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1 Capitulo 1 - Princípios de Microbiologia e Parasitologia Vírus hepatite C INTRODUÇÃO 1. Conceitos Microbiologia é a ciência que estuda os seres vivos microscópicos (microrganismos, micróbios, germes etc.), somente através do microscópio. A Microbiologia preocupa-se com o estudo desses microrganismos e de suas atividades. Além disso, estuda a forma, a estrutura, a reprodução, a fisiologia, o metabolismo e a identificação dos seres microscópicos. Podendo ser dividida em bacteriologia, virologia e micologia. Parasitologia é a ciência que estuda os parasitas animais e vegetais e a relação entre parasita e hospedeiro. 2. Tipos de Microrganismos Patogênicos: responsáveis pelas doenças. Não patogênicos: saprófitas (existem normalmente no tubo digestivo, flora intestinal e pele). Comensalismo: apenas um se beneficia. Simbiose: mútua ajuda. 3. Nomenclatura São denominados por um binômio derivado do latim que representa o gênero e a espécie. Ex: Stafilococus aureus (gênero) (espécie) 4. Dimensão São extremamente pequenos. Usam-se duas medidas para os microrganismos: micrômetro (milésima parte do milímetro) que pode ser visto ao microscópio óptico e ângstron (um décimo do milésimo do micrômetro) que só pode ser visto ao microscópio eletrônico. DEFINIÇÕES FUNDAMENTAIS Infecção: é a penetração e a multiplicação de um microrganismo (MO) no hospedeiro. Fonte de infecção: ser animado ou inanimado que possui a capacidade de transferir o microrganismo alojado em si. Agente infeccioso: é o microrganismo patogênico que provoca a infecção no hospedeiro. Patogenicidade: capacidade que o MO tem de infectar e causar a doença. Virulência: capacidade do MO em produzir a doença com maior ou menor gravidade. Hospedeiro: termo utilizado em parasitologia para designar aquele que abriga em si o parasita. Pode ser, hospedeiro intermediário (abriga o parasita em forma larvar) ou hospedeiro definitivo (abriga o parasita na forma adulta). Portador: é o mesmo que hospedeiro. Termo usado em microbiologia para designar aquele que alberga em si o MO. Pode ser, portador assintomático (não apresenta sinais clínicos, mas tem a possibilidade de transmitir a doença) ou portador crônico (já teve a doença, não manifesta os sinais clínicos, nem sintomas, mas abriga o MO em si). Ex. hepatite, malária, sífilis etc. (não podem doar sangue). Modo de transmissão:

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Capitulo 1 - Princípios de Microbiologia e Parasitologia

Vírus hepatite C

INTRODUÇÃO

1. Conceitos Microbiologia é a ciência que estuda os seres vivos microscópicos (microrganismos, micróbios,

germes etc.), somente através do microscópio. A Microbiologia preocupa-se com o estudo desses microrganismos e de suas atividades. Além disso, estuda a forma, a estrutura, a reprodução, a fisiologia, o metabolismo e a identificação dos seres microscópicos. Podendo ser dividida em bacteriologia, virologia e micologia.

Parasitologia é a ciência que estuda os parasitas animais e vegetais e a relação entre parasita e hospedeiro.

2. Tipos de Microrganismos Patogênicos: responsáveis pelas doenças. Não patogênicos: saprófitas (existem normalmente no tubo digestivo, flora intestinal e pele). Comensalismo: apenas um se beneficia. Simbiose: mútua ajuda.

3. Nomenclatura São denominados por um binômio derivado do latim que representa o gênero e a espécie. Ex: Stafilococus aureus

(gênero) (espécie)

4. Dimensão São extremamente pequenos. Usam-se duas medidas para os microrganismos: micrômetro

(milésima parte do milímetro) que pode ser visto ao microscópio óptico e ângstron (um décimo do milésimo do micrômetro) que só pode ser visto ao microscópio eletrônico.

DEFINIÇÕES FUNDAMENTAIS Infecção: é a penetração e a multiplicação de um microrganismo (MO) no hospedeiro. Fonte de infecção: ser animado ou inanimado que possui a capacidade de transferir o

microrganismo alojado em si. Agente infeccioso: é o microrganismo patogênico que provoca a infecção no hospedeiro. Patogenicidade: capacidade que o MO tem de infectar e causar a doença. Virulência: capacidade do MO em produzir a doença com maior ou menor gravidade. Hospedeiro: termo utilizado em parasitologia para designar aquele que abriga em si o parasita.

Pode ser, hospedeiro intermediário (abriga o parasita em forma larvar) ou hospedeiro definitivo (abriga o parasita na forma adulta).

Portador: é o mesmo que hospedeiro. Termo usado em microbiologia para designar aquele que alberga em si o MO. Pode ser, portador assintomático (não apresenta sinais clínicos, mas tem a possibilidade de transmitir a doença) ou portador crônico (já teve a doença, não manifesta os sinais clínicos, nem sintomas, mas abriga o MO em si). Ex. hepatite, malária, sífilis etc. (não podem doar sangue).

Modo de transmissão:

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✓ Direto: Meio que dispensa veículo. Pode ser, imediato (contato físico através de relações sexuais, beijo etc) ou mediato (através de secreções).

✓ Indireto: Através de vetores (seres animados, geralmente insetos) ou fômites (seres inanimados, poeira).

Fases do processo infeccioso: ✓ Período de incubação: desde a entrada do MO até o aparecimento dos primeiros sintomas. ✓ Período de transmissão: é o período em que o MO pode ser transmitido a outro. ✓ Período prodrômico: período precursor à doença propriamente dita. ✓ Período de estado: sinais clínicos bem definidos que caracterizam a doença. ✓ Período de convalescença: período em que o organismo vai se restabelecendo

(recuperação). Comunicante: é aquele que mantém ou manteve contato com o doente. Ex: família do paciente de

tuberculose.

CARACTERÍSTICAS DOS GRUPOS DE MICROORGANISMOS

1. VÍRUS

Vírus hepatite C. Imagem: Kateryna Kon/123RF

Representam o limite entre as formas vivas e as sem vida. Contêm somente um tipo de ácido

nucleico, RNA ou DNA que é circundado por um envelope proteico ou capa. Devido à ausência de componentes celulares necessários para o metabolismo ou reprodução independente, o vírus pode multiplicar-se somente dentro de células vivas, por isso não são considerados seres vivos por não possuírem vida própria.

a. Principais características:

✓ São agentes infecciosos de menor dimensão; ✓ São parasitas intracelulares, ou seja, não se multiplicam fora das células vivas; ✓ São dotados de capacidade de infectar quase todos os seres vivos (desde bactérias

até o homem); ✓ São considerados partículas; ✓ Não possuem estrutura celular.

b. Estrutura:

✓ Genoma ou núcleo – constitui sua parte central, onde se encontra o RNA e DNA (ácido nucléico), responsável pelas suas características genéticas.

✓ Cápsula – concha feita de proteínas que engloba o núcleo. ✓ Envelope – podem ser constituídos de lipídios, polissacarídeos e proteínas. O

envoltório participa do mecanismo de aderência dos vírus à membrana das células.

Estrutura viral: genoma, cápsula e envelope

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c. Reação aos agentes químicos e físicos: Temperatura – são geralmente inativados quando submetidos à temperatura de 60oC durante 30

minutos e resistem à temperaturas inferiores a 0oC. pH – quase todos os vírus são estáveis em pH entre 5 e 9. Éter – alguns são éter resistentes e outros são inativados pelo éter (herpes vírus). Radiações – são inativados por raios ultravioletas, raios-X, variando a sensibilidade de acordo com

o tempo e a intensidade da exposição. Desinfetantes – são em geral, resistentes aos desinfetantes usuais.

d. Formas de transmissão:

Podem ser transmitidos através de secreções nasofaríngeas, fômites, água, alimentos contaminados, mordeduras de animais, transfusão de sangue ou hemoderivados e pela via congênita e perinatal.

e. Portas de entrada:

✓ Trato respiratório – vírus da influenza, caxumba, rubéola, sarampo, varicela, etc. ✓ Trato digestivo – enterovírus, rotavírus, etc. ✓ Conjuntiva – adenovírus. ✓ Contato sexual – AIDS, condiloma, hepatite B, herpes, etc. ✓ Injeções parenterais – AIDS, hepatite B, C e D. ✓ Transfusões de sangue, plasma e derivados – AIDS, hepatite (B, C e D),

citomegalovirose, mononucleose, Epstein Barr, etc. ✓ Mordeduras de animais – vírus da raiva. ✓ Transmissão vertical (congênita ou perinatal) – rubéola, citomegalovirose, hepatite B.

f. Controle das viroses:

✓ Imunização ativa – vacinação. ✓ Imunização passiva (soros) – imunoglobulinas. ✓ Medicamentos antivirais – aciclovir, vidarabina, ribavirina, AZT, etc.

2. BACTÉRIA

Streptococcus mutans

São procariotos, carecem de membrana nuclear e outras estruturas celulares organizadas

observadas em eucariotos.

a. Principais características: ✓ São seres simples quanto à organização e não apresentam um núcleo diferenciado,

faltando a membrana nuclear. ✓ São encontradas livremente no ar, na terra, na água em materiais de decomposição ou

associados a outros seres. ✓ São organismos muito pequenos cuja estrutura celular só pode ser estudada em

microscópio eletrônico ou de forma grosseira, no microscópio óptico.

b. Estruturas: ✓ Nucleoide – área nuclear desprovida de membrana. ✓ Citoplasma – área onde estão localizadas as organelas. ✓ Membrana celular – ou membrana citoplasmática é dotada de permeabilidade seletiva,

discriminando as moléculas que devem entrar e sair no citoplasma. ✓ Mesossomos – são invaginações da membrana e participam do processo de divisão

celular.

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✓ Parede celular – é o envoltório externo que todas as bactérias possuem. É responsável pela forma e proteção desses microrganismos.

✓ Cápsula – relacionada com a proteção mecânica e/ou à resistência pela fagocitose. ✓ Flagelo – relacionado à locomoção das bactérias. ✓ Fímbrias – para a fixação da bactéria e reprodução ✓ Esporos – são formas bacterianas de grande resistência a agentes químicos, ao calor,

à dessecação, à radiação e à atividade de outros agentes físicos. Têm forma ovoide ou esférica.

c. Morfologia: ✓ Quanto à forma as bactérias podem ser:

o Cocos – têm forma esférica, podem ser agrupadas (diplococos, estafilococos, estreptococos).

o Bacilos – têm forma de bastonete ou bastão; o Vibriões – têm formas curvas semelhantes à vírgulas; o Espirilos – têm formato em espiral.

✓ Quanto à coloração: A principal reação de coloração das bactérias é o método de GRAM, que consiste em tratá-

las pela violeta de genciana e iodo. o Gram negativas – perdem a coloração roxa; o Gram positivas – mantém a cor roxa inicial. São bactérias sensíveis às sulfas e

penicilinas.

Gram negativas Gram positivas

d. Nutrição:

✓ Autótrofas – fabricam seus próprios alimentos. ✓ Heterótrofas – não fabricam seus próprios alimentos:

o Heterótrofas parasitas: vivem à custa de outros seres vivos prejudicando-os; o Heterótrofas saprófitas: vivem em material morto, ajudando na sua decomposição.

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e. Respiração: ✓ Aeróbias – são aquelas que crescem somente na presença de oxigênio livre. ✓ Anaeróbias – podem ser do tipo estritas ou facultativas:

o Estritas – são aquelas que só crescem na ausência de oxigênio livre. Ex: bacilo do tétano.

o Facultativas – são aquelas que crescem tanto na presença como na ausência de oxigênio livre. Ex: bacilo da difteria.

f. Ação benéfica e maléfica:

✓ Na indústria – para a fabricação de vinagre, coalhada, queijos e outros alimentos fermentados.

✓ Na agricultura – nitrificação do solo, fixação de nitrogênio, putrefação e desnitrificação (ciclo do nitrogênio na natureza).

✓ Na genética e biologia molecular – pela sua relativa simplicidade metabólica, que tem facilitado as pesquisas.

✓ Em medicina – pelo grande número de espécies que causam graves doenças no homem e nos animais.

✓ As bactérias patogênicas causam infecções, com graves lesões nos organismos animais. Elas fabricam toxinas que provocam doenças. Ex: Vibrio cholerae (cólera), Salmonella typhi (febre tifoide), Treponema pallidum (sífilis), Clostriduim tetani (tétano), Escherichia coli (diarreia), Stafilococus aureus (pneumonias, etc).

3. FUNGOS

Candida albicans (microscopia)

São organismos conhecidos popularmente como bolores, cogumelos, orelhas de pau, “champignons” e lêvedos. São considerados vegetais inferiores, de estrutura rudimentar, que apresentam somente talos e não possuem clorofila, por isso não conseguem sintetizar seu próprio alimento. Sendo assim, eles parasitam organismos vivos, de onde retiram hidratos de carbono, necessários à sua sobrevivência.

Eles são encontrados comumente na água e na terra. No ar, existem sob a forma de microscópicos esporos de fácil dispersão.

Exemplos de fungos patogênicos: Tricophyton (ocasiona lesões na pele, pelos e unha), Microssporum (ocasiona lesões nos pelos e pele), Epidermophyton (atinge a pele e unhas), Candida albicans (sapinho e corrimentos), Actinomyces israelii (actinomicose - Micetomas), Paracoccidioides brasiliensis (blastomicose sul americana).

a. Nutrição:

✓ Saprófitas – fungos que se desenvolvem bem em restos de vegetais em apodrecimento, animais mortos e até em fezes.

✓ Parasitas – que atacam vegetais, animais e o homem causando as conhecidas micoses.

Fungos saprófitos Candidíase: Candida albicans

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b. Ação benéfica: ✓ Na indústria – são utilizados na produção de queijos e bebidas alcoólicas, como a

cerveja. São usados como fermento na preparação de massa de pão. Os champignons servem como alimento.

