capitulos-07

19
A INTEGRALIDADE DO CUIDADO COMO EIXO DA GESTÃO HOSPITALAR LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CECILIO EMERSON ELIAS MERHY Campinas, março de 2003. Uma definição inicial de integralidade Nossa primeira tarefa, quando nos ocupamos de pensar o tema da integralidade da atenção no hospital, é tentar construir uma definição de integralidade que sirva de guia para a condução de nossas reflexões. Partindo do senso comum e correndo o risco de uma tautologia, poderíamos dizer que a atenção integral de um paciente no hospital seria o esforço de uma abordagem completa, holística, portanto integral, de cada pessoa portadora de necessidades de saúde que, por um certo período de sua vida, precisasse de cuidados hospitalares. Tal abordagem implicaria em garantir desde o consumo de todas as tecnologias de saúde disponíveis para melhorar e prolongar a vida, até a criação de um ambiente que resultasse em conforto e segurança para a pessoa hospitalizada. Cuidado integral em saúde ocorreria a partir de uma combinação generosa e flexível de tecnologias duras, leve-duras e leves (MERHY, 2002) 1 . “Tecnologia” e “Humanização” combinadas, no desafio de adotar o “lugar” do paciente e suas necessidades singulares como ponto de partida para qualquer intervenção hospitalar. Achamos que tal tipo de definição, em princípio, é bastante razoável como ponto de partida para a construção do texto, mas não é suficiente. Outras 1 Tecnologias duras: aquelas ligados a equipamentos, procedimentos; tecnologias leve-duras: aquelas decorrentes do uso de saberes bem estruturados, como a Clínica e a Epidemiologia; tecnologias leves: aquelas relacionais, no espaço intersubjetivo do profissional de saúde e paciente. 1

description

cap

Transcript of capitulos-07

  • A INTEGRALIDADE DO CUIDADO COMO EIXO DA GESTO HOSPITALAR

    LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CECILIO

    EMERSON ELIAS MERHY

    Campinas , maro de 2003.

    Uma defini o inicia l de inte gr a l i da d e

    Nossa primeira tarefa, quando nos ocupamos de pensa r o tema da integr al idade

    da ateno no hospital, tenta r const rui r uma definio de integra lidade que

    sirva de guia para a conduo de nossas reflexes. Par tindo do senso comum e

    correndo o risco de uma tautologia, poderamos dizer que a ateno integral de

    um pacient e no hospital seria o esforo de uma abordag e m completa , holstica,

    portan to integra l , de cada pessoa portador a de necessidad es de sade que, por

    um cer to perodo de sua vida, precisasse de cuidados hospitala r e s . Tal

    abordag e m implica ria em garan t i r desde o consumo de todas as tecnologias de

    sade disponveis para melhora r e prolonga r a vida, at a criao de um

    ambiente que resultasse em conforto e segura n a para a pessoa hospitalizada .

    Cuidado integr al em sade ocorre r ia a par ti r de uma combinao generos a e

    flexvel de tecnologias duras, leve- duras e leves (MERHY , 2002) 1. Tecnologia eHumaniza o combinad as , no desafio de adota r o lugar do pacient e e suas

    necessidade s singula re s como ponto de par tida para qualque r interveno

    hospitalar . Achamos que tal tipo de definio, em princpio, bastan t e razovel

    como ponto de par tida para a const ruo do texto, mas no suficiente . Outras1 Tecnologias duras: aquelas ligados a equipa me n to s, procedime n to s; tecnologias leve- duras:

    aquelas decor ren t e s do uso de sabere s bem estru tu r a d os, como a Clnica e a Epidemiologia;tecnologias leves: aquelas relacionais, no espao intersubje tivo do profissional de sade epacien te .

    1

  • questes precisa m ser agrega d a s a ela, na perspec t iva de se trat a r a

    integra lidade da ateno como tema da gesto hospitala r . A integral idade da

    aten o hospitala r pode ser problema t izad a a parti r de dois ngulos: a

    integra lidade da ateno olhada no hospital e a partir do hospital (a integra lida detendo como referncia o atendimen to no ambiente hospitalar em si) e aintegra lidade tendo como refernci a a insero do hospital no sistem a de

    sade. Exploramos, a seguir , estes dois ngulos.

    A inte gr a l id a d e do cuidad o no hospi t a l: o cuidad o com o snt e s e demlt ip lo s cuidad o s .

