CAPA porque fazmoes o que fazemos - Free...

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Porque fazemos o que fazemos Bispo Ray Sutton

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Porque fazemos o que fazemos

Bispo Ray Sutton

Bispo Ray Sutton, Ph.D.

Porque fazemos o que fazemos

Copyright © Ray SuttonPublicado originalmente por “The Church of the Holy Communion”

Os textos das referências bíblicas foram extraídas da “Almeida Século 21,” da Editora Vida Nova, salvo indicação específica.

Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei nº 9.610, de 19 / 02 / 1998. É expressamente proibida a reprodução total ou parcial deste livro, por quaisquer meios (eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação e outros), sem prévia autorização, por escrito, da editora.

Tradução: Josep M. Rossello

Revisão: Fábio Farias

Diagramação e Capa: Latimer Press

Publicado no Brasil com todos os direitos reservados por Latimer Press.

2ª Edição: Agosto de 2012.

SumárioPrefácio 1

Porque fazemos o que fazemos 3

Por que vamos ao culto? 4

Por que seu culto é tão formal? 6

Por que o púlpito fica posicionado lateralmente? 9

Por que os ministros usam roupas especiais? 10

Por que se sentam, se ajoelham e se levantam? 12

Por que vários símbolos, como velas e a cruz? 15

Por que nós lemos orações e as repetimos? 17

Por que observam o Calendário da Igreja? 20

Por que cantam salmos, cânticos, e hinos? 23

Como é a ordem dos cultos? 25

Oração Matutina 27

Santa Comunhão 31

Observações finais 34

Autor do Livro 35

Prefacio

Temos o grande prazer de apresentar este livro. Com a publicação desta obra, preenchemos um vazio existente no mercado brasileiro: uma obra simples e clara sobre o culto e a adoração anglicana.

Foi uma grande alegria receber por parte do autor, o Bispo Ray Sutton, permissão para traduzir e publicar este livro para ser usado pelos ministros e leigos da Igreja Anglicana Reformada do Brasil. Acreditamos que muitos serão grandemente edificados com os ensinos e explicações que encontrarão nas páginas que se seguem.

Assim, querido leitor, simplesmente desejo que a leitura deste livro seja de grande benção na sua vida e que, através dos ensinos do mesmo, possamos adorar e louvar a Deus Trino em espirito e verdade.

Soli Deo Gloria,

Bispo Josep RosselloAbril 2012.

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Por que fazemos o que fazemos

!

Se os cultos nos são familiares, ou talvez não, é importante que entendamos porque nós adoramos do modo como fazemos. Se você é um novo visitante, talvez possa estar se fazendo esta pergunta, “por que fazem isto?” Inclusive, se você está acostumado aos cultos, pode perguntar-se as vezes, “Porque fazemos isto? Não estamos seguindo tradições de homens antigos, mortos e irrelevantes?” Permita-me responder: “absolutamente não.”

O proposito deste livreto é mostrar que o culto da Igreja Anglicana é bíblico e, certamente, não é uma mera tradição humana a margem da Sagrada Escritura. Em face disso, em nosso livro de adoração, chamado de Livro de Oração Comum (LOC), 70% é Escritura e 20% é paráfrase da Escritura. O último 10% é baseado diretamente na Bíblia.

Os cultos realmente nada mais são que orações organizadas com base nas Escrituras. De fato, a própria estrutura dos

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cultos, como veremos, segue as formas de culto na Bíblia. Nosso culto busca conformar-se as cenas do culto bíblico: tanto as do céu como as da terra. O que ocorreu nessas ocasiões tem sido um modelo para o culto da Igreja Anglicana e da Igreja Cristã através dos séculos. Portanto, o culto é bíblico, ainda que não esteja acostumado a ver alguns dos princípios bíblicos postos em prática.

Este pequeno livro procura aprofundar sua compreensão acerca do culto bíblico. Sei que, possivelmente, você tem muitas perguntas sobre o culto. Permita-me antecipar algumas das suas perguntas, especialmente aquelas que fundamentam o porquê adoramos do modo como o fazemos.

Por que vamos ao culto?

“Portanto, quando vos reunis no mesmo lugar, não é para

comer a ceia do Senhor. Pois, quando comeis, cada um toma

antes a sua própria refeição. Assim, um fica com fome, e o

outro se embriaga. Será que não tendes casas onde comer e

beber? Ou desprezais a igreja de Deus e envergonhais os que

nada têm? Que vos direi? Irei elogiar-vos? Não, nisso não vos

elogio. Pois recebi do Senhor o que também vos entreguei: o

Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão e,

depois de ter dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo

que é dado por vós. Fazei isto em memória de mim. Do mesmo

modo, depois de comer, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é a

nova aliança no meu sangue. Fazei isto todas as vezes que o

beberdes, em memória de mim. Porque todas as vezes que

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comerdes deste pão e beberdes do cálice proclamais a morte do

Senhor, até que ele venha” (1 Cor. 11:20-26).

A resposta a esta pergunta, “Por que vamos ao culto?” determina tudo sobre o culto. Ela só pode ser respondida de duas formas: estamos no culto por causa de Deus ou por causa do homem.

Se nós vamos adorar por causa dos homens, estamos interessados principalmente em questões como, “Estamos tendo um tempo gostoso?” “Este culto está sendo abençoado?” “temos uma boa comunhão fraternal?” “O pregador é bom?” “Somos tocados pelas pregações?”

