessi- dades específicas para sua produção. Comparando-os com o cinema, podemos dizer que, em sua totalidade, aprescmam diferenças importantes, mas que , em determinados aspectos, comparti- lh am conceitos em co mum. Vídeos de treinamento têm o objetivo básico de ensinar c treinar , ou seja, produzir o enten- dimento de um assunto e fixá-l o na m ente do espec tad or; um pouco diferente dos filmes, qu e, a prin cípi o, nos smpreendem com a imersão nas espetaculares imagens, no co nt.et ído in éd ito e nas maravilhosas trilhas sonoras. Os vídeos el e treinamento t êm o bj et ivos bem definidos sob o ponto de vi sta do treinamento. Utilizam e quipamen tos de a qui sição de imagens c ed ição com patíveis com a qual i dade visual desejada, e atingem, depois de assistidos, os objetivos iniciais propos tos. Também não possuem a grand iosi dade de produção de um filme de cinema. Em gera l, enqua- dram-se em cat egorias de produção com recursos mais modestos e t êm o foco na capacidade de produzir en t endi mentO. Entretanto, o entretenime nto visual é quase uma premissa para que um vídeo de treinamento atinja seu objetivo. Posso então afirmar que as características de e ntreteni - mento dos filmes são um e lo e ntre eles e os vídeos de einamento. Ser imeressantes, dinâmicas e agradáveis são pré-requisitos das produções audiovisuais com objetivo de treinamento. Podemos assim conceituar o víd eo de treinamento co mo uma apresentação audiovisual pre- viamente estudada e criada, ct!io objedvo é ensinar e treinar pessoas em um assu nto específico, utilizando recursos avançados de enu·ete ni mento visual.

Transcript of Cap.24+-+Boog+-+videos+de+treinamento.pdf

  • Capitulo

    Vtleos de treinamento Marcley Lazarini Pereira

    24.1 Objetivos Aqui sero apresentadas as principais caractersticas de um vdeo, revelando os aspectos que

    o tornam ferramenta ,r.tliosa para o treinamento e o desenvolvimento de pessoas. Reunimos um co~unto de info1maes sobre os vdeos de treinamento, configurando-os como um mecanismo de ensino em sintonia com as necessidades modernas. Oferecemos, tambm, argumentos fu nda-mentados que possam auxiliar na tomada de deciso para se produziren1 vdeos de treinamento, ampliando o conhecimento do leitor nessa rea de concentrao.

    Neste captulo, apresentaremos as vrias caractersticas das produes em vdeos de ueina-mento que considero, na minha experincia, teis para auxiliar na deciso de produzi-los com o objetivo de oeinar e desenvolver pessoas.

    24.2 Introdu co

    Quem no gosta de assisti r a um bom filme no cinema, com vrias indicaes ao Oscar, ou mesmo cm casa, na prpria TV? Filmes so entreten imento, laze1~ e reg11lanncnte investimos nosso tempo assistindo-os. Uma boa produo desperta diversos sentimentos em ns, espec-tadores, e nos conduz a mundos desconhecidos, revelando o pensamento do homem em sua extraordinria diversidade cultural.

    Quando nos refe1imos a vdeos de treinamento, precisamos nos colocar diante das necessi-dades especficas para sua produo. Comparando-os com o cinema, podemos dizer que, em sua totalidade, aprescmam diferenas importantes, mas que, em determinados aspectos, comparti-lham conceitos em comum.