    O cuidado, nas organizaes de sade em geral, mas no hospital em par ticular ,

    , por sua natu reza , necessa r ia m e n t e multidisciplina r , isto , depende da

    conjugao do trabalho de vrios profissionais . Mecanismos institudos dedominao e de relaes muito assimt r ica s de poder entre as vrias

    corporaes profissionais ocultam a imprescindvel colabor a o que deve existir

    ent re os vrios trabalhado r e s , como operado r e s de tecnologias de sade , para

    que o cuidado acontea . O cuidado, de forma idealizada , recebido/vivido pelo

    pacient e somatrio de um grande nmero de pequenos cuidados parciais que

    vo se compleme n t a n do, de maneira mais ou menos conscien t e e negociada ,

    ent re os vrios cuidador e s que circulam e produze m a vida do hospital. Assim,

    uma complexa trama de atos, de procedimen tos , de fluxos, de rotinas, de

    sabere s , num processo dialtico de compleme n t a o , mas tamb m de disputa ,

    vo compondo o que entende m os como cuidado em sade. A maior ou menor

    integra lidade da ateno recebida resul ta , em boa medida, da forma como se

    articulam as prticas dos trabalha do r e s do hospital .

    O cuidado hospitala r ocorre no contexto de uma crescen te racionalizao das

    pr ticas hospitala r e s (CARAPINHEIRO , 1998), carac te r iza da , entre outras

    2

  • coisas, pela decomposio do ato mdico global em inmeros outros atos

    diagnsticos e terapu t icos , realizados por vrios trabalhado r e s diferent e s . Para

    ilustra r este fato, basta imaginar mos os cuidados de um paciente com diabet es

    interna do com um quadro de descompe n s a o . Alm dos cuidados iniciais do

    plantonis t a , que o recebe e interna a par ti r do pronto- socorro, ele recebe r

    tambm cuidados da enferma g e m, poder ser visto, em algum momento, pelo

    cirurgio vascula r , pelo cardiologista , pelo endocrinologis ta , pela nutricionista ,

    pela assisten t e social e pela psicloga . Alm do mais, ter seu corpo escrut inado

    por uma bateria de exames, alguns deles bastan t e complexos, realizados em

    servios diferen te s e por profissionais disitntos. Uma das sobreca r g a s - talvez a

    maior - do processo gerencial do hospital contempor n eo consegui r coorden a r

    adequa da m e n t e este conjunto diversificado, especializado, fragmen t a do de atoscuidador e s individuais , que resul te em uma dada coorden a o do cuidado

    (MERHY & CECILIO , 2002). Esta dinmica , cada vez mais presen t e na vida doshospitais , um aspecto cent ral a ser conside ra do na discusso da integra lidade e

    na sua correlao com o processo de gesto. Uma coisa pensa r o trabalho em

    equipe como somatri a de aes especficas de cada profissional, como linha de

    montage m do trat am e n to da doena , tendo a cura como ideal (...) a hiera rquia ea rigidez de papis codificados (NICCIO apud SILVEIRA, 2003 ); a outra , pensa r arranjos institucionais , modos de opera r a gesto do cotidiano sobre amicropoltica do trabalho que resultem em uma atuao mais solidria e

    concer t a d a de um grande nmero de trabalhado r e s envolvidos no cuidado. Nesta

    medida, parece- nos que o tema da integra lidade do cuidado no hospital, como

    nos demais servios de sade, passa, necessa r i a m e n t e , pelo aperfeioa me n t o da

    coordena o do trabalho de equipe como uma tema para a gesto hospitala r .

    O hosp i t a l no sis t e m a de sad e: o outro ngu l o da inte gra l id a d e .

    3

  • Sistema de sade (entre aspas) j sinaliza a discusso que ns pretende m osfazer. A noo de sistema traz implcita a idia de funcionam e n to harmonioso

    entre parte s, cada qual com sua funo, que contribua para o bom

    funcionam e n to do todo. O concei to de sistema de sade denota uma concepo

    idealizada , de car te r normat ivo da sade, que no se susten t a na pr tica.

    Qualque r observador aten to do Sistem a nico de Sade (SUS), seja ele uminvestigado r engajado em uma pesquisa , seja um dirigen te ou geren t e , sabe queo denomina do sistem a de sade , na verdade , um campo atravess ado por

    vrias lgicas de funcionam e n to , por mltiplos circuitos e fluxos de pacient es ,

    mais ou menos formalizados , nem sempr e racionais, muitas vezes

    inter rom pidos e truncados, const rudos a parti r de protagonis mos, interes se s e

    sentidos que no podem ser subsumidos uma nica racionalidade insti tucional

    ordena do r a . Mais do que um sistema, deveramos pensa r em uma rede mvel,

    assimt r ic a e incomplet a de servios que operam distintas tecnologias de sade

    e que so acessados de forma desigual pelas diferen t e s pessoas ou

    agrupa m e n tos , que deles necessi t a m. Uma das conseqncias desta forma de

    funcionam e n to a imensa dificuldade de se consegui r a integr a lidade do

    cuidado, quando nosso ponto de observa o o usurio e no este ou aquele

    servio de sade. A integra lidad e do cuidado que cada pessoa real necessi t a ,

    freqen t e m e n t e transve rs a l iza todo o sistem a. No h integr a lidade radical

    sem esta possibilidade de transve rs a lidad e . A integr alidade do cuidado s pode

    ser obtida em rede . Pode haver algum grau de integra lidade focalizada quando

    uma equipe, em um servio de sade, atravs de uma boa articulao de suas

    pr ticas, consegue escut a r e atende r , da melhor forma possvel as necessidad es

    de sade trazida por cada um (CECILIO , 2001). Porm, a linha de cuidadopensad a de forma plena, atravess a inmeros servios de sade. O hospital pode

    ser visto como um componen t e funda me n t a l da integr alidad e do cuidado

    pensad a de forma ampliada ,como uma estao no circuito que cada indivduo

    percor r e para obter a integra lidade de que necessi t a . Como desdobr a m e n t o de

