Capítulo 3 Infiltração e condutividade hidráulica...

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Infiltra;’ao e dry wel Capitulo 3- Infiltração e condutividade hidráulica K. Engenheiro Plínio Tomaz 22 de agosto de 2011 [email protected] 3-1 Capítulo 3 Infiltração e condutividade hidráulica K “Uma pessoa sobrevive cerca de um mês sem comida, mas apenas uma semana sem água”. Tucci, 2002, Inundações urbanas na América do Sul.

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Capítulo 3Infiltração e condutividade hidráulica K

“Uma pessoa sobrevive cerca de um mês sem comida, mas apenas uma semana sem água”.Tucci, 2002, Inundações urbanas na América do Sul.

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SUMÁRIO

Ordem Assunto

Capítulo 3 - Infiltração e condutividade hidráulica K3.1 Introdução3.2 Infiltração3.3 Porosidade total (η)3.4 Porosidade efetiva ηe3.5 Grau de saturação (S)3.6 Definição gravimétrica da umidade ()3.7 Definição volumétrica da umidade ()3.8 Peso específico aparente seco (s)3.9 Lei de Darcy

3.10 Modelos para infiltração3-11 Método do SCS (Soil Conservation Service)3.12 Método de Horton3.13 Métodos para medir a infiltração3.14 Infiltrômetro de duplo anel3.15 Slug test3.16 Estimativas de taxas de infiltração3.17 Coeficiente de infiltração segundo NBR 7229/933.18 Faixa de variação de areia e britas3.19 Simulador de chuva3.20 Bibliografia e livros consultados

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Capítulo 3 - Infiltração e condutividade hidráulica K

3.1 IntroduçãoVamos apresentar informações básicas sobre infiltração e condutividade hidráulica.

3.2 InfiltraçãoA infiltração é o processo pelo qual a água das chuvas, da neve derretida ou da irrigação penetra nas

camadas superficiais do solo e se move para baixo em direção ao lençol d’água (Rawls, et al in Maidment,1993). A infiltração é um fenômeno complexo, difícil de ser determinado com exatidão e que varia no tempo eno espaço.

A infiltração também é chamada de exfiltração, nome este que não é muito usado.

Parâmetros da infiltraçãoVamos definir alguns parâmetros importantes, tais como: porosidade, grau de saturação e umidade.

3.3 Porosidade total (η)É a relação entre o volume de vazios (Vv) e o volume da amostra (V).

η= Vv /V

3.4 Porosidade efetiva ηeηe = Vd/Vηe= porosidade efetiva, também chamado de Specific yield (Todd, 1980)Vd = volume de água drenada por gravidadeV= volume totalA porosidade efetiva da mesma forma que a porosidade total é uma grandeza adimensional e pode

ser expressa em porcentagem.A quantidade de água retida por unidade de volume do material é denominada de retenção especifica

Re, também chamada de capacidade de campo, pelos profissionais que trabalham com irrigação, conformeJaime Cabral - Movimento de águas subterrâneas in Hidrogeologia, 1997. Uma mistura de areia e pedregulhoapresenta porosidade total de 20% a 35%.

Tabela 3.1 - Porosidade típica de alguns materiais mais usadosMaterial Porosidade

(%)Pedras britadas (Blasted rock) 30Pedras britadas uniformemente graduadas 40 (mais usado)Pedras graduadas maiores que ¾”(19mm) 30Areia 25Pedregulho 15 a 25Fonte: Urbonas, 1993

3.5 Grau de saturação (S)É a relação entre o volume de água (Va) e o volume de vazios (Vv) de uma amostra.

S= Va/ Vv

3.6 Definição gravimétrica da umidade ()É a relação entre o peso da água (Ww) e o peso da água mais o peso do solo (W t)

= Ww /Wt3.7 Definição volumétrica da umidade ()

É a relação entre o volume da água (Ww) e o volume da água mais o volume do solo (W t)= Ww / Wt

