Capítulo 8 Termoquímica - Polo UFSC · A entalpia de formação é a energia liberada (ou...
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Objetivos
Desenvolver uma visão geral sobre combustíveis e combustão
Aplicar o Princípio de Conservação da Massa a sistemas com reações químicas
Definir grandezas utilizadas na análise da combustão, como a razão A/C, o percentual de ar teórico e a
temperatura de ponto de orvalho e o poder calorífico
Aplicar o Princípio da Conservação da Energia a sistemas com reações químicas
8.1. Combustíveis e combustão
Todo material que pode ser queimado para liberar energia térmica é denominado combustível.
Combustíveis de hidrocarbonetos:
CnHm
A maioria dos combustíveis de hidrocarbonetos é obtida a partir do petróleo bruto
por meio de destilação
fórmula geral
Componentes representativos: Gasolina: C8H18 (octano) Diesel: C12H26 (dodecano) Álcool: CH3OH (metanol) CH3CH2OH (etanol) Gás natural: CH4 (metano)
8.1. Combustíveis e combustão
Uma reação química em que um combustível é oxidado e uma grande quantidade de energia é liberada é denominada combustão.
O ar atmosférico (por razões óbvias) é o oxidante mais utilizado.
Cada mol de O2 que entra numa câmara de combustão é acompanhado por 3,76 moles de
N2 (que se comporta como um gás inerte)
Ar seco: 21% O2 + 79% N2 (base molar)
(3,76 = 0,79/0,21)
Muitas vezes, o ar atmosférico contém umidade (H2O), que também é inerte.
8.1. Combustíveis e combustão
Numa reação química, reagentes são transformados
em produtos.
22 COOC →+Na reação de combustão do carbono mostrada acima, o carbono e o
oxigênio são os reagentes e o dióxido de carbono é o produto.
8.1. Combustíveis e combustão
Apenas o contato do combustível com o oxigênio não é suficiente para iniciar o processo de combustão.
É necessário que o combustível seja levado a uma temperatura acima de sua
temperatura de ignição.
Gasolina – 260oC Carbono – 400oC
Hidrogênio – 580oC Monóxido de Carbono – 610oC
Metano – 630oC
É necessário que as proporções entre ar e combustível estejam dentro de um intervalo adequado para que a combustão se inicie.
8.1. Combustíveis e combustão
Princípio da conservação da massa
Numa reação química, a massa total de cada elemento é
conservada.
O mesmo pode ser dito sobre o número de átomos de cada
elemento.
O número de mols dos reagentes e produtos, entretanto, não se
conserva!
8.2. Exemplo: Balanço da Equação da Combustão
Um kmol de octano (C8H18) é queimado com ar que contém 20 kmol de O2. Admitindo que os produtos contenham apenas CO2, H2O, O2 e N2, determine o número de moles de cada gás dos produtos e a razão ar-combustível
deste processo de combustão
( ) 222222188 NOOHCO3,76NO20HC wzyx +++→++
Solução:
(1 kmol de O2 é acompanhado de 3,76 kmol de N2)
As incógnitas (x, y, z e w) são determinadas via conservação da massa de cada elemento: (massa dos reagentes = massa dos produtos)
8.2. Exemplo: Balanço da Equação da Combustão
( ) 222222188 NOOHCO3,76NO20HC wzyx +++→++
Montando e resolvendo o sistema de equações:
( ) 222222188 N2,75O5,7OH9CO83,76NO20HC +++→++Substituindo, temos:
8.2. Exemplo: Balanço da Equação da Combustão
ou seja, são necessários 24,2 kg de ar para queimar 1 kg de combustível.
A mistura ar/combustível é calculada a partir de:
( )( )( )( ) ( )( )
(fuel)
(a)
kgkg
2,24
kg/kmol2kmol9kg/kmol12kmol8kg/kmol97,28kmol76,420
22
=
+
⋅=
+==
HHCC
aa
fuel
a
MNMNMN
mmAC
8.3. Processos de combustão téoricos e reais
Um processo de combustão é dito completo quando todo o carbono é queimado a CO2, todo o hidrogênio é queimado a H2O e todo o enxofre é queimado a SO2
(como o do exemplo anterior).
Da mesma forma, um processo é dito incompleto quando há nos produtos algum combustível não queimado, como C, H2, CO ou OH.
8.3. Processos de combustão téoricos e reais
Que motivos levam a uma combustão incompleta?