    Vdeos de treinamento tm o objetivo bsico de ensinar c treinar, ou seja, produzir o enten-dimento de um assunto e fix-lo na mente do espectador; um pouco diferente dos filmes, que, a princpio, nos smpreendem com a imerso nas espetaculares imagens, no cont.etdo indito e nas maravilhosas trilhas sonoras. Os vdeos ele treinamento tm objetivos bem definidos sob o ponto de vista do treinamento. Utilizam equipamentos de aquisio de imagens c edio compatveis com a qualidade visual desejada, e atingem, depois de assistidos, os objetivos iniciais propostos. Tambm no possuem a grandiosidade de produo de um filme de cinema. Em geral, enqua-dram-se em categorias de produo com recursos mais modestos e tm o foco na capacidade de produzir entendimentO. Entretanto, o entretenimento visual quase uma premissa para que um vdeo de treinamento atinja seu objetivo. Posso ento afirmar que as caractersticas de entreteni-mento dos filmes so um e lo entre eles e os vdeos de ueinamento. Ser imeressantes, dinmicas e agradveis so pr-requisitos das produes audiovisuais com objetivo de treinamento.

    Podemos assim conceituar o vdeo de treinamento como uma apresentao audiovisual pre-viamente estudada e criada, ct!io objedvo ensinar e treinar pessoas em um assunto especfico, utilizando recursos avanados de enuetenimento visual.

  • 24.3 Vtleos de trenamento 2 7 3

    O vdeo como ferramenta para o treinamento a distncia

    Vivemos o sculo do aprendizado. Para enfrentar os novos desafios que se apresentam, tc-nicas altem ativas de ensino comeam a se destacar. A simplicidade, a facilidade, a objetividade e, en fim, a capacidade de produzir entendimento em maior velocidade possivelmeme sero aspec-tos importantes no treinamento moderno.

    Vejo as produes de vdeo como uma extraordinria ferramenta de ensino, sob esses e outros aspectos. Os vdeos aproximam o telespectador do conhecimento de forma clara pois u-ansmitem a informao com linearidade, sem desvios. Buscam a comunicao rpida e efetiva e oferecem, alm de ouu-as vantagens que sero citadas adiante, um mo aproveitamento do tempo.

    Sabemos que a educao a distncia, vencidos os obstculos tecnolgicos - por exemplo: a utili?.ao de OVOs, 1Vs por assinatura ou ainda a Internet de banda larga-, um segmento que ter em mdio e longo prazos uma grande participao entre as formas de treinamento hqje empregadas no pas.

    Treinar a distncia significa disponibilizar ao aluno recursos pedaggicos que, de certa for-ma, substituam o professor e, mesmo assim, ainda sejam capazes de motiv-lo e conduzi-lo ao aprendizado.

    ' E um grande desafio. Nos meus 14 anos de ensino, posso afmnar que em sala de aula existe grande d iversidade de mentes. Algumas mais interessadas, outras, mais geis, outras, mais ale-gres ... Quando se trata de ensino a distncia, essa diversidade tende a aumentar, porque estamos tratando de mais pessoas, e a influncia regional, que reduz um pouco essa diversidade, deixa de existir.

    Ensinar a disttincia assume a premissa de que qualquer distncia v-Jiicla. Sendo assim, os mtodos precisam ser capazes de respeitar essa premissa.

    O treinamento a distncia revela-se nesse momen to como oportunidade ele reviso do mode-lo de ensino trad icional baseado na leitm-a, incluindo uma rota alternativa que passa pelos estilos mais livres, munidos de comunicao mais ava, quase um espetculo.

    Nos sistemas de ensino a distncia que conheo, observo em geral a aplicao de um modelo que funciona bem em sala ele aula: primeiro, determina-se um livro-texto. Em seguida, criada uma apostila de questes para que o aluno responda. Abre-se ento um canal de comunicao para o aluno tirar suas dvidas com um professor, em horrios estabelecidos.

    Ora! Isso no ensino a distncia! Isso responder um questionrio a distncia! No podemos esquecer do elementar no ensino a distncia: os mtodos devem auxiliar a ponto de substituir o professor no momento do aprendizado. O momento do aprendizado o da leitura do livro-texto! Poucos so os livros que ensinam; em sua maioria, so suportes para o aprendizado e requerem a presena de um orientador.