✓ Na farmacologia servem como matéria prima para extração de várias drogas de interesse médico como: penicilina, ergotamina (LSD), etc.

✓ Em genética – constituindo um ótimo material para estudos genéticos.

Fungo Penicillium notatum (macroscopia)

c. Ação maléfica:

✓ Em agricultura – grande número de fungos causa prejuízo em culturas atacando folhas, frutos e sementes.

✓ Em medicina – as doenças causadas por fungos são chamadas de micoses. Das 100.000 espécies de fungos, não mais que 100 são patogênicas para o homem. Podendo ser:

o Superficiais: limitam-se à pele, às mucosas, às unhas e aos pelos. Ex: Candida. o Profundas: podem acometer vários órgãos e tecidos. Ex. Cryptococcus

neoformans

4. PROTOZOÁRIOS

Protozoário paramécio: locomoção ciliar

São animais de uma única célula, geralmente microscópicos. A palavra protozoário significa

“primeiros animais” ou “animais primitivos”. Na sua maioria são aquáticos, vivem nos mares, rios, tanques, aquários, poças, lodo e terra úmida.

Muitas espécies, no entanto, vivem no interior de outros animais, às vezes como parasitas, outras vezes numa relação de mutualismo. Não fazem parte da microbiologia geral, mas serão estudados neste capítulo porque são organismos unicelulares visíveis só em microscópio.

Exemplos de protozoários patogênicos: Plasmodium (causador da malária), Entamoeba histolytica (causadora da disenteria), Trypanosoma cruzi (causador da doença de Chagas), Giardia lamblia (causadora da giardíase), Leischmania brasiliensis (causadora da leishmaniose cutâneo mucosa).

a. Estrutura: As células dos protozoários podem ser consideradas pouco especializadas, já que realizam sozinhas todas as funções vitais dos organismos mais complexos, tais como: locomoção, obtenção de alimentos, digestão, excreção, reprodução, respiração, etc.

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b. Classificação quanto à locomoção: ✓ Rizópode - eles se locomovem e capturam seus próprios alimentos através de

pseudópodes (falsos pés).Ex. Ameba. ✓ Flagelados – classe que possui um ou mais flagelos. São causadores de importantes

doenças no homem. EX. Giárdia, Trypanosoma (doença de Chagas), Trichomonas, etc. ✓ Ciliados – são de organização mais complexa. Normalmente de vida livre, incluem raras

espécies parasitas do intestino de mamíferos. Ex. Balantidium, Paramecium, etc. ✓ Esporozoários – são parasitas intracelulares desprovidos de organelas de locomoção.

Ex. Plasmodium (malária), etc.

Ameba Giardia lamblia Plasmodium sp

c. Nutrição

São heterótrofos e nutrem-se de detritos orgânicos, bactérias e outros microrganismos existentes no meio.

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Capitulo 2 - Princípios gerais de Biossegurança

INTRODUÇÃO

1. Conceitos

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a biossegurança é: “Conjunto de medidas e procedimentos técnicos necessários para a manipulação de agentes e materiais biológicos, capaz de PREVENIR, REDUZIR, CONTROLAR ou ELIMINAR riscos inerentes às atividades que possam comprometer a saúde humana, animal e vegetal, bem como o meio ambiente”. Biossegurança em Odontologia é o conjunto de procedimentos realizados no consultório odontológico com o objetivo de dar proteção e segurança ao paciente, ao profissional e sua equipe.

O único meio de prevenir a transmissão de doenças é o emprego de medidas de controle de infecção como equipamento de proteção individual (EPI), esterilização do instrumental, desinfecção do equipamento e ambiente. São essenciais a padronização e manutenção das medidas de biossegurança como forma eficaz de redução de risco ocupacional, de infecção cruzada e transmissão de doenças.

Assepsia: é o conjunto de medidas adotadas para impedir que a contaminação do meio. Antissepsia: é a eliminação das formas vegetativas de bactérias patogênicas de um tecido vivo. Limpeza: remoção da sujidade de qualquer superfície, reduzindo o número de microrganismos

presentes. Esse procedimento deve obrigatoriamente ser realizado antes da desinfecção e/ou esterilização.

Desinfecção: processo que elimina microrganismos patogênicos de seres inanimados, sem atingir necessariamente os esporos. Só deve ser indicado na impossibilidade de esterilização do artigo.

Descontaminação: processo que inclui limpeza e desinfecção de um artigo contaminado. Esterilização: é um processo que elimina todos os microrganismos: esporos, bactéria fungo e

protozoários. Os meios de esterilização podem ser físicos ou químicos. Armazenamento: Os artigos esterilizados devem ser armazenados em condições adequadas,

evitando-se a sua contaminação.

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPIs)

1. Introdução Todos os profissionais da saúde e profissionais que atuam na prevenção de acidentes

compartilham o mesmo problema: trabalhar por um longo período manipulando e/ou manuseando materiais e/ou equipamentos que podem produzir risco à saúde e ao meio ambiente. As substâncias manuseadas e os tipos de equipamentos operados podem resultar numa série de acidentes, como intoxicações, envenenamentos, queimaduras térmicas e químicas, contágio por agentes biológicos, incêndios, explosões, etc. Esses acidentes podem ser evitados ou minimizados pelo uso de equipamentos de proteção individual e coletivos de forma correta. Sempre se deve escolher EPIs de boa qualidade que possuam certificados de aprovação perante o Ministério do Trabalho e Emprego.

Os equipamentos de uso coletivo nem sempre significam os de manipulação pessoal. Um exemplo clássico é o sistema de ventilação central com deficiência de exaustão. Tal anormalidade pode comprometer seriamente o ambiente de trabalho que manipula produtos químicos voláteis, tóxicos entre outros, levando a sérios riscos aos trabalhadores se não utilizarem capelas químicas de forma adequada.

Os equipamentos de proteção individual destinam-se a proteger a pessoa nas operações com riscos de exposição ou quando houver emanações de produtos químicos, riscos de explosões, riscos de cortes ou perfurações na pele, etc. Os EPIs podem ainda ser considerados um dispositivo de uso individual destinado a proteger a integridade física e a saúde do trabalhador. Os EPIs devem proporcionar o mínimo de desconforto sem tirar a liberdade de movimento do funcionário.

2. Legislação Segundo a Lei nº 6.514, de 22.12.77, Seção IV, art. 166, toda a empresa é obrigada a fornecer

aos seus funcionários, gratuitamente, EPIs segundo as suas necessidades de trabalho e ao risco inerente do exercício profissional e em perfeito estado de conservação.

Os empregados, de acordo com a Norma Regulamentadora nº 6 (NR6) da Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978, são obrigados a usar os EPIs e se responsabilizar pela guarda e conservação destes.

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É obrigatório a utilização desses equipamentos de proteção na execução de qualquer atividade que envolva o manuseio, movimentação e transporte de materiais perigosos e também na circulação em áreas externas, consideradas de risco.

3. Classificação A classificação dos EPIs pode ser feita segundo a parte do corpo que se protege: proteção para a cabeça, proteção do corpo, dos membros superiores e dos membros inferiores (CIPI 1992).

a. Protetores para a cabeça Capacete de segurança: proteção da cabeça contra impactos, partículas desprendidas, choque elétrico ou qualquer combinação desses efeitos. Óculos de segurança: proteção ocular contra riscos de impactos, aerossóis de substâncias nocivas ou radiações.

Protetores faciais (máscaras faciais): Protegem a face contra riscos de impactos (partículas sólidas, quentes ou frias), substâncias nocivas (poeiras, líquidos e vapores), radiações (raio infravermelho, ultravioleta, etc). Proporcionam melhor proteção pois, além dos olhos, amparam toda a face contra os perigos dos respingos das substâncias potencialmente corrosivas e tóxicas.

Proteção respiratória (máscaras): são utilizadas máscaras com filtros que protegem o aparelho respiratório podendo ter: respiradores com filtros mecânicos, respiradores com filtros químicos que protegem contra gases e vapores orgânicos e

respiradores com filtros combinados (mecânicos e químicos). Proteção auricular (intra-auricular e extra-auricular) ou Proteção contra Níveis Elevados de Ruído: os controles dos níveis de ruído são estabelecidos pela NBR nº 10152/ABNT, que estabelece limite de 60 decibéis para uma condição de conforto durante o trabalho.

b. Protetores para o tronco Avental/Capa/Macacão/Jaleco: Protegem as roupas e o corpo contra borrifos químicos e biológicos e ainda fornece amparo de proteção adicional ao corpo.

c. Proteção para membros superiores (mãos e braços) Luvas de látex, luvas de borracha, luvas especiais, luvas de nitrilo dentre outras: Atuam contra riscos biológicos, queimaduras químicas, calor ou frio excessivos, mordidas, cortes, choques elétricos e outros riscos físicos.

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As luvas também fornecem elevado grau de proteção contra dermatites, pois a exposição repetida a pequenas concentrações de inúmeros compostos químicos eventualmente cria reações adversas na pele dos operadores.

d. Proteção para membros inferiores (pés e pernas)

Botas de segurança: protegem os pés e as pernas de impactos, perfurações, queimaduras, choques, substâncias químicas e biológicas, calor e frio, perigos elétricos, impactos de objetos pesados, etc. Elas podem ter o cano alto, chegando até a altura dos joelhos, e devem ser resistentes à ação de ácidos e bases fortes, fogo, eletricidade, etc.

As botas de borracha são indicadas para quem trabalha em áreas úmidas, serviços de limpeza e outros serviços que necessitem de proteção máxima.

Sapatos fechados impermeáveis: pés desprotegidos pelo uso de sandálias ou pouco protegidos pelo uso de sapatos de pano, acarretam problemas sérios e podem gerar situações perigosas. O sapato deve ser compatível com a atividade desenvolvida.

LAVAGEM E CUIDADO DAS MÃOS Todo o estabelecimento de assistência odontológica deve ter lavatório com água corrente, de uso exclusivo para lavagem de mãos dos membros da equipe de saúde bucal. A lavagem de mãos é obrigatória para todos os componentes da equipe de saúde bucal. A limpeza e/ou descontaminação de artigos não deve ser realizada no mesmo lavatório de lavagem de mãos. O lavatório deve contar com: dispositivo sem contato de mãos com o volante da torneira ou do registro quando do fechamento da água; toalhas de papel descartáveis ou compressas estéreis e sabonete líquido;

1. Quando realizar ✓ no início do dia, antes e após o atendimento do paciente; ✓ antes de calçar as luvas e após removê-las; ✓ após tocar qualquer instrumento ou superfície contaminada; ✓ antes e após utilizar o banheiro; ✓ após tossir, espirrar ou assuar o nariz; ✓ ao término do dia de trabalho.

2. Técnica para lavagem das mãos

a. remover anéis, alianças, pulseiras, relógio, fitinhas etc.; b. umedecer as mãos e pulsos em água corrente; c. dispensar sabão líquido suficiente para cobrir mãos e pulsos; d. ensaboar as mãos. Limpar sob as unhas; e. esfregar o sabão em todas as áreas, com ênfase particular nas áreas ao redor das unhas

e entre os dedos, antes de enxaguar com água fria. Dar atenção especial à mão não dominante, para certificar-se de que ambas as mãos fiquem igualmente limpas.

f. Obedecer a sequência: ✓ palmas das mãos; ✓ dorso das mãos; ✓ espaços entre os dedos; ✓ polegar; ✓ articulações; ✓ unhas e pontas dos dedos; ✓ punhos; ✓ repetir todos os passos anteriores para a outra mão; ✓ secar completamente, utilizando toalhas de papel descartáveis

3. Lavagem e antissepsia das mãos

É o processo utilizado para destruir ou remover microrganismos das mãos, utilizando antissépticos. Gualter Nunes. Realizada antes de procedimentos cirúrgicos e de procedimentos de risco,

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utiliza antissépticos com detergente ou a lavagem com água e sabão, seguida de antisséptico. O procedimento é basicamente o mesmo descrito na lavagem das mãos. Soluções utilizadas:

✓ Solução de digluconato de clorexidina a 2% ou 4%, com detergente; ✓ Solução de PVPI 10%, com 1% de iodo livre, com detergente; ✓ Solução de álcool etílico 77% (v/v), contendo 2% de glicerina.

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ATIVIDADES PRÁTICAS RELACIONADAS: Lavagem das mãos;

Uso de EPIs.

NORMAS TÉCNICAS EM NOSSO PAÍS

A ABNT (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS) define como resíduos

resultantes das atividades exercidas por estabelecimentos prestadores de serviços de saúde, exemplo: hospitais, clínicas médicas, clínicas veterinárias, clínicas odontológicas, farmácias, ambulatórios, postos de saúde, laboratórios de análises clínicas, laboratórios de análises de alimentos, laboratórios de pesquisa, consultórios médicos e odontológicos, empresas de biotecnologia, casas de repouso e casas funerárias.

A resolução CONAMA (CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE) nº05/93 estende-se ainda aos resíduos gerados nos portos e aeroportos e terminais rodoviários e ferroviários.

Há também a Norma NBR nº 12.808 da ABNT de 1997. Esta norma classifica os Resíduos de Serviços de Saúde quanto aos riscos potenciais ao trabalhador, ao meio ambiente e à saúde pública, visando adotar um sistema de gerenciamento adequado, sendo esta classificação também adotada pela Fundação Nacional de Saúde (FUNASA, 1999).

O resíduo sólido de serviço de saúde (RSSS) apresenta risco potencial à saúde e ao meio ambiente, devido à presença de material biológico, químico, radioativo, perfuro cortante. O tratamento adequado previne infecções cruzadas, proporciona conforto e segurança à clientela a à equipe de trabalho, bem como mantém o ambiente limpo e agradável.

São eles: Grupo A – resíduos com a presença de agentes biológicos e objetos perfurocortantes resíduo; Grupo B – resíduos de natureza química; Grupo C – rejeitos radioativos; Grupo D – resíduos comuns e todos os demais que não se enquadram nos grupos anteriores.

BIOSSEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO E DESCARTE DE PRODUTOS BIOLÓGICOS

Os riscos biológicos são decorrentes da exposição a agentes do reino animal, vegetal e de microrganismos ou de seus subprodutos. Entre os agentes de risco biológico podemos citar como os mais importantes: bactérias, fungos, rickétsias, vírus, protozoários, metazoários. Tais agentes podem estar presentes veiculados sob diversas formas que oferecem risco biológico, como aerossóis, poeira, alimentos, água, amostras de (sangue, fezes, urina, escarro etc), entre outros. No contato com esses produtos, o profissional deve utilizar EPIs de acordo com o modo de contaminação do agente microbiano. É necessário, no entanto, fazer uma avaliação cuidadosa dos agentes microbianos para classificá-los de forma adequada e segura.

Classe de risco 1 (baixo risco individual e para a comunidade): Inclui os agentes biológicos conhecidos por não causarem doenças no homem ou nos animais adultos sadios. Exemplos: Lactobacillus spp. e Bacillus subtilis.

Classe de risco 2 (moderado risco individual e limitado risco para a comunidade): Inclui os agentes biológicos que provocam infecções no homem ou nos animais, cujo potencial de propagação na comunidade e de disseminação no meio ambiente é limitado, e para os quais existem medidas profiláticas e terapêuticas conhecidas eficazes. Exemplos: Schistosoma mansoni e vírus da rubéola.

Classe de risco 3 (alto risco individual e moderado risco para a comunidade): Inclui os agentes biológicos que possuem capacidade de transmissão, em especial por via respiratória, e que causam doenças em humanos ou animais potencialmente letais, para as quais existem usualmente medidas profiláticas e terapêuticas. Representam risco se disseminados na comunidade e no meio ambiente, podendo se propagar de pessoa a pessoa. Exemplos: Bacillus anthracis e Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV).

Classe de risco 4 (alto risco individual e para a comunidade): Inclui os agentes biológicos com grande poder de transmissibilidade, em especial por via respiratória, ou de transmissão desconhecida. Até o momento, não há nenhuma medida profilática ou terapêutica eficaz contra infecções ocasionadas

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por estes. Causam doenças humanas e animais de alta gravidade, com alta capacidade de disseminação na comunidade e no meio ambiente. Esta classe inclui principalmente vírus. Exemplos: vírus Ebola e vírus da varíola.

Como se pode verificar, é necessário fazer uma avaliação cuidadosa dos grupos acima citados para promover o seu descarte de forma adequada evitando a contaminação local e do meio ambiente. As normas de segurança devem ser rigorosamente seguidas para propiciar melhor saúde a todos os envolvidos.

BIOSSEGURANÇA NO DESCARTE DE PRODUTOS QUÍMICOS

Ante o assombroso número de mais de 4 milhões de substâncias químicas conhecidas, entre as

quais, cerca de 130 mil têm algum tipo de periculosidade e pouco mais de 200 apresentam método de descarte adequado, outras entidades, conselhos e sindicatos também atuam para colaborar na diminuição de riscos por meio da melhoria na segurança química, sempre com base nas normas da ABNT. A ABNT define, classifica e lista os resíduos, servindo de norma e dando respaldo técnico a leis nos três níveis de Governo (Federal, Estadual e Municipal). Segundo a NBR 10004 de setembro de 1987, da ABNT os resíduos classificam-se em:

Classe I – perigosos Classe II – não inertes Classe III - inertes Ficam então definidos os riscos potenciais ao meio

ambiente e à saúde pública. O setor industrial utiliza-se dessa classificação enquanto

os serviços de saúde se baseiam na classificação adotada e baseada pela NBR nº 12.808 da ABNT DE 1997.

Os resíduos perigosos gerados pelo setor industrial são considerados normais se estiverem em torno de 100 ton/mês.

São necessários conhecimento, cautela e bom senso ante o manuseio e descarte dos resíduos químicos. O descarte de resíduos é um trabalho que se torna cada vez mais importante. Por isso, o trabalho de esclarecimento e conscientização é fundamental para a preservação do meio ambiente e para a saúde pública.

1. Identificação e rotulagem Para que os materiais a serem descartados possam ser manipulados com segurança, tanto para

os operadores internos quanto para os procedimentos seguros de transporte e destinação final, são necessárias informações que podem constar num rótulo simples elaborado no próprio ambiente de trabalho. Além das questões relativas à segurança, a identificação precisa é muito importante também para a adequação do material às normas impostas pelas empresas de incineração ou disposição final do resíduo ou ainda para envio a outras finalidades como recuperação, reciclagem, reutilização, etc.

Diagrama de Hommel, mundialmente conhecido pelo código NFPA 704

2. Procedimentos gerais para tratamento de resíduos químicos A geração de resíduos perigosos precisa ser evitada, porém, quando isso não é possível, devem-

se buscar meios de minimizar os efeitos nocivos por meio de desativação ou reciclagem. Os processos utilizados são:

Vermelho

Amarelo

Branco

Azul

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a. Métodos Físicos: ✓ Filtração, sedimentação ✓ Destilação, evaporação

b. Métodos Químicos: ✓ Neutralização

c. Tratamentos Térmicos: ✓ Incineração

d. Métodos Biológicos: ✓ Depósitos no Oceano ✓ Aterros Sanitários

Aterro sanitário BIOSSEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO DE RADIOISÓTOPOS

O termo proteção radiológica refere-se à proteção contra radiações, a higiene, a segurança e ao controle no manuseio de materiais radioativos. Visa não somente a proteção adequada às pessoas que trabalham com radiação como também à população em geral, que de alguma forma pode ser exposta. Sua finalidade é proteger contra os perigos potenciais dessa exposição e possibilitar o uso de seus benefícios. Escola Técnica Dr. Gualter Nunes. Até a descoberta dos raios X e da radioatividade a exposição do ser humano limitou-se, quase que exclusivamente, às fontes naturais de radiação cósmica (raios ultravioletas, infravermelhos). A proteção radiológica inclui desde o estudo para construção de um laboratório ou usina até a disposição final de resíduos radioativos. Algumas características serão expostas a seguir:

✓ Blindagem: adequada para o radioisótopo que está sendo manuseado. ✓ Exaustão: a capela deve ter compressão menor do que a do laboratório. ✓ Manuseio: com ferramentas adequadas que permitam o trabalho à distância e não

prejudiquem a sua precisão. ✓ Resíduo: precisam ser retirados sem que entrem em contato com o meio ambiente.

A CNEM (Comissão Nacional de Energia Nuclear) é o órgão que regulamenta a utilização de material radioativo no país, credencia laboratórios e pessoal e fiscaliza o cumprimento de normas de proteção.

1. Rejeitos Radioativos Os materiais radioativos produzidos em Instalações Nucleares (Reatores Nucleares, Usinas de

Beneficiamento de Minério de Urânio e Tório, Unidades do Ciclo do Combustível Nuclear), Laboratórios e Hospitais, nas formas sólida, líquida ou gasosa, que não têm utilidade, não podem ser simplesmente “jogados fora” ou “no lixo”, por causa das radiações que emitem.

Esses materiais, que não são utilizados em virtude dos riscos que apresentam, são chamados de Rejeitos Radioativos. Na realidade, a expressão “lixo atômico” é um pleonasmo, porque qualquer lixo é formado por átomos e, portanto, é atômico. Ele passa a ter essa denominação popular, quando é radioativo.

Os rejeitos radioativos precisam ser tratados, antes de serem liberados para o meio ambiente, se for o caso. Eles podem ser liberados quando o nível de radiação é igual ao do meio ambiente e quando não apresentam toxidez química.

Rejeitos sólidos, líquidos ou gasosos podem ser, ainda, classificados, quanto à atividade, em rejeitos de baixa, média e alta atividade.

Os rejeitos de meia-vida curta são armazenados em locais apropriados (preparados), até sua atividade atingir um valor semelhante ao do meio ambiente, podendo, então, ser liberados. Esse critério de liberação leva em conta somente a atividade do rejeito. É evidente que materiais de atividade ao nível ambiental, mas que apresentam toxidez química para o ser humano ou que são prejudiciais ao ecossistema não podem ser liberados sem um tratamento químico adequado.

Rejeitos sólidos de baixa atividade, como partes de maquinária contaminadas, luvas usadas, sapatilhas e aventais contaminados, são colocados em sacos plásticos e guardados em tambores ou caixas de aço, após classificação e respectiva identificação.

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Os produtos de fissão, resultantes do combustível nos reatores nucleares, sofrem tratamento especial em Usinas de Reprocessamento, onde são separados e comercializados, para uso nas diversas áreas de aplicação de radioisótopos. Os materiais radioativos restantes, que não têm justificativa técnica e/ou econômica para serem utilizados, sofrem tratamento químico especial e são vitrificados, guardados em sistemas de contenção e armazenados em Depósitos de Rejeitos Radioativos. Trata-se da presença de radiação acima dos valores encontrados no meio ambiente, uma vez que a radiação está presente em qualquer lugar do planeta.

Símbolo de Radioatividade

BIOSSEGURANÇA E CÂNCER

É provável que o câncer sempre tenha consistido em uma doença do ser humano, sendo conhecido desde a antiguidade. Assim, evidências de câncer foram encontradas em humanos mumificados e em fósseis de ossos de animais. Entretanto, as taxas de incidência de cânceres, bem como os padrões de ocorrência de diferentes cânceres, eram desconhecidas até épocas relativamente modernas. Desde o século XVIII, encontram-se registros em que se relacionava o ambiente de trabalho com a incidência de alguns tipos de câncer. É o caso, por exemplo, de Sir Percival Pott que chamava atenção para alta incidência de câncer de escroto entre limpadores de chaminé de Londres. Segundo esse médico, a causa de tais casos estaria relacionada ao contato constante com o alcatrão e a fuligem presentes nas chaminés. Nesse contexto, podemos observar que o ambiente de trabalho pode ser, em muitos casos, fonte de exposição a centenas de agentes nocivos à saúde, como pós e partículas, fumaças, fluidos, fibras, radiação e substâncias químicas.

O trabalho realizado pelos profissionais da saúde, em diversas situações, envolve a manipulação de substâncias carcinogênicas. Assim, é de extrema importância que sejam inicialmente identificadas as substâncias em uso consideradas carcinogênicas. As medicações utilizadas para combater o câncer, podem também causar a doença em quem manipula e/ou administra tais medicações. Por isso é imprescindível o conhecimento na preparação e administração com também no descarte desses produtos. Os riscos podem atingir pacientes, manipuladores e meio ambiente. Escola Técnica Dr. Gualter Nunes Os procedimentos para descarte de carcinogênicos não podem envolver exposição do pessoal às substâncias, nem resultar na produção de outros carcinogênicos. Eles não devem ser descartados em pias ou ralos.

Resíduos líquidos contaminados por carcinogênicos devem ser armazenados em recipientes adequados, para posterior descarte. A tampa deve estar bem fechada e o recipiente bem identificado.

No caso de resíduos sólidos (luvas, frascos, etc) deve-se embalá-los em sacos plásticos e identificá-los adequadamente até descartá-los.

PRINCIPAIS DOENÇAS PASSÍVEIS DE TRANSMISSÃO DURANTE O ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO

No exercício da profissão odontológica, uma série de doenças infecciosas pode ser transmitida para pacientes e profissionais. Sendo assim, a equipe tem por obrigação realizar uma prática clínica segura, adotando os preceitos atuais de controle de infecção.

A transmissão de microrganismos pode ocorrer por diferentes vias: contato direto com lesões infecciosas, ou com sangue e saliva contaminados; contato indireto, mediante transferência de microrganismos presentes em um objeto contaminado; respingos de sangue, saliva ou líquido de origem nasofaríngea, diretamente em feridas de pele e mucosa; e aerolização, ou seja, transferência de microrganismos por aerossóis.

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Para que haja transmissão de microrganismos, alguns aspectos são de vital importância: a virulência e a quantidade do agente; o estado imunológico do hospedeiro; e a susceptibilidade do local (solução de continuidade).

Na década de 80, com a ampla divulgação da infecção pelo HIV, todos os profissionais da saúde passaram a se preocupar com o controle de infecção. Ressalta-se, entretanto, que, desde a década de 30, estudos indicam um maior risco de aquisição de microrganismos pelos cirurgiões-dentistas. É relevante lembrar que, pelo fato de o HIV ser o que mais expressa temor, este vírus acaba sendo um motivador para a adoção de barreiras durante a prática odontológica. A seguir, teremos a oportunidade de rever as doenças infecciosas passíveis de transmissão durante o tratamento odontológico.

1. Sífilis É uma doença sexualmente transmissível (DST) em 90% dos casos, podendo ainda ocorrer a

transmissão vertical, quando é denominada de sífilis congênita. Apresentando um período de incubação de uma a três semanas. A vida extracorpórea do microrganismo é curta, sendo descrita por alguns autores como de segundos, a 25ºC.

2. Gonorreia Trata-se de uma infecção causada pela bactéria, sendo a doença sexualmente transmissível

(DST) mais prevalente no mundo, e também a mais antiga. O risco de transmissão durante a prática odontológica deve-se ao fato de serem as lesões bucais uma forma comum de expressão; e por constituírem a boca e a nasofaringe habitat para o microrganismo. Sua sobrevida extracorpórea é de poucas horas, em superfície seca.

3. Tuberculose É uma doença causada pelo Mycobacterium tuberculosis, com um período de incubação

geralmente superior a 6 meses. Afeta, na maioria das vezes, os pulmões, podendo, entretanto, acometer outras regiões, como os rins, os gânglios, os ossos, o sistema nervoso central, a mucosa bucal, entre outros. A transmissão mais comum é via secreção nasofaríngea eliminada pela tosse, que lança no meio ambiente, gotículas contendo o bacilo.Esc. Téc. Dr. Gualter Nunes. A partir de 1984, quando já instalada a epidemia de AIDS, o número de casos de pessoas portadoras de tuberculose voltou a crescer nos países desenvolvidos, apresentando formas atípicas e disseminadas da doença.