Estas perguntas têm um denominador comum. Elas refletem propostas para a adoração centradas no homem, porque todas elas se referem aos homens. Não me entenda mal. Muitas destas questões são preocupações legítimas. Mas elas não são propostas bíblicas corretas para adoração, como já mencionado na passagem bíblica anterior.

A Bíblia ensina claramente que o propósito da adoração é Deus. O apóstolo Paulo reprovou um grupo de cristãos por colocarem os próprios desejos egoístas deles antes da glória de Deus, ao se reunirem por razões centradas no homem. A igreja de Corinto só se preocupou em encher suas próprias bocas, ter um tempo gostoso, e celebrar conjuntamente. Eles tinham perdido de vista o proposito real que era “anunciar a morte do Senhor” (1 Coríntios 11:26). Eles não deveriam celebrar a Ceia para si mesmos, mas para o Senhor. Como

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eles sentiam ou o que gostavam não eram razões para vir ao culto.

De fato, os cristãos podem não sentir-se bem quando “se reúnem.” Na mesma passagem, o Apóstolo Paulo diz que o culto bíblico pode adoecer algumas pessoas, se elas vierem pelos motivos errados (1 Coríntios 11:30). Elas poderiam sentir-se miseráveis ou enfermas, porque havia pecado em suas vidas. Isso acontecia com elas para que se arrependessem. Como nos sentimos ou até mesmo o que pensamos sobre a adoração bíblica não é a questão. Nós não somos o centro de nada. Deus é. Nós apenas vamos para adorá-Lo!

Uma vez que concluímos porque viemos adorar, o resto entra em seu lugar biblicamente, tornando mais razoável o culto formal.

Por que seu culto é tão formal?

“Aproximemo-nos com coração sincero, com a plena certeza

da fé, com o coração purificado da má consciência e tendo o

corpo lavado com água limpa. Sem vacilar, mantenhamos

inabalável a confissão da nossa esperança, pois quem fez a

promessa é fiel. Pensemos em como nos estimular uns aos

outros ao amor e às boas obras, não abandonemos a prática de

nos reunir, como é costume de alguns, mas, pelo contrário,

animemo-nos uns aos outros, quanto mais vedes que o Dia se

aproxima” (Hebreus 10:22-25)

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O culto comunitário (congregacional) é uma reunião oficial. Não é um momento casual. Ao contrário, trata-se de um momento especial, no qual a igreja como um todo entra verdadeiramente na sala do trono de Deus. É um momento especial diante de Deus, de uma forma que não o é em nenhuma outro momento. Se não for assim, se a igreja não vier de forma solene na presença de Deus no primeiro dia da semana no seu culto, então estas palavras não tem sentido: "aproximemo-nos (a Deus)... Não abandonemos a prática de congregar... animemo-nos uns aos outros, quanto mais vedes que o Dia se aproxima " (Hebreus 10:19-25).

No contexto desta passagem, o Apóstolo compara o templo do Antigo Testamento com o templo celestial manifesto no Novo Testamento. O antigo templo é removido; o véu que separa as pessoas de Deus é rasgado; e o acesso ao templo celestial é permitido. Por isso, Paulo diz, "aproxime-se” para adorar ao Senhor.

Se a igreja se aproxima especialmente de Deus no culto, então o povo de Deus deveria refletir esta realidade nas suas atitudes e ações. Deveria demonstrar toda a dignidade e reverência que tal ocasião exige. Esta é a essência do porque nós adoramos do modo como o fazemos. Nós vamos ao culto com a convicção de que estamos entrando na Corte do Rei dos reis. E realmente estamos!

Não deveríamos então ter cuidado em nossas ações, sendo cuidadosos para não ofendermos a Deus?

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Eu penso que a resposta à questão da formalidade está no fracasso da Igreja moderna em não ver a adoração como uma genuína entrada na presença do Deus Vivo. Uma vez que isto é compreendido, nossa perspectiva muda, e todas as perguntas sobre um culto mais formal (litúrgico) podem ser respondidas.

Eu creio que a Igreja moderna se tornou tão preocupada com a liberdade para ser casual que perdeu a percepção de Deus como Rei. A noção de respeito, dignidade e honra tem desaparecido. Se nós pensarmos sobre as várias formas diferentes de formalidade e informalidade em nossas próprias casas, podemos começar a ver a razão por trás das ocasiões formais na Igreja. Há momentos em que eu sou muito sério com meus filhos e não quero que eles desconsiderem o que eu digo. Eu espero que eles ouçam e respondam imediata e educadamente: "Sim, Senhor" ou "Não, Senhor". Entretanto, há outras ocasiões em que brinco com meus filhos e damos risadas. Há momentos em que eu e meus filhos nos vestimos à vontade para jogar bola juntos. Também há momentos em que meus filhos querem representar para mim. Meus filhos vestem as melhores roupas e tocam músicas no piano. Minhas filhas vestem suas melhores roupas e bailam. Eles querem se vestir assim para seu pai, porque estão apresentando uma música ou balé.

Não é interessante que quando minhas crianças querem tocar ou apresentar-se para o pai delas, elas não tenham nenhum problema em se vestir com as melhores roupas?

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Esta é a ideia de formalidade na adoração. Não significa que não há momentos informais, como a reunião de oração ou o estudo bíblico nos lares. Porém, significa que há momentos formais onde apresentamos o nosso melhor a Deus, e representamos para Deus, nosso Rei Majestoso e Altíssimo. Da mesma maneira que em nossa vida há momentos formais e informais, na Igreja há a mesma dinâmica.

Por que o púlpito fica posicionado lateralmente?

