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Caracteristicas de uma pastagem nativa de cerrado emDemerval Lobao,PI Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaria - EM BRAPA Vinculada ao Ministerio da Agricultura Unidade de ExecUl;:ao de Pesquisa de Ambito Estadual de Teresina - UEPAE de Teresina Teresina, PI

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Caracteristicas de umapastagem nativa de cerradoem Demerval Lobao, PI

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaria - EM BRAPAVinculada ao Ministerio da AgriculturaUnidade de ExecUl;:ao de Pesquisa de Ambito Estadualde Teresina - UEPAE de TeresinaTeresina, PI

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ISSN 0102-6038Setembro, 1989

Caracteristicas de umapastagem nativa de cerrado em

Demerval Lobao, PI

Hoston Tomas Santos do NascimentoMaria do P.S.C.B. do Nascimento

Gonvalo Moreira RamosJose Herculano de Carvalho

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaria - EMBRAP AVinculada ao Ministerio da AgriculturaUnidade de Execuvao de Pesquisa de AmbitoEstadual de Teresina - UEP AE de TeresinaTeresina, PI

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EMBRAP A/UEP AE de TeresinaAv. Duque de Caxias, 5650Fone: (086) 225.1141Telex: 862337Caixa Postal 0164035 Teresina, PI

Co mite de Publica~oes:Pres. Antonio Boris FrotaSec. Rosa Coqueiro LinharesMemb. Milton Jose Cardoso

Joaquim Nazario de AzevedoPaulo Henrique Soares da SilvaEneide Santiago Girao

Nascimento, Hoston Tomas Santos do.Caracteristicas de uma pastagem nativa de cerrado

em Demerval Lobao, PI, por Hoston Tomas San tos doNascimento, Maria do Perpetuo Socorro C.B. do Nas-cimento, Gonvalo Moreira Ramos e Jose Herculano deCarvalho, Teresina, EMBRAPA/UEPAE de Teresina,1989.

20p. (EMBRAP A/UEP AE de Teresina. Boletimde Pesquisa, 11).

1. Pastagens nativas - Cerra do - Caracteristicas.I. Nascimento, Maria do Perpetuo Socorro C.B. do,colab. II. Ramos, Gonvalo Moreira, colab. III. Carvalho,Jose Herculano de. colab. IV. Empresa Brasileira dePesquisa Agropecuaria. Unidade de Execuvao de Pes-quisa de Ambito Estadual de Teresina. V. Titulo.VI. Serie.

CDD.633-2

@ EMBRAPA - 1989

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Resumo 5Abstract 6Introdu~ao 6Material e metodos 8Resultados e discussao 13Conclusoes 17Literatura citada 18

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CARACTERlSTICAS DE UMA PASTAGEM NATIVA DE CERRADO EM DEMERVAl. LOBAo, PI

- . 1Hoston Tomas Santos do Nasc~men£oMaria do P.S.C.B. do NascimentoGon~a10 Moreira Ramos2Jose Hercu1ano de Carva1h02

RES~ - Em regiao de cerrado 10ca1mente conhecida como"agres te", si tuada no mun~c~p~o de Demerva1 Lobao, PI, observou-se 0 comportamento da pastagem nativa no periodo de05.12.78 a 28.08.79. Apes a uniformiza~ao, atraves de queiIDa no final da epoca seca, foram co1etadas amostras, aeacaso, a cada 14 dias, uti1izando-se urn retangu10 com asdimensoes de 1,00m x 0,50m. As co1etas constavamde20 amostragens, ava1iando-se a cobertura do solo, produ~ao de IDateria parcia1mente seca (em estufa a 709C), composi~ao betanica e 0 conteudo de umidade do solo a duas profurididades (0-15 e 15-30 em). A cobertura do solo foi maxima (emtome de 30 a 40%) dos 91 aos 245 dias de idade das plantas.A produ~ao de materia seca descreveu urna curva sigmeide,atingindo produ~oes maximas (em tome de 1.800 kZ MS/ha)dos 175 aos 245 dias. 0 conteudo de umidade do solo, nasduas profundidades, esteve acima da capacidade de campo(3,37%), de dezembro a junho, a exce~ao de janeiro (02.01.97). A partir de junho, 0 conteudo de umidade diminuiu,nao atingindo, porem, 0 ponto de murcha (1,15%). A composi~ao botanica, com base na materia parcia1mente seca, apresentou uma dominancia de gramineas, com percentua1 muitebaixo de 1eguminosas (maximo de 1,37%), e com teor maximode 12% de outras especies, a maioria nao uti1izave1 pe10sanimais.

