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Copyright © 2011 by Noovha América

Editor ResponsávelNelson de Aquino Azevedo

AutoresCesar Cunha FerreiraDaniel Carlos de CamposElton Soares de Oliveira

CartografiaCesar Cunha FerreiraDaniel Carlos de Campos

CapaCesar Cunha Ferreira

DiagramaçãoGuacira dos Santos Silva

IlustraçõesJefferson Pereira GaldinoDaniel Carlos de Campos

FotografiasAcervo da Prefeitura Municipal de GuarulhosEdson QueirozElton Soares de OliveiraLaboratório de Geoprocessamento da Universidade de Guarulhos – UnG (p. 27)Rodrigo Godoy FerreiraStefaní Martini Oliveira

RevisãoArte da Palavra

AgradecimentosPrefeitura Municipal de Guarulhos

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Ferreira, Cesar CunhaGuarulhos 450 anos: atlas escolar histórico e geográfico / Cesar Cunha Ferreira,

Daniel Carlos de Campos, Elton Soares de Oliveira. – São Paulo: Noovha América,2011.

ISBN 978-85-7673-198-6

1. Atlas brasileiro 2. Geografia física – Guarulhos (SP) 3. Geografia –Guarulhos (SP) 4. Geografia humana – Guarulhos (SP) 5. Guarulhos (SP) –Descrição 6. Guarulhos (SP) – História I. Campos, Daniel Carlos de. II.Oliveira, Elton Soares de. III. Título.

11-05456 CDD-912.81612

Índices para catálogo sistemático:

1. Atlas escolar histórico e geográfico: Guarulhos: São Paulo: Estado:912.81612

2. Guarulhos: São Paulo: Estado: Atlas escolar histórico e geográfico912.81612

1a edição – 2011

(De acordo com a Nova Ortografia da Língua Portuguesa)

Brasão.

Bandeira.

Todos os direitos desta edição reservadosà Noovha América Editora Distribuidora de Livros Ltda.

Rua Lincoln Albuquerque, 319 – PerdizesSão Paulo/SP – CEP 05004-010

Telefax: (0xx11) 3675-5488www.noovhaamerica.com.br

[email protected]

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

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SUMÁRIOSITUAÇÃO GEOGRÁFICAApresentação ....................................................................................................................................................... 5Terra, Nosso Lar no Espaço ................................................................................................................................. 6Mapa-Múndi ......................................................................................................................................................... 7Mapa dos Fusos Horários ..................................................................................................................................... 8As Américas ......................................................................................................................................................... 9Guarulhos na Linha do Trópico ........................................................................................................................... 10Localização do Município de Guarulhos ............................................................................................................. 11Mapa Demográfico do Estado de São Paulo ...................................................................................................... 12Mapa Demográfico da Região Metropolitana de São Paulo ............................................................................... 13Cidades Limítrofes ao Município de Guarulhos .................................................................................................. 14Bairros e Loteamentos de Guarulhos ................................................................................................................. 15Aspectos Gerais do Município ............................................................................................................................ 16

ASPECTOS HISTÓRICOSPovoamento, Economia e Expansão Urbana ...................................................................................................... 18Mapa da Mineração Aurífera de Guarulhos ........................................................................................................ 22Mapa da Área Urbana de Guarulhos em 1938 .................................................................................................. 23Desmembramento Territorial do Estado de São Paulo ....................................................................................... 25Desmembramento – Guarulhos Já Foi Muito Maior .......................................................................................... 26Território do Município de São Paulo em 1840 .................................................................................................. 26Primeiros brasileiros – Como Chegaram a Guarulhos? ..................................................................................... 27Galeria da História .............................................................................................................................................. 28

GEOGRAFIA FÍSICAGeologia: Guarulhos Há Bilhões de Anos ........................................................................................................... 30As Principais Placas Tectônicas e Sentido de Deslocamento ............................................................................ 32Perfil da Placa Sul-Americana ............................................................................................................................ 32Geologia do Estado de São Paulo ...................................................................................................................... 34Mapa Geológico do Estado de São Paulo .......................................................................................................... 35Mapa Geológico da Região Metropolitana de São Paulo ................................................................................... 36Mapa Geológico de Guarulhos ........................................................................................................................... 37Relevo ................................................................................................................................................................. 38Mapa do Relevo do Estado de São Paulo .......................................................................................................... 38Mapa das Principais Elevações da Região Metropolitana de São Paulo ............................................................ 39Mapa do Relevo de Guarulhos ........................................................................................................................... 40Diferenças de Altitudes ...................................................................................................................................... 41Mapa das Diferentes Altitudes da Região Metropolitana de São Paulo ............................................................. 41Mapa das Diferentes Altitudes de Guarulhos ..................................................................................................... 42Diferentes Inclinações dos Terrenos .................................................................................................................. 43Mapa das Diferentes Inclinações dos Terrenos de Guarulhos ........................................................................... 43Tipos de Solos .................................................................................................................................................... 44

Mapa dos Tipos de Solos da Região Metropolitana de São Paulo ..................................................................... 45Mapa dos Tipos de Solos de Guarulhos ............................................................................................................. 46Cobertura Vegetal ............................................................................................................................................... 47Mapa da Vegetação Predominante no Estado de São Paulo .............................................................................. 47Mapa da Devastação da Vegetação no Estado de São Paulo ............................................................................ 48Mapa da Vegetação da Região Metropolitana de São Paulo .............................................................................. 49Mapa da Cobertura Vegetal de Guarulhos ......................................................................................................... 50Fauna Guarullhense: 501 espécies .................................................................................................................... 51Clima .................................................................................................................................................................. 52Mapa-Múndi: Clima e Correntes Marítimas ....................................................................................................... 53Mapa das Massas de Ar Atuantes no Brasil ...................................................................................................... 53Mapa dos Domínios Climáticos do Estado de São Paulo (segundo Köeppen) ................................................... 54Mapa da Classificação Climática de Lísia Bernardes (versão adaptada) ........................................................... 54Mapa das Temperaturas e Precipitações do Estado de São Paulo .................................................................... 55Bacias Hidrográficas e Recursos Hídricos .......................................................................................................... 56O Rio Tietê .......................................................................................................................................................... 57Bacias Hidrográficas do Estado de São Paulo ................................................................................................... 57Mapa das Principais Bacias Hidrográficas do Estado de São Paulo .................................................................. 57Mapa da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê e Adjacências ................................................................................... 58Mapa das Sub-Bacias e Recursos Hídricos de Guarulhos e Adjacências .......................................................... 59Ciclo das Águas .................................................................................................................................................. 60Águas Subterrâneas – Aquífero Cumbica .......................................................................................................... 61Programa de Recuperação Ambiental de Rios e Córregos ................................................................................ 62

GEOGRAFIA HUMANAEmpregos, Rendimentos e Produto Interno Bruto .............................................................................................. 64Mapa das Unidades de Planejamento Regional – UPR ...................................................................................... 65Mapa do Uso e Ocupação do Solo de Guarulhos em 1980 ............................................................................... 66Evolução do Uso e Ocupação do Solo entre 1980 e 2007 ................................................................................ 66Mapa do Uso e Ocupação do Solo de Guarulhos em 2006 ............................................................................... 67Saneamento Ambiental ...................................................................................................................................... 68Mapa de Saneamento Ambiental de Guarulhos ................................................................................................. 69Áreas Protegidas ................................................................................................................................................ 70Mapa das Principais Unidades de Conservação Ambiental de Guarulhos ......................................................... 71Mudanças Climáticas em Nosso Planeta ........................................................................................................... 72Expansão Urbana e Mudanças Climáticas Locais .............................................................................................. 73Mapa da Evolução da Área Urbana de Guarulhos .............................................................................................. 74Mapa da Temperatura da Superfície (Ilhas de Calor) de Guarulhos .................................................................. 76Mapa das Principais Rodovias do Estado de São Paulo e de Guarulhos ........................................................... 77Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos Governador André Franco Montoro ....................................... 78Histórico da Implantação do Aeroporto .............................................................................................................. 78Glossário ............................................................................................................................................................. 79Fontes e Referências Bibliográficas ................................................................................................................... 80

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ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

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APRESENTAÇÃO

A publicação do Atlas Escolar Histórico e Geográfico – Guarulhos 450 anos é mais umimportante recurso estratégico da política pedagógica da Secretaria de Educação de Guarulhos,nos marcos da construção da Proposta Curricular da Rede, em seu primeiro movimento, ba-tizada pelos profissionais como “Quadro de Saberes Necessários”.

No conjunto das propostas curriculares encontram-se destacados os eixos “Tempo eEspaço”, diga-se de passagem, essenciais entre os saberes necessários. Esta publicação é maisum passo em nossa jornada rumo à concretização dos objetivos traçados em outubro de 2009.

Esse lançamento por si só se constitui em um acontecimento histórico. No transcorrerdos 450 anos de existência da cidade, não há informações de que tenha existido algo seme-lhante e, principalmente, voltado para os profissionais da área educacional.

Este Atlas trata da história e da geografia locais, sem perder de vista a relação dosacontecimentos da cidade com as questões regionais, nacionais e mundiais.

Como diz Milton Santos “... As regiões e os lugares não são nada mais do que lugaresfuncionais do todo, esses tempos internos são também divisões funcionais do tempo, subordi-nados à dialética do todo, ainda que possam, em contrapartida, participar do movimento do todoe assim influenciá-lo. É, aliás, por esse fato que as regiões e lugares, mesmo não dispondo deuma real autonomia, influenciam o desenvolvimento do País como um todo” (SANTOS, M.Da Totalidade ao Lugar, p. 65).

A finalidade deste Atlas é apresentar Guarulhos de uma forma que poucos a conhecem,procurando proporcionar uma visão sistêmica do município. Para tanto, foram elaboradosmapas relacionados a vários temas, que possibilitam o conhecimento de detalhes domunicípio pouco difundidos à população. Alguns desses detalhes, quando divulgados,geralmente são apresentados isoladamente, dificultando o bom entendimento, podendoinclusive levar a interpretações errôneas.

O Atlas Escolar Histórico e Geográfico – Guarulhos 450 anos é uma excelente ferra-menta, política e pedagógica, para as áreas de História, Geografia e Ciências Naturais.

Aproveite a leitura, viaje pelo município e descubra características pouco conhecidas deGuarulhos que, certamente, farão você amar muito mais essa cidade!

Secretaria Municipal de Educação de Guarulhos, 2011.Profo Moacir de Souza – Secretário de Educação.

Antigas Estrada Geral e Rua Direita; atual Rua d. Pedro II.

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Tempo e espaço no quadro dos saberes necessários. “Uma caminhada, por mais significativa que seja, é sempre feita

por pequenos passos na direção desejada.”

Proposta Curricular – Secretaria de Educação de Guarulhos (outubro de 2009).

ATLAS ESCOLAR HISTÓRICO E GEOGRÁFICO – GUARULHOS 450 ANOS

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TERRA, NOSSO LAR NO ESPAÇO

Representação Artística do Sistema Solar

Movimento de rotação e translação

A Terra, nosso lar no espaço, está localizada no Sistema Solar, integrante da Via Láctea,galáxia de forma espiral. O Sol é uma estrela dentre 100 bilhões que existem na Via Láctea e oUniverso conhecido possui mais estrelas do que a quantidade de grãos de areia existentesem nosso planeta. A distância do Sol até a estrela mais próxima é de 5 anos-luz, ou seja, adistância percorrida durante cinco anos na velocidade da luz, que é de 300 mil quilômetros porsegundo. Com nossas espaçonaves atuais, levaríamos 100 mil anos para chegar lá.

A Terra está extremamente distante do Sol, cerca de 150 milhões de quilômetros. A idade doSol é de 4,6 bilhões de anos e ele é 106 vezes maior que a Terra. Se o Sol fosse do tamanho deuma bola de tênis de 6,4 centímetros, por exemplo, a Terra teria o tamanho de uma cabeçade alfinete e a distância entre eles seria de quase 7 metros. A partir do Sol, a sequência dosplanetas é: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Até 2005, Plutãoera considerado planeta, porém, depois da descoberta, no Sistema Solar, de um corpo celes-te do mesmo tamanho dele, ambos foram considerados planetoides.

O planeta Terra está a uma distância do Sol suficiente para manter uma temperaturacapaz de conservar a água líquida na maioria de sua superfície e em forma de vapor na

atmosfera. Por causa da presença de água em forma gasosa, a Terra, quando vista do espa-ço, assume a coloração azul, o que encantou o cosmonauta da ex-União Soviética Yuri Gagarin,primeiro homem a chegar ao espaço, em 12 de abril de 1961. Anos mais tarde, em 1969, oastronauta norte-americano Neil A. Armstrong chegou à Lua.

A Terra tem a forma geoide, pois é achatada nos polos e gira em torno de seu próprio eixo,o que determina as 24 horas de um dia – movimento de rotação. Além de girar em torno de si,a Terra gira em torno do Sol de forma elíptica, movimento chamado de translação. Os planetasdo Sistema Solar giram com seus eixos inclinados em relação ao plano de órbita solar.

O movimento de translação é resultado da força gravitacional que o Sol exerce na Terrae nos demais planetas do Sistema Solar. A gravidade criou a Terra e os demais corpos celestespor meio da aglutinação de pequenas massas de matéria durante a formação do Universo.

O planeta Terra e tudo que nele existe é formado com o mesmo material que compõeos demais corpos e tudo mais que faz parte do Universo.

Para entendermos a estrutura do Universo é necessário conhecer o componente essen-cial de toda a matéria, o mundo atômico. Ele é tão pequeno que, se dividirmos 1 centímetro em100 milhões de partes iguais, cada parte será do tamanho de um átomo. É composto de elé-trons que orbitam seu núcleo e dentro do núcleo há partículas chamadas de nêutrons e prótons.O núcleo atômico é tão fantasticamente pequeno que, se o átomo fosse um estádio, o núcleoseria um grão de areia. Mesmo assim, o núcleo contém quase toda a massa de um átomo. Osprótons e nêutrons são compostos por unidades ainda menores, os quarks.

Sabemos que o Universo está se expandindo. Imaginemos agora em sentido contrário. Hácerca de 15 bilhões de anos, tudo que compõe o Universo – exatamente tudo, as galáxias,estrelas, planetas, rochas e até nós mesmos – deveria estar densamente compactado em umaúnica esfera do tamanho de uma bola de gude! E ao mesmo tempo muito quente e que, derepente, explodiu! Uma inimaginável explosão chamada de Big Bang.

Naquele momento, o Universo recém-nascido começou a se expandir e esfriar. Quarksse combinaram, originando os prótons e nêutrons, atraindo os elétrons e assim formando osátomos, expandindo-se numa poeira cósmica e aglutinando-se por meio da força gravitacional.Durante bilhões de anos essas aglutinações formaram os planetas, estrelas, galáxias, conglo-merado de galáxias e todo corpo celeste conhecido.

Galileu Galilei foi o primeiro a reconhecer a força da gravidade, observando que objetosdiferentes caem à mesma velocidade. Isaac Newton, em 1687, relacionou a intensidade daforça da gravidade com o tamanho da matéria. Toda matéria ou energia produz gravidade ea gravidade de uma matéria atrai outra matéria. Quanto maior o objeto, maior sua atração.

Newton descobriu o que a gravidade faz, mas foi o gênio Albert Einstein que entendeupor que faz. Segundo Einstein, a gravidade é causada por objetos enormes como planetas eestrelas que literalmente curvam o espaço-tempo como uma imensa chapa de borracha.Portanto, o trajeto que os planetas fazem em torno de suas estrelas é resultado direto dacurvatura do espaço-tempo promovido pelas estrelas.

Não temos a pretensão de abordar assuntos tão complexos. Nossas observações sãopara mostrar a vastidão de conhecimento a ser explorado, como afirmou Neil A. Armstrong:

“O homem precisa entender seu universo para entender seu destino. Quem sabe quemistérios serão solucionados durante nossa vida e que novos enigmas passarão a ser desa-fio das novas gerações.”

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MAPA-MÚNDI

(Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE*.)

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MAPA DOS FUSOS HORÁRIOS

(Mapa adaptado por Antonio Graco da Silveira Vieira.)

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AS AMÉRICASExistem duas formas de divisão do continente americano: a divisão geográfica e a divi-

são sociocultural.A divisão geográfica é mais simples, pois consiste em agrupar os países de acordo com

os pontos cardeais (norte e sul), ou seja, a grande massa de terra americana localizada ao nortedo planeta situa-se na América do Norte. O que está ao sul faz parte da América do Sul. Já aAmérica Central é constituída por diminutos países situados entre esses dois gigantes blocosde terras (América do Sul e América do Norte).

A divisão sociocultural é um pouco mais complexa, porém seu entendimento torna-semais fácil ao observarmos as diferenças entre a América Latina e a América Anglo-Saxônica,percebidas na língua, na religião, na situação socioeconômica e na forma de colonizaçãoeuropeia. Vamos conhecer essa divisão:

● América Anglo-Saxônica: trata-se de países (Estados Unidos e Canadá) que falam pre-dominantemente a língua inglesa e onde a Igreja Protestante prevalece. São países ricos edesenvolvidos, onde a colonização de povoamento* foi adotada pelos conquistadores ingleses.

● América Latina: são países com índices de desenvolvimento humano insatisfatórios(México e todos os países da América Central e da América do Sul, inclusive o Brasil), mascom alguns países apresentando índices crescentes de desenvolvimento, além de uma diver-sidade cultural muito rica. As línguas mais faladas – predominantemente o espanhol e o por-tuguês – derivam do antigo latim. A religião predominante é a católica e a forma de conquistae domínio dos europeus foi a colonização de exploração*.

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GUARULHOS NA LINHA DO TRÓPICOO termo trópico vem do grego e significa “volta”. Do ponto de vista geográ-

fico, são linhas imaginárias que circundam o globo terrestre em duas posições delatitudes simétricas: o Trópico de Câncer, localizado ao norte do Equador, e o Tró-pico de Capricórnio, ao sul. O Trópico de Capricórnio separa a zona subtropical sulda zona tropical. É considerado a linha de transição climática entre as zonas térmi-cas da Terra.

Em Guarulhos, o trópico passa pelos seguintes bairros: Vila Galvão, Picanço,Maia, Paraventi, Bom Clima, Vila Barros, Cecap, Cumbica e Pimentas, dividindo oterritório em duas zonas climáticas: ao norte predominando o clima tropical e aosul o clima subtropical.

Entretanto, essa variação climática não é perceptível simplesmente atravessan-do-se o Trópico de Capricórnio, pois este serve apenas para delimitar graficamenteessas zonas no mapa. Na prática, como o clima possui inúmeras variáveis que influen-ciam o seu comportamento e características (ver página 52), a “linha” oscila nodecorrer das quatro estações climáticas:verão, outono, inverno e primavera.

Sabemos que o homem não temcondições de limitar a área de influên-cia do clima apenas traçando uma linha,ou querer que as massas atmosféricasclimáticas obedeçam a tais linhas. Assim,podemos imaginar que a linha é o cen-tro de uma faixa de transição climáticae que todos que habitam esta faixasofrem influência ora do clima tropical,ora do clima subtropical.

PERCORRENDO O TRÓPICO

O Trópico de Capricórnio, ao contornar o hemisfério sul do planeta Terra, atra-vessa três oceanos – Pacífico, Atlântico e Índico – e três continentes – América doSul, África e Oceania –, percorrendo ao todo 36.784 quilômetros de extensão e pas-sando por dez países:

● América do Sul: Brasil, Paraguai, Argentina e Chile● África: Namíbia, Botsuana, África do Sul, Moçambique e Madagascar● Oceania: AustráliaApesar de esses países estarem sob o Trópico de Capricórnio, não possuem

clima idêntico devido a diversos fatores, tais como:Continentalidade: quanto mais longe dos oceanos, maior será a oscilação

térmica entre o dia e a noite e mais seco será o clima.

Altitude do relevo: quanto maior a altitude, menor será a temperatura.Correntes marítimas: correntes marítimas quentes propiciam a evapora-

ção das águas, aumentando as chuvas na região litorânea do continente. Ao con-trário, as correntes frias dificultam a evaporação das águas oceânicas, tornando o clima seco aolongo dos países banhados por elas (ver mapa da página 53).

Isso posto, vejamos o que ocorre, de um modo geral, em cada um dos países citados:1. Brasil: possui corrente oceânica quente (corrente do Brasil), que eleva as chuvas no País.

Além disso, o relevo de baixa altitude contribui para que não ocorram baixas temperaturas.2. Paraguai: por estar no centro do continente sul-americano, apresenta variação de

temperatura muito mais acentuada do que o Brasil.3. Argentina: sua continentalidade a torna a região mais seca do trópico.4. Chile: devido à elevada altitude em que se encontra a Cordilheira dos Andes e à corren-

te de Humboldt, muita fria, o clima chileno na região do Trópico de Capricórnio é frio e seco –Guarulhos situa-se na mesma latitude e apesar disso possui clima muito diferente.

5. Austrália: o país é uma ilha circundada por várias correntes frias e quentes. Ao leste, oclima é úmido devido à corrente Leste da Austrália, que é muito quente; ao oeste formam-se grandesdesertos áridos, caracterizados por muito frio à noite e calor forte durante o dia, devido à con-tinentalidade no interior do país. Outras características que influenciam o clima no país são acorrente marítima fria denominada corrente Oeste da Austrália e o baixo relevo.

