CAPA...Bruna Tarcilia Ferraz² UFRPE Carla Figueredo ² UPCEUP Girleide Torres Lemos - CAA/UFPE...

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CAPA

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  • CAPA

  • Ângelo José Muria

    Márcia Angela da Silva Aguiar Antônio Flávio Barbosa Moreira

    (Organizadores)

    CURRÍCULO, FORMAÇÃO E TRABALHO

    DOCENTE

    Série

    Anais dos XII Colóquio sobre Questões Curriculares, VIII

    Colóquio Luso-Brasileiro de Currículo e II Colóquio Luso-

    Afro-Brasileiro de Questões Curriculares

    Recife - Pernambuco - Brasil

    ANPAE: Prefixo Editorial 87987

    2017

  • ANPAE – Associação Nacional de Políticas e

    Administração da Educação

    Presidente

    João Ferreira de Oliveira

    Vice-presidentes

    Marcelo Soares Pereira da Silva (Sudeste)

    Luciana Rosa Marques (Nordeste)

    Regina Tereza Cestari de Oliveira (Centro-Oeste)

    Terezinha Fátima Andrade Monteiro dos Santos Lima (Norte)

    Maria de Fátima Cóssio (Sul)

    Diretores

    Erasto Fortes Mendonça - Diretor Executivo

    Pedro Ganzeli - Diretor Secretário

    Leda Scheibe - Diretor de Projetos Especiais

    Maria Dilnéia E. Fernandes - Diretora de Publicações

    Ângelo R. de Souza - Diretor de Pesquisa

    Aida Maria Monteiro Silva - Diretora de Intercâmbio Institucional ,

    Márcia Ângela da Silva Aguiar - Diretora de Cooperação Internacional

    Maria Vieira da Silva - Diretora de Formação e Desenvolvimento

    Catarina de Almeida Santos - Diretora Financeira

    Editora

    Lúcia Maria de Assis, (UFG), Goiânia, Brasil

    Editora Associada

    Daniela da Costa Britto Pereira Lima, (UFG), Goiânia, Brasil

    Conselho Editorial

    Almerindo Janela Afonso, Universidade do Minho, Portugal

    Bernardete Angelina Gatti, Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói, Brasil

    Candido Alberto Gomes, Universidade Católica de Brasília (UCB)

    Carlos Roberto Jamil Cury, PUC de Minas Gerais / (UFMG)

    Célio da Cunha, Universidade de Brasília (UNB), Brasília, Brasil

    Edivaldo Machado Boaventura, (UFBA), Salvador, Brasil

    Fernando Reimers, Harvard University, Cambridge, EUA

    Inés Aguerrondo, Universidad de San Andrés (UdeSA), Buenos Aires, Argentina

    João Barroso, Universidade de Lisboa (ULISBOA), Lisboa, Portugal

    João Ferreira de Oliveira, Universidade Federal de Goiás (UFG), Goiânia, Brasil

    João Gualberto de Carvalho Meneses, (UNICID), Brasil

  • Juan Casassus, Universidad Academia de Humanismo Cristiano, Santiago, Chile

    Licínio Carlos Lima, Universidade do Minho (UMinho), Braga, Portugal

    Lisete Regina Gomes Arelaro, Universidade de São Paulo (USP), Brasil

    Luiz Fernandes Dourado, Universidade Federal de Goiás (UFG), Goiânia, Brasil

    Márcia Angela da Silva Aguiar, (UFPE), Brasil

    Maria Beatriz Moreira Luce, (UFRGS), Brasil

    Nalú Farenzena, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Brasil

    Rinalva Cassiano Silva, (UNIMEP), Piracicaba, Brasil

    Sofia Lerche Vieira, Universidade Estadual do Ceará (UECE), Fortaleza, Brasil

    Steven J Klees, University of Maryland (UMD), Maryland, EUA

    Walter Esteves Garcia, Instituto Paulo Freire (IPF), São Paulo, Brasil

    XII Colóquio sobre Questões Curriculares/VIII Colóquio Luso-Brasileiro de Currículo/II Colóquio Luso-Afro-Brasileiro de Questões Curriculares Presidentes dos Colóquios Antônio Flávio Barbosa Moreira – Universidade Católica de Petrópolis

    José Augusto de Brito Pacheco – Universidade do Minho

    Comissão Organizadora Geral

    Márcia Angela da Silva Aguiar (Universidade Federal de Pernambuco) - Coordenadora

    José Carlos Morgado ( Universidade do Minho)

    Geovana Mendonça Lunardi Mendes (Universidade do Estado de Sta. Catarina)

    Isabel Carvalho Viana (Universidade do Minho)

    Joana Sousa (Universidade do Minho)

    Edilene Guimarães (Instituto Federal de Pernambuco)

    Comitê Local

    Aída Maria Monteiro Silva (Universidade Federal de Pernambuco)

    Ana de Fátima Abranches (Fundação Joaquim Nabuco)

    Ana Lúcia Borba (Universidade Federal de Pernambuco)

    Alfredo Macedo Gomes (Universidade Federal de Pernambuco)

    Ana Lúcia Félix (Universidade Federal de Pernambuco)

    Darci Lira (Universidade Federal de Pernambuco)

    Edson Francisco (Universidade Federal de Pernambuco)

    Edilene Guimarães (Instituto Federal de Pernambuco)

    Janete Maria Lins de Azevedo (Universidade Federal de Pernambuco)

    Luciana Rosa Marques (Universidade Federal de Pernambuco)

    Luiz Roberto Rodrigues (Universidade Estadual de Pernambuco)

    Maria Helena Carvalho (Universidade Católica de Pernambuco)

    Maria do Socorro Valois (Universidade Federal Rural de Pernambuco)

  • Rita Barreto Moura (SINTEPE)

    Márcia Angela da Silva Aguiar (Universidade Federal de Pernambuco)

    Comissão Científica Angola: Alberto Quitembo (Universidade Katyavala Bwila)

    Augusto Ezequiel Afonso (Universidade de Katyavala Bwila)

    Ermelinda Cardoso (Universidade de Katyavala Bwila)

    Maria Alice Tavares (Universidade Katyavala Bwila)

    Cabo Verde: Ana Cristina P. Ferreira (Universidade de Cabo Verde)

    Bartolomeu Varela (Universidade de Cabo Verde)

    Moçambique: Adriano Niquice (Universidade Pedagógica de Moçambique)

    Angelo Jose Muria (Universidade Pedagógica de Moçambique)

    Hildizina Norberto Dias (Universidade Pedagógica de Moçambique)

    Portugal: Almerindo Afonso (Universidade do Minho)

    Bento Duarte da Silva (Universidade do Minho)

    Carlinda Leite (Universidade do Porto)

    Fernando Ribeiro Gonçalves (Universidade do Algarve)

    Francisco José R. de Souza (Universidade dos Açores)

    Filipa Seabra (Universidade Aberta)

    Jesus Maria de Sousa (Universidade da Madeira)

    José Augusto Pacheco (Universidade do Minho)

    Manuela Esteves (Universidade de Lisboa)

    Maria João Mogarro (Universidade de Lisboa)

    Maria Palmira Alves (Universidade do Minho)

    Preciosa Fernandes (Universidade do Porto)

    Rui Vieira de Castro (Universidade do Minho)

    Brasil: Alfredo Veiga Neto (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)

    Alvaro Luiz Moreira Hypólito (Universidade Federal de Pelotas)

    Alfredo Macedo Gomes (Universidade Federal de Pernambuco)

    Alice Casimiro Lopes (Universidade do Estado do Rio de Janeiro)

    André Márcio Favacho (Universidade Federal de Minas Gerais)

    António Carlos Amorim (Universidade Estadual de Campinas)

    Carlos Eduardo Ferraço (Universidade Federal do Espírito Santo)

    Elba Siqueira de Sá Barreto (Universidade de São Paulo)

    Elisabeth Macedo (Universidade do Estado do Rio de Janeiro)

    Eurize Caldas Pessanha (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul)

    Fabiany Tavares Silva (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul)

  • Genylton Odilon Rego da Rocha (Universidade Federal do Pará)

    Inês Barbosa Oliveira (Universidade do Estado do Rio de Janeiro)

    Jefferson Mainardes ( Universidade Estadual de Ponta Grossa)

    Lucíola Santos (Universidade Federal de Minas Gerais)

    Maria Inês Marcondes de Souza (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro)

    Márcia Maria de Melo Oliveira (Universidade Federal de Pernambuco)

    Maria Rita Oliveira (CEFET-MG)

    Maria Teresa Estéban (Universidade Federal Fluminense)

    Marlucy Alves Paraíso (Universidade Federal de Minas Gerais)

    Nilda Alves (Universidade do Estado do Rio de Janeiro)

    Roberto Sidnei Macedo (Universidade Federal da Bahia)

    Rosângela Tenório (Universidade Federal de Pernambuco)

    Zélia Porto (Universidade Federal de Pernambuco)