Mycobacterium tuberculosis

Atualmente, uma grande preocupação mundial dirige-se às formas resistentes à terapêutica

antimicrobiana. No contexto da nossa realidade, considera-se que 30% dos pacientes com AIDS adquiriram ou poderão adquirir tuberculose durante o curso da doença.

Os indivíduos portadores podem eliminar o bacilo por tempo superior a 15 dias, mesmo após a administração precoce da terapêutica indicada. Consequentemente, o cirurgião-dentista deve usar a máscara N95 ou PFF2 durante o atendimento desses indivíduos. Após essa fase, o procedimento clínico pode ser realizado com máscara de tripla proteção.

Em se tratando de um microrganismo extremamente resistente, a vida extracorpórea do M. tuberculosis é de várias semanas, em superfícies secas e à temperatura ambiente de 25ºC.

4. Difteria Trata-se de uma infecção bacteriana causada pelo Corynebacterium diphtheriae, de transmissão

direta (contato com pele lesionada) ou indireta (pelo ar). Seu período médio de incubação é de 1 a 6 dias. Sua sobrevida extracorpórea permanece entre 12 e 16 horas após semeadura de material clínico. O período de transmissão bacteriana é de duas semanas;

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5. Sarampo É uma infecção respiratória aguda causada pelo vírus do

gênero Paramyxovirus, apresentando um período de incubação de 10 dias, com variação de 7 a 18 dias. O período de transmissão compreende 4 a 6 dias anteriores ao surgimento das lesões cutâneas, estendendo-se até 4 dias após o desaparecimento do exantema. A transmissão pode ser direta, através de gotículas nasofaríngeas emitidas pela tosse e espirro; ou indireta, através dos aerossóis. A sobrevida extracorpórea, no meio ambiente, é superior a 24 horas.

6. Parotidite virótica (Caxumba) Esta infecção da infância também é causada por vírus do

gênero Paramyxovirus, sendo o seu período de incubação de 12 a 25 dias. A fase de transmissão ocorre por um período compreendido entre 7 dias anteriores ao estabelecimento dos sinais clínicos da doença, e 9 dias após o surgimento dos sintomas. A transmissão dá-se diretamente, por contato com gotículas de saliva contaminada; O vírus perde a infectividade quando submetido à temperatura de 55-60ºC durante 10 minutos; mas pode-se conservar viável em ambiente com temperatura de 4ºC, durante vários dias.

7. Rubéola Trata-se de uma infecção respiratória amena associada a exantema, sendo causada por um vírus.

Seu período de incubação varia de 14 a 21 dias. A fase de transmissão compreende de 5-7 dias anteriores ao surgimento do exantema, até 5 a 7

dias após início da erupção. O vírus é inativado a 56ºC por 30 minutos, sendo que, a 4ºC, permanece viável por 14 horas. A maior preocupação sobre essa infecção virótica é o acometimento de gestantes, tendo em vista os possíveis danos causados ao feto via transmissão transplacentária. Gualter Nunes.

Quanto mais precoce for o contato com o vírus durante a gravidez, maiores poderão ser as alterações causadas. Desse modo, a fase crítica de contato compreende as primeiras 12 semanas gestacionais. Os danos causados ao ser em desenvolvimento podem se voltar para problemas cardíacos, de má formação (fendas orofaciais e membros superiores) e aborto espontâneo. Quando o contato ocorre em fases tardias da gestação, as alterações se resumem principalmente a hepatite e retardo mental progressivo.

8. Influenza (gripe) É uma das infecções viróticas mais comuns. Seu período de

incubação é curto (1 a 5 dias) e o período de maior transmissibilidade acontece durante os 3 primeiros dias da doença. O vírus sobrevive em superfície não absorvente por 8 a 24 horas; e, em tecido ou papel, por 8 a 12 horas. A prática odontológica coloca em risco os profissionais, tendo em vista a facilidade de transmissão do vírus e o contato estabelecido durante o tratamento odontológico.

Estudos têm demonstrado que estudantes de odontologia apresentam uma maior incidência da infecção quando comparados com estudantes de medicina e farmácia; os técnicos e auxiliares em saúde bucal (ASB e TSB) ao serem comparados com nutricionistas, apresentaram uma maior incidência em um período de 1 ano; e, nesse período, os TSB e ASB não apresentaram aumento de falta ao trabalho, sugerindo um maior risco de transmissão para pacientes. Finalmente, tem sido relatada uma forte correlação entre a infecção, acometendo os pacientes e os cirurgiões-dentistas que os tratam.

9. Herpes O herpes simples é uma doença infecciosa aguda que, à exceção das infecções viróticas

respiratórias, é a virose humana mais comum. Os vírus do herpes simples são o VHS e o HSH. Um é

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responsável por lesões que acometem a oroface e o outro envolve, principalmente, as lesões genitais. O período de incubação é de 1 a 26 dias.

O vírus é transmitido com maior frequência no contato direto com lesões ou objetos contaminados. A disseminação assintomática do vírus através de fluidos orgânicos (sangue, saliva, secreções vaginais) ou das lesões crostosas constitui uma importante forma de transmissão. O vírus já foi identificado em saliva de pacientes durante a evolução da doença. Ressalta-se ainda, a transmissão através das lesões clinicamente ativas.

https://biosom.com.br/blog/saude/herpes-labial/

O vírus apresenta uma sobrevida extracorpórea de 2 horas na pele; de 4 horas em superfícies

plásticas; de até 3 horas em tecido, de 72 horas em gaze seca, e de 45 minutos em peça de mão. Os procedimentos odontológicos em pacientes portadores de lesões herpéticas devem ser adiados sempre que possível, até que a cura clínica da infecção se estabeleça.

10. Varicela (Catapora) É uma infecção causada por vírus. Seu período de incubação varia de 10 a

20 dias. A transmissão da infecção pode ocorrer desde 2 dias antes do início da erupção cutânea até 5 dias após o início da erupção. Em pessoas imunodeficientes, a transmissão pode ocorrer durante o período de erupção das lesões. É altamente contagiosa, sendo facilmente transmitida por inalação ou contato direto com a pele.

O vírus, por ser sensível à luz solar e ao calor, apresenta uma pequena sobrevida extracorpórea.

11. Hepatite Virótica Trata-se de um processo infeccioso primário envolvendo o fígado. Atualmente, são sete os tipos

de vírus identificados: A, B, C, D, E, F e G. As hepatites F e G são as mais recentes da família da hepatite virótica, sendo transmitidas por via parenteral. Gualter Nunes.

Seu impacto para a odontologia ainda não está esclarecido, sendo necessárias investigações futuras antes que se formulem recomendações para a prática odontológica. As principais características para as outras cinco formas de hepatite virótica estão esquematizadas no quadro a seguir.

Tipo do Vírus

Vias de Transmissão Morbidade Risco de cronificar Período de incubação

A Oro fecal Baixa Praticamente

inexistente 15 a 45 dias

B

Sexual, parenteral, sangue e hemoderivados, perinatal, procedimentos cirúrgicos e odontológicos, soluções de

continuidade

Alta Alto 40 a180 dias

C Parenteral, sangue e hemoderivados,

sexual e perinatal Moderada Alto 14 a 150 dias

D

Sexual, parenteral, sangue e hemoderivados, perinatal, procedimentos cirúrgicos e odontológicos, soluções de

continuidade

Alta Alto 28 a 140 dias

E Oro-fecal Alta para gestantes

Praticamente inexistente

15 a 64 dias

A sobrevida extracorpórea para os diferentes vírus ainda não está bem definida. Sabe-se,

entretanto, que para o vírus da hepatite A, pode ser meses, em água; e para a hepatite B, semanas, 25ºC.

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No que tange à Odontologia, o vírus da hepatite B vem sendo considerado o de maior risco para a equipe de saúde bucal. O sangue é a fonte principal da infecção ocupacional. A presença do vírus da hepatite B na saliva não deve ser menosprezada. O risco de infecção ocupacional é maior para os profissionais de especialidades cirúrgicas que para os clínicos. O pessoal auxiliar odontológico (TSB, ASB, TPD) também está sob maior risco de contrair Hepatite B, se comparado à população geral.

A transmissão do vírus através de aerossóis e superfície contaminada não tem demonstrado relevância epidemiológica. No entanto, as características próprias do trabalho odontológico, com frequentes relatos de não adoção de normas universais de biossegurança e de falhas nos procedimentos de esterilização, revelam uma alta probabilidade da ocorrência de infecção.

O risco de aquisição de hepatite B por meio de acidente perfurocortante, com sangue sabidamente contaminado, varia de 6 a 30%, sendo que uma quantidade ínfima de sangue contaminado (0,0001ml) é suficiente para a transmissão do vírus. Acredita-se que, em um acidente perfurocortante envolvendo sangue de fonte desconhecida, o risco de aquisição da hepatite B é 57 vezes superior, quando comparado ao HIV; e o risco de vir a óbito é 1,7 vezes superior para hepatite B, apesar da característica letal do HIV.

Com o surgimento da vacina contra a hepatite B, criou-se a expectativa de controlar esta doença. A vacinação tem indicação para proteger as pessoas com maior risco de adquirir a infecção, entre elas os componentes da equipe odontológica. O melhor período para a imunização é aquele anterior ao início da atividade clínica.

Devido às características da prática odontológica, a vacinação é uma medida de proteção individual e é prioritária entre os procedimentos de controle de infecção. Atualmente, a vacinação para os profissionais de saúde é realizada em unidades básicas de saúde. Entretanto, em nível mundial, tem-se observado que, mesmo quando as três doses necessárias para a imunização são oferecidas gratuitamente, os trabalhadores de saúde não se motivam à adoção dessa medida de proteção.

Uma das maiores preocupações para a Saúde Pública vem sendo o aumento dos casos de hepatite C. Trata-se de uma infecção de origem parenteral que acontece, principalmente, via sangue contaminado. A resolução espontânea do quadro de hepatite C é rara e, no momento, a terapia medicamentosa apresenta uma eficácia experimental em 40 a 50% dos casos. Não foram desenvolvidas, até o presente momento, vacinas contra a hepatite C. Esse vírus tem sido identificado em um número de superfícies odontológicas após o tratamento de um paciente. Ele se mantém estável, à temperatura ambiente, por mais de 5 dias.

12. AIDS (infecção pelo HIV) A infecção pelo HIV tem como via principal de contágio a sexual. Além desta, também é relevante

a via parenteral, através de sangue e seus derivados. O período mediano de incubação é de 10 anos, ou seja, 50% dos indivíduos portadores do HIV vêm a desenvolver a doença decorrido esse tempo.

O período de transmissão, entretanto, compreende desde o momento de infecção até o eventual óbito do paciente. Trata-se de um vírus frágil, cuja vida extracorpórea é curta, tendo em vista a sua fragilidade à luz solar e ao meio ambiente. A possibilidade de transmissão durante um acidente perfurocortante, com sangue sabidamente contaminado é baixa, variando de 0,05 a 0,1%; ou seja, de cinco chances em dez mil a uma chance em mil. Esc. Téc. Dr. Gualter Nunes.

Vírus HIV

Por razões já expostas anteriormente, os profissionais de Odontologia apresentam uma grande

resistência ao tratamento de indivíduos sabidamente positivos para o HIV. Salientam-se, ainda, os estudos que indicam que os pacientes reconhecidamente soropositivos, em sua maioria não revelam o seu estado de infecciosidade por medo de terem o seu tratamento negado. Assim, os profissionais de Odontologia devem adotar medidas de precaução padrão durante a sua prática clínica.

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MEDIDAS DE PRECAUÇÃO PADRÃO

Precaução Padrão é um conjunto de medidas de controle de infecção a serem adotadas universalmente, como forma eficaz de redução do risco ocupacional e de transmissão de agentes infecciosos nos serviços de saúde. Essas precauções foram criadas para reduzir o risco de transmissão de patógenos através do sangue e fluidos corporais. São indicadas para todos os pacientes, independentemente do diagnóstico, em todas as situações de tratamento. O controle de infecção na prática odontológica deve obedecer a quatro princípios básicos:

✓ Princípio 1: Os profissionais devem tomar medidas para proteger a sua saúde e a da sua equipe.

Imunizações: As imunizações reduzem o risco de infecção e, por conseguinte, protegem não apenas a saúde dos componentes da equipe como a de seus pacientes e familiares. Lavagem das mãos: Lavar as mãos com frequência é, isoladamente, a ação mais importante para a prevenção e o controle de infecções. A pele é densamente povoada por microrganismos Evitar acidentes: As agulhas devem ser descartáveis. Não devem ser entortadas ou re-encapadas após o uso, evitando punção acidental. Não reencape perfurocortantes com as mãos desprotegidas. Use sempre um instrumento auxiliar e superfície fixa como apoio. Remover as brocas logo após o uso.

✓ Princípio 2: Os profissionais devem evitar contato direto com matéria orgânica. Uso de barreiras protetoras: O uso de barreiras protetoras é extremamente eficiente na redução do contato com sangue e secreções orgânicas. Dessa forma, a utilização do equipamento de proteção individual torna-se obrigatória durante o atendimento odontológico.

✓ Princípio 3: Os profissionais devem limitar a propagação de microrganismos. Preparação do ambiente: É muito importante preparar a sala antes de iniciar o atendimento. Esc. Téc. Dr. Gualter Nunes. O planejamento evitará o contato da mão enluvada com materiais e equipamentos. Para as superfícies que não podem ser descontaminadas facilmente, indica-se o uso de coberturas descartáveis. Essas aumentam a eficiência do controle de infecções, com menor gasto e redução do tempo para desinfecção.

✓ Princípio 4: Os profissionais devem tornar seguro o uso de artigos, peças anatômicas e superfície.

