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CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS DO DOSSEL FORRAGEIRO, VALOR NUTRITIVO E PRODUÇÃO DE FORRAGEM EM PASTOS DE CAPIM-MOMBAÇA SUBMETIDOS A REGIMES DE LOTAÇÃO INTERMITENTE ADRIANA AMARAL DE OLIVEIRA BUENO Dissertação apresentada à Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Mestre em Agronomia, Área de Concentração: Ciência Animal e Pastagens. P I R A C I C A B A Estado de São Paulo – Brasil Maio – 2003

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CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS DO DOSSEL FORRAGEIRO,

VALOR NUTRITIVO E PRODUÇÃO DE FORRAGEM EM PASTOS

DE CAPIM-MOMBAÇA SUBMETIDOS A REGIMES DE

LOTAÇÃO INTERMITENTE

ADRIANA AMARAL DE OLIVEIRA BUENO

Dissertação apresentada à Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Mestre em Agronomia, Área de Concentração: Ciência Animal e Pastagens.

P I R A C I C A B A

Estado de São Paulo – Brasil

Maio – 2003

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CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS DO DOSSEL FORRAGEIRO,

VALOR NUTRITIVO E PRODUÇÃO DE FORRAGEM EM PASTOS

DE CAPIM-MOMBAÇA SUBMETIDOS A REGIMES DE

LOTAÇÃO INTERMITENTE

ADRIANA AMARAL DE OLIVEIRA BUENO

Engenheira Agrônoma

Orientador: Prof. Dr. SILA CARNEIRO DA SILVA

Dissertação apresentada à Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Mestre em Agronomia, Área de Concentração: Ciência Animal e Pastagens.

P I R A C I C A B A

Estado de São Paulo – Brasil

Maio - 2003

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - ESALQ/USP

Bueno, Adriana Amaral de Oliveira Características estruturas do dossel forrageiro, valor nutritivo e produção de

forragem em pastos de capim mombaça submetidos a regimes de lotação intermitente / Adriana Amaral de Oliveira Bueno. - - Piracicaba, 2003.

124 p. : il.

Dissertação (mestrado) - - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 2003. Bibliografia.

1. Capim mombaça 2. Dossel forrageiro 3. Forragem 4. Pastejo 5. Valor nutritivo I. Título

CDD 633.2

“Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte – O autor”

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Aos meus pais, Carlos Alberto e Elizabeth,

pelo carinho e compreensão ao longo das

minhas conquistas,

DEDICO.

Ao Fernando, meu amado marido, testemunha

e colaborador de mais essa etapa da minha

vida,

OFEREÇO.

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Sila Carneiro da Silva pela oportunidade de sua orientação, pela

atenção e pela paciência prestada na realização deste trabalho.

Aos professores do Departamento de Zootecnia que de alguma forma

colaboraram no esclarecimento de dúvidas.

Ao Prof. Dr. Jozivaldo Prudêncio de Morais, pelo encaminhamento na minha

vida profissional, pelo atenção e concessão dos animais e da área para a realização do

experimento nas dependências da Universidade Federal de São Carlos.

À Universidade de São Paulo, por meio do Departamento Zootecnia, pela

oportunidade de realização do curso.

Ao técnico de laboratório Carlos César Alves que, através de sua amizade,

atenção e compreensão no laboratório de bromatologia, compartilhou voluntariamente

seus conhecimentos tornando possível a conclusão deste trabalho.

Ao Dr. Fábio Prudêncio Campos, pelo apoio e atenção no esclarecimento de

dúvidas na execução das análises laboratoriais.

À Roberta Aparecida Carnevalli, aluna de doutorado, responsável pela criação

deste projeto e companheira das incansáveis horas de trabalho.

À Marina Castro Uebele, aluna de mestrado, que também compartilhou com

companherismo as incansáveis horas de trabalho no campo.

Aos estagiários Fernando, Glaciliana e Rodrigo pela dedicação especial e

companherismo.

Aos estagiários do Grupo de Estudo e Trabalhos Agropecuários (GETAP) pela

ajuda nos trabalhos de campo.

À FAPESP pelo financiamento deste projeto através de Auxílo à Pesquisa.

À todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização do

experimento.

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SUMÁRIO

Página RESUMO ........................................................................................................... . vii

SUMMARY........................................................................................................ ix

1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 1

2 REVISÃO DE LITERATURA......................................................................... 3

2.1 O capim-Mombaça ........................................................................................ 3

2.2 Plantas Forrageiras em Pastagens .................................................................. 4

2.3 Composição morfológica e valor nutritivo da forragem .................................. 6

3 MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................. 14

3.1 Material......................................................................................................... 14

3.1.1 Espécie vegetal, local e período do experimento ....................................... 14

3.1.2 Dados Climáticos ....................................................................................... 15

3.1.3 Solo da área experimental........................................................................... 17

3.2 Métodos........................................................................................................ 18

3.2.1 Tratamentos e delineamento experimental .................................................. 18

3.2.2 Monitoramento das condições experimentais e adubação dos pastos .......... 19

3.2.3 Altura do dossel forrageiro ......................................................................... 21

3.2.4 Massa de forragem ..................................................................................... 21

3.2.5 Densidade volumétrica................................................................................ 22

3.2.6 Composição botânica e morfológica da forragem........................................ 23

3.2.7 Composição química .................................................................................. 25

3.2.8 Taxas de acúmulo e produção de forragem................................................. 26

3.3 Análise estatística .......................................................................................... 26

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................... 27

4.1 Intervalo médio entre pastejos ....................................................................... 27

4.2 Características estruturais do dossel forrageiro .............................................. 30

4.2.1 Altura média em pré-pastejo ....................................................................... 30

4.2.2 Altura média em pós-pastejo....................................................................... 32

4.2.3 Massa de forragem do pasto em pré-pastejo .............................................. 36

4.2.4 Massa de forragem em pós-pastejo ............................................................. 38

4.2.5 Densidade volumétrica................................................................................ 39

4.2.6 Composição botânica e morfológica ........................................................... 41

4.2.6.1 Composição botânica............................................................................... 42

4.2.6.2 Composiçõa morfológica ......................................................................... 44

4.2.6.2.1 Material morto...................................................................................... 44

4.2.6.2.2 Material Vivo ....................................................................................... 50

4.2.6.2.3 Folhas................................................................................................... 56

4.2.6.2.4 Hastes .................................................................................................. 62

4.2.6.2.5 Hastes Florescidas ................................................................................ 70

4.2.7 Composição Química.................................................................................. 74

4.2.7.1 Matéria Mineral....................................................................................... 74

4.2.7.2 Proteína Bruta (PB)................................................................................. 78

4.2.7.3 Fibra Insolúvel em Detergente Neutro (FDN) .......................................... 85

4.2.7.4 Fibra Insolúvel em Detergente Ácido (FDA)............................................ 91

4.2.7.5 Digestibilidade in vitro da Matéria Orgânica (DIVMO)............................ 96

4.2.7.6 Lignina .................................................................................................... 103

4.3 Produção de Forragem .................................................................................. 106

4.3.1 Taxa de acúmulo de massa seca.................................................................. 106

4.3.2 Acúmulo total de massa seca........................................................................ 109

5.CONCLUSÕES ............................................................................................... 113

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................. 114

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CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS DO DOSSEL FORRAGEIRO, VALOR

NUTRITIVO E PRODUÇÃO DE FORRAGEM EM PASTOS

DE CAPIM-MOMBAÇA SUBMETIDOS A REGIMES DE

LOTAÇÃO INTERMITENTE

Autora: ADRIANA AMARAL DE OLIVEIRA BUENO

Orientador: Prof. Dr. SILA CARNEIRO DA SILVA

RESUMO

A produção e o valor nutritivo da forragem em pastagens são função de variações

em composição botânica e morfológica do pasto que, por sua vez, são conseqüência do

controle e monitoramento da condição e estrutura do dossel forrageiro. Dentro desse

contexto, o objetivo deste experimento foi avaliar os efeitos de combinações entre

intensidade e intervalo entre pastejos sobre a produção, composição botânica e

morfológica e valor nutritivo da forragem ao longo de uma estação de crescimento

inteira (janeiro/01 a fevereiro/02) em pastos de capim-Mombaça pastejados por bovinos.

Adicionalmente, visou identificar estratégias de manejo do pastejo que permitissem

obter alta produtividade e utilização de forragem, mantendo a estrutura do pasto dentro

de limites aceitáveis de uso e garantindo, assim, alimento em quantidade e qualidade

para os animais. O experimento foi realizado na Universidade Federal de São Carlos,

Araras, SP, entre 8 de janeiro de 2001 e 23 de fevereiro de 2002. Os tratamentos

corresponderam a combinações entre duas intensidades (30 e 50 cm de resíduo) e dois

intervalos de pastejo (pastejo iniciado com 95 e 100 % de interceptação de luz do dossel

forrageiro - IL) e foram alocados às unidades experimentais conforme delineamento de

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blocos completos casualizados, em arranjo fatorial 2 x 2, com 4 repetições. Foram

avaliadas as seguintes variáveis-resposta ao longo de todos os ciclos de pastejo: teores

de matéria mineral, proteína bruta, fibra insolúvel em detergente neutro e ácido, lignina

e digestibilidade in vitro da matéria orgânica. De forma geral, os pastos acumularam

forragem de forma contínua durante a rebrotação, sendo a maior produtividade obtida

para o tratamento 30/95 (26.910 kg MS.ha-1), seguida do 30/100, 50/100 e 50/95

(24.900, 20.280 e 17.910 kg MS.ha-1, respectivamente). No entanto, a partir de

determinada fase de rebrotação o acúmulo foi proveniente de hastes e material morto,

componentes que, em altas proporções, são indesejáveis para a alimentação animal e

eficiência do pastejo. Pastos com pastejos iniciados com 100% IL do dossel

apresentaram maiores proporções de hastes (14,7 x 8,0%) e material morto (9,7 x 6,5%)

na forragem em pré-pastejo, o que resultou em redução dos teores de proteína (9,0 x

11,2%) e da digestibilidade (55,0 x 58,1%) comparativamente àqueles de 95% IL do

dossel. Adicionalmente, quando períodos de descanso mais longos (100% IL) foram

associados com o resíduo de 30 cm, a presença de hastes e material morto impediu que o

resíduo planejado fosse mantido ao longo do ano (50,7 cm ao final do inverno). Pastejos

mais freqüentes, propiciados pelo pastejo iniciado com 95 % IL do dossel, permitiram

também um controle mais efetivo do florescimento das plantas, especialmente quando

associados ao resíduo de 30 cm. Conclui-se que o manejo do pastejo em pastos de

capim-Mombaça submetidos à lotação intermitente deve ser iniciado com 95 % IL do

dossel (90 cm de altura em pré-pastejo) e terminado quando o resíduo atingir 30 cm,

sendo o período de descanso função da taxa de acúmulo de massa seca dos pastos.

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CANOPY STRUCTURAL CHARACTERISTICS, NUTRITIVE VALUE AND

HERBAGE PRODUCTION OF MOMBAÇA GRASS PASTURES

SUBMMITED TO INTERMITENT DEFOLIATION REGIMES

Author: ADRIANA AMARAL DE OLIVEIRA BUENO

Adviser: Prof. Dr. SILA CARNEIRO DA SILVA

SUMMARY

Forage yield and nutritive value in pastures are a function of variations in sward

botanical and morphological composition, which result from monitoring and controlling

sward condition and structure. Against this background, the objective of this experiment

was to evaluate the effects of combinations of grazing intensity and frequency on dry

matter production and botanical and morphological composition of the herbage in

Mombaça grass patures grazed by dairy cattle for 411 days (January/01 to February/02).

Additionally, it aimed at identifying grazing management strategies that would allow for

high pasture productivity and herbage utilization, keeping sward structure within

acceptable limits of use and ensuring adequate supply of good quality feed to animals.

The experiment was carried out at Universidade Federal de São Carlos, Araras, SP, from

8 January 2001 to 23 February 2002. Treatments corresponded to combinations between

two grazing intensities (30 and 50 cm post-grazing height) and two grazing intervals

(grazing initiated at 95 and 100% canopy light interception - LI) and were allocated to

experimental units according to a complete block design, in a 2 x 2 factorial

arrangement, with 4 replicates. The following responses were measured in all grazing

cycles: forage concentration of total ash, crude protein, neutral as well as acid detergent

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x

fiber and lignin content, and in vitro organic matter digestibility. In general, pastures

accumulated herbage continuously during regrowth, with the highest productivity

recorded for the 30/95 treatment (26,910 kg DM.ha-1), followed by 30/100, 50/100 and

50/95 (24,900; 20,280 and 17,910 kg DM.ha-1, respectively). However, from a certain

point during regrowth herbage accumulation was a consequence of stem elongation and

dead material accumulation, components that, in high proportions, are undesirable for

feeding animals and grazing efficiency. When grazing started at 100% canopy light

interception there was a higher proportion of stem (14.7 x 8.0%) and dead material (9.7

x 6.5%) in the pre-grazing herbage mass than when it started at 95% LI, which caused

reduction in crude protein content (9.0 x 11.2%) and organic matter digestibility of the

herbage (55.0 x 58.1%). When longer grazing intervals (100% LI) were associated with

the 30 cm post-grazing height, the post-grazing target for sward height could not be

maintained throughout the year due to the accumulation of stem and dead material at the

base of the sward (50.7 cm in late winter). More frequent grazings, related to the 95%

canopy light interception defoliation regime, allowed for an effective control of

reproductive growth of plants, particularly when associated with the post-grazing height

of 30 cm. It was concluded that grazing management of Mombaça grass pastures

submitted to intermittent stocking must be initiated at 95% canopy light interception (90

cm pre-grazing height) and finished when pastures are grazed down to 30 cm, with

grazing intervals being a function of sward herbage accumulation rates.

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1 INTRODUÇÃO

No contexto da pecuária mundial, o principal foco dos pesquisadores tem sido

sistemas de produção utilizando-se de pastagens como o principal recurso forrageiro,

pois esta é a alternativa mais econômica na alimentação de ruminantes. Para tanto, a

otimização de sistemas de pastejo não pode ser voltada somente para a maximização da

forragem produzida ou ingerida pelos animais. São também necessários cuidados com

relação a características da planta como: perenidade, rebrotação rápida após desfolhação,

tolerância à presença do animal, valor nutritivo adequado e, principalmente, qualidade.

O conceito de “valor nutritivo” refere-se à composição química da forragem e

sua digestibilidade. Já a qualidade de uma planta forrageira corresponde a sua

capacidade em gerar desempenho animal, ou seja, à associação entre sua composição

química, digestibilidade, consumo voluntário e interação de fatores hereditários e

ambientais (Mott, 1970; Moore, 1994).

Hassan et al. (1990) e Singh (1995) realizaram estudos com diversas gramíneas

forrageiras, dentre elas o Panicum maximum Jacq, que apresentou aumento na produção

quando ocorria um aumento no intervalo entre cortes, mas seguido, contudo, de queda

na qualidade. Isso porque a qualidade da pastagem está diretamente associada à forma

com que o alimento está disponível ao animal, ou seja, fatores relacionados à estrutura

do dossel. As forragens tropicais possuem habilidade natural de acumular mais

constituintes de parede celular que as espécies de clima temperado (Moore e Mott,

1973). Sendo assim, o processo de desfolhação da pastagem se torna muito complexo,

pois a produção animal obtida é influenciada pela interação ambiente:solo:planta:animal.

Diferenças no desempenho de animais em pastejo em pastagens tropicais podem

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favorecer melhorias nos sistemas de manejo utilizados se forem empregadas de forma

planejada e orientada com base em dados consistentes e confiáveis de quantidade e

composição química da forragem consumida. Quando os animais pastejam, as folhas

superiores são as primeiras a serem consumidas, seguidas das folhas próximas ao caule

e, finalmente, se forçados por racionamento estrito, dos caules praticamente sem folhas

(Stobbs, 1975). Nessa situação, o comportamento entre e dentro das espécies tende a

diferir, assumindo maior importância quanto mais intensivos forem os sistemas de

produção baseados em pastagens. Esse comportamento necessita ser melhor

compreendido para orientação na tomada de decisões acerca do manejo do pastejo,

visando melhor aproveitamento da forragem acumulada. Por isso é de grande

importância o conhecimento dos teores de proteína bruta, fibra, matéria seca e

digestibilidade quando se iniciam avaliações de uma planta promissora (Mott, 1970;

Nunes et al, 1985).

Dentro desse contexto, este estudo avaliou os efeitos de combinações entre

intensidade e intervalo entre pastejos sobre a produção, composição morfológica e valor

nutritivo da forragem em pastos de capim-Mombaça (Panicum maximum Jacq. cv

Mombaça) pastejados por bovinos, visando identificar estratégias de manejo do pastejo

que permitissem obter alta produtividade e utilização de forragem, mantendo a estrutura

do dossel forrageiro dentro de limites aceitáveis de uso e assegurando seu valor

nutritivo.

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2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 O capim-Mombaça

Segundo Savidan (1990), o cultivar Mombaça foi lançado pela EMBRAPA-

Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte (CNPGC), de Campo Grande, MS, em

1993. Esse cultivar foi classificado como BRA-006645 e coletado próximo de

Korongue, na Tanzânia, em 1967. Trata-se de uma planta ereta e cespitosa com altura

média de 1,65 m. As folhas são quebradiças, com largura média de 3,0 cm e sem

cerosidade. As lâminas apresentam poucos pêlos (duros e curtos), principalmente na face

superior. As bainhas são glabras. Os colmos são levemente arroxeados. A inflorescência

é uma panícula com ramificações primárias longas e secundárias longas apenas na base.

As espiguetas são glabras, uniformemente distribuídas, e arroxeadas em

aproximadamente 1/3 da superfície externa. O verticilo normalmente apresenta

micropilosidade. Apresenta alta produtividade de forragem 165,3 t.ha-1.ano-1 de massa

verde e 32,9 t.ha-1.ano-1 de massa foliar seca. Apresenta alta porcentagem de folhas

(cerca de 80%), sendo que no inverno atinge cerca de 87% de folhas. Com baixas doses

de fertilizantes pode produzir até 75% da produção obtida com uso pleno desse insumo.

Apresenta em torno de 10% da produção anual durante a seca. Os teores de proteína

bruta nas folhas e colmos giram em torno de 13 e 10%, respectivamente, e a produção de

sementes ocorre entre os meses de abril e junho. Para gramíneas do gênero Panicum,

valores de parede celular inferiores a 55 % são raramente observados, superiores a 65%

são comuns em rebrotações e, em estádios avançados de maturação, situam-se entre 75 e

80% (Euclides, 1995).

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O capim-Mombaça é uma planta com um potencial de produção condizente com

taxas de lotação de 1,8 UA.ha-1 a 5,2 UA.ha-1, ganhando cerca de 720 kg PV.ha-1.ano-1

(IAPAR – Paranavaí) (Jank , 1994) e pode atingir, segundo Corsi & Santos (1995), de

12 a 15 UA.ha-1.ano-1 no verão e 3 a 4 UA.ha-1.ano-1 no inverno, proporcionando um

ganho de 1600 a 2000 kg PV.ha-1.ano-1. Barbosa (1996) obteve 7,2 t MS.ha-1 com 11,1%

de proteína bruta no verão e 2,4 t MS.ha-1 com 10,4% de proteína bruta no inverno. A

produção de forragem obtida por Machado et al. (1997) foi de 20 a 21 t MS.ha-1.ano-1,

sendo que as parcelas cortadas mais intensamente proporcionaram as produções mais

elevadas. Santos (1997) afirmou que, para as épocas de maior disponibilidade de fatores

de crescimento, um período de descanso inferior a 28 dias seria o mais indicado para o

capim-Mombaça.

2.2 Plantas Forrageiras em Pastagens

O manejo embasado nas características da planta e nas condições de ambiente

tem resultado em grande desenvolvimento do setor pecuário em alguns países de clima

temperado. Centros de pesquisa tidos como desenvolvidos nesses países têm realizado

estudos dessa natureza há mais de 50 anos, sendo a marca registrada da pesquisa em

pecuária. Nos países de clima tropical, os estudos são basicamente fundamentados em

intervalos de descanso, taxas de lotação e/ou intensidade de corte/pastejo fixos,

raramente respeitando a ecofisiologia da planta e sem controle algum de características

estruturais do dossel forrageiro (e. g. índice de área foliar), variáveis-chave para o

correto manejo da desfolhação e uso da forragem produzida. Como conseqüência, o

desempenho das pastagens é muito variável e inconsistente, resultando num elevado

grau de insatisfação por parte dos produtores e técnicos do setor. A necessidade de

intensificar o uso das pastagens direciona os pesquisadores a dar nova ênfase e enfoque

aos estudos com plantas forrageiras tropicais.

Em estudos de Brougham (1955) foi determinada a natureza da curva de

rebrotação de azevém perene (Lolium perene L.) e trevo branco (Trifolium repens L.) e

vermelho (Trifolium repens L.) em pastos submetidos a desfolhações sucessivas. A

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curva apresenta três fases distintas. Na primeira fase, as taxas de acúmulo líquido de

forragem aumentam exponencialmente com o tempo. Essa fase é altamente influenciada

por reservas orgânicas das plantas, disponibilidade de fatores de crescimento e área

residual de folhas (Brougham, 1957). A segunda fase apresenta taxas de acúmulo líquido

constantes. Nessa fase, o processo de competição inter e intra-específica adquire caráter

mais relevante, principalmente quando aproxima-se da completa interceptação da luz

incidente. Na terceira fase, inicia-se a queda das taxas de acúmulo líquido, causada pela

redução na taxa de crescimento e pelo aumento na senescência de folhas, provocado

pelo sombreamento (Hodgson et al., 1981).

Brougham (1955) verificou a necessidade de se estudar a influência da

intensidade em relação à freqüência de desfolhação após observar que a intensidade de

corte utilizada alterava a fase inicial da curva de acúmulo. Brougham (1956)

desenvolveu um estudo para determinação da influência da intensidade de desfolhação

sobre as taxas subsequentes de acúmulo de forragem e interceptação de luz em campos

de azevém perene consorciado com trevo branco sob regime de corte. O autor verificou

que as taxas de acúmulo do azevém estavam relacionadas à área foliar e à porcentagem

de luz interceptada pelo dossel. O acúmulo atingia uma taxa máxima constante que era

mantida enquanto existia área foliar suficiente para interceptar quase toda luz. Outra

conclusão foi que uma maior intensidade de desfolhação exigia um tempo mais

prolongado de recuperação, pois a primeira fase de rebrotação estendia-se por um

período maior. Contudo, a produção máxima atingida na curva de crescimento era a

mesma de campos submetidos a cortes menos intensos.

Após constatação da interação entre intensidade e freqüência de desfolhação

sobre o manejo das plantas forrageiras, Brougham (1959) passou a estudar o efeito da

combinação entre freqüência e intensidade em áreas pastejadas. Nesse estudo, o autor

confirmou também a necessidade de manejar áreas sob pastejo através da combinação

entre intensidade e freqüência de desfolhação, ou seja, pastejos intensos necessitavam de

um período de rebrotação mais longo (menor freqüência), enquanto pastejos lenientes

necessitam de períodos de rebrotação mais curtos (maior freqüência).

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Wilson & Mc Guire (1961) e Donald (1961), citados por Marshall (1987),

quantificaram a luz que era interceptada pelo dossel forrageiro de azevém perene,

mencionada por Brougham (1960). Os autores encontraram redução na produção total

dos pastos quando os mesmos eram desfolhados com menos de 95% de interceptação

luminosa (IL).

Quando o dossel atinge 95% de IL as folhas inferiores passam a ser sombreadas.

A redução ou a ausência de luz numa folha induz uma diminuição na sua atividade

fotossintética, e essa passa da condição de fonte de fotoassimilados para a condição de

dreno. A partir desse ponto, as taxas de fotossíntese e respiração no dossel tornam-se

muito próximas. Esse é considerado o índice de área foliar ótimo, onde a taxa de

acúmulo de massa seca do pasto atinge um máximo. Aumentos subsequentes em índice

de área foliar reduzem a taxa de acúmulo do pasto em função do aumento nas taxas de

respiração, resultantes de um aumento na quantidade de tecidos sem função

fotossintética (senescentes) (Donald, 1961; citado por Marshall, 1987). Quando isso

ocorre, há um declínio na proporção de folhas e o maior acúmulo passa a ser proveniente

de hastes. A planta passa do estádio vegetativo para a maturidade e, ao mesmo tempo, os

teores dos componentes de parede celular aumentam (Blaser, 1988). Esse

comportamento foi validado por Korte (1982) em estudos realizados com azevém

perene, onde foram avaliadas estratégias de manejo fundamentadas em combinações

entre freqüências e intensidades de pastejo. Os intervalos entre desfolhações foram

baseados na interceptação luminosa e as intensidades de pastejo baseadas em índice de

área foliar residual. O autor concluiu que a utilização da pastagem quando o dossel

atingiu 95% de IL era a estratégia que permitia a otimização da produção de forragem.

Para plantas de clima tropical estudos baseados em interceptação luminosa para controle

e manejo do pastejo são praticamente inexistentes na literatura.

2.3 Composição morfológica e valor nutritivo da forragem

As condições climáticas favoráveis ao acúmulo de massa seca, idade e o

desenvolvimento morfológico fazem com que as plantas forrageiras sofram alterações

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7

nos atributos produtivos e nutricionais (Ramos, 1997). A composição química das

plantas forrageiras é um dos parâmetros utilizados para medir seu valor nutritivo e,

dentre outros fatores, é afetada pela espécie ou cultivar, idade dos tecidos e fertilidade

do solo (Coward-Lord, 1972). O baixo valor nutritivo das plantas forrageiras tropicais é

freqüentemente mencionado na literatura. Esse valor nutritivo é, muitas vezes, associado

ao reduzido teor de proteína e de minerais e ao alto conteúdo de fibras que ocorre

geralmente em pastagens maduras ou que não foram manejadas adequadamente.

Pedreira & Mattos (1982) afirmaram que variações nas taxas mensais de acúmulo

de massa seca podem provocar contínuas alterações qualitativas durante o ano ou até

durante uma estação do ano, mesmo quando o capim é utilizado com intervalos iguais

entre pastejos sucessivos, como é o caso do sistema de lotação intermitente utilizado

tradicionalmente. Em uma avaliação de um sistema de pastejo intensivo em pastagens

adubadas de capim-Tobiatã, Sarmento et al. (1997) relataram que face à diferença entre

os teores de proteína da folha e do caule, seria importante privilegiar práticas de manejo

do pastejo que elevassem a proporção de folhas na forragem ingerida, melhorando seu

valor nutritivo.

