Caracterização experimental do comportamento mecânico de ... · Ao meu colega e amigo Humberto...
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Caracterização experimental do comportamento
mecânico de argamassas de desempenho térmico
melhorado
Henrique Tavares de Melo Martins do Vale
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia Civil
Orientadores: Prof.ª Inês dos Santos Flores Barbosa Colen
Prof.ª Maria da Glória de Almeida Gomes
Júri
Presidente: Prof.º Albano Luís Rebelo da Silva das Neves e Sousa
Orientador: Prof.ª Inês dos Santos Flores Barbosa Colen
Vogal: Prof.ª Maria Paulina Santos Forte de Faria Rodrigues
Fevereiro de 2014
Caracterização experimental do comportamento
mecânico de argamassas de desempenho térmico
melhorado
Dissertação elaborada no âmbito do projeto NANORENDER
- Performance of silica nanoaerogel – based renders –
Projeto FCT PTDC / ECM / 118262 / 2010
União Europeia
FEDER Governo da República Portuguesa
I
Agradecimentos
A realização da presente dissertação exigiu esforço e dedicação da minha parte, assim como a ajuda
de algumas pessoas, às quais passo a agradecer.
Às Professoras Inês Flores-Colen e Maria da Glória Gomes, minhas orientadoras científicas, por todo
o apoio e incentivo demonstrado ao longo deste trabalho, pela disponibilidade e rigor na análise de
resultados e na revisão do texto e pela partilha do conhecimento sobre o tema, incutindo assim um
maior rigor científico no trabalho.
Ao Engº António Soares, bolseiro de investigação no IST, por todo o apoio, dedicação e partilha de
conhecimentos, nomeadamente na realização dos ensaios experimentais, prestado ao longo de todo
o trabalho.
Aos Sr.Leonel Silva e Sr.João Lopes, técnicos do Laboratório de Construção do IST, por todo o apoio
e dedicação que, com o seu conhecimento e simpatia, me ajudaram durante o período de ensaios.
Ao meu colega e amigo Humberto Melo, que desenvolveu um trabalho em paralelo a este, por todo o
apoio, incentivo, companheirismo e amizade ao longo de todo o trabalho.
Às empresas Weber, Secil e DiaSen, pelo fornecimento das argamassas industriais em pó.
À FCT (Fundação para a Ciência e a Tecnologia), dado que este trabalho foi desenvolvido no âmbito
do projeto de investigação FCT PTDC/ECM/11826/2010 NANORENDER – Performance of sílica
nanoaerogel – based renders.
Por último, e principalmente, aos meus pais por todo o apoio, compreensão, incentivo e carinho
demonstrado, ao longo de todo o meu percurso académico, sem os quais seria muito mais
complicado e aos meus 2 irmãos por todo o apoio, amizade e companheirismo.
Deixo também um agradecimento aos restantes amigos e familiares que me ajudaram direta ou
indiretamente.
II
III
Resumo
Atualmente existe uma preocupação no sentido de se obter edifícios com impacto ambiental reduzido
e bom conforto térmico. A necessidade de utilizar novas tecnologias para cumprir com as exigências
térmicas tem sido impulsionada pelo regulamento para edifícios (RCCTE, REH e certificação
energética). Com este objetivo, o uso de sistemas de revestimento para a melhoria do desempenho
térmico de fachadas tem aumentado, tais como as argamassas com incorporação de agregados
isolantes.
No presente estudo, e para melhor compreender o comportamento mecânico destas argamassas,
foram produzidas, em laboratório, 4 argamassas industriais com propriedades térmicas e 2
argamassas tradicionais, em que a areia foi substituída por agregados com propriedades isolantes
(cortiça e EPS), sem quaisquer adições/adjuvantes.
Foram realizados ensaios de resistência à compressão, à tração por flexão, módulo de elasticidade
dinâmico, aderência ao suporte e velocidade de propagação das ondas ultra-sónicas. Em todas as
argamassas foi também medido o coeficiente de condutibilidade térmica. Por último, efetuou-se um
estudo comparativo entre os resultados das diferentes propriedades.
Em suma, foi possível verificar que são necessárias quantidades superiores a 70% de incorporação
de agregados isolantes (EPS e cortiça) para se obter argamassas térmicas, segundo a EN 998-1
(CEN, 2010) e que a introdução destes agregados provoca significativas alterações no
comportamento mecânico destas argamassas.
Palavras-Chave
Argamassas térmicas; Agregados isolantes térmicos; Comportamento mecânico; Cortiça; EPS;
Condutibilidade térmica
IV
V
Abstract
Currently there is a concern in order to obtain buildings with reduced environmental impact and good
thermal comfort. The need to use new technologies to meet the thermal requirements have been
driven by the portuguese buildings regulation (RCCTE, REH and energy certification). For this
purpose, the use of coating systems to improve the thermal performance of facades has increased,
such as mortars incorporating insulating aggregates.
In the present study, and to understand better the mechanical behavior of these mortars, 4 industrial
mortars with thermal properties and 2 traditional mortars were produced in the laboratory, where the
sand was replaced by aggregates with insulating properties (cork and EPS), without any
additions/admixtures.
Compressive strength, tensile strength, dynamic modulus of elasticity, adhesion to the substrate and
the ultrasonic pulse velocity tests were performed. The coefficient of thermal conductivity was also
measured in all mortars. Finally, a comparative study between the results of the different properties
was carried out.
In conclusion, the results show the need to incorporate a large amount, over 70%, of insulating
aggregates (EPS and cork), in order to obtain thermal mortars, according to EN 998-1 (CEN, 2010).
The incorporation of these aggregates causes significant changes in the mechanical behavior of these
mortars.
Key-words
Thermal mortars; Thermal insulating aggregates; Mechanical behavior; Cork; EPS; Thermal
conductivity
VI
VII
Índice
AGRADECIMENTOS ................................................................................................................................ I
RESUMO .............................................................................................................................................III
PALAVRAS-CHAVE ...............................................................................................................................III
ABSTRACT .......................................................................................................................................... V
KEY-WORDS ........................................................................................................................................ V
ÍNDICE .............................................................................................................................................. VII
ÍNDICE DE FIGURAS .............................................................................................................................. X
ÍNDICE DE TABELAS ........................................................................................................................... XIV
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................1
1.1. Considerações iniciais...........................................................................................................1
1.2. Objectivos e metodologia da dissertação...............................................................................2
1.3. Estrutura e organização da dissertação .................................................................................2
2. COMPORTAMENTO MECÂNICO DE ARGAMASSAS TÉRMICAS .................................................................5
2.1. Considerações gerais ...........................................................................................................5
2.2. Enquadramento histórico ......................................................................................................5
2.3. Argamassas de revestimento ................................................................................................6
2.3.1. Exigências funcionais de argamassas de revestimento .......................................................6
2.3.2. Comportamento mecânico de argamassas .........................................................................6
2.4. Argamassas térmicas ou de desempenho térmico melhorado ...............................................9
2.4.1. Revestimentos de desempenho térmico melhorado ............................................................9
2.4.2. Características das argamassas térmicas ......................................................................... 12
2.4.3. Constituintes das argamassas .......................................................................................... 12
2.4.4. Análise do comportamento mecânico de argamassas térmicas no mercado ..................... 18
2.5. Síntese do capítulo ............................................................................................................. 27
3. CARACTERIZAÇÃO DO TRABALHO EXPERIMENTAL ........................................................................... 29
3.1. Considerações gerais ......................................................................................................... 29
3.2. Descrição geral dos planos de ensaios ............................................................................... 29
3.3. Caracterização dos materiais constituintes das argamassas ............................................... 31
3.3.1. Constituintes das argamassas tradicionais ....................................................................... 31
3.3.2. Constituintes das argamassas industriais ......................................................................... 33
3.4. Produção das argamassas .................................................................................................. 33
VIII
3.4.1. Argamassa tradicional ...................................................................................................... 33
3.4.2. Argamassa industrial ........................................................................................................ 34
3.5. Ensaios realizados no estado fresco ................................................................................... 35
3.5.1. Massa volúmica aparente ................................................................................................. 35
3.5.2. Consistência por espalhamento ........................................................................................ 36
3.6. Ensaios realizados no estado endurecido............................................................................ 37
3.6.1. Massa volúmica aparente ................................................................................................. 37
3.6.2. Resistência à compressão ................................................................................................ 38
3.6.3. Resistência à tração por flexão ......................................................................................... 39
3.6.4. Aderência ao suporte (pull-off) .......................................................................................... 40
3.6.5. Módulo de elasticidade dinâmico ...................................................................................... 42
3.6.6. Velocidade de propagação das ondas ultra-sónicas ......................................................... 43
3.6.7. Coeficiente de condutibilidade térmica .............................................................................. 48
3.7. Síntese do capítulo ............................................................................................................. 48
4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................................................................ 51
4.1. Considerações gerais ......................................................................................................... 51
4.2. Caracterização dos materiais constituintes das argamassas (baridade) ............................... 51
4.3. Caracterização das argamassas no estado fresco ............................................................... 52
4.3.1. Massa volúmica aparente ................................................................................................. 52
4.3.2. Consistência por espalhamento ........................................................................................ 54
4.4. Caracterização das argamassas no estado endurecido ....................................................... 55
4.4.1. Massa volúmica aparente ................................................................................................. 55
4.4.2. Resistência à compressão ................................................................................................ 57
4.4.3. Resistência à tração por flexão ......................................................................................... 60
4.4.4. Aderência ao suporte (pull-off) .......................................................................................... 62
4.4.5. Módulo de elasticidade dinâmico ...................................................................................... 64
4.4.6. Velocidade de propagação das ondas ultra-sónicas ......................................................... 66
4.4.7. Coeficiente de condutibilidade térmica .............................................................................. 70
4.5. Correlação entre os resultados das técnicas de ensaio ....................................................... 72
4.5.1. Massa volúmica aparente com resistência à compressão e módulo de elasticidade
dinâmico .................................................................................................................................... 73
IX
4.5.2. Resistência à compressão com condutibilidade térmica .................................................... 74
4.5.3. Resistência à compressão com módulo de elasticidade dinâmico ..................................... 75
4.5.4. Velocidade de propagação das ondas ultra-sónicas com módulo de elasticidade dinâmico
.................................................................................................................................................. 75
4.6. Análise crítica / síntese dos resultados ................................................................................ 76
4.7. Síntese do capítulo ............................................................................................................. 81
5. CONCLUSÕES E DESENVOLVIMENTOS FUTUROS............................................................................... 83
5.1. Considerações finais ........................................................................................................... 83
5.2. Conclusões gerais .............................................................................................................. 83
5.3. Propostas para desenvolvimentos futuros ........................................................................... 85
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................................... 87
Anexos ............................................................................................................................................1
ANEXO A.3.1 – FICHA TÉCNICA DA AREIA MESQUITA ................................................................................3
ANEXO A.3.2 – CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS DAS ARGAMASSAS INDUSTRIAIS .........................................4
ANEXO A.4.1 – ENSAIO DA BARIDADE .....................................................................................................5
ANEXO A.4.2 – MASSA VOLÚMICA APARENTE, NO ESTADO FRESCO ...........................................................6
ANEXO A.4.3 – CONSISTÊNCIA POR ESPALHAMENTO ................................................................................6
ANEXO A.4.4 – MASSA VOLÚMICA APARENTE, NO ESTADO ENDURECIDO ....................................................7
ANEXO A.4.5 – RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO .........................................................................................8
ANEXO A.4.6 – RESISTÊNCIA À TRAÇÃO POR FLEXÃO ............................................................................. 13
ANEXO A.4.7 – TENSÃO DE ADERÊNCIA AO SUPORTE ............................................................................. 17
ANEXO A.4.8 – MÓDULO DE ELASTICIDADE DINÂMICO ............................................................................ 20
ANEXO A.4.9 – VELOCIDADE DE PROPAGAÇÃO DAS ONDAS ULTRA-SÓNICAS (MÉTODO DIRETO) .................. 21
ANEXO A.4.10 – VELOCIDADE APARENTE DE PROPAGAÇÃO DAS ONDAS ULTRA-SÓNICAS (MÉTODO INDIRETO
– CÁLCULO DAS MÉDIAS) ..................................................................................................................... 25
ANEXO A.4.11 – VELOCIDADE APARENTE DE PROPAGAÇÃO DAS ONDAS ULTRA-SÓNICAS (MÉTODO INDIRETO
– MÉTODO DAS DROMOCRÓNICAS (DECLIVE)) ......................................................................................... 29
ANEXO A.4.12 – RELAÇÃO ENTRE O MÉTODO DIRETO E O MÉTODO INDIRECTO NA OBTENÇÃO DA VELOCIDADE
DE PROPAGAÇÃO DAS ONDAS ULTRA-SÓNICAS ....................................................................................... 32
ANEXO A.4.13 – COEFICIENTE DE CONDUTIBILIDADE TÉRMICA ................................................................ 33
X
Índice de figuras
Figura 2.1 – Revestimentos compósitos de isolamento térmico pelo exterior (Veiga, 2012) ............... 10
Figura 2.2 – Revestimentos constituídos por painéis isolantes fixados diretamente ao suporte (Veiga,
2012) ......................................................................................................................................... 10
Figura 2.3 – Revestimentos de fachada ventilada com isolante na caixa de ar (Veiga, 2012) ............ 10
Figura 2.4 – Revestimentos aderentes constituídos por argamassas isolantes (Veiga, 2012) ............ 10
Figura 2.5 – Granulado EPS [W1] ..................................................................................................... 15
Figura 2.6 – Placas EPS [W2] ........................................................................................................... 15
Figura 2.7 – Granulado de cortiça [W3] ............................................................................................. 17
Figura 2.8 – Aglomerado de cortiça [W4] ........................................................................................... 17
Figura 2.9 – Processo de mudança de fase dos PCM (Cunha et al, 2012) ......................................... 18
Figura 3.1 – Molde com 3 provetes prismáticos de 40×40×160 mm ................................................... 30
Figura 3.2 – Cofragem para a aplicação das argamassas em tijolo ................................................... 30
Figura 3.3 – Enchimento do molde .................................................................................................... 31
Figura 3.4 – Processo de rasar o molde ............................................................................................ 31
Figura 3.5 – Agregados de cortiça ..................................................................................................... 32
Figura 3.6 – Agregados de EPS ........................................................................................................ 32
Figura 3.7 – Peneiração dos materiais isolantes ................................................................................ 32
Figura 3.8 – Pesagem da areia ......................................................................................................... 34
Figura 3.9 – Raspagem do material aderente às paredes do recipiente ............................................. 34
Figura 3.10 – Argamassa em repouso (Argamassa GTrad
EPS) ............................................................. 34
Figura 3.11 – Pesagem do produto em pó (argamassa AInd
EPS) ......................................................... 35
Figura 3.12 – Mistura manual (argamassa CInd
Cort) ............................................................................ 35
Figura 3.13 – Mistura mecânica (argamassa BInd
EPS) ......................................................................... 35
Figura 3.14 – Enchimento do recipiente com argamassa ................................................................... 36
Figura 3.15 – Processo de compactação ........................................................................................... 36
Figura 3.16 – Pesagem do recipiente contendo a argamassa ............................................................ 36
Figura 3.17 – Colocação do molde troncocónico no centro da mesa.................................................. 37
Figura 3.18 – Argamassa, sem molde, preparada para as 15 pancadas ............................................ 37
Figura 3.19 – Medição do diâmetro de espalhamento........................................................................ 37
XI
Figura 3.20 – Provete da argamassa DInd
Cort ...................................................................................... 39
Figura 3.21 – Provete da argamassa tradicional com cortiça ............................................................. 39
Figura 3.22 – Provete da argamassa tradicional com EPS ................................................................ 39
Figura 3.23 – Esquema do ensaio à tração por flexão ( EN 1015-11 (CEN, 1999)) ............................ 39
Figura 3.24 – Provete da argamassa AInd
EPS ...................................................................................... 40
Figura 3.25 – Provete da argamassa BInd
EPS ...................................................................................... 40
Figura 3.26 – Provete da argamassa tradicional com EPS ................................................................ 40
Figura 3.27 – Humedecimento do suporte ......................................................................................... 41
Figura 3.28 – Cofragem para a aplicação da argamassa ................................................................... 41
Figura 3.29 – Realização dos entalhes sobre os modelos a analisar ................................................. 42
Figura 3.30 – Pastilhas coladas sobre a argamassa .......................................................................... 42
Figura 3.31 – Aplicação da força através do aparelho de arrancamento ............................................ 42
Figura 3.32 – Equipamento GrindoSonic MK5 “Industrial”.................................................................. 43
Figura 3.33 – Frequência de ressonância do modo de vibração à flexão ........................................... 43
Figura 3.34 – Frequência de ressonância do modo de vibração à torção ........................................... 43
Figura 3.35 – Equipamento PUNDIT ................................................................................................. 44
Figura 3.36 - Transdutores ................................................................................................................ 44
Figura 3.37 – Esquema de transmissão direta dos transdutores (EN 12504-4 (CEN, 2004)) .............. 44
Figura 3.38 – Esquema de transmissão indireta dos transdutores (EN 12504-4 (CEN, 2004)) ........... 44
Figura 3.39 – Calibração do aparelho ................................................................................................ 45
Figura 3.40 – Colocação do material de contacto (pasta de dentes) .................................................. 45
Figura 3.41 – Realização das medições nos provetes (método direto) ............................................... 45
Figura 3.42 – Esquema de medições para o ensaio de ultra-sons (EN 12504-4 (CEN, 2004)) ........... 46
Figura 3.43 – Percurso a analisar ...................................................................................................... 47
Figura 3.44 – Calibração do aparelho ................................................................................................ 47
Figura 3.45 – Realização das medições (Método indireto) ................................................................. 47
Figura 3.46 – Equipamento ISOMET 2114 ........................................................................................ 48
Figura 3.47 – Provetes a serem ensaiados (condutibilidade térmica) ................................................. 48
Figura 4.1 – Massa volúmica aparente, aos 28 dias, das argamassas produzidas no estado
endurecido ................................................................................................................................. 56
XII
Figura 4.2 - % decrescente na massa volúmica aparente, relativamente à argamassa E, das
argamassas tradicionais ............................................................................................................. 56
Figura 4.3 – Resistência à compressão das argamassas, aos 14 e 28 dias, no estado endurecido.... 58
Figura 4.4 – Resistência à tração por flexão das argamassas, aos 14 e 28 dias, no estado endurecido
.................................................................................................................................................. 61
Figura 4.5 – Valores da tensão de aderência, aos 28 dias, das argamassas produzidas ................... 63
Figura 4.6 - % decrescente na tensão de aderência, relativamente à argamassa E, das argamassas
tradicionais ................................................................................................................................ 63
Figura 4.7 – Módulo de elasticidade dinâmico, aos 28 dias, das argamassas com incorporação de
agregados isolantes ................................................................................................................... 65
Figura 4.8 - % decrescente no módulo de elasticidade dinâmico, relativamente à argamassa E, das
argamassas tradicionais ............................................................................................................. 65
Figura 4.9 – Velocidade propagação das ondas ultra- sónicas das argamassas produzidas, aos 28
dias ............................................................................................................................................ 67
Figura 4.10 - % decrescente na velocidade das ondas ultra-sónicas, relativamente à argamassa E,
das argamassas tradicionais ...................................................................................................... 67
Figura 4.11 – Relação entre a velocidade de propagação das ondas (V), método direto, e as
resistências à compressão (Rc) e à tração por flexão (Rt), aos 28 dias, para as argamassas com
incorporação de agregados isolantes ......................................................................................... 68
Figura 4.12 – Relação entre a velocidade de propagação das ondas (V) e a massa volúmica aparente
(Mv), aos 28 dias, das argamassas com incorporação de agregados isolantes........................... 68
Figura 4.13 – Condutibilidade térmica, aos 28 dias, das argamassas com incorporação de agregados
isolantes .................................................................................................................................... 71
Figura 4.14 - % decrescente no valor da condutibilidade, em relação à argamassa E, das argamassas
tradicionais ................................................................................................................................ 71
Figura 4.15 – Relação entre a massa volúmica aparente (Mv) e a condutibilidade térmica (λ) das
argamassas com incorporação de agregados isolantes .............................................................. 72
Figura 4.16 – Relação entre os resultados da resistência à compressão (Rc) com os valores de
massa volúmica aparente, no estado endurecido (Mv) ............................................................... 73
Figura 4.17 – Relação entre os resultados do módulo de elasticidade dinâmico (Ed) com os valores
de massa volúmica aparente, no estado endurecido (Mv) .......................................................... 74
Figura 4.18 – Relação entre os resultados da resistência à compressão (Rc) com os valores da
condutibilidade térmica (λ).......................................................................................................... 74
Figura 4.19 – Relação entre os resultados da resistência à compressão (Rc) com os valores do
módulo de elasticidade dinâmico (Ed) ........................................................................................ 75
XIII
Figura 4.20 – Relação entre o módulo de elasticidade dinâmico (Ed) e a velocidade de propagação
das ondas ultra-sónicas (V), através do método direto ............................................................... 76
XIV
Índice de tabelas
Tabela 2.1 – Requisitos de aderência segundo normalização e especificações técnicas (Flores-Colen,
2009; Veiga, 2001; 2003) .............................................................................................................7
Tabela 2.2 – Requísitos de resistência à compressão e à tração por flexão segundo normalização e
especificações técnicas ...............................................................................................................8
Tabela 2.3 – Requisitos do valor do módulo de elasticidade dinâmico segundo especificações
técnicas (Flores-Colen, 2009; Veiga, 2001) ..................................................................................9
Tabela 2.4 – Coeficiente de transmissão térmica de diferentes soluções de fachada (Veiga, 2012;
LNEC, 2006) .............................................................................................................................. 11
Tabela 2.5 – Requisitos para argamassas térmicas, no estado endurecido (EN 998-1, CEN 2010) ... 12
Tabela 2.6 – Massa volúmica e condutibilidade térmica de materiais isolantes térmicos (Moret
Rodrigues et al, 2009; Labrincha 2006; Mendes, 2009) .............................................................. 14
Tabela 2.7 – Características mecânicas das argamassas estudadas por Ali (2011) .......................... 20
Tabela 2.8 – Características mecânicas das argamassas estudadas por Babu et al. (2005) .............. 21
Tabela 2.9 – Características mecânicas das argamassas estudadas por Brás et al. (2013) ............... 21
Tabela 2.10 – Características mecânicas das argamassas estudadas por Martins (2010) ................. 22
Tabela 2.11 – Carcterísticas mecânicas da argamassa estudada por Gonçalves et al. (2012) ........... 23
Tabela 2.12 – Características mecânicas da argamassa estudada por Frade et al. (2012) ................ 24
Tabela 2.13 – Características mecânicas das argamassas de acordo com o catálogo dos fabricantes
.................................................................................................................................................. 24
Tabela 2.14 – Características mecânicas das argamassas com incorporação de agregados isolantes,
tradicionais e industrias, no mercado ......................................................................................... 25
Tabela 3.1 – Número de ensaios realizados no estado endurecido ................................................... 30
Tabela 3.2 – Constituintes das argamassas tradicionais produzidas em laboratório........................... 32
Tabela 3.3 – Constituintes das argamassas industriais produzidas em laboratório ............................ 33
Tabela 3.4 – Número de provetes e ensaios realizados, por argamassa............................................ 38
Tabela 3.5 – Número de provetes e ensaios realizados, por argamassa............................................ 40
Tabela 3.6 – Número de modelos/tijolos e ensaios realizados, por argamassa .................................. 41
Tabela 3.7 – Número de provetes e ensaios realizados, por argamassa............................................ 45
Tabela 3.8 – Número de tijolos e ensaios realizados, por argamassa ................................................ 46
Tabela 3.9 – Total de ensaios, provetes e tijolos/modelos realizados ................................................ 49
XV
Tabela 4.1 – Baridade média dos constituintes das argamassas tradicionais e industriais (em pó) .... 51
Tabela 4.2 – Massa volúmica das argamassas produzidas, em pasta ............................................... 52
Tabela 4.3 – Resultados do ensaio de espalhamento ........................................................................ 54
Tabela 4.4 – Massa volúmica aparente, aos 28 dias, no estado endurecido ...................................... 55
Tabela 4.5 – Resultados da resistência à compressão, aos 14 e 28 dias, das argamassas no estado
endurecido ................................................................................................................................. 57
Tabela 4.6 - Resultados da resistência à tração por flexão, aos 14 e 28 dias, das argamassas no
estado endurecido ..................................................................................................................... 60
Tabela 4.7 – Resultados da tensão de aderência, aos 28 dias, das diferentes argamassas produzidas
.................................................................................................................................................. 62
Tabela 4.8 – Módulo de elasticidade dinâmico, aos 28 dias, no estado endurecido ........................... 64
Tabela 4.9 – Valores da velocidade de propagação das ondas ultra-sónicas, aos 28 dias (método
direto) ........................................................................................................................................ 66
Tabela 4.10 – Valores de velocidade aparente das ondas ultra-sónicas, através do cálculo das médias
e do método das dromocrónicas ................................................................................................ 69
Tabela 4.11 – Valores do coeficiente de condutibilidade térmica, aos 28 dias, das argamassas
produzidas ................................................................................................................................. 70
Tabela 4.12 – Características mecânicas e físicas das argamassas produzidas, aos 28 dias ............ 78
Tabela 4.13 – Matriz das correlações entre as características mecânicas das argamassas com
incorporação de agregados isolantes ......................................................................................... 80
XVI
1
1. Introdução
1.1. Considerações iniciais
Os revestimentos e acabamentos das paredes constituem parte significativa da envolvente dos
edifícios e desempenham um papel importante no seu comportamento. São os elementos mais
expostos, quer às ações climáticas, quer às ações mecânicas e, ainda, às ações ambientais (Frade et
al, 2012). De um modo geral, espera-se que um revestimento para paredes exteriores proteja a
parede de agentes agressivos, confira à parede características de planeza, verticalidade e
regularidade, proporcione uma fácil limpeza e manutenção e contribua para a estanqueidade à água
(Lucas, 1990).
Importa salientar a importância que as questões energéticas, nomeadamente de comportamento
térmico dos edifícios, cada vez mais assumem, por via das exigências regulamentares que vão
impondo sucessivamente métodos de produção e produtos de desempenho térmico melhorado
(Frade et al, 2012).
A entrada em vigor do RCCTE (Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos
Edifícios) em 1990, a primeira actualização em 2006 e, principalmente, a sua actualização em 2013
(REH, 2013), juntamente com a implementação, na totalidade, da certificação energética em 2009
(contabiliza a contribuição das pontes térmicas para o balanço energético negativo do edificio),
aceleraram este processo e como tal, têm surgido novos materiais e soluções construtivas de modo a
melhorar o desempenho térmico dos edificos (Veiga, 2010).
Em Portugal, a argamassa tradicional ou marmorite continua a ser a solução de revestimento
predominante em edifícios de habitação, representando cerca de 84% dos revestimentos em paredes
de edifícios correntes (INE, Censos 2011). De notar, que neste estudo estatístico não é feita a
distinção entre argamassa tradicional e industrial.
Para a construção de edifícios mais sustentáveis e energeticamente mais eficientes é necessário
isolar, termicamente, a envolvente, e é neste sentido que se inserem as argamassas de desempenho
térmico melhorado. Estas argamassas resultam da introdução de agregados isolantes (cortiça e EPS)
na sua constituição. Inicialmente, a introdução destes materiais isolantes em argamassas/betões
destinava-se a desenvolver materiais leves. Contudo, e de acordo com estudos recentes (Brás et al,
2013 e Panesar et al, 2012), a sua introdução melhora a resistência térmica mas reduz as
propriedades mecânicas.
Com o objetivo de perceber melhor o funcionamento mecânico de argamassas térmicas, classificadas
de acordo com a EN 998-1 (CEN, 2010), foi realizada nesta dissertação uma campanha experimental
2
que visa estudar as características mecânicas de argamassas térmicas ou de desempenho térmico
melhorado.
1.2. Objectivos e metodologia da dissertação
A presente dissertação pretende aprofundar o conhecimento sobre o comportamento mecânico de
argamassas com desempenho térmico melhorado (ou argamassas térmicas), tanto tradicionais como
industriais. Os principais objetivos desta dissertação resumem-se em:
perceber a influência da incorporação de agregados isolantes (cortiça e EPS) na constituição
de argamassas térmicas;
caracterizar mecanicamente as argamassas térmicas através de ensaios de resistência à
compressão, à tração por flexão, aderência ao suporte, capacidade de deformação e aferir
quais as características que são mais afetadas/alteradas;
comparar o desempenho mecânico de argamassas tradicionais (sem adições) com
argamassas industriais, que são consideradas térmicas ou de desempenho térmico
melhorado;
avaliar eventuais aplicações ou restrições destas argamassas.
1.3. Estrutura e organização da dissertação
Esta dissertação está organizada em 5 capítulos, nomeadamente introdução, comportamento
mecânico de argamassas térmicas, caracterização do trabalho experimental, apresentação e
discussão dos resultados e, por fim, conclusões e desenvolvimentos futuros.
No capítulo inicial, é feito um enquadramento e uma introdução ao tema, abordando os desafios que
têm surgido no que se refere ao desempenho térmico das argamassas de revestimento, assim como
a importância da dissertação, objectivos a alcançar, e por ultimo, apresenta uma síntese da estrutura
e organização do trabalho.
No capítulo 2 é efetuada uma breve caracterização do desempenho de argamassas de revestimento,
fazendo referência às exigências funcionais das mesmas. Em seguida, são descritas as principais
características mecânicas que influenciam o comportamento mecânico de argamassas bem como, os
revestimentos de desempenho térmico melhorado existentes e os principais agregados isolantes
utilizados na formulação de argamassas de desempenho térmico melhorado. Por último, é realizada
uma recolha bibliográfica dos estudos que envolvem argamassas térmicas, tradicionais e industriais,
e feita uma síntese comparativa do comportamento mecânico entre elas.
No capítulo 3 é descrito o trabalho experimental e os ensaios realizados em laboratório, desde a
caracterização dos materiais constituintes das argamassas, tradicionais e industriais, até aos ensaios
realizados no estado fresco e no estado endurecido. Por fim, são descritos os ensaios mecânicos
3
realizados, bem como o ensaio para a determinação do coeficiente de condutibilidade térmica das
argamassas.
No capítulo 4 são apresentados os resultados obtidos na campanha experimental, seguidos da
respetiva análise e discussão. Por último, estudam-se correlações entre os resultados obtidos para as
diferentes características mecânicas.
No capítulo 5 são apresentadas as conclusões do trabalho desenvolvido de acordo com os objetivos
traçados. Também neste capítulo, e tendo em conta as dificuldades sentidas, os objetivos propostos
e os resultados atingidos, são apresentadas algumas propostas para desenvolvimentos futuros, de
acordo com algumas questões que se consideram relevantes aprofundar. No final do trabalho, são
apresentadas as referências bibliográficas utilizadas como base de desenvolvimento do presente
estudo, para além de normas e regulamentos.
Em anexo, apresentam-se os resultados individuais da baridade dos constituintes das argamassas
tradicionais e industriais em pó, e os resultados individuais de cada ensaio no estado fresco
(consistência por espalhamento e massa volúmica aparente) e no estado endurecido (massa
volúmica aparente, resistência à compressão e à tração por flexão, módulo de elasticidade dinâmico,
aderência ao suporte, velocidade de propagação das ondas ultra-sónicas e condutibilidade térmica).
4
5
2. Comportamento mecânico de argamassas térmicas
2.1. Considerações gerais
No presente capítulo, pretende-se recolher informação de argamassas com incorporação de
agregados isolantes, com características térmicas melhoradas, aferindo as suas aptidões mecânicas.
Para tal, enumeram-se as características que as podem classificar mecanicamente e os requisitos
mínimos exigidos, segundo a normalização existente. Em seguida, procede-se à definição de
argamassa térmica e à caracterização individual dos agregados isolantes que as podem incorporar,
com ênfase para a cortiça e o EPS. Por último, efectua-se uma pesquisa de mercado das
argamassas com desempenho térmico melhorado (tradicionais e industriais) analisando-se os seus
desempenhos mecânicos.
2.2. Enquadramento histórico
Há milhares de anos que a arquitetura e a construção de edifícios, sempre estiveram muito
associadas ao uso de argamassas. Nos primórdios, o Homem começou a fazer “argamassas”, com a
recolha de diferentes tipos de materiais que encontrava, que o auxiliavam na construção das suas
habitações (Branco, 1981; Moropoulou et al, 2005).
