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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPT. DE FITOTECNIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS SETOR DE SILVICULTURA E BIODIVERSIDADE LABORATÓRIO DE ECOLOGIA VEGETAL CURSO DE AGRONOMIA Caracterização Biométrica de Frutos, Emergência e Vigor de Sementes de Cryptostegia madagascariensis Bojer ex Decne., Espécie Invasora no Bioma Caatinga Areia PB - Brasil Março de 2013 Maria Lúcia Maurício da Silva

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

DEPT. DE FITOTECNIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS

SETOR DE SILVICULTURA E BIODIVERSIDADE

LABORATÓRIO DE ECOLOGIA VEGETAL

CURSO DE AGRONOMIA

Caracterização Biométrica de Frutos, Emergência e Vigor de Sementes de

Cryptostegia madagascariensis Bojer ex Decne., Espécie Invasora no Bioma

Caatinga

Areia – PB - Brasil

Março de 2013

Maria Lúcia Maurício da Silva

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Maria Lúcia Maurício da Silva

Caracterização Biométrica de Frutos, Emergência e Vigor de Sementes de

Cryptostegia madagascariensis Bojer ex Decne., Espécie Invasora no Bioma

Caatinga

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)

apresentado à coordenação do Curso de

Graduação em Agronomia do Centro de

Ciências Agrárias da Universidade Federal da

Paraíba (CCA/UFPB), Areia - PB, como parte

dos requisitos para obtenção do título de Engenheira Agrônoma.

Orientador: Profº. Drº. Leonaldo Alves de Andrade

Areia – Paraíba - Brasil

Março de 2013

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Maria Lúcia Maurício da Silva

Caracterização Biométrica de Frutos, Emergência e Vigor de Sementes de

Cryptostegia madagascariensis Bojer ex Decne., Espécie Invasora no Bioma

Caatinga

Aprovado em: 01/ 03 / 2013

COMISSÃO EXAMINADORA

Profº. Drº. Leonaldo Alves de Andrade

UFPB/CCA/LEV

ORIENTADOR

Profª. Drª. Vênia Camelo de Souza

UFPB/CCHSA

EXAMINADORA

Klerton Rodrigues Forte Xavier

Doutorando em Agronomia, UFPB/CCA/LEV

EXAMINADOR

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“Seja a mudança que você quer ver no mundo...”

Mahatma Gandhi

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Aos meus pais:

Francisco Clementino da Silva e

Maria do Carmo Maurício de Souza.

DEDICO

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vi

AGRADECIMENTOS

A Deus, sem o qual a realização desse sonho não seria possível.

Ao Professor, Drº. Leonaldo Alves de Andrade, pela orientação, estímulo, e pela

oportunidade ímpar em fazer parte de sua equipe durante toda a minha graduação.

Ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), pela

concessão da bolsa de estudo, sem a qual as dificuldades teriam sido bem maiores.

A Embrapa/CNA - Projeto Biomas, pelo financiamento que possibilitou a realização

deste estudo.

Ao Sr. Welinton Gomes, proprietário da fazenda Triunfo, município de Ibaretama/CE,

por viabilizar a realização desse trabalho.

Aos meus pais, que sempre me deram apoio para que eu chegasse até aqui.

Aos colegas da Graduação em Agronomia 2008.1, entre eles as mais que especiais:

Raphaella Resende e Allana Ramony pela companhia e palavras de apoio nos momentos que

mais precisei.

Aos amigos que fizeram e aos que fazem parte da equipe LEV: Raphaella, Pollyanna,

Flávio, Flaubert, Thiago, Ramon, Gerlândio, Klerton, Patrícia, Izabela, Chris, Marcolino,

Jailma, Rummennigg, Edlânia, Kelliane, Juliano, Ariosto e Tancredo, pela convivência

harmoniosa, ensinamentos, alegria compartilhada, e por tornarem as viagens de campo uma

atividade descontraída e prazerosa.

Meus agradecimentos de forma muito especial a Profª Vênia, pela incalculável

contribuição para minha formação; a Klerton e a Flávio Ricardo pela grande contribuição com

para a realização deste trabalho.

Aos funcionários do LEV, Seu Pedro, Seu Didiu, Marconi e Beto, pela boa vontade em

me ajudar sempre que precisei.

A minha irmã Rosélia; as minhas “primas” Elizélia, Aninha e Neide por me acompanhar

ao LEV nos finais de semana e feriados e; a minha eterna amiga, Rose (Laboratório de

Análises de Sementes).

Enfim, a todos que direta ou indiretamente contribuiram para esta realização, muito

obrigada!

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SUMÁRIO

Pág.

LISTA DE FIGURAS.................................................................................................

viii

LISTA DE TABELAS.................................................................................................

x

RESUMO.....................................................................................................................

xi

ABSTRACT.................................................................................................................

xii

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................

1

2. OBJETIVOS............................................................................................................ 3

2.1. Objetivo Geral.................................................................................................. 3

2.2. Objetivos Específicos.......................................................................................

3

3. REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................. 4

3.1. Caracterização do Bioma Caatinga.................................................................. 4

3.2. Invasão Biológica por Espécies Vegetais......................................................... 5

3.3. Caracterização da Espécie Cryptostegia madagascariensis............................ 6

3.4. Estudo dos Padrões Biométricos de Frutos e Sementes................................... 8

3.5. Posições e Profundidades de Semeadura.........................................................

9

4. MATERIAL E MÉTODOS................................................................................. ... 10

4.1. Local de Realização do Estudo......................................................................... 10

4.2. Local e Coleta dos Frutos.................................................................................. 10

4.3. Ensaio I: Caracterização Biométrica de Frutos e Sementes de Cryptostegia

madagascariensis.............................................................................................. 10

4.4. Ensaio II: Emergência de Plântulas de Cryptostegia madagascariensis em

Função de Posições e Profundidades de Semeadura.........................................

12

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................ 14

5.1. Ensaio I: Caracterização Biométrica de Frutos e Sementes de Cryptostegia

madagascariensis.............................................................................................. 14

5.2. Ensaio II: Emergência de Plântulas de Cryptostegia madagascariensis em

Função de Posições e Profundidades de Semeadura.........................................

19

6. CONCLUSÕES......................................................................................................

26

7. REFERÊNCIAS.................................................................................................... 27

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LISTA DE FIGURAS

Pág.

Figura 1. Cryptostegia madagascariensis: aspecto geral do indivíduo adulto

(A), flor (B), fruto (C) e sementes (D)...............................................

6

Figura 2. Área invadida por Cryptostegia madagascariensis na Fazenda

Triunfo, município de Ibaretama - CE.............................................

7

Figura 3. Frutos de tamanhos variados (A); comprimento (B); largura (C) e

espessura (D) de frutos de C. madagascariensis coletados no

município de Ibaretama – CE.............................................................

11

Figura 4. Classes de frequência relativa ao comprimento (A), largura (B),

espessura (C) e, peso (D) de frutos de C. madagascariensis

coletados no município de Ibaretama – CE........................................

15

Figura 5. Classes de frequência relativa ao número de sementes por fruto de

C. madagascariensis coletados no município de Ibaretama – CE....

16

Figura 6. Classes de frequência relativa ao comprimento (A), largura (B) e

espessura (C) de sementes de C. madagascariensis extraídas de

frutos coletados no município de Ibaretama – CE.............................