6. Madagascar, Botsuana, Moçambique e África do Sul: devido à passagem de duas cor-rentes marítimas quentes (correntes das Agulhas e Equatorial Sul), esses países possuem clima seme-lhante ao do Brasil, ou seja, tropical. O relevo também se parece com o brasileiro, com pequenas altitudes.

7. Namíbia: apesar de ser vizinho dos países africanos citados, apresenta um grande de-serto árido causado pela corrente fria de Bengala, que não permite a formação de chuvas na região.

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LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE GUARULHOS

ROSA DOS VENTOS

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MAPA DEMOGRÁFICO DO ESTADO DE SÃO PAULO

(Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.)

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MAPA DEMOGRÁFICO DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

(Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, Censo 2007.)

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CIDADES LIMÍTROFES AO MUNICÍPIO DE GUARULHOS

(Fonte: Instituto Geográfico e Cartográfico de São Paulo – IGC*.)

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BAIRROS E LOTEAMENTOS DE GUARULHOS

(Fontes: Prefeitura de Guarulhos(1) e IBGE(2).)

Alguns dos bairros mais antigos do Brasil estão em Guarulhos. Nos ArquivosPúblicos do Estado de São Paulo e do Município de Guarulhos, encontramos no-mes de localidades aqui existentes desde o período em que Guarulhos era Fregue-sia. Em 1776, constam: Lavras Velhas, Saboó, Capela de Nossa Senhora da Ajuda(atual Capelinha), Bairro da Freguesia (centro de Guarulhos), São Miguel (antigoUruraí) e Nossa Senhora do Bom Sucesso. Estes são, portanto, os registros maisantigos sobre os bairros de Guarulhos, que então tinha 1.170 habitantes e 156 pro-priedades. Nos anos subsequentes, encontramos os seguintes nomes: Senhor doBom Jesus (atual Capelinha), Baquirivu (referência ao atual Rio Baquirivu Guaçu),Itaverava, Lavras, Sabão, Bairro das Pedras, Thomé Gonçalves, Fortaleza, TanqueGrande, Morro Grande, Catas Velhas, Serra do Bananal e Veigas.

No ano de 1988, por meio do Decreto Municipal no 4.998, foi oficializada adivisão da cidade em bairros e loteamentos. O decreto estabeleceu 47 bairros, to-dos eles subdivididos em aproximadamente 500 loteamentos. Os nomes dosloteamentos sempre são antecedidos das palavras jardim, parque, vila, cidade,chácara, conjunto etc.

O termo bairro é uma herança da colonização portuguesa, sendo que os pri-meiros bairros de São Paulo e de Guarulhos são originários das antigas cartas desesmaria. O bairro é uma subdivisão da cidade, composto, a partir de critérios es-tabelecidos pelas administrações municipais, por um ou mais loteamentos, que jun-tos recebem, normalmente, o nome do aglomerado urbano mais antigo da região.

O Bairro São João, por exemplo,é composto por dezoito lotea-mentos, a saber: Jardim SãoJoão, Cidade Seródio, Jardim Jade,Jardim Cristina, Vila Girassol,Jardim Santa Terezinha, JardimAeródromo, Jardim Santo Expe-dito, Cidade Soberana, JardimSão Geraldo, Jardim Vida Nova,Jardim Lenize, Vila São Carlos,Jardim Bondança, Vila Rica,Conjunto Habitacional HaroldoVeloso, Jardim Novo Portugal eJardim Regina.

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ASPECTOS GERAIS DO MUNICÍPIOO município de Guarulhos é uma cidade industrial. Em seu território estão instaladas mais de 2.890

fábricas, 11.835 estabelecimentos comerciais, 6.662 prestadores de serviços e 54 unidades produtivasem meio rural. A cidade oscila entre a 8a e a 9a posições no PIB Nacional (ver página 64).

Localizado a nordeste da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), distando cerca de 17,7 quilô-metros do centro da Capital paulista, com aproximadamente 320 quilômetros quadrados de extensão,Guarulhos representa pouco menos de 4% do território da Região Metropolitana.

Situado num triângulo entre a Capital paulista e as saídas para o Rio de Janeiro e Minas Gerais,desde o começo da colonização Guarulhos sempre foi uma importante rota para tropeiros, sertanistas,bandeirantes e aventureiros que desbravaram o Brasil, muitas vezes para além do Tratado de Tordesilhas.

O município de Guarulhos testemunhou as mudanças geradas pela mineração de ouro, a fabrica-ção de telhas e tijolos cozidos, a instalação de indústrias e obras de grande impacto ambiental. Seu grandeavanço industrial deu-se no período entre guerras e após a Segunda Guerra Mundial. Guarulhos viu oBrasil-Império desmoronar e a República surgir.

Nos últimos 50 anos a cidade tornou-se referência como cidade industrial e aeroportuária, servidapor excelentes rodovias, bons hotéis e muitas instituições de Ensino Superior, públicas e particulares.

Outra característica marcante do município é a beleza natural proporcionada pela Serra da Cantareira,que possui vegetação de Mata Atlântica, tombada como Reserva da Biosfera do Cinturão Verde de São Paulo(RBCV) e outorgada em 1994 pela Unesco como Patrimônio Mundial da Humanidade (ver página 48). A RBCVpresta importantes serviços ambientais, como amenização do clima, controle da poluição atmosférica eprodução de água para toda a Região Metropolitana de São Paulo – e em particular para Guarulhos –,por meio dos seus mananciais das represas Tanque Grande e Cabuçu (ver página 56).

Além dos atributos mencionados, a fauna, por sua vez, cintila no entorno da vegetação atlântica e doscorpos-d’água, revelando uma biodiversidade* que precisa ser protegida. São dezenas de espécies animais evegetais que se abrigam na Serra da Cantareira, em meio a uma das maiores concentrações humanas do mundo.

O turismo de negócios tem-se beneficiado bastante da situação econômica da cidade. O ecoturismo,aliado à conscientização ambiental, vem ganhando adeptos, tornando-se uma atividade econômica nosmoldes do desenvolvimento sustentável.

DADOS GERAIS

Área: 320 quilômetros quadrados (aproximadamente)

População: 1.222.357 habitantes (IBGE-2010)

Mulheres: 626.954 habitantes (IBGE-2010)

Homens: 595.403 habitantes (IBGE-2010)

Densidade demográfica: 3.887,4 habitantes por quilômetro quadrado

Crescimento demográfico anual: 2,4% (2000-2009)

Número de escolas municipais: 136

Número de alunos matriculados na rede pública municipal: 115 mil

Principais atividades econômicas: indústria, serviços e comércio

Padre fundador: Manoel de Paiva

Padroeira: Nossa Senhora da Conceição

Aniversário da cidade: 8 de dezembro (1560)

Gentílico: guarulhense

Prefeito atual: Sebastião Alves de Almeida (PT)

(Fontes: IBGE e Fundação Seade*.)

Vista panorâmica do Parque Bom Clima e da sede da Prefeitura.

(Fonte: Fundação Seade.)

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17Casa e Sítio da Candinha, desapropriada para implantação do Parque Natural Municipal da Cultura Negra.

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POVOAMENTO, ECONOMIA E EXPANSÃOURBANA

Este resumo da história natural e social de Guarulhos enfatiza seis aspectos que con-sideramos relevantes: a formação geológica do município, fator que induziu ao desenvolvi-mento econômico e ao processo de expansão urbana; a presença dos primeiros habitantesda localidade de que se tem registro, os paleoíndios Maromomi; a chegada dos colonizado-res portugueses; a presença e a escravização de africanos; a vinda dos imigrantes estran-geiros (europeus e asiáticos de um modo geral e em particular grande incidência de imigrantesdo Oriente Médio), e a chegada dos migrantes nacionais, resultado do êxodo rural brasileiro.

Sendo a história feita pela ação humana e diante do desafio de resumi-la em poucaspalavras, destacamos, de modo especial, seus atores, seus feitos, o cenário dos aconteci-

mentos e as formas de organização política, sem perder de vista os aspectos lúdicos e culturaisdesses povos, que construíram a história e o patrimônio material e imaterial da cidade deGuarulhos.

Conhecer a cidade na sua totalidade exige obrigatoriamente cruzar informações locaiscom o processo de mundialização econômico, iniciado com a chegada da esquadra coman-dada por Pedro Álvares Cabral à Bahia de Todos os Santos, em 1500. A respeito de Guarulhos,iniciamos tratando do topônimo que originou o nome da cidade.

CICLO COLETOR – PALEOÍNDIOSOs “primeiros habitantes” de Guarulhos, como já dissemos, foram os Maromomi, que

aqui chegaram por volta de 1400 da era cristã, após serem expulsos do litoral paulista pelosindígenas Tupi-Guarani. Os Maromomi eram coletores e nômades, viviam em uma espéciede “economia natural”, praticavam a caça, a pesca e a coleta de frutos. Guarulhos era seu

espaço predileto devido ao fruto da sapucaia e aos pinhõesda araucária, vegetação típica de Mata Atlântica, abundantetempos atrás.

OS PRIMEIROS HABITANTES DEGUARULHOS

O litoral brasileiro foi ocupado inicialmente por povoscoletores, como os Maromomi, que seriam depois os primei-ros habitantes de Guarulhos. Por volta de 1400 da era cris-tã, esse povo, que ocupou o litoral norte paulista, foi expulsopelos Tupi, originários do Paraguai. Esse fato alterou o qua-dro étnico e populacional não só do litoral, como também doplanalto paulista.

Ao referir-se a ele, a documentação quinhentista usadiferentes nomes e grafias. Assim temos: Moromomis, Mara-momis, Moromemim, Murumiminis. Na documentação do sé-culo XVII aparecem as variantes Guariminus, Guarumimim,Gurumimins, Muruminis, Jeromomim, Garumimim e Guarulhos,entre outras. Decidimos padronizar a grafia Maromomi seguin-do os jesuítas, que escolheram essa designação.

Alguns historiadores, como Capistrano de Abreu já no iní-cio do século passado, afirmavam que “a imagem provável dosGuarulhos-Maramumis pré-cabralianos, é de vasto grupo dis-tribuído pelo litoral, por uma e outra aba da cordilheira maríti-ma e da Mantiqueira, estendendo-se para Norte até o RioJequitinhonha, talvez; as incursões de Tupinambás, Tupiniquins,Goitacases, Aimorés produziram largos rombos sem destruir atrama. No baixo, como no alto Paraíba, sua presença persistiu

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até que a mestiçagem, as epidemias e perseguiçõese caçadas os dissolvessem” (Os Caminhos Antigose Povoamento do Brasil, 1963, p. 247-248).

Parte do litoral norte paulista foi territórioMaromomi, pois a orla de Caraguatatuba era conhe-cida como Enseada dos Maromomis, o que mostraa presença desse povo naquela região por muitotempo.

Os Maromomi são da família Puri e pertencemao tronco linguístico macro-jê, grupo que ocupavaum vasto território entre a Serra do Mar, o Vale doRio Paraíba do Sul e a Serra da Mantiqueira. O nomePuri ou Pucki, como se autodenominavam, parecesignificar gente boa. Ocuparam extensa área do Su-deste, desde o Vale do Rio Paraíba, que corta osestados de São Paulo, Rio de Janeiro e sudeste de Minas Gerais, até a região do Rio Pomba(Prezia, Indígenas do Leste do Brasil, 2010, p.17).

Por serem coletores, as fontes de alimento dos Maromomi eram a caça, o mel, os fru-tos da sapucaia e o pinhão da araucária, árvores típicas de Mata Atlântica, muito farta tem-pos atrás na região do Tanque Grande, Fortaleza, Capelinha e Bananal. Atualmente são espéciesraras devido ao desmatamento e a fatores climáticos.

Sobre os primeiros habitantes da região Leste do Brasil, Benedito Prezia afirma: “(...)isso mostra que os paleoíndios, como são chamados, deviam pertencer ao mesmo grupo dopovo que teria vindo da África ou da Oceania há cerca de 50 mil anos, portanto antes do es-tabelecimento do tipo racial asiático. Um homem com cabelos espetados, como os negros,desenhado há 10 mil anos, na caverna de Cerca Grande, em Lagoa Santa, reforça essa tese...Pelos vestígios encontrados, esses povoadores construíam acampamentos provisórios, em re-giões descampadas, ou se escondiam em abrigos naturais e cavernas. Alimentavam-se depequena caça, pesca, frutas e raízes... Com o fim do período glacial, por volta de 10 mil anosatrás, o clima do continente mudou, tornando-se a região leste mais quente e chuvosa. Des-sa forma surgiram a Mata Atlântica e as florestas... (Indígenas do Leste do Brasil, 2004, p. 14).

Somos levados a crer que os Maromomi, por serem um povo coletor e por não domina-rem a técnica da cerâmica, teriam ligação com os paleoíndios, que seriam populações quecomeçaram a ocupar nossa região por volta de 8.000 anos atrás. O termo paleoíndios deno-ta as populações que chegaram ao território brasileiro no paleolítico, ou seja, na idade da pedralascada. O termo índio foi atribuído pelos portugueses às populações do tipo racial asiático,por imaginarem ser o continente Sul-Americano parte da Índia. Com base no modelo das quatromigrações, sugerido pelo antropólogo físico Walter Neves, Eduardo Bueno comenta: “... Ostrês últimos [ciclos migratórios] foram, todos eles, empreendidos por populações mongóis (cujoDNA é o mesmo das populações indígenas atuais). Anteriormente aos três fluxos dos mongóis,no entanto, teria havido um ciclo migratório de povos não mongóis, cujos traços eram muitomais similares aos dos atuais africanos e aborígenes australianos. Esse grupo ancestral – que

também povoara a Ásia em tempos remotos – teria sidoassimilado, ou substituído, pelas levas mongóis” (BUENO,Brasil: uma história, 2003, p. 15).

Segundo o padre Anchieta, por volta de 1570 osMaromomi apareceram em Bertioga, mostrando-se bas-tante abertos aos jesuítas, o que os levou a seremcatequizados por volta de 1572. Este trabalho se deveuao padre Manuel Viegas, que passou a conviver com eles(Textos Históricos, [c.1596] 1989, p. 142). Segundo rela-to do mesmo padre Viegas, em 1585 eles já estavambastante próximos de São Vicente, o que facilitou o tra-balho missionário. Mas a falta de padres impediu a cria-ção de uma missão (In: LEITE, História da Companhia deJesus no Brasil, 2004, T. 9, Apend. B, p. 542).

Em 1604 os jesuítas fizerem novo pedido ao superiorem Roma para a fundação de uma missão entre os Maromomi, que já se encontravam emPiratininga (Arch. Rom. S.J., Congr. 51. In: LEITE, Os jesuítas e os índios Maromomis, RIHGSP,1937, v. 32, p. 253). Mesmo com essa autorização e com a orientação de que fosse construídaa missão “em lugar seguro, ao abrigo de ataques dos índios”, ela foi se concretizar somentealguns anos depois, entre 1607 e 1608, graças ao empenho, certamente, do padre Viegas, cha-mado na época de “Pai dos Maromomis”.

Em 1608 encontramos as primeiras alusões de uma documentação civil sobre osMaromomi já localizados no planalto, feitas pela Câmara de São Paulo, ao se referir à suapresença ao longo do Rio Tietê. Essa é uma prova de que apenas nessa época algumas fa-mílias viviam acampadas à margem direita desse rio (ACSP, 5.10.1608, v. 2, p. 222).

A missão, que passou a se chamar Nossa Senhora da Conceição dos Maromomis, tevecomo primeiro superior o padre Sebastião Gomes (LEITE, id., 2004, T. 6, L. 4, c.1, p. 501).Certamente o padre Viegas já devia estar sem condições de assumir a obra, pois morreu em1608. Com sua morte e com a per-da de prestígio dos jesuítas no pla-nalto, os indígenas da Missãocomeçaram a ser requisitados paratrabalhos em fazendas e em outrosserviços, como na forja de Diogo deQuadros, no Ibirapuera, atual SantoAmaro, como aparece numa ata daCâmara de 1609 (ACSP, 15.02.1609,v. 2, p. 234-235).

A partir de 1630, os paulistaspassaram a chamá-los de Gua-rulhos, certamente por influênciados moradores do Rio de Janeiro,

À esquerda, crânio do homem de Lagoa Santa.À direita, face reconstruída de Luzia.

Museu Arqueológico da região de Lagoa Santa, 2010.

Povo Puri aparentando os Maromomi. Ilustrado por Maximiliano de Wied-Neuwied.

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onde um povo com língua semelhante tinha esse nome. Assim, a aldeia também passou a sechamar Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos ou dos Goarulho. O mesmo Capistranode Abreu já afirmava que “não há motivo para duvidar que os Guarulhos de Muriaé [RJ] se-jam idênticos aos [Maromomi] que catequizaram Manoel Viegas e Mateus Nunes de Siqueira”(Os caminhos antigos..., 1963, p. 248).

No contexto do tema em discussão, retiramos do livro do IV Centenário de Guarulhosuma informação que merece ser analisada. Segundo Noronha, nas margens do Rio Tietê fo-ram encontrados sambaquis e urnas funerárias. Diz ele: “Desde muito cedo, tribos sem con-ta foram transladadas para o território dos Guarulhos. Uma das provas deste fato está nogrande número de sambaquis já encontrados em vários pontos deste rincão, notadamentenas proximidades do Tietê. Ainda recentemente, junto a uma variante da Estrada da Concei-ção, na divisa de Guarulhos com São Paulo, foram encontradas cinco urnas funerárias de barro,algumas com ossos humanos, e vasilhas de barro cozido. A seção de etnologia do MuseuPaulista concluiu haver existido ali uma aldeia de índios guaranis, num período variável de200 e 400 anos” (p. 17).

Como os Maromomi não eram ceramistas, é possível que estas urnas tenham sido dosnumerosos Tupi que ocuparam o planalto entre os séculos XV e XVII.

“O processo de migração campo-cidade, derivado da industrialização do Brasil, e espe-cialmente de Guarulhos, trouxe, nessas últimas décadas, mais de uma dezena de etnias indí-genas para nosso município, sobretudo originários do Nordeste, como os Pankararu, os Pankararé,os Xukuru, os Wassu-Cocal, além de Tupi-Guarani, totalizando cerca de 1.500 habitantesindígenas, alguns deles organizados em torno da organização não governamental Arte Nativa,criada em 2006” (Vários autores. 2010, Revelando a História do Bonsucesso e Região, p. 45).

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Do lado esquerdo o aborígene australiano. Foto do Museu Arqueológico de Lagoa Santa, 2010.Do lado direito, ilustração de um indígena atual – ciclo migratório dos povos mongóis.

OS GUARULHOS DO RIO DE JANEIRO“Sobre a polêmica acerca dos aldeados em Guarulhos terem sido os Guarulhos (ou

Goarulho), constatamos que estes são originais do litoral norte do Rio de Janeiro. Em visitaao município de Campos dos Goitacazes, observamos que lá existiu o Distrito de Santo Antô-nio dos Guarulhos, criado pela decisão episcopal de 3 de janeiro de 1759. Em 1890, o distri-to foi elevado à condição de freguesia, recebendo o nome de Santo Antônio dos Guarulhos.Na cidade de Campos dos Goitacazes existe também o Distrito dos Guarus, como observaum pesquisador de história local: “A origem do nome Guarus advém dos índios Guarulhos,tribo que habitava a região no século XVII. A mudança de nome de Guarulhos para Guarusocorreu há alguns anos, por decisão dos poderes municipais, para poderem diferenciar dadenominação da cidade de Guarulhos, no Estado de São Paulo” (Herbson Freitas, pesquisa-dor da história de Campos). Com o advento da colonização portuguesa no território e a dis-seminação da língua geral paulista, mistura de tupi, guarani e português, e que foi falada pelosmoradores de São Paulo de Piratininga, verifica-se também uma expansão da língua e cultu-ra tupi em regiões do sertão antes dominadas predominantemente por povos de língua dostroncos macro-jê e aruak. Como esta língua geral foi falada até o final do século XVIII emtoda a região paulistana, ainda hoje são encontrados muitos vocábulos tupi-guarani no terri-tório guarulhense, como Itaberaba, Cabuçu, Guaraçau, Capuava, Pirucaia, Baquirivu Guaçu,Tietê, Piratininga, Jurema, entre outros.

CICLO DO OURO EM GUARULHOS – ÉPOCA DAESCRAVIDÃO

Após os primeiros 30 anos da “descoberta do Brasil”, fren-te à necessidade de os portugueses consolidarem a coloniza-ção no território e, especialmente, encontrarem metaispreciosos e matérias-primas, foi fundada a Capitania deSão Vicente, em 1532, e o povoado de São Paulo dePiratininga, em 1554. Em 1560 chegaram aGuarulhos e criaram a aldeia de Nossa Senhora daConceição dos Maromomi.

Em 1597, Afonso Sardinha, o velho, descobriuouro na Serra do Jaguamimbaba, atual bairro doMorro Grande, também conhecida por Pico do Gil oudo Itaberaba. Com 1.438 metros de altitude, o Itaberabase localiza na porção nordeste do município de Guarulhos.

A mineração de ouro na cidade antecede a de Minas Gerais em mais de 100 anos. Aexploração de ouro em território guarulhense se deu em seis garimpos – Catas Velhas, Bair-ro das Lavras, Monjolo de Ferro ou Lavras do Geraldo, Campo dos Ouros, Bananal e TanqueGrande – e estendeu-se até 1812.