Desde então, “os materiais constituintes das argamassas e a tecnologia de fabrico têm sofrido
alterações ao longo do tempo e como exemplo são: a introdução do conceito de hidraulicidade após a
Revolução Industrial; a introdução do cimento Portland em Portugal no início do século ΧΧ; o
aparecimento na Europa de produtos pré-doseados entre 1950 e 1960 (o ano de 1990 marca o início
da produção das argamassas industriais de reboco em Portugal); o retorno da introdução da cal
aérea na composição das argamassas correntes e de reabilitação” (Flores-Colen, 2009).
Ao longo do tempo têm surgido novos desafios no que se refere ao desempenho das argamassas de
revestimento, e a melhoria térmica é um deles. Em Portugal o isolamento térmico é utilizado na
construção de edifícios desde a década de 1950 e é hoje um componente essencial para o bom
desempenho energético dos edifícios, o conforto interior e a durabilidade da envolvente. No início da
década de 1990, deu-se a entrada em vigor do 1ºRCCTE (Regulamento das Características de
Comportamento Térmico dos Edifícios) tendo sofrido uma última atualização em 2013 (REH, 2013). O
RCCTE foi o primeiro instrumento legal que, em Portugal, impôs requisitos ao projeto de novos
edifícios e de grandes remodelações por forma a salvaguardar a satisfação das condições de
conforto térmico nesses edifícios sem necessidades excessivas de energia, quer no inverno, quer no
verão (Veiga, 2010).
A certificação energética dos edifícios (novos ou correntes) e a exigência no tratamento das pontes
térmicas, obrigaram à busca de novas soluções mais eficientes. Por razões regulamentares e pela
6
perspectiva da sustentabilidade dos edifícios foi necessário criar fachadas, energeticamente, mais
eficientes, e é nesta perspectiva que se inserem as argamassas de desempenho térmico melhorado.
2.3. Argamassas de revestimento
2.3.1. Exigências funcionais de argamassas de revestimento
As exigências funcionais dos revestimentos de paredes estão intimamente ligadas às exigências
funcionais das paredes, e como tal, o desempenho global de uma parede não depende única e
exclusivamente do tosco da parede nem do revestimento que a constitui, mas sim da
complementaridade destes dois elementos (Lucas, 1990).
De acordo com este autor, caberá ao tosco das paredes as exigências de estabilidade, de resistência
estrutural, de segurança contra o risco de intrusões humanas ou animais, de ocultação, de conforto
higrotérmico ou de conforto acústico, ao passo que os revestimentos de paredes têm de satisfazer
exigências de segurança no contacto, de aspeto, de regularidade superficial, de conforto visual, tátil
ou de higiene.
De um modo geral, espera-se que um revestimento para paredes exteriores proteja a parede de
agentes agressivos, confira à parede características de planeza, verticalidade e regularidade,
proporcione uma fácil limpeza e manutenção e contribua para a estanqueidade à água. A penetração
de água nas paredes afeta a condutibilidade térmica dos materiais que as constituem,
nomeadamente dos isolantes nelas inseridos, reduzindo o isolamento térmico global do edifício com
consequências ao nível do consumo de energia e o provável aumento das condensações (Veiga,
2001; Abdou e Budaiwi, 2013).
As características exigidas aos revestimentos de paredes são cada vez mais severas, quer aos níveis
do comportamento mecânico, térmico e acústico. Os revestimentos à base de argamassas continuam
a ser dos revestimentos mais utilizados na construção. Neste contexto, têm-se desenvolvido estudos
de forma a introduzir novos materiais na constituição das argamassas com o objetivo de melhorar o
seu comportamento térmico, mantendo as características mecânicas mínimas para o cumprimento da
sua função (Frade et al, 2012).
2.3.2. Comportamento mecânico de argamassas
As características de desempenho de rebocos exteriores estão relacionadas com o comportamento
mecânico e com o comportamento face à água. Em termos de ações mecânicas, é importante
caracterizar a aderência, a capacidade de deformação e as resistências à compressão, à flexão, ao
impacto ou à fendilhação. Em relação ao comportamento face à água, são relevantes características
como a permeabilidade à água líquida, capilaridade e a secagem (Flores-Colen, 2009). No âmbito
desta dissertação só serão focadas as características mecânicas. As características de
7
comportamento face à água serão analisadas num estudo a desenvolver em paralelo por Melo
(2014). Por conseguinte, segue a síntese das características que serão estudadas nesta dissertação.
Aderência ao suporte
Uma boa aderência ao suporte é fundamental para o cumprimento das funções de impermeabilização
e proteção das paredes. A aderência é influenciada, essencialmente, por aspetos relacionados quer
com a argamassa de reboco quer com o suporte, e, por sua vez, influencia bastante a resistência à
fendilhação, na medida em que condiciona a distribuição de tensões na argamassa. Quanto mais rica
em ligante e com maior teor de finos for a argamassa, maior será a sua aderência. No entanto, uma
quantidade em excesso de ligante poderá conduzir a uma maior fendilhação por retração, que por si
só poderá causar falta de aderência (Carasek, 1997; Veiga, 2001; Gaspar et al, 2007).
Nos rebocos tradicionais não adjuvados, a aderência processa-se por penetração dos elementos
finos da argamassa nos poros do suporte (Gomes, 1995). Nos rebocos industriais, são normalmente
adicionados adjuvantes que podem funcionar como promotores de aderência, melhorando essa
característica. No entanto, a aderência destes produtos continua a ser sensível às condições de
aplicação e preparação do suporte.
Visto que a aderência depende da penetração dos finos da argamassa no suporte, parece natural que
a porosidade e a sucção capilar deste exerça também influência. Assim, a aderência será melhor em
suportes absorventes, pois permite melhorar a ligação mecânica. No entanto, é preciso ter em
atenção que uma capacidade de absorção exagerada tenderá a dessecar rapidamente o
revestimento, impedindo a hidratação dos seus constituintes e favorecendo a formação de uma
interface pulverulenta. Esta situação é possível de ser evitada com a humidificação prévia do suporte,
sem que no entanto seja excessiva, pois tal acontecimento pode impedir que se estabeleça a
aderência mecânica (Veiga, 2001).
Os rebocos cimentícios apresentam, em geral, uma tensão de aderência ( ) superior a 0,3 MPa ou
com rotura coesiva, conforme requisitos existentes em normas ou especificações técnicas (LNEC,
2005; CEN, 2010) (Tabela 2.1). No entanto, quando se trata de argamassas para revestimentos em
edifícos antigos, à base de cal, em que o suporte é mais fraco, a tensão de aderência pode
apresentar valores inferiores a 0,3 MPa, nomeadamente entre 0,1 e 0,3 MPa (Veiga, 2003).
Tabela 2.1 – Requisitos de aderência segundo normalização e especificações técnicas (Flores-Colen, 2009; Veiga,
2001; 2003)
Requisitos Referência
> 0,3 MPa ou rotura coesiva Relatório 427/05 (LNEC, 2005)
> VD (valor declarado pelo fabricante e tipologia de rotura) EN 998-1, CEN 2010
> 0,3 MPa, sem que nenhum valor individual seja inferior a 0,2 MPa DTU 26.1 (CSTB, 1994)
0,1≤ ≤ 0,3 MPa, para revestimentos em edificios antigos (Veiga, 2003)
8
Resistência mecânica interna
A resistência mecânica interna da argamassa consiste na sua capacidade para possuir um estado de
endurecimento capaz de resistir aos esforços mecânicos atuantes. Como os revestimentos estão
sujeitos a inúmeras ações e têm de resistir aos esforços e tensões que daí provêm, devem possuir
características resistentes adequadas, de modo a evitar a sua rápida degradação (Gomes, 1995;
Santos, 2012).
Estas características resistentes vão depender da dosagem e tipo de ligantes e agregados, assim
como da técnica de execução adotada. Em princípio, a argamassa será tanto mais resistente quanto
maior for a dosagem de ligante. Porém, como referido, o excesso de ligante produzirá uma elevada
retração, levando à fendillhação da argamassa. Para que a argamassa seja resistente à fendilhação,
deve ter elevada resistência à tração e um módulo de elasticidade baixo, resistindo assim melhor às
tensões instaladas (Veiga, 2001). A resistência mecânica varia inversamente com a relação
água/ligante, pois é maior quando se aumenta a dosagem de ligante. Relativamente aos agregados,
são preferíveis os que possuem menor número de vazios, e quanto menor for a proporção destes na
argamassa maior será a sua resistência mecânica (Baia & Sabattini, 2000; Margalha, 2009, citados
por Gonçalves, 2010). A aplicação da argamassa também tem influência, na medida em que se for
exercida maior compactação na sua aplicação, maior será a sua resistência à compressão e ações
de desgaste. A resistência mecânica da argamassa está também associada à sua compacidade.
Quanto maior for a compacidade da argamassa, maior será a sua resistência aos esforços e tensões
a que está sujeita (Galvão, 2009; Gonçalves, 2010).
A resistência mecânica interna da argamassa de reboco é, geralmente, determinada em laboratório,
utilizando-se provetes moldados previamente, ou através de amostras recolhidas in-situ. As
características que mais influência têm no comportamento mecânico do reboco são a resistência à
compressão e à tracção por flexão, e como tal, são as que normalmente são caracterizadas. As
argamassas de base cimentícia apresentam valores correntes de resistência à compressão (Rc) entre
2 e 10 MPa, dependendo do tipo de argamassa (Flores-Colen, 2009), conforme requisitos existentes
em normas e especificações técnicas (CEN, 2010), representados na Tabela 2.2. Quanto à
resistência à tração por flexão, não existem requisitos quantitativos, recomendando-se geralmente
que seja média (LNEC, 2005). Flores-Colen (2009) através de pesquisa de mercado verificou valores
Tabela 2.2 – Requísitos de resistência à compressão e à tração por flexão segundo normalização e especificações
técnicas
Requisitos Referência
Rc
0,4 < Rc< 2,5 MPa, (classe CS I)
EN 998-1, CEN 2010 1,5 < Rc < 5 MPa, (classe CS II)
3,5 < Rc < 7,5 MPa, (classe CS III)
Rc ≥ 6 MPa, (classe CS IV)
Rt Rt média = 2,5 MPa LNEC, 2005
Legenda: Rc – resistência à compressão; Rt – resistência à tração por flexão
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correntes entre 1,5 e 3,5 MPa para argamassas de base cimentícia e para edifícios antigos.
Módulo de elasticidade dinâmico
O módulo de elasticidade é o parâmetro que permite avaliar a capacidade de uma argamassa
endurecida para ser deformada por meio de tensões, sem destruição da sua estrutura (EMO, 2001),
traduzindo a capacidade de deformação da argamassa (Flores-Colen, 2009). Os revestimentos
devem apresentar uma boa capacidade de deformação, sem ocorrência de fissuras ou microfissuras
que comprometam a aderência, a estanqueidade e a durabilidade dos mesmos, sabendo-se que o
módulo de elasticidade se encontra relacionado com a capacidade do reboco em absorver
deformações (quanto menor for o primeiro maior será o segundo) (Flores-Colen, 2009; Galvão, 2009).
As argamassas de revestimento cimenticias apresentam valores correntes de módulo de elasticidade
dinâmico (Ed) entre 3500 a 10000 MPa (Flores-Colen, 2009). A limitação do módulo de elasticidade
dinâmico, encontra-se relacionada com a limitação da fendilhação (LNEC, 2005). Os valores mais
altos recomendam-se em situações de revestimentos mais solicitados por choques ou vibrações
enquanto que os valores mais baixos são adequados para situações de suportes mais fracos, como
alvenarias antigas. Na Tabela 2.3 estão resumidos os valores do módulo de elasticidade dinâmico,
segundo especificações e documentações técnicas existentes.
Tabela 2.3 – Requisitos do valor do módulo de elasticidade dinâmico segundo especificações técnicas (Flores-Colen,
2009; Veiga, 2001)
Requisitos Referência
Ed ≤ 10000 MPa (LNEC, 2005)
Ed ≤ 10000 MPa para argamassas correntes
Classificação MERUC para argamassas pré-doseadas
CSTB (1993)
Ed ≥ 5000 MPa para argamassas expostos a choques
Ed ≥ 7500 MPa para argamassas em local próximo da via pública ou de
circulações de pessoas
Ed ≤ 10000 MPa para revestimentos de suportes muito absorventes
Ed ≤ 7000 MPa para suportes de resistência mecânica mais fraca
Ed ≥ 12000 MPa para revestimentos de paredes expostas a vibrações
Legenda: Ed – módulo de elasticidade dinâmico
2.4. Argamassas térmicas ou de desempenho térmico melhorado
2.4.1. Revestimentos de desempenho térmico melhorado
Nos últimos anos, tem-se verificado um esforço significativo na construção de modo a melhorar o
conforto térmico e a eficiência energética dos edifícios. No sentido de melhorar o comportamento
térmico dos edifícios, não só em termos de propriedades térmicas, como também em relação à
qualidade do ambiente interior do edifício e ao impacto ambiental, é necessário haver uma melhoria
nas propriedades dos materiais existentes para esse fim. Esta necessidade é notória, uma vez que os
requisitos regulamentares são cada vez mais exigentes (Labrincha et al, 2006).
10
Segundo Veiga (2012) os revestimentos de isolamento térmico pelo exterior são dos seguintes tipos:
revestimentos compósitos de isolamento térmico pelo exterior - ETICS (Figura 2.1);
revestimentos constituídos por painéis isolantes fixados diretamente ao suporte – Vêtures
(Figura 2.2);
revestimentos de fachada ventilada com isolante na caixa de ar (Figura 2.3);
revestimentos aderentes constituídos por argamassas isolantes (Figura 2.4).
Figura 2.1 – Revestimentos compósitos de isolamento térmico pelo exterior (Veiga, 2012)
Figura 2.2 – Revestimentos constituídos por painéis isolantes fixados diretamente ao suporte (Veiga, 2012)
Figura 2.3 – Revestimentos de fachada ventilada com isolante na caixa de ar (Veiga, 2012)
Figura 2.4 – Revestimentos aderentes constituídos por argamassas isolantes (Veiga, 2012)
Estas soluções de isolamento pelo exterior, permitem obter maiores vantagens devido ao facto de
não reduzirem a área interior, protegerem as paredes das variações de temperatura, corrigirem as
pontes térmicas e melhorarem o desempenho térmico por permitirem aproveitar a inércia térmica das
paredes exteriores. Brás et al. (2013) produziram argamassas de revestimento com incorporação de
agregados isolantes, de cortiça e EPS, de modo a corrigir as pontes térmicas, reduzindo os efeitos da
condensação e transferências de calor na envolvente dos edifícios.
De notar que os revestimentos constituídos por argamassas isolantes (térmicas) têm desempenhos
térmicos limitados e proporcionais à respetiva espessura, não atingindo os valores de resistência
térmica dos sistemas de isolamento térmico pelo exterior providos de uma camada contínua de
isolante, como é possível verificar na Tabela 2.4, através do coeficiente de transmissão térmica das
diferentes soluções de fachada.
11
Tabela 2.4 – Coeficiente de transmissão térmica de diferentes soluções de fachada (Veiga, 2012; LNEC, 2006)
Solução de Fachada Coeficiente transmissão térmica
U (W/(m2.°C))
Parede simples de alvenaria de tijolo furado de 0,22 m 1,30
Parede dupla de 0,11 m + 0,15 m 0,96
Parede dupla de 0,11 m + 0,15 m com EPS (60 mm) na caixa de ar
0,44
Parede simples de 0,22 m com ETICS com EPS (60 mm) 0,45
Parede simples de 0,22 m com revestimento de painéis isolantes (isolante descontínuo) de EPS (60 mm) (vêtures)
0,50
Parede simples de 0,22 m com revestimentos de painéis com isolante contínuo EPS (60 mm) no espaço de ar (fachada
ventilada) 0,45
Parede simples de 0,22 m com revestimento de argamassa térmica (60 mm)
0,90
Valor máximo admissível para paredes exteriores, para zona I3 (REH, 2013) (minimização do risco de ocorrência de
condensações) Umáx ≤ 1,45
Valor de referência (REH, 2013) Uref ≤ 0,35, até 31 DEZ 2015
Uref ≤ 0,30, após 31 DEZ 2015
A transferência de calor na fachada realiza-se sempre que se verifica diferenças de temperatura entre
o interior e o exterior dos edifícios (ocorrem sempre do ambiente mais quente para o mais frio) e
realizam-se segundo três fenómenos fundamentais: condução, convecção e radiação. Em casos em
que ocorra fenómenos de transferência de massa (água) podem ocorrer transferências de calor por
evaporação e por condensação do vapor de água (Labrincha et al, 2006).
Dado que, das temperaturas envolvidas nos processos de transmissão de calor através dos
elementos de construção (temperatura dos ambientes e temperatura dos paramentos), as de mais
fácil obtenção são, indubitavelmente, as do ambiente exterior e interior, há toda a vantagem em
procurar uma forma de cálculo dos fluxos de calor que apenas necessite do conhecimento dessas
temperaturas. Tal, traduz-se em deduzir um coeficiente apropriado para os elementos de construção
que, aplicado à diferença entre as temperaturas referidas, forneça o valor correto desses fluxos
(Moret Rodrigues et al, 2009). A este coeficiente dá-se o nome de coeficiente de transmissão térmica,
habitualmente medido em W/m2.ºC e representado simbolicamente pela letra U, que representa a
capacidade de isolamento térmico do elemento. Um coeficiente mais pequeno indica uma capacidade
de isolamento térmico superior.
O interesse no estudo das argamassas térmicas (ou de desempenho térmico melhorado) está na
possibilidade de se conseguir correções térmicas com resistências mecânicas razoáveis para
poderem desempenhar normalmente as funções de revestimento, com custos mais baixos ao de um
sistema de isolamento térmico pelo exterior através de revestimento aplicado sobre isolante (Veiga,
2001).
12
2.4.2. Características das argamassas térmicas
A principal característica das argamassas térmicas, tal como o próprio nome indica, é a capacidade
de apresentarem condutibilidades térmicas reduzidas. A condutibilidade térmica é uma propriedade
térmica típica de um material que é igual ao fluxo de calor que atravessa, por unidade de tempo, uma
camada de espessura e de área unitárias desse material por unidade de diferença de temperatura
entre as suas duas faces, e é representado simbolicamente pela letra λ ( λ ) (Moret
Rodrigues et al, 2009). São admitidas as hipóteses de homogeneidade e isotropia do material
relativamente à condutibilidade térmica. Em geral, a condutibilidade térmica dos materiais de
construção varia consoante o tipo de material, peso específico, porosidade, fase em que se encontra,
temperatura, teor de humidade, propriedades e estrutura interna do material. Assim, a condutibilidade
térmica caracteriza a maior ou menor facilidade de transferência de calor, ou seja, de condução de
calor por parte dos materiais (Low et al, 2010; Franco, 2007; Abdou e Budaiwi, 2013; Saleh, 2006).
As argamassas térmicas, para revestimentos de paredes, são um exemplo de uma solução existente
para atingir os objetivos no que diz respeito ao comportamento térmico das paredes e,
consequentemente, dos edifícios. São constituídas por agregados isolantes e devem ter espessuras
de aplicação superiores a 40 mm (Veiga, 2012). Segundo a EN 998-1 (CEN, 2010), caracterizam-se
por ter um coeficiente de condutibilidade térmica (λ) inferior a 0,1 e 0,2 (W/(m.K)), classificadas de T1
e T2, respectivamente, como é possível verificar na Tabela 2.5. De acordo com a referida norma, as
argamassas térmicas (T) também devem apresentar resistências à compressão entre os 0,4-5 MPa
(classes CS I a CS II), apresentar coeficiente de permeabilidade ao vapor de água (µ) inferior a 0,15 e
absorção de água por capilaridade da classe W 1 (C ≤ 0,40 kg/m2.min
0.5).
Tabela 2.5 – Requisitos para argamassas térmicas, no estado endurecido (EN 998-1, CEN 2010)
Arg
am
assas t
érm
icas
(T)
Propriedades Classificação Valores
Resistência à compressão CS I a CS II 0,4 a 5 MPa
Absorção de água por capilaridade
W 1 C ≤ 0,40 kg/m2.min
0.5
Coeficiente de permeabilidade ao vapor de água
- µ ≤ 15
Condutibilidade térmica T 1 ≤ 0,1 W/(m.°C)
T 2 ≤ 0,2 W/(m.°C)
2.4.3. Constituintes das argamassas
2.4.3.1. Ligantes
Os ligantes mais correntemente utilizados em argamassas, para revestimentos exteriores, são o
cimento e as cais. De entre as cais existem as cais aéreas e as cais com propriedades hidráulicas.
Em camadas de acabamento de rebocos interiores é usualmente utilizado também o gesso (Faria,
2012).
13
Cimentos
O cimento mais corrente é o cimento portland. É produzido a partir da marga calcária, a temperatura
na ordem dos 1300 a 1500 °C (Faria, 2012). Em Portugal, o cimento mais utilizado na produção de
rebocos tradicionais é o cimento portland composto mas, em casos especiais, podem ser usados
outros cimentos como o portland normal, o portland branco ou o cimento de alto-forno. Em alguns
países da Europa fabricam-se cimentos específicos para alvenarias, sendo os “ciments a maconner”
ou os “masonry cements”, produzidos por franceses e ingleses, respetivamente, exemplo disso
(Veiga, 2001). Os cimentos são classificados de acordo com a NP EN 197-1 (IPQ, 2001).
Cais
As cais podem ser aéreas ou hidráulicas. De acordo com a NP EN 459-1 (IPQ, 2011) as cais aéreas
classificam-se como cálcicas (CL) ou dolomíticas (DL), enquanto que as cais com propriedades
hidráulicas classificam-se como cais hidráulicas naturais (NHL), cais hidráulicas (HL) e cais
formuladas (FL). Existe fabrico artesanal e industrial de diversas cais aéreas, que são
comercializadas para reboco sob as seguintes formas: cal aérea hidratada em pó, cal aérea hidratada
em pasta e cal aérea viva (Veiga, 2001). As cais hidráulicas naturais são produzidas a partir de
calcários com alguma percentagem de argila mas não podem conter outras adições e as cais aéreas
são produzidas a partir de rocha calcária pura ou de calcários magnesianos. Ambas estas cais são
produzidas à temperatura máxima de calcinação da rocha de 800 a 900 °C. Já as cais hidráulicas e
as cais formuladas podem conter algumas adições (gesso, filleres ou clinquer do cimento portland) e
são produzidas a temperaturas superiores (Faria, 2012). As cais hidráulicas naturais fabricadas em
Portugal são as NHL3,5 e NHL5 (Faria et al, 2012).
2.4.3.2. Agregados
Os agregados das argamassas são geralmente areias. As mais correntes são siliciosas mas podem
ser utilizadas areias de outras constituições mineralógicas (calcárias, graníticas, basálticas) e também
resultantes de subprodutos de exploração e preparação da rocha (Faria, 2012), sendo que em
Portugal os agregados utilizados em argamassas são geralmente areias naturais, extraídas do leito
dos rios, ou de areeiros, com granulometrias muito variáveis, entre algumas dezenas de micrómetros
até dimensões de 5 mm (Veiga, 2001).
2.4.3.3. Materiais isolantes térmicos
A qualidade de um material isolante térmico depende da sua capacidade de se adaptar ao tipo de
construção e tradições nacionais, regionais e até locais. Por conseguinte, os materiais utilizados em
certas regiões não são os mesmos que em outras, contribuindo muito para isso os recursos
existentes e até mesmo o clima local. Em Portugal, os materiais isolantes térmicos, usados na
construção, são utilizados em coberturas, paredes simples e duplas e pavimentos sobre espaços
14
interiores não aquecidos (Labrincha et al, 2006). Em busca de novas soluções com melhor
desempenho térmico, têm surgido novos materiais que incorporados nas argamassas, em
substituição parcial do agregado, conferem-lhes melhorias das propriedades térmicas.
Os materiais isolantes térmicos são caracterizados por apresentarem massas volúmicas inferiores a
150 kg/m3 e condutibilidades térmicas inferiores a 0,05 W/(mº.C), exceção feita aos materiais de
mudança de fase (PCM), como é possível verificar na Tabela 2.6 (Moret Rodrigues et al, 2009;
Labrincha et al, 2006; Mendes et al, 2009).
Tabela 2.6 – Massa volúmica e condutibilidade térmica de materiais isolantes térmicos (Moret Rodrigues et al, 2009;
Labrincha 2006; Mendes, 2009)
Material Massa volúmica (kg/m3)
Condutibilidade térmica λ (W/(m.°C))
Cortiça 100-150 0,039
Espuma elastomérica 60 0,034
Lã de rocha
Tipo I 30-50 0,042
Tipo II 51-70 0,040
Tipo III 71-90 0,038
Tipo IV 91-120 0,038
Tipo V 121-150 0,038
Lã de vidro
Tipo I 10-180 0,044
Tipo II 19-30 0,037
Tipo III 31-45 0,034
Tipo IV 46-65 0,033
Tipo V 66-90 0,033
Tipo VI 91 0,036
Lã de madeira 50 0,050
Perilite expandida 130 0,047
Poliestireno expandido
(EPS)
Tipo I 10 0,057
Tipo II 12 0,044
Tipo III 15 0,037
Tipo IV 20 0,034
Tipo V 25 0,033
Poliestireno extrudido (XPS) 33 0,033
PCM RT20 (Parafina) 880 -
RT26 (Parafina) 880 -
De seguida, descrevem-se sucintamente os materiais que têm sido utilizados ou que têm potencial
para serem incorporados em argamassas.
15
i. EPS (poliestireno expandido)
O EPS, vulgarmente conhecido como “esferovite”, é um plástico celular leve, artificial, composto por
átomos de carbono e hidrogénio, que se pode apresentar numa diversidade de tamanhos e formas
(Figuras 2.5 e 2.6), que se ajustam sempre às necessidades específicas da construção (Ling e Teo,
2011; Madandoust et al, 2011).
Figura 2.5 – Granulado EPS [W1]
Figura 2.6 – Placas EPS [W2]
A matéria prima do EPS é o poliestireno (PS), que é um material polimérico termoplástico (plástico
celular rígido) inicialmente sob a forma sólida que pode ser expandido através da utilização de vapor
de água e agentes expansivos que o transformam em granulado de EPS. Este processo resulta da
transformação física da sua matéria prima, a qual se processa em 3 etapas: a pré-expansão, o
armazenamento intermédio e a moldagem (Madandoust et al, 2011).
Numa primeira etapa a expansão do PS dá-se num pré-expansor através de aquecimento por
contacto com vapor de água. O agente expansor incha o PS para um volume 50 vezes maior que o
original, dando origem a um granulado de partículas de EPS constituídas por pequenas células
fechadas que são, posteriormente, armazenadas para estabilização. Durante esta fase, o granulado
de EPS arrefece criando uma depressão no interior das células, que serão preenchidas pelo ar
circundante. Finalmente o granulado estabilizado é introduzido em moldes e novamente exposto a
vapor de água, obtendo-se um material expandido, que é rijo e que contem uma grande quantidade
de ar (cerca de 98%), dando origem a diversos elementos para a industria da construção, consoante
a sua utilização, como sejam blocos de cofragem para aligeiramento de pavimentos, blocos e outros
componentes para paredes, soluções de isolamento térmico de caixas de estores, placas moldadas
para isolamento térmico, estruturas marítimas flutuantes, revestimentos de painéis, como material
absorvente de energia para proteção de estruturas militares enterradas e como proteção nas
plataformas petrolíferas (Labrincha et al, 2006; Madandoust et al, 2011; Nadeem et al, 2008; Miled et
al, 2004).
Em vários países, com ênfase para o Reino Unido, os agregados de poliestireno expandido obtidos
16
na fase de pré-expansão têm sido utilizados em intervenções térmicas de paredes duplas em
edifícios novos ou em uso (Labrincha et al, 2006). A sua utilização em argamassas, como agregado
leve isolante, também tem vindo a ser explorada tal como se analisa em detalhe neste capítulo.
A característica mais importante do EPS é a baixa condutibilidade térmica (0,033 - 0,057 W/m.°C),
que lhe confere uma grande capacidade de resistir à passagem do calor. Contudo, não é a única
característica relevante deste material, podendo-se também apontar as seguintes características
(Madandoust et al, 2011; Nadeem et al, 2008; Babu, 2004):
baixo peso;
boa resistência mecânica;
baixa absorção de água (hidrofobicidade);
facilidade de manuseamento e colocação;
resistência química (compatível com os materiais mais correntes utilizados em construção,
como sejam a água, cimento, gesso e cal);
versatilidade;
resistência ao envelhecimento.
ii. Cortiça
A cortiça é extraída da casca dos sobreiros (Quercus suber). É uma árvore de grande longevidade
(150 a 200 anos), com uma enorme capacidade de regeneração e que cresce nas regiões
mediterrânicas de Espanha, França, Itália, Marrocos, Argélia e sobretudo Portugal, onde existem 716
mil hectares de montado de sobro, bem como uma indústria de cortiça de grande importância
económica (a extração da cortiça é feita sobretudo para produção de rolhas) (Panesar et al, 2012).
O ciclo de vida da cortiça enquanto matéria prima começa com a extração da casca aos sobreiros,
designada de descortiçamento. A primeira cortiça produzida pelo sobreiro, a chamada cortiça virgem,
é extraída quando a árvore tem uma idade de 20 a 35 anos e apresenta uma estrutura muito irregular
e com uma dureza que se torna difícil de trabalhar, e como tal, é utilizada em outras aplicações que
não as rolhas (pavimentos, isolamentos). O processo repete-se periodicamente de 9 em 9 anos (Brás
et al, 2013). No segundo descortiçamento obtém-se um material com uma estrutura regular, menos
duro, mas ainda impróprio para o fabrico de rolhas designado de cortiça secundeira. É só aquando do
terceiro descortiçamento e nos seguintes que se obtém uma cortiça com qualidade para a produção
de rolhas, designado de cortiça amadia ou de reprodução.
Em Portugal, a produção total de cortiça tem um valor médio de 190 mil toneladas por ano, das quais
30 mil toneladas correspondem a cortiça virgem. A produção de cortiça amadia apresenta variações
significativas, de ano para ano, resultantes dos ciclos de extração da mesma (Martins, 2010).
17
A extração da cortiça é feita sob a forma de pranchas com espessura adequada ao processamento
industrial. O percurso industrial é feito através de operações de cozedura, corte e aparo. Todos os
desperdícios que resultam do tratamento industrial da cortiça, para a fabricação de rolhas, são
aproveitados para granulado (Figura 2.7) e aglomerado de cortiça (Figura 2.8) (Brás et al, 2013).
Figura 2.7 – Granulado de cortiça [W3]
Figura 2.8 – Aglomerado de cortiça [W4]
A cortiça, além de ser um excelente isolante térmico, é uma material 100% natural, reciclável e
renovável, com outras características importantes, no âmbito da construção, como sejam (Brás et al,
2013; Nóvoa et al, 2004; Panesar et al, 2012):
leveza;
impermeabilidade a líquidos;
resistência química (compatível com os materiais mais correntes utilizados em construção,
como sejam a água, cimento, gesso e cal);
isolamento acústico;
combustão lenta;
resistência ao atrito.
iii. PCM (Materiais de mudança de fase)
Os PCM têm vindo a ser utilizados e estudados como mais uma alternativa de um material com
propriedades térmicas, a ser utilizado no âmbito da construção. Os materiais de mudança de fase,
denominados como “Phase Change Materials”, têm como principal característica a mudança de fase
(da fase líquida para a fase sólida e vice-versa), a uma temperatura constante (Monteiro et al, 2005).
Os materiais de mudança de fase possuem capacidade de mudar o seu estado em função da
temperatura ambiente. Quando a temperatura ambiente que rodeia o PCM aumenta e passa o ponto
de fusão do material, este passa do estado sólido para o estado líquido, absorvendo e armazenando
a energia calorífica ambiente. Posteriormente, quando a temperatura baixa, e passa o ponto de
solidificação do PCM, este transita de fase novamente, neste caso do estado líquido para o estado
18
sólido, libertando a energia anteriormente armazenada, processo este retratado na Figura 2.9 (Cunha
et al, 2012).