3.8 Peso específico aparente seco (s)É a relação entre o peso do solo seco (Ps) e o volume da amostra (V).

s= Ps/V

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3.9 Lei de DarcyEm 1856 estudando a permeabilidade na zona saturada, Henry Darcy concluiu que para um filtro de

área (A) comprimento (L), conforme a Figura (3.1) vale o seguinte:

Q= K x A x (h1- h2)/L (Equação 3.1)

Q= K x A x G (Equação 3.2)

Sendo:Q= vazão constante que passa pelo cilindro (m3/s; m3/dia);h1= carga hidráulica no piezômetro 1 (m) eh2= carga hidráulica no piezômetro 1 (m) ez1= cota do ponto P1 (m)z2= cota do ponto P2 (m)L= distância entre os piezômetros 1 e 2A= área da seção transversal do cilindro (m2)H= variação da carga hidráulica entre os piezômetros 1 e 2K= condutividade hidráulica (m/s; m/h; mm/h; m/dia)G= gradiente hidráulico= (h1-h2)/L

Figura 3.1 - Esboço esquemático do dispositivo usado por DarcyFonte: Hidrogeologia - conceitos e aplicações, 1996, p.3.

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equação de Darcy só vale para regime laminar e é válida para numero de Reynolds menores que 1,mas admite-se que é válida até 10. Valores maiores do número de Reynolds acontecem em aquiferosfraturados em próximo de bombeamento no poço confomre Bedient, et al, 2008.

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Tabela 3. 2 - Condutividade hidráulica K em função do tipo de soloTipo de solo K

mm/hK

m/dia

Areia 210,06 4,96Areia franca 61,21 1,45Franco arenoso 25,91 0,61Franco 13,21 0,31Franco siltoso 6,86 0,16Franco argilo arenoso 4,32 0,10Franco argiloso 2,29 0,05Franco argilo siltoso 1,52 0,04Argila arenosa 1,27 0,03Argila siltosa 1,02 0,02Argila 0,51 0,01

Fonte: Febusson e Debo,1990 in Georgia Stormwater Manual, 2001

É importante salientar que a experiência de Darcy foi feita para a zona do solo saturado e obtido o coeficientede condutividade hidráulica da zona saturada (K). Na Tabela (3.2 temos os valores de K em função do tipo desolo.

Expandindo-se o conceito da lei de Darcy, existe a condutividade hidráulica para a zona não saturada,cujo valor é inferior ao da condutividade hidráulica da zona saturada. Existe ainda o conceito de condutividadehidráulica vertical e horizontal, sendo que a condutividade horizontal é maior que a vertical.

Podemos entender a diferença de cargas hidráulicas (h1-h2) dividida pelo comprimento L, como sendoa taxa de perda por unidade de comprimento, o que recebe o nome de gradiente hidráulico (Hidrogeologiabásica, 1996).

Explicações sobre o gradiente da Lei de DarcyQuando examinamos o fundo de uma bacia de infiltração com fundo plano o

gradiente é igual a 1, pois, tomando-se um elemento delta x o valor do gradiente será:G= (h1- h2)/ L e como h1-h2 é igual a L então o gradiente G será igual a 1.

Quando temos um talude de um reservatorio de 1: 2 então o gradiente hidraulicaserá o coseno do ângulo do talude.

Assim se o ângulo da talude 1:2 for de 26,6 graus, então o cos 26,6= 0,89 e ogradiente G=0,89 para o talude. Na Tabela (3.3) estão os gradientes calculados paradiversos taludes.

Quando vamos aplicar a Lei de Darcy para a parede de uma trincheira de infiltarlçãosupomos que o gradiente é igua a, isto é, G=1.