    Coordenadores dos Painéis de Comunicações Orais

    1 – Currículo e ensino superior

    Assis Leão – IFPE

    Cláudia da Silva Santos Sansil – IFPE

    Edlamar Oliveira dos Santos – IFPE

    Everaldo Fernandes da Silva - CAA/UFPE

    Gilvanide Ferreira de Oliveira – UFRPE

    Mônica Lopes Folena Araújo – UFRPE

    Natália Jimena da Silva Aguiar – PPGE/UFPE

    2 – Currículo e escola

    Alcione Mainar– CAA/UFPE

    Eugênia Paula Benício Cordeiro – IFPE

    Everaldo Fernandes da Silva – CAA/UFPE

    Girleide Torres Lemos – CAA/UFPE

    Jaileila de Araújo Santos – CE/UFPE

    José Nilton de almeida - UFRPE

    José Paulino Filho – FAFIRE

    Katharine Ninive Pinto Silva – CAA/UFPE

    Márcia Regina Barbosa - CE/UFPE

    Natália Belarmino - CE/UFPE

    3 - Currículo e educação infantil, ensino fundamental e médio

    Alexandre Viana – CAA/UFPE

    Alexandre Zarias – FUNDAJ

    Ana Carolina Perrucci Brandão – CE/UFPE

    Ana Karina Lira – CE/UFPE

  • Catherine Nínive – CE/UFPE

    Edilson Fernandes da Silva – CE/UFPE

    Ester Calland de Souza Rosa – CE/UFPE

    Lavínia de Melo e Silva Ximenes – CAP/CE/UFPE

    Lídia Cerqueira – CE/UFPE

    Maria do Socorro Valois – UFRPE

    Maria Jaqueline Paes de Carvalho – UFRPE

    Pietro Manoel da Silva –PPGE/UFPE

    Rita de Cássia Barreto de Moura – PPGE/UFPE

    Severina Klimsa – CE/UFPE

    4 - Currículo e políticas educacionais

    Ana de Fátima Abranches – FUNDAJ

    Conceição Gislane Nóbrega de Sales – CAA/UFPE

    Denise Maria Botelho – UFRPE

    Denise Xavier Torres – PPGE/UFPE

    Gabriel Lopes de Santana – CE/UFPE

    Henrique Guimarães Coutinho – FUNDAJ

    Itamar Nunes da Silva – UFPB

    José Luiz Simões – CE/UFPE

    Júlia Calheiros – CE/UFPE

    Kátia Silva Cunha – CAA/UFPE

    Lucinalva Ataíde Andrade de Almeida – CAA/UFPE

    Maria Júlia de Melo PPGE/UFPE

    Priscilla Maria Silva do Carmo – PPGE/UFPE

    Tícia Cassiany Ferro Cavalcante – CE/UFPE

    Túlio Augusto Velho Barreto de Araújo – FUNDAJ

    5 - Currículo e teorias

    Isabela Amblard – CE/UFPE

    José Paulino P. Filho – FAFIRE

    Kátia Silva Cunha – CAA/UFPE

    Maria Lúcia Ferreira Barbosa – CE/UFPE

    Sérgio Paulino Abranches – CE/UFPE

    6 - Currículo e história social das disciplinas

    Ângela Monteiro – PPGE/DH/UFPE

    José Henrique Duarte – IFPE

    7 - Currículo e espaços não escolares

    Aída Maria Monteiro Silva – CE/UFPE

    Célia Maria Rodrigues da Costa Pereira – CE/UFPE

  • Maria Joselma do Nascimento Franco – CAA/UFPE

    8 - Currículo, formação e trabalho docente

    Alcione Alves da Silva Mainar– CAA /UFPE

    Camila Ferreira da Silva – UTFPR

    Carla Patrícia Acioli Lins – - CAA/UFPE

    Conceição Gislane Nóbrega Lima de Salles – CAA/UFPE

    Elian Sandra Araújo – UFRPE

    Emanuelle de Souza Barbosa – PPGEDCOM/UFPE

    Etiane Valentim da Silva Herculano – CE/UFPE

    Ezir Georg da Silva – UFRPE

    Fernanda Guarany Mendonça Leite - IFPE

    Gilvaneide Ferreira de Oliveira – UFRPE

    Isabel Carvalho Viana – IE/UMINHO

    Káthia Barbosa– CE/UFPE

    Laêda B. P. Machado – CE/UFPE

    Lúcia Caraúbas – CE/UFPE

    Maria das Graças Soares da Costa – FAFIRE

    Maria Julia de Melo – PPGE/UFPE

    Orquídea Maria de Souza Guimarães – CAA/UFPE

    Sandra Patrícia Ataíde Ferreira – CE/UFPE

    Sucuma Arnaldo - PPGE/UFPE

    Vilde Gomes de Menezes – PPGE/UFPE

    9 - Currículo e conhecimento escolar

    Jaqueline Barbosa – CAA/UFPE

    Lívia Suassuna – CE/UFPE

    Rafaella Asfora Siqueira Campos Lima – CE/UFPE

    10 - Currículo e avaliação

    Ana Lucia Borba – CE/UFPE

    Bruna Tarcilia Ferraz– UFRPE

    Carla Figueredo – UPCEUP

    Girleide Torres Lemos - CAA/UFPE

    Katharine Nínive Pinto Silva – CAA/UFPE

    Maria da Conceição Carrilho de Aguiar – CE/UFPE

    11 - Currículo e culturas André Ferreira – CE/UFPE

    Fábio da Silva Paiva – CE/UFPE

    José Carlos Morgado – IE/UMINHO

    Maria da Conceição Reis – CE/UFPE

  • Maria Julia de Melo – PPGE/UFPE

    Michele Guerreiro Ferreira – PPGE/UFPE 12 - Currículo e tecnologias José Alan da Silva Pereira – PPGE/UFPE

    Maria Auxiliadora Padilha – CE/UFPE

    Simone Maria Chalub Bandeira Bezerra – PGECM/REAMEC

    13 - Currículo e diferença Aline Renata dos Santos PPGE/UFPE

    Celia Maria Rodrigues da Costa Perena– CE/UFPE

    Claudilene Maria da Silva – UNILAB

    Delma Josefa da Silva – PPGE/UFPE

    Fabiana Souto Lima Vidal – CAP/UFPE

    Itamar Nunes da Silva – UFPB

    Janssen Felipe Silva CAA/UFPE

    José Policarpo Junior – CE/UFPE

    Karina Mirian da Cruz Valença Alves – CE/UFPE

    Marcia Maria de Oliveira Melo – CE/UFPE

    Rebeca Duarte – UFRPE

    14 - Currículo e ideologia

    Edilene Rocha Guimarães – IFPE

    Grasiela A. Morais P. de Carvalho – GEPERGES/UFRPE

    15 - Currículo e gestão da escola

    Alice Miriam Happ Botler – CE/UFPE

    Laêda Bezerra Machado – CE/UFPE

    16 - Currículo e inclusão

    Allene Lage – CAA/UFPE

    Maria do Carmo Gonçalo Santos – FAFICA

    Maria Zélia Santana – CAV/UFPE

    Marília Gabriela Menezes – CE/UFPE

    Coordenação de Eixos Temáticos

    Coordenação Geral: Edilene Rocha Guimarães – IFPE

    Coordenação dos Eixos 1 e 2 – Monica Lopes Folena Araújo - UFRPE

    Coordenação dos Eixos 3 e 4 – Maria do Socorro Valois Alves – UFRPE

    Coordenação dos Eixos 5 e 6 – Lucinalva Andrade Ataíde de Almeida – CAA/UFPE

    Coordenação dos Eixos 7 e 9 – Orquídea Maria de Souza Guimarães – CAA/UFPE

    Coordenação do Eixo 8 – Fernanda Guarany Mendonça Leite – IFPE

  • Coordenação dos Eixo 10 a 13 - Janssen Felipe da Silva - CAA/UFPE

    Coordenação dos Eixos 14 e 16 – Ana Paula Abrahamian de Souza – UFRPE

    Sobre os Colóquios de Currículo

    A partir do V Colóquio sobre Questões Curriculares, realizado em Portugal, na

    Universidade do Minho (fevereiro de 2002), passou a organizar-se Colóquio Luso-

    brasileiro sobre Questões Curriculares, resultado de uma parceria entre investigadores

    portugueses e brasileiros. Desde então, a cada dois anos, o Colóquio tem-se realizado

    alternadamente em Portugal e no Brasil, reunindo os mais expressivos investigadores da

    área dos dois países. O II Colóquio foi realizado na Universidade do Estado do Rio de

    Janeiro (2004). O III Colóquio aconteceu mais uma vez na Universidade do Minho (2006)

    e o IV Colóquio teve lugar em 2008 na Universidade Federal de Santa Catarina, em

    Florianópolis. Em 2010, o V Colóquio foi realizado em Portugal, desta vez na Faculdade

    de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto. O VI Colóquio foi

    sediado na Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais e o VII

    Colóquio, em 2014, na Universidade do Minho.

    Sobre a Biblioteca Anpae

    A coleção Biblioteca ANPAE constitui um programa editorial que visa a

    publicar obras especializadas sobre temas de política e gestão da educação e seus

    processos de planejamento e avaliação. Seu objetivo é incentivar os associados a divulgar

    sua produção e, ao mesmo tempo, proporcionar leituras relevantes para a formação

    continuada dos membros do quadro associativo e o público interessado no campo da

    política e da gestão da educação.

    A coletânea Biblioteca ANPAE compreende duas séries de publicações: • Série Livros, iniciada no ano 2000 e constituída por obras co-editadas com editoras

    universitárias ou comerciais para distribuição aos associados da ANPAE.

    • Série Cadernos ANPAE, criada em 2002, como veículo de divulgação de textos e outros

    produtos relacionados a eventos e atividades da ANPAE.

    Apoios Universidade Federal de Pernambuco/CA/ PPGE/UFPE

    Centro Acadêmico do Agreste - UFPE

    Universidade do Minho – Centro de Investigação em Educação, Portugal

    Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAPES

    Associação Brasileira de Currículo ABdC

    Sindicato dos Trabalhadores em Educação em Pernambuco – SINTEPE

  • Universidades Parceiras

    Universidade Católica de Petrópolis

    Universidade do Estado de Santa Catarina

    Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco

    Universidade do Porto

    Universidade de Lisboa

    Universidade Pedagógica de Moçambique

    Universidade Cabo-Verde, (UniCV)

    Universidade Katyavala Bwila, Angola

    Ficha Catalográfica

    M977c

    Currículo, formação e trabalho docente - Anais do XII Colóquio

    sobre questões curriculares/VIII Colóquio luso-brasileiro de

    currículo/II Colóquio luso-afro-brasileiro de questões curriculares.

    Série. Organização: Ângelo José Muria, Márcia Angela da Silva

    Aguiar e Antônio Flávio Barbosa Moreira [Livro Eletrônico]. –

    Recife: ANPAE, 2017.

    ISBN: 978-85-87987-06-8

    Formato: PDF, 1103 páginas

    1.Educação. 2.Currículo. 3.Anais. I. Muria, Ângelo José, II

    Aguiar, Marcia Angela da Silva. III. Moreira, Antônio Flávio

    Barbosa. IV. Título

    CDU 37.01(06)

    CDD 375

  • Organizadores

    Ângelo José Muria: Professor da Universidade Pedagógica de Moçambique, Doutor em Educação. Márcia Angela da Silva Aguiar: Professora Titular da Universidade Federal de Pernambuco. Doutora em Educação. Brasil. Antônio Flávio Barbosa Moreira: Professor titular da Universidade Católica de Petrópolis. Doutor em Educação.

    Todos os arquivos aqui publicados são de inteira responsabilidade dos autores e

    coautores, e pré-autorizados para publicação pelas regras que se submeteram ao XII

    Colóquio sobre Questões Curriculares/VIII Colóquio Luso-Brasileiro de Currículo/II

    Colóquio Luso-Afro-Brasileiro de Questões Curriculares. Os artigos assinados refletem

    as opiniões dos seus autores e não as da Anpae, do seu Conselho Editorial ou de sua

    Direção.

    Endereço para correspondência

    ANPAE - Associação Nacional de Política e Administração da Educação

    Centro de Educação da Universidade Nacional de Brasília

    Asa Norte s/n Brasília, DF, Brasil, CEP 70.310 - 500

    http://www.anapae.org.br | E-mail: [email protected]

    Serviços Editoriais

    Capa e Planejamento gráfico: Carlos Alexandre Lapa de Aguiar.