1Eng.-Agr.,Ph.D., EMBRAPA/Unidade de Execu~ao de Pesquisade Ambito Estadua1 de Teresina (UEPAE de Teresina, CaixaPostal 01, CEP 64.035. Teresina, PI.

2Eng.Agr., M.Sc., EMBRAPA/UEPAE de Teresina

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ABSTRACT - In a cerrado-type vegetation area, localy knownas "agreste", in Demerval Lobao, PI, a range monitoringwas done from 12.05.78 to 08.28.79. Following a burningat the end of the dry season, samples were taken at 14days interval, in a 1,00m x 0,50m frame. At the samplingdates 20 samples were taken for each of the following: soil cover, dry matter production (at 70QC), botanical co;position, and soil moisture content at two depths (0-15and 15-30 cm). The highest percentages of soil cover observed (about 30 to 40%) were from 91 to 245 days of growth~The dry matter production followed a S - shaped (sigmoid)curve, with a plateau about 1.800 kg MS/ha, from 175 to245 days of growth. The soil moisture content at bothdepths was higher than the field capacity (3,37%) from D~cember to june, except at the beginning of January. AfterJune the soil moisture decreased, but not reaching thewilting point (1,15%). The botanical composition, basedon dry matter, presented a much higher proportion of grasses, with only a few legumes (maximum of 1,37) and with amaximum content of other species, mostly not eattenby theanimals, of 12%.

o cerrado piauiense, localmente conhecido como agreste, ocupa, segundo Ferri (1977), 46% da area do Estado. Par sua extensao, pelo sistema de cria~ao extensiv~predominante e pela reduzida area de pastagens cultivadasque, de acordo com a CEPA (1973), ocupa apenas 3% do total de pastagens do Piaui, essa vegeta~ao ede importanciafundamental na alimenta~ao dos rebanhos.

Embora de grande interesse para a pecuaria piauiense, pouco tem sido feito no sentido de se conhecermelhor a pastagem nativa da zona de agreste. Entretanto,informacoes sabre fenologia, crescimento e valornutritivodas plantas sao fundamentais para se manejar adequadame~te uma pastagem.

E fato bastante conhecido que as pastagens nativasapresentam produtividade limitada (Magada et al. 1974;

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Freitas et a1. 1976; Siewerdt et a1. 1973 & Fernandes eta1. 1973). Isto deve-se, principa1mente, a grande rusticidade que as plantas nativas tern que desenvo1ver para seadaptar as dificeis condi~oes que desfavorecem seu crescimento e reprodu~ao (Freitas et a1. 1976). Alguns estudostern demonstrado que a produ~ao das pastagens nativase cu1tivadas e descontlnua (Pedreira 1973a e 1973b, Freitas eta1. 1976 e Gomide et a1. 1979) e e estreitamente re1acionada aos fatores ambientais (Brougham 1955 e 1959).

Perfazendo mais de 80% das ce1u1as e tecidos dosvegetais em ativo metabo1ismo, a agua e de fundamental importancia para a germina~ao, 0 crescimento e a reprodu~a~das plantas. Isto pode ser demonstrado quando se observaque quando ha diminui~ao do conteudo de agua de 20 a 25%do valor maximo de hidrata~ao, freqUentemente e cessado amaioria dos processos de crescimento (Slatyer 1967). Sendo 0 solo 0 primeiro substrato, e dele que sao retiradasgrandes quantidades de agua para aque1es processos.