    Se h dt'tviclas na resoluo de perguntas solicitadas, a razo que no houve o aprendizado. Pulou-se a fase mais importante do ensino. Ag01-a, espera-se do aluno que aprenda durante a rcsoluiio elos exerccios. Essa uma falha metodolgica, pois os exerccios devem ser propostos para exercitar, ou seja, acostumar a mente a resolver mais rapidamente os problemas. Nesse pro-cesso, no tenho dvidas, realmente existe a fixao da matria j apre ndida.

    Se o aluno chega ao ponto de resolver questes propostas porque j tem conhecimento suficiente para tanto. Se essa regra for obedecida, a motivao elo aluno sen maior porque ele sentir facilidade na resoluo dos exerccios. Essa desenvoluu-a indcio de um bom processo de aprendizado.

    Quando um aluno tem a percepo de que uma avaliao difcil, isso significa que o apren-dizado no foi adequado, sejam l quais forem as razes. Isso causa desmotivao, bloqueia a ca-pacidade de aprender, destri o interesse. A insistncia, nessa circunstncia, promove uma perda il-reve1-svel: como a desistncia ele aprender.

    Oe\"O ressaltar que o mtodo de aprendet com os prprios enos uma tcnica basicamente de sobrevivncia; adotada, por exemplo, por uma criana ao tema r anelar. O homem, com suas

  • 27 4 Manual de treinamento e desenvolvimento: processos e operaes

    faculdades mentais desenvolvidas, pode aprender de fotma menos rdua. Podemos raciocinar, intuir, criar, observar, julgar, pensar; temos um modelo de mente extremamente preparado para nos permitir evoluir com rapidez, bastando utiliz-la adequadameme.

    Ensinar a distncia no fazer uma relao de livros e uma seleo de perguntas; significa, sim, pro mover motiv-ao a d istncia, en treter, produzir a Yontade de aprender. Motiv-ao. Essa a palavra-chave para o treinamento a distncia. O aluno que pretende reali7..ar um curso dessa nawreza deve obter do professor vinual o maior incentivo possvel a seu aprendizado.

    O aluno espera mais de um curso virtual do que de um curso presencial. Ele espera conta1 com recursos computacionais, por exemplo, que no setiarn possveis de ser utilizados em sala de aula, ou que talvez sejam diffceis para essa aplicao. Algumas universidades no mundo in-centivam os alunos a publicar pequenos pacotes de treinamento escritos em linguagem Java, disponibilizando-os gratuitamente na Internet. Esse tipo de abordagem produz no aluno o desejo de aprender, pois possui um contedo terico fone, associado a uma linguagem visual acessvel e elucidativa.

    Esse, a meu ver, comea a configurar um padro de ueinamemo a distncia que poder re-velar, no fun.tro, um novo conceito de aprendizado: aquele que no gera dtvidas, totalmente conclusivo e de fci l assimilao, e passa principalmente por linguagens audiovisuais.

    Nessa tnica do ensino a distncia, temos que ter claro que os mtodos convencionais no podem pot si ss garantir a totalidade do aprendizado. Tambm precisamos emender que a distncia no pode ser um problema para o ensino, que a motivao do aluno at mais impor-tante no ensino a distncia do que no ensino presencial, urna vez que a figura do faci litador, em certos momemos, chama a ateno do aluno, trazendo-o novameme ao raciocnio; que livros e exerccios no so as nicas fe rramentas para se ensinar a distncia, e que o apoio audiovisual possivelmente ter forte peso nesse processo de treinamento.

    24.4 O vdeo como elemento motivacional Sabemos que a motivao promove mudanas e, conseqentemente, crescimenLo, porque

    incentiv-a o esforo par-a aprender. Alm dos bvios fatores que prorno,cm a motivao - por exemplo, a necessidade - , existem outros que podem ser obtidos por um novo modelo de trei-namemo. Como estamos u-atando de vdeo, considero que ele por si s j seja um elememo motivador. Vdeos bem desenvolvidos metodologicamente so, alm de orientadores, um entre-tenimento visual.