A importância da relação folha:haste como fator importante para a tomada de

decisão acerca do manejo do pastejo foi constatada por Pinto et al. (1994a). Os autores

observaram diminuição na relação folha:haste do capim-Guiné (Panicum maximum

Jacq.) à medida que a idade de rebrotação aumentava. Nas idades de 14, 28, 42 56 e 70

dias obtiveram as relações de 1,3; 1,2; 1,0; 0,7 e 0,5, respectivamente.

Corsi (1995) afirmou que a presença da haste determina o declínio acentuado da

digestibilidade de gramíneas tropicais mas, por outro lado, parece ser imprescindível

para manter elevada produtividade. Assim, para manter o elevado potencial produtivo

das plantas forrageiras tropicais seria necessário aproveitar a variabilidade genética

quanto à digestibilidade das hastes, situação essa em que avaliações cuidadosas sobre

seu comportamento quantitativo e qualitativo no decorrer do desenvolvimento da planta

adquirem importância significativa.

As frações fibrosa e protéica são as mais comumente analisadas, pois com o

aumento da maturidade da planta aumenta a concentração de constituintes da parede

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celular nos tecidos vegetais. As bainhas das folhas alcançam uma maior porcentagem de

fibra bruta e lignina, folhas velhas senescem e perdem água, hastes alongam e se tornam

pouco suculentas. Com o aumento da produção de massa seca ocorre declínio na

proporção de folhas e no teor de proteína bruta da forragem. A deficiência protéica

também limita a produção animal, seja porque a forragem disponível pode conter

proteína insuficiente ou a concentração de proteína bruta é inferior ao nível mínimo

crítico (7%) para o bom funcionamento do rúmen. Ocorre, então, uma diminuição da

atividade dos microrganismos do rúmen, das taxas de digestão e de passagem do

alimento e conseqüentemente, no consumo voluntário (Euclides, 1995).

A fibra não é uma fração uniforme ou um composto puro, de composição

definida. Ela é formada pelos componentes de parede celular e estimada pela análise de

fibra insolúvel em detergente neutro (FDN). Embora a parede celular possa ser digerida

pelos microrganismos do rúmen, na prática isso não ocorre por completo. Dessa forma, a

fibra é usada como índice qualitativo negativo nas avaliações de forragens (Euclides,

1995).

Segundo Balsalobre (2002), a presença de hastes pode reduzir a eficiência do

sistema limitando a capacidade de colheita da forragem pelo animal e reduzindo seu

valor alimentar (qualidade). Cecato et al. (1985) mencionaram a altura de corte ou

pastejo como sendo um dos fatores que influencia a composição bromatológica da

planta, uma vez que cortes ou pastejos mais baixos proporcionaram colheita de

materiais fibrosos e com menor teor de proteína bruta.

Contudo, animais em pastejo selecionam o que consomem, de forma que o valor

nutritivo da forragem consumida é, invariavelmente, superior àquele da forragem em

oferta (Hodgson, 1990), fato este que revela a importância de assegurar ao animal a

oportunidade de seleção. Os animais têm preferência por folhas e partes novas da planta.

Em geral, essas partes apresentam melhor valor nutritivo e aparecem em maior

proporção nos estratos superiores do dossel forrageiro. Como a proporção de folhas do

resíduo pós-pastejo é inferior àquela da massa de forragem em pré-pastejo, há um

aumento na dificuldade de colheita de folhas pelos animais à medida que os estratos

superiores vão sendo eliminados pelo pastejo. Uma redução na quantidade e na

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qualidade das folhas à medida que a forragem é consumida acentua a queda no valor

nutritivo (Hodgson, 1990). Segundo Veiga et al. (1985), a seletividade de pastejo em

capim-elefante melhorou a composição química da forragem ingerida, tendo em vista a

grande diferença de valor nutritivo entre as partes da planta (folhas e hastes). Além do

aspecto qualitativo, o uso do capim-elefante de porte alto, em pastejo direto, tem

restrições de manejo relacionadas com o seu hábito de crescimento. Nesse estudo, os

autores observaram que os teores de proteína bruta das folhas e das hastes foram

afetados pela pressão e pelo ciclo de pastejo. Dados gerados por Britto et al. (1970)

mostraram que o capim-elefante com 45 dias de idade apresentava de 30 a 43% de fibra

insolúvel em detergente ácido (FDA), demonstrando que essa fração poderia limitar o

consumo de forragem pelo animal, o nível de energia de sua dieta e, conseqüentemente,

sua produção de leite.

A produção animal está diretamente associada ao consumo diário de massa seca

digestível quando proteína, minerais e outros fatores nutricionais são adequados. Para

obtenção de altos níveis de produção por animal a partir de uma determinada espécie

forrageira, seu estádio de crescimento é determinante da relação entre morfologia da

planta, estrutura do dossel forrageiro e desempenho animal. Altos níveis de produção

por animal estão diretamente associados à proporção de folhas, teor de proteína e

consumo de massa seca digestível (Blaser, 1988). Uma alta eficiência de conversão

alimentar pode ser restringida por reduções em valor nutritivo da planta forrageira.

Para caracterizar a forragem disponível aos animais em pastejo, o fracionamento

da forragem acumulada em estratos e sua separação em componentes como folha, haste

e material morto descreve melhor as alterações morfológicas e fisiológicas decorrentes

do crescimento e desenvolvimento das plantas forrageiras (Ramos, 1997). Além disso,

as decisões de manejo, a eficiência no aproveitamento da planta forrageira e a conversão

em produto animal mantém estreita relação com esses parâmetros. Variações na

condição e estrutura do dossel forrageiro e disponibilidade de forragem influenciam o

animal através de seus efeitos sobre a quantidade e o valor nutritivo da forragem

consumida. De acordo com Corsi (1988), o elevado potencial de produção de massa seca

por unidade de área das plantas forrageiras tropicais e a homogeneidade da idade

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cronológica dos perfilhos fazem com que essas percam qualidade muito rapidamente

com a maturidade em função de alterações em sua composição morfológica (relação

haste:folha), o que acarreta um menor consumo de massa seca e decréscimo de seu valor

nutritivo quando colhidas de maneira inadequada.

Para assegurar alto valor nutritivo sugere-se que apenas os estratos superiores

sejam pastejados por animais de maior potencial de produção, sendo o restante da

forragem destinado a animais de menor exigência nutricional (Hodgson, 1990). Na

Virgínia, EUA, com pastejo rotacionado, vacas leiteiras, como primeiras pastejadoras,

consumiram cerca de 50% da disponibilidade de forragem e produziram 25, 54, e 49 %

mais leite do que aquelas que pastejaram por último (animais seguidores) durante 3 anos

(Bryant et al., 1961 e Blaser et al., 1969). O melhor desempenho naquelas condições foi

devido a um consumo de matéria seca 17% maior em relação aos animais seguidores.

Entretanto, a determinação da melhor estratégia de colheita da forragem depende

do conhecimento de cada espécie forrageira utilizada para pastejo. O subsídio oferecido

pela literatura é baseado em informações esparsas e, na maioria das vezes, obtidas sem a

presença de animais em pastejo como parte integrante da proposta experimental. Dentre

as informações existentes encontra-se o trabalho de Favoretto & Furtado (1978), que

conduziram um estudo sobre o efeito do corte de capim-Colonião em quatro alturas

sobre a produção e composição químico-bromatológica da forragem. As plantas eram

cortadas conforme atingiam 50, 60, 70 ou 80 cm. Os teores de proteína bruta foram

considerados adequados à alimentação animal (13,6%) quando as plantas eram cortadas

com 50 cm de altura. Em relação à composição químico-bromatológica e às

características fisiológicas e de produção, os cortes com 60 e 80 cm de altura média

foram os que apresentaram os melhores resultados.

Pedreira & Silveira (1972) observaram uma variação acentuada na composição

do capim-Colonião a partir da primeira amostra colhida aos 26 dias de desenvolvimento.

De um modo geral, a tendência para as frações matéria seca, proteína e fibra bruta foram

semelhantes àquela já observada para outras espécies de gramíneas forrageiras. Em

Porto Rico, Vicente-Chandler et al. (1964) estudaram o efeito do intervalo entre cortes

sobre a produção e características bromatológicas dos capins Elefante (Pennisetum

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purpureum Schum), Colonião (Panicum maximum Jacq.) e Pará (Brachiaria mutica

Stapf). Os resultados mostraram uma elevação na produção total de massa seca anual à

medida que se aumentava o intervalo entre cortes de 40 para 90 dias. Entretanto, os

valores encontrados para a relação folha:haste e porcentagem de proteína bruta

decresceram com o aumento no intervalo entre cortes, e foram de 1,70; 1,22; e 0,56, bem

como de 9,0; 7,0 e 5,6% para tratamentos correspondentes aos cortes realizados com 40,

60 e 90 dias, respectivamente.

Gerdes et al. (1999), avaliando o valor nutritivo das gramíneas forrageiras capim-

Marandu (Brachiaria brizantha Stapf. cv. Marandu), capim-Setária (Setaria sphacelata

(Schum.) Moss var.sericea (Stapf.) cv. Kanzugula) e capim-Tanzânia (Panicum

maximum Jacq. cv. Tanzânia-1) nas estações do ano, observaram grandes diferenças nos

teores de proteína bruta e FDN de lâminas foliares e hastes do capim-Tanzânia, que

apresentaram, respectivamente, 15,3 e 7,5% de PB e 73,8 e 77,8% de FDN durante a

primavera. Para a digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) houve uma pequena

redução dos valores apresentados para hastes e lâminas foliares sendo, 55,7% e 56,9%

respectivamente.

Rego et al. (2001) conduziram um trabalho para avaliar os teores de PB, FDN e

FDA de pastos de capim-Tanzânia mantidos em quatro alturas do dossel forrageiro (24 a

26, 43 a 45, 52 a 62, 73 a 78 cm) e concluíram que o aumento na altura do dossel

resultou em forragem com menores teores de PB e maiores teores de FDN e FDA.

Gomes (2001), ao estudar os efeitos da oferta de forragem (4, 8 e 12%) e

períodos de ocupação (1 e 3 dias) sobre o valor nutritivo do capim-Mombaça,

observaram que os teores de proteína bruta diminuíram linearmente com o aumento na

oferta de forragem, seguidos de um aumento na quantidade de parede celular com a

diminuição da intensidade de pastejo durante os períodos de verão e de inverno.

Machado et al. (1998), avaliando a composição química de cultivares e acessos

de Panicum maximum Jacq., dentre eles o capim-Mombaça, nas alturas de 20 e 40 cm,

verificaram que não houve respostas à altura de corte em qualquer um dos acessos e

cultivares. O capim-Mombaça, em intervalos de corte de 35 dias, se destacou com teor

médio de PB no verão de 12,9%. No inverno, em intervalos de 70 dias, seu teor médio

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de PB foi de 13,3 %, indicando que o teor nesse período foi maior devido às condições

climáticas desfavoráveis que proporcionaram à planta um menor desenvolvimento de

colmos e, consequentemente, aumento no valor protéico da forragem devido à maior

presença de folhas. Pelo mesmo motivo os valores de FDN e FDA foram maiores no

verão e mais baixos no inverno, com o capim-Mombaça apresentando valores médios de

73,4% de FDN e 43,5% de FDA no verão e 69,6% de FDN e 40,6% de FDA no inverno.

Para valores de digestibilidade os autores não encontraram diferenças ao longo do ano,

sendo 64,6% no verão e 64,9% no inverno.

Avaliando o capim-Mombaça sob pastejo, Herling et al. (1998 a) testaram dois

períodos de descanso (35 e 42 dias) e três intensidades de pastejo (1000, 2000 e 3000 kg

MS residual.ha-1). Os autores concluíram que o período de descanso deveria ser ajustado

especificamente para cada época do ano e que 42 dias era um tempo de descanso muito

longo, pois resultou em aumento na quantidade de material fibroso e nas perdas por

pastejo.

Costa et al. (2000), avaliando a produção estacional do capim-Mombaça em

diferentes épocas de aplicação e doses de N, verificaram que a produção de massa seca e

de proteína bruta foram equilibradas durante o verão e o inverno, sendo os teores de PB

de 9,8% no verão e 8,7% no inverno. A diferenciação foi justificada pela presença de

folhas velhas e senescentes no material colhido durante o inverno, além da idade mais

avançada das plantas e do aumento na proporção de hastes.

Braga (2001), avaliando a resposta do capim-Mombaça a doses de nitrogênio e

intervalo entre cortes, observou alterações de valor nutritivo quando o intervalo entre

cortes foi ampliado de 28 para 42 dias no verão e de 56 para 84 dias no inverno. Os

teores médios de PB foram de 11,4 e 9,2% no verão e 10,4 e 9,5% no inverno

respectivamente. Os teores médios de FDN foram semelhantes (75,3%) para os dois

intervalos entre cortes estudados durante o período de verão. Para o inverno, a média foi

de 76,5 e 72,4% para os intervalos de 56 e 84 dias, respectivamente. Em relação aos

teores de FDA, as médias registradas no verão foram de 40,4% (28 dias) e 43% (42 dias)

e no inverno foram de 39,1% para ambos os intervalos. O intervalo entre cortes mais

curto apresentou uma média de 56,3% de DIVMS, seguido de 53,1% para o intervalo

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mais longo durante o período de verão. No inverno houve uma queda da digestibilidade

para cerca de 50% nos dois intervalos avaliados. No verão não houve variação nos teores

de FDN, apesar da queda nos teores de PB. Já no inverno, o valore de FDN foi mais

elevado para o menor período de descanso e esteve associado ao maior teor de PB.

Portanto, o intervalo entre cortes em gramíneas forrageiras afeta diretamente a

produção, o valor nutritivo, o potencial de rebrotação, a composição botânica e

morfológica e a sobrevivência das espécies. Em geral, um extenso período entre cortes

tem com conseqüência um aumento no teor de matéria seca, fibra, lignina e um

decréscimo na relação folha:haste, teor de proteína bruta e digestibilidade, que resultam

em um declínio do consumo (Crowder & Chheda, 1992).

Face à reduzida disponibilidade de dados na literatura, ainda não é possível

definir a melhor estratégia de pastejo para plantas tropicais. Sendo assim, estudos

básicos como o de Korte (1982) são necessários para que se possa inferir sobre o manejo

mais indicado do pastejo, sem prejudicar a qualidade e a disponibilidade de forragem, e

assegurar a longevidade da pastagem. Dentro desse contexto, o presente trabalho teve

por objetivo estudar a manipulação das condições de pós e pré-pastejo do capim-

Mombaça submetido a regimes de lotação intermitente sobre o acúmulo, composição

morfológica e valor nutritivo da forragem produzida.

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3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Material

3.1.1 Espécie vegetal, local e período do experimento

O experimento foi realizado com o capim da espécie Panicum maximum Jacq.

cv. Mombaça pastejado por vacas em lactação da Raça Holandesa (agentes

desfolhadores) com peso vivo médio de 570 kg. A área utilizada faz parte do Sistema de

Produção de Leite do Departamento de Biotecnologia Vegetal, do Centro de Ciências

Agrárias da Universidade Federal de São Carlos, situada no município de Araras, SP

(Figura 1). As coordenadas geográficas aproximadas do local são 22o 18’ de latitude sul,

47o 23’de longitude oeste e 611m de altitude. As áreas de pastagem foram formadas em

1998 e em 2000 passaram por processo de drenagem já que eram áreas facilmente

alagáveis. A fase experimental correspondeu ao período de 8 de janeiro de 2001 a 23 de

fevereiro de 2002, com duração de 411 dias.

Figura 1 - Vista geral da área experimental

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3.1.2 Dados climáticos

Os dados climáticos referentes ao período experimental e as médias mensais dos

últimos 30 anos são apresentadas nas Figuras 2 e 3. Esses dados foram obtidos no Posto

Meteorológico da Universidade Federal de São Carlos, campus de Araras, distante cerca

de 500 metros da área experimental. Na Figura 4 é apresentado o balanço hídrico

correspondente aos meses de realização do experimento.

Figura 2 - Distribuição das temperaturas médias durante o período experimental

(jan/2001- fev/2002) e nos últimos 30 anos (jan/1971 – jan/2001)

16

18

20

22

24

26

28

dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev

Mês

Tem

pera

tura

méd

ia (0 C

)

Período Experimental Médias (30 anos)

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16

Figura 3 - Distribuição da precipitação (mm) durante o período experimental (jan/2001-

fev/2002) e nos últimos 30 anos (jan/1971 – jan/2001)

Figura 4 – Balanço hídrico da área experimental de janeiro 2001 a fevereiro de 2002

050

100150200250300350400450500

dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev

Mês

Prec

ipita

ção

méd

ia (m

m)

Período Experimental médias (30 anos)

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-60

-40

-20

0

20

40

60

80

100

120

140

160

Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev

mm

Déficit����

Excedente

2001

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3.1.3 Solo da área experimental

O experimento foi instalado em solo classificado como Argissolo Vermelho

distrófico latossólico (PVd) (EMBRAPA, 1999), de textura muito argilosa e com

horizonte A moderado. A análise de terra revelou nível mediano de fertilidade (Tabela

1). De forma geral os piquetes dentro de bloco encontravam-se relativamente

homogêneos quanto aos níveis de fósforo e saturação por bases, exceção ao piquete

número 5, bloco 2, que recebeu 250 kg.ha-1 de superfosfato simples com a finalidade de

elevar o teor de fósforo para 13 mg.dm-3.

Tabela 1. Resultado da análise de terra realizada em setembro de 2000

P M.O pH K Ca Mg H + Al S T V

Piquete mg.dm-3 g.dm-3 CaCl2 mmolc % Bloco 1

1 7 29 5,1 1,8 26 15 33 43,1 75,6 57 2 9 27 5,2 1,4 28 13 33 42,5 75,0 57 3 8 24 4,7 1,6 21 12 42 35,2 77,5 45 4 7 25 5,1 0,9 23 11 33 35,4 67,9 52

Bloco 2 5 8 25 5,4 2,5 22 16 26 40,3 66,6 60 6 19 32 5,8 3,7 30 19 22 52,7 75,2 70 7 13 35 5,5 2,7 39 18 29 60,0 89,2 67 8 13 35 5,3 2,1 34 13 33 49,6 82,1 60

Bloco 3 9 5 32 5,2 1,9 22 12 34 35,8 70,1 51

10 7 37 5,3 1,9 24 15 31 40,4 71,3 57 11 6 33 5,1 2,1 26 14 38 42,5 80,6 53 12 6 40 5,6 2,6 29 17 28 48,9 76,6 64

Bloco 4 13 6 37 5,4 1,1 44 14 33 59,1 91,6 65 14 8 38 5,8 2,3 45 18 25 64,6 89,6 72 15 8 41 5,6 1,7 58 22 29 82,0 111,2 74 16 8 37 5,5 1,2 40 18 28 59,5 87,2 68

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18

3.2 Métodos

3.2.1 Tratamentos e delineamento experimental

Os tratamentos corresponderam a duas intensidades combinadas a dois

intervalos entre pastejos. Um pastejo intenso, julgado apresentar um nível de utilização

de forragem alto, com um resíduo de 30 cm de altura, e um pastejo mais leniente,

deixando-se um resíduo de 50 cm de altura. Essas intensidades foram combinadas a dois

intervalos entre cortes, um correspondente ao tempo necessário para que o dossel

forrageiro atingisse um índice de área foliar (IAF) tal que permitisse que 95% da luz

incidente fosse interceptada, e outro quando atingia-se valores próximos de 100% de

interceptação luminosa. Os tratamentos foram alocados às unidades experimentais (16

piquetes com cerca de 2000 m2) conforme um delineamento de blocos completos

casualizados e arranjo fatorial 2 x 2, com 4 repetições. A distribuição das unidades

experimentais (piquetes) na área experimental (layout) é apresentada na Figura 5.

Figura 5 - Representação esquemática da área experimental (Tratamento = resíduo /

interceptação luminosa)

50/1004

30/953

50/952

30/1007

50/958

50/1009

30/9510

30/10011

50/9512

30/10013

50/10014

30/9515

50/9516

30/955

50/1006

Bloco 1 Bloco 2 Bloco 3 Bloco 430/1001

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19

Em setembro de 2000 os piquetes começaram a ser manejados de forma

rotacionada e com resíduo de 30 cm em toda a área experimental. Em dezembro foram

implementados os resíduos correspondentes aos tratamentos (30 e 50 cm) em cada

piquete. Como não havia controle, ainda, do intervalo entre pastejos, houve dificuldades

de manutenção dos resíduos propostos, o que levou à necessidade de algumas roçadas

manuais após o primeiro pastejo de janeiro de 2001, quando do início do período

experimental. Essas roçadas tiveram a finalidade de assegurar que as alturas de resíduo

fossem geradas adequadamente, sendo que nos pastejos subseqüentes esse tipo de

intervenção não foi mais utilizado.

3.2.2 Monitoramento das condições experimentais e adubação dos pastos

O monitoramento da interceptação luminosa foi realizado a cada incremento de

20 cm na altura do dossel forrageiro após o pastejo (50, 70, 90, etc...) e a cada 2 dias a

medida que atingia-se 90% de interceptação de luz, utilizando-se um aparelho analisador

de dossel marca LI-COR modelo LAI 2000 (LI-COR, Lincoln, Nebraska, EUA). Foram

utilizadas 6 estações de leitura (amostragem) por piquete, compostas de 5 leituras no

nível do solo com uma leitura correspondente acima do nível do dossel em cada estação,

totalizando 30 leituras por unidade experimental. Esse número de leituras foi obtido

através de simulações do número de estações necessárias em um exercício antes do

início das avaliações, sendo que 30 resultou em repetibilidade e precisão satisfatórias

dos resultados.

Os piquetes experimentais receberam adubações nitrogenadas diferenciadas

por ciclo de pastejo, totalizando 195 kg.ha-1 de nitrogênio ao final do experimento.

Como o intervalo entre pastejos não era fixo, e a condição de entrada dos animais no

pasto era também variável, essa quantidade foi dividida por pastejo conforme o período

de descanso resultante de cada tratamento, de tal forma que uma quantidade

relativamente uniforme por piquete fosse aplicada por mês (Tabela 2).

Tabela 2. Relação da quantidade de N (kg.ha-1) aplicada por adubação em cada repetição

e a respectiva data de adubação durante o período experimental

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Bloco 1 Bloco 2 Bloco 3 Bloco 4 Tratamento data kg.ha-1 data kg.ha-1 data kg.ha-1 data kg.ha-1

11/01 15 20/01 15 27/01 15 16/01 15 14/02 30 17/02 30 03/03 30 16/02 15 21/04 50 21/03 30 08/04 50 22/03 30

30/95 19/07 0 10/04 50 18/07 60 12/04 50 07/11 60 11/06 0 04/11 0 11/06 0 28/11 20 29/10 30 03/12 20 10/10 45 31/12 20 27/11 20 23/12 20 03/11 20 30/12 20 23/11 0 12/12 20 02/01/02 0 Bloco 1 Bloco 2 Bloco 3 Bloco 4 data kg.ha-1 data kg.ha-1 data kg.ha-1 data kg.ha-1

09/01 15 19/01 15 27/01 15 18/01 15 22/02 30 21/02 30 10/03 30 11/03 30

30/100 07/04 50 03/04 50 23/04 50 26/04 50 16/07 0 18/07 0 20/08 0 15/11 60 27/11 60 20/11 60 20/11 60 12/01/02 40 08/01/02 40 03/01/02 40 22/12 40 Bloco 1 Bloco 2 Bloco 3 Bloco 4 data kg.ha-1 data kg.ha-1 data kg.ha-1 data kg.ha-1

09/01 15 20/01 15 27/01 15 17/01 15 02/02 15 17/02 30 24/02 30 08/02 15 24/02 0 23/03 30 19/04 50 06/03 30 24/03 30 21/04 50 16/10 60 03/04 50

50/95 26/04 50 17/07 0 14/11 20 27/04 0 01/11 45 06/10 30 05/12 20 04/10 45 28/11 20 29/10 0 22/12 0 27/10 0 21/12 20 05/12 20 03/12 20 31/12 20 27/12 20 Bloco 1 Bloco 2 Bloco 3 Bloco 4 data kg.ha-1 data kg.ha-1 data kg.ha-1 data kg.ha-1

13/01 15 20/01 15 27/01 15 17/01 15 14/02 30 19/02 30 05/03 30 12/02 15

50/100 30/04 50 25/03 30 23/04 50 28/03 30 12/11 60 24/04 50 05/11 60 30/04 50 22/12 40 11/10 30 10/12 40 12/11 45 28/11 40 18/12 40

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21

3.2.3 Altura do dossel forrageiro

A altura do dossel foi determinada utilizando-se uma régua de madeira de 2

metros de comprimento graduada em centímetros, com a qual foram medidos 16 pontos

aleatórios por unidade experimental (Figura 6). A altura de cada ponto correspondeu à

altura média do dossel em torno da régua (plano de visão), e a média dos 16 pontos

correspondeu a altura média da unidade experimental (piquete).

Figura 6 – Régua para a medição da altura do dossel nos piquetes experimentais

3.2.4 Massa de forragem

A massa de forragem antes e depois do pastejo foi obtida através do uso de 3

amostradores (0,68 x 1,47 m) de 1,0 m2 cada por unidade experimental, padronizando-se

o corte da forragem a 20 cm de altura do solo a fim de não comprometer o estande do

pasto (Figura 7). Esses quadrados foram posicionados em pontos que possuíam altura

semelhante à altura média da unidade experimental no momento da amostragem,

buscando-se pontos que fossem representativos da condição da pastagem. A amostra

verde obtida foi pesada e sub-amostrada, e a sub-amostra seca em estufa de circulação

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forçada de ar a 65 oC para fins de conversão da massa verde da amostra em massa seca.

A massa de forragem em cada unidade experimental foi calculada como sendo a média

do peso seco das três amostras, valor esse convertido para kg MS.ha-1.

Figura 7 – Corte do capim-Mombaça a 20 cm do solo para quantificação da massa de

forragem no pré-pastejo

3.2.5 Densidade Volumétrica

A densidade volumétrica da forragem no dossel foi obtida através do quociente

entre a massa de forragem em pré-pastejo e a altura do dossel ajustada para o corte a 20

cm do solo, sendo expressa em kg MS.cm-1.ha-1.