Diante disto, seria desejave1 que 0 conteudo deumidade do solo permanecesseemniveis em que os vegetaispudessem suprir suas exigencias, comp1etancJ seu cic10 dedesenvo1vimento. Na regiao de agreste, durante 0 periodochuvoso, a umidade de solo permaneceemniveis desejaveis.Entretanto, no periodo seco, 1imita 0 crescimentodas p1a~tas.

Em diversas regioes do mundo, 0 fogo e usado comoagente contro1ador de ervas invasoras, ou mesmo para e1iminar restos de pastagens que nao foram consumidos pe10sanimais (Vi11ares 1966; Arias 1963; Louren~o eta1. 1976).Para outros autores,o fogo e tido como principal responsavel pe1a dispersao e propaga~ao das gramineas (Stoddartet a1. 1975), tendo em vista que os frutos indeiscentes,desta familia, cariopses, com sementes soldadas ao pericarpo, resistem bem ao fogo (Mattos, 1971). -

Embora a queima seja uma pratica muito uti1izadano manejo das pastagens nas diversas regioes do mundo, asconc1usoes sobre as vantagens e desvantagens do uso destasao.muito controvertidas (Heady 1975; Correa & Aronovich1979; Stoddart et a1. 1975; Fa1zoni 1936; Semple 1970).

De qua1quer modo, 0 uso do fogo em certas circuns

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tancias ainda e necessar~o, devido as dificuldades em seutilizar outros processos de controle de ervas invasorase de elimina~ao de restos de forragem. Entretanto, recomenda-se que 0 uso seja controlado, queimando-se em epocas, dias e horas apropriados, sempre apos terem sido inYciadas as primeiras chuvas, de modo a causar menos danosao solo.

A composi~ao botanica pode indicar 0 grau de utiliza~ao de uma pastagem a medida que 0 maior ou menor numero de plantas desejaveis ou indesejaveis esteja presente~o superpastejo resulta de mau uso do pasta, com 0 aparecimento de urn grande nlimero de ervas invasoras, eo subpa?tejo provoca sobra de pasto, que devera ser eliminada. porser de baixa qualidade. Em diversos trabalhos com ani-mais, tern sido observadas mudan~as bruscas na composi~aobotanica das pastagens devido ao superpastejo (Vilela etal. 1976); Macedo & Scuder 1980; Cook et al. 1978). Hauma tendencia para as especies mais desejaveis serem substituidas pelas de menor qualidade, devido ao processo deseletividade dos animais.

o conhecimento da composi~ao botanica e a identifica~ao das especies que compoem uma pastagem contribuem p~ra melhorar 0 seu manejo, procurando-se preservar as especies que ofere cernmaior potencialidade.

o presente trabalho busca encontrar informa~oes basicas sobre aspectos fenologicos, composi~ao botanica,disponibilidade de materia seca, cobertura e umidade do soloem area de pastagem nativa da zona de agreste.

o experimento foi conduzido em uma propriedade particular, a fazenda Betania, localizada no municipio de Demerval Lobao, PI, e distante cerca de 10 km da sede mun~cip.al.

A sede do municipio esta situada a uma altitude de102 m, a 59 21' de latitude sul e a 42940' de longitudeoes te.

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o clima do municipio e 0 AWt de acordo com a classifica~ao de K~ppen (CEPA 1973). A precipita~ao e 0 numere de dias de chuva durante 0 periodo experimental estao apresentados na Tabela 1.

Na area experimentalt ha predominancia de soloPodzolico Vermelho Amarelo e de Areias Quartzosas. Saosolos com boas propriedades fisicas t profundos e bem drenados. Entretantot possuem baixa fertilidade naturaltbaixo pH e alto teor de aluminio trocavel. Os resultados daanalise quimica do solo da area experimental sac apresentados na Tabela 2. A capacidade de reten~ao de agua dossolos dessa area e muito baixa (Fig. 1).

