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CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE INSTITUTO DE NUTRIÇÃO JOSUÉ DE CASTRO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO JACQUELINE DE SOUSA MACHADO CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL NUTRICIONAL E FUNCIONAL DE IDOSOS COM DOENÇA DE ALZHEIMER. Rio de Janeiro Junho, 2008

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CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

INSTITUTO DE NUTRIÇÃO JOSUÉ DE CASTRO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO

JACQUELINE DE SOUSA MACHADO

CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL NUTRICIONAL E

FUNCIONAL DE IDOSOS COM DOENÇA DE

ALZHEIMER.

Rio de Janeiro

Junho, 2008

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JACQUELINE DE SOUSA MACHADO

CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL NUTRICIONAL E FUNCIONAL DE

IDOSOS COM DOENÇA DE ALZHEIMER.

Rio de Janeiro Junho, 2008

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Nutrição, Instituto de Nutrição Josué de Castro, da Universidade

Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à

obtenção do título de Mestre em Nutrição.

Orientadores: – Profª. Drª. Eliane de Abreu Soares

Profª. Ms. Andrea Abdala Frank –

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Machado, Jacqueline de Sousa.

Caracterização do perfil nutricional e funcional de idosos com Doença de Alzheimer.

Jacqueline de Sousa Machado – Rio de Janeiro: UFRJ/ INJC, 2008.

Número de páginas: 84.

Orientadores: Eliane de Abreu Soares e Andrea Abdala Frank

Dissertação (mestrado) – UFRJ/ INJC/ Programa de Pós-graduação em

Nutrição, 2006.

Referências Bibliográficas: f.

1. Idosos. 2. Doença de Alzheimer. 3. Estado Nutricional. 4. Qualidade de Vida. I.

Soares, Eliane de Abreu; Frank, Andrea Abdala. II. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Instituto de Nutrição Josué de Castro, Programa de Pós-Graduação em Nutrição.

III. Título.

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CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL NUTRICIONAL E FUNCIONAL DE

IDOSOS COM DOENÇA DE ALZHEIMER.

JACQUELINE DE SOUSA MACHADO

Eliane de Abreu Soares

Andrea Abdala Frank

Rio de Janeiro, 16 de Junho de 2008. Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Nutrição, Instituto de Nutrição Josué de Castro, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Nutrição.

Aprovada por:

Presidente, Profª Drª Eliane de Abreu Soares (UFRJ e UERJ)

Profª Drª Célia Pereira Caldas (UERJ) _________________________________________________________________________ Prof ° Dr° Jérson Laks (UFRJ e UERJ) _________________________________________________________________________ Profª Drª Avany Fernandes Pereira (UFRJ)

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“Diante de coisa tão doída, conservemo-nos serenos. Cada minuto de vida nunca é mais, é sempre menos. Ser é apenas uma face do não ser, e não do ser. Desde o instante em que se nasce já se começa a morrer.”

Cassiano Ricardo

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Dedico este trabalho primeiramente a Deus,

aos meus pais Sidney e Fátima, ao meu marido

Carlos, a minha filha que ainda não nasceu

mas está comigo nesta reta final e aos meus

irmãos, pois, sem eles, nada na minha vida

seria possível. Dedico também as minhas

amigas Cristiane, Deila e Mônica pelo

incentivo e força nas horas mais difíceis.

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AGRADECIMENTOS

• À minha querida co-orientadora Andrea Abdala Frank pelo incentivo desde a graduação,

orientação, colaboração e apoio na realização deste trabalho a qual espero contar ao longo do

caminho. Foi um privilégio tê-la como co-orientadora.

• À minha orientadora Eliane de Abreu Soares pelos ensinamentos desde a graduação até a

realização deste trabalho.

• À professora Mônica Magnanni pela sua ajuda nas análises estatísticas.

• Ao professor Jerson Laks por sua receptividade, confiança e ensinamentos ao longo do curso.

• À minha querida amiga Carmen pela sua ajuda ao longo de toda a coleta de dados.

• Aos idosos participantes e a todos que trabalham no CDA-IPUB que, pacientemente,

permitiram a invasão do seu cotidiano.

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RESUMO

A Doença de Alzheimer (DA) é a causa mais freqüente de demência ocorrida em

população com idade superior a 65 anos respondendo por cerca de 50% dos casos. Este estudo

objetivou caracterizar o perfil nutricional e funcional de idosos com Doença de Alzheimer

apresentando grau de demência leve a moderado de uma amostra ambulatorial. Foi realizada

avaliação sócio-demográfica através de questionário; antropométrica a partir da mensuração do

peso corporal, estatura, circunferência do braço e circunferência da panturrilha; funcional, pelos

questionários de Atividades de Vida Diária (AVD’s) e Atividades Instrumentais de Vida Diária

(AIVD’s); dietética, com a coleta da história alimentar e questionário de freqüência de consumo

de alimentos e bioquímica com coleta de lipidograma, hemograma, glicemia e albumina.

Verificou-se que a maioria dos idosos estavam classificados no estágio leve da doença (segundo

avaliação psiquiátrica), eram do sexo feminino, residiam na zona sul do Rio de Janeiro e

encontravam-se eutróficos. A avaliação funcional mostrou que a maioria estava independente

para realização das AVD’s, porém dependente para as AIVD’s. O consumo alimentar desses

idosos foi considerada hiperprotéica, com ingestão adequada de carboidrato, lipídeos, ferro e

vitamina C, sendo este último somente para o sexo feminino. Já para o cálcio, vitamina A e zinco

houve ingestão insuficiente para os dois estágios da doença. A freqüência de consumo alimentar

mostrou que os idosos possuíam hábitos alimentares saudáveis em sua grande maioria. Houve

tendência à diminuição do peso corporal, índice de massa corporal, circunferência do braço e

circunferência da panturrilha conforme se agrava a doença. O atendimento multidisciplinar junto

com o envolvimento do cuidador e/ou familiares é uma forma de contribuir para a melhora dos

sintomas e qualidade de vida desses idosos com DA.

Palavras-chave: idosos, doença de alzheimer, estado nutricional.

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ABSTRACT

The Alzheimer's Disease (AD) is the most frequent cause of dementia occurred in people

aged over 65 years accounting for around 50% of cases. This study aimed to characterize the

nutritional and functional of elderly people with Alzheimer's disease presenting degree of mild to

moderate dementia of a sample outpatient. It was conducted by socio-demographic questionnaire,

anthropometric from the collection of body weight, height, arm circumference and calf

circumference; functional, through questionnaires, Activities of Daily Living (ADL’s) and

Instrumental Activities of Daily Living (IADL’s); dietetic, with the collection of food history

questionnaire, and frequency of consumption of foods and biochemistry evaluations with

collection of lipid profile, blood, blood glucose and albumin. It was found that most of the elderly

were classified in mild stage of the disease (Second psychiatric evaluation), were female, resided

in the south zone of Rio de Janeiro and had been eutrophic. A functional assessment showed that

the majority was for carrying out independent ADL’s, but dependent for the IADL’s. The food

consumption was considered high in proteins, adequate of carbohydrates, lipids, iron and vitamin

C, the latter being only for women. For calcium, vitamin A and zinc intake were insuficient for

the two stages of the disease. The food frequency questionnaire showed that the elderly had

healthy eating habits in their great majority. There was a tendency to decrease in body weight,

body mass index, arm and calf circunferences as exacerbating the disease. The multidisciplinary

care with the involvement of the caregiver and / or family is a way to contribute to the

improvement of symptoms and quality of life of these elderly with AD.

Keywords: Elderly, alzheimer's disease, nutritional status.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AIVD’s - Atividades Instrumentais de Vida Diária

AJ - altura do joelho

Apo-E - Apolipoproteína E

AVD’s - Atividades de Vida Diária

CB - circunferência do braço

CDA-IPUB - Centro de doenças de Alzheimer e outras desordens mentais na velhice do Instituto

de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro

CDR - Clinical Dementia Rating

CP - circunferência de panturrilha

DA – Doença de Alzheimer

DSM IV- Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders

FNB – Food and Nutrition Board

IMC - Índice de Massa Corporal

MEEM - Mini-exame do estado mental

NINCDS-ADRDA - National Institute of Neurological Comunicative Disorders and Stroke –

Alzheimer’s Disease and Related Disorders

OMS - Organização Mundial de Saúde

PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio

SIH - Sistema de Informações Hospitalares

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LISTA DE FIGURAS E TABELAS CAPÍTULO PÁGINA

MANUSCRITO 1

Tabela 1: Comparação das atividades de vida diária dos idosos segundo

estágios da doença .......................................................................................... 39

Tabela 2: Comparação dos parâmetros antropométricos dos idosos segundo

os estágios da doença.......................................................................................

40

Tabela 3: Comparação entre os parâmetros bioquímicos dos idosos segundo

os estágios da doença......................................................................................

41

Figura 1: Consumo médio de macronutrientes dos idosos, categorizados

segundo o estágio da doença ...........................................................................

42

Tabela 4: Consumo médio de micronutrientes dos idosos, categorizados

segundo os estágios da doença ....................................................................... 43

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SUMÁRIO CAPÍTULOS PÁGINA

APRESENTAÇÃO ......................................................................................... 1

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 3

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................... 5

2.1 – Aspectos demográficos e sociais ................................................ 5

2.2 – Doença de Alzheimer ................................................................ 7

2.2.1 - O cuidador ........................................................................... 13

2.2.2 – Tratamento .......................................................................... 14

2.3 – Aspectos antropométricos .......................................................... 18

2.4– Aspectos bioquímicos ................................................................. 20

2.5 – Aspectos dietéticos .................................................................... 22

3. OBJETIVOS ............................................................................................... 24

3.1 Objetivo Geral ............................................................................... 24

3.2 Objetivos Específicos ................................................................... 24

4. MÉTODOS ................................................................................................ 25

4.1 Questões Éticas.............................................................................. 25

4.2 Tipo de Estudo............................................................................... 25

4.3 Sujeitos da Pesquisa e tamanho da amostra

.............................................................................................................. 25

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4.4 Coleta de Dados............................................................................. 26

4.4.1. Avaliação quanto aos dados pessoais e o grau de demência

dos idosos ............................................................................................ 26

4.4.2. Avaliação funcional .............................................................. 26

4.4.3 Avaliação antropométrica....................................................... 27

4.4.4. Avaliação dietética ................................................................ 28

4.4.4.1 História alimentar ............................................................ 28

4.4.4.2 Questionário de Freqüência de Consumo de alimentos .. 29

4.4.5 Avaliação bioquímica ............................................................ 29

4.5 Análise estatística .......................................................................... 29

5. RESULTADOS (MANUSCRITO).......................................................... 30

MANUSCRITO 1 – Comparação do estado nutricional e funcional entre

idosos com Doença de Alzheimer de grau leve e moderado.......................... 31

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................... 50

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................ 51

8. ANEXOS................................................................................................ 60

Anexo 1 – Parecer consubstanciado do comitê de ética em pesquisa . 60

Anexo 2 – Termo de Consentimento livre e esclarecido .................... 61

Anexo 3 – Questionário de dados pessoais ......................................... 62

Anexo 4 – Índice de dependência em atividades de vida diária 63

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Anexo 5 – Índice de dependência em atividades instrumentais de

vida diária............................................................................................ 64

Anexo 6 – Avaliação antropométrica .................................................. 66

Anexo 7 – Diário alimentar (história alimentar).................................. 67

Anexo 8 – Questionário de freqüência de consumo alimentar ............ 68

Anexo 9 – Avaliação Bioquímica ....................................................... 70

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APRESENTAÇÃO

O envelhecimento populacional é um fenômeno global. Estima-se que, considerando a

população mundial, o número de pessoas com 60 anos ou mais crescerá muito nos próximos 50

anos, aumentando de 606 milhões em 2000 para quase dois bilhões em 2050 (Scazufca et al,

2002).

A Doença de Alzheimer é uma das formas mais comuns de demência entre os idosos. Ela

se caracteriza por transtorno degenerativo progressivo e sua evolução compromete não apenas o

idoso, mas também sua família e a comunidade em que ele vive (Cummings & Cole, 2002).