    Editoração eletrônica: Kaliana Pinheiro

    Nossa página na Web:

    Distribuição Gratuita

  • Sumário

    Apresentação Comissão Organizadora

    23

    Currículo, formação e trabalho docente

    I – Currículo e formação docente: um diálogo necessário

    Adílcima Scardinide Moraes e Antonia Angelina Basanella Utzig 26

    II – A dinâmica da inserção dos museus de ciências no currículo da formação inicial de professores de biologia Adriana Pugliese e Martha Marandino

    37

    III – Formação continuada de professores/as na multissérie: o currículo proposto no programa escola da terra em Pernambuco e suas marcas no contexto escolar Adriana Soares de Carvalho Elias e Maria Joselma do Nascimento Franco

    46

    IV – O Estágio de estudantes de pedagogia: entre o planejado e o

    vivido

    Alan Leite Moreira e Ana Paula Furtado Soares Pontes

    56

    V – Revisitando a questão dos saberes didáticos no currículo de pedagogia a partir das recomendações da resolução CNE/CP nº 2/2015 Alessandra Ribeiro Baptista, Amélia Escotto do Amaral Ribeiro e Magda

    Cristina Dias de Lucena

    69

    VI – A formação do professor reflexivo crítico hoje

    Ana Paula Andrade 76

    VII – A Formação continuada no pnaic: concepções de orientadores de estudos e alfabetizadores Ana Paula Berford Leão dos Santos Barros, Ester Calland de Sousa Rosa e

    Selma Tânia Lins e Silva

    85

    VIII – Diálogos formativos a caminho da autoria: currículo formação e trabalho docente Ana Paula Martins e Ana Carolina Santos Martins Leite

    93

  • XVII – Feminização do trabalho docente e a problematização de gênero Carlos Augusto Gomes Cavalcanti da Silva

    171

    XVIII – O Curriculo na formação humana integral: possibilidades e desafios Carmen Aparecida Guimarães Peixoto Cavalcanti

    179

    XIX – Formação docente na cibercultura: reflexões sobre

    integração tecnológica e currículo a partir do potencial pedagógico

    dos games

    Carmen Maria Cipriani Pandini, Lidiane Goedert e Pedro Junior

    189

    IX – Discursos de responsabilização docente na produção

    acadêmico-científica (2011-2014)

    Ana Paula Peixoto Soares e Paula Eduarda Lima

    102

    X – Responsabilização docente nas políticas curriculares para formação de professores Ana Paula Peixoto Soares

    111

    XI – O dever ser e a arte de viver: dimensões da experiência docente Ana Paula Rufino dos Santos

    119

    XII – Quando os currículos transbordam: uma experiência com o ato de currículo observatório formativo no PARFOR/UEFS Ana Verena Freitas Paim e Maria Cláudia Silva do Carmo

    128

    XIII – O Regulamento do ensino normal e formação de professores primários no território do acre na década de 1940 Andréa Maria Lopes Dantas, Laís Souza da Costa e Eduardo da Cunha Franco de Sá

    137

    XIV – Políticas de currículo e formação docente: múltiplos olhares do grupo de estudos e pesquisas em políticas curriculares Ângela Cristina Albino e Maria Zuleide da Costa Pereira

    146

    XV – A aula: espaço-tempo de desenvolvimento da profissionalidade Carla Acioli Lins

    155

    XVI – Políticas de formação de professores no contexto de implementação de uma base curricular nacional Carlos Augusto Aguilar Júnior

    162

  • XX – Currículo e sexualidade: diretrizes que não são postas nas práticas da sala de aula Carolina Santos de Miranda e Gilvaneide Ferreira de Oliveira

    198

    XXI – Sobre a proliferação do discurso da falta: aproximações

    entre os discursos da educação especial e da educação e tecnologia

    Carolline Septimio

    206

    XXII – O Currículo da escola de gestores: opiniões de egressos sobre esse componente de sua formação Cássia do Carmo Pires Fernandes e Beatriz de Basto Teixeira

    215

    XXIII – Os desafios do processo de formação profissional pela via do estágio e da supervisão em serviço social: a particularidade do estado do tocantins Célia Maria Grandini Albiero

    224

    XXIV – Ambiente escolar e educação em direitos humanos: um olhar sobre o currículo, a formação e a prática docente Celma Tavares

    233

    XXV – A formação do professor de geografia da fafidam sob a ótica das matrizes curriculares de 1984 e 2007 Cláudia Simone Lemos Almeida

    242

    XXVI – A Internacionalização do pensamento de Paulo Freire: influências sobre perspectivas curriculares e formação de professores na obra de Joe Kincheloe Cristina Freund, Luisa Figueiredo do Amaral e Silva e Maria Inês

    Marcondes

    251

    XXVII – Problematizações curriculares e processos de formação docente pelas imagens narrativas juvenis Danielle Piontkovsky e Maria Regina Lopes Gomes

    260

    XXVIII – Papel do professor no currículo da jornada escolar ampliada Danise Vivian e Mariane Ohlweiler

    268

    XXIX – Entre a escola, a graduação e o mestrado: a prática de

    pesquisa como uma produção curricular e aprendizagens

    compartilhadas nas formações docentes

    Dulcimar Pereira, Camilla Borini Vazzoler Gonçalves, Nathalia Costa de

    Araújo e Josimar Barbosa Grippa

    276

  • XXX – Uma experiência de estágio como eixo articular do currículo no curso de pedagogia da UFRR Edlauva O. dos Santos, Jamile Rossetti de Souza e Leuda Evangelista de

    Oliveira

    285

    XXXI – As relações étnico-raciais no curriculo: tensões e perspectivas nas narrativas de professores, Ilha Solteira, SP Eduardo Vasconcelos da Silva e Léia Teixeira Lacerda

    294

    XXXII – Formação de professores: entre as diretrizes curriculares

    para as licenciaturas e a base nacional comum curricular

    Eliane Cleide da Silva Czernisz, Claudiane Aparecida Erram, Elaine

    Vieira Pinheiro, Camila Aparecida Pio, Lorena Dominique Vilela

    Freiberger e Isabel Francisco Barion

    302

    XXXIII – Formação em serviço e trabalho docente: pressupostos para uma dinâmica curricular Elisângela Campos Damasceno Sarmento e Mirtes Ribeiro de Lira

    310

    XXXIV – Problematização curricular por licenciandos de química:

    influências da formação inicial

    Elisa Prestes Massena e Indman Ruana Lima Queiroz

    320

    XXXV – O Discurso curricular frente aos espaços diversificados de atuação profissional do pedagogo Fabiana Maria Silva de Lima e Ana Paula Rufino dos Santos

    327

    XXXVI – Compondo com/na formação de professores com a diferença a partir do currículo Fábio Luiz Alves de Amorim e Priscila dos Santos Moreira

    335

    XXXVII – A importância do estágio supervisionado no currículo

    da licenciatura em geografia do Instituto Federal de Pernambuco –

    campus Recife

    Fernanda Guarany Mendonça Leite

    343

    XXXVIII – O PIBID como processo de formação continuada de professores supervisores de educação física Gabriel Siqueira Matos

    354

    XXXIX – Um curso outro: atos de currículo na formação do pedagogo, em movimentos Gerusa do L. C. de Oliveira Moura, Jucineide Lessa de Carvalho e Marcelo Hage Moura

    362

  • XL – “Sentido”: quem educa os militares Getúlio Neves Sena e Ana de Fátima Pereira de Sousa Abranches

    371

    XLI – Qual o lugar da imaginação infantil nos currículos de formação de professores? Gleice Aline Miranda da Paixão

    380

    XLII – As implicações do PIBID para o currículo dos cursos de formação inicial de professores Helena Maria dos Santos Felício

    389

    XLIII – A História da formação de professores de história: curriculo entre teoria e prática Herika Paes Rodrigues Viana

    399

    XLIV – A Relação teoria e prática no currículo de formação de professores Ilma Maria Fernandes Soares

    407

    XLV – Formação continuada de alfabetizadores da eja em itaboraí: o que revela essa experiência? Isabela Lemos da Costa Coutinho

    415

    XLVI – Operacionalização do estágio supervisionado na licenciatura em geografia no contexto das reformas curriculares contemporâneas Ivaneide Silva dos Santos e Joseane Gomes de Araújo

    424

    XLVII – Reflexões sobre as implicações da reconfiguração científica contemporânea na concepção de uma proposta curricular para cursos de licenciatura em geografia Jacy Bandeira Almeida Nunes, Marcone Denys Nunes e Ione Oliveira Jatobá Leal

    434

    XLVIII – Práticas educativas e rede formativa nos programas de iniciação à docência: vivências currículares no PIBID e PIBID diversidade em pernambuco Jaqueline Barbosa da Silva e Lúcia Falcão Barbosa

    442

    XLIX – O que pode uma imagem?: cartografias das tecnologias digitais na formação de professoreso que pode uma imagem?: cartografias das tecnologias digitais na formação de professores Jessiel Odilon Junglos, Luiz Guilherme Augsburger e Mirele Corrêa

    451

    L – Língua, linguagens, currículo e docência indígena Jonise Nunes Santos, Marinês Viana de Souza e Nataliana de Souza Paiva

    461

  • LI – Políticas de inclusão na escola regular: uma análise curricular e estratégica a partir da prática do professor José Salinas Reginaldo

    470

    LII – Perfil de ensino ativo no currículo da formação de professores em ciências e matemática no agreste de Pernambuco José Renato dos Santos Silva, Kátia Silva Cunha e Kátia Calligaris Rodrigues

    487

    LIII – Um olhar sobre a prática da pesquisa no trabalho docente em Mamanguape-PB Josinalva Silva Paulino e Germana Alves de Menezes

    498

    LIV – Produzindo professores e estudantes para os currículos de ciências na educação de jovens e adultos no Brasil: investigando discursos acadêmicos na/da formação de professores Juliana Marsico, André Vitor Fernandes dos Santos e Marcia Serra Ferreira

    507

    LV – Apropriações da teoria do discurso para pensar a formação docente inicial Karine de Oliveira Bloomfield Fernandes

    516

    LVI – Ser professor: representações sociais de docentes em início de carreira Laeda Bezerra Machado

    522

    LVII – As aulas de educação física e língua portuguesa: interdisciplinaridade por meio do teatro Larissa Beraldo Kawashima e Arivan Salustiano da Silva

    532

    LVIII – As ações do coordenador pedagógico na escola: possibilidades de convergência da formação continuada e do currículo Leonardo Bezerra do Carmo

    541

    LIX – Neoconservadorismo e formação de professores: tatuagens em devir Leonardo Ferreira Peixoto