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3.2.6 Composição botânica e morfológica da forragem

A coleta das amostras destinadas às avaliações botânica e morfológica foi

realizada no pós-pastejo, durante o período de rebrotação e antes da entrada dos animais

nos piquetes (pré-pastejo). Durante o período de rebrotamento as amostragens ocorreram

sempre que a altura média do dossel forrageiro apresentava um incremento de 20 cm em

relação ao resíduo e/ou amostragem anterior. Na ocasião da entrada dos animais nos

piquetes era feita uma coleta através do corte de touceiras inteiras, na altura do resíduo

desejado, sendo a mesma subdividida em estratos verticais. A estratificação ocorreu da

seguinte forma: no momento da coleta a touceira era amarrada com barbante plástico

(Figura 8) e, em seguida, com o auxílio de uma régua, as plantas eram divididas de 20

em 20 cm, obtendo-se, assim, os estratos 30-50 (basal) e 50-70 cm (superior) ou 50-70

(basal) e 70-90 cm (superior) para os resíduos de 30 e 50 cm, respectivamente (Figura

9). Para todo o material coletado foi retirada uma sub-amostra de cerca de 250g para

determinação de sua composição morfológica. O material coletado foi acondicionado

em sacos plásticos devidamente identificados e mantidos refrigerados com o intuito de

reduzir a perda de água e de nutrientes através da respiração celular enquanto aguardava

processamento. Para cada amostra foi retirada uma sub-amostra que foi separada

manualmente em: material morto, folhas verdes (lâminas foliares) e hastes (bainhas

foliares + hastes). Cada componente, colocado em saquinhos de papel devidamente

identificados, foi levado para estufa, seco e pesado. As proporções dos componentes nas

amostras foram calculadas como a porcentagem do peso total. A amostra total foi seca

em estufa de circulação forçada de ar a 65oC, em seguida moída em moinho tipo Wiley

com peneira de malha 1 mm, e encaminhada para análise química no laboratório de

bromatologia.

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Figura 8 – Touceira de capim-Mombaça destinada a estratificação da forragem

Figura 9 – Forragem estratificada destinada a análise química e composição morfológica

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3.2.7 Composição Química

As análises químicas foram realizadas a partir das amostras coletadas conforme

descrição anterior. Em cada amostra foram determinados os teores de matéria seca (MS),

matéria mineral (MM) e proteína bruta (PB) de acordo com A.O.A.C. (1990), fibra

insolúvel em detergente neutro (FDN), fibra insolúvel em detergente ácido (FDA) e

lignina segundo o método de Van Soest et al. (1991), e a digestibilidade in vitro da

matéria orgânica, segundo o método de Tilley & Terry (1963) modificado por Goering

& VanSoest (1970).

Para obtenção do teor de MS, uma amostra de forragem de cada unidade

experimental foi pesada em duplicata e colocada em estufa a 100 oC por 12 horas e o

material seco pesado. Posteriormente, essa amostra foi queimada em mufla a 600 oC por

três horas, obtendo-se a matéria mineral (MM). O teor de proteína bruta (PB) foi

determinado pelo método micro Kjeldahl. O valor do nitrogênio obtido foi multiplicado

pelo fator 6,25, resultando no teor de proteína bruta.

Para a determinação dos teores de fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) e

fibra insolúvel em detergente ácido (FDA) foi utilizado o aparelho Fiber Analyser

(Ankon), que propicia uma maior agilidade das atividades e, segundo Van Soest (1982),

melhor estimativa do valor nutritivo em plantas forrageiras. A determinação da

digestibilidade in vitro da matéria orgânica (DIVMO) foi feita através da utilização do

aparelho Daisy Incubator II (Ankon), que também utiliza o mesmo tipo de saquinho

utilizado nas análises de FDN e FDA. Esse aparelho propicia maior precisão das análises

visto que o ambiente é mantido totalmente anaeróbico, não havendo a necessidade da

injeção de CO2 durante a fermentação e o pH também é mantido pela adição de soluções

tamponantes no início do processo.

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3.2.8 Taxas de acúmulo e produção de forragem

As taxas de acúmulo de forragem foram obtidas a partir da determinação da

massa de forragem acumulada, calculada pela diferença entre a massa de forragem no

pós-pastejo anterior e no pré-pastejo atual. Esse valor foi dividido pelo número de dias

entre pastejos, gerando-se os valores de taxa de acúmulo para cada unidade experimental

(piquete) (kg MS.ha-1.dia-1) em cada período de avaliação (ciclo de pastejo). As médias

mensais foram calculadas de forma ponderada a partir das taxas de cada ciclo de pastejo

com base nas datas de realização dos pastejos.

A produção total de massa seca durante o período experimental foi obtida como

resultado da somatória das produções mensais de forragem, calculadas multiplicando-se

as taxas de acúmulo mensais pelo número de dias de cada mês.

3.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA

A análise de variância dos dados foi realizada segundo o procedimento MIXED

do pacote estatístico SAS (Statistical Analysis System) (SAS Institute, 1989), versão

6.12 para Windows. As médias foram comparadas através do “LSMEANS”,

adotando-se o nível de 10% de significância. Para os dados de acúmulo total de

forragem a análise de variância foi feita através do procedimento PROC GLM.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em função da natureza variável do intervalo entre desfolhações determinado

pelas duas condições de início do pastejo (95 e 100% IL), os dados foram agrupados por

época do ano (primavera, verão, outono e inverno), exceção feita às taxas de acúmulo de

forragem, que foram calculadas mensalmente.

4.1 Intervalo médio entre pastejos

Na Tabela 3 observa-se que para a média da estação de crescimento o

principal determinante do intervalo entre pastejos foi o nível de interceptação luminosa

para o início do pastejo, independentemente do resíduo. No caso de pastejos iniciados

com 100% IL, o tratamento de resíduo 50 cm apresentou um intervalo entre pastejos

mais curto que o de 30 cm (33 vs 39 dias). Na média da estação de crescimento

(primavera/verão) houve uma diferença de 9 a 16 dias entre os tratamentos de 95 e 100%

IL para os resíduos de 50 e 30 cm, respectivamente, indicando que apesar de pequena, a

diferença entre as metas de interceptação luminosa para início do pastejo (5%) resultou

em aumento considerável no intervalo entre pastejos em condições de campo (53%). O

intervalo médio entre pastejos ao longo do período experimental pode ser visualizado na

Figura 10. Os valores variaram de 22 dias a 186 dias, sendo que durante a estação das

águas (primavera/verão) o intervalo médio foi de 24 e 36 e na seca (outono/inverno) foi

de 120 e 150 dias para 95 e 100% de IL, respectivamente. Esse valores revelam a forte

estacionalidade existente entre as épocas do ano, resultando em períodos de descanso

4,1; 2,9; 5,8 e 5,6 vezes mais longos durante o outono/inverno para os tratamentos

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30/95, 30/100, 50/95 e 50/100, respectivamente. No período de outono-inverno a

diferença foi de 20 e 46 dias entre os tratamentos de 95 e 100% IL para os resíduos de

30 e 50 cm, respectivamente, um aumento de 27% no período de descanso (Figura 10).

Tabela 3. Intervalo médio entre pastejos (dias) de capim-Mombaça submetido a

combinações de intervalos entre pastejos (IL) e intensidades de pastejo

(altura do resíduo) durante a estação de crescimento*.

Resíduo (cm) Interceptação de Luz (%) 30 50 Média

95 23 24 23,5 100 39 33 36,0

Média 31,0 28,5 *Primavera/verão.

Figura 10 - Intervalo médio entre pastejos (dias) para os tratamentos durante o período

experimental

Durante a primavera/verão, época de crescimento vegetativo das plantas, os

pastos com resíduo de 50 cm se recuperaram mais rápido, resultando em menor período

de descanso em relação àqueles de resíduo 30 cm. No entanto, durante o período de

outono/inverno, época de crescimento reprodutivo e florescimento das plantas, o

comportamento foi inverso, com os pastos de resíduo 50 cm demorando mais para se

recuperar que pastos com resíduo 30 cm, provavelmente conseqüência da maior

proporção e intensidade de florescimento naquelas condições. Pastos manejados com

2240

23 352437 25 31

95115

140

186

0

50

100

150

200

30/95 30/100 50/95 50/100

Tratamentos

Inte

rval

o en

tre p

aste

jos (

dias

)

Primavera Verão Outono/Inverno

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resíduo de 50 cm apresentaram florescimento mais intenso que os de resíduo 30 cm,

assim como os de 100% em relação aos de 95% IL (Figuras 11 e 12).

Figura 11 – Florescimento em pastos de capim-Mombaça submetidos ao tratamento

30/100 (esquerda) e 50/95 (direita)

Figura 12 – Florescimento em pastos de capim-Mombaça submetidos ao tratamento

50/100 (esquerda) e 30/95 (direita)

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30

O período de descanso mais longo pode ter conseqüências sobre a estrutura do

dossel forrageiro e o valor nutritivo da forragem produzida, uma vez que pode propiciar

um maior acúmulo relativo de hastes e material morto na massa de forragem existente,

além de tecido vegetal de idade mais avançada. Nelson & Moser (1994) e Buxton &

Fales (1994) apontaram a maturidade como o fator mais determinante da morfologia da

planta e da qualidade da forragem. Segundo Nelson & Moser (1994), o conteúdo de

parede celular de folhas aumenta apenas cerca de 10% com a maturidade e, por isso, o

declínio na qualidade da forragem é atribuído ao decréscimo da relação folha:haste e ao

declínio da qualidade da haste.

Santos (2002) observou queda da digestibilidade “in vitro” da matéria orgânica

das gerações mais velhas de perfilhos ao longo do ano (3 a 6 pontos percentuais de

digestibilidade por ciclo de 33 dias de crescimento). Pinto et al. (1994), em estudo com

capim-Guiné (Panicum maximum cv. Guiné), observaram diminuição da relação

folha:haste a medida que a idade de rebrotação aumentava, sendo que com 14, 28, 42, 56

e 70 dias encontraram relação folha:haste de 1,3; 1,2; 1,0; 0,7 e 0,5, respectivamente. O

mesmo tipo de comportamento foi determinado por Andrade (1987) avaliando o capim-

Tobiatã (Panicum maximum cv Tobiatã) e Santos (1997) avaliando os capins Mombaça

e Tanzânia (Panicum maximum cv Tanzânia).

4.2 Características estruturais do dossel forrageiro

4.2.1 Altura média em pré-pastejo

Houve efeito de resíduo (P=0,0504), interceptação luminosa (P<0,0001) e

época do ano (P=0,0166) para altura do dossel forrageiro na condição de pré-pastejo. Os

tratamentos com resíduo de 30 cm resultaram numa menor altura de dossel por ocasião

do início do pastejo em todas as épocas do ano (Tabela 4). Na primavera e no verão, as

alturas foram menores devido à menor participação de hastes em florescimento, que

elevaram a altura das folhas.

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Tabela 4. Altura do dossel forrageiro (cm) de capim-Mombaça na condição de pré-

pastejo com pastejos realizados a 30 e 50 cm de resíduo durante o período de

janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Resíduo (cm) Época do ano 30 50 Média

Primavera 97,1 (3,05) 99,5 (3,05) 98,3 B (2,16) Verão 93,3 (3,05) 104,0 (3,05) 98,7 B (2,16)

Outono 104,1 (3,05) 105,1 (3,05) 104,6 A (2,16) Inverno 104,2 (3,31) 109,8 (3,05) 107,0 A (2,16) Média 99,7 b (1,56) 104,6 a (1,53) 102,2

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P>0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P>0,10) Valores entre parênteses correspondem ao erro padrão da média

O principal agente determinante da altura do dossel forrageiro por ocasião da

entrada dos animais para o pastejo foi a interceptação luminosa. Na Tabela 5, pode-se

observar que a diferença de altura do dossel entre 95 e 100% de interceptação luminosa

foi maior que 26 cm na média das épocas do ano. Durante o ano a diferença oscilou,

porém os tratamentos de 95% de IL tiveram uma altura de dossel consistentemente

inferior àquelas dos tratamentos de 100% de IL.

Tabela 5. Altura do dossel forrageiro (cm) de capim-Mombaça na condição de pré-

pastejo com pastejos realizados a 95 e 100 % de interceptação luminosa do

dossel forrageiro durante o período de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Interceptação Luminosa (%) Época do ano 95 100 Média

Primavera 86,7 (3,05) 109,8 (3,05) 98,3 B (2,16)

Verão 86,9 (3,05) 110,4 (3,05) 98,7 B (2,16) Outono 92,2 (3,05) 116,9 (3,05) 104,6 A (2,16) Inverno 88,9 (3,05) 125,0 (3,31) 107,0 A (2,16) Média 88,7 b (1,53) 115,5 a (1,56) 102,2

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P>0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P>0,10) Valores entre parênteses correspondem ao erro padrão da média

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Além disso, os valores de altura do dossel forrageiro para os tratamentos de 95

e 100% de IL mantiveram-se relativamente constantes ao longo do ano, sendo cerca de

90 cm para 95% de IL (Figura 13) e 115 cm para 100% de IL. Esse resultado aponta de

forma bastante promissora para o uso da altura do dossel em pré-pastejo como um

parâmetro-guia confiável para controle e manejo do pastejo em situações de desfolhação

intermitente como, por exemplo, o pastejo rotacionado, desde que seus valores tenham

sido obtidos a partir de medidas de IAF e IL correspondentes.

Assim como para o intervalo entre pastejos, o maior efeito observado foi da

condição caracterizada pelo início do pastejo aos 95 ou 100% IL (23%) relativamente

aos resíduos de 30 e 50 cm (5,5%).

Figura 13 – Altura do dossel forrageiro de capim-Mombaça em pré-pastejo com pastejos

realizados a 95% IL (90 cm de altura)

4.2.2 Altura média em pós-pastejo

Durante toda a fase experimental todos os esforços foram concentrados no

sentido de manter as unidades experimentais em conformidade com as metas de resíduo

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pós-pastejo estipuladas (30 e 50cm). Os valores efetivos de altura do resíduo medidos ao

longo do experimento são apresentados na Tabela 6.

Tabela 6. Altura pós-pastejo do dossel forrageiro de capim-Mombaça submetido a

combinações de intervalos entre pastejos (IL) e intensidades de pastejo (altura

do resíduo) durante o período de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Interceptação Luminosa (%)

Resíduo (cm) 95 100 Média Média Época Primavera

30 33,4 aB (1,52) 33,8 aB (1,52) 33,6 B (1,08) 50 48,4 aA (1,52) 50,6 aA (1,52) 49,5 A (1,08) 41,6 C (0,76)

Média 40,9 a (1,08) 42,2 a (1,08) Verão

30 50

Média

35,2 bB (1,52) 50,1 aA (1,52) 42,7 b (1,08)

42,2 aB (1,52) 53,5 aA (1,52) 47,9 a (1,08)

38,7 B (1,08) 51,8 A (1,08)

45,3 B (0,76)

Outono 30 33,2 bB (1,52) 41,3 aB (1,52) 37,2 B (1,08) 50 51,1 aA (1,52) 54,7 aA (1,52) 52,9 A (1,08) 45,1 B (0,76)

Média 42,1 b (1,08) 48,0 a (1,08) Inverno

30 33,0 bB (1,52) 50,7 aB (1,52) 41,9 B (1,08) 50 50,4 bA (1,52) 59,0 aA (1,52) 54,7 A (1,08) 48,3 A (0,76)

Média 41,7 b (1,08) 54,9 a (1,08) Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Houve uma tendência para efeito da interação interceptação luminosa x resíduo x

época do ano (P=0,1119) e efeito de interceptação luminosa (P<0,0001), resíduo (P <

0,0001) e época do ano (P< 0,0001) para os valores de altura pós-pastejo do dossel.

Nota-se que a altura do resíduo foi mantida relativamente constante ao longo de todo o

ano para o tratamento de resíduo 30 cm e interceptação luminosa 95% (Figura 14). Para

esse mesmo resíduo, quando a interceptação luminosa considerada foi a de 100%, não

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34

foi possível manter o mesmo padrão e houve um aumento da altura do resíduo durante o

ano particularmente durante o verão, outono e inverno (Figura 15). Esse aumento foi

devido à presença de hastes que dificultavam o pastejo, uma vez que as plantas

apresentavam-se reprodutivas naquelas épocas do ano. Comportamento semelhante pôde

ser observado para o resíduo mantido a 50 cm com 100% de interceptação luminosa

particularmente durante o inverno (Figura 16). De forma geral, os resíduos foram

crescentes ao longo das estações do ano, com os maiores valores observados no período

do inverno.

Não houve aumento da altura do resíduo nos pastos manejados a 95% IL na

época de florescimento (outono e inverno) em relação às demais épocas do ano

(crescimento vegetativo), indicando que a grande dificuldade no controle de hastes deve

estar mais relacionada ao controle do intervalo entre pastejos e que, independentemente

da época do ano ou do estádio fenológico da planta (florescimento), o resíduo inicial

pode ser mantido se combinado a frequências de desfolhação adequadas.

Figura 14 - Resíduo pós-pastejo dos pastos manejados conforme o tratamento 30/95

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35

Figura 15 -Resíduo pós-pastejo dos pastos manejados conforme o tratamento 30/100

Figura 16 - Resíduo pós-pastejo dos pastos manejados com um resíduo de 50 cm

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36

4.2.3 Massa de forragem em pré-pastejo

Foram obtidos efeitos de resíduo (P=0,0086), interceptação luminosa (P=0,0001)

e época do ano (P=0,0089), além das interações resíduo x interceptação luminosa x

época do ano (P=0,0747), resíduo x época do ano (P=0,0011) e interceptação luminosa x

época do ano (P=0,0015). Os valores de massa de forragem em pré-pastejo variaram de

4.300 a 8.900 kg MS.ha-1 (Tabela 7).

Tabela 7. Massa de forragem (kg MS.ha-1) na condição de pré-pastejo de capim-

Mombaça submetido a combinações de intervalos entre pastejos (IL) e

intensidades de pastejo (altura do resíduo) durante o período de janeiro de

2001 a fevereiro de 2002

Interceptação Luminosa (%) Resíduo (cm) 95 100 Média Média Época

Verão 30 4.800 bB (443) 7.220 aA (443) 6.010 B (313)

50 6.190 bA (443) 7.460 aA (443) 6.820 A (313) 6.420 B (221) Média 5.500 b A (313) 7.340 a B (313)

Outono/Inverno

30 4.300 bB (443) 6.070 aB (443) 5.190 B (313)

50 6.320 bA (443) 8.630 aA (443) 7.480 A (313) 6.330 B (221)

Média 5.310 b A (313) 7.350 a B (313) Primavera

30 4.640 bB (443) 8.920 aA (443) 6.780 A (313)

50 5.870 bA (443) 8.690 aA (443) 7.280 A (313) 7.030 A (221)

Média 5.260 b A (313) 8.800 aA (313) Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Os tratamentos de 95% de IL apresentaram menores valores de massa de

forragem que os tratamentos de 100% de IL, contudo resultaram em um maior número

de pastejos (Tabela 8). O maior valor de massa de forragem para os tratamentos de 100

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37

% IL foi conseqüência de um período de crescimento mais longo e, provavelmente,

maior acúmulo de hastes e material morto (Pinto et al.,1994; Andrade, 1987 e Santos,

1997). Para esses tratamentos não foi observada variação na massa de forragem entre o

período de verão e outono/inverno, mesmo com o desenvolvimento reprodutivo e

alongamento de hastes de perfilhos induzidos ao florescimento na estação da seca. Para

os tratamentos com pastejos iniciados a 95 % IL houve pouco desenvolvimento

reprodutivo (Figuras 11 e 12). Braga (2001) avaliou a morfologia de pastos de capim-

Mombaça submetidos a dois intervalos entre cortes (28 e 42 dias) e obteve maior

número de perfilhos em desenvolvimento reprodutivo (fase de alongamento de hastes e

florescimento) nos tratamentos com 42 dias de intervalo entre cortes, sendo que esses

perfilhos exerceram forte influência na produção de massa seca. Santos (1997), em

experimento com os capins Mombaça e Tanzânia, observou maior florescimento para

pastejos realizados a cada 48 dias em relação àqueles realizados a cada 28 ou 38 dias.

Tabela 8. Número total de pastejos ocorridos em capim-Mombaça submetido a

combinações de intervalos entre pastejos (IL) e intensidades de pastejo

(altura do resíduo) durante o período de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Interceptação Luminosa (%)

Resíduo (cm) 95 100 Média

30 7,0 6,0 6,5

50 8,3 5,8 7,0 Média 7,6 a (0,49) 5,9 b (0,49) 6,8

Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P>0,10). Valores entre parênteses correspondem ao erro padrão da média.

Os valores médios de massa de forragem durante o ano foram muito semelhantes,

havendo somente uma elevação de cerca de 600 kg MS.ha-1 durante a primavera (Tabela

7). Por conta desse padrão de comportamento, a massa de forragem também parece ser

um bom parâmetro-guia para indicar o momento da entrada dos animais nos pastos.

Entretanto, trata-se de uma medida pouco prática para ser realizada rotineiramente

dentro de um sistema de produção.

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A média de massa de forragem foi 5.500 kg MS.ha-1 para 95%IL e 7.500 kg

MS.ha-1 para 100%IL. Santos (1999), em um estudo sobre o efeito da freqüência de

corte sobre a massa de forragem de capim-Mombaça, encontrou 5.700, 8.000 e 8904 kg

MS.ha-1 para os intervalos entre cortes de 28, 38 e 48 dias, respectivamente.

O número de pastejos dentro de cada época do ano foi variável. Na Tabela 9,

observa-se que houve um maior número de pastejos durante o verão comparativamente à

primavera. Além disso, o número de pastejos nos seis meses do ano correspondentes ao

período de outono/inverno foi igual aos três meses de primavera, conseqüência das

maiores taxas de acúmulo de forragem e velocidade de rebrotação durante esta estação

do ano (maior disponibilidade de fatores de crescimento).

Tabela 9. Número de pastejos ocorridos em capim-Mombaça com pastejos realizados a

95 e 100 % de interceptação luminosa do dossel forrageiro durante o período

de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Interceptação Luminosa (%)

Época do ano 95 100 Média

Verão 3,1 2,5 2,8 A (0,14)

Outono/Inverno 2,3 1,8 2,0 B (0,13)

Primavera 2,6 1,4 2,0 B (0,17)

Média 2,7 a (0,20) 1,9 b (0,20) Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

4.2.4 Massa de forragem em pós-pastejo

O aumento em altura do dossel forrageiro pós-pastejo refletiu diretamente na

massa de forragem pós-pastejo (Tabela 10). Houve efeito de interceptação luminosa

(P=0,004) e resíduo (P=0,0001). O tratamento com resíduo de 30 cm e 95% de

interceptação luminosa foi o que resultou na menor massa de forragem pós-pastejo.

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Apenas com a mudança no momento da entrada dos animais (100% de IL) houve um

aumento de 75% na massa de forragem residual. No tratamento com resíduo de 50 cm,

esse aumento também foi observado, porém em menor proporção (23%), devido à

grande massa de forragem que não era colhida (Figura 16). Portanto, uma combinação

adequada entre o intervalo entre pastejo e o resíduo pós-pastejo evita uma sub-utilização

da forragem disponível.

Tabela 10. Massa de forragem (kg MS/ha) de capim-Mombaça na condição de pós-

pastejo submetido a combinações de intervalos entre pastejos (IL) e

intensidades de pastejo (altura do resíduo) durante o período de janeiro de

2001 a fevereiro de 2002

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P>0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P>0,10) Valores entre parênteses correspondem ao erro padrão da média

4.2.5 Densidade volumétrica da forragem

Foi obtido efeito de resíduo (P=0,0027) e das interações interceptação luminosa x

época do ano (P=0,0005) e resíduo x interceptação luminosa x época do ano (P=0,0519).

Os tratamentos de resíduo 50 cm apresentaram maior valor de densidade volumétrica no

período de verão e outono/inverno em relação aos tratamentos de resíduo 30 cm (Tabela

11). Essa diferença foi decorrente de uma maior presença de hastes ao longo do perfil do

dossel (Tabela 39) e material morto na porção inferior do pasto (Tabela 17). No período

de primavera essa diferença não ocorreu provavelmente em função do ativo e vigoroso

crescimento vegetativo das plantas com significativa renovação da população de

perfilhos.

Interceptação Luminosa (%) Resíduo (cm) 95 100 Média

30 1.770 3.090 2.430 B (144) 50 4.000 4.920 4.460 A (144)

Média 2.880 b (144) 4.000 a (144) 3.440

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40

Com relação à interceptação luminosa, os tratamentos com pastejos iniciados a

95 % IL apresentaram o maior valor de densidade volumétrica que os tratamentos de

100% IL, exceção feita à primavera, o que caracterizou a interação interceptação

luminosa x época do ano. De forma geral, os tratamentos de 95% IL apresentaram

menor altura do dossel que os tratamentos de 100% IL (Tabela 5), os quais possuíram os

maiores valores de massa de forragem (Tabela 7). No entanto, o aumento em massa foi

proporcionalmente menor que o aumento correspondente em altura, razão pela qual os

valores de densidade volumétrica foram inferiores para os tratamentos de 100% IL.

Tabela 11. Densidade volumétrica (kg MS.cm-1.ha-1) da massa de forragem em pré-

pastejo de capim-Mombaça submetido a combinações de intervalos entre

pastejos (IL) e intensidades de pastejo (altura do resíduo) durante o período

de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Interceptação Luminosa (%) Resíduo (cm) 95 100 Média Média Época

Verão

30 76,1 aB (5,17) 72,9 aA (5,17) 74,5 B (3,66)

50 92,6 aA (5,17) 77,4 bA (5,17) 85,0 A (3,66) 79,7 (2,59) Média 84,3 a (3,66) 75,2 b (3,66)

Outono/Inverno 30 82,2 aA (5,17) 65,8 bB (5,17) 74,0 B (3,66)

50 85,2 aA (5,17) 89,9 aA (5,17) 87,5 A (3,66) 80,8 (2,59) Média 83,7 a (3,66) 77,9 a (3,66)

Primavera

30 66,6 bB (5,17) 91,8 aA (5,17) 79,2 A (3,66) 50 76,8 bA (5,17) 91,7 aA (5,17) 84,3 A (3,66) 81,7 (2,59)

Média 71,7 b (3,66) 91,8 a (3,66) Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10). Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10). Valores entre parênteses indicam erro padrão da média.