No Brasil, existem cerca de 15 milhões de pessoas com mais de 60 anos de idade, sendo

que cerca de seis por cento delas sofrem de Doença de Alzheimer (Ministério da Saúde, 2008).

Segundo o Sistema de Informações Hospitalares (SIH), do Ministério da Saúde, de janeiro

a setembro de 2004, 797 pessoas foram internadas em unidades hospitalares do SUS em

decorrência da Doença de Alzheimer. As internações exigiram gastos de mais de R$ 1 milhão.

Em 2003, houve 809 internações em conseqüência da Doença de Alzheimer, com gastos de R$

1,09 milhão. Esses dados são subestimados, pois muitos desses idosos são internados por outras

causas e assim o diagnóstico de demência não aparece nos registros (Ministério da Saúde, 2008).

Neste propósito, por conta da escassez de dados referentes à nutrição nos quadros de

demência em idosos no Brasil, vislumbrou-se a importância do tema para o tratamento e melhora

da qualidade de vida desses indivíduos.

O presente estudo pretende contribuir com o conhecimento da situação atual de idosos

com Doença de Alzheimer freqüentadores de um Centro Dia na cidade do Rio de Janeiro,

fornecendo subsídios para futuros programas de intervenção nesta população.

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A presente pesquisa intitulada “Caracterização do perfil nutricional e funcional de

idosos com Doença de Alzheimer”, foi desenvolvida pela necessidade de se conhecer o perfil

antropométrico, sócio-demográfico e de saúde e o consumo alimentar entre idosos com demência

leve ou moderada.

Esta dissertação de mestrado é apresentada no formato de manuscrito. É formada pelos

capítulos introdução, revisão de literatura sobre a doença e sua relação com a nutrição, objetivos,

métodos, um manuscrito, referências bibliográficas e anexos, nos quais são apresentadas

informações complementares e indispensáveis para a compreensão do estudo.

O Manuscrito I, COMPARAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E FUNCIONAL

ENTRE IDOSOS COM DOENÇA DE ALZHEIMER DE GRAU LEVE E MODERADA,

foi formatado para ser encaminhado para a Revista Alzheimer Disease & Associated Disorders.

Os resultados parciais desta pesquisa, dois resumos (“Caracterização do perfil

antropométrico e funcional de idosos com Doença de Alzheimer” e “Aspectos nutricionais de

idosos com Doença de Alzheimer leve a moderada freqüentadores de um centro dia”), foram

apresentados no GeriatRio IV Congresso de Geriatria e Gerontologia do Rio de Janeiro Encontro

Brasil – Canadá – realizado em Búzios de 05 a 07 de Outubro de 2006 e no 9° Congresso

Nacional da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição realizado em São Paulo de 24 a 27

de outubro de 2007, respectivamente. Além disso, foi submetido para apreciação na Revista da

Associação Médica Brasileira o manuscrito intitulado “Estado Nutricional da Doença de

Alzheimer: descrição de uma amostra ambulatorial” e foi publicado o artigo de revisão intitulado

“Fatores dietéticos relacionados à Doença de Alzheimer” na Revista Brasileira de Nutrição

Clínica 2006;21(3):252-7.

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1. INTRODUÇÃO

Ao lado das doenças cardiovasculares as demências são as doenças mais prevalentes

acima de 65 anos e para as quais existe pouca informação epidemiológica. A demência é

caracterizada pela presença do declínio da função cognitiva, incluindo a perda de memória,

prejuízo da atenção, distúrbios da linguagem e interferência na rotina ocupacional ou social

(Pelzer, 2002; Scazufca et al, 2002).

A Doença de Alzheimer (DA) é a causa mais freqüente de demência ocorrida em

população com idade superior a 65 anos respondendo por cerca de 50% dos casos, constituindo

assim um dos maiores problemas de saúde no mundo atual (Charchat et al, 2001; Guerreiro &

Caldas, 2001; Frank & Soares, 2002).

No Brasil, não há estatísticas que indiquem precisamente o número de pessoas

acometidas, mas estima-se que sua incidência seja de 7,7 casos/ mil habitantes, por ano (Nitrini et

al, 2004). Segundo Herrera Jr. et al (2002) a prevalência da DA tende a aumentar após 65 anos e

dobrar a cada cinco anos subseqüentes.

A nutrição é um aspecto importante neste contexto pela modulação das mudanças

fisiológicas relacionadas com a idade e na prevenção do desenvolvimento de doenças crônicas

não-transmissíveis. Em idosos, no entanto, torna-se mais complexa a análise do estado nutricional

em virtude da maior heterogeneidade entre os indivíduos deste grupo e do fato de seu valor

preditivo estar atrelado a um conjunto de fatores não apenas relacionado às mudanças biológicas

da idade, doenças e mudanças seculares, como também ao estilo de vida (fumo, dieta, atividade

física) e aos fatores socioeconômicos (Tavares & Anjos, 1999).

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A DA encontra-se frequentemente associada com transtornos nutricionais sendo que a

inadequação do estado nutricional pode afetar a condição geral e o bem estar do paciente e

influenciar na evolução da doença. Nestes pacientes, a deterioração do estado nutricional se

apresenta por características próprias, como por exemplo pela presença de lesões subcorticais

hipotalâmicas que podem afetar os centros reguladores do apetite e os processos metabólicos que

regulam o peso e a composição corporal. Por outro lado, a apraxia e a agnosia podem alterar a

ingestão dietética diária em pacientes que necessitam de auxilio para se alimentar. Em alguns

momentos pode haver também períodos de hiperfagia, disfagia, anorexia, prejuízo da mastigação

e deglutição (Munoz et al, 2006).

Este estudo tem como objetivo traçar o perfil nutricional e funcional dos idosos com

Doença de Alzheimer freqüentadores do Centro de doenças de Alzheimer e outras desordens

mentais na velhice do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (CDA-

IPUB-RJ).

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 – ASPECTOS DEMOGRÁFICOS E SOCIAIS

O envelhecimento populacional é um fenômeno global. Estima-se que, considerando a

população mundial, o número de pessoas com 60 anos ou mais irá crescer mais de 300% nos

próximos 50 anos, aumentando de 606 milhões em 2000 para quase dois bilhões em 2050

(Scazufca et al, 2002). Atualmente cerca de 75% dos idosos vive em países desenvolvidos, porém

este crescimento será maior nos países menos desenvolvidos, onde esta população irá aumentar

mais que 4 vezes, indo de 374 milhões em 2000 para 1,6 bilhões em 2050 (Scazufca et al, 2002;

Sousa, 2003).

O Brasil é um dos países em desenvolvimento onde o envelhecimento da população está

ocorrendo com maior velocidade. Nos últimos 50 anos houve aumento expressivo da população

com 60 anos ou mais. Em 1950 essa população era de aproximadamente 2 milhões, e

correspondia a 4,1% da população total. No ano 2000 esta população aumentou para 13 milhões,

mais que sextuplicando, e passou a corresponder a 7,8% da população total. Nos próximos 50

anos estima-se que a população idosa será de 58 milhões, o que corresponderá a 23,6% da

população total (Scazufca et al, 2002).

Este quadro pode trazer implicações para os sistemas de saúde e para a sociedade que

ainda não estão preparados para lidar com tais situações, pois não há infra-estrutura necessária

que responda às demandas médico-sociais deste grupo, em termos de instalações, programas

específicos e até mesmo de recursos humanos adequados quantitativa e qualitativamente (Veras,

1994). O idoso utiliza mais serviços de saúde, as internações hospitalares são mais freqüentes e o

tempo de ocupação do leito é maior do que o de outras faixas etárias (Pelzer, 2002). A família,

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xx

que predomina como alternativa no suporte informal aos idosos, geralmente apresenta

necessidades que vão desde os aspectos materiais até os emocionais, passando pela necessidade

de informações. Além disso, o fato de um membro da família desencadear um processo de

dependência altera toda a dinâmica familiar (Caldas, 2003).

Cerca de 25% dos gastos da assistência hospitalar do Ministério da Saúde são atribuídos

por pacientes com 60 anos ou mais de idade. Ainda assim, a assistência à saúde dos idosos é

reconhecidamente deficiente (Linhares, 2003).

Nos países desenvolvidos, as necessidades relacionadas a saúde dos idosos já dominam os

orçamentos públicos. Na falta de estratégias e políticas claras, os idosos irão absorver cada vez

mais recursos destinados à saúde nos países em desenvolvimento (Scazufca et al, 2002).

As projeções mais conservadoras de despesa/ano em 2030, para os Estados Unidos da

América, somente com o cuidado direto desses pacientes, atingem cifras alarmantes de cerca de

30 bilhões de dólares. Assim, nesse país, a DA custará, sozinha, o equivalente ao custo atual de

todos os cuidados de saúde somados. Isso sem considerar os não menos importantes custos

indiretos relacionados com a doença, tais como o tempo despendido por cuidadores, a perda de

produtividade dos cuidadores e o impacto negativo na saúde do cuidador, desenvolvidos durante

o processo de assistência prestada (Machado, 2002).

Os distúrbios demenciais são as principais causas de incapacidade e dependência na

velhice, havendo fortes indícios de que a demência atualmente se situe entre as doenças que

levam com maior freqüência ao óbito (Guerreiro & Caldas, 2001).

As demências são as doenças mais prevalentes acima de 65 anos e para as quais existem

poucos estudos epidemiológicos (Pelzer, 2002). Cerca de 15% da população com idade superior a

65 anos apresentam algum tipo de demência, sendo que 50% deriva-se da DA. Entre os idosos

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com idade superior a 85 anos, a prevalência varia de 25% a 47%, conforme os estudos (Guerreiro

& Caldas, 2001).

Nos Estados Unidos da América, a DA é a quarta causa de óbito na faixa etária

compreendida entre 75 e 84 anos de idade, e a terceira maior causa isolada de incapacidade e

mortalidade. No Brasil, apesar das grandes lacunas estatísticas, estima-se que cerca de 500 mil

pessoas sejam acometidas pela doença (Machado, 2002).

2.2 – DOENÇA DE ALZHEIMER

Dentre os transtornos cognitivos o mais comum é a demência que se caracteriza por uma

síndrome que se manifesta pela diminuição global das funções cognitivas, embora não

necessariamente de modo uniforme, associada a um estado preservado de consciência,

caracterizando-se pela disfunção adquirida persistente em vários domínios da função intelectual,

incluindo a memória, a linguagem, a capacidade visual, espacial e a cognição (abstração,

matemática, julgamento e solução de problemas). Os distúrbios de humor e as alterações de

personalidade e de comportamento freqüentemente acompanham a deterioração intelectual e são

resultantes de ampla variedade de condições, incluindo distúrbios degenerativos, vasculares,

inflamatórios, tóxicos, metabólicos e psiquiátricos (Frank & Soares, 2002).

Alguns fatores como abuso de álcool, toxicidade por drogas, depressão, hipertensão

arterial sistêmica, hipotireoidismo, deficiência de ácido fólico e vitamina B12 são reconhecidos

como promotores de demência reversíveis ou potencialmente reversíveis. Isto é, quando

identificados e tratados precocemente possibilitam a restauração total ou parcial da capacidade

cognitiva (Guerreiro & Caldas, 2001). Embora sejam relativamente raras, com prevalência de 10

a 20% dos casos de demência, a sua identificação é importante devido ao potencial de reversão

(Machado, 2002).

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xxii

A DA inicialmente foi denominada como desordem pré-senil de evolução rápida, com

presença abundante de placas senis e emaranhados neurofibrilares, com o passar do tempo, o

conceito foi se estendendo. Na década de 70, foi confirmado que as formas pré-senil e senil da

demência apresentavam o mesmo substrato neuropatológico, a partir de então, ambas foram

incluídas no conceito de DA (Machado, 2002).

A partir da década de 70, a DA transformou-se em uma das doenças mais freqüentes e que

mais preocupações têm despertado tanto na população quanto na comunidade cientifica (Pelzer,

2002). Isto se deve pela ampliação do seu conceito neste período e pelo significativo

envelhecimento da população mundial, particularmente na faixa etária acima dos 80 anos (Pelzer,

2002; Guerreiro & Caldas, 2001).