    549

    LX – Trabalho, formação docente e curriculo: uma reflexão necessária ao curso de pedagogia Leyvijane Albuquerque de Araújo

    558

    LXI – Contribuições para a formação inicial no curso de pedagogia: o estágio supervisionado na educação infantil Lúcia de Mendonça Ribeiro

    574

    LXII – Desafios para a formação inicial no curso de pedagogia: a educação infantil em questão Lúcia de Mendonça Ribeiro

    584

  • LXIII – Trabalho docente como conteúdo curricular dos cursos de formação de professores: quando imunizar é melhor do que tratar Luciana Nogueira da Silva

    593

    LXIV – A Temática história e cultura afro-brasileira relacionada com a formação profissional e as percepções curriculares docentes na escola de referência em ensino médio estadual de Pernambuco Luci Maria da Silva

    603

    LXV – A “situação de estudo” no contexto da formação de professores de química: problematizações curriculares Luisa Dias Brito e Elisa Prestes Massena

    615

    LXVI – O Diálogo com o entorno escolar no contexto da formação inicial de professores de ciências e biologia Luisa Dias Brito e Carmen Roselaine de Oliveira Farias

    623

    LXVII – Formação de professores para o ensino superior: os constructos da formação pedagógica presentes no currículo de um programa institucional Márcia Mendes Ruiz Cantano e Noeli Prestes Padilha Rivas

    633

    LXVIII – O Currículo e a formação de professores para a educação profissional e tecnológica Maria Adélia da Costa

    643

    LXIX – Formação para pesquisa no currículo de pedagogia Maria da Conceição Maggioni Poppe e Ana Maria Ferreira da Costa Monteiro

    653

    LXX – Currículo: saberes e identidades no processo de formação docente Maria da Anunciação Conceição Silva

    663

    LXXI – Currículo e formação de professores em exercício na educação básica: o olhar do egresso do curso de pedagogia do PARFOR/UFPI Maria da Glória Duarte Ferro

    672

    LXXII – Diversidade étnico-racial e ensino de geografia: abordagem na formação continuada de professores de geografia das séries finais do ensino fundamental Maria das Graças Medeiros Borges e Telma Heloísa de Alencar Felix

    695

    file:///C:/Users/Kaliana%20Pinheiro/Documents/ALEXANDRE/SITUAÇÃO_DE%23_A_file:///C:/Users/Kaliana%20Pinheiro/Documents/ALEXANDRE/SITUAÇÃO_DE%23_A_

  • LXXIII – Políticas curriculares para a formação de professores no ensino superior: um olhar a partir de instituições confessionais Maria das Graças Soares da Costa, Danielle Cristine Camelo Farias e José Batista Neto

    703

    LXXIV – Formação e trabalho docente: por uma outra compreensão ideológica do currículo Maria do Carmo Nascimento Diniz

    710

    LXXV – O Estágio supervisionado do curso de ciências biológicas em escolas de diamantina: ações, intervenções e desafios Maria do Perpétuo Socorro de Lima Costa e Luan Manoel Thomé

    719

    LXXVI – A Universidade vai à escola pública: a experiência do GPEFORP com pesquisas, debates e propostas pedagógicas na perspectiva do currículo e formação docente Maria do Socorro Castro Hage e Rafael Silva Patrício

    733

    LXXVII – Histórias de vida de uma professora do timor leste: narrativas do sentir e viver na luta e labuta Maria Evangelina da Silva dos Santos e Jacqueline Cunha da Serra Freire

    741

    LXXVIII – As práticas de ensino do sistema de escrita alfabética em sua relação com as questões curriculares Maria Geiziane Bezerra Souza

    750

    LXXIX – As metodologias do ensino de língua portuguesa e matemática e sua aproximação com os saberes do cotidiano da prática docente: uma análise a partir das práticas curriculares dos professores do ensino fundamental Maria Geiziane Bezerra Souza e Priscila Maria Vieira dos Santos Magalhães

    759

    LXXX – Diretrizes, currículo e prática docente das escolas quilombolas: um olhar a partir do paradigma cultural e do contexto da educação do/no campo Mariana Ferreira da Silva

    768

    LXXXI – Os estudos de currículo na formação inicial de professoresa Maria Silvia Bacila Winkeler e Marielda Ferreira Pryjma

    778

    LXXXII – Questões curriculares na formação docente em educação especial: construindo espaços de debates Mariléia Mendes Goulart e Nádia Maria Soares Sandrini

    787

    LXXXIII – Elaboração de diretrizes curriculares e formação de professores nas orientações das agências internacionais Marisa Noda e Maria Terezinha Bellanda Galuch

    800

  • LXXXIV – As concepções de formação na formação do coordenador pedagógico Marise Leão Ciríaco e Neide de Aquino Noffs

    809

    LXXXV – Currículo integrado e ensino da prática: um projeto de estágio curricular interprofissional para os cursos da saúde Mariza Maria Barboza Carvalho

    819

    LXXXVI – Diretrizes curriculares para a formação docente: questionando a produtividade do controle Marize Peixoto da Silva Figueiredo

    832

    LXXXVII – Formação do docente magistrado no âmbito da enfam: práticas, resultados e perspectivas curriculares Marizete da Silva Oliveira, Maria Raimunda Mendes da Veiga e Roberto Portugal Bacellar

    840

    LXXXVIII – Currículo e planejamento de ensino - na perspectiva de formadores de magistrados Marizete da Silva Oliveira e Liliane Machado

    849

    LXXXIX – Currículos formação tecidos com os professores-alunos do programa nacional de formação de professores da educação básica- PARFOR Marlene Moreira Xavier e Ester Maria de Figueiredo Souza

    858

    XC – O processo de construção/reconstrução de conhecimento sob a ótica da prática pedagógica de professores(as) Marta Cordeiro da Silva Gomes, Glaucia Maria dos Santos Cordeiro e Anna Rita Sartore

    867

    XCI – (Form)ação, currículo e as tecnologias no ensino superior: práticas pedagógicas inovadoras no curso de pedagogia Mary Valda Souza Sales

    873

    XCII – Formação acadêmica, currículo e representações do trabalho docente: uma análise das percepções de graduandos e jovens professores de história Máximo Augusto Campos Masson e Maria Teresa Vianna Van Acker

    884

    XCIII – Formação de professores e reforma curricular na UERN: ampliando o debate Meyre-Ester Barbosa de Oliveira e Marcia Betania de Oliveira

    895

    XCIV – Comitês territoriais de educação integral: um espaço de formação docente Nazineide Brito, Rosevanya Fortunato de Albuquerque e Glauce Keli de O. Cruz Gouveia

    903

  • XCV – Entrelaçamento currículo e teoria/prática como elemento fundamental na formação inicial de professores Neide Cavalcante Guedes e Hilda Mara Lopes Araujo

    912

    XCVI – A Formação para a docência universitária no espaço dos cursos de pós-graduação: questões no campo da didática e do currículo Noeli Prestes Padilha Rivas

    919

    XCVII – O Projeto pedagógico do curso de licenciatura em pedagogia e a influência da política de interiorização da educação superior no agreste Pernambucano Orquídea Maria de Souza Guimarães e Maria Eliete Santiago

    930

    XCVIII – A Formação continuada de professores como forma de política cultural na contemporaneidade Patrícia de Faria Ferreira e Márcia Souza Fonseca

    940

    XCIX – O Estágio supervisionado e o PIBID na formação inicial: algumas considerações Polliana Rocha Dias Araújo, Kátia Augusta Curado Pinheiro Cordeiro da Silva e Shirleide Pereira da Silva Cruz

    949

    C – Curriculo(s) diferença e formação docente entre linhas do desejo Priscila dos Santos Moreira e Fabio Luiz Alves de Amorim

    957

    CI – Formação pedagógica e desenvolvimento profissional de “professores bacharéis” no IFRN Rejane Bezerra Barros, Betania Leite Ramalho e Isabel C. Viana

    966

    CII – O Lugar da interdisciplinaridade no currículo de formação docente: ultrapassando projetos paralelos Rita de Cássia M. T. Stano

    975

    CIII – Os sujeitos do currículo e a tessitura da educação ambiental na formação inicial de professores Rita Silvana Santana dos Santos e Vera Margarida Lessa Catalão

    984

    CIV – Entre os limites do espaço e tempo na produção das políticas: blogs como instância de articulação e produção curricular Roberta Sales Lacê Rosário

    992

    CV – Formação docente, currículo e ensino de português no Brasil Roberto Belo e Andrielle Maria Pereira

    1002

  • CVI – A Questão da leitura diante das TIC: implicações do pró-letramento na formação leitora docente Rosana Fernandes Falcão e Giovanna Marget Menezes Cardoso

    1010

    CVII – (Re) modelando o desenho no currículo: uma experiência com a abordagem metodológica “design thinking” Solange Maria de Souza Moura, Ana Paula dos Anjos Cordeiro Soares, Eloísa Santos Pinto e Igor Alcântara de Souza Silva

    1024

    CVIII – Interfaces entre o currículo e a construção da identidade profissional nos cursos de licenciatura do IFAL: a formação dos professores e suas narrativas Stephanie Silva Weigel Gomes, Regina Maria de Oliveira Brasileiro e Elisabete Duarte de Oliveira

    1036

    CIX – Docência e formação inicial: o PIBID em discussão Sydione Santos

    1044

    CX – Currículo e gestão: um estudo do curso de pedagogia para formação inicial do diretor escolar Tania da Costa Fernandes e Amanda Yuri Nishiyama de Alencar

    1052

    CXI – As artes de fazer de professores e alunos nas invenções de culturas, currículos e cotidianos escolares Tânia Mara Zanotti Guerra Frizzera Delboni e Sandra Kretli da Silva

    1061

    CXII – A Lei 10.639/03 e o coordenador pedagógico: a escola como espaço de formação Thatiana Barbosa da Silva

    1070

    CXIII – A Formação de professores de matemática na licenciatura em educação do campo Vanessa Franco Neto e Camila de Oliveira da Silva

    1077

    CXIV – Currículo, formação inicial de proferessores e relações étnico-raciais Verônica Moraes Ferreira

    1086

    CXV – O PEPE como ferramenta da indissociabilidade do ensino-pesquisa-extensão na formação do licenciado: a experiência do curso de licenciatura em ciências sociais da universidade de Pernambuco (UPE) Whodson Robson da Silva

    1095

  • 23

    Apresentação

    Os XII Colóquio sobre Questões Curriculares/ VIII Colóquio Luso-Brasileiro de

    Currículo/II Colóquio Luso-Afro-Brasileiro de Questões Curriculares foram realizados,

    simultaneamente, nos dias 31 de agosto, 1 e 2 de setembro de 2016 na

    Universidade Federal de Pernambuco, em Recife, Pernambuco/Brasil. Este

    evento que se realiza, tradicionalmente, de forma alternada, em Universidades

    portuguesas e Universidades brasileiras, congregou, mais uma vez, acadêmicos,

    estudantes de pós-graduação e profissionais da área da educação que investigam

    e debatem questões atinentes ao campo dos Estudos Curriculares.