Cuidados com o instrumental: Não desinfetar quando se pode esterilizar. Esterilizar sempre! INFECÇÕES CRUZADAS

1. Controle da Infecção Cruzada na Prática Odontológica A Odontologia, através do tempo, vem se transformando, de um caráter puramente artesanal,

empírico, para um conceito atualizado, técnico-científico-humanista. Dentro dessa nova visão, a profissão tem passado por estágios distintos, regidos por necessidades temporais e geográficas e impondo-se com o merecido respeito que se deve conceder às profissões que servem à Saúde Pública.

A Odontologia contemporânea se depara com o aumento global na incidência de doenças infectocontagiosas das mais variadas etiologias, entre elas a AIDS, o que lhe impôs a necessidade de discutir e adotar mecanismos de proteção, tanto para o profissional e sua equipe, quanto para o seu paciente. Essas medidas são denominadas de Medidas de Precaução padrão.

O cirurgião dentista e sua equipe estão expostos, igualmente, a essa grande variedade de agentes infecciosos. O uso de procedimentos efetivos de controle de infecção e as precauções padrão no consultório odontológico e laboratórios relacionados, previnem a infecção cruzada, extensiva aos CDs, equipe e pacientes

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O risco de infecção cruzada em consultório odontológico é o de transmitir uma determinada infecção de uma pessoa para outra, podendo ser:

✓ de um paciente para outro, ✓ de um paciente para um profissional da equipe, ✓ de um profissional para um paciente, ✓ de um profissional da equipe para um de seus familiares.

2. Riscos de infecção cruzada em consultórios ✓ Exposições percutâneas: lesões provocadas por instrumentos perfurocortantes. ✓ Exposições em mucosas: quando há respingos na face envolvendo olho, nariz ou boca. ✓ Mordeduras humanas: quando envolvem presença de sangue. ✓ Contaminação orofecal: devido ao baixo nível de higiene de algum membro da equipe

profissional. ✓ EPIs e vestimentas contaminados: o profissional contamina seu paciente ao portar

contaminantes no seu corpo e/ou vestimenta. ✓ Infecção de paciente para paciente: uso de instrumentais não estéreis ou quando ocorre

falha de esterilização. ✓ Inoculação direta: quando um instrumento perfuro cortante que incisa o paciente e depois

fere um membro da equipe ou vice versa.

3. Cuidados durante a manipulação de materiais perfurocortantes. ✓ Ter a máxima atenção durante a realização dos procedimentos ✓ Jamais usar os dedos como anteparo durante a realização de procedimentos que envolvam materiais perfurocortantes. ✓ As agulhas não devem ser reencapadas, entortadas quebradas ou retiradas da seringa com a mão. Esc. Téc. Dr. Gualter Nunes. Usar como procedimento padrão o ato de recolocar a agulha no invólucro deixando este sobre a bandeja e empurrando a seringa carpule, para que a agulha entre no invólucro. ✓ As lâminas de bisturi devem ser colocadas e removidas do cabo com o auxílio de um porta-agulha, e nunca com as mãos. Os coletores específicos para descarte de materiais perfurocortantes não devem ser preenchidos acima do limite de 2/3 de sua capacidade total.

ATIVIDADES PRÁTICAS RELACIONADAS: Montagem de caixa descarparck;

Montagem e desmontagem de seringa carpule.

CLASSIFICAÇÃO DOS AMBIENTES

Na área da saúde, não há nenhuma atividade que apresente um quadro tão heterogêneo de detalhes com vistas ao controle de infecção quanto a Odontologia, o que pode dificultar a tomada de decisões em relação aos cuidados quanto à esterilização ou desinfecção de superfícies ou instrumentos.

As dificuldades poderão ser eliminadas ou extremamente reduzidas, se o profissional, independentemente de sua especialidade, distinguir o ambiente de atuação e o risco potencial de transmissão dos instrumentos e materiais utilizados.

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Os ambientes podem ser classificados: a. Áreas Não Críticas - são aquelas não ocupadas no atendimento dos pacientes ou às quais

estes não têm acesso. Essas áreas exigem limpeza constante. b. Áreas Semicríticas - são aquelas vedadas às pessoas estranhas às atividades

desenvolvidas. Ex.: sala de espera, laboratórios. Exigem limpeza e desinfecção constante, semelhante à doméstica.

c. Áreas Críticas - são aquelas destinadas à assistência direta ao paciente, exigindo rigorosa desinfecção. Ex.: clínicas de atendimento, setor de esterilização. Gualter Nunes. Os equipamentos e mobiliários pertencentes a essas áreas requerem cuidados mais frequentes de limpeza e desinfecção, porque são os que mais se contaminam e que mais facilmente podem transmitir doenças.

As superfícies que entram em contato direto com matéria orgânica (sangue, secreções ou excreções), independentemente de sua localização, exigem desinfecção (hipoclorito de sódio a 1%), com remoção da matéria orgânica, e limpeza, com água e sabão.

1. Limpeza e desinfecção do ambiente do consultório

Regras básicas

a. Temos que ter em mente a diferença entre limpar o consultório e outros ambientes, como por exemplo, uma residência.

b. Devemos usar EPIs, para tal procedimento.

c. Nunca efetuar varredura a seco para não provocar a presença de partículas em suspensão, como acontece na varredura com vassoura.

d. Usar carrinhos próprios para transportar o material de limpeza e os sacos de lixo.

e. Começar a limpeza da área menos contaminada para a mais contaminada.

f. Limpar em sentido único, de cima para baixo (do teto para o chão). Nunca em vaivém.

g. Não misturar panos que limparam o chão com os panos usados para limpar o armário clínico e equipamento odontológico.

h. Usar solução desinfetante após a limpeza e lavagem com água e detergente.

i. Recomendam-se os seguintes desinfetantes: solução de água sanitária (hipoclorito de sódio) a 10% para pisos, paredes, banheiros, balcões e superfícies; e fenol sintético para equipamentos, torneiras e todos os dispositivos metálicos.

j. Chamamos a atenção que o hipoclorito de sódio é corrosivo de metais. k. Os balcões e equipamentos podem, alternativamente, serem desinfetados com álcool 70º

sob fricção e hipoclorito de sódio a 1%. l. A desinfecção dos armários deve ser realizada entre cada atendimento com desinfetantes

indicados. m. Os armários devem ser de superfície lisa, impermeável e de preferência de cor clara para

facilitar a desinfecção e a visualização de sujidades. n. Dividir corredores ao meio limpando de um lado e deixando passagem pelo outro, para

depois inverter (se a área da clínica for grande). o. Nunca devem colocar sobre o balcão de trabalho e trazer para a área clínica, objetos

oriundos de outras áreas como área administrativa, banheiros, laboratório de prótese, cozinha e outras.

p. Todo o material usado (baldes, panos, vassouras, carrinhos, etc.) deve ser limpo e desinfetado com solução de hipoclorito de sódio, exceto quando houver metal.

q. Deverá haver uma limpeza e desinfecção concorrente durante os trabalhos, principalmente entre um paciente e outro, e uma limpeza terminal, no fim do período.

r. Ao se notar um espirro ou gotejamento de material orgânico sobre uma superfície, deve-se, tão logo quanto possível, colocar papel toalha sobre o líquido e borrifá-lo com uma solução de hipoclorito de sódio ou fenol sintético (se a superfície for metálica), Após 10 min pode-se remover o papel, que será descartado como material contaminado, e proceder a lavagem do local com pano e detergente.

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s. Deverá haver um razoável intervalo de tempo entre os períodos para realização correta da limpeza terminal.

CLASSIFICAÇÃO DOS ARTIGOS Artigos Críticos - são aqueles que penetram na pele ou mucosa. Ex.: instrumentos de corte ou ponta; outros artigos cirúrgicos (pinças, afastadores, fios de sutura, etc.); soluções injetáveis. Os artigos críticos devem passar por processo de esterilização. Artigos Semicríticos - são aqueles que entram em contato com a mucosa. Ex.: material para exame clínico (pinça, sonda e espelho); condensadores; moldeiras; portagrampo, etc. Os artigos semicríticos devem passar por processo de esterilização ou desinfecção de alto nível. Artigos Não críticos - são aqueles que entram em contato com a pele íntegra ou não entram em contato direto com o paciente. Ex.: equipo odontológico; superfícies de armários e bancadas; aparelho de raios X. Os artigos não críticos devem passar por processo de desinfecção. CLASSIFICAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS CLÍNICOS Procedimento crítico: todo procedimento em que haja presença de sangue ou pus. Procedimento semicrítico: todo procedimento em que haja presença de secreção orgânica (saliva), sem sangramento. Procedimento não crítico: todo procedimento em que não haja presença de sangue, pus ou outras secreções orgânicas, inclusive saliva. LIMPEZA DO INSTRUMENTAL É primordial a limpeza eficaz do material antes de qualquer tipo de processo de esterilização escolhido. No caso do instrumental, a lavagem deve ser feita através de escovação com detergente neutro líquido ou detergente enzimático ou, idealmente, a limpeza poderá ser feita em lavadora ultrassônica utilizando-se detergente enzimático.

1. Informações técnicas sobre limpeza e lavagem dos instrumentos a. As pessoas que realizam estas tarefas deverão portar avental, óculos, máscara e luvas de

limpeza de textura grossa, já que existe a possibilidade de acidentes perfurocortantes e da formação de espirros durante a escovação.

b. Os instrumentos devem ser mantidos abaixo da linha da água durante a escovação para se evitar borrifos.

c. Os instrumentos devem permanecer imersos numa solução de pré-lavagem para facilitar a retirada das sujidades. As soluções de pré-lavagem existentes possuem detergentes, substâncias proteolíticas, compostos fenólicos, desincrostantes enzimáticos, iodóforos e outros produtos.

d. Embora tenhamos a presença de desinfetantes nessas soluções, após a lavagem, os instrumentos ainda serão considerados contaminados.

e. Existem aparelhos de limpeza, constituídos de cubas dotadas de ultrassom, que auxiliam na limpeza prévia dos instrumentos. Os produtos que sujam as superfícies dos instrumentos são dispersos ou dissolvidos. O ultrassom associado à ação de detergentes possibilita a remoção da sujidade até onde a escovação manual não alcança.

f. Após a escovação com detergente ou produto de pré-lavagem para remoção da matéria orgânica ou produtos odontológicos, os materiais são colocados na cuba do aparelho ultrassônico.

g. Os aparelhos possuem um temporizador que controla o tempo pré-determinado de limpeza que é aproximadamente de 10 minutos.

h. Durante o ciclo dos aparelhos de ultrassom devemos manter a cuba coberta. Há a formação de um aerossol induzido pelo ultrassom que pode ser um risco em potencial de contaminação.

i. A escova usada para as lavagens manuais deve ser de cabo longo. Estas escovas são disponíveis em qualquer supermercado ou casa de materiais de limpeza.

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j. O cabo longo serve para evitar-se que a pessoa esfregue o instrumental com a mão longe da porção ativa do instrumento, permitindo que se evite o acidente. As escovas de mão não servem para esta finalidade. Sua preensão as torna arriscadas durante a escovação. As escovas de dente são mais seguras. O enxágue dos instrumentos deve ser muito bem feito, pois os sabões ou detergentes poderão neutralizar os meios químicos que serão utilizados, ou ainda, poderão queimar os instrumentos quando usarmos os meios físicos.

k. Os instrumentos devem ser enxugados antes de serem embalados e esterilizados.

2. Lavadora ultrassônica A lavadora ultrassônica converte a energia elétrica em mecânica, através de um cristal piezelétrico (transdutores ultrassônicos), que gera vibrações de alta frequência no tanque de aço inoxidável, que deverá conter água ou solução desincrostante de limpeza (detergente enzimático). A vibração de alta frequência produz bilhões de pequenas bolhas que se rompem com força, retirando a sujeira de forma segura e eficiente.

Estas bolhas se propagam pelos instrumentais agindo como pequenas escovas que trabalham em todas as direções e atacam toda superfície a ser limpa, entrando nos locais de difícil acesso removendo variados tipos de resíduos orgânicos e inorgânicos, num processo denominado “cavitação ultrassônica”.

O método ultrassônico é mais rápido e eficiente que o método manual nos seguintes aspectos: ✓ Rapidez e otimização no processo de limpeza de instrumentais usados corriqueiramente

nos consultórios, clínicas e laboratórios, inclusive nas áreas de difícil acesso; ✓ Remove resíduos orgânicos e inorgânicos impregnados nos instrumentais, que interferem

nas reações químicas dos materiais a serem manipulados; ✓ Evita ranhuras nos instrumentais causadas por métodos de escovações manuais,

consequentemente evita a impregnação de resíduos nos mesmos; ✓ Evita o desgaste prematuro do fio de corte dos instrumentais, causado pela abrasão dos

métodos manuais; ✓ Segurança contra infecção cruzada.

3. Instalação e cuidados

✓ O local para instalação deve ser ventilado, espaçoso, plano e longe de fontes de calor, água e de outras máquinas, para evitar possíveis danos ao produto.

✓ Verificar se a voltagem do aparelho é compatível com a rede elétrica local. ✓ Não colocar líquidos inflamáveis ou solventes no tanque. Utilizar somente produtos

indicados para esse tipo de procedimento. ✓ Não colocar a mão dentro da cuba enquanto a máquina estiver funcionando. ✓ Nunca desmontar o ultrassom. A alta voltagem interna poderá ocasionar riscos de

acidente. ✓ Nunca ligar a lavadora sem água. Esse procedimento ocasionará a perda da garantia, pois

poderá danificar ou encurtar a vida útil do equipamento. ✓ Manter a unidade desconectada da rede elétrica durante o abastecimento de água. Não

ultrapassar o nível máximo de enchimento do tanque. ✓ Nunca tocar o fio de força ou tomada com as mãos molhadas.

4. Métodos de utilização

Método direto: A solução é colocada no tanque e os materiais na bandeja ou cesto furado suspenso, fig. 1. Apresenta eficácia na limpeza e facilidade de operação, mas pode-se usar apenas uma solução de limpeza por vez, e toda a sujeira removida fica no tanque, que pode sofrer corrosão se soluções muito cáusticas ou ácidas forem usadas.