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A densidade volumétrica média do experimento foi de cerca de 80 kg MS.cm-1.ha-1, com

uma amplitude variando de 66,6 kg MS.cm-1.ha-1 (tatamento 30/95 na primavera) a 92,6

kg MS.cm-1.ha-1 (tratamento 50/95 no verão) (Tabela 11). Esses valores são bastante

inferiores àqueles reportados na literatura para outras espécies forrageiras como,

Coastcross (Cynodon spp.) (290 kg MS.cm-1.ha-1 – Carnevalli, et al., 2001a), Tyfton 85

(Cynodon spp.) (470 kg MS.cm-1.ha-1 – Carnevalli et al., 2001b), Brachiaria brizantha

cv Marandu1 (450 kg MS.cm-1.ha-1), porém semelhantes àqueles reportados para capim-

Elefante cv. Guaçu (Pennisetum purpureum Schum.) (69 kg MS.cm-1ha-1 – Rosseto,

2000), capim-Elefante cv Napier (35 a 75 kg MS.cm-1.ha-1 – Balsalobre, 1996) e capim-

Tanzânia (81 kg MS.cm-1.ha-1 - Rosseto, 2000), espécies de mesmo hábito de

crescimento.

4.2.6 Composição botânica e morfológica

Os dados apresentados a seguir correspondem ao acompanhamento da

composição botânica e morfológica da forragem produzida ao longo dos períodos de

rebrotação, iniciando com o resíduo pós-pastejo e terminando com a massa de forragem

em pré-pastejo para cada época do ano. O pós-pastejo é referente às alturas de 30 e 50

cm para os tratamentos 30/100, 30/95 e 50/100, 50/95, respectivamente. As avaliações

de rebrotação compreenderam as avaliações realizadas quando era observado um

incremento de 20 cm na altura do dossel forrageiro até o momento de um novo pastejo.

Assim, as alturas descritas como +20 e +40 são relacionadas a um incremento de 20 e 40

cm na altura do dossel, respectivamente, a partir do resíduo de cada tratamento (30 ou 50

cm).

No momento da entrada dos animais nos piquetes (pré-pastejo), o material

coletado foi cortado exatamente na altura planejada de resíduo para os tratamentos e

dividido em dois estratos (Figura 9). Os estratos corresponderam a um estrato basal (30-

1 MOLAN, L. K. (Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz, Piracicaba, SP). Estrutura do dossel e interceptação luminosa em pastos de Brachiaria brizantha cv. Marandu.

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42

50 e 50-70) e um superior (acima de 50 cm e acima de 70 cm) para os tratamentos de

resíduo 30 e 50 cm, respectivamente.

O período de outono/inverno compreendeu a fase reprodutiva de

desenvolvimento das plantas nos pastos, que coincidiu com o período de escassez de

precipitação (Figuras 2, 3 e 4) e menor disponibilidade de luz. Nessa época do ano, a

estrutura do dossel foi modificada em relação ao período vegetativo de crescimento

(primavera e verão), razão pela qual o material coletado em pré-pastejo foi dividido em

3 estratos e não 2 como descrito acima e realizado durante os períodos de primavera e

verão.

4.2.6.1 Composição botânica

A proporção de invasoras nos piquetes experimentais foi muito pequena. Houve

efeito de interceptação luminosa apenas na condição de pós-pastejo (P=0,0503). O

tratamento de 95% de IL gerou maior proporção de invasoras do que o tratamento de

100% IL (1,0 x 0,1% com EPM2=0,31, respectivamente), provavelmente conseqüência

da maior disponibilidade de luz na base do dossel forrageiro. Durante o período de

rebrotação não foram observadas diferenças, sendo que na maioria das vezes a presença

de plantas invasoras não existiu ou foi quase nula.

Na condição de pré-pastejo houve efeito de época do ano (P=0,0969), da

interação estrato x época do ano (P=0,0969) (Tabela 12) e da interação resíduo x

interceptação luminosa x época do ano (P=0,0969) (Tabela 13). Em termos de valores

absolutos, a ocorrência de plantas invasoras foi muito baixa em todos os tratamentos e

suas repetições, caracterizando os pastos como sendo estandes praticamente puros de

capim-Mombaça, forma como a massa de forragem do dossel forrageiro será

considerada deste ponto em diante do texto. A proporção de invasoras não foi

considerada de forma mais expressiva pois não foram realizados estudos sobre a

disponibilidade de banco de sementes na área experimental.

2 Erro padrão da média

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Tabela 12. Proporção de plantas invasoras (% do total) nos estratos basal e superior da

massa de forragem pré-pastejo de capim-Mombaça submetido a

combinações de intervalos entre pastejos (IL) e intensidades de pastejo

(altura do resíduo) durante o período de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Estrato Época do ano Basal Superior Média

Verão 0,0 aB (0,02) 0,0aA (0,02) 0,0B (0,02) Outono/Inverno 0,0 aB (0,02) 0,0aA (0,02) 0,0B (0,02)

Primavera 0,08 aA (0,02) 0,0 bA (0,02) 0,04 A (0,02)

Média 0,03 a (0,01) 0,0 a (0,01) Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Tabela 13. Proporção de plantas invasoras (% do total) na massa de forragem em pré-

pastejo de capim-Mombaça submetido a combinações de intervalos entre

pastejos (IL) e intensidades de pastejo (altura do resíduo) durante o período

de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Interceptação Luminosa (%) Resíduo (cm) 95 100 Média Média Época

Verão 30 0,0 aA (0,03) 0,0 aA (0,03) 0,0 A (0,02) 50 0,0 aA (0,03) 0,0 aA (0,03) 0,0 A (0,02) 0,0 B (0,02)

Média 0,0 a 0,0 a Outono/Inverno

30 0,0 aA (0,03) 0,0 aA (0,03) 0,0 A (0,02) 50 0,0 aA (0,03) 0,0 aA (0,03) 0,0 A (0,02) 0,0 B (0,02)

Média 0,0 a 0,0 a Primavera

30 0,05 aA (0,03) 0,0 aB (0,03) 0,0 A (0,02) 50 0,0 bA (0,03) 0,12 aA (0,03) 0,0 A (0,02) 0,04 A (0,02)

Média 0,02 a 0,06 a Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

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44

4.2.6.2 Composição morfológica

4.2.6.2.1 Material morto

Houve efeito de resíduo (P=0,0405), interceptação luminosa (P=0,0924) e época

do ano (P=0,0001) na condição de pós-pastejo. Por ocasião da retirada dos animais dos

piquetes (término do pastejo), os tratamentos de resíduo 30 cm apresentaram maior

porcentagem de material morto que os tratamentos de resíduo 50 cm (34,8 x 30,4% com

EPM=1,45, respectivamente). Esse fato pode ser explicado pela maior proporção de

folhas remanescentes nos tratamentos de resíduo de 50 cm (Figuras 14, 15 e 16). Com

relação à época do ano, não houve diferença entre a primavera e o outono/inverno,

enquanto que durante o verão, período de condições ambientais mais favoráveis ao

desenvolvimento das plantas, houve decréscimo desse componente nos pastos (Tabela

14). Essa redução da proporção de material morto durante o verão pode ter sido

conseqüência da maior atividade de microrganismos responsáveis pela decomposição de

matéria orgânica, função das maiores temperaturas médias diárias e disponibilidade de

água (Figuras 2, 3 e 4). A maior formação de tecidos nessa época do ano proporcionou

maior número de pastejos (Tabela 9), o que possibilitou mudança na luminosidade e

pode ter contribuído para diminuição na proporção de material morto.

Tabela 14. Proporção de material morto (% do total) na massa de forragem em pós-

pastejo de capim-Mombaça submetido a combinações de intervalos entre

pastejos (IL) e intensidades de pastejo (altura do resíduo) durante o período

de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Época do ano % Material Morto

Verão 25,6 B (1,78)

Outono/Inverno 35,1 A (1,78)

Primavera 37,0 A (1,78) Média 32,6

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P> 0,10) Números entre parênteses correspondem ao erro padrão da média

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45

Para interceptação luminosa, os tratamentos com pastejos realizados a 100% IL

do dossel forrageiro apresentaram maior proporção de material morto do que os

tratamentos com 95% IL no resíduo pós-pastejo (34,4 x 30,8% com EPM=1,46,

respectivamente). Essa diferença foi consequência do maior intervalo entre pastejos, que

deve ter favorecido maior senescência de tecidos mais velhos.

Durante o período de rebrotação, houve efeito de época do ano (P=0,0001) e das

interações interceptação luminosa x época do ano (P=0,0103) e resíduo x altura de

rebrotação x época do ano (P=0,0105). As maiores proporções de material morto foram

observadas durante o período de outono/inverno, seguidas daquelas da primavera e do

verão (Tabela 15).

Tabela 15. Proporção de material morto (%) na massa de forragem durante a rebrotação

de capim-Mombaça após pastejos realizados a 95 e 100 % de interceptação

luminosa do dossel forrageiro durante o período de janeiro de 2001 a

fevereiro de 2002

Interceptação de Luminosa (%) Época do ano 95 100 Média

Verão 2,4 aC (0,33) 1,6 bC (0,33) 2,0 C (0,23)

Outono/Inverno 13,1 aA (2,87) 14,4 aA (3,79) 13,8 A (2,37) Primavera 4,2 bB (0,87) 7,5 aB (0,87) 5,8 B (0,61)

Média 6,6 a (1,03) 7,8 a (1,33) Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Essa ordem de classificação reflete a passagem da época do ano de pastos

reprodutivos e secos pela fase de início das chuvas e incremento de temperatura até a

fase de crescimento mais ativo e vigoroso, o verão, época do ano em que a atividade de

microrganismos é bastante elevada e responsável pelos processos de decomposição de

matéria orgânica no solo e na base do dossel forrageiro. Maiores proporções de hastes e

material senescente e morto são características típicas de pastos em estádio reprodutivo

comparativamente a pastos em estádio vegetativo de desenvolvimento, conseqüência do

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ambiente luminoso de pior qualidade e elevada mortalidade de perfilhos. A interação

interceptação luminosa x época do ano foi ocasionada pela maior proporção de material

morto para os tratamentos de 95% IL em relação aos de 100% IL no verão,

provavelmente conseqüência da maior mortalidade de perfilhos por pastejos mais

freqüentes naquela época do ano (Uebele, 2002). Nas outras épocas as proporções de

material morto haviam sido maiores para os tratamentos de 100% IL, conseqüência do

maior desenvolvimento reprodutivo dos pastos mantidos naquelas condições.

A interação resíduo x altura de rebrotação x época do ano deve ter sido

conseqüência de um aumento na proporção de material morto para os tratamentos de

resíduo 50 cm no estrato + 40 no período de primavera em relação ao período de

outono/inverno (Tabela 16). Provavelmente isso refletiu o efeito residual de regimes de

desfolhação de uma época para outra ao longo do ano. Durante o verão, os tratamentos

de resíduo 30 cm ocasionaram maior mortalidade de perfilhos que os de resíduo 50 cm

(Uebele, 2002), o reflexo disso sendo mostrado no período seguinte, outono/inverno.

Durante esse período, os tratamentos de resíduo 50 cm apresentaram a maior proporção

de perfilhos florescidos e florescimento mais intenso, cujas hastes decapitadas e mortas

ocasionaram a maior proporção de material morto notada na estação seguinte, a

primavera. Dessa forma as conseqüências das práticas de manejo são claras e mostram

que colheita mais eficiente de forragem associada a controle do processo reprodutivo

dos pastos asseguram melhores condições para início de crescimento durante a

primavera. Pastejos mais lenientes durante a época de crescimento ativo das plantas

forrageiras resultaram em maior florescimento e comprometimento da estrutura do pasto

numa época crítica do ano, o início da nova estação de crescimento, ou seja, a

primavera. Esse comprometimento foi caracterizado pelas menores taxas de

aparecimento e densidade populacional de perfilhos (Uebele, 2002).

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Tabela 16. Proporção de material morto (%) na massa de forragem durante a rebrotação

de capim-Mombaça após pastejos realizados a 30 e 50 cm de resíduo durante

o período de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Fase de Rebrotação Resíduo (cm) + 20 + 40 Média Média Época

Verão 30 3,3 aA (0,46) 1,5 bA (0,46) 2,4 A (0,33) 50 1,8 aB (0,46) 1,4 aA (0,46) 1,6 B (0,33) 2,0 C (0,23)

Média 2,6 a (0,33) 1,5 b (0,33) Outono/Inverno

30 13,3 aA (4,06) 15,3 aA (4,06) 14,3 A (2,87) 50 20,2 aA (4,06) 6,3 bA(4,06) 13,2 A (3,79) 13,8 A (2,38)

Média 16,8 a (2,87) 10,7 a (3,79) Primavera

30 7,4 aA (1,24) 2,6 bB (1,24) 5,0 A (0,87) 50 5,3 bA (1,24) 8,1 aA (1,24) 6,7 A (0,87) 5,8 B (0,62)

Média 6,3 a (0,87) 5,4 a (0,87) Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Na condição de pré-pastejo, houve efeito de resíduo (P=0,0263), interceptação

luminosa (P=0,0279), estrato (P=0,0001) e época do ano (P=0,0001), além das

interações interceptação luminosa x época do ano (P=0,0040) e resíduo x estrato. Foi

observada uma maior proporção de material morto para os tratamentos de resíduo 30 cm

(9,7%) em relação aos de 50 cm (6,4%) (Tabela 17), diferentemente dos resultados de

Gomes (2001), que encontrou maior proporção de material morto para pastejos mais

lenientes. Essa maior quantidade de material morto para o resíduo de 30 cm foi resultado

do maior período de descanso observado quando associou-se a essa intensidade de

pastejo desfolhações realizadas com 100% IL do dossel forrageiro (Tabela 3).

Com relação à interceptação de luz, os tratamentos com pastejos iniciados com

100% IL apresentaram as maiores proporções de material morto comparativamente

àqueles de 95% IL (Tabela 18), provavelmente conseqüência da maior altura dos pastos

(Tabela 5) e resultante da menor disponibilidade de luz no interior do dossel forrageiro.

Gomes (2001) encontrou relação crescente e linear entre a proporção de material morto

e o aumento em oferta de forragem em seu trabalho com capim-Mombaça.

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Tabela 17. Proporção de material morto (%) nos estratos basal e superior da massa de

forragem em pré-pastejo de capim-Mombaça com pastejos realizados a 30 e

50 cm de resíduo durante o período de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Estrato Resíduo (cm) Basal Superior Média

30 15,8 aA (1,37) 3,56 bA (1,37) 9,7 A (0,97)

50 10,2 aB (1,37) 2,71 bA (1,37) 6,4 B (0,97) Média 13,0 a (0,96) 3,1 b (0,96)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Tabela 18. Proporção de material morto (%) na massa de forragem em pré-pastejo de

capim-Mombaça com pastejos realizados a 95 e 100 % de interceptação

luminosa do dossel forrageiro durante o período de janeiro de 2001 a

fevereiro de 2002

Interceptação Luminosa (%)

Época do ano 95 100 Média

Verão 4,5 aB (0,87) 4,8 aB (0,87) 4,6 B (0,61)

Outono/Inverno 9,4 aA (2,28) 11,9 aA (2,28) 10,7 A (1,61)

Primavera 5,4 bAB (1,76) 12,3 aA (1,76) 8,9 A (1,24)

Média 6,5 b (0,98) 9,7 a (0,98)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Quanto à época do ano, o efeito foi o mesmo já descrito para as condições de

pós-pastejo e rebrotação, ou seja, maiores proporções de material morto no

outono/inverno, seguido da primavera e verão. O efeito da interação interceptação

luminosa x época do ano pôde ser observado quando para os pastejos realizados a 100%

de IL foram encontradas as menores proporções de material morto durante o verão

comparativamente às demais épocas do ano. Provavelmente a maior disponibilidade de

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luz no verão compensou parcialmente o efeito negativo do maior período de descanso e

altura dos pastos de 100% IL naquela época do ano. Nas demais épocas, quando a

disponibilidade de luz era menor, os efeitos negativos da menor freqüência de

desfolhação foram mais drásticos. Na primavera, a proporção de material morto foi

sensivelmente maior para o pastejo iniciado com 100% IL (12,3%) relativamente ao

pastejo iniciado com 95% IL (5,4%), indicando, mais uma vez, que um intervalo entre

pastejos mais longo resulta em maiores perdas por senescência e morte de tecidos não

colhidos. Teixeira (1999) verificou variação anual de 3,6 a 18,9% de material morto na

forragem disponível de capim-Tobiatã. Já Brâncio et al. (2000) constataram

participações médias superiores, variando de 21 a 54 % de material morto na forragem

disponível dos cultivares Tanzânia, Mombaça e Massai de Panicum maximum.

Com relação aos estratos do dossel, ficou aparente a menor concentração de

material morto nos estratos superiores do pasto, indicando que a maior proporção de

material morto na base dos pastos pode ser potencialmente negativa para o

perfilhamento das plantas (Tabela 19). Esses valores ilustram também a afirmação de

Brâncio (1996) de que a seletividade dos animais faz com que a proporção de hastes e

material morto aumente do início para o final do período de pastejo.

Tabela 19. Proporção de material morto (%) nos estratos basal e superior da massa de

forragem em pré-pastejo de capim-Mombaça submetido a combinações de

intervalos entre pastejos (IL) e intensidades de pastejo (altura do resíduo)

durante o período de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Estrato Época do ano Basal Superior Média

Verão 8,18 aB (0,87) 1,1 bA (0,87) 4,6 B (0,61)

Outono/Inverno 16,5 aA (2,28) 4,8 aAB (2,28) 10,7 A (1,61) Primavera 14,3 aA (1,76) 3,5 bB (1,76) 8,9 A (1,24)

Média 13,0 a (0,97) 3,1 b (0,97) Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

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50

Durante o período de outono/inverno, fase de desenvolvimento reprodutivo da

planta, houve efeito de resíduo (P=0,0512) e estrato (P=0,0001). A maior proporção de

material morto também foi observada no estrato basal, sendo menor no estrato mediano

e, por sua vez, menor ainda para o estrato superior (Tabela 20). Para a intensidade de

pastejo, foi encontrada maior proporção de material morto quando o resíduo foi mantido

a 30 cm em relação ao resíduo de 50 cm (9,6 x 5,4% com EPM=1,46, respectivamente).

Tabela 20. Proporção de material morto (%) nos estratos basal, mediano e superior da

massa de forragem em pré-pastejo de capim-Mombaça submetido a

combinações de intervalos entre pastejos (IL) e intensidades de pastejo

(altura do resíduo) durante o período de abril de 2001 a setembro de 2001

Estrato % Material morto

Basal 16,5 A (1,79) Mediano 5,8 B (1,79)

Superior 0,2 C (1,79) Média 7,5

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

4.2.6.2.2 Material vivo

Houve efeito de resíduo (P=0,00383) e de época do ano (P=0,0001) no momento

da saída dos animais dos piquetes (pós-pastejo). Em relação ao resíduo pode-se notar

que a maior porcentagem de material vivo foi obtida nos tratamentos de menor

intensidade de pastejo (50 cm), provavelmente pelo fato de que nessas parcelas foi

deixada uma maior massa de forragem remanescente que nos tratamentos de maior

intensidade de pastejo (30 cm). As médias obtidas foram de 70,3 e 66,5 %,

respectivamente, com um erro padrão da média de 1,23.

No verão, época em que as condições climáticas favoreceram uma maior oferta

de forragem, decorrente de uma maior produção dos pastos, foi observada a maior

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proporção de material vivo comparativamente as épocas de outono/inverno e primavera

(Tabela 21).

Tabela 21. Proporção de material vivo (% do total) na massa de forragem em pós-pastejo

de capim-Mombaça submetido a combinações de intervalos entre pastejos

(IL) e intensidades de pastejo (altura do resíduo) durante o período de janeiro

de 2001 a fevereiro de 2002

Época do ano %Material Vivo

Verão 74,5 A (1,51)

Outubro/Inverno 66,8 B (1,51)

Primavera 63,9 B (1,51)

Média 68,3

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Durante o processo de rebrotação, houve efeito de altura (P=0,0649), época do

ano (P=0,0063) e da interação resíduo x altura x época do ano (P=0,0213) (Tabela 22).

Nas épocas de verão e primavera foram observadas as maiores proporções de

material vivo, sendo a menor porcentagem encontrada no outono/inverno, época em que,

devido a fatores climáticos, ocorre acentuada estacionalidade de produção de forragem e

intenso processo de florescimento das plantas. O efeito de interação foi observado

durante a primavera, quando houve uma queda de cerca de 2 pontos percentuais na

proporção de material vivo nos pastos mantidos com um resíduo de 50 cm (Tabela 22).

No entanto, a variação em proporção de material vivo nos pastos foi de apenas 9,5

pontos percentuais ao longo do ano.

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Tabela 22. Proporção de material vivo (% do total) na massa de forragem durante a

rebrotação de capim-Mombaça com pastejos realizados a 30 e 50 cm de

resíduo durante o período de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Fase de Rebrotação

Resíduo (cm) + 20 + 40 Média Média Época Verão

30 96,7 aA (4,51) 98,5 aA (4,51) 97,6 A (3,19)

50 88,7 aA (4,51) 98,6 aA (4,51) 93,7 A (3,19) 95,6 A (2,26) Média 92,7 a (3,19) 98,6 a (3,19)

Outono/Inverno 30 86,6 aA (4,03) 84,7 aA (4,03) 85,6 A (2,85)

50 79,8 bA (4,03) 93,5 aA (6,39) 86,6 A (3,78) 86,1 B (2,36) Média 83,2 a (2,85) 89,1 a (3,78)

Primavera 30 92,6 aA (1,02) 97,4 aA (1,02) 95,0 A (0,72)

50 94,8 aA (1,02) 91,9 bB (1,02) 93,3 B (0,72) 94,2 A (0,51) Média 93,7 a (0,72) 94,6 a (0,72)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Em condições de pré-pastejo, foram observados efeitos de resíduo (P=0,0338),

interceptação luminosa (P=0,0332), estrato (P=0,0001), época do ano (P=0,0001) e das

interações resíduo x estrato (P=0,0697), interceptação luminosa x estrato (P=0,0962),

interceptação luminosa x época do ano (P=0,0043) e estrato x época do ano (P=0,0413).

A maior proporção de material vivo nessa condição foi observada para os tratamentos de

menor intensidade de pastejo (resíduo de 50 cm) e para o estrato superior (Tabela 23),

certamente refletindo a menor mortalidade de perfilhos característica desse tratamento

(Uebele, 2002). A interação resíduo x estrato ocorreu pela ausência de diferença na

proporção de material vivo entre os resíduos 30 e 50 cm para o estrato superior do

dossel.

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Tabela 23. Proporção de material vivo (% do total) nos estratos basal e superior da

massa de forragem em pré-pastejo de capim-Mombaça com pastejos

realizados a 30 e 50 cm de resíduo durante o período de janeiro de 2001 a

fevereiro de 2002

Estrato Resíduo (cm) Basal Superior Média

30 84,2 bB (1,36) 96,8 aA (1,36) 90,5 B (0,96)

50 89,8 bA (1,36) 97,3 aA (1,36) 93,6 A (0,96) Média 87,0 b (0,96) 97,1 a (0,96)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

A Tabela 24 mostra que a proporção de material vivo foi superior para os

tratamentos de 95% IL relativamente aos de 100% IL. Com relação às épocas do ano, a

maior porcentagem de material vivo foi observada no verão, seguida da primavera e do

outono/inverno. No verão, os tratamentos de 95 e 100 % IL apresentaram proporções

semelhantes de material vivo. Para os tratamentos de 95 % IL a proporção de material

vivo não apresentou diferença entre o período de primavera e verão, sendo

provavelmente a causa da interação entre interceptação luminosa e época do ano.

Regimes de desfolhação mais freqüentes, neste experimento caracterizados pela

interceptação luminosa de 95% IL, propiciaram menores proporções de material morto

no início da nova estação de crescimento, indicando o efeito potencial negativo de

regimes de desfolhação pouco freqüentes, neste caso representados por 100% IL, no

momento do início dos pastejos, particularmente durante a primavera.

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Tabela 24. Proporção de material vivo (% do total) na massa de forragem em pré-pastejo

de capim-Mombaça com pastejos realizados a 95 e 100 % de interceptação

luminosa do dossel forrageiro durante o período de janeiro de 2001 a

fevereiro de 2002

Interceptação Luminosa (%) Época do ano 95 100 Média

Verão 95,5 aA (0,87) 95,2 aA (0,87) 95,4 A (0,61) Outono/Inverno 90,7 aB (2,24) 88,6 aB (2,24) 89,6 B (1,58)

Primavera 94,6 aAB (1,77) 87,7 bB (1,77) 91,1 B (1,25) Média 93,6 a (0,96) 90,5 b (0,96)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Na Tabela 25 fica clara a diferença entre os estratos da massa de forragem

existente na entrada dos animais nos piquetes, com a maior proporção de material vivo

sendo observada no estrato superior de forma consistente ao longo de todo o período

experimental. A interação estrato x época do ano foi caracterizada pela ausência de

diferença da proporção de material vivo no estrato superior durante os períodos de

verão, outono/inverno e primavera. As proporções de material vivo no estrato basal

foram consistentemente menores que as proporções do estrato superior independente da

época do ano, indicando que a parte superior do dossel, além de se beneficiar da maior

disponibilidade de luz incidente pode, através de sombreamento, provocar a morte por

senescência de componentes situados na porção inferior da touceira, promovendo a

degeneração da estrutura do dossel forrageiro e dificultando a rebrotação subsequente

dos pastos nessas condições.

A Tabela 26 mostra que a proporção de material vivo foi mais alta para os

tratamentos de 95% IL. No entanto, o estrato basal apresentou valores inferiores de

material vivo para os pastejos iniciados mais tardiamente, ou seja, com 100% IL,

diferença que desapareceu no estrato superior.

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Tabela 25. Proporção de material vivo (% do total) nos estratos basal e superior da

massa de forragem em pré-pastejo de capim-Mombaça submetido a

combinações de intervalos entre pastejos (IL) e intensidades de pastejo

(altura do resíduo) durante o período de janeiro de 2001 a fevereiro de

2002

Estrato Época do ano Basal Superior Média

Verão 91,8 bA (0,87) 98,9 aA (0,87) 95,4 A (0,61)

Outono/Inverno 83,5 bB (2,24) 95,7 aAB (2,24) 89,6 B (1,58)

Primavera 85,7 bB (1,77) 96,5 aB (1,77) 91,1 B (1,25) Média 87,0 b (0,96) 97,1 a (0,96)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Tabela 26. Proporção de material vivo (% do total) nos estratos basal e superior da

massa de forragem em pré-pastejo de capim-Mombaça com pastejos

realizados a 95 e 100 % de interceptação luminosa do dossel forrageiro

durante o período de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Interceptação Luminosa (%) Estrato 95 100 Média Basal 89,7 aB (1,34) 84,3 bB (1,36) 87,0 B (0,96)

Superior 97,4 aA (1,36) 96,7 aA (1,36) 97,1 A (0,96)

Média 93,6 a (0,96) 90,5 b (0,96) Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Durante o outono/inverno, época de maior desenvolvimento reprodutivo das

plantas, houve efeito de estrato (P=0,0001) e de resíduo (P=0,0954). As maiores

proporções de material vivo foram encontradas nos estratos medianos e superior (Tabela

27).

