Capítulo 1 – Da Era Pré-científica Ao Renascimento

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1. O CONHECIMENTO COMO CARACTERÍSTICA DA HUMANIDADE   Ao observarmos animais de diferentes espécies, percebemos a existência de r egularidades comportamentais que caracterizam a vida de cada grupo: se reúnem, convivem, competem e se acasalam de forma ordenada.   Os animais desenvolvem estilos próprios de comportamento que les permitem a reprodu!"o e a sobrevivência.   O omem também desenvolveu processos de convivência, reprodu!"o, acasalamento e defesa.

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1. O CONHECIMENTO COMOCARACTERÍSTICA DA HUMANIDADE

  Ao observarmos animais de diferentes espécies,percebemos a existência de regularidadescomportamentais que caracterizam a vida de

cada grupo: se reúnem, convivem, competem ese acasalam de forma ordenada.  Os animais desenvolvem estilos próprios de

comportamento que les permitem areprodu!"o e a sobrevivência.

  O omem também desenvolveu processos deconvivência, reprodu!"o, acasalamento e

defesa.

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  O omem apresenta uma série de atitudes queo caracteriza.

  Algumas s"o #instintivas$, como respirar oualimentar%se.

  &roveniente de sua bagagem genética, oomem demonstra também ser capaz de

sentir medo, prazer ou frio e de expressaresses sentimentos.  &orém o omem também desenvolveu

abilidades e comportamentos que n"o s"ogenéticos, mas culturais.

  Cultura ' con(unto de valores, cren!as,padr)es de comportamento e *bitos de vida

que varia no tempo e no espa!o.

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  &rincipais caracter+sticas do ser umano:viver de acordo com a cultura,

desenvolver um sistema simbólico,comunicar%se através do complexoprocesso lingu+stico e transmitirconecimento por meio da socializa!"o.

  al complexidade exigiu que o ser umanose tornasse ob(eto de ciênciasespecialmente desenvolvidas para

compreendê%lo.  -"o as camadas ciências umanas, entre

as quais se destaca a sociologia, queestuda especialmente os princ+pios queregem a vida em grupo.

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2. A SOCIOLOGIA: UMCONHECIMENTO DE TODOS

  &alavras e express)es como contexto social, classe,estrato, camada, movimento e conflito social s"o o(emuito veiculadas pelos meios de comunica!"o de

massa.  ada vez mais, pesquisas para os mais diversos fins,veiculam os resultados, e o público, em geral,demonstra entender os procedimentos utilizados por

ela.  O leitor intui a existência de regularidades e percebe

que existe certa padroniza!"o nos modos de agir epensar, de acordo com sexo, idade, nacionalidade,

classe social ou etnia.

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O uso a sociologia !os i"#rsosca$%os a ati"ia# &u$a!a

  /"o se constroem mais cidades, n"o sedesenvolvem campanas pol+ticas nem sedeclaram guerras sem levar em considera!"o aspessoas envolvidas, suas cren!as, seus interesses,suas ideias e tradi!)es, enfim tudo aquilo quemotiva sua a!"o e guia sua conduta.

  /enum setor da vida social prescinde dosconecimentos sociológicos, pois a a!"oconsciente e programada exige pesquisa,plane(amento e método.

  0 por isso que a sociologia faz parte dos programas

b*sicos dos cursos universit*rios.

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'. A EMERG(NCIA DO)ENSAMENTO CIENTÍ*ICO

 

&ensar cientificamente o ser umano e a vidasocial resultou de um lento processo pelo qual aciência em geral e as ciências umanas emparticular foram ganando espa!o e legitimidade.

  /o mundo antigo predominou o pensamentom+tico e religioso que concebia o mundo comouma obra divina, submetida aos des+gnios docriador.

  &ara os eg+pcios, como para os babil1nios, aeficiência do pensar limitava%se ao pragmatismo,2 necessidade de solucionar problemasparticulares que se apresentavam como

obst*culos ao transcurso da existência.

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  O pensar como um exerc+cio voltado para simesmo, capaz de se desenvolver sem umaaplicabilidade imediata, independente das

cren!as religiosas e do pensamento m+tico,teve suas ra+zes istóricas na civiliza!"ogrega.

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O %#!sa$#!to #s%#culati"o gr#go 

3ntre os séculos 45 e 4 a.., os gregos romperamcom o senso comum, com a tradi!"o e com opensamento m+tico.

  6esenvolveram uma reflex"o laica e

independente, própria do pensamentoespeculativo.  3m consequência, acabaram por criar a filosofia e

muitos dos campos do saber até o(e conecidos,

como a geometria e a astronomia.  Alguns istoriadores d"o o nome de #milagre

grego$ a esse salto qualitativo do conecimentoumano sobre si e a natureza.

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  A consciência individual emancipava%se 2medida que o omem grego constatava

ser o destino o resultado da a!"o umanae n"o da vontade dos deuses e dorespeito aos rituais sagrados.

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+. A RA,-O A SERI/O DOINDIÍDUO E DA SOCIEDADE

  7oi no 8enascimento, com o desenvolvimento docomércio e de núcleos urbanos, que opensamento cient+fico se imp1s como forma

egem1nica de pensar o mundo, abrindo%se umaera de apogeu do cientificismo e daracionalidade.

  O omem renascentista redescobriu a

import9ncia da dúvida e do pensamentoespeculativo.  O conecimento deixou de ser encarado como

uma revela!"o.