    A uti liz

  • Vtleos de treinamento 2 7 5

    duo, princip

  • 27 6 Manual de treinamento e desenvolvimento: processos e operaes

    est na criao e no desenvolvimento do modelo a ser adotado na produo do vdeo. Uma vez determinado e concludo esse projeto, o tempo corre a nosso favor, porque os processos da em diame so simples, como a distribuio dos vdeos e/ ou transmisso por quaisquer meios disponveis aos alunos.

    Tambm tem sua relao custo- beneficio reduzida com o aumento do nmero de alunos. Empresas que possuem muitas filiais, centros de pesquisas, representames, instrutores, postos de venda, entre ouuos, se beneficiam ainda mais desse processo. A simultaneidade, ponamo, ainda permite a minimizao do custo de treinamento pela melhora significativa em sua logstica, evi-tando o deslocamento de profissionais para regies diversas; o assunto poder ser tratado com simplicidade e objetividade pelo vdeo.

    24.8 A objetividade do contedo como fator de aproveitamento do tempo

    importante ressaltar que as informaes divulgadas pelo vdeo so previamente definidas pelo professor e d iretor. Muitas vezes criamos formas de treinai que nos surpreendem negativa-mente quando assumimos a posio do aluno. De forma prtica, como se estivssemos 'pensan-do' que o mtodo est

  • Vtleos de trenamento 2 7 7

    Hoj e, falamos de softwares que praticamente so ilimitados cm termos de aplicaes, passando pelas possibilidades de criao de modelos grficos tridimensionais at a criao das animaes propriamente ditas, devendo ser observado apenas o custo e o tempo disponvel para o desenvol-vimento do projeto. O interessante que essa ferramenta vem sendo muito explorada nas telas de cinema, mas ainda no utilizada em escala para o treinamemo. Atualmente, alguns cursinhos pr-vestibular vm utilizando recursos dessa natureza, com sucesso, para aumentar a velocidade do aprendizado.

    Tudo o que no pode ser filmado com uma cmera pode ser criado virntalmente. Estou falan-do de conceitos, p1incpios de funcionamento, situaes passadas, riscos. En fi m, todo o mundo abstrato em que vivemos e que s pode existir para ns no 'mundo dos pensamentos' pode ser convertido em imagens e lanado ao telespectador para sua apreciao e assimilao pelos senti-dos rotineiros e usuais, como a viso e a audio.

    Quando disse que vdeos so espetculos porque o agrupamento de todas essas idias real-mente os transforma em um entretenimento exuaordinrio. No momento em que o telespecta-dor relaxa e peneua nesse mundo mgico do intangvel, predispe profundamente sua mente ao aprendizado. Vdeos ilustrados com animaes grficas, bem orientadas e planejadas, so exatos no foco da informao. No h engenho tecnolgico ou conceito absmuo que no possa ser expresso visualmente . Pode, sim, dar trabalho, mas, nem que seja por analogias, encontra-se um caminho para o ensino.

    24.1 o O vdeo como formador de elos de amizade O vdeo te m o potencial de ser exato na transferncia da informao, como j fo i abordado.

    Puro, simples e objetivo, torna-se referncia de ensino em determinado assunto. Por o nde passa, ensina. Produz uma rede de pessoas inteiradas do assunto, capazes, informadas e treinadas. Essa rede traz consigo o mesmo entusiasmo e gratido das redes fonnadas por ensinos presenciais; en-uetamo, em maior escala. Falo em gratido por que o que se seme por um facilitador quando aprendemos qualquer coisa de nosso interesse. Gratido o que se sente tambm quando apren-demos por meio de um bom \odeo. Sentimos por ele o mesmo que sentimos pelos professores, gerando um grande crculo de amigos.

    Esse o mesmo sentimento despertado em um ator quando ovacionado pela platia no trmino de um espetculo, ou o mesmo que experimentamos quando tenninamos uma aula ou uma palestra c recebemos elogios ou incentivo dos alunos. A gratido um sentimento que pro-move ainda mais motivao, e um dos alicerces das relaes humanas.