O transtorno da memória afeta os processos de aprendizado e evocação. Ocorre

diminuição na aquisição de novas informações, com piora progressiva até que não haja mais

nenhum aprendizado novo. Embora haja certa preservação da memória remota, em estágios

iniciais, a perda de memória é global na evolução da DA. O indivíduo torna-se progressivamente

incapaz de desempenhar atividades da vida diária (Forlenza, 2005). Usualmente a doença é de

natureza crônica e de caráter irreversível, que tem progressão variada: de dois a 20 anos. Na

maioria dos casos, tem duração de oito a 10 anos. Sua evolução acontece diferentemente em cada

individuo. De um modo geral, ela se apresenta por estágios, que são classificados de acordo com

o quadro clínico do paciente e correspondem à própria evolução da doença (Frank & Soares,

2002).

Na década de 1960, com o advento da microscopia eletrônica, foi possível descrever as

duas principais lesões cerebrais encontradas nos pacientes com DA: (1) placas neuríticas (ou

senis), que contêm depósitos extracelulares de proteína β-amilóide e (2) emaranhado neurofibrilar

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localizado normalmente no citoplasma perinuclear e formado de proteínas tau hiperfosforiladas.

Essas lesões clássicas podem ocorrer de maneira independente e, não há um consenso se as

mesmas seriam causas ou conseqüências do desenvolvimento da DA (Fridman et al, 2004).

As evidências científicas sugerem etiologia multifatorial para a DA, porém, os fatores de

risco comprovados por estudos epidemiológicos são: idade, história familiar e síndrome de Down

(Machado, 2002).

A idade é indiscutivelmente o fator de risco mais importante para o desenvolvimento de

demências, em geral, e da DA, em particular, podendo ser constatado pelo aumento progressivo

das demências a partir dos 60 anos de idade.

Em algumas famílias a doença é herdada e, pode ser decorrente de alterações nos

cromossomos 21, 14 e 19, transmitidas de forma autossômica dominante, sendo que essa forma

corresponde a 5% do total de casos. Dentre os cromossomos citados anteriormente, destaca-se o

cromossomo 19 que codifica a apolipoproteína E (Apo-E), sendo uma proteína plasmática

envolvida no transporte de colesterol e, provavelmente, no reparo neuronal (Machado, 2002).

Com relação à síndrome de Down, foi demonstrado que a maioria dos pacientes com esta

síndrome quando atingem a idade de 40 anos apresentam as alterações neuropatológicas típicas

da DA, possivelmente por apresentarem uma cópia extra do gene da proteína precursora de

amilóide, codificada no cromossomo 21 (Machado, 2002).

Dentre os fatores preponderantes na etiopatogenia da DA estão à toxicidade a agentes

infecciosos, ao alumínio, a radicais livres de oxigênio, a aminoácidos neurotóxicos, a ocorrência

de danos em microtúbulos e proteínas associadas e ao fator genético. É interessante salientar que

alguns agentes etiológicos podem ainda atuar por dano direto no material genético, levando a

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mutação somática nos tecidos. Cerca de um terço dos casos de DA apresentam familiaridade

(Smith, 1999).

Uma metanálise de estudos de caso-controle realizada por Van Duijin et al. em 1991

revelou que o risco de desenvolver a DA é 3,5 vezes maior em indivíduos que têm pelo menos

um parente em primeiro grau com demência. A história familiar está associada a maior risco para

o início precoce. O risco de um parente de primeiro grau desenvolver a DA dependerá da

longevidade. Um estudo norte-americano estimou que o risco seria de 5% aos 70 anos de idade e

de 33% aos 90 anos de idade (Machado, 2002).

A trajetória da DA é representada por declínio com perdas ocasionais de estabilidade,

levando inevitavelmente a profunda deterioração cognitiva e finalmente ao óbito. Por ser doença

progressiva, envolve uma série de perdas nas quais os membros da família sofrem a cada marco

da evolução (Pelzer, 2002).

Em um número variável de casos, indivíduos com demência podem também se apresentar,

no início da doença com perda de concentração, desatenção, depressão ou mesmo agitação e

hiperatividade. Há desorientação progressiva com respeito ao tempo e ao espaço (Machado,

2002).

A primeira fase costuma caracterizar-se por problemas moderados de memória, tais como

o esquecimento de nomes e de números de telefone, mas dada à natureza sutil destes problemas,

pode não ser imediatamente detectável, tendendo a durar de dois a quatro anos. O idoso e os

familiares tentam subestimar a importância do problema, talvez devido à crença de que o

esquecimento é uma conseqüência natural do envelhecimento (Oliveira et al, 2005).

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Na segunda fase, intermediária, que dura de três a cinco anos, há o agravamento dos

sintomas iniciais e aparecimento de novas dificuldades. Nesta fase surgem dificuldades de

expressão e perda da capacidade de executar movimentos simples como levantar-se, andar ou

sentar-se. O nível de dependência do idoso para realizar suas atividades de vida diária começa a

aumentar (Oliveira et al, 2005). Há o aparecimento de sintomas focais, que incluem afasia,

apraxia, agnosia e alterações visuoespaciais. Os distúrbios de linguagem, inicialmente

caracterizados pela dificuldade de nomeação, progridem, com perda de conteúdo e dificuldade de

compreensão (Machado, 2002).

Na fase final, há um agravamento acentuado do quadro, o idoso não reconhece mais as

pessoas do seu convívio diário e, às vezes, não reconhece a si próprio. A dificuldade em

deambular aumenta e o idoso acaba por ficar restrito ao leito, chegando à fase terminal, na qual

geralmente não há comunicação e o processo de alimentação fica debilitado, sendo necessário em

alguns casos à alimentação via sonda nasogástrica ou gastrostomia (Oliveira et al, 2005). Esta

fase pode durar de 8 a 12 anos. Devido à perda total da capacidade para realizar atividades de

vida diária, os pacientes tornam-se totalmente dependentes e passam a comunicar-se por sons

incompreensíveis até alcançar o mutismo (Machado, 2002).

O diagnóstico definitivo da doença só é possível mediante exame anátomo-patológico.

Desta forma, a definição de critérios clínicos para o seu diagnóstico provável torna-se

fundamental (Charchat, 2001).

As dificuldades para o diagnóstico persistem particularmente na fase inicial do processo,

quando, não raro, o paciente está alheio aos déficits cognitivos ou tenta minimizá-los e disfarçá-

los para não serem notados (Machado, 2002).

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Alguns marcadores genéticos, como a Apo-E, além das técnicas da neuroimagem, como a

tomografia computadorizada, a ressonância magnética e a tomografia por emissão de pósitrons,

indicam probabilidade com razoável grau de acerto, que quando associados ao exame clínico e

diagnóstico diferencial, amplificam a chance de acerto. O diagnóstico só deve ser concluído

quando outras formas de demência forem descartadas (Ayoub & Juzwiak, 2004).

Os critérios mais utilizados para diagnóstico da doença são os do NINCDS-ADRDA

(National Institute of Neurological Comunicative Disorders and Stroke – Alzheimer’s Disease

and Related Disorders) (McKhann et al, 1984). Segundo estes critérios, o diagnóstico de

demência deve ser estabelecido por avaliação clínica, documentado por exames de triagem e

confirmado por testes neuropsicológicos. Os pacientes devem apresentar comprometimento

progressivo em duas ou mais funções neuropsicológicas. Estas alterações devem prejudicar

significativamente as atividades da vida diária. Desta forma, encontrar marcadores

neuropsicológicos dos diferentes estágios da doença é importante para estudar a sua evolução

clínica e auxiliar no diagnóstico (Charchat, 2001).

A perda de peso corporal e a caquexia são freqüentes achados clínicos em idosos com

DA, e acontecem principalmente nos primeiros estágios da doença, mesmo quando o paciente

apresenta ingestão energética adequada. A perda ponderal é considerada como um dos sintomas

para a definição do diagnóstico (Gillette-Guyonnet et al, 2000).

As principais hipóteses para explicar a perda de peso quando a ingestão energética é

adequada são: atrofia do córtex temporal mesial (CTM), que está relacionada com o

comportamento alimentar e necessidade energética aumentada, sendo que esta hipótese ainda não

foi comprovada. Declínio nos peptídeos orexígenos, tais como o neuropeptídeo Y (NPY) e

norepinefrina, foi observado em pacientes com DA e pode estar relacionado com a anorexia,

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afetando diretamente o balanço energético devido ao seu efeito sobre a ingestão alimentar, gasto

energético e peso corporal (Gillette-Guyonnet et al, 2000).

2.2.1 - O CUIDADOR

Existem quatro fatores, geralmente presentes, na designação do cuidador: parentesco

(cônjuge), gênero (principalmente feminino), proximidade física e proximidade afetiva (conjugal,

pais e filhos). Salvo por razões culturais muito específicas, a mulher é considerada a cuidadora

tradicional (Karsch, 2003).

O cuidador pode ser classificado em principal ou secundário. O cuidador principal é

aquele que tem o total ou a maior responsabilidade pelos cuidados prestados ao idoso dependente,

no domicílio. O secundário seria a família, voluntários ou profissionais, que prestam atividades

complementares. Utiliza-se a denominação de cuidador formal (principal ou secundário) para o

profissional contratado, e de cuidador informal para, habitualmente, familiares, amigos e

voluntários da comunidade (Guerreiro & Caldas, 2001).

O convívio com pacientes demenciados requer das famílias uma alteração bastante

significativa em sua dinâmica cotidiana, pois o cuidar pode constituir-se numa tarefa desgastante,

principalmente se permanecer por um longo período. De maneira geral, em todo o mundo, cuidar

de idosos é uma responsabilidade que pertence à esfera familiar, cumprindo assim, a família, uma

norma social (Lemos et al, 2006).

Em alguns países, o suporte oferecido é quase exclusivamente de responsabilidade estatal,

em outros, são predominantemente as famílias que se responsabilizam pelos encargos (Karsch,

2003).

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Estudos revelam que cerca de 40% dos indivíduos com 65 anos ou mais de idade

precisam de algum tipo de ajuda para realizar pelo menos uma tarefa como fazer compras,

preparar refeições e limpar a casa. Uma parcela menor (10%) requer auxílio para realizar tarefas

básicas, como tomar banho, vestir-se, ir ao banheiro, alimentar-se, sentar e levantar de cadeiras e

camas. Esses dados remetem à preocupação com mais de 6 milhões de pessoas e famílias, e a um

milhão e meio de idosos gravemente fragilizados no Brasil, segundo a Pesquisa Nacional por

Amostra de Domicílio (PNAD) de 2001 (Karsch, 2003).

Pode-se inferir, portanto, que o idoso dependente e a figura do seu cuidador exigem novas

formas de assistência e novos enfoques por parte das políticas públicas de saúde. Além do que, o

próprio envelhecimento da população brasileira está se dando num momento de profunda

desordem econômica, deixando, com certeza, a população de baixa renda mais desamparada e

carente, demandando posturas de apoios compensatórios a essa realidade. Está se configurando

um severo e crítico quadro de exclusão social do idoso, tanto mais grave, quando esse idoso

perde a sua capacidade funcional (Karsch, 2003).

É necessário pensar nos cuidadores e oferecer-lhes informações e treinamento suficientes,

de tal maneira que os mesmos se sintam confiantes nas suas habilidades para prover o padrão de

cuidado que eles gostariam de oferecer (Pelzer, 2002).

2.2.2 - TRATAMENTO

Atualmente, não existem medicamentos capazes de interromper ou modificar o curso da

DA. Embora ainda incurável esta doença é tratável no sentido de amenizar os sintomas. Mesmo

nestas condições muito se pode fazer pelo paciente e por seus familiares. De acordo com as

demandas surgidas nos diferentes estágios da doença, há a necessidade de intervenção

interdisciplinar. A doença tende a afetar todos os membros da família uma vez que ocorrem

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diversas limitações impostas ao idoso. O tratamento eficaz deve abordar o paciente, os familiares

e os cuidadores sendo que, este tende a causar bons resultados (Machado, 2002).