    Ao mesmo tempo em que constitui um espaço científico privilegiado

    para a socialização de estudos e pesquisas, o evento favorece um

    intenso intercâmbio entre pesquisadores/as do Brasil, de Portugal e de Países

    Africanos. A riqueza, amplitude e complexidade dos temas que foram abordados

    ao longo do evento contribuíram para ampliar o debate necessário ante os

    problemas e desafios que as questões contemporâneas trazem para o campo do

    currículo. Sendo um espaço privilegiado para a reflexão, discussão e troca de

    experiências, a realização simultânea destes três colóquios propiciou,

    também, maior aprofundamento do debate entre os profissionais de Educação,

    em geral, e do Currículo, em particular, de diferentes países, com destaque para

    os da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

    O tema central dos Colóquios – CURRÍCULO: ENTRE O COMUM

    E O SINGULAR – constituiu a referência maior das atividades organizadas a

    partir de dezesseis Eixos Temáticos.

    Dentre as múltiplas atividades dos Colóquios destacaram-se a

    apresentação e debate de mais de seiscentos trabalhos no formato de

    comunicações orais, bem como as conferências plenárias, as discussões nas

    mesas redondas, as reuniões de grupos de pesquisadores e reuniões político-

    organizativas de entidades científicas e as atividades culturais.

    O evento recebeu apoio do Instituto de Educação da Universidade do

    Minho, da Universidade Federal de Pernambuco, da Universidade Federal Rural

    de Pernambuco, da Universidade de Pernambuco, do Instituto Federal de

    Educação Tecnológica, da Secretaria de Educação de Pernambuco, do Sindicato

    dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco, da CAPES, dentre outros.

    Concorreu, sobremaneira, para o sucesso dessa edição do Colóquio de Currículo,

  • 24

    o trabalho dedicado do comitê científico, dos assessores ad-hoc e das comissões

    organizadoras no Brasil e em Portugal.

    Por fim, mediante a entrega destes ANAIS, a Comissão Organizadora

    socializa com o público as comunicações orais que foram apresentadas e

    debatidas nos vários painéis, com a certeza de que mais um passo foi dado na

    direção do fortalecimento do campo do currículo, ao mesmo tempo em que

    novas questões educacionais desafiam os pesquisadores para a busca de respostas

    que se revelam sempre provisórias.

    Comissão Organizadora

  • 25

    CURRÍCULO, FORMAÇÃO E TRABALHO

    DOCENTE

  • 26

    - I -

    CURRÍCULO E FORMAÇÃO DOCENTE: UM

    DIÁLOGO NECESSÁRIO

    Adílcima Scardini de Moraes –FAEST (Brasil)

    Antonia Angelina Basanella Utzig –FAEST (Brasil)

    INTRODUÇÃO

    A partir da compreensão de que o currículo é um dos principais

    elementos constituintes da escola, e que este possibilita seu contínuo processo de

    educar, objetivamos neste trabalho identificar o valor do saber escolar, o que

    precisamente abrange o currículo, estrutura, e sua indispensabilidade na escola,

    para o desenvolvimento da formação de sujeitos.

    Partindo deste contexto é primordial entender a função social da escola,

    como também é fundamental localizá-la nos dias atuais, verificando os diversos

    papéis por ela exercidos no decorrer do tempo. Para tal entendimento a

    compreensão do significado da palavra currículo se faz necessário. Alguns

    autores denominam o currículo como um documento de identidade. Uma

    definição bastante plausível é a do Dicionário Aurélio (2012, p.214) que nos diz

    que a palavra Currículo tem por significado “as matérias constantes de um

    curso”. Segundo Goodson (2003), currículo vem da palavra latina scurrere, correr,

    e refere-se ao curso (ou pista de corrida). As implicações dessa etimologia

    definem currículo como um curso a ser seguido. Assim, o currículo, de acordo

    com Barrow (1984, p. 3), citado por GOODSON (2003, p. 31), “deve ser

    entendido como ‘conteúdo´ a ser apresentado para estudo”. Ainda existem

    inúmeras definições de currículo, entre eles está a de César Coll (1998, p. 33):

    “Currículo é um elo entre a teoria educacional e a prática pedagógica, entre o planejamento e a ação, entre o que é prescrito e o que realmente sucede na sala de aula”.

    Fazendo uso desse conceito podemos fazer outras definições que

    certamente servirão para elucidar melhor a questão que serve de título. Podemos

    entender como currículo toda ação planejada, que permeia a prática educativa e

  • 27

    é estabelecido por todas as pessoas envolvidas na comunidade (alunos, porteiro,

    professor, diretor e toda equipe escolar).

    Partindo do pressuposto de que o currículo é uma construção cultural

    composta por aquilo que a escola ensina nas suas disciplinas e também todas as

    formas de aprendizagem e habilidades que queremos que nossos alunos tenham.

    “Currículo é uma construção social do conhecimento, pressupondo a sistematização dos meios para que esta construção se efetive; a transmissão dos conhecimentos historicamente produzidos e as formas de assimilá-los, portanto, produção, transmissão e assimilação são processos que compõem uma metodologia de construção coletiva do conhecimento escolar, ou seja, o currículo propriamente dito” (VEIGA, 2002, p.7).

    Entendemos que o currículo não é solidificado, pelo contrário, ele foi e

    continua sendo construído. A reflexão sobre isso é importante, porque,

    conforme Veiga (2002, p. 7) afirma, “a análise e a compreensão do processo de

    produção do conhecimento escolar ampliam a compreensão sobre as questões

    curriculares”.

    Sendo assim currículo é uma seleção cultural, não é neutro, não é estático

    e se constitui como uma práxis, marcada por representações de poder.

    Silva nos traz a seguinte fala sobre o assunto:

    “Os estudos críticos do currículo têm apontado, pois, que a seleção cultural, aquilo que se define como legítimo a ser ensinado nas escolas, sofre determinações políticas, econômicas, sociais e culturais. Geralmente, os conhecimentos mais valorizados incluem tradições culturais de grupos e classes dominantes e, por consequência, excluem as tradições culturais de classes e “grupos subordinados” (Silva, 1990, p. 61).

    Conforme a citação acima observamos que a análise do currículo é uma

    condição para conhecer a escola. O currículo é um cruzamento de práticas

    diversas que subsistem a diferentes abordagens em contextos históricos distintos.

    Conhecer as teorias que fundamentam o currículo é uma construção necessária

    para adequação das falas explicitadas em momentos de dialogicidade. Qual

    discurso será necessário na formação de sujeito críticos e cônscios do seu papel

    na sociedade de classes? Em quais disciplinas curriculares o professor deve fazer

    o contra discurso afim de esclarece as questões ideológicas presente nos

    diferentes discursos nos mais variados meios de comunicação? As indagações são

  • 28

    diversas, as respostas a elas, nem tanto, mas tudo isso se traduz em convite para

    o estudo de formação continuada.

    O CURRICULO: O QUE É E PARA QUE SERVE

    Os componentes do currículo podem ser percebidos nos objetivos de

    ensino e conteúdos que se fundamentam em concepções epistemológicas,

    filosóficas, políticas, sociais, culturais entre outras (o que ensinar). Nas

    sequências de conteúdos e a faixa etária, bem como nas capacidades cognitivas

    do educando – discurso da Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem –

    (quando ensinar). Nas questões referentes aos métodos e técnicas (recursos de

    ensino) do processo educativo, presentes nos pressupostos metodológicos que

    fundamentam a prática pedagógica (como ensinar). A avaliação finaliza a

    composição do currículo, nesta se faz notar a qualidade do que foi construído

    por professor e aluno no decorrer do processo, entendendo aqui a aprendizagem

    como superação do conhecimento do senso comum, que o aluno possui ao

    chegar à escola, e a transformação deste em conhecimentos científicos, através

    da mediação do professor numa relação dialógica crítica, emancipadora, coletiva

    e de interação social no processo de construção do conhecimento (o que, como

    e quando avaliar).

    Cada escola adota diferentes modos de organização social para realizar

    suas atividades educativas. Suas ações são de acordo com a diversidade cultural

    do grupo concreto que a constitui. Assim podemos perceber a multiplicidade do

    currículo que é norteado pelos parâmetros curriculares nacionais, mas com

    diferentes facetas. O projeto político pedagógico da escola expressa parte da

    intencionalidade do currículo, desse modo ele é único, portanto abrangente.

    Numa perspectiva de educação pautada numa abordagem tradicional o

    currículo era concebido como uma listagem de conteúdos a serem ensinados no

    decorrer de um período letivo. Na pedagogia progressista o currículo ganha

    proporção muito maior e passa a ter centralidade no processo porque está

    relacionado à didática e toda ação intencional ou não, naquilo que realmente

    sucede na sala de aula. A prática pedagógica traz consigo os fundamentos

    teóricos, epistemológicos, filosóficos, históricos, psicológicos entre outros. Os

    fundamentos teóricos são norteadores do processo de ensino e ligados a estes

    estão os fundamentos metodológicos presentes no caminho a ser trilhado por

    professores e alunos. A interdisciplinaridade requer dos diferentes sujeitos

  • 29

    postura de diálogo, coletividade e pesquisa e isso nem sempre é possível. A

    disciplinaridade traz a especificidade em cada ciência, mas o debate entre elas só

    é possível se os diferentes sujeitos se dispuserem.

    Ao falar em Interdisciplinaridade, Fazenda (1979) considera, uma relação

    de reciprocidade, de mutualidade, que pressupõe uma atitude diferente a ser

    assumida frente ao problema de conhecimento, ou seja, é a substituição de uma

    concepção fragmentária para unitária do ser humano. Haja visto, segundo

    Fazenda, o homem é um ser completo e as suas relações com o meio também o

    são, assim só faz sentido estudá-lo em sua totalidade e não em fragmentos.

    Perante contextualização esse conhecimento científico curricular só ganha

    sentido num processo de aplicabilidade, de uso.

    A construção do currículo perpassa também pela vivência do aluno no

    seu cotidiano, daquilo que ele traz da sua cultura, da realidade histórica, cultural,

    econômica, social, entre outras. Partindo dessa premissa reafirmamos que cada

    escola é única e assim cada uma tem um currículo diferenciado, construído para

    contemplar as exigências que a sociedade impõe à formação do sujeito crítico e

    participativo.