18

Figura 7. Emergência de plântulas de C. madagascariensis em função de

profundidades de semeadura (cm).....................................................

20

Figura 8. Primeira contagem de emergência (PCE) de plântulas de C.

madagascariensis em função de posições e profundidades de

semeadura (cm). Sendo: HB = hilo para baixo; HC = hilo para

cima; HL = hilo para o lado...............................................................

21

Figura 9. Índice de velocidade de emergência (IVE) de plântulas de C.

madagascariensis em função de posições e profundidades de

semeadura (cm). Sendo: HB = hilo para baixo; HC = hilo para

cima; HL = hilo para o lado............................................................... 22

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Figura 10. Comprimento radicular (A) e de parte aérea (CPA) (B) de plântulas

de C. madagascariensis em função de posições e profundidades de

semeadura. Sendo: HB = hilo para baixo; HC = hilo para cima; HL

= hilo para o lado................................................................................

23

Figura 11. Massa seca radicular (A) em função de posições e profundidades

de semeadura e; comprimento de parte aérea (B) de plântulas de C.

madagascariensis. Sendo: HB = hilo para baixo; HC = hilo para

cima; HL = hilo para o lado............................................................... 25

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LISTA DE TABELAS

Pág.

Tabela 1. Características biométricas (comprimento, largura, espessura e

peso) de frutos de Cryptostegia madagascariensis coletados no

município de Ibaretama – CE.............................................................

14

Tabela 2. Características biométricas (comprimento, largura e espessura) de

sementes de Cryptostegia madagascariensis oriundas de frutos

coletados no município de Ibaretama – CE........................................

17

Tabela 3. Características biométricas (comprimento, largura, espessura e

peso) de frutos de Cryptostegia madagascariensis coletados no

município de Ibaretama – CE............................................................. 19

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SILVA, M.L.M. Caracterização Biométrica de Frutos, Emergência e Vigor de Sementes

de Cryptostegia madagascariensis Bojer ex Decne., Espécie Invasora no Bioma Caatinga.

45 fls. Il. Areia - PB: CCA/UFPB, 2013.

RESUMO

Invasão biológica é o processo no qual um organismo exótico, ao se adaptar, passa a competir

com vantagens com as espécies nativas, causando graves impactos. Introduzida no Brasil com

fins paisagísticos, Cryptostegia madagascariensis, tem se revelado como espécie invasora.

Populações espontâneas surgem naturalmente e formam maciços autorregenerantes,

principalmente, em áreas degradadas e as margens dos cursos de água e lagoas temporárias.

Diante disso, objetivou-se avaliar as características biométricas de frutos, emergência e vigor

de sementes de C. madagascariensis, visando entender os processos de ocupação por esta

espécie. Os experimentos foram realizados no Laboratório de Ecologia Vegetal, Centro de

Ciências Agrárias, Universidade Federal da Paraíba. Ensaio I: frutos e sementes foram

coletados e tiveram suas dimensões mensuradas, contabilizando-se ainda o número de

sementes por fruto e a massa fresca de frutos e sementes; Ensaio II: efeito da posição e

profundidade de semeadura na emergência e vigor das plântulas. As sementes foram postas no

substrato com o hilo para baixo, para cima e para o lado, nas profundidades de 0,5, 1,0, 1,5,

2,0, 2,5 e 3,0 cm. Constatou-se maior frequência de frutos com comprimento variando de 6,03

– 7,06 cm; largura de 2,43 – 2,86 cm e; espessura de 1,70 – 2,13 cm. Para a maioria dos frutos

(67%) obteve-se de 97 - 131 sementes, com predominância de 6,90 – 7,50 mm para

comprimento; 2,50 – 3,50 mm para largura e; de 0,76 - 1,03 mm para espessura. A

profundidade de 1,0 cm foi responsável por 83% de plântulas emersas, independente da

posição de semeadura. Ocorreu redução para o percentual de emergência, primeira contagem,

velocidade de emergência, comprimento da raiz e massa seca de raízes e parte aérea, com o

aumento da profundidade. Assim podemos concluir que os frutos apresentam alta produção de

sementes que associada ao alto índice de emergência e ausência de inimigos naturais,

proporciona a esta espécie grandes vantagens em relação ás nativas, constituindo-se numa

grave ameaça a fitodiversidade da Caatinga e ecossistemas associados.

Palavras-chave: Caatinga; invasão biológica; Apocynaceae.

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SILVA, M.L.M. Biometric characterization of Fruits, Emergency and Seed Vigor

Cryptostegia madagascariensis Bojer ex Decne., Invasive Species in the Caatinga. 45

fls. Il.. Areia - PB: CCA/UFPB, 2013.

ABSTRACT

Biological invasion is the process in which an organism exotic to adapt is competing with

advantages with native species, causing serious impacts. Introduced in Brazil with

landscaping purpose, Cryptostegia madagascariensis, has been revealed as invasive species.

Populations arise naturally and spontaneously form massive autorregenerantes mainly in

degraded areas and the banks of watercourses and temporary ponds. The research objective

was to evaluate the biometric characteristics of fruits, emergence and vigor of C.

madagascariensis, in order to understand the processes of occupation by this species. The

experiments were performed at the Laboratory of Plant Ecology, Centre for Agrarian

Sciences, Federal University of Paraiba. Essay I: fruits and seeds were collected and had their

dimensions measured, accounting is still the number of seeds per fruit and fresh fruit and

seeds; Essay II: effect of position and depth of sowing on the emergence and seedling vigor.

Seeds were placed on the substrate with the heel down, up or to the side, at depths of 0.5, 1.0,

1.5, 2.0, 2.5 and 3.0 cm. It was found most frequently fruit with length ranging from 6.03 to

7.06 cm, width 2.43 to 2.86 cm and; thickness 1.70 to 2.13 cm. For most fruit (67%) gave 97-

131 seeds, predominantly 6.90 to 7.50 mm in length, from 2.50 to 3.50 mm and width; 0.76 to

1.03 mm thick. The depth of 1.0 cm was responsible for 83% of seedlings emerged,

independent of seed position. There was a reduction in the percentage of emergency, first

count, speed of emergence, root length and dry weight of roots and shoots, with increasing

depth. Thus we can conclude that the fruits have high seed production that associated with

high rates of emergency and lack of natural enemies, this species provides significant

advantages over native ace, constituting a serious threat to phytodiversity Caatinga and

associated ecosystems.

Keywords: Caatinga; biological invasion; Apocynaceae.

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1. INTRODUÇÃO

O crescimento da população humana e os modelos de desenvolvimento adotados

em todo o mundo têm levado a degradação dos recursos naturais e a desequilíbrios do meio

biofísico no planeta. Nesse contexto, destaca-se a invasão biológica que é caracterizada

pela introdução de um organismo exótico em um ambiente distinto de sua ocorrência

natural e ao se adaptar, passa a competir com vantagens com as espécies autóctones, sendo

por isso considerada uma das maiores causas de perda de biodiversidade do planeta.