As metas primárias do tratamento são melhorar a qualidade de vida, maximizar o

desempenho funcional dos pacientes e promover o mais alto grau de autonomia factível em cada

um dos estágios da doença. O tratamento inclui abordagens não-farmacológicas e farmacológicas.

Além disso, é fundamental que as intercorrências clínicas relacionadas com outros problemas

médicos agudos ou co-morbidades preexistentes sejam sempre identificadas e tratadas o mais

precocemente possível para que os déficits cognitivos dos pacientes com a DA não sejam mais

agravados (Machado, 2002).

Após o diagnóstico e o estadiamento do déficit cognitivo, os princípios gerais

pressupostos para a abordagem de pacientes com a DA são: a identificação e o tratamento das

condições clínicas passíveis de exacerbar o quadro clínico; a monitorização do tratamento; a

manutenção de um estado nutricional adequado; o esclarecimento aos familiares e ao paciente,

quando possível, acerca dos objetivos e das limitações do tratamento; o planejamento de um

ambiente favorável e livre de conflitos e a sugestão de adaptações ambientais necessárias

(Machado, 2002).

O tratamento farmacológico disponível restringe-se ao tratamento sintomático. A única

classe terapêutica capaz de produzir melhora sintomática da DA é a dos anticolinesterásicos ou

inibidores da acetilcolinesterase. Esta é capaz de propiciar efeitos benéficos nos aspectos

cognitivos, comportamental e funcional, ainda que esses efeitos não sejam mantidos por longo

prazo. O mecanismo de atuação dos anticolinesterásicos consiste em inibir a hidrólise enzimática

da acetilcolina pela acetilcolinesterase e assim promover o aumento da acetilcolina na fenda

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sináptica. Além disso, esta classe de medicamentos está indicada particularmente nas formas leve

e moderada da DA e é a única licenciada para uso em países desenvolvidos (Machado, 2002).

Em contraste com o tratamento sintomático, o tratamento de estabilização visa a modificar

o curso da DA e a propiciar melhora de sintomas, em magnitude suficiente para tornar lenta ou

para interromper sua progressão e, dessa forma, retardar as incapacidades e o óbito. Entre as

novas abordagens propostas de tratamento incluem-se terapias antiamilóide, de acordo com

várias estratégias que visam à redução da produção da proteína β-amilóide.

Após ter sido comprovada a sua capacidade de prevenir o desenvolvimento de alterações

neuropatológicas em estudo experimental, a vacina contra a DA vem sendo testada em pacientes

com a forma leve. Também são propostos tratamentos com a utilização de agonistas

muscarínicos, antioxidantes, drogas antiinflamatórias, terapia de reposição estrogênica,

moduladores da transmissão glutamatérgica, agentes capazes de alterar o processo de fosforilação

da proteína tau, bloqueadores da apoptose, terapia genética e o uso de transplante de precursores

neurais (Machado, 2002).

Com relação aos antioxidantes pesquisas tem investigado a atuação da suplementação do

tocoferol (vitamina E), ácido ascórbico (vitamina C) e carotenos. A vitamina E diminui a

peroxidação lipídica e o estresse oxidativo e suprime a cascata sinalizadora de inflamação. A

vitamina C bloqueia a formação de nitrosaminas pela redução de nitritos, já os carotenos afetam a

peroxidação lipídica. Esses fatores podem evidenciar que a ingestão dietética de antioxidantes

está associada com baixo risco de acidente vascular cerebral, sendo que esta enfermidade

encontra-se associada com alto risco de desenvolvimento de DA (Luchsinger & Mayeux, 2004).

Algumas pesquisas encontraram baixas concentrações sanguíneas de antioxidantes em

idosos com deficiência cognitiva e DA. A interpretação de estudos relacionando esses dois

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fatores é dificultada, pois, os antioxidantes tendem a ser depletados com a idade e com a

progressão da doença. Zandi et al (2004) estudaram 4.000 indivíduos americanos com idade igual

ou superior a 65 anos e os resultados demonstraram associação entre a combinação de

suplementação das vitaminas C e E com o baixo risco de desenvolvimento da DA. Em pesquisa

realizada com 2.889 idosos americanos com idade igual ou superior a 65 anos estudados por 3

anos por Morris et al (2002), verificou-se que a ingestão dietética ou suplementar de vitamina E

estava associada com o baixo risco de declínio cognitivo.

Com relação ao tratamento farmacológico é preciso atentar para o perigo de

superdosagem, devendo administrar doses baixas de medicamentos, aumentando cautelosamente

e nunca deixar de monitorar os efeitos colaterais. Um outro aspecto que merece ser avaliado é a

possibilidade de interação medicamentosa, pois é muito freqüente o uso concomitante de várias

medicações no individuo idoso (Tamai, 2002).

O tratamento não-farmacológico consiste em abordagem multidisciplinar ao paciente, a

família e aos cuidadores. Com relação ao paciente, são utilizadas técnicas de reabilitação

cognitiva como orientação para a realidade, treinamento de memória, terapias ocupacionais,

sociais e de recreação. Embora a eficácia dessas técnicas seja questionada devido à escassez de

estudos científicos que comprovem os seus resultados, o seu uso vem sendo progressivamente

difundido, pois sua utilização promove a otimização das funções cognitivas remanescentes,

minimiza os problemas de comportamento e melhora o funcionamento global, além de

possibilitar a redução do estresse dos cuidadores (Machado, 2002).

O atendimento familiar é muito importante, assim, através de informações, discussões,

reflexões, orientações e aconselhamentos objetiva-se prevenir conflitos e identificar as

necessidades do paciente e de seus familiares e cuidadores. Além disso, há promoção de melhor

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entendimento sobre o significado da doença e de seus efeitos no contexto sócio-familiar e,

conseqüentemente, melhora nas relações familiares (Machado, 2002).

2.3 – AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA

Na avaliação nutricional de idosos, a antropometria é um método a ser explorado,

caracterizando-se por não ser invasivo, ser de fácil execução, de baixo custo operacional, seguro,

e por ter valor preditivo acurado para identificar populações em risco nutricional. (Coelho, 2002;

Acuña & Cruz, 2004).

As alterações antropométricas que ocorrem com a idade podem afetar tanto a precisão

quanto a acurácia dessas medidas, tornando difícil a interpretação de alguns resultados. Tais

alterações ocorrem principalmente no conteúdo de massa magra e gordura corporal, e na

espessura das dobras cutâneas. O platô de ganho de peso para homens e mulheres é

respectivamente, de 65 e 75 anos, diminuindo progressivamente a partir desta faixa etária (OMS,

1995).

A aplicação da antropometria na avaliação nutricional dos idosos apresenta dificuldades

de ordem técnica, como problemas para caminhar até a balança ou mesmo manter o equilíbrio

postural por certo tempo para a boa mensuração das medidas antropométricas (Coelho, 2002).

Por todos esses fatores, recomenda-se precaução no uso e nas interpretações de

estimativas da composição corporal em idosos, devido à possibilidade de erro na interpretação

dos resultados (Coelho, 2002).

A avaliação antropométrica objetiva determinar e controlar o peso e a composição

corporal para detectar mudanças ponderais, especialmente a distribuição da gordura corporal para

avaliar os riscos de certas doenças crônicas e específicos (Coelho, 2002).

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A estatura é uma medida de difícil realização em idosos devido as alterações associadas à

idade. Até os 40 anos de idade mantém-se praticamente inalterada e, a partir daí, há evidências de

redução de cerca de 1 a 2,5cm por década, sendo mais acentuada em idades mais avançadas

(Najas & Pereira, 2002; Coelho, 2002). Essa redução de estatura resulta de diversas modificações

que ocorrem com o envelhecimento, como o achatamento dos corpos vertebrais, redução dos

discos intervertebrais e deformidades como acentuação da cifose dorsal, lordose ou escoliose.

Além disso, participam também o arqueamento dos membros inferiores e o achatamento do arco

plantar, mais acentuado no sexo feminino, como fatores que favorecem a perda da estatura

corporal (Coelho, 2002).

A massa corporal é uma medida aproximada das reservas totais de energia do corpo que

também declina com o avançar da idade, mas de forma diferente entre homens e mulheres. A

redução de água é considerada um importante fator na redução da massa corporal na velhice,

assim como a redução na massa muscular. Mudanças no peso corporal refletem alterações no

equilíbrio entre ingestão e consumo de nutrientes (OMS, 1995; Acuña & Cruz, 2004).

Quando não puder ser medida em balança convencional, a massa corporal pode ser

estimada pelas equações extraídas das medidas de: circunferência de panturrilha (CP), altura do

joelho (AJ), circunferência do braço (CB) e dobra cutânea subescapular. Essas equações estimam

o peso corporal com o limite de confiança de 95% (Coelho, 2002).

O Índice de Massa Corporal (IMC) é proposto para a avaliação do estado nutricional de

idosos, podendo inclusive utilizar as medidas alternativas supracitadas. O comportamento do

IMC pelo avanço da idade é semelhante ao que acontece com o peso corporal, havendo declínio

por volta dos 70 a 75 anos (Coelho, 2002).

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As circunferências constituem-se de massa adiposa, massa muscular e tamanho ósseo. A

circunferência do braço (CB) é muito utilizada e reflete modificações da massa muscular e do

tecido subcutâneo (Coelho, 2002; Acuña & Cruz, 2004).

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a circunferência da panturrilha é

considerada a medida mais sensível para avaliação da massa muscular nos idosos, sendo mais

precisa à circunferência do braço. Esta medida é também indicadora da redução da massa magra

que ocorre com a idade e com o decréscimo na atividade física (OMS, 1995).

A prevalência de desnutrição na população idosa brasileira, em seguimento ambulatorial,

é de cerca de 20%. Entre os idosos hospitalizados esta porcentagem eleva-se para 60%. Estes

dados refletem a importância de se tentar evitar ou mesmo retardar perdas ponderais indesejáveis,

a partir da monitorização do estado nutricional e da utilização de técnicas dietéticas, que

permitam adequar o valor energético com a adaptação da quantidade e da combinação de

nutrientes essenciais para o organismo (Najas & Pereira, 2002).

Um estudo realizado por White et al em 1996, indicou que duas vezes mais pacientes com

DA perdiam valores acima ou iguais a 5% do peso corporal do que os controles. Porém,

surpreendentemente, um maior número de pacientes com DA também ganhavam mais do que

5%, em comparação com o controle. Assim, foi sugerido que a DA pode estar associada com

disfunção na regulação do peso corporal, sendo que o risco de perda de peso tende a aumentar

conforme a gravidade e a progressão da doença, sendo um preditor de mortalidade, enquanto que

o ganho ponderal parece ter efeito protetor (Gillette-Guyonnet et al, 2000).

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2.4 – AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA

As análises bioquímicas são usadas para detectar deficiências subclínicas e para

confirmação diagnóstica, com a vantagem de possibilitar monitoramento das intervenções

nutricionais ao longo do tempo (Acuña & Cruz, 2004).

Os parâmetros hematológicos mais utilizados na avaliação nutricional são hematócrito,

hemoglobina e linfócitos totais. Os valores de hematócrito e hemoglobina são dependentes da

idade e gênero. A proteína sérica mais freqüentemente avaliada na determinação do estado

nutricional é a albumina (Acuña & Cruz, 2004).

A concentração sérica de albumina depende de muitos fatores, como: síntese hepática e

catabolismo aumentado. Apesar da limitação decorrente da meia vida prolongada, interferindo na

detecção de alterações agudas do estado nutricional, e de sofrer alterações diversas, a

concentração sérica de albumina está fortemente relacionada com aumento na morbi-mortalidade

(Acuña & Cruz, 2004).

Outro parâmetro bioquímico muito utilizado é o colesterol sérico. A concentração

aumentada de colesterol, mais precisamente de LDL-colesterol é fator de risco para doença

coronariana. Já a hipocolesterolemia (concentrações inferiores a 150mg/dl) tem sido estudada

como índice prognóstico em desnutrição, com detecção de aumento da mortalidade e tempo de

permanência hospitalar (Acuña & Cruz, 2004).