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Tabela 27. Proporção de material vivo (% do total) nos estratos basal, mediano e

superior da massa de forragem em pré-pastejo de capim-Mombaça

submetido a combinações de intervalos entre pastejos (IL) e intensidades

de pastejo (altura do resíduo) durante o período de abril de 2001 a setembro

de 2001

Estrato % Material Vivo

Basal 83,5 C (1,86)

Mediano 95,0 B (1,86) Superior 99,8 A (1,86)

Média 92,8 Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Com relação ao resíduo, os tratamentos de 50 cm apresentaram consistentemente

maiores proporções de material vivo que os tratamentos de 30 cm (94,6 x 90,9% com

EPM=1,52, respectivamente) apesar da afirmação de Korte & Harris (1987) de que

pastos mantidos sob regime de desfolhação mais intenso teriam maior proporção de

material vivo.

4.2.6.2.3 Folhas

Foi observado efeito de interceptação luminosa (P=0,0001), época do ano

(P=0,0014) e da interação resíduo x interceptação luminosa x época do ano (P=0,0033)

para o componente folhas no momento da saída dos animais dos piquetes (pós-pastejo).

As proporções de folhas foram consistentemente superiores para os tratamentos

nos quais os pastejos foram iniciados com 95% IL em relação àqueles iniciados com

100%IL (Tabela 28).

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Tabela 28. Proporção de folhas (% do total) na massa de forragem em pós-pastejo de

capim-Mombaça submetido a combinações de intervalos entre pastejos (IL)

e intensidades de pastejo (altura do resíduo) durante o período de janeiro de

2001 a fevereiro de 2002

Interceptação Luminosa (%) Resíduo (cm) 95 100 Média Média Época

Verão 30 50,5 aA (2,10) 31,1 bA (2,10) 40,8 (1,48)

50 42,0 aB (2,10) 35,4 bA (2,10) 38,7 (1,48) 39,8 B (1,05) Média 46,2 a (1,48) 33,3 b (1,48)

Outono/Inverno

30 39,5 aA (2,10) 34,2 bA (2,10) 36,8 (1,48) 50 42,7 aA (2,10) 29,2 bB (2,10) 35,9 (1,48) 36,4 C (1,05)

Média 41,1 a (1,48) 31,7 b (1,48) Primavera

30 48,9 aA (2,10) 37,2 bA (2,10) 43,0 (1,48) 50 49,0 aA (2,10) 34,3 bA (2,10) 41,7 (1,48) 42,3 A (1,05)

Média 48,9 a (1,48) 35,8 b (1,48) Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Com relação à época do ano, as maiores proporções de folhas ocorreram nas

épocas de primavera e verão, relativamente ao outono/inverno (Tabela 28), e refletem

meramente as variações em estádio de desenvolvimento dos pastos, vegetativo e

reprodutivo, respectivamente. Esse comportamento também foi relatado por Santos

(1997) quando estudava os cultivares Mombaça e Tanzânia

Não houve efeito de resíduo, mas a interação resíduo x interceptação luminosa x

época do ano foi caracterizada pela diferença entre a proporção de folhas para os

resíduos 30 e 50 cm quando o pastejo foi iniciado a 95% IL durante o verão. Durante o

outono/inverno houve queda acentuada na proporção de folhas para o resíduo de 50 cm

combinado com 100% IL. Na primavera essa diferença não foi observada para nenhum

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do dois intervalos entre pastejos estudados. As proporções de folhas foram

consistentemente menores para o intervalo entre pastejos de 100%IL em relação ao de

95% IL, tanto para os resíduos de 30 como para os de 50 cm, durante todo o período

experimental. Teixeira (1998) encontrou 16,3% de folhas no resíduo pós-pastejo de

capim-Tobiatã pastejado com intevalo de 33 dias e período de ocupação de 1 dia.

A análise conjunta dos resultados de proporção de material morto e folhas aponta

os efeitos potencialmente negativos que os períodos de descanso mais longos

(tratamentos de 100% IL) e menor intensidade de pastejo (50 cm de resíduo) podem ter

sobre a estrutura do dossel forrageiro, especialmente no início de um novo período de

rebrotação.

Durante o período de rebrotação, houve efeito de interceptação luminosa

(P=0,0164), época do ano (P=0,0001), altura do pasto (fase de rebrotação) (P=0,0128),

interação altura do pasto x época do ano (P=0,0845) e resíduo x interceptação luminosa

x altura do pasto (P=0,0942). A proporção de folhas durante a rebrotação foi maior para

o intervalo entre pastejos de 95% IL em relação ao de 100% IL (Tabela 29 ).

Tabela 29. Proporção de folhas (%) na massa de forragem durante a rebrotação de

capim-Mombaça submetido a combinações de intervalos entre pastejos (IL)

e intensidades de pastejo (altura do resíduo) durante o período de janeiro de

2001 a fevereiro de 2002

Interceptação Luminosa (%) Resíduo (cm) 95 100 Média Média Altura

Altura + 20 30 85,1 aA (2,74) 78,6 bA (2,74) 81,82 A (1,94) 50 86,7 aA (2,74) 75,3 bA (2,74) 81,0 A (1,94) 81,4 B (1,37)

Média 85,7 a (1,94) 76,9 b (1,94) Altura + 40

30 90,9 aA (2,74) 84,1 bA (2,74) 87,5 A (1,94) 50 85,2 aA (2,74) 88,1 aA (4,09) 86,6 A (2,46) 87,1 A (1,57)

Média 88,0 a (1,94) 86,1 a (2,46) Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

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59

Quanto à época do ano, as maiores proporções de folhas ocorreram nas estações

de verão e primavera, relativamente ao outono/inverno (Tabela 30), de forma análoga

àquela descrita para a condição de pós-pastejo. Com relação à fase de rebrotamento, a

altura de +40 apresentou uma proporção de folhas maior do que a altura +20 (Tabela

30), situação essa característica de um processo mais avançado de rebrotação em que a

competição por luz ainda não foi iniciada.

Tabela 30. Proporção de folhas (%) na massa de forragem durante a rebrotação de

capim-Mombaça submetido a combinações de intervalos entre pastejos (IL)

e intensidades de pastejo (altura do resíduo) durante o período de janeiro de

2001 a fevereiro de 2002

Fase da Rebrotação Época do ano +20 +40 Média

Verão 81,8 bB (3,19) 94,1 aA (3,19) 88,0 A (2,25)

Outono/Inverno 73,7 aC (2,83) 77,1 aB (3,63) 75,4 B (2,30) Primavera 88,7 aA (1,23) 90,0 aA (1,23) 89,3 A (0,87)

Média 81,4 b (1,37) 87,1 a (1,57) Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Medias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Em condição de pré-pastejo, houve efeito de resíduo (P=0,0028), interceptação

luminosa (P=0,0001), época do ano (P=0,0001) e estrato (P=0,0001), além da interação

resíduo x interceptação luminosa x estrato (P=0,0387) e interceptação luminosa x época

do ano (P=0,0611). Novamente, as menores proporções de folhas foram observadas

durante o período de outono/inverno, época de intenso desenvolvimento reprodutivo dos

pastos e de maior ocorrência de material morto nos dosséis forrageiros (Tabela 31).

Teixeira (1998) também relatou diminuição na fração de folhas com o avançar da

estação de pastejo. Porém, essa queda foi muito mais brusca (72,3% para 27,5%) do que

as observadas neste experimento devido à falta de controle do resíduo, o que gerou uma

queda na relação folha:haste do capim-Tobiatã. Pastos manejados a 95 % IL

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apresentaram consistentemente maior proporção de folhas que aqueles de 100% IL,

independente da época do ano.

Tabela 31. Proporção de folhas (%) na massa de forragem em pré-pastejo de capim-

Mombaça com pastejos realizados a 95 e 100 % de interceptação luminosa

do dossel forrageiro durante o período de janeiro de 2001 a fevereiro de

2002

Interceptação Luminosa (%)

Época do ano 95 100 Média Verão 86,0 aA (1,59) 82,2 bA (1,59) 84,1 A (1,13)

Outono/Inverno 73,7 aB (3,22) 63,3 bC (3,22) 68,5 B (2,27)

Primavera 89,0 aA (1,44) 77,9 bB (1,44) 83,5 A (1,02)

Média 82,9 a (1,13) 74,5 b (1,13) Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Em termos de resíduo, as maiores proporções de folhas foram verificadas para os

tratamentos de resíduo 50 cm no estrato basal, conseqüência direta da maior frequência

de desfolhação a que foi submetido o tratamento 50/95 (resíduo/IL). Já para o estrato

superior, não houve diferença entre os resíduos estudados (Tabela 32). Os tratamentos

de intervalo entre pastejos de 95% IL geraram as maiores proporções de folhas em

relação aos de 100% IL no estrato basal, porém essa diferença não existiu no estrato

superior. As maiores proporções de folhas ocorreram consistentemente no estrato

superior, sendo o estrato basal o mais sensível à variação de todos os componentes

morfológicos estudados, confirmando a importância de proporcionar a oportunidade de

seleção aos animais como sugerido por diversos autores (Hodgson, 1990; Veiga et al.,

1985). A interação resíduo x interceptação luminosa x estrato foi caracterizada pela

maior proporção de folhas existente nos tratamentos de resíduo 50 cm para o estrato

basal passar a ocorrer para os tratamentos de resíduo 30 cm no estrato superior,

revelando que em termos de início de rebrotação o resíduo mais alto pode ser mais

favorável. No entanto, ao longo do processo de rebrotação, essa vantagem passa a ser

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compensada pela menor participação de folhas no dossel forrageiro a ser ofertado como

alimento para os animais, fato também verificado por Teixeira (1998), que sugeriu que o

baixo aproveitamento e elevada perda da forragem em pastos de capim-Tobiatã

poderiam ter sido minimizados se o resíduo pós-pastejo fosse mantido mais baixo.

Tabela 32. Proporção de folhas (%) na massa de forragem em pré-pastejo de capim-

Mombaça submetido a combinações de intervalos entre pastejos (IL) e

intensidades de pastejo (altura do resíduo) durante o período de janeiro de

2001 a fevereiro de 2002

Interceptação Luminosa (%) Resíduo (cm) 95 100 Média Média Estrato

Estrato Basal 30 70,7 aB (2,24) 49,8 bB (2,24) 60,2 B (1,59)

50 80,2 aA (2,24) 68,0 bA (2,24) 74,1 A (1,59) 67,2 B (1,12) Média 75,4 a (1,59) 58,9 b (1,59)

Estrato Superior

30 90,6 aA (2,24) 93,0 aA (2,24) 91,8 A (1,59)

50 90,2 aA (2,24) 87,2 aB (2,24) 88,7 A (1,59) 90,2 A (1,12) Média 90,4 a (1,59) 90,1 a (1,59)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Durante o período de desenvolvimento reprodutivo das plantas (outono/inverno),

houve efeito de interceptação luminosa (P=0,0028), estrato (P=0,0001) e da interação

resíduo x interceptação luminosa (P=0,0654) e resíduo x estrato (P=0,0517). A

proporção de folhas foi maior cerca de 11 unidades percentuais para o intervalo entre

pastejos de 95% IL em relação ao de 100%IL (Tabela 33). O dossel, quando dividido em

três estratos, revelou um aumento crescente na proporção de folhas do estrato basal para

o estrato superior (Tabela 34).

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Tabela 33. Proporção de folhas (%) na massa de forragem em pré-pastejo de capim-

Mombaça submetido a combinações de intervalos entre pastejos (IL) e

intensidades de pastejo (altura do resíduo) durante o período de abril de 2001

a setembro de 2001

Interceptação Luminosa (%) Resíduo (cm) 95 100 Média

30 80,1 aA (3,30) 63,1 bA (3,30) 71,6 A (2,33)

50 72,3 aB (3,30) 67,9 aA (3,30) 70,1 A (2,33)

Média 76,2 a (2,33) 65,5 b (2,33) Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Tabela 34. Proporção de folhas (%) nos estratos basal, mediano e superior da massa de

forragem em pré-pastejo de capim-Mombaça com pastejos realizados a 30 e

50 cm de resíduo durante o período de abril de 2001 a setembro de 2001

Resíduo (cm) Estrato 30 50 Média Basal 52,6 bB (4,04) 62,7 aB (4,04) 57,7 B (2,86)

Mediano 79,0 aA (4,04) 74,0 aA (4,04) 76,5 A (2,86)

Superior 83,2 aA (4,04) 73,7 bA (4,04) 78,4 A (2,86) Média 71,6 a (2,33) 70,1 a (2,33)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

4.2.6.2.4 Hastes

Na condição de pós-pastejo, houve efeito de resíduo (P=0,0167), interceptação

luminosa (P=0,0001) e época do ano (P=0,0001), além da interação resíduo x

interceptação luminosa x época do ano (P=0,0962). A proporção de hastes foi maior

quando a intensidade de pastejo foi menor (resíduo de 50 cm) no outono/inverno devido,

talvez, à menor mortalidade de perfilhos (Uebele, 2002), que pode ter favorecido o

alongamento das hastes (Tabela 35). No entanto, mesmo para o pastejo mais leniente, os

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valores médios de haste deste experimento foram praticamente metade daqueles

encontrados por Teixeira (1998) quando avaliou o capim-Tobiatã.

Tabela 35. Proporção de hastes (% do total) na massa de forragem em pós-pastejo de

capim-Mombaça submetido a combinações de intervalos entre pastejos (IL)

e intensidades de pastejo (altura do resíduo) durante o período de janeiro de

2001 a fevereiro de 2002

Interceptação Luminosa (%) Resíduo (cm) 95 100 Média Média Época

Verão 30 21,8 bB (3,00) 42,7 aA (3,00) 32,2 A (2,13) 50 32,7 aA (3,00) 38,6 aA (3,00) 35,6 A (2,13) 33,9 A (1,50)

Média 27,2 b (2,13) 40,6 a (2,13) Outono/Inverno

30 20,8 bA (3,00) 30,1 aA (3,00) 25,5 B (2,12)

50 26,1 bA (3,00) 36,9 aA (3,00) 31,5 A (2,13) 28,5 B (1,50) Média 23,5 b (2,13) 33,5 a (2,13)

Primavera 30 17,2 aA (3,00) 22,1 aA (3,00) 19,6 A (2,13)

50 20,1 aA (3,00) 26,5 aA (3,00) 23,3 A (2,13) 21,5 C (1,50) Média 18,7 b (2,13) 24,3 a (2,13)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média Já no intervalo entre pastejos de 95% IL, a proporção de hastes foi cerca de 10

unidades percentuais menor em relação ao intervalo de 100% IL, situação em que os

pastejos ocorreram com uma menor freqüência, possivelmente resultando no

alongamento de hastes. Essa maior proporção de hastes nos tratamentos de 100% IL é

típica de pastos onde as plantas lançam mão do alongamento da haste em busca de

ambiente luminoso de melhor qualidade para a emissão de novas folhas, podendo gerar

conseqüências negativas para os animais que delas se alimentam (Tabela 35). A

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proporção de hastes diminuiu do verão para a primavera, sendo o maior valor constatado

durante o verão (33,9%) e o menor durante a primavera (21,5%) (Tabela 35).

Durante a rebrotação, houve efeito de interceptação luminosa (P=0,0033), altura

do pasto (fase de rebrotação) (P=0,0513), época do ano (P=0,0040) e das interações

resíduo x interceptação luminosa x época do ano (P=0,0153) e resíduo x altura de

rebrotação x época do ano (P=0,0347). Pastos com pastejos iniciados com 100% IL

apresentaram as maiores proporções de haste durante a rebrotação que aqueles de 95%

IL no outono/inverno e primavera (Tabela 36). Em termos de época do ano, as maiores

proporções de haste foram constatadas durante as épocas de verão e outono/inverno,

épocas típicas de indução e desenvolvimento reprodutivo de plantas de capim-Mombaça.

A interação resíduo x interceptação luminosa x época do ano foi caracterizada

pela maior proporção de hastes no tratamento de resíduo 50 cm e 95% IL durante o

verão. Exceção feita a esse único caso, nas demais comparações os tratamentos de 100%

IL apresentaram, consistentemente, as maiores proporções de hastes durante todo o

período experimental. Provavelmente o resíduo mais alto favoreceu a indução floral dos

pastos utilizados segundo a maior freqüência de pastejo (95% IL) durante o verão, fato

este corroborado pelos resultados de Uebele (2002), que revelaram que a maior

intensidade de desfolhação exerceu um efeito relativo maior sobre a mortalidade de

perfilhos comparativamente à desfolhação mais freqüente (cerca de 2,25 vezes). Esse

fato aponta a época de verão como chave no controle da estrutura dos pastos (relação

vivo:morto e haste:folha) e do desenvolvimento reprodutivo das plantas. Os dados

revelam o forte efeito controlador da intensidade de pastejo sobre o desenvolvimento de

hastes nos pastos e o efeito otimizador que a frequência de pastejos tem sobre a

intensidade de desfolhação nessas circunstâncias.

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Tabela 36. Proporção de hastes (%) na massa de forragem durante a rebrotação de

capim-Mombaça submetido a combinações de intervalos entre pastejos (IL) e

intensidades de pastejo (altura do resíduo) durante o período de janeiro de

2001 a fevereiro de 2002

Interceptação Luminosa (%) Resíduo (cm) 95 100 Média Média Época

Verão 30 4,2 bB (1,42) 9,6 aA (1,42) 6,9 A (1,01)

50 10,5 aA (1,42) 6,4 bA (1,42) 8,4 A (1,01) 7,7 A (0,71) Média 7,4 a (1,01) 8,0 a (1,01)

Outono/Inverno 30 4,8 bA (1,42) 8,6 aA (1,42) 6,7 A (1,01)

50 4,3 bA (1,42) 8,9 aA (2,14) 6,6 A (1,28) 6,6 A (0,82) Média 4,5 b (1,01) 8,8 a (1,28)

Primavera 30 2,6 bA (1,42) 9,9 aA (1,42) 6,3 A (1,01)

50 0,9 bA (1,42) 5,8 aB (1,42) 3,4 B (1,01) 4,8 B (0,71) Média 1,8 b (1,01) 7,9 a (1,01)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Quanto à interação resíduo x altura de rebrotação x época do ano, esta foi

caracterizada pela menor proporção de hastes nos tratamentos de resíduo 50 cm após os

primeiros 20 cm de rebrotação durante o outono/inverno e primavera (Tabela 37). De

uma forma geral, a proporção de hastes diminuiu ao longo da rebrotação (+20 e +40

cm), com os maiores valores registrados durante o verão e outono/inverno.

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Tabela 37. Proporção de hastes (%) na massa de forragem durante a rebrotação de

capim-Mombaça com pastejos realizados a 30 e 50 cm de resíduo durante o

período de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Fase de Rebrotação

Residuo (cm) +20 +40 Média Média Época

Verão

30 10,6 aA (1,42) 3,2 bA (1,42) 6,9 A (1,01) 50 11,2 aA (1,42) 5,6 bA (1,42) 8,4 A (1,01) 7,7 A (0,71)

Média 10,9 a (1,01) 4,4 b (1,01) Outono/Inverno

30 9,5 aA (1,42) 3,9 bB (1,42) 6,7 A (1,01) 50 3,8 bB (1,42) 9,3 aA (2,14) 6,6 A (1,01) 6,6 A (0,82)

Média 6,7 a (1,01) 6,6 a (1,28)

Primavera 30 7,4 aA (1,42) 5,2 aA (1,42) 6,3 A (1,01) 50 2,6 aB (1,42) 4,1 aA (1,42) 3,4 B (1,01) 4,8 B (0,71)

Média 5,0 a (1,01) 4,7 a (1,01) Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Para a condição de pré-pastejo, houve efeito de resíduo (P=0,0001), interceptação

luminosa (P=0,0001), estrato (P=0,0001) e época do ano (P=0,0001). Foram detectadas

também as interações resíduo x estrato (P=0,0006), interceptação luminosa x estrato

(P=0,0001) e interceptação luminosa x época do ano (P=0,0097). As maiores proporções

de hastes foram observadas para os tratamentos de resíduo 30 cm relativamente aos de

resíduo 50 cm (Tabela 38), provavelmente em função dos pastejos iniciados com 100%

IL que, quando associados com o resíduo de 30 cm, resultaram nos maiores períodos de

descanso entre pastejos (Tabela 3). O estrato basal do pasto apresentou as maiores

proporções de hastes, sendo a interação resíduo x estrato caracterizada pela grande

redução da proporção de hastes no estrato basal dos pastos quando o resíduo passou de

30 para 50 cm. Isso provavelmente ocorreu como conseqüência da menor mortalidade de

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67

perfilhos e hastes reprodutivas nos tratamentos de resíduo 50 cm, particularmente

durante o verão, além da maior proporção de folhas sob aquelas condições. No estrato

superior do dossel existiu praticamente apenas folhas, sendo a proporção de hastes de

apenas 3,5%.

Tabela 38. Proporção de hastes (%) nos estratos basal e superior da massa de forragem

em pré-pastejo de capim-Mombaça com pastejos realizados a 30 e 50 cm de

resíduo durante o período de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Estrato Resíduo (cm) Basal Superior Média

30 23,9 aA (1,09) 4,0 bA (1,09) 14,0 A (0,77) 50 14,2 aB (1,09) 3,1 bA (1,09) 8,7 B (0,77)

Média 19,1 a (0,77) 3,6 b (0,77) Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Quanto ao regime de interceptação luminosa, as maiores proporções de hastes

foram observadas nos tratamentos de 100% IL relativamente àqueles de 95% IL (Tabela

39). Neste caso também a interação interceptação luminosa x estrato foi conseqüência da

grande redução na porcentagem de hastes do estrato basal para o superior, redução essa

proporcionalmente maior para os tratamentos de 100% IL em relação aos de 95% IL. Os

resultados revelam que pastejos mais freqüentes resultaram nas menores proporções de

hastes em ambos os estratos, demonstrando o efeito otimizador de controle de

desenvolvimento desse componente morfológico relativamente à intensidade de pastejo

(resíduo de 30 cm). Revelam, também, que a associação de pastejo com resíduo de 50

cm e período de descanso longo (100% IL) favorece o desenvolvimento de hastes e

degeneração da estrutura dos dosséis forrageiros em ambos os estratos, basal

(comprometendo o vigor de rebrotação dos pastos) e superior (comprometendo o valor

nutritivo da forragem ofertada para os animais em pastejo).

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Tabela 39. Proporção de hastes (%) nos estratos basal e superior da massa de forragem

em pré-pastejo de capim-Mombaça com pstejos realizados a 95 e 100 % de

interceptação luminosa do dossel forrageiro durante o período de janeiro de

2001 a fevereiro de 2002

Interceptação Luminosa (%) Estrato 95 100 Média Basal 12,8 bA (1,09) 25,3 aA (1,09) 19,1 A (0,77)

Superior 3,1 aB (1,09) 4,0 aB (1,09) 3,6 B (0,77)

Média 8,0 b (0,77) 14,7 a (0,77) Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Com relação à época do ano, as menores proporções de hastes foram constatadas

na primavera, imediatamente após os períodos de indução floral (verão) e florescimento

intenso (outono/inverno) (Tabela 40), seqüência natural de ocorrência dos eventos de

produção, acúmulo e redução da quantidade e proporção de hastes. A interação

interceptação luminosa x época do ano foi caracterizada pela redução da proporção de

hastes do verão para o outono/inverno nos tratamentos de 95% IL e pelo aumento

correspondente nos tratamentos de 100% IL, revelando o controle efetivo do

desenvolvimento de hastes reprodutivas durante o verão pelo uso de uma maior

freqüência (95% IL) relativamente à menor freqüência de pastejos (100%IL). O maior

intervalo entre pastejos nessas circunstâncias resultou em florescimento intenso durante

o período de outono/inverno e em efeitos potenciais negativos sobre a estrutura do

dossel, particularmente resíduo, no início da primavera, época de novo ciclo de

crescimento e produção das plantas.

Durante o período de outono/inverno, época de intenso desenvolvimento

reprodutivo das plantas, houve efeito de interceptação luminosa (P=0,0001), estrato

(P=0,0001) e da interação interceptação luminosa x estrato (P=0,0014). Os tratamentos

de 100% IL apresentaram as maiores proporções de hastes na massa de forragem em

pré-pastejo, sendo que essa proporção foi decrescente do estrato basal para o superior

(Tabela 41). A interação interceptação luminosa x estrato foi devida à maior redução

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relativa na proporção de hastes do estrato basal para o superior nos tratamentos de 100%

IL comparativamente àqueles de 95% IL. Novamente, foi aparente o efeito negativo do

período de descanso mais longo sobre a estrutura do dossel e sua composição

morfológica, características essas que podem ter compensado os benefícios provenientes

da maior massa de forragem existente sob aquelas circunstâncias.

Tabela 40. Proporção de hastes (%) na massa de forragem em pré-pastejo de capim-

Mombaça realizados a 95 e 100 % de interceptação luminosa do dossel

forrageiro durante o período de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Interceptação Luminosa (%) Época do ano 95 100 Média

Verão 9,5 bA (1,21) 13,0 aB (1,21) 11,3 B (0,86)

Outono/Inverno 8,8 bAB (1,79) 21,3 aA (1,79) 15,1 A (1,26)

Primavera 5,5 bB (1,41) 9,8 aB (1,41) 7,6 C (1,00) Média 8,0 b (0,77) 14,7 a (0,77)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Tabela 41. Proporção de hastes (%) nos estratos basal, mediano e superior da massa de

forragem em pré-pastejo de capim-Mombaça realizados a 95 e 100 % de

interceptação luminosa do dossel forrageiro durante o período de abril de

2001 a setembro de 2001

Interceptação Luminosa (%) Estrato 95 100 Média Basal 13,2 bA (2,62) 34,0 aA (2,62) 23,6 A (1,85)

Mediano 5,0 bB (2,62) 14,8 aB (2,62) 9,9 B (1,85)

Superior 0,3 aB (2,62) 0,0 aC (2,62) 0,2 C (1,85) Média 6,2 b (1,51) 16,3 a (1,51)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

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70

4.2.6.2.5 Hastes florescidas

Para o componente haste florescida, houve efeito apenas de época do ano

(P=0,0072) na condição de pós-pastejo (Tabela 42). Durante a rebrotação houve efeito

de época do ano (P=0,0030) (Tabela 43) e da interação resíduo x interceptação luminosa

x altura do pasto (P=0,0619) Essa interação ocorreu porque houve um aumento na

proporção de haste florescida na altura + 40 para o tratamento 50/95 em relação aos

demais tratamentos (Tabela 44). A ocorrência de hastes visualmente reprodutivas foi

notada somente na época de outono/inverno, período de desenvolvimento reprodutivo

das plantas. O valor absoluto das médias apresentadas não deve ser considerado como

referência, uma vez que apenas os perfilhos com inflorescências visíveis foram

contabilizados, não tendo sido executada forma alguma de dissecação das plantas. O que

é importante são as diferenças relativas entre as épocas do ano representadas por esses

valores.

