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    INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E ARQUITECTURA

    SECÇÃO DE MECÂNICA ESTRUTURAL E ESTRUTURAS5º ANO – TRABALHO FINAL DE CURSO

    ANO LECTIVO 2004/2005 – 2º SEMESTREPERFIL DE ESTRUTURAS 

    CARACTERIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS PASSADIÇOS

    EXISTENTES EM PORTUGAL E ANÁLISE DINÂMICA DE

    DUAS PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    Trabalho realizado por:

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva nº49261

    Orientador:

    Prof. Doutor Carlos Sousa Oliveira

    LISBOA 2005

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 2

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    AGRADECIMENTOS

    Este trabalho foi realizado individualmente mas nunca teria sido possível sem a

    ajuda de várias pessoas e entidades às quais quero prestar os meus profundos

    agradecimentos.

    Em primeiro lugar, quero agradecer ao Prof. Doutor Carlos Sousa Oliveira por ter

    aceite o meu desafio e ter sempre encontrado tempo e disponibilidade para me

    orientar no Trabalho de Final de Curso (TFC) apesar do seu tempo estar muito

    ocupado.

    Quero também expressar o meu agradecimento ao Professores Luís Guerreiro,

    Jorge Proença e Francisco Virtuoso pela sua participação na discussão de alguns

    temas que foram surgindo ao longo do trabalho.

     À Câmara Municipal de Lisboa e ao Eng.º Rui Nunes da Silva do gabinete “Tal

    Projecto” pela cedência de elementos que se revelaram essenciais na elaboração

    do presente estudo.

     À colega Mónica Amaral Ferreira, pela partilha de conhecimentos numa área em

    que não os tinha.

     Aos meus colegas de trabalho, João Sousa Dias e João Saraiva que me

    acompanharam ao longo de todo o curso, pela sua paciência e espírito crítico.

    Finalmente, os meus agradecimentos à Maria e à minha família pelo apoio e pelo

    permanente incentivo.

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    ÍNDICE

    1) INTRODUÇÃO.................................................................................................. 15 

    2) CARACTERIZAÇÃO DAS PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES EM

    PORTUGAL .......................................................................................................... 19 

    a) Passadiços metálicos............................................................................................................................ 20 

    I. Passadiços metálicos em caixão .............................................................................20 

    II. Passadiços metálicos I+Lajeta+I.............................................................................23 

    III. Passadiços metálicos em treliça............................................................................25 

    IV. Passadiços em grelha com septos horizontais e verticais .................................34 

    b)  Passadiços de betão ........................................................................................................................... 35 

    I. Passadiços de betão I+Lajeta+I................................................................................35 

    II. Passadiços de betão em caixão..............................................................................38 

    III. Passadiços de betão I+Lajetas...............................................................................39 

    IV. Passadiços de betão em T+T .................................................................................41 

    V. Passadiços de betão em U ......................................................................................43 

    VI. Passadiços de betão com secção semi-circular..................................................44 

    VII. Passadiços de betão do tipo “stress-ribbon” .....................................................46 

    c) Passadiços em materiais compósitos .............................................................................................. 48 

    d) Passadiço suspenso em arame .......................................................................................................... 50 

    3) CARACTERIZAÇÃO DA ACÇÃO.................................................................... 51 

    a) Modelação da acção no programa SAP2000 ................................................................................... 57 

    4) CRITÉRIOS DE ACEITAÇÃO .......................................................................... 65 

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    5) ANÁLISE DINÂMICA DE DOIS PASSADIÇOS ............................................... 69 

    a) Análise dinâmica de um passadiço metálico em caixão .............................................................. 69 

    I. Medição das frequências dos primeiros modos de vibração................................72 

    II. Determinação do amortecimento............................................................................74 

    III. Medição de acelerações..........................................................................................76 

    IV. Modelação do passadiço no programa de cálculo automático SAP2000..........80 

    V. Comparação entre as acelerações reais e as acelerações obtidas no modelo .83 

    b) Análise dinâmica de uma passagem superior de peões em betão ........................................... 92 

    I. Medição das frequências dos primeiros modos de vibração................................94 

    II. Determinação do amortecimento............................................................................95 

    III. Medição de acelerações..........................................................................................96 

    IV. Modelação do passadiço no programa de cálculo automático SAP2000..........97 

    V. Comparação entre as acelerações reais e as acelerações obtidas no modelo101 

    VI. Análise do comportamento do passadiço com a ocorrência de um sismo ....108 

    6) ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DO POSICIONAMENTO DAS ESCADAS NO

    COMPORTAMENTO DE UM PASSADIÇO........................................................ 117 

    7) CONCLUSÃO................................................................................................. 122 

    8) REFERÊNCIAS .............................................................................................. 124 

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    ÍNDICE DE FIGURAS

    Fig. 1 – Secção transversal trapezoidal......................................................................................................... 20 Fig. 2 – Secção transversal rectangular. ...................................................................................................... 20 

    Fig. 3 – Secção transversal triangular. ......................................................................................................... 20 

    Fig. 4 – Pilar tubular metálico de um passadiço localizado na Av. Almirante Gago Coutinho............... 21 

    Fig. 5 – Pilar de betão de um passadiço localizado na Av. Marechal Gomes da Costa ............................ 21 

    Fig. 6 – Pilar de betão revestido com alvenaria se um passadiço localizado em Belém............................ 21 

    Fig. 7 – Pilar metálico de um passadiço localizado em Lagos..................................................................... 21 

    Fig. 8 – Escadas mais usuais .......................................................................................................................... 22 

    Fig. 9 – Exemplos de três passadiços em que o tabuleiro é composto por duas peças ligadas. ................ 22 

    Fig. 10 – Passadiços metálicos I+Lajeta+I localizados na linha de C.F. em Paço de Arcos (em cima) e na

    Rinchoa (em baixo)............................................................................................................................... 24 

    Fig. 11 – Passadiço metálico I+lajeta+I localizado no Parque das Nações ................................................ 24 

    Fig. 12 – Passadiço metálico em treliça localizado na Rua Conde de Almoster........................................ 25 

    Fig. 13 – Apoio do pavimento na base da estrutura metálica treliçada ..................................................... 25 

    Fig. 14 – Passadiço metálico em treliça localizado na Rua Conde de Almoster........................................ 26 

    Fig. 15 – Pormenor da estrutura que suporta o pavimento........................................................................ 26 

    Fig. 16 – Passadiço metálico em treliça localizado na Estação de Caminhos-de-ferro do Areeiro.......... 27 

    Fig. 17 – Pormenor da estrutura que suporta o pavimento........................................................................ 28 

    Fig. 18 – Estrutura metálica sobre os pilares de modo a conferir maior rigidez ao tabuleiro................. 28 

    Fig. 19 – Passadiço metálico em treliça localizado na Madeira.................................................................. 28 

    Fig. 20 – Apoio da treliça nos pilares de betão............................................................................................. 29 

    Fig. 21 – Passadiço metálico em treliça localizado em Lagos ..................................................................... 29 

    Fig. 22 – Pormenor da estrutura que suporta o pavimento e da ligação aparafusada entre o pilar e as

    vigas treliçadas...................................................................................................................................... 30 

    Fig. 23 – Pormenor de uma rampa de acesso ao passadiço......................................................................... 30 

    Fig. 24 – Passadiço metálico em treliça localizado na IP3........................................................................... 31 

    Fig. 25 – Pormenor da estrutura que suporta o pavimento........................................................................ 31 

    Fig. 26 – Passadiço metálico em treliça localizado na Antuã...................................................................... 32 

    Fig. 27 – Apoio da “caixa” na treliça metálica............................................................................................. 32 

    Fig. 28 – Passadiços metálicos em modelo de grelha ................................................................................... 34 

    Fig. 29 – Corte tipo......................................................................................................................................... 35 

    Fig. 30 – Pilar típico deste tipo de passadiços .............................................................................................. 36 

    Fig. 31 - Passadiços de betão I+Lajeta+I em que as lajetas assentam sobre o banzo inferior das vigas. 36 

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    Fig. 32 - Passadiços de betão I+Laje+I em que as lajetas assentam na sobre o banzo superior das vigas

    ................................................................................................................................................................ 37 