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Tabela 3.3- Gradiente para diversas declividades

Declividadedo talude1(V): Z(H)

Ângulodo

talude(º)

GradienteCos(ângulo do talude)

G1: 0,5 63,4 0,451: 1,0 45,0 0,711: 1,5 33,7 0,831: 2,0 26,6 0,891: 2,5 21,8 0,931: 3,0 18,4 0,95

Limitações da Lei de DarcyA lei de Darcy deve ser aplicada quando o escoamento é laminar, o que é usual e cujo número de

Reynolds (Re) é maior que 5 e menor que 60.5 < Re < 60

Em regiões de solos cársticos (calcáreo) ou em rochas com fraturas de grandes dimensões não podeser aplicada a Lei de Darcy.

Quando uma camada de solo tem a condutividade igual em todas as direções o meio é chamado deisotrópico e, quando há para cada direção um valor de K, então o meio é chamado de anisotrópico.

O meio isotrópico é chamado de homogêneo enquanto que o anisotrópico é chamado deheterogêneo.

A lei de Darcy pressupõe uma distribuição isotrópica onde a condutividade hidráulica é independenteda direção.

Para aplicação em meio anisotrópico a lei de Darcy pode ser aplicada com um refinamento damesma, aplicando as equações tensoriais.

A equação de Darcy só vale para regime laminar é válida para numero de Reynolds menores que 1,mas admite-se que é válida até 10. Valores maiores do número de Reynolds acontecem em aquiferosfraturados em próximo de bombeamento no poço confomre Bedient, et al, 2008.

Vê-se a discussão que existe a respeito do limite máximo de validade da Lei de Darcy. podendo seradmitido como limite até 60.

Dica: Gupta, 2008 informa que quando Re>10 o regime é turbulento e a Lei de Darcy não éaplicável o que acontece em um poço nas vizinhanças da bomba centrifuga.

Número de ReynoldsO nÚmero de Reynolds é determinado como em tubos para distinguir se o regime é laminar ou

turbulento conforme Gupta, 2008. O nÚmero de Reynolds não tem dimensoes:Re= ρ. V. d10 / µ

Sendo:Re= número de Reynolds (adimensional)V= velocidade de Darcy em cm/sd10= diâmetro da partícula que indica que 10% dos materiais é menor que o valor indicado (cm).ρ= 1 g/cm3

µ= 0,01 g/cm.s

Exemplo 2.1- De Gupta, 2008Dado um poço raso com diâmetro de 0,30m e profundidade de 25m com filtros que atinge toda a profundidadedo aquifero. O diâmetro d10= 1,5mm e o poço é bombeando com 0,2m3/s. Verificar a validade da lei de Darcy.

d10= 1,5mm= 0,15cmQ= S. VA= PI. 0,30 x 25m= 23,55m2

V= Q/S= 0,2/23,55= 0,0085 m/s =0,85cm/sRe= ρ. V. d10 / µ

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Re= 1x 0,85x0,15 / 0,01= 12,75Como 12,75> 10 então não se aplica a Lei de Darcy

Exemplo 2,2- De Gupta, 2008O objetivo deste exemplo é mostrar como funciona o gradiente hidráulico.Um canal corre paralelo a um rioconforme Figura (2.6). A cota do rio superior é 120ft e do canal inferior é 110 ft. A distância de um rio do outroé de 2.000ft e temos uma formação permeável com profundidade média de 30ft e condutividade hidráulicaK=0,25 ft/h. Achar a vazão por metro que corre pelo solo do canal superior para o inferior usando a Lei deDarcy.

G= (h1-h2)/L = ((120-110)/2000= 0,005

K= 0,25ft/h= 0,075m/h= 1,8 m/dia]

Area por metro:A= 30ft x 0,30 x 1,00= 9m2/m

Q= K x A x GQ= 1,8 x 9 x 0,005= 0,081 n3/dia/m

Figura 2.6- Esquema dos rios paralelosFonte: Gupta, 2008

3.10 Modelos para infiltraçãoExistem vários modelos de cálculo para a infiltração:

SCS Horton Green-Ampt Phi-Index

Iremos apresentar somente o método do SCS e Horton.