Tabela 42. Proporção de hastes florescidas (%) na massa de forragem em pós-pastejo de

capim-Mombaça submetido a combinações de intervalos entre pastejos (IL)

e intensidades de pastejo (altura do resíduo) durante o período de janeiro de

2001 a fevereiro de 2002

Época do ano % Hastes Florescidas

Verão 0,0 B (0,29)

Outono/Inverno 1,2 A (0,29)

Primavera 0,0 B (0,29)

Média 0,4

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

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Tabela 43. Proporção de hastes florescidas (%) na massa de forragem durante a

rebrotação de capim-Mombaça submetido a combinações de intervalos

entre pastejos (IL) e intensidades de pastejo (altura do resíduo) durante o

período de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Época do ano % Hastes Florescidas

Verão 0,0 B (0,78)

Outono/Inverno 4,5 A (0,91) Primavera 0,0 B (0,78)

Média 1,5 Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Tabela 44. Proporção de hastes florescidas (%) na massa de forragem durante a

rebrotação de capim-Mombaça submetido a combinações de intervalos

entre pastejos (IL) e intensidades de pastejo (altura do resíduo) durante o

período de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Interceptação Luminosa (%)

Resíduo (cm) 95 100 Média Média Altura Altura +20

30 1,69 aA (1,15) 0,29 aA (1,15) 0,99 A (0,81) 50 1,21 aA (1,15) 0,51 aA (1,15) 0,86 A (0,81) 0,9 A (0,58)

Média 1,4 a (0,81) 0,4 a (0.81) Altura +40

30 0,63 aB (1,15) 3,25 aA (1,15) 1,94 A (0,81) 50 4,1 aA (1,15) 0,51 bA(1,69) 2,28 A (1,02) 2,1 A (0,65)

Média 2,3 a (0,81) 1,9 a (1,02) Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Em condições de pré-pastejo, houve efeito de resíduo (P=0,0701), estrato

(P=0,0084), época do ano (P=0,0001) e da interação estrato x época do ano (P=0,0007) e

resíduo x época do ano (P=0,0337). A maior proporção de hastes florescidas ocorreu no

estrato superior (Tabela 45), característica típica de ocorrência desse componente

morfológico no dossel e da forma como os dados foram coletados (inflorescências

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visíveis), e nos tratamentos de 50 cm de resíduo (Tabela 46). Nessa condição também a

ocorrência de hastes reprodutivas foi notada apenas na época de outono/inverno. A

interação estrato x época do ano foi caracterizada pela desproporcionalidade acentuada

no aumento de hastes florescidas do estrato basal para o superior durante a época de

outono/inverno. Esse fato aponta para o efeito negativo do processo reprodutivo sobre o

valor nutritivo da forragem em oferta no pré-pastejo, particularmente nos tratamentos de

maior florescimento (resíduo de 50 cm e /ou 100% IL).

Tabela 45. Proporção de hastes florescidas (%) nos estratos basal e superior da massa de

forragem em pré-pastejo de capim-Mombaça submetido a combinações de

intervalos entre pastejos (IL) e intensidades de pastejo (altura do resíduo)

durante o período de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Estrato Época do ano Basal Superior Média

Verão 0,0 aA (2,04) 0,0 aB (2,04) 0,0 B (1,44) Outono/Inverno 2,2 bA (2,04) 16,7 aA (2,04) 9,5 A (1,44)

Primavera 0,0 aA (2,04) 0,0 aB (2,04) 0,0 B (1,44) Média 0,7 b (1,18) 5,6 a (1,18)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Tabela 46. Proporção de hastes florescidas (%) na massa de forragem em pré-pastejo de

capim-Mombaça com pastejos realizados a 30 e 50 cm de resíduo durante o

período de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Resíduo (cm) Época do ano 30 50 Média

Verão 0,0 aA (2,04) 0,0 aB (2,04) 0,0 B (1,44) Outono/Inverno 4,7 bA (2,04) 14,2 aA (2,04) 9,5 A (1,44)

Primavera Média

0,0 aA (2,04) 1,6 b (1,18)

0,0 aB (2,04) 4,7 a (1,18)

0,0 B (1,44)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

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73

Durante o período de desenvolvimento reprodutivo intenso (outono/inverno),

houve efeito de resíduo (P=0,0238), estrato (P=0,0001) e das interações interceptação

luminosa x estrato (P=0,0326) e resíduo x interceptação luminosa (P=0,0292) sobre a

proporção de hastes florescidas em pré-pastejo (Tabela 47). Os tratamentos de resíduo 50

cm favoreceram o processo de florescimento e resultaram na maior proporção de hastes

florescidas relativamente àqueles de 30 cm. A interação resíduo x interceptação luminosa

foi função da maior proporção de hastes florescidas no tratamento de 95% IL em relação

ao de 100% IL para o resíduo de 50 cm, demonstrando, mais uma vez, a maior

importância relativa da intensidade comparativamente à freqüência de pastejo no controle

do desenvolvimento de hastes e do processo reprodutivo. Esses resultados corroboram

aqueles obtidos por Uebele (2002) quando da avaliação dos padrões demográficos de

perfilhamento de capim-Mombaça em experimento concomitante na mesma área

experimental, e auxiliam no entendimento da menor produção total de forragem para o

tratamento 50/95 comparativamente aos demais tratamentos (30/95, 30/100 e 50/100 em

ordem decrescente de produção).

Tabela 47. Proporção de hastes florescidas (%) na massa de forragem em pré-pastejo de

capim-Mombaça submetido a combinações de intervalos entre pastejos (IL) e

intensidades de pastejo (altura do resíduo) durante o período de abril de 2001

a setembro de 2001

Interceptação Luminosa (%) Resíduo (cm) 95 100 Média

30 5,7 aB (2,56) 9,6 aA (2,56) 7,6 B (1,81)

50 17,7 aA (2,56) 9,8 bA (2,56) 13,7 A (1,81)

Média 11,7 a (1,81) 9,7 a (1,81) Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Nessa época do ano, também, as maiores proporções de hastes florescidas

ocorreram no estrato superior e decresceram ao longo do perfil do dossel em direção à

base do pasto. A interação interceptação luminosa x estrato ocorreu pelo maior aumento

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74

proporcional de hastes reprodutivas no estrato superior dos tratamentos de 100% IL

relativamente àqueles de 95% IL (Tabela 48).

Tabela 48. Proporção de hastes florescidas (%) nos estratos basal, mediano e superior

da massa de forragem em pré-pastejo de capim-Mombaça com pastejos

realizados a 95 e 100 % de interceptação luminosa do dossel forrageiro

durante o período de abril de 2001 a setembro de 2001

Interceptação Luminosa (%) Estrato 95 100 Média Basal 4,4 aB (3,14) 0,0 aB (3,14) 2,2 C (2,22)

Mediano 13,3 aA (3,14) 4,0 bB (3,14) 8,7 B (2,22)

Superior Média

17,4 bA (3,14) 11,7 a (1,81)

25,0 aA (3,14) 9,7 a (1,81)

21,2 A (2,22)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

4.2.7 Composição Química

As avaliações químicas foram realizadas nas amostras referentes aos períodos de

rebrotação e à condição de pré-pastejo.

4.2.7.1 Matéria Mineral

Não houve variação nos teores de matéria mineral em função de resíduo e

interceptação luminosa durante a rebrotação. Houve efeito de altura (P=0,0372),

época do ano (P=0,0001) e da interação altura x época do ano (P=0,0071). Os valores

de matéria mineral apresentaram uma pequena variação ao longo das estações do ano,

sendo o outono/inverno a época que apresentou a maior porcentagem de matéria

mineral e a primavera a que apresentou a menor porcentagem. Normalmente não

houve variação nos teores de matéria mineral com as alturas de rebrotação, exceção

feita à altura +40 na primavera, que resultou na interação altura x época do ano. Não

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75

ocorreu variação nas porcentagens de matéria mineral ao longo do ano para a fase de

rebrotação mais avançada (altura +40), provavelmente devido ao menor risco de

ocorrência de contaminação da forragem por terra relativamente à fase inicial de

rebrotação (Tabela 49).

Os valores médios do experimento foram superiores àqueles relatados por

Balsalobre (2002) em trabalho realizado com capim-Tanzânia (Panicum maximum cv.

Tanzânia) (7,9 a 10,5%). Esse autor relatou que os valores obtidos seguiram tendência

de altos teores de matéria mineral (MM), comuns em pastagens tropicais adubadas. A

diferença entre os valores contidos na Tabela 49 e aqueles reportados por Balsalobre

(2002) pode estar associada ao fato de as amostras não terem sido lavadas antes do

processamento neste experimento, podendo ter sido contaminadas por terra que

conseqüentemente, elevou a porcentagem de matéria mineral (MM).

Tabela 49. Porcentagem de matéria mineral na massa de forragem durante a rebrotação

de capim-Mombaça submetido a combinações de intervalos entre pastejos

(IL) e intensidades de pastejo (altura do resíduo) durante o período de

janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Fase de Rebrotação Época do ano +20 +40 Média

Verão 11,0 aB (0,15) 11,3 aA (0,15) 11,2 B (0,11) Outono/Inverno 11,8 aA (0,27) 11,7 aA (0,33) 11,8 A (0,21)

Primavera Média

10,1 bC (0,11) 11,0 b (0,13)

11,2 aA (0,11) 11,4 a (0,15)

10,6 C (0,08)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Na condição de pré-pastejo, houve efeito de resíduo (P=0,0043), interceptação

luminosa (P=0,0396), época do ano (P=0,0687) e da interação interceptação luminosa x

estrato x época do ano (P=0,0678). Foi observada uma maior proporção de matéria

mineral para os tratamentos de resíduo 30 cm em relação aos de 50 cm (12,1 x 11,6 %

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76

cm EPM=0,12, respectivamente), provavelmente conseqüência de maior contaminação

por terra em função da menor altura de resíduo.

Com relação à interceptação de luz, os tratamentos com pastejos iniciados com

100% IL apresentaram as maiores proporções de matéria mineral comparativamente

àqueles de 95% IL durante o verão (Tabela 50). Normalmente era necessário maior

pressão de pastejo nesses pastos, especialmente nos de resíduo 30 cm, o que deve ter

propiciado condições para maior contaminação da amostra cm terra, elevando as

porcentagens de matéria mineral. Com relação às épocas do ano, os maiores valores

foram observados durante o outono/inverno.

Tabela 50. Porcentagem de matéria mineral nos estratos basal e superior da massa de

forragem em pré-pastejo de capim-Mombaça com pastejos realizados a 95 e

100 % de interceptação luminosa do dossel forrageiro durante o período de

janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Interceptação Luminosa (%) Estrato 95 100 Média Média Época

Verão Basal 11,8 aA (0,29) 12,1 aA (0,29) 12,0 (0,21)

Superior 11,4 bA (0,29) 12,2 aA (0,29) 11,8 (0,21) 11,9 B (0,15) Média 11,6 b (0,21) 12,2 a (0,21)

Outono/Inverno Basal 11,8 aA (0,29) 12,4 aA (0,29) 12,1 (0,21)

Superior 12,2 aA (0,29) 11,9 aA (0,29) 12,1 (0,21) 12,1 A (0,15)

Média 12,0 a (0,21) 12,1 a (0,21)

Primavera

Basal 11,6 aA (0,29) 11,5 aA (0,29) 11,5 (0,21)

Superior 11,2 bA (0,29) 12,1 aA (0,29) 11,6 (0,21) 11,6 B (0,15) Média 11,4 a (0,21) 11,8 a (0,21)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

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77

Durante o período de outono/inverno, época de desenvolvimento reprodutivo

intenso, houve efeito de resíduo (P=0,0004), interceptação luminosa (P=0,0020) e

estrato (P=0,0001), além das interações resíduo x interceptação luminosa (P=0,0452) e

estrato x interceptação luminosa (P=0,0009). O resíduo de 30 cm apresentou média

maior que o resíduo de 50 cm. A interação resíduo x interceptação luminosa foi

caracterizada pela não ocorrência de diferença nos teores de matéria mineral entre os

resíduos quando associados com pastejos aos 100% IL (Tabela 51). Novamente, parece

haver a indicação de que pastejos mais intensos (30 cm) ou que requerem o uso de maior

pressão de pastejo (100% IL) para retornar os pastos à condição original de resíduo,

possibilitaram a ocorrência de maior contaminação das amostras por terra resultando,

como conseqüência, em porcentagens mais elevadas de matéria mineral.

Tabela 51. Porcentagem de matéria mineral na massa de forragem em pré-pastejo de

capim-Mombaça submetido a combinações de intervalos entre pastejos (IL) e

intensidades de pastejo (altura do resíduo) durante o período de abril de 2001

a setembro de 2001

Interceptação Luminosa (%) Resíduo (cm) 95 100 Média

30 12,0 aA (0,21) 12,3 aA (0,21) 12,1 A (0,16)

50 10,7 bB (0,21) 11,8 aA (0,21) 11,3 B (0,16)

Média 11,3 b (0,15) 12,1 a (0,15) Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Os teores de matéria mineral dos estratos basal e mediano não foram diferentes

entre si, mas foram superiores àqueles do estrato superior (Tabela 52). A interação

interceptação luminosa x estrato ocorreu provavelmente devido a uma diminuição do

valor da matéria mineral no estrato superior para ambos intervalos entre pastejos, sendo

que o menor intervalo entre pastejos (95% IL) apresentou uma queda mais acentuada.

Esse fato pode estar relacionado com a tendência de menor proporção de hastes

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florescidas que os tratamentos de 95% IL apresentaram em sua composição morfológica

relativamente àqueles de 100% IL (Tabela 47). Sendo assim, e como os pastos

manejados com o tratamento 30/95 controlaram mais eficientemente o florescimento das

plantas, é provável que a maior presença das panículas no estrato superior dos

tratamentos de 100% IL (Tabela 48) contribuíram para elevar o teor de matéria mineral

(MM) no período do outono/inverno.

Tabela 52. Porcentagem de matéria mineral nos estratos basal, mediano e superior da

massa de forragem em pré-pastejo de capim-Mombaça com pastejos

realizados a 95 e 100 % de interceptação luminosa do dossel forrageiro

durante o período de abril de 2001 a setembro de 2001

Interceptação Luminosa (%)

Estrato 95 100 Média

Basal 11,8 aA (0,26) 12,4 aA (0,26) 12,1 A (0,19)

Mediano 12,4 aA (0,26) 12,1 aB (0,26) 12,2 A (0,19)

Superior

Média

9,8 bB (0,26)

11,3 b (0,15)

11,7 aB (0,26)

12,1 a (0,15)

10,8 B (0,19)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

4.2.7.2 Proteína Bruta (PB)

Houve efeito de resíduo (P=0,0052), altura do dossel (P=0,0441), época do ano

(P=0,0001) e das interações altura do dossel x resíduo x época do ano (P=0,0005),

resíduo x interceptação luminosa (P=0,0480) e interceptação luminosa x época do ano

(P=0,0621) para o teor de proteína bruta (PB) ao longo da rebrotação dos pastos.

Os teores de proteína bruta foram superiores para os tratamentos de resíduo 30

cm em relação àqueles de 50 cm no verão e na primavera. No período outono/inverno

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não foi observado efeito de resíduo (P=0,3581) (Tabela 53). Com relação à época do

ano, os maiores teores de proteína bruta ocorreram nas épocas de primavera e verão

relativamente ao outono/inverno, refletindo as variações no estádio de desenvolvimento

dos pastos, fases vegetativa e reprodutiva, respectivamente.

A interação altura do dossel x resíduo x época do ano foi caracterizada pelas

variações nos teores de proteína bruta observados durante a primavera. Essa foi a única

época do ano em que +20 cm teve teor de proteína bruta menor que +40 cm para o

resíduo de 30 cm, particularmente devido ao início da rebrotação ocorrida nesse período,

onde as avaliações de +20 cm continham maior proporção de material senescido

proveniente da fase reprodutiva do período de outono/inverno. Já a porção +40 cm

apresentava-se com maior proporção de material vivo, conseqüência da intensa

rebrotação ocorrida no início da época de primavera (Tabela 22).

Tabela 53. Porcentagem de proteína bruta na massa de forragem durante a rebrotação de

capim-Mombaça com pastejos realizados a 30 e 50 cm de resíduo durante o

período de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Fase de Rebrotação Resíduo (cm) +20 +40 Média Média Época

Verão 30 15,9 aA (0,51) 14,9 aA (0,51) 15,4 A (0,36) 50 14,2 aB (0,51) 12,9 bB (0,51) 13,5 B (0,36) 14,5 A (0,25)

Média 15,0 a (0,36) 13,9 b (0,36) Outono/Inverno

30 13,8 aA (0,75) 10,1 bA (0,75) 11,9 A (0,53)

50 10,8 aB (0,75) 11,3 aA (1,19) 11,1 A (0,70) 11,5 B (0,44) Média 12,3 a (0,53) 10,7 b (0,70)

Primavera 30 14,3 bA (0,50) 16,3 aA (0,50) 15,3 A (0,35) 50 15,1 aA (0,50) 13,4 bB (0,50) 14,3 B (0,35) 14,8 A (0,25)

Média 14,7 a (0,35) 14,9 a (0.35) Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

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80

De maneira geral, os primeiros 20 cm de rebrotação apresentaram teores de

proteína bruta superiores àqueles dos 20 cm seguintes (+40 cm), seguramente

conseqüência de tecidos mais jovens, com menor proporção de componentes de parede

celular. Pastos desfolhados mais intensamente (30 cm) tenderam a apresentar valores

mais elevados de proteína bruta que pastos desfolhados de forma mais leniente (50 cm)

Com relação à interação interceptação luminosa x época do ano (Tabela 54),

pode-se observar que houve um aumento de 1 unidade percentual no valor de proteína

bruta no período de primavera em relação ao período de verão. Esse aumento reflete a

presença de folhas novas existentes nessa época proporcionado pelo início da estação de

crescimento.

Tabela 54. Porcentagem de proteína bruta na massa de forragem durante a rebrotação de

capim-Mombaça com pastejos realizados com 95 e 100 % de interceptação

luminosa do dossel forrageiro durante o período de janeiro de 2001 a

fevereiro de 2002

Interceptação Luminosa (%) Época do ano 95 100 Média

Verão 14,1 aA (0,36) 14,8 aA (0,36) 14,5 A (0,25)

Outono/Inverno 12,0 aC (0,53) 10,9 aB (0,70) 11,5 B (0,44) Primavera

Média

15,1 aB (0,35)

13,7 a (0,26)

14,4 aA (0,35)

13,4 a (0,31)

14,8 A (0,25)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

A interação resíduo x interceptação luminosa foi conseqüência da menor

porcentagem de proteína bruta no tratamento de 95% IL quando associado ao resíduo de

50 cm, seguramente conseqüência da menor remoção de folhas pelo pastejo nesse

tratamento relativamente ao 30/95. Aparentemente o efeito benéfico da maior freqüência

de utilização (menor período de descanso) foi mais que compensado pelo maior resíduo

deixado no pós-pastejo (folhas mais velhas) (Tabela 55). A associação dos teores de

proteína bruta à composição morfológica durante a rebrotação indica que o manejo da

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estrutura do dossel forrageiro através de pastejos mais intensos (30 cm) e mais

freqüentes (95% IL) gera maiores proporções de folhas, menores proporções de hastes e,

conseqüentemente, a possibilidade de oferta de uma forragem de melhor valor nutritivo.

Tabela 55. Porcentagem de proteína bruta na massa de forragem durante a rebrotação de

capim-Mombaça submetido a combinações de intervalos entre pastejos (IL) e

intensidades de pastejo (altura do resíduo) durante o período de janeiro de

2001 a fevereiro de 2002

Interceptação Luminosa (%) Resíduo (cm) 95 100 Média

30 14,8 aA (0,37) 13,6 bA (0,37) 14,2 A (0,26) 50 12,7 aB (0,37) 13,2 aA (0,37) 13,0 B (0,31)

Média 13,7 a (0,26) 13,4 a (0,31) Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Para a condição de pré-pastejo, houve efeito de resíduo (P=0,0005), interceptação

luminosa (P=0,0001), estrato (P=0,0001) e época do ano (P=0,0291). Também foi

detectada a interação interceptação luminosa x época do ano (P=0,0083). Os maiores

teores de proteína bruta foram observados para os tratamentos de resíduo 50 cm

relativamente aos de resíduo 30 cm (11,1 x 9,1% com EPM=0,33, respectivamente).

Esse fato é compreendido quando os teores de proteína bruta são relacionados aos

resultados da composição morfológica da forragem em pré-pastejo, onde os tratamentos

de pastejos mais intensos (30 cm) tiveram uma menor proporção de folhas no estrato

basal comparativamente àqueles onde o pastejo foi mais leniente (50 cm) (Tabela 32),

concordando com Cecato et al. (1985), que afirmaram que alturas de corte ou pastejos

mais baixos podem retirar material mais fibroso e com menor teor de PB. Essa tendência

também foi confirmada por Rego et al. (2001) estudando pastos de capim-Tanzânia

manejados em 4 alturas variando de 20 a 80 cm. Já Machado et al. (1998) não

encontraram respostas nesse sentido quando estudaram o efeito da altura de corte para o

capim-Mombaça manejado a 20 e 40 cm.

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Com relação à época do ano, constatou-se que os teores de proteína bruta do

outono/inverno se igualaram àqueles da primavera e do verão. Porém, os teores

observados no verão foram superiores aos da primavera (Tabela 56). Costa et al. (2000)

também não encontraram grandes diferenças nos teores de proteína bruta durante o

período de verão e inverno. O menor intervalo entre pastejos (95% IL) propiciou

maiores teores de proteína bruta (PB) em relação ao maior intervalo entre pastejos

(100% IL), certamente pelo fato de a maior frequência de pastejo ter proporcionado a

colheita de tecidos mais jovens, ao passo que a menor frequência favoreceu o declínio

dos teores de proteína bruta da forragem, conseqüência do processo natural de

maturação da planta. Essa tendência também foi relatada nos trabalhos de Coward–Lord

(1972) e Vieira et al. (1980), onde os autores revelaram decréscimo dos teores de

proteína bruta com o avanço da idade da planta. Gomes (2001), avaliando os teores de

proteína bruta na parte aérea do capim-Mombaça, obteve 10,3%, 9,6% e 8,8% para as

ofertas de forragem 4, 8 e 12%, respectivamente, para o período do verão. Braga (2001)

também encontrou decréscimo nos teores de proteína bruta quando aumentou o intervalo

entre cortes tanto no período de verão como no de inverno.

Tabela 56. Porcentagem proteína bruta na massa de forragem em pré-pastejo de capim-

Mombaça com pastejos realizados a 95 e 100 % de interceptação luminosa

do dossel forrageiro durante o período de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Interceptação Luminosa (%) Época do ano 95 100 Média

Verão 11,3 aA (0,50) 9,7 bA (0,50) 10,5 A (0,35)

Outono/Inverno 10,9 aA (0,50) 9,0 bAB (0,50) 9,9 AB (0,35) Primavera

Média

11,4 aA (0,50)

11,2 a (0,33)

8,2 bB (0,50)

9,0 b (0,33)

9,8 B (0,35)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

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83

A interação interceptação luminosa x época do ano foi caracterizada pela redução

do teor de proteína bruta do outono/inverno para a primavera nos tratamentos de 100%

IL, provavelmente devido ao controle ineficiente do florescimento, que promoveu a

ocorrência de uma maior proporção de hastes florescidas para esses tratamentos durante

o período de outono/inverno. Gerdes et al. (2000), avaliando o capim-Tanzânia com

corte aos 35 dias, encontraram teores de proteína bruta (10,8%) no verão semelhantes

aos deste experimento, porém para as outras estações do ano obtiveram valores bem

mais altos como 13,7% na primavera, 19,8% no outono e 15,3% no inverno. Segundo

Euclides (1995), os cultivares de P. maximum tendem a apresentar pequena variação de

valor nutritivo quando comparados sob as mesmas condições experimentais. Em um

estudo de cultivares de Panicum maximum Euclides (1993) encontrou, avaliando plantas

maduras na estação das águas, valores de 9,5, 9,1, e 7,4% para Colonião, Tobiatã e

Tanzânia, respectivamente.

Os estratos superiores apresentaram maior porcentagem de proteína bruta em

relação aos estratos inferiores (12,0 x 8,1% com EPM=0,33, respectivamente),

conseqüência de uma maior proporção de material vivo e menor proporção de material

morto. A composição do material vivo dos estratos também revelou maior proporção de

folhas e menor proporção de hastes para o estrato superior comparativamente ao estrato

inferior. Maiores teores de proteína bruta (PB) nas lâminas foliares (cerca de duas vezes)

em relação às hastes foram relatados por Gomes (2001) em trabalho conduzido com

capim-Mombaça. Gerdes et al. (2000) também encontraram a mesma relação entre os

teores de proteína bruta da folha e da haste para o capim-Tanzânia. Esses resultados

confirmam a afirmação de Sarmento et al. (1997) quanto a importância de privilegiar

práticas de manejo que elevem a proporção de folhas na forragem devido a diferença

existente nos teores de proteína bruta de folhas e hastes.

No período de outono/inverno, houve efeito de resíduo (P=0,0007), estrato

(P=0,0001), e das interações interceptação luminosa x estrato (P=0,0019) e resíduo x

estrato x interceptação luminosa (P=0,0011). O estrato basal apresentou um teor mais

baixo de proteína bruta do que os estratos mediano e superior, certamente conseqüência

da maior proporção de hastes e material senescente encontrados nessa porção do dossel

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84

forrageiro. A interação resíduo x estrato x interceptação luminosa foi resultado de um

menor valor de proteína bruta no estrato superior do dossel do tratamento 30/95 (Tabela

57).