    4

  • tal premissa , nos fica a tarefa de pensa r quais dispositivos podem ser pensados,

    no hospital, que o conecte m, de forma mais adequad a rede de servios de

    sade. Como pensar a integr alidad e , olhando desta estao que o hospital .

    A forma mais tradicional de se pensa r o hospital no sistem a de sade como

    referncia em deter mina d as situaes de maior complexidade ou gravidade. Por

    tal concep o, o hospital contribui ri a para a integr alidade do cuidado, fazendo

    uma adequad a contra- referncia aps realizar o atendimen to . Com cer teza, seria

    j um grande ganho a implemen ta o efetiva desses circuitos base- topo e topo-base, que, na prtica, sabemos bem, nem sempr e so muito bem sucedidos

    (porm, entende r melhor porque os sistemas de referncia- contra r efe r n ciapouco funcionam com a racionalidade pretendida continua sendo um bom tema

    de investigao). Mesmo se funcionasse m bem, novas possibilidades de sepensa r a contribuio do hospital deveriam ser imaginad as . Sabemos, por

    exemplo, que, por mais que se amplie e se aprimor e a rede bsica de servios,

    as urgncia s/e me r g n c ia s hospitala re s seguem sendo impor t an t e s portas de

    entrad a da populao no seu desejo de acessa r o SUS. Sem quere r aponta r asexplicaes para tal fato, o que quere mos rete r , aqui, que no temos sabido

    trabalha r de forma mais cuidadosa esta demand a espontne a que tanto aflige os

    trabalha do r e s e os geren t e s nos seus cotidianos . Atender , dia aps dia, esta

    demand a interminvel, torna- se uma tarefa desgas t a n t e e de resul tados sempre

    duvidosos , se o crit rio uma avaliao dos impactos sobre a sade da

    populao. No entan to, as urgncias /e m e r g n ci as seguem funcionando de forma

    tradicional, na base da queixa- conduta , resul tando em um Clnica reducionis ta e

    ineficaz, que, em princpio, aponta para tudo, menos para a integr alidad e .

    Porque as pessoas continua m buscando atendime n to nos servios de urgncia?

    Uma forma de explicar este fenmeno to observado, reconhe c- lo como uma

    estra t gi a intuitiva e selvagem das pessoas na busca da integra lida de! Um

    aparen t e paradoxo, mas tamb m um sintoma que caberia aos servios

    5

  • examina r e m sem nenhum preconcei to ou a priori e, mais do que isso, busca r

    inventa r novos disposi tivos e novas formas de escuta para tais rudos. Um bom

    ponto de par tida parece ser a organizao de equipes de acolhimento nos

    servios de urgncia capaci tada s para o reconhecim en to e encaminha m e n to de

    pacient es que necessi t a m de cuidados mais regular e s e aprop riados em outros

    servios da rede. Neste caso, o hospital quem faria a referncia para outros

    servios, colocando em questiona m e n t o a idia do senso comum de que a alta

    complexidade est no topo, l onde fica o hospital . Para o hiper t enso ou o

    portado r de qualque r doena crnica, seja adulto ou criana , o topo, emdeter minado momento da vida, acessa r a rede bsica, ser bem acolhido e

    esta r vinculado a uma equipe. (CECILIO , 1997).

    Se pensamos o hospital como uma estao pela qual circulam os mais variados

    tipos de pessoas , portador a s das mais diferen t es necessidad es , em diferent e s

    momentos de suas vidas singula re s , podemos imagina r ainda outras formas de

    trabalha r a integr a lidade . Por exemplo, o momento de alta de cada pacient e deve

    ser pensado como um momento privilegiado para se produzir a continuidade do

    trata m e n t o em outros servios, no apenas de forma burocr t ica , cumprindo um

    papel do contra- referncia, mas pela const ru o ativa da linha de cuidado

    necess r i a quele pacient e especfico. O perodo da interna o pode, inclusive,

    ser aprovei tado para apoiar o paciente na direo de conquist a r uma maior

    autonomia e na recons t r u o de seu modo de andar a vida. Retorna r e m os a esses

    pontos ao apresen t a r m o s , baseados em algumas experincias que temos

    acompan h a do , modos de se fazer a gesto hospitala r a parti r do eixo do cuidado.

    A inte gr a l id ad e da aten o com o balizad or da ges t o hospi t a l ar: as linhas

    de produo do cuidado como estratgia gerencial.