3.11 Método do SCS (Soil Conservation Service)A infiltração será q = P – Q

Sendo:q= infiltração (mm)P= precipitação (mm)Q= runoff ou escoamento superficial (mm)

(P- 0,2S)2

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Q= -------------- sendo P > 0,2 S(P+0,8S)

S= 25400/ (CN – 254)A abstração inicial Ia, em milímetros

Ia= 0,2 . S

CN= número da curva que depende da cobertura, do tipo de solo e das condições antecedentes deumidade do solo.

3.12 Método de HortonO método mais conhecido para o cálculo da infiltração segundo (Akan,1993) é o método de Horton

apresentado em 1939 e 1940.Intuitivamente podemos dizer que a infiltração geralmente é maior no início e decai ao longo do

processo até atingir um patamar constante. Horton, 1939,1940 formulou tal hipótese através de uma relaçãoexponencial válida quando o potencial de vazão de infiltração é maior ou igual a precipitação.

A relação proposta por Horton é a seguinte:

fp = ff + (f0 – ff) e(-kt) (Equação 3.3)

fp = taxa de infiltração no tempo t (cm/h).ff = taxa de infiltração mínima (cm/h)f0 = taxa de infiltração inicial (cm/h)k= constante da exponencial (/h) Nota: deve ser obtido experimentalmentet= tempo médio do intervalo (h). Nota: a unidade de t deve ser compatível com a unidade de k

Akan,1993 observa que em qualquer tempo t devemos ter:f = i se fp ≥ i (Equação 3.4)f= fp se fp < i (Equação 3.5)

Sendo:f= a taxa de infiltração no tempo (cm/h)i= a taxa de precipitação no tempo (cm/h)

A Equação (3.3) é dimensionalmente homogênea e a unidade k é o inverso da unidade do tempo t.Os parâmetros ff, f0, k devem ser obtidos em campo.

A capacidade de infiltração (f) varia com o tempo e vai decrescendo até uma taxa mínima ff que éaproximadamente a condutividade hidráulica da zona saturada que denominaremos de Ks, conforme Figura(3.2) que é menor que o valor de f0, devido ao ar que está no solo. Muitas vezes podemos supor que ff= Ks.

Existe uma relação (Kr) entre a condutividade não saturada (K) com a condutividade saturada (Ks)Kr= K/Ks

O valor da relação Kr varia de 0 a 1. Dados obtidos indicam que o valor da condutividade hidráulicanão saturada varia de 0,4Ks a 0,6 Ks sendo a média de 0,5Ks (Bouwer, 1966 in Delleur, 1999).

Figura 3.2 - Cenário típico durante a infiltraçãoFonte: Delleur, 1999.

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3.13 Métodos para medir a infiltraçãoOs mais conhecidos são: Infiltrômetro de duplo anel Infiltrômetro Método da ABNT Simulador de chuva

3.14 Infiltrômetro de duplo anel

Figura 3.3- Infiltrômetro de duplo anel.Fonte: Villela e Mattos, 1975.

Para se obter em campo os parâmetros da fórmula de Horton deve ser usado o infiltrômetro de duploanel conforme Figura (3.3) e (3.4).

Aconselha-se que seja feito um teste para cada 0,7km2, ou seja, 1 teste para cada 70ha, conformeDrenagem Urbana, 1986.

Figura 3.4 - Infiltrômetro de duplo anel conectado com aparato que mantém constante o nível de água em cadaanel.Fonte: Dingman, 2002.

Wanielista, 1997 diz que o teste com infiltrômetro deve ser feito em área menor que 2.000m2 ecuidados especiais devem ser feitos para que os mesmos sejam representativos.

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Conforme Martins e Paiva, 2001 o infiltrômetro de duplo anel consiste de dois anéis concêntricos, o demenor com 25cm de diâmetro e o maior com diâmetro de 50cm. Ambos com 30cm de altura. Devem serinstalados no solo com auxílio de marreta. Para isso, é necessário que as bordas inferiores dos anéis devemser finas, cortadas em forma de bisel, para facilitar a penetração do solo causando a menor desestruturaçãopossível.