O ciclo do ouro em Guarulhos foi responsável pela consolidação das primeiras estrutu-ras urbanas do município, pela escravização indígena e de negros africanos, bem como pela

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Sítio arqueológico do Ribeirão das Lavras, ouro no veio de quartzo.Aqueduto – canal que levava água para a mineração de ouro – Sítio Soledad. Estrutura encontrada em 2010 porElton Soares de Oliveira, Daniel Carlos de Campos, David Almeida Braga, Donizete Bertozzi e José Abílio Ferreira.

mudança administrativa, da categoria de aldeia para a de freguesia, deixando marcas na paisa-gem da cidade. Dessa época constatamos a existência do Sítio Arqueológico do Garimpo deOuro do Ribeirão das Lavras, no bairro Capelinha, além de estruturas de garimpo nas demaislocalidades mencionadas, construções de casas e igrejas em taipa de pilão e de diversostopônimos: Bairro das Lavras, Campo dos Ouros, Serra do Ouro, estradas das Lavras, das CatasVelhas, da Conceição, Velha do Bonsucesso, do Caminho Velho, do Saboó, do Morro Grande,Ribeirão dos Quilombos, igrejas da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pre-tos, de São Benedito dos Homens Pretos, de Nossa Senhora da Conceição, de NossaSenhora do Bonsucesso e Bom Jesus da Cabeça.

Certamente os donos de garimpo influenciaram o poder sediado na Vila de São Paulona mudança que houve em 1685, quando a localidade deixou de ser aldeia e passou à con-dição de Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Vila de São Paulo de Piratininga, statuscorrespondente, na estrutura da Igreja Católica, ao de paróquia. É desse período a constru-ção da Igreja de Nossa Senhora da Conceição (sede da paróquia na época), edificada na PraçaTereza Cristina no mesmo ano da criação da freguesia.

Ao menos em três ocasiões os indígenas ameaçaram os propósitos dos colonizadores.Rebelados, atearam fogo em fazendas, o que resultou na destruição de plantações e na mor-te de alguns fazendeiros.

Quanto a indícios de resistência negra, há poucas pesquisas. Porém, a existência dasigrejas negras mencionadas e do Ribeirão dos Quilombos, bem como citações do pesquisa-dor Clovis Mouro, de 1776, sobre a convocação feita pelo governador Cunha Menezes doscapitães-mores da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição para conter fugas de escra-vos, são elementos significativos que merecem maior aprofundamento.

Por força dos acontecimentos históricos, é significativa a presença de indígenas, brancose negros no território guarulhense atualmente – uns como senhores e a grande maioria feri-da na sua dignidade, subjugada na condição de escravos. Foi nesse contexto econômico quea cidade presenciou a transição de Colônia para República.

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CICLO DO TIJOLO COZIDO – ÉPOCA DAS OLARIASCom o esgotamento da mineração, outro modelo de ocupação do espaço começou a ser

gestado. Com isso, o povoamento e as atividades econômicas se deslocaram da região mon-tanhosa para a parte baixa da cidade, nas proximidades das várzeas dos rios Tietê, BaquirivuGuaçu e Cabuçu de Cima. O uso do tijolo cozido, em substituição à taipa de pilão, fez comque Guarulhos reencontrasse o espaço perdido no cenário econômico global.

A trilha dos tropeiros, que ligava São Paulo ao Riode Janeiro, originalmente foi utilizada pelos garimpei-ros do Rio Jaguari e posteriormente com mais intensi-dade, para escoar o carvão vegetal e lenha da Serrada Cantareira. Era o caminho para quem rumava deSão Paulo para Minas Gerais ou Rio de Janeiro.

Segundo Paulo de Almeida Vinha, este caminhoem acentuado ziguezague foi a rota obrigatória dosanos setecentistas, quando era chamado de Caminhoda Conceição (Penha, Guarulhos) e Caminho Geral(Guarulhos, Bom Sucesso e Arujá), que seguiapara Santa Isabel e dali adentrava o Vale do Paraíba.Diz-se que o caminho do Vale do Paraíba nasceu doprolongamento do Caminho Geral, aberto nos anos de1600 para servir às minas de ouro.

MAPA DAMINERAÇÃO AURÍFERA

DE GUARULHOS

(Fontes: Instituto Geográfico e Geológico – IGG – e Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, 1950.)

OBS.: OS CONTORNOS DO MAPA DEMARCAM OSLIMITES ATUAIS DOS MUNICÍPIOS

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MAPA DA ÁREA URBANA DE GUARULHOS EM1938

(Fonte: Conto, canto e encanto com a minha história... Guarulhos: Espaço de Muitos Povos, p. 21, 2008.)

A imigração subvencionada, a partir de 1870, traz milhares de imigran-tes estrangeiros para o Brasil e especialmente ao Estado de São Paulo. A pre-sença de italianos, alemães, espanhóis, portugueses e, muito posteriormente,libaneses e asiáticos, de um modo geral, vai ser decisiva para o ordenamentoeconômico, político e cultural da cidade de Guarulhos no período que antece-de o ciclo industrial.

A imigração subvencionada, a expansão da lavoura de café em São Pau-lo, seguida da implantação da rede ferroviária, bem como a existência de re-cursos naturais em Guarulhos, como argila, água, madeira, areia e pedra, alémda proximidade com a Capital paulista, são fatores que possibilitaram o cicloeconômico das olarias, que no período do ouro e das construções em taipade pilão produziam apenas telhas.

O uso do tijolo cozido em larga escala na Capital paulista e na regiãometropolitana, empregado na edificação de casas, igrejas, pontes, cadeias,galpões, tubulações, prédios públicos etc., fez surgir em Guarulhos dezenasde olarias e proporcionou diversificação econômica à cidade.

Era comum os donos de olarias, mais para o final do período, interca-larem a produção de tijolos e telhas com pequena produção de hortaliças,destinadas ao mercado e à agricultura de subsistência. Na Ponte Grandeexistiu um porto, no atual Bairro do Porto, por onde escoava o grosso da pro-dução local, pela Hidrovia Rio Tietê/Ponte das Bandeiras, em São Paulo. Nesseperíodo foram abertas novas vias, houve crescimento do comércio, incrementopopulacional, aumento do rebanho bovino e da produção de cachaça por meiode engenhos. No auge da produção oleira guarulhense, em 1956, havia 250olarias artesanais e uma produção média de aproximadamente 1 milhão detijolos por dia, sem contar a produção oleira industrializada.

Trabalhadores em olaria no bairro Ponte Grande.

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Dentro do período do ciclo do tijolo cozido, novas situações emergiram no cenário polí-tico da cidade: a presença de muitos imigrantes estrangeiros – italianos, portugueses, espa-nhóis, libaneses e asiáticos –, a chegada do trem da Cantareira, a primeira indústria da cidade,o salário como remuneração da força de trabalho e a constituição do primeiro núcleo deoperários urbanos na Vila Galvão.

Diante das transformações que vinham acontecendo, aos 24 de março de 1880, confor-me a Lei no 34, Guarulhos emancipa-se de São Paulo, tornando-se vila (município). Logo emseguida acontece o fim da escravatura. Em 1886, a freguesia da Penha deixa de pertencer aGuarulhos, o mesmo acontecendo com Mairiporã, em 1889 (antigo Juqueri, ver página 26). Em19 de dezembro de 1906, mediante a Lei no 1.038, a Vila de Guarulhos foi elevada à categoria decidade. Finalmente, a Lei Estadual no 2.456, de 30 de dezembro de 1953, regulamentou a comarca(Poder Judiciário Local), cuja instalação se deu, solenemente, aos 18 de fevereiro de 1956.

CICLO INDUSTRIAL – FORMAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DOOPERARIADO GUARULHENSE

A Guarulhos atual possui características essencialmente urbanas: concentração densade população e boa infraestrutura – rede de fornecimento de água, coleta de esgoto, gás,eletricidade, telefonia, transporte, sistema educacional e de saúde, áreas de lazer, aeroporto,vias de acesso, praças, imóveis residenciais, comerciais e industriais etc. Do ciclo dos indí-genas coletores a uma cidade industrializada são mais de 500 anos de construção.

A primeira indústria a se estabelecer no município, em 1911, na Vila Galvão, foi a Em-presa Cerâmica Paulista, que ficava em frente à Estação Ferroviária. Ao redor da fábrica e daestação de trem, inicialmente chamada de Estação Cabussu, depois Vila Galvão, formou-se aprimeira vila dos operários da cidade, chamada de colônia.

É dessa época a primeira forma de organização dos operários do município. Em 1o deabril de 1917, os operários da Cerâmica Paulista e da Estrada de Ferro, Ramal Tramwayda Cantareira, juntaram-se e fundaram o “União Operária Beneficente Portuguesa”. Se-gundo relato, os fundadores do União Operária eram munidos de um mesmo ideal, de-monstrando forte disposição para criar uma sociedade de lutas da classe operária. Por

meio da União Operária constata-sea existência do primeiro grupode teatro da cidade, os chamados“teatristas da Vila Galvão”.

Em 1950, o ciclo econômico dacidade já era considerado industrial.Vários fatores foram decisivos para oavanço da industrialização no muni-cípio, entre os quais destacamos: alocalização geográfica entre a Capi-tal paulista, Minas Gerais e o Rio de Janeiro; a primeira e a segunda guerras mundiais; a exis-tência do aquífero Cumbica (ver páginas 61 e 62); a isenção de impostos municipais paraempreendimentos fabris; a oferta de força de trabalho próxima à indústria, oriunda da imi-gração nacional; investimentos públicos de grande monta em infraestrutura, especialmentena implantação da Via Dutra, nas siderúrgicas de Volta Redonda e Usiminas, hidrelétricas eplataformas de petróleo, por exemplo.

Diferentemente dos ciclos econômicos anteriores, que retiravam toda matéria-prima dopróprio município, a produção industrial depende, como visto, de produtos semi-industrializa-dos, oriundos de outras localidades, e de estruturas de suporte fora da cidade. Guarulhos é umpolo econômico industrial que faz parte de uma cadeia produtiva regional, nacional e internacional.Para seu bom funcionamento, se faz necessária, principalmente, a existência de um sofisticadosistema de transportes e rodovias para suprir as demandas das indústrias.

Segundo estudo (IBGE/IPEA* – 2005), “Aumenta a concentração de serviços e da população,de acordo com o nível de industrialização. Além do próprio peso da atividade, a indústria agregauma série de serviços em torno de si, o que faz crescer ainda mais a economia local. Foi a indús-tria, e não diretamente o Aeroporto Internacional, a grande responsável pelo Produto Interno Bruto(PIB) de Guarulhos. A produção industrial se reflete na receita do município: cerca de 60% daarrecadação vêm, segundo a Prefeitura, das atividades industriais. Guarulhos faz parte do seletogrupo das nove cidades brasileiras responsáveis por 25% do PIB do Brasil”.

O município tem oscilado entre a 8a e a 9a posições na economia nacional, sendo respon-sável por 1,03% do PIB brasileiro (IBGE-2006). Com um parque industrial diversificado, conta91.847 trabalhadores em mais de 2.890 indústrias, 11.835 estabelecimentos comerciais, 6.662prestadores de serviços e 54 unidades produtivas em meio rural, segundo o Dipam-2006.

A produção industrial chega a R$ 12,06 bilhões anuais e a cidade figura no cenárionacional com um PIB de R$ 18.194.924 bilhões. O emprego no setor formal contabiliza227.914 trabalhadores.

A industrialização também gerou enorme contraste social, observando-se a existência demuita riqueza e muita pobreza, inclusive de um grande passivo ambiental. O operariado urba-no, diante das precárias condições de trabalho, baixo salário e falta de infraestrutura nos locaisde moradia, organizou-se em suas entidades de classe, sindicatos, associações de bairro,partidos políticos etc. Com isso, vieram as greves, passeatas e protestos, conduzidos por ope-rários e trabalhadores nos locais de trabalho e na periferia da cidade. O primeiro sindicato, odos condutores, foi fundado em 1958, e a primeira greve operária aconteceu em 1963.Sede da primeira indústria de Guarulhos, em 1911. Cerâmica Paulista, em Vila Galvão.

Ilustração da Sociedade Dramática Recreativa União dosOperários de Vila Galvão, em 1917.

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DESMEMBRAMENTO TERRITORIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

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DESMEMBRAMENTO –GUARULHOS JÁ FOIMUITO MAIOR

O desmembramento territorial, procedimento de parcelamentode solo, serviu, no passado, para criar novas áreas de povoamen-to e permitir o melhor controle da terra e ações de desenvolvimento.

Territórios extensos eram difíceis de gerenciar e muitasáreas ficavam sem intervenção administrativa (abandonadas),por falta de recursos humanos e financeiros. Assim, os des-membramentos eram essenciais para o desenvolvimento de SãoPaulo, pois eram criados centros administrativos (vilas e cida-des) que intercederiam diretamente naquela porção de terrarecém-formada.

DESMEMBRAMENTO: GUARULHOS PERDEUTERRITÓRIO

Em 1685 é criada a Freguesia de Nossa Senhora da Concei-ção dos Guarulhos. O termo “freguesia” reconhecia institu-cionalmente a elevação de um povoado a esta categoria quandonele houvesse uma capela curada ou paróquia, com um padremantido pelos paroquianos locais. Era uma categoria oficial eservia também para a administração civil daquela população.

Por meio da Lei no 34, de 24 de março de 1880, Guarulhosdeixa de ser freguesia de São Paulo, sendo criada a Vila (mu-nicípio) de Nossa Senhora da Conceição dos Guarulhos, des-membrando-se, desta forma, do município de São Paulo. Acategoria de vila corresponde à implantação dos Três Poderesno município: Legislativo, Executivo e Judiciário (Comarca).

Quando Guarulhos se tornou município, em 1880, Mairi-porã e a Freguesia de Nossa Senhora da Penha foram anexa-das a Guarulhos. Na época, Mairiporã tinha a denominação deJuqueri, e abrangia, além da sua área atual, os municípios deFranco da Rocha, Francisco Morato e Caieiras, territórios igual-mente pertencentes a Guarulhos naquela data. Em 3 de maiode 1886, mediante a Lei Provincial no 71, a Penha voltou a per-tencer a São Paulo. Mairiporã e seu vasto território, em27 de março de 1889, de acordo com a Lei Provincial no 66,constituiu-se em município, emancipando-se de Guarulhos.

TERRITÓRIO DOMUNICÍPIO

DE SÃO PAULOEM 1840

A partir desses desmembramentos, forma-se a feição espacial atual dos limites municipais (divisas) de Guarulhos.

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PRIMEIROS BRASILEIROS – COMO CHEGARAM A GUARULHOS?Diferentemente do que se imaginava, não foram os indígenas que conhecemos os primeiros habitantes brasileiros. Luzia, o fóssil humano mais antigo das

Américas, que foi encontrado em 1975 na região de Lagoa Santa, em Minas Gerais, não era indígena. Luzia, assim batizada pelos cientistas, morreu com idadeentre 20 e 25 anos há cerca de 12 mil anos.

Segundo estudos realizados em 1998 por vários pesquisadores, entre eles o brasileiro Walter Neves, da USP, Luzia teria origem africana, diferentemente doque se imaginava – até então, pensava-se que ela era originária de populações asiáticas e nativas americanas. No entanto, Luzia não era idêntica aos negros dehoje, mas pertencia a uma população ancestral que depois se diferenciou.

Pesquisadores acreditam que o homem com características modernas – Homo sapiens sapiens – apareceu primeiro na África, há cerca de 120 mil anos, edepois se espalhou pelo mundo. Por volta de 45 mil anos atrás, esse homem atingiu a Europa e, entre 40 a 50 mil anos, alcançou a Austrália.

De acordo com a teoria anterior às pesquisas de Walter Neves, a ocupação das Américas pelo homem ocorreu muito depois, entre 11,2 a 10,9 mil anosatrás. Segundo o modelo das Três Migrações, os primeiros americanos teriam surgido de populações do Norte da Ásia no final do Pleistoceno (ver tabela dotempo geológico na página 31). No entanto, de acordo com os sítios arqueológicos do Chile, datados de 12,5 mil anos atrás, para que essa população migrassepara esta região a partir da Ásia, teria que ter sido através do estreito de Bering (entre a Sibéria e o Alasca), há cerca de 20 mil anos. Tudo indica, portanto, que as Américas foram povoadaspor diversos grupos vindos da Ásia, num processo muito mais complexo. Walter Neves e outros pesquisadores propõem um modelo de quatro migrações – uma além das três populaçõesvindas da Ásia. Esta quarta migração foi anterior às demais e parecida com a que chegou à Austrália há cerca de 50 mil anos, com origens remotas da África.

Os descendentes de Luzia eram de tradição coletora, viviam da coleta de frutos, raízes e da extração de mel, da caça e da pesca. Com base nas informações atuais, de Minas Gerais espalha-ram-se pelo território brasileiro. Dada a tradição coletora e a língua característica dos paleoíndios Maromomi, é bem provável que estes sejam descendentes dos primeiros povoadores do Brasil.

A DANÇA DOS CONTINENTES E A MIGRAÇÃO DO HOMEM PARA AS AMÉRICASHá cerca de 1,8 milhão de anos,

no final do Período Neógeno (ver esca-la do tempo geológico na página 31), aAmérica do Norte se aproximou do Con-tinente Asiático, unindo-se no estreitode Bering, mediante o processo detectônica de placas (ver página 30).Esta região, que inclui a Sibéria, Alascae porção oeste do Canadá, é conhecidapor Beríngia, pois desde a aproximaçãodos continentes todas as vezes que onível do mar baixou, decorrente dasglaciações do Período Quaternário, for-mou-se uma “ponte-terra” entre osdois continentes, permitindo assim apassagem da fauna, a mescla da florae, mais tarde, a migração do homem apartir da África, passando pela Europae Ásia, até alcançar as Américas peloestreito de Bering.

Reprodução do crânio de Luzia.

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GALERIA DA HISTÓRIA

Fábrica de Casimiras Adamastor, em 1926,atual Centro Municipal de Educação Adamastor.

Igreja Matriz, Santa Padroeira Nossa Senhora daConceição, erguida em 1685, por ocasião da implantação

da freguesia e paróquia.

Estação Guarulhos, trem da Cantareira,atual Praça IV Centenário.

Festas de Nossa Senhora do Bonsucesso e daCarpição, em 1959, celebradas há 268 anos.

Represa do Cabuçu, construção de adutoras iniciadaem 1905. Dutos destinados ao abastecimento de água

na Capital paulista. Igreja da Irmandade de Nossa Senhora do Rosáriodos Homens Pretos. Demolida no final da década de 1920,

igreja e cemitério fechavam a Rua Dom Pedro II, nasproximidades do Shopping Poli.

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29Reservatório Cabuçu.

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Observação: deslocamento dos continentes a partir do Período Permiano. Evidências mostram que a movimentação dos continentes ocorreu diversas vezes antes desse período. Ver a configuração e a disposição atual dos conti-nentes na página 32.

GEOLOGIA: GUARULHOS HÁ BILHÕES DE ANOSPara entendermos a formação do relevo (serras, montanhas, colinas e planícies) e a atual

paisagem de Guarulhos, além da ocorrência e extração de ouro no município e demais ativi-dades econômicas e sociais, é necessário conhecermos os processos geológicos relaciona-dos à formação de nosso planeta. Esses processos fazem parte da formação da Terra ao longodo tempo geológico, que foi dividido, tendo por base os maiores eventos da história geológi-ca, como a evolução de cadeias de montanhas e as etapas de evolução da vida, constatadaspor meio da observação de fósseis (ver página 31).

Desde a formação da Terra, há cerca de 4,6 bilhões de anos, continentes inteiros surgi-ram e foram destruídos várias vezes. No início de sua formação, quando nem os continentesnem os oceanos existiam como os conhecemos hoje a superfície da Terra era tão quente,devido às atividades vulcânicas e aos impactos de meteoritos, que a água não podia secondensar na superfície para formar rios, lagos e oceanos.

Ao longo de milhares de anos a temperatura da Terra foi diminuindo, possibilitando a for-mação da crosta terrestre, que é dividida em diversas partes chamadas placas tectônicas. Acrosta terrestre tem, em média, de cinco quilômetros no fundo do mar a setenta quilômetrosno alto das maiores montanhas. Os limites das placas tectônicas são regiões de atividadesvulcânicas e terremotos e estão em constante movimento, deslocando-se entre 1,3 a 18,3 cen-tímetros por ano. Parece pouco, mas durante bilhões de anos esse processo possibilitou osurgimento dos continentes, dos oceanos e do relevo tal como hoje os conhecemos (ver página 32).

A placa sul-americana, por exemplo, é limitada a leste pela dorsal meso-oceânica, nofundo do oceano Atlântico, e a oeste junto à cordilheira dos Andes (ver página 32). Na dorsalmeso-oceânica, a placa sul-americana se afasta da placa africana. À medida que elas seafastam, são expelidas lavas (rocha derretida) entre as placas, criando um novo assoalhooceânico. Consequentemente, a placa sul-americana se desloca por cima da placa Nazca,

região conhecida como zona de subducção, gerando atrito e fusão nas rochas, promovendovulcanismo, terremotos e a elevação da cordilheira dos Andes.