    Fig. 33 - Passadiço em betão com secção transversal rectangular situada na IC19.................................. 38 

    Fig. 34 – Ligação da viga ao pilar.................................................................................................................. 39 Fig. 35 - Passadiço de betão I+Lajeta ........................................................................................................... 40 

    Fig. 36 - Passadiço de betão T+T localizado na Av. Dr. Luís Gomes......................................................... 41 

    Fig. 37 - Passadiços de betão em U localizados na A5 em Belém e em São Domingos de Rana............... 43 

    Fig. 38 - Passadiço de betão em com secção semicircular localizado em Cascais ..................................... 44 

    Fig. 39 – Ligação do tabuleiro ao pilar......................................................................................................... 45 

    Fig. 40 – Outras fotografias do passadiço..................................................................................................... 45 

    Fig. 41 – Passadiço de betão do tipo “Stress-ribbon” localizado na Faculdade de Engenharia da

    Universidade do Porto.......................................................................................................................... 46 

    Fig. 42 –Encontro de grandes dimensões...................................................................................................... 47 Fig. 43 –Pilar................................................................................................................................................... 47 

    Fig. 44 – Pilar e escadas metálicas................................................................................................................. 48 

    Fig. 45 - Passadiços em fibra de vidro localizados na Estação de caminhos-de-ferro do Montijo e na

    Avenida Infante D.Henrique................................................................................................................ 49 

    Fig. 46 – Passadiço suspenso feito em arame ............................................................................................... 50 

    Fig. 47 – Outras fotografias do passadiço..................................................................................................... 50 

    Fig. 48 - Relação entre a frequência e o comprimento de passada para um peão-tipo (AN – Andamento

    normal, AE – andamento rápido, C – corrida)................................................................................... 53 

    Fig. 49 - Diagramas-tipo da relação força-tempo para diferentes andamentos ........................................ 54 Fig. 50 Coeficiente de amplificação dinâmica .............................................................................................. 56 

    Fig. 51 - TP, TC e FA ..................................................................................................................................... 58 

    Fig. 52 - Relação entre a força aplicada e o peso do peão para as diferentes frequências........................ 58 

    Fig. 53 - Relação entre a frequência da passada e o tempo de contacto entre o pé do peão e o pavimento

    ................................................................................................................................................................ 58 

    Fig. 54 - Relação entre a frequência da passada e o tempo entre dois passos consecutivos ..................... 58 

    Fig. 55 - Variação no tempo e no espaço da acção imposta por um peão a andar com uma frequência de

    passada de 2Hz...................................................................................................................................... 59 

    Fig. 56 – Frequência da passada na direcção transversal é igual a metade da frequência da passada nas

    direcções longitudinal e vertical........................................................................................................... 60 

    Fig. 57 – Funções de carga utilizadas para definir os vários tipos de movimentos. O diagrama da

    esquerda representa movimentos com uma frequência de passada inferior a 2,2Hz e, o diagrama

    da direita, movimentos com uma frequência de passada superior a este limite. ............................. 61 

    Fig. 58 – Coordenadas dos pontos da função de carga obtidos com a aproximação da curva por uma

    sucessão de elementos rectos no programa Autocad 2006................................................................. 62 

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    Fig. 59 – Definição das funções Time History.............................................................................................. 62 

    Fig. 60 – Quadro de definição da Analysis Case: “Andar com uma frequência de 2Hz” ........................ 65 

    Fig. 61 – Várias normas existentes que contemplam o tema das pontes para peões................................. 66 

    Fig. 62 – Comparação entre os vários códigos que limitam as acelerações de modo a garantir o confortodos peões ................................................................................................................................................ 67 

    Fig. 63 – Frequências a evitar........................................................................................................................ 68 

    Fig. 64 – Frequências a evitar........................................................................................................................ 68 

    Fig. 65 – Alçado frontal.................................................................................................................................. 70 

    Fig. 66 - Planta ................................................................................................................................................ 70 

    Fig. 67 – Alçado lateral .................................................................................................................................. 71 

    Fig. 68 - Corte do tabuleiro no apoio ............................................................................................................ 71 

    Fig. 69 – Fotografia do passadiço.................................................................................................................. 71 

    Fig. 70 - Fotografia do passadiço................................................................................................................... 71 Fig. 71 - Fotografia do passadiço................................................................................................................... 71 

    Fig. 72 - Aparelho sísmico usado para estudar o comportamento dinâmico do passadiço ...................... 72 

    Fig. 73 – Determinação das frequências dos primeiros modos de vibração.............................................. 73 

    Fig. 74 - Gráficos que permitem estimar as frequências dos primeiros modos de vibração.................... 73 

    Fig. 75 – Determinação do amortecimento da estrutura para vibrações verticais ................................... 74 

    Fig. 76 – Determinação do amortecimento da estrutura para menores amplitudes de vibração e menos

    pessoas sob a ponte durante a realização do ensaio ........................................................................... 75 

    Fig. 77 – Acelerações verticais...................................................................................................................... 77 

    Fig. 78 – Acelerações longitudinais .............................................................................................................. 77 Fig. 79 – Acelerações transversais................................................................................................................ 78 

    Fig. 80 – Modelo adoptado............................................................................................................................. 80 

    Fig. 81 – 1º modo de vibração na direcção longitudinal com f=2,55Hz ..................................................... 81 

    Fig. 82 – 2º modo de vibração na direcção vertical com f=3,52Hz ............................................................. 81 

    Fig. 83 – 3º modo de vibração de torção em torno do eixo longitudinal com f=5,27Hz........................... 82 

    Fig. 84 – 4º modo de torção em torno de um eixo vertical a passar no centro do tabuleiro com f=5,74Hz

    ................................................................................................................................................................ 82 

    Fig. 85 – 5º modo de vibração na direcção transversal com f=6,38Hz....................................................... 82 

    Fig. 86 – Comparação entre as acelerações verticais obtidas com a modelação no programa SAP2000 e

    as obtidas com medições in situ............................................................................................................ 83 

    Fig. 87 – Efeito de uma pequena variação da frequência da força excitador quando esta se encontra

    próxima da frequência de ressonância (teste efectuado num sistema de 1 grau de liberdade) ...... 85 

    Fig. 88 Acelerações verticais (mg) a medidas a ½ vão do passadiço aquando da passagem de um peão

    com uma cadência de 3,3 passos/segundo ........................................................................................... 85 

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    Fig. 89 – Acelerações verticais (m/s2) obtidas num nó localizado a ½ vão do passadiço para a acção

    modelada de um peão a correr com uma frequência de 3,3Hz......................................................... 86 

    Fig. 90 – Comparação entre as acelerações longitudinais obtidas com a modelação no programa

    SAP2000 e as obtidas com mediçõesin situ

     (para uma componente longitudinal igual a 15% dacomponente vertical)............................................................................................................................. 87 

    Fig. 91 – Comparação entre as acelerações longitudinais obtidas com a modelação no programa

    SAP2000 e as obtidas com medições in situ (para uma componente longitudinal igual a 50% da

    componente vertical)............................................................................................................................. 87 

    Fig. 92 Acelerações longitudinais (mg) a medidas a ½ vão do passadiço aquando da passagem de um

    peão com uma cadência de 3,3 passos/segundo .................................................................................. 88 

    Fig. 93 – Acelerações longitudinais (m/s2) obtidas num nó localizado a ½ vão do passadiço para a acção

    de um peão a correr a 3,3passos/segundo (componente longitudinal igual a 15% da componente

    vertical) .................................................................................................................................................. 88 Fig. 94 – Comparação entre as acelerações transversais obtidas com a modelação no programa

    SAP2000 e as obtidas com medições in situ ........................................................................................ 89 

    Fig. 95 Acelerações verticais (mg) a medidas a ½ vão do passadiço aquando da passagem de um peão

    com uma cadência de 3,3 passos/segundo ........................................................................................... 90 

    Fig. 96 – Acelerações verticais (m/s2) obtidas num nó localizado a ½ vão do passadiço para a acção

    modelada de um peão a correr com uma frequência de 3,3Hz......................................................... 90 

    Fig. 97 – Fotografias do passadiço ................................................................................................................ 93 