    6

  • Por todas as questes aponta da s acima, que temos procura do pensa r , nos

    ltimos dois anos, modos de fazer a gesto que tomem como referncia a

    produo do cuidado da forma mais integra l possvel e que nos servisse, ao

    mesmo tempo, como referenci al para a interveno na gesto da micropol tica do

    trabalho em sade, nestes estabelecime n tos , fazendo a modelage m da gesto

    como um todo a par ti r do cuidado ao pacient e . Desde o incio da dcada de 1990,

    como a que vivenciamos na Santa Casa do Par (CECILIO , 1994), j vnhamosexperimen t a do novas formas de governa r o hospital, a par ti r de dois

    movimentos principais: reduo dos nveis decisrios (achat a m e n to dosorganogr a m a s ) e conduo colegiada das decises, tanto na alta direo, comonas equipes pres t ado r a s de servio. Descent r a l izao e democr a t izao das

    decises: os dois eixos capazes de reinven ta r um hospital de tradio

    cent ralizado r a e com fortes esque m a s insti tudos de dominao e controle. A

    apost a de fundo deste tipo de opo era que seria possvel, a par ti r de uma

    condu o mais par ticipa t iva do hospital, obter um maior grau de adeso dos

    trabalha do r e s para o projeto de const ruo de hospitais pblicos de boaqualidade . Claro que outros arranjos e dispositivos foram sendo implemen t a dosna perspec t iva da qualificao da assistncia , porm, o que queremos destaca r

    que, esses modos de fazer a gesto que fomos experime n t a n do, por suas

    premissa s de democr a t iza o do modo de governa r ) , eram devedore s de umaconcepo poltica do mundo carac t e r izada , entre outras coisas, pela defesa

    radical de uma sociedade mais igualit ria e par ticipa tiva , mais solidria e

    inclusiva que, ent re outras coisas, conseguisse viabilizar um sistema pblico de

    sade universal , qualificado e sob controle social. Trabalhva m os um projetopara os hospitais , especificame n t e , que, no fundo, para alm da racionalizao

    gerenci al, era um desdobr a m e n to de um projeto para a sociedade brasileira .Gesto democr t ica , adeso dos trabalha do r e s , const ru o de hospitais pblicos

    de boa qualidade , implant a o do SUS, transfo rma o da sociedade: a cadeia de

    7

  • apost as (quase seqencial) que implicitam e n te os novos modelos de gestofaziam!

    Com tudo que conseguimos experime n t a r e inovar, percebe mos , no corre r dos

    anos, que o nosso desejo de democr a t iza r a vida do hospital , apesa r de nosparece r to justo e necess r io , encont r ava dificuldades na sua implemen t a o , es parcialment e ocorria. Algo como se o hospital funcionasse com lgicas

    insti tudas que teimavam em escapa r dos novos arranjos mais coletivos queamos experimen t a n do. Algo como se os espaos de transpa r n c i a e explicitao

    de compromissos pblicos (com a qualidade do cuidado) que amosexperimen t a n do no conseguisse m ser totalmen te continen t e s para o mundo real

    do hospital , com suas carac t e r s ticas singula r es de funciona m e n to. Sem

    desconhec e r que tais arranjos que propiciara m uma reflexo mais coletiva esolid ria segue m sendo import an t e s estr a t gi as de gesto (tanto quecontinua mos adotando, sempr e que possvel, modos colegiados de faz- la),comeamos a nos inter roga r que outras lgicas do hospital, que nos fugiam,

    precisava m ser melhor compree n d id as e trabalha da s na e pela gesto. Foi a

    par ti r deste tipo de indaga o que nos voltamos de uma maneira mais precisa

    para o tema da produo do cuidado. No que ele no estivesse presen te nas

    formulaes ante r io res , mas tra tava- se, agora , de radicaliz- lo como o eixo do

    processo gerencial hospitala r . E, alm disso, tnhamos mais elementos

    concei tuais para abordar a produo do cuidado com a discusso da

    micropoltica do trabalho vivo em sade (MERHY , 2002) e temtica da suacoordena o nos hospitais (MERHY & CECILIO, 2002).

    8

  • Pensar a gesto de um hospital , antes de mais nada, tenta r estabelece r da

    forma mais clara possvel, quais os mecanis mos de coordena o adotados para

    tocar , da melhor maneira possvel, o seu cotidiano. Convivem, nos hospitais ,

    mltiplas formas de coordena o, apoiadas em lgicas bem diferen t es . H um

    modo de coorden a r que se apoia, clara me n t e , na lgica das profisses . O pessoal

    de enferm ag e m conversa entre si para estabelece r as escalas de trabalho, as

    rotinas, as trocas de planto, como cobrir as faltas de colegas, etc. Seria uma

    conversa entre enfermei ros para organiza r o mundo do trabalho da

    enferm a ge m . A referncia para este grupo profissional a chefia ou diretor a de