Se nós estamos nos aproximando do trono de Deus, o mobiliário na nave (da igreja) deveria refletir esta verdade bíblica.

A Mesa da comunhão simboliza o trono de Deus para o qual nos aproximamos em adoração. Está no centro porque Deus é o centro e não o homem.

Para enfatizar ainda mais esta centralidade de Jesus Cristo, o púlpito1 e o atril2 são colocados em cada lado. Além disso, a Palavra de Deus é lida num lugar diferente de onde é pregada , para mostrar que a pregação, ainda que importante, não é igual à Palavra de Deus. Que o que o homem diz não é o que Deus diz.

1 A palavra de Deus é lida no Atril, se a igreja tem um. 2 A palavra de Deus é pregada, geralmente, no púlpito.

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Portanto, a posição central da Mesa (chamada "altar" em algumas igrejas) é para sublinhar a centralidade de Jesus Cristo como Deus e Cabeça da Igreja.

Por que os ministros usam roupas especiais?

No culto bíblico, os ministros usam roupas de vestuário distintas para cobrir a roupa deles, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento (Apocalipse 4:4). Por quê?

Eles representam alguém que está além deles, isto é, Jesus Cristo. Eles cobrem as suas roupas com outras vestes para que as pessoas olhem para Jesus Cristo e não para eles. Quando presidem o culto não são somente “nosso amigão João.” Eles possuem um ofício como ministros de Deus e as vestes simbolizam este ofício. Por exemplo, um juiz usa toga porque ele não age por si mesmo. Ele representa a lei e o governo do seu país. Da mesma forma, um ministro representa a lei e o governo de outro reino e simboliza isso com as vestes que usa. Da mesma maneira que a posição da mesa destaca a centralidade de Cristo, as vestes do ministro destacam a centralidade de Cristo também.

A cor básica para adoração é branca, representando a luz e a glória da Ressurreição. Esta veste branca (sobrepeliz) normalmente é usada por cima de uma túnica preta chamada sotaina (batina). Ela simboliza a morte na cruz. Ambas juntas enfatizam a obra cabal de Cristo.

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Por cima da sobrepeliz e da batina, o ministro geralmente usa uma tira estreita longa de roupa ao redor do pescoço: sendo uma estola negra de pregador, chamada de típete, ou uma colorida quando se celebra a comunhão, chamada de estola.

Este manto representa o “jugo” de Cristo, como Ele disse: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim... porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.” (Mateus 11:29-30). O jugo era, literalmente, uma peça que se prendia ao pescoço dos bois nos tempos de Cristo. Sendo arreado com um jugo, um boi poderia levar uma carga. Quando Cristo diz que Ele é o “jugo,” Ele quis dizer que Ele leva literalmente os fardos desta vida. Quando o Ministro usa a estola, está pregando um sermão visual, lembrando as pessoas que Cristo leva os seus fardos.

Para simbolizar de forma mais contundente que o ministro é um servo, ele também usa uma roupa especial no seu dia a dia. Tal deveria ser vista como o uniforme dele, da mesma maneira que qualquer serviço especial para a comunidade tem um uniforme distinto: o bombeiro, o policial, o médico, e assim sucessivamente. O símbolo comum do ministro é o seu colarinho clerical. Este colarinho era usado ao redor do pescoço dos escravos no mundo antigo. A igreja adotou tal como símbolo distintivo para seus ministros, para enfatizar que são “escravos do Senhor.” Certamente todo crente é um escravo de Cristo, mas o ministro representa esta função de modo especial. No seu chamado, ele simboliza efetivamente o sacerdócio da Igreja inteira, o sacerdócio de Cristo. A

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roupa do ministro aponta para Jesus Cristo e o separa no lugar do trono de culto e vida.

Por que se sentam, se ajoelham, e se levantam nos cultos?

“Portanto, irmãos, exorto-vos pelas compaixões de Deus que

apresenteis o vosso corpo como sacrifício vivo, santo e

agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Romanos

12:1)

A adoração é "culto" de acordo com o Bíblia. Não é passivo, já que um servo não é um ser passivo diante de seu senhor. É ativo. Quantas vezes já ouvi pessoas dizerem que adoração é uma experiência. Esta declaração mostra que tais pessoas não tem entendido a essência do culto. A adoração é um ato que envolve com um proposito claro os participantes no culto ao Senhor. O culto não é uma coisa para observar e desfrutar. É um culto espiritual, uma obra espiritual.

Já que o culto é um ato para mostrar reverência, são assumidas várias posturas no culto. A regra geral encontrada na Bíblia é: ajoelhe para orar, sente para escutar e levante em resposta.

Nos cultos na Igreja Anglicana usamos os três gestos. Adoradores nas igrejas contemporâneas podem sentir-se tentados a perguntar: “Por que todos se levantam, se sentam e se ajoelham? Por que não podemos simplesmente entrar e ficar sentados?”

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Primeiro, AJOELHAR-SE é a postura comum nas Escrituras para orar. O Apóstolo Paulo diz, “Por esta causa, me ponho de joelhos diante do Pai” (Efésios 3:14). Ele acrescenta, “Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai” (Filipenses 2:9-11).

Ajoelhar-nos para orar expressa uma variedade de atitudes: humildade, respeito, submissão, gratidão, e louvor. A posição comum de sentar-se para orar, como é feito na maioria das igrejas evangélicas, não é encontrada em nenhum lugar nas Escrituras; nunca vemos Abraão, Davi ou inclusive Jesus sentados para orar. Em vez disso, a pessoa acha na Bíblia uma postura diferente por uma razão muito boa. A ação corporal de dobrar os joelhos em oração põe forma a nossas atitudes.