As espécies exóticas invasoras são organismos que, uma vez introduzidas em um

novo ambiente se estabelecem e passam a desenvolver populações autorregenerativas a

ponto de ocupar o espaço de espécies nativas e proporcionar alterações nos processos

ecológicos naturais, tendendo a tornarem-se dominantes e podendo causar impactos

ambientais e socioeconômicos negativos (ZALBA, 2006; PITELLI, 2007). A introdução

de espécies exóticas, seja acidental ou intencionalmente, em novas áreas é uma atividade

que na maioria das vezes está ligada a atividade antrópica (REJMANÉK et al., 2005).

No Brasil, problemas de invasão biológica já são constatados em todos os biomas,

em diferentes intensidades. No Nordeste, a caatinga é uma das formações vegetais onde se

tem observado a ocorrência de áreas com forte presença de espécies exóticas invasoras, a

exemplo de Prosopis juliflora (Sw) DC. (ANDRADE et al., 2008, 2009, 2010),

Parkinsonia Aculeata L. (FABRICANTE et al., 2009), e Sesbania virgata (Cav.) Pers.

(SOUZA et al., 2011 ), as quais já foram identificadas como espécies invasoras,

constatando-se sérios prejuízos a biodiversidade autóctone da Caatinga.

Outra espécie que atualmente vem sendo definida como invasora do referido bioma

é Cryptostegia madagascariensis Bojer ex Decne., conhecida localmente como unha-do-

diabo. Pertencente à família Apocynaceae, nativa da Ilha de Madagascar (África), é um

arbusto trepador, heliófila, que ocorre desde o nível do mar até regiões mais secas como as

savanas, dominando notadamente zonas perturbadas, áreas de matas ciliares e ou

sazonalmente alagadas (ENDRESS; BRUYNS, 2000; KLACKENBERG, 2001). Devido às

características de suas flores, foi introduzida em diversas regiões com fins ornamentais e

atualmente constitui um grave problema em países como Austrália, Estados Unidos, Índia,

Marrocos, México e Porto Rico (ISSG, 2010).

No Brasil, esta espécie foi introduzida com fins paisagísticos, porém devido à

facilidade de dispersão de suas sementes que são transportadas pelo vento, começou a

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surgir naturalmente e a formar populações autorregenerantes nos mais diversos sítios,

sendo mais agressiva em áreas de mata ciliar e ou temporariamente alagáveis. Atualmente,

já é possível identificar áreas com forte presença desta invasora nos estados do Ceará,

Paraíba, Piauí e Rio Grande do Norte.

No Ceará, a Fazenda Triunfo, situada no município de Ibaretama sob as

coordenadas 05º 27ʹ 27,2ʺ S e 94º 76ʹ 65,2ʺ W, com área total de 740 ha, apresenta

aproximadamente 100 ha destes invadidos por Cryptostegia madagascariensis. De acordo

com relatos dos nativos a espécie surgiu isoladamente na década de 1970, no entanto

apenas a partir da década de 1990 começou a surgir como invasora.

Diante do exposto e por não haver estudos com esta espécie na Caatinga, foram

elaborados alguns questionamentos: 1) Os frutos e as sementes de C. madagascariensis

apresentam variabilidade com relação às características biométricas? 2) Estas

características influenciam no processo de dispersão e disseminação da espécie? 3) A

germinação das sementes apresentam sensibilidade ao efeito da posição e profundidade de

semeadura?

O objetivo desse estudo foi conhecer a biometria de frutos e sementes e o efeito da

posição e profundidade de semeadura na emergência e vigor de sementes de Cryptostegia

madagascariensis, visando conhecer os processos de ocupação por esta espécie e com isso

entender suas estratégias de propagação.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

Conhecer a biometria de frutos e sementes e o efeito da posição e profundidade de

semeadura na emergência e vigor de sementes de Cryptostegia madagascariensis, visando

entender as estratégias de propagação da espécie e com isso subsidiar o seu controle.

2.2. Objetivos Específicos

Descrever os padrões biométricos de frutos e sementes da invasora Cryptostegia

madagascariensis;

Conhecer a posição e profundidade de semeadura ideal para a emergência e vigor das

plântulas da invasora;

Conhecer as estratégias de propagação da espécie a partir dos resultados obtidos com o

presente estudo.

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3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1. Caracterização do Bioma Caatinga

O bioma Caatinga também denominado savana estépica, é constituído por árvores e

arbustos espinhosos, xerófilos, caducifólios, com plantas suculentas e estrato estacional.

Esse tipo de vegetação cobre a maior parte da região Nordeste do Brasil nas áreas de clima

semiárido que abrange 935 mil quilômetros quadrados (GOMES, 2007).

A fisionomia vegetacional da Caatinga pode variar de arbórea à arbustiva, aberta ou

densa, ocorrendo sobre diferentes tipos de solos, desde profundos e arenosos com grande

taxa de infiltração de água em áreas sedimentares, até solos rasos - com baixa taxa de

infiltração de água, nas áreas cristalinas (ARAÚJO; MARTINS, 1999). Sua conservação é

importante para a biodiversidade brasileira (LEAL; TABARELLI; SILVA, 2003), porém é

um dos ambientes que detêm menos conhecimentos científicos no Brasil, possuindo menos

de 2% da área protegida como unidades de conservação integral (TABARELLI et al.,

2000). Segundo o MMA (2002) estudos sobre a conservação da biodiversidade da

Caatinga constituem um dos maiores desafios da ciência brasileira, devido a enorme

importância deste bioma.

A ausência de conhecimento científico somado à degradação ambiental, que hoje já

atinge 60% da área do bioma, criam lacunas de informações com reflexos negativos para a

conservação (TABARELLI; VICENTE, 2002). A flora da Caatinga apresenta elevado

potencial de riqueza, que tem sido explorada de forma irracional, através do corte de

madeira para lenha, da contínua remoção da vegetação para a criação de bovinos e

caprinos, e para a implantação de culturas levando ao seu empobrecimento (LEAL et al.,

2005).

No Nordeste, especialmente no Bioma Caatinga, observa-se a invasão biológica por

espécies exóticas as quais vêm competindo com as espécies nativas, a exemplo de

Cryptostegia madagascariensis, que vem se revelando como uma invasora do referido

Bioma.

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3.2. Invasão Biológica por Espécies Vegetais

A invasão biológica pode ser definida como sendo um fenômeno ecológico que

consiste na instalação, seguida de grande proliferação de uma espécie alóctone, levando ao

desequilíbrio da comunidade (PIVELLO, 2011). Após se estabelecerem as espécies

exóticas introduzidas formam rapidamente populações autossustentáveis, avançando sobre

ambientes naturais e antropizados. Desta forma, uma exótica invasora é uma espécie

introduzida que se propaga, sem o auxílio do homem, e passa a ameaçar ambientes fora do

seu território de origem, causando impactos negativos ambientais e socioeconômicos

(ZALBA, 2006).

O desempenho de uma espécie em um novo ambiente está diretamente relacionado

com a semelhança entre esse ambiente e o local de origem, e ao número de introduções da

espécie no novo local (REJMÁNEK et al., 2005). Além disso, espécies vegetais que se

tornam invasoras geralmente apresentam características ou atributos que as tornam

melhores competidoras, tais como: rápido crescimento, grande produção de sementes

pequenas e de fácil dispersão, presença de substâncias tóxicas (alelopatia) e a alta taxa de

germinação das sementes, conferem a estes organismos vantagens competitivas em relação

às espécies nativas, exercendo assim, dominância nos novos espaços ocupados

(VIGILATO; ZAMPAR, 2011).