Oxigênio insuficiente (apesar da combustão incompleta ocorrer mesmo com excesso de O2) Mistura insuficiente: curto tempo de contato entre o combustível e o oxidante O O2 tem uma tendência muito maior de se combinar ao H2 do que ao carbono. Mesmo quando há O2 insuficiente, o H2 é geralmente queimado de forma completa. Assim, parte do carbono acaba como CO ou C (fuligem) nos produtos.
8.3. Processos de combustão téoricos e reais
Ar estequiométrico ou ar teórico
É a quantidade mínima de ar necessária para a completa combustão de um dado combustível
Não há O2 livre nos produtos
Não há combustível não queimado
(100% ar teórico)
8.3. Processos de combustão téoricos e reais
Excesso de ar
Nos processos de combustão reais, é comum usar mais ar do que a quantidade estequiométrica para aumentar as chances de uma combustão completa
(e também para controlar a T durante a combustão)
O excesso de ar é a quantidade de ar acima da estequiométrica
Por exemplo:
100% de ar teórico (estequiométrico) = 0% de excesso de ar 150% de ar teórico = 50% de excesso de ar 90% de ar teórico = 10% de deficiência de ar
Razão de equivalência:
esteq
real
ACAC
=β
8.3. Processos de combustão téoricos e reais
Na prática, os processos de combustão reais quase nunca são completos (mesmo com excesso de ar)
Portanto, é impossível prever a composição dos produtos apenas com
a aplicação de um balanço de massa
A única alternativa é a determinação experimental (medição) da quantidade de cada componente diretamente nos produtos
Há várias técnicas disponíveis, como a cromatografia gasosa
e a análise de Orsat.
8.4. Exemplo: Tdp dos produtos de combustão
Etano (C2H6) é queimado com 20% de excesso de ar. Admitindo combustão completa e uma pressão de 100 kPa, determine: (a) a razão A/C e (b) a temperatura de orvalho dos produtos.
( ) ( ) 22222262 N76,32,1O2,0OHCO3,76NO2,1HC ttt aayxa ⋅+⋅++→+⋅+
Solução:
at = coeficiente estequiométrico do ar
Balanceando a equação, temos:
532051221362
2
,aa,,a,yy
x
ttt =∴++=
=∴=
=
8.4. Exemplo: Tdp dos produtos de combustão
Assim:
( ) 22222262 N79,15O7,0OH3CO23,76NO2,4HC +++→++
(a) A razão ar-combustível é dada por
( )( )( )( ) ( )( )
(fuel)
(a)
kgkg
3,19
kg/kmol2kmol3kg/kmol12kmol2kg/kmol97,28kmol76,42,4
22
=
+
⋅=
+==
HHCC
aa
fuel
a
MNMNMN
mmAC
8.4. Exemplo: Tdp dos produtos de combustão
(b) A temperatura de orvalho dos produtos é aquela na qual o vapor d’água presente nos produtos começa a se condensar à medida que estes são resfriados a pressão constante. A pressão parcial do vapor é dada por (assumindo gás ideal):
( )kPa13,96
kPa100kmol327,079,15
kmol3
=
+++=
== pNNpypprod
sss
Da tabela de saturação da água: ( ) C3,52kPa96,13 o== satdp TT
8.5. Exemplo: Combustão com ar úmido
Um determinado gás natural tem a seguinte com- posição volumétrica: 72% de CH4, 9% de H2, 14% de N2, 2% de O2 e 3% de CO2. O gás é queimado com a quantidade estequio- métrica de ar, que entra na câmara de combustão a 20oC, 1 atm e 80% de umidade relativa. Considerando a combustão completa e a uma pressão total de 1 atm, determine a Tdp dos produtos.