Esta “dança dos continentes”, bem como os terremotos, vulcões e a elevação de gran-des cadeias de montanhas, são decorrentes do movimento de calor no interior da Terra, co-nhecido como fluxos geotérmicos (como bolhas que sobem de uma panela de água fervendo),pois nosso planeta está sempre em movimento, ele é geologicamente vivo.

A teoria da Tectônica de Placas ou Global foi desenvolvida no início do século XX pelocientista alemão Alfred Wegener. Baseado na observação do mapa-múndi, ele percebeu queas linhas das costas sul-americana e africana se encaixavam. Acreditava que todos os con-tinentes eram unidos um dia e, posteriormente, ter-se-iam separado. Ele denominou essa teoriade Deriva dos Continentes. Posteriormente detalhada e aperfeiçoada, passou a ser conheci-da como teoria da Tectônica de Placas. Wegener denominou esse supercontinente de Pangea,que se fragmentou há cerca de 220 milhões de anos, no Período Triássico.

Da fragmentação do Pangea surgiram, no Período Cretáceo, dois continentes: Laurásia(América do Norte, Europa e Ásia) e Gondwana (África, América do Sul, Austrália e Índia). Noinício do Período Terciário, há cerca de 65 milhões de anos, Gondwana se fragmentou, for-mando os continentes africano e sul-americano e também o oceano Atlântico.

Durante todo esse processo, lavas, cascalhos, areia e outros materiais foram se depo-sitando como camadas de um bolo, como ocorreu no território do Estado de São Paulo (verpáginas 34 e 35). Essas camadas podem ter metros e até quilômetros de espessura e levarmilhões ou até bilhões de anos para se formar.

No processo de formação dos continentes sul-americano e africano, os terrenos se ele-varam ao longo de uma extensa faixa entre os atuais estados do Paraná, São Paulo e Rio deJaneiro. Em seguida, o sentido das placas tectônicas se inverteu e, por isso, o topo dessaselevações sofreu um afundamento de blocos de rochas, num processo chamado de Rift Con-tinental do Sudeste Brasileiro (RCSB), entre as serras do Mar, da Mantiqueira e da Cantareira,formando um extenso vale.

MOVIMENTO DOS CONTINENTES DE ACORDO COM A TEORIA DA TECTÔNICA DE PLACAS

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Durante milhares de anos as chuvas e o vento foram desgastando as montanhas, carre-gando cascalhos, areia e outros materiais, chamados de rochas sedimentares, que se deposi-taram nessa parte afundada, conhecida como Bacia Sedimentar, situada entre as serras do Mar,da Mantiqueira e da Cantareira.

Posteriormente, há cerca de 23 milhões de anos, no início do Período Neógeno, houve duasnovas elevações dos terrenos, desta vez transversais, o que dividiu essa extensa depressão emtrês partes. Uma dessas elevações foi na divisa de Guarulhos com Arujá e definiu as baciashidrográficas do Rio Tietê e do Rio Paraíba do Sul. Essa elevação é conhecida como “Alto Estru-tural de Arujá”. Originalmente as nascentes do Rio Tietê não estavam em Salesópolis, mas nomunicípio de Guararema; o Rio Paraitinga era a nascente do Tietê. Com a evolução do “AltoEstrutural do Arujá”, o Rio Paraitinga interrompeu o escoamento das águas em seu leito e o RioParaíba do Sul o “capturou”. Ele passou, portanto, a ser a nascente do Rio Paraíba do Sul, con-forme mapa da página 57.

O Rio Paraitinga corre exatamente em direção oposta à do Paraíba do Sul. A inflexão oucotovelo se dá na região de Guararema. O geógrafo Aziz Ab’Sáber (1957) identificou esta cap-tura como uma “grande anomalia de drenagem existente na curvatura brusca que inverte total-mente a direção do curso do Paraíba paulista, região de Guararema” e “a mais sugestiva anomaliade drenagem do território brasileiro”.

ESCALA DO TEMPO GEOLÓGICO

Perfil esquemático do Rifte Continental do Sudeste Brasileiro (RCSB).

Com a fragmentação do Pangea e oprocesso de afastamento das placassul-americana e africana, os terrenosao longo do atual litoral sudeste bra-sileiro (cerca de 900 km de extensão)se elevaram.

No início do Período Terciário, com adistensão da placa sul-americana, osterrenos ao longo dos atuais estados doParaná, São Paulo e Rio de Janeiro so-freram um afundamento de blocos derochas no topo da elevação, formandoas Bacias Sedimentares de São Paulo,do Vale do Paraíba, do Taubaté, de Re-sende e de Volta Redonda. Posterior-mente essa depressão foi preenchida porsedimentos provenientes da erosão* dasmontanhas e, por fim, no Quaternário,formaram-se os atuais rios da região.

Elevação dos terrenos ao longo do atual litoral sudeste brasileirohá 65 milhões de anos

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AS PRINCIPAIS PLACAS TECTÔNICAS E SENTIDO DE DESLOCAMENTO

PERFIL DA PLACA SUL-AMERICANA

Limite divergente ou zona de diver-gência de placas tectônicas (área respon-sável pelo afastamento dos continentes).

Duas placas tectônicas são força-das, pelo material magmático oriundo domanto terrestre, a se afastarem uma daoutra. O espaço criado durante o afasta-mento é logo preenchido com novo ma-terial magmático, criando um novoassoalho oceânico.

Limite convergente ou zona de con-vergência de placas tectônicas (choqueentre placas). Conhecida também comozona de subducção, onde uma placatectônica desliza sobre a outra. É umaárea de tensão sísmica e o atrito geradoentre as placas pode gerar terremotos.Essas áreas estão associadas ao vulca-nismo e à orogênese (formação de mon-tanhas pela deformação compressivaaplicada na litosfera).

Limite conservativo, onde as placasdeslizam lateralmente uma em relação àoutra, sem a destruição ou geração decrosta.

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O processo de formação do “Alto Estrutural de Arujá”teve consequências muito singulares na divisa deGuarulhos e Arujá. Na divisa das bacias hidrográficas doRio Tietê e Paraíba do Sul em Arujá, próximo a Guarulhos,a planície (porção do relevo mais baixa e plana em umabacia hidrográfica) do Rio Baquirivu Guaçu, pertencenteà bacia do Rio Tietê, adentra a sub-bacia do Rio Jaguari,este pertencente à bacia do Rio Paraíba do Sul (ver pá-gina 57). Isso significa que o limite dessas duas grandesbacias hidrográficas, do Tietê e do Paraíba do Sul, na di-visa dos municípios é muito baixa e com declividademuito tênue, quase imperceptível, realmente uma situa-ção bastante singular.

Adentrando novamente mais no passado geológico,antes da formação dos continentes sul-americano e afri-cano, há evidências de eventos geológicos em Guarulhosmuito mais antigos, há pouco mais de 1,5 bilhão de anos,com a ocorrência de terremotos e a presença de muitosvulcões. Desses eventos vulcânicos resultaram derramesde lavas que foram sendo depositadas no fundo de umoceano então existente na região.

As maiores evidências da existência de mar emGuarulhos é o fato de existirem hoje três tipos de rochas:as basálticas, os quartzitos e os marunditos. As rochasbasálticas são formadas pela erupção vulcânica e seuresfriamento é muito rápido, em ambiente onde a crostaterrestre é pouco espessa, característica do assoalhooceânico. Os quartzitos são compostos de grãos de areiatípicos da praia desse mar existente na região e que so-freram elevadas pressões e altas temperaturas até serecristalizarem e formarem esse tipo de rocha.

Os marunditos, por sua vez, são rochas muito ra-ras tanto no Brasil como no mundo. Elas estão presen-tes no Pico Pelado, região do Cabuçu, onde um dessesfragmentos de rocha chega a 60 metros de comprimen-to, com uma variedade de tonalidades azul-clara, azul--escura, marrom e branca em função da concentraçãodiversificada de minerais. É tamanha a importância dapresença dos marunditos em Guarulhos que a área foiinserida em 2010, pela Comissão Brasileira de SítiosGeológicos e Paleobiológicos (Sigep), no catálogo de pa-trimônios naturais brasileiros a serem preservados. Suaformação é bastante complexa e está ligada a processos

de atividades vulcânicas associadas a alteraçõeshidrotermais e mineralização de ouro, características des-se mar existente em Guarulhos há 1,5 bilhão de anos.

Nesse período, foi formada também a Serra doItaberaba, ou do Gil, e o Morro Nhangussu, também co-nhecido como morrão, ambos no bairro Morro Grande (verpáginas 38 a 40). Essa região era chamada de Serra doJaguamimbaba no início da colonização devido a ati-vidades de exploração de ouro.

Esses antigos eventos geológicos em Guarulhos pro-moveram a ascensão de fluxos de lavas para a superfí-cie. O processo de elevação de lava à superfície atravésde fissuras na crosta terrestre tem a propriedade de atraire agregar partículas de ouro. Ao se solidificarem na su-perfície, em determinadas condições e composição, for-maram cristais de quartzo associados às pepitas de ouro.A partir disso, a ação da chuva e de outros agentes fi-zeram com que essas pepitas se encaminhassem e sedepositassem nos rios, formando o chamado ouro de alu-vião. Esses eventos têm grande significado paraGuarulhos, pois proporcionaram a ocorrência de ouro e,posteriormente, sua extração, no início da colonizaçãoportuguesa, sendo a primeira atividade econômica nomunicípio, especialmente na Tapera Grande, hoje regiãodo Capelinha, entre outras localidades de Guarulhos.

O território de Guarulhos, portanto, é composto, deum modo geral, por dois tipos de rochas, as sedi-mentares, de idade entre 65 e 1,8 milhão de anos, e ascristalinas, mais antigas, de até 1,5 bilhão de anos, re-sultantes dos processos vulcânicos (ver página 37). Naporção sul do território predominam as rochas se-dimentares depositadas, durante o Período Terciário,sobre as rochas cristalinas antigas (embasamento cris-talino). Sobre a Bacia Sedimentar, durante o PeríodoQuaternário, há 1,8 milhão de anos, formaram-se os rios,córregos e ribeirões tais como os conhecemos hoje, en-tre eles os rios Tietê, Baquirivu Guaçu e Cabuçu de Cimae os córregos Tanque Grande e Lavras. Na porção nortedo município predominam as rochas cristalinas. O limi-te das rochas cristalinas e sedimentares, entre norte e sul,é marcado por uma falha geológica, denominada Falha doJaguari, bem marcada no sentido leste-oeste.

Os eventos geológicos estão associados a grandes pressões e elevadas tempe-raturas, que fazem, muitas vezes, com que as rochas se dobrem como papel,sem se quebrar. É possível, entretanto, que ocorram rompimentos, chamados defalhas geológicas, em conjuntos de rochas.

Ouro em meio arocha de quartzo.

Rocha marundito no Pico Pelado – Cabuçu, 2010.

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GEOLOGIA DO ESTADO DE SÃO PAULOCerca de um terço do Estado de São Paulo (porção leste) é constituído por granitos* e

rochas metamórficas*, formando o embasamento Pré-Cambriano. A formação dessas rochas(grandes deformações tectônicas formando dobras e falhas, com deslocamento de blocos)marca o atual relevo montanhoso do Estado.

Os outros dois terços do território pertencem à Bacia Sedimentar do Paraná, constituídapor rochas sedimentares* variadas e por basaltos*.

Na Era Paleozoica, desde o Período Devoniano, o interior do Estado de São Paulo estevesubmerso em um mar epicontinental – pouco profundo e localizado sobre a plataformacontinental –, resultando no depósito de extensos pacotes de rochas sedimentares dasformações Furnas, Grupo Itararé, Aquidauana, Grupo Guatá e Grupo Passa Dois.

No Triássico houve a regressão do mar, formando rios e lagos, e então o clima setornou desértico. Nesse período ocorre um novo ciclo de sedimentação, quando arenitosdepositados pela ação dos ventos formaram sucessivos campos de dunas (formações Piramboia,durante o início do Período Triássico, e Botucatu, do final do Jurássico ao início do Cretáceo).

Depois disso, ainda no início do Cretáceo, a Bacia do Paraná foi afetada por intensovulcanismo da Formação Serra Geral: sucessivos derrames de lavas basálticas recobriramquase todo o deserto de Botucatu, chegando a atingir cerca de 2.000 metros de espessura.

Já em clima semiárido, durante o final do Cretáceo, depositaram-se sobre os basaltos exis-tentes sequências de arenitos do tipo calcífero (Grupo Bauru), com espessura média de 150 metros.

Durante o Período Terciário a região foi novamente afetada por tectonismo decorren-te da separação dos continentes América do Sul e África: houve soerguimento do emba-samento Pré-Cambriano e, em duas áreas, formaram-se bacias alongadas e delimitadaspor falhas, onde se depositaram rochas sedimentares. Trata-se da formação do Rifte Con-tinental do Sudeste Brasileiro (RCSB, ver página 31). São as bacias sedimentares de SãoPaulo e Taubaté. No Quaternário houve a formação de aluviões*, com camadas dispersas ede pouca espessura.

A estrutura geológica do Estado de São Paulo, portanto, apresenta uma nítida divisãogeral entre as rochas cristalinas* do embasamento Pré-Cambriano do Escudo Brasileiro e asrochas sedimentares e vulcânicas de diferentes idades que compõem a Bacia Sedimentar doParaná.

Detalhando essa divisão em compartimentos geológicos, relacionando as característicasdas rochas agrupadas em determinados intervalos do tempo geológico com a caracterizaçãodo relevo, tem-se a seguinte apresentação:

● no Planalto Atlântico, rochas cristalinas do Arqueozoico-Proterozoico;● na Depressão Periférica, rochas sedimentares do Paleozoico (Carbonífero e Permiano);● na Cuesta Basáltica, rochas sedimentares e vulcânicas, do Triássico ao início do

Cretáceo;● no Planalto da Bacia do Paraná, sedimentos do final do Cretáceo e do Cenozoico,

intercalados por rochas efusivas* (extrusivas) basálticas;● na Província Costeira, terreno sedimentar de origem marinha do Período Quaternário.

SEM

ESC

ALA

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MAPA GEOLÓGICO DO ESTADO DE SÃO PAULO

(Rifte Continental do Sudeste Brasileiro)

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MAPA GEOLÓGICO DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

(Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.)

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MAPA GEOLÓGICO DE GUARULHOS

(Fonte: ANDRADE, 1999. Laboratório de Cartografia – FFLCH/USP e Laboratório de Geoprocessamento da UnG.)

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RELEVORelevo é a forma da superfície terrestre

representada, de um modo geral, por cordilhei-ras, serras, montanhas, planaltos e planíciesresultantes dos processos geológicos. A ciênciaque estuda essas formas é conhecida comogeomorfologia. As características fundamentaisobservadas no relevo pela geomorfologia são:amplitude topográfica (diferença de altitude entrepontos mais baixos e mais altos) e declividadedas encostas (maior ou menor inclinação) dosterrenos.

Os geógrafos Pierre Monbeig e Aziz Ab’Sabere o geólogo Fernando F. M. de Almeida dividiram,entre 1949 e 1964, o Estado de São Paulo emcinco diferentes porções geomorfológicas: Planí-cie Costeira, Planalto Atlântico, Depressão Perifé-rica, Cuestas Basálticas e Planalto Ocidental.

A Planície Costeira abrange, basicamen-te, as regiões da Baixada Santista e o Vale doRibeira do Iguape. É constituída pela deposiçãode rochas sedimentares de origem marinha esedimentos provenientes dos processos erosivosdo Planalto Atlântico.

O Planalto Atlântico é constituído porgnaisses e granitos muito antigos, do PeríodoPré-Cambriano. São terras altas, com monta-nhas e planaltos que podem atingir até 2.000metros de altitude. Esse compartimento de re-levo aparece de modo evidente, com terrenosenrugados, refletindo as falhas e demais defor-mações das rochas, resultado dos processosgeológicos quando da separação dos continen-tes e formação do Oceano Atlântico. Inserido no Planalto Atlântico, entre as altitudes de 700a 900 metros, está o Planalto Paulistano, a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) e,nela, Guarulhos.

Após o limite do Planalto Atlântico, seguindo para o oeste, verifica-se uma queda dorelevo, numa faixa de 80 a 100 quilômetros de largura onde se encontra a Depressão Peri-férica, com altitudes médias de 600 a 650 metros. Essa região é formada por rochassedimentares Paleozoicas e Mesozoicas da Bacia Sedimentar do Paraná, caracterizadas porterras baixas e colinas*.

MAPA DO RELEVODO ESTADO DE

SÃO PAULO

Esse relevo é interrompido por uma faixa descontínua de escarpas* na porção centraldo Estado, onde se limita com as Cuestas Basálticas, que formam planaltos* isolados comaltitudes médias de 800 a 900 metros e, a partir dessa linha sinuosa de escarpa, estende-seo Planalto Ocidental, ocupando quase a metade do território estadual, diminuindo sua alti-tude em direção ao Rio Paraná, divisa do Estado de São Paulo com o Mato Grosso do Sul.Possui relevo ondulado esculpido nos arenitos do Grupo Bauru.

Em 1981, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo – IPT – elaborou o MapaGeomorfológico do Estado de São Paulo, estabelecendo zonas e subzonas geomorfológicas em cadauma das cinco porções geomorfológicas. Citaremos aqui apenas a zona do Planalto Paulistano(inserida no Planalto Atlântico), onde está contida a Região Metropolitana de São Paulo e Guarulhos.

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MAPA DAS PRINCIPAIS ELEVAÇÕES DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

Na Região Metropolitana de São Paulo encontram-se dois compartimentos geomorfológicos bem diferenciados: a Bacia Sedimentar de São Paulo, caracterizada por relevos suavizados, comcolinas e espigões* tabulares com níveis escalonados. Seu entorno é constituído por rochas cristalinas Pré-Cambrianas, com relevo mais acidentado, como a Serra do Mar e a Serra da Cantareira.

Os terrenos sedimentares correspondem à unidade geomorfológica Colinas de São Paulo, que cobrem cerca de 60% da Região Metropolitana de São Paulo, com altitudes entre 715 e 900metros. Estas, juntamente com a Morraria de Embu, formam o Planalto Paulistano. As Colinas de São Paulo se desenvolvem tanto sobre os sedimentos da Bacia de São Paulo como em rochasPré-Cambrianas.

Nas demais regiões predominam relevos acidentados, destacando-se morrotes, morros e serras. No setor norte da região (subzona Serraria de São Roque) são encontradas serrasalongadas, com declividades altas e extensão acima de 300 metros.

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MAPA DO RELEVODE GUARULHOS

Já em Guarulhos, segundo o geólogo Már-cio Roberto Magalhães de Andrade, a geomor-fologia é composta por cinco regiões:

● Planície Aluvial*: declividades infe-riores a 5%, com amplitudes topográficas in-feriores a 10 metros.

● Colinas: declividades de até 30%, comamplitudes topográficas de até 40 metros.

● Morrotes: declividades de até 30%,com amplitudes topográficas de até 60 metros.

● Morros Baixos: declividades acima de45%, com amplitudes topográficas de até 100metros.

● Morros Altos: declividades acima de45%, com amplitudes topográficas de até 150metros.

● Serras: declividades acima de 45%,com amplitudes topográficas de até 300 metros.

O Mapa Geomorfológico de Guarulhosmostra um predomínio de colinas e morrotes,além de extensas planícies aluviais. O relevo seapresenta mais plano na porção central e sul doterritório guarulhense, coincidindo, aproximada-mente, com as rochas sedimentares da Baciade São Paulo. O relevo torna-se mais acidenta-do à medida que se dirige ao norte, onde estãoas rochas cristalinas.

Na porção nordeste do município encon-tramos a maior e a menor altitudes de Guaru-lhos: Serras de Itaberaba (Pico do Gil), com maisde 1.430 metros, e a localidade do Rio Jaguari,com 660 metros de altitude, na divisa de Gua-rulhos com os municípios de Arujá e Santa Isabel.

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(Fonte: Instituto Geográfico e Cartográfico do Estado de São Paulo – IGC.)

MAPA DAS DIFERENTES ALTITUDESDA REGIÃO METROPOLITANA

DE SÃO PAULO

DIFERENÇAS DE ALTITUDESComo vimos, a paisagem natural é o resultado de processos geológicos ocorridos há milhões e até bilhões de anos, resultando nas diferentes formas de relevo. Este, por sua vez, pode

ser dividido por camadas de altitudes. O estudo desse atributo do relevo é conhecido por hipsometria.A maior altitude no Estado de São Paulo é encontrada na Pedra da Mina, na Serra da Mantiqueira, com 2.770 metros.Na Região Metropolitana de São Paulo, as maiores altitudes são encontradas (porção norte) entre Guarulhos e a Zona Norte de São Paulo (porção oeste), na cidade de Cotia e (porção

leste) na região das nascentes do Rio Tietê, município de Salesópolis.

HipsometriaTermo geográfico amplamente utilizado para indicar a altimetria

(altitude) do relevo de um local ou região (bairro, município, estado, paísou continente).

Esse termo refere-se a qualquer tipo de técnica ou método usa-do para medição e constatação da altitude de um relevo em relaçãoao nível do mar.

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MAPA DAS DIFERENTES ALTITUDES DE GUARULHOS

(Fonte: Dissertação de mestrado do geólogo Márcio Roberto Magalhães Andrade, FFLCH*/USP, 1999.)

