Cap8 macro

1

BACHA, C.J.C.; LIMA, R.A.S. Macroeconomia: Teorias e Aplicações à Economia Brasileira

Parte 3 – Modelos Alternativos de Curva de Oferta Agregada

Nesta parte serão discutidos oito modelos alternativos de

curva de oferta agregada.Será considerada uma

economia fechada.

2


Capítulo 8Modelos Novos

keynesianos

3


Aula AnteriorCAPÍTULO 7 – Modelos da Síntese Neoclássica7.1 A função de produção;

7.2 A demanda de trabalho;

7.3 A oferta de trabalho;

7.4 Modelo clássico da Síntese Neoclássica;

7.5 O modelo salário nominal da Síntese Neoclássica;

7.6 A armadilha da liquidez;

7.7 O modelo básico da Síntese Neoclássica;

7.8 Modelo da Síntese Neoclássica com influência dos autores novos clássicos;

7.9 Modelo de curva de oferta agregada da Síntese Neoclássica com influência dos autores novos keynesianos.

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Nesta Aula

CAPÍTULO 8 – Modelos Novos keynesianos

8.1 A curva de oferta agregada horizontal;

8.2 A curva de oferta positivamente inclinada.

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• Existem autores que argumentam que em economias capitalistas em que predominam as atividades urbanas e industriais, os preços não são determinados no mercado a partir do cruzamento da curva de oferta e da curva de demanda pelo produto.

• Para estes autores, o preço é fixado pela firma, tomando o seu custo unitário de produção e adicionando uma parcela para cobrir os custos indiretos e gerar um lucro unitário.

• Preço ⇒ decisão empresarial.

Introdução

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• A partir dessa idéia, vários modelos de curva de oferta agregada surgiram para uma economia em que as empresas fixam os preços de seus produtos a partir de seus custos diretos unitários de produção.

Modelos Novos Keynesianos

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• Considere uma empresa genérica representada por um sub-índice i.

• Essa empresa, para cobrir os seus custos indiretos de produção e para obter um lucro unitário, fixa o preço de seu produto (Pi) como

sendo igual ao seu custo direto unitário de produção (CDi) multiplicado por uma constante

(mi). Assim:

Pi = mi ⋅ CDi

Em que: mi = 1 + margem de lucro (Mark up)


8


• Considere que uma empresa contrate um trabalhador com salário de R$ 300,00 por mês para produzir tijolos.

• Em um mês esse trabalhador produz 15.000 tijolos.

• Logo, o custo com trabalho por unidade de tijolo é de R$ 0,02 (=300/15.000).

• Veja que o custo com trabalho (por tijolo produzido) foi:

i

W

ΤΡΜΕ


9


• Como matéria-prima foi utilizada uma tonelada de barro ao preço (Pmp) de R$ 450,00 por tonelada.

• Logo, temos o produto físico médio da matéria-prima (PMEMPi) de 15.000 tijolos por tonelada

de barro.

• O custo com matéria-prima (por tijolo produzido) é.

03,0000.15

450

MPΡΜ

Pmp

iE

==


10


Pi = mi ⋅ CDiiEiE

i MPΡΜ

Pmp

TΡΜ

WCD +=

+⋅=

iEiEii MPΡΜ

Pmp

TΡΜ

WmP

Para toda a economia:

+⋅=

MPΡΜ

Pmp

TΡΜ

WmP

EE


11


• A representação gráfica desta expressão em um plano cartesiano produto (y) versus nível geral de preços (P) depende dos pressupostos que se faz sobre o comportamento de m, W, PMET, Pmp e de PMEMP.

+⋅=

MPΡΜ

Pmp

TΡΜ

WmP

EE


12


• No período de 1964 a 1979, o Governo Federal estabelecia leis salariais determinando o salário nominal (W).

• Considerando uma economia com capacidade ociosa, pode-se considerar que PMET e

PMEMP são constantes.

• O mark-up é estabelecido de acordo com a taxa de expansão do capital desejada pelas firmas.

A curva de oferta agregada horizontal

+⋅=

MPΡΜ

Pmp

TΡΜ

WmP

EE

13


O aumento de W, de m ou de Pmp

desloca paralelamente a curva de oferta agregada para

cima.

• Ao se definir o valor do mark-up, define-se o valor de m.