Figura 2.9 – Processo de mudança de fase dos PCM (Cunha et al, 2012)
Normalmente os PCM apresentam-se encapsulados, caso contrário, durante a fase líquida poderia
correr-se o risco deste se deslocar do local em que foi aplicado. Existem duas formas principais de
encapsulamento: microencapsulamento e macroencapsulamento. O microencapsulamento consiste
na colocação de uma pequena massa molecular em pequenas partículas, revestidas por polímeros
de alto desempenho, com dimensões inferiores a 1 cm de diâmetro, de preferência entre 1 e 60 µm.
O macroencapsulamento baseia-se na introdução de PCM em tubos, painéis ou outro recipiente de
grandes dimensões, geralmente com dimensões superiores a 1 cm de diâmetro.
Os materiais de mudança de fase apresentam diferentes temperaturas de fusão e classificam-se
como substâncias orgânicas (parafinas), inorgânicas (sais hidratados e metálicos) e misturas
eutécticas (Cunha et al, 2012). Os PCM, no âmbito da construção, podem ser utilizados em soluções
para paredes, pavimentos e tetos. A aplicação de PCM nas paredes dos edifícios é a solução
preferencial para potenciar a qualidade destes materiais. Atualmente, existem algumas soluções
comerciais mas a maioria resultam de estudos científicos, em curso, dos quais se destacam placas
de gesso com incorporação de PCM, painéis alveolares de PVC com PCM macroencapsulado, blocos
e tijolos, argamassas com incorporação de PCM e lajes, paredes e coberturas de betão com
incorporação de PCM (Cunha et al, 2012).
2.4.4. Análise do comportamento mecânico de argamassas térmicas no
mercado
Atualmente as argamassas de construção apresentam várias utilizações, podendo ser classificadas
de acordo com o local de produção, a conceção, as propriedades e utilização (em termos do fim a
que se destinam), a aplicação e o tipo de ligante. Apesar das diferentes classificações, é normal
dividirem-se as argamassas de revestimento de paredes segundo a classificação do local de
produção: tradicionais (doseadas em obra) e não-tradicionais ou industriais (pré-doseadas em
fábrica) (Flores-Colen, 2009).
19
De uma maneira geral, as argamassas industriais recorrem a adições e adjuvantes, que estão
identificados na sua constituição, e são pré-doseados em fábrica e misturados com água em
estaleiro. A produção de argamassas tradicionais ainda prevalece em relação às argamassas
industriais, dado que segundo estatísticas elaboradas pela APFAC (Associação Portuguesa dos
Fabricantes de Argamassas de Construção), em Portugal produzem-se cerca de 78% de argamassas
tradicionais contra 22% de argamassas industriais [W5].
Como referido, a aposta em conseguir argamassas com desempenho térmico melhorado passa pela
introdução na sua constituição de novos ou inovadores materiais. Para tal, foi feita uma pesquisa de
diferentes trabalhos e estudos dos quais foi possível observar a introdução de diferentes
percentagens de materiais como o EPS e a cortiça em substituição parcial do agregado, com o
objetivo de dotar as argamassas com propriedades térmicas.
2.4.4.1. Argamassas térmicas tradicionais
Em Ali (2011), investigou-se as características mecânicas de uma argamassa de revestimento, com a
introdução de diferentes dosagens de desperdícios de EPS e a viabilidade de serem produzidos
tijolos maciços e ocos de EPS com esta argamassa. Para tal, produziram-se quatro formulações com
diferentes dosagens de EPS, correspondendo a substituições de 40%, 60%, 70% e 85%, em volume,
de areia por EPS, e uma argamassa de referência (R). Os materiais utilizados foram o cimento
Portland tipo I, areia fina de origem siliciosa (com módulo de finura 3,28), sílica de fumo com
densidade de 250-350 kg/m3, um superplastificante conhecido comercialmente como “Sikament 163
M” e agregados de EPS conhecidos comercialmente como “Addipore55” com granulometrias entre os
2 e os 12 mm.
Realizaram-se ensaios de resistência à compressão (Rc) em provetes cúbicos de 150 mm e provetes
cilíndricos de 150×300 mm, aos 7,14 e 28 dias de idade (de notar que os provetes cilíndricos apenas
foram testados aos 28 dias de idade). Os resultados da resistência à compressão, para a argamassa
com maior dosagem de EPS (EM26 – 85%, em volume), aos 7,14 e 28 dias de idade foram,
respetivamente, de 3,2 MPa, 3,5 MPa e 3,5 MPa. Os resultados para os provetes cilíndricos, aos 28
dias, foram de aproximadamente 2,65 MPa. Em relação ao módulo de elasticidade estático (Et) foi
obtido o valor de 1200 MPa. Os ensaios de condutibilidade térmica (λ) conduziram a valores entre os
0,16 e os 0,29 W/m.ºC, realizados a temperaturas de 50 e 70 °C, respetivamente (Tabela 2.7).
Este autor concluiu que a introdução de EPS nas argamassas provoca uma diminuição na massa
volúmica aparente (Mv), no estado endurecido. Esta redução é, de um modo geral, proporcional ao
aumento da percentagem de EPS introduzida. Verificou, também, reduções na resistência à
compressão e no módulo de elasticidade estático com o aumento da dosagem de EPS. Por último,
constatou que a incorporação de agregados de EPS melhora as propriedades de isolamento térmico
20
da argamassa: o coeficiente de condutibilidade térmica é reduzido com o aumento da dosagem de
EPS.
Tabela 2.7 – Características mecânicas das argamassas estudadas por Ali (2011)
Designação Ligante M. isolante /
% substituição Mv
(kg/m3)
redução (%)
Rc (MPa)
redução (%)
Et (MPa)
redução (%)
(λ) (W/m.°C)
redução (%)
R Cimento - 2138 55
32,5 89
15500 92
1,8 91
EM 26 Cimento EPS / 85 970 3,5 1200 0,16
Legenda: Mv – massa volúmica aparente, estado endurecido; Rc – resistência à compressão; Et – módulo elasticidade
estático; λ – coeficiente de condutibilidade térmica; R – argamassa referência; EM 26 – argamassa de EPS (85% em volume)
Ainda de acordo com Perry et al. (1991), citado por Ali (2011) foram estudadas três misturas para a
produção de uma argamassa, com substituição de 40, 50 e 60% de volume de agregados por EPS. A
relação água/ligante variou entre os 0,35 e os 0,45 e para a sua produção foram utilizados cimento,
areia fina com máximo de 1,2 mm, granulado de esferovite com granulometria média de 3,8 mm e,
caso necessário um superplastificante. Foram produzidos provetes cilíndricos de 100 mm de diâmetro
e 200 mm de altura para se obter valores de resistência à compressão. Os valores de resistência à
compressão variaram entre os 4 e os 12 MPa para massas volúmicas aparentes de 850 kg/m3 e 1250
kg/m3, respetivamente.
Em Babu et al. (2005) estudou-se o uso de granulado de EPS como agregados leves em materiais
cimentícios (betões/argamassas), tendo como principal objetivo, o estudo das propriedades
mecânicas. Para tal, produziram-se várias formulações com diferentes dosagens de EPS,
correspondendo a substituições de 30%, 50%, 64% e 80%, em volume de areia por EPS e uma
argamassa de referência (R). O cimento utilizado (Portland tipo I) foi substituído, em todas as
misturas, por 50% de cinzas volantes. Foi utilizada areia fina com módulo de finura de 2,8, dois tipos
de agregados de EPS com granulometrias entre os 4,74 – 6,3 mm, um superplastificante e um
introdutor de ar, que não são definidos pelos autores. Realizaram-se ensaios de resistência à
compressão em cubos de 100 mm aos 7, 28 e 90 dias e ensaios de resistência à flexão em cilindros
de 100×200 mm aos 28 dias. Ensaiou-se, também, o módulo de elasticidade estático, através de
cilindros de 150×300 mm aos 60 dias.
Os resultados da resistência à compressão e flexão, aos 28 dias, para a argamassa com maior
dosagem de EPS (E 95 - 80%, em volume) com relação a/c de 0,4 foram, respetivamente, 3,83 MPa
e 0,89 MPa, obtendo-se um valor de 984 kg/m3 para a massa volúmica aparente no estado fresco.
Em relação ao módulo de elasticidade estático foi obtido um valor de 4330 MPa (Tabela 2.8).
Estes autores concluiram que as resistências à compressão e à flexão das argamassas diminuem
com o aumento da percentagem de EPS (variando linearmente com a sua massa volúmica aparente)
e que os valores do módulo de elasticidade estático aumentam com o aumento da resistência à
compressão e diminuem com o aumento da percentagem de EPS.
21
Tabela 2.8 – Características mecânicas das argamassas estudadas por Babu et al. (2005)
Designação Ligante M. isolante /
% substituição
Mv
(kg/m3)
redução
(%)
Rc
(MPa)
redução
(%)
Rt
(MPa)
redução
(%)
Et
(MPa)
redução
(%)
R Cimento - 2215 56
18,4 79
2,34 62
16000 73
E 95 Cimento EPS / 80 984 3,83 0,89 4330
Legenda: Mv – massa volúmica aparente, estado fresco; Rc – resistência à compressão; Rt – resistência à tração por flexão;
Et – módulo de elasticidade estático; R – argamassa referência; E 95 – argamassa de EPS (80% em volume)
Em Brás et al. (2013) desenvolveram-se argamassas de revestimento com baixas condutibilidades
térmicas, capazes de reduzir os efeitos das condensações, com a máxima dosagem de cortiça e EPS
possível, de forma a minimizar custos de climatização. Para tal, produziram-se várias formulações
com diferentes dosagens de EPS/cortiça, correspondendo a substituições de 10% a 80%, em volume,
de areia por EPS/cortiça e uma argamassa de referência (R). Foi utilizado o cimento CEM II B-L 32,5
N, areia siliciosa (0/1 mm), agregados de cortiça e EPS com granulometrias entre os 0,5 –1 mm e os
2 mm, respetivamente, e um superplastificante (PCE).
Realizaram-se ensaios de resistência à compressão (Rc) e à flexão (Rt) segundo a norma EN 1015-
11 (CEN, 1999) e foram obtidos valores de condutibilidade térmica (λ) para ambas as argamassas
(com incorporação de agregados de cortiça e EPS).
Para a argamassa com maior dosagem de EPS (CE 80 – 80%, em volume) e com relação a/c de 0,6
foram obtidos valores de resistência à compressão e à flexão de 10,7 MPa e 2,7 MPa,
respetivamente, enquanto que para a argamassa com maior dosagem de cortiça (CC 80 – 80%, em
volume), com relação a/c de 0,7, foram obtidas resistências à compressão e à flexão de 3,9 MPa e
1,7 MPa, respetivamente. Foram obtidos valores para a condutibilidade térmica entre os 0,41-0,63
W/m.°C (Tabela 2.9).
Tabela 2.9 – Características mecânicas das argamassas estudadas por Brás et al. (2013)
Designação Ligante M.isolante /
% substituição Mv
(kg/m3)
redução (%)
Rc (MPa)
redução (%)
Rt (MPa)
redução (%)
(λ) (W/m.°C)
redução (%)
R Cimento - 2050 - 24,4 - 5,2 - 1,6 -
CE 80 Cimento EPS / 80 1510 26 10,7 56 2,7 48 0,63 60
CC 80 Cimento Cortiça / 80 1480 28 3,9 84 1,7 67 0,41 74
Legenda: Mv – massa volúmica aparente, estado endurecido; Rc – resistência à compressão; Rt – resistência à tração por
flexão; λ – coeficiente de condutibilidade térmica; R – argamassa referência; CE 80 – argamassa de EPS (80% em volume);
CC 80 - argamassa de cortiça (80% em volume)
Estes autores concluíram que a resistência mecânica das argamassas tende a diminuir com o
aumento da dosagem de EPS/cortiça. Observou uma diminuição linear na resistência à compressão
com o aumento da dosagem de EPS, enquanto que para as argamassas de cortiça a diminuição da
resistência foi mais expressiva, levando à necessidade de maior quantidade de superplastificante na
sua constituição para manter uma resistência adequada. Para as argamassas com agregados de
22
EPS, o aumento da sua dosagem não contribui para a diminuição da condutibilidade térmica tão
rapidamente como para os agregados de cortiça. Os agregados de cortiça podem diminuir a
condutibilidade térmica das argamassas cimentícias até 75%, enquanto que os agregados de EPS
diminuem até 60%.
Em Martins (2010), estudou-se o efeito da introdução de regranulado negro de cortiça, com três
granulometrias diferentes: R1, R2 e R3, respetivamente regranulado fino, grosso e pó de cortiça, em
argamassas de cal hidráulica e argamassas bastardas de cal hidráulica e cimento. Para tal,
efetuaram-se inúmeras formulações com diferentes percentagens de inclusão de regranulado negro
de cortiça, sendo utilizado o traço volumétrico semelhante aos habitualmente utilizados, isto é, 1:3 no
caso de argamassas de cal hidráulica e 0,5:0,5:3 no caso de argamassas bastardas. As argamassas
foram produzidas com percentagens de cortiça (em relação ao volume total de agregados) a partir de
40%, seguindo-se também a produção de argamassas com 60%, 80% e 100% de cortiça (as duas
últimas só nas argamassas bastardas). A argamassa de referência (R) não continha qualquer
percentagem de cortiça. Para tal, e para uma argamassa bastarda com 80% de inclusão de cortiça
(CH+C 80) e com uma relação água/ligante de cerca de 0,89, foram realizados ensaios de resistência
à compressão (Rc) e à flexão (Rt) e de condutibilidade térmica (λ).
Foram obtidos, em média, valores de 2,4 MPa e 0,97 MPa, para a resistência à compressão e à
tração por flexão, respetivamente. Os ensaios de condutibilidade térmica realizados conduziram a
valores, em média, de 0,2 W/m.°C. (Tabela 2.10).
Tabela 2.10 – Características mecânicas das argamassas estudadas por Martins (2010)
Designação Ligante M. isolante /
% substituição Mv
(kg/m3)
redução (%)
Rc (MPa)
redução (%)
Rt (MPa)
redução (%)
(λ) (W/m.°C)
redução (%)
R Cimento/cal
hidráulica - 1944,7
51
11,9
80
2,27
57
0,8
75
CH+C 80 Cimento/cal
hidráulica Cortiça / 80 943,6 2,4 0,97 0,2
Legenda: Mv – massa volúmica aparente, estado endurecido; Rc – resistência à compressão; Rt – resistência à tração por
flexão; λ – coeficiente de condutibilidade térmica; R – argamassa referência; CH+C 80 – argamassa bastarda de cal hidráulica
e cimento com cortiça (80%, em volume)
Este autor concluiu que, nas argamassas bastardas, devido às maiores taxas de substituição
utilizadas, conseguem-se reduções de massa volúmica aparente, que podem ultrapassar os dois
terços em relação à argamassa de referência. Em relação à resistência à compressão e à flexão, a
introdução de agregados de cortiça originou uma diminuição de cerca de 80% e 57%,
respetivamente, por comparação com a argamassa de referência. Os valores alcançados no ensaio
da condutibilidade térmica, para além das vantagens a nível térmico, diminuem o risco de ocorrência
de condensações superficiais.
23
2.4.4.2. Argamassas térmicas industriais
O estudo de Gonçalves et al. (2012) consistiu na melhoria de uma argamassa térmica produzida por
Frade et al. (2010). Para tal, recorreu-se a agregados de EPS em substituição parcial de agregados
correntes (70 a 80%, em volume de agregados), cimento portland branco como ligante e a inclusão
de algumas adições, de forma a controlar fenómenos como a trabalhabilidade, permeabilidade ao
vapor de água, absorção capilar, entre outros. Com isto, foi possível produzir uma argamassa com
uma condutibilidade térmica (λ) de 0,07 W/m.°C.
A argamassa produzida permitiu obter resultados de massa volúmica aparente (Mv), no estado
endurecido, resistência à compressão (Rc), à flexão (Rt), tensão de aderência e módulo de
elasticidade dinâmico (Ed). Os resultados obtidos foram da classe CS I (0,4 a 2,5 MPa), de acordo
com a EN 998-1 (CEN, 2010) para a resistência à compressão, de 0,6 MPa para a resistência à
flexão e de 0,15 MPa para a tensão de aderência, registando-se uma rotura adesiva (a). A massa
volúmica aparente obtida foi de 250 kg/m3, no estado endurecido e o módulo de elasticidade dinâmico
foi de 500 MPa (Tabela 2.11).
Tabela 2.11 – Carcterísticas mecânicas da argamassa estudada por Gonçalves et al. (2012)
Designação Ligante M. isolante /
% adição Mv (kg/m
3) Rc (MPa) Rt (MPa) Ed (MPa)
Aderência (MPa)
λ (W/m.°C)
Isodur cimento
branco EPS / 70-80 250 0,4-2,5 0,6 500 0,15 (a) 0,07
Legenda: Mv – massa volúmica aparente, estado endurecido; Rc – resistência à compressão; Rt – resistência à tração por
flexão; Ed – módulo de elasticidade dinâmico; λ – coeficiente de condutibilidade térmica; (a) – rotura adesiva
Em Frade et al. (2012) foram produzidas duas argamassas industriais com introdução de agregados
de cortiça em substituição parcial (70 a 80%, em volume de agregados) do agregado corrente, sendo
uma argamassa de reboco para projeção mecânica e outra argamassa de alvenaria leve para
aplicação manual ou mecânica. O ensaio da condutibilidade térmica para a argamassa de reboco
conduziu ao valor de λ=0,163 W/mº.C.
Para esta argamassa, também foi ensaiada a massa volúmica aparente (Mv), no estado endurecido,
a resistência à compressão (Rc), à flexão (Rt), tensão de aderência e módulo de elasticidade
dinâmico (Ed). Os resultados obtidos foram de 9,8 MPa para a resistência à compressão, de 3,3 MPa
para a resistência à flexão e de 0,34 MPa para a tensão de aderência, registando-se uma rotura
adesiva (a). A massa volúmica aparente obtida foi de 910 kg/m3, no estado endurecido e o módulo de
elasticidade dinâmico foi de 1009,8 MPa (Tabela 2.12).
24
Tabela 2.12 – Características mecânicas da argamassa estudada por Frade et al. (2012)
Designação Ligante M. isolante /
% adição Mv (kg/m
3) Rc (MPa) Rt (MPa) Ed (MPa)
Aderência (MPa)
λ (W/m.°C)
RHP ecocork cimento Cortiça / 70-80 910 9,8 3,3 1009,8 0,34 (a) 0,163
Legenda: Mv – massa volúmica aparente, estado endurecido; Rc – resistência à compressão; Rt – resistência à tração por
flexão; Ed – módulo de elasticidade dinâmico; λ – coeficiente de condutibilidade térmica; (a) – rotura adesiva
Foi também recolhida informação sobre as seguintes argamassas industriais térmicas no mercado.
Uma argamassa constituída por agregados de EPS com condutibilidade térmica (λ) de 0,05 W/m.°C e
duas argamassas constituídas por agregados de cortiça, que de acordo com os fabricantes
apresentam, condutibilidades térmicas de 0,083 W/m.°C e 0,045 W/m.°C. Na Tabela 2.13, estão
representadas as características mecânicas destas três argamassas, nomeadamente, a resistência à
compressão (Rc), à flexão (Rt), a tensão de aderência, a massa volúmica aparente (Mv) no estado
endurecido e o módulo de elasticidade estático (Et).
Tabela 2.13 – Características mecânicas das argamassas de acordo com o catálogo dos fabricantes
Designação Ligante M. isolante /
% adição Mv
(kg/m3)
Rc (MPa)
Rt (MPa)
Aderência (MPa)
Et (MPa) λ (W/m.°C)
Weber,therm aislone
Cimento / cal EPS / 100 260 ± 50 ≥ 0,5 ≥ 0,3 ≥ 0,08
(rotura
coesiva)
- 0,050
Premix Cal hidráulica
natural
Cortiça / sem
informação 470 ± 30 3 - - 742 0,083
Evolution Cal hidráulica
natural
Cortiça / sem
informação 360 ± 20 1,5 -
0,1 (rotura
coesiva) 742 0,045
Legenda: Mv – massa volúmica aparente, estado endurecido; Rc – resistência à compressão; Rt – resistência à tração por
flexão; Et – módulo de elasticidade estático; λ – coeficiente de condutibilidade térmica
2.4.4.3. Análise comparativa
Tendo em conta os estudos disponíveis e a investigação realizada, foi elaborada a Tabela 2.14 que
sintetiza as características mecânicas de todas as argamassas (tradicionais e industriais) com
incorporação de agregados isolantes, bem como as respetivas condutibilidades térmicas.
De forma a obter argamassas com desempenho térmico melhorado, é possível verificar a
necessidade de introdução de percentagens elevadas de material isolante (EPS e cortiça) nas
argamassas. São necessárias introduções/substituições de cerca de 70 a 85%, em volume de
agregados, destes materiais.
Em relação à resistência mecânica, nomeadamente a resistência à compressão, verifica-se que para
as argamassas com incoporação de agregados isolantes, tanto tradicionais como industriais, os
valores de resistência variam, na maioria dos casos, de 0,4 a 4 MPa, havendo casos pontuais de
valores mais expressivos na ordem dos 9 a 10 MPa.
25
Tabela 2.14 – Características mecânicas das argamassas com incorporação de agregados isolantes, tradicionais e industriais, no mercado
Argamassas Ligante Material isolante
% Adição (em volume)
Adições/ Adjuvantes
Mv-endurecido
(kg/m3)
Rc (MPa)
Rt (MPa)
Ed (MPa)
Et (MPa)
Aderência (MPa)
λ (W/m.°C)
Aplicações Referência / Designação
Tradicionais
Cimento EPS 85 superplastificante;
silica de fumo 970 3,5 - - 1200 - 0,16 - Ali, 2011
Cimento EPS 60 superplastificante 850 4 - - - - - - Perry et al,
1991
Cimento EPS 80 cinzas volantes;
superplastificante; introdutor de ar
- 3,83 0,89 - 4330 - - - Babu et al,
2005
Cimento Cortiça 80 superplastificante 1480 3,9 1,7 - - - 0,41 - Brás et al,
2013
Cimento EPS 80 superplastificante 1510 10,7 2,7 - - - 0,63 - Brás et al,
2013
Cimento / Cal
hidráulica Cortiça 80 sem adições 944 2,4 0,97 - - - 0,20 - Martins, 2010
Industriais
Cimento branco
EPS 70 - 80
com adições e adjuvantes mas
sem especificação disponivel
250 0,4 - 2,5
0,6 500 - 0,15
(adesiva) 0,07
Int. e Ext.; intervenções de renovação de
edificios
Catálogos e fichas
técnicas dos fabricantes
Cimento Cortiça 70 - 80
pó redispersivel; hidrófugo em pó; agente introdutor de ar e controlo
de tração; retentor de àgua
910 9,8 3,3 1010 - 0,34
(adesiva) 0,16
Int. e Ext.; reabilitação em
construção antiga
Cimento / Cal
EPS 100
polímero redispersivel;
hidrófugo; agente expansivo e
retentor de água
260 ± 50 ≥ 0,5 ≥ 0,3 - - ≥ 0,08
(coesiva) 0,05
Paredes novas ou a reabilitar
Cal hidráulica
natural Cortiça
sem informação
aditivos naturais; fibras de
polipropileno; introdutor de ar
470 ± 30 3 - - 742 - 0,083
Int. e Ext.; Cal
hidráulica natural
Cortiça sem
informação 360 ± 20 1,5 - - 742
0,1 (coesiva)
0,045
Legenda: Mv – massa volúmica aparente, estado endurecido; Rc – resistência à compressão; Rt – resistência à tração por flexão; Ed – módulo de elasticidade dinâmico; Et – módulo elasticidade
estático ; λ – coeficiente condutibilidade térmica
26
Para as argamassas tradicionais, com incorporação de agregados isolantes, sejam eles a cortiça ou
o EPS, verificam-se decréscimos na ordem dos 70 a 80% na resistência à compressão das
argamassas com a introdução destes materiais. É possível constatar, que estas argamassas
cumprem com os requisitos de resistência à compressão existentes (0,4 a 5 MPa, para argamassas
de isolamento térmico, segundo a EN 998-1 (CEN, 2010).
A massa volúmica aparente, no estado endurecido, das argamassas tradicionais varia desde 850 a
1510 kg/m3, enquanto que para as argamassas industriais varia entre 250 a 910 kg/m
3. Sendo assim,
verifica-se uma tendência de valores mais baixos, de massa volúmica aparente, para as argamassas
industriais. Em relação às argamassas tradicionais é possível verificar reduções entre 30 a 55% na
massa volúmica aparente, no estado endurecido, com a introdução dos agregados isolantes (cortiça e
EPS.).
Em geral, a introdução de agregados isolantes na argamassa, para além de as dotar de um
desempenho térmico melhorado, pode também permitir classificá-las de argamassas leves, segundo
a EN 998-1 (CEN, 2010) (argamassas leves apresentam massa volúmica aparente, no estado
endurecido ≤ 1300 kg/m3).
É possível observar valores dos módulos de elasticidade (Ed e Et), para as argamassas tradicionais e
industriais, na ordem dos 500 a 4330 MPa. O módulo de elasticidade dinâmico corresponde a
deformações instantâneas muito pequenas e é considerado igual ao módulo tangente inicial
determinado no ensaio estático (Bastos (2003), citado por Galvão (2009)). Estes valores são
inferiores aos valores do módulo de elasticidade dinâmico de argamassas correntes (entre 3500 a
10000 MPa). Esta tendência significa que as argamassas térmicas podem apresentar maiores
capacidades de deformação por comparação com argamassas correntes, visto apresentarem
módulos de elasticidade mais baixos.
Relativamente à aderência destas argamassas, com incorporação de agregados isolantes, apenas é
possível aferir o comportamento destas em relação às argamassas industriais. O valor da tensão de
aderência para estas argamassas varia de 0,1 a 0,34 MPa. Sendo assim, e de acordo com os
requisitos para a aderência de argamassas correntes, em edifícios novos (≥ 0,3 MPa) e antigos (0,1 a
0,3 MPa) (LNEC, 2005 e Veiga, 2003), a introdução destes agregados pode não afetar esta
característica. No entanto, é preciso ter em conta as adições e adjuvantes inseridos nas argamassas
industriais que melhoram a aderência, como sejam os promotores de aderência.
Em relação ao desempenho térmico e como referido, é necessário a incorporação de agregados
isolantes (cortiça e EPS) em grandes quantidades (70 a 85%), de forma a se obter argamassas com
desempenho térmico melhorado. Em relação às argamassas tradicionais, e apesar da elevada
incorporação de agregados isolantes, é possível observar que nem todas as argamassas são
térmicas, de acordo com a EN 998-1 (CEN, 2010). Foi possível observar reduções entre 60 a 90% no
27
coeficiente de condutibilidade térmica das argamassas, com a incorporação dos agregados isolantes
(cortiça e EPS).
Em relação à influência que as adições/adjuvantes possam ter no desempenho mecânico destas
argamassas, é possível observar que a introdução de retentores de água, cinzas volantes, agentes
de controlo de tração, promotores de aderência e introdutores de ar, possam melhorar características
como a resistência à compressão, a resistência à tração por flexão, a aderência ao suporte e a
condutibilidade térmica.
2.5. Síntese do capítulo
Atualmente, a maior parte do consumo de energia elétrica no sector residêncial encontra-se
intimamente ligado ao aquecimento e arrefecimento e, como tal, torna-se essencial a utilização de
soluções construtivas que permitam uma diminuição do recurso a equipamentos de climatização.
No que toca a revestimentos de paredes, os revestimentos à base de argamassas continuam a ser
dos revestimentos mais utilizados na construção. As argamassas térmicas são um exemplo de uma
solução existente para atingir os objectivos no que diz respeito ao comportamento térmico das
paredes dos edifícios. Caracterizam-se, principalmente, por apresentarem coeficientes de
condutibilidade térmica (λ) inferiores a 0,1 e 0,2 W/m.°C, classificadas de T1 e T2, respetivamente, de
acordo com a EN-998-1 (CEN, 2010) e resultam da introdução de agregados isolantes, tais como a
cortiça e o EPS.
Apesar de melhorias evidentes, em termos de desempenho térmico, o comportamento mecânico
destas argamassas com incorporação de agregados isolantes é um fator muito importante a ter conta,
visto que se pretende uma argamassa de desempenho térmico melhorado que cumpra os requisitos
mínimos para as características mecânicas e as funções para as quais são destinadas.
Pela recolha bibliográfica conclui-se que as argamassas térmicas no mercado, são classificadas de
argamassas leves, visto apresentarem massas volúmicas aparentes, no estado endurecido inferiores
a 1300 kg/m3. Apresentam boa resistência mecânica (0,4 a 4 MPa), cumprindo com os requisitos
existentes (EN 998-1, CEN 2010)). Apresentam um melhor comportamento à fendilhação em relação
ao de argamassas correntes (500 ≤ Ed ≤ 1000 MPa), mas a sua utilização em paredes expostas a
choques pode ser impossibilitada (Ed ≥ 5000 MPa). Em relação à aderência ao suporte não foi
possível identificar a influência do agregado isolante, dado que os valores das argamassas industriais
oscilam entre os 0,1 e 0,34 MPa cumprindo com os requisitos, quer para edifícios correntes, quer
para edifícios antigos. No entanto, é preciso ter em conta as adições e adjuvantes inseridos nas
argamassas industriais que melhoram a aderência, como sejam os promotores de aderência.
28
Sendo assim, e de forma a obter-se um conhecimento mais aprofundado das caracteristicas
mecânicas de argamassas com desempenho térmico melhorado (ou argamassas térmicas), no
presente trabalho foi elaborado um estudo experimental em laboratório sobre o desempenho
mecânico deste tipo de argamassas.
29
3. Caracterização do trabalho experimental
3.1. Considerações gerais
A presente dissertação tem como objetivo principal fazer uma caracterização experimental do
comportamento mecânico de argamassas térmicas. Neste capítulo serão descritos os ensaios
realizados durante toda a campanha experimental, sendo feita previamente, uma caracterização das
argamassas e dos seus constituintes. Com a realização da campanha experimental, pretende-se
comparar os resultados obtidos em cada uma das argamassas de modo a avaliar o comportamento
mecânico das diferentes argamassas de desempenho térmico melhorado produzidas. Para tal,
procedeu-se à realização dos seguintes ensaios de caracterização mecânica, no estado endurecido:
massa volúmica; resistência à compressão e à tração por flexão; aderência ao suporte; módulo de
elasticidade dinâmico e a velocidade de propagação das ondas ultra-sónicas. Para caracterizar o
desempenho térmico foram realizados ensaios para a determinação do coeficiente de condutibilidade
térmica.
3.2. Descrição geral dos planos de ensaios
A campanha experimental teve como principal objetivo, fazer uma análise comparativa das
características mecânicas das diferentes argamassas térmicas produzidas. Para tal, foram produzidas
três argamassas tradicionais e quatro argamassas industriais. Na produção das argamassas
tradicionais optou-se pelo traço volumétrico 1:3 que, de acordo com Veiga (2001), é um dos traços
volumétricos mais utilizados em Portugal para a produção de argamassas tradicionais cimentícias. O
traço volumétrico foi mantido na produção de todas as argamassas tradicionais, para que seja
possível fazer a comparação de resultados com a modificação da mistura de agregados.
As diferentes argamassas tradicionais produzidas foram a argamassa de cortiça com substituição de
80%,em volume, de areia por cortiça (argamassa FTrad
Cort) e a argamassa de EPS com substituição de
85%, em volume, de areia por EPS (argamassa GTrad
EPS), de acordo com os estudos de Brás et al.
(2013) e Ali (2011), respetivamente. Para além destas argamassas, foi também produzida uma
argamassa de referência (argamassa ERef
). De notar, que todas as argamassas tradicionais
produzidas têm como único ligante o cimento. Em relação às argamassas industriais, foram
produzidas duas com agregados de cortiça (argamassas CInd
Cort e DInd
Cort) e duas com agregados de
EPS (argamassas AInd
EPS e BInd
EPS).
Inicialmente, procedeu-se à caracterização dos materiais constituintes das argamassas. Em relação
às argamassas tradicionais, foram determinadas as baridades da areia, cimento, cortiça e EPS.
Quanto às argamassas industriais, foram determinadas as baridades dos diferentes produtos em pó.