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Método indireto: A solução desincrostante e os instrumentais são colocados em recipientes tipo becker, fig. 2. O tanque é cheio com água e solução de limpeza para melhorar a cavitação, e a sujeira fica nos recipientes (becker) que podem ser preenchidos com soluções desincrostantes diferentes. Outra vantagem do método indireto é que os recipientes (becker) podem ser esterilizados em autoclave, evitando a contaminação cruzada de peças protéticas, aparelhos e outros dispositivos que posteriormente poderão ser utilizados por pacientes.

Em qualquer dos dois métodos pode-se utilizar aquecimento para que haja uma limpeza mais eficaz. As lavadoras ultrassônicas utilizam temperatura em torno de 65°C.

5. Tipos de limpeza

Sujeira “Leve”: Para a remoção de sujeiras “leves” (poeira, saliva, etc.) não é necessário a utilização de detergentes químicos e nem do sistema de aquecimento, devendo somente ser utilizado água. Sujeira “Média”: Para a remoção de sujeiras “médias” (gorduras, sangue, etc.) recomenda-se a utilização do sistema de aquecimento para melhor eficiência do processo. Obs.: Se você desejar reduzir o tempo de aquecimento da água, você pode colocar um pouco de água morna, mas nunca coloque água fervendo, pois a mesma causará choque térmico podendo danificar os cristais. Sujeira “Pesada”: Para remoção de sujeiras “pesadas” (cimentos, peças muito oleosas, etc.) recomenda-se a utilização do sistema de aquecimento juntamente com uma solução desincrostante de limpeza adequada (detergentes enzimáticos, desincrostantes, etc.). NOTA: Durante a limpeza, a sujeira aparece com aspecto de “fumaça”, enquanto a água vai ficando suja. Quando não aparece o aspecto de “fumaça”, o item está limpo, não sendo necessário um tempo maior. Se a água estiver suja, troque a água e inicie um novo ciclo.

6. Manutenção e sugestões ✓ Limpar regularmente o tanque e trocar frequentemente a solução de limpeza para

aumentar a eficácia, sendo aconselhado o uso de solução desincrostante enzimática para melhor eficácia. Gualter Nunes A cada troca de líquido deve ser feito um ciclo de 180 segundos (sem instrumentais) com a finalidade de eliminar possíveis bolhas de ar (processo de desgaseificação) que poderão comprometer a eficácia na primeira lavagem;

✓ É desaconselhável o uso de líquidos com grande concentração ácida e/ou com temperatura superior a 65ºC;

✓ Usar sempre os acessórios como o cesto ou o becker, para que o material não fique no fundo do tanque;

✓ Manter o aparelho desligado para a troca de líquidos e principalmente quando não estiver em funcionamento;

✓ Evitar o depósito de sujeira no fundo do tanque durante um período prolongado de tempo. Esta sujeira poderá diminuir o efeito da cavitação ultrassônica. Não usar o tanque de ultrassom em locais com muito pó. O acúmulo de pó pode interferir no funcionamento normal do aparelho;

✓ Evitar que o equipamento permaneça com água por períodos longos quando não estiver sendo utilizado;

✓ Não limitar a ventilação. Ela deve ser adequada com a finalidade de evitar superaquecimento do equipamento;

✓ A limpeza ultrassônica é muito eficaz para materiais duros, mas menos eficaz para materiais moles e porosos.

ACONDICIONAMENTO 1. Para autoclave

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Embalagens - deverá ser em envelopes de papel grau cirúrgico, caixas de alumínio, inox ou acrílico, totalmente perfuradas, com forração interna de campo de algodão simples e embaladas externamente em campo de algodão duplo, papel grau cirúrgico ou papel crepado.

Embalagem autoselante grau cirúrgico Rolo grau cirúrgico Caixa de inox perfurada

Seladora automática - Aparelho para selar (fechar) as embalagens com instrumentais para serem colocados na autoclave.

Técnica para empacotamento de material e instrumental em autoclave utilizando grau cirúrgico ou tecido de algodão duplo:

ATIVIDADES PRÁTICAS RELACIONADAS: Lavagem e secagem e empacotamento de equipamentos e instrumentais.

ESTERILIZAÇÃO Esterilização é o processo que promove completa eliminação ou destruição de todas as formas de microrganismos presentes. O processo de esterilização pode ser físico ou químico. Procedimentos indicados para a esterilização do instrumental utilizado na prática odontológica:

MÉTODO TEMPERATURA TEMPO

Autoclave: - por gravidade - por autovácuo

121ºC 134ºC

20 minutos 4 minutos

Químico: Imersão em solução aquosa

deglutaraldeido a 2%.

10 horas

1. Processo Físico: Autoclave Autoclave é um aparelho que utiliza calor úmido sob pressão para esterilização de instrumentais.

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Para comprovar a eficácia do processo de esterilização deve-se fazer periodicamente o teste biológico utilizando-se uma mini incubadora.

Autoclave Mini incubadora Teste Biológico Suporte para embalagens

Durante o processo de esterilização em autoclave é importante observar a disposição dos artigos dentro da câmara. Os pacotes devem ser posicionados de maneira que o vapor possa fluir para todos os itens. Deve-se respeitar um espaçamento de 2,0 a 2,5 cm entre todos os pacotes, e destes para as paredes do aparelho. O volume do material não pode ultrapassar 80% da capacidade do aparelho. Gualter Nunes Os pacotes maiores devem ser posicionados na parte inferior da câmara; e os menores por cima, para facilitar o fluxo do vapor.

2. Processo Químico: A esterilização por processo químico pode acontecer por meio líquido (Glutaraldeido) ou gasoso (Óxido de Etileno).

Os itens que não podem ser repetidamente submetidos ao processo de esterilização pelo calor e que não sejam descartáveis têm no glutaraldeido a 2%, a melhor alternativa como esterilizante de imersão, devendo o instrumento permanecer em contato com o produto durante 10 horas, quando se pretende esterilizar; e durante trinta minutos, quando o objetivo final é a desinfecção. É fundamental seguir as instruções do fabricante.

Vencido o tempo de esterilização, o material deverá ser colocado em recipiente de metal esterilizado, para lavagem com soro fisiológico ou água destilada esterilizada.

O quadro a seguir apresenta a indicação dos métodos de esterilização para os diferentes materiais e instrumental odontológicos:

MATERIAL TIPO DE MATERIAL PROCESSO

Brocas Aço, carbide, tungstênio Autoclave

Instrumental de endodontia Aço, inox e outros Autoclave

Moldeiras resistentes ao calor Alumínio ou inox Autoclave

Moldeiras não resistentes ao calor Cera ou plástico Agentes químicos

Instrumental Aço Autoclave

Bandejas ou caixas Metal Autoclave

Discos e brocas de polimento Borracha Agente químico

Pedra Autoclave

Placas e potes Vidro Autoclave

ATIVIDADES PRÁTICAS RELACIONADAS: Esterilização em autoclave.

3. Testes de eficiência do processo de esterilização A eficiência do processo de esterilização deve ser comprovada através de testes físicos, químicos

e biológicos: ✓ Testes físicos: compreendem o desempenho do equipamento e envolvem a observação

de parâmetros, como a leitura da temperatura e pressão durante a fase de esterilização, e a utilização de manômetros e registradores do equipamento.

✓ Testes químicos: consistem em tiras de papel impregnadas com tinta termocrômica que altera a coloração quando exposta à temperatura por tempo suficiente.

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✓ Testes biológicos: constituem-se de tiras de papel impregnadas com um milhão de esporos, que, depois de secos em temperatura ambiente, são colocados em envelopes de papel ou tubos de polipropileno com tampa permeável ao vapor. A prova de destruição dos esporos, após a sua exposição ao ciclo de esterilização, é usada para inferir que todos os microrganismos expostos às mesmas condições foram destruídos.

ATIVIDADES PRÁTICAS RELACIONADAS: Teste Biológico de Esterilização.

ARMAZENAMENTO

Os artigos esterilizados devem ser armazenados em condições adequadas, evitando-se a

contaminação. O local de estocagem deve ser limpo, protegido do meio externo e utilizado exclusivamente para este fim. Nessas condições, a esterilidade é preservada por sete dias. Ultrapassado esse período, o instrumental deverá ser submetido novamente, a todas as etapas de tratamento. DESINFECÇÃO POR PROCESSO QUÍMICO Desinfecção: é um processo que elimina microrganismos patogênicos de seres inanimados, sem atingir necessariamente os esporos. Esse processo só deve ser indicado na impossibilidade de submeter o artigo ao processo de esterilização. Desinfecção de alto nível - é um processo de curta duração (30 minutos), no qual se consegue a destruição de todas as formas de vida, exceto esporos, utilizando agente químico esterilizante. Desinfecção de nível intermediário - é o processo no qual se consegue a destruição da maioria dos microrganismos, mas não todos os vírus, nem os esporos. Desinfecção de nível baixo - é o processo de destruição de poucos microrganismos. Quanto ao uso de produtos químicos para esterilização, deve-se seguir rigorosamente todas as especificações do fabricante, quanto a forma de uso, o tempo que o material deve permanecer em contato com o material a que se deseja esterilizar.

1. Cuidados com as superfícies

Considerando-se que um grande número de superfícies operatórias pode ser respingado por sangue, saliva e outras secreções, torna-se claro que o uso de desinfetantes constitui uma das principais etapas de assepsia efetiva. A limpeza e desinfecção das superfícies operatórias fixas e partes expostas do equipamento reduz, significativamente, a contaminação cruzada ambiental. Para tanto, o produto químico escolhido deve realizar, efetivamente, as funções de descontaminação/desinfecção.

O hipoclorito de sódio a 1%, iodóforos e fenóis sintéticos são os melhores produtos a serem utilizados na etapa de desinfecção. A solução de hipoclorito de sódio não deve ser aplicada sobre superfícies metálicas e mármores, ela apresenta ação corrosiva sobre metais, e descolorante sobre o mármore. Ademais, devido ao seu baixo custo, é recomendável usar o hipoclorito de sódio em todas as superfícies não metálicas; já o fenol sintético causa despigmentação irreversível da pele, e, portanto, deve ser utilizado com cuidado.

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Os desinfetantes de imersão, como o glutaraldeído, não devem ser utilizados como desinfetantes de superfícies, devido às suas características de toxicidade, e o seu alto custo para esta aplicação.

Sobre superfícies que não podem ser descontaminadas facilmente, indica-se o uso de coberturas descartáveis, ou seja, barreiras de proteção.

As pontas (alta e baixa rotação e seringa tríplice) devem ser limpas com água e sabão, antes da esterilização. Quando a esterilização não pode ser realizada, todas as pontas devem ser lavadas, desinfetadas e posteriormente encapadas com filme de PVC transparente. A esterilização ou desinfecção deve ser realizada após o atendimento de cada paciente. Gualter Nunes Recomenda-se que o mesmo seja feito com o espaldar da cadeira, mesa auxiliar e todas as superfícies com as quais o profissional mantenha contato. Nessas superfícies, o filme de PVC também deverá ser trocado a cada paciente.

Para desinfecção de bancadas, móveis e equipamentos com superfícies não metálicas, é adequada a fricção com álcool etílico a 77% volume - volume que corresponde a 70% em peso/volume, com tempo de exposição de 10 minutos (3 aplicações), conforme descrito na norma de processamento de artigos e superfícies em estabelecimentos de saúde, MS/94. Quanto à limpeza de paredes e pisos, recomenda-se o uso de água e sabão.

2. Principais Produtos Químicos Utilizados

a. Glutaraldeído ✓ Não é indicado para a desinfecção de superfície, pois evapora rapidamente. ✓ Tem baixa tensão superficial o que facilita a sua atuação. ✓ Não se inativa frente aos materiais orgânicos, não é corrosivo e não degrada plásticos

e borrachas. ✓ Provoca descoloração em instrumentos e brocas de aço carbono, sem alterar o seu

corte. ✓ Devido à toxicidade deve ser manipulado com luvas e máscaras

e em ambientes arejados. ✓ Provoca dispnéia, irritação, tonturas e é alergeno. A exposição ao

seu vapor a 0,3 ppm causa irritação dos olhos e da mucosa nasal. ✓ O produto pode causar dermatite de contato. ✓ Pode ser tanto desinfetante como esterilizante dependendo do

tempo de uso. ✓ O glutaraldeído em solução à 2%, em temperatura a 25ºC, por 20

minutos age como desinfetante e por 10 horas age como esterilizante.

b. Compostos fenólicos ✓ Compostos fenólicos são álcoois aromáticos derivados do fenol. ✓ São venenos protoplasmáticos. ✓ Possuem espectro amplo de atuação. São fungicidas, bactericidas, virucidas e tuberculicidas, mas fracos esporicidas. ✓ Estão entre os desinfetantes de escolha para descontaminar superfícies e outros itens não críticos em consultórios e laboratórios. ✓ São usados em metais, vidro, borracha e plásticos duros. ✓ Permanecem ativos mesmo após ressecamento e são reativados quando a superfície volta a ser umedecida.

✓ Devem ser usados com cuidado em clínicas de atendimento infantil, pois podem provocar hiperbilirrubinemia.

✓ São irritantes da pele

c. Hipoclorito de sódio ✓ O hipoclorito de sódio está presente na água sanitária (2 a 4% de cloro ativo) e em

outros produtos comerciais. Ex.: líquido de Dakin, hipoclorito de sódio a 0,5%, solução de Milton, hipoclorito de sódio a 1%, soda clorada e hipoclorito de sódio a 4%.

✓ Algumas águas sanitárias podem não conter a quantidade de hipoclorito de sódio o que pode comprometer sua eficácia.

✓ Podem ser apresentadas em frasco claro, apesar de a luz degradar o produto, e quando armazenadas em locais quentes apesar da temperatura alta também comprometer o produto.