Outro fator determinante para o estabelecimento das espécies no novo ambiente é a

ausência de inimigos naturais (BLOSSEY, 2011). O uso excessivo dos recursos naturais

que fragiliza os ambientes e diminui efetivamente a diversidade natural do ecossistema

invadido também é um dos principais fatores que contribuem para o estabelecimento de

espécies exóticas (ZANCHETTA; DINIZ, 2006). Segundo Mack et al. (2000), as ações

antrópicas são as principais responsáveis pelo surgimento de condições favoráveis ao

estabelecimento de espécies invasoras.

A introdução de espécies vegetais em muitos países é normalmente associada a

interesses humanos, inicialmente pela exploração da espécie com fins ornamentais ou

alimentícios. Atualmente, o uso de espécies exóticas em silvicultura tem contribuído para a

disseminação nos ecossistemas naturais em todo o mundo (RICHARDSON; REJMÁNEK,

2011).

No Brasil é comum Agências governamentais recomendarem o cultivo de espécies

exóticas como solução à falta de práticas no uso da biodiversidade nativa em diversas

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situações como na recuperação de áreas degradadas e como fonte de alimento animal,

entretanto não fazem nenhuma orientação em relação ao controle de sua dispersão

(CAMPOS et al., 2006). Acacia mearnsii De Wild., por exemplo, foi introduzida

intencionalmente para uso na agricultura, silvicultura e ornamentação (ISSG, 2010).

3.3. Caracterização da Espécie Cryptostegia madagascariensis

A espécie Cryptostegia madagascariensis Bojer ex Decne. (Figura1) pertence à

família Apocynaceae e é endêmica das Ilhas de Madagascar (ENDRESS; BRUYNS,

2000), sendo considerada uma espécie altamente invasora no Havaí, Austrália e Brasil

(ISSG, 2010).

Figura 1: Cryptostegia madagascariensis: aspecto geral do indivíduo adulto (A), flor (B),

fruto (C) e sementes (D).

No Brasil, Cryptostegia madagascariensis tem sido amplamente dispersa pelo

homem particularmente por sua popularidade como planta ornamental devido a sua

floração lilás, através dos cursos d’água e pelo vento (STARR et al., 2003). Acredita-se

que por produzir grande quantidade de sementes, apresentar dispersão anemocórica e alto

índice de germinação fugiu do controle, e assim, compete com as espécies nativas

(ANSELMO et al., 2010).

A

D

C B

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7

Com hábito de crescimento arbustivo com cerca de 2,0 a 3,0 m de altura,

Cryptostegia madagascariensis desenvolve-se sobre a copa das árvores nativas impedindo

a passagem de luz e matando-as por sombreamento excessivo. Em áreas invadidas no

Ceará, os arbustos da invasora exibem características de trepadeira (Figura 2), sendo

necessário pouco tempo para que vários indivíduos rodeiem a carnaubeira [Copernicia

cerifera (Arruda) Mart], e cresçam rapidamente fechando a copa da palmeira, resultando

em prejuízos econômicos para os produtores que vivem da extração de cera da espécie

nativa (GOUVEIA, 2009) e ecológicos, pois contribui para a diminuição da vegetação

autóctone, modificando efetivamente a paisagem.

Figura 2: Área invadida por Cryptostegia madagascariensis na Fazenda Triunfo,

município de Ibaretama - CE.

O látex produzido por Cryptostegia madagascariensis tem sido utilizado para a

produção de artigos de borracha na Índia e Madagáscar, onde as fibras têm sido utilizadas

para fazer roscas e cabos para a fabricação de redes de pesca (KLACKENBERG, 2001), no

entanto, é geralmente cultivada como ornamental e para a produção de borracha (STARR

et al, 2003).

Ainda segundo Klackenberg (2001) em Madagascar a espécie floresce de julho a

maio. Na Austrália a floração ocorre de dezembro a fevereiro, enquanto no Brasil o

florescimento de C. madagascariensis ocorre principalmente entre os meses de novembro e

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dezembro (ISSG, 2010). O fruto é exibido durante todo o ano, mas com maior freqüência

em janeiro e fevereiro, levando cerca de quatro meses para atingir o tamanho máximo

(média de 6,44 cm de comprimento, 2,45 cm de altura e 3,4 cm de largura), e 210 dias para

a deiscência. Cada fruto produz em média 96,5 sementes com germinação de 93%

(VIEIRA et al, 2004).

Em observações de campo, Silva; Cavalcante (2009) constataram que no Ceará, C.

madagascariensis está presente nas áreas de serra, litoral e sertão. Os mesmos autores

ainda afirmam que em áreas litorâneas, sobre dunas, a planta invade ambientes

antropizados, tanto de forma isolada quanto de forma abundante, formando densos maciços

populacionais.

3.4. Estudo dos Padrões Biométricos de Frutos e Sementes

O tamanho e as características dos frutos e sementes são de grande importância

para o estudo de uma espécie. É um parâmetro básico para entender a dispersão e o

estabelecimento de plântulas (FENNER, 1993), sendo também utilizado para diferenciar

espécies pioneiras e não pioneiras em florestas tropicais (BASKIN; BASKIN, 1998).

Conforme observaram Carvalho et al. (1998), existe antagonismo entre o tamanho

das sementes e o número de sementes por fruto, para a maioria das espécies arbustivas e

arbóreas. Durante a maturação, as sementes crescem em tamanho até atingirem o valor

característico para a espécie, porém, dentro da mesma espécie existem variações

individuais devido à influência ambiental durante o desenvolvimento das sementes e da

variabilidade genética entre as matrizes (TURNBULL, 1975). Desta forma, o tamanho das

sementes pode variar entre e dentro das matrizes.

De acordo com Carvalho; Nakagawa (2000), em geral as sementes de maior

tamanho foram mais bem nutridas durante o seu desenvolvimento, possuindo embrião bem

formado e com maior quantidade de substâncias de reserva sendo, consequentemente, as

mais vigorosas. A maior quantidade de reserva aumenta a probabilidade de sucesso no

estabelecimento da plântula (HAIG; WESTOBY, 1991), pois permite a sobrevivência por

maior tempo em condições ambientais adversas.

Ao avaliar as características biométricas de frutos e sementes de uma determinada

espécie, se têm informações sobre a variabilidade dessas características entre indivíduos

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numa determinada área, e ainda permite conhecer aspectos ecológicos das plantas (SOUTO

et al., 2008).

3.4. Posições e Profundidades da Semeadura

Dentre os fatores que influenciam o processo germinativo devem ser considerados,

além da qualidade da semente, intensidade de dormência, temperatura e umidade do

substrato, a posição e a profundidade de semeadura (URBEN FILHO; SOUZA, 2003).

A profundidade no solo em que uma semente é capaz de germinar e produzir

plântula varia entre as espécies e apresenta importância ecológica e agronômica

(GUIMARÃES et al., 2002), uma vez que a profundidade de emergência é específica para

cada espécie e quando adequada, propicia germinação e emergência de plântulas uniformes

(SOUSA et al., 2007).