Para cada argamassa, foram produzidos 12 provetes prismáticos de 40×40×160 mm (Figura 3.1) e
preparados 6 tijolos (Figura 3.2) para serem ensaiados aos 14 e 28 dias de idade. Garantiram-se as
30
mesmas condições de cura para todas as argamassas, realizada em câmara condicionada a uma
temperatura de 20°C ± 2°C e humidade relativa de 65% ± 5%. A desmoldagem ocorreu, para todas
as argamassas, aos 7 dias de idade, devido à menor resistência das argamassas estudadas. Para
determinar as características mecânicas foram realizados ensaios de resistência à compressão, à
flexão, aderência ao suporte, módulo de elasticidade dinâmico e velocidade de propagação das
ondas ultra-sónicas. Para avaliar o desempenho térmico, também foi realizado o ensaio da
determinação da condutibilidade térmica (3 provetes de 80×70×25 mm, por argamassa). Em alguns
casos, foi produzido uma quantidade de provetes, em excesso, que também foram contabilizados
para os ensaios.
Figura 3.1 – Molde com 3 provetes prismáticos de 40×40×160 mm
Figura 3.2 – Cofragem para a aplicação das argamassas em tijolo
A Tabela 3.1 resume as argamassas produzidas e o número de ensaios realizados. Os ensaios no
estado fresco não estão contabilizados na Tabela 3.1 dado que foram realizados, imediatamente,
após a sua produção.
Tabela 3.1 – Número de ensaios realizados no estado endurecido
Argamassas
Ensaios Rc Rt Aderência Ed V λ
Norma EN 1015-11 CEN 1999
EN 1015-12 CEN 2000
ASTM E1876-1 ASTM 2006
EN 12504-4 CEN 2004
-
Ind
ustr
ial
AInd
EPS
Nº Ensaios
24 12 12 3 16 3
BInd
EPS 24 12 12 3 16 3
CInd
Cort 24 12 12 3 16 3
DInd
Cort 24 12 12 3 16 3
Tra
dic
ion
al E
Ref 24 12 12 3 16 3
FTrad
Cort 24 12 12 3 16 3
GTrad
EPS 24 12 12 3 16 3
Total ensaios 168 84 84 21 112 21
Legenda: Rc - resistência à compressão; Rt – resistência à tração por flexão; Ed – módulo de elasticidade dinâmico; V –
velocidade de propagação das ondas ultra-sónicas; λ – coeficiente de condutibilidade térmica
31
3.3. Caracterização dos materiais constituintes das argamassas
3.3.1. Constituintes das argamassas tradicionais
3.3.1.1. Areia
A areia utilizada na campanha experimental, foi areia Mesquita (a ficha técnica da areia encontra-se
no anexo A.3.1). Depois de se secar a areia procedeu-se à determinação da baridade ou massa
volúmica aparente (adaptado de NP EN 1097-3, IPQ 2002). Para tal, recorreu-se a um molde com
massa e volume conhecidos, e , respetivamente. Colocou-se o molde dentro de um tabuleiro e
despejou-se, sem compactar, a areia até encher o molde (Figura 3.3). Aquando do enchimento do
molde, rasou-se a restante areia da parte superior, como é possível verificar na Figura 3.4.
Figura 3.3 – Enchimento do molde
Figura 3.4 – Processo de rasar o molde
Depois do molde estar cheio, pesou-se e registou-se a massa do conjunto areia + molde, que
corresponde a . Repetiu-se este processo por mais duas vezes, de forma a serem obtidos 3
resultados. Para determinar a baridade recorreu-se à equação 3.1.
(3.1)
onde:
- baridade do material (kg/m3);
- massa do conjunto molde + material (kg);
- massa do molde (kg);
- volume do molde (1 l).
32
3.3.1.2. Cimento
O cimento utilizado foi o cimento Portland composto do tipo CEM II B/L da classe 32,5 N por ser o
mais correntemente utilizado em Portugal para a produção de argamassas. Procedeu-se à
determinação da baridade do material de acordo com o processo descrito, anteriormente, para a
areia.
3.3.1.3. Materiais isolantes térmicos
Os materiais isolantes térmicos utilizados foram granulados de cortiça (Figura 3.5) e de EPS (Figura
3.6). Antes de se proceder à determinação da baridade dos materiais, peneiraram-se os dois
materiais, como mostra a Figura 3.7, de modo a obter-se agregados de diâmetros compreendidos
entre os 1-2 mm para a cortiça e os 3,4-4 mm para o EPS, de acordo com a dimensão dos agregados
utilizados por Brás et al. (2013). Notar que os agregados de EPS utilizados por estes autores são
ligeiramente inferiores (2 mm). A baridade foi obtida através do procedimento utilizado para a
determinação da baridade da areia e do cimento.
Figura 3.5 – Agregados de cortiça
Figura 3.6 – Agregados de EPS
Figura 3.7 – Peneiração dos materiais isolantes
Os constituintes das argamassas tradicionais produzidas, bem como o tipo, a dimensão e
percentagem de incorporação de agregado isolante e a relação a/c, encontram-se na Tabela 3.2. É
de realçar a ausência de adições/adjuvantes na constituição destas argamassas.
Tabela 3.2 – Constituintes das argamassas tradicionais produzidas em laboratório
Argamassas Tradicionais
Ligante Ag.isolante /
% adição (em volume)
Dimensão ag. isolante
(mm)
Outros Agregados
Relação a/c
Adições / Adjuvantes
ERef
CEM II B/L 32,5 N - - Areia Mesquita 0,80 sem adições
FTrad
Cort CEM II B/L 32,5 N 80% cortiça 1 - 2 Areia Mesquita 0,70 sem adições
GTrad
EPS CEM II B/L 32,5 N 85% EPS 3,4 - 4 Areia Mesquita 0,50 sem adições
33
3.3.2. Constituintes das argamassas industriais
Antes de se proceder à produção, propriamente dita, das argamassas industriais, efetuou-se também,
a determinação da baridade do produto em pó. Para tal, efetuou-se o mesmo procedimento utilizado
para determinar a baridade da areia, do cimento e dos materiais isolantes térmicos.
Os constituintes das argamassas industriais produzidas, bem como o tipo, a dimensão e a
percentagem de incorporação de agregado isolante estão representados na Tabela 3.3. No anexo
A.3.2 encontram-se os valores das características mecânicas que os respetivos fabricantes
preconizam para estas argamassas.
Tabela 3.3 – Constituintes das argamassas industriais produzidas em laboratório
Argamassas Industriais
Ligante %
substituição
(em volume)
Dimensão ag.
isolante
(mm)
Outros Agregados
Aplicação Quantidade
água por
saco (l/kg)
Adições / Adjuvantes
AInd
EPS Cal / CEM I 52,5
N 100% EPS ≤ 3
sem incorporação
int 1,14
polimero
redispersível; hidrófugo;
agente
expansivo; retentor de
água
BInd
EPS Cal / Cimento
branco e ligantes
sintéticos
70-80% EPS 1,5 - 2 Areia
(cálcaria e
siliciosa)
int/ext 0,7 Não
especificado
CInd
Cort Cimento Portland 70-80%
cortiça 1,5 - 2
Areia
(cálcaria e siliciosa)
int/ext 0,33
pó
redispersível; hidrófugo em pó; agente
introdutor de ar e controlo
de tração;
retentor de água
DInd
Cort Cal hidráulica
natural cortiça (si) ≤ 3
Terra diatomácea /
argila int/ext 0,55
aditivos
naturais; fibras de
polipropileno;
introdutores de ar
Legenda: si – sem informação em relação à percentagem de adição
3.4. Produção das argamassas
3.4.1. Argamassa tradicional
Como referido, foram produzidas três argamassas tradicionais. As argamassas FTrad
Cort e GTrad
EPS e a
argamassa de referência ERef
(as suas constituições estão representadas na Tabela 3.2). Na
produção da argamassa de referência (ERef
) adotou-se uma relação água/cimento (a/c), de 0,80,
tendo como ponto de partida uma relação a/c unitária. Chegou-se ao valor de 0,80 por tentativa e
erro. Na produção da argamassa com cortiça (FTrad
Cort), adotou-se uma relação a/c de 0,70, tendo
como ponto de partida a relação a/c de 0,75 utilizada por Brás et al. (2013). Na produção da
argamassa de EPS (GTrad
EPS) adotou-se uma relação a/c de 0,50, tendo como ponto de partida a
34
relação a/c de 0,45 utilizada por Perry et al. (1991), citado por Ali (2011). As quantidades de água
utilizadas cumprem os requisitos necessários para assegurar uma consistência de acordo com os
valores padrão da norma EN 1015-2 (CEN, 1998).
Para a produção das três argamassas tradicionais foi necessário utilizar alguns equipamentos e
utensílios como uma balança e recipientes para as pesagens dos materiais sólidos e líquidos (água),
bem como a utilização de uma misturadora mecânica, respetivo recipiente de mistura, espátula de
borracha e colher de plástico. As argamassas tradicionais foram produzidas segundo as
especificações da norma NP EN 196-1 (Ed.3) (IPQ, 2006), onde se efetuaram os seguintes passos:
pesagem dos materiais para a mistura preconizada (Figura 3.8);
introdução de água e cimento no recipiente da misturadora;
mistura com velocidade de rotação baixa durante 30 s;
adição dos agregados (areia, cortiça e EPS) com velocidade de rotação baixa durante 30 s;
mistura com velocidade de rotação rápida durante 30 s;
paragem da rotação;
raspagem do material aderente às paredes do recipiente com a ajuda de uma espátula de
borracha (Figura 3.9);
repouso da massa durante 60 s (Figura 3.10);
mistura com velocidade de rotação rápida durante 60 s.
Figura 3.8 – Pesagem da areia
Figura 3.9 – Raspagem do material
aderente às paredes do recipiente
Figura 3.10 – Argamassa em repouso
(Argamassa GTrad
EPS)
3.4.2. Argamassa industrial
Para a produção das quatro argamassas industriais (Tabela 3.3) foram utilizados os mesmos
equipamentos e utensílios utilizados na produção das argamassas tradicionais, estando estes
equipamentos em conformidade com a norma NP EN 196-1 (Ed.3) (IPQ, 2006). A produção destas
argamassas (fornecidas em sacos) seguiram as intruções dos fabricantes, em particular, no que diz
respeito à quantidade de água adicionada ao produto:
35
pesagem do produto em pó (Figura 3.11);
pesagem da água necessária à mistura;
junção do produto em pó com a água no recipiente misturador;
mistura manual do produto com auxílio de uma colher de plástico (Figura 3.12);
mistura mecânica em velocidade de rotação baixa durante 30 s;
raspagem do material aderente às paredes do recipiente com a ajuda de uma espátula de
borracha
mistura mecânica em velocidade de rotação baixa durante 1 min (Figura 3.13);
repouso entre 10 a 15 min.
Figura 3.11 – Pesagem do produto em pó (argamassa A
IndEPS)
Figura 3.12 – Mistura manual (argamassa C
IndCort)
Figura 3.13 – Mistura mecânica (argamassa B
IndEPS)
3.5. Ensaios realizados no estado fresco
3.5.1. Massa volúmica aparente
Para a determinação da massa volúmica aparente em pasta, efetuou-se o ensaio segundo a norma
EN 1015-6 (CEN, 1998), o qual determina a massa volúmica através do quociente entre a massa da
argamassa fresca e o volume por ela ocupado. Para tal, foi necessário um recipiente cilíndrico com
capacidade de 1 l, uma colher de pedreiro, uma balança e uma espátula. Para cada argamassa foram
obtidos 3 valores de massa volúmica. A realização deste ensaio ocorreu de acordo com o seguinte
procedimento (adaptado de EN 1015-6 (CEN, 1998)):
pesagem do recipiente cilíndrico com capacidade de 1 l;
enchimento do recipiente, até metade da sua capacidade, com a argamassa (Figura 3.14);
processo de compactação através da realização de 10 pancadas verticais (Figura 3.15);
enchimento do resto do recipiente e repetição do processo de compactação;
rasamento da superfície do recipiente para retirar o excesso de argamassa;
pesagem do recipiente contendo a argamassa (Figura 3.16).
36
Figura 3.14 – Enchimento do recipiente com argamassa
Figura 3.15 – Processo de compactação
Figura 3.16 – Pesagem do recipiente contendo a argamassa
Os resultados do ensaio são obtidos através da equação 3.2.
(3.2)
onde:
- massa volúmica da argamassa no estado fresco (kg/m3);
- massa do recipiente (kg);
- massa do recipiente + argamassa (kg);
- volume do recipiente (1 l).
3.5.2. Consistência por espalhamento
A consistência da argamassa no estado fresco foi avaliada recorrendo ao ensaio do espalhamento,
segundo a norma EN 1015-3 (CEN, 1999), que consiste na medição do diâmetro médio do
espalhamento da argamassa após sofrer um determinado número de impactos verticais numa mesa
preparada para o efeito. Para tal, foi necessário um molde troncocónico, uma mesa de espalhamento,
um pilão para a compactação, uma espátula e uma craveira para a medição dos diâmetros. O ensaio
realizou-se 3 vezes em cada tipo de argamassa. A realização deste ensaio ocorreu de acordo com o
seguinte procedimento (adaptado de EN 1015-3 (CEN, 1999)):
humedecimento das faces interiores do molde troncocónico e da mesa de espalhamento, com
um pano húmido;
colocação do molde troncocónico no centro da mesa de espalhamento (Figura 3.17);
enchimento do molde troncocónico, com argamassa, em duas camadas, sendo cada camada
compactada com 10 pancadas verticais;
rasamento do molde e limpeza da mesa para retirar os excessos de argamassa;
37
remoção do molde e execução de 15 pancadas na mesa, espaçadas de um segundo (Figura
3.18);
medição do diâmetro de espalhamento da argamassa em duas direções ortogonais (Figura
3.19).
Figura 3.17 – Colocação do molde troncocónico no centro da mesa
Figura 3.18 – Argamassa, sem molde, preparada para as 15 pancadas
Figura 3.19 – Medição do diâmetro de espalhamento
Os resultados do ensaio são obtidos através da equação 3.3.
(3.3)
Onde:
e – diâmetros (ortogonais) da argamassa espalhada (mm).
3.6. Ensaios realizados no estado endurecido
3.6.1. Massa volúmica aparente
A massa volúmica aparente, no estado endurecido, foi determinada através do princípio geométrico,
segundo a norma EN 1015-10 (CEN, 1999). Dado o ensaio não ser destrutivo, reutilizaram-se os
provetes para a determinação do módulo de elasticidade dinâmico, da resistência à tração por flexão
e compressão. Para tal, foi necessário o recurso a uma balança, com precisão de 0,01 g, e uma
craveira para medição dos provetes. Para cada argamassa foram obtidos 6 valores de massa
volúmica aparente. Os resultados do ensaio são obtidos através da equação 3.4.
(3.4)
onde:
- massa volúmica do provete (kg/m3);
- massa do provete (g);
38
- volume do provete (m3).
3.6.2. Resistência à compressão
O ensaio de resistência à compressão foi realizado segundo a norma 1015-11 (CEN, 1999), o qual
consiste em aplicar uma carga contínua gradualmente crescente, até à rotura do provete ensaiado,
registando-se o valor de tensão de rotura à compressão do material em função da área. Para tal foi
utilizado um equipamento da marca Seidner Form+Test (modelo 505/200/10 DM1) com uma célula de
carga de 200 kN. A aplicação da carga é feita subindo o prato inferior, de modo a pressionar o
provete entre os dois pratos da máquina. Este ensaio foi realizado com as metades dos provetes,
provenientes do ensaio da resistência à flexão. O valor da resistência à compressão é obtido através
da equação 3.5.
(3.5)
onde:
- tensão de rotura à compressão (MPa);
– carga de compressão máxima aplicada (kN);
– área da secção comprimida (mm2).
No laboratório foram ensaiados 12 provetes por cada argamassa; 6 provetes aos 14 dias de idade e
outros 6 aos 28 dias de idade. Com as metades dos provetes provenientes do ensaio da resistência à
flexão foram registados 12 valores aos 14 dias de idade e outros 12 aos 28 dias de idade. Na Tabela
3.4 está representada a quantidade de provetes e o número de ensaios realizados, por argamassa.
Tabela 3.4 – Número de provetes e ensaios realizados, por argamassa
Argamassas*
Ensaio Resistência à compressão
Dias 14 28
Nº Provetes 6 6
Nº de ensaios 12 12
Total ensaios 24
* Os números apresentados são relativos a cada argamassa (valores por argamassa)
Nas Figuras 3.20, 3.21 e 3.22, é possível verificar os provetes de diferentes argamassas preparados
para serem ensaiados.
39
Figura 3.20 – Provete da argamassa D
IndCort
Figura 3.21 – Provete da argamassa tradicional com cortiça
Figura 3.22 – Provete da argamassa tradicional com EPS
3.6.3. Resistência à tração por flexão
Para determinar a resistência à tração por flexão das diferentes argamassas, procedeu-se ao ensaio
segundo a norma EN 1015-11 (CEN, 1999). Para tal foi utilizado um equipamento da marca Seidner
Form+Test (modelo 505/200/10 DM1) com uma célula de carga de 10 kN. Os provetes foram
colocados, um de cada vez, sobre os apoios cilíndricos da máquina, como mostra a Figura 3.23, com
uma das faces laterais da moldagem do provete, sobre os rolos de suporte. Após a correta colocação
do provete, fez-se subir o prato inferior de maneira a que fosse aplicada uma carga gradualmente
crescente a meio vão de modo contínuo, até à rotura do provete. Registou-se a carga máxima
aplicada e guardou-se as metades dos provetes para o ensaio da compressão.
Figura 3.23 – Esquema do ensaio à tração por flexão ( EN 1015-11 (CEN, 1999))
O valor da resistência à tração por flexão é obtido através da equação 3.6.
(3.6)
onde:
- tensão de rotura à flexão (MPa);
40
- carga máxima aplicada (kN);
- distância entre os apoios da máquina (100 mm);
- largura do provete (40 mm);
- espessura do provete (40 mm);
No laboratório foram ensaiados 12 provetes por cada argamassa; 6 provetes aos 14 dias de idade e
outros 6 aos 28 dias de idade. Na Tabela 3.5 estão representados o número de ensaios e provetes
realizados, por argamassa.
Tabela 3.5 – Número de provetes e ensaios realizados, por argamassa
Argamassas*
Ensaio Resistência à tração por flexão
Dias 14 28
Nº Provetes 6 6
Nº Ensaios 6 6
Total Ensaios 12
*os números apresentados são relativos a cada argamassa (valores por argamassa)
Nas Figuras 3.24, 3.25 e 3.26, é possível verificar os provetes de diferentes argamassas preparados
para serem ensaiados.
Figura 3.24 – Provete da argamassa
AInd
EPS
Figura 3.25 – Provete da argamassa
BInd
EPS
Figura 3.26 – Provete da argamassa
tradicional com EPS
3.6.4. Aderência ao suporte (pull-off)
O ensaio de aderência pull-off permite determinar, por meio de uma força de tração direta
perpendicular à superfície rebocada, a tensão de aderência do reboco ao suporte. O suporte utilizado
foi o tijolo e o ensaio foi realizado segundo a norma EN 1015-12 (CEN, 2000). Previamente à
aplicação da argamassa no suporte, os tijolos foram preparados e humedecidos de acordo com
Arromba (2011), que estudou a influência do suporte no desempenho de rebocos aplicados em
41
suportes de tijolo e betão. Para tal, os tijolos foram humedecidos com pulverização dupla de água
utilizando-se 20 ml de água por tijolo, tal como utilizado por Arromba (2011) que chegou à conclusão
que é necessária esta quantidade de água para suportes de tijolo, como mostram as Figuras 3.27 e
3.28 .
Figura 3.27 – Humedecimento do suporte
Figura 3.28 – Cofragem para a aplicação da argamassa
Para cada argamassa foram preparados 4 tijolos (argamassa aplicada com 3 cm de espessura) para
serem ensaiados 2 aos 14 dias de idade e os outros 2 aos 28 dias de idade. Em cada tijolo foram
feitas 3 carotes e para a realização do ensaio foi necessário uma rebarbadora, um aparelho de
arrancamento, cola e pastilhas metálicas (secção quadrada 40×40 mm2). Na Tabela 3.6 está
representado o número de modelos/tijolos e ensaios realizados, por argamassa.
Tabela 3.6 – Número de modelos/tijolos e ensaios realizados, por argamassa
Argamassas*
Ensaio Aderência ao suporte
Dias 14 28
Nº modelos/tijolos 2 2
Nº Ensaios 6 6
Total Ensaios 12
*os números apresentados são relativos a cada argamassa (valores por argamassa)
O procedimento adotado para a realização do ensaio foi o seguinte (adaptado de EN 1015-12 (CEN,
2000)):
na véspera do ensaio, efetuaram-se entalhes com a rebarbadora sobre os modelos a analisar
(Figura 3.29);
colaram-se as pastilhas sobre as áreas delineadas com cola, tendo o cuidado de garantir que
a cola em excesso não tivesse atravessado a zona de corte envolvente e deixou-se secar
(Figura 3.30);
no dia seguinte, aplicou-se uma força ortogonal à pastilha, através do aparelho de
arrancamento e registou-se a carga de cedência e respetiva tipologia de rotura (Figura 3.31).
42
Figura 3.29 – Realização dos entalhes sobre os modelos a analisar
Figura 3.30 – Pastilhas coladas sobre a argamassa
Figura 3.31 – Aplicação da força através do aparelho de arrancamento
De acordo com a referida norma, a rotura pode ocorrer de 3 maneiras diferentes:
rotura adesiva- fratura padrão a (a rotura ocorre na interface entre a argamassa e o suporte);
rotura coesiva- fratura padrão b (a rotura ocorre pela argamassa, no seu interior);
rotura coesiva- fratura padrão c (a rotura ocorre pelo suporte, no seu interior).
Se a rotura for adesiva, a tensão que se obtém pelo ensaio, representa a tensão de aderência. Caso
a rotura seja coesiva, o valor da tensão obtido é como um limite inferior do real. O valor de tensão de
aderência de cada provete individual é obtido através da equação 3.7.
(3.7)
onde:
- tensão de aderência (MPa);
– força de arrancamento (kN);
– área da secção do provete (mm).
3.6.5. Módulo de elasticidade dinâmico
O módulo de elasticidade dinâmico foi determinado com recurso ao equipamento GrindoSonic MK5
“Industrial” (Figura 3.32), através da frequência de ressonância do modo de vibração à flexão (Figura
3.33) e à torção (Figura 3.34), segundo a norma ASTM E1876-1 (ASTM, 2006). O módulo de
elasticidade dinâmico é obtido através da equação 3.8.
E = 0,9456.(mff2/b).(L
3/t
3)T1 (3.8)
onde:
43
E – módulo de elasticidade dinâmico (MPa);
m – massa do provete (g);
ff – frequência de ressonância do modo de vibração à flexão (Hz).
b – largura do provete (mm);
L – comprimento do provete (mm);
t – espessura do provete (mm).
T1 – factor de correção para o modo de flexão fundamental tendo em conta a espessura finita do provete, coeficiente de Poisson.
Para a determinação do módulo de elasticidade dinâmico foram utilizados provetes prismáticos de
dimensão normalizada e foram obtidos 3 valores aos 28 dias, por argamassa. Realçar que com este
equipamento foi também possível determinar o coeficiente de Poisson para todas as argamassas.
Figura 3.32 – Equipamento GrindoSonic MK5 “Industrial”
Figura 3.33 – Frequência de ressonância do modo de vibração à
flexão
Figura 3.34 – Frequência de ressonância do modo de vibração à
torção
3.6.6. Velocidade de propagação das ondas ultra-sónicas
O ensaio para a determinação da velocidade das ondas ultra-sónicas procedeu-se segundo a norma
EN 12504-4 (CEN, 2004), referente a betão, sendo adaptado o mesmo procedimento só que para
argamassas. Para a realização do ensaio, foi utilizado um equipamento do modelo PUNDIT (Portable
Ultrasonic Non-destructive Digital Indicating Tester), exemplificado na Figura 3.35. Foram utilizados
transdutores com frequência na ordem dos 50 kHz (Figura 3.36) e pasta de dentes como material de
contacto.
44
Figura 3.35 – Equipamento PUNDIT
Figura 3.36 - Transdutores
De acordo com a referida norma a medição do tempo de propagação das ondas pode ser feita
através do método direto, semi-direto e indireto. Na campanha experimental foi utilizado o método
direto e indireto. Através do método direto os transdutores são colocados em faces opostas do
material a ser ensaiado (Figura 3.37), enquanto através do método indireto os transdutores são
colocados na mesma face do material a ser ensaiado (Figura 3.38).
Figura 3.37 – Esquema de transmissão direta dos transdutores (EN 12504-4 (CEN, 2004))
Figura 3.38 – Esquema de transmissão indireta dos transdutores (EN 12504-4 (CEN, 2004))
Método direto (provetes normalizados)
Para a realização do método direto foram ensaiados, por argamassa, 6 provetes normalizados de
160×40×40 (mm) aos 14 e 28 dias de idade e para tal, procedeu-se do seguinte modo (adaptado de
EN 12504-4 (CEN, 2004)):
antes do início do ensaio, foi necessário efetuar-se uma calibração do aparelho. Para isso,
utilizou-se uma barra de calibração própria, com o tempo de transição conhecido (25 µs).
Fez-se coincidir a leitura do mostrador digital com o valor de referência através do botão de
ajuste do aparelho (Figura 3.39);
colocou-se o material de contacto (pasta de dentes) nos transdutores (Figura 3.40);
realizaram-se três medições por cada provete (Figura 3.41);
registou-se o tempo de propagação das ondas (µs), para os diferentes provetes;
45
por fim, retirou-se a pasta de dentes em excesso.
Figura 3.39 – Calibração do aparelho
Figura 3.40 – Colocação do material
de contacto (pasta de dentes)
Figura 3.41 – Realização das
medições nos provetes (método direto)
O número de provetes, medições e ensaios realizados encontra-se na Tabela 3.7.
Tabela 3.7 – Número de provetes e ensaios realizados, por argamassa
Argamassas*
Ensaio Velocidade propagação das ondas ultra-sónicas
(método direto)
Dias 14 28
Nº Provetes 6 6
Medições de tempo por provete 3 3
Nº Ensaios 6 6
Total Ensaios 12
*os números apresentados são relativos a cada argamassa (valores por argamassa)
Após a conclusão do ensaio, procedeu-se à análise dos valores obtidos. Efetuou-se a média dos 3
valores alcançados, obtendo-se um valor médio de tempo de propagação em cada provete.
Seguidamente, calculou-se a velocidade de propagação das ondas dos respetivos provetes (6
provetes), através da equação 3.9.
(3.9)
onde:
– velocidade de propagação das ondas, em cada provete (m/s);
- distância percorrida pelas ondas (mm);
- tempo que a onda ultra-sónica demora a percorrer o provete (µs).
46
Finalmente, determinou-se a velocidade média de propagação das ondas ultra-sónicas, pelo cálculo
da média dos valores de velocidade de cada provete.
Método indireto (argamassa aplicada em tijolo)
Para a realização do método indireto foram ensaiados, por argamassa, 2 tijolos como suporte da
argamassa, aos 14 e 28 dias de idade (argamassa aplicada com 4 cm de espessura). Para tal, foi
necessário marcar o percurso a analisar. O percurso ensaiado foi igual em todas as argamassas, com
um total de 240 mm divididos em distâncias de 60 mm (percurso dividido no maior número de
distâncias possível, de forma a obter-se uma maior representatividade de todas as zonas). O ensaio
foi feito numa direção, ficando o transdutor transmissor na posição inicial, fazendo o transdutor
recetor variar a posição, como mostra o esquema da Figura 3.42. De notar, que o ensaio foi depois
realizado na direção inversa. Foram feitas três medições por cada distância.
Figura 3.42 – Esquema de medições para o ensaio de ultra-sons (EN 12504-4 (CEN, 2004))
Na Tabela 3.8 encontra-se representado o número de ensaios efetuados, de tijolos utilizados e as
medições de tempo por distância.
Tabela 3.8 – Número de tijolos e ensaios realizados, por argamassa
Argamassas*
Ensaio Velocidade propagação das ondas ultra-sónicas
(método indireto)
Dias 14 28
Nº tijolo/modelos 2 2
Percurso 240 mm divididos em 4 distâncias de 60 mm
240 mm divididos em 4 distâncias de 60 mm
Medições de tempo por distância 3 3
Nº Ensaios 2 2
Total Ensaios 4
*os números apresentados são relativos a cada argamassa (valores por argamassa)
Para efetuar o ensaio procedeu-se, basicamente, do mesmo modo que o ensaio do método direto,
com algumas pequenas diferenças (adaptado de EN 12504-4 (CEN, 2004)):
47
a primeira medição deste ensaio, devido à grande área de contacto dos transdutores do
aparelho, dá inicio a 3 mm para o interior do contorno do tijolo, passando a medir-se 4 pontos
por percurso, espaçados de 60 mm entre si (Figura 3.43);
antes do início do ensaio, foi necessário efetuar-se uma calibração do aparelho. Para isso,
utilizou-se uma barra de calibração própria, com tempo de transição conhecido (25 µs). Fez-
se coincidir a leitura do mostrador digital com o valor de referência através do botão de ajuste
do aparelho (Figura 3.44);
colocou-se o material de contacto (pasta de dentes) nos transdutores, fixou-se o transmissor
no início do percurso e fez-se percorrer o recetor pelos pontos assinalados. Efetuou-se o
mesmo procedimento no sentido inverso;
realizaram-se três medições por cada distância (efetuaram-se 4 distâncias diferentes,
perfazendo um total de 24 leituras) (Figura 3.45);
registou-se o tempo de propagação das ondas (µs), para as diferentes distâncias dos pontos
marcados;
Por fim, retirou-se a pasta de dentes em excesso.
Figura 3.43 – Percurso a analisar
Figura 3.44 – Calibração do aparelho
Figura 3.45 – Realização das
medições (Método indireto)
Após a conclusão do ensaio, procedeu-se à análise dos valores obtidos. Efetuou-se uma média dos 3
valores alcançados por distância, num sentido e noutro, obtendo-se um valor médio de tempo de
propagação das ondas em cada distância. Seguidamente, calculou-se a velocidade aparente de
propagação das ondas dos respetivos tempos, através da equação 3.10.
(3.10)
onde:
– velocidade aparente de propagação parcial, correspondente à distancia i (m/s);
– distância percorrida pela onda ultra-sónica entre o transmissor e o recetor (mm);
– tempo que a onda ultra-sónica demora a percorrer a distância (µs).
48
Por fim, determinou-se a velocidade média aparente de propagação das ondas ultra-sónicas em cada
linha por intermédio de 2 processos, pelo cálculo da média dos valores de velocidade parcial de cada
distância e através do ajustamento da reta obtida do gráfico referente às distâncias em função dos
tempos medidos em cada percurso (método das dromocrónicas).
3.6.7. Coeficiente de condutibilidade térmica
O ensaio da condutibilidade térmica foi realizado com o equipamento ISOMET 2114 (Figura 3.46),
que determina o coeficiente de condutibilidade térmica de materiais através de uma sonda de
superfície, com base na análise da resposta térmica do material ensaiado relativamente a impulsos
térmicos (Figura 3.47). O ensaio da determinação do coeficiente de condutibilidade térmica foi
realizado a uma temperatura média de cerca de 20 °C. Para a determinação do ensaio foram
realizados, por argamassa, 3 provetes com dimensões de 80x70x25 mm, obtendo-se 3 valores do
coeficiente de condutibilidade térmica, sendo que o ensaio se realizou sobre uma placa de EPS
(Figura 3.47).
Figura 3.46 – Equipamento ISOMET 2114
Figura 3.47 – Provetes a serem ensaiados
(condutibilidade térmica)
3.7. Síntese do capítulo
Na campanha experimental foram produzidas três argamassas tradicionais e quatro argamassas
industriais, perfazendo um total de sete argamassas com desempenho térmico melhorado. Para tal
foram produzidos, por argamassa, doze provetes prismáticos normalizados de 40×40×160 mm e
preparados seis tijolos, dos quais, quatro com 3 cm de espessura de argamassa aplicada e dois com
4 cm. Os tijolos com 3 cm de espessura de argamassa aplicada foram utilizados para realizar o
ensaio da aderência ao suporte, ao passo que, os tijolos com 4 cm de argamassa aplicada foram
utilizados para a determinação da velocidade de propagação das ondas ultra-sónicas. Realizou-se
uma caracterização preliminar dos materiais constituintes das argamassas, determinando-se, para as
49
argamassas tradicionais, a baridade da areia, cimento, cortiça e EPS e para as argamassas
industriais a baridade dos respetivos produtos em pó.