No mapa de diferenças de altitudes de Guarulhos a distribuiçãoaltimétrica do relevo se apresenta nos seguintes níveis:

● acima dos 800 metros encontramos relevos mais acidentados, com-postos por serras, morros altos e morros baixos, constituídos por rochas cris-talinas;

● na faixa situada entre 800 e 760 metros estão as colinas e morrotes,constituídos predominantemente por rochas sedimentares;

● os terrenos mais baixos de Guarulhos estão abaixo de 760 metros,onde estão os terraços, várzeas, bacias de inundação, brejos e pântanos for-mados por sedimentos ainda mais recentes.

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DIFERENTES INCLINAÇÕES DOS TERRENOSA declividade ou as diferentes inclinações dos terrenos é um atributo das vertentes que compõem o relevo e refere-se ao ângulo formado entre a vertente e o plano horizontal, calculada

mediante a relação entre a amplitude (diferença de altitude entre pontos mais altos e baixos) e a distância horizontal entre esses dois pontos medidos em mapas. A declividade de umterreno pode ser expressa em graus ou em porcentagem.

No Estado de São Paulo as maiores declividades estão presentes, de um modo geral, nas vertentes que limitam o Planalto Atlântico, especialmente a vertente marítima.O Mapa de Diferentes Inclinações de Guarulhos evidencia uma linha física demarcatória, que corta todo o território na direção aproximada leste-oeste. O mapa mostra também como

os relevos mais acidentados, localizados ao norte do município, possuem declividades bastante acentuadas.

MAPA DAS DIFERENTESINCLINAÇÕES DOS TERRENOS

DE GUARULHOS

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TIPOS DE SOLOSEm Guarulhos, os solos tiveram uma grande importância cultural, econômica e social,

como exemplo, a extração de argila para a fabricação de tijolos nas olarias.O solo, juntamente com os recursos hídricos é, sem dúvida, o recurso natural mais im-

portante, pois é ele a fonte de produção de alimentos. É um recurso finito que pode levarmilhares de anos para tornar-se produtivo. A ciência que os estuda é conhecida comopedologia.

Observação:A existência dos vários horizontes citados acima dependerá das condições

geoambientais do lugar, tais como origem dos sedimentos, idade do solo, clima,vegetação, relevo e ainda a ação antrópica (alterações feitas pelo homem). O tipo,a profundidade e a quantidade de horizontes de um perfil de solo, bem como aformação e a evolução do solo são diferentes em cada região devido aos fatoresgeoambientais.

PERFIL GERAL DO SOLODIVIDIDO POR CAMADAS DENOMINADAS

HORIZONTES: O, A, E, B, C e R

O solo se forma, primeiramente, pelo processo de degradação das rochas, que se mis-tura com materiais orgânicos como folhas e galhos de árvores e animais em decomposição,sofrendo a influência do clima, especialmente a chuva e mudanças de temperatura. A pre-sença de vegetação, com suas raízes, e de animais terrestres que abrem caminhos escava-dos no solo, possibilita a presença de oxigênio, tornando-o mais fértil.

O solo pode permanecer em um local específico ou ser transportado mediante a açãodo vento ou da chuva, tornando-o um elemento dinâmico por natureza.

À medida que esses processos atuam, o solo vai se tornando mais espesso e diferenci-ado, formando subcamadas distintas, classificadas como horizonte A*, horizonte B* e assimsucessivamente, pois incorporam mais ou menos matéria orgânica ou mineral de acordo comas condições climáticas do local, agindo ao longo do tempo. Quando esse solo tem um de-senvolvimento completo, forma camadas bem definidas por suas características morfológicas,químicas, mineralógicas e biológicas.

As condições climáticas e de diferentes ambientes físicos, como o tipo de rocha que lhedeu origem e o relevo, dará ao solo características distintas. A classificação dos tipos de solosé um exercício difícil, existindo diversas metodologias.

É muito comum a associação, em determinados terrenos, de diferentes tipos de solos.Entretanto, é possível classificá-los de acordo com a predominância de certos elementos. Comoexemplo, os solos orgânicos, que são mais férteis para fins de agricultura, ocorrendo normal-mente na superfície, ou os argissolos, ricos em argila, encontrados normalmente em terre-nos úmidos, usados na fabricação de tijolos. Já os solos arenosos são característicos pelapresença dominante de areia e por serem pouco orgânicos, o que, neste caso, dificulta odesenvolvimento da maioria das espécies vegetais.

Na RMSP podemos observar predominância de argissolo*, especialmente na porção norte;cambissolos* ao Sul e em uma porção ao norte, entre as cidades de Francisco Morato, Fran-co da Rocha e Mairiporã; latossolos* na porção sudoeste, destacando-se as cidades deJuquitiba, São Lourenço da Serra e Embu-Guaçu e entre Cotia e Vargem Grande Paulista.Podemos encontrar os latossolos também entre as cidades de Guarulhos e Santa Isabel e entreMogi das Cruzes e Suzano.

Segundo o mapa do Projeto Radam Brasil, de 1983, Guarulhos apresenta, de modo ge-ral, três tipos de solos, sendo: latossolos, argissolos e gleissolos*.

Os latossolos são solos altamente evoluídos, mas que sofreram perda de substânciassolúveis, especialmente sais, os que o torna pouco férteis, mas, por outro lado, ricos emargilominerais, além de partículas de ferro e alumínio.

Argissolos são característicos pela presença predominante de argila e também sãopouco férteis.

Gleissolos, presentes predominantemente em regiões próximas aos rios e córregos, são,portanto, saturados de água. Em geral, correspondem a solos orgânicos muito férteis e compresença de argila. É justamente junto aos rios e córregos de Guarulhos, na presença degleissolos que, historicamente, encontramos a presença de agricultura e extração de argila.

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MAPA DOS TIPOS DE SOLOS DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

(Fonte: Instituto Agronômico de Campinas – IAC.)

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MAPA DOS TIPOS DE SOLOSDE GUARULHOS

(Fonte: Modificado de Projeto Radam Brasil, 1983.)

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COBERTURA VEGETALDentre os seis ecossistemas* terrestres brasileiros, estão presentes no Estado de São

Paulo a Mata Atlântica e o Cerrado.A Mata Atlântica, pertencente ao Bioma Floresta Tropical Úmida, apresenta grandes

variações ao longo de sua extensão. Engloba diversificados conjuntos florestais, com estrutu-ras e composições florísticas bastante diferenciadas, acompanhando as características climáti-cas da vasta região onde ocorre. Tem como elemento comum a exposição aos ventos úmidosque sopram do oceano. É um dos mais ricos ecossistemas do mundo.

Podemos encontrar na Mata Atlântica vegetação com características bem particulares,a saber:

Floresta Estacional Semidecidual: Floresta Tropical, com características peculiares cau-sadas pela forte influência do regime pluvial,ou seja, sujeita a duas estações: uma chuvo-sa e outra seca. Permite variações de algu-mas espécies mais resistentes ao período desecas, quando parte da vegetação perde asfolhas.

Floresta Ombrófila* Densa: tambémconhecida como Floresta Latifoliada* TropicalÚmida de Encosta (recebe chuva o ano intei-ro), é a vegetação que mais caracteriza aMata Atlântica. Trata-se de uma composiçãoexuberante, de vegetação densa e rica bio-diversidade. Sua existência está relacionadaao relevo e à umidade proveniente do Ocea-no Atlântico.

Floresta Ombrófila Mista: tem ca-racterísticas semelhantes às da FlorestaOmbrófila Densa, porém, neste caso, sofre ainfluência do clima subtropical (frio) oriundodo Sul do País e da baixa temperatura, carac-terística das elevadas altitudes da Serra daMantiqueira. Nesses locais, verifica-se a pre-sença de araucárias típicas da Mata dos Pi-nhais, concentradas sobremaneira no Estadodo Paraná.

Vegetação Litorânea: composta pormangues e restingas. O mangue, vegetaçãotípica dos litorais tropicais, desenvolve-sesobre terreno lodoso em áreas de inundaçãocíclica das marés. São vegetais halófitos (de

MAPA DA VEGETAÇÃOPREDOMINANTE NO

ESTADO DE SÃO PAULO

ambiente salino). A mata de restinga ocorre na planície costeira, em terreno arenoso, iniciandona praia e dunas (vegetação rasteira e arbustiva) e adentrando a planície, onde se formamgrandes florestas de restingas. Ambos – mangue e restinga – compõem o ecossistema daMata Atlântica.

Área de Tensão Ecológica: área de encontro entre dois tipos de vegetação convivendono mesmo espaço. Esse fato dificulta sua classificação, pois verifica-se a existência de duasou mais espécies endêmicas*. Podem também ser chamadas de áreas de transição ouecótonos*.

Já o Cerrado brasileiro, diferentemente do que se imagina, é uma das savanas de maiorbiodiversidade do planeta (em torno de 5%), fato que lhe conferiu a classificação de hotspotmundial, ou seja, uma área altamente ameaçada e com grande concentração de espéciesendêmicas. É caracterizada por uma paisagem vegetal composta por árvores ressequidas,

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associada a uma vegetação de porte baixo (gramíneas) e arbustos com troncos retorcidos,caule grosso e casca espessa.

No passado, o Estado de São Paulo estava recoberto quase em sua totalidade pela MataAtlântica, e uma porção menor de Cerrado. O processo de devastação das florestas no Estadocomeçou no período colonial e culminou, no século passado, com a expansão das atividadesagropastoris e a crescente expansão urbana, apoiada pela industrialização.

Atualmente, restam apenas 3% da cobertura vegetal que já recobriu 80% do Estadode São Paulo, segundo o Inventário Florestal do Estado de São Paulo. O desmatamento con-tínuo trouxe como consequência a eliminação de milhares de espécies animais e vegetais,que tiveram seus habitats destruídos. Também atingiu as populações tradicionais que, emmuitos casos, foram obrigadas a se deslocar, perdendo suas raízes históricas e sua cultura tra-dicional. Além disso, esse processo intensificou a erosão e o empobrecimento do solo,comprometendo a qualidade das águas fluviais.

Diante dessa situação, imagina-se que seja simples a recuperação dessas áreas.No entanto, a compensação por meio de reflorestamento e revegetação, quando é feita,não propicia o mesmo resultado das áreas florestadas preservadas, uma vez que elasexigem um enorme tempo para que alcancem o clímax de seu desenvolvimento. O pro-cesso de recuperação é complexo e lento e requer a aplicação de técnicas adequadas.Desmatar não significa apenas a retirada física da cobertura vegetal, mas um conjuntode danos diretos e indiretos, que abrangem a perda do sombreamento, de solos, do teorde umidade no ar e da biodiversidade, todos condições fundamentais para aumentar aschances de regeneração.

A Região Metropolitana de São Paulo está totalmente inserida no ecossistema da MataAtlântica, onde os maiores maciços vegetais são encontrados principalmente nas regiões daSerra da Cantareira e Serra do Mar, sendo os últimos remanescentes de parte da Reservada Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo – RBCV, região que fornece boa parte daágua consumida na metrópole. Na área urbana a vegetação apresenta-se em porções meno-res, mas com uma grande importância do ponto de vista ambiental. São exemplos o ParqueEstadual das Fontes do Ipiranga, Parque do Carmo, Parque do Ibirapuera, entre outros. EmGuarulhos, destacam-se o Bosque Maia e a mata da Base Aérea de São Paulo.

As áreas verdes (espaços livres caracterizados pela presença de vegetação) num sítiourbano exercem uma importante função na manutenção da qualidade ambiental. O desem-penho, segundo o geógrafo João Carlos Nucci e o agrônomo Felisberto Cavalheiro, pode serresumido em três funções básicas: ecológica, estética e de lazer.

Fazem parte das funções ecológicas, entre outras, a amenização do superaqueci-mento de áreas pavimentadas e concretadas (efeitos da “ilha do calor”, ver páginas 73 a 75),proteção dos recursos hídricos, tanto qualitativos como quantitativos, incluindo as águassubterrâneas, diminuição da poeira, proteção do solo (evitando erosões e escorregamen-tos), atenuação do vento e suporte da fauna. Integram as funções estéticas os benefíciosrelacionados às emoções e sentimentos que as áreas verdes propiciam, enquanto as fun-ções de lazer envolvem todo tipo de utilização relacionada ao descanso, passeio, entre-tenimento e recreação.

(Fonte: Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais – DEPRN.)

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MAPA DA VEGETAÇÃO DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

(Fonte: Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo, Biota-Fapesp*.)

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As matas em Guarulhos estão localizadas, de ummodo geral, nas Unidades de Conservação*, ao nortedo município (ver página 70), e são importantes pelasua biodiversidade, para o equilíbrio térmico da regiãoe a conservação dos recursos hídricos.

O Mapa de Cobertura Vegetal de Guarulhos evi-dencia, na porção norte do município, o chamado“efeito de borda”, provocado pela expansão urbana.O efeito de borda faz que o perímetro da área des-matada interfira na vegetação remanescente, que pro-gressivamente vai perdendo sua integridade. Por essarazão, aumenta a necessidade de se permitir a rege-neração de matas secundárias, capoeiras, camposantrópicos e outras formas de vegetação alterada queainda podem ser vistas no município. Dentre os frag-mentos remanescentes, distribuídos em diferentesporções do município, destacam-se a capoeira, queé o estágio inicial e intermediário da regeneraçãonatural, e a vegetação de várzea, ainda presente nasmaiores planícies.

O município apresenta uma distribuição bastanteirregular da cobertura vegetal e das áreas verdes.Enquanto nas áreas ao norte, em parte protegidas, sãoencontrados elevados percentuais, nas áreas urbanizadasos índices de preservação são bastante baixos e avegetação é bastante dispersa.

Segundo João Carlos Nucci e colaboradores, noano 2000 foi identificado em Guarulhos um índice de3,4 metros quadrados de vegetação por habitante, va-lor muito abaixo dos 12 metros quadrados de vegeta-ção por habitante recomendados pela OrganizaçãoMundial da Saúde – OMS. A distribuição espacial des-se índice em muitos bairros urbanizados e tradicionaisda cidade é baixa e bastante irregular, oscilando entre0,13 metro quadrado por habitante (Gopoúva e Ita-pegica) e 1,81 metro quadrado por habitante (VilaAugusta). No entanto, nos últimos anos, um conjuntode políticas públicas tem intensificado o incremento deáreas verdes em todo o município.

MAPA DA COBERTURA VEGETAL DE GUARULHOS

(Fonte: Plano Diretor de Drenagem – Diretrizes, Orientações e Propostas, 2008.)

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FAUNA GUARULHENSE:501 ESPÉCIES

De acordo com profissionais da Secretaria do Meio Am-biente de Guarulhos – Projeto “Guarulhos Tem Biodiversidade” –,mesmo a cidade tendo experimentado um acelerado cresci-mento urbano, contabilizando mais de 1,3 milhão de habitan-tes em 2010, ainda assim verifica-se em seus 320 quilômetrosquadrados e quase 33% de cobertura vegetal grande variedadede animais.

Levantamento preliminar sobre as espécies de fauna lo-cal, realizado pela equipe do Zoológico Municipal, publicado noDiário Oficial do Município de 26 de outubro de 2010 e apontaa existência de 501 espécies na cidade. Dentre essas há ma-míferos, aves e répteis, constando espécies ameaçadas, comoa suçuarana e a lontra.

A experiência inicial de verificação das espécies na cida-de indica que o número 501 é, certamente, subestimado. Nes-ta oportunidade citaremos 46 espécies protegidas na área desoltura da AmBev, convênio da Secretaria do Meio Ambiente eZoológico Municipal – Prefeitura de Guarulhos. Um dos objeti-vos da parceria é contribuir com o programa municipal de sol-tura e monitoramento de fauna, bem como com o programa deconservação da biodiversidade, projeto “Guarulhos TemBiodiversidade”. Algumas dessas espécies podem ser encon-tradas no Zoológico Municipal de Guarulhos, localizado naAv. Dona Glória Pagnoncelli, 344 – Jd. Rosa de França.

ESPÉCIES: NOMES POPULARESBentivi, Biguá, Bugio, Chorro do mato, Capivara, Carcará,

Cascavel, Caxinguelê, Cobra d’água, Coleirinha, Coruja-orelhu-da, Falsa Coral, Frango-d’água comum, Furão, Gambá de ore-lhas pretas, Garça branca grande, Garça branca pequena,Gato-do-mato-pequeno, Gavião-carijó, Gavião-carrapateiro,Gavião pega-macaco, Jacuguaçu, Jaguatirica, Jararaca, La-vadeira mascarada, Lontra, Maitaca, Onça-parda, Ouriço-cacheiro, Paca, Pavó, Preguiça comum, Quero-quero,Sabiá-laranjeira, Sanhaço-cinzento, Saruê, Sauá, Serelepe,Socozinho, Suçuarana, Surucuá-de-peito-azul, Teiú, Tucano--de-bico-verde e Veado-catingueiro.

Arara Canindé.

Capivara.

Onça-pintada.

Garça.

Tartaruga de orelha vermelha.

Suçuarana.

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MOVIMENTO DE ROTAÇÃODIA E NOITE

Incidência de raios solares na superfície terrestre emdiferentes latitudes.

A inclinação da Terra em relação ao plano de órbitasolar varia entre 22,1 e 24,5 graus, o que determina as di-ferentes estações do ano: Primavera, Verão, Outono e In-verno (ver página 6).

O planeta Terra, nosso lar no espaço, está a uma dis-tância do Sol suficiente para manter uma temperatura ca-paz de conservar a água em estado líquido na maioria de suasuperfície e em forma de vapor em sua atmosfera, garan-tindo o surgimento e a manutenção da vida no planeta.

CLIMAO clima é bastante dinâmico – essa é sua essência. Ele se processa a partir de trocas de

energia solar (a que atravessa a atmosfera e a que sai), resultando em movimentos complexose organizados que distribuem calor e frio provenientes dos trópicos e polos, mediante fluxoshorizontais e verticais (os que sobem e os que descem). Esses fluxos são influenciados pelarotação da Terra, gerando os ventos predominantes e os padrões meteorológicos (chuva, grani-zo e neve) característicos nas diferentes regiões da Terra em certo período de tempo.

Os principais fatores que condicionam o clima numa dada região são:● Latitude: que determina o ângulo de incidência de raios solares na superfície terres-

tre. A Terra possui uma inclinação no seu eixo polar que varia entre 22,1 e 24,5 graus emrelação ao plano de sua órbita em torno do Sol (ver página 6). A inclinação faz com que oshemisférios ora recebam mais ora menos energia solar, o que determina as estações do ano.Se o eixo da Terra fosse perpendicular, e não inclinado, os dias e noites seriam iguais dentrode cada faixa de latitude e o clima seria uniforme.

● Diferença da distribuição das massas continentais e oceânicas pelo globo(Hemisfério Norte em relação ao Hemisfério Sul): a água necessita de duas vezes maisenergia térmica que a terra para se aquecer. Essa condição faz que os oceanos demoremmais para se aquecer; ao mesmo tempo, seu resfriamento também é mais lento, criandouma massa de ar úmido e quente sobre ele. Isso torna os oceanos uma grande reserva decalor da Terra. Observando-se o mapa-múndi, nota-se que a porção oceânica, contraria-mente à porção continental, no Hemisfério Sul é superior em relação ao Norte. Isso significaque o Hemisfério Norte reserva menos calor, propiciando, em termos gerais, invernos maisfrios e verões mais quentes.

● Correntes marítimas: são determinadas pela interação entre o movimento derotação da Terra, a disposição dos continentes e os processos atmosféricos. A circulação

profunda das águas oceânicas se dá em função da mudança de densidade da água, pro-movida por suas variações de salinidade e de temperatura. Quando mais densa, movi-menta massas de água para o fundo do oceano, como é o caso da calota polar do Norteque se desloca para o Sul. Esses fluxos, somados à circulação mais superficial, transferem ocalor do Equador para regiões mais frias e o frio dos polos para regiões mais quentes(ver página 53).

● Relevo: além da diferença natural de incidência de calor nas vertentes de orientaçõesdistintas, o relevo pode exercer o papel de barreira aos ventos, alterando sua direção e, conse-quentemente, a umidade e a temperatura do ar.

● Uso do solo: modifica a umidade do ar quando a cobertura vegetal inexiste ou épouco expressiva. Isso é bastante significativo em áreas urbanas ou regiões desmatadas,com solo exposto às atividades pecuárias (ver páginas 73 a 75).

Todos esses processos condicionam a temperatura, a pressão e a umidade do ar, osventos, o regime de chuvas ou de neve em todo o globo terrestre.

As chuvas ou precipitações são medidas em milímetros por meio de aparelhos conheci-dos como pluviômetros e pluviógrafos. Esses aparelhos são compostos por recipientes, com umtamanho padrão determinado por convenção e com uma escala métrica. Quando chove, esserecipiente começa a encher d’água e, ao fim da chuva, usando a escala métrica, verifica-sequantos milímetros choveu em determinado período e lugar.

Quando dizem que choveu 60 milímetros em um dia, por exemplo, significa que em 1 metroquadrado do terreno o volume de chuva foi de 60 litros, pois uma coluna de água de 1 milímetroem 1 metro quadrado equivale a 1 litro, que depois escoará ou se infiltrará no solo.

Em 1966, o geógrafo M. V. Galvão, utilizando a classificação do meteorologista eclimatologista W. Köeppen, definiu grupos climáticos em diferentes regiões do Brasil, sen-do: Clima Tropical Chuvoso, com temperatura média do mês mais frio superior a 18 ºC;Climas Secos; e Climas Temperados Quentes, com temperatura média do mês mais frioentre 18 e -3 ºC.