Uma vegeta<;ao arborea rala predomina na regiao representada principalmente pela faveira (Parkia platyce=phala)t cajui (Anacardium sp.)t piquizeiro (Caryocar co-riaceum) tpau pombo (Taperira sp.) t j atoba (Hymenaea s~murici (Byrsonimia sp) et sob estat em estrato herbaceoconstituido principalmente de gramineast tais como: capim agreste (Diectomis fastigiata)t Paspalum gardrieria=numt Trachypogon plumosust Andropogon leucostachyust Axonopus plucher e leguminosas dos generos Centrosemat Zor-niat Cassiat Aeschynomene e Galactia (Nascimento et ~1978).

Coletas de amostrasEm areas representativa da reg:ao de agreste t uni:.

formizada por uma queima no final da epoca secat coletaramrse amostras de pastagem nativa.

As coletas foram feitas a cada duas semanast aoa~asot utilizando-se urn retangulo/de ferro com as dimensoes de 1 m x 0t50 m. Em cada coleta a pastagem foi amostrada 20 vezest definindo-se que a cada 20 passos, emuma determinada dire<;aot assentava-se 0 retangulo.

A cada retangulo amostradot tres individuos faziam uma estimativa visual da percentagem de cobertura dosolot anotando-se urn valor medio. Posteriormentet fazia-se 0 corte de todas as plantas contidas no retangulo, auma altura de 0-10 cm do solo, dependendo da altura dasplantas. A area coletada era identificada com urn piquetepara que nao se procedesse outra coleta no mesmo local .

Levadas ao laboratoriot as amostras eram colocadas

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TABELA 1. Precipita~ao pluviometrica e numero dedias de chuva de novembro de 1978 a dezembro de 1979.

Precipita~ao (mm)NQ dias

chuvaPrecipita~ao (mm)-

NQ diaschuva

JaneiroFevereiroMar~oAbrilMaioJunhoJulhoAgostoSetembroOutubroNovembroDezembro

87,245,0

289,2294,6211,4109,2

84,61,20,0

22,22,2

58,212,0

221,6

111111

6

6

1o3

12

15

*Pluviometro instalado na area experimental em n~vembro de 1978.

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TABELA 2. Resultados da analise quimica do solo da regiao de agreste sobpastagem nativa*.

Caracteristicasquimicas Resultados Interpreta<;ao**

5,2 Fortemente acido0,6 Alto0,8 Baixo3,0 Baixo t-'

t-'

1,6 Baixo

pH em agua (1:2,5)Al+++ trocavel (mE%)Ca++ + Mg++ (mE%)P (ppm)K (ppm)

*Analise feita no laboratorio de fertilidade de solos do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) - l§ Diretoria Regional, Teresina.

**Segundo Bloise et al. (1977).

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em estufa de circula~ao for~ada de ar, a 709C, por 72 h0ras, Em seguida, eram pesadas para se determinar a percentagem de materia parcialmehte seca. Com base nesta, foYfeito 0 calculo da produ~ao de materia parcialmente secapor hectare. A composi~ao botanica, em termos de gramineas, leguminosas e outras familias, foi determinada combase na produ~ao de materia parcialmente seca, por hectare, destas familias. -

Foram coletadas amostras de solo a duas profundidades (0-15 e 15-30 cm) para se determinar a umidade, cadavez que se fazia coleta das forrageiras.

A cada profundidade eram colhidas, ao acaso, tresamostras de aproximadamente 100 g de solo, que eram colacadas em latas de aluminio aferidas. As latas contendo 0solo eram pesadas e secadas em estufa a 1059C durante 48horas. Apes a secagem pesava-se novamente, determinando-se 0 conteudo de agua pel a diferen~a de peso antes e apesa secagem.

Dados da percentagem de cobertura de solo, produ~aode materia parcialmente seca, composi~ao botanica com base na materia parcialmente seca e umidade do solo a duasprofundidades (0-15 e 15-30 cm) da area experimental estao apresentados nas Tabelas 3 e 4 e Figura 1, respectiv~mente.