Por quê? Como Thomas Howard escreve, "Nossas atitudes íntimas clamam por uma forma. Elas desejam ser vestidas com carne. Nós podemos ver isto onde quer que estejamos: quando estamos felizes, nossos músculos se estiram num sorriso; quando tristes, nossos canais lacrimais vão trabalhar; se estamos envergonhados, nossos músculos do pescoço inclinam as nossas cabeças; se estamos com sono, bocejamos; se estamos bravos, apertamos os nossos punhos."

Oração envolve a pessoa inteiramente. O Culto não deveria ser só um ato mental, simplesmente ouvir um sermão.

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Ajoelhar-se, em muitos sentidos, representa o que toda a vida deveria ser.

Segundo, SENTAR-SE é um modo apropriado para ouvir a Palavra de Deus sendo lida e pregada. Você notará que a Bíblia é lida mais neste tipo de culto do que em outros. Muitas igrejas quase nunca leem as Escrituras, o que é um fato triste. Na Igreja Anglicana, o Antigo e o Novo Testamentos são lidos a cada Domingo, junto com os Salmos. Na verdade, os Salmos normalmente são lidos responsivamente, enquanto enfatizam a atividade adoradora, como forma de respondermos ao Senhor pela Palavra de Deus, o que deveria ser o dever das pessoas toda a vida.

Terceiro, LEVANTAR-SE para responder é uma forma de demonstrar respeito. Você notará que toda vez que a Palavra de Deus é lida, a congregação imediatamente dirá ou cantará uma resposta de louvor. Estas respostas são normalmente seções da Bíblia ou hinos antigos, chamados de cânticos. A postura de estar de pé também é a resposta apropriada para nossa vida inteira. Quando Deus fala, a Igreja deveria caminhar adiante em Cristo.

Portanto, o movimento físico no culto - estar de pé, sentado ou ajoelhado - está ensinando silenciosamente ao povo de Deus uma lição importante. Eles são respostas com ação quando Deus fala. Além destas, não há nenhum outro jeito antigo de responder. Devem tomar ação de acordo com as Escrituras. E, finalmente, eles devem tomar ação de tal forma

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para demonstrar que nossa vida inteira deveria ser: submissão (ajoelhar), ouvir (sentar) e caminhar em Cristo (levantar-se).

Por que vários símbolos como velas e a cruz?

“E os israelitas fizeram como Josué havia ordenado:

levantaram doze pedras do meio do Jordão como o SENHOR

havia falado a Josué, segundo o número das tribos dos

israelitas; eles as levaram consigo ao lugar em que pisaram e

as colocaram ali. Josué amontoou também doze pedras no

meio do Jordão, no lugar em que pararam os pés dos

sacerdotes que levavam a arca da aliança; e ali estão até o dia

de hoje.” (Josué 4:8-9)

“As coisas comuns da nossa vida mortal estão cingidas com símbolos: alianças de casamento, diplomas, medalhas, distintivos, apertos de mão, bandeiras, uniformes, velas de aniversário, guirlandas de Natal, vestidos de noiva, rosas, lírios, beijos, composição de mesas em cerimônias. Todos estes gestos, roupas, e artefatos dizem algo. Eles têm um significado para nós. (Thomas Howard).

Esta verdade sobre os símbolos se origina na Bíblia. As Sagradas Escrituras falam de todo o tipo de símbolos que reforçam a relação entre o homem e Deus. Eles não devem ser adorados, mas servem à vários propósitos importantes.

Primeiro, símbolos visualmente ensinam verdades importantes na Bíblia. O primeiro texto bíblico deste

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capítulo diz que um pilar de pedras foi construído para simbolizar como Deus havia libertado o seu povo. Foi feito com pedras de leito do rio para lembrar ao povo de Deus que Ele os tinha levantado das águas do julgamento, como remanescente do Diluvio e da abertura do Mar Vermelho. Este símbolo era uma adição a outros símbolos que haviam entre o povo de Deus, tais como a circuncisão e a Páscoa, sem mencionar todos os símbolos no Tabernáculo, o lugar central de culto. Isto evidencia uma realidade bíblica e, inclusive, evidencia verdades ditas em outros símbolos; neste caso, toca num conceito relacionado a circuncisão.

Segundo, os símbolos no lugar central do culto não só apontam lições espirituais importantes, mas criam uma atmosfera gloriosa de adoração. Lembremos como o povo de Deus se aproximava ao trono de Deus durante o culto, e veremos que é apropriado decorar o ambiente para refletir esta realidade. As igrejas anglicanas usam velas para simbolizar a luz e a presença de Deus. Algumas igrejas podem ter altos tetos ou grandes cúpulas douradas para demonstrar a imensidade do Deus dos céus. O uso de símbolos para comunicar mensagens especiais e estabelecer um ambiente bonito é recomendado, embora não seja ordenado na Bíblia.

Provavelmente o símbolo mais comum na Igreja é a cruz. A igrejas anglicanas têm uma cruz bonita na parede. Os fiéis não adoram o símbolo. No entanto, ver a cruz no centro, lhes lembra o evento mais central na história: a Morte e a Ressurreição de Cristo. A cruz é uma árvore que aponta o

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caminho de volta para a árvore da vida. Esta arvore é mais que um símbolo da cruz no Gólgota, onde Cristo morreu pelos pecados do mundo. Lembra nos que Cristo trouxe o homem de volta ao Seu jardim, na presença de Deus. A cruz é um dos símbolos bíblicos fundamentais, segurando sempre diante da Igreja sua vitória sobre o mundo.