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MAPA DAS MASSAS DE ARATUANTES NO BRASIL

MAPA-MÚNDI:CLIMA E CORRENTES

MARÍTIMAS

(Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.)

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No Estado de São Paulo, os atributos geográficos locais são degrande relevância para o clima nos diversos setores paulistas, comdestaque para o relevo. A maior parte do território paulista está nazona tropical, propiciada pela forte radiação solar. A porção ao sulencontra-se na zona subtropical. Os ventos predominantes são prove-nientes do Sudeste, chamados de ventos alísios.

Em 1966, o engenheiro José Setzer, adotando o sistema de W.Köeppen, realizou o zoneamento climático paulista. Na região do Pla-nalto Atlântico predominam climas úmidos, de temperaturas brandas.Na Depressão Periférica e em parte do Planalto Ocidental dominam osclimas quentes e de inverno seco. No sudeste do Estado predominamclimas quentes e úmidos. Já no norte do Estado destacam-se climastropicais de verão chuvoso e inverno seco.

Tal variação climática no Estado ao longo do ano é decorrente, alémdo relevo, da combinação da sua posição geográfica e da grande distân-cia entre a região oeste e o oceano. O maior reflexo dessa condição é per-ceptível no regime de chuvas.

Os índices pluviométricos médios do Estado estão entre 1.100 e2.000 mm, sendo que no litoral e nas escarpas da Serra do Mar essesíndices podem ficar entre 2.500 e 3.500 mm devido à atuação dasprincipais correntes de circulação atmosférica da vertente atlântica,com grande influência da Frente Polar. À medida que se avança parao interior do Estado, esses índices diminuem.

A média anual de temperatura no Estado varia de valores infe-riores a 18 ºC nas regiões serranas a leste e superiores a 24 ºC emgrandes trechos das porções norte, centro e oeste. A máxima podechegar a 40 ºC na região centro-oeste, enquanto os valores mínimossão registrados na região de Campos do Jordão.

Em Guarulhos o clima é subtropical úmido, com chuvas médias de1.470 mm, temperatura média anual entre 17 e 19 ºC. No mês mais frioa média é de 15 ºC e no verão varia entre 23 e 24 ºC, com ventos domi-nantes sudeste-noroeste. Como característica básica, tem-se o invernoseco e o verão chuvoso, com influência da umidade oceânica e frentesfrias antárticas.

MAPA DA CLASSIFICAÇÃOCLIMÁTICA DE LÍSIA

BERNARDES

(VERSÃO ADAPTADA)

MAPA DOS DOMÍNIOSCLIMÁTICOS DO

ESTADO DE SÃO PAULO(segundo Köeppen)

(Fonte: Centro dePesquisas

Meteorológicas eClimáticas Aplicadas

a Agricultura –Cepagri.)

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MAPA DAS TEMPERATURAS E PRECIPITAÇÕES DO ESTADO DE SÃO PAULO

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BACIAS HIDROGRÁFICAS ERECURSOS HÍDRICOS

Os rios, córregos e ribeirões sempre fizeram parte do desenvolvimen-to humano, suprindo suas necessidades básicas e servindo de suporte paraas atividades culturais e econômicas de determinada região. Em Guarulhosnão foi diferente. Desde o período colonial, os cursos d’água eram o ambi-ente onde houve intensa mineração de ouro de lavagem, especialmente noRibeirão das Lavras, Ribeirão Tanque Grande e Rio Tomé Gonçalves. Poste-riormente, no início do século XX, um novo ciclo econômico, a produção detijolo cozido, teve como suporte os recursos hídricos, pois eram usados emsua fabricação, assim como no escoamento da produção para São Paulo, atra-vés dos rios Baquirivu Guaçu e Tietê, por meio de embarcações.

Hoje Guarulhos, com uma população superior a um milhão de duzentosmil habitantes, é servido, além da água dos reservatórios Cabuçu e Tan-que Grande, também por poços que extraem água do subsolo, comple-mentando o abastecimento para as atividades sociais e econômicas domunicípio, ver página 61.

O território guarulhense possui uma rica rede de cursos d’água, com-posta por rios, córregos, ribeirões e lagoas, especialmente em sua porçãonorte, onde é possível encontramos milhares de pequenas nascentes pro-tegidas por uma abundante e densa vegetação de Mata Atlântica. Esta redede cursos d’água foi formada durante milhares de anos, pela ação da chu-va e processos geológicos que formaram o relevo e compartimentou o escoa-mento das águas em sub-bacias hidrográficas.

Cerca de 81,15% do território de Guarulhos pertencem à BaciaHidrográfica do Alto Tietê, ou seja, a água que chove e escoa nessa regiãose dirige ao Rio Tietê que atravessa o limite sul de Guarulhos. Os demais18,85% pertencem à Bacia do Rio Paraíba do Sul, cujas águas desse terri-tório escoam para o rio homônimo em direção ao Rio de Janeiro.

A porção do território em Guarulhos que pertencente à Bacia do AltoTietê está subdividida em quatro sub-bacias: Bacia do Rio Cabuçu de Cima,do Canal de Circunvalação, do Rio Baquirivu Guaçu e dos afluentes diretosdo Rio Tietê (ver página 59).

O Rio Cabuçu de Cima nasce no Parque Estadual da Cantareira, ondeestá localizado o reservatório do Cabuçu, que abastece parte do municí-pio. A Barragem do Reservatório do Cabuçú, inaugurado em 1907, é oprimeiro no Brasil construído em arco de concreto armado. O Rio Cabuçude Cima se desenvolve com ambas as margens no Município de Guarulhosaté a foz de seu afluente, o Ribeirão Engordador, trecho médio, onde seucanal passa a ser o limitador do município com a capital paulista (mar-

Reservatório do Cabuçu.

Cachoeira do Ribeirão das Lavras.

Reservatório do Tanque Grande.

gem direita). Ou seja, a sub-bacia do Rio Cabuçu de Cima é compartilha-da entre Guarulhos e São Paulo.

A região do centro histórico de Guarulhos pertence à sub-bacia doCanal de Circunvalação. Este canal é o antigo leito do Rio Tietê que foidesviado ao sul, disponibilizando espaço para a implantação do ParqueEcológico do Tietê.

Na porção sul do município está a sub-bacia cuja formação é de aflu-entes diretos do Rio Tietê, que drenam as águas de parte dos bairros deCumbica e Pimentas.

A maior bacia de Guarulhos é a do Rio Baquirivu Guaçu, com área de165,5 quilômetros quadrados, uma das maiores do Alto Tietê, correspondendoa praticamente metade do território do município. Suas nascentes estão lo-calizadas no Município de Arujá, seguindo no sentido leste-oeste. Chegan-do a Guarulhos, atravessa uma ampla planície onde, no Bairro do Taboão,passa a ter seu curso no sentido norte-sul, passando sob as rodovias Presi-dente Dutra e Ayrton Senna até chegar ao Tietê. As nascentes de seus prin-cipais afluentes da margem direita estão localizadas ao norte do município,em áreas de Unidade de Conservação Ambiental. Um dos principais afluen-tes do Rio Baquirivu Guaçu é o Ribeirão Tanque Grande que no período co-lonial foi suporte para as atividades de extração de ouro e hoje seureservatório é responsável pelo abastecimento dos Bairros Bananal, Forta-leza, São João, entre outros.

Algo bastante particular está presente na Bacia do Rio Baquirivu Guaçu.Próximo as suas nascentes, no Município de Arujá, sua planície (a área maisplana e baixa da bacia) adentra a sub-bacia do Rio Jaguari, pertencente aBacia do Rio Paraíba do Sul. Isso significa que o divisor de águas dessasduas imensas bacias hidrográficas, a do Rio Tietê e a do Rio Paraíba do Sul,nessa região de Arujá, é extremamente plana e baixa, quase imperceptívelonde começa uma ou outra bacia. Essa particularidade é resultado do de-senvolvimento do “Alto Estrutural de Arujá”, evento geológico ativado há 23milhões de anos que também desviou o curso do Rio Paraitinga, que per-tencia ao Rio Tietê, passando a se tornar integrante do Rio Paraíba do Sul,ver mapa da página 58. Esta anomalia foi descrita pelo geógrafo AzizAb’Sáber, em 1957, como a “grande anomalia de drenagem existente nacurvatura brusca que inverte totalmente a direção do curso do Paraíbapaulista, região de Guararema” e “a mais sugestiva anomalia de drenagemdo território brasileiro” e por King em 1956, “como um dos exemplos maisnotáveis de captura de drenagem da face da Terra”.

Por fim, a nordeste do município está a porção do território de Guarulhospertencente à Bacia do Rio Paraíba do Sul, que corresponde à sub-bacia doRio Jaguari. Seu principal afluente é o Rio Tomé Gonçalves que no períodocolonial foi intensamente minerado em busca de ouro.

Planície do Rio Baquirivu Guaçuadentrando a sub-bacia do Rio Jaguari

em Arujá.

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O RIO TIETÊNão há uma definição precisa na origem

de seu nome. Tietê, ou “rio verdadeiro”, assimdenominado pelos indígenas era a fonte de ali-mentos e demais necessidades para os povosoriginais de São Paulo. Entretanto, há pesqui-sadores que afirmam que Tietê foi um nomedado pelos colonizadores. Podemos tambémencontrar nomes atribuído a ele, como:Anhembi, Agembi, Aiembi, Anenby, Anienbi,Anhambi, Anhebi, Anhebu, Anhebig, Anhembu,Iniambi, Inhambi, Inhembi e Niembi.

Dentre estes, Anhembi, de origem indígena, é um nome bastante familiar que significa“o rio de unas aves animais”, ou conforme Sérgio Buarque de Holanda, em seu livro “Cami-nhos e Fronteiras”, “rio de anhumas ou anhimas”, aves que possuíam um unicórnio central egrito semelhante ao de um burro zurrando. Inúmeros outros pesquisadores atribuem diversossignificados, como Nhambi, erva rasteira de flores amareladas, ou Anhamgi, rio dos veados.

Desde o começo da colonização, através do Rio Tietê, os bandeirantes paulistas explo-raram e colonizaram as terras interioranas onde ao longo de seu curso foram fundadas de-zenas de cidades, conduzindo pessoas e mercadorias, servindo como principal meio delocomoção fluvial, além de fonte de alimentos e de abastecimento das populações que iamse estabelecendo no domínio de suas águas.

Durante centenas de anos o Rio Tietê teve um significado cultural para as populações queviviam de suas riquezas. A partir do fim do século XIX, na Região Metropolitana de São Paulo, oTietê e suas várzeas passaram a se tornar objeto de desejo dos grandes investidores imobiliá-rios. Assim, seus espaços de amortecimento de cheias (várzeas) foram aterrados e seu cursosinuoso foi transformado em linear e no espaço de suas águas foram implantadas grandes viasde tráfego e diversas empresas ao longo de suas margens. Consequentemente, um fenômenoque era natural, as inundações, passaram a se tornar um grande problema.

O Rio Tietê nasce no Município de Salesópolis, na vertente continental da Serra do Mar,a apenas 22 quilômetros do Oceano Atlântico, seguindo pelo interior do Estado de São Paulo,numa extensão de 1.136 quilômetros, sendo que sua bacia hidrográfica incide no espaçoterritorial de 282 municípios, abrangendo parte dos municípios da Região Administrativa deCampinas e da RMSP, incluindo a Capital e grande parte de Guarulhos. A partir de suas nas-centes, atravessando a Região Metropolitana de São Paulo, vence encostas abruptas, formandocorredeiras e cachoeiras, esculpindo rochas cristalinas no Planalto Paulistano entalhando aDepressão Periférica, a Cuestra Basáltica até atingir a Bacia Sedimentar do Paraná. Na divisacom Mato Grosso do Sul deságua no Rio Paraná, que por sua vez, segue até o Rio da Plataencontrando o Oceano Atlântico na divisa do Uruguai com a Argentina. Portanto, o Rio Tietê,ao contrário da maioria dos rios, ignora a proximidade de suas nascentes com o oceano, cercade 22 quilômetros, e segue para o interior continental até finalmente se encontrar com oAtlântico depois de banhar terras num percurso de 3500 quilômetros.

BACIAS HIDROGRÁFICAS DO ESTADO DE SÃO PAULONo Estado de São Paulo, as serras do Mar e da Mantiqueira, entre outros conjuntos de

serras e montanhas, estabelecem dois compartimentos de drenagem, sendo: 91% do territó-rio pertencente à Bacia Hidrográfica do Rio Paraná, incluindo a Bacia do Rio Tietê e parte deGuarulhos, e as bacias cujas águas de chuva que escoam diretamente para o Oceano Atlân-tico, sendo que esta última representa cerca de 9% do território paulista, correspondendo àBacia do Rio Ribeira do Iguape, do Paraíba do Sul e às bacias cujos rios e córregos perten-cem à vertente marítima (lado oceânico da serra do mar), na Região da Baixada Santista.

Os principais afluentes do Rio Paraná no território paulista são os rios: Sapucaí-Mirim,Pardo, Mogi Guaçu, Sapucaí, Turvo, São José dos Dourados, Tietê, Aguapeí, Peixe, SantoAnastácio, Paranapanema e vertentes parciais* dos rios Grande e Paraná.

Tendo em vista a importância dos recursos hídricos para a manutenção ambiental, for-necimento de água, atividades recreativas, econômicas e sociais, o Estado de São Paulo criou,em 1991, o Sistema Estadual de Recursos Hídricos e, posteriormente, em 1994, estabeleceu22 Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos – UGRHI. As Unidades de Gerenciamentoda Bacia do Rio Tietê são: Baixo Tietê, Tietê Batalha, Tietê Jacaré, Piracicaba/Capivari/Jundiaí,Tietê Sorocaba e Alto Tietê, este último onde estão suas nascentes, abrangendo, integral ouparcialmente, 36 dos 39 municípios da RMSP.

MAPA DAS PRINCIPAIS BACIAS HIDROGRÁFICASDO ESTADO DE SÃO PAULO

Embarcação com tijolos no Rio Tietêno Bairro Ponte Grande em Guarulhos, em 1945.

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MAPA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO ALTO TIETÊE ADJACÊNCIAS

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MAPA DAS SUB-BACIAS E DA HIDROGRAFIA DE GUARULHOSE ADJACÊNCIAS

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CICLO DAS ÁGUAS

Cerca de 70% da superfície terrestre são cobertos por água. Apesar disso, apenas 2,5%equivalem a água doce, sendo que somente 0,5% encontra-se disponível para o consumo. OBrasil detém 12% das reservas de água doce do planeta.

De modo geral, no globo terrestre, a água está presente em diferentes ambientes e es-tados físicos, sendo: vapor d’água na atmosfera; líquida no interior dos seres vivos e nosubsolo; e líquida ou sólida na superfície terrestre (lagos, oceanos, rios e calotas polares). Oconjunto desses ambientes é chamado de hidrosfera e o movimento entre esses diferentesambientes e estados físicos é denominado ciclo das águas, também conhecido como ciclohidrológico.

O ciclo hidrológico, partindo-se da precipitação (chuvas, granizo ou neve), se desenvolve,de modo geral, pelo escoamento superficial e subterrâneo, evaporação e evapotranspiração*,até atingir a atmosfera e se precipitar novamente.

As chuvas se formam a partir da saturação de umidade na atmosfera. A saturação acon-tece quando ocorre a ascensão de ar úmido a altitudes mais elevadas, atingindo temperatu-ras mais baixas. Como a capacidade da atmosfera em conter vapor d’água varia de acordocom a temperatura, o resfriamento da massa de ar promove a diminuição de seu volume,reduzindo a capacidade da atmosfera de mantê-la suspensa, fazendo-a transformar-se emgotículas muito pequenas e ainda incapazes de se precipitar, formando as nuvens. Quando

essas gotículas aumentam de volume, por um processo de colisão que as aglutina, tornam-se suficientemente pesadas para vencer a resistência do ar e se precipitam.

A água precipitada é amortecida pela vegetação antes de atingir o solo, desviando-se empercursos entre as folhas e caules, o que, em parte, possibilita a absorção pelas plantas para arealização de seu metabolismo. Posteriormente, a água é devolvida à atmosfera por meio daevapotranspiração. Esse conjunto de retenções e liberações de água sob forma de vapor asse-gura os altos teores de umidade encontrados nas florestas que, assim, cumprem um importan-te papel na manutenção do equilíbrio da temperatura e das chuvas. A evapotranspiração emáreas florestadas de climas quente e úmido devolve à atmosfera mais de 70% da precipitação.

O amortecimento da água da chuva pela vegetação possibilita, juntamente com os cami-nhos escavados pelas plantas por meio de suas raízes, e pelos pequenos animais, a infiltração daágua no solo. Ela então se acumula entre rochas ou escoa lentamente por percursos subterrâ-neos até atingir os rios e córregos, garantindo neles fluxos de água permanente, mesmo tendolongos períodos sem chuvas. A parcela de água que não se infiltra no solo, por este estarsaturado, escorre superficialmente para os rios e córregos. Quando o volume de água exce-de a capacidade de escoamento dos rios ou córregos ocorrem as cheias, enchentes e inun-dações, que propiciam solo fértil, e multiplicar condições de manutenção e surgimento dediferentes formas de vida ao longo da área inundada. Essa água que escoa pelos cursos d’águase encaminha aos oceanos e, nessa trajetória, possibilita a ação da radiação solar, que provocaa evaporação. O ciclo hidrológico se completa quando as águas evaporadas se precipitam.

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ÁGUAS SUBTERRÂNEAS – AQUÍFERO CUMBICA

Água subterrânea é a fração que se infiltra no subsolo, cujos movimento e armazenamentosão determinados pela ação gravitacional e a resistência das rochas e solos. A água subterrâ-nea, descontadas as geleiras, pode representar cerca de 95% de toda água doce do planeta.

A partir da chuva, a água chega ao solo, onde parte é retida temporariamente e, poste-riormente, se infiltra na rocha subjacente. A parte da água que não se infiltra no solo saturadoescoa superficialmente, atingindo as partes baixas dos terrenos nos rios e córregos, ou sofreos processos de evaporação ou evapotranspiração.

A infiltração no solo é favorecida pela cobertura vegetal por meio das suas raízes, queabrem caminho para a água alcançar o subsolo. Além disso, a cobertura florestal retarda achegada da água no solo por meio de suas folhagens, que a liberam lentamente ao solo,propiciando melhores condições para a infiltração. A quantidade de água subterrânea depen-de da porosidade do subsolo.

Na geologia (ver página 33), os materiais porosos são representados por solos e sedi-mentos, ou rochas sedimentares, que possuem melhores condições de infiltração e reservade água, conhecidos como Sistema Aquífero Sedimentar. Já as rochas duras e compactas,chamadas de rochas cristalinas, armazenam água por meio de suas fraturas, fissuras ou fen-das e formam o Sistema Aquífero Cristalino.

O relevo é um importante condicionante para a recarga das águas subterrâneas. Asdeclividades acentuadas dos terrenos favorecem mais o escoamento superficial, diminuindoa infiltração, enquanto os mais planos propiciam a acumulação mais prolongada da água nosolo e, consequentemente, sua infiltração. Essa condição depende também da quantidade,frequência e duração da chuva. Chuvas torrenciais favorecem o escoamento superficial, poiso solo é saturado rapidamente; já as chuvas regularmente distribuídas ao longo do tempo fa-cilitam a infiltração.

De acordo com a quantidade de água, o solo pode ser compartimentado em duas zo-nas: aeração e saturação. A zona de aeração ou vadosa é a porção mais superficial, que épreenchida parte com água e parte com ar. A zona de saturação está abaixo da zona deaeração. Nela os espaços intergranulares estão totalmente preenchidos por água e podematingir até 10.000 metros de profundidade. É daí que se extrai água para o abastecimentohumano. O limite entre essas duas zonas é conhecido como nível ou superfície freática.

As águas presentes na zona saturada migram para os vales de maneira lenta em re-lação às águas superficiais e alimentam os cursos d’água, por meio de caminhos subter-râneos. A água superficial de um rio ou córrego, por exemplo, dependendo de seu tamanho,move-se cerca de 1 metro por segundo, enquanto a subterrânea estaria na ordem de 1 me-tro por dia. Isso explica o fluxo de água de rios e córregos mesmo em longos períodos semchuva.

No livro Águas Subterrâneas, Robert W. Cleary menciona que o tempo médio de perma-nência da água subterrânea no subsolo é de 280 anos, e em águas mais profundas o tempoé tão longo quanto 30.000 anos ou mais, enquanto nos rios e córregos esse tempo é de nomáximo algumas semanas. Esse fato torna a água subterrânea uma fonte confiável em longo

prazo, imune à longa estiagem; mas, ao mesmo tempo, uma vez poluído o aquífero pode le-var séculos ou mais até promover sua autodescontaminação.

As águas subterrâneas em Guarulhos fazem parte do Sistema Aquífero Sedimentar deSão Paulo, localizado nas porções central e sul do município e conhecido como Gráben doRio Baquirivu Guaçu com excelente qualidade e grandes vazões*. É uma camada de sedimen-tos Terciários e Quaternários, cuja espessura média varia de 100 a 250 metros, depositadaacima das rochas cristalinas antigas. Já na porção norte, Guarulhos conta com o SistemaAquífero Cristalino, porém apresenta baixas vazões.