( )222
2222224
NOHCO3,76NO0,03CO0,02O0,14N0,09H0,72CH
zyxat
++
→++++++
Solução:
(considerando 1 kmol de combustível)
combustível ar seco
( )222
2222224
NOHCO3,76NO0,03CO0,02O0,14N0,09H0,72CH
zyxat
++
→++++++
combustível ar seco
8.5. Exemplo: Combustão com ar úmido
Os coeficientes são conhecidos pelo balanço de massa:
8.5. Exemplo: Combustão com ar úmido
A quantidade de umidade que acompanha o ar seco é dada pela definição de pressão parcial:
s
sas
as
sss pp
pNNpNN
Npyp−
=∴+
==
onde
( )kPa325,101
kPa871,1kPa3392,28,0C20
kmol97,6465,176,476,4o
=
=⋅=⋅=
=⋅=⋅=
pppaN
sats
ta
φ
Substituindo, temos:
kmol131,0=sN
A equação balanceada contendo a umidade fica, então:
8.5. Exemplo: Combustão com ar úmido
( )2222
2222224
N648,5OH661,1CO75,0OH131,03,76NO465,10,03CO0,02O0,14N0,09H0,72CH
++→+
++++++
combustível ar seco
umidade nos reagentes
umidade nos produtos
A temperatura de orvalho é calculada a partir da pressão parcial do vapor nos produtos
kPa88,20
kPa325,101648,5661,175,0
661,1,,
,,,
=
++=
+== p
NNN
pypprodaprods
prodsprodsprods
Tab. Sat. água: Tdp =60,9oC
8.6. Entalpias de formação e de combustão
Em uma reação química, ligações atômicas se rompem e novas ligações se formam (dando origem a novos compostos)
Em geral, a energia química associada às ligações é diferente para os
reagentes e produtos
Portanto, as variações de energia entre reagentes e produtos devem ser levadas em conta em um balanço de energia
8.6. Entalpias de formação e de combustão
Durante uma reação, a variação da energia de um sistema se deve a uma mudança de estado e a uma alteração na composição química
Então, a variação da energia do sistema é decorrente apenas das variações na composição química
quimestadosist EEE Δ+Δ=Δ
Se o estado dos produtos (ex. p,T) for o mesmo que o dos reagentes:
0=Δ estadoE
8.6. Entalpias de formação e de combustão
O calor liberado durante uma combustão (processo exotérmico) é dado pelo balanço de energia no processo (base molar)
A entalpia de combustão é a diferença entre a entalpia dos produtos em um estado especificado e a entalpia dos reagentes no mesmo estado,
para uma reação completa (em um processo em regime permanente)
(pode ser determinada experimentalmente)
Creagprod hHHQ =−= (entalpia de combustão de 1 kmol de combustível)
8.6. Entalpias de formação e de combustão
A entalpia de formação é a energia liberada (ou absorvida) à medida que um composto é formado a partir de seus elementos estáveis em um dado estado.
Este conceito pode ser usado para se estimar a entalpia de combustão
Para calcular a entalpia de formação de um produto, atribuímos o valor de referência zero à entalpia de formação de todos os elementos estáveis
(O2, N2, H2, C e S) a 25oC e 1 atm
8.6. Entalpias de formação e de combustão
Note que a entalpia de combustão do C é igual à entalpia de formação do CO2 (porque são nulas as entalpias de formação do C e do O2)
Note o sinal negativo indicando que 393520 kJ são liberados quando 1 kmol de C 1 kmol de O2 são combinados para formar 1 kmol de CO2
Valores de entalpia de formação são tabelados para várias substâncias
Note a presença de dois valores para a entalpia de formação da água: (g) e (l).
O valor (g) corresponde à formação de água no estado gasoso a 25oC e 1 atm (-241820 kJ/kmol)
O valor (l) corresponde à formação de água no estado líquido a
25oC e 1 atm (-285830 kJ/kmol)
A diferença entre as duas entalpias de formação é a entalpia de vaporização da água a 25oC: ~44000 kJ/kmol
Ou seja, mais calor é liberado quando a água é condensada na
sua formação a partir de H2 e O2.
8.6. Entalpias de formação e de combustão
8.7. Poder Calorífico O poder calorífico de um combustível é a entalpia de combustão em kJ/kg (é a quantidade de calor liberada por unidade de massa quando o combustível é queimado
completamente e os produtos voltam ao estado dos reagentes)
PCI (LHV): Poder calorífico inferior Quando a água dos produtos se
encontra no estado vapor
PCS (HHV): Poder calorífico superior Quando a água dos produtos se
encontra no estado líquido
A diferença entre os dois é o calor de vaporização da água que sai nos produtos
PCI e PCS também são tabelados
8.8. Exemplo: Entalpia de combustão
Determine a entalpia de combustão do octano líquido (C8H18) a 25oC e 1 atm, usando dados tabelados da entalpia de formação. Admita que a água dos produtos se encontra na fase líquida.