Embora o mecanismo não esteja totalmente esclarecido, o colesterol parece estar

envolvido tanto na geração como na deposição da proteína beta amilóide. Essa associação

decorre da importância do risco genético para o desenvolvimento da DA, em pacientes com

alterações da Apo-E, sendo este o principal transportador de colesterol no cérebro. Evidências

indicam que concentrações elevadas de colesterol estão relacionadas com o desenvolvimento de

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DA. Um estudo com 444 homens finlandeses de 70 a 89 anos com concentrações séricas elevadas

de colesterol foi associado com risco 2 vezes maior de desenvolvimento de DA (Notkola, 1998).

2.5 – AVALIAÇÃO DIETÉTICA

A elevada prevalência de desvio nutricional na população idosa vem sendo demonstrada

por meio de diferentes pesquisas, em vários países, onde, a desnutrição, o sobrepeso e a

obesidade predominam sobre os indivíduos eutróficos. Esses resultados são decorrentes das

condições peculiares em que os idosos se encontram, seja no ambiente familiar, vivendo sozinho,

ou em instituições geriátricas de longa permanência, agravadas pelas condições socioeconômicas,

pelas alterações fisiológicas inerentes à idade e pela progressiva incapacidade para realizar

sozinho as suas atividades cotidianas. Nesse contexto, os efeitos da alimentação inadequada,

tanto por excesso como por déficit de nutrientes, têm expressiva representação, o que reflete um

quadro latente de má nutrição em maior ou em menor grau (Machado et al, 2006).

A desnutrição predispõe a uma série de complicações graves, incluindo tendência à

infecção, falência respiratória, insuficiência cardíaca, diminuição de proteínas hepáticas com

produção de metabólitos anormais, diminuição de filtração glomerular e da produção de secreção

gástrica (Machado et al, 2006).

Quando se detecta risco de desnutrição ou quando esta já está confirmada, orientações

dietéticas devem ser utilizadas, como por exemplo: aumentar a densidade energética da dieta,

suplementar os nutrientes específicos, adequar o volume e o fracionamento das refeições e, se

houver necessidade utilizar terapia nutricional (Najas & Pereira, 2002).

O número de estudos epidemiológicos que relacionam nutrição com a causa ou prevenção

no desenvolvimento da DA ainda são limitados (Morris, 2004).

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Na última década, cientistas descreveram a relação entre baixas concentrações de folato,

B12 e B6 e conseqüente aumento da homocisteína com o prejuízo da função cognitiva em idosos

(Weir & Molloy, 2000). A razão desta associação não está totalmente esclarecida. A deficiência

de B12, assim como de folato, pode levar à redução na síntese de metionina e S-

adenosilmetionina, afetando adversamente as reações de metilação, essenciais para o

metabolismo de componentes da bainha de mielina das células nervosas e de neurotransmissores

(Voutilaines, 2001). Ainda, a hiperhomocisteinemia pode apresentar efeito deletério nas paredes

arteriais, o que poderia explicar o porquê dos idosos desenvolverem desordens neurológicas

menores, causadas por pequenas lesões cerebrovasculares (Nourhashémi, 2000). Concentrações

séricas baixas de folato e/ou de B12 estão associadas com o dobro do risco de desenvolvimento de

DA conforme observado em 370 pacientes, de ambos os sexos, acompanhados por 3 anos

(Higgins & Flicker, 2000).

Ortega et al (1997) avaliaram a relação entre ingestão dietética e função cognitiva em um

grupo de idosos espanhóis. Evidenciou-se que aqueles indivíduos que apresentaram baixo

consumo de gordura saturada e colesterol, e maior ingestão de fibras alimentares, carboidratos,

tiamina, folato, vitamina C, ferro e zinco, tiveram resultados mais adequados nos testes de função

cognitva do que aqueles que se alimentaram de forma inversa.

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3. OBJETIVOS

3.1 – OBJETIVO GERAL

v Caracterizar o perfil nutricional e funcional de idosos com Doença de Alzheimer

apresentando grau de demência leve a moderado de uma amostra ambulatorial.

3.2 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS

v Avaliar o grau de dependência dos idosos.

v Avaliar parâmetros antropométricos dos idosos.

v Identificar a ingestão energética, de macronutrientes e micronutrientes nas dietas dos

idosos.

v Identificar parâmetros bioquímicos dos idosos.

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4. MÉTODOS

4.1. Questões éticas:

Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética do Instituto de Psiquiatria da

Universidade Federal do Rio de Janeiro sob o número 0001.0.249.000-05 (Anexo 1).

Inicialmente os idosos foram selecionados a partir de consultas aos prontuários

arquivados para posterior marcação de entrevista com o cuidador e o idoso. Após terem recebido

explicação prévia quanto aos objetivos do estudo, em conformidade com os princípios éticos

recomendados pela Resolução 196/96 e suas complementares do Conselho Nacional de Saúde e

com o Código de Ética Médica de 1988 (artigos 122 a 130), os idosos e seus cuidadores

assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (Anexo 2). Em casos que o idoso e/ou seu

responsável estivessem impossibilitados de assinar foi realizada a coleta da digital.

4.2. Tipo de estudo:

Esse trabalho é transversal e do tipo descritivo (Hennekens &Buring, 1987).

4.3. Sujeitos da pesquisa e tamanho da amostra:

O cálculo da amostra foi feito de forma conveniente para estudo seccional. Assim, a partir

de uma prevalência uniforme de 3% de idosos demenciados, baseando-se em uma população

infinita, com erro tolerável de 1 a 6% e um nível de confiança de 95% o número da amostra foi

de 125 pessoas de ambos os sexos. A amostra contou com 125 idosos moradores da cidade do

Rio de Janeiro, sem tratamento nutricional prévio, diagnosticados por Doença de Alzheimer e

classificados segundo o critério NINCDS/ADRDA (McKhann et al, 1984) por psiquiatras do

Centro de doenças de Alzheimer e outras desordens mentais na velhice do Instituto de Psiquiatria

da Universidade Federal do Rio de Janeiro (CDA-IPUB-RJ). Para a classificação da gravidade da

doença foi utilizado Clinical Dementia Rating (CDR) (Hughes et al, 1982).

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xl

Para a inclusão no estudo, os idosos deveriam ter idade igual ou superior a 60 anos, ser

freqüentador do CDA-IPUB, ser diagnosticado previamente por DA segundo o critério

NINCDS/ADRDA (McKhann et al, 1984), ser classificado segundo a gravidade da doença pelo

critério CDR (Hughes et al, 1983) e ter um mini-exame do estado mental mínimo de 10.

Já para os critérios de exclusão os idosos não deveriam ter recebido orientação nutricional

prévia, ter associação com alguma outra demência e alguma doença de base que alterasse a

bioquímica do sangue.

4.4. Coleta de dados:

A coleta dos dados foi realizada pela pesquisadora e por uma nutricionista voluntária

previamente treinada. A pesquisa constou de entrevista com o cuidador ou com o responsável

pelo idoso. Foi utilizado o questionário que contemplava dados pessoais e quanto à atividade

funcional, indicadores antropométricos, dietéticas e bioquímicas.

4.4.1. Avaliação quanto aos dados pessoais e o grau de demência dos idosos

Esta avaliação constou de informações referentes ao idoso tais como faixa etária, sexo,

bairro onde reside, renda familiar mensal, escolaridade, estado civil e grau de demência (Anexo

3).

4.4.2. Avaliação funcional

O grau de dependência em atividades distintas foi investigado pela escala de Katz et al

(1970) que avalia as Atividades de Vida Diária (AVDs) e pela escala de Lawton et al (1969) que

avalia as Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVDs) (Anexos 4 e 5). Para mensurar as

AVDs, foi verificado o grau de dependência para a pessoa se banhar, se vestir, usar o banheiro, se

transferir do leito, controlar esfíncteres urinário e fecal, e para se alimentar. Já as AIVDs

relacionam-se com a capacidade da pessoa realizar determinadas tarefas ambientais tais como:

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telefonar, fazer compras, preparar refeições, realizar trabalho doméstico, lavar roupas, usar

transportes, administrar dinheiro e medicações, sendo estas atividades pontuadas e somadas ao

final. Nos casos em que a pontuação final foi igual ou superior ao ponto de corte, que equivale a

8, o idoso foi considerado independente.

4.4.3. Avaliação antropométrica

Esta avaliação foi obtida pela mensuração da massa corpórea, estatura, circunferência do

braço e circunferência da panturrilha (Anexo 6).

A massa corporal foi determinada com balança antropométrica digital, da marca Filizola,

com precisão de até 100g e com capacidade máxima de 150kg, previamente tarada. Cada idoso

foi posicionado sobre a balança sem calçados e com o mínimo de roupa possível (Coelho et al,

2002).

A estatura foi aferida com auxílio de esquadro e fita métrica de precisão até décimos de

centímetros (mm), afixado na parede lisa e sem rodapé. O idoso estava descalço, com o corpo em

posição anatômica e a cabeça paralela ao solo, de acordo com o plano de Frankfurt. A cabeça, as

costas, o glúteo e os calcanhares foram encostados junto à parede (Coelho et al, 2002).

Com base nos parâmetros de estatura e massa corporal, foi determinado o IMC expresso

em kg/m². Para classificação do IMC foi utilizado como parâmetro os pontos de corte

estabelecidos por Lipschitz (1994), que considera desnutrição o IMC inferior a 22 Kg/m²,

eutrofia IMC entre 22 e 27Kg/m² e obesidade o IMC superior a 27Kg/m².

A mensuração da CB foi realizada com auxílio de uma fita métrica inextensível na linha

média entre o acrômio da escápula e o olécrano da ulna, em estado de relaxamento ao longo do

corpo, sendo a leitura feita no milímetro mais próximo (Coelho et al, 2002). Foram utilizados os

pontos de corte propostos por Chumlea (1986).

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Para a medição da CP, a fita métrica inextensível foi posicionada ao redor da maior

circunferência, no espaço entre o tornozelo e o joelho (Coelho et al, 2002). Foi utilizado o ponto

de corte proposto pela OMS (1995), que preconiza uma CP superior a 31cm.

4.4.4. Avaliação dietética

A avaliação foi baseada em informações obtidas com os cuidadores dos idosos, muito

embora alguns idosos participaram das respostas, porém sendo consideradas as respostas dos

cuidadores. A ingestão dietética foi analisada para se obter dados referentes aos aspectos

quantitativos e qualitativos da dieta usual. Dentre os vários métodos para avaliar o consumo

dietético, foi realizado na pesquisa a história alimentar e o questionário de freqüência de consumo

alimentar (Anexos 7 e 8). Os dados foram analisados mediante programa computadorizado

DietPRO versão 4.0 (Bressan et al, 2002). Os valores obtidos para ingestão energética total e de

macronutrientes foram comparados com as recomendações estabelecidas pela Organização

Mundial de Saúde (2003), já para os micronutrientes foram utilizadas recomendações americanas

estabelecidas pelo FNB/IM (2000) para a vitamina C e vitamina E, as de vitamina A, ferro e

zinco pelo FNB/IM (2002) e a de cálcio pelo FNB/IM (1999).

4.4.4.1. História alimentar

A história alimentar permite avaliar a ingestão habitual de um indivíduo por um

determinado período de tempo. Esse método possibilita o conhecimento de aspectos tanto

quantitativos como qualitativos da dieta (Duarte & Castellani, 2002). Para isso, foi utilizado o

registro fotográfico para inquéritos dietéticos a fim de auxiliar o cuidador na maior precisão das

medidas caseiras dos alimentos e bebidas que o idoso costumava ingerir em cada refeição

(Zabotto et al, 1996). Foi registrado pela pesquisadora o tipo, a quantidade, a marca comercial e a

preparação de alimentos e bebidas consumidos habitualmente nas refeições. Além disso, foram

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xliii

feitos questionamentos acerca de tabus alimentares, intolerâncias e aversões a algum alimento,

tanto por parte do idoso quanto por parte do cuidador (Anexo 7).