    Felizmente, o vdeo capaz de tomemar esse sentimento, porque permite minimizar os er-ros na relao professor-aluno. O ensino e o aprendizado so, sem d1vida, um momento difcil nessa relao; de um lado, o facilitador, que deseja ensina i~ e do outro, o aluno, que pode no ser receptivo forma escolhida. Lembre-se de que, no caso dos vdeos, estamos falando d e um produto que pode ser revisado, revisado c revisado. Temos a opo de produzir no telespectador o que desejamos, e at mesmo evitar os rancores causados pela ineficincia na t.ransferncia ela informao.

    O vdeo coloca na mo de uma nica pessoa ou instituio o potencial de expandir seu conhe-cimemo para muitos; um hospedeiro de afetos e uma extenso de nossa prpria vont.ade. Temos o controle tota l, portanto, despertamos as sensaes que desejamos e, evidentemente, utilizamos esse recurso para criar elos de amizades.

    24.11 O entretenimento como fator de assimilaco de

    contedo Interessante falar de entretenimento quando o assunto treinamen to. O treinamento tem,

    em geral, uma imagem de algo srio. claro que srio! Mas o entretenimento no significa

  • 27 8 Manual de treinamento e desenvolvimento: processos e operaes

    distrao ou apeuas laz.er; significa cativar, chamar a ateno, evitar a distrao. Portanto, um importante e le me nto no processo de aprendiz.ado.

    Uma das grandes foras do vdeo quando se u-ansforma em enuetenimento que ensina. O entretenimento a tnica de um vdeo. O ensino, embm-a seja o objetim, exn-ado singularmen-te de fonna secundria. O entretenimento tem vrias origens: no texto, nas imagens, na trilha sonot-a, nas animaes gr ficas, na linguagem adotada. Ele um cot~unto de itens que culmina com o aprendizado facil e simples.

    Vdeos tm a responsabilidade de, por si ss, ensinar. O ideal que ele seja capaz de produzir o entendimento, utilizando apenas uma das vias do canal de comunicao: vdeo> telespectador. Os recursos de interatividade podem tambm ser adotados, mas no retiram do vdeo a responsa-bilidade de ensinar sozinho. Nesse aspecto do entretenimemo, pesa a impon ncia de conseguir do telespectador a constante ateno.

    O tempo do programa tambm deve ser observado, pois um item determinante na capa-cidade de se reter a ateno. Quanto maior o contedo que precisa ser abordado, mais longos sero e melhor deve ser estudada a linguagem a ser adot.ada com foco no entretenimento.

    24.12 l O carter internacional das produes de vdeo Nem preciso que eu me estenda muito nesse item, pois relativamente bvio. Se desejat'-

    mos ver um vdeo do pomo de vista da internacionalidade, chegamos a uma concluso simples: basta traduzir e reedit~-lo. Em geral, exceLUando-se os aspectos regionais das organizaes, o trei-namento cm vdeo pode ser aplicado in ternacionalmente, com poucas alteraes de contedo, reedio e traduo em idiomas diferentes.

    A distncia, como j discuti anteriormente, no pode ser considet-ada um fator relevante; deve-se adotar a linguagem adequada e ressaltar os aspecros de cnuctcnimcnto e moti\"ao.

    24.13 A identidade obtida com as produes de vdeos Pense, por exemplo, em um candidato a uma "-aga de emprego em uma empresa que possa

    ter acesso a um coJ1iunto de vdeos de apresentao que o permita ter contato com as metodolo-gias e normas organizacionais, seus principais produtos e setvios, suas metas, seus valores, suas conquistas, seus ideais, onde a empresa est e onde pretende chegar.

    Esse coJ1junto de vdeos expor com exatido a vontade e a poltica de trabalho da empresa. Basta o vdeo para o candidato ter uma "iso clara dos interesses coorporativos. Alm disso, o v-deo poder fazer parte do processo seletivo, apresentando os principais aspectos que precisam ser abordados e que compe a identidade da empresa.