( ) ( ) 22222188 N76,3OH9CO83,76NOHC tt aa ++→++
Solução:
Como os reagentes e os produtos estão no estado de referência padrão (25oC e 1 atm), as entalpias de formação dos elementos estáveis N2 e O2 são nulas. A entalpia de combustão é dada pelo balanço de energia
reagprodC HHh −=
( ) ( ) ( )( )( ) ( )( )( )( )
( )
( )188
188
18822
C
C
,,
kJ/kg89147
kJ/kmol0004715kJ/kmol 24995kmol1
kJ/kmol 285830kmol9kJ/kmol 393520kmol8
H
H
HCfOHfCOf
rfppfp
reagprodC
hNhNhN
hNhN
HHh
−=
−=
−−
−+−=
−+=
−=
−=
°°°
°° ∑∑
8.8. Exemplo: Entalpia de combustão
8.9. Análise de 1ª lei dos sistemas reagentes
A fim de levar em conta as variações de energia química nos balanços de energia em sistemas reagentes, é preciso rever o conceito de estado de
referência para a entalpia
( ) (kJ/kmol)Entalpia hhhf −+=
A entalpia (molar) de um composto em um estado qualquer é definida como a entalpia sensível (com relação a um estado de referência a 25oC e 1 atm)
mais a entalpia de formação a 25oC e 1 atm.
( )hh −
fh
h= entalpia sensível
= entalpia sensível no estado de referência (25oC e 1 atm)
= entalpia de formação no estado de referência (25oC e 1 atm)
Referência para a entalpia
8.9. Análise de 1ª lei dos sistemas reagentes
Cuidado: Em inglês o ponto separa as unidades dos decimais!
h
8.9. Análise de 1ª lei dos sistemas reagentes
Exemplos
Entalpia do CO2 a 57oC (330K) = – 393520 + 10570 – 9364 = – 392514 kJ/kmol
( ) (kJ/kmol)Entalpia hhhf −+=
Entalpia do CO a -13oC (260K) = – 110530 + 7558 – 8669 = – 111641 kJ/kmol
Entalpia do O2 a 25oC (298K) = 0 + 8682 – 8682 = 0 kJ/kmol
Entalpia do H2O a 25oC (298K) = – 241820 + 9904 – 9904 = – 241820 kJ/kmol
8.9.1. Sistemas abertos (reg. permanente)
1ª Lei para um sistema aberto (forma de taxa)
(kW)∑∑ −=−+− rrppoutinoutin hnhnWWQQ
onde:
( )( )
reagentes e produtos nos molares vazões, =
−+=
−+=
∑∑∑∑
rp
rfrrr
pfppp
nn
hhhnhn
hhhnhn
8.9.1. Sistemas abertos (reg. permanente)
1ª Lei para um sistema aberto (por kmol de combustível)
)(kJ/kmolfuel∑∑ −=−+− rrppoutinoutin hNhNWWQQ
onde:
( )( )
lcombustíve de molpor
reagentes e produtos dos moles de número, =
−+=
−+=
∑∑∑∑
rp
rfrrr
pfppp
NN
hhhNhN
hhhNhN
8.9.2. Exemplo Propano líquido (C3H8) entra numa câmara de combustão a 25oC com uma vazão de 0,05 kg/min, onde é misturado e queimado com 50% de excesso de ar, que entra na câmara de combustão a 7oC. Uma análise dos gases de combustão revela que todo o hidrogênio do combustível queima em H2O, mas que apenas 90% do carbono queima em CO2, com os 10% restantes formando CO. Se a tempera- tura de saída dos gases de combustão é de 1500K, determine (a) a vazão mássica de ar e (b) a taxa de transferência de calor da câmara de combustão.
Solução:
Primeiro, devemos determinar a quantidade de ar estequiométrica para depois escrever a reação com excesso de ar e combustão incompleta
( ) ( ) 2222283 N76,3OHCO3,76NOHC tt ayxa ++→++onde:
x = 3, y = 4 e at = (2x + y)/2 = 5
8.9.2. Exemplo Com 50% de excesso de ar e CO nos produtos, a equação balanceada fica
( ) ( ) 22222283 N2,282,65OO4H0,3COCO7,23,76NO5,7HC ++++→++
(a) A razão ar-combustível do processo de combustão é:
( )( )( )( ) ( )( )
(fuel)
(a)
kgkg
53,25
kg/kmol2kmol4kg/kmol12kmol3kg/kmol97,28kmol76,45,7
22
=
+
⋅=
+==
HHCC
aa
fuel
a
MNMNMN
mmAC
A vazão de ar é então
minkg
18,1
minkg
05,0kgkg
53,25
(a)
(fuel)
(fuel)
(a)
=
⋅== fuela mACm
8.9.2. Exemplo
(b) A transferência de calor por kmol de combustível é dada por:
)(kJ/kmolfuel∑∑ −= pprrout hNhNQ
( )( )
rfrrr
pfppp
hhhNhN
hhhNhN
∑∑∑∑
−+=
−+=
onde:
A partir das tabelas de propriedades, montamos
a mini-tabela ao lado:
(note que a vírgula separa os milhares!)