• O preço da matéria-prima (Pmp) é dado. • Logo:

P

OA

y


+⋅=

MPΡΜ

Pmp

TΡΜ

WmP

EE

14


• Sobrepondo a curva de demanda agregada do modelo IS/LM com a curva de oferta agregada horizontal, tem-se:

– que a oferta agregada por si só determina o nível de preço de equilíbrio da economia, e

– a curva de demanda agregada determina o nível de produto interno de equilíbrio.


15


P1

P0

y1 y0y

DA

OA

OA'

F

G

Esta situação é conhecida na literatura como sendo uma estagflação (combinação de

recessão com inflação).

+⋅=

MPΡΜ

Pmp

TΡΜ

WmP

EE

Pmp↑


P

16


A estagflação pode ocorrer quando há:

• aumento do preço de uma matéria-prima muito importante, como foi o aumento do preço do petróleo em 1973 e 1979 (quando do 1o e 2o choques do petróleo, respectivamente);

• aumento deliberado do mark-up por parte da empresas (que podem ocorrer em um ambiente de incertezas políticas e/ou econômicas); ou

• queda da produtividade média do trabalho e/ou da matéria-prima.


17


• Associando a expressão acima com as expressões da curvas IS e LM, define-se um novo modelo macroeconômico misto através das seguintes equações:


+⋅=

MPΡΜ

Pmp

TΡΜ

WmP

EE

18


y = c [y-t(y)] + i(r) + g equilíbrio no mercado de produtos

equilíbrio no mercado de moedas (e de títulos)= l(r) + K(y)

Ρ

Μ

função de produçãoy = y(N, MP, K )

+⋅=

MPΡΜ

Pmp

TΡΜ

WmP

EE

curva de oferta agregada


19




Ρ

Μ


+⋅=

MPΡΜ

Pmp

TΡΜ

WmP

EE



A partir dos valores de W, m, PMET, PMEMP e

Pmp determina-se o valor de P

Ρ

Μ

20




Ρ

Μ


+⋅=

MPΡΜ

Pmp

TΡΜ

WmP

EE



obtém-se a curva de demanda agregada,

21




Ρ

Μ


+⋅=

MPΡΜ

Pmp

TΡΜ

WmP

EE



a curva de demanda agregada sobreposta à curva de oferta agregada dá origem ao ponto de equilíbrio da economia ⇒ y0

22




Ρ

Μ


+⋅=

MPΡΜ

Pmp

TΡΜ

WmP

EE



Sabendo o valor de y0, determina-se o nível de

emprego de equilíbrio (N0), pois se supõe que a

relação y/N (=PMET) seja fixa.

23




Ρ

Μ


+⋅=

MPΡΜ

Pmp

TΡΜ

WmP

EE



Sabendo o valor de y0, determina-se o valor de r0.

24


• O modelo macroeconômico misto mostra que a curva de oferta agregada determina o valor do nível de preço (P); e,

• A curva de demanda agregada determina o valor do nível de produto de equilíbrio (y).

⇒ (inverso do que foi constatado no modelo clássico da Síntese Neoclássica)


25


• DORNBUSCH & FISCHER e BLANCHARD definem novos modelos de curva de oferta agregada segundo os novos keynesianos, considerando que o salário nominal é determinado no mercado de trabalho.

A curva de oferta agregada positivamente inclinada

26


• DORNBUSCH & FISCHER (1991) aceitam o comportamento definido pela curva de Phillips original, afirmando que o salário nominal de um período é determinado como sendo o salário nominal do último período acrescido de uma correção imposta (sobre o salário) pelas condições do mercado de trabalho.

• Essas condições do mercado de trabalho são mensuradas pela taxa de desemprego (µ).

W = W-1 − W-1 ⋅ε⋅µ.


27


W = W-1 − W-1 ⋅ε⋅µ.

• Se a taxa de desemprego for nula (µ = 0), o salário atual será igual ao salário no período passado.

• Se a taxa de desemprego for positiva, o salário atual será menor do que o salário passado, mas esse ajuste não é proporcional, dependendo do parâmetro ε (0 < ε < 1).


28


• BLANCHARD adiciona à análise de DORNBUSCH & FISCHER o fato dos salários atuais também dependerem das expectativas de preços que os trabalhadores têm e de fatores institucionais da economia, tais como a efetividade do seguro desemprego.

W = Pe⋅f(µ, z)

Em que Pe são as expectativas de preços e z mede os fatores institucionais.

• O salário nominal será maior quando Pe aumenta, o µ diminui e os arranjos institucionais protegem mais os trabalhadores.


29


• No caso brasileiro, os trabalhadores não têm

negociado seus salários com base em suas

expectativas de preços, mas sim com base na

reposição da inflação autorizada pelo Estado.