Coloca-se água, ao mesmo tempo, nos dois anéis e, com uma régua graduada acompanha-se ainfiltração vertical do cilindro interno, em intervalos de 5, 10, 15, 20, 30, 45, 60, 90, 120min, etc, que devemser diminuídos se a velocidade de infiltração da água no solo for muito alta.

A lâmina d água no cilindro interno é maior que no cilindro externo. Isto se deve ao fato que a funçãodo cilindro externo, é apenas a orientação das linhas de corrente.

3.15 InfiltrômetroUma maneira de quantificar a infiltração é através do Infiltrômetro da Figura (3.5) que consiste em um

tubo de PV de diâmetro interno de 102mm e 4mm de espessura, com comprimento de 300mm, dentro do qualfica inserida amostra de solo indeformada do PET conforme Hirata et al, 2006.

As amostras são obtidas pela cravação direta desses equipamentos no solo, coletando-se assim omaterial sem deformá-lo consideravelmente.

Na sua extremidade inferior situa-se uma tampa afunilada (cap) receptora da água que atravessa operfil do solo e o frasco amostrador, conectado ao PVC por uma mangueira de borracha, em direção ao qualse destina a água infiltrada. A amostra é sustentada por três hastes metálicas conforme Hirata et al, 2006.

Figura 3-5 - Infiltrômetro

Hirata et al, 2006 concluíram que no aqüífero livre e raso do Parque Ecológico localizado no municípiode São Paulo, os valores da recarga representam em media 27% das precipitações ocorridas, sendo rápido oprocesso de recarga.

Concluíram que a recarga é rápida embora haja diferença na estação seca e chuvosa

3.16 Estimativas de taxas de infiltraçãoO Manual de Drenagem Urbana de Denver recomenda em estudos preliminares que sejam usadas as

taxas de infiltração da Tabela (3.3).

Tabela 3.3 - Estimativa de taxas de infiltração para estudos preliminares, recomendado pelomanual de drenagem urbana de Denver.

Período de retorno da tormenta Primeira meia hora Segunda meia hora até otérmino da tormenta

2 a 5 anos 25,4mm/h 12,7mm/h10 a 100 anos 12,7mm/h 12,7mm/h

Fonte: Drenagem Urbana, 1986

Rubem Porto, no livro de Drenagem Urbana, 1995 recomenda as seguintes estimativas dosparâmetros de Horton e que constam do software denominado ABC4 conforme Tabela (3.4).

Tabela 3.4 - Estimativa de parâmetros da fórmula de Horton

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Parâmetros dafórmula de Horton

Classificação hidrológica do solo segundo o Soil Conservation Service(SCS)

Tipo A Tipo B Tipo C Tipo D(mm/h) (mm/h) (mm/h) (mm/h)

f0 250 200 130 80ff 25 13 7 3k 2 2 2 2

Fonte: Porto, in Drenagem Urbana, 1995

Segundo McCuen, 1997 o valor de f0 é de 3 a 5 vezes o valor de ff e cita ainda que os valores de kvariam de 1/h até 20/h, enquanto que Akan,1993 cita que os valores de k variam de 0,67/h até 49/h sendoque na ausência de dados deve ser usado 4,14/h, conforme sugestão de Hubber e Dickinson, 1988.

Akan, 1993 recomenda que quando não se têm dados, pode-se estimá-los usando a Tabela (3.5).

Tabela 3.5- Estimativa da taxa de infiltração final de HortonTipo de solo ff

(mm/h)Solo argiloso com areia, silte e húmus 0 a 1,27mm/hSolo arenoso argiloso 1,27mm/h a 3,81mm/hSolo siltoso com areia, silte e húmus 3,81mm/h a 7,62mm/hSolo arenoso 7,62mm/h a 11,43mm/h

Fonte: Akan,1993

Para efeitos práticos Tucci e Gens, 1995 admitem como valor mínimo de infiltração para plano deinfiltração, ou seja, filter strip ou faixa de filtro gramada, o valor f=8mm/h, conforme Tabela (3.6).