Tabela 57. Porcentagem de proteína bruta na massa de forragem em pré-pastejo de

capim-Mombaça submetido a combinações de intervalos entre pastejos (IL)

e intensidades de pastejo (altura do resíduo) durante o período de abril de

2001 a setembro de 2001

Interceptação Luminosa (%)

Resíduo (cm) 95 100 Média Média Estrato Estrato Basal

30 8,6 bA (1,00) 6,0 aB (1,00) 7,3 B (0,71)

50 9,5 aA (1,00) 9,0 aA (1,00) 9,2 A (0,71) 8,3 B (0,50) Média 9,1 a (0,71) 7,5 a (0,71)

Estrato Mediano 30 12,0 aA (1,00) 8,5 bB (1,00) 10,2 B (0,71)

50 13,0 aA (1,00) 11,3 aA (1,00) 12,2 A (0,71) 11,2 A (0,50) Média 12,5 a (0,71) 9,9 b (0,71)

Estrato Superior 30 7,5 bB (1,00) 14,2 aA (1,00) 10,9 B (0,71)

50 14,2 aA (1,00) 12,7 aA (1,00) 13,4 A (0,71) 12,2 A (0,50) Média 10,8 b (0,71) 13,5 a (0,71)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Os tratamentos com interceptação de luz de 95% apresentaram maiores valores

de proteína bruta no estrato basal e mediano, sendo que no estrato superior essa maior

média ocorreu para os tratamentos de 100% IL (Tabela 57). O fato de os tratamentos

com maior intervalo entre pastejos terem apresentado uma altura média maior que a dos

tratamentos de menor intervalo entre pastejos, fez com que o estrato superior dos

tratamentos de 100% IL e 30 cm de resíduo apresentassem uma maior proporção de

folhas somada a uma maior quantidade de panículas elevando, dessa maneira, o teor de

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proteína bruta nesse estrato. Para o tratamento de 95% IL e 30 cm de resíduo, contudo,

em função da menor altura do dossel forrageiro, o estrato superior apresentou

relativamente menos folhas, predominando panículas e hastes reprodutivas, o que

explicaria os menores valores de proteína bruta encontrados nessa época do ano sob

aquelas circunstâncias.

4.2.7.3 Fibra Insolúvel em Detergente Neutro (FDN)

Houve efeito de resíduo (P=0,0071), altura do dossel (P=0,0103), época do ano

(P=0,0001) e das interações resíduo x altura do dossel (P=0,0869), interceptação

luminosa x altura do dossel (P=0,0001) e altura do dossel x época do ano (P=0,0201)

durante a fase de rebrotação.

Os tratamentos de maior intensidade de pastejo (resíduo 30cm) apresentaram

menores valores de FDN, gerados por uma diminuição desse valor nas avaliações de +40

cm. Para as avaliações de + 20 cm não houve diferença entre os valores de FDN

associados aos diferentes resíduos (Tabela 58).

Tabela 58. Porcentagem de fibra insolúvel em detergente neutro na massa de forragem

durante a rebrotação de capim-Mombaça com pastejos realizados a 30 e 50

cm de resíduo durante o período de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Fase de Rebrotação Resíduo (cm) +20 +40 Média

30 67,3 aA (0,24) 66,0 bB (0,24) 66,6 B (0,17)

50 67,6 aA (0,24) 67,3 aA (0,38) 67,5 A (0,22)

Média 67,5 a (0,17) 66,7 b (0,22) Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Nas avaliações de +20 cm na condição de 95% de IL durante a rebrotação, os

valores de FDN foram menores que para os pastejos realizados a 100% IL (Tabela 59).

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Já para as avaliações de +40 cm de rebrotamento ocorreu o contrário, isto é, maiores

valores de FDN para pastejos mais frequentes (95% IL). Na média, os valores não

diferiram entre as condições de 95 e 100 % IL.

Tabela 59. Porcentagem de fibra insolúvel em detergente neutro na massa de forragem

durante a rebrotação de capim-Mombaça com pastejos realizados a 95 e 100

% de interceptação luminosa do dossel forrageiro durante o período de

janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Fase de Rebrotação Interceptação Luminosa (%) +20 +40 Média

95 66,8 bB (0,24) 67,5 aA (0,24) 67,2 A (0,17) 100 68,1 aA (0,24) 65,9 bB (0,38) 67,0 A (0,22)

Média 67,5 a (0,17) 66,7 b (0,22) Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Tabela 60. Porcentagem de fibra insolúvel em detergente neutro na massa de forragem

durante a rebrotação de capim-Mombaça submetido a combinações de

intervalos entre pastejos (IL) e intensidades de pastejo (altura do resíduo)

durante o período de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Fase de Rebrotação Época do ano +20 +40 Média

Verão 68,6 aA (0,27) 67,6 bA (0,27) 68,1 A (0,19)

Outono/Inverno 65,4 aB (0,51) 66,1 aB (0,67) 65,8 C (0,42) Primavera

Média

68,4 aA (0,27)

67,5 a (0,17)

66,3 bB (0,27)

66,7 b (0,22)

67,4 B (0,19)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Em relação à época do ano, os maiores valores de FDN foram encontrados

durante o verão e os menores durante o outono/inverno. A interação altura do pasto x

época do ano foi causada porque no outono/inverno o valor de FDN foi menor na

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avaliação de +20 cm do que na avaliação de +40 cm, diferentemente do que ocorreu

durante a primavera e o verão (Tabela 60).

Durante o pré-pastejo houve efeito de interceptação luminosa (P=0,0090), estrato

(P=0,0001), época do ano (P=0,0056) e das interações resíduo x estrato (P=0,0026),

resíduo x época do ano (P=0,0058) e interceptação luminosa x época do ano (P=0,0980).

Não houve diferença entre os valores de FDN para as intensidades de pastejo

impostas como tratamento (resíduos de 30 e 50 cm ) (Tabela 61). A média foi de 68,4%,

sendo, no entanto, um valor bem menor do que os normalmente encontrados na

literatura. Machado et al. (1998) também não encontraram efeito da altura de corte sobre

os valores de FDN. Já Euclides (1999), estudando o consumo voluntário de três epécies

de Panicum maximum sob pastejo, encontrou valores de 68,0, 69,2, 68,1% para

Colonião, Tobiatã e Tanzânia, respectivamente, quantificando o FDN de extrusa

ruminal, valores esses semelhantes ao deste experimento.

O estrato basal apresentou maior valor de FDN que o estrato superior para as

duas intensidades de pastejo estudadas. Essa variação no valor de fibra é conseqüência

da variação de estrutura ao longo do perfil vertical do dossel forrageiro. (Tabela 61).

Tabela 61. Porcentagem de fibra insolúvel em detergente neutro nos estratos basal e

superior da massa de forragem em pré-pastejo de capim-Mombaça com

pastejos realizados a 30 e 50 cm de resíduo durante o período de janeiro de

2001 a fevereiro de 2002

Estrato Resíduo (cm) Basal Superior Média

30 71,1 aA (0,27) 66,1 bA (0,27) 68,6 A (0,19) 50 69,8 aB (0,27) 66,6 bA (0,27) 68,2 A (0,19)

Média 70,5 a (0,19) 66,3 b (0,19) Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Em relação à época do ano, os valores de FDN do verão foram cerca de 1

unidade percentual superiores às demais estações do ano (Tabela 62). Machado et al.

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88

(1998) também encontraram valores de FDN inferiores no período de inverno

comparativamente ao verão. Essa diferença pode ser gerada pela alta intensidade da

atividade metabólica da planta durante o verão necessitando, assim, de um aumento de

seus constituintes de parede celular para que não ocorra rompimento da célula devido a

alta absorção de água. Já Braga (2001) encontrou valores semelhantes de FDN em

relação às épocas do ano. A interação resíduo x época do ano ocorreu porque houve

uma queda no valor de FDN na primavera para os tratamentos mais lenientes (resíduo de

50cm).

Tabela 62. Porcentagem de fibra insolúvel em detergente neutro na massa de forragem

em pré-pastejo de capim-Mombaça com pastejos realizados a 30 e 50 cm de

resíduo durante o período de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Resíduo (cm) Época do ano 30 50 Média

Verão 69,1 aA (0,32) 69,0 aA (0,32) 69,0 A (0,23) Outono/Inverno 67,9 aB (0,50) 68,5 aA (0,50) 68,2 B (0,35)

Primavera Média

68,9 aAB (0,34) 68,6 a (0,19)

67,0 bB (0,34) 68,2 a (0,19)

68,0 B (0,24)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Os tratamentos de 95% IL geraram um menor valor de FDN quando comparados

àqueles de 100 % IL (Tabela 63). A interação interceptação luminosa x época do ano foi

provavelmente conseqüência da ausência de diferença entre os regimes de 95 e 100 % IL

durante o verão, diferentemente do que ocorreu durante o outono/inverno e primavera,

quando 100 % IL resultou em valores mais elevados de FDN que 95% IL. Corrêa et al.

(1998), estudando os capins Mombaça e Tanzânia com corte aos 35 dias, encontraram

75 e 74,5% de FDN, respectivamente. Braga (2001) também não encontrou diferenças

nos valores de FDN durante o período de verão ao aumentar o intervalo entre pastejos de

28 para 42 dias, porém a média de FDN encontrada por esse autor foi 75,3%, ou seja, 6

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89

unidades percentuais superior à média verificada neste experimento. Herling et al.

(2000) encontraram decrécimos nos teores de FDN ao longo dos pastejos

independentemente do período de descanso (28 e 35 dias) e da oferta de forragem (3,3;

4,1e 4,9%) estudados, e associaram esse decréscimo à diminuição do crescimento das

plantas.

Tabela 63. Porcentagem de fibra insolúvel em detergente neutro na massa de forragem

em pré-pastejo de capim-Mombaça com pastejos realizados a 95 e 100 % de

interceptação luminosa do dossel forrageiro durante o período de janeiro de

2001 a fevereiro de 2002

Interceptação Luminosa (%) Época do ano 95 100 Média

Verão 69,1 aA (0,32) 69,0 aA (0,32) 69,0 A (0,23)

Outono/Inverno 67,5 bB (0,50) 68,8 aA (0,50) 68,2 B (0,35) Primavera 67,4 bB (0,34) 68,6 aA (0,34) 68,0 B (0,24)

Média 68,0 b (0,19) 68,8 a (0,19) Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

No período de outono/inverno houve efeito apenas de estrato (P=0,0001) e das

interações interceptação luminosa x estrato (P=0,0258) e resíduo x estrato (P=0,0249). O

estrato basal apresentou o maior teor de FDN (Tabela 64) refletindo a menor relação

folha:haste encontrada nessa porção do dossel. O estrato superior acabou apresentando

valor superior ao do estrato mediano devido à característica estrutural própria da

pastagem nessa época reprodutiva, que fez com que no estrato superior a proporção de

hastes florescidas fosse maior do que no estrato mediano (Tabela 48). A interação

interceptação luminosa x estrato foi caracterizada porque o tratamento com 95% de IL

apresentou valor de FDN maior do que os de 100 % IL para o estrato superior (Tabela

64).

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Tabela 64. Porcentagem de fibra insolúvel em detergente neutro nos estratos basal,

mediano e superior da massa de forragem em pré-pastejo de capim-

Mombaça com pastejos realizados a 95 e 100 % de interceptação luminosa

do dossel forrageiro durante o período de abril de 2001 a setembro de 2001

Interceptação Luminosa (%) Estrato 95 100 Média Basal 69,7 aA (0,72) 70,7 aA (0,72) 70,2 A (0,51)

Mediano 65,3 aB (0,72) 66,8 aB (0,72) 66,1 C (0,51)

Superior Média

68,7 bA (0,72) 67,9 a (0,41)

66,4 aB (0,72) 68,0 a (0,41)

67,6 B (0,51)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

A interação resíduo x estrato foi caracterizada pela diminuição do valor de FDN

para o resíduo 30 cm em relação ao resíduo 50 cm no estrato mediano (Tabela 65). Essa

diminuição esteve mais associada provavelmente à idade da haste para esse estrato

quando comparados os resíduos do que em termos de quantidade de haste, visto que em

termos de proporção de hastes e hastes florescidas não houve efeito da interação estrato

x resíduo.

Tabela 65. Porcentagem de fibra insolúvel em detergente neutro nos estratos basal,

mediano e superior da massa de forragem em pré-pastejo de capim-

Mombaça com pastejos realizados a 30 e 50 cm de resíduo durante o período

de abril de 2001 a setembro de 2001

Resíduo (cm) Estrato 30 50 Média Basal 70,7 aA (0,72) 69,8 aA (0,72) 70,2 A (0,51)

Mediano 65,0 bC (0,72) 67,1 aB (0,72) 66,1 C (0,51) Superior

Média

68,5 aB (0,72)

68,1 a (0,42)

66,6 bB (0,72)

67,8 a (0,42)

67,6 B (0,51)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

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91

4.2.7.4 Fibra Insolúvel em Detergente Ácido (FDA)

Durante as avaliações de rebrotação, houve efeito das interações resíduo x altura

do dossel (P=0,0263), interceptação luminosa x altura do dossel (P=0,0004) e

interceptação luminosa x época do ano (P=0,0091). Os valores de FDA não diferiram em

relação aos resíduos e às alturas do dossel (fase de rebrotação), porém para o resíduo de

30 cm associado à avaliação de +40 cm houve uma redução de cerca de uma unidade

percentual comparativamente à avaliação de +20 cm para o mesmo resíduo (Tabela 66).

Isso ocorreu devido à menor proporção de hastes existente nessa avaliação em relação à

avaliação de +20 cm (Tabela 37). Essa variação também esteve refletida nos valores de

FDN (Tabela 66).

Tabela 66. Porcentagem de fibra insolúvel em detergente ácido na massa de forragem

durante a rebrotação de capim-Mombaça com pastejos realizados a 30 e 50

cm de resíduo durante o período de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Fase de Rebrotação Resíduo (cm) + 20 + 40 Média

30 37,2 aA (0,22) 36,2 bB (0,22) 36,7 A (0,15)

50 37,0 aA (0,22) 37,2 aA (0,33) 37,1 A (0,20) Média 37,1 a (0,15) 36,7 a (0,20)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Na interação interceptação luminosa x altura do dossel, os tratamentos de 95% IL

apresentaram menor valor de FDA na avaliação de +20 cm enquanto que para os

pastejos iniciados com 100% IL o menor valor foi encontrado para a avaliação de +40

cm (Tabela 67). Em relação às estações do ano, foi encontrado maior valor de FDA na

primavera do que no verão mas, para pastejos realizados com 95 % IL, essa diferença

não ocorreu (Tabela 68).

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Tabela 67. Porcentagem de fibra insolúvel em detergente ácido na massa de forragem

durante a rebrotação de capim-Mombaça com pastejos realizados a 95 e 100

% de interceptação luminosa do dossel forrageiro durante o período de

janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Fase de Rebrotação Interceptação Luminosa(%) +20 +40 Média

95 36,6 bB (0,22) 37,2 aA (0,22) 37,0 (0,15) 100 37,6 aA (0,22) 36,2 bB (0,33) 36,9 (0,20)

Média 37,1 (0,15) 36,7 (0,20) Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Tabela 68. Porcentagem de fibra insolúvel em detergente ácido na massa de forragem

durante a rebrotação de capim-Mombaça com pastejos realizados a 95 e 100

% de interceptação luminosa do dossel forrageiro durante o período de

janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Interceptação Luminosa (%) Época do ano 95 100 Média

Verão 37,3 aA (0,34) 35,9 bB (0,34) 36,6 B (0,24)

Outono/Inverno 36,5 aA (0,45) 37,2 aA (0,58) 36,8 BA (0,37) Primavera

Média

36,9 bA (0,26)

37,0 a (0,15)

37,6 aA (0,26)

36,9 a (0,20)

37,3 A (0,18)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Na condição de pré-pastejo, houve efeito de resíduo (P=0,0011), interceptação

luminosa (P=0,0001), estrato (P=0,0001), época do ano (P=0,0242), e das interações

resíduo x interceptação luminosa (P=0,0639), resíduo x estrato (P=0,0001) e resíduo x

época do ano (P=0,0069). Tratamentos com resíduo 30 cm apresentaram valor de FDA

maior do que tratamentos com resíduo 50 cm, o mesmo ocorrendo para os tratamentos

de 100% IL em relação aos de 95% IL (Tabela 69). A interação resíduo x interceptação

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luminosa foi causada pela ausência de diferença entre os valores de FDA para os

resíduos de 30 e 50 cm dos tratamentos de 95 % IL, diferentemente do que ocorreu para

pastejos iniciados com 100 % IL. Machado et al. (1998) encontraram valores de FDA

da ordem de 43,5 % no verão e de 40,6% no inverno em um estudo com cultivares e

acessos de Panicum maximum Jacq, dentre eles o capim-Mombaça. Herling et al.

(2000), estudando capim Tanzânia, Tobiatã e Mombaça, encontraram decréscimos nas

porcentagens de FDA no decorrer das avaliações mostrando, assim, que a planta tende a

apresentar diminuição dos constituintes de parede celular à medida que diminui seu

metabolismo devido a condições climáticas desfavoráveis. Braga (2001) também

encontrou um aumento no valor de FDA quando se aumentou o intervalo entre pastejos

de 28 para 42 dias em capim-Mombaça.

Tabela 69. Porcentagem de fibra insolúvel em detergente ácido na massa de forragem

em pré-pastejo de capim-Mombaça submetido a combinações de intervalos

entre pastejos (IL) e intensidades de pastejo (altura do resíduo) durante o

período de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Interceptação Luminosa (%) Resíduo (cm) 95 100 Média

30 38,2 bA (0,19) 40,2 aA (0,19) 39,2 A (0,14)

50 37,9 bA (0,19) 39,1 aB (0,19) 38,5 B (0,14)

Média 38,1 b (0,14) 39,7 a (0,14) Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Na Tabela 70 pode-se observar que existiu uma variação de 4,5 pontos

percentuais no valor de FDA para os diferentes estratos. Para o estrato basal houve

diferença entre os resíduos de 30 e 50 cm, o mesmo não ocorrendo para o estrato

superior. Esses valores mostram mais uma vez a importância de realizar a colheita da

forragem de maneira adequada para que se tenha controle sobre a variação na estrutura

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94

do dossel ao longo do pastejos evitando, assim, a queda no valor nutritivo da forragem

mencionada por Corsi (1998).

Tabela 70. Porcentagem de fibra insolúvel em detergente ácido nos estratos basal e

superior da massa de forragem em pré-pastejo de capim-Mombaça com

pastejos realizados a 30 e 50 cm de resíduo durante o período de janeiro de

2001 a fevereiro de 2002

Estrato Resíduo (cm) Basal Superior Média

30 41,9 aA (0,19) 36,5 bA (0,19) 39,2 A (0,14)

50 40,3 aB (0,19) 36,7 bA (0,19) 38,5 B (0,14) Média 41,1 a (0,14) 36,6 b (0,14)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Tabela 71. Porcentagem de fibra insolúvel em detergente ácido na massa de forragem

em pré-pastejo de capim-Mombaça com pastejos realizados a 30 e 50 cm de

resíduo durante o período de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Resíduo (cm) Época do ano 30 50 Média

Verão 39,5 aA (0,35) 38,7 bA (0,35) 39,1 A (0,25)

Outono/Inverno 38,8 aA (0,45) 39,5 aA (0,45) 39,1 A (0,32) Primavera

Média

39,4 aA (0,33)

39,2 a (0,14)

37,3 bB (0,33)

38,5 b (0,14)

38,3 B (0,23)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Ao longo das estações do ano a porcentagem de FDA foi menor durante a

primavera, sendo que, quando associou-se a intensidade de pastejo com as estações do

ano, os tratamentos de resíduo 30 cm apresentaram valores de FDA superiores àqueles

de resíduo 50 cm durante a primavera e verão (Tabela 71). Durante o outono/inverno

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essa diferença desapareceu. A variação do teor de FDA ao longo do ano foi muito

pequena, mostrando que um manejo adequado pode evitar que o valor nutritivo da

forragem sofra alterações bruscas devido à falta de controle da estrutura do dossel

(Tabela 71).

No período de outono/inverno, houve efeito de interceptação luminosa

(P=0,0022), estrato (P=0,0001) e da interação resíduo x estrato (P=0,0053). Os pastejos

iniciados com 100% IL apresentaram valores de FDA 2 unidades percentuais superiores

àqueles iniciados com 95% de IL (40,0 x 38,1% com EPM=0,39, respectivamente). Não

houve efeito de resíduo sobre os valores de FDA. Entre os estratos pode-se dizer que o

estrato basal apresentou maior valor de FDA, devido a própria estrutura da planta, sendo

a base a porção onde se concentrou a maior proporção de hastes. O estrato mediano

apresentou menor valor de FDA, conseqüência da maior presença de hastes florescidas

no estrato superior, típica dessa fase reprodutiva. A interação resíduo x estrato foi

causada pela ausência de diferença entre os valores de FDA para o estrato mediano e

superior nos tratamentos com resíduo 50 cm (Tabela 72).

Tabela 72. Porcentagem de fibra insolúvel em detergente ácido nos estratos basal,

mediano e superior da massa de forragem em pré-pastejo de capim-

Mombaça com pastejos realizados a 30 e 50 cm de resíduo durante o período

de abril de 2001 a setembro de 2001

Resíduo (cm) Estrato 30 50 Média Basal 41,5 aA (0,68) 41,1 aA (0,68) 41,3 A (0,48)

Mediano 36.1 bB (0,68) 37,9 aB (0,68) 37,0 C (0,48)

Superior Média

40,2 aA (0,68) 39,3 a (0,39)

37,2 bB (0,68) 38,7 a (0,39)

38,7 B (0,48)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

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96

4.2.7.5 Digestibilidade in vitro da Matéria Orgânica (DIVMO)

Durante as avaliações de rebrotação, houve efeito de resíduo (P=0,0074),

interceptação luminosa (P=0,0560), altura do dossel (P=0,0057), época do ano

(P=0,0001), e das intereções resíduo x interceptação luminosa (P=0,0199), interceptação

luminosa x altura do dossel (P=0,0119), resíduo x época do ano (P=0,0289),

interceptação luminosa x época do ano (P=0,0760) e altura do dossel x época do ano

(P=0,0066).

Pode-se notar que o tratamento 30/95 apresentou o maior valor de DIVMO. Em

média, o resíduo 30 cm e a interceptação luminosa de 95% IL permitiram valores mais

altos de DIVMO durante a fase de rebrotação (Tabela 73). Esse resultado reflete a maior

proporção de folhas existentes durante a rebrotação do tratamento 30/95 em relação aos

ao tratamento 30/100 (Tabela 29). Adicionalmente, o tratamento 30/95 apresentou

também menor proporção de hastes para todas as épocas do ano em relação aos outros

tratamentos (Tabela 36), indicando que o controle do valor nutritivo da forragem e da

estrutura do dossel é função da combinação adequada entre intensidade e freqüência de

desfolhação. Tanto o resíduo de 30 cm associado à condição de 100% IL como 95% IL

associada ao resíduo de 50 cm resultaram em redução dos valores de DIVMO.

Tabela 73. Digestibilidade in vitro da matéria orgânica da massa de forragem durante a

rebrotação de capim-Mombaça submetido a combinações de intervalos entre

pastejos (IL) e intensidades de pastejo (altura do resíduo) durante o período

de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Interceptação Luminosa (%) Resíduo (cm) 95 100 Média

30 63,3 aA (0,60) 60,3 bA (0,60) 61,8 A (0,43) 50

Média

59,7 aB (0,60)

61,5 a (0,43)

60,1 aA (0,74)

60,2 b (0,48)

59,9 B (0,48)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

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97

Já em relação a altura do dossel, as avaliações de +20 cm apresentaram valores

de DIVMO menores do que para as avaliações de +40 cm (Tabela 74). A justificativa

para que isso tenha ocorrido é que no início da rebrotação a proporção de folhas ainda é

pequena, existindo ainda uma maior proporção de material senescente quando

comparada com a avaliação de +40 cm (Tabela 29). A interação interceptação luminosa

x altura do dossel foi gerada porque para os tratamentos de 95 % IL não foi detectada

diferença de DIVMO para as diferentes fases da rebrotação.

Tabela 74. Digestibilidade in vitro da matéria orgânica da massa de forragem durante a

rebrotação de capim-Mombaça com pastejos realizados a 95 e 100 % de

interceptação luminosa do dossel forrageiro durante o período de janeiro de

2001 a fevereiro de 2002

Fase de Rebrotação Interceptação Luminosa (%) +20 +40 Média

95 61,4 aA (0,60) 61,6 aA (0,60) 61,5 A (0,43) 100

Média

58,3 bB (0,60)

59,9 b (0,43)

62,1 aA (0,74)

61,8 a (0,48)

60,2 B (0,48)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Os valores de DIVMO diferiram de acordo com a época do ano, sendo a maior

média registrada durante o verão (64,3 %) e a menor durante o outono/inverno (55,5 %)

(Tabela 75). A interação resíduo x época do ano ocorreu porque no verão os valores de

DIVMO diferiram para os resíduos de 30 e 50 cm, diferença que não existiu durante o

outono/inverno e primavera (Tabela 75). Com relação à interação época do ano x

interceptação luminosa, não houve diferença entre os tratamentos de 95 e 100 % IL

durante o verão e o outono/inverno, diferentemente do que ocorreu na primavera, época

em que pastejos iniciados com 95 % IL resultaram em forragem com valores mais altos

de DIVMO (Tabela 76), conseqüência de uma melhor estrutura do dossel, especialmente

do resíduo (Tabela 20, 28, 36 e 45).

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Tabela 75. Digestibilidade in vitro da matéria orgânica da massa de forragem durante a

rebrotação de capim-Mombaça com pastejos realizados a 30 e 50 cm de

resíduo durante o período de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Resíduo (cm) Época do ano 30 50 Média

Verão 66,4 aA (0,74) 62,3 bA (0,74) 64,3 A (0,52)

Outono/Inverno 56,3 aC (0,74) 54,8 aB (0,98) 55,5 C (0,61) Primavera 62,7 aB (0,74) 62,6 aA (0,74) 62,7 B (0,52)

Média 61,8 a (0,43) 59,9 b (0,48) Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Tabela 76. Digestibilidade in vitro da matéria orgânica da massa de forragem durante a

rebrotação de capim-Mombaça com pastejos realizados a 95 e 100 % de

interceptação luminosa do dossel forrageiro durante o período de janeiro de

2001 a fevereiro de 2002

Interceptação Luminosa (%) Época do ano 95 100 Média

Verão 64,2 aA (0,74) 64,5 aA (0,74) 64,3 A (0,52)

Outono/Inverno Primavera

Média

56,1 aB (0,74) 64,2 aA (0,74)

61,5 a (0,48)

55,0 aC (0,98) 61,1 bB (0,74)

60,2 b (0,48)

55,5 C (0,61) 62,7 B (0,52)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

A interação altura do dossel x época do ano ocorreu porque a diferença que

existiu entre os valores de DIVMO de acordo com as épocas do ano não ocorreu na

avaliação de +40 cm para os períodos de verão e primavera. Nesses mesmos períodos

não houve diferença de DIVMO para as fases de rebrotação (Tabela 77).