Os símbolos são uma parte da vida. Deus não os proíbe. Se fossem, então “teríamos que passar por nossas próprias casas e jogar fora todos os bichos de pelúcia das crianças, todos os quadros das paredes, e as esculturas e obras de arte de madeira que estão sobre as estantes. Nunca teríamos monumentos históricos prestando homenagens aos nossos heróis, apenas porque possuem imagens deles.” (Thomas Howard).

Talvez alguns cristãos não teriam nenhum problema em jogar fora estas coisas, mas se fizerem, não é porque a Escritura ordena. Os símbolos têm um lugar bíblico definido no culto e na vida!

Por que nós lemos orações e as

repetimos?

“Mas vós sois geração eleita, sacerdócio real, nação santa,

povo de propriedade exclusiva de Deus, para que anuncieis as

grandezas daquele que vos chamou das trevas para sua

maravilhosa luz” (1 Pedro 2:9)

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A Igreja inteira é chamada de “sacerdócio”. Como o povo de Deus é constituído de sacerdotes, todos deveriam estar envolvidos ativamente no culto. São eles que devem dirigir o culto. Na Igreja Anglicana, os ministros presidem, mas as pessoas é que estão prestando adoração de fato. As pessoas podem fazer isto porque elas sabem como adorar. Elas foram treinadas com uma ferramenta chamada livro de oração. Ele não pretende substituir a Bíblia. Os membros da Igreja Anglicana também devem trazer a Bíblia. O Livro de Oração, entretanto, é para a adoração o que o hinário é para a música. Está ali para capacitar as pessoas para realizar o trabalho dos sacerdotes.

As orações recitadas são parte do manual de treinamento para o culto. Não são o único tipo de oração, pois há também a oração espontânea durante os cultos. Nosso Livro de Oração Comum tem lugares especiais onde os ministros fazem orações extemporâneas. As orações fixas seguem exemplos bíblicos, como o “Pai Nosso”. Elas normalmente são declarações que expressam de forma única as necessidades comuns do povo de Deus. São chamadas de “Coletas” porque são uma coletânea das necessidades dos cristãos que são apresentados pelo ministro.

As Orações fixas são orações que tem uma história sem igual. A oração seguinte tem uma história especial ligada a ela :

“Ó Deus, que és o autor da paz e do concorde amor, em reconhecimento de quem a nossa vida se devota em serviço pela liberdade perfeita; defende teus humildes servos de toda a agressão de

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nossos inimigos; que nós, confiantes na tua defesa, não temamos o poder de qualquer adversário. Pelo poder de Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.”

Esta oração foi escrita por um ministro da cidade de Roma, no século IV. Foi escrita na época em que os bárbaros estavam prontos para conquistar a cidade. Na noite em que foi dita esta oração, os bárbaros misteriosamente foram embora e nunca mais voltaram. A Igreja manteve esta oração que Deus honrou tão profundamente.

A objeção comum para as orações lidas é que elas não são sinceras. Mas este não é o caso, necessariamente. As pessoas lêem os votos do casamento ou até mesmo memorizaram o que eles irão dizer. Isto significa que eles são insinceros? Claro que não! Na verdade, os seres humanos escolhem suas palavras cuidadosamente quando realmente tem que expressar com sinceridade o que estão dizendo. Lembremos que este o caso quando as pessoas agem de forma especial diante de pessoas especiais.

Mas, e a repetição? Isto não leva a uma leitura morta? Não, novamente. Os homens, geralmente, gostam de repetir aquilo que eles amam. Porções favoritas das Escrituras como o Salmo 23, o Pai Nosso, as Bem-aventuranças; todas servem para ilustrar isso. Como acontece com alguns hinos, cânticos natalícios ou músicas cristãs? Estas são repetidas inumeráveis vezes pelas mesmas pessoas. A repetição significa que eles são insinceros ou não expressam o que estão dizendo? De jeito nenhum. Eles estão repetindo o que amam e sentem. Na

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verdade, a repetição é difícil quando as pessoas não querem dizer o que estão dizendo. Isto é verdade em qualquer aspecto do culto.

Finalmente, a repetição tem sido chamada de “a mãe do aprendizado". Repetição é um modo de aprender elementos básicos de qualquer coisa, inclusive adoração. A maioria dos cristãos não sabe como adorar porque foram ensinados que isso vem naturalmente. Nada, entretanto, na vida cristã vem naturalmente. Deve ser aprendido. E, desde que a repetição é o modo mais básico de se aprender, o culto envolve a repetição de certas partes importantes.

Por que observam o Calendário da Igreja?

As tiras de tecido colorido no atril e outros tecidos sobre o mobiliário são da mesma cor da estola do ministro, porque servem para indicar a estação do ano na Igreja. O princípio do ano da Igreja é que o tempo deve ser redimido e colocado sob o Evangelho (Efésios 5:16). Para ajudar o povo de Deus a submeter o tempo a Cristo, a Igreja organizou o ano ao redor de eventos da vida de Cristo, buscando novamente manter sua vida Cristocêntrica.

Os eventos do Evangelho entram em tempos diferentes do ano, cada um representado por uma cor diferente. Também, desde que o tempo tem três padrões - o dia, a semana e a estação - a Igreja busca por seu calendário reforçar, na base das estações, o que será ensinado na Igreja semanalmente.