    Alm d e agentes de capacitao profissional, os vdeos so formadores de opinio e podem inccrl!i\"ar a aplicao de regras c estimular a criatividade. Essa identidade no treinamento apre-sentada pelo vdeo refora a marca perante a prpria equipe e estimula a formao de valores empresariais construtivos.

    24. 14 l O custo de uma produo Uma produo de vdeo tem custos muito variados e requer avaliao especfica e minuciosa

    em cada caso. Esse custo afetaclo por fatores associados produo em si e pode ser limitado pelos recursos disponveis. Cenas especficas que requerem urna produo sofisticada exigem recursos elevados; mas no devemos associar vdeo de treinamento com cinema. So formas dis-tint.as de u-abalho e tm poucos elementos de comparao.

    Vdeos de neinamento podem ter seu custo minimizado no roteiro. Ser criativo e ter em mente os recursos financeiros disponveis o primeiro passo para uma produo com custo reduzido. Como os vdeos de treinamento tm uma aplicao global, ou seja, so reproduzidos

  • Vtreos de treinamento 2 7 9

    c assistidos por milhares de pessoas, tm seu custo diludo nessas propores, e em geral so competitivos com qualquer forma de ueinamento.

    24.15 As formas atuais de transmisso de um vdeo Existe, cm ~cral, uma imagem incoiTeta do que seja um vdeo. A princpio, ele se associa a

    uma fita VHS. E preciso aqui destacar que o vdeo o contedo da fita, e apenas o contedo; a fita o meio de u-ansmisso. Hoje, esse um meio j obsoleto. Um vdeo pode ser u-ansmitido de inllmet-as formas. A mais o-adicional hoje o DVD, que, em regra, apenas substitui com mais qualidade as fitas VHS.

    Atualmente possvel compactar o conte(tdo de um vdeo para que caiba em CDs, gerando o que se conhece como vdeo-CDs. O mais interessante dessa configurao a possibilidade de associar o vdeo a um contedo interativo programado em sofnv-ares especficos. Essa forma de apresentao permite assisti-lo em computadores pessoais, aumentando a praticidade e a facili-dade de acesso s informaes.

    A mais moderna forma de u-ansmisso de um vdeo por meio da Internet. Em franca expan-so, esse tipo de transmisso reduz seu custo e coloca o vdeo on-line. Com sistemas apropriados de intcratividacle, o vdeo pode se transformar em um alicerce pat-a o treinamento interativo, pois associa todas as vantagens ele uma produo de vdeo com a intenuividade ofertada pela transmisso de dados via Inte rnet.

    Ainda existem formas alternativas de u-ansmisso, por exemplo, por satlite ou cabo, que atualmentc so utilizadas para u-ansmitir vdeos ou programas de TVs corporativas de matrizes para filiais de empresas ou pat-a TVs pagas. Passamos tambm pelas videoconferncias, mas devo ressaltar que elas no tm as mesmas caractersticas de um vdeo, pois so realizadas no momento da transmisso, requerendo uma abordagem diferenciada.

    24.16 A aplicabilidade do vdeo Os diversos tipos de produes de vdeos podem ser aplicados em todas as reas de concentra-

    o. A seguir, forneo alguns exemplos de tipos de vdeos c suas aplicaes: vdeos de treiluwumto: di"ulgao de tecnologia, procedimentos operacionais, princpios de

    funcionamemo, ueinamento e desenvolvimento de recursos humanos; vdeos comercittis: divulgao de produtos ou servios; t1deos institucion(lis: apresentao de empresas.

    24.17 As etapas de produo de um vdeo 24. 1 7. 1 Roteiro

    Todo vdeo nasce de um tema, de um argumento, seja ele de natureza tcnica, cientfica ou cultural. O argumento a origem, de onde brotam as primeiras idias do vdeo: imagens e sons. O argumento determina o tipo de vdeo: a forma narrativa, a forma de depoimentos, a forma jornalstica, a forma dissertativa etc.