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  O crescimento das cidades e do comércio, asviagens mar+timas, o contato com outros povosdesafiavam os omens a pensar a sua realidade

próxima e a comparar diferentes culturas.  O desenvolvimento tecnológico promoveu novas

maneiras de olar o mundo.  Ao criar a prensa de tipos móveis, utemberg deu

2 3uropa o instrumento que faltava para saciar a*vida necessidade da comunidade livre%pensantede ler os cl*ssicos, realizar pesquisas emp+ricas,elaborar ipóteses e torn*%las conecidas.

  5niciou%se, ent"o, um processo irrevers+vel dedivulga!"o do conecimento.

  A reflex"o e a argumenta!"o come!aram adispensar a no!"o medieval de verdade revelada.

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0. UM NOO )ENSAMENTO SOCIAL 

3m um mundo cada vez mais laico e independenteda tutela da religi"o, o omem foi levado a pensare a analisar a realidade que o cerca em suaob(etividade.

 

O aparecimento de novas institui!)es pol+ticas esociais ' na!)es, 3stados, legisla!)es e exércitosnacionais ' levou os estudiosos a repensar a vidasocial e a istória.

  A emergência da burguesia promoveutransforma!)es pol+ticas e sociais.

  5deia de uma vida social din9mica e empermanente constru!"o.

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As uto%ias 

3ntre os diversos gêneros liter*rios quefloresceram no 8enascimento, um deles, a uto%ia,expressou essa nascente preocupa!"o com osproblemas sociais.

 

)ro#3o # soci#a#s %#r4#itas.  As utopias criadas por omas ;orus e ommaso

ampanella eram um exerc+cio liter*rio esociológico no qual os autores treinavam o

pensamento social: inventavam institui!)espol+ticas n"o autorit*rias, mecanismos de controlesocial (ustos e formas igualit*rias de produ!"o edistribui!"o de bens.

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Ma5uia"#l: o criaor a ci6!cia%ol7tica

  Nicolau Ma5uia"#l <=>?@%=BCD /asceu em 7loren!a,mas fez sua carreira

6iplom*tica em diversos&a+ses da 3uropa.6e =EB a ==B esteve a

-ervi!o de -oderini, um dosmais poderosos estadistasde 7loren!a. A(udava%o nasdecis)es pol+ticas, escrevia%

le discursos e reorganizou o exército florentino.

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7oi exilado e afastado da vida pública quando

-oderini foi removido do governo por Fouren!ode ;édici. A partir de ent"o, limitou%se aensinar e a escrever sobre a arte de governar eguerrear.

0 considerado o fundador da ciência pol+tica e,segundo alguns, (amais foi superado nesse

campo.

-uas principais obras s"o: O príncipe e Discursossobre a primeira década de Tito Lívio.

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  ;aquiavel escreveu O príncipe e dedicousua obra a Fouren!o de ;édici, governadorde 7loren!a e personagem importante dessa

época, protetor das artes e das letras.  omo omas ;orus, ;aquiavel acreditava

que a paz social dependia das caracter+sticaspessoais do pr+ncipe ' que ele camou devirtudes %, das circunst9ncias istóricas e defatos que ocorriam independentemente desua vontade ' as oportunidades.

 

Acreditava também que do bom exerc+cio davida pol+tica resultaria a felicidade doomem e da sociedade.

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  ;aquiavel fez de O príncipe um manual dea!"o pol+tica, cu(o ideal é a conquista e a

manuten!"o do poder.  7az uma an*lise clara das bases em que se

assenta o poder pol+tico: assegurar exércitosfiéis e cora(osos, castigar os inimigos,recompensar os aliados e destruir, namemória do povo, a imagem dos antigosl+deres.

 

-uas an*lises s"o t"o pertinentes que sua obraatravessou os séculos, sendo até o(econsiderada b*sica para o estudo da a!"opol+tica.

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A "is3o laica a soci#a# # o %o#r 

0 em obras de omas ;orus e de ;aquiavel quepercebemos como as rela!)es sociais passam aconstituir ob(eto de estudo dotado de atributospróprios, e a paz social deixa de ser, como nopassado, consequência do acaso, da vontadedivina ou da obediência dos omens 2sescrituras.

  4is"o laica da sociedade. 

A monarquia proposta no 8enascimento n"o seassenta apenas na legitimidade do sangue ou dalinagem, na eran!a ou na tradi!"o, mastambém na capacidade pessoal do soberano e em

sua sabedoria.

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  ;aquiavel e omas ;orus podem serapontados como precursores do pensamento

sociológico, e suas obras como pertencentesao que podemos camar de sociologia pré%cient+fica ' uma formula!"o que considera asociedade uma constru!"o umana,

dependente de escolas coletivas e n"o davontade divina.

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8. A TRANSI/-O )ARA O ILUMINISMO:UMA NOA ETA)A NO )ENSAMENTO

9URGU(S  O omem pós%renascentista foi estimulado aamar a vida, a buscar a satisfa!"o de suasnecessidades de modo individual e a cultivar suasub(etividade feita de sentimentos e de pontosde vista pessoais.

  As cidades ganaram vida.  Anseios direcionados para a existência terrena e

conquistas materiais.  /o campo econ1mico, o lucro se tornou um dos

principais ob(etivos de qualquer atividade.<viagens intercontinentaisD

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. O CIENTI*ICISMO  ornou%se urgente produzir mais e em condi!)es

capazes de responder 2 demanda que se tornavacada vez mais insistente.

  8acionalidade e plane(amento. 

6esenvolvimento de tecnologia para produ!"o emlarga escala.  3st+mulo 2 inven!"o de m*quinas que

potencializassem produ!)es, com promessa de

prêmios em dineiro.  5ncentivo 2 pesquisa cient+fica.  Gases de uma pr*tica cognitiva que levou ao

desenvolvimento da filosofia social e, depois, da

sociologia