    Fig. 98 - Gráficos que permitem estimar as frequências dos primeiros modos de vibração.................... 94 

    Fig. 99 – Acelerogramas obtidos para a acção “2 saltos a 1/2vão”............................................................. 97 Fig. 100 – Modelo adoptado........................................................................................................................... 98 

    Fig. 101 – 1º modo de vibração na direcção longitudinal com f=2,77Hz ................................................... 99 

    Fig. 102 – 2º modo de vibração na direcção vertical com f=3,34Hz ........................................................... 99 

    Fig. 103 – 5º modo de vibração na direcção transversal com f=3,73Hz..................................................... 99 

    Fig. 104 – 4º modo de torção em torno de um eixo vertical a passar no centro do tabuleiro com

    f=5,71Hz............................................................................................................................................... 100 

    Fig. 105 – 3º modo de vibração de torção em torno do eixo longitudinal com f=8,80Hz....................... 100 

    Fig. 106 – Comparação entre as acelerações verticais obtidas com a modelação no programa SAP2000 e

    as obtidas com medições in situ.......................................................................................................... 101 Fig. 107 Acelerações verticais (mg) a medidas a ½ vão do passadiço aquando da passagem de um peão

    com uma cadência de 3,7Hz............................................................................................................... 102 

    Fig. 108 – Acelerações verticais (m/s2) obtidas num nó localizado a ½ vão do passadiço para a acção

    modelada de um peão a correr com uma frequência de 3,7Hz....................................................... 102 

    Fig. 109 – Comparação entre as acelerações longitudinais obtidas com a modelação no programa

    SAP2000 e as obtidas com medições in situ ...................................................................................... 103 

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    Fig. 110 Acelerações longitudinais (mg) medidas a ½ vão do passadiço aquando da passagem de um

    peão com uma cadência de 3,7Hz...................................................................................................... 104 

    Fig. 111 – Acelerações longitudinais (m/s2) obtidas num nó localizado a ½ vão do passadiço para a acção

    modelada de um peão a correr com uma frequência de 3,7Hz....................................................... 104 Fig. 112 – Comparação entre as acelerações transversais obtidas com a modelação no programa

    SAP2000 e as obtidas com medições in situ ...................................................................................... 105 

    Fig. 113 Acelerações transversais (mg) medidas a ½ vão do passadiço aquando da passagem de um peão

    com uma cadência de 3,7Hz............................................................................................................... 106 

    Fig. 114 – Acelerações transversais (m/s2) obtidas num nó localizado a ½ vão do passadiço para a acção

    modelada de um peão a correr com uma frequência de 3,7Hz....................................................... 106 

    Fig. 115 – Corte do pilar do tabuleiro......................................................................................................... 109 

    Fig. 116 – Relação constitutiva do aço ........................................................................................................ 111 

    Fig. 117 – Diagrama parábola rectângulo.................................................................................................. 111 Fig. 118 – Uniformização das tensões de compressão actuantes no betão............................................... 111 

    Fig. 119 – Direcção dos momentos Mx e My.............................................................................................. 112 

    Fig. 120 – Ligação do tabuleiro aos pilares ................................................................................................ 115 

    Fig. 121 – Aparelho de apoio considerado na verificação da segurança.................................................. 116 

    Fig. 122 – Vários passadiços ensaiados para testar a influencia da localização das escadas ................. 117 

    Fig. 123 – Comparação entre as acelerações verticais obtidas em cada um dos passadiços .................. 119 

    Fig. 124 – Comparação entre as acelerações longitudinais obtidas em cada um dos passadiços........... 119 

    Fig. 125 – Comparação entre as acelerações transversais obtidas em cada um dos passadiços............ 120 

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    ÍNDICE DE TABELAS

    Tabela 1 – Frequências dos movimentos "andar", "correr" e "saltar".................................................... 53 

    Tabela 2 – Coeficientes de amortecimento usuais para pontes do tipo “viga”.......................................... 57

    Tabela 3 – Frequências dos primeiros modos de vibração do passadiço................................................... 73

    Tabela 4 – amáx (mg) medidas para vários tipos de acções impostas por um peão (74kg) ou grupos de

    peões. As células a azul correspondem a acelerações verticais superiores ao limite mais exigente

    (66,7mg) e as células a verde correspondem a acelerações verticais superiores ao limite menos

    exigente (93,8mg). As células a laranja correspondem a acelerações horizontais superiores ao

    limite regulamentar (20mg) ................................................................................................................ 79

    Tabela 5 – Comparação entre as frequências obtidas in situ e com o programa de cálculo automático

    antes e depois da calibração do modelo ............................................................................................. 80

    Tabela 6 – Frequências dos primeiros modos de vibração do passadiço…………………………………94 Tabela 7 – amáx (mg) medidas para vários tipos de acções impostas por um peão (73kg)...................... 96

    Tabela 8 – Comparação entre as frequências obtidas in situ e com o programa de cálculo automático

    antes e depois da calibração do modelo……………………………………………………………...97

    Tabela 9 – Características geométricas e propriedades de cálculo dos materiais --------------------------108 

    Tabela 10 – Frequência dos primeiros modos de vibração------------------------------------------------------118 

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 13

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    1)

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 14

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    INTRODUÇÃO

     A necessidade de construção de passagens superiores para peões tem vindo aaumentar bastante nos últimos tempos devido ao desenvolvimento das redes

    viárias, nomeadamente no que diz respeito a vias rápidas e auto-estradas pois

    estas funcionam como barreiras ao tráfego pedonal.

    Um passadiço é bastante diferente de um viaduto rodoviário uma vez que o seu

    baixo nível de carga, aliado ao grande desenvolvimento que se tem vindo a

    verificar no que respeita a técnicas de construção e novos materiais (mais leves e

    mais resistentes), permite que se construam estruturas cada vez mais esbeltas ecom vãos cada vez maiores, comparativamente com as mais antigas.

    Como, em grande parte dos casos, a redução da rigidez é maior do que a da

    massa, a frequência das passagens superiores pedonais mais modernas vai ser

    mais baixa. Assim, a probabilidade de ocorrer ressonância aumenta devido ao

    ritmo das passadas, pondo em risco não só as pessoas que a transitam mas

    também a própria estrutura. Para além disso, como a massa é menor, uma acção

    dinâmica gera amplitudes de vibração maiores e, consequentemente, um maiornível de desconforto para os seus utentes que, por seu lado, têm vindo a tornar-se

    cada vez mais exigentes no que respeita a estes aspectos. Torna-se, por isso,

    importante compreender as verdadeiras causas deste acentuado movimento

    oscilatório da estrutura.

    Desta forma, o presente trabalho tem como objectivo a análise dinâmica de dois

    tipos de passagens superiores estruturalmente diferentes e bastante utilizadas no

    nosso país.

    Nas duas páginas que se seguem, faz-se um levantamento dos passadiços

    superiores de peões na zona de Lisboa onde é indicado o tipo de material usado,

    o ano de construção, o nome do projectista/construtor e o grau de conservação.

    Complementarmente, apresenta-se a carta do Concelho de Lisboa com a

    marcação destes passadiços.

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 15

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    Nº  LOCALIZAÇÃO TIPO

    ESTRUTURA

    ANOPROJECTISTA /

    CONSTRUTOR

    ESTADO

    CONSERV.