    As avaliações de larga escala tem se construído em torno de descritores

    de aprendizagem. Qual o domínio que o discente precisa ter nas diferentes

    habilidades de leitura, escrita e raciocínio lógico matemático em cada fase etária?

    A leitura e a capacidade de interpretação se constroem a partir da

    vivência do sujeito, do que o seu meio propicia, das possibilidades sócio culturais

    de ampliação da visão de mundo.

    A leitura e a escrita aparecem como objetivos prioritários da Educação Fundamental. Espera-se que, no final dessa etapa, os alunos possam ler textos adequados para a sua idade de forma autônoma e utilizar os recursos ao seu alcance para referir as dificuldades dessa área – estabelecer inferências, conjeturas; reler o texto; perguntar ao professor ou outra pessoa mais capacitada fundamentalmente -; também se espera que tenham preferências na leitura e que possam exprimir opiniões próprias sobre o que leram. (SOLÉ, 2009, p. 34)

    A partir de Solé pode se constatar que a objetividade da leitura levará o

    sujeito a se construir como capaz de interagir com o mundo e a realidade que o

    cerca. Sendo a leitura tão importante no processo a escola precisa garantir em seu

    currículo que as estratégias leitoras sejam intensificadas de modo que todos os

  • 30

    sujeitos que na escola ingressam consigam ler de fato, ler para o seu deleite e

    prazer, ler para descobrir, ler para aprender e escrever.

    A produção escrita de gêneros textuais específicos só é possível através

    de atividades intensificadas de sequência didática como estratégia de ensino que

    tem início com a leitura do gênero que se quer produzir. Formam-se leitores e

    escritores com projetos didáticos voltados para essas estratégias de ensino. O

    projeto curricular se pauta na intencionalidade da prática pedagógica. Se a escola

    em seu conjunto visa a formação de leitores e escritores há que se pensar em

    intervenções que perpassam todas as áreas do conhecimento, todas as disciplinas

    da matriz curricular. Ensinar a ler e escrever é função da escola e não de uma

    disciplina em específico, mas de todas. A utilização do espaço e do tempo

    pedagógico são duas variáveis importantes a se considerar em qualquer plano de

    intervenção pedagógica.

    O planejamento de atividades diversificadas, a organização de grupos de

    trabalho considerando os níveis de desenvolvimento dos alunos, a distribuição

    de atividades na rotina diária, são possibilidades de uma nova organização

    didática. O currículo escolar é recheado de intencionalidades. Tornar as

    intencionalidades do processo em práticas desafiadoras é a grande questão.

    A formação inicial dos cursos de graduação lato sensu é deficitária, mas

    talvez o déficit se dê exatamente pelo distanciamento que as universidades têm

    da educação básica em seu conjunto. As teorias são estudadas de forma isolada,

    distante do contexto em que se desenrola a ação de ensinar e aprender. Sendo a

    teoria o alicerce da prática educativa a apropriação desta se dá num contexto de

    distanciamento do espaço, e das situações didáticas de sala de aula, “[...] quem

    forma se forma e re‐forma ao formar e quem é formado forma‐se e forma ao ser

    formado”, como já nos afirmava o saudoso Paulo Freire (1996, p.25).

    A formação dos professores nos cursos de graduação acontece de forma

    distante do contexto escolar. Esse distanciamento é inevitável, mas a academia

    precisa interagir com a educação básica e estabelecer diálogos com os sistemas

    de ensino (municipal e estadual) para conhecimento das concepções filosóficas e

    epistemológicas que dão centralidade ao currículo escolar. Quais são as

    expectativas de formação dos alunos e pais de cada comunidade escolar?

    As práticas de estágio e regência em sala de aula nos anos iniciais do

    ensino fundamental por si só não garantem ao acadêmico o conhecimento das

    práticas desenvolvidas no contexto escolar, desse modo, acredita-se que as

    universidades e faculdades de formação de professores precisam aproximar mais

  • 31

    dessa etapa de ensino a fim de contribuir no desenvolvimento de um currículo

    que permita as manifestações de identidade, cultura, diversidade, gênero, entre

    tantas outras. O ensino superior - com seus doutores e mestres - agrega

    conhecimentos teóricos necessários ao desenrolar desse diálogo e tantos outros

    debates fundamentais para propiciar aos professores da educação básica a solidez

    de uma práxis que melhor atenda às exigências de formação e desenvolvimento

    dos diferentes sujeitos com os quais a escola trabalha.

    O fluxo de informações e acontecimentos da sociedade globalizada é

    gigantesco. Por mais que uma pessoa seja conectada com os meios de

    comunicação e tecnologia não consegue acompanhar as transformações da

    sociedade. As exigências da mesma em relação ao professor são inúmeras, deste

    modo, aqueles que não se atualizam acerca dos conhecimentos curriculares,

    práticas metodológicas e novas tendências educacionais estão fadados ao fracasso

    na atuação profissional.

    O currículo em ação é marcado pela subjetividade das ações mediadas

    pelo professor com suas intervenções, propondo situações para que o aluno, com

    suas experiências, sua cultura e as interações promovidas entre seus pares,

    exponha seu pensamento, sua forma de elaborar e aprender. Essa vivência de sala

    de aula está distante do acadêmico em formação, então o planejamento

    inicialmente se dá num contexto superficial, ou seja, apenas dos aspectos

    didáticos e científicos dos conteúdos escolares, sem que o docente aprendiz

    conheça os alunos concretos com os quais terá que atuar. É a fragmentação de

    uma prática que acontece em meio a tantas manifestações desconhecidas pelos

    estagiários, que não permite conhecer o antes, e nunca chegam a saber o que

    acontece depois, assim preenchem uma lacuna que não tem sentido para os

    alunos e nem estagiários do curso de Pedagogia.

    Segundo Bahia e Paim1 formação é,

    1 BAHIA, Carmem de Britto; PAIM, Ana Verena Freitas. CURRÍCULO E FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM EXERCÍCIO: REVISITANDO TEMPOS, ESPAÇOS E SUJEITOS. In: ESPAÇO DO CURRÍCULO, v.3, n.1, pp.337-347, março de 2010 a setembro de 2010. Disponível em ISSN 1983-1579 http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/rec

  • 32

    “Uma expressão que pode suscitar inúmeras interpretações, mas ao se tratar da formação no campo da docência, e, especificamente, de professores que já estão em exercício. É preciso ter clareza de que há aspectos que são próprios desse

    universo sócio‐ formativo que precisam ser levados em consideração e nesse sentido, o currículo precisa ser configurado em função das especificidades desse coletivo de sujeitos” (p. 345)

    A formação continuada de professores tem entre as suas funções auxiliar

    o professor na construção da prática pedagógica reflexiva. O aporte teórico é

    fundamental, pois é através dos conceitos epistemológicos que a ação pedagógica

    vai sendo construída. A teoria é a fonte, é o principio.

    Na formação continuada as dificuldades são outras como: jornada

    intensa de trabalho, aulas em diferentes escolas, falta de recursos materiais,

    estrutura física inadequada, são agravantes no processo. Assim os professores

    participam das formações por imposições do sistema e acabam apenas

    reproduzindo tarefas, materiais, atividades e não se constroem como sujeitos de

    sua própria prática.

    O plano de formação parte sempre do estudo teórico para

    posteriormente planejar a prática pedagógica. A principal dificuldade está

    relacionada com questões curriculares relacionadas a “O que ensinar” “Como

    organizar a prática diária” “Quanto tempo deve destinar a cada conteúdo ou

    atividade”2. Essas questões são manifestas diariamente pelos professores em

    exercício. O professor não se sente sujeito de sua prática, não confia no seu

    aprendizado, tem medo de ousar e errar, então, na maior parte do tempo, repete

    modelos, esses fundamentados numa abordagem de educação tradicional e de

    repetição de modelos impostos numa pedagogia liberal, em que os diferentes

    direitos do indivíduo fazem parte apenas dos discursos. O “quando ensinar”,

    orientação da Psicologia da Aprendizagem que nos informa sobre o domínio

    cognitivo da criança em cada uma de suas fases traduzidas em estágios de

    desenvolvimento, o que nos possibilita agrupar os alunos por turma/ano escolar.

    Para que a formação docente seja compatível com a realidade. A

    formação de professores nos cursos de graduação não pode acontecer de forma

    2 Grifo nosso

  • 33

    isolada. Sendo assim as universidades precisam dialogar com a educação básica,

    assim como, esta necessita da academia para o aprofundamento das concepções

    teórico – metodológica que permeiam o fazer pedagógico.

    Foram pontuadas diversas questões referentes à formação inicial do

    professor obtida através das academias, as práticas de ensino dos estagiários em

    formação, os cursos de formação continuada em programas e sistemas de ensino

    no sentido de trazer à tona as dificuldades encontradas no cotidiano escolar.

    Ressalta-se aqui, insistentemente a necessidade de diálogo entre as academias e a

    educação básica.

    O ministério da educação produz materiais bibliográficos de excelente

    qualidade, mas não propicia um debate, encontros entre os professores e as

    universidades para desenvolvimento de estudos utilizando os materiais

    produzidos, enquanto responsável pelo estabelecimento de um sistema

    educacional, deixa a desejar, assim percebe-se que impera na sociedade brasileira

    muitos equívocos que precisam ser corrigidos, melhorados. A formação do

    professor, sem dúvidas, passa também por uma jornada de trabalho excessiva,

    além do exercício da prática docente em duas ou mais escolas, o que também

    interfere no bom desenvolvimento das funções do mesmo. Os sistemas de

    ensino, municipal e estadual, nem mesmo conseguem dialogar e fazer um

    trabalho de integração e parceria, deste modo, aumenta ainda mais a jornada do

    professor, que tem de atender a dois sistemas diferentes para situações que nem

    se diferem, pois atuam no mesmo município.

    Talvez em momentos formativos como congressos, colóquios,

    seminários e muitos outros encontros possam elucidar essas questões curriculares

    extremamente importantes na construção de uma prática pedagógica que ensine

    nossos meninos e meninas da educação básica a ler, escrever, raciocinar

    logicamente e se situar no mundo em que vivem de forma crítica, dialógica e

    criativa.

    Rubem Alves, em seu livro Entre a Ciência e a Sapiência diz:

    “Assombra–me a incapacidade das escolas de criar sonhos! Enquanto isso os meios de comunicação, principalmente a televisão, que conhecem melhor os caminhos dos seres humanos, vão seduzindo as pessoas com seus sonhos pequenos, frequentemente grotescos. Assombra-me a capacidade dos meios de comunicação de criar sonhos! Mas de sonhos pequenos e grotescos só pode surgir um povo de ideias pequenas e grotescas”. (2001, p. 148)

  • 34

    O sonho existe, porém não podemos viver dos sonhos, para gestar uma

    educação de qualidade, para fundamentar um currículo criativo que contemple

    as exigências e necessidades para a formação de um povo.