    enferm a ge m do hospital. Os mdicos conversa m entre si para cobrir escalas,

    para solicita r parece r e s tcnicos de outros colegas , em particula r para buscar

    apoio nas horas em que os problema s dos paciente s so mais desafiado re s e

    exigem uma outra opinio. A mesma forma de coorden a o pode ser

    identificada ent re os assisten t e s sociais, os psiclogos, os dentistas , os

    fisioterap e u t a s e outros profissionais de nvel universi t rio que atuam

    direta m e n t e na assistncia aos paciente s . H um outro modo de se fazer a

    coordena o que segue a lgica de unidades de produo, ou seja, umacoordena o voltada para produtos ou servios, envolvendo, necessa r i a m e n t e ,

    mltiplos tipos de trabalha do r e s ou uma equipe, como ocorre nas chamad a s

    reas meio, qual seja, aquelas produtor a s dos insumos que sero usados nocuidado ao pacient e . Exemplos desta coorden a o por unidades de produo: a

    coordena o do labora t r io, da nutrio e diet tica, da radiologia, do

    almoxarifado, etc. O fornecimen to do servio ou produ to que carac te r iza m estas

    unidades (sua misso) garan t ido pela coorden a o de distintos processos detrabalho de vrios tipos de profissionais, que bem diferent e da lgica de

    coordena o por profisses. S que neste ltimos casos, quando vamos olhar

    como se faz a coorden a o das unidades tipicamen t e assistenciais , no

    possvel identifica r mos uma coorden a o ou gerncia nica. Quando observa mosa coordena o das unidades produtor a s de cuidado, no h, normalme n t e , esta

    9

  • coordena o unificada (um chefe nico), na medida em que esta se faz, deforma mais visvel, pela lgica das profisses: chefia mdica do CTI e chefia de

    enferm a ge m do CTI; chefia mdica da mate r nidad e e chefia de enferma ge m da

    mate r nidad e , e assim por diante. Desta maneira , se possvel nomear e

    reconhece r , de fato, um chefe (de toda a equipe) do labora t r io, um chefe (detoda a equipe) do almoxarifado, o mesmo no ocorre nas unidades assistenci ais:cada profisso zela para prese rva r seus espaos de poder e autonomia , segue

    um lgica prpria de trabalho e de pr ticas profissionais e, portan to, de

    coordena o dos seus cotidianos . Seria possvel dizer que o chefe (mdico) doCTI coordena , de fato toda a equipe? Que ele tem poder para interferi r na lgicade coordena o do trabalho da enferma ge m? Sabemos que no. Ento, como se

    explica que, afinal, se consegue realizar o cuidado ao paciente de forma integra l,

    com comeo, meio e fim, do momento da interna o at a hora da alta, (ou daentrad a no PS ou at a sada com uma recei ta . . .) carac te r iza ndo uma tercei ra (ecrucial) lgica de coordena o: aquela basead a no cuidado?

    10

  • O delicado processo de coorden a o do cuidado se faz atravs de dois

    mecanismos principais . O primeiro deles, a criao de pontes ou pontos de

    conta to entre as lgicas da profisso: mdicos e enfermei ros e os outros

    profissionais tm que conversa r para que o cuidado se realize. Uma coorden a o

    em ato, o encont ro de duas prticas , de dois sabere s , em geral carac t e r izad a

    por uma situao tipo comando- execuo, principalme n te na relao entre

    mdico e enfermei ros/cor po de enferma ge m . A prtica da enferm ag e m (e dosoutros profissionais) , em boa medida , comand a d a , modelada , conduzida ,orientada pelo ato mdico (centr al) que detm o monoplio do diagns tico e daterapu t ica principal. Tal fato, estabelece uma relao de deter mina o da

    pr tica mdica em relao s outras pr ticas profissionais , mesmo sem

    desconside r a r que os profissionais no- mdicos, todos eles, conserva m sua

    especificidade e um bom grau de autonomia prprios de suas profisses. Pode-

    se afirma r que estes pontos de conta to, estes canais, nem sempre so livres,

    bem definidos e vistos ou aceitos como regra s do jogo insti tucional e, por issomesmo, so fonte perman e n t e s de rudos, de tenses e de disputas . A ques to

    que nos interes s a : seria possvel pensa r uma forma de coordena o mais

    horizontal , mais desobst r uda , mais regula r , mais insti tucionalizada entre os

    vrios profissionais , cent ra d a no cuidado?

    A segunda estra t gia para o sucesso da coorden a o na lgica do cuidado o

    papel quase silencioso da pr tica da enferm ag e m, no cotidiano, de garan ti r

    todos os insumos necess r ios ao cuidado: a enferma ge m articula e encaminha

    todos os procedimen tos necess r ios realizao de exames compleme n t a r e s ,

    supervisiona as condies de hotela ria , dialoga com a famlia, conduz a

    circulao do pacient e ent re as reas , responsvel por uma gama muito

    grande de atividades que resulta m, afinal, no cuidado .