4.4.4.2. Questionário de Freqüência de Consumo Alimentar

Foi aplicado pela pesquisadora e sua utilização objetiva coletar informações sobre a

freqüência de consumo dos alimentos dos diferentes grupos. O impresso contém a lista básica de

grupos alimentares classificados com carnes, leites e derivados, ovos, verduras e legumes,

leguminosas, cereais, frutas, gorduras e doces, líquidos e outros. O entrevistado foi questionado

quanto ao número de vezes e a freqüência de consumo de cada um dos alimentos citados e em

caso da não utilização do alimento foi questionado quanto ao motivo do não consumo (Anexo 8).

4.4.5. Avaliação bioquímica

Os valores bioquímicos foram coletados do prontuário médico ou dos últimos exames

realizados recentemente referentes às concentrações sanguíneas de hemácia, hemoglobina,

albumina, colesterol total, triglicerídeos e glicemia, sendo comparados posteriormente com os

valores considerados padrão pelo laboratório do CDA-IPUB (Anexo 9).

4.5 - Análise estatística

Foram calculadas as medidas de tendência central (média e desvio padrão) e na

comparação das médias foram empregados o teste t-Sudent e a análise de variância. O teste do

qui-quadrado foi usado no estudo da associação entre as variáveis categóricas e o nível de

significância adotado foi de 5%. Todas as análises foram realizadas no pacote estatístico SPSS

for Windows versão 11.

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5. RESULTADOS (MANUSCRITO)

Manuscrito :

Comparação do estado nutricional e funcional entre idosos com Doença de Alzheimer de

grau leve e moderado.

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MANUSCRITO 1

COMPARAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E FUNCIONAL ENTRE

IDOSOS COM DOENÇA DE ALZHEIMER DE GRAU LEVE E MODERADO.

Machado, J.S.; Caram, C.L.B Frank, A.A.; Soares, A. E.; Magnanni, M.;

Laks, J.

(Artigo formatado para ser enviado para a revista Alzheimer Disease & Associated

Disorders)

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Comparação do estado nutricional e funcional entre idosos com Doença de Alzheimer de

grau leve e moderado.

Jacqueline de Sousa Machado1; Carmen Lucia Barreto Caram1; Eliane de Abreu Soares1,2;

Andrea Abdala Frank1; Jerson Laks3,4; Mônica Maria Ferreira Magnanini5

1.Instituto de Nutrição da Universidade Federal do Rio de Janeiro

2. Instituto de Nutrição da Universidade do Estado do Rio de Janeiro

3. Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro

4. Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro

5. Instituto de Estudos em Saúde Coletiva

Instituição onde foi realizado o trabalho:

Centro de Doenças de Alzheimer e outras Desordens Mentais na Velhice - Instituto de Psiquiatria

da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Av.Venceslau Brás, 71 Fundos CEP:22290-140 Rio de Janeiro - RJ - Brasil

Correspondência: Jacqueline Machado.

Endereço: Rua Santos Titara, n° 159 apt° 101, Méier, Rio de Janeiro. Cep:20735-240

Email: [email protected]

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RESUMO

A Doença de Alzheimer (DA) surgiu como a mais importante doença neurodegenerativa

da atualidade. O presente estudo objetivou comparar as diferenças do perfil sócio-demográfico,

de saúde, funcional, antropométrico, bioquímico e do consumo alimentar entre idosos com DA de

grau leve e moderado freqüentadores de um centro de atendimento especializado. A amostra

contou com a participação de 125 idosos de ambos os sexos, diagnosticados com DA (NINCDS-

ADRDA) por seleção consecutiva. Do total, 69% eram do sexo feminino. Ao se verificar a

capacidade funcional, constatou-se que a maioria era independente para a realização de suas

atividades de vida diária, porém com dependência para realização das atividades instrumentais de

vida diária. Com base na avaliação do estado nutricional e na gravidade da doença, a maioria dos

idosos encontraram-se eutróficos, com diferença estatisticamente significativa na circunferência

do braço entre os graus de demência. Os resultados bioquímicos estavam nas faixas de

normalidade, embora a concentração de colesterol total apresentava-se no limítrofe superior. O

consumo médio de energia e de macronutrientes dos idosos classificados no estágio leve foi de

1634 kcal, distribuídos em 54,7% para carboidratos, 18,4% para proteínas e 26,9% para lipídeos,

enquanto que aqueles no estágio moderado foi de 1660 kcal, distribuídos em 56,6% para

carboidratos, 16,9% para proteínas e 26,5% para lipídeos. O total de proteína ingerida

correspondente à grama por quilograma de peso (g/kg) foi de 1,2 para ambos os grupos. Neste

estudo a maior parte desses idosos apresentou estado nutricional de eutrofia, porém com consumo

dietético inadequado para cálcio, vitamina A e zinco reforçando intervenção nutricional precoce a

fim de se evitar desvios nutricionais.

Palavras-chave: Idoso, Doença de Alzheimer, Estado Nutricional.

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ABSTRACT

The Alzheimer's Disease (AD) emerged as the most important neurodegenerative disease

actually. This study aimed to compare differences in the socio-demographic, health, functional,

anthropometric, biochemical profiles and food consumption among older adults with mild to AD

and moderate attend a centre for specialized care. The sample counted with the participation of

125 elderly persons of both sexes, diagnosed with AD (NINCDS-ADRDA) for consecutive

selection. Of the total, 69% were female. To verify whether the functional capacity, it was found

that most were independent to conduct activities of daily living, but with addiction to perform

instrumental activities of daily living. Based on the assessment of nutritional status and the

severity of the disease, the elderly were found to eutrophic, with statistically significant

difference in the arm circumference between the degrees of dementia. The biochemical results

were in the tracks of normality, while the total cholesterol level showed in the neighbouring

higher. The average consumption of energy and macronutrients classified in the elderly stage

light was 1634 kcal, distributed in 54.7% for carbohydrates, 18.4% to 26.9% for proteins and

lipids, while those in the moderate stage was 1660 kcal, distributed in 56.6% for carbohydrates,

16.9% to 26.5% for proteins and lipids. The total intake of protein corresponding to the gram per

kilogram (g / kg) was of 1.2 for both groups. In this study the majority of these elderly people

showed nutritional status of eutrophy, but with inadequate dietary intake of calcium, vitamin A

and zinc enhancing nutritional intervention early in order to avoid deviations nutrition.

Keywords: Elderly, Alzheimer's disease, Nutritional Status.

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INTRODUÇÃO

A Doença de Alzheimer (DA) surgiu como a doença neurodegenerativa mais

predominante da atualidade, atingindo grandes proporções na área da saúde pública1.

Existe em todo o mundo cerca de 17 a 25 milhões de pessoas com a DA, esta já acomete

de 8% a 15% da população com mais de 65 anos. Dados atuais indicam que uma em cada 10

pessoas maiores de 80 anos deverá apresentar DA. Este mesmo índice em maiores de 70 anos de

idade é de 1:100, e 1:1000 em maiores de 60 anos. Nos países desenvolvidos, a DA é a terceira

causa de morte, ficando atrás das doenças cardiovasculares e do câncer1 .

A DA associa-se com desordens cognitivas e frequentemente a transtornos nutricionais. A

inadequação do estado nutricional pode afetar a condição geral do idoso e influenciar na evolução

da doença. A apraxia e a agnosia podem alterar a ingestão diária de alimentos, oscilando com

períodos de hiperfagia, disfagia, anorexia, dificuldade de mastigação e deglutição, além da

dificuldade na obtenção e preparação do alimento2.

A perda de peso é um problema comum, principalmente no ínicio da doença mesmo com

consumo energético adequado. Esta perda ponderal é um fator preditivo de mortalidade e ainda

não está definido um mecanismo. As principais hipóteses apontam para o aumento das

necessidades energéticas em repouso, distúrbios metabólicos, necessidades aumentadas de

proteínas relacionadas à caquexia e a diminuição dos sentidos3.

O resultado da avaliação funcional encontra-se fortemente relacionado com o estágio da

DA. O comprometimento funcional contribui significativamente com o agravamento da DA,

além de ser causa de angústia por parte dos idosos e de seus cuidadores 4.

Assim sendo, o presente estudo foi desenvolvido com o objetivo de comparar as

diferenças do perfil sócio-demográfico, funcional, antropométrico, bioquímico e do consumo

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l

alimentar entre idosos com DA de grau leve e moderado freqüentadores de um centro de

atendimento especializado.

CASUÍSTICA E MÉTODOS

Trata-se de um estudo descritivo transversal com amostra constituída por 125 idosos de

ambos os sexos moradores da cidade do Rio de Janeiro-Brasil e freqüentadores do Centro de

Doenças de Alzheimer e outras desordens mentais na velhice do Instituto de Psiquiatria da

Universidade Federal do Rio de Janeiro (CDA-IPUB-UFRJ). Inicialmente os idosos foram

selecionados a partir de consultas aos prontuários arquivados para posterior marcação de

entrevista com o cuidador e o idoso. Todos os pacientes foram diagnosticados com DA segundo

os critérios do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM IV), os critérios do

National Institute for Neurological and Communicative Disorders and Stroke/Alzheimer’s

Disease and Related Disorders Association (NINCDS-ADRDA)5 e segundo o Mini-exame do

estado mental. Para a classificação do estágio da doença foi utilizado Clinical Dementia Rating

(CDR)6.

As entrevistas incluíram coleta de informações sócio-demográficas e aplicação de

questionários de Atividades de Vida Diária (AVD’s)7 e Atividades Instrumentais de Vida Diária

(AIVD’s)8. Avaliações antropométrica, bioquímica e dietética também foram realizadas.

A avaliação antropométrica foi realizada com a mensuração da massa corpórea,

determinada por balança antropométrica digital da marca Filizola com precisão de até 100g e

capacidade de 150 Kg. A estatura foi aferida com o auxílio de esquadro e fita métrica de precisão

até décimos de centímetros (mm), afixada na parede lisa e sem rodapé. O idoso ficou descalço,

com o corpo em posição anatômica e a cabeça paralela ao solo, de acordo com o plano de

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li

Frankfurt9. Com base nos parâmetros de massa corporal e estatura, foi calculado o Índice de

Massa Corporal (IMC) expresso em kg/m2 e classificado segundo Lipschitz 10.

A mensuração da circunferência do braço (CB) foi realizada com o auxílio de uma fita

métrica inextensível na linha média entre o acrômio da escápula e o olécrano da ulna, em estado

de relaxamento ao longo do corpo, sendo a leitura feita no milímetro mais próximo. Foram

utilizados os pontos de corte propostos por Chumlea11. Para a medição da circunferência da

panturrilha (CP), a fita métrica inextensível foi posicionada ao redor da maior circunferência, no

espaço entre o tornozelo e o joelho9. Foi utilizado o ponto de corte proposto pela Organização

Mundial da Saúde12.

Os valores bioquímicos foram coletados do prontuário médico referentes às concentrações

sanguíneas de hemácia (método automatizado e microscopia óptica), hemoglobina (método

automatizado e microscopia óptica), albumina (método colorimétrico), colesterol total (método

oxidase-peroxidase), triglicerídeos (método enzimático-colorimétrico) e glicose (método GOD-

ANA). Seus resultados foram comparados aos padrões descritos pelo laboratório responsável.

A história alimentar foi o método utilizado para obtenção do consumo de alimentos pelos

idosos. A análise da composição de energia, macronutrientes e micronutrientes foi realizada com

base no programa computadorizado DietPRO versão 4.013 e foram comparados com as

recomendações estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde14, a de vitamina C pelo

FNB/IM15, as de vitamina A, ferro e zinco pelo FNB/IM16 e a de cálcio pelo FNB/IM17.

Os dados foram descritos como média e desvio-padrão. Para análise estatística da amostra

homogênea utilizou-se o teste t de Student, com nível de significância de 5%. O teste do qui-

quadrado foi usado no estudo da associação entre as variáveis categóricas. A avaliação estatística

foi realizada mediante programa computadorizado SPSS versão 11.018.