    A luz de nossa compreensão, afirmamos ser importante e fundamental

    a formação docente passar pela vivência em sala de aula, fazer parte dos projetos

    políticos pedagógicos das unidades escolares a fim de se estabelecer um

    norteamento para a prática pedagógica.

    Em Castellar (2010:7), “o processo de formação inicial de professores

    deveria integrar as bases teóricas com a prática cotidiana”, assim os futuros

    professores teriam uma maior imersão no ambiente escolar e uma maior

    significação dos conteúdos vistos durante sua formação. Por isso precisamos

    repensar na construção dos currículos sua formação deveria vir de todo contexto

    social e real dos envolvidos.

    CONSIDERAÇÕES FINAIS

    Sabe se que a política educacional tem um valor significativo no que se

    refere à construção do currículo, mas é necessário que as escolas tais como seu

    funcionamento não tomem com isto como receita a ser cumprida, pois a mesma

    refere-se a currículo como estratégia de ação deixando as escolas responsáveis

    pela construção do seu currículo e consequentemente do projeto pedagógico.

    Um currículo tem influências do âmbito macro político administrativo,

    também tem interferência de tudo que se cria na cultura e na ciência, as decisões

    pedagógicas, as inovações, os sistemas educativos, produção de meios e práticas

    pedagógicas. Todas devem estar em sintonia para que o currículo aconteça. Ao

    elaboramos um currículo devemos ter clareza de expectativa de aprendizagem,

    de como será o processo evolutivo, os livros didáticos e analisar o tempo de e da

    escola. Devemos ter em mente que currículo é um sistema integrado não basta

    ter algumas boas ideias precisa se pensar num contexto todo. Sabemos que as

    bases curriculares são: a sociedade, as políticas, a escola, o professor e o aluno.

    Se não houver organização e relação desses critérios não haverá educação, pois,

    os mesmos se tornam coadjuvantes neste processo.

    Para que não fique apenas no discurso, o ponto crucial a ser considerado

    é justamente a diversidade que o processo de reorientação curricular evidencia

    nos diferentes espaços. Embora seja desencadeado a partir de momentos

    organizacionais comuns, apresenta uma variedade de práticas de escola para

  • 35

    escola, variação essa que depende das necessidades especificadas pelos diferentes

    coletivos escolares. Destarte, os momentos organizacionais não podem ser

    compreendidos como uma receita ou um ritual a ser inconscientemente

    cumprido, pois o que se busca não é um produto preestabelecido, mas a

    preocupação de um processo de construção, cuja experiência criativa é o

    principal conteúdo a ser desenvolvido.

    As orientações curriculares presente nos parâmetros curriculares estão

    defasadas, precisam ser revistas a fim de que as unidades escolares se preocupem

    na formação dos sujeitos de hoje, inseridos numa cultura tecnológica, onde o

    fluxo de informações é constante, mas o saber escolar formal e científico não se

    resume em informação, o que é diferente do processo de conhecer. O saber

    escolar desse ser sólido para garantir aos alunos uma formação de qualidade.

    A formação continuada de professores é uma necessidade. Refletir sobre

    os fundamentos teóricos que alicerçam a práxis é uma exigência contemporânea

    desse modo, o sistema de ensino deve proporcionar aos diferentes profissionais

    da educação espaço e tempo para esses debates. Toda prática pedagógica precisa

    ser estudada, coso contrário, o professor não se constrói sujeito de sua prática.

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    ALVES, Rubem. Entre a Ciência e a Sapiência: o dilema da educação. Loyola, São Paulo, 5ª Ed., 2001.

    BAHIA, Carmem de Britto; PAIM, Ana Verena Freitas. CURRÍCULO E FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM EXERCÍCIO: REVISITANDO TEMPOS, ESPAÇOS E SUJEITOS. In: ESPAÇO DO CURRÍCULO, v.3, n.1, pp.337-347, Março de 2010 a Setembro de 2010. Disponível em: http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/rec ISSN 1983-1579.

    Barrow (1984, p.3, in MOREIRA, Antônio Flávio Barbosa(org). Currículo: Questões atuais. São Paulo: Papirus,1997.

    CASTELLAR, Sônia. VILHENA, Jerusa. Ensino de geografia. São Paulo: Cengage Learning, 2010.

    COOL, César. Psicologia e Currículo. Ática, São Paulo, 3ª Ed., 1998.

    GOODSON, Ivor F. Currículo: teoria e história. Tradução de Tílio Brunetta. 6. ed. Petrópolis: Vozes. 2003.

    http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/rec%20ISSN%201983-1579

  • 36

    SAVIANI, Nereide. Saber Escolar: Currículo e Didática, Autores associados, São Paulo, 3ª Ed., 2000.

    SILVA. T. T. Documentos de identidade. Petrópolis: Vozes, 1997.

    SILVA, T. T.; MOREIRA, A. F. Currículo, cultura e sociedade. São Paulo: Cortez, 1995

    SOLÉ, Isabel. Estratégias de Leitura. Porto Alegre, Artmed,6ªed. 2009

    FAZENDA, Ivani Catarina Arantes (Org.). Integração e interdisciplinaridade no ensino brasileiro: efetividade ou ideologia? São Paulo: Loyola, 1979.

    FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário de Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1972

    LLAVADOR, F. Beltrán. Las determinaciones y el cambio del currículo. In: ANGULO, José Félix; BLANCO, Nieves (Coord.). Teoría y desarrollo del currículo. Málaga: Ediciones Aljibe, 1994. p. 369-383.

    VEIGA NETO, ALFREDO. De Geometrias, Currículo e Diferenças IN: Educação e Sociedade, Dossiê Diferenças-2002.

    ZABALA, Antoni. A prática educativa. Porto Alegre, Artmed, 1998.

  • 37

    - II -

    A DINÂMICA DA INSERÇÃO DOS MUSEUS DE

    CIÊNCIAS NO CURRÍCULO DA FORMAÇÃO

    INICIAL DE PROFESSORES DE BIOLOGIA

    Adriana Pugliese - Universidade Federal do ABC (Brasil)

    Martha Marandino - Universidade de São Paulo (Brasil)

    INTRODUÇÃO

    Diante de um cenário tão abrangente, é sempre uma tensão fazer

    escolhas que direcionem conteúdos e práticas a serem apresentados e debatidos

    durante a formação inicial de professores. Nóvoa (1992) disserta sobre as

    questões de poder e de saber envolvidas no processo formativo e afirma que mais

    que um lugar de aquisição de técnicas e de conhecimentos, a formação docente

    é um momento crucial da socialização e da configuração profissional. A escolha

    da abordagem de uma temática em detrimento de outra no currículo da formação

    inicial de professores norteia o que deve ser contemplado e o que não deve ser

    discutido nessa etapa da formação.

    Para Moreira e Silva (2002), o currículo não é um elemento inocente e

    neutro; ele transmite visões sociais particulares e interessadas, produzindo

    identidades individuais e sociais particulares num discurso constante de relações

    de poder.

    Por mais que sofra inúmeras influências sociais, o currículo da educação

    formal, não é capaz de agregar tudo o que acontece fora da escola. Forquin

    (1993), ao se referir à seletividade da cultura escolar, discute que apesar de

    estabelecida a função de conservação e de transmissão culturais, a educação

    escolar incorpora apenas parte dos saberes, competências e símbolos

    mobilizadores.

    Segundo as Propostas de Diretrizes para a Formação Inicial de

    Professores da Educação Básica (MEC, 2000), se a reforma da Educação Básica

    sinaliza para uma formação voltada à construção da cidadania, incorporando

    questões sociais imediatas, isso não pode ser realizado se os professores não

    tiverem uma consistente e ampla formação cultural. Nesse contexto aparecem os

  • 38

    museus, especialmente os museus de ciências, na formação de professores de

    Biologia, com seu currículo, didática e estratégias próprias.

    Para Marandino (2014), a inserção de novas temáticas nos cursos de

    Licenciatura tem gerado a necessidade de pensar em conteúdos curriculares que

    possam favorecer parcerias entre universidade, escola e museus, assumindo que

    atividades museais podem ser inovadoras para e na formação docente.

    Assim percebe-se a legitimidade dos museus na composição dos

    currículos dos cursos de formação de professores e a quão rica, diversa e profícua

    pode ser uma formação que inclua as coleções, os objetos, as exposições

    propriamente ditas e toda e qualquer atividade educativa que aconteça no espaço

    museal.

    Este trabalho analisou os diálogos entre os componentes curriculares a

    fim de compreender como acontece a inserção das atividades de campo e visitas

    a museus no currículo de formação inicial de professores de Biologia.

    METODOLOGIA

    A análise dos dados baseou-se no conceito de currículo como processo

    (GIMENO SACRISTÁN, 2000, 2013), e nos estudos de Basil Bernstein (1996,

    1998) como referencial teórico-metodológico, mas também nas produções do

    grupo português “Estudos Sociológicos da Sala de Aula” (ESSA), além dos

    estudos de Galian (2008).

    A pesquisa é qualitativa e trata do curso de Licenciatura em Ciências

    Biológicas da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP

    Assis); tomamos por base da análise documental o projeto pedagógico do curso

    (PPC), planos de ensino das disciplinas e entrevistas com docentes.

    O discurso pedagógico de Bernstein se define como o processo de

    comunicação e de produção dos textos (currículos, práticas, atores etc.); divide-

    se em três contextos: primário (produção), secundário (reprodução) e terciário

    (mediação). O terciário, foco desta análise, é dividido em dois campos de

    recontextualização (oficial e pedagógico –, CRO e CRP). No CRO tem-se um

    Discurso Pedagógico Oficial (DPO) que, em nosso estudo, se estabelece a partir

    das diretrizes do MEC (as gerais de formação de professores (BRASIL, 2002) e

    as específicas dos cursos de Ciências Biológicas (BRASIL, 2001)).

    Foram utilizados instrumentos de análise (descritivos) baseados no

    discurso pedagógico e suas possíveis recontextualizações (classificação), de modo

  • 39

    a compreender como a temática museal e as atividades de campo estão sendo

    abordadas em um curso considerado como de melhor aproveitamento pelo

    MEC.

    A classificação representa as relações entre as diferentes categorias: as

    relações estabelecidas entre os diferentes componentes curriculares. Os

    descritivos são indicadores das regras discursivas e apresentam uma escala de

    valores com quatro graus de classificação – de muito forte a muito fraco (C++,

    C+, C-, C--). Essa escala considera a relação entre os discursos presentes nos

    componentes curriculares em duas situações: (1) de modo geral, independente de

    temáticas; (2) e especificamente no viés das atividades de campo e visitas a

    museus.