Tabela 3.6 - Tabela de infiltraçãoTipo de solo Classificação do tipo de solo

conforme SCSInfiltração mínima

(mm/h)Areia A 50 a 200Marga B 12,7 a 25Sedimento margoso C 3,8 a 6,3Argiloso D < 1,3

Fonte: Tucci em Gens in Drenagem Urbana, 1995

Conforme pesquisas feitas por Tucci e Gens, 1995 usando simulador de chuva, foi determinado oescoamento superficial de diferentes superfícies urbanas que estão na Tabela (3.7). Observar que um chãobatido não é permeável como costumeiramente se pensa e note-se que o escoamento superficial é maior nochão batido do que em blockets e paralelepípedo novo ou antigo.

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Tabela 3.7 - Experimentos em superfícies urbanas de Genz, 1994.Superfície Declividade

(%)Coeficiente deescoamento

C

Taxa de infiltraçãofinal

(mm/h)

Precipitaçãosimulada(mm/h)

Gramado 1 a 9 0,54 a 0,68 19 a 23 110 a 142Chão batido 1,3 0,92 a 0,95 110 a 120Paralelepípedo antigo 2 a 11 0,88 a 0,95 103 a 128Paralelepípedo novo 4 0,58 a 0,63 18 a 23 114 a 124Blockets 2 0,83 a 0,85 10 a 14 116 a 127Fonte: Tucci e Gens in Drenagem, 1995.

O DNER no seu Manual de Drenagem mostra a Tabela (3.8).

Tabela 3.8 – Coeficientes de condutividade hidráulica KMaterial Granulométrica Condutividade Hidráulica

K(cm) (cm/s) (mm/h) (m/s)

Brita 5 7,5cm a 10cm 100 3600000 1Brita 4 5 a 7,5 60 2160000 0,6Brita 3 2,5 a 5 45 1620000 0,45Brita 2 2 a 2,5 25 900000 0,25Brita 1 1 a 2 15 540000 0,15Brita 0 0,5 a 1 5 180000 0,05Areia grossa 0,2 a 0,5 1 x 10-1 3600 0,001Areia fina 0,005 a 0,04 1 x 10-3 36 0,00001Silte 0,0005 a 0,005 1 x 10-5 0,36 1E-07Argila Menor que 0,0005 1 x 10-8 0,00036 1E-10Fonte: Manual de Drenagem do DNER, 1990

O software HydroCAD apresenta a Tabela (3.9) para estimativa da condutividade hidráulica.

Tabela 3.9 - Condutividade hidráulica usada no programa HydroCAD 7.1Tipo de solo Condutividade hidráulica

(mm/h)Solo arenoso 21Solo margoso arenoso 6Solo arenoso margoso 3Solo margoso 1,3Solo argilo margoso 0,3

Fonte: http://www.hydrocad.net/exfilt.htm.

As normas alemãs e a CIRIA- Construction Industry Research and Information Association daInglaterra apresentam a Tabela (3.10).

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Infiltra;’ao e dry welCapitulo 3- Infiltração e condutividade hidráulica K.

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Tabela 3.10 - Sugestões para valores da condutividade hidráulica K (mm/h)Descrição do solo Normas alemãs Dados da CIRIA

Mínimo (mm/h) Máximo (mm/h) Mínimo (mm/h) Máximo (mm/h)Pedregulhos grosso 33.000 100.000Média e finopedregulhos

3.600 18.000 10 1.000

Pedregulho arenoso 1.000 10.000Areia grossa 1.000 3.000Areia média 200 1.000 0,1 100Areia fina 36 360Solo franco arenoso 0,01 1Solo silto arenoso 1 100Solo franco arenoso 0,005 0,05Silte 0,03 20 0,0005 0,05Solo siltoso 0,001 3,6Solo argiloso 0,0001 0,01 0,00005 0,005

Fonte: Alan A. Smith and Tai D. Bui(*) CIRIA= Construction Industry Research and Information Association- Londres

3.17 Coeficiente de infiltração segundo a NBR 7229/93.A NBR 7229/93 de “Construção e Instalação de Fossas sépticas e disposição dos efluentes finais”

apresenta uma maneira prática de se estimar o coeficiente de infiltração em litros/m2/dia conforme Botelho,1998.