✓ O líquido de Dakin, em particular, já tem algumas objeções e existe uma portaria do Ministério da Saúde que contraindica o seu uso como antisséptico.

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✓ O hipoclorito de sódio possui um amplo espectro de atividade, é barato e pode ser usado em curto tempo de atuação.

✓ Seu poder desinfetante está relacionado à sua concentração de cloro ativo expressa em partes por milhão.

✓ As soluções vão perdendo o poder com o tempo. ✓ A luz e o calor facilitam a degradação do produto. ✓ As diluições devem ser feitas paulatinamente, de acordo com o

consumo (soluções frescas). ✓ As soluções de hipoclorito de sódio não devem entrar em contato com

o formaldeído. Suas desvantagens são: instabilidade da solução preparada, degradação de plásticos e borrachas, corrosão de metais e tecidos, irritante de mucosas e pele, ser esporicida só em altas concentrações, sua ação diminui com a alteração de pH e diminui frente a material orgânico.

d. Iodóforos

✓ Iodóforos são compostos iodados associados a um surfactante (redutor de tensão superficial) e agente estabilizador para facilitar a penetração e prover uma liberação lenta do composto iodado. ✓ São classificados como desinfetantes de nível intermediário ou antissépticos, conforme o uso. ✓ O iodo simples não deve ser confundido com um iodóforo. ✓ Os iodóforos são menos irritantes aos tecidos, menos alérgenos, não mancham e se mantêm ativos por mais tempo que o iodo comum. ✓ O produto é apresentado em solução alcoólica ou aquosa e associado a um detergente. ✓ Os iodóforos são muito usados no pré-operatório, nas regiões intra e extra bucais, na prevenção de infecções. ✓ São eficientes antissépticos para as mãos reduzindo em muito a contagem

bacteriana e deixando um efeito residual que continuará agindo embaixo da luva durante o ato operatório.

✓ Dez minutos é o tempo mais comumente recomendado para a ação dos iodóforos como desinfetantes. Se forem usados em superfícies deverão permanecer durante esse tempo. Podem provocar a coloração de alguns locais.

✓ A diluição aumenta a capacidade de corroer os instrumentos de aço. Um inibidor de ferrugem deve ser associado.

✓ As soluções aquosas e detergentes devem ser acondicionadas em recipientes de cor âmbar ou opacos e protegidos da luz e calor.

✓ As soluções alcoólicas devem ser armazenadas em frascos transparentes.

e. Ácido peracético ✓ O ácido peracético é um líquido incolor, com odor intenso,

solúvel em água, instável, disponível comercialmente nas concentrações de 35% a 40%, que se decompõem gerando oxigênio, ácido acético, peróxido de hidrogênio e água.

✓ É efetivo na presença de matéria orgânica, ✓ Pode corroer certos materiais. Ex. cobre, latão, aço, bronze,

alumínio e materiais galvanizados. ✓ Pode provocar lacrimejamento e bolhas na pele se manipulado

sem proteção. ✓ Esteriliza em 5 horas, a 25 °C e pode ser reutilizado por 5 dias.

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Capítulo 3 - Rotinas de Biossegurança nas Clínicas Odontológicas

PROCEDIMENTOS NO INÍCIO DO TRATAMENTO

1. Lavar as mãos;

2. Colocar gorro, máscara, óculos de proteção e jaleco;

3. Limpar e desinfetar as pontas de alta e baixa rotação, seringa tríplice, pontas do aparelho fotopolimerizador, bem como todas as partes do equipo de toque frequente;

4. Colocar a caneta em movimento, por 30 segundos;

5. Proteger as pontas e as áreas de toque frequente com coberturas descartáveis;

6. Colocar um saco plástico (de sanduíche) individual no porta-detrito;

7. Colocar instrumentos estéreis empacotados em grau cirúrgico na bandeja esterilizada;

8. Instrumentos esterilizados devem ser mantidos em caixas fechadas, até serem usados;

9. Lavar novamente as mãos;

10. Colocar luvas de látex descartáveis ou estéreis, escolhidas de acordo com o procedimento a ser realizado; e

11. Durante o atendimento, evitar tocar outras superfícies com a luva contaminada. Caso haja necessidade, usar sobreluvas de plástico descartáveis.

Procedimento entre pacientes (Limpeza Intercorrente ou Concorrente)

1. Retirar e descartar as luvas; 2. Lavar as mãos; 3. Colocar a luva de limpeza; 4. Colocar a caneta de alta rotação em movimento, por 15 segundos; 5. Retirar as coberturas descartáveis; 6. Retirar o saquinho de lixo do portadetritos; 7. Remover os instrumentos cortantes e colocá-los em um recipiente próprio; 8. Limpar e desinfetar a cuspideira 9. Retirar o sugador e colocar substância desinfetante no sistema de sucção; 10. Desinfetar as superfícies 11. Retirar os instrumentos usados e colocar em solução de pré-lavagem. 12. Retirar as luvas de limpeza; 13. Colocar novas coberturas - nova bandeja e instrumentos estéreis; e 14. Lavar as mãos e colocar um novo par de luvas.

As recomendações devem ser seguidas rotineiramente, no cuidado de todos os pacientes. Procedimentos no final do dia (Limpeza Final ou Terminal)

1. Repetir os procedimentos da etapa "entre pacientes (Limpeza Concorrente); 2. Lubrificar e colocar a caneta de alta rotação em movimento, por 30 segundos; 3. Desinfetar as pontas; 4. Lavar as bandejas e instrumentais, secar, acondicionar e colocar para esterilizar; 5. Desinfetar cuspideira e sugador; 6. Retirar o avental; 7. Retirar as luvas e descartá-las, sempre e logo após o procedimento;

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8. Lavar as mãos; 9. Não preencher fichas, abrir portas ou tocar em qualquer superfície contaminada de luvas; 10. Lembrar que a máscara também está contaminada, após o atendimento. Não tocar na

parte frontal da máscara com as mãos desprotegidas, nem deixá-la pendurada no pescoço após o atendimento ou no final do dia; e

11. Colocar luvas grossas de borracha antes de iniciar os procedimentos de limpeza e desinfecção.

USO DE BARREIRAS NAS SUPERFÍCIES É mais fácil, mais seguro e mais correto evitar a contaminação com o uso de barreiras, que descontaminar uma superfície suja, ou tentar eliminá-la depois que ocorreu ou pretender que o processo de desinfecção mate todos os microrganismos que se acumularam sobre a superfície desprotegida (SCHAEFER, 1994).

1. Materiais ✓ Folha de alumínio. ✓ Plástico. ✓ PVC.

2. Uso em áreas de alto toque e/ou difíceis de limpar/desinfetar

✓ interruptor da cadeira; ✓ encosto da cabeça da cadeira; ✓ alça e interruptor do refletor; ✓ gavetas e seus puxadores; ✓ mangueiras; ✓ cabeça, alça e disparador do raio X; ✓ seringa tríplice; ✓ mocho; ✓ cabos de espelho (não odontológico).

COBERTURAS OU BARREIRAS COM TECIDOS ESTÉREIS (CAMPOS CIRÚRGICOS) Coberturas com tecidos estéreis deverão ser usados em áreas passíveis de contaminação principalmente em atos cirúrgicos. Os campos são preferíveis ao uso de cubetas metálicas, por permitirem uma melhor organização do material cirúrgico. Os tecidos poderão ser descartáveis ou não. Tanto uns como outros, devem ser esterilizados com o uso de autoclave ou óxido de etileno.

ATIVIDADES PRÁTICAS RELACIONADAS: Limpeza concorrente e terminal;

Colocação de barreiras de superfícies.

USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPIs)

São dispositivos físicos que devemos usar para evitar o contato direto, ou através de aspersões (aerossóis, gotículas ou borrifos) com os microrganismos durante os procedimentos odontológicos. Gualter Nunes. Protegem as estruturas anatômicas sob risco de serem fontes de contaminação. Devem ser usadas exclusivamente nas áreas de trabalho. Art. 36 da Res.15, de 18-01-99: Os estabelecimentos de assistência odontológica devem possuir os seguintes equipamentos de proteção individual: luvas para atendimento clínico e cirúrgico, que

deverão ser descartadas após o atendimento de cada paciente; avental de manga longa para proteção, máscara tripla ou PFF2 (tipo N95), óculos de proteção com barreira lateral e gorro descartável.

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Exemplos de riscos preveníeis pelos EPIs:

Veículo Doenças Sintomatolgia

Aerossóis

Tuberculose Tosse, febre, escarro

Varicela ou herpes zoster Exantema vesicular

Sarampo, rubéola Exantema maculo-papular

Gotículas

Coqueluche Tosse

Caxumba Sialoadenomegalia, febre

Rubéola Exantema-papular

Meningite Cefaléia, febre, rigidez cervical

Contato Rotavírus, salmonela Diarréia aguda

Herpes simples Ulcerações crostosas peribucais

1. Luvas

Sempre que houver possibilidade de contato com sangue, saliva contaminada por sangue, contato com a mucosa ou com superfície contaminada, o profissional deve utilizar luvas. As luvas estão disponíveis, no comércio, em 6 tipos:

✓ luvas cirúrgicas de látex estéreis; ✓ luvas descartáveis de látex; ✓ luvas descartáveis de nitrilo; ✓ luvas descartáveis de vinil; ✓ sobreluvas de PVC; ✓ luvas para limpeza geral de borracha grossa.

a. Normas na utilização de luvas

✓ NÃO devem ser utilizadas fora das áreas de tratamento. ✓ Devem ser trocadas entre os tratamentos dos pacientes. ✓ A parte externa das luvas NÃO deve ser tocada na sua remoção. ✓ Devem ser checadas quanto a presença de rasgos ou furos antes e depois de

colocadas, devendo ser trocadas, caso isso ocorra. ✓ Se as luvas se esgarçarem ou rasgarem durante o tratamento de um paciente elas

devem ser removidas e eliminadas, lavando-se as mãos antes de re-enluvá-las. ✓ Se ocorrerem acidentes com instrumentos perfurocortantes, as luvas devem ser

removidas e eliminadas; as mãos devem ser lavadas e o acidente comunicado. ✓ Superfícies ou objetos fora do campo operatório NÃO podem ser tocados por luvas

usadas no tratamento do paciente. Recomenda-se a utilização de sobreluvas ou pinças esterilizadas.

✓ Em procedimentos cirúrgicos demorados ou com sangramento intenso, está indicado o uso de dois pares de luvas.

✓ Luvas usadas não devem ser lavadas ou reutilizadas.

b. Técnica para colocação de Luvas Esterilizadas Colocar o pacote sobre uma mesa ou superfície lisa, abrindo-o sem contaminá-lo. Expor as luvas de modo que os punhos fiquem voltados para si. ✓ Retirar a luva esquerda (E) com a mão direita, pela

dobra do punho. Levantá-la, mantendo-a longe do corpo, com os dedos da luva para baixo. Introduzir a mão esquerda, tocando apenas a dobra do punho.

✓ Introduzir os dedos da mão esquerda enluvada sob a dobra do punho da luva direita (D). Calçar a luva direita, desfazendo a seguir a dobra até cobrir o punho da manga do avental.

✓ Colocar os dedos da mão D enluvada na dobra do punho da luva E, repetindo o procedimento acima descrito.

✓ Ajustar os dedos de ambas as mãos. ✓ Após o uso, retirar as luvas puxando a primeira pelo

lado externo do punho, e a segunda pelo lado interno.

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ATIVIDADES PRÁTICAS RELACIONADAS: Técnica de colocação de luvas cirúrgica.

2. Máscaras

Durante o tratamento de qualquer paciente, deve-se usar máscara na face para proteger as mucosas nasais e bucais da exposição ao sangue e saliva. A máscara deverá ser descartável e apresentar camada dupla ou tripla, para filtração eficiente.

a. Normas para utilização de Máscara ✓ As máscaras devem ser colocadas após o gorro e antes dos óculos de proteção. ✓ As máscaras devem adaptar-se confortavelmente à face, sem tocar lábios e narinas. ✓ Não devem ser ajustadas ou tocadas durante os procedimentos. ✓ Devem ser trocadas entre os pacientes e sempre que se tornarem úmidas, quando dos

procedimentos geradores de aerossóis ou respingos, o que diminui sua eficiência. ✓ Não devem ser usadas fora da área de atendimento, nem ficar penduradas no pescoço. ✓ Devem ser descartadas após o uso. ✓ As máscaras devem ser removidas enquanto o profissional estiver com luvas. Nunca

com as mãos nuas. ✓ Para sua remoção, as máscaras devem ser manuseadas o mínimo possível e somente

pelos bordos ou cordéis, tendo em vista a pesada contaminação. ✓ Uso de protetores faciais de plástico NÃO exclui a necessidade da utilização das

máscaras. ✓ Máscaras e óculos de proteção não são necessários no contato social, tomada da

história clínica, medição da pressão arterial ou procedimentos semelhantes.

3. Óculos de Proteção a. Normas para utilização de Óculos

✓ Óculos de proteção com vedação lateral ou protetores faciais de plástico, devem ser usados durante o tratamento de qualquer paciente, para proteção ocular contra acidentes ocupacionais (partículas advindas de restaurações, placa dentária, polimento) e contaminação proveniente de aerossóis ou respingos de sangue e saliva.

✓ Os óculos de proteção também devem ser usados quando necessário no laboratório, na desinfecção de superfícies e manipulação de instrumentos na área de lavagem.

✓ Óculos e protetores faciais não devem ser utilizados fora da área de trabalho. Devem ser lavados desinfetados quando apresentarem sujidade.

4. Aventais

Sempre que houver possibilidade de sujar as roupas com sangue ou outros fluidos orgânicos, devem ser utilizadas vestes de proteção, como aventais reutilizáveis ou descartáveis. Avental não estéril - usado em procedimentos semicríticos e não críticos, de preferência de cor clara, gola alta do tipo "gola de padre", com mangas que cubram a roupa e comprimento 3/4, mantido sempre abotoado.