    11

  • A propost a de se fazer a gesto a par ti r da integr a lidad e do cuidado tenta dar

    conta destas complexas questes . Tem a pretens o de criar mecanismos que

    facilitem a coordena o das pr ticas cotidianas do hospital de forma mais

    articulada , leve, com canais de comunicao mais definidos, mais solidria,

    mais democr t ica , menos ruidosa, em particular a coorden a o da prtica dos

    vrios profissionais envolvidos no cuidado.

    Como fazer isso? A primeira coisa foi compre en d e r m o s que a custosa

    coordena o do hospital se faz seguindo vrias lgicas, de forma que a lgica de

    funcionam e n to de cada unidade de produo/cuida do (que esper va mos podercompree n d e r ou captu r a r nos colegiados de cada unidade) apenas um delas.A lgica de coordena o das corpor ae s um insti tudo muito poderoso na vida

    da organizao hospitala r e que, por sua natureza - lugar de const ruo de

    identidades profissionais, de defesa de espaos de autogover no, de relaes de

    dominao - escapa das dimenses mais coletivas da coordena o e segue

    reproduzindo- se. A prpria lgica, em si, da produo do cuidado, e sua

    micropoltica, transbo rd a o processo de coorde r n a o e as atribuies de uma

    equipe assis tencial , na medida que s pode ser realizada de forma

    transve rs a l izada , isto , percor r e ndo vrias unidades de cuidado do hospital .

    Mais do que isso, podemos dizer que, na perspec t iva da integralidade , a

    transve rs a l idade do cuidado realiza- se em uma rede mais ampla de servios, na

    qual o hospital apenas uma estao, como afirmamos antes.

    Tratava- se, pois, de parti r das experincias de gesto par ticipa tiva que vnhamos

    experimen t a n do , desde o incio dos anos 90, para tenta r m os pensa r novos

    arranjos e disposi tivos que fossem capazes de inter roga r , absorver , transform a r ,sem neg- los, alguns institudos que identificvamos que tinham muita fora no

    imaginr io da organizao . Atuar sobre a lgica da coordena o das

    corporaes , como percebe mos , um dos melhore s desafios para isso. Como

    12

  • respei ta r a coordena o da enferma g e m como corpora o profissional, com seus

    valores , suas repres e n t a es , sua lgica de funcionam e n to , que lhe garant e sua

    identidade , mas integr an do- a, ao mesmo tempo, a uma lgica de coorden a o

    mais horizontal e interdisciplina r do cuidado? Como respei t a r a autonomia

    inerent e pr tica mdica, incorpor a ndo- a, no entanto, lgica do cuidado

    pensad a de forma mais integra l? Como const rui r a gesto de forma que a

    responsabilizao pelo cuidado se desse em uma linha de produo do cuidado,

    contnua e que se transve rs a liza , atravessa n do, sem descontinuidad e , vrios

    lugare s do hospital ou mesmo outros servios de sade? Como subsumi r toda a

    lgica da produo dos insumos hospitala r es lgica da produo do cuidado?

    Como recria r os espaos colegiados de forma a torn- los mais continen tes a

    essas vrias lgicas? Estas foram algumas das ques tes cent rai s que

    orienta r a m os novos desenhos organizacionais que vimos experimen t a do,

    ultimam e n t e . Entende mos que as linhas de produo do cuidado so centra d as

    em processos de trabalho marcados de modo muito claro pela micropolt ica do

    trabalho vivo em ato, enquan to as linhas de produo de insumos, como regra ,

    obedece m a outros arranjos de micropoltica , nos quais a dimenso do trabalhomorto muito mais presen t e (MERHY, 2002) e (MERHY & CECILIO, 2002).

    Na seqncia , aprese n ta m os , o modelo bsico de remodelage ns que temos

    trabalha do em trs hospitais: O Hospital Materno Infantil President e Vargas de

    Porto Alegre/RS, o Hospital So Joo Batista em Volta Redonda/RJ e o Cent ro

    Infantil Dr. Boldrini em Campinas /SP. So hospitais com histrias diferent e s de

    interven o, mas que compar t i lha m, neste momento , desenhos de gesto

    const rudos sobre o princpio da integr a lidade e da qualidade do cuidado, nas

    direes que aponta mos at agora . A idia geral do modo de fazer a gesto que

    consiga combinar , de forma mais abrange n t e , as vrias lgicas de coordena o

    do hospital , tornando- as mais explcitas para o coletivo gestor como suas

    13

  • matr ias primas de interveno gerencial , tem a seguinte repres e n t a o grfica,

    em geral:

    Fluxo gr a m a de mod e l o de ges t o centrad o na coord e n a o do

    cuidad o

    A: Linha de cuidad o a ( atravess a as unidades de cuidado 1, 2,3 e 4).B : Linha de cuidad o b ( atravessa as unidades de cuidado 1, 5,6 e 7).C: Linha de cuidad o c (atravessa as unidades de cuidado 1,8,9 e 10).D : Linha de ens in o e pes qu i s a (atr avess a / t r a n sve r s a liza todas as unidades decuidado). E: Linha de apoio admin i s t ra t ivo (suprime n to , finanas , RH, servios gerais,etc).F : Linha de apoio tcn ic o (labora t r io, Imagem, Banco de sangue, Nutrio,etc).