Foi realizada a caracterização das argamassas no estado fresco e no estado endurecido. A
caracterização no estado fresco foi realizada imediatamente após a produção das mesmas e foi o
espalhamento e a massa volúmica. A caracterização das argamassas no estado endurecido foi
realizada aos 14 e 28 dias de idade, através de ensaios de resistência à compressão, à tração por
flexão, massa volúmica aparente, aderência ao suporte (pull-off), módulo de elasticidade dinâmico e
velocidade de propagação das ondas ultra-sónicas.
Para a análise do desempenho térmico da argamassa, também foram realizados ensaios de
determinação do coeficiente de condutibilidade térmica. Na Tabela 3.9 estão sintetizados os valores
totais de ensaios, medições, provetes e tijolos/modelos realizados.
Tabela 3.9 – Total de ensaios, provetes e tijolos/modelos realizados
Argamassas
Ensaios Mv Rc Rt Aderência Ed V λ
Norma EN 1015-10 CEN
1999
EN 1015-11 CEN 1999
EN 1015-12 CEN 2000
ASTM E 1876-1 ASTM
2006
EN 12504-4
CEN
2004
-
Dias 28 14 28 14 28 14 28 28 14 28
Ind
ustr
ial
AInd
EPS
Nª Ensaios
6 12 12 6 6 6 6 3 8 8 3
BInd
EPS 6 12 12 6 6 6 6 3 8 8 3
CInd
Cort 6 12 12 6 6 6 6 3 8 8 3
DInd
Cort 6 12 12 6 6 6 6 3 8 8 3
Tra
dic
ion
al E
Ref 6 12 12 6 6 6 6 3 8 8 3
FTrad
Cort 6 12 12 6 6 6 6 3 8 8 3
GTrad
EPS 6 12 12 6 6 6 6 3 8 8 3
Total ensaios 42 168 84 84 21 112 21
Total medições - - - - 462 -
Total provetes - 84 - - - 21
Total tijolos/modelos - - - 28 - 14 -
Legenda: Mv – massa volúmica aparente, no estado endurecido; Rc – resistência à compressão; Rt – resistência à tração
por flexão; Ed – módulo de elasticidade dinâmico; V – velocidade de propagação das ondas ultra-sónicas; λ – coeficiente de
condutibilidade térmica
50
51
4. Apresentação e discussão dos resultados
4.1. Considerações gerais
No presente capítulo são apresentados e analisados os resultados obtidos nos ensaios realizados
durante toda a campanha experimental, a fim de se avaliar e concluir acerca das características que
influenciam o comportamento mecânico das argamassas térmicas ou de desempenho térmico
melhorado, tanto industriais como tradicionais. Por fim, e de modo a uma melhor interpretação dos
resultados pretende-se correlacionar os resultados de algumas das técnicas de ensaio utilizadas.
Sempre que possível, comparar-se-ão os resultados obtidos, com os obtidos por outros autores.
4.2. Caracterização dos materiais constituintes das argamassas
(baridade)
Os resultados das baridades médias relativos aos materiais constituintes das argamassas tradicionais
(areia Mesquita, cimento, cortiça e EPS) e os produtos em pó para a produção das argamassas
industriais (AInd
EPS, BInd
EPS, CInd
Cort e DInd
Cort) encontram-se na Tabela 4.1. Os resultados individuais do
respetivo ensaio encontram-se no anexo A.4.1.
Tabela 4.1 – Baridade média dos constituintes das argamassas tradicionais e industriais (em pó)
Material Nº de
ensaios Baridade média (kg/m
3)
Desvio padrão (kg/m
3)
CV (%)
Areia Mesquita 3 1578 4 0,25
Cimento 3 1052 5 0,48
Cortiça 3 101 1 0,99
EPS 3 11 0 0
AInd
EPS 3 173 13 7,50
BInd
EPS 3 319 1 0,31
CInd
Cort 3 604 5 0,83
DInd
Cort 3 446 1 0,22
Legenda: AInd
EPS – pré-doseada de EPS; BInd
EPS – pré-doseada de EPS; CInd
Cort – pré-doseada de cortiça; DInd
Cort – pré-
doseada de cortiça; CV – coeficiente de variação
Em relação aos produtos em pó das argamassas industriais, os respetivos fabricantes não
preconizam valores de baridade do produto em pó, com exceção do fabricante da argamassa AInd
EPS
(175 - 225 kg/m3) e como é possível constatar o valor da baridade encontram-se próximo destes
valores (173 kg/m3).
Em relação aos constituintes das argamassas tradicionais, o valor da baridade do cimento encontra-
se próximo do valor obtido por Veiga (2001) (1000 kg/m3) e Flores-Colen (2009) (1100 kg/m
3). O valor
da baridade da areia Mesquita encontra-se próximo do valor da areia utilizada por Brás et al. (2013)
52
(1590 kg/m3), que fizeram um estudo semelhante a este apesar de terem usado um outro tipo de
areia. Em relação aos agregados isolantes, o valor da baridade da cortiça encontra-se próximo do
obtido por Brás et al. (2013) (112,4 kg/m3), Nóvoa et al. (2004) (120 kg/m
3) e Martins (2010) que
utilizou regranulado negro e pó de cortiça com baridades entre os 84-115 kg/m3. Quanto ao valor da
baridade do EPS encontra-se próximo do obtido por Brás et al. (2013) (16,7 kg/m3) e Babu et al.
(2005) que utilizaram partículas com 20 e 9,5 kg/m3.
Conclui-se que os constituintes das argamassas utilizados, encontram-se nos parâmetros
expectáveis de baridade tendo em conta a respetiva natureza.
4.3. Caracterização das argamassas no estado fresco
4.3.1. Massa volúmica aparente
O ensaio da massa volúmica aparente, no estado fresco, foi efetuado para todas as argamassas. Os
resultados médios obtidos para a massa volúmica aparente, assim como o número de determinações
encontram-se representados na Tabela 4.2. Os resultados individuais deste ensaio encontram-se no
anexo A.4.2.
Tabela 4.2 – Massa volúmica das argamassas produzidas, em pasta
Argamassa % Substituição /
Ag. Isolante Nº.
Ensaios
Massa volúmica aparente média
(kg/m3)
Desvio padrão (kg/m
3)
CV (%)
Industrial
AInd
EPS 100 % EPS 3 411 2 0,49
BInd
EPS 70-80 % EPS 3 563 5 0,89
CInd
Cort 70-80 % cortiça 3 1016 16 1,58
DInd
Cort cortiça (si) 3 896 23 2,57
Tradicional
ERef
sem adição 3 2105 12 0,57
FTrad
Cort 80 % cortiça 3 1056 27 2,56
GTrad
EPS 85 % EPS 3 662 26 3,93
Legenda: si – sem informação em relação à percentagem de adição; CV – coeficiente de variação
É possível verificar que os valores da massa volúmica, no estado fresco, das argamassas com
incorporação de agregados isolantes, com percentagens de substituição de 70 a 100 % variam entre
os 411-1056 kg/m3.
Em relação às argamassas industriais, os valores obtidos estão, sensivelmente, próximos dos
preconizados pelos fabricantes. Segundo a ficha técnica do fabricante da argamassa AInd
EPS, é de
esperar um valor de massa volúmica no estado fresco entre os 375-525 kg/m3. O valor obtido (411
kg/m3) encontra-se no intervalo. Segundo o fabricante da argamassa B
IndEPS, é de esperar um valor
compreendido entre os 350-450 kg/m3. O valor obtido (563 kg/m
3) encontra-se 20% acima do limite
superior e segundo o fabricante da argamassa CInd
Cort é de esperar um valor compreendido entre os
53
850-950 kg/m3. O valor obtido (1016 kg/m
3) encontra-se 6% acima do limite superior. Em relação à
argamassa DInd
Cort, o fabricante não especifica qualquer tipo de valor.
Martins (2010) produziu argamassas com agregados de cortiça, de cal hidráulica e bastardas (cal
hidráulica e cimento) com diferentes percentagens dos constituintes. Para percentagens de
substituição de 60%, em volume, de areia por cortiça, obteve valores de massa volúmica aparente,
aproximadamente, de 1470-1480 kg/m3 para as argamassas de cal hidráulica. Para as argamassas
bastardas (cal hidráulica e cimento), obteve valores de 890-1160 kg/m3, para substituições de 80%,
em volume de areia por cortiça. Para a argamassa cimentícia FTrad
Cort, produzida por substituição de
80% de agregados de cortiça, foi obtido um valor de massa volúmica aparente de 1056 kg/m3. De
notar que os valores obtidos para as argamassas industriais e tradicionais de cortiça (CInd
Cort, DInd
Cort e
FTrad
Cort), estão na mesma ordem de grandeza para percentagens elevadas de incorporação de
cortiça (70-80%).
Em Babu et al. (2005), foram produzidas várias argamassas/betões com introdução de agregados de
EPS, sendo que para uma argamassa com percentagem de substituição semelhante (80%) à da
argamassa GTrad
EPS foi obtida uma massa volúmica aparente, no estado fresco, de 984 kg/m3. De
notar que neste estudo, o material cimentício é constituído por 50% de cinzas volantes. A introdução
de cinzas torna a argamassa mais compacta, conduzindo a melhores resistências (Nóvoa et al,
2004). Para a argamassa GTrad
EPS foi obtido um valor de massa volúmica aparente de 662 kg/m3. É
possível verificar que os valores obtidos para as argamassas industriais e tradicionais de EPS
(AInd
EPS, BInd
EPS e GTrad
EPS) estão na mesma ordem de grandeza para percentagens elevadas de
incorporação de EPS (70-100%).
Por último, é possível constatar que o valor da massa volúmica aparente da argamassa cimentícia de
referência ERef
(2105 kg/m3), é próximo de valores obtidos noutros estudos. De facto, Arromba (2011)
e Gonçalves (2010), que utilizaram os mesmos materiais e o traço volumétrico 1:4, obtiveram para a
massa volúmica valores de 2056 kg/m3 e 2023 kg/m
3, respetivamente. Mendonça (2007), que utilizou
os mesmos materiais e também o mesmo traço volumétrico utilizado nesta campanha experimental
(1:3), obteve um valor ainda mais próximo (2110 kg/m3), assim como Veiga (2001), que obteve o valor
de 2080 kg/m3 para uma argamassa semelhante com o traço 1:3.
Conclui-se que os valores de massa volúmica, no estado fresco, obtidos para as argamassas, tanto
tradicionais como industriais, encontram-se dentro dos valores expectáveis, com valores de 411 a
1056 kg/m3 e que a introdução de agregados de cortiça e EPS fazem diminuir em cerca de 49% e
69%, respectivamente, a massa volúmica, no estado fresco, comparativamente com a argamassa de
referência ERef
.
54
4.3.2. Consistência por espalhamento
Os valores médios do espalhamento das argamassas tradicionais e industriais encontram-se
sintetizados na Tabela 4.3. Os resultados individuais deste ensaio podem ser consultados no anexo
A.4.3.
Tabela 4.3 – Resultados do ensaio de espalhamento
Argamassa %
Substituição / Ag.Isolante
Nº. Ensaios
a/c Espalhamento
médio (mm)
Desvio padrão (mm)
CV (%)
M.volúmica EN 1015-2 (kg /m
3)
Espalhamento EN 1015-2
(mm)
Industrial
AInd
EPS 100% EPS 3 nd 141 1 0,71 300-600 140 ± 10
BInd
EPS 70-80% EPS 3 nd 132 2 1,52 300-600 140 ± 10
CInd
Cort 70-80% cortiça
3 nd 151 1 0,66 600-1200 160 ± 10
DInd
Cort cortiça (si) 3 nd 151 2 1,33 600-1200 160 ± 10
Tradicional
ERef - 3 0,77 172 2 1,16 > 1200 175 ± 10
FTrad
Cort 80% cortiça 3 0,68 158 4 2,53 600-1200 160 ± 10
GTrad
EPS 85% EPS 3 0,50 151 1 0,66 600-1200 160 ± 10
Legenda: si – sem informação em relação à percentagem de adição; nd – não declarado nem fornecido pelo fabricante; CV –
coeficiente de variação
Em geral, todas os valores de espalhamento das argamassas estudadas encontram-se dentro dos
intervalos previstos, de acordo com as suas massas volúmicas no estado fresco (EN 1015-2, CEN,
1998).
Em relação às argamassas industriais, as constituídas por agregados de EPS (argamassas AInd
EPS e
BInd
EPS), em comparação com as constituídas por agregados de cortiça (argamassas CInd
Cort e DInd
Cort),
apresentavam uma trabalhabilidade superior, denotando uma maior facilidade no seu manuseamento.
Isto pode estar relacionado com a capacidade de absorção de água dos agregados de cortiça ser
muito mais elevada do que a dos agregados de EPS, as relações a/c adoptadas pelos fabricantes e
as adições/adjuvantes incorporados (Brás et al, 2013).
Brás et al. (2013) constataram que ao aumentar a dosagem de cortiça em argamassas, a sua
trabalhabilidade diminui, ao passo que a mesma tendência não se verifica para a incorporação de
agregados de EPS. De acordo com estes autores, isto advém de os agregados de cortiça e EPS
apresentarem densidades distintas (101 e 11 kg/m3, respetivamente). Sendo assim, obteve para uma
argamassa de cortiça com substituição de 70% e relação a/c de 0,7 o melhor valor de espalhamento
(155 mm) e para argamassas de EPS com substituições de 80% e relação a/c de 0,60, obteve
valores entre os 150-160 mm. A argamassa FTrad
Cort foi produzida com uma relação a/c semelhante
(0,68), obtendo-se um espalhamento idêntico (158 mm) e para a argamassa GTrad
EPS foi utilizada uma
relação a/c de 0,50, obtendo-se um espalhamento semelhante (151 mm). De notar que, para as
argamassas tradicionais a relação a/c foi obtida por tentativa e erro, de forma a cumprir com os
valores de espalhamento da norma EN 1015-2 (CEN, 1998).
55
De referir que a trabalhabilidade obtida para estas duas argamassas tradicionais, poderia, de acordo
com Babu et al. (2005), ter sido, substancialmente, melhorada com a introdução de um
superplastificante (retentor de água), mas o objetivo do trabalho é avaliar as argamassas sem
introdução de quaisquer adições/adjuvantes.
4.4. Caracterização das argamassas no estado endurecido
4.4.1. Massa volúmica aparente
Na Tabela 4.4 estão representados os valores médios da massa volúmica aparente, no estado
endurecido, das argamassas industriais e tradicionais aos 28 dias de idade. No anexo A.4.4,
encontram-se os resultados individuais relativos a este ensaio.
Tabela 4.4 – Massa volúmica aparente, aos 28 dias, no estado endurecido
Argamassa % Substituição /
Ag.isolante Idade (dias)
DP (kg/m
3)
CV (%) Massa volúmica aparente (kg/m
3)
Industrial
AInd
EPS 100% EPS 28 17 7 237
BInd
EPS 70-80% EPS 28 17 4 432
CInd
Cort 70-80% cortiça 28 13 2 863
DInd
Cort cortiça (si) 28 13 2 642
Tradicional
ERef
- 28 8 1 1885
FTrad
Cort 80% cortiça 28 21 2 855
GTrad
EPS 85% EPS 28 20 3 683
Legenda: si – sem informação em relação à percentagem de adição; CV – coeficiente de variação
As massas volúmicas das argamassas com incorporação de agregados isolantes variam dos 237-863
kg/m3. Para as argamassas industriais variam desde os 237 aos 863 kg/m
3 e para as argamassas
tradicionais variam desde os 683 aos 855 kg/m3 (Figura 4.1). No cômputo geral, as argamassas
tradicionais apresentam valores de massa volúmica aparente superiores às argamassas industriais.
Em relação às argamassas industriais, e de acordo com o que os respetivos fabricantes especificam
para a massa volúmica aparente, o valor obtido para a argamassa CInd
Cort (863 kg/m3) e A
IndEPS (237
kg/m3) encontram-se dentro dos valores previstos (900 ± 50 kg/m
3) e (260 ± 50 kg/m
3),
respetivamente. O valor obtido para a argamassa BInd
EPS (432 kg/m3) e D
IndCort (642 kg/m
3) foram
ligeiramente superiores (28%) e (27%), tendo em conta aquilo que os fabricantes preconizam (250 ±
60 kg/m3) e (470 ± 30 kg/m
3), respetivamente.
Em relação às argamassas tradicionais, o valor obtido para a argamassa ERef
(1885 kg/m3), encontra-
se próximo dos valores obtidos por outros autores, para argamassas semelhantes. Veiga (2001),
obteve o valor de 1880 kg/m3, Arromba (2011) obteve o valor de 1919 kg/m
3 e Gonçalves (2010)
obteve o valor de 1896 kg/m3, aos 28 dias de idade. Em relação à argamassa F
TradCort, produzida com
incorporação de agregados de cortiça, o valor obtido foi de 855 kg/m3. Martins (2010) obteve valores
56
de massa volúmica aparente, para argamassas bastardas (cal hidráulica e cimento), com
percentagens de substituição de cortiça semelhantes, na ordem dos 605-970 kg/m3, verificando um
decréscimo de cerca de 50 a 60% na massa volúmica, por comparação com a sua argamassa de
referência (1875 kg/m3).
Figura 4.1 – Massa volúmica aparente, aos 28 dias, das
argamassas produzidas no estado endurecido
Figura 4.2 - % decrescente na massa volúmica aparente,
relativamente à argamassa E, das argamassas tradicionais
Brás et al. (2013) obtiveram um valor, aproximadamente, de 1480 kg/m3, para uma argamassa
semelhante. Com a introdução dos agregados de cortiça foi conseguida uma redução em cerca de
55%, em termos de massa volúmica na argamassa FTrad
Cort, relativamente à argamassa ERef
(sem
incorporação de agregados isolantes) (Figura 4.2). De notar que os valores obtidos para as
argamassas industriais e tradicionais de cortiça (CInd
Cort, DInd
Cort e FTrad
Cort), estão, sensivelmente, na
mesma ordem de grandeza para percentagens elevadas de incorporação de cortiça (70-80%).
Nóvoa et al. (2004) obtiveram, em média, para uma argamassa polimérica com substituição parcial de
45% de cortiça um valor de 1365 kg/m3, obtendo uma redução de cerca de 25% por comparação com
uma argamassa de referência, sem agregados de cortiça (1810 kg/m3). Panesar et al. (2012)
obtiveram, em média, para uma argamassa com substituição parcial de 20% de cortiça um valor de
1828 kg/m3, por comparação com uma argamassa de referência (2382 kg/m
3), verificando um
decréscimo de cerca de 23% na massa volúmica aparente. Estes estudos vêm corroborar a ideia de
que a inclusão de agregados de cortiça diminuem a massa volúmica aparente da argamassa.
Em relação à argamassa GTrad
EPS, produzida com agregados de EPS, foi obtido o valor de 683 kg/m3.
Ali (2011) e Brás et al. (2013) obtiveram um valor médio da massa volúmica de 970 kg/m3 e 1510
kg/m3, respetivamente, para argamassas com substituições semelhantes, de areia por granulado de
EPS. Ali (2011) e Brás et al. (2013) verificaram reduções de cerca de 54% e 30%, na massa volúmica
aparente, por comparação com as suas argamassas de referência (2138 kg/m3) e (2105 kg/m
3),
respetivamente. Com a introdução de agregados de EPS foi conseguida uma redução em cerca de
64%, em termos de massa volúmica na argamassa GTrad
EPS, relativamente à argamassa ERef
(sem
237 432
863 642
1885
855 683
0
1000
2000
3000
A B C D E F G
Mas
sa v
olú
mic
a a
par
ente
(k
g/m
3)
Argamassas
A.Industriais A.Tradicionais
55% 64%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
F G
% d
ecre
scen
te
A.Tradicionais
57
incorporação de agregados isolantes) (Figura 4.2). De notar que os valores obtidos para as
argamassas industriais de EPS (AInd
EPS e BInd
EPS) são inferiores ao obtido para a argamassa
tradicional de EPS (GTrad
EPS). Isto pode estar relacionado com o facto de um dos ligantes utilizados
nas argamassas industriais ser a cal e as percentagens superiores de inclusão de EPS,
nomeadamente na argamassa AInd
EPS (100%).
Em suma, é possível verificar que a introdução de agregados isolantes na constituição de
argamassas, faz diminuir a massa volúmica aparente. A introdução de partículas de cortiça (80%)
diminui em cerca de 55% a e a introdução de partículas de EPS (85%) diminui em cerca de 64%.
4.4.2. Resistência à compressão
Na Tabela 4.5 estão representados os valores médios da resistência à compressão, o desvio-padrão
e o coeficiente de variação das diferentes argamassas produzidas, aos 14 e 28 dias de idade. Os
resultados individuais obtidos do respetivo ensaio encontram-se no anexo A.4.5.
Tabela 4.5 – Resultados da resistência à compressão, aos 14 e 28 dias, das argamassas no estado endurecido
Argamassa %
Substituição / Ag.isolante
Idade (Dias)
Rc média (MPa)
Desvio padrão (MPa)
CV (%)
Classificação EN 998-1
Industrial
AInd
EPS 100% EPS 14 0,25 0,02 7
CS I 28 0,36 0,03 9
BInd
EPS 70-80% EPS 14 0,96 0,12 13
CS I 28 1,25 0,20 16
CInd
Cort 70-80% cortiça 14 2,80 0,48 17
CS II 28 4,44 0,66 15
DInd
Cort cortiça (si) 14 1,41 0,15 11
CS II 28 2,10 0,17 8
Tradicional
ERef
- 14 15,23 0,75 5
CS IV 28 16,14 1,06 7
FTrad
Cort 80% cortiça 14 2,40 0,22 9
CS II 28 2,08 0,13 6
GTrad
EPS 85% EPS 14 1,85 0,50 27
CS II 28 2,30 0,72 31
Legenda: si – sem informação em relação à percentagem de adição; CV – coeficiente de variação
Em geral, é possível verificar que para as argamassas com incorporação de agregados isolantes os
valores da resistência à compressão (Rc) variam, maioritariamente, entre os 0,96 e os 2,8 MPa aos
14 dias de idade, e entre os 1,25 e os 4,44 MPa aos 28 dias de idade, revelando uma tendência para
a resistência à compressão na ordem destes valores (Figura 4.3).
Em relação às argamassas industriais, é possível verificar que, aos 28 dias, os valores da resistência
à compressão obtidos para as argamassas BInd
EPS (1,25 MPa) e CInd
Cort (4,44 MPa), encontram-se
dentro dos valores preconizados pelos respetivos fabricantes (0,5 a 2,5 MPa para a argamassa
58
BInd
EPS e 3,5 a 7,5 MPa para a argamassa CInd
Cort). Em relação às argamassas AInd
EPS (0,36 MPa) e
DInd
Cort (2,10 MPa) os valores obtidos foram ligeiramente mais baixos do que o previsto pelos
respetivos fabricantes (uma redução de cerca de 28% para a argamassa AInd
EPS e 30% para a
argamassa DInd
Cort). Os valores de resistência são superiores nas argamassas industriais de cortiça
em comparação com as industriais de EPS, visto que incorporam adições que melhoram a
resistência, nomeadamente fibras na argamassa DInd
Cort.
Em relação às argamassas tradicionais com incorporação de agregados isolantes, para a argamassa
FTrad
Cort, produzida com agregados de cortiça, foi obtido o valor de 2,08 MPa para a resistência à
compressão aos 28 dias. Brás et al. (2013), obtiveram valores entre os 3,9 e 6,4 MPa para a
resistência à compressão, para argamassas semelhantes com substituições de 70% e 80% de
cortiça, sendo a resistência de 6,4 MPa para substituições de 70% e a de 3,9 MPa para substituições
de 80%. A diferença verificada nos resultados (2,08 MPa para 3,9 MPa) pode estar relacionada com
as propriedades dos agregados de cortiça, uma vez que as granulometrias utilizadas são similares e
com a ausência/presença de um superplastificante na constituição da argamassa (Policarboxilato
modificado, PCE), sendo que a relação a/c em ambos os estudos foi muito semelhante (0,68 para
0,70). Verificou-se um decréscimo de cerca de 87% na resistência à compressão para a argamassa
FTrad
Cort por comparação com a argamassa ERef
(sem incorporação de agregados isolantes). Brás et
al. (2013) também verificaram uma redução significativa, cerca de 84%, na resistência à compressão
das argamassas com a introdução de agregados de cortiça.
Figura 4.3 – Resistência à compressão das argamassas, aos 14 e 28 dias, no estado endurecido
Para a argamassa GTrad
EPS, produzida com incorporação de agregados de EPS, foi obtido um valor de
2,30 MPa para a resistência à compressão aos 28 dias. Ali (2011), Brás et al. (2013) e Babu et al.
(2005) obtiveram para argamassas semelhantes, resistências de 3,5 MPa, 10,7 MPa e 3,83 MPa,
respetivamente. No primeiro caso, a diferença pode explicar-se pela presença de sílica de fumo e de
um superplastificante na constituição da argamassa, com benefícios para a sua resistência. No
0,25 0,96
2,8 1,41
15,23
2,4 1,85 0,36
1,25
4,44
2,1
16,14
2,08 2,3
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
A* B* C* D* E F G
Res
istê
nci
a à
com
pre
ssão
(MP
a)
Argamassas
* Arg.Industriais Rc (14 dias) Rc (28 dias)
59
segundo caso, a diferença pode estar relacionada com a presença de um superplastificante e com o
tamanho dos agregados de EPS utilizados (2 mm), visto que segundo Miled et al. (2007) a resistência
à compressão aumenta, significativamente, com a diminuição do tamanho dos agregados e no
terceiro caso, a diferença pode estar relacionada com a presença de um superplastificante e com o
fato do cimento ser substituído por 50% de cinzas volantes, visto que a substituição parcial do
tradicional cimento por cinzas volantes, além de reduzir os custos, pode conduzir a melhores
resistências (Nóvoa et al, 2004). Verificou-se um decréscimo de cerca de 85% na resistência à
compressão para a argamassa GTrad
EPS por comparação com a argamassa ERef
(sem incorporação de
agregados isolantes). Ali (2011), Brás et al. (2013) e Babu et al. (2005), também verificaram reduções
significativas de 89%, 56% e 80%, respectivamente, na resistência à compressão das argamassas
com a introdução dos agregados de EPS.
Em suma, é possível verificar que a introdução de agregados isolantes na constituição de
argamassas, faz diminuir a resistência à compressão. A introdução de agregados de cortiça em
quantidades superiores a 80% faz diminuir a resistência em cerca de 87% e a introdução de
agregados de EPS em quantidades superiores a 85% faz diminuir a resistência em cerca de 85%.
De referir ainda que, de acordo com a EN 998-1 (CEN, 2010), os valores de resistência à compressão
para argamassas térmicas devem ser da classe CS I a CS II, isto é, devem ter valores na ordem dos
0,4 a 5 MPa. Como é possível verificar, as argamassas com incorporação de agregados isolantes
apresentam valores de resistência neste intervalo de valores, sendo as argamassas AInd
EPS e BInd
EPS
classificadas de CS I e as argamassas CInd
Cort, DInd
Cort, FTrad
Cort e GTrad
EPS de CS II. Sendo assim, é
possível melhorar o comportamento térmico das argamassas sem comprometer as funções
mecânicas para as quais são produzidas, neste caso de resistência à compressão.
É possível observar que as argamassas melhoram a sua resistência ao longo do tempo, à exceção
da argamassa FTrad
Cort. O aumento verificado para as argamassas industriais é, sensivelmente, igual
para todas (cerca de 30%). Em relação às argamassas tradicionais com incorporação de agregados
isolantes, a argamassa GTrad
EPS regista um aumento de cerca de 20% e a argamassa FTrad
Cort não
apresenta tendência de aumento.
Comparando os valores obtidos para as argamassas industriais com os valores obtidos para as
argamassas tradicionais com incorporação de agregados isolantes aos 28 dias de idade, é possível
constatar que os valores das argamassas industriais variam desde os 0,36 MPa aos 4,44 MPa, ao
passo que os valores das argamassas tradicionais são semelhantes (2,08 MPa para a argamassa
FTrad
Cort e 2,30 MPa para a argamassa GTrad
EPS). Em média, as argamassas industriais apresentam
valores de resistência ligeiramente superiores (cerca de 15%). De notar que este valor não tem em
conta a argamassa AInd
EPS, visto esta ser a camada de base para um sistema de isolamento térmico
pelo exterior.
60
4.4.3. Resistência à tração por flexão
Na Tabela 4.6 encontram-se os valores médios da resistência à tração por flexão, o desvio-padrão e
o coeficiente de variação das diferentes argamassas produzidas, aos 14 e 28 dias de idade. Os
resultados individuais obtidos do respetivo ensaio encontram-se no anexo A.4.6.
Em geral, os valores das argamassas com incorporação de agregados isolantes variam entre os 0,66
e 1,2 MPa aos 14 dias de idade, e entre os 0,77 e 1,89 MPa aos 28 dias de idade, revelando uma
tendência para a resistência à tração por flexão (Rt) na ordem destes valores (Figura 4.4).
Em relação às argamassas industriais, as resistências obtidas aos 28 dias de idade, estão na ordem
dos valores preconizados pelos respetivos fabricantes. Assim sendo, o fabricante da argamassa
AInd
EPS preconiza valores de resistência na ordem dos 0,3 MPa (a resistência obtida foi de 0,21 MPa,
uma redução na ordem dos 30%), enquanto que o fabricante da argamassa CInd
Cort preconiza valores
de resistência na ordem dos 1,6 MPa (a resistência obtida foi de 1,89 MPa, um aumento na ordem
dos 15%). Em relação às argamassas BInd
EPS e DInd
Cort, os fabricantes não preconizam qualquer tipo
de valor nas respetivas fichas técnicas. Contudo, o valor mais elevado na argamassa CInd
Cort pode
estar relacionado com a presença de um agente de controlo de tração na sua constituição.
Tabela 4.6 - Resultados da resistência à tração por flexão, aos 14 e 28 dias, das argamassas no estado endurecido
Argamassa % Substituição / Ag. isolante
Idade (Dias)
Rt média (MPa) Desvio padrão
(MPa) CV (%)
Industrial
AInd
EPS 100% EPS 14 0,13 0,01 8
28 0,21 0,02 9
BInd
EPS 70-80% EPS 14 0,66 0,11 16
28 0,77 0,05 6
CInd
Cort 70-80% cortiça 14 1,20 0,12 10
28 1,89 0,24 13
DInd
Cort cortiça (si) 14 0,77 0,12 15
28 1,13 0,15 13
Tradicional
ERef
- 14 2,82 0,19 7
28 3,43 0,31 9
FTrad
Cort 80% cortiça 14 1,20 0,05 4
28 1,15 0,06 5
GTrad
EPS 85% EPS 14 0,87 0,12 14
28 0,88 0,12 13
Legenda: si – sem informação em relação à percentagem de adição; CV – coeficiente de variação
Em relação às argamassas tradicionais com inclusão de agregados isolantes, para a argamassa
FTrad
Cort, produzida com agregados de cortiça, foi obtido o valor de 1,15 MPa para a resistência aos 28
dias. Brás et al. (2013) produziram argamassas com percentagens de substituição de cortiça
semelhantes e obtiveram valores de resistência à flexão entre os 1,7-2,5 MPa, sendo o 1,7 MPa para
substituições de 80% e o 2,5 MPa para substituições de 70%. Esta diferença nos resultados (1,15
61
MPa para 1,7 MPa) pode estar relacionada com as propriedades dos agregados de cortiça, uma vez
que as granulometrias utilizadas são similares, e com a ausência/presença de um superplastificante
na constituição da argamassa (Policarboxilato modificado, PCE), sendo que a relação a/c em ambos
os estudos foi muito semelhante (0,68 para 0,70). Verificou-se um decréscimo de cerca de 66% na
resistência à flexão da argamassa FTrad
Cort por comparação com a argamassa ERef
(sem incorporação
de agregados isolantes). Brás et al. (2013) também verificaram uma redução significativa, cerca de
67%, na resistência à flexão das argamassas com a introdução de agregados de cortiça.