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Por esta razão, há cultos especiais nas diferentes épocas do ano litúrgico para que o foco e a atenção da Igreja seja em Cristo.

ADVENTO: A expectativa do Messias como Rei. As lições têm a ver com o tipo de pessoa que Ele é, porque Ele é necessário, e como veio ao mundo. O tempo é tanto o começo do ano da igreja, dirigindo nossos pensamentos na Sua primeira vinda na Encarnação, como também é a culminação do ano da igreja, pela antecipação da Sua segunda vinda em glória. A cor é roxa para simbolizar realeza e penitência em preparação para a vinda do Rei.

NATAL: O nascimento de Jesus e os eventos que cercam Sua Encarnação são lidos e estudados. A cor é branca para representar pureza e glória. O Apóstolo João diz que Cristo é a maior expressão desta glória (João 1:14).

EPIFANIA: Esta palavra vem do grego e significa “aparecer”. A Epifania traça a vinda, ou a revelação, de Cristo para o mundo e, especialmente, para os gentios (os não-judeus); indicando sua missão mundial como profeta, sacerdote e rei. A cor é verde para simbolizar o avanço do ministério de Cristo.

PREPARAÇÃO DA QUARESMA: Estes domingos preparam a Quaresma. Eles são chamados pelos seus nomes em latim: Septuagesima, Sexagesima, e Quinquagesima, que significam ,respectivamente, setenta, sessenta, e cinquenta

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dias antes da Páscoa. A cor é roxa (revisar... é a mesma cor do advento?), indicando tempo de preparação.

QUARESMA: Este tempo começa quarenta dias antes de Páscoa. Se centra no período da tentação e jejum de Cristo para preparar-se para o Seu ministério, um período de quarenta dias. A aplicação para a Igreja é de um tempo especial de arrependimento e autoexame. A cor permanece roxa para penitência.

PÁSCOA: Esta inclui o Domingo da Ressurreição e os vários domingos que se seguem. Aponta à Ressurreição de Cristo e Suas atividades até a Ascensão. A cor é branca para representar pureza e glória.

ASCENSÃO: Nós adoramos, neste tempo, Nosso Senhor que ascendeu ao céu para estar à mão direita do Pai para interceder pela Sua Igreja e construir o Seu reino na terra. A cor é branca para a glória de Deus.

PENTECOSTES: Acontece 50 dias depois da Ressurreição. Ensina sobre a vinda do Espírito Santo com a manifestação línguas de fogo; simbolizado pela cor vermelha.

TRINDADE: O tempo final e mais longo (seis meses) do ano da Igreja começa com um domingo especial, dedicado à doutrina da Santíssima Trindade, a base da fé Cristã. Ao longo deste tempo, porém, o ministério, os milagres e os ensinos (especialmente relativos ao Reino de Deus) são enfatizados. A cor é verde para representar o crescimento da Igreja a partir do Pentecostes.

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Por que cantam salmos, cânticos, e

hinos?

Em nossa sociedade, nós somos condicionados a pensar somente em termos de indivíduo. O notável professor de Liturgia do Wheaton College, Robert Webber, diz que foi por enfatizar até tal ponto a conversão do indivíduo que o culto em muitas igrejas passou a não estar mais centrado na adoração. Ele diz que em cultos centrados na conversão do indivíduo "o centro da adoração já não é a ação corporativa e objetiva da igreja, mas é a experiência pessoal do adorador."

Webber continua dizendo que a mudança de foco da comunidade para o indivíduo ocorreu porque alguns cristãos americanos erradamente pensaram que "aqueles que se convertiam precisavam de menos estrutura e eram menos dependentes do que outros na adoração." Na verdade, no Cristianismo a liberdade vem através da estrutura. Por exemplo, as pessoas não podem compor música, se não conhecem teoria musical e notação. A verdadeira liberdade requer que outras pessoas sejam envolvidas em nossa vida para nos ajudar, treinar, encorajar, e "estimular uns aos outros nas boas obras" (Hebreus 10:24), como o Apóstolo Paulo diz.

Por que a Igreja moderna abandona o princípio de liberdade através da estrutura tão frequentemente? Eu creio que é por uma ênfase demasiadamente forte no “EU” e não suficiente no “NÓS,” no corpo corporativo. Muitos vêm adorar para si

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mesmos: o que “EU” quero, o que “EU” acho. Adoração bíblica não exclui o indivíduo, mas é um ato coletivo. A congregação inteira se reúne como uma só voz para Deus e um só ouvido para escutá-Lo.

Além disso, a adoração comum reúne a igreja de todas as gerações. Nós não nos levantamos sozinhos quando adoramos. Nos unimos ao povo de Deus do passado, porque quando a Igreja adora, ela se aproxima do céu, lugar onde todos os santos que partiram habitam. Nossa adoração não pode refletir só o pensamento da nossa era, senão seria necessário excluir o povo de Deus do passado. Deve ser compatível com a Igreja Una, Santa, Universal (Católica) e Apostólica de todos os tempos. Esta unidade com a Igreja inteira cerca toda a faceta da adoração, especialmente a música.

Nós cantamos músicas de toda a história da Igreja, algumas do século II. Um exemplo, é o “Te Deum Laudamus,” (em português, “Nós Louvamos a Deus”). Não cantamos apenas música do século XXI, embora haja bons compositores neste século. Não tentamos ser "simplesmente modernos", embora não queiramos excluir o que está sendo feito em nosso tempo.