A exploração de água subterrânea também cumpre um importante papel no abasteci-mento público de Guarulhos por meio de sua empresa municipal, o SAAE (Serviço Autônomode Água e Esgoto), complementando o fornecimento dos reservatórios superficiais (Cabuçu eTanque Grande) e o fornecimento realizado pela Sabesp, empresa estadual.

Outro grande explorador do aquífero é o Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos,onde a totalidade do abastecimento é feita pelas águas subterrâneas, por meio de poçostubulares profundos que fornecem mais de 5.000 m³ de água por dia.

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PROGRAMA DE RECUPERAÇÃOAMBIENTAL DE RIOS E CÓRREGOS

Os rios, canais e córregos da maioria das grandes cidades brasilei-ras encontram-se com suas águas muito poluídas por esgotos domésticose industriais.

As obras de despoluição dessas águas são caríssimas e há gran-des dificuldades na implantação da canalização dos esgotos, pois boaparte das margens dos rios, canais e córregos encontra-se ocupada porresidências, prédios comerciais e industriais – apesar de existirem leisfederais que protegem as margens e várzeas desses rios e represas,elas não são devidamente respeitadas. Assim, quando ocorrem as chu-vas, as cidades sofrem com as enchentes; e no tempo seco o mau cheiroé insuportável por causa da poluição das águas.

Nesta situação, a população exige dos poderes públicos a canaliza-ção fechada dos rios, para esconder o mau cheiro e tentar diminuir asenchentes.

Para realizar as obras é necessário que máquinas cheguem às margensdos rios. E, como fazer se essas margens estão ocupadas? E mais, es-sas obras canalizam não só as águas poluídas, como também as águas daschuvas e das nascentes, que podem ser consideradas, digamos, limpas.

Pensando nesses problemas, o tecnólogo em obras hidráulicas Carlosde Jesus Campos, a partir de 2004 em Guarulhos, desenvolveu uma técnicaque permite canalizar apenas as águas poluídas em tubulações de diâmetromuito menor, mantendo as águas das grandes chuvas e das nascentesescoando livres pelo leito do rio, sem serem canalizadas.

É como se, tendo um rio poluído, dele se fazem dois: o poluído éseparado em tubulação e o não poluído é aquele cujas águas das nas-centes, do lençol freático e das chuvas escoam livres no canal, como anatureza os fez.

Essa técnica, denominada de canalização da vazão poluída de base,tem trazido uma excepcional melhoria ambiental onde tem sido aplica-da, além de ser simples e barata em relação às canalizações tradicionais,pois não necessita da remoção dos imóveis das margens, além de nãoprecisar de grandes equipamentos para implantar as tubulações.

Desta forma, mesmo sem se tratar ainda uma única gota de esgo-to, é possível recuperar trechos de córregos até que as obras definitivasdas redes de esgoto, dos coletores-tronco e das estações de tratamentosejam construídas.

A implantação dessa técnica fez com que, naturalmente, as águas lim-pas das nascentes e do lençol freático aflorassem, propiciando condições parao retorno da vida aquática, o que pode ser observado no Córrego Queromano,na Rua Otávio Nunes da Silva, Vila Augusta, e também no Jardim Lenize.

Jardim Lenize antes da implantação do programa de recuperação.

Córrego Queromano antes da implantação do programa de recuperação.

Jardim Lenize depois da implantação do programa de recuperação.

Córrego Queromano depois da implantação do programa de recuperação.

Córrego Queromano, com suas águas cristalinas. Córrego Queromano.

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63Cruzamento das avenidas Tiradentes e Paulo Faccini.

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Representa o total da riqueza gerada pelos setores produtivos de um país, estado oumunicípio, ou seja, de uma dada área político-administrativa. Soma-se o valor monetáriofinal de bens e serviços produzidos pelos setores produtivos ou econômicos do local parase obter o valor de seu PIB. Mediante a obtenção desse valor, é possível medir sua capa-cidade produtiva, e quanto maior ele for, maior a possibilidade de reverter parte da rique-za gerada em prol da população e, assim, promover melhorias na qualidade de vida.

PIB: R$ 25.663.710,00

PIB per capita: R$ 19.998,95

Participação do setor industrial: R$ 8.348.404,86

Participação do setor agropecuário: R$ 7.699,11

Participação do setor de serviços: R$ 17.307.606,02

Participação no PIB do Estado (%): 3,19%

Participação nas exportações do Estado: 4,16% (Fonte: Fundação Seade.)

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(Fonte: Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Prefeitura Municipal de Guarulhos, 2008.)

MAPA DAS UNIDADES DE PLANEJAMENTO REGIONAL – UPR

ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL DE GUARULHOS EM 11 REGIÕESEm 2008, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano de Guarulhos (SDU), mediante o

Decreto Municipal no 25.303, estabeleceu 11 Unidades de Planejamento Regional (UPRs),com o objetivo de descentralizar a gestão municipal. Os critérios adotados para estabele-cer tal divisão foram fundamentalmente a conformação do sistema viário, do relevo e do usodo solo. Ressalte-se que o Parque Estadual da Cantareira e o Aeroporto não são consideradosUPR, uma vez que são geridos, respectivamente, pelos governos estadual e federal.

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MAPA DO USO E OCUPAÇÃO DOSOLO DE GUARULHOS

EM 1980

EVOLUÇÃO DO USO E OCUPAÇÃODO SOLO ENTRE 1980 E 2007

Historicamente, a evolução do uso e ocupação do solo em Guarulhosestá associada aos ciclos de desenvolvimento econômico e à fixação depessoas nas proximidades das vias de acesso, assentamentos edificadosnas proximidades da Estrada da Conceição, Hidrovia Tietê, Ramal Ferro-viário Tramway Cantareira, Rodovia Rio-São Paulo e, posteriormente, aVia Dutra e a Fernão Dias.

No período entre 1980 e 2007, que compreende 27 anos da histó-ria da cidade, observou-se uma explosão demográfica, situada entre asegunda e a terceira fases da industrialização do município. A formaçãoindustrial guarulhense (a primeira fase) teve início em 1911.

Em 1953 a cidade contava 27 grandes indústrias; em 1956 eram90 grandes fábricas e 80 pequenas e pouco mais de 35.000 habitantes.

O período de implantação das grandes indústrias no municípioforam as décadas de 1950, 60, 70 e 80. Com o incremento das empre-sas, o crescimento populacional também foi alavancado. No início dosanos 1950 a população era de 35.523 e saltou para 532.724 habitantesem 1980. Em 30 anos a cidade recebeu 497.201 novos moradores, cres-cimento correspondente a 1.500% ou a 15 novas cidades. Entre 1980e 2007 a população passou de 532.724 para 1.236.192 habitantes.

Do modelo de desenvolvimento econômico e da forma de uso eocupação do solo decorre a grande quantidade de problemas ambientaise sociais no município. De acordo com o IBGE, 10% da população moramem favelas – o IBGE considera núcleos de favelas aqueles com menos de50 unidades habitacionais. Além das favelas, existem várias ocupações emáreas particulares e loteamentos irregulares e em situação de risco.

Quanto às questões ambientais, as mais graves são o desma-tamento, a poluição das águas, a contaminação do solo e a poluiçãoatmosférica, fatores que se agravam devido à escassa corrente de ven-to, bloqueada pelas serras da Mantiqueira e do Mar, no sentido norte-sul.

Quando se consideram os indicadores de desenvolvimento huma-no – renda, longevidade e educação –, apenas a educação se mantémem níveis satisfatórios. No cenário nacional a cidade aparece com Índi-ce de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,0798, o que a posiciona na191a colocação entre os municípios paulistas e 607a entre os municípiosdo Brasil.

No entanto, uma série de políticas públicas tem sido implementadano município nos últimos anos, como reurbanização de favelas ereassentamento de famílias que se encontravam em áreas de risco, alémde outras políticas de inclusão social.(Fonte: Instituto Geográfico e Cartográfico de São Paulo – IGC.)

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MAPA DO USO E OCUPAÇÃO DOSOLO DE GUARULHOS

EM 2006

(Fonte: Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano S/A – Emplasa, 2006.)

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SANEAMENTO AMBIENTALABASTECIMENTO DE ÁGUA

Do total de 3.994 litros de água distribuída por segundo, o município produz cerca de 13%(516 litros por segundo) em suas Estações de Tratamento de Água – ETAs. A água utilizada nomunicípio é proveniente dos reservatórios do Cabuçu e Tanque Grande e dos diversos poçosartesianos perfurados entre os anos de 2001 e 2009. Cerca de 87% da água distribuída são ad-quiridos pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), da Sabesp.

ESGOTAMENTO SANITÁRIOO Plano Diretor do Sistema de Esgotamento Sanitário (PDSE), elaborado entre 2003 e

2004, prevê a construção de cinco Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) no município, asaber: São João (já em operação), Bonsucesso, Várzea do Palácio, Cabuçu e Fortaleza, alémda integração dos sistemas do Parque Novo Mundo e São Miguel Paulista, operados pelogoverno estadual, mediante acordo com a Sabesp. Está prevista também a implantação doscoletores-tronco para a condução do esgoto às ETEs.

De 2001 a janeiro de 2009, o SAAE implantou 304,3 quilômetros de rede de esgoto nomunicípio, o que aumentou a coleta para 75%, e fez 41.691 ligações domiciliares.

RESÍDUOS SÓLIDOSO município de Guarulhos conta com 100% de coleta de lixo e de varrição em todas as

regiões da cidade. Esses resíduos são encaminhados para o Aterro Sanitário Quitaúna,na região do Cabuçu.

Além disso, Guarulhos possui uma rede de Postos de Entrega Voluntária de Entulhos (PEVs).Trata-se de depósitos distribuídos pela cidade, destinados a receber pequenas quantidades de

entulhos de construção, bagulhos (móveis velhos, poda de árvores e utensílios sem mais serventia)e materiais recicláveis (plástico, vidro e metal).

Os PEVs estão localizados em 15 bairros da cidade: Macedo, Paraventi, Continental II,Vila Barros, Santos Dumont, João do Pulo, Gopoúva, Jardim Fortaleza, Torres Tibagy, HaroldoVeloso, Vila Galvão, Inocoop, Parque Mikail, Ponte Grande e Cabrália.

Os resíduos recolhidos nos PEVs são encaminhados a uma recicladora de entulhos, situa-da na região do Cabuçu. O material é triturado e reutilizado na fabricação de blocos de concre-to para a pavimentação de ruas.

Em 2008 foram entregues, nos 14 PEVs até então implantados na cidade, cerca de22.150 metros cúbicos de resíduos sólidos, proporcionando aos cofres públicos, entre setem-bro e dezembro de 2005, uma economia de cerca de 40% (R$ 250.000,00) nos custos comoperações de remoção de resíduos, os quais deixaram de ser descartados clandestinamenteem ruas, terrenos baldios e praças.

DRENAGEM – INUNDAÇÕES, ENCHENTES E ALAGAMENTOSA água sofre ao menos duas grandes variações ao longo do ano, no que se refere à sua

quantidade sobre a superfície do solo: o período de estiagem, quando chove pouco, e o de cheia,quando as águas precipitadas já não cabem no leito dos rios e extravasam para as suas vár-zeas, localizadas ao longo de suas margens. Essa variação, mais ou menos pronunciada, a de-pender da variabilidade climática local, se refletirá na necessidade de maior ou menor espaçoque as águas utilizarão em toda a área da bacia hidrográfica, em seu percurso na busca delocais mais baixos. A partir da precipitação, atravessando a cobertura vegetal, espaços edificados,piso impermeável, canais, tubulações variadas e solo exposto em diferentes graus depermeabilidade, a água ganha ou perde velocidade, escapa ou é acumulada em diferentes pro-porções, a depender das condições oferecidas pelos seus diversos “recipientes”.

Nesse percurso, mesmo perdendo em velocidade e quantidade, grandes volumes alcan-çam e se espalham nos locais mais baixos e com menor declividade, propiciando as inunda-ções, cheias ou enchentes que, por se acumularem em superfícies baixas e planas (várzeas),propiciam solo fértil arrastado e irrigado e, também, multiplicam condições e formas de vida.Todo esse processo faz parte de um mecanismo muito maior de circulação contínua de mas-sas de água, em nosso planeta, e componente do ciclo das águas (ver página 60).

Inundações, enchentes ou cheias, portanto, são fenômenos naturais de extravasamentodas águas de um curso d’água para as áreas marginais quando de chuvas intensas. Passama ser problema quando são construídas ruas, casas, indústrias e outras estruturas urbanasnos espaços naturais das águas, chamados de várzeas e planícies de inundação.

Alagamento, por sua vez, é quando a microdrenagem, ou seja, as bocas de lobo, valasetc. são insuficientes para escoar as águas, causando alagamentos nas ruas, interrompendoo tráfego. Os alagamentos podem ser causados pelo acúmulo de lixo nas ruas, obstruindo asbocas de lobo. O lixo não está associado às grandes inundações, pois estas sempre existi-ram, mesmo sem ou com pouca ocupação humana. Há registros, por exemplo, no RioTamanduateí, várzea do Carmo, de grandes inundações no início da colonização portuguesa:“Em 1556, após uma tempestade enorme, o padre José de Anchieta comentou em uma car-ta que, por pouco, a Vila de Piratininga não foi arrasada”.

Estação de Tratamento de Esgoto do São João, já em operação.

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MAPA DESANEAMENTO AMBIENTAL

DE GUARULHOS

(Fonte: Plano Diretor de Drenagem – Diretrizes, Orientações e Propostas, 2008.)

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ÁREAS PROTEGIDASOs ambientes naturais protegidos por lei foram cria-

dos para permitir o pleno desempenho das funções ecoló-gicas e ambientais exercidas pelas áreas vegetadas, alémde contribuírem para a perpetuação da flora e da fauna, sobrisco de extinção, e para a proteção dos recursos hídricos.

A partir da constatação do avanço da degrada-ção ambiental, verificou-se a necessidade de protegerespaços naturais mais significativos, objetivando suaconservação* e proteção. Partindo dessa premissa, osEstados Unidos foram os pioneiros ao criar, em 1872,o Parque Nacional de Yellowstone, localizado nos Esta-dos de Wyoming, Montana e Idaho.

A primeira experiência brasileira foi em 1937,com a criação do Parque Nacional do Itatiaia. Ao lon-go do século XX foram criadas novas unidades de con-servação, tendo em vista a preocupação ambiental, então já manifestada pela opinião pública.

No Brasil, a Lei Federal no 9.985/2000 instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Con-servação – SNUC, estabelecendo critérios e normas para a criação, implantação e gestão dasunidades de conservação, priorizando o uso sustentável* dos recursos naturais, garantindoque a exploração do meio ambiente não afete a perenidade dos recursos ambientais*renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos eco-lógicos, de modo socialmente justo e economicamente viável.

O SNUC é dividido em dois grupos de unidades de conservação com característicasespecíficas e graus de restrições diferenciados. O primeiro é a Unidade de Proteção Integral*,que tem como objetivo a preservação* da natureza mediante a manutenção dos ecossistemaslivres da interferência humana. O segundo grupo é a Unidade de Uso Sustentável, que temcomo objetivo a compatibilização da conservação da natureza com o uso sustentável de par-celas de seus recursos naturais.

No Estado de São Paulo encontramos algumas categorias de Unidades de Proteção In-tegral, como: Estações Ecológicas, Reservas Biológicas e Unidades de Uso Sustentável, como:Áreas de Proteção Ambiental; Áreas de Relevante Interesse Ecológico e Florestas Nacionais.Além dessas Unidades de Conservação, podemos encontrar também áreas protegidas que nãopertencem ao SNUC, dentre as quais se destacam: Áreas Naturais Tombadas; Áreas sob Pro-teção Especial; Reservas Florestais; Parques Ecológicos e Terras Indígenas.

As áreas protegidas, no Estado de São Paulo, estão concentradas, principalmente, aolongo do litoral paulista, protegendo remanescentes florestais da Mata Atlântica. Já no inte-rior do Estado existem unidades de conservação de menor porte e dispersas, abrangendofragmentos florestais do Cerrado e da Mata Atlântica.

A RMSP está inserida na Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo –RBCV –, que abrange, além da Grande São Paulo, a RM da Baixada Santista integralmente e as

Regiões Administrativas de Campinas, Registro, São Josédos Campos e Sorocaba parcialmente. A RBCV é integran-te da Rede Mundial de Reservas da Biosfera, que faz par-te do programa “O Homem e a Biosfera (The Man and theBiosphere – MAB)”, da Organização das Nações Unidaspara a Educação, Ciência e Cultura – Unesco. Trata-se deuma categoria única atribuída a determinada região do pla-neta, considerada de relevante valor ambiental para a hu-manidade por abrigar importante ecossistema. A Reservada Biosfera tem como objetivo gerir a preservação e con-servação da natureza, a pesquisa científica e o desenvol-vimento autossustentado, servindo como referência paramensurar os impactos do homem no meio ambiente.

Na RBCV estão inseridas diversas áreas de prote-ção ambiental, destacando-se Estação Ecológicade Itapevi; Parque Ecológico Estadual das Nascentes doTietê e Parque Ecológico Estadual da Guarapiranga;

Parque Estadual do Jaraguá e Parque Estadual da Cantareira, este último abrangendo par-te da porção norte de Guarulhos.

Conforme o Mapa das Áreas Ambientalmente Protegidas de Guarulhos, ao norte domunicípio encontramos o Parque Estadual da Cantareira, onde está localizado o reservatóriodo Cabuçu, importante manancial que oferece parte da água consumida na cidade. O parquefoi criado em 1963 e abrange parte dos municípios de São Paulo, Caieiras, Mairiporã eGuarulhos. É dividido em quatro núcleos, sendo o de Guarulhos o núcleo Cabuçu.

Nas bordas e ao sul do Parque Estadual da Cantareira incide a Área de Proteção Ambiental– APA do Cabuçu – Tanque Grande, criada em 2010, abrangendo parte dos bairros do Cabuçu,Invernada e Tanque Grande, incluindo sua represa.

Na região nordeste do município vigora a Área de Proteção Ambiental Federal da Bacia do RioParaíba do Sul. Sobreposta a esta APA existe outra categoria de Unidade de Conservação, a Área deProteção e Recuperação dos Mananciais (APRM) do Rio Jaguari, criada pelo Governo Estadual.

Ao sul do município encontramos a Área de Proteção Ambiental da Várzea do Rio Tietê,criada em 1987. Essa APA possui dois perímetros distintos, sendo que o primeiro (leste) vai desdea barragem da Ponte Nova, próxima às nascentes do Tietê, até a Barragem da Penha abran-gendo os municípios de Salesópolis, Biritiba Mirim, Mogi da Cruzes, Suzano, Poá, Itaquaquecetuba,Guarulhos e São Paulo (parte da zona leste). O segundo perímetro (oeste) vai desde a barragemEdgard de Sousa até Santana de Parnaíba, abrangendo os municípios de Osasco, Barueri eCarapicuíba. Ou seja, a APA é interrompida pela capital ao longo da Marginal Tietê.

Sobreposta a esta APA está o Parque Ecológico do Tietê, que foi criado em 1976. O projetooriginal abrangia uma área muito maior. No entanto, a área atual restringe-se a Guarulhos e SãoPaulo no trecho leste e Barueri e Santana de Parnaíba no trecho oeste. O objetivo da criação doParque Ecológico do Tietê é a proteção de suas várzeas e o controle de vazões de cheia, além decolocar à disposição da comunidade uma área de lazer numa região carente de áreas verdes.

Represa do Tanque Grande – Parte da APA do Cabuçu-Tanque Grande.

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MAPA DAS PRINCIPAIS UNIDADESDE CONSERVAÇÃO AMBIENTAL

DE GUARULHOS

(Fonte: Prefeitura Municipal de Guarulhos.)

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MUDANÇAS CLIMÁTICAS EM NOSSO PLANETA

Durante todas as eras geológicas e até hoje as mudanças do clima sempre causaramtransformações na Terra. No decorrer do Quaternário (1,8 milhão de anos atrás) houve 16 ci-clos de glaciações, com cerca de 100 mil anos de duração, alternando-se com fases de tem-peraturas mais quentes e de menor duração (cerca de 20 mil anos), os chamados interglaciais.

Em fases mais quentes, as temperaturas médias globais chegaram a 22 ºC. Hoje essasmédias são de 15 ºC. Essas mudanças ocorreram, em grande parte, de forma lenta e gradual.

A crescente transformação dos recursos naturais (minérios, madeira, petróleo etc.) emprodutos tem causado dois efeitos danosos: de um lado o esgotamento dos recursos natu-rais, causando desequilíbrio, e de outro a produção de volumes cada vez maiores de resí-duos que são lançados no solo, na água e na atmosfera. Segundo cientistas, esse processotem causado mudanças rápidas no clima da Terra, de uma maneira que o meio físico e bióticonão tem tempo de se adaptar a essas novas condições.

A principal causa das mudanças do clima pela ação do homem é a emissão de gasesde efeito estufa na atmosfera, especialmente o CO

2.

Durante bilhões de anos, a presença, na atmosfera, de vapor d’água, dióxido de carbo-no (CO

2), metano (CH

4) e óxido nitroso (N

2O), entre outros gases, deu origem ao efeito estufa,

um processo natural que mantém parte da energia solar na superfície terrestre. Essa energiase redistribui em forma de calor através das circulações oceânicas e atmosféricas, criandoas condições necessárias para o surgimento e a manutenção da vida na Terra e permitindoque a outra parte da energia se irradie no espaço.