    No fundo, o que importa mesmo a exata comunicao, transmitir com cltweza, com o bjc-tividadc, de forma sucinta e ao mesmo tempo com riqueza de detalhes. O bom argumento per-mite a ger-ao de boas idias, agua a criatividade na produo de cenas e enobrece a concluso. Os bons vdeos nascem de bons roteiros. 24. 17.2 Criaco de cenas

    Nessa etapa, o roteiro j est definido. Agora o momento de fazer as idias criarem "ida. A anlise de viabilidade detemname. A seleo de cenas dividida nas tarefas de criao de imagens reais e '~rtuais. Decide-se aqui o que e o que no possvel mosu-ar com uma cmera.

  • 280 Manual de treinamento e desenvolvimento: processos e operaes

    24.17.3 Produco

    A produo a etapa de campo. produzir as cenas, sejam elas reais ou virtuais. As habilida-des dos cmeras, dos di retores de cena e fotografia e demais integrantes da equipe produtora so, na maioria das vezes, responsveis pela qualidade vi.~ual do produto. As alividades de produo de cenas vinuais seguem em paralelo e so realizadas por uma equipe especializada em modelos e animaes grficas. 24. 17.4 Ps-produo

    Trata-se da edio das imagens. Edio a montagem ou composio cena a cena. Essa com-posio tem como resultado o vdeo em si. Em geral, realizada em computadores potentes, ca-pazes de manipular facilmente arquivos de imagens. Aqui, as cenas reais e as vinuais so fundidas, e os efeitos especiais, aplicados. Nessa etapa, imprime-se a identidade visual do projeto. 24.17.5 Sonorizaco e masterizaco

    O udio uma etapa importante da produo do vdeo. Muitas vezes o som o responsvel por cativar e 'carregar', por assim dizer, o telespectador atravs das cenas. A locuo adequada tambm um fator importante, assim como a coneo das palavras. 24. 1 7.6 Reviso e edio final

    Sempre h falhas em um vdeo. Ele precisa ser assistido do incio ao fim, sem cortes, por revi-sores que no paniciparam do processo de edio. Isso est diretamente relacionado qualidade. As revises exaustivas so necessrias para qualificar a didtica, a comunicao, a eloqncia e o impacto visual. Se necessrio, so refeitas cenas, animaes ou ajustes de edio. 24. 17.7 Processo de copiagem/transmisso do sinal

    Uma vez definida a matriz, a cpia um processo rpido e simples. Reprodutoras operam em paralelo e so capazes de produzir simultaneamente centenas de cpias. No caso da transmisso, prepara-se uma matriz adequada par-a essa atividade.

    24.18 Concluso Com esses vrios itens abordados, considero os vdeos de treinamento uma fonna modem a e

    eficiente de treinar pessoas a distncia. Alm disso, cumprem objetivos secundrios: formam um conceito nico e abrangente acerca de um tema especfico, transmitem com exatido a mensa-gem inicial proposta e ainda olimizam a logslica do treinamento, o que pode reduzir seu custo.

    ...__

    Marcley Lazarini Pereira Graduado e ps-graduado em engenharia mec~nica pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), professor da PUC-MG, onde leciona as disciplinas Mquinas Trmicas I e Sistemas Trmicos 11 com linha de pesquisa em motores de combusto interna. Tambm preside o Centro de Desenvolvimento de Tecnologia

    Mec~nica (CDTM - www.cdtm.com.br) e coordena a realizao de diversos produtos de treinamento tcnico automotivo a dist~ncia, incluindo mais de 50 produes de vldeos de treinamento. autor de artigos tcnicos apresentados nos congressos ENCIT/LATCYM, CILANCE, COBEM/CIDIM, disponibi-lizados na Plataforma lattes - CNPQ. Te!.: (31) 2121-0700 E-mail: [email protected]