Deveríamos, entretanto, esperar que a maioria de nossas músicas fossem as do passado, afinal, são dois mil anos de História que nos precedem. Por isso não há tanta música do século XXI em nossos cultos. Deveríamos também compreender que a maioria das músicas da igreja neste

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século são uma imitação do som secular. Não são escritas exclusivamente para adoração. Às vezes, têm um propósito evangelístico. Não há nada errado em escrever música contemporânea com finalidade evangelística. Mas a Igreja do passado entendeu que a finalidade da adoração é diferente; é para a doxologia. Não escreveu sua música, portanto, para parecer secular.

De fato, era o mundo que imitava a música sacra (Mozart imitou Bach). A igreja escreveu música para aproximar-se do trono de Deus. Novamente, opera a premissa de que o melhor deveria ser trazido, não de apenas um período da história, mas de todas as épocas da Igreja. Não deveria ser cantada música trivial para o culto em comum no Dia do Senhor. O culto não é para ser entretenimento (em muitas igrejas litúrgicas, os instrumentos são colocados atrás por esta razão). A música para adoração da igreja pode ou não ter um som contemporâneo, mas deverá ser compatível com os propósitos do culto.

Como é a ordem dos cultos?

Há dois cultos básicos de adoração: a Oração Matutina e a Santa Comunhão. A Oração Matutina é um culto de leitura das Escrituras com oração, e a Santa Comunhão é um culto onde a Palavra de Deus é pregada, mas também feita visível na Ceia do Senhor.

A ordem de ambos cultos é semelhante, entretanto há algumas diferenças.

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O Dr. J.I. Packer mostra que a ordem é fácil de lembrar porque é a própria mensagem do Evangelho em formato litúrgico. Tem o padrão triplo do Evangelho: CONFISSÃO DE PECADOS, DECLARAÇÃO DE GRAÇA e RESPOSTA DA FÉ.

Este padrão se repete três vezes no culto, enfatizando uma e outra vez o único caminho pelo qual o homem pode vir a Deus.

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Oração Matutina .

PRIMEIRO CICLO

A Confissão de pecados: Depois de cantar e simbolicamente entrar na presença de Deus em forma de procissão (da entrada da igreja até o coro, os ministros e outros participantes), o primeiro ato é a confissão de pecados. Cada vez que alguém entra na presença de Deus nas Escrituras, este sempre é o primeiro passo. Isto é sempre o primeiro passo para conhecer a Deus. A confissão de pecados é dita por todos. Declaramos os pecados de omissão e de comissão, os pecados do coração e da carne. É uma declaração ampla para incluir todos os nossos pecados.

A Declaração de Graça: Depois de lidarmos com o pecado, a graça de Deus é declarada sobre nós. Esta é uma declaração dita pelo ministro. Ele não tem o poder, de fato, para perdoar pecados. Ele só pode declarar o perdão baseado na Palavra de Deus, para aqueles que se “arrependem verdadeiramente.”

Porém, ele conforta esses que confessaram o pecado deles com a realidade do perdão de Cristo.

A Resposta da Fé: A congregação responde com a Oração do Senhor. Nós não deveríamos esquecer que a oração é uma afirmação de fé. Portanto, é um modo apropriado para responder à oferta gratuita do Evangelho.

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SEGUNDO CICLO

Depois de uma breve transição por meio de alguns versículos (de forma responsiva entre o ministro e a congregação), a congregação entra no segundo ciclo do Evangelho.

A Confissão: Salmos são cantados ou lidos (de forma responsiva). Eles são um modo de declarar as deficiências fundamentais dos homens e suas necessidades. Eles são, de fato, confissões diante de Deus acerca do homem e Deus.

A Graça: Depois do segundo ciclo de confissão diante de Deus, a graça é declarada através da leitura e resposta das Escrituras. Porções do Antigo e Novo Testamentos são lidos como Primeira e Segunda Lições. Depois de cada leitura, a congregação se levanta e anuncia a graça de Deus cantando a Escritura. Isto demonstra a grande reverência que devemos a Deus e à sua Palavra.

A Resposta: Quando a Palavra de Deus é lida, a Igreja dá uma resposta especial de Fé na forma do Credo Apostólico (ou o Credo Niceno). A palavra Credo, significa “Eu creio.” Todas as igrejas têm certas crenças, ainda que possam negar que possuam um credo. Os “credos” deles são expressos em seus hinos, sermões, materiais de Escola Dominical e, assim, sucessivamente. Credos são inevitáveis. A Igreja Histórica sempre tem constituído seus credos ao redor da Santíssima Trindade. Nos dois credos padrões, o leitor notará esta divisão entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Esta é uma expressão da fé credal. Note que a primeira resposta de fé foi feita em forma de oração. Hoje é feita por meio de um

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credo. A congregação responde orando e declarando a sua fé. Ambos são aspectos importantes da verdadeira fé em Cristo.

Muitas Igrejas que usam a Oração Matutina têm o sermão e o ofertório imediatamente depois do Credo; outras colocam estas respostas no final do culto. O sermão e o ofertório são respostas específicas de fé. O sermão está centralizado na Palavra de Deus, seja nas lições do dia ou em outra porção das Escrituras.

TERCEIRO CICLO

O último ciclo é exclusivamente na forma de oração. Nos encontramos no auge do culto, pois, a congregação está mais íntima com Deus e consigo. Mas, como as pessoas vêm a Deus e de certo modo "sentam-se no Seu colo", o culto termina com as petições dos filhos para seu Pai (do Céu).