30


• Assim, pode-se definir uma variável Ψ que reflete os fatores institucionais da economia e que afetam o salário nominal atual, tais como a presença de seguro desemprego e esquemas de indexação dos salários pela inflação passada.

• Quanto mais efetivos forem os fatores institucionais (medidos pelo aumento de Ψ), maiores devem ser os salários atuais.


31


W = h (W-1, µ, Ψ)

0h

0 μ

h 0

W

h

1-

>Ψ∂

∂<∂∂>

∂∂


32


• Seja N a quantidade de trabalho que se diz ser de pleno-emprego.

• Se a economia estiver empregando N de trabalho, diz-se que nessa economia só existe desemprego natural.


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• O desemprego natural (também chamado de

desemprego friccional) ocorre pelo fato de:

– alguns trabalhadores estarem temporariamente

desempregados por estarem trocando de uma

função ou uma empresa por outra; ou,

– um indivíduo estar procurando emprego pela

primeira vez em sua vida.


34


• Define-se N como sendo o total de trabalho efetivamente empregado.

• Assim, tem-se:

ΝΝ−Ν=µ

W = W-1 ⋅(1 − ε⋅µ) + Ψ


35


• Considere uma função de produção em que as produtividades média e marginal do trabalho são iguais e constantes.

• Assim, tem-se:

α=Ν∂

∂=Ν

yy

α=Ν y

α=Ν yp


36


α=Ν y

α=Ν yp

yp

yyp

αyp

αy

αyp

−=−

=Ν

Ν−Ν=µ

ΝΝ−Ν=µ


37


( )Ψ

yp

y-ypε 1 W W 1 +

⋅−⋅= −

W = W-1 ⋅(1 − ε⋅µ) + Ψ yp

yyp −=µ


38


[ ]

++

−⋅−⋅⋅= −

MPPM

Pmp

TPM

Ψ

yp

yypε1

TPM

WmP

EEE

1

Quando y aumenta, P também aumenta

( )Ψ

yp

y-ypε 1 W W 1 +

⋅−⋅= −

+⋅=

iEiE MPΡΜ

Pmp

TΡΜ

WmP


39


P

y

OA

Quando y aumenta, P também aumenta


40


P

y

OA

y↑ ⇒ N↑ ⇒ diminui o ⇒ W↑ ⇒ aumenta o custo ⇒ P↑ desemprego direto unitário


41


y↑ ⇒ N↑ ⇒ diminui o ⇒ W↑ ⇒ aumenta o custo ⇒ P↑ desemprego direto unitário


• Novos keynesianos:

P↑ ⇒ aumenta o emprego ⇒ y↑ de equilíbrio

• Síntese Neoclássica:

≠

42


• A curva de oferta agregada geral dos novos keynesianos foi obtida a partir de três fundamentos:

– da relação salário-emprego definida a partir da curva de Phillips

– de uma função de produção em que o trabalho e a matéria-prima são fatores variáveis e na qual as produtividades marginal e média do trabalho são iguais e constantes; e

– os preços são fixados com um mark-up sobre os custos diretos unitários de produção.


43


• A inclinação desta curva depende do impacto das variações da produção e do emprego sobre os salários nominais.

• Se os salários nominais responderem muito pouco às variações no desemprego [isto é, se ε for pequeno], a curva OA será pouco inclinada.

P

P0

y0y

OA

D

D

E

[ ]

++

−⋅−⋅⋅= −

MPPM

Pmp

TPM

Ψ

yp

yypε1

TPM

WmP

EEE

1


44


• A curva de oferta agregada OA se desloca ao longo do tempo.

• O deslocamento da curva de oferta agregada para baixo e para a direita ocorrerá ao longo do tempo se y permanecer abaixo de yp.

P

P0

y0y

OA

D

D

E

[ ]

++

−⋅−⋅⋅= −

MPPM

Pmp

TPM

Ψ

yp

yypε1

TPM

WmP

EEE

1


OA’'

GP2

y2

45


• A curva de oferta agregada OA se desloca ao longo do tempo.

• Se y > yp, ao longo do tempo os salários nominais continuarão a subir e, ao serem repassados como aumentos dos preços, causarão o deslocamento para cima e para a esquerda da curva de oferta agregada.