Em relação à argamassa GTrad
EPS, produzida com inclusão de agregados de EPS, foi obtido o valor de
0,88 MPa para a resistência aos 28 dias. Babu et al. (2005) obtiveram um valor muito próximo (0,89
MPa) e Brás et al. (2013) obtiveram para argamassas semelhantes com percentagens de substituição
de 70% e 80%, valores de 3 MPa e 2,7 MPa, respetivamente. Esta diferença nos resultados (0,88
MPa para 2,7 MPa), pode estar relacionada com a granulometria dos agregados de EPS, visto terem
sido utilizados agregados com 3,35-4 mm de diâmetro por comparação com agregados de 2 mm de
diâmetro. A ausência de um superplastificante na sua constituição também pode estar na génese da
diferença dos resultados, visto que não se utilizou nenhum aditivo/adjuvante na produção das
argamassas. Verificou-se um decréscimo na ordem dos 74% na resistência à flexão da argamassa
GTrad
EPS por comparação com a argamassa ERef
(sem incorporação de agregados isolantes). Brás et
al. (2013) e Babu et al. (2005), também verificaram reduções significativas de 48% e 62%,
respetivamente, na resistência à flexão das argamassas com a introdução de agregados de EPS.
Figura 4.4 – Resistência à tração por flexão das argamassas, aos 14 e 28 dias, no estado endurecido
Em suma, é possível verificar que a introdução de agregados isolantes na constituição de
argamassas, faz diminuir a resistência à tração por flexão. A introdução de agregados de cortiça em
quantidades superiores a 80% faz diminuir a resistência em cerca de 66% e a introdução de
agregados de EPS em quantidades superiores a 85% faz diminuir a resistência em cerca de 74%.
0,13
0,66
1,2
0,77
2,82
1,2
0,87
0,21
0,77
1,89
1,13
3,43
1,15 0,88
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
A* B* C* D* E F G
Res
istê
nci
a à
traç
ão p
or
flex
ão (
MP
a)
Argamassas
*Arg.Industriais Rt (14 dias) Rt (28 dias)
62
É possível observar que as argamassas melhoram a sua resistência ao longo do tempo, à exceção
da argamassa FTrad
Cort. O aumento verificado para as argamassas industriais é, sensivelmente, igual
para as argamassas AInd
EPS, CInd
Cort e DInd
Cort (cerca de 36%) e cerca de 14% para a argamassa
BInd
EPS. Em relação às argamassas tradicionais com incorporação de agregados isolantes, não se
verificam tendências, significativas, de aumento.
Comparando os valores obtidos entre as argamassas industriais e as argamassas tradicionais, com
inclusão de agregados isolantes aos 28 dias de idade, é possível verificar que os valores são muito
semelhantes, com exceção da argamassa AInd
EPS, não se podendo, assim, aferir qual o tipo de
argamassa (industrial ou tradicional) que apresenta melhores resultados nesta característica.
4.4.4. Aderência ao suporte (pull-off)
Na Tabela 4.7 estão representados os valores obtidos da tensão média de aderência ao suporte,
desvio padrão, coeficiente de variação e tipologia de rotura, aos 28 dias de idade, das diferentes
argamassas produzidas. No anexo A.4.7 encontram-se os valores individuais deste ensaio.
Tabela 4.7 – Resultados da tensão de aderência, aos 28 dias, das diferentes argamassas produzidas
Argamassa %
Substituição / Ag.isolante
Suporte Tensão média (MPa)
Desvio padrão (MPa)
CV (%)
Tipologia rotura
Industrial
AInd
EPS 100% EPS Tijolo 0,07 0,004 6 b (coesiva)
BInd
EPS 70-80% EPS Tijolo 0,21 0,023 11 a (adesiva)
CInd
Cort 70-80% cortiça Tijolo 0,36 0,180 50 a (adesiva)
DInd
Cort cortiça (si) Tijolo 0,29 0,103 36 a (adesiva)
Tradicional
ERef
- Tijolo 0,31 0,045 15 a (adesiva)
FTrad
Cort 80% cortiça Tijolo 0,11 0,044 40 a (adesiva)
GTrad
EPS 85% EPS Tijolo 0,20 0,064 32 a (adesiva)
Legenda: si – sem informação em relação à percentagem de adição; CV – coeficiente de variação
É possível verificar que os valores de tensão média de aderência ao suporte, para as argamassas
com incorporação de agregados isolantes, variam, maioritariamente, entre os 0,11 e os 0,36 MPa.
Para as argamassas industriais variam dos 0,21 aos 0,36 MPa e para as argamassas tradicionais
variam dos 0,11 aos 0,20 MPa (Figura 4.5).
Em relação às argamassas industriais, os valores obtidos encontram-se de acordo com as
especificações dos respetivos fabricantes. Assim, para a argamassa AInd
EPS, o fabricante preconiza
valores superiores a 0,08 MPa (valor obtido-0,07 MPa), para a argamassa BInd
EPS são esperados
valores na ordem dos 0,1 MPa (valor obtido-0,21 MPa), para a argamassa CInd
Cort são esperados
valores na ordem dos 0,3 MPa (valor obtido-0,36 MPa) e para a argamassa DInd
Cort o fabricante não
especifica valores. Tendo em conta que os rebocos cimentícios apresentam, geralmente, uma tensão
de aderência entre 0,3 a 0,5 MPa (Flores-Colen, 2009) sendo que normalmente deve ser superior a
0,3 MPa ou com rotura coesiva, segundo os requisitos de aderência do relatório 427/05 do LNEC
63
(2005), o valor obtido para a argamassa DInd
Cort (0,29 MPa) encontra-se muito próximo do
recomendado. No entanto, quando se trata de argamassas para revestimentos em edifícos antigos,
em que o suporte é mais fraco, a tensão de aderência pode apresentar valores inferiores a 0,3 MPa,
nomeadamente entre 0,1 e 0,3 MPa (Veiga, 2003).
Figura 4.5 – Valores da tensão de aderência, aos 28 dias,
das argamassas produzidas
Figura 4.6 - % decrescente na tensão de aderência,
relativamente à argamassa E, das argamassas tradicionais
Em relação às argamassas tradicionais, e de acordo com o relatório 427 do LNEC (2005), o valor
obtido para a argamassa ERef
(0,31 MPa), sem incorporação de agregados isolantes, encontra-se
dentro dos valores recomendados, apesar de em nenhuma das argamassas tradicionais se ter
incluído qualquer adjuvante promotor de aderência na sua produção. É possível verificar um
decréscimo de 65% e 36% na aderência ao suporte das argamassas FTrad
Cort e GTrad
EPS,
respetivamente, por comparação com a argamassa ERef
(Figura 4.6).
As condições de aplicação e preparação do suporte influenciam a aderência das argamassas ao
mesmo. Dado que a preparação e humedecimento do suporte foram feitos de acordo com Arromba
(2011), que estudou as melhores condições de humedecimento do suporte (tijolo), são excluídos os
problemas devidos ao excesso ou ausência de humedecimento do suporte. Assim, os valores mais
baixos obtidos para a aderência das argamassas tradicionais FTrad
Cort e GTrad
EPS, com incorporação de
agregados isolantes, podem estar relacionados com o modo da aplicação da argamassa no tijolo e
com a introdução de agregados isolantes que torna a argamassa menos compacta.
Sendo assim, é possível concluir que a introdução de agregados isolantes na constituição de
argamassas faz diminuir a sua aderência ao suporte. Contudo, existem adjuvantes que podem
combater esta tendência e, em geral, os valores obtidos para a aderência das argamassas com
incorporação de agregados isolantes, quer tradicionais quer industriais, encontram-se dentro dos
valores aceitáveis segundo os requisitos existentes.
É possível verificar também, que para as argamassas industriais foram obtidos valores de aderência
0,07
0,21
0,36
0,29 0,31
0,11
0,20
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
A B C D E F G
Ten
são
de
ader
ênci
a ao
su
po
rte
(MP
a)
Argamassas
A.Industriais A.Tradicionais 65%
36%
0%
20%
40%
60%
80%
F G
% d
ecre
scen
te
A.Tradicional
64
superiores (em média, cerca de 46%) relativamente às argamassas tradicionais produzidas com
agregados isolantes. Este fator pode estar relacionado com a argamassa DInd
Cort ser, segundo o
fabricante, muito macroporosa (cortiça e partes de ar) e como tal, agarrar-se muito bem a muitos
suportes e sobretudo à presença de adjuvantes promotores de aderência nos produtos pré-doseados
(nomeadamente na argamassa CInd
Cort).
4.4.5. Módulo de elasticidade dinâmico
Na Tabela 4.8 estão representados os valores médios do módulo de elasticidade dinâmico, aos 28
dias, para as argamassas industriais e tradicionais. Os resultados individuais deste ensaio
encontram-se no anexo A.4.8.
Tabela 4.8 – Módulo de elasticidade dinâmico, aos 28 dias, no estado endurecido
Argamassa %
Substituição / Ag.isolante
Idade (dias)
Módulo de elasticidade dinâmico médio (MPa)
Desvio padrão (MPa)
Poisson
()
Industrial
AInd
EPS 100% EPS 28 70 10 0,300
BInd
EPS 70-80% EPS 28 620 6 0,243
CInd
Cort 70-80% cortiça
28 2110 188 0,161
DInd
Cort cortiça (si) 28 1160 30 0,153
Tradicional
ERef
- 28 15140 190 0,300
FTrad
Cort 80% cortiça 28 1420 31 0,216
GTrad
EPS 85% EPS 28 2020 367 0,166
Legenda: si – sem informação em relação à percentagem de adição
É possível constatar que o valor do módulo de elasticidade dinâmico varia entre os 70 MPa e os 2110
MPa, para as argamassas com incorporação de agregados isolantes. Para as argamassas industriais
varia entre os 70 a 2110 MPa e para as argamassas tradicionais varia entre os 1420 a 2020 MPa
(Figura 4.7).
Em relação às argamassas industriais e relativamente aos valores que os respetivos fabricantes
preconizam para o módulo de elasticidade dinâmico, os valores obtidos não distam muito dos
resultados previstos. Assim, os valores obtidos para as argamassas BInd
EPS (620 MPa) e CInd
Cort (2110
MPa) estão próximos do previsto pelos respetivos fabricantes (500 e 1000 MPa, respetivamente).
Para as restantes argamassas os fabricantes não especificam valores do módulo de elasticidade
dinâmico nas respetivas fichas técnicas dos produtos. Notar que o valor obtido para a argamassa
AInd
EPS (70 MPa) apresenta um valor baixo, por comparação com o obtido para outras argamassas
deste tipo.
Em relação às argamassas tradicionais, o valor obtido para a argamassa ERef
(15140 MPa) aproxima-
se de valores obtidos por outros autores, para uma argamassa semelhante: Arromba (2011), obteve o
valor de 11600 MPa; Gonçalves (2010) obteve o valor de 12900 MPa; Veiga (2001) obteve o valor de
11580 MPa, aos 28 dias. No entanto, este valor deve ser inferior a 10000 MPa segundo o relatório
65
427/05 do LNEC (2005). A limitação do módulo de elasticidade dinâmico, encontra-se relacionada
com a limitação da fendilhação na argamassa (Flores-Colen, 2009). Em relação à argamassa
GTrad
EPS, constituída por agregados de EPS, foi obtido um valor de 2020 MPa. Ali (2011) obteve, para
uma argamassa semelhante, o valor de 1200 MPa, mas para o módulo de elasticidade estático.
Segundo Bastos (2003), citado por Galvão (2009), o módulo de elasticidade dinâmico corresponde a
deformações instantâneas muito pequenas e é considerado igual ao módulo tangente inicial
determinado no ensaio estático, sendo portanto maior do que o módulo de elasticidade estático. Tal
citação, e de acordo com o valor obtido por Ali (2011), permite concluir que o valor obtido (2020 MPa)
pode estar próximo do esperado para uma argamassa desta natureza. Verificou-se uma redução de
cerca de 87% no módulo de elasticidade dinâmico para a argamassa GTrad
EPS, quando comparando
com a argamassa ERef
(sem incorporação de agregados isolantes) (Figura 4.8). Ali (2011) também
observou uma redução de cerca de 92%.
Para a argamassa FTrad
Cort, foi obtido o valor de 1420 MPa. Em relação à argamassa ERef
, sem
incorporação de agregados isolantes, verificou-se um decréscimo de 90% no módulo de elasticidade
dinâmico (Figura 4.8). Nóvoa et al. (2004) obtiveram, em média, para uma argamassa polimérica com
substituição de 45%, em volume, de areia por cortiça, o valor de 5300 MPa para o módulo de
elasticidade em compressão, denotando um decréscimo de 54% relativamente à sua argamassa de
referência (11170 MPa). Tendo em conta as percentagens de substituição de cortiça (80% e 45%), e
os decréscimos verificados em relação às argamassas de referência (90% e 54%), pode-se concluir
que o valor do módulo de elasticidade dinâmico obtido (1420 MPa) pode estar próximo do esperado
para uma argamassa desta natureza.
Figura 4.7 – Módulo de elasticidade dinâmico, aos 28
dias, das argamassas com incorporação de agregados isolantes
Figura 4.8 - % decrescente no módulo de elasticidade
dinâmico, relativamente à argamassa E, das argamassas tradicionais
O coeficiente de Poisson representa a relação entre a deformação transversal e a deformação
longitudinal do betão/argamassa. Para o betão o seu valor varia, geralmente, entre 0,15 e 0,25,
adoptando-se normalmente um valor médio igual a 0,20 (Appleton e Costa, 2002). Para as
argamassas produzidas o coeficiente de Poisson variou de 0,15 a 0,30 para as argamassas
70
620
2110
1160 1420
2020
0
1000
2000
3000
A B C D F G Mó
du
lo e
last
icid
ade
din
âmic
o (M
Pa)
Argamassas
A.Industriais A.Tradicionais 90% 87%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
F G
% d
ecre
scen
te
A.Tradicionais
66
industriais e de 0,17 a 0,30 para as tradicionais. Tal como Flores-Colen (2009) observou, o valor do
coeficiente de Poisson para as argamassas difere do considerado correntemente para o betão, com
valores na ordem dos 0,3.
Quando comparados os valores do módulo de elasticidade dinâmico das argamassas industriais com
as tradicionais, é possível verificar que os valores do módulo de elasticidade dinâmico são,
geralmente, maiores para as argamassas tradicionais. Isto significa que as argamassas tradicionais
são mais compactas e como tal, apresentam uma menor capacidade de deformação. A introdução de
adições/adjuvantes (por exemplo os introdutores de ar) melhoram este comportamento nas
argamassas industriais.
Em suma, a introdução de agregados isolantes em argamassas, faz diminuir o seu módulo de
elasticidade dinâmico. A introdução de agregados de cortiça em quantidades superiores a 80% faz
diminuir o módulo de elasticidade dinâmico em cerca de 90% e a introdução de agregados de EPS
em quantidades superiores a 85% faz diminuir em cerca de 87%. Quanto mais compacta for a
argamassa, maior será o módulo de elasticidade dinâmico e por consequência, menor será a sua
capacidade de deformação, estando mais facilmente sujeita ao aparecimento de fissuras.
4.4.6. Velocidade de propagação das ondas ultra-sónicas
Método direto (provetes normalizados)
A Tabela 4.9 sintetiza os valores de velocidade de propagação das ondas ultra-sónicas,
designadamente a média (Vm), desvio padrão e coeficiente de variação para as várias argamassas
produzidas, em provetes normalizados, aos 28 dias de idade com recurso ao equipamento PUNDIT.
De referir que no anexo A.4.9 encontram-se todos os resultados parciais deste ensaio.
Tabela 4.9 – Valores da velocidade de propagação das ondas ultra-sónicas, aos 28 dias (método direto)
Argamassa % Substituição /
Ag.isolante Idade
(28 dias) Vm (m/s) DP (m/s) CV (%)
Industrial
AInd
EPS 100% EPS 28 889 21 2
BInd
EPS 70-80% EPS 28 1412 24 2
CInd
Cort 70-80% cortiça 28 1780 31 2
DInd
Cort cortiça (si) 28 1461 27 2
Tradicional
ERef
- 28 3285 96 3
FTrad
Cort 80% cortiça 28 1674 19 1
GTrad
EPS 85% EPS 28 2176 56 3
Legenda: si – sem informação em relação à percentagem de adição; CV – coeficiente de variação; DP – desvio-padrão
É possível observar que para as argamassas com incorporação de agregados isolantes, os valores
de velocidade variam desde os 889 m/s a 2176 m/s. Para as argamassas industriais variam desde
889 a 1780 m/s e para as argamassas tradicionais variam desde 1674 a 2176 m/s (Figura 4.9). Em
geral, as argamassas tradicionais apresentam valores de velocidade superiores às industriais, como
67
seria expectável pois são mais compactas (maior massa volúmica e, por consequência, maior
compacidade).
O valor obtido para a argamassa GTrad
EPS (2176 m/s), aproxima-se do valor obtido por Babu et al.
(2005), que obtiveram para uma argamassa semelhante uma velocidade de propagação das ondas
de 2670 m/s. Babu et al. (2005), verificaram um decréscimo na velocidade de cerca de 26%, por
comparação com a sua argamassa de referência (3610 m/s). A velocidade na argamassa GTrad
EPS,
com a introdução de agregados de EPS, diminui cerca de 33% relativamente à argamassa ERef
(sem
incorporação de agregados isolantes). Em relação à argamassa FTrad
Cort, verifica-se um decréscimo
na velocidade de cerca de 49%, com a introdução de agregados de cortiça, por comparação com a
argamassa ERef
(Figura 4.10).
Figura 4.9 – Velocidade propagação das ondas ultra- sónicas das argamassas produzidas, aos 28 dias
Figura 4.10 - % decrescente na velocidade das ondas ultra-sónicas, relativamente à argamassa E, das
argamassas tradicionais
Uma vez que as ondas se propagam por vibração das partículas sólidas, a velocidade de propagação
das ondas depende, principalmente, da constituição do material analisado. Sabendo que os materiais
menos compactos apresentam valores de velocidade de propagação inferiores aos materiais mais
compactos (maior massa volúmica aparente) (Magalhães et al, 2003), é possível estabelecer um
paralelismo entre estes resultados e os valores de resistência à compressão, flexão e massa
volúmica aparente.
Sendo assim, verifica-se que existe uma tendência de crescimento simultâneo entre a velocidade de
propagação das ondas ultra-sónicas e as resistências à compressão e à tração por flexão, com um
coeficiente de determinação igual a 0,80 e 0,65, respetivamente, para ajustamentos em potência,
para as argamassas com incorporação de agregados isolantes. Este crescimento simultâneo é mais
acentudado na relação com a resistência à compressão (R2=0,80), demonstrando uma boa
extrapolação da resistência à compressão das argamassas a partir do método direto (Figura 4.11).
Em geral, às maiores resistências coincidem as maiores velocidades e às menores resistências
coincidem as menores velocidades.
889 1412
1780 1461
3285
1674 2176
0
1000
2000
3000
4000
A B C D E F G
Vel
oci
dad
e (m
/s)
Argamassas
A.Industriais A.Tradicionais
49%
33%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
F G
% d
ecre
scen
te
A.Tradicionais
68
Figura 4.11 – Relação entre a velocidade de propagação das ondas (V), método direto, e as resistências à compressão
(Rc) e à tração por flexão (Rt), aos 28 dias, para as argamassas com incorporação de agregados isolantes
Os valores de massa volúmica aparente também estão, em geral, de acordo com as velocidades,
uma vez que a velocidade de propagação das ondas é maior nos materiais mais compactos (maior
massa volúmica aparente), como é possível verificar pela observação da Figura 4.12. Verifica-se uma
boa correlação de potência entre a velocidade de propagação das ondas e a massa volúmica
aparente (R2=0,80), para as argamassas com incorporação de agregados isolantes.
Figura 4.12 – Relação entre a velocidade de propagação das ondas (V) e a massa volúmica aparente (Mv), aos 28 dias,
das argamassas com incorporação de agregados isolantes
Método indireto (argamassa aplicada em tijolo)
Este método de ensaio relativamente ao método direto, conduz a uma maior incerteza nos resultados
(Santos et al, 2003). De maneira a diminuir a incerteza e para haver uma maior representatividade
das zonas entre os transdutores, foram efetuadas 3 medidas por cada distância num percurso total de
240 mm divididos em distâncias de 60 mm numa direcção e na direcção inversa, como referido pela
norma EN 12504-4 (CEN, 2004).
Rc = 1E-08V2,5351 R² = 0,80
Rt= 4E-07V1,9914 R² = 0,65
0
1
2
3
4
5
0 500 1000 1500 2000 2500
Res
istê
nci
as (
MP
a)
Velocidade propagação das ondas-método direto (m/s)
Rc
Rt
Potencial (Rc)
Potencial (Rt)
Mv = 0,0129V1,4619 R² = 0,80
0
200
400
600
800
1000
1200
0 500 1000 1500 2000 2500 Mas
sa v
olú
mic
a ap
aren
te (k
g/m
3)
Velocidade propagação das ondas-método direto (m/s)
Massa volúmica
Potencial (Massa volúmica )
69
A velocidade aparente de propagação das ondas determinou-se através de dois processos. Pelo
cálculo da média dos valores de velocidade parcial de cada distância e através do ajustamento da
reta obtido do gráfico referente às distâncias em função dos tempos medidos em cada percurso
(método das dromocrónicas). Os valores médios da velocidade aparente obtidos, pelos dois
processos, para as argamassas estudadas estão representados na Tabela 4.10. Os valores
individuais e os gráficos representativos deste ensaio, para o cálculo das médias e para o método das
dromocrónicas, encontram-se, respetivamente, nos anexos A.4.10 e A.4.11.
Tabela 4.10 – Valores de velocidade aparente das ondas ultra-sónicas, através do cálculo das médias e do método das
dromocrónicas
Argamassa Suporte %
Substituição / Ag.isolante
Velocidade aparente de propagação das ondas aos 28 dias
Cálculo das médias Método das
dromocrónicas Diferença
Média (m/s)
DP (m/s)
CV (%)
Declive (m/s)
Industrial
AInd
EPS
Tijolo
100% EPS 665 103 15 776 111
BInd
EPS 70-80% EPS 1047 246 24 990 57
CInd
Cort 70-80% cortiça 1215 330 27 1368 153
DInd
Cort cortiça (si) 1018 188 18 821 197
Tradicional
ERef
- 1823 548 30 2449 626
FTrad
Cort 80% cortiça 1097 255 23 1592 495
GTrad
EPS 85% EPS 537 227 42 282 255
Legenda: si – sem informação em relação à percentagem de adição; CV – coeficiente de variação; DP – desvio-padrão
Segundo este método de ensaio (tendo em conta o cálculo das médias e as dromocrónicas), os
valores de velocidade, das argamassas com incorporação de agregados isolantes, variam entre os
282 m/s e os 1592 m/s. Para as argamassas industriais variam entre 665 m/s e 1368 m/s e para as
argamassas tradicionais variam entre 282 m/s e 1592 m/s.
Os valores obtidos para a argamassa cimentícia tradicional ERef
(1823 e 2449 m/s), encontram-se na
mesma ordem de grandeza dos obtidos por Gomes (1995) (1672 a 2493 m/s para revestimentos em
bom estado), mas afastados dos valores obtidos por Magalhães et al. (2003) (3100 a 3280 m/s).
Tendo em conta que os valores dos coeficientes de variação dos resultados das argamassas
produzidas variam dos 15% aos 42%, as velocidades obtidas não são muito fidedignas. Flores-Colen
(2009) obteve valores do coeficiente de variação no máximo de 13%. De forma a corroborar esta
ideia foi elaborado o gráfico representado na figura A.4.12.1 (Anexo A.4.12), que relaciona o método
direto com o método indireto. É possível verificar baixas relações/tendências quando comparando a
obtenção da velocidade através do método direto com o cálculo das médias (R2=0.48) e o método
das dromocrónicas (R2=0.41), ambos com ajustamentos lineares, sendo que o processo que mais se
aproxima ao método direto é o cálculo das médias. Este afastamento de valores, em relação ao
método direto, pode estar relacionado com a rugosidade das superfícies e com a maior incerteza nos
resultados que este método proporciona, assim como a menor sensibilidade do equipamento
utilizado.
70
4.4.7. Coeficiente de condutibilidade térmica
Na Tabela 4.11 estão representados os valores obtidos para o coeficiente de condutibilidade térmica
(λ), aos 28 dias, para as diferentes argamassas produzidas. Os valores individuais deste ensaio
encontram-se no anexo A.4.13.
Tabela 4.11 – Valores do coeficiente de condutibilidade térmica, aos 28 dias, das argamassas produzidas
Argamassa % Substituição
/ Ag.isolante Idade (dias)
Condutibilidade térmica (W/(m.°C))
Classificação EN 998-1
Industrial
AInd
EPS 100% EPS 28 0,06 T1
BInd
EPS 70-80% EPS 28 0,10 T1
CInd
Cort 70-80% cortiça 28 0,23 T2
DInd
Cort cortiça (si) 28 0,14 T2
Tradicional
ERef
- 28 1,34 -
FTrad
Cort 80% cortiça 28 0,27 -
GTrad
EPS 85% EPS 28 0,28 -
Legenda: si – sem informação em relação à percentagem de adição
Para as argamassas com incorporação de agregados isolantes, as condutibilidades variam entre 0,06
e 0,28 W/(m.°C). Para as argamassas industriais variam entre 0,06 e 0,23 W/(m.°C), e para as
argamassas tradicionais variam entre 0,27 e 0,28 W/(m.°C) (Figura 4.13).
Em relação às argamassas industriais e ao que os respetivos fabricantes especificam para elas, em
termos de condutibilidade, os valores obtidos para as argamassas AInd
EPS (0,06 W/(m.°C)) e BInd
EPS
(0,10 W/(m.°C)) estão muito próximos dos expectáveis (0,05 W/(m.°C) para a argamassa AInd
EPS e
0,07 W/(m.°C) para a argamassa BInd
EPS). Para as argamassas CInd
Cort (0,23 W(/m.°C)) e DInd
Cort (0,14
W/(m.°C)), os valores obtidos foram superiores em cerca de 30% e 40%, respetivamente, em relação
aos valores expectáveis (0,16 W/(m.°C) para a argamassa CInd
Cort e 0,083 W/(m.°C) para a argamassa
DInd
Cort). Algumas argamassas, nomeadamente a CInd
Cort e DInd
Cort, têm na sua composição
introdutores de ar que melhoram a resistência térmica e que tornam a argamassa mais sensível a
processos de mistura (Silva et al, 2005).
Para as argamassas tradicionais com incorporação de agregados isolantes, foram obtidos valores de
condutibilidade térmica de 0,27 W/(m.°C) e 0,28 W/(m.°C) para as argamassas FTrad
Cort e GTrad
EPS,
respetivamente. Brás et al. (2013), obtiveram para argamassas semelhantes de cortiça e EPS valores
próximos de 0,41 W/(m.°C) e 0,63 W/(m.°C), respetivamente. Neste estudo, verificou-se que os
agregados de cortiça podem diminuir a condutibilidade térmica das argamassas cimentícias até 75%,
enquanto que os agregados de EPS podem diminuir até 60%. Tal como Brás et al. (2013), também foi
possível verificar uma diminuição, substancial, na condutibilidade térmica das argamassas com
introdução de agregados isolantes. Para a argamassa FTrad
Cort, com a introdução de agregados de
cortiça em quantidades superiores a 80%, verificou-se uma diminuição da condutibilidade térmica de
80%, em relação à argamassa ERef
, sem incorporação de agregados isolantes. Para a argamassa
71
GTrad
EPS, com a introdução de agregados de EPS em quantidades superiores a 85%, verificou-se uma
diminuição de 79% (Figura 4.14).
Ali (2011) obteve, para uma argamassa semelhante à argamassa GTrad
EPS, valores de condutibilidade
térmica na ordem dos 0,16 W/(m.°C) e 0,29 W/(m.°C), medidos a temperaturas de 50°C e 70°C,
respetivamente. Os valores obtidos por este autor encontram-se próximos do valor obtido para a
argamassa GTrad
EPS (0,28 W/(m.°C)). Ali (2011) também notou um decréscimo (89%), substancial, na
condutibilidade da argamassa com a introdução dos agregados de EPS. Comparando a
condutibilidade térmica da argamassa ERef
(1,34 W/m.°C) com a dos agregados de EPS
(sensivelmente 0,041 W/m.°C), é natural que a sua introdução na argamassa diminua,
substancialmente, o seu valor de condutibilidade térmica.
Figura 4.13 – Condutibilidade térmica, aos 28 dias, das
argamassas com incorporação de agregados isolantes
Figura 4.14 - % decrescente no valor da condutibilidade,
em relação à argamassa E, das argamassas tradicionais
Panesar et al. (2012) também concluiram que a introdução de agregados de cortiça faz diminuir a
condutibilidade térmica e que a condutibilidade térmica das misturas de cortiça (ao aumentar a
percentagem de introdução de cortiça) diminui com a diminuição da massa volúmica aparente.
Observaram que existe uma relação direta entre a massa volúmica e a condutibilidade térmica, o que
é esperado, visto que os agregados de cortiça contêm ar no seu interior, melhorando as propriedades
isolantes dos materiais; aumentando os vazios com ar, diminui-se a massa volúmica, dando origem a
resistências térmicas mais elevadas e menores condutibilidades térmicas (Panesar et al, 2012). Pela
observação da Figura 4.15, é possível verificar que para as argamassas produzidas, a relação direta
entre a massa volúmica e a condutibilidade térmica também se verifica. É possível constatar uma boa
correlação (R2=0,88) entre a massa volúmica aparente e a condutibilidade térmica, para um
ajustamento em potência. De notar que esta relação direta ainda é mais notória, com coeficiente de
determinação igual a 0,95 quando não se tem em conta a argamassa GTrad
EPS, visto esta argamassa
não apresentar a mesma tendência, uma vez que comparando as massa volúmicas aparentes, no
estado endurecido, das argamassas tradicionais FTrad
Cort e GTrad
EPS, verifica-se que a argamassa
GTrad
EPS apresenta um coeficiente de condutibilidade térmica maior ou igual, enquanto que deveria ser
0,06 0,10
0,23
0,14
0,27 0,28
0
0,1
0,2
0,3
A B C D F G
Co
nd
uti
bili
dad
e té
rmic
a
(w/m
.°C
)
Argamassas
A.Industriais A.Tradicionais 80% 79%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
F G
% d
ecre
scen
te
A.Tradicionais
72
menor. Isto pode estar relacionado com o processo de mistura e aplicação da argamassa e com a
superfície rugosa, devido aos agregados de EPS, que dificultam o contato com a sonda do
equipamento, na medição da condutibilidade térmica. Notar que, para esta argamassa (GInd
EPS),
aquando da medição do coeficiente de condutibilidade térmica na face que ficou encostada ao molde,
ou seja, com a superficie de contacto muito mais regularizada, foi obtido um valor médio entre as
faces de 0,23 W/(m.°C) para o coeficiente de condutibilidade térmica.
Assim, e em geral, para os menores valores de condutibilidade térmica, correspondem as
argamassas com menores valores de massa volúmica aparente, e vice-versa.
Segundo a EN 998-1 (CEN, 2010), as argamassas térmicas são classificadas de T1 e T2,
correspondendo a condutibilidades térmicas inferiores a 0,1 W/m.°C e 0,2 W/m.°C, respetivamente.
Sendo assim, apenas as argamassas AInd
EPS, BInd
EPS e DInd
Cort cumprem com os requisitos. As
restantes argamassas com incorporação de agregados isolantes aproximam-se muito dos valores
pretendidos. Fazendo a secagem dos provetes e medindo em seguida as condutibilidades, foi
possível obter valores ainda mais baixos para as restantes argamassas de forma a cumprir os
requisitos (CInd
Cort -0.17 W/m.°C; FTrad
Cort -0,23 W/m.°C). Este aspeto é discutido em detalhe na
dissertação de Melo (2014).
Figura 4.15 – Relação entre a massa volúmica aparente (Mv) e a condutibilidade térmica (λ) das argamassas com
incorporação de agregados isolantes
4.5. Correlação entre os resultados das técnicas de ensaio
Com o intuito de se proceder a uma melhor interpretação dos resultados, efetuaram-se mais algumas
correlações entre os resultados das técnicas de ensaio, de forma a complementar os resultados já
obtidos. De realçar que estas relações têm em conta, apenas, as argamasssa com incorporação de
agregados isolantes, excluindo a argamassa de referência
.