    Esta a repres en t a o do esquem a geral que tem sido adotado nos trs hospitais

    citados, com variaes em funo de suas especificidades . A primei ra

    diferenciao diz respei to ao nmero e composio das linhas do cuidado. No

    14

    uc uc2 uc3 uc4

    uc1

    uc6 uc7uc5

    uc1 uc8 uc9 uc10

    A

    B

    C

    D

    E F

    I

  • Centro Infant i l Boldrin i , um hospital (filant rpico) pedi t rico especializado denvel terci rio/qua t e r n r io , as linhas de cuidado so duas: cuidados com crianas

    portado r a s de cncer e cuidados com as crianas portado r a s de patologias

    hematolgicas . No Hospi t a l Mater n o Infant i l Presid e n t e Vargas de Porto

    Alegre, as linhas de cuidado so quat ro: linha mate rnida d e segura , linha de

    cuidado de crianas e adolescen te s , linha de cuidado da mulher e linha de

    cuidado da sade mental da mulher . Em Volta Redonda , o Hospi t a l Munic ipa l

    So Joo Batis t a est trabalhan do com duas linhas de cuidado: a linha depacient es adultos clnico- cirrgicos e uma linha de cuidado mate r no- infantil.

    As linhas de cuidado so coordena d a s , sempre , por uma dupla formada por um

    profissional mdico e por um profissional enfermeiro, pelo menos, pois h

    situaes nas quais equipes multiprofissionais fazem parte desta composio,

    como no caso do Boldrini. Busca- se, com este arranjo, incorpor a r a lgica dascorporaes mais impor tan t e s , porm subsumida , ou pelo menos inter roga d a de

    modo claro pela lgica horizontalizada do cuidado. Cada unidade de produo

    de cuidado, que pode ser atravess ad a por mais de uma linha de produo de

    cuidado, tem um coorden a o unificada , isto , tem um coorden a do r respons vel

    pela coorden a o de todo o trabalho da equipe. Este coorden ado r de unidade

    pode ser um enfermeiro, um mdico ou qualque r outro profissional de nvel

    universi t r io.

    Os coordena do r e s de linha tm como atribuies principais:

    1. facilita r e estimula r uma boa articulao funcional entre as vrias unidades de

    cuidado atravessa d a s pela linha, buscando a maior integra lidade possvel da

    sua produo. Um bom exemplo da impor tncia desta atribuio pensar o

    quan to uma assistncia qualificada ao parto depende de uma boa articulao

    15

  • entre os profissionais que fazer a recepo da paciente , a garan t ia de vaga na

    mate r nidad e , o acesso sala de par to, os cuidados com a purpe r a e com o

    neona to, a eventual necessidade de leito em unidade de terapia intensiva para

    a me e para o filho, o uso do banco de leite. Uma linha contnua e articulada

    de cuidados que vo sendo realizados em unidades de cuidado diferent e s .

    2. Apoiar os coordena do r e s das unidades de cuidado no exerccio de suas

    atribuies .

    3. Fazer uma interlocu o direta com mdicos e enfermeiros, em todos os

    aspec tos de sua vida funcional e profissional, tendo sempr e a perspec t iva do

    cuidado. A lgica de coordena o das corporaes respei tada , mas inserida na

    perspec t iva horizontal do cuidado.

    Alguma modificaes impor tan t e s tm sido realizada s nos organog r a m a s

    hospitalar e s em funo da adoo de coordena o por linhas de cuidados. Uma

    delas a criao de uma dire toria colegiada do hospital compos t a pelos

    coordena do r e s de linha de produo do cuidado, pelos coorden ado r e s das linhas

    de produo de insumos e pela coordena o da linha de ensino e pesquisa. Com

    tal composio, pretend e- se criar uma espao matricial de direo superior do

    hospital cent rado na lgica da produo do cuidado, mas contem plan do sua

    necess r i a articulao com as lgicas de coordena o das profisses e de

    produo de insumos. Ao mesmo tempo, criam- se colegiados tcnicos em cada

    linha de produo de cuidado, dos quais par ticipam os coorden a do r e s daquela

    linha, os coordena do r e s ou geren t es das unidades assistenciais atravess ad a s pela

    linha e convidados para a discusso de temas ligados ao cuidado. Por exemplo,

    das reunies do colegiado tcnico da linha de cuidado da ateno mate rn idad e ,

    par ticipam os coordena do r e s da linha (um profissional mdico e um profissionalenferm eiro), os geren te s do ambula t rio (onde se faz o pr- natal), o geren t e dobloco obstt rico, a geren t e do alojamento conjunto, o geren t e do CTI neona ta l eo geren te do CTI de adultos, mas podero ser convidados o gerent e do

    16

  • labora t r io ou do banco de sangue ou da nutrio e diet t ica para discutir e

    delibera r sobre todas as ques tes especficas afetas ao cuidado (rotinas, fluxos,protocolos de atendime n to, etc). Como os dois coorden a do r e s de linha presen t e s reunio fazem par te da direo superior do hospital (direto ria colegiada) , cria-se um arranjo institucional que facilita a conexo, digamos assim, de processosdecisrios (referen t e s micropoltica do hospital) autnomos, descent r a l izados eagilizados com a direcionalidade mais geral pre tendida pelo hospital.