Conforme Marcos Filho (2005) as semeaduras muito profundas podem também

aumentar o período de suscetibilidade a patógenos. Contudo, se forem superficiais, as

sementes ficarão expostas a qualquer alteração ambiental, como excesso ou déficit hídrico

ou térmico, podendo originar plântulas pequenas e fracas (TILLMANN et al., 1994), além

de facilitar o ataque de predadores ou danos decorrentes da irrigação, e a exposição da

radícula, causando sua destruição (JELLER; PEREZ, 2001). Da mesma maneira, também

há posições de semeadura que são melhores para a germinação, a emergência e o

desenvolvimento das plântulas (MARTINS; CARVALHO, 1993).

O entendimento de como a germinação e emergência de espécies invasoras

responde a fatores ambientais, bem como o conhecimento sobre a profundidade na qual a

plântula é capaz de emergir são de grande importância para compreender a capacidade de

adaptação e o potencial de invasão e principalmente, a adoção de práticas de manejo

pertinentes, como por exemplo, o emprego de métodos mecânicos associados ou não a

métodos químicos (TOLEDO et al., 1993).

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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. Local de Realização do Estudo

O estudo foi realizado no Laboratório de Ecologia Vegetal do Centro de Ciências

Agrárias, Universidade Federal da Paraíba (LEV/CCA/UFPB), Areia - PB.

4.2. Local e Coleta dos Frutos

Os frutos de C. madagascariensis, quando ainda não apresentavam deiscência,

foram coletados manualmente sobre a copa de indivíduos de uma população existente na

Fazenda Triunfo, localizada no município de Ibaretama – CE, sob as coordenadas 05º 27ʹ

27,2ʺ S e 94º 76ʹ 65,2ʺ W. A fazenda possui uma área total de 740 ha, dos quais

aproximadamente 100 ha estão ocupados pela espécie exótica invasora.

A coleta dos frutos nas matrizes foi feita de forma aleatória, percorrendo-se toda a

área invadida pela referida espécie. Os frutos foram coletados em outubro de 2012. Após

coletados, estes foram acondicionados em sacos plásticos e posteriormente transportados

para o LEV/CCA/UFPB, em Areia - PB.

4.3. Ensaio I: Caracterização Biométrica de Frutos e Sementes de Cryptostegia

madagascariensis

Em Laboratório, os frutos coletados (Figura 3A) ficaram expostos em bandejas

realizando-se em seguida a caracterização biométrica dos mesmos, na qual foram

determinadas as dimensões (comprimento, largura e espessura (cm)) com paquímetro

digital (0,01 mm), o número de sementes por fruto, a massa fresca (g) de cada fruto em

balança de precisão (0,0001 g) e o número de sementes danificadas por insetos, em uma

amostra de 200 frutos. Foi considerada semente danificada por insetos, aquelas que

apresentassem orifício indicando a presença de larva ou indivíduo adulto (BRASIL, 2009).

Do lote de sementes obtido com a determinação biométrica dos frutos foi retirada,

de forma aleatória, uma amostra de 200 sementes das quais foram tomadas medidas de

comprimento, largura e espessura (mm). Devido a semente de C. madagascariensis ser

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muito leve, a massa das mesmas foi obtida por meio do peso de 8 repetições de 100

sementes cada por meio de balança analítica.

Na determinação do comprimento de frutos foi considerada a porção compreendida

entre a base e o ápice do fruto (Figura 3B). A largura e a espessura foram obtidas a partir

da medida da parte intermediária do fruto (Figura 3C-D). O mesmo procedimento foi

realizado na avaliação das sementes.

Os dados das características quantitativas obtidos foram submetidos à estatística

descritiva, organizados em classes de frequência e plotados em histograma de frequência

utilizando-se o programa estatístico SISVAR (FERREIRA, 2007).

Figura 3: Frutos de tamanhos variados (A); comprimento (B); largura (C) e espessura (D)

de frutos de C. madagascariensis coletados no município de Ibaretama - CE.

A

D C

B

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4.4. Ensaio II: Emergência de Plântulas de Cryptostegia madagascariensis em

Função de Posições e Profundidades de Semeadura

Para a avaliação do efeito da posição e da profundidade de semeadura na

emergência e vigor das plântulas, quatro repetições de 25 sementes foram semeadas em

bandejas polietileno com dimensões de 45 x 30 x 07 cm, contendo como substrato areia

lavada, peneirada em peneira com malha de 2 mm e esterilizada em autoclave. Para inibir a

ação de patógenos, antes da semeadura, as sementes foram tratadas com capitan (fórmula:

quantidade utilizada = peso da semente x 240/10.000).

Os tratamentos consistiram em diferentes posições: sementes com o hilo voltado

para baixo (HB) formando um ângulo de 180º em relação ao eixo imaginário perpendicular

ao nível do substrato; sementes com o hilo de lado (HL) formando um ângulo de 90° em

relação ao eixo imaginário e; sementes com o hilo voltado para cima (HC) das sementes no

substrato formando um ângulo de 0º em relação a um eixo imaginário nas profundidades

de semeadura de 0,5, 1,0, 1,5, 2,0, 2,5 e 3,0 cm, totalizando 18 tratamentos.

O teste foi conduzido em casa de vegetação sem controle de temperatura e

umidade, durante 30 dias, realizando-se irrigações diárias até se verificar o início da

drenagem natural para manutenção da umidade do substrato. As variáveis analisadas

foram:

Porcentagem de emergência (% E) - as contagens foram feitas diariamente, do

sétimo ao trigésimo dia do teste, computando-se as plântulas que emitiram o

epicótilo, seguindo-se preferencialmente o mesmo horário;

Primeira contagem de emergência (PCE) - conduzida conjuntamente com o teste de

emergência, onde se computou as sementes germinadas no sétimo dia após a

semeadura, sendo os resultados expressos em porcentagem;

Índice de velocidade de emergência (IVE) – a velocidade de emergência foi

determinada mediante contagem diária do número de plântulas emersas durante

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30 dias e o índice determinado de acordo com a fórmula proposta por Maguire

(1962), onde:

n

n

NNN

GGGGIVG

...

...

21

321

em que IVE = índice de velocidade de emergência; E1, E2 e En = número de

plântulas normais emergidas a cada dia; N1, N2 e Nn = número de dias decorridos

da semeadura da primeira até a última contagem;

Comprimentos de parte aérea (CPA) e de raiz primária (CR) - no final do teste de

emergência, que se deu aos 30 dias após a semeadura, as plântulas normais de cada

repetição foram separadas em parte aérea e raízes e medidas com o auxílio de uma

régua graduada em centímetros, sendo os resultados expressos em cm.plântula-1

;

Massa seca radicular (MSR) e massa seca de parte aérea (MSPA) – após medidas,

as raízes e a parte aérea de cada repetição, foram colocadas individualmente em

sacos de papel “kraft” e acondicionadas em estufa de secagem regulada a 65°C até

atingir peso constante (48 horas), decorrido esse período, as amostras foram

pesadas em balança analítica com precisão de 0,001g (VIEIRA; CARVALHO,

1994).