    1 Calçada de Carriche Metálica 1990Induplano /Sermague

    Razoável

    2Av. Alfredo Bensaúde – Externato S. MiguelArcanjo

    B.A. pré-fabricado 1998Pavilis /

    GammaconsultBom

    3Av. Alfredo Bensaúde – Serviço deinformática do Exército

    B.A. pré-fabricado 1998Pavilis /

    GammaconsultBom

    4 Av. Padre Cruz – ADFA e Colégio do Planalto Metálica 1998 Socobre Bom

    5Av. Dr. Luís Gomes (frente à EscolaSecundária Herculano de Carvalho)

    B.A. pré-fabricado 2003 Desconhecido Bom

    6 Av. Infante D. Henrique – CML Olivais Metálica 1998Socobre /Lusofabril

    Razoável

    7Av. Padre Cruz (Norte) – acesso ao Interfacedo C.Grande

    Metálica Sermague Bom

    8 Interface do Campo Grande B.A e metálica 1997 Desconhecido Razoável

    9 Calvanas – Av. De Santos e Castro Metálica Sermague Bom

    10 Av. Gago Coutinho – Rotunda do relógio Metálica Sermague Razoável

    11Av. Marechal Gomes da Costa Junto Univ.Independente Metálica 1997 Ideias do Futuro Bom

    12Av. Marechal Gomes da Costa – entre as Avs.Stº Contestável e Cidade de LourençoMarques

    B.A e metálica 1998Pavilis /

    GammaconsultBom

    13Av. Marechal Gomes da Costa – junto àSolvay

    B.A. pré-fabricado 1998Pavilis /

    GammaconsultBom

    14 Av. Infante D.Henrique – junto à Av. de Pádua B.A. pré-fabricado 1997 Ideias do Futuro Razoável

    15 Av. Gen. Norton de Matos – C.C.Colombo Metálica Socobre Bom

    16 Av. Gen. Norton de Matos – Telheiras Metálica 1990 Induplano Razoável

    17 Av. Lusíada – Universidade Católica Metálica Sermague Razoável

    18 Av. Gen. Norton de Matos – Colégio Alemão Metálica Sermague Razoável

    19Campo Grande – jardim/faculdade de Ciências(ocidental)

    B.A. pré-fabricado 2000 Gammaconsult Bom

    20Campo Grande – jardim/UniversidadeLusófona (Oriental)

    B.A. pré-fabricado 1999 Gammaconsult Bom

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 16

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    Nº  LOCALIZAÇÃO TIPOESTRUTURA

    ANOPROJECTISTA /CONSTRUTOR

    ESTADOCONSERV.

    21Rua Conde de Almoster – Radial de Benfica

    (Monsanto-Parque da CML)B.A. pré-fabricado 2000 Sopol / Pavia Bom

    22Rua Conde de Almoster – Radial de Benfica(Monsanto - Instituto Militar)

    B.A. pré-fabricado 2000 Sopol / Pavia Bom

    23 Rua de Entrecampos – CP B.A. pré-fabricado 1999Pavilis /

    GammaconsultBom

    24Av. Infante D.Henrique (estação de Braço dePrata)

    B.A. pré-fabricado 1999Maprel / Alves

    RibeiroBom

    25Av. EUA – Prolongamento (Passagemhidráulica do Alviela)

    B.A. pré-fabricado 1999Maprel / Alves

    RibeiroBom

    26Rua Conde de Almoster – Radial de Benfica(treliça)

    B.A e metálica 1994 Atelier Cidade

     AbertaBom

    27R. de Marvila para R. José Domingos Barreiros(sobre CP)

     Arco em Alvenaria Desconhecido Razoável

    28 Av. de Ceuta - próximo da ETAR Metálica Sermague Razoável

    29 Av. Eng. Duarte Pacheco – Amoreiras Metálica Desconhecido Razoável

    30Av. de Ceuta (junto à urbanização nova doCasal Ventoso)

    Metálica 2003 MTR Bom

    31Av. das Descobertas - Colégio S.José eSecundária do Restelo

    B.A. pré-fabricado 1997Pavilis /

    GammaconsultRazoável

    32Av. da Ponte - Alvito (frente do Estádio daTapadinha) B.A e metálica 1999 Pavilis / SMM Bom

    33Av. da Ponte - Alvito (Bairro Quinta do Jacintopara a Calçada da tapada

    Metálica 1994Pavilis /

    GammaconsultBom

    34 Av. Infante Santo - Hospital da CUF B.A. pré-fabricado 1999Pavilis /

    GammaconsultRazoável

    35Alcântara - Rua de Cascais e Rua Oliveira deMinguens

    Metálica Desconhecido Razoável

    36Alcântara - (Passadiço metálico da Av. InfanteSanto

    B.A e metálica 1992Mague /

    SomagueBom

    37Av. da Índia e Av. de Brasília - Junto à CP deBelém

    B.A e metálica 1993Beata

    ConstrutoresRazoável

    38Av. da Índia -Travessa Mécia Mouzinho deAlbuquerque

    Metálica 1990 Induplano Razoável

    39Av. da Índia e Av. de Brasília - Travessa daGuarda (junto ao Centro de Congressos)

    Metálica Sermague Razoável

    BetarConstrutores /

    Sermague

    Av. da Índia e Av. de Brasília - Doca do BomSucesso

    40 B.A e metálica 1992 Razoável

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 18

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    2) CARACTERIZAÇÃO DAS PASSAGENS SUPERIORES

    PARA PEÕES EM PORTUGAL

    Com o implemento de novas estruturas rodoviárias, surgiram, nos últimos anos em

    Portugal, várias passagens superiores para peões com as mais diversas tipologias

    para fazer face às necessidades das pessoas visto que o trânsito, quer automóvel,

    quer ferroviário, se tornou bastante mais perigoso e intenso.

    O estudo efectuado incidiu sobre aproximadamente quatro dezenas de

    passagens pedonais com a finalidade de se obter informação suficiente para

    permitir caracterizar o tipo de passadiços existentes em Portugal, com especial

    incidência na zona de Lisboa. Esta caracterização baseou-se na determinação do

    material estrutural e da secção transversal do tabuleiro. Contudo, o

    comportamento dinâmico de cada passadiço depende, para além destes dois

    aspectos, de vários outros, nomeadamente, o tipo de elementos verticais, o

    número de vãos, a forma de acesso à ponte (rampas ou escadas longitudinais ou

    transversais), a altura, a largura ou a curvatura do tabuleiro.

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 19

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    a) Passadiços metálicos

    I. Passadiços metálicos em caixão

    Estas são as passagens superiores mais fáceis de encontrar quando se circulanuma cidade portuguesa uma vez que, por volta dos anos 90, foram construídos

    vários exemplares idênticos em diversos pontos do país. A relação

    peso/resistência permite projectar estruturas bastante esbeltas mas que, em

    grande parte dos casos, evidenciam problemas de vibração excessiva com a

    consequente perda de conforto para os peões. Os vãos vencidos por estas

    estruturas são, normalmente, da ordem dos 15 a 45 metros. Dos exemplos

    estudados, conseguem-se detectar várias diferenças quanto à resistência da

    secção transversal, número de apoios, tipo de acesso ao tabuleiro, curvatura e

    comprimento dos vãos.

    Quanto à secção transversal, foram observadas diversas secções em caixão

    trapezoidal (Fig.1), outras com secção em caixão rectangular (Fig.2) e ainda um

    passadiço com secção em caixão triangular (Fig.3).

    Fig. 1 – Secção transversaltrapezoidal

    Fig. 2 – Secção transversalrectangular

    Fig. 3 – Secção transversaltriangular

    Os elementos verticais mais frequentemente utilizados são metálicos e tubulares

    (Fig.4), podendo apresentar grandes ou pequenos diâmetros. Para além deste tipo

    de secções, foram também observadas algumas estruturas com pilares de betãoarmado (Fig.5), betão armado revestido com alvenaria (como é o caso do

    passadiço situado ao pé da Doca do Bom Sucesso, em Belém – Fig.6) e ainda

    alguns pilares menos comuns, como se pode verificar na Fig.7.

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 20

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    Fig. 4 – Pilar tubular metálico de um passadiçolocalizado na Av. Almirante Gago Coutinho Fig. 5 – Pilar de betão de um passadiçolocalizado na Av. Marechal Gomes da Costa

    Fig. 6 – Pilar de betão revestido com alvenaria seum passadiço localizado em Belém

    Fig. 7 – Pilar metálico de um passadiçolocalizado em Lagos

    Nestes, as escadas de acesso são geralmente constituídas por duas vigas

    metálicas em I, sobre as quais assentam os degraus (Fig.8). Esta solução, apesar

    de ser a mais frequente, não é única, ficando ao critério da imaginação do

    projectista outras alternativas, como é patente na Fig.6.

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 21

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    Fig. 8 – Escadas mais usuais

    Importa referir que, para grandes vãos e para facilitar a construção dos

    passadiços, foram observados alguns casos em que o tabuleiro é composto por

    duas peças separadas que são posteriormente aparafusadas (Fig.9). O passadiço

    localizado na 2º Circular, em Telheiras, e o que se encontra na Av. Gago

    Coutinho, junto à Rotunda do Relógio, são exemplos deste tipo de solução.