Avental estéril - usado em procedimentos críticos, vestido após o profissional estar com o EPI e ter realizado a degermação cirúrgica das mãos. Deve ter fechamento pelas costas, gola alta tipo "gola de padre", com comprimento cobrindo os joelhos e mangas longas com punho em elástico ou ribana. a. Normas para utilização de Aventais ✓ Avental fechado, com colarinho alto e mangas longas é o que oferece a maior proteção. ✓ Os aventais devem ser trocados pelo menos diariamente, ou sempre que contaminados por fluidos corpóreos. ✓ Os aventais utilizados devem ser retirados na própria clínica e, com cuidado, colocados em sacos de plástico, para o procedimento posterior (limpeza ou descarte). Com essa atitude, evita-se a veiculação de microrganismos da clínica para outros ambientes, inclusive o doméstico.

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5. Gorros Os cabelos devem ser protegidos da contaminação de aerossóis e gotículas de sangue e saliva, principalmente quando de procedimentos cirúrgicos, com a utilização de gorros descartáveis, que devem ser trocados quando houver sujidade visível.

6. Sapatos Os sapatos devem ser antiderrapantes e impermeáveis, fechados, cobrindo o peito do pé. ACIDENTES OCUPACIONAIS Os acidentes com materiais perfurocortantes são muito comuns e deve-se procurar o mais rápido possível atendimento médico (atendimento de emergência). Os principais patógenos envolvidos são os vírus HIV e Hepatite. Pesquisas científicas demonstram que o risco de infecção para HIV é de 0,3%, e o da Hepatite é de 1,8%, decorrentes de acidentes com material contaminado.

1. Recomendações em caso de Acidente Se o acidente ocorrer na pele, lavar abundantemente com água e sabão, ou com o antisséptico; se na mucosa, lavar abundantemente com água ou soro fisiológico. Evitar o uso de substâncias cáusticas como hipoclorito de sódio e não provocar maior sangramento do local ferido, por serem atitudes que aumentam a área lesada e, consequentemente, a exposição ao material infectante. Após a exposição ocupacional as medidas específicas para a prevenção do HIV incluem a recomendação de quimioprofilaxia com antirretrovirais, baseada em uma avaliação criteriosa sobre o risco de transmissão, definida entre o trabalhador acidentado e o médico responsável. Já para a hepatite B a principal medida preventiva é a imunização. A vacina tornou-se disponível em 1981. As medidas preventivas para a exposição à hepatite C se restringem única e exclusivamente à utilização das precauções do tipo barreira. O melhor que temos a fazer é prevenir-se contra acidentes. Os dois procedimentos que geram maior número de acidentes são:

✓ o ato de reencapar agulha já utilizada. Não devemos reencapar as agulhas. ✓ a remoção da lâmina de bisturi do cabo. Devemos retirá-la com a ajuda de um porta-

agulha e descartá-la imediatamente. BIOSSEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO DE RADIOISÓTOPOS O aparelho de raios-X emite radiação ionizante. Os estabelecimentos que possuem aparelhos de raios-X, devem cadastrá-lo anualmente junto com a renovação do Cadastro Municipal de Vigilância Sanitária (CMVS). Este é o único equipamento que o Cirurgião Dentista deve cadastrar junto a CMVS. Além do cadastro, o estabelecimento deve manter sempre atualizados os laudos radiométricos e de controle de qualidade que são válidos por 4 e 2 anos respectivamente. Estes laudos devem estar à disposição da autoridade sanitária quando solicitados. Lembramos também da necessidade de possuir equipamentos de proteção plumbífera em bom estado de conservação. BIOSSEGURANÇA NO DESCARTE DE PRODUTOS ODONTOLÓGICOS O lixo putrescível contaminado, as agulhas e os instrumentos com potencial perfurocortante devem ser acondicionados em embalagens rígidas dotadas de tampas que impeçam o vazamento. Se a embalagem for impermeável, pode-se introduzir hipoclorito de sódio a 10% no seu interior, assim o lixo torna-se desinfetado. As caixas de descarte (cor amarela e com o símbolo de Biossegurança) servem exclusivamente para descarte de material perfurocortante (ex. agulhas e lâminas de bisturi). Não devem ser preenchidas totalmente. Há indicações nas caixas a esse respeito. As agulhas não devem ser reencapadas, encurvadas ou quebradas propositadamente. Todo o lixo descartável deve ser identificado com as etiquetas de risco de biossegurança que deverá ter o símbolo internacional deste risco e dístico de advertência.

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Lixo sólido contaminado sem risco de injúrias mecânicas deve ser acondicionado em sacos plásticos de polietileno branco-leitoso com simbologia de material infectante (símbolo da Biossegurança). Lixo químico: embalados em recipientes resistentes, identificados. Soluções reveladoras e fixadoras, restos de amalgama (mercúrio) e lâminas de chumbo do filme radiográfico são recolhidos separadamente. Após cada período clínico deve ser recolhido todo resíduo das lixeiras e devem ser acondicionados em saco plástico branco leitoso, com símbolo infectante e posteriormente lacrado. Os amalgamadores foram desenvolvidos para auxiliar as atividades clínicas, porém, se ocorrer algum vazamento de mercúrio, este deverá ser recolhido imediatamente, abrir portas e janelas para aumentar a ventilação do local, o piso deverá ser limpo, lavado e encerado, para evitar que o mercúrio penetre nas irregularidades do piso. Os resíduos de amálgama devem ser dispensados em um recipiente inquebrável, de tampa larga, e com uma lâmina de água sobre o resíduo. MÉTODO, FREQUÊNCIA E PRODUTOS DE LIMPEZA E/OU DESINFECÇÃO DE SUPERFÍCIES, DE EQUIPAMENTOS E EM ÁREAS/LOCAIS DOS ESTABELECIMENTOS DE ASSISTÊNCIA ODONTOLÓGICA

TIPO DE MATERIAL E MÉTODO PARA PROCESSAMENTO DE ARTIGO ODONTOLÓGICO * Óxido de Etileno: Processo de Esterilização usado na Indústria

LIMPEZA DESINFECÇÃO/ DESCONTAMINAÇÃO

SUPERFÍCIE PRODUTO MÉTODO FREQUENCIA PRODUTO MÉTODO FREQUENCIA

CADEIRA ODONTOLÓGICA H2O + SABÃO FRICÇÃO APÓS USO 1) ÁLCOOL

2) HIPOCLORITO FRICÇÃO

APÓS CONTAMINAÇÃO

MOCHO ODONTOLÓGICO H2O + SABÃO FRICÇÃO DIÁRIO

REFLETOR ÁLCOOL FRICÇÃO APÓS O USO

COBRIR ALÇAS COM INVÓLUCROS APROPRIADOS

BANCADAS H2O + SABÃO FRICÇÃO DIÁRIO ÁLCOOL FRICÇÃO DIÁRIO

ESTUFA H2O + SABÃO FRICÇÃO SEMANAL

AUTOCLAVE H2O + SABÃO FRICÇÃO SEMANAL

UNIDADE AUXILIAR

(CUSPIDEIRA) ÁLCOOL FRICÇÃO APÓS O USO

APARELHO DE SUCÇÃO H2O + SABÃO SUCÇÃO DIÁRIO COBRIR A PONTA DA MANGUEIRA COM INVÓLUCRO

APROPRIADO

AP. DE SUCÇÃO (RECIPIENTE) H2O + SABÃO FRICÇÃO DIÁRIO HIPOCLORITO 20% DO VOL. RECIPIENTE

DIÁRIO

EQUIPO ODONTOLÓGICO H2O + SABÃO FRICÇÃO DIÁRIO

PONTAS (ALTA E BAIXA ROTAÇÃO,

MICROMOTOR, SERINGA TRÍPLICE) GLUTARALDEÍDO FRICÇÃO APÓS O USO

COBRIR COM INVÓLUCROS APROPRIADOS

MESA AUXILIAR ÁLCOOL FRICÇÃO APÓS O USO

COBRIR COM INVÓLUCRO APROPRIADO

COMPRESSOR H2O + SABÃO FRICÇÃO DIÁRIO

AMALGAMADOR H2O + SABÃO FRICÇÃO SEMANAL

APARELHO FOTOPOLIMERIZADOR H2O + SABÃO FRICÇÃO APÓS USO COBRIR A PONTA COM INVÓLUCRO APROPRIADO

APARELHO DE ULTRA SOM H2O + SABÃO FRICÇÃO APÓS USO COBRIR A PONTA COM INVÓLUCRO APROPRIADO

ARMÁRIOS H2O + SABÃO FRICÇÃO DIÁRIO

RALOS H2O + SABÃO FRICÇÃO SEMANAL

PIAS/ SIFÃO H2O + SABÃO FRICÇÃO DIÁRIO

PISOS H2O + SABÃO FRICÇÃO DIÁRIO

ARTIGO TIPO DE MATERIAL

MÉTODO 1ª OPÇÃO 2ª OPÇÃO

INSTRUMENTAL METAL ESTERILIZAÇÃO AUTOCLAVE ESTUFA

CAIXAS METAL ESTERILIZAÇÃO AUTOCLAVE ESTUFA

BANDEJAS METAL ESTERILIZAÇÃO AUTOCLAVE ESTUFA

BROCAS METAL ESTERILIZAÇÃO AUTOCLAVE ESTUFA

LIMAS ENDODÔNTICAS METAL ESTERILIZAÇÃO AUTOCLAVE ESTUFA

PONTAS POLIMENTO METAL / PEDRA ESTERILIZAÇÃO AUTOCLAVE ESTUFA

MOLDEIRAS

BORRACHA ESTERILIZAÇÃO AUTOCLAVE GLUTARALDEIDO

METAL ESTERILIZAÇÃO AUTOCLAVE ESTUFA

PLÁSTICO ESTERILIZAÇÃO AUTOCLAVE GLUTARALDEIDO

MEDICAMENTOS PÓ ESTERILIZAÇÃO AUTOCLAVE ---------------------

ÓLEO ESTERILIZAÇÃO ESTUFA ---------------------

GAZE TECIDO ESTERILIZAÇÃO ESTUFA AUTOCLAVE

ESPELHO BUCAL ESPELHO / METAL ESTERILIZAÇÃO E.T.O.* ---------------------

PLACA/ POTE/ DAPPEN

VIDRO ESTERILIZAÇÃO AUTOCLAVE ---------------------

VIDRO DESINFECÇÃO ÁLCOOL GLUTARALDEIDO

PLÁSTICO / PVC DESINFECÇÃO ÁLCOOL GLUTARALDEIDO

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PROCEDIMENTOS INDICADOS PARA DESINFECÇÃO DE MOLDAGEM E MODELO, DE ACORDO COM MATERIAL EMPREGADO.

MATERIAL DESINFETANTE TÉCNICA TEMPO SILICONAS GLUTARALDEÍDO 2% IMERSÃO 10 MIN.

MERCAPTANAS GLUTARALDEÍDO 2% IMERSÃO 10 MIN.

POLIÉSTER HIPOCLORITO DE SÓDIO 1% FRICÇÃO 10 MIN.

ALGINATOS GLUTARALDEÍDO 2%

HIPOCLORITO DE SÓDIO 1% FRICÇÃO / IMERSÃO 10 MIN.

GESSO HIPOCLORITO DE SÓDIO 1% FRICÇÃO 10 MIN.

HIDROCOLÓIDE REVERSÍVEL

NÃO ENCONTRADO ATÉ O MOMENTO ------------------- -------------------

MATERIAL E PROCEDIMENTO INDICADO PARA USO DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDICIDUAL (EPI)

EPI MATERIAL PROCEDIMENTO LUVA CIRÚRGICA LÁTEX DESCARTÁVEL

LUVA DE PROCEDIMENTO LÁTEX DESCARTÁVEL

LUVA DE LIMPEZA BORRACHA DESINFECÇÃO COM ÁLCOOL

MÁSCARA DESCARTÁVEL DESCARTÁVEL

TECIDO ESTERILIZAÇÃO EM AUTOCLAVE

AVENTAL DESCARTÁVEL DESCARTÁVEL

TECIDO LAVAGEM COM ÁGUA E SABÃO

PROTETOR OCULAR PLÁSTICO DESINFECÇÃO COM ÁLCOOL OU GLUTARALDEIDO

GORRO DESCARTÁVEL DESCARTÁVEL

TECIDO LAVAGEM COM ÁGUA E SABÃO

Portaria CVS Nº 11, de 04/07/1995.

ATIVIDADES PRÁTICAS RELACIONADAS: Sequência correta de trabalho do ASB.

Sites para Pesquisa e Vídeos indicados pelo professor: ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Referências Bibliográficas:

1. CENTRO DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA- Portaria CVS-11, de 04/07/95. 2. Classificação de risco dos agentes biológicos / Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência,

Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento do Complexo Industrial e Inovação em Saúde. – 3. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2017. 48 p.

3. Controle de Infecções e a Prática Odont. em tempos de AIDS / Manual de Condutas / Ministério da Saúde 2000.

4. Manual de Biossegurança da Universidade do Rio de Janeiro, Faculdade de Odontologia. 5. Manual de Biossegurança Odontol. da Faculdade de Odontologia de Bauru FOBUSP / maio de

2006. 6. Portaria MTE n.º 485, de 11 de novembro de 2005 / NR 32 - SEGURANÇA E SAÚDE NO

TRABALHO EM SERVIÇOS DE SAÚDE 7. Princípios de Biossegurança em Odontologia / Departamento de Odontologia da Universidade de

Taubaté / Faculdade de Odontologia de São José dos Campos/ UNESP. 8. Serviços Odontológicos/ Prevenção e Controle de Riscos / Ministério da Saúde / Anvisa. 9. Técnico em Higiene Dental e Auxiliar de Consultório Dentário / Perfil de Competências

Profissionais / Ministério da Saúde / Brasil Sorridente 2004.