O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado (DIC), com os

tratamentos distribuídos em esquema fatorial 3 x 6 (posições x profundidades de

semeadura), em quatro repetições de 25 sementes cada. Os dados obtidos foram

submetidos à análise de variância, utilizando-se o teste F para comparação dos quadrados

médios e as médias comparadas pelo teste de Scott–Knott a 5% de probabilidade. Para os

efeitos quantitativos foi realizada análise de regressão polinomial, utilizando-se o

programa estatístico SISVAR®

(FERREIRA, 2007).

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Ensaio I: Biometria de Frutos e Sementes de Cryptostegia

madagascariensis

Os frutos de C. madagascariensis apresentam pouca variação em suas dimensões,

possuindo valores médios de 6,87 cm para o comprimento (mínimo de 4,5 e máximo de

8,60); 2,50 cm para a largura (mínimo de 1,80 e máximo de 3,50); 1,89 cm para a

espessura (mínimo de 1,49 e máximo de 3,20) e; 12,17 g de massa fresca (mínimo de 5,00

e máximo de 25,00). Dentre as características biométricas avaliadas, a maior variação foi

observada para o peso (g) cujo coeficiente de variação foi acima de 20% (Tabela 1).

Tabela 1. Características biométricas (comprimento, largura, espessura e peso) de frutos

de Cryptostegia madagascariensis coletados no município de Ibaretama – CE.

Variáveis Comprimento

(cm)

Largura

(cm)

Espessura

(cm)

Peso

(g)

Valor mínimo 4,50 1,80 1,49 5,00

Valor máximo 8,60 3,50 3,20 25,00

Valor médio 6,87 2,50 1,89 12,17

Variância 5,69 0,81 0,45 14,17

Desvio Padrão 0,75 0,28 0,11 3,76

C.V. (%) 10,98 11,37 11,24 28,43

Com base nos dados apresentados nas Figuras 4A-C, constata-se maior frequência

de frutos com dimensões variando nas classes de 6,03 – 7,06 cm para o comprimento; 2,43

– 2,86 cm para a largura e; 1,70 – 2,13 cm para a espessura, correspondendo a 45,5%, 45%

e 67% da amostra total, respectivamente.

Em relação ao peso observa-se maior frequência dos frutos amostrados (44%)

pesando entre 7,50 – 12,50 g (Figura 4D). Segundo Moraes; Alves (2002) o peso do fruto

pode ser influenciado por diversos fatores: genéticos, fisiológicos, climáticos e

nutricionais.

Os dados obtidos com este estudo, referentes às dimensões de fruto (comprimento,

largura e espessura), assemelham-se aos valores encontrados por Vieira et al. (2004), os

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quais estudando biologia reprodutiva de C. madagascariensis, afirmam que os frutos da

mesma, ao atingirem seu crescimento máximo, medem em média, 6,44 cm de

comprimento, 2,45 cm de altura e 3,40 cm de largura.

Figura 4: Classes de frequência relativa ao comprimento (A), largura (B), espessura (C) e,

peso (D) de frutos de C. madagascariensis coletados no município de

Ibaretama - CE.

O valor médio de sementes por frutos amostrados foi de 105±18 com a maioria dos

frutos apresentando entre 97 a 131 sementes, correspondendo a 67% do total (Figura 5).

Diante desses dados pode-se afirmar que milhares de sementes podem ser produzidas por

planta a cada ano, o que de fato contribui para a ocupação de novas áreas, haja vista que

são facilmente dispersadas pelo vento.

O número de sementes por frutos de C. madagascariensis pode variar bastante,

dependendo não somente do local onde foram coletados, mas também da metodologia

A

C

B

D

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adotada: se foi considerado como fruto cada um dos folículos produzidos por uma flor,

como neste estudo ou se os dois folículos por flor, o que deve explicar o elevado número

de sementes constatado por Tomley (1995).

Figura 5: Classes de frequência relativa ao número de sementes por fruto de C.

madagascariensis coletados no município de Ibaretama - CE.

Souto et al. (2008) realizando a biometria de frutos de Calotropis procera (Aiton)

W.T. Aiton, espécie também exótica e invasora de ambientes ruderais, constataram que a

maioria dos frutos (77,42%) apresentaram cerca de 300 a 400 sementes. Por outro lado,

estudos com espécies nativas, encontraram valores bem inferiores aos obtidos para

espécies exóticas: De-Carvalho et al. (2005) obtiveram de 1 a 11 sementes por fruto de

Hymenaea stigonocarpa Mart. Ex Hayne; Cruz; Martins; Carvalho (2001) contabilizaram

de 1 a 3 sementes por fruto de H. intermédia Duck; Cruz; Carvalho (2003), constataram

variação de 1 a 3 sementes em frutos de Micropholis ef. venulosa Mart. & Eichler.

Observa-se, portanto, uma grande produção de sementes por fruto de C.

madagascariensis, as quais são muito leves apresentando grande potencial de

disseminação e, consequentemente, de estabelecimento em diferentes áreas, competindo

com as espécies nativas, as quais geralmente produzem pequena quantidade de sementes

quando comparadas às espécies invasoras acima mencionadas.

Sementes de C. madagascariensis apresentaram pouca variação em suas

dimensões, com valor médio de 7,11 mm para o comprimento (mínimo de 6,00 e máximo

de 8,40); 2,99 mm para a largura (mínimo de 2,00 e máximo de 6,00) e; 1,08 mm para a

espessura (mínimo de 0,90 e máximo de 2,00). Dentre as características biométricas

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avaliadas para a semente, a maior variação foi observada para a espessura cujo coeficiente

de variação foi acima de 20% (Tabela 2).

Tabela 2. Características biométricas (comprimento, largura e espessura) de sementes de

Cryptostegia madagascariensis oriundas de frutos coletados no município de

Ibaretama – CE.

Variáveis Comprimento

(mm)

Largura

(mm)

Espessura

(mm)

Valor mínimo 6,00 2,00 0,90

Valor máximo 8,40 6,00 2,00

Valor médio 7,11 2,99 1,08

Variância 0,31 0,19 0,06

Desvio Padrão 0,56 0,43 0,24

CV (%) 7,88 14,38 22,55

Nas Figuras 6 A-C observa-se a predominância de sementes variando nas classes de

6,90 – 7,50 mm (66,5%); 2,50 – 3,50 mm (85,5%) e; 0,76 - 1,03 mm (85%) de

comprimento, largura e espessura, respectivamente.

Dados semelhantes foram observados por Silva; Cavalcante (2009) estudando os

impactos ambientais e descrição morfológica comparada de Crytostegia grandiflora R. Br.

e C. madagascariensis, ao constatarem que o tamanho para as sementes provenientes de

frutos em estádio de deiscência, variaram entre 5 e 8 mm de comprimento em ambas as

espécies.

As sementes amostradas, bem como os frutos, não apresentaram sintomas de ataque

por insetos, o que mostra a ausência de inimigos naturais, aumentando consideravelmente a

quantidade de sementes viáveis, resultando em uma planta com alta resistência ecológica.

Silva; Cavalcante (2009) estudando o gênero Cryptostegia no mesmo estado, porém em

condições ambientais diferenciadas, também confirmaram a ausência de inimigos naturais.