    Trabalha ndo com a concepo do hospital como uma estao de uma intricada

    rede de cuidados, os coorden ado r e s das linhas de produo do cuidado tero,

    como uma das suas atribuies , ajudar na criao e estabilizao de linhas querompe m os limites do hospital e se transve r sa l izam por outros servios visando a

    integra lidade do cuidado. Basta pensar como uma linha de cuidados cirrgicos ,

    por exemplo, lida com pessoas que vm de algum lugar e depois devero ir

    para outro lugar, para imagina r a consti tuio da integra lidad e do cuidado.

    Queremos dizer, com isto, que todo o processo de acesso agenda do blococirrgico, o pr- opera t rio, o ato cirrgico e o acompa nh a m e n t o ps- opera t rio

    compem um continuun de equipes, profissionais e responsveis que esto dentro,

    mas tamb m fora do espao fsico rest r i to do hospital . Os coordena do r e s de linha

    de cuidado devero ter a preocupa o de busca r uma melhor articulao entre

    estas vrias estaes cuidador a s. Isto vale para todas as linhas. A assis tncia

    ao par to, por exemplo, s pode ser pensada na sua integra lidade quando o

    hospital consegue se articular adequa d a m e n t e com a rede bsica de servios, na

    qual a produo do cuidado se inicia (pr- natal), mas continua aps o par to(cuidados com a purpe r a e com o recm- nascido, anticoncep o, etc) e assimpor diante. A integr a lidad e do cuidado tarefa de rede. A gesto do hospital

    cent rad a no cuidado dever aprende r a trabalha r , de forma radical, o hospital

    como apenas uma das estaes da rede de cuidado. Nesta medida, reitera mos ,

    que o papel do hospital no sistema de sade no pode se rest r ingi r a fazer

    17

  • contra r efe r n ci a de pacientes encaminha dos . Dos coorden ado r e s das linhas de

    produo de cuidado, esper a- se uma postu r a mais ativa na const ruo destes

    fluxos institucionais , estabilizados e regula r es de pacientes ent re as estaes

    produto ra s de cuidados. Para isso so necess r ios processos de negociao com

    outros atores extra- hospitala r e s , em particula r com as secre t a r i as municipais de

    sade ou outros gestores , com as coorden aes de distri tos (ou regies) de sade(onde existi rem) e com as unidades bsicas . Este fato agrega novas tarefas paraos coordena do r e s de linhas de produo do cuidado que, com toda a cer teza , no

    so simples e desprovidas de dificuldades . Mas possveis, e necess r ia s , com

    certeza . O desenho de fruns gestore s, mais unificados para a gesto integra l

    das linhas de cuidado, precisam ser experimen t a dos .

    BIBLIOGRAFIA

    CARAPINHEIRO, G. Saberes e poderes no hospital: uma sociologia dos servios hospitalares.Porto/Por tug al : Editora Afrontam e n to , 1998, 3 edio.

    CECILIO, L.C.O . Inventando mudana na sade. So Paulo: HUCITEC, 1994.

    CECILIO, L.C.O. Modelos tecno- assistenciais: da pirmide ao crculo, umapossibilidade a ser explorada. Cadernos de Sade Pblica: Rio de Janeiro, 13(3):469- 478, jul- set, 1997.

    CECILIO, L.C.O As necess idade s de sade como concei to estru tu r a n t e na lutapela integr alidade e eqidade na ateno sade" IN: Pinheiro, R. e Mattos , R.A(org) Os sentidos da integralidade na ateno e no cuidado sade. Rio de Janeiro: IMS-UERJ- ABRASCO, 2001.

    MERHY.E.E. & CECILIO, L.C.O O singula r processo de coordena o doshospitais. Campinas , Mimeo (no prelo da revista Sade em Debate), 2002.

    MERHY, E.E. Sade: a cartografia do trabalho vivo. So Paulo: HUCITEC, 2002.

    SILVEIRA, L.T. Const ruindo indicado res e escut ando rudos : uma estra t gi a

    combinada de avaliao de uma poltica de sade, por um autor/a to r implicado.

    18

  • O Qualis/Zerbini/SP (uma modelage m do PSF). Campinas: DMPS/FCM/Unica mp .Tese de doutor ado, 2003.

    19