CARACTERÍSTICAS GEOLÓGICAS E GEOMORFOLÓGICAS DO CEARÁ

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CARACTERÍSTICAS GEOLÓGICAS E GEOMORFOLÓGICAS DO CEARÁ O Ceará é cercado por formações de relevo relativamente altas: chapadas e cuestas: a oeste é delimitado pela Serra da Ibiapaba; a leste, parcialmente; pela Chapada do Apodi; ao sul pela Chapada do Araripe; e ao Norte pelo Oceano Atlântico. Daí o nome de Depressão Sertaneja à área central. O estado está no domínio da caatinga, com período chuvoso restrito a cerca de quatro meses do ano e alta biodiversidade adaptada. A sazonalidade característica desse bioma se reflete em uma fauna e flora adaptadas às condições semi- áridas. Consequentemente, há grande número de espécies endêmicas sobretudo nos brejos e serras, isolados pela caatinga e refúgios da flora e fauna de matas tropicais úmidas. Na Serra de Baturité, por exemplo, 10% das espécies de aves são endêmicas. O soldadinho-do-araripe foi descoberto em 1996 na Chapada do Araripe e só é encontrado nessa região. Dentre as aves, são ainda característicos o uirapuru-laranja e a jandaia. Destacam- se, na flora cearense, a carnaúba, considerada um dos símbolos do estado e também importante fonte econômica e a zephyranthes sylvestris , flor original do habitat cearense. As regiões mais áridas se situam na Depressão Sertaneja, a oeste e sudeste. Próximo ao litoral, a influência dos ventos alísios propicia um clima subúmido, onde surge vegetação mais densa, com forte presença de carnaubais, os quais caracterizam trechos de mata dos cocais. O clima também se torna subúmido, com caatinga mais densa e maior pluviosidade, nas adjacências das chapadas e serras. Vista panorâmica na cidade serrana de Guaramiranga, no Maciço de Baturité. Enquanto as chapadas e cuestas são de origem sedimentar, as serras e os inselbergs que abundam em meio à Depressão Sertaneja são de formação cristalina. Dentre os relevos sedimentares, apenas a Chapada do Araripe (com altitudes que vão de 700 m até mais de 900 m) e a Serra da Ibiapaba (com altitude média de 750 m) possuem altura suficiente para permitir a ocorrência freqüente de chuvas orográficas, o que lhes confere maior pluviosidade. As pluviosidades, bem mais intensas do que na Depressão Sertaneja, variam de 1000 mm a mais de 2000 mm anuais. [73]

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CARACTERÍSTICAS GEOLÓGICAS E GEOMORFOLÓGICAS DO CEARÁ

O Ceará é cercado por formações de relevo relativamente altas: chapadas e cuestas: a oeste é delimitado pela Serra da Ibiapaba; a leste, parcialmente; pela Chapada do Apodi; ao sul pela Chapada do Araripe; e ao Norte pelo Oceano Atlântico. Daí o nome de Depressão Sertaneja à área central.

O estado está no domínio da caatinga, com período chuvoso restrito a cerca de quatro meses do ano e alta biodiversidade adaptada. A sazonalidade característica desse bioma se reflete em uma fauna e flora adaptadas às condições semi-áridas. Consequentemente, há grande número de espécies endêmicas sobretudo nos brejos e serras, isolados pela caatinga e refúgios da flora e fauna de matas tropicais úmidas. Na Serra de Baturité, por exemplo, 10% das espécies de aves são endêmicas. O soldadinho-do-araripe foi descoberto em 1996 na Chapada do Araripe e só é encontrado nessa região. Dentre as aves, são ainda característicos o uirapuru-laranja e a jandaia. Destacam-se, na flora cearense, a carnaúba, considerada um dos símbolos do estado e também importante fonte econômica e a zephyranthes sylvestris, flor original do habitat cearense.

As regiões mais áridas se situam na Depressão Sertaneja, a oeste e sudeste. Próximo ao litoral, a influência dos ventos alísios propicia um clima subúmido, onde surge vegetação mais densa, com forte presença de carnaubais, os quais caracterizam trechos de mata dos cocais. O clima também se torna subúmido, com caatinga mais densa e maior pluviosidade, nas adjacências das chapadas e serras.

Vista panorâmica na cidade serrana de Guaramiranga, no Maciço de Baturité.

Enquanto as chapadas e cuestas são de origem sedimentar, as serras e os inselbergs que abundam em meio à Depressão Sertaneja são de formação cristalina. Dentre os relevos sedimentares, apenas a Chapada do Araripe (com altitudes que vão de 700 m até mais de 900 m) e a Serra da Ibiapaba (com altitude média de 750 m) possuem altura suficiente para permitir a ocorrência freqüente de chuvas orográficas, o que lhes confere maior pluviosidade. As pluviosidades, bem mais intensas do que na Depressão Sertaneja, variam de 1000 mm a mais de 2000 mm anuais.[73]

A carnaúba é a árvore símbolo do Ceará e ocupa grandes extensões no sertão.