A Confissão: O ciclo final começa com outra transição por meio de versículos. Este versículo é um responso em forma de confissão e pedido: “Ó Deus, limpa os nossos corações.”

A Graça: Depois, duas coletas (orações da congregação como um tudo), outras orações são oferecidas. Uma é chamada especificamente, "A Coleta pela Graça". É uma petição para proteção e segurança, como também uma oração pela santidade. Depois da Coleta, orações pela nação e pela Igreja são ditas. Ambas pedem que a graça se manifeste de acordo com as necessidades particulares de cada instituição.

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A Resposta: Finalmente, a congregação faz uma “Oração Geral de Ação de Graças". Ela foi escrita originalmente durante o tempo da Inglaterra Puritana para expressar a resposta de gratidão do homem à grande misericórdia de Deus. É dita por todos como expressão final de fé. O culto é concluído com uma resposta de ação de graças. Os participantes tem, portanto, respondido com oração, credo, e gratidão. Fé é oração, doutrina e agradecimento.

O culto de Oração Matutina conclui-se, então, com um pedido simples de bênção: "A Graça". Três vezes a congregação foi levada diante do Trono de Deus. A mensagem das Sagradas Escrituras foi reafirmada por meio de palavras e ações.

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Santa Comunhão .

O culto da Comunhão segue a mesma ordem do Evangelho. Muitos dos princípios são os mesmos, ainda que agora a igreja responda a Deus em comunhão, sendo assim uma outra dimensão de fé.

PRIMEIRO CICLO

A Confissão: Depois de um hino de abertura e um versículo introdutório, o ministro ora a “coleta pela pureza.” Então, ele lê a lei, depois da qual a congregação responde, “Senhor, tem misericórdia de nós, e inclina os nossos corações para guardar esta lei.”

A Graça: A Graça de Deus é declarada pela leitura da Escritura: a Epístola e o Evangelho.

A Resposta: A congregação responde com fé, dizendo ou cantando o Credo Niceno, ouvindo o sermão, ofertando e dando o dízimo ao Senhor, e orando pela Igreja Militante (a Igreja avançando na Terra).

SEGUNDO CICLO

A Confissão: A congregação é chamada à confessar seus pecados para estar diante de Deus. Esta confissão é semelhante à da Oração Matutina, sendo uma declaração de arrependimento, enquanto enfatiza a necessidade do homem de converter-se do seu pecado.

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A Graça: Depois a confissão de pecados, é declarada uma absolvição. As Escrituras, que prometem o perdão, são lidas. A congregação se aproxima de Deus, como a fonte verdadeira de segurança.

A Resposta: A congregação responde com o sursun corda, que significa, em latim, "Elevai os corações". Neste ponto, o povo de Deus se aproxima do céu, jáque os limites entre o Céu e a Terra são superados. Os anjos estão agora observando, como "uma grande nuvem de testemunhas" (Hebreus 12:1).

Imediatamente, depois do Sursum Corda, o "Santo, Santo, Santo" (historicamente chamado de Trisagion) é dito com um breve prefácio antes dele. É uma citação direta das Escrituras: "Portanto, com os Anjos e Arcanjos, e com toda a companhia celeste, louvamos e magnificamos o Teu glorioso nome; e Te louvamos para sempre dizendo: - “Santo, Santo, Santo, SENHOR dos Exércitos; os céus e a terra estão cheios da Tua glória” (Isaias 6.3). Glória seja dada a Ti, ó SENHOR Altíssimo!." Tudo isto é uma resposta de gratidão.

TERCEIRO CICLO

A Confissão: O ciclo final começa com a "Oração de Humilde Acesso". Este título captura a essência tremenda desta oração. Declara que a Igreja não “é merecedora de comer as migalhas que caem de Sua mesa.” Se converte em uma declaração simples de contrição.

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A Graça: A Graça de Deus é expressada na “Oração de Consagração,” onde os elementos de pão e do vinho são separados. A Comunhão é um dos meios de graça: a graça de Deus se aplica a todo aquele que participa pela fé da Ceia do Senhor.

A Resposta: O restante do culto é uma bela resposta. Tudo nos leva a este ponto. A resposta de fé começa com a recepção da comunhão. O povo vem adiante para enfatizar que estão se aproximando pela fé. Nós somos privilegiados em vir e nos ajoelharmos diante do Senhor, de modo especial nesta hora, para receber este maravilhoso banquete.

Depois, voltam para cantar Glória, alegrando-se por ter alimentado-se com Jesus. Finalmente, oram e recebem a bênção. Então, o culto se encerra com um hino recessional, com o clero e os outros participantes levam a congregação para o mundo para responder com alegria com boas obras e fé viva.

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Observações finais

Estes são os cultos da Igreja Anglicana. Eles são poderosamente bíblicos, pois convergem ao Evangelho com um testemunho triple cada vez que são celebrados. Talvez, este seja o motivo pelo qual muitos grandes avivamentos tem seguido estes cultos de adoração, onde eles tem sido observados fielmente na história.

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Autor do livro

O Revmo. Ray Sutton, Ph.D., é Bispo Coadjutor da Diocese de Mid-America da Igreja Episcopal Reformada (RECUS), na Igreja Anglicana na América do Norte (ACNA). Ele é também Reitor da Igreja da Santa Comunhão em Dallas, Texas. Professor de Bíblia e Teologia no “Cranmer Theological House” em Houston, Texas. Atualmente, também é diretor do Comitê de Relações Ecumênicas da ACNA.

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bel!a na sua santidade