    Fig. 9 – Exemplos de três passadiços em que o tabuleiro é composto por duas peças ligadas

    Quanto ao comportamento dinâmico deste tipo de passadiços, chegou-se à

    conclusão, após medições in situ  de alguns deles, de que estes apresentam

    frequências próprias de vibração vertical que oscilam entre 1,8Hz e 3,5Hz e que

    as acelerações nesta direcção podem atingir picos de 250mg, o que indica que

    existem graves problemas de vibração excessiva e que o conforto dos peões está

    posto em causa. Nas direcções horizontais, as acelerações máximas registadas

    variam com a posição dos acessos em relação ao tabuleiro tendo sido atingidas

    acelerações da ordem dos 25mg em ambas as direcções (valor elevado tendo em

    conta que o Eurocódigo 0 limita as acelerações horizontais a 20mg).

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 22

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    II. Passadiços metálicos I+Lajeta+I

     A era da estandardização está bem representada neste tipo de passadiços sendo

    muito comum encontrá-los em qualquer cidade portuguesa devido à sua rapidez

    de execução. São compostos por dois perfis I apoiados, em pilares metálicos

    tubulares, nas extremidades ou mais para o interior. Sobre os perfis assentam as

    lajetas onde os peões vão transitar (Fig.10).

     Analisando alguns casos, pode-se depreender que os pilares mais frequentemente

    utilizados são os metálicos com secção tubular e que as escadas são idênticas às

    descritas nos passadiços anteriores, ou seja, são constituídas por dois perfis  I,

    sobre os quais assentam os degraus. A ligação dos pilares às vigas é

    aparafusada, em todos os casos observados.

    No que respeita ao comportamento do passadiço sob a acção de peões em

    movimento, não é possível tecer comentários mais aprofundados pelo facto de

    não se terem efectuado medições de acelerações in situ. Porém, tendo por base

    uma análise de vibrações simplificada (um peão analisa, usando a sua própria

    sensibilidade, o nível de vibração causado pela passagem de outro peão), pode-se

    concluir que estes tipos de estruturas são muito susceptíveis a grandes

    acelerações já que bastou começar a andar para se sentirem acelerações verticais

    elevadas.

    Pela semelhança estrutural, foi inserido neste grupo uma passagem superior para

    peões localizada no Parque das Nações, junto ao Edifício Amorim, já que o

    tabuleiro é igualmente composto por duas vigas metálicas com perfil em I sobre as

    quais assenta um pavimento de madeira (Fig.11). Este caso não se pode

    considerar característico, mas é apresentado neste trabalho para demonstrar que,

    com alguma imaginação e criatividade por parte dos projectistas, é possível tornar

    um passadiço numa obra de arte que embeleza qualquer cidade.

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 23

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    Fig. 10 – Passadiços metálicos I+Lajeta+I localizados na linha de C.F. em Paço de Arcos (em cima) e naRinchoa (em baixo)

    Fig. 11 – Passadiço metálico I+lajeta+I localizado no Parque das Nações

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 24

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    III. Passadiços metálicos em treliça

    Estas passagens superiores não são tão comuns como as atrás descritas tendo

    apenas sido encontrados três exemplares na zona de Lisboa.

    Uma destas estruturas está localizada na Rua Conde de Almoster e possibilita o

    tráfego pedonal da zona de Benfica para Monsanto, passando sobre a Radial de

    Benfica e sobre a linha de caminhos-de-ferro Lisboa-Sintra (Fig.12).

    Fig. 12 – Passadiço metálico em treliça localizado na Rua Conde de Almoster

    É constituída por uma estrutura treliçada metálica apoiada em grandes pilares de

    betão. Sobre a base da treliça assentam umas longarinas metálicas que têm como

    função suportar umas barras transversais sobre as quais assenta o pavimento

    (Fig.13) que, no presente caso, é constituído por lajetas a imitar calçada

    portuguesa (Fig.13). 

    Fig. 13 – Apoio do pavimento na base da estrutura metálica treliçada

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 25

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    O facto de uma estrutura treliçada possuir uma grande rigidez, vai permitir que se

    vençam grandes vãos (neste caso, o vão a vencer é de 50m). Tendo por base

    medições efectuadas, é possível chegar à conclusão de que a frequência própria

    de vibração vertical é superior a 3Hz não sendo, por isso, expectável qualquer

    problema de vibração excessiva devido ao tráfego de peões. Este aspecto é

    comprovado com o resultado das medições, tendo registado acelerações máximas

    verticais de 5mg.

    Outro exemplo pode ser encontrado em Oeiras, junto à Quinta do Marquês

    (Fig.14).

    Fig. 14 – Passadiço metálico em treliça localizado na Rua Conde de Almoster

    Este caso difere um pouco do anterior uma vez

    que a estrutura é uma treliça metálica em arco.

     Assim, o pavimento assenta sobre uma estrutura

    metálica em grelha contraventada que é

    suportada por diagonais que descarregam no arco

    metálico (Fig.15).

    Medições aqui efectuadas permitiram estimar a

    frequência dos primeiros modos de vibração,

    tendo-se chegado à conclusão de que, nas

    direcções horizontais (longitudinal e transversal), as frequências são elevadas,

    originando um risco muito pequeno de se verificarem grandes acelerações. O

    Fig. 15 – Pormenor da estruturaque suporta o pavimento

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 26

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    mesmo já não ocorre na direcção vertical, uma vez que a frequência do primeiro

    modo de vibração é da ordem dos 3,2Hz. Sendo esta uma frequência que pode

    ser atingida por um peão a fazer “jogging”, existe o risco de ocorrerem grandes

    acelerações devido ao efeito de ressonância.

    Tendo em conta o que foi exposto, mediram-se as acelerações verticais causadas

    pelas acções “andar”, “saltar” e “vibração forçada” impostas por um peão. O

    resultado obtido permite concluir que, para a acção “andar”, as acelerações

    verticais são baixas e da ordem dos 38mg mas, para as acções “salto” e “vibração

    forçada”, são iguais a 155mg e 90mg, respectivamente, o que já são valores

    elevados e que podem causar algum desconforto às pessoas que transitam no

    passadiço. Importa, contudo, referir que estas acelerações elevadas só ocorreramacções extremas.

    O terceiro passadiço encontrado na zona de Lisboa está localizado na estação de

    caminhos-de-ferro do Areeiro (Fig.16). Trata-se de uma treliça espacial em que se

    aproveitam as partes laterais e cobertura para conferir um comportamento de

    treliça tubular que, por ser muito leve e muito resistente, tem uma alta frequência e

    um menor risco de se verificarem grandes acelerações verticais.

    Fig. 16 – Passadiço metálico em treliça localizado na Estação de Caminhos-de-ferro do Areeiro

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 27

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    Tal como nas restantes estruturas

    analisadas, as lajetas estão apoiadas na

    parte inferior da treliça metálica

    rectangular (Fig.17).

    Fig. 17 – Pormenor da estrutura que suporta opavimento

    É interessante notar que, devido ao facto

    de o vão ser grande e de ser impossível

    recorrer-se a pilares intermédios, foi

    concebida uma estrutura metálica sobre

    os pilares de modo a conferir mais rigidez

    ao tabuleiro (Fig.18).

    Fig. 18 – Estrutura metálica sobre os pilaresde modo a conferir maior rigidez ao tabuleiro

    Para além destes passadiços, foram encontrados, fora da zona de Lisboa, outros

    tipos de estruturas metálicas em treliça. O próximo exemplo corresponde a uma

    passagem superior de peões localizada na Madeira projectada pelo Prof. António

    Reis (Fig.19).

    Fig. 19 – Passadiço metálico em treliça localizado na Madeira

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 28

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    Comparando esta estrutura com as anteriormente analisadas,

    pode-se constatar que existem diferenças significativas no que

    diz respeito não só ao modo como as lajetas de pavimento

    assentam na treliça metálica como também à configuração da

    própria treliça. Assim, contrariamente ao que se tem vindo a

    verificar, as lajetas de betão assentam na face superior de uma

    treliça metálica triangular simplesmente apoiada em pilares de

    betão que não envolve a zona de trânsito de peões. Fig. 20 – Apoio datreliça nos pilares

    de betão

    Não foram efectuadas medições que permitam avaliar o comportamento dinâmico

    deste passadiço, pelo que se torna impossível tirar conclusões sobre o seu grau

    de vibração aquando da passagem de peões.