Por outro lado, a altitude na Chapada do Apodi não ultrapassa os 300 m, de modo que as características semi-áridas ainda predominam nela. Dentre as serras de origem cristalina, as que têm de 600m a 800m de altitude média (caso do Maciço de Baturité, da Serra da Meruoca e da Serra de Uruburetama) também são favorecidas pelas chuvas orográficas, surgindo aí vegetação tropical densa, chuvas mais frequentes e maior umidade, em especial na sua vertente de barlavento. Em Catunda, na Serra das Matas, encontra-se o ponto mais elevado do estado, o Pico da Serra Branca, com 1.154 metros. Nas serras pouco elevadas, surge vegetação semelhante às das vertentes de sotavento das serras úmidas, isto é, uma vegetação similar à caatinga, mas bastante mais densa e com distinções na fauna e flora, conhecida como mata seca.

Existe ainda o carrasco, vegetação xerófila peculiar, que surge no reverso da Chapada da Ibiapaba e do Araripe, áreas mais secas, caracterizando-se por uma flora arbustiva e arbórea predominantemente lenhosa, ao contrário da caatinga. O carrasco distingue-se ainda da caatinga pela quase inexistência de cactos e bromeliáceas. Alguns se referem a essa vegetação como uma espécie de transição entre o cerrado, a floresta tropical e a caatinga.

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O Ceará possui duas falhas geológicas ativas, que o colocam dentro da região de maior sismicidade do País, junto com o Rio Grande do Norte. Aqui as duas rachaduras na placa tectônica não têm ligação uma com a outra: uma passa pela Região Norte e outra pelo Vale do Jaguaribe, estendendo-se até o litoral.

As duas áreas também são as mais ativas no Nordeste. Tanto que o tremor de maior magnitude já registrado na Região foi no município cearense de Palhano, em 1980, com 5,2 graus na escala Richter.

Praticamente todo dia as estações sismográficas distribuídas no Estado registram tremores. A maioria é de baixa magnitude e intensidade. Mas é comum, em algumas cidades, as pessoas sentirem os abalos com uma freqüência maior.

Isso acontece porque as falhas produzem movimentos laterais nas zonas deformadas. A explicação é simples: “a natureza está viva”. A justificativa é do professor do curso de Geologia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Afonso Rodrigues de Almeida. Segundo ele, o Ceará possui várias falhas geológicas, mas duas têm mais atividade: a de Sobral a Pedro II (Piauí) e a de Icó a Juazeiro do Norte. Uma outra, em Senador Pompeu, também é ativa, mas em menor proporção.

Na Região Norte, a falha geológica passa por vários municípios, como Sobral, Camocim, Acaraú. A outra abrange Aiuaba, Saboeiro, Orós, Iguatu, Icó, Nova Jaguaribara, Limoeiro do Norte, Palhano, Pereiro.

Segundo o Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), referência no setor no País, há cidades cearenses que somam milhares de tremores.

Em Palhano, no Vale do Jaguaribe, ao longo de três anos, foram registrados mais de 25 mil abalos. Em 1988, após pequenas atividades sísmicas recorrentes, houve tremor de 4,2 pontos. Já em Hidrolândia, no espaço de um ano, foram contabilizados três mil abalos. Em Chorozinho, em oito anos, foram 30 mil.

Junto com Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco, o Ceará faz parte da Província de Borborema, a mais afetada por sismos no Nordeste. O recorde em recorrência foi em João Câmara, no Rio Grande Norte. Em sete anos de monitoramento, foram 50 mil tremores. Em Sobral, em 1989, o número de sismos, em seis meses, chegou a 100 e, neste ano, em menos de dois meses, a 630.

Fortaleza não está perto das falhas, mas não significa que a cidade esteja livre de tremor. Prova disso é que, de tempos em tempos, são registrados sismos na Capital. Sutis, mas são tremores. Em geral, essas ocorrências são reflexo da movimentação da placa tectônica Sul-Americana, cuja falha geológica passa pelo Jaguaribe.

Conforme explica o doutor em Geofísica pela Universidade de Kiel (Alemanha) e professor da UFC, David Lopes de Castro, as falhas catalisam a energia propagada em forma de ondas elásticas e liberada com as movimentações. “Quando essas ondas chegam à superfície, certos lugares tremem. No ar, a onda se propaga a mais de 300 metros por segundo”, detalha.

Como afirma o geofísico, a placa Sul-Americana está sob tensão constante. Entre a Africana e a Sul-Americana, a agitação é de um a três centímetros ao ano; entre a Nazca e a Sul-Americana, são de cinco a dez centímetros. “O Ceará está em constante risco sísmico. Se acontece um sismo em uma região, em 50 a 100 anos acontecerá outro”, diz.

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CARACTERÍSTICAS GEOLÓGICAS E GEOMORFOLÓGICAS DO CEARÁ

Nome: Ana Carina

Nº 57

1º Ano A

Turno: Manhã

Fortaleza – 2010.