As maiores percentagens de cobertura do solo, emtorno de 30 a 40% (Tabela 3), foram observadas dos 91 aos245 dias de crescimento da pastagem, no caso, de meadosde fevereiro a meados de julho. As oscila~oes em torno domaximo SaD resultantes da sucessao das especies na forma~ao da composi~ao botanica. a aumento inicial da cobertura do solo e devido tanto ao aparecimento de novas plantas, como tambem ao crescimento cumulativo das plantas. Apartir de julho, com 0 inicio do periodo sec~ verifica-sematura~ao e senescencia das plantas, resultando em decrescimo da cobertura do solo. Em pastagens nativas de GuaTba,RS e Ponta Grossa,PR, Schreiner (1972) observou apenas 22% e 32% respectivamente, de solo descoberto. as resultados obtidos neste trabalho denotam uma percentagem

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TABELA 3. Variacao da percentagem de cobertura do solo eda producao de materia seca por hectare, da pa~tagem nativa da regiao de agreste em Demerva1Lobao, PI.

Idade Data da Percentagem de co Producao demateria seca(dias) coleta bertura do solo (kg/ha)

21 05.12.78 10 107,4235 19.12.78 15 265,5249 02.01. 79 21 453,3563 16.01. 79 19 508,9177 30.01. 79 20 648,2591 13.02.79 40 977 ,09

105 27.02.79 27 1.022,47119 13.03.79 33 1.422,80133 27.03.79 32 988,80147 10.04.79 38 1.087,87161 24.04.79 33 1.568,45175 08.05.79 34 1.820,10189 22.05.79 39 1.789,02203 05.06.79 34 1.928,78217 . 19.06.79 45 1.970,20231 03.07.79 37 1.708,80245 17.07.79 39 1.785,30259 31.07.79 28 1.180,70273 14.08.79 30 1.196,20287 28.08.79 28 1.237,40

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TABELA 4. Varia~ao da composi~ao botanica da pastagem n~tiva da regiao de agreste. Demerva1 Lobao, PI.

Idade(dias)

Data dacoleta

Composi~ao botanica(% na materia parcia1mente seca)

Outrasfami1ias

2135

49

6377

91105119133147161175189203217231245259273287

05.12.7819.12.7802.01.7916.01.7930.01. 7913.02.7927.02.7913.02.7927.03.7910.04.7924.04.7908.05.7922.05.7905.06.7919.06.7903.07.7917.07.7931.07.7914.08.7928.08.79

100,00100,00

98,9099,3496,9694,8995,3696,7594,0999,2294,4987,7788,8992,4192,3691,8695,84

95,3898,54

100,00

tra~ostra~ostra~os

0,001,100,663,374,664,643,254,920,785,51

12,1710,89

7,446,278,134,164,611,450,00

0,000,000,440,00

tra~ostra~os

0,720,220,151,370,000,000,000,000,00

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a1ta de solo descoberto, principa1rnente ao inicio das chuvas (dezembro-janeiro), mas tambem, mesmo em seu estadomais 1uxuriante no periodo chuvoso. As pastagens nativasda zona de agreste sac constituidas basicamente de gramineas cespitosas, cujo habito de crescimento nao favoreceelevadas percentagens de cobertura do solo. A1em disso,existe na area um nlimero re1ativamente e1evado de arvores(nao consideradas neste traba1ho), que contribuem parauma rnenor cobertura do solo pe10 estrato herbaceo.