Com o aumento desses gases na atmosfera, uma porção maior de energia se acumula,causando um aumento na temperatura terrestre que, segundo os cientistas, foi da ordem de0,7 °C nos últimos 100 anos. Esse aumento abrupto tem se dado, principalmente, pela queimade combustíveis fósseis, como o petróleo, e pela destruição das florestas.

Em 2007 foi divulgado o último relatório do IPCC – Painel Intergovernamental de Mudan-ças Climáticas, que chocou o mundo com o resultado de que é muito provável (90% de chance)que o aquecimento global esteja sendo causado pelas atividades humanas.

Segundo relatório do Greenpeace, as evidências do aquecimento global são:● Desde que os registros de temperatura começaram a ser feitos, o ano de 2005 foi o

mais quente desde 1880. Neste ano (2005) a Amazônia enfrentou uma seca intensa.● Segundo o estudo do cientista K. A. Schein, publicado em 2006, a concentração de

dióxido de carbono na atmosfera saltou de 288 partes por milhão (ppm), no período pré-indus-trial, para 378,9 ppm em 2005.

● A média de tempestades tropicais e furacões no Oceano Atlântico, entre 1995 e 2004,foi de 15 por ano. Em 2005 ocorreram 28, dos quais 15 foram furacões, três de grande inten-sidade. Há evidências de que o furacão Katrina, que devastou Nova Orleans em agosto de2005, está ligado ao aquecimento global, segundo estudos realizados pelo Centro Nacionalpara Pesquisa Atmosférica dos Estados Unidos.

● Na Cordilheira dos Andes, as geleiras já perderam entre 20% e 30% de sua área nosúltimos 40 anos. Em 12 anos, na Antártida, já foram perdidos 14 mil quilômetros quadrados

de gelo. Nesse ritmo, segundo os cientistas, o nível do mar poderá aumentar entre 30 e 80centímetros nos próximos 50 a 80 anos.

● No planeta, as temperaturas diárias mínimas do ar à noite aumentaram em média0,2 ºC por década entre 1950 e 1993. No Sul do Brasil, entre 1913 e 1998, houve um aumentode 1,4 ºC na temperatura mínima anual, e também um incremento nas ondas de calor, nafrequência de chuvas mais intensas e na precipitação média anual, que cresceu nos últimos50 anos a uma taxa média de 6,2 mm/ano.

● Os oceanos têm apresentado um aumento da temperatura, o que causa o branqueamentode corais em escala global, colocando em risco os recifes.

O IPCC foi criado em 1988 por duas entidades da Organização das Nações Unidas (ONU),uma ambiental e outra meteorológica, mas as discussões sobre as mudanças climáticas jávinham acontecendo pelo menos desde a década de 1960.

Em 1992 houve a Conferência Rio-92, quando foi criada a Convenção Quadro de Mu-danças Climáticas, que resultou no Protocolo de Kyoto. Nessa conferência estabeleceu-se que,entre 2008 e 2012, os países mais industrializados deveriam reduzir em média 5,2% asemissões de gases de efeito estufa em relação aos níveis lançados em 1990. No entanto,segundo cientistas, essa meta não é suficiente, pois mesmo se as emissões forem congela-das nos níveis de 1990, estima-se que até o ano de 2200 a temperatura global aumentariaentre 0,4 e 0,8%. Apesar disso, as emissões têm aumentado intensamente nos últimos anos.

Efeito Estufa

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Para muitos cientistas, o limite de 2 ºC é considerado um ponto de não retorno. Pode-mos estar entrando em um “portal climático”, segundo o meteorologista Carlos Nobre, doInstituto Nacional de Pesquisas Espaciais – Inpe. “Nosso padrão de consumo, com hábitostão enraizados como o uso do automóvel e a dieta baseada em proteína animal, terá quemudar. Caso contrário, em 2200 teríamos uma temperatura de 7 ºC a até 10 ºC maior. Seriaoutro planeta, com enormes ameaças à nossa habitabilidade.”

A Amazônia preservada é muito importante para o Brasil e para o clima da Terra, poiscalcula-se que nela a quantidade de biomassa armazenada na matéria orgânica do solo e navegetação é de 100 a 120 bilhões de toneladas de carbono. Segundo Carlos Nobre, se tudoisso fosse para a atmosfera, haveria um aumento de 15% a 17% na concentração global dosgases de efeito estufa. Além disso, a floresta pode estar absorvendo da atmosfera de 100 a400 milhões de toneladas de carbono por ano. Ela é ainda um surpreendente regulador atmos-férico, estabelecendo um regime de chuva em toda a América do Sul e até em outros continentes.Segundo cientistas, a grande umidade na floresta, aliada à que é evaporada no Oceano AtlânticoTropical, é trazida para vastas áreas do território, como o Centro Sul, Sudeste e Sul do Brasil,pelos ventos alísios, transformando-se em chuvas.

Além disso, a floresta serve ainda como filtro de poluentes. Oxidantes como o ozônio eóxidos de nitrogênio são removidos por mecanismos regulatórios. Esta propriedade pode ser per-dida com a destruição da floresta, afirma Carlos Nobre.

Em dezembro de 2009, houve a última Conferência de MudançasClimáticas da ONU em Copenhague, capital da Dinamarca. A COP-15, comofoi chamada, reuniu 119 chefes de Estado dos 192 países do mundo.

Esse esforço teve o objetivo de tentar estabelecer um programa decooperação global para a redução das atividades humanas causadoras doaquecimento global. No entanto, países ricos e os maiores poluidores, comoos Estados Unidos, não propuseram e nem assumiram qualquer compro-misso com a redução dos gases do efeito estufa, apesar de países po-bres e em desenvolvimento, como o Brasil, terem se esforçado para osucesso da conferência.

A posição brasileira foi a defesa do Protocolo de Kyoto. “Os paísesdesenvolvidos devem assumir metas ambiciosas de redução de emissõesà altura de suas responsabilidades históricas e do desafio que enfrenta-mos”, discursou o presidente Lula, finalizando: “o veredito da história nãopoupará os que faltarem com suas responsabilidades neste momento”.

EXPANSÃO URBANA E MUDANÇASCLIMÁTICAS LOCAIS

Como foi demonstrado, dos 2% de contribuição do Brasil para asemissões de gases de efeito estufa, 75% são provenientes das queima-das. No entanto, outros 22,5% têm um efeito significativo nas grandescidades, pois são provenientes da queima de combustíveis fósseis,causando elevados índices de poluição atmosférica.

MAPAS DA EVOLUÇÃO URBANA DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

(Fonte: Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê – CBAT. Diagnóstico dos Recursos Hídricos (Relatório Zero). São Paulo, 2000.)

De acordo com a Comunicação Inicial do Brasil à Convenção-Quadro da ONU sobreMudanças do Clima de 2004, os quatro setores urbanos que mais queimam combustíveisfósseis são: transportes (40,8%), indústria (32%), geração de energia (11,1%) e residencial(6,6%). Segundo dados de 2004 da Política Nacional de Mobilidade Urbana Sustentável doMinistério das Cidades, a frota veicular cresceu rapidamente no Brasil: 3,1 milhões em 1970para 36,5 milhões em 2003.

As grandes metrópoles, além da poluição do setor de transportes, também contribuemcom a emissão de vários gases de efeito estufa em função da produção de lixo, principal fontede metano, gás com impacto no clima 21 vezes maior do que o CO

2, por ser muito mais opaco.

O tratamento do lixo de 118 milhões de moradores de áreas urbanas brasileiras respondeupor 6,1% das emissões brasileiras de metano em 1994, sendo 5,1% no lixo e 1% no esgoto.

Segundo relatório do Greenpeace, as grandes metrópoles contribuem com o aquecimentoglobal, mas também serão as vítimas preferenciais dele, pois as regiões metropolitanas fica-rão mais sujeitas às inundações e escorregamentos.

A intensificação da emissão de gases de efeito estufa e a degradação ambiental, de ummodo geral, estão diretamente ligadas ao processo de expansão urbana, que promove, cadavez mais, o deslocamento de seus moradores, além da derrubada crescente das florestasremanescentes no entorno das cidades.

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MAPA DA EVOLUÇÃO DA ÁREAURBANA DE GUARULHOS

(Fonte: Plano Diretor de Drenagem – Diretrizes, Orientações e Propostas, 2008.)

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Quase um terço da população brasileira vive em apenas 11 regiões metropolitanas, sendoboa parte em favelas e áreas degradadas.

A Região Metropolitana de São Paulo, durante muitos anos, constituiu-se num grandepolo de atração populacional. Aliado a isso, as elevadas taxas de crescimento demográfico*observadas nas décadas de 1960/70, com índices acima de 5%, foram responsáveis pelointenso crescimento urbano da região. Uma mudança acentuada ocorreu nos últimos anos,devido à queda progressiva dessas taxas, que atingiram valores inferiores a 1,5% anuais.

Atualmente, apesar da redução do crescimento populacional e da diminuição dos flu-xos migratórios, estabeleceu-se uma tendência de esvaziamento populacional nas áreasurbanas centrais, com melhor infraestrutura e um aumento populacional acompanhado decrescimento horizontal acelerado nas áreas periféricas mais carentes de infraestrutura.

No município de Guarulhos a expansão urbana teve enorme impulso com o seu direcio-namento para as regiões leste e sul, ocorrido após a implantação da Rodovia Presidente Dutra.Essa expansão também se deu para o norte, mas de forma menos intensa.

Nos últimos anos, embora as taxas populacionais tenham sido cada vez menores em Gua-rulhos, o seu crescimento anual manteve-se próximo a 3,6%, muito acima do percentual mé-dio registrado em toda a Região Metropolitana de São Paulo, que é de 1,5%. O crescimentopossui características semelhantes ao da Grande São Paulo, com taxas elevadas nas periferiase baixas nas áreas centrais, que chegam a registrar inclusive índices negativos.

A tendência de expansão urbana é uma ameaça aos últimos remanescentes florestais daReserva da Biosfera do Cinturão Verde da Grande São Paulo.

A supressão da vegetação promove grande redução no teor de umidade na superfíciedo solo, dando início a um processo de aquecimento que se agrava com a concentraçãode edificações (casas, fábricas, rodovias etc.), a queima de combustíveis e as amplas su-perfícies refletoras de luz e calor (superfícies asfaltadas e cimentadas, telhados etc.). Issoprovoca o fenômeno conhecido por “ilha de calor”, que é um padrão de circulação de arinterno às grandes cidades, que dificulta a dispersão dos poluentes e do calor, concentran-do-os na área urbana. As brisas marinhas que chegam à região entram em contato com a“ilha de calor” e a umidade é carregada para camadas mais altas da atmosfera (as par-tículas de ar quente tendem a subir por serem mais leves), onde o ar é mais frio, conden-sando-se e causando chuvas intensas e concentradas.

Esse fenômeno tem diminuído as chuvas nas áreas florestadas, justamente onde seencontram os mananciais de abastecimento à população e, por outro lado, agravando as inun-dações nas áreas urbanas. Segundo informações de 2004 do Ministério das Cidades, asinundações urbanas já causam um prejuízo anual superior a 1 bilhão de dólares.

Estudos realizados por meio de dados coletados na estação meteorológica localizada noParque Estadual Fontes do Ipiranga, entre 1936 e 2005, mostraram que nas últimas sete dé-cadas São Paulo teve: menos garoa e mais tempestades; em média 395 mm de chuvas amais por ano; 7% a menos de umidade do ar, e aumento de 2,1 ºC na temperatura média,três vezes mais em comparação a um aumento de 0,7 ºC nos últimos 100 anos nas tempe-raturas globais. As mudanças climáticas já são uma realidade há muito tempo nas grandescidades, e são bastante intensas.

ILHAS DE CALORAs ilhas de calor são provocadas pelo desmatamento e a construção de superfícies asfaltadas e cimentadas, refle-

toras de luz e calor.Nas tardes de verão, as brisas marítimas costumam entrar na cidade pelo sudeste. Por causa da atração da “ilha

de calor”, as massas úmidas são carregadas para camadas mais altas da atmosfera, entrando em contato com baixastemperaturas, condensando-as e causando as fortes chuvas.

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MAPA DA TEMPERATURA DA SUPERFÍCIE(ILHAS DE CALOR) DE GUARULHOS

(Fonte: Adaptado de TARIFA & ARMANI, 2004.)

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MAPA DAS PRINCIPAIS RODOVIAS DO ESTADODE SÃO PAULO E DE GUARULHOS

(Fonte: Departamento de Estradas de Rodagem – DER/SP.)

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AEROPORTO INTERNACIONAL DE SÃO PAULO/GUARULHOSGOVERNADOR ANDRÉ FRANCO MONTORO

HISTÓRICO DA IMPLANTAÇÃO DO AEROPORTOO Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos, conhecido popularmente como Aeroporto de Cumbica, ocupa uma

área de 14 quilômetros quadrados no trecho médio do Rio Baquirivu Guaçu (em sua margem esquerda) e no centro geográficodo município de Guarulhos.A vocação aeroportuária da região remonta a 1934, quando parte da Fazenda Cumbica foi transformada em campo de pouso e

decolagem de planadores.Em 1940, a área, pertencente à empresa Marillis Ltda e à família Guinle, foi doada para a implantação da Base Aérea de São Paulo –

Basp, inaugurada em 1945. Sua finalidade era proteger o maior centro industrial do Brasil durante a Segunda Guerra Mundial.Com a crescente demanda de Congonhas na Capital paulista e a necessidade de implantação de um aeroporto de grande porte, em 1977 o Minis-

tério da Aeronáutica definiu que o local para a instalação do aeroporto seria a Base Aérea de São Paulo, começando os processos de desapropriação e oinício das obras em 1979. O aeroporto foi inaugurado em 20 de janeiro de 1985, completando, em 2010, 25 anos de operações sob administração da Infraero

(Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária). Até 2007, o complexo aeroportuário movimentou cerca de 222,3 milhões de pessoas que embarcaram e desembarcaram nos terminais de passageiros, com cerca de

2,9 milhões de operações de pousos e decolagens que transportaram aproximadamente 6,9 milhões de toneladas de cargas.A média diária de operações de pouso e decolagem em Cumbica foi de 475 até 2007.

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GLOSSÁRIO

Aluviões: são constituídos por cascalho, areia, silte e argila que foram transportados pela ação da água ouventos e depositados em terrenos planos, as planícies aluviais.Argissolos: solos bem evoluídos, argilosos, apresentando mobilização de argila na parte mais superficial.Basaltos: rochas solidificadas provenientes do magma vulcânico.Biodiversidade: é o termo utilizado para definir a variabilidade de organismos vivos (flora e fauna) abrangendo adiversidade de genes e de populações de uma ou mais espécies e suas interações em ecossistemas.Cambissolos: solos pouco desenvolvidos, com horizonte B incipiente.Colinas: pequenas elevações do terreno com declividades suaves que não excedem os 50 metros de altitude.Colonização de exploração: foi a forma que os espanhóis e portugueses impuseram para a conquista edomínio das terras americanas por eles descobertas. Tratava-se da exploração indiscriminada das riquezasnaturais com objetivo primordial de abastecer e enriquecer a Espanha e Portugal (as metrópoles). O cresci-mento populacional e econômico dessas colônias estava diretamente ligado aos interesses mercantilistasdessas metrópoles.Colonização de povoamento: foi a fixação do europeu na América do Norte, principalmente dos ingleses,mediante o rápido povoamento, explorando as riquezas da terra, fazendo-as primeiramente circular entreos colonos, gerando um forte mercado interno. O excedente produzido nas colônias inglesas eracomercializado com a Inglaterra. Cada vez mais os colonos ingleses procuravam diminuir o grau de depen-dência colonial em relação à Coroa inglesa.Conservação da natureza: o manejo do uso humano da natureza, compreendendo preservação, manuten-ção, utilização sustentável, restauração e recuperação do ambiente natural para que possa produzir o maiorbenefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu potencial de satisfazer as necessida-des e aspirações das gerações futuras e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral.Ecótonos: áreas de transição entre duas comunidades florísticas, ou seja, possuem elementos dos doisambientes limítrofes, tornando a área um local único e raro do ponto de vista ecológico.Ecossistema: área territorial razoavelmente homogênea que contém um complexo sistema de relaçõesmútuas entre os organismos vivos e elementos físicos e químicos do ambiente que interagem entre si, ha-vendo transferência de energia e matéria entre esses componentes. Os ecossistemas brasileiros são:Amazônico, Mata Atlântica, Caatinga, Cerrado, Pantanal, Pampas (também conhecido como Campos do Sul)e a Mata de Araucárias. Bioma, por sua vez, é a classificação em escala global de um conjunto de ecossis-temas que apresentam aspectos semelhantes na mesma latitude terrestre, com vegetação, espécies ani-mais e tipos de solos influenciados pelo clima e relevo, segundo Ricklefs, 2003.Endêmico: nativo de uma determinada área geográfica ou ecossistema e restrito a ela.Erosão: em condições naturais, consiste na degradação, remoção e transporte de partículas de solo oufragmentos de rochas pela ação, combinada ou não, da gravidade com a água, o vento, o gelo e organismosvivos, e posterior sedimentação.Escarpas: rampa ou declive de terrenos que aparece nas bordas de planaltos, serras-testemunho etc.Espigões: altos ou dorsos das serras, constituindo penhascos de arestas vivas, podendo também apresen-tar topos de superfícies planas.Evapotranspiração: conjunto de água evaporada – desencadeado pela radiação solar – proveniente do soloou das folhas das árvores e o vapor d’água da transpiração das plantas.Granito: rocha fundida e resfriada no interior do globo terrestre e posteriormente elevada à superfície.Gleissolos: solos hidromórficos (saturados em água), ricos em matéria orgânica, apresentando intensaredução de ferro.Horizonte A: camada superior do solo, horizonte mineral com a presença de matéria orgânica mineralizada, sen-do o horizonte com maior atividade biológica, apresentando coloração mais escura pela presença de matériaorgânica. Dependendo do ambiente em que se dá, pode ter maior ou menor presença de compostos orgânicos.

Horizonte B: camada inferior ao horizonte A, é o horizonte de maior diferenciação das classes de solo. Segundoo geólogo Antonio Manoel dos Santos Oliveira, é resultante de “transformações relativamente acentuadasdo material originário e/ou ganho de constituintes minerais e/ou orgânicos migrados de outros horizontes”.Jusante: significa “rio abaixo”, enquanto ‘montante’ quer dizer “rio acima”.Latifoliada: vegetação que contém diversos tipos de espécies vegetais dotadas de folhas largas.Latossolo: solo altamente evoluído, laterizado, rico em argilominerais na proporção 1:1 e oxi-hidróxidos deferro e alumínio.Ombrófila: ombrófila é o mesmo que pluvial, porém, o primeiro termo é de origem grega e o segundo temorigem latina. Ambos têm o mesmo significado: “amigo das chuvas”.Planalto: é uma porção de relevo elevada em relação aos vizinhos.Planície aluvial: planície aluvial ou fluvial: porção de terreno baixa e plana, drenada por corpos d´água, po-dendo apresentar terraços relativamente mais elevados, composta por depósitos deixados pelos rios.As espessuras dos sedimentos dependem, em geral, do tamanho do curso d´água.Preservação: conjunto de métodos, procedimentos e políticas que visem à proteção, a longo prazo, dasespécies, habitats e ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos, prevenindo a simplifi-cação dos sistemas naturais.Recursos ambientais: as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, osubsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora e tudo que é passível de ter valor econômico.Rochas cristalinas: são rochas compostas de cristais facilmente visíveis, sobretudo nas rochas metamórficas(modificadas por pressão e temperaturas em eras passadas), representadas principalmente pelo gnaisse oupor rochas sedimentares denominadas clásticas.Rochas efusivas: rochas de origem eruptiva (vulcânica) que se solidificaram rapidamente na superfície, dandouma textura mais fina a ela. Essas rochas podem alcançar a superfície, derramando-se umas sobre asoutras, quando são denominadas rochas de derrame. Exemplo: derrame de basalto.Rochas metamórficas: rochas pre-existentes que sofrem mudanças pelo aumento de pressão e temperatura.Rochas sedimentares: rochas constituídas de sedimentos produzidos por meio de processos erosivos, queforam removidas e depositadas durante milhares de anos.Taxas de crescimento demográfico: diferença do número de nascimentos e mortes num determinado ano.Uso sustentável: exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientaisrenováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos de formasocialmente justa e economicamente viável.Unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais,com características naturais relevantes. Legalmente instituído pelo Poder Público com objetivos de conser-vação e limites definidos, sob regime especial de administração ao qual se aplicam garantias adequadasde proteção.Unidade de Proteção Integral: manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por interfe-rência humana, admitindo apenas o uso indireto dos seus atributos naturais.Vazão: a quantidade de água que passa através de determinada seção transversal, por unidade de tempo,constitui a vazão de um corpo d’água.Vertentes parciais: pequenos cursos d’água que deságuam diretamente no rio principal.

SIGLASFapesp: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.FFLCH: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas.IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.IGC: Instituto Geográfico e Cartográfico, ligado à Secretaria de Planejamento do Governo do Estado de São Paulo.IPEA: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.Seade: Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados do Estado de São Paulo.

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