)C25,()()( o838383 HClvvHCfHCf hhh += −−
8.9.2. Exemplo
Efetuando os cálculos:
)(kJ/kmolfuel∑∑ −= pprrout hNhNQ
( )( )
rfrrr
pfppp
hhhNhN
hhhNhN
∑∑∑∑
−+=
−+=
onde:
8.9.2. Exemplo
Para cada kg de propano temos
)(kJ/kg827044
363880)(kg/kmol)(kJ/kmol363880
fuelfuel
fuel ===M
qout
Finalmente:
kW 6,89 kJ/min 413,5
)(kJ/kg8270/min)(kg05,0 fuelfuel
=
=
== outout qmQ
8.9.3. Sistemas fechados
Em um sistema fechado, isto é, em que não há o intercâmbio de massa com a vizinhança, o balanço de energia pode ser escrito na forma:
)(kJ/kmolfuel∑∑ −=−+− rrppoutinoutin uNuNWWQQ
onde u é a energia interna molar (calculada para produtos e reagentes) Para evitar a definição de uma nova propriedade (a energia interna de formação), calculamos a energia interna com base na definição de entalpia. Assim:
( ) ( )( ) ( )
rfrrrrr
pfppppp
vphhhNvphNuN
vphhhNvphNuN
∑∑∑∑∑∑
−−+=−=
−−+=−=
8.9.3. Sistemas fechados
Para gases ideais, o termo devido ao trabalho de escoamento pode ser calculado por
( ) ( )( ) ( )rur
pup
TRvp
TRvp
=
=
Para líquidos e sólidos, ele é geralmente muito pequeno e pode ser desprezado
8.9.4. Exemplo: Combustão em uma bomba
1 kmol
3 kmol 25oC
1000 K
Um tanque de volume constante contém 1 kmol de gás metano (CH4) e 3 kmol de O2 a 298 K e 1 atm. O con- teúdo do tanque é inflamado e o gás metano queima completamente. Se a temperatura final é 1000 K, de- termine (a) a pressão final no tanque, (b) a transfe- rência de calor durante este processo.
Solução:
Como a queima é completa, a equação balanceada é:
( ) 22224 OOH2COO3CH ++→+g(a) A 1000 K, a água existe no estado gasoso. Admitindo comportamento de gás ideal:
⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛=∴
⎭⎬⎫
=
=
r
p
r
prp
pupp
rurr
TT
NN
ppTRNVpTRNVp
atm35,3K298K1000
kmol4kmol4atm1 =⎟⎟
⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛=⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛=
r
p
r
prp T
TNN
pp
8.9.4. Exemplo: Combustão em uma bomba
Substituindo, temos:
(b) Aplicando a 1ª Lei a um sistema fechado:
( ) ( ) )(kJ/kmolfuel∑∑ −−+−−−+=pfprfrout vphhhNvphhhNQ
Como os reagentes e os produtos são gases ideais e os reagentes estão a 25oC e 1 atm:
( ) ( ) )(kJ/kmolfuelK298K1000∑∑ −−+−−=pufprufrout TRhhhNTRhNQ
Montando uma mini-tabela, temos:
8.9.4. Exemplo: Combustão em uma bomba
Substância CH4 -74850 - - O2 0 8682 31389 CO2 -393520 9364 42769
H2O(g) -241820 9904 35882
[kJ/kmol]fh [kJ/kmol]298Kh [kJ/kmol]1000Kh
( ) ( )[ ]( ) ( )[ ]( ) ( )[ ]( ) ( )[ ]( ) ( )[ ]
)(kJ/kmol717143OkJ/kmol1000314,88682318390Okmol1
OHkJ/kmol1000314,8990435882241820OHkmol2COkJ/kmol1000314,8936442764393520COkmol1
OkJ/kmol298314,80Okmol3CHkJ/kmol298314,874850CHkmol1
CH4
22
22
22
22
44
=
⋅−−+−
⋅−−+−−
⋅−−+−−
⋅−+
⋅−−=outQ
8.9.4. Exemplo: Combustão em uma bomba
CH4CH4
CH4 kJ/kg44821)(kg/kmol16)(kJ/kmol717143==outQ
Em termos de massa (MCH4 = 16 kg/kmol), a transferência de calor é de:
8.10. Temperatura de chama adiabática