o crescimento acumu1ado da pastagem nativa (Tabe1a3), expresso em termos de materia parcia1mente seca (kg/ha), descreveu a curva tipica, ou seja, uma curva sigmeide, atingindo produ~oes maximas em tome de 1.800 kg demateria parcia1mente seca por hectare, dos 175 aos 245dias. Apes esse periodo, houve um decrescimo 1ento de produ~ao provocado pe1a diminui~ao do crescimento de algumasespecies que atingiram 0 final de cic10. Diversos traba1hos com pastagens nativas e cu1tivadas re1atam que 0crescirnento acumu1ado, no inicio apresenta-se linear, atinge 0 maximo e depois decresce (Andrade & Gomide 1971; FreTtas et a1. 1976; Pedreira 1973a e 1973b e Ruiz 1976). Isso ocorre devido as plantas forrageiras apresentarem muTtip1ica~ao intensa das ce1u1as no ponto de crescirnento, ~10ngando 0 cau1e rapidamente ate atingirem a fase de reprodu~ao e entrarem em senescencia.

A1em do cic10 da p1anta, 0 c1ima concorre para aestaciona1idade de produ~ao forrageira (Pedreira 1973a e1973b; Freitas et al. 1976). As baixas temperaturas e aausencia de 1uminosidade 1imitam a produ~ao de forragemnas zonas temperadas (Cooper & Taiton 1968). Na zona de agreste, a temperatura e a 1uminosidade parecem nao 1imTtar 0 crescimento das plantas, todavia, 0 conteudo de UIDldade do solo concorre para a diminui~ao da plodu~ao deforragem no periodo de fa1ta de chuva.o conteudo de umidade do solo sob pastagem nativade agreste, em duas profundidades (Figura 1), esteve acima da capacidade de campo (3,37%) de dezembro a junho, co~exce~ao do veranico de janeiro (02.01.79), indicando umexcesso de agua no periodo. A partir de junho, 0 conteudode umidade diminuiu, todavia, nao atingindo 0 ponto de

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murcha (1,15%), exp1icando, ta1vez, porque as especies herbaceas da pastagem nativa de agreste permanecem parcialmente verdes durante 0 periodo seco do ano. -

A composi~ao botanica do estrato herbaceo da pastagem nativa de agreste, com base na materia parcia1mente seca (Tabe1a 4), apresentou uma dominancia de gramineas durante todo 0 periodo experimental. Nos primeiros dias aposa uniformiza~ao por uma queima, observaram-se 100% de p1~tas desta familia, indicando sua maior resistencia ao fogo,sendo as primeiras a se recuperarem. De acordo com Stoddartet a1. (1975) e Mattos (1971) 0 fogo e urn grande auxi1iarna propaga~ao das gramineas em diversas regioes do mundo.Sabe-se que a pastagem nativa de agreste tern sido cons tantemente submetida a queimadas, sejam acidentais ou inte;cionais, tal como ocorreu ao inicio deste traba1ho. Tal fato, ta1vez exp1ique a dominancia de gramineas no estratoherbaceo desta pastagem. Na mesma tabe1a, observa-se urnpercentua1 muito baixo de 1eguminosas, com urn teor maximode 1,37%, indicando a pouca disponibi1idade de 1eguminosasherbaceas na regiao de agreste. Quanto a outras especies,provave1mente nao consumidas pe10s animais, tambem tern pequena contribui~ao na composi~ao botanica do estrato herbaceo, entrando com urnmaximo de 10 a 12% ao final do perio=do chuvoso (mes de maio).

A percentagem de cobertura do solo foi maxima (emtomo de 30 a 40%) dos 91 aos 245 dias de idade das plantas. A produ~ao de materia parcia1mente seca descreveu umacurva sigmoide, com produ~oes maximas (em tome de 1.800kg/ha) dos 175 dias aos 245 dias. 0 conteudo de umidade dosolo a duas profundidades esteve acima da capacidade decampo (3,37%), de dezembro a junho, a exce~ao de janeiro(02.01.79). A partir de junho, 0 conteudo de umidade diminuiu, todavia nao atingindo 0 ponto de murcha (1,15%). Acomposi~ao botanica com base na materia parcia1mente seca,apresentou dominancia de gramineas, urnpercentua1 maximode leguminosas muito baixo (1,37%) e unl teor maxi

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mo de 12% de outras especies, provave1mente naodas pe10s animais.

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