Por outro lado, Cruz; Carvalho (2001) analisando sementes da espécie nativa M. ef.

venulosa encontraram aproximadamente 53,3% das sementes, por ocasião da dispersão,

apresentando sintomas de ataque por insetos, o que contribui de fato para o controle natural

das populações nativas, o que não pode ser verificado com espécies invasoras.

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Figura 6: Classes de frequência relativa ao comprimento (A), largura (B) e espessura (C)

de sementes de C. madagascariensis extraídas de frutos coletados no município

de Ibaretama - CE.

O peso médio da massa fresca das sementes obtido a partir do peso de 8 repetições

de 100 sementes foi de 13,31 g (variando de 12,60 a 14,45 g), com peso médio de 0,1331 g

por semente, constatando-se portanto, que as sementes de C. madagascariensis são

bastante leves, mesmo quando ainda não estão secas, podendo ser levemente dispersas pelo

vento.

Para Silva (2011), os dados biométricos de frutos e sementes possuem valor

taxonômico questionável, entretanto têm indiscutível valor ecológico, auxiliando na

determinação da variabilidade da espécie, bem como no estudo de propagação e

estabelecimento de plântulas, além de fornecer subsídios para estratégias de controle de

espécies invasoras.

B A

C

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5.2. Ensaio II: Emergência de Plântulas de Cryptostegia madagascariensis em

Função de Posições e Profundidades de Semeadura

Em relação ao percentual de emergência e teor de massa seca (g) de plântulas de C.

madagascariensis não houve efeito significativo para a interação posição versus

profundidade de semeadura. A posição da semente no substrato, assim como a

profundidade de semeadura, foi significativa para todas as variáveis, exceto para a primeira

contagem de emergência de plântulas (Tabela 3).

De acordo com os resultados obtidos, a emergência de plântulas de C.

madagascariensis não foi prejudicada pela posição da semente no substrato, ou seja, em

condições de ambiente natural todas as sementes que atingem o solo estão aptas a germinar

e emergir originando plântulas normais, propiciando assim mais uma vantagem

competitiva a invasora.

Tabela 3. Quadrados médios da porcentagem de emergência (% E), velocidade de

emergência (IVE), comprimento de raiz (CR) e de parte aérea (CPA) e, massa

seca de raízes (MSR) e de parte aérea (MSPA) de plântulas de Cryptostegia

madagascariensis.

FV GL Quadrados Médios

% E IVE PCE CR CPA MSR MSPA

Posição (Pos) 2 213* 0,08* 0,48ns

0,93* 0,8* 0,38* 0,02*

Profundidade

(Prof) 6 10415* 10* 176* 72* 60* 0,33* 1,06*

Pos x Prof 11 82ns

0,16* 13* 6* 1* 0,18* 0,01ns

Resíduo 64 99 0,10 5 0,91 0,19 0,004 0,01

CV (%) 17,07 21,40 62,32 17,81 9 36,52 24,65

ns não significativo; *Significativo pelo teste de Scott–Knott a 5% de probabilidade.

Na Figura 7, pode-se observar que a profundidade de semeadura de 1,0 cm

proporcionou as plântulas melhor resposta para a porcentagem de emergência, sendo

responsável por 83,67% das plântulas emergidas, não diferindo estatisticamente da

profundidade de 0,5 cm na qual se obteve 79,33%. O menor percentual de emergência foi

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observado na profundidade de 3,0 cm (39%), constatando-se que o percentual de plântulas

emergidas foi reduzindo à medida que houve aumento na profundidade de semeadura.

Figura 7: Emergência de plântulas de C. madagascariensis em função de profundidades

de semeadura (cm).

Provavelmente, o aumento da barreira física proporcionado pelas camadas mais

profundas, acima de 1,0 cm, foi um fator determinante para a redução na emergência das

plântulas, possivelmente porque as sementes consumiram suas reservas na tentativa de

superar essa barreira. Para Silva (1992) em profundidades excessivas, especialmente nas

espécies de sementes menores, a exemplo de C. madagascariensis, ocorre impedimento à

emergência da plântula por ausência de energia suficiente para tal processo.

Há certa dificuldade em se comparar estudos sobre a emergência de plântulas em

diferentes profundidades devido à dormência das sementes apresentada por algumas

espécies, das condições particulares da temperatura e da umidade, luminosidade e,

sobretudo, das características dos substratos usados (MARTINS, 2006).

O conhecimento da espessura do solo na qual a plântula é capaz de emergir auxilia

na junção de práticas de controle de espécies invasoras, como por exemplo, o emprego de

métodos mecânicos associados ou não a métodos químicos (TOLEDO, 1993).

Diferente deste estudo, onde não se constatou a interação posição versus

profundidade de semeadura, Santos (2009) trabalhando com sementes de Cedrela fissilis L.

obteve o maior porcentual de emergência na profundidade de 2,2 cm na posição de

semeadura com o hilo voltado para baixo enquanto Guedes (2009) estudando Amburana

cearensis (Allemão) A.C. Smith. encontrou melhores condições de emergência de

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plântulas na profundidade 3,5 cm, também na posição da semente com o hilo voltado para

baixo no substrato.

Em relação a primeira contagem de emergência de plântulas, na Figura 8, é possível

observar que plântulas originadas de sementes com o hilo para baixo apresentaram um

percentual de 50% de emergência na profundidade de 0,5 cm, diminuindo drasticamente

com o aumento da profundidade, onde aos 3,0 cm obteve-se apenas 1% de emergência na

primeira contagem.

Figura 8: Primeira contagem de emergência (PCE) de plântulas de C. madagascariensis

em função de posições e profundidades de semeadura (cm). Sendo: HB = hilo

para baixo; HC = hilo para cima; HL = hilo para o lado.

Com relação às sementes semeadas com o hilo para o lado averiguou-se que, com o

aumento da profundidade de semeadura houve uma redução linear no percentual de

plântulas emersas atingindo valores nulos de emergência aos 3,0 cm de profundidade. Para

todas as posições de semeadura houve redução significativa do número de plântulas

emersas na primeira contagem a partir da profundidade de 1,0 cm.

Tais resultados estão em consonância com os obtidos por Laime et al. (2010) que

estudando sementes de Inga ingoides (Rich.) Willd., obteve valores nulos de emergência

após 4 cm de profundidade na posição de semeadura com o hilo para o lado. Alves et al.,

(2008) observaram redução de 12,4% na porcentagem de emergência de plântulas de

Zizyphus joazeiro Mart., a cada centímetro de aumento na profundidade de semeadura.

Esses resultados podem ser justificados pelo maior consumo das reservas das

sementes para conversão em energia para que as plântulas conseguissem romper os

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substrato e chegar até a superfície. Esse desgaste fisiológico pode dar origem a plântulas

mais debilitadas e, consequentemente, com menor capacidade de sobrevivência no período

subsequente, o que é vantajoso quando se visa o controle de espécies invasoras.

Quanto ao índice de velocidade de emergência (IVE) das sementes de C.

madagascariensis (Figura 9) verificou-se que o mesmo reduziu linearmente à medida que

houve aumento na profundidade de semeadura atingindo seu máximo (2,87) e mínimo

(0,72) nas profundidades de 0,5 cm e 3,0 cm, respectivamente, quando as sementes foram

postas para germinar com o hilo para baixo. Nas posições com o hilo para o lado (HL) e

para cima (HC) houve redução significativa de IVE, com máximo (2,64) na profundidade

de 1,0 cm para HL e para HC máximo (2,40) na profundidade de 0,5 cm.