    Outro exemplo de passadiços desta classe pode ser encontrado em Lagos

    (Fig.21).

    Fig. 21 – Passadiço metálico em treliça localizado em Lagos

    Neste caso, existem duas vigas em treliça que suportam as barras metálicas

    transversais onde assenta o pavimento. Os pilares são metálicos e tubulares e

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 29

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    possuem um cabeçote que garante uma boa superfície de sustentação das vigas

    metálicas. A ligação destas duas peças é aparafusada, como se pode observar na

    Fig.22. 

    Fig. 22 – Pormenor da estrutura que suporta o pavimento e da ligação aparafusada entre o pilar e asvigas treliçadas

    No que respeita aos acessos, existem duas rampas: uma longitudinal e uma

    transversal, compostas por três perfis metálicos I que suportam as barras

    transversais onde assenta o pavimento das rampas. Sobre os pilares e a meio vão

    existem vigas carlingas que rigidificam a estrutura, tornando-a mais segura e mais

    confortável para os peões (Fig.23).

    Fig. 23 – Pormenor de uma rampa de acesso ao passadiço

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 30

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    Quanto ao conforto do passadiço, não foram efectuadas medições de frequências

    e de acelerações, pelo que não é possível prever ou avaliar o seu comportamento

    dinâmico durante a passagem de um peão ou grupo de peões.

    Foi ainda encontrada uma passagem superior para peões muito parecida com a

    anterior mas em que o tabuleiro não é recto, apresentando uma ligeira curvatura, e

    em que um dos pilares é uma treliça (Fig.24).

    Fig. 24 – Passadiço metálico em treliça localizado na IP3

    Este passadiço difere também do anterior pelo

    facto de a treliça não ser uma peça única, ou

    seja, de ser constituída por quatro peças

    distintas que são ligadas entre si e que, por não

    estarem alinhadas, conferem a curvatura ao

    tabuleiro. O sistema de apoio do pavimento é

    idêntico ao anterior, sendo constituído por barras

    metálicas transversais, apoiadas nas vigas

    treliçadas, onde assenta o pavimento (Fig.25). Também, neste caso, não existemdados experimentais que comprovem o bom comportamento da estrutura no que

    respeita ao conforto dos peões.

    Fig. 25 – Pormenor da estrutura quesuporta o pavimento

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 31

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    Um último exemplo de passadiços metálicos em treliça foi encontrado junto à área

    de estacionamento de Antuã (sobre a A1) e é composto por uma treliça espacial

    fechada, apoiada em pilares de betão (Fig.26). A passagem dos peões é feita

    dentro de uma “caixa” inserida dentro da própria treliça, como se pode observar na

    Fig.27.

    Fig. 26 – Passadiço metálico em treliça localizado na Antuã

    Fig. 27 – Apoio da “caixa” na treliça metálica

    Ensaios efectuados permitiram obter uma estimativa das características dinâmicas

    da estrutura e das acelerações que esta apresenta durante o tráfego de peões

    (nas três principais direcções). Assim, o primeiro modo de vibração tem a direcção

    transversal e uma frequência de 2,73Hz; o segundo tem a direcção longitudinal e

    uma frequência de 2,91Hz e, por último, na direcção vertical estima-se que a

    frequência do primeiro modo de vibração seja igual a 4,98Hz.

    No que respeita ao conforto dos peões, será expectável que não ocorram grandes

    acelerações quer vertical quer transversalmente pelo facto de a frequência

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 32

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    fundamental nestas direcções ser muito elevada e se afastar das frequências da

    passada dos peões, reduzindo-se a probabilidade de ocorrência de ressonância.

    Note-se que a frequência da passada na direcção transversal é igual a metade

    daquela que se verifica na direcção vertical (ver capítulo da definição da acção,

    Fig.45). Quanto à direcção longitudinal, é possível que ocorram acelerações

    maiores mas só para frequências de passada bastante elevadas, o que não

    acontece com muita frequência.

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 33

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    IV. Passadiços em grelha com septos horizontais e verticais

    Na zona de Lisboa, principalmente em estações de caminhos-de-ferro, é corrente

    encontrarmos passadiços destes. São constituídos por uma estrutura metálica em

    grelha, sobre a qual assenta a chapa metálica do pavimento. Como elementos

    verticais, é usual recorrer-se a pilares metálicos tubulares com um cabeçote na

    extremidade de modo a existir uma maior superfície de apoio para o tabuleiro.

    Contudo, na estação de caminhos-de-ferro de Queluz (Linha Lisboa-Sintra), o

    passadiço aí existente não utiliza elementos verticais deste tipo como se podeconstatar nas duas últimas imagens da Fig.28. No exemplo apresentado os pilares

    são compostos por duas treliças, formando um prisma triangular invertido.

    No que respeita ao comportamento dinâmico destas passagens superiores para

    peões, não se vão tecer grandes comentários pelo facto de não terem sido

    efectuadas medições de acelerações  in situ. Contudo, a análise no local permite

    verificar que o nível de vibração causado pela passagem de peões em movimento

    é menor do que, por exemplo, nos passadiços I+Lajeta+I.

    e

    Fig. 28 – Passadiços metálicos em modelo de grelha

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 34

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    b) Passadiços de betão

    I. Passadiços de betão I+Lajeta+I

    Este tipo de estrutura é muito utilizado em passagens superiores sobre estradas e

    auto-estradas, não sendo tão comum a sua utilização sobre linhas de caminhos-

    de-ferro. São constituídos por duas vigas pré-fabricadas em betão armado pré-

    esforçado apresentando uma secção aproximadamente em I (Fig.29). As vigas

    estão normalmente apoiadas em aparelhos de apoio que transmitem as acções

    aos pilares.

    Nestes passadiços é corrente a utilização de pilares idênticos ao da Fig.30 e

    Fig.31 que se caracterizam por terem um cabeçote que servirá de superfície de

    suporte das vigas.

     As lajetas pousam no banzo inferior das vigas, que servem de “resguardo” lateral,

    e fixam-se a estas através de buchas metálicas (Fig.29).

    Fig. 29 – Corte tipo 

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 35

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    Fig. 30 – Pilar típico deste tipo de passadiços

     Analisando algumas medições efectuadas, chegou-se à conclusão de estasestruturas, tal como a maior parte dos passadiços em betão, não apresentam

    grandes acelerações para as acções impostas por um peão ou grupo de peões

    pelo que o conforto dos utilizadores está garantido.

    Fig. 31 - Passadiços de betão I+Lajeta+I em que as lajetas assentam sobre o banzo inferior das vigas

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 36

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    Para além deste tipo de solução, existe ainda uma outra composta também por

    duas vigas de betão armado pré-esforçado em I, sobre as quais assentam as

    lajetas. Este caso difere do anterior principalmente pelo facto de as lajetas

    estarem apoiadas, não no banzo inferior das vigas, mas sim sobre o banzo

    superior destas (Fig.32), já que os pilares são normalmente idênticos aos já

    descritos e os acessos (escadas, rampas, elevadores) variam de situação para

    situação, não sendo por isso considerados como uma característica de cada

    passadiço.

    Esta variante não foi sujeita a medições mas é expectável que, pelo facto de o

    material usado ser o betão, não ocorram grandes níveis de vibração.

    Fig. 32 - Passadiços de betão I+Laje+I em que as lajetas assentam na sobre o banzo superior das vigas

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 37

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    III. Passadiços de betão I+Lajetas

    Tendo por base a pesquisa efectuada na zona de Lisboa, só foram detectadas

    duas estruturas deste tipo que estão localizadas na Rua Conde de Almoster, junto

    ao Passadiço metálico em treliça analisado anteriormente.

    Este sub-grupo diz respeito a passagens superiores para peões compostas por

    uma única viga de betão armado pré-esforçado de grandes dimensões,

    simplesmente apoiada nos pilares, sobre a qual assentam as lajetas de betão

    (Fig.34 e Fig.35).