A temperatura téorica, ou de chama adiabática, é a temperatura máxima atingida durante a combustão quando a queima é completa, estequiométrica e
nenhum calor é perdido para a vizinhança
Trata-se de um parâmetro de projeto importante para câmaras de combustão, turbinas a gás e bocais, uma vez que a seleção dos materiais depende da
temperatura do processo
8.10. Temperatura de chama adiabática
A temperatura máxima encontrada em uma câmara de combustão é mais baixa do que a temperatura téorica devido a não-idealidades
Na prática, a temperatura máxima de uma câmara de combustão é controlada pelo ajuste da quantidade de ar em excesso
8.11. Exemplo: Temperatura Teórica
Octano líquido entra na câmara de combustão de uma turbina a gás a 25oC e 1 atm, e é queimado com o ar que entra na câmara no mesmo estado. Determine a temperatura teórica da chama para (a) uma combustão completa com 100% de ar teórico, (b) uma combustão completa com 400% de ar teórico, (c) uma combustão incompleta (CO nos produtos) com 90% de ar teórico.
Solução:
Para uma queima completa, com 100% ar teórico, a equação balanceada é:
( ) ( ) 22222188 47NOH9CO8N76,3O5,12HC ++→++A relação para a combustão adiabática é dada por:
( ) ( )rfrpfp hhhNhhhN ∑∑ −+=−+
8.11. Exemplo: Temperatura Teórica
Neste caso:
( ) ( )188HC,
frfrpfp hNhNhhhN ==−+ ∑∑
A partir das tabelas de propriedades, montamos
a mini-tabela ao lado:
(note que a vírgula separa os milhares!)
8.11. Exemplo: Temperatura Teórica
Substituindo os valores da tabela:
( ) ( )188HC,
frfrpfp hNhNhhhN ==−+ ∑∑
( ) ( )( )[ ]( ) ( )( )[ ]( ) ( )( )[ ]( )( ) 188188
22
22
22
HCkJ/kmol249950HCkmol1
NkJ/kmol86690Nkmol47
OHkJ/kmol9904241820OHkmol9
COkJ/kmol9364393520COkmol8
2
2
2
−=
−++
−+−+
−+−
Th
Th
Th
N
OH
CO
( ) ( ) ( ) kJ08164654798222
=++ ThThTh NOHCO
ou
8.11. Exemplo: Temperatura Teórica
( ) ( ) ( ) kJ08164654798222
=++ ThThTh NOHCO
A eq. acima para se determinar T é implícita. Devemos proceder com um método de solução iterativo. A estimativa inicial é obtida dividindo 5 646 081 kJ por (8+9+47) kmol. O resultado, 88200 kJ/kmol corresponde a cerca de 2650K para o N2, 2100K para o H2O e 1800K para o CO2. Observando que a maioria dos moles é de N2, tomamos o valor inicial como 2400 K. Nessa temperatura: o que é um pouco maior que 5 646 081 kJ. Tomando 2350 K
( ) ( ) ( ) kJ8286605K240047K24009K24008222
=++ NOHCO hhh
( ) ( ) ( ) kJ6545265K235047K23509K23508222
=++ NOHCO hhh
8.11. Exemplo: Temperatura Teórica
Fazendo uma interpolação linear entre os dois valores, obtemos: T~2395 K. (b) A equação balanceada para 400% ar teórico é:
( ) ( ) 222222188 188NO5,37OH9CO8N76,3O50HC +++→++Adotando o mesmo procedimento de cálculo do item (a), calculamos: T~962 K (c) A equação balanceada para o processo de combustão incompleta é:
Adotando o mesmo procedimento de cálculo dos itens (a) e (b), calculamos: T~2236 K
( ) ( ) 22222188 N3,42OH9CO5,2CO5,5N76,3O25,11HC +++→++