λ = 1E-04Mv1,168 R² = 0,88
λ = 0,0001Mv1,0992 R² = 0,95
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0 200 400 600 800 1000 Co
nd
uti
bili
dad
e té
rmic
a (w
/m.°
C)
Massa volúmica aparente-estado endurecido (kg/m3)
λ
λ (sem argamassa G)
Potencial (λ)
Potencial (λ (sem argamassa G))
73
4.5.1. Massa volúmica aparente com resistência à compressão e módulo de
elasticidade dinâmico
A Figura 4.16 relaciona a massa volúmica aparente, no estado endurecido, com a resistência à
compressão das argamassas produzidas, tanto industriais como tradicionais. Verifica-se que, para as
argamassas industriais, existe uma tendência entre o aumento da massa volúmica aparente no
estado endurecido e a resistência à compressão (coeficiente de determinação R2=0,98, ajustamento
em potência), o que seria de esperar visto que para argamassas mais compactas (maior massa
volúmica) correspondem, normalmente, resistências superiores. Em relação às argamassas
tradicionais a mesma tendência não se verifica com tanto fulgor (R2=0,55). No entanto, é preciso ter
em conta que em relação às argamassas tradicionais o número de amostras é menor, por
comparação com as argamassas industriais.
Figura 4.16 – Relação entre os resultados da resistência à compressão (Rc) com os valores de massa volúmica
aparente, no estado endurecido (Mv)
No que toca à relação entre a massa volúmica aparente, no estado endurecido, com o módulo de
elasticidade dinâmico, e à semelhança do que se verifica para a relação com a resistência à
compressão, regista-se, para as argamassas industriais, uma tendência de crescimento simultâneo
entre a massa volúmica aparente, no estado endurecido, e o módulo de elasticidade dinâmico com
coeficiente de determinação de 0,97 para ajustamento em potência. As argamassas com maior
massa volúmica apresentam maior módulo de elasticidade dinâmico e, por consequência, menor
capacidade de deformação, e como tal, estão mais sujeitas a fenómenos de fendilhação. Contudo,
em relação às argamassas tradicionais esta tendência não se verifica (R2=0,51) (Figura 4.17). No
entanto, é preciso ter em conta que em relação às argamassas tradicionais o número de amostras é
menor, por comparação com as argamassas industriais. Flores-Colen (2009) também relaciona estas
grandezas com ajustamentos em potência.
Rc = 2E-05Mv1,8351 R² = 0,98
Rc = 1294,2Mv-0,95 R² = 0,55
0
1
2
3
4
5
0 200 400 600 800 1000
Res
istê
nci
a à
com
pre
ssão
(MP
a)
Massa volúmica aparente-estado endurecido (kg/m3)
A.Industriais
A.Tradicionais
Potencial (A.Industriais)
Potencial (A.Tradicionais)
74
Figura 4.17 – Relação entre os resultados do módulo de elasticidade dinâmico (Ed) com os valores de massa volúmica
aparente, no estado endurecido (Mv)
4.5.2. Resistência à compressão com condutibilidade térmica
Na Figura 4.18, é possível verificar a relação entre a resistência à compressão e a condutibilidade
térmica para as argamassas industriais e tradicionais.
Figura 4.18 – Relação entre os resultados da resistência à compressão (Rc) com os valores da condutibilidade térmica
(λ)
Dos resultados obtidos, verifica-se que existe uma tendência de crescimento simultâneo entre a
condutibilidade térmica e a resistência à compressão, com um coeficiente de determinação igual a
0,97 e 0,74, para ajustamentos em potência, para as argamassas industriais e tradicionais,
respetivamente (Figura 4.18). As argamassas menos compactas, isto é, com menores valores de
resistência à compressão e com maior número de vazios, apresentam melhores desempenhos
térmicos (menores valores do coeficiente de condutibilidade térmica). O menor valor do coeficiente de
determinação para as argamassas tradicionais (R2=0,74), pode estar relacionado com o menor
número de amostras, por comparação com as argamassas industriais.
Ed = 0,0001Mv2,5151 R² = 0,97
Ed = 1E+07Mv-1,306 R² = 0,51
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
0 200 400 600 800 1000
Mó
du
lo e
last
icid
ade
din
âmic
o
(MP
a)
Massa volúmica aparente-estado endurecido (kg/m3)
A.Industriais
A.Tradicionais
Potencial (A.Industriais)
Potencial (A.Tradicionais)
λ = 0,0969Rc0,5236 R² = 0,97
λ = 0,2393Rc0,1624 R² = 0,74
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0 1 2 3 4 5 Co
nd
uti
bili
dad
e té
rmic
a (W
/m.°
C)
Resistência à compressão (MPa)
A.Industriais
A.Tradicionais
Potencial (A.Industriais)
Potencial (A.Tradicionais)
75
De notar, que para argamassas industriais e tradicionais com a mesma resistência mecânica
(sensivelmente 2 MPa), o valor da condutibilidade térmica é mais baixo para as argamassas
industriais. Este fenómeno pode estar relacionado com o possível efeito dos adjuvantes introduzidos
nestas argamassas (por exemplo os introdutores de ar).
4.5.3. Resistência à compressão com módulo de elasticidade dinâmico
O módulo de elasticidade dinâmico apresenta boas tendências com a resistência à compressão, tanto
para as argamassas industriais como para as tradicionais (ajustamento em potência, conforme a
Figura 4.19). Flores-Colen (2009) também relaciona estas grandezas com ajustamentos em potência.
Figura 4.19 – Relação entre os resultados da resistência à compressão (Rc) com os valores do módulo de elasticidade
dinâmico (Ed)
A melhor correlação foi obtida para as argamassas industriais (R2
= 0,97), enquanto que para as
tradicionais foi obtido um coeficiente de determinação de 0,84. Sendo assim, é possível atribuir
valores de referência para os dois tipos de argamassas com incorporação de agregados isolantes.
Para as argamassas industriais, valores de resistência à compressão entre os 1 e os 4 MPa,
correspondem módulos de elasticidade dinâmico entre os 600 e os 2200 MPa. Para as argamassas
tradicionais, valores de resistência à compressão entre os 2 e os 3 MPa, correspondem a módulos de
elasticidade dinâmico entre os 1400 e os 2300 MPa.
Estas boas relações vêm demonstrar que quanto mais compacta for a argamassa, maior é o seu
módulo de elasticidade dinâmico e, por consequência, maior é a sua resistência à compressão.
4.5.4. Velocidade de propagação das ondas ultra-sónicas com módulo de
elasticidade dinâmico
Dos resultados obtidos verifica-se uma tendência de crescimento simultâneo entre o módulo de
elasticidade dinâmico e a velocidade de propagação das ondas ultra-sónicas, tanto para as
argamassas industriais como para as tradicionais, para ajustamentos em potência. Flores-Colen
Rc = 0,0155Ed0,7112 R² = 0,97
Rc = 0,02Ed0,6415 R² = 0,84
0
1
2
3
4
5
0 500 1000 1500 2000 2500
Res
istê
nci
a à
com
pre
ssão
(MP
a)
Módulo elasticidade dinâmico (MPa)
A.Industriais
A.Tradicionais
Potencial (A.Industriais)
Potencial (A.Tradicionais)
76
(2009) também relaciona estas grandezas com ajustamentos em potência. Quanto maior o módulo de
elasticidade dinâmico, mais compacta é a argamassa e, por consequência, maior a velocidade de
propagação das ondas ultra-sónicas.
Como tal, a extrapolação do módulo de elasticidade dinâmico a partir da velocidade de propagação
das ondas para as argamassas industriais é extremamente positiva (R2=0,98), enquanto que para as
argamassas tradicionais apresenta algumas reservas (R2=0,70) (Figura 4.20), atendendo ao menor
número de amostras analisadas.
Figura 4.20 – Relação entre o módulo de elasticidade dinâmico (Ed) e a velocidade de propagação das ondas ultra-
sónicas (V), através do método direto
4.6. Análise crítica / síntese dos resultados
Na Tabela 4.12 estão representadas, de um modo geral, as características mecânicas estudadas das
diferentes argamassas produzidas, tanto industriais como tradicionais.
Em primeira análise, e tendo em conta o objetivo da melhoria térmica das argamassas, é possível
verificar que, com a introdução de agregados isolantes (cortiça e EPS), o desempenho mecânico das
argamassas é alterado. Verificam-se diminuições significativas nos valores de todas as
características mecânicas.
Em relação à massa volúmica aparente, no estado endurecido, das argamassas com incorporação de
agregados isolantes é possível aferir que os valores variam de 237 a 863 kg/m3. De acordo com a
norma EN 998-1 (CEN, 2010) estas argamassas podem ser classificadas de argamassas leves (Mv ≤
1300 kg/m3).
As resistências à compressão e à tração por flexão variam, em geral, de 0,40 a 4,44 MPa e de 0,21 a
1,89 MPa, respetivamente. Em relação ao módulo de elasticidade dinâmico, os valores das
argamassas com incorporação de agregados isolantes são na ordem dos 70-2110 MPa e como tal,
Ed = 2E-13V4,9672 R² = 0,98
Ed = 0,207V1,191 R² = 0,70
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
0 500 1000 1500 2000 2500
Mó
du
lo e
last
icid
ade
din
âmic
o
(MP
a)
Velocidade propagação das ondas-método direto (m/s)
A.Industriais
A.Tradicionais
Potencial (A.Industriais)
Potencial (A.Tradicionais)
77
apresentam uma capacidade de deformação superior a argamassas correntes, estando menos
sujeitas a fenómenos de fendilhação (Ed ≤ 10000 MPa, segundo o relatório 427/05 do LNEC (2005)).
Estas argamassas, apesar de cumprirem com os requisitos de resistência à compressão (classes CSI
a CSII de acordo com a norma EN 998-1), apresentam módulos de elasticidade dinâmico baixos,
condicionando a sua utilização, em situações pontuais, nomeadamente em paredes expostas a
choques (Ed ≥ 5000 MPa - MERUC CSTB (1993)).
Em relação aos valores de tensão de aderência ao suporte, verificam-se valores entre os 0,1 e os
0,36 MPa, para as argamassas com incorporação de agregados isolantes. Tendo em conta os
requisitos existentes e os campos de aplicação preconizados pelos fabricantes das respetivas
argamassas industriais (podem ser utilizadas para a reabilitação de suportes antigos), os valores
obtidos podem considerar-se aceitáveis (0,1- 0,3 MPa para roturas adesivas) (Veiga, 2003). No caso,
em que os valores de tensão de aderência ao suporte são superiores a 0,30 MPa, estas argamassas
adequam-se à aplicação em suportes correntes.
No que diz respeito ao desempenho térmico, foram obtidos valores entre os 0,06-0,27 W/m.°C para o
coeficiente de condutibilidade térmica (λ) das argamassas com incorporação de agregados isolantes.
Assim sendo, e de forma a obter-se argamassas com desempenho térmico melhorado, é necessário
recorrer à introdução de agregados isolantes (cortiça com dimensões de 1-3 mm e EPS com
dimensões de 1,5-4 mm) em percentagem superior a 70%, em volume, por substituição de agregado
corrente (areia). No entanto, para as argamassas tradicionais, sem quaisquer adições, a incorporação
de agregados isolantes permite obter melhorias térmicas, mas não o suficiente para serem
classificadas de argamassas térmicas (λ ≤ 0,1-0,2 W/m.°C) (EN 998-1, CEN 2010). Sendo assim, para
além da introdução de agregados isolantes é necessário recorrer a adições/adjuvantes para se obter
argamassas térmicas.
Em relação às argamassas tradicionais e comparando os agregados isolantes introduzidos (cortiça e
EPS), as percentagens de introdução e os seus efeitos nas características mecânicas, é possível
verificar, como já referido, uma diminuição, substancial, de todas as características. Assim, e
relacionando apenas a contribuição dos agregados de cortiça (1-2 mm), é possível constatar que a
sua introdução, em percentagens de substituição superiores a 80%, provoca uma redução de 55% na
massa volúmica aparente, no estado endurecido, 87% na resistência à compressão, 66% na
resistência à flexão, 65% na aderência ao suporte, 90% no módulo de elasticidade dinâmico, 49% na
velocidade de propagação das ondas e 80% na condutibilidade térmica da argamassa FTrad
Cort, por
comparação com a argamassa de referência ERef
.
Em relação aos agregados de EPS (3,4-4 mm), a sua introdução, em percentagens de substituição
superiores a 85%, provoca uma redução de 64% na massa volúmica aparente, no estado endurecido,
78
Tabela 4.12 – Características mecânicas e físicas das argamassas produzidas, aos 28 dias
Caracteristicas mecânicas e físicas (valores médios)
Estado fresco Estado endurecido
Argamassas Espalhamento
(mm)
Massa volúmica aparente (kg/m
3)
Massa volúmica aparente (kg/m
3)
Rc (MPa) Rt (MPa) Aderência
(MPa) Ed (MPa) V (m/s)
Condutibilidade térmica
(W/m.°C)
Classificação arg. térmica
Norma EN 1015-3 CEN 1999
EN 1015-6 CEN 1998
EN 1015-10 CEN 1999
EN 1015-11 CEN 1999
EN 1015-11 CEN 1999
EN 1015-12 CEN 2000
E 1876-1 ASTM 2006
EN 12504-4
CEN 2004 -
EN 998-1 CEN 2010
Industrial
AInd
EPS 141 411 237 0,36 0,21 0,07 - b
(coesiva) 70 889 0,06 T1
BInd
EPS 132 563 432 1,25 0,77 0,21 - a
(adesiva) 620 1412 0,10 T1
CInd
Cort 151 1016 863 4,44 1,89 0,36 - a
(adesiva) 2110 1780 0,23 -
DInd
Cort 151 896 642 2,1 1,13 0,29 - a
(adesiva) 1160 1461 0,14 T2
Tradicional
ERef
172 2105 1885 16,14 3,43 0,31 - a
(adesiva) 15140 3285 1,34 -
FTrad
Cort 158 1056 855 2,08 1,15 0,11 - a
(adesiva) 1420 1674 0,27 -
GTrad
EPS 151 662 683 2,3 0,88 0,20 - a
(adesiva) 2020 2176 0,23 -
Legenda: Rc – resistência à compressão; Rt – resistência à tração por flexão; Ed – Módulo de elasticidade dinâmico; V – velocidade de propagação das ondas ultra-sónicas
79
85% na resistência à compressão, 74% na resistência à flexão, 36% na aderência ao suporte, 87%
no módulo de elasticidade dinâmico, 33% na velocidade de propagação das ondas, e 79% na
condutibilidade térmica da argamassa GTrad
EPS, por comparação com a argamassa de referência ERef
.
No entanto, é de notar que os decréscimos verificados, tanto para as argamassas com incorporação
de agregados de cortiça como para as argamassas com incorporação de agregados de EPS, não
comprometem, para todas as características, as funções para as quais as argamassas são
destinadas, isto é, cumprem com os requisitos existentes e declarados pelos fabricantes.
Sendo assim, e comparando os valores obtidos para as argamassas tradicionais com inclusão de
agregados de cortiça (argamassa FTrad
Cort) e EPS (argamassa GTrad
EPS), não é conclusivo que haja
uma melhoria de uma argamassa em relação à outra. Os valores obtidos para todas as
características mecânicas são muito semelhantes, apesar de se verificar uma variação mínima na
percentagem de incorporação (5%) de um agregado relativamente ao outro, na constituição das
argamassas. Os valores obtidos para a condutibilidade térmica (0,27 W/(m.°C) para a argamassa
FTrad
Cort e 0,23 W/(m.°C) para a argamassa GTrad
EPS) vêm comprovar esta semelhança. No entanto, é
possível obter-se valores ligeiramente mais baixos para a condutibilidade térmica recorrendo a
agregados de EPS. Optou-se pelo valor de 0,23 W/(m.°C) para a argamassa GInd
EPS, dado que de
acordo com o trabalho desenvolvido em paralelo por Melo (2014), este foi o valor obtido para a média
das condutibilidades térmicas de ambas as faces.
Em relação às argamassas industriais, e dado que estas variam na percentagem de incorporação de
agregados isolantes (ex:100% EPS na argamassa AInd
EPS e 70-80% de cortiça na argamassa CInd
Cort),
no ligante utilizado (ex:cal nas argamassas de EPS e cimento/cal nas argamassas de cortiça) e nas
adições/adjuvantes, não é possível concluir com certeza qual o agregado (cortiça ou EPS) que
melhor conjuga o desempenho térmico com o desempenho mecânico. No entanto, comparando as
argamassas BInd
EPS (EPS) e CInd
Cort (cortiça) com as mesmas percentagens de incorporação (70-80%)
e mesma dimensão do agregado (1,5-2 mm), verificam-se melhores resistências mecânicas na
argamassa com cortiça enquanto a argamassa de EPS apresenta melhor desempenho térmico.
Contudo, e como mencionado, esta comparação torna-se difícil dado que a argamassa de EPS
contém cal e ligantes sintéticos ao passo que a argamassa de cortiça contém cimento. De notar que
os valores obtidos em laboratório para duas argamassas industriais (nomeadamente CInd
Cort e DInd
Cort)
são ligeiramente diferentes do preconizado pelos fabricantes em algumas características, podendo
estar relacionado com os processos de produção e de mistura utilizados. Em suma, é possível
verificar que as argamassas com incorporação de agregados isolantes, quer de cortiça quer de EPS,
são uma boa solução para se obter argamassas com desempenhos térmicos melhorados.
Como referido, as argamassas industriais contêm na sua constituição adições/adjuvantes que
melhoram o seu desempenho, consoante as suas funções. Em relação à condutibilidade térmica, e
como já analisado, para além dos agregados isolantes é necessário o recurso a adições/adjuvantes
80
para se obter argamassas térmicas, segundo a norma EN 998-1 (CEN, 2010). Esta melhoria é
possível de ser verificada, quando comparando os valores de condutibilidade térmica das
argamassas industriais com as argamassas tradicionais (devido à presença de introdutores de ar, por
exemplo). Em relação ao valor da tensão de aderência é notória uma melhoria (nomeadamente na
argamassa CInd
Cort) em comparação com as tradicionais, devido à presença de um promotor de
aderência na sua constituição. A presença de um retentor de água e de um agente de controlo de
tração nesta mesma argamassa pode explicar também os melhores valores de resistência à
compressão (4,44 MPa) e à tração por flexão (1,89 MPa), respetivamente.
Com os resultados obtidos foi possível identificar correlações entre as diferentes características
mecânicas das argamassas industriais e tradicionais estudadas. Estas correlações estão presentes
na Tabela 4.13. É possível identificar uma relação direta entre a condutibilidade térmica (λ) e a massa
volúmica aparente no estado endurecido (Mv), tanto para as argamassas industriais (R2=0,97) como
para as tradicionais (R2=0,99). Em geral, para os menores valores de condutibilidade térmica,
correspondem as argamassas com menores massas volúmicas, assim como as menores resistências
à compressão (R2=0,97 para argamassas industriais e R
2=0,74 para argamassas tradicionais). Isto
vem comprovar que à melhoria térmica está associada uma diminuição das características
mecânicas. A introdução de agregados isolantes origina argamassas menos resistentes e mais
deformáveis. Panesar et al. (2012) também observaram uma relação direta entre a condutibilidade
térmica e a massa volúmica das argamassas com incorporação de agregados de cortiça.
Tabela 4.13 – Matriz das correlações entre as características mecânicas das argamassas com incorporação de
agregados isolantes
Rc Rt Mv V Ed λ
Rc (-) Potencial Potencial Potencial Potencial
Rt (-) Potencial Potencial (-) (-)
Mv 0,98
A.Ind 0,55
A.Trad 0,98
A.Ind 0,80
A.Trad Potencial Potencial Potencial
V 0,95
A.Ind 0,61
A.Trad 0,97
A.Ind 0,53
A.Trad 0,93
A.Ind 0,96
A.Trad Potencial (-)
Ed 0,97
A.Ind 0,84
A.Trad (-)
0,97
A.Ind 0,51
A.Trad 0,98
A.Ind 0,70
A.Trad (-)
λ 0,97
A.Ind 0,74
A.Trad (-)
0,97
A.Ind 0,99
A.Trad (-) (-)
Legenda: Rc: - resistência à compressão; Rt – resistência à tração por flexão; Mv – massa volúmica aparente, estado
endurecido; V – velocidade de propagação das ondas ultra-sónicas; Ed – módulo de elasticidade dinâmico; λ – coeficiente de
condutibilidade térmica; (-) – não apresentam tendências significativas
Observa-se também boas tendências ao relacionar o módulo de elasticidade dinâmico (Ed) com a
resistência à compressão (Rc) e com a velocidade de propagação das ondas ultra-sónicas (V). No
primeiro caso, verificam-se boas relações (R2=0,97 para argamassas industriais e R
2=0,84 para
argamassas tradicionais). No segundo caso verifica-se uma boa relação para as argamassas
industriais (R2=0,98) e uma aceitável para as tradicionais (R
2=0,70) indicando a possibilidade de se
utilizar o ensaio do módulo de elasticidade dinâmico como medida indireta destas características.
81
A omissão da aderência ao suporte na Tabela 4.13 deve-se ao fato de não apresentar tendências
significativas com as outras propriedades mecânicas, assim como a ausência de valores em algumas
correlações.
4.7. Síntese do capítulo
Este estudo experimental permitiu fazer uma análise das características mecânicas de argamassas
térmicas industriais e argamassas tradicionais com desempenho térmico melhorado, incluindo
elevadas percentagens de incorporação de agregados de cortiça e EPS.
Após a análise dos resultados, foi possível concluir que a incorporação de agregados isolantes
(superior a 70%) em argamassas afetam, significativamente, o desempenho mecânico. No que se
refere às argamassas tradicionais, verificam-se para ambas, decréscimos, na ordem dos 70-80%
para a resistência mecânica (compressão e tração por flexão) por comparação com a argamassa de
referência.
A mesma tendência também se verifica para as argamassas industriais, sem impacto nos valores de
resistência (cumprem com o valor das classes CSI e CSII segundo a EN 998-1), visto serem
constituidas por adições/adjuvantes que melhoram o seu comportamento mecânico.
No que se refere à massa volúmica aparente, no estado endurecido (Mv) e ao módulo de elasticidade
dinâmico (Ed), também se verificam decréscimos significativos, na ordem dos 60% e 90%,
respetivamente, por comparação com a argamassa de referência (as argamassas com desempenho
térmico melhorado apresentam Mv ≤ 863 kg/m3 e Ed ≤ 2110 MPa). Como tal, é possível constatar que
estas argamassas classificam-se de argamassas leves (Mv ≤ 1300 kg/m3 segundo a EN 998-1) e
apresentam uma capacidade de deformação superior a argamassas correntes, logo uma menor
tendência à fissuração. No entanto, não é aconselhável a sua utilização em paredes mais solicitadas
a choques e vibrações (Ed ≥ 5000 MPa).
Quanto à aderência ao suporte, não foi possível identificar a influência do agregado isolante. Todas
as argamassas mostraram resultados aceitáveis de aderência ao suporte, variando de 0,11 a 0,36
MPa, no caso de roturas adesivas, as quais são, na sua maioria, mais adequadas para uso em
suportes mais fracos (0,1-0,3 MPa), mas existem excepções. Nos casos em que as argamassas
apresentem tensões de aderência superiores a 0,3 MPa, também podem ser utilizadas em suportes
correntes.
No que respeita ao desempenho térmico, observam-se melhorias significativas dado que se verificam
decréscimos, na ordem dos 80%, para o coeficiente de condutibilidade térmica (λ) por comparação
com a argamassa de referência, com valores inferiores ou iguais a 0,2 W/m.°C para as argamassas
industriais e 0,3 W/m.°C para as argamassas tradicionais.
82
Contudo, e apesar da elevada percentagem de incorporação (80-85%) de agregados isolantes na
produção das argamassas tradicionais, não foi possível produzir uma argamassa térmica, de acordo
com a norma EN 998-1 (CEN, 2010). Em geral, os resultados experimentais mostram boas relações
entre algumas características mecânicas (o módulo de elasticidade dinâmico e a resistência à
compressão e a velocidade de propagação das ondas) e destas com a condutibilidade térmica,
nomeadamente a massa volúmica aparente, no estado endurecido, e a resistência à compressão.
Os resultados obtidos, no que respeita às duas argamassas tradicionais de elevado desempenho
(com cortiça e EPS), mostraram desempenhos semelhantes, seja em relação à resistência à
compressão, seja em relação à condutibilidade térmica. Contudo, a argamassa tradicional de cortiça
apresenta melhor desempenho à tração por flexão (com maior resistência à flexão e valor mais baixo
do módulo de elasticidade dinâmico).
Em geral, as argamassas, industriais e tradicionais, que incorporam agregados de EPS apresentam
valores de massa volúmica aparente, no estado endurecido, inferiores aos das argamassas com
cortiça. Contudo, dadas as diferenças consideráveis na composição das argamassas industriais, não
é possível estabelecer uma relação direta entre o tipo de agregados isolantes e as diferenças no
desempenho destas argamassas.
Em suma, devido às melhorias térmicas evidentes com a introdução de agregados isolantes, e a sua
compatibilização com um bom desempenho mecânico, estas argamassas, promovem o tratamento
eficaz no combate às pontes térmicas, contribuindo de forma decisiva para a prevenção de anomalias
na construção.
83
5. Conclusões e desenvolvimentos futuros
5.1. Considerações finais
O trabalho realizado incidiu na avaliação experimental do comportamento mecânico de argamassas
térmicas ou de desempenho térmico melhorado. Para avaliar este comportamento procedeu-se à
realização de ensaios mecânicos, em laboratório, e como tal, foram caracterizados, no estado fresco,
o espalhamento e a massa volúmica aparente e no estado endurecido, a massa volúmica aparente, a
resistência à compressão, a resistência à tração por flexão, a aderência ao suporte, o módulo de
elasticidade dinâmico e a velocidade de propagação das ondas ultra-sónicas. Para a avaliação do
desempenho térmico foi medido, para todas as argamassas, o coeficiente de condutibilidade térmica.
Deste modo, tendo em conta a pesquisa bibliográfica efetuada, o trabalho desenvolvido em
laboratório e os resultados obtidos, foi possível chegar a diversas conclusões que se apresentam de
seguida.
5.2. Conclusões gerais
Em primeira análise, e no que se refere à influência da incorporação dos agregados isolantes (cortiça
e EPS), é possível verificar que para se obter argamassas com uma melhoria de desempenho
térmico siginificativo são necessárias quantidades superiores a 70%, em volume, de incorporação
destes agregados.
Contudo, verifica-se que para as argamassas tradicionais, sem quaisquer adições, a introdução
destes agregados, por si só, permite obter melhorias térmicas, mas não o suficiente para serem
classificadas de argamassas térmicas segundo a EN 998-1 (CEN, 2010) (λ ≤ 0,1-0,2 W/m.°C).
Tendo em conta o objetivo da melhoria térmica das argamassas, é possível observar, que com a
introdução destes agregados isolantes, o desempenho mecânico das argamassas é alterado e
afetado significativamente.
Em relação à massa volúmica aparente, no estado endurecido, verifica-se que com a introdução
destes agregados é possível obter argamassas mais leves (Mv ≤ 863kg/m3), por comparação com
argamassas correntes. De acordo com a norma EN 998-1 (CEN, 2010), estas argamassas são
mesmo classificadas de argamassas leves, visto apresentarem massas volúmicas aparentes
inferiores a 1300 kg/m3.
Em relação à resistência à compressão e à tração por flexão, foram obtidos valores compreendidos
entre os 0,40 e 4,44 MPa e os 0,21 e 1,89 MPa, respetivamente. De acordo com a norma EN 998-1
(CEN, 2010) os valores de resistência à compressão para argamassas térmicas devem ser da classe
CS I a CS II, isto é, devem ter valores na ordem dos 0,4 a 5 MPa e como tal, é possível observar que
as argamassas de desempenho térmico melhorado produzidas cumprem com estes requisitos. No
84
entanto, é possível verificar que a maioria dos valores de resistência à compressão são na ordem dos
2 MPa e que as argamassas com valores inferiores são mais adequadas para a aplicação em
suportes antigos.
Em relação ao módulo de elasticidade dinâmico, é possível verificar que os valores obtidos para as
argamassas com incoporação de agregados isolantes estão na ordem dos 70 a 2110 MPa e como tal,
estas argamassas apresentam uma capacidade de deformação superior a argamassas correntes,
estando menos sujeitas a fenómenos de fendilhação (Ed ≤ 10000MPa, segundo o relatório 427/05 do
LNEC (2005)). De notar que o valor obtido para a argamassa AInd
EPS (70 MPa) é muito baixo por
comparação com o obtido para as outras argamassas.
As argamassas de desempenho térmico melhorado, apesar de cumprirem com os requisitos de
resistência (classes CS I a CS II, de acordo com a norma EN 998-1 (CEN, 2010)), apresentam
módulos de elasticidade baixos (70 ≤ Ed ≤ 2110 MPa), condicionando a sua utilização, em situações
pontuais, nomeadamente em paredes expostas a choques e vibrações (Ed ≥ 5000 MPa) e em
revestimentos em local próximo da via pública ou de circulação de pessoas (Ed ≥ 7500 MPa),
requisitos de acorco com recomendação.
Em relação à aderência ao suporte das argamassas com desempenho térmico melhorado, foram
obtidos valores compreendidos entre os 0,1 e 0,36 MPa. Das 6 argamassas, com incorporação de
agregados isolantes, estudadas, 5 delas são mais adequadas para serem aplicadas em suportes
antigos, dado que apresentam valores de tensão de aderência na ordem dos 0,1 a 0,3 MPa,
enquanto que a restante argamassa pode ser aplicada em suportes correntes, visto apresentar um
valor de tensão de aderência superior a 0,3 MPa.
Em geral, todas as características mecânicas são alteradas com a introdução de agregados isolantes
(cortiça e EPS). Verificam-se diminuições, significativas, nos valores de todas as características. No
entanto, as características mais alteradas são a resistência à compressão e o módulo de elasticidade
dinâmico em que se verificam diminuições superiores a 80% com a incorporação de agregados
isolantes (cortiça e EPS), por comparação com a argamassa de referência. A característica mecânica
menos afetada é a tensão de aderência ao suporte. No entanto, é de notar que os decréscimos
verificados, não comprometem, para todas as características, as funções para as quais as
argamassas são destinadas, isto é , cumprem com os requisitos existentes.
Sendo assim, e comparando os valores obtidos para as argamassas tradicionais com inclusão de
agregados de cortiça (argamassa FTrad
Cort) e EPS (argamassa GTrad
EPS), não é conclusivo que haja
uma melhoria de uma argamassa sobre a outra. Os valores obtidos para todas as características
mecânicas são muito semelhantes. Em relação ao desempenho térmico, é possível verificar
diminuições superiores a 80% no coeficiente de condutibilidade térmica das argamassas com
85
incorporação de agregados isolantes (cortiça e EPS), por comparação com a argamasssa de
referência.
Em suma, é possível verificar que as argamassas com incorporação de agregados isolantes, quer de
cortiça quer de EPS, são uma boa solução para se obter argamassas com desempenhos térmicos
melhorados.
Relativamente ao comportamento mecânico das argamassas térmicas industriais por comparação
com as argamassas térmicas tradicionais (sem adições), é possível verificar uma melhoria no
desempenho de certas características, nomeadamente na resistência à compressão, à tração por
flexão e na aderência ao suporte, em algumas argamassas industriais devido, sobretudo, à presença
de certas adições/adjuvantes. Em relação ao valor da tensão de aderência é notória uma melhoria,
nomeadamente na argamassa CInd
Cort – 0,36 MPa, em comparação com as argamassas tradicionais,
devido à presença de um promotor de aderência na sua constituição. A presença de um retentor de
água e de um agente de controlo de tração nesta mesma argamassa pode explicar também os
melhores valores de resistência à compressão (4,44 MPa) e à tração por flexão (1,89 MPa),
respetivamente.
A importância das adições/adjuvantes também foi possível de ser verificada no que se refere ao
desempenho térmico, visto que, apesar das melhorias térmicas evidentes nas argamassas
tradicionais produzidas com a introdução de agregados isolantes, não foi possível obter argamassas
térmicas, segundo a EN 998-1 (CEN, 2010), apenas com o recurso a esses agregados isolantes. As
argamassas térmicas industriais produzidas revelaram-se todas com coeficientes de condutibilidade
térmica inferiores ou iguais a 0,1-0,2 W/m.°C, podendo estar relacionado com a presença de
adições/adjuvantes (por exemplo os introdutores de ar).