    No que respeita ao conforto das pessoas, este tipo de passadiços é exemplar, tal

    como a maioria dos passadiços de betão, pelo facto de as acelerações medidas

    serem muito baixas para todas as acções impostas pelos peões (máxima

    aceleração vertical registada é igual a 10mg

    para a acção “salto”). Por outro lado, os

    passadiços de betão têm uma massa bastante

    superior aos metálicos sendo que, se houver

    um sismo, sofrem maiores danos. É neste

    caso que os passadiços I+Lajeta parecem

    pouco fiáveis uma vez que as vigas estão

    simplesmente apoiadas em pequenos pilares,

    transmitindo uma noção de insegurança aos

    peões que sobre eles transitam. Este aspectofoi recentemente abordado na Câmara Municipal de Lisboa, tendo sido proposto

    um reforço destas ligações com chapas metálicas laterais para evitar

    deslocamentos horizontais sob a acção de sismos (Fig.34).

    Fig. 34 – Ligação da viga ao pilar

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 39

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    Fig. 35 - Passadiço de betão I+Lajeta

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 40

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    IV. Passadiços de betão em T+T

    Este tipo de passadiços não é muito comum na zona de Lisboa, tendo sido

    encontrado apenas um exemplar localizado na Av. Dr. Luís Gomes (em frente à

    Escola Secundária Herculano de Carvalho), apresentado na Fig.36.

    Fig. 36 - Passadiço de betão T+T localizado na Av. Dr. Luís Gomes

     A grande particularidade destes passadiços reside no facto de a secção se

    assemelhar a uma laje vigada, vulgarmente utilizada nos viadutos rodoviários,

    sendo composta por duas vigas de betão armado pré-esforçado em T com banzos

    unidos pelas extremidades. Os pilares são de betão e apresentam uma forma

    pouco vulgar se modo a que a superfície de contacto entre estes e as vigas T seja

    maior (Fig.36).

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 41

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

     Após a análise de algumas medições efectuadas é possível concluir que este

    passadiço, que vence três vãos de 20m, tem uma frequência de vibração vertical

    igual a 3,5Hz enquanto que, nas direcções longitudinal e transversal, a frequência

    do primeiro modo de vibração é igual a 3,1Hz e 1,6Hz, respectivamente.

    No que respeita a acelerações, foi efectuado um ensaio de vibração forçada

    vertical em que um peão, colocado a meio vão do passadiço, tenta excitar a

    estrutura sem sair do mesmo sítio. Com este ensaio foram medidas acelerações

    verticais iguais a 31mg, acelerações longitudinais iguais a 4mg e, na direcção

    transversal, acelerações iguais a 2,6mg. Tendo em conta que as acelerações não

    são muito elevadas e que a acção imposta é muito violenta, pode-se considerar

    que este passadiço não tem problemas de vibração excessiva e que o conforto

    dos peões está assegurado já que não será muito fácil excitar a estrutura mais

    intensamente com a passagem de um peão ou grupo de peões.

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 42

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    V. Passadiços de betão em U

    Estes passadiços são muito semelhantes às passagens pedonais I+Lajeta+I uma

    vez que são compostos por duas vigas de betão armado pré-esforçado que têm

    como função suportar a laje do pavimento. Assim, as principais diferenças que

    fazem com que os dois tipos de passadiços sejam diferenciados em duas

    categorias diferentes, residem no facto de, em vez de se utilizarem lajetas de

    betão pré-fabricado, ser utilizar uma laje betonada in situ  que é suportada por

    duas vigas que podem não ser necessariamente em I.Estruturas deste tipo podem ser encontradas com alguma frequência na auto-

    estrada de Cascais (Fig.37) sendo que, devido à falta de medições, não é possível

    aferir o seu comportamento dinâmico aquando da passagem de um peão ou grupo

    de peões. Contudo, pelo facto de o material utilizado ser o betão, não são

    esperadas grandes acelerações e o conforto dos peões deve estar garantido.

    Fig. 37 - Passadiços de betão em U localizados na A5 em Belém e em São Domingos de Rana

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 43

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    VI. Passadiços de betão com secção semi-circular

    Esta variante de passadiços de betão não é muito corrente na zona de Lisboa

    tendo sido encontrado apenas um exemplar na zona de Cascais.

    Fig. 38 - Passadiço de betão em com secção semicircular localizado em Cascais

    Pela análise das Figs.38 39 e 40 é possível perceber que a principal diferença

    entre este passadiço e os restantes tem a ver com a secção transversal do

    tabuleiro. Apesar de não ter sido possível ter acesso ao projecto desta estrutura,

    pensa-se que a secção transversal seja composta por lajes semicirculares pré-

    fabricadas de betão armado pré-esforçado completadas com umas lajetas debetão que constituem o pavimento do passadiço. Esta solução já foi utilizada em

    tempos nas coberturas dos grandes armazéns tendo-se aproveitado este tipo de

    secção para o passadiço em causa.

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 44

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    Os pilares são compostos por quatro elementos verticais de betão armado ligados,

    na extremidade superior, por uma peça semicircular de betão onde assenta o

    tabuleiro (Fig.39). Pela análise no local foi possível verificar que entre o tabuleiro e

    os pilares foram usadas umas tiras de borracha ou cortiça que melhoram a ligação

    entre duas superfícies de betão, reduzindo o desgaste dessa zona (Fig.39)

    Fig. 39 – Ligação do tabuleiro ao pilar

    No que respeita ao comportamento dinâmico deste tipo de passadiços, não foram

    efectuadas medições in situ de frequências e acelerações pelo que não é possível

    concluir nada sobre este aspecto.

    Fig. 40 – Outras fotografias do passadiço

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 45

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    VII. Passadiços de betão do tipo “stress-ribbon”

    O termo “Stress-Ribbon” é usado para descrever estruturas formadas por uma

    plataforma muito delgada de betão pré-esforçado. Esta solução é muito

    económica, estética e requer quantidades mínimas de materiais. Como principal

    desvantagem pode-se apontar o facto de os encontros terem de suportar grandes

    forças horizontais o que pode condicionar o custo da solução.

    Como exemplo deste tipo de estrutura pode-se apontar o passadiço existente na

    Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (Fig.41).

    Fig. 41 – Passadiço de betão do tipo “Stress-ribbon” localizado na Faculdade de Engenharia daUniversidade do Porto

    Este passadiço é apresentado neste trabalho por ter sido alvo de um importante

    estudo sobre o seu comportamento dinâmico (Elsa Caetano e Álvaro Cunha,

    2002) e não por caracterizar um grande número de passadiços em Portugal, já

    que não foram encontrados mais estruturas deste tipo.

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 46

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    Tendo por base o texto “Modelação numérica e validação experimental do

    Comportamento dinâmico de uma ponte pedonal” (Elsa Caetano e Álvaro Cunha,

    2002), sabe-se que o passadiço é constituído por “u

    ribbon” contínuo, apoiado nos encontros e num pilar

    intermédio, formando dois vãos de 28m e 30m. A laje

    de tabuleiro constitui uma estrutura laminar de betão

    armado com 3,8m de largura e cerca de 0,15m de

    espessura, cuja resistência é dada por 4 cabos

    embebidos na secção de betão traccionados entre os

    encontros. A forma curva da estrutura resulta do

    equilíbrio estático entre as forças gravíticas e as

    forças de tracção nos cabos.”

    m tabuleiro do tipo “stress-

    Fig. 42 –Encontro degrandes dimensões

    “O pilar central, cuja extremidade superior possui uma

    cota de 2m acima da cota dos encontros, é uma

    estrutura metálica formada por 4 tubos dispostos

    segundo as arestas de uma pirâmide quadrangular

    invertida, ligados superiormente por uma “sela” de

    desvio dos cabos do tabuleiro e cujo vértice forma uma

    rótula. Sendo a resistência às acções horizontais

    conferida pelos cabos traccionados, tornou-se

    necessária a utilização de um sistema de apoio

    longitudinal durante a fase construtiva.”

    Fig. 43 –Pilar

    No que respeita ao conforto dos peões, este passadiço exibe níveis de vibração

    francamente perceptíveis mesmo quando atravessado por um reduzido número de

    peões, razão pela qual foi objecto de estudo aprofundado pelos autores já

    referidos.