P

P0

y0y

OA

D

D

E

[ ]

++

−⋅−⋅⋅= −

MPPM

Pmp

TPM

Ψ

yp

yypε1

TPM

WmP

EEE

1


OA'

FP1

y1

46


• No curto prazo um aumento do mark-up

• ou do preço da matéria-prima (Pmp) deslocará para a esquerda a curva de oferta agregada.

P

P0

y0y

OA

D

D

E

[ ]

++

−⋅−⋅⋅= −

MPPM

Pmp

TPM

Ψ

yp

yypε1

TPM

WmP

EEE

1

OA'

FP1

y1


situação de estagflação

47



equilíbrio no mercado de moedas (e de títulos)

= l(r) + K(y)Ρ

Μ


equação de determinação dos salários

[ ]

++

−⋅−⋅⋅= −

MPPM

Pmp

TPM

Ψ

yp

yypε1

TPM

WmP

EEE

1

O modelo macroeconômico geral dos novos keynesianos para uma economia fechada pode ser resumido nas seguintes equações:

( )Ψ

yp

y-ypε 1 W W 1 +

⋅−⋅= −



48



Tem-se cinco equações e cinco variáveis endógenas: y, P, N, r, W.



= l(r) + K(y)Ρ

Μ



[ ]

++

−⋅−⋅⋅= −

MPPM

Pmp

TPM

Ψ

yp

yypε1

TPM

WmP

EEE

1

( )Ψ

yp

y-ypε 1 W W 1 +

⋅−⋅= −


49



A dicotomia observada no modelo misto, a partir de Bacha(1982), não ocorrem nesse modelo



= l(r) + K(y)Ρ

Μ



[ ]

++

−⋅−⋅⋅= −

MPPM

Pmp

TPM

Ψ

yp

yypε1

TPM

WmP

EEE

1

( )Ψ

yp

y-ypε 1 W W 1 +

⋅−⋅= −


50



obtém-se a curva de demanda agregada,



= l(r) + K(y)Ρ

Μ



[ ]

++

−⋅−⋅⋅= −

MPPM

Pmp

TPM

Ψ

yp

yypε1

TPM

WmP

EEE

1

( )Ψ

yp

y-ypε 1 W W 1 +

⋅−⋅= −


51



Determina, simultaneamente, o nível de preços (P) e o produto de equilíbrio (y).

+ DA



= l(r) + K(y)Ρ

Μ



[ ]

++

−⋅−⋅⋅= −

MPPM

Pmp

TPM

Ψ

yp

yypε1

TPM

WmP

EEE

1

( )Ψ

yp

y-ypε 1 W W 1 +

⋅−⋅= −


52



Conhecendo o produto de equilíbrio (y), determina-se W.



= l(r) + K(y)Ρ

Μ



[ ]

++

−⋅−⋅⋅= −

MPPM

Pmp

TPM

Ψ

yp

yypε1

TPM

WmP

EEE

1

( )Ψ

yp

y-ypε 1 W W 1 +

⋅−⋅= −


53



Conhecendo o produto de equilíbrio (y), determina-se N.



= l(r) + K(y)Ρ

Μ



[ ]

++

−⋅−⋅⋅= −

MPPM

Pmp

TPM

Ψ

yp

yypε1

TPM

WmP

EEE

1

( )Ψ

yp

y-ypε 1 W W 1 +

⋅−⋅= −


54



Conhecendo o produto de equilíbrio (y) e o nível de preços (P) , determina-se a taxa de juros (r).



= l(r) + K(y)Ρ

Μ



[ ]

++

−⋅−⋅⋅= −

MPPM

Pmp

TPM

Ψ

yp

yypε1

TPM

WmP

EEE

1

( )Ψ

yp

y-ypε 1 W W 1 +

⋅−⋅= −


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Próxima Aula

CAPÍTULO 9 – Curva de Oferta de Lucas

Curva de oferta agregada em uma economia com imperfeição de informações.

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Referências Bibliográficas

• BACHA, C.J.C.; LIMA, R.A.S. Macroeconomia: Teorias e Aplicações à Economia Brasileira. Campinas: Alínea, 2006

• BACHA, E.L. Introdução à macroeconomia: uma perspectiva brasileira. Rio de Janeiro: Campus, 1982

• BLANCHARD, O. Macroeconomia: teoria e política econômica. 2 ed. Rio de Janeiro: Campus, 2001.

• DORNBUSCH, R. & FISCHER, S. Macroeconomia. 5a edição. São Paulo: Makron/Mcgraw-Hill, 1991.

• MANKIW, N.G. Macroeconomia: Rio de Janeiro: LTC, 2004.

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