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O estudo teve aprovação do Comitê de Ética do Instituto de Psiquiatria da Universidade

Federal do Rio de Janeiro sob o número 0001.0.249.000-05. Os cuidadores dos idosos e os

próprios idosos assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido para a realização da

pesquisa, quando o idoso e/ou o cuidador não conseguissem ou não soubessem assinar, foi

recolhida sua impressão digital.

RESULTADOS

A média de idade dos idosos foi de 76,7 ± 6,8 anos, sendo a maioria do sexo feminino

(69%), com renda familiar superior a 5 salários mínimos (47,4%), casados (45,3%), moradores da

zona sul (área privilegiada economicamente do Rio de Janeiro) (42,1%), classificados no estágio

leve da doença (62,1%) e com média do Mini-exame do estado mental (MEEM) de 18,6 ± 5,4

pontos.

A avaliação da capacidade funcional dos idosos com DA mostrou que para as AIVD’s a

média foi de 3,4±2,1 pontos, demonstrando dependência com relação a atividades como utilizar o

telefone, fazer compras, preparar refeições, realizar trabalho doméstico, usar transportes,

administrar dinheiro e medicações, já que o resultado foi inferior ao ponto de corte (8 pontos). Já

para as AVD’s houve diferença significativa entre os dois estágios ao comparar a independência

e qualquer tipo de dependência (assistência associada à dependência) para as atividades

relacionadas ao banho (p=0,000), vestuário (p=0,000), higiene pessoal (p= 0,000), continência

fecal e urinária (p= 0,039) e alimentação (p=0,000) (Tabela 1).

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liii

Tabela 1: Comparação das atividades de vida diária dos idosos segundo estágios da doença.

ESTÁGIO DA DOENÇA ATIVIDADES DE VIDA

DIÁRIA DEPENDÊNCIA

Leve (%) Moderado (%) p

Independência 75,0 25,0

Banho Assistência +

Dependência

25,0 75,0 0,000

Independência 78,0 22,0

Vestuário Assistência +

Dependência

22,0 78,0 0,000

Independência 72,0 28,0

Higiene Pessoal Assistência +

Dependência

28,0 72,0 0,000

Independência 70,0 30,0

Alimentação Assistência +

Dependência

30,0 70,0 0,000

Independência 67,0 33,0

Continência Assistência +

Dependência

33,0 67,0 0,039

Independência 65,5 34,5

Transferência Assistência +

Dependência

34,5 65,5 0,061

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liv

Com relação aos parâmetros antropométricos, houve diferença estatística entre os dois

estágios da doença para circunferência do braço (p= 0,03) (Tabela 2).

Tabela 2: Comparação dos parâmetros antropométricos dos idosos segundo os estágios da

doença.

LEVE MODERADO ESTÁGIO

INDICADORES Média ± DP Média ± DP

p

Massa Corporal (kg) 60,9 ± 11,8 56,7 ± 10,8 0,08

Estatura (m) 1,57 ± 0,07 1,55 ± 0,11 0,52

IMC (kg/m²) 24,6 ± 4,0 23,32 ± 4,23 0,13

CB (cm) 27,8 ± 3,5 26,2 ± 3,3 0,03

CP (cm) 33,0 ± 5,8 32,5 ± 3,2 0,62

IMC = Índice de Massa Corporal CB = Circunferência do braço

CP = Circunferência da panturrilha Os resultados bioquímicos dos idosos de ambos os sexos não apresentaram diferença

estatística ao serem comparados entre os dois estágios da doença (Tabela 3).

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lv

Tabela 3: Comparação entre os parâmetros bioquímicos dos idosos segundo os estágios da

doença.

LEVE MODERADO ESTÁGIO

INDICADORES Média ± DP Média ± DP

p

Hematócrito (%) 40,0 ± 3,4 39,7 ± 4,3 0,74

Hemoglobina (g/dl) 13,2 ± 1,3 13,0 ± 1,4 0,40

Colesterol Total (mg/dl) 199,8 ± 43,1 196,7 ± 52,5 0,75

Triglicerídeo (mg/dl) 131,6 ± 59,5 140,5 ± 85,0 0,54

Glicose (mg/dl) 95,5 ± 22,7 102,5 ± 32,0 0,21

Albumina (g/dl) 3,98 ± 0,33 3,92 ± 0,30 0,37

O consumo médio de energia e de macronutrientes dos idosos classificados no estágio

leve foi de 1634 kcal, distribuídos em 54,7% para carboidratos, 18,4% para proteínas e 26,9%

para lipídeos, enquanto que para aqueles no estágio moderado foi de 1660 kcal, distribuídos em

56,6% para carboidratos, 16,9% para proteínas e 26,5% para lipídeos (Figura 1). O total de

proteína ingerida correspondente à grama por quilograma de peso (g/kg) foi de 1,2 para ambos os

grupos.

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lvi

54,7556,61 55

18,3716,86

15

26,9426,4530

0

10

20

30

40

50

60

CHO (%) PTN (%) LIP (%)

LEVE

MODERADO

RECOMENDAÇÕES (OMS,2003)

Figura 1: Consumo médio de macronutrientes dos idosos, categorizados segundo os estágios

da doença.

O consumo de micronutrientes para os idosos em estágio leve e moderado foram de 86,4

mg/d e 89,2 mg/d, para vitamina C; 809,9 mg/d e 739,6mg/d, para o cálcio; 9,3 mg/d e 8,8 mg/d,

para ferro; 749,3µg/d e 761,2 µg/d, para vitamina A e 7,7mg/d e 6,4mg/d para zinco,

respectivamente (Tabela 4).

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Tabela 4: Consumo médio de micronutrientes dos idosos, categorizados segundo os estágios

da doença.

ESTÁGIO

MICRONUTRINTES

LEVE MODERADO RECOMENDAÇÕES

(DRIs)

Vitamina C (mg/d) 86,4 89,2 90 – Homens

75 - Mulheres

Vitamina A (µg/d) 749,3 761,2 900– Homens

700 - Mulheres

Cálcio (mg/d) 809,9 739,6 1200

Ferro (mg/d) 9,3 8,8 8

Zinco (mg/d) 7,7 6,4 11 – Homens

8 - Mulheres

DRIs = Dietary Reference Intakes

DISCUSSÃO Em relação à avaliação funcional foi observado que o grau de dependência se eleva com a

gravidade da demência. Em estudo realizado por Marra et al19 com 90 idosos de ambos o sexos e

idade média de 75,46 ± 7,66 anos atendidos no Centro de Referência em Atenção ao Idoso/Minas

Gerais (Brasil) foi demonstrado que maiores déficits cognitivos resultam em maior dependência

funcional.

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lviii

As atividades de maior dependência apresentadas pelos idosos em questão, também foram

descritas por Trelha et al20 ao analisarem a capacidade funcional de 104 idosos de ambos os

sexos e idade média de 75,8 ± 8,1 anos, domiciliados na região norte da cidade de Londrina

(Brasil). O mesmo foi verificado por Lucena et al21 numa instituição asilar da Paraíba (Brasil),

onde as atividades de banho e vestuário apresentaram o maior nível de dependência dos idosos. A

diminuição da capacidade funcional principalmente em relação ao banho, vestuário, higiene

pessoal e alimentação foram apontadas no estudo realizado por Jagger et al22 no Reino Unido

com 1344 idosos de ambos os sexos.

A gravidade da doença não foi determinante em relação às atividades instrumentais de

vida diária (AIVD’s), uma vez que, em ambos os estágios os idosos mostraram-se dependentes.

Njegovan et al23 avaliando 5874 idosos comunitários verificaram que indivíduos com alterações

cognitivas mais leves já demonstravam incapacidades para realizações de atividades

instrumentais e somente quando apresentavam um comprometimento maior não conseguiam

desempenhar totalmente as atividades básicas. Primeiro perde-se a capacidade de executar tarefas

mais complexas, como as AIVD’s e, com o agravamento da doença, perde-se a capacidade de

realização das tarefas relacionadas às AVD’s24.

Em ambos os estágios os idosos apresentaram estado nutricional adequado segundo o

IMC, embora esse índice tende a diminuir com a progressão da doença². A associação da perda

de peso com a DA é um importante indicador de mortalidade, intensificando seus efeitos

progressivos e deletérios nos idosos25. O mesmo pode ser observado em relação à circunferência

do braço, com o avanço da doença maior é a redução da massa muscular e do tecido adiposo

subcutâneo e consequentemente inclinação a desnutrição26.

As médias bioquímicas estavam na faixa de normalidade (segundo o laboratório

responsável pela coleta), embora a concentração de colesterol total apresentava-se no limítrofe

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lix

superior e suas concentrações elevadas, mais precisamente o LDL-colesterol, estão associados

com doenças cardiovasculares27.

Os pacientes do presente estudo apresentaram ingestão adequada de carboidrato, lipídeos,

ferro, vitamina C e vitamina A, sendo estes dois últimos inadequados para o sexo masculino.

Porém, houve ingestão elevada de proteínas para ambos os estágios. Já o consumo de cálcio, e

zinco foram insatisfatórios para os idosos categorizados nos dois estágios da doença.

Evidências epidemiológicas sugerem que uma dieta adequada em micronutrientes pode

exercer efeito protetor das funções cognitivas, no entanto alguns metais como ferro e alumínio

podem ser prejudiciais no sentido de gerar espécies reativas de oxigênio e desencadear resposta

inflamatória. Desta forma, preconiza-se uma dieta equilibrada ao longo da vida28.

No estudo de Shatenstein et al29 36 idosos canadenses diagnosticados por DA leve foram

acompanhados mensalmente por 18 meses e comparados a um grupo controle quanto à ingestão

dietética e utilização de suplementação. Ao final da pesquisa constatou-se que a ingestão de

nutrientes e a suplementação foram maiores no grupo controle, com diferença estatística para

energia, macronutrientes, cálcio, ferro, zinco e vitamina A. Desta forma, a ingestão dietética por

parte dos idosos com DA é insuficiente em comparação com pessoas sem comprometimento

cognitivo, fato preocupante, pois é coadjuvante na prevenção da perda ponderal e

conseqüentemente no risco nutricional.

CONCLUSÃO

O estudo em questão mostra que esses idosos tendem a ter uma piora em termos de estado

nutricional e funcional conforme a doença se agrava. Esse fato revela a importância de se avaliar

o idoso com DA precocemente, principalmente por tratar-se de uma doença que envolve

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lx

deterioração das funções cognitivas, tornando o indivíduo incapacitado para a realização de suas

atividades rotineiras.

É de suma importância à participação dos familiares e de seus cuidadores no tratamento

junto à equipe multidisciplinar no sentido de prevenir um quadro avançado e melhorar a

qualidade de vida desses idosos.

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lxiv

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

v Verificou-se que a maioria dos idosos estavam classificados no estágio leve da doença,

eram do sexo feminino, residiam na zona sul do Rio de Janeiro e encontravam-se

eutróficos.

v A avaliação funcional mostrou que a maioria estava independente para realização das

AVD’s, porém dependente para as AIVD’s.

v Houve uma tendência à diminuição do peso, IMC, CB e CP conforme se agrava a doença.

v A avaliação do consumo alimentar desses idosos foi considerada hiperproteica com

ingestão adequada de carboidrato, lipídeos, ferro e vitamina C, sendo este último somente

para o sexo feminino. Já para o cálcio, vitamina A e zinco houve ingestão insuficiente

para os dois estágios da doença.

v A freqüência de consumo alimentar mostrou que os idosos possuíam hábitos alimentares

saudáveis em sua grande maioria.

v O atendimento multidisciplinar junto com o envolvimento do cuidador e/ou familiares

contribui para a melhora dos sintomas e qualidade de vida desses idosos com DA.