O método a ser aplicado é o seguinte: Na profundidade onde vai estar a vala de infiltração fazer três escavações com formato de umacaixa paralelepípedo de 30cm x 30cm x 30cm. No dia anterior ao teste, encher as três caixas com água. No dia do teste encher as três caixas com água e deixar secar. Após secar, encher cada caixa com 15cm de água e medir o tempo que leva para abaixar o nível deágua de 1cm. Adotar o menor dos três tempos, que será o tempo padrão de infiltração do solo na profundidadeconsiderada. Com o tempo obtido entrar na Tabela (3.12) e achar o coeficiente de infiltração do solo.

A Figura (3.7) mostra esquematicamente o paralelepípedo cujo lado é 30cm e o gráfico para se obter ocoeficiente de infiltração conforme Tanaka, 1986.

Podemos aproximadamente supor que ff= K= coeficiente de infiltração.

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Figura 3.7 - Gráfico para determinação do coeficiente de infiltraçãoFonte: Tanaka, 1986

Tabela 3.12 - Coeficiente de infiltração em função do tempo em minutosTempo de infiltração para rebaixamento de

1cm(min)

Coeficiente de infiltração(litros/m2/dia ou mm/dia)

22 2220 2318 2416 2514 2712 3310 408 476 574 732 1001 110

0,5 130Fonte: Botelho, 1998

Tabela 3.13 - Estimativa do coeficiente de infiltração de acordo com o tipo de solo localConstituição provável do solo Coeficiente de infiltração

(litros/m2/dia ou mm/dia)Rochas, argilas compactadas <20Argilas de cor amarela ou marrom, medianamente compactas 20 a 40Argila arenosa 40 a 60Areia ou silte argiloso 60 a 90Areia bem selecionada >90

Fonte: Botelho, 1998

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Tanaka, 1986 mostra no seu livro de “Instalações Prediais hidráulicas e sanitárias” a Tabela (3.14).As recomendações da NBR 7229/93 é que o comprimento das valas máximo seja de 30m e que o

fundo das mesmas esteja, no mínimo, a 1,5m do lençol freático.

3.18 Faixa de variação de areia e britas.

Tabela 3.14 - Faixa de variação de diâmetro dos grânulos das areias e britasMaterial Tipo Variação do diâmetro

(mm)

AreiaFina 0,075 a 0,42

Média 0,42 a 1,20Grossa 1,20 a 4,80

Pedra britada

nº 1 4,80 a 12,5nº 2 12,5 a 25nº 3 25 a 50nº 4 50 a 76nº 5 76 a 100

Fonte: Tanaka, 1986

3.19 Simulador de chuvaO simulador de chuva tradicional do Souza foi adotado pela Embrapa e é aplicado a áreas de 1m2

conforme Figura (3.8).De modo geral a taxa de infiltração obtida em infiltrômetros de duplo anel é 1,5 a 6 vezes maior que o

obtido em simulador de chuva conforme Brandão, et al, 2006.

Figura 3.8- Simulador de Chuva

3.20 Bibliografia e livros consultados

-BEDIENT, PHILLP B et al. HYDROLOGY AND FLOODPLAIN ANALYSIS. 4ª ed. 2008. Editora PrenticeHall, 795 páginas.-HIRATA, RICARDO et al. Mecanismos de controle de recarga em aqüíferos sedimentares livres. Estudo nabacia hidrográfica do Alto Tietê, São Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, volume 11,número 3. ISSN 1414-381X, julho a setembro de 2006.