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 47

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    c) Passadiços em materiais compósitos

     A utilização de materiais compósitos ultra-leves é cada vez mais usual nas

    estruturas mais recentes. Este tipo de solução apresenta grandes vantagens

    devido à sua grande leveza, bom aspecto estético e grande rapidez de construção

    o que facilita a sua aplicação em zonas urbanas por não causar grande transtorno

    do trânsito local.

     A sua grande leveza aliada às novas tecnologias existentes, levaram à adopção

    do conceito de construção modular, possibilitando a produção em série e

    simplificando processos.

    No que respeita à plataforma em si, esta caracteriza-se por ser elegante e

    funcional, propondo uma solução fechada composta por duas linhas horizontais

    ligadas por uma malha. A solução mais usual caracteriza-se ainda por ser

    adaptável e desmontável, ter uma baixa manutenção, ser reutilizável e reciclável.

     As passagens superiores deste tipo que foram observadas localizam-se na

    Estação de caminhos-de-ferro do Montijo e na Av. Infante D.Henrique e

    apresentam um comprimento total de aproximadamente 30m (Figs.44 e 45).

    Quanto a elementos verticais, é usual a utilização de

    pilares metálicos tubulares (Fig.44) e de escadas

    metálicas idênticas às usadas nos passadiços

    metálicos, ou seja, compostas por vigas I sobre as

    quais assentam os degraus.  

    Fig. 44 – Pilar e escadas metálicas

    Tendo por base algumas medições efectuadas estima-se que a frequência de

    vibração de ambos os passadiços seja aproximadamente igual a 5,3Hz. Foram

    medidas ainda acelerações máximas verticais de 67mg e acelerações máximas

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 48

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    transversais e longitudinais iguais a 61mg e 12mg, respectivamente, para algumas

    acções impostas por um peão. Deste modo pode-se concluir que, pelo facto de

    este tipo de estruturas serem muito leves, podem ocorrer casos de vibração

    excessiva aquando da passagem de grupos de peões, o que pode causar algum

    desconforto.

    Fig. 45 - Passadiços em fibra de vidro localizados na Estação de caminhos-de-ferro do Montijo e naAvenida Infante D.Henrique

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 49

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    d) Passadiço suspenso em arame

    Este tipo de passadiços está praticamente em extinção e é apresentado nestetrabalho apenas como curiosidade relativamente aos primórdios dos passadiços.

    O exemplo apresentado de seguida foi encontrado em Amarante e foi construído

    em meados do séc XVII, aquando da implementação de linhas de caminhos-de-

    ferro nessa zona (Figs.46 e 47). Esta estrutura está presentemente a ser objecto

    de um estudo por parte de engenheiros da Faculdade de Engenharia da

    Universidade do Porto e ainda não se obtiveram resultados das medições

    efectuadas, razão pela qual, não se podem apresentar esclarecimento sobre o seu

    comportamento dinâmico.

    Fig. 46 – Passadiço suspenso feito em arame

    Quanto à estrutura propriamente dita, é constituída por dois cabos de arame que

    suportam vários tirantes, também de arame cuja função é suportar o pavimento do

    passadiço (que é de madeira, como se pode observar na Fig.47).

    Fig. 47 – Outras fotografias do passadiço

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 50

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    3) CARACTERIZAÇÃO DA ACÇÃO

    Um passadiço é um tipo especial de estrutura pelo facto de o seu nível de carga

    ser bastante mais baixo, quando comparado com o dos “viadutos” rodoviários.

    Este aspecto conduz à construção de estruturas mais esbeltas onde os problemas

    de vibração excessiva surgem com mais frequência, ao contrário do que é normal

    acontecer em viadutos rodoviários.

     Apesar de os peões não detectarem problemas de resistência da estrutura,

    apercebem-se instantaneamente de problemas de vibração excessiva porque sepodem tornar desconfortáveis e assustadores.

     As acções dinâmicas em passadiços devem-se essencialmente à movimentação

    normal (“andar”) ou rápida (“jogging”) dos peões. Contudo, também determinadas

    acções esporádicas que ocorrem quando um ou mais peões impõem movimentos

    ritmados violentos, tais como saltar num único ponto a determinada frequência ou

    impor movimentos horizontais bruscos, podem produzir acções dinâmicas de

    grande importância, razão pela qual também foram objecto de estudo. As acçõesimpostas por ciclistas não foram tidas em conta no presente trabalho pelo facto de

    terem pouca relevância quando comparadas com as impostas pelos peões.

    O movimento de um peão introduz na estrutura uma acção variável a cada passo

    dado. Esta acção tem um carácter dinâmico não só devido à modificação da

    posição da carga, mas também pelo facto desta não ter uma intensidade

    constante ao longo do tempo.

    Efeitos específicos podem também ser alcançados quando a frequência da forçaexcitadora é igual à frequência de vibração da estrutura - ressonância. Este

    fenómeno provoca grandes acelerações sendo, por isso, indispensável conhecer a

    frequência do movimento dos peões bem como a frequência da ponte para o

    poder evitar.

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 51

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    Existe ainda outra dificuldade na caracterização da acção que reside no facto de

    os movimentos da ponte terem a capacidade de a influenciarem. Este aspecto

    toma o nome de “Efeito de Sincronização” (“Lock in Efect”) e foi, por exemplo,

    preponderante para o fecho precoce da Millenium Bridge em Londres uma vez que

    a vibração excessiva na direcção horizontal levou a que os peões adaptassem o

    seu movimento ao movimento da ponte para se equilibrarem, fazendo com que

    esta entrasse em ressonância.

    Acção de um peão

    Tal como é referido na Tese de mestrado do Engenheiro Vinagre (1989)1, a acção

    de um peão pode ser definida a dois níveis distintos: num primeiro nível (global)

    definem-se os parâmetros que se relacionam exclusivamente com a locomoção do

    peão; num segundo nível, (local) é necessário definir uma função de carga que

    traduza a acção aplicada à estrutura quando ocorre o contacto entre o pé do

    indivíduo e o tabuleiro.

    Em relação ao nível global, importa determinar qual a frequência do movimento.

    Esta pode ser facilmente obtida se se conhecer a velocidade do deslocamento e o

    comprimento da passada.

     A referência anterior especifica que a velocidade do deslocamento varia

    normalmente entre 0,5m/s e 8,0m/s e que o comprimento da passada não excede

    os 1,9m. Na Fig.48 é apresentado um gráfico que relaciona estas grandezas com

    a frequência do andamento.

    1 Vinagre, João Carlos, Análise Dinâmica de Pontes para Peões, 1989

    Tomás Paes de Vasconcellos Nunes da Silva, nº 49261 52

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    ANÁLISE DINÂMICA DE PASSAGENS SUPERIORES PARA PEÕES

    Fig. 48 - Relação entre a frequência e o comprimento de passada para um peão-tipo (AN – Andamentonormal, AE – andamento rápido, C – corrida)2

     

    Tendo por base o artigo “Lively Footbridges” de Bachmann3 (Tabela 1) é possível

    classificar o tipo de acção no que respeita às frequências. Deste modo, pode-se

    constatar que, em média, a frequência do movimento “andar” é de cerca de 2Hz

    enquanto que dos movimentos “correr” e “saltar” é da ordem dos 2,5Hz.

    Lento Normal Rápido Total

    Andar 1,4 – 1,7 Hz 1,7 – 2,2 Hz 2,2 – 2,4 Hz 1,4 – 2,4 Hz

    Correr 1,9 – 2,2 Hz 2,2 – 2,7 Hz 2,7 – 3,3 Hz 1,9 – 3,3 Hz

    1,3 – 1,9 Hz 1,9 – 3,0 Hz 3,0 – 3,4 Hz 1,3 – 3,4 HzSaltar

    Tabela 1 – Frequências dos movimentos "andar", "correr" e "saltar"

    Definido o movimento do peão, é necessário determinar uma função de carga que

    traduza a acção aplicada à estrutura quando ocorre o contacto entre o pé do

    indivíduo e o tabuleiro (análise local).

    Cada passo pode ser decomposto numa componente vertical e em duas

    horizontais (longitudinal e transversal). A primeira é respons