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8. ANEXOS

ANEXO 1

PARECER CONSUBSTANCIADO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

Andamento do projeto - CAAE - 0001.0.249.000-05

Título do Projeto de Pesquisa

Caracterização do perfil nutricional e funcional de idosos com Doença de Alzheimer

Situação Data Inicial no CEP Data Final no CEP Data Inicial na CONEP Data Final na CONEP

Aprovado no CEP 18/07/2005 00:00:00 18/07/2005 00:00:00 18/07/2005 00:00:00 18/07/2005 00:00:00

Descrição Data Documento Nº do Doc Origem

1 - Envio da Folha de Rosto pela Internet 02/05/2005 09:56:33 Folha de Rosto FR-60597 Pesquisador

2 - Recebimento de Protocolo pelo CEP (Check-List) 01/06/2005 09:40:36 Folha de Rosto 0001.0.249.000-05 CEP

3 - Protocolo Aprovado no CEP 18/07/2005 18:40:34 Folha de Rosto 08-2005 CEP

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ANEXO 2 Nº____________

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

INSTITUTO DE NUTRIÇÃO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Projeto: Caracterização do perfil nutricional e funcional de idosos com Doença de Alzheimer. Descrição dos procedimentos a serem realizados:

Os objetivos deste trabalho são identificar parâmetros antropométricos, hábitos alimentares e exames bioquímicos com a finalidade de aumentar informações acerca dos portadores da Doença de Alzheimer e de melhor orientar o cuidador deste paciente a respeito da alimentação adequada. A pesquisa será conduzida através de questionários abordando questões sobre consumo de alimentos e bebidas, e sobre questões pessoais. Serão aferidas medidas de peso, altura, circunferência do braço e da panturrilha para posterior classificação do estado nutricional. Os exames bioquímicos referentes a hemoglobina, hematócrito, glicemia, concentração de lipídios e albumina sanguínea serão provenientes da coleta sangüínea realizada por técnico especializado com material descartável no laboratório do Centro Dia da Doença de Alzheimer do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro, para a obtenção de um diagnóstico do estado nutricional mais fidedigno.

Não haverá qualquer risco decorrente da sua participação ou benefício direto e não haverá remuneração ou recompensa de qualquer espécie. Sua participação é totalmente livre e voluntária, havendo liberdade para recusar a participação ou interromper a mesma a qualquer momento, sem que isso traga qualquer prejuízo ou constrangimento a sua pessoa. As informações que serão coletadas, bem como os resultados do estudo serão mantidos em sigilo e não serão divulgados em qualquer hipótese, sendo apresentados em conjunto em eventos científicos, não sendo possível a identificação dos indivíduos que participam do estudo.

Em qualquer etapa do estudo, caso você tenha alguma consideração ou dúvida, você terá acesso ao responsável pela pesquisa, através da nutricionista Jacqueline de Sousa Machado, que pode ser encontrada no CDA e nos telefones: 3979-5956 e 9731-4423 ou pelo e-mail [email protected] ter sido suficientemente esclarecido a respeito das informações sobre o estudo acima citado que li ou que foram lidas para mim. Eu discuti com a nutricionista responsável sobre a minha decisão em participar nesse estudo. Ficam claros para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que minha participação é isenta de despesas e que tenho garantia de acesso a tratamento hospitalar quando necessário. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, sem penalidades ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido. ________________________________________________ Data:___/___/___ Nome/assinatura do paciente ________________________________________________ Data:___/___/___ Nome/assinatura do cuidador _________________________________________________ Data:___/___/___ Nome/assinatura do pesquisador Se houver qualquer dúvida sobre a ética da pesquisa você pode consultar a resolução 196, de 10 de outubro de 1996-capítulo IV-Consentimento Livre e Esclarecido.

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ANEXO 3 N°PU:__________ Nº______

UNVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

INSTITUTO DE NUTRIÇÃO

QUESTIONÁRIO DE DADOS PESSOAIS

I – Identificação do idoso 1- Nome do idoso:___________________________________________ 2- Sexo: ( )M ( )F 3- Data de Nascimento: ___/___/___ 4-Bairro/ Cidade:_________________________ 5- Tel:___________________ II – História social e familiar 6- Principal profissão exercida ao longo da vida:_________________ 7- Renda mensal: ( )Até 1SM ( )2SM ( )3SM ( )4SM ( )5SM ou mais 8- Escolaridade: ( )analfabeto ( )até 4 anos ( )de 4 a 8 anos ( )8 anos ou mais 9- Estado civil: ( )Solteiro(a) ( )Casado(a) ( )Divorciado(a) ( )Viúvo(a) 10- Constituição familiar: ( )Mora sozinho ( )Mora com cônjuge ( )Mora com filhos e/ou netos ( )Mora com outros parentes ( )Outros III – História Patológica 11- Há quanto tempo foi diagnosticada a doença de Alzheimer: _____________ 12- Apresenta alguma dessas doenças associadas: ( )DM ( )HAS ( )Úlcera de decúbito(escaras) ( )Problemas ósseos ( )Constipação ( )Diarréia ( )Hipertireoidismo ( )Outros 13- Condição de deambulação: ( )Sim ( )Não ( )Esporádico 14- Está em uso de algum medicamento: ( )Sim ( )Não Em caso positivo, qual (is) e quantos ao dia: 15- Está em uso de algum suplemento alimentar: ( )Sim ( )Não IV – História Alimentar 16- Você já recebeu alguma orientação nutricional: ( )Sim ( )Não 17- O idoso possui intolerância e/ou alergia a algum alimento? ( )Sim ( )Não Em caso positivo, qual(is)? ___________________________________ MEEM:_______ CDR:______ N° pessoas q residem:_________

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ANEXO 4 Nº____________

UNVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

INSTITUTO DE NUTRIÇÃO

ÍNDICE DE DEPENDÊNCIA EM ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA (ESCALA DE KATZ)

Nome: _______________________________________________________________

ÁREA/OPÇÕES 1) Banho (chuveiro, banheira ou banho de esponja). I- Não recebe assistência: entra e sai do chuveiro/banheira sem ajuda. A- Recebe assistência para lavar somente uma única parte do corpo (ex: costas ou uma perna) D- Recebe assistência pra lavar mais de uma parte do corpo ou não toma banho sozinho.

( ) ( )

( )

2) Vestuário (tirar as roupas do armário e vesti-las, incluindo roupas intimas e roupas de passeio, com a utilização de fechos, suspensórios e colchetes, se presentes). I- Veste-se completamente sem assistência. A- Veste-se sem assistência, recebendo auxílio somente para amarrar sapatos. D- Recebe assistência para vestir-se ou tirar as roupas do armário (ou mantém-se despido de maneira parcial ou completa).

( ) ( )

( )

3) Higiene pessoal (ir ao banheiro para as eliminações urinária e fecal, limpar-se após o ato da eliminação e arrumar as roupas). I- Vai ao banheiro sem assistência, limpando-se e arrumando as roupas: pode utilizar-se de objetos para suporte como bengala, andador e cadeira de rodas; pode servir-se de comadre ou patinho à noite, esvaziando-os pela manhã. A- Recebe assistência para ir ao banheiro, limpar-se ou arrumar as roupas; ou recebe ajuda no manuseio de comadre/patinho somente à noite. D- Não realiza o ato de eliminação fisiológica no banheiro.

( )

( )

( ) 4) Transferência I- Deita e levanta da cama, bem como senta e levanta da cadeira, sem assistência, pode utilizar-se de objetos para auxilio como bengala e andador. A- Deita e levanta da cama, ou senta e levanta da cadeira com assistência. D- Não se levanta da cama.

( )

( ) ( )

5) Continência I- Controle esfincteriano (urinário/fecal) completo, por si só. A- Ocorrência de “acidentes” ocasionais. D- Supervisão auxilia no controle esfincteriano, cateter é utilizado ou é incontinente.

( ) ( ) ( )

6) Alimentação I- Alimenta-se sem assistência. A- Alimenta-se sem assistência, exceto para cortar carne ou passar manteiga no pão. D- Alimenta-se com assistência: ou é alimentado de maneira parcial ou completa por sondas ou fluidos IV.

( ) ( )

( )

Resultado

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ANEXO 5 Nº____________

UNVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

INSTITUTO DE NUTRIÇÃO

ÍNDICE DE DEPENDÊNCIA EM ATIVIDADES INSTRUMENTAIS DE VIDA DIÁRIA (ESCALA DE LAWTON)

Nome: _______________________________________________________________ Itens Opções 1. Telefone – Opera o telefone por iniciativa própria, procura

e disca os números.

– Reconhece poucos números. – Capaz de responder o telefone, mas não consegue discar. - Completamente incapaz no uso do telefone.

(1) (1) (1) (0)

2. Compras – Capaz de fazer todas as compras independentemente. – Capaz de fazer somente pequenas compras. – Precisa estar acompanhado para fazer compras. - Completamente incapaz de fazer compras.

(1) (0) (0) (0)

3. Preparo de refeições – Planeja, prepara e serve refeições independentemente. – Capaz de preparar pequenas refeições, mas incapaz de cozinhar refeições completas sozinha. – Prepara as refeições mas não é capaz de manter uma dieta. - Completamente incapaz de preparar qualquer refeição.

(1) (0) (0) (0)

4. Trabalho doméstico – Capaz de realizar trabalho doméstico , ou com ocasional ajuda nos serviços pesados. – Capaz de realizar trabalho doméstico leve, como lavar pratos, fazer a cama. – Realiza tarefas leves, mas não é capaz de manter um nível de limpeza. - Não é capaz de realizar nenhum serviço doméstico.

(1) (1) (1) (0)

5. Roupas – Capaz de lavar todas as roupas utilizadas. – Capaz de lavar apenas pequenas peças. – Todas as peças precisam ser lavadas por outros.

(1) (1) (0)

6. Transporte – Viaja sozinha em transporte público ou dirige o próprio carro. – Consegue providenciar um táxi, mas não é capaz de usar o transporte público. – Viaja em transportes públicos, somente acompanhada.

(1) (1) (1)

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- Viaja de táxi ou carro particular sempre na companhia de outros. - Incapaz de usar um meio de transporte.

(0) (0)

7. Medicações - Capaz de tomar os remédios na dose certa e na hora certa. - Capaz de tomar os remédios, mas necessita de lembretes ou de alguém que os prepare. - Completamente incapaz de tomar remédios sozinha.

(1) (0) (0)

8. Dinheiro - Capaz de administrar suas necessidades de compra, ir ao banco e pagar contas. - Capaz de administrar suas necessidades de compra diária, mas necessita de ajuda com cheques e no pagamento de contas. - Completamente incapaz de administrar dinheiro.

(1) (1) (0)

Total Observações: _________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________

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ANEXO 6 Nº____________

UNVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

INSTITUTO DE NUTRIÇÃO

AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA

Nome: ____________________________________ Data: ___/___/___

Variáveis Avaliação

Peso (Kg)

Estatura (m)

IMC (Kg/m²)

Circunferência do braço (cm)

Circunferência da panturrilha (cm)

Considerações gerais: __________________________________________________

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ANEXO 7 Nº____________

UNVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

INSTITUTO DE NUTRIÇÃO

DIÁRIO ALIMENTAR (HISTÓRIA ALIMENTAR)

Nome: _____________________________ Data: ___/___/___ Dia da semana: __________

Refeição Hora Local Alimento/Preparação Quantidade/ Medida caseira Observação

Desjejum

Colação

Almoço

Lanche

Jantar

Ceia

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ANEXO 8 Nº____________

UNVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

INSTITUTO DE NUTRIÇÃO

FREQUÊNCIA DE CONSUMO ALIMENTAR

Nome:___________________________ Data: ___/___/___ Dia da semana: ________________

Categoria da freqüência alimentar Alimentos Diariamente 4 a 6 vezes /

semana 2 a 3 vezes / semana

1 vez / semana

Origem animal A - Carnes

B – Leites e derivados

C - Ovos

Origem vegetal A – Verduras e legumes

B-Leguminosas

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Categoria da freqüência alimentar Alimentos Diariamente 4 a 6 vezes /

semana 2 a 3 vezes / semana

1 vez / semana

C-Frutas

D-Cereais

Doces

Gorduras/açúcares

Bebidas

Outros

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ANEXO 9 Nº____________

UNVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

INSTITUTO DE NUTRIÇÃO

AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA

Nome: ____________________________________ Data:___/___/___

Variáveis

Valor Padrão Resultado

Hematócrito (%)

Hemoglobina (g/dl)

Colesterol Total (mg/dl)

Triglicerideo (mg/dl)

Glicose (mg/dl)

Albumina (g/dl)

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