    A seguir (Tabela 1), uma proposta da relação dos componentes

    curriculares do curso independente de uma temática. A classificação é forte ou

    fraca dependendo do quanto são estabelecidas articulações entre os componentes

    curriculares (disciplinas de formação geral, disciplinas didático-pedagógicas,

    estágio e atividades complementares – ou acadêmico-científico-culturais:

    AACC). A análise ainda traz informações da relação dos componentes no viés

    das atividades de campo e visitas a museus (PUGLIESE, 2015; PUGLIESE;

    MARANDINO, 2015).

    Tabela 1: Instrumento de caracterização da classificação dos

    discursos dos diferentes componentes curriculares.

    Indicador: O currículo da formação inicial do professor de biologia.

    Característica de análise: As relações entre os discursos dos componentes

    curriculares.

    C++ Ações presentes em disciplinas de formação geral não dialogam com ações

    das disciplinas de formação didático-pedagógica e/ou vice-versa; as ações

    presentes nos estágios não dialogam com as ações de disciplinas; as ações

    presentes no viés das atividades complementares não estão contidas na

    discussão de outros componentes curriculares.

    C+ Ações presentes em um componente curricular dialogam exclusivamente com

    apenas outro componente (exemplo: disciplina de formação geral com

    disciplina de formação didático-pedagógica).

  • 40

    C- Ações presentes em um componente curricular dialogam com pelo menos

    dois outros componentes (exemplo: disciplina de formação geral com

    disciplina de formação didático-pedagógica e com estágio).

    C-- Ações presentes em um componente curricular dialogam com todos os outros

    componentes (exemplo: disciplina de formação geral com disciplina de

    formação didático-pedagógica e estágio e AACC).

    ANÁLISE CURRICULAR DO CURSO DE LICENCIATURA

    Sobre as relações entre os discursos dos componentes

    curriculares

    Para analisar a relação entre os discursos e assumindo a ideia de

    totalidade que um PPC impõe, percebem-se trechos que corroboram a proposta

    de articulação entre as fronteiras curriculares para o curso estudado. O excerto a

    seguir sugere uma fraca classificação na relação entre os discursos das disciplinas

    didático-pedagógicas.

    [...] 405 horas de estágio curricular supervisionado, dado pela área de Educação e, 525 horas de prática, acoplado a área de biologia e com componentes curriculares de formação pedagógica. Estas práticas de ensino que articulam teoria e prática, como componente curricular, foram estruturadas em quatro áreas do Departamento [...] com o intuito de uma maior interação entre os conteúdos ministrados e docentes do curso, perfazendo um total de 315 horas. (PPC, p. 5).

    Salienta-se que várias disciplinas de Prática de Ensino são ministradas

    por docentes de formação geral. Nesse sentido, como o professor da disciplina

    de uma área específica ministra a disciplina de Prát. de Ensino de tal área, é

    natural que as ações da disciplina de formação geral dialoguem com aquelas da

    disciplina de formação didático-pedagógica. Por fazer referência ao uso do

    conhecimento de disciplinas de campos diferentes para a promoção de projetos

    de ensino-aprendizagem, o próximo excerto sugere o esbatimento das fronteiras

    dos discursos das disciplinas de formação geral e de formação didático-

    pedagógica, o que ratifica uma fraca classificação (Tabela 1) e contribui para uma

    dinâmica de ações interdisciplinares.

  • 41

    Criar, implementar, avaliar e aperfeiçoar projetos de ensino e aprendizagem, articulando-os com outras áreas do conhecimento, estimulando na escola ações coletivas e multidisciplinares (PPC, p. 16).

    Indicações de como as ações pedagógicas devem acontecer de forma

    integrada (articulação entre teoria e prática e entre as áreas de Ciências Biológicas

    e Educação) são prescritas várias vezes no texto do PPC; esse discurso evidencia

    a intenção da promoção de interdisciplinaridade ao longo do curso.

    A sugestão de que um diálogo seja estabelecido entre os componentes

    curriculares das disciplinas de formação geral, didático-pedagógicas e dos estágios

    também se manifesta no PPC, sendo mais um momento em que se constata uma

    fraca classificação bernsteiniana. Para esta instituição preza-se integrar o que foi

    apreendido na formação geral com os componentes voltados à área de Educação.

    A análise a partir do PPC mostra que apenas as AACC não dialogam

    com os demais componentes.

    Sobre a inclusão das atividades de campo e visitas a museus nas

    relações entre os discursos dos componentes curriculares

    A análise documental mostra que na redação do PPC, o conteúdo sobre

    atividades de campo e visitas a museus é mencionado exclusivamente como

    possibilidade de carga horária destinada às AACC, não estabelecendo diálogo

    com os demais componentes.

    Expressões explícitas sobre a temática museal podem ser notadas nos

    planos de ensino das disciplinas e de modo sutil nas falas docentes, apesar do

    PPC não mencionar abertamente uma articulação.

    Considerando as falas docentes, as relações entre os discursos dos

    componentes curriculares são notadas no diálogo entre as disciplinas de

    formação geral e as didático-pedagógicas: a coordenadora relata uma nova

    disciplina “Estudo de campo II”, proposta na nova matriz, para que as atividades

    de campo fossem evidenciadas no currículo, seguindo as recomendações do

    Conselho Federal de Biologia (CFBio); ela enfatiza o que é proposto no PPC em

    relação às indicações de práticas interdisciplinares envolvendo as atividades de

    campo, especificamente nesta disciplina nova. A fala da professora que ministra

    as disciplinas de Prática de Ensino de Ciências e Estágio Supervisionado e, de

    Prática de Ensino de Biologia e Estágio Supervisionado, também mostra o

    esbatimento das fronteiras disciplinares.

  • 42

    [...]. Quando eles vão fazer essas excursões [disciplinas de formação geral], [...] eu já peço, eles me trazem o projeto da excursão pra daí eu ver o que é que eles podem [...] nessa excursão fazer com os professores, utilizar pra pensar em [...] melhoria da qualidade de ensino [...]. (Professora).

    Os planos de ensino também mostram recomendações de práticas que

    contemplem ações interdisciplinares em pelo menos um de seus itens

    (possibilidade de diálogo), podendo fomentar o esbatimento das fronteiras; são

    elas: Estudos de Campo I e II (objetivos); Ed. Ambiental (conteúdos); Prática de

    Ensino em Botânica e Ecologia II (ementa); Prática de Ensino em Biologia e

    Estágio Supervisionado (bibliografia).

    A interdisciplinaridade é reforçada na escolha de mais de um professor

    para ministrar disciplinas que envolvem duas ou mais áreas.

    Cabe um adendo às relações estabelecidas entre o CRO e o CFBio. Sabe-

    se que, caso o enfoque fosse o currículo do curso de Bacharelado, o CFBio

    comporia o CRO; mas sendo nosso foco o curso de Licenciatura, o CFBio,

    teoricamente, não deveria ser regulador. Na prática não é isso que acontece para

    a realidade da UNESP Assis. A tradição da universidade em formar o profissional

    de Ciências Biológicas nas duas modalidades faz com que o CFBio influencie

    também as tomadas de decisão do CRP do curso de Licenciatura, em especial o

    que tange às atividades de campo. Ter que se adequar a essa exigência culminou

    em estabelecer uma carga horária total de integralização maior ao curso de

    Licenciatura que a atribuída ao Bacharelado (última reestruturação curricular,

    válida a partir de 2012: 3.390h e 3.270h, respectivamente).

    Sobre as tensões, relações de controle e poder dos agentes do

    CRP

    A fala da coordenadora deu indícios sobre as relações de poder e de

    controle nos processos de recontextualização do discurso pedagógico da

    universidade. A docente relata que os diversos campi da UNESP fizeram um

    estudo para estabelecer um núcleo comum às Ciências Biológicas. Ao

  • 43

    finalizarem, uma resolução do Conselho Estadual de Educação (CEE)3 exigiu a

    realização de novas mudanças.

    O CEE representa uma instância do CRO, ou seja, do campo de

    produção de um discurso oficial, hierarquicamente superior à instância da

    UNESP Assis, a qual representa o CRP. Para contextualizar, o discurso do CRO

    se traduz nas diretrizes do MEC e o do CRP se constituiu no PPC.

    Nas relações estabelecidas entre os sujeitos, diferentes tipos de tensões

    envolvem o corpo docente, como a atribuição das aulas de disciplinas, pois nem

    todos têm formação na área de Ensino de Ciências. Assim, alguns professores

    não se sentem preparados para ministrar as disciplinas de Prática de Ensino:

    professores de formação geral ministram disciplinas didático-pedagógicas.

    Uma forte relação de poder e de controle se estabelece entre a gestão

    administrativa da universidade e os docentes: a primeira instância controla se e

    como as atividades de campo acontecerão; sinalizam-se tensões referentes à

    disponibilidade de verba, além do fato do curso de Biologia estar alocado em

    uma unidade da área de Humanas (tensões para a compreensão da importância

    de atividade de campo foram relatadas).

    É interessante que, o controle prestado pelo CFBio fez com que as

    atividades de campo aparecessem de modo enfático no PPC, pois, segundo a

    coordenadora, mesmo que a prática de campo fosse frequente, e perpassasse

    muitas disciplinas, isso não estava evidenciado no PPC (apenas nos planos de

    ensino), e para o CFBio não era suficiente.

    Vale ressaltar que o curso estava em processo de reforma curricular, mas

    a prescrição de uma nova disciplina (Estudos de Campo) amenizou

    significativamente essas tensões entre a gestão administrativa e os docentes,

    diminuindo a burocracia, especialmente na obtenção de verba.

    3 O CEE é subordinado ao Conselho Nacional de Educação e ambos são órgãos integrantes do MEC.

  • 44

    REFLEXÕES FINAIS

    Embora a universidade, na figura de seus cursos de licenciatura, seja

    produtora de conhecimento e tenha autonomia, ela está subordinada a campos

    de produção e recontextualização posicionados hierarquicamente acima dela,

    exercendo poder de decidir sobre o currículo intencional (prescrito) de seus

    cursos. O que a teoria do discurso pedagógico evidencia é que os mecanismos de

    controle, mesmo que implicitamente, também se estabelecem na Educação

    Superior.

    A partir dos dados obtidos (entrevistas e documentos) classifica-se o

    curso da UNESP Assis na categoria C- no que se refere à relação entre os

    discursos dos componentes curriculares, sem considerar uma temática específica.

    Já os excertos das entrevistas das docentes, que mencionam o tema das atividades

    de campo e dos museus nas relações entre discursos, permitem classificar o curso,

    na categoria C+, pois mostram que a abordagem desta temática está presente

    apenas na comunicação entre os discursos das disciplinas de formaçã