Figura 9: Índice de velocidade de emergência (IVE) de plântulas de C. madagascariensis

em função de posições e profundidades de semeadura (cm). Sendo: HB =

hilo para baixo; HC = hilo para cima; HL = hilo para o lado.

De acordo com Cardoso et al. (2008), o IVE é reduzido com o aumento da

profundidade porque paralelamente existe aumento na concentração de CO2, resultando em

efeito fitotóxico, afetando tanto a porcentagem quanto a velocidade de emergência.

Entretanto, o mesmo autor, sugere que a redução da velocidade de emergência está

associada com as flutuações das temperaturas diurnas e noturnas, que favorecem,

principalmente, as sementes que se encontram mais próximo à superfície.

O aumento da profundidade de semeadura também reduziu significativamente a

velocidade de emergência de plântulas de Bidens pilosa L. (MUNIZ FILHO et al., 2004).

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Por outro lado, a posição do hilo voltado para baixo beneficiou a emergência de plântulas

de Cedrela fissilis (SANTOS et al., 2008) e Amburana cearensis (GUEDES, 2009).

Dados referentes a vigor, com base no comprimento da raiz primária e da parte

aérea das plântulas encontram-se na Figura 10A-B. As plântulas de C. madagascariensis

atingiram o seu máximo comprimento radicular (8,89 cm) quando semeadas com o hilo

posicionado para baixo, na profundidade de 0,5 cm. As sementes postas para germinar com

o hilo voltado para cima expressaram o maior comprimento de raiz (7,87cm) na

profundidade de 1,0 cm, enquanto na posição com o hilo para o lado o máximo

comprimento radicular (7,42) foi observado na profundidade de 1,5 cm. O comprimento

radicular sofreu redução linear à medida que houve aumento na profundidade independente

da posição de semeadura testada.

Figura 10: Comprimento radicular (A) e de parte aérea (CPA) (B) de plântulas de C.

madagascariensis em função de posições e profundidades de semeadura.

Sendo: HB = hilo para baixo; HC = hilo para cima; HL = hilo para o lado.

O maior comprimento de parte aérea de plântulas foi obtido com sementes na

profundidade de 2,5 cm, sendo estes comprimentos de 6,44, 6,39 e 6,37 cm para sementes

posicionadas com o hilo para baixo, para cima e para o lado, respectivamente. Enquanto o

hilo posicionado para cima proporcionou maior média (5,89 cm), o hilo para baixo foi

responsável pela menor média (5,77 cm) de comprimento de parte aérea.

Diferente dos dados obtidos para comprimento radicular, o aumento do

comprimento da parte aérea das plântulas foi proporcional ao aumento na profundidade de

B A

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semeadura. Isto pode ter ocorrido porque a ausência de luz nas maiores profundidades,

acima de 2,0 cm, fez com que as plântulas sofressem maior alongamento da parte aérea em

busca da luminosidade.

Estes resultados diferem daquele obtido por Cardoso et al. (2008) onde observaram

maior comprimento da raiz primária (20,25cm) em plântulas de Erythrina velutina,

originadas de sementes com o hilo para o lado. As diferentes posições de semeadura

(semente com ápice para cima, deitada e ápice para baixo) não influenciaram o

comprimento da raiz primária de plântulas de Moringa oleifera Lam. (SOUSA et al.,

2007). Silva et al. (2007), verificaram que plântulas mais vigorosas de Oenocarpus minor

Mart. foram obtidas quando oriundas de sementes em profundidades menores que 2 cm.

Plântulas de Pinus taeda L. oriundas de sementes nas profundidades de 3 e 5 cm, também

se apresentaram mais debilitadas, com menor capacidade de sobrevivência (BRUM et al.,

1999).

Quanto ao peso de massa seca radicular verificou-se que plântulas oriundas de

sementes com o hilo para cima apresentaram maior conteúdo (0,25 g) na profundidade de

1,0 cm. O menor valor médio (0,13 g) foi obtido de plântulas oriundas de sementes

posicionadas com o hilo para o lado (Figura 11A).

Na Figura 11B, observa-se que o maior valor (0,86 g) de massa seca de parte aérea

foi obtido na profundidade de 1,0 cm e o menor (0,29 g) quando a semente foi posta aos

3,0 cm.

Figura 11: Massa seca radicular (A) em função de posições e profundidades de semeadura

e; comprimento de parte aérea (B) de plântulas de C. madagascariensis.

Sendo: HB = hilo para baixo; HC = hilo para cima; HL = hilo para o lado.

A B

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25

Embora tenha ocorrido aumento do comprimento de parte aérea com o aumento de

profundidade, isto não se refletiu no teor de massa seca da mesma, provavelmente porque á

medida que a profundidade aumenta, as plântulas tendem a apresentar menor diâmetro da

parte aérea utilizando suas reservas apenas para o crescimento vertical.

Semelhante a este estudo, Fanti; Perez (1995) observaram diminuição significativa

do peso da massa seca de Adenanthera pavonina L., com o aumento da profundidade de

semeadura. Para Citrus limonia (L.) Osbeck, as posições de semeadura não influenciaram a

massa seca de raízes e de parte aérea, uma vez que não houve diferença significativa entre

os tratamentos utilizados (ROBLES et al., 2000).

Mediante os resultados apresentados, supõe-se que a capacidade das sementes de C.

madagascariensis germinarem em menores profundidades seja um dos fatores que a

favorece em áreas com predominância de Vertissolo, o qual se caracteriza por ser bastante

compactado, propiciando condições para que os propágulos se concentrem nas camadas

mais superiores facilitando, portanto a germinação e emergência da invasora.

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6. CONCLUSÕES

Frutos e sementes de Cryptostegia madagascariensis apresentam pouca variação

quanto as suas características biométricas de comprimento, largura e espessura.

A espécie C. madagascariensis apresenta sementes muito leves, o que possibilita

que as mesmas sejam dispersas pelo vento a longas distâncias principalmente em áreas

abertas, resultantes da ação antrópica;

A elevada produção de sementes por fruto e, por conseguinte, de sementes por

indivíduo, associado à ausência de inimigos naturais, constitui uma estratégia reprodutiva

que aumenta o número de propágulos viáveis e potencializa o caráter invasor da referida

espécie;

A emergência de plântulas de C. madagascariensis não sofre influência da posição

de semeadura, logo todas as sementes que atingem o solo estão aptas a germinar

originando plântulas normais;

A emergência e o desenvolvimento inicial de plântulas de C. madagascariensis

foram reduzidos pelo aumento da profundidade, mas não foram inibidos, indicando

agressividade da espécie, ou que suas sementes ficam armazenadas no solo.

Por fim, os resultados obtidos nesse estudo, para as características biométricas de

frutos, emergência e vigor de sementes de C. madagascariensis, a caracterizam como uma

espécie exótica invasora, o que constitui de fato, uma grave ameaça à biodiversidade da

Caatinga, tornando-se necessário e urgente à implantação de políticas públicas voltadas

para o controle da referida espécie.

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