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Tabela 77. Digestibilidade in vitro da matéria orgânica da massa de forragem durante a

rebrotação de capim-Mombaça submetido a combinação de intervalos entre

pastejos (IL) e intensidades de pastejo (altura do resíduo) durante o período

de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Fase de rebrotação Época do ano +20 +40 Média

Verão 64,7 aA (0,74) 64,0 aA (0,74) 64,3 A (0,52) Outono/Inverno

Primavera Média

53,2 bC (0,74)

61,7 aB (0,74) 59,9 b (0,43)

57,9 aB (0,98)

63,7 aA (0,74) 61,8 a (0,48)

55,5 C (0,61)

62,7 B (0,52)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Na condição de pré-pastejo, houve efeito de resíduo (P=0,0150), interceptação

luminosa (P=0,0012), estrato (P=0,0001), época do ano (P=0,0003) e das interações

interceptação luminosa x estrato (P=0,1026), resíduo x época do ano (P=0,0027) e

interceptação luminosa x época do ano (P=0,0118). Os tratamentos de 95 % IL

resultaram em um maior valor de DIVMO (58,1 %) no momento da entrada dos animais

(Tabela 78). Euclides (1993) encontrou valores de DIVMO de 54,2, 54,4, 56,7 para

Colonião, Tobiatã e Tanzânia, respectivamente, quando estudava variação na

composição bromatológica dos diferentes cultivares. Os valores encontrados por essa

autora foram semelhantes aos encontrados neste estudo para os tratamentos de 100 % IL

que, na média, resultaram em intervalos entre pastejos semelhantes ao de Euclides

(1993). A diferenciação de estrato como “pastejo de ponta e pastejo de fundo” gerou

uma diferença de 4 pontos percentuais no valor de DIVMO (Tabela 78). Esses valores

confirmaram a sugestão de Hodgson (1990) de que apenas os estratos superiores devam

ser pastejados por animais de maior potencial de produção, sendo o restante da forragem

destinado a animais de menor exigência nutricional quando o objetivo é melhorar o valor

nutritivo da forragem ingerida pelos animais.

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Tabela 78. Digestibilidade in vitro da matéria orgânica nos estratos basal e superior da

massa de forragem em pré-pastejo de capim-Mombaça com pastejos

realizados a 95 e 100 % de interceptação luminosa do dossel forrageiro

durante o período de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Interceptação Luminosa (%) Estrato 95 100 Média Basal 55,4 aB (0,83) 53,7 aB (0,83) 54,5 B (0,58)

Superior

Média

60,8 aA (0,83)

58,1 a (0,58)

56,3 bA (0,83)

55,0 b (0,58)

58,5 A (0,58)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Para as diferentes épocas do ano estudadas houve uma redução dos valores de

DIVMO somente no período outono/inverno, conseqüência da fase de desenvolvimento

reprodutivo das plantas (Tabela 79). Em termos de resíduo, os tratamentos com resíduo

30 cm apresentaram valores menores de DIVMO, exceção feita somente para o verão,

época na qual não houve diferença de valores entre as intensidades (Tabela 79).

Tabela 79. Digestibilidade in vitro da matéria orgânica da massa de forragem em pré-

pastejo de capim-Mombaça com pastejos realizados a 30 e 50 cm de resíduo

durante o período de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Resíduo (cm) Época do ano 30 50 Média

Verão 58,6 aA (0,42) 57,9 aB (0,42) 58,3 A (0,30)

Outono/Inverno 50,3 bB (1,50) 55,0 aC (1,50) 52,7 B (1,06)

Primavera

Média

57,3 bA (0,86)

55,4 b (0,58)

59,9 aA (0,86)

57,6 a (0,58)

58,6 A (0,61)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

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101

Mesmo na fase reprodutiva das plantas os valores de DIVMO obtidos nesse

experimento foram semelhantes àqueles relatados por Moore & Mott (1973) quando

avaliaram gramíneas tropicais (55 a 60 %), exceção feita ao resíduo de 30 cm no

outono/inverno, onde a digestibilidade ficou em 50 %, refletindo a menor proporção de

folhas (cerca de 20 %) naquela época para os tratamentos de 30 cm associados a 100%

IL (Tabela 33).

A interação época do ano x interceptação luminosa ocorreu porque no

outono/inverno não houve diferença para a DIVMO em função dos diferentes intervalos

entre pastejos (95 e 100% IL), enquanto que para as outras épocas do ano os tratamentos

com menor intervalo entre pastejos sempre apresentaram maiores valores de DIVMO

(Tabela 80). Esses resultados corroboram aqueles de Braga (2001), que também

encontrou maiores valores de digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) para

intervalos de descanso mais curtos (56,3 x 53,1%).

Tabela 80. Digestibilidade in vitro da matéria orgânica da massa de forragem em pré-

pastejo de capim-Mombaça com pastejos realizados a 95 e 100 % de

interceptação luminosa do dossel forrageiro durante o período de janeiro de

2001 a fevereiro de 2002

Interceptação Luminosa (%) Época do ano 95 100 Média

Verão 59,9 aB (0,42) 56,6 bA (0,42) 58,3 A (0,30)

Outono/Inverno 52,4 aC (1,50) 53,0 aB (1,50) 52,7 B (1,06) Primavera

Média

61,9 aA (0,86)

58,1 a (0,58)

55,3 bAB (0,86)

55,0 b (0,58)

58,6 A (0,61)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Durante o período de outono/inverno, houve efeito de resíduo (P=0,0131) e

estrato (P=0,0942). Os tratamentos com 50 cm de resíduo apresentaram um valor de

DIVMO 4 unidades percentuais superior àquele dos tratamentos com 30 cm de resíduo

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(55,6 x 51,6% com EPM=0,96, respectivamente). Esse fato se justifica quando,

analisando os resultados de material vivo, nota-se que os tratamentos com 50 cm de

resíduo apresentaram uma proporção 3,7 unidades percentuais superior àquela de 30 cm

de resíduo quando submetidos às mesmas condições.

Na fase de desenvolvimento reprodutivo das plantas, o estrato basal apresentou

menor valor de DIVMO e não houve diferença entre os valores do estrato mediano e

superior (Tabela 81). Nesse período, apesar do estrato superior ter maior proporção de

material vivo (Tabela 27), esse valor era composto por 12,5 unidades percentuais a mais

de hastes florescidas do que no estrato mediano (Tabela 48). Esses valores confirmam a

afirmação feita por Nelson & Mozzer (1994) de que a maturidade das plantas contribui

com o aumento da parede celular, porém o declínio no valor nutritivo da forragem está

atribuído ao decréscimo da relação folha:haste e ao declínio da qualidade da haste.

Tabela 81. Digestibilidade in vitro da matéria orgânica nos estratos basal, mediano e

superior da massa de forragem em pré-pastejo de capim-Mombaça

submetido a combinações de intervalos entre pastejos (IL) e intensidades de

pastejo (altura do resíduo) durante o período de abril de 2001 a setembro de

2001

Estrato % DIVMO

Basal 51,2 B (1,18)

Mediano 54,2 A (1,18)

Superior 54,7 A (1,18)

Média 53,4

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

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103

4.2.7.6 Lignina

Na fase de rebrotação, houve efeito de resíduo (P=0,0507), interceptação

luminosa (P=0,0086), altura do dossel (P=0,0476), época do ano (P=0,0698) e das

interações resíduo x interceptação luminosa (P=0,0224), interceptação luminosa x altura

do dossel (P=0,0224), resíduo x época do ano (P=0,0174), interceptação luminosa x

época do ano (P=0,0193) e altura do dossel x época do ano (P=0,0908). Os tratamentos

de resíduo de 50 cm e de pastejos realizados a 95 % IL apresentaram os maiores teores

de lignina (Tabela 82). Provavelmente essa elevação foi ocasionada pelo maior valor de

lignina obtido para o tratamento 50/95, refletindo o aumento da proporção de hastes que

ocorreu no período de verão para esse tratamento em relação ao tratamento 30/95

(Tabela 36).

Tabela 82. Porcentagem de lignina na massa de forragem durante a rebrotação de capim-

Mombaça submetido a combinações de intervalos entre pastejos (IL) e

intensidades de pastejo (altura do resíduo) durante o período de janeiro de

2001 a fevereiro de 2002

Interceptação Luminosa (%) Resíduo (cm) 95 100 Média

30 5,4 aB (0,24) 5,2 aA (0,24) 5,3 B (0,17)

50 6,4 aA (0,24) 5,2 bA (0,31) 5,8 A (0,17) Média 5,9 a (0,17) 5,2 b (0,19)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

A interação interceptação luminosa x altura do dossel (fase de rebrotação)

ocorreu porque houve um aumento no valor de lignina nas avaliações de + 20 cm para

pastejos realizados a 95 % IL (Tabela 83).

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Tabela 83. Porcentagem de lignina na massa de forragem durante a rebrotação de capim-

Mombaça com pastejos realizados a 95 e 100 % de interceptação luminosa

do dossel forrageiro durante o período de janeiro de 2001 a fevereiro de

2002

Fase de Rebrotação Interceptação Luminosa (%) + 20 + 40 Média

95 6,5 aA (0,24) 5,3 bA (0,24) 5,9 A (0,17) 100 5,1 aB (0,24) 5,2 aA (0,31) 5,2 B (0,19)

Média 5,8 a (0,16) 5,3 b (0,19) Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Em relação à época do ano, o verão apresentou maior valor de lignina quando

comparado aos períodos de outono/inverno e primavera (Tabela 84). A interação

resíduo x época do ano ocorreu em função da inversão de comportamento das médias

para 30 e 50 cm de resíduo durante o outono/inverno (Tabela 84).

Tabela 84. Porcentagem de lignina na massa de forragem durante a rebrotação de capim-

Mombaça com pastejos realizados a 30 e 50 cm de resíduo durante o período

de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Resíduo (cm) Época do ano 30 50 Média

Verão 5,5 bAB (0,33) 6,6 aA (0,33) 6,1 A (0,23) Outono/Inverno 5,6 aB (0,33) 5,0 aB (0,43) 5,3 B (0,27)

Primavera 4,7 bA (0,33) 5,8 aAB (0,33) 5,3 B (0,23)

Média 5,3 b (0,17) 5,8 a (0,19) Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

A interação interceptação luminosa x época do ano aconteceu porque os pastejos

realizados a 100 % IL do dossel forrageiro não apresentaram diferença nos valores de

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105

lignina ao longo do ano (Tabela 85), refletindo a ausência de variação também nas

proporções de hastes (Tabela 36). O mesmo aconteceu para as avaliações de rebrotação

na altura +40 cm (Tabela 86).

Tabela 85. Porcentagem de lignina na massa de forragem durante a rebrotação de capim-

Mombaça com pastejos realizados a 95 e 100 % de interceptação luminosa

do dossel forrageiro durante o período de janeiro de 2001 a fevereiro de

2002

Resíduo (cm) Época do ano 30 50 Média

Verão 6,9 aA (0,33) 5,2 bA (0,33) 6,1 A (0,23)

Outono/Inverno 5,2 aB (0,33) 5,5 aA (0,43) 5,3 B (0,27)

Primavera 5,7 aB (0,33) 4,9 bA (0,33) 5,3 B (0,23) Média 5,9 a (0,17) 5,2 b (0,19)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

Tabela 86. Porcentagem de lignina na massa de forragem durante a rebrotação de capim-

Mombaça submetido a combinações de intervalos entre pastejos (IL) e

intensidades de pastejo (altura do resíduo) durante o período de janeiro de

2001 a fevereiro de 2002

Fase de Rebrotação Época do ano + 20 + 40 Média

Verão 6,8 aA (0,33) 5,3 bA (0,33) 6,1 A (0,23)

Outono/Inverno 5,5 aB (0,33) 5,1 aA (0,43) 5,3 B (0,27) Primavera 5,1 aB (0,33) 5,4 aA (0,33) 5,3 B (0,23)

Média 5,8 a (0,16) 5,3 b (0,19) Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

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106

Na condição de pré-pastejo, houve efeito de resíduo (P=0,0017) e da interação

resíduo x interceptação luminosa (P=0,0249). Os pastejos realizados a 95 e 100 % IL

não resultaram em diferenças nos teores de lignina. Já em relação ao resíduo, o resíduo

de 50 cm apresentou maior valor de lignina do que o resíduo de 30 cm (Tabela 87). A

interação resíduo x interceptação luminosa ocorreu porque os tratamentos com 100 % IL

não geraram diferenças nos teores de lignina quando associados aos resíduos de 30 e 50

cm. Já os tratamentos com 95% IL associados ao resíduo de 50 cm elevaram o valor de

lignina em cerca de 1 ponto percentual. No período do outono/inverno não houve efeito

das condições impostas ao dossel forrageiro. A média geral do experimento foi de 5,2 %.

Tabela 87. Porcentagem de lignina na massa de forragem em pré-pastejo de capim-

Mombaça submetido a combinações de intervalos entre pastejos (IL) e

intensidades de pastejo (altura do resíduo) durante o período de janeiro de

2001 a fevereiro de 2002

Interceptação Luminosa (%) Resíduo (cm) 95 100

Média

30 4,5 aB (0,19) 4,7 aA (0,19) 4,6 B (0,14)

50 5,7 aA (0,19) 4,9 bA (0,19) 5,3 A (0,14) Média 5,1 (0,14) 4,8 (0,14)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

4.3 Produção de forragem

4.3.1 Taxas de acúmulo de massa seca

As taxas mensais de acúmulo de massa seca de forragem são apresentadas na

Tabela 88. Foram obtidos efeitos de mês do ano (P<0,0001) e das interações

interceptação luminosa x mês do ano (P=0,0055), resíduo x mês do ano (P=0,0048) e

interceptação luminosa x resíduo x mês do ano (P=0,0620). Os tratamentos de 95% de

interceptação luminosa superaram os tratamentos de 100% durante os meses de janeiro e

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fevereiro. Santos (1997) observou taxas de acúmulo líquido decrescentes de 28 para 48

dias de intervalo entre pastejos no período de novembro a abril, sendo essa redução mais

expressiva entre 28 e 38 dias, e no período de maio a setembro as taxas de acúmulo

tenderam a aumentar com o intervalo entre pastejos, resultado, provavelmente, do

desenvolvimento reprodutivo das plantas naquelas condições.

Nos outros meses do ano as taxas de acúmulo foram praticamente iguais

(P>0,10) (Tabela 88). Nos meses de outono/inverno e em dezembro, os tratamentos de

30 cm de resíduo apresentaram taxas de acúmulo superiores àquelas dos tratamentos de

50 cm. Nos demais meses essa diferença não existiu (P>0,10).

Tabela 88. Taxas mensais de acúmulo de forragem (kgMS.ha-1.dia-1) para capim-

Mombaça submetido a combinações de intervalos entre pastejos (IL) e

intensidades de pastejo (altura do resíduo) durante o período de abril de

2001 a setembro de 2001

Interceptação Luminosa (%) Resíduo (cm) 95 100 Média Média Mensal

Janeiro 30 147 aA (19,7) 118 bA (19,7) 132 A (14,0) 50 133 aA (19,7) 103 bA (19,7) 118 A (14,0) 125 A’

Média 140 a (14,0) 110 b (14,0) Fevereiro

30 103 aB (28,9) 88 bA (28,9) 95 A (20,4) 50 164 aA (28,9) 72 bA (28,9) 118 A (20,4) 107 B’

Média 134 a (20,4) 80 b (20,4) Março

30 112 aA (16,0) 109 aA (16,0) 111 A (11,3) 50 70 aB (16,0) 76 aB (16,0) 73 B (11,3) 92 B’ C’

Média 91 a (11,3) 92 a (11,3) Abril

30 64 aA (28,2) 72 aA (28,2) 68 A (19,9) 50 73 aA (28,2) 100 aA (28,2) 86 A (19,9) 77 C’

Média 68 a (19,9) 86 a (19,9) Maio

30 42 aA (7,6) 30 aA (7,6) 36 A (5,4) 50 21 aB (7,6) 20 aA (7,6) 21 B (5,4) 28 D’ E’

Média 32 a (5,4) 25 a (5,4)

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108

Junho 30 30 aA (5,0) 30 aA (5,0) 30 A (3,6) 50 21 aA (5,0) 20 aA (5,0) 21 B (3,6) 25 D’

Média 26 a (3,6) 25 a (3,6) Julho

30 26 aA (3,7) 33 aA (3,7) 29 A (2,6) 50 18 aA (3,7) 20 aA (3,7) 19 B (2,6) 24 D’

Média 22 a (2,6) 27 a (2,6) Agosto

30 21 bA (3,1) 40 aA (3,1) 30 A (2,2) 50 15 aA (3,1) 20 aB (3,1) 18 B (2,2) 24 D’

Média 18 a (2,2) 30 a (2,2) Setembro

30 21 bA (3,7) 45 aA (3,7) 32 A (2,6) 50 15 aA (3,7) 20 aB (3,7) 18 B (2,6) 25 D’

Média 18 b (2,6) 33 a (2,6) Outubro

30 38 aA (12,6) 45 aA (12,6) 41 A (8,9) 50 39 aA (12,6) 31 aA (12,6) 35 A (8,9) 38 E’

Média 39 a (8,9) 38 a (8,9) Novembro

30 91 aA (15,2) 76 aA (15,2) 83 A (10,7) 50 50 aA (15,2) 78 aA (15,2) 64 A (10,7) 74 C’

Média 70 a (10,7) 77 a (10,7) Dezembro

30 148 aA (19,2) 114 bA (19,2) 131 A (13,6) 50 56 bB (19,2) 105 aA (19,2) 81 B (13,6) 106 A’B’

Média 102 a (13,6) 109 a (13,6) Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P>0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P>0,10) Médias mensal seguidas de mesma letra maiúscula acrescidas de (‘) não diferem entre si (P>0,10) Valores entre parênteses correspondem ao erro padrão da média

As maiores taxas de acúmulo foram observadas nos meses de verão, seguidas dos

meses da primavera e revelando acentuada estacionalidade de produção, típica desse

cultivar de P. maximum (Figura 17) nos meses de maior disponibilidade de fatores de

crescimento (dezembro a março). Reduções observadas a partir do mês de abril

refletiram o início do estádio reprodutivo, já que o desenvolvimento da inflorescência

nos perfilhos leva ao cessamento da emissão de novas folhas podendo inibir, ainda, o

aparecimento de novos perfilhos, o que levaria a uma subseqüente redução da produção

do pasto (Cooper, 1983).

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109

Figura 17 - Médias mensais das taxas de acúmulo de forragem no capim-Mombaça

4.3.2 Acúmulo total de massa seca

O acúmulo de massa seca foi obtido através do corte da massa de forragem em

pós e pré-pastejos sucessivos e os valores obtidos por pastejo foram agrupados por época

do ano. Houve efeito de época do ano (P=0,0001) e resíduo (P=0,0235), além da

interação interceptação luminosa x época do ano (P=0,1027). Os tratamentos de resíduo

30 cm resultaram no maior acúmulo de forragem do experimento (Tabela 89). A maior

produção de forragem medida foi a do tratamento 30/95 que, no entanto, não diferiu do

tratamento 30/100 (P>0,10). Os tratamentos de 95% de IL acumularam cerca de 2.000

kg MS.ha-1 de forragem a mais que os tratamentos de 100% de IL, porém as média

foram semelhantes (P>0,10). Esses resultados demonstraram a maior importância da

intensidade relativamente ao intervalo entre pastejos, certamente conseqüência de sua

influência sobre a eficiência de utilização da forragem produzida. O intervalo entre

pastejos seria um otimizador da resposta à intensidade de desfolhação, controlando a

estrutura do dossel (relação vivo:morto e folha:haste) e o valor nutritivo da forragem

produzida. Exemplo disso foi a dificuldade de manutenção do resíduo de 30 cm no

tratamento 30/100 neste experimento.

Santos (2002), trabalhando com capim-Tanzânia, observou maior renovação da

população de perfilhos nos tratamentos submetidos a alta intensidade de desfolhação,

10

30

50

70

90

110

130

150

jul ago set out nov dez jan fev m ar abr m ai jun

Taxa

s de

Acú

mul

o (k

gMS.

ha.d

ia)

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110

sendo que os perfilhos com mais de 100 dias de vida representavam cerca de 13%

apenas da massa de forragem total, enquanto que nos tratamentos de baixa intensidade

de desfolhação esse número subiu para cerca de 33%. Korte et al. (1984), trabalhando

com azevém perene, observaram que os perfilhos novos contribuíam mais para a

produção de forragem no pastejo mais intenso do que no pastejo mais leniente.

Entretanto, Gomes (2001), em estudo com capim-Mombaça, obteve maior produção de

forragem com a menor intensidade de desfolhação estudada (oferta de 12% do peso

animal), resultado, contudo, do aumento do acúmulo de hastes em relação a lâminas

foliares.

Tabela 89. Acúmulo de massa seca de forragem (kg MS.ha-1) de capim-Mombaça

submetido a combinações de intervalos entre pastejos (IL) e intensidades de

pastejo (altura do resíduo) durante o período de janeiro de 2001 a fevereiro

de 2002

Interceptação Luminosa (%) Resíduo (cm) 95 100 Média

30 26.910 24.900 25.900 A (1.764) 50 17.910 20.280 19.100 B (1.764)

Média 24.410 a 22.590 a 23.500 Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P>0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P>0,10) Valores entre parênteses correspondem ao erro padrão da média

Com relação às épocas do ano, a maior produção de forragem foi observada no

verão e as menores durante o outono/inverno (Tabela 90). Cecato et al. (1996) obtiveram

81% da produção do capim-Mombaça no período de crescimento vegetativo.

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111

Tabela 90. Acúmulo total de massa seca (kg.ha-1) de capim-Mombaça para pastejos

realizados 30 e 50 cm de resíduo durante o período de janeiro 2001 a

fevereiro de 2002

Resíduo (cm) Época do ano 30 50 Média %

Primavera 7.920 aB (661,3) 5.330 bB (661,3) 6.620 B (467,6) 29,2

Verão 11.070 aA (661,3) 8.680 bA (661,3) 9.880 A (467,6) 43,6

Outono 4.050 aC (661,3) 3.760 aC (661,3) 3.900 C (467,6) 17,2

Inverno 3.020 aC (661,3) 1.540 aD (661,3) 2.280 D (467,6) 10,0

Média 6.510 a (330,6) 4.830 b (330,6) Médias na mesma linha seguidas da mesma letra minúscula não diferem entre si (P>0,10) Médias na mesma coluna seguidas da mesma letra maiúscula não diferem entre si (P>0,10) Valores entre parênteses correspondem ao erro padrão da média

Não houve efeito de interceptação luminosa (condição para o início do pastejo)

(P= 0,9614) (Tabela 91), resultado semelhante ao de Braga (2001), que também não

observou diferenças em produção de forragem do capim-Mombaça para os intervalos

entre cortes de 28 e 42 dias. O mesmo comportamento foi obtido por Correa et al. (1998)

em estudo com 12 gramíneas forrageiras tropicais, no qual observaram redução da

produção de massa seca por corte com a diminuição da idade das plantas. Porém,

quando considerou-se a produção total de massa seca do período experimental, as

diferenças não foram acentuadas ou não existiram, pois as menores produções por corte

foram compensadas pelo maior número de colheitas nos cortes mais freqüentes. Já

Herling et al. (1998b) obtiveram maior produção de massa seca verde com intervalo

entre desfolhações de 35 dias em relação ao de 42 dias, e maior quantidade de forragem

(massa seca total) para o intervalo entre desfolhações de 42 dias, em estudo com capim-

Mombaça, indicando que o diferencial positivo em favor do intervalo de 42 dias foi

devido ao acúmulo de material morto. A porcentagem média de folhas e hastes no

material vivo foi 60% e 40%, respectivamente, não havendo diferença entre os

intervalos de desfolhação estudados.

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Carvalho et al. (2000), trabalhando com cinco gramíneas forrageiras tropicais,

encontraram taxas de acúmulo de forragem semelhantes para os intervalos entre cortes

de 30 e 45 dias, mas o maior teor de fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) foi

determinado para cortes aos 42 por Oliveira et al. (2001). Costa et al. (1997) estudaram a

produção de massa seca do capim-Tobiatã submetido a seis idades de corte (28, 42, 56,

70, 84, 98 dias) e observaram aumento da produção com a idade das plantas. Revelaram,

também, redução drástica nos teores de proteína bruta (PB) e na digestibilidade in vitro

da forragem a partir de 42 dias, revelando que o aumento em produção além desse

período de crescimento era conseqüência, principalmente, do acúmulo de hastes e

material morto. Esses resultados apontam para o risco potencial de colheita atrasada

sobre o valor nutritivo da forragem, indicando que os benefícios da maior produção de

massa seca podem ser negados em função do maior acúmulo de material morto e hastes,

menor valor nutritivo da forragem e maior ocorrência de perdas do pastejo.

Tabela 91. Acúmulo de massa seca de forragem (kg MS.ha-1) de capim-Mombaça para

pastejos realizados a 95 e 100% de interceptação luminosa durante o

período de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002

Interceptação Luminosa (%) Época do ano 95 100 Média

Verão 10.680 aA (785) 9.180 aA (785) 9.930 A (555) Outono/Inverno 5.250 bA (785) 6.550 bA (785) 5.900 B (555)

Primavera Média

6.480 bA (785) 22.410

9.860 bA (785) 25.590

6.670 B (555)

Médias na mesma coluna seguidas de mesma letra maiúscula não diferem entre si (P > 0,10) Médias na mesma linha seguidas de mesma letra minúscula não diferem entre si (P > 0,10) Valores entre parênteses indicam erro padrão da média

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5 CONCLUSÕES

Com base nos resultados obtidos foi possível elaborar as seguintes conclusões:

• A intensidade de pastejo possui um efeito mais determinante que a freqüência de

desfolhação sobre a produção de forragem em pastos de capim-Mombaça;

• O controle da estrutura do dossel e do valor nutritivo da forragem produzida foi mais

efetivo na condição de pastejos realizados a 95 % IL a 30 cm de resíduo;

• O controle deficiente da estrutura do dossel, particularmente no verão e outono,

interfere negativamente na produção de forragem da primavera, compromentendo a

produção anual da planta;

• A desfolhação intermitente do capim-Mombaça deve ser realizada quando o dossel

forrageiro atinge 90 cm de altura (95% IL) e o pastejo encerrado quando o resíduo de

30 cm é atingido.

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