Em geral, estas argamassas são adequadas para a realização de revestimentos de paredes,
interiores e exteriores, de isolamento térmico. Estas argamassas, devido aos baixos valores do
coeficiente de condutibilidade térmica, promovem o tratamento eficaz no combate às pontes térmicas,
contribuindo de forma decisiva para a prevenção de anomalias na construção. São adequadas para
isolamento em revestimentos de paredes novas ou a reabilitar, com especial ênfase na reabilitação
de paredes antigas.
5.3. Propostas para desenvolvimentos futuros
Considerando os resultados obtidos considera-se vantajoso aprofundar o conhecimento de outros
aspetos inerentes a este trabalho, em particular:
estudar a microestrutura e a constituição mineralógica e química das argamassas estudadas,
para uma melhor caracterização dos constituintes das argamassas industriais;
estudar estas argamassas aplicadas em suportes diferentes do tijolo;
86
estudar as características mecânicas nas argamassas aplicadas em muretes, em ambiente
natural;
produzir argamassas térmicas tradicionais com ligantes diferentes do cimento (como por
exemplo a cal), com EPS com agregados de menores dimensões (1-2 mm) e com adições e
adjuvantes.
87
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94
A-1
Anexos
A-2
A-3
Anexo A.3.1 – Ficha técnica da areia Mesquita
A-4
Anexo A.3.2 – Características mecânicas das argamassas
industriais
Tabela A.3.1 – Características mecânicas das argamassas industriais produzidas
Argamassas Industriais
Ligantes Agregado isolante
Mv (kg/m
3)
Rc (MPa)
Rt (MPa)
Aderência ao suporte
(MPa)
Ed (MPa)
λ (w/m.°C)
AInd
EPS Cal / CEM I 52,5 N EPS 260 ± 50 ≥ 0,5 ≥ 0,3 > 0,08 (rotura
coesiva) - 0,05 (T1)
BInd
EPS Cal / Cimento branco e ligantes sintéticos
EPS 250 ± 50 0,4 - 2,5 - 0,1
(rotura adesiva)
500 0,07 (T1)
CInd
Cort Cimento Portland cortiça 900 ± 50 3,5 - 7,5 1,6 0,3
(rotura
adesiva)
1000 0,16 (T2)
DInd
Cort Cal hidráulica natural cortiça 470 ± 30 3 - - - 0,083 (T1)
Legenda: Mv – massa volúmica aparente, estado endurecido; Rc – resistência à compressão; Rt – resistência à tração por
flexão; Ed – módulo elasticidade dinâmico; λ – coeficiente condutibilidade térmica
A-5
Anexo A.4.1 – Ensaio da baridade
Tabela A.4.1 – Resultados individuais do ensaio da baridade
Material Volume do recipiente
(dm3)
Massa do recipiente
(g)
Ensaios Massa do recipiente
cheio (g)
Massa volúmica aparente sem compactação
(kg/m3)
Baridade média
(kg/m3)
Desvio padrão
(kg/m3)
CV (%)
Areia do rio Tejo
1 1177,2
1 2752,8 1575,6
1578 4 0,25 2 2753,7 1576,5
3 2759,8 1582,6
Cimento 1 1177,2
1 2234,7 1057,5
1052 5 0,48 2 2225,9 1048,7
3 2228,3 1051,1
Cortiça 1 1177,2
1 1279,5 102,3
101 1 0,99 2 1278,1 100,9
3 1278 100,8
EPS 1 1177,2
1 1187,8 10,6
11 0 0 2 1187,7 10,5
3 1187,6 10,4
AInd
EPS 1 1177,2
1 1364,2 187
173 13 7,51 2 1337,9 160,7
3 1348,2 171
BInd
EPS 1 1177,2
1 1497,8 320,6
319 1 0,31 2 1495,2 318
3 1496,5 319,3
CInd
Cort 1 1177,2
1 1787 609,8
604 5 0,83 2 1778 600,8
3 1780 602,8
DInd
Cort 1 1177,2
1 1623,9 446,7
446 1 0,22 2 1622,8 445,6
3 1623 445,8
Legenda: CV – coeficiente de variação
A-6
Anexo A.4.2 – Massa volúmica aparente, no estado fresco
Tabela A.4.2 – Resultados individuais do ensaio da massa volúmica aparente, no estado fresco
Argamassa Nº.
Ensaios
1º Ensaio 2º Ensaio 3º Ensaio Massa volumica aparente
média (kg/m3)
Desvio padrão
(kg/m3)
CV (%)
Massa volumica
(kg/m3)
Massa volumica
(kg/m3)
Massa volumica
(kg/m3)
Industrial
AInd
EPS 3 408,6 411,1 413,2 411 2 0,49
BInd
EPS 3 567,3 557 563,6 563 5 0,89
CInd
Cort 3 1028,5 1022,3 998,4 1016 16 1,58
DInd
Cort 3 870,2 905,2 913,2 896 23 2,57
Tradicional
ERef
3 2110,3 2112,9 2090,9 2105 12 0,57
FTrad
Cort 3 1085,8 1049,6 1032,4 1056 27 2,57
GTrad
EPS 3 648,3 692,5 646 662 26 3,93
Legenda: CV – coeficiente de variação
Anexo A.4.3 – Consistência por espalhamento
Tabela A.4.3 – Resultados individuais do ensaio da consistência por espalhamento
Argamassa Nº.
Ensaios
1º Ensaio 2º Ensaio 3º Ensaio Espalhamento
médio (mm)
Desvio padrão (mm)
CV (%) D1
(mm) D2
(mm) D1
(mm) D2
(mm) D1
(mm) D2
(mm)
Industrial
A 3 140 140 142 140 141 143 141 1 0,71
B 3 130 130 135 132 130 133 132 2 1,52
C 3 150 150 153 152 150 153 151 1 0,66
D 3 150 150 154 152 150 152 151 2 1,33
Tradicional
E 3 170 170 170 176 175 172 172 2 1,16
F 3 161 162 155 152 156 160 158 4 2,53
G 3 151 151 153 150 150 150 151 1 0,66
Legenda: D1 e D2 – diâmetros ortogonais da argamassa espalhada; CV – coeficiente de variação
A-7
Anexo A.4.4 – Massa volúmica aparente, no estado endurecido
Tabela A.4.4.1 – Resultados individuais do ensaio da massa volúmica aparente, no estado endurecido, das
argamassas industriais aos 28 dias
Argamassa AInd
EPS Argamassa BInd
EPS
provete massa
(g)
volume
(m3)
Mv
(kg/m3)
DP
(kg/m3)
CV
(%)
média
(kg/m3)
provete massa
(g)
volume
(m3)
Mv
(kg/m3)
DP
(kg/m3)
CV
(%)
média
(kg/m3)
A6 58,13 0,00026 227,07
17 7,18 236,62
B7 107,5 0,00026 419,92
17,23 3,99 431,57
A7 55,67 0,00026 217,46 B8 104,89 0,00026 409,73
A8 66,04 0,00026 257,97 B9 115,46 0,00026 451,02
A9 65,61 0,00026 256,28 B10 113,48 0,00026 443,28
A10 57,52 0,00026 224,68 B11 114,19 0,00026 446,05
A11 60,48 0,00026 236,25 B12 107,38 0,00026 419,45
Argamassa CInd
cort Argamassa DInd
cort
provete massa
(g)
volume
(m3)
Mv
(kg/m3)
DP
(kg/m3)
CV
(%)
média
(kg/m3)
provete massa
(g)
volume
(m3)
Mv
(kg/m3)
DP
(kg/m3)
CV
(%)
média
(kg/m3)
C7 219 0,00026 855,46
13,29 1,54 862,89
D7 164,05 0,00026 640,82
12,45 1,93 641,96
C8 223,2 0,00026 871,87 D8 166,35 0,00026 649,8
C9 220,8 0,00026 862,50 D9 160,73 0,00026 627,85
C10 216,7 0,00026 846,48 D10 165,12 0,00026 645
C11 226,3 0,00026 883,98 D11 168,93 0,00026 659,88
C12 219,4 0,00026 857,03 D12 160,88 0,00026 628,44
Legenda: Mv – massa volúmica aparente, estado endurecido; DP – desvio padrão; CV – coeficiente de variação
Tabela A.4.4.2 – Resultados individuais do ensaio da massa volúmica aparente, no estado endurecido, das
argamassas tradicionais
Argamassa ERef
Argamassa FTrad
cort
provete massa
(g)
volume
(m3)
Mv
(kg/m3)
DP
(kg/m3)
CV (%) média
(kg/m3)
provete massa
(g)
volume
(m3)
Mv
(kg/m3)
DP
(kg/m3)
CV
(%)
média
(kg/m3)
E7 482,28 0,00026 1883,91
8,17 0,43 1885,43
F7 215,97 0,00026 843,63
20,47 2,39 854,56
E8 478,89 0,00026 1870,66 F8 220,69 0,00026 862,07
E9 482,47 0,00026 1884,65 F9 217,77 0,00026 850,66
E10 484,43 0,00026 1892,30 F10 210,66 0,00026 822,89
E11 484,65 0,00026 1893,16 F11 225,91 0,00026 882,46
E12 483,31 0,00026 1887,93 F12 221,61 0,00026 865,66
Argamassa GTrad
EPS
provete massa
(g)
volume
(m3)
Mv
(kg/m3)
DP
(kg/m3)
CV (%) média
(kg/m3)
G7 180,72 0,00026 705,94
20 2,92 683,21
G8 168,43 0,00026 657,93
G9 179,28 0,00026 700,31
G10 174,27 0,00026 680,74
G11 171,81 0,00026 671,13
Legenda: Mv – massa volúmica aparente, estado endurecido; DP – desvio padrão; CV – coeficiente de variação
A-8
Anexo A.4.5 – Resistência à compressão
Tabela A.4.5.1 – Resultados individuais do ensaio da resistência à compressão (argamassa industrial AInd
EPS)
Argamassa AInd
EPS (14 dias) Argamassa AInd
EPS (28 dias)
Amostra Fc (kN) Ac (m2) Rc (MPa) Amostra Fc (kN) Ac (m
2) Rc (MPa)
A 1-1 0,39 0,0016 0,24 A 6-1 0,56 0,0016 0,35
A 1-2 0,4 0,0016 0,25 A 6-2 0,56 0,0016 0,35
A 2-1 0,38 0,0016 0,24 A 7-1 0,51 0,0016 0,32
A 2-2 0,39 0,0016 0,24 A 7-2 0,5 0,0016 0,31
A 3-1 0,41 0,0016 0,26 A 8-1 0,67 0,0016 0,42
A 3-2 0,32 0,0016 0,20 A 8-2 0,63 0,0016 0,39
A 4-1 0,41 0,0016 0,26 A 9-1 0,62 0,0016 0,38
A 4-2 0,42 0,0016 0,26 A 9-2 0,66 0,0016 0,41
A 5-1 0,4 0,0016 0,25 A 10-1 0,54 0,0016 0,34
A 5-2 0,42 0,0016 0,26 A 10-2 0,58 0,0016 0,36
MÉDIA 0,25 A 11-1 0,57 0,0016 0,36
DP 0,018 A 11-2 0,57 0,0016 0,36
A 12-1 0,58 0,0016 0,36
A 12-2 0,57 0,0016 0,36
MÉDIA 0,36
DP 0,031
Legenda: Fc – carga de compressão máxima aplicada; Ac – área da secção comprimida; Rc - resistência à compressão;
DP – desvio padrão
Tabela A.4.5.2 – Resultados individuais do ensaio da resistência à compressão (argamassa industrial BInd
EPS)
Argamassa BInd
EPS (14 dias) Argamassa BInd
EPS (28 dias)
Amostra Fc (kN) Ac (m2) Rc (MPa) Amostra Fc (kN) Ac (m
2) Rc (MPa)
B 1-1 1,45 0,0016 0,91 B 7-1 1,64 0,0016 1,02
B 1-2 1,62 0,0016 1,01 B 7-2 1,68 0,0016 1,05
B 2-1 1,76 0,0016 1,10 B 8-1 1,69 0,0016 1,06
B 2-2 1,49 0,0016 0,93 B 8-2 1,85 0,0016 1,16
B 3-1 1,32 0,0016 0,83 B 9-1 2,27 0,0016 1,42
B 3-2 1,36 0,0016 0,85 B 9-2 2,36 0,0016 1,48
B 4-1 1,54 0,0016 0,96 B 10-1 2,25 0,0016 1,41
B 4-2 1,31 0,0016 0,82 B 10-2 2,19 0,0016 1,37
B 5-1 1,91 0,0016 1,194 B 11-1 2,35 0,0016 1,47
B 5-2 1,78 0,0016 1,11 B 11-2 2,33 0,0016 1,46
B 6-1 1,42 0,0016 0,89 B 12-1 1,71 0,0016 1,07
B 6-2 1,38 0,0016 0,86 B 12-2 1,64 0,0016 1,03
MÉDIA 0,96 MÉDIA 1,25
DP 0,124 DP 0,197
Legenda: Fc – carga de compressão máxima aplicada; Ac – área da secção comprimida; Rc – resistência à compressão;
DP – desvio padrão
A-9
Tabela A.4.5.3 – Resultados individuais do ensaio da resistência à compressão (argamassa industrial CInd
cort)
Argamassa CInd
cort (14 dias) Argamassa CInd
cort (28 dias)
Amostra Fc (kN) Ac (m2) Rc (MPa) Amostra Fc (kN) Ac (m
2) Rc (MPa)
C 1-1 5,41 0,0016 3,38 C 7-1 6,14 0,0016 3,84
C 1-2 5,19 0,0016 3,24 C 7-2 7,36 0,0016 4,60
C 2-1 5,97 0,0016 3,73 C 8-1 8,57 0,0016 5,36
C 2-2 4,48 0,0016 2,80 C 8-2 9,15 0,0016 5,72
C 3-1 4,47 0,0016 2,79 C 9-1 8,46 0,0016 5,29
C 3-2 4,84 0,0016 3,03 C 9-2 8,51 0,0016 5,32
C 4-1 3,4 0,0016 2,13 C 10-1 7,76 0,0016 4,85
C 4-2 4,07 0,0016 2,54 C 10-2 6,08 0,0016 3,80
C 5-1 3,7 0,0016 2,31 C 11-1 6,65 0,0016 4,16
C 5-2 3,82 0,0016 2,39 C 11-2 7,6 0,0016 4,75
C 6-1 4,5 0,0016 2,81 C 12-1 6,35 0,0016 3,97
C 6-2 3,97 0,0016 2,48 C 12-2 6,78 0,0016 4,24
MÉDIA 2,80 C 13-1 5,16 0,0016 3,23
DP 0,475 C 13-2 6,21 0,0016 3,88
C 14-1 6,4 0,0016 4
C 14-2 7,06 0,0016 4,41
C 15-1 6,62 0,0016 4,14
C 15-2 6,93 0,0016 4,33
MÉDIA 4,44
DP 0,662
Legenda: Fc – carga de compressão máxima aplicada; Ac – área da secção comprimida; Rc – resistência à compressão;
DP – desvio padrão
A-10
Tabela A.4.5.4 – Resultados individuais do ensaio da resistência à compressão (argamassa industrial DInd
cort)
Argamassa DInd
cort (14 dias) Argamassa DInd
cort (28 dias)
Amostra Fc (kN) Ac (m2) Rc (MPa) Amostra Fc (kN) Ac (m
2) Rc (MPa)
D 1-1 1,9 0,0016 1,19 D 7-1 3,55 0,0016 2,22
D 1-2 2,12 0,0016 1,33 D 7-2 3,41 0,0016 2,13
D 2-1 2,06 0,0016 1,29 D 8-1 3,59 0,0016 2,24
D 2-2 2,11 0,0016 1,32 D 8-2 3,46 0,0016 2,16
D 3-1 2,33 0,0016 1,46 D 9-1 3,22 0,0016 2,01
D 3-2 2,27 0,0016 1,42 D 9-2 3,02 0,0016 1,89
D 4-1 1,99 0,0016 1,24 D 10-1 3,62 0,0016 2,26
D 4-2 2,15 0,0016 1,34 D 10-2 3,37 0,0016 2,11
D 5-1 2,62 0,0016 1,64 D 11-1 3,67 0,0016 2,29
D 5-2 2,66 0,0016 1,66 D 11-2 3,79 0,0016 2,37
D 6-1 2,41 0,0016 1,51 D 12-1 3,29 0,0016 2,06
D 6-2 2,45 0,0016 1,53 D 12-2 3,29 0,0016 2,06
MÉDIA 1,41 D 13-1 3,31 0,0016 2,07
DP 0,151 D 13-2 3,53 0,0016 2,21
D 14-1 3,22 0,0016 2,01
D 14-2 2,65 0,0016 1,66
D 15-1 3,42 0,0016 2,14
D 15-2 3,1 0,0016 1,94
MÉDIA 2,10
DP 0,167
Legenda: Fc – carga de compressão máxima aplicada; Ac – área da secção comprimida; Rc – resistência à compressão;
DP – desvio padrão
A-11
Tabela A.4.5.5 – Resultados individuais do ensaio da resistência à compressão (argamassa tradicional ERef
)
Argamassa ERef
(14 dias) Argamassa ERef
(28 dias)
Amostra Fc (kN) Ac (m2) Rc (MPa) Amostra Fc (kN) Ac (m
2) Rc (MPa)
Ref 1-1 25,25 0,0016 15,78 Ref 7-1 25,86 0,0016 16,16
Ref 1-2 24,05 0,0016 15,03 Ref 7-2 27,74 0,0016 17,34
Ref 2-1 23,19 0,0016 14,49 Ref 8-1 23,82 0,0016 14,89
Ref 2-2 25,36 0,0016 15,85 Ref 8-2 28,52 0,0016 17,83
Ref 3-1 24,25 0,0016 15,16 Ref 9-1 22,13 0,0016 13,83
Ref 3-2 24,84 0,0016 15,53 Ref 9-2 24,42 0,0016 15,26
Ref 4-1 26,84 0,0016 16,78 Ref 10-1 26,81 0,0016 16,76
Ref 4-2 25,06 0,0016 15,66 Ref 10-2 26,06 0,0016 16,29
Ref 5-1 23,94 0,0016 14,96 Ref 11-1 27,11 0,0016 16,94
Ref 5-2 24,05 0,0016 15,03 Ref 11-2 25,81 0,0016 16,13
Ref 6-1 22,15 0,0016 13,84 Ref 12-1 23,99 0,0016 14,99
Ref 6-2 23,53 0,0016 14,71 Ref 12-2 25,59 0,0016 15,99
MÉDIA 15,23 Ref 13-1 25,97 0,0016 16,23
DP 0,753 Ref 13-2 26,31 0,0016 16,44
Ref 14-1 24,86 0,0016 15,54
Ref 14-2 28,18 0,0016 17,61
MÉDIA 16,14
DP 1,063
Legenda: Fc – carga de compressão máxima aplicada; Ac – área da secção comprimida; Rc – resistência à compressão;
DP – desvio padrão
A-12
Tabela A.4.5.6 – Resultados individuais do ensaio da resistência à compressão (argamassa tradicional FTrad
cort)
Argamassa FTrad
cort (14 dias) Argamassa FTrad
cort (28 dias)
Amostra Fc (kN) Ac (m2) Rc (MPa) Amostra Fc (kN) Ac (m
2) Rc (MPa)
F 1-1 4,63 0,0016 2,89 F 7-1 3,26 0,0016 2,038
F 1-2 3,86 0,0016 2,41 F 7-2 3,47 0,0016 2,17
F 2-1 4,14 0,0016 2,59 F 8-1 3,34 0,0016 2,09
F 2-2 4,11 0,0016 2,57 F 8-2 3,19 0,0016 1,99
F 3-1 3,65 0,0016 2,28 F 9-1 3,22 0,0016 2,01
F 3-2 3,43 0,0016 2,14 F 9-2 3,57 0,0016 2,23
F 4-1 3,63 0,0016 2,27 F 10-1 3,34 0,0016 2,09
F 4-2 3,77 0,0016 2,36 F 10-2 3,12 0,0016 1,95
F 5-1 4,2 0,0016 2,63 F 11-1 3,39 0,0016 2,12
F 5-2 3,71 0,0016 2,32 F 11-2 3,2 0,0016 2
F 6-1 3,45 0,0016 2,16 F 12-1 3,21 0,0016 2,01
F 6-2 3,56 0,0016 2,23 F 12-2 3,24 0,0016 2,03
MÉDIA 2,40 F 13-1 3,59 0,0016 2,24
DP 0,224 F 13-2 3,41 0,0016 2,13
F 14-1 3,63 0,0016 2,27
F 14-2 3,55 0,0016 2,22
F 15-1 3,37 0,0016 2,11
F 15-2 2,73 0,0016 1,71
MÉDIA 2,08
DP 0,133
Legenda: Fc – carga de compressão máxima aplicada; Ac – área da secção comprimida; Rc – resistência à compressão;
DP – desvio padrão
Tabela A.4.5.7 – Resultados individuais do ensaio da resistência à compressão (argamassa tradicional GTrad
EPS)
Argamassa GTrad
EPS (14 dias) Argamassa GTrad
EPS (28 dias)
Amostra Fc (kN) Ac (m2) Rc (MPa) Amostra Fc (kN) Ac (m
2) Rc (MPa)
G 1-1 3,71 0,0016 2,32 G 7-1 4,67 0,0016 2,92
G 1-2 3,4 0,0016 2,13 G 7-2 4,9 0,0016 3,06
G 2-1 3,62 0,0016 2,27 G 8-1 3,37 0,0016 2,11
G 2-2 4,48 0,0016 2,80 G 8-2 4,1 0,0016 2,56
G 3-1 2,64 0,0016 1,65 G 9-1 4,92 0,0016 3,08
G 3-2 2,7 0,0016 1,69 G 9-2 3,66 0,0016 2,29
G 4-1 2,35 0,0016 1,47 G 10-1 4,9 0,0016 3,06
G 4-2 1,82 0,0016 1,14 G 10-2 2,32 0,0016 1,45
G 5-1 3,17 0,0016 1,98 G 11-1 4,31 0,0016 2,69
G 5-2 2,31 0,0016 1,44 G 11-2 3,15 0,0016 1,97
G 6-1 1,99 0,0016 1,24 G 12-1 2,02 0,0016 1,26
G 6-2 3,37 0,0016 2,11 G 12-2 1,84 0,0016 1,15
MÉDIA 1,85 MÉDIA 2,30
DP 0,495 DP 0,716
Legenda: Fc – carga de compressão máxima aplicada; Ac – área da secção comprimida; Rc – resistência à compressão;
DP – desvio padrão
A-13
Anexo A.4.6 – Resistência à tração por flexão
Tabela A.4.6.1 – Resultados individuais do ensaio da resistência à tração por flexão (argamassa industrial AInd
EPS)
Argamassa AInd
EPS (14 dias) Argamassa AInd
EPS (28 dias)
Amostra Massa
(g) Ft
(kN) L
(m) b
(m) d (m)
Rt (MPa)
Amostra Massa
(g) Ft
(kN) L
(m) b
(m) d (m)
Rt (MPa)
A1 66,45 0,049 0,1 0,04 0,04 0,11 A6 58,13 0,096 0,1 0,04 0,04 0,23
A2 62,91 0,055 0,1 0,04 0,04 0,13 A7 55,67 0,078 0,1 0,04 0,04 0,18
A3 57,48 0,052 0,1 0,04 0,04 0,12 A8 66,04 0,097 0,1 0,04 0,04 0,23
A4 59,62 0,06 0,1 0,04 0,04 0,14 A9 65,61 0,096 0,1 0,04 0,04 0,23
A5 63,4 0,059 0,1 0,04 0,04 0,14 A10 57,52 0,085 0,1 0,04 0,04 0,20
MÉDIA 0,13 A11 60,48 0,081 0,1 0,04 0,04 0,19
DP 0,011 A12 59,93 0,085 0,1 0,04 0,04 0,20
MÉDIA 0,21
DP 0,018
Legenda: Ft – carga máxima aplicada; L – distância entre os apoios da máquina; b – largura do provete; d – espessura do
provete; Rt – resistência à tração por flexão; DP – desvio padrão
Tabela A.4.6.2 – Resultados individuais do ensaio da resistência à tração por flexão (argamassa industrial BInd
EPS)
Argamassa BInd
EPS (14 dias) Argamassa BInd
EPS (28 dias)
Amostra Massa
(g)
Ft
(kN)
L
(m)
b
(m) d (m)
Rt
(MPa) Amostra
Massa
(g)
Ft
(kN)
L
(m)
b
(m) d (m)
Rt
(MPa)
B1 113,5 0,317 0,1 0,04 0,04 0,74 B7 107,5 0,303 0,1 0,04 0,04 0,71
B2 115,2 0,294 0,1 0,04 0,04 0,69 B8 104,89 0,328 0,1 0,04 0,04 0,77
B3 108,5 0,233 0,1 0,04 0,04 0,55 B9 115,46 0,332 0,1 0,04 0,04 0,78
B4 107,1 0,257 0,1 0,04 0,04 0,60 B10 113,48 0,356 0,1 0,04 0,04 0,83
B5 111,8 0,343 0,1 0,04 0,04 0,80 B11 114,19 0,336 0,1 0,04 0,04 0,79
B6 109,6 0,239 0,1 0,04 0,04 0,56 B12 107,38 0,307 0,1 0,04 0,04 0,72
MÉDIA 0,66 MÉDIA 0,77
DP 0,104 DP 0,046
Legenda: Ft – carga máxima aplicada; L – distância entre os apoios da máquina; b – largura do provete; d – espessura do
provete; Rt – resistência à tração por flexão; DP – desvio padrão
A-14
Tabela A.4.6.3 – Resultados individuais do ensaio da resistência à tração por flexão (argamassa industrial CInd
cort)
Argamassa CInd
cort (14 dias) Argamassa CInd
cort (28 dias)
Amostra Massa
(g) Ft
(kN) L
(m) b
(m) d (m)
Rt (MPa)
Amostra Massa
(g) Ft
(kN) L
(m) b
(m) d (m)
Rt (MPa)
C1 232,81 0,571 0,1 0,04 0,04 1,34 C7 219 0,766 0,1 0,04 0,04 1,80
C2 225,23 0,557 0,1 0,04 0,04 1,31 C8 223,2 0,985 0,1 0,04 0,04 2,31
C3 228,7 0,532 0,1 0,04 0,04 1,25 C9 220,8 0,891 0,1 0,04 0,04 2,09
C4 224,21 0,494 0,1 0,04 0,04 1,16 C10 216,7 0,806 0,1 0,04 0,04 1,89
C5 224,56 0,456 0,1 0,04 0,04 1,07 C11 226,3 0,756 0,1 0,04 0,04 1,77
C6 225,07 0,448 0,1 0,04 0,04 1,05 C12 219,4 0,625 0,1 0,04 0,04 1,46
MÉDIA 1,20 C13 219,5 0,871 0,1 0,04 0,04 2,04
DP 0,121 C14 215,9 0,754 0,1 0,04 0,04 1,77
C15 217,1 0,807 0,1 0,04 0,04 1,89
MÉDIA 1,89
DP 0,238
Legenda: Ft – carga máxima aplicada; L – distância entre os apoios da máquina; b – largura do provete; d – espessura do
provete; Rt – resistência à tração por flexão; DP – desvio padrão
Tabela A.4.6.4 – Resultados individuais do ensaio da resistência à tração por flexão (argamassa industrial DInd
cort)
Argamassa DInd
cort (14 dias) Argamassa DInd
cort (28 dias)
Amostra Massa
(g) Ft
(kN) L
(m) b
(m) d (m)
Rt (MPa)
Amostra Massa
(g) Ft
(kN) L
(m) b
(m) d (m)
Rt (MPa)
D1 174,4 0,37 0,1 0,04 0,04 0,87 D7 164,05 0,451 0,1 0,04 0,04 1,06
D2 165,3 0,298 0,1 0,04 0,04 0,70 D8 166,35 0,502 0,1 0,04 0,04 1,18
D3 172,6 0,3 0,1 0,04 0,04 0,70 D9 160,73 0,434 0,1 0,04 0,04 1,02
D4 174,6 0,282 0,1 0,04 0,04 0,66 D10 165,12 0,535 0,1 0,04 0,04 1,25
D5 165,7 0,407 0,1 0,04 0,04 0,95 D11 168,93 0,58 0,1 0,04 0,04 1,36
D6 168,5 0,311 0,1 0,04 0,04 0,73 D12 160,88 0,484 0,1 0,04 0,04 1,13
MÉDIA 0,77 D13 165,76 0,531 0,1 0,04 0,04 1,24
DP 0,115 D14 161,83 0,369 0,1 0,04 0,04 0,86
D15 166,77 0,445 0,1 0,04 0,04 1,04
MÉDIA 1,13
DP 0,149
Legenda: Ft – carga máxima aplicada; L – distância entre os apoios da máquina; b – largura do provete; d – espessura do
provete; Rt – resistência à tração por flexão; DP – desvio padrão
A-15
Tabela A.4.6.5 – Resultados individuais do ensaio da resistência à tração por flexão (argamassa tradicional ERef
)
Argamassa ERef
(14 dias) Argamassa ERef
(28 dias)
Amostra Massa
(g) Ft
(kN) L
(m) b
(m) d (m)
Rt (MPa)
Amostra Massa
(g) Ft
(kN) L
(m) b
(m) d (m)
Rt (MPa)
E1 485,49 1,139 0,1 0,04 0,04 2,67 E7 482,28 1,462 0,1 0,04 0,04 3,43
E2 487,71 1,271 0,1 0,04 0,04 2,98 E8 478,89 1,215 0,1 0,04 0,04 2,85
E3 479,94 1,331 0,1 0,04 0,04 3,12 E9 482,47 1,289 0,1 0,04 0,04 3,02
E4 482,79 1,153 0,1 0,04 0,04 2,70 E10 484,43 1,443 0,1 0,04 0,04 3,38
E5 485,35 1,188 0,1 0,04 0,04 2,78 E11 484,65 1,581 0,1 0,04 0,04 3,71
E6 484,47 1,128 0,1 0,04 0,04 2,64 E12 483,31 1,569 0,1 0,04 0,04 3,68
MÉDIA 2,82 E13 483,53 1,533 0,1 0,04 0,04 3,59
DP 0,191 E14 486,19 1,507 0,1 0,04 0,04 3,53
E15 483,08 1,587 0,1 0,04 0,04 3,72
MÉDIA 3,43
DP 0,309
Legenda: Ft – carga máxima aplicada; L – distância entre os apoios da máquina; b – largura do provete; d – espessura do
provete; Rt – resistência à tração por flexão; DP – desvio padrão
Tabela A.4.6.6 – Resultados individuais do ensaio da resistência à tração por flexão (argamassa tradicional FTrad
cort)
Argamassa FTrad
cort (14 dias) Argamassa FTrad
cort (28 dias)
Amostra Massa
(g) Ft
(kN) L
(m) b
(m) d (m)
Rt (MPa)
Amostra Massa
(g) Ft
(kN) L
(m) b
(m) d (m)
Rt (MPa)
F1 229,2 0,51 0,1 0,04 0,04 1,20 F7 215,97 0,48 0,1 0,04 0,04 1,13
F2 229,85 0,526 0,1 0,04 0,04 1,23 F8 220,69 0,523 0,1 0,04 0,04 1,23
F3 225,04 0,5 0,1 0,04 0,04 1,17 F9 217,77 0,498 0,1 0,04 0,04 1,17
F4 216,78 0,495 0,1 0,04 0,04 1,16 F10 210,66 0,46 0,1 0,04 0,04 1,08
F5 228,11 0,548 0,1 0,04 0,04 1,28 F11 231,53 0,475 0,1 0,04 0,04 1,11
F6 221,02 0,489 0,1 0,04 0,04 1,15 F12 225,91 0,514 0,1 0,04 0,04 1,20
MÉDIA 1,20 MÉDIA 1,15
DP 0,052 DP 0,056
Legenda: Ft – carga máxima aplicada; L – distância entre os apoios da máquina; b – largura do provete; d – espessura do
provete; Rt – resistência à tração por flexão; DP – desvio padrão
A-16
Tabela A.4.6.7 – Resultados individuais do ensaio da resistência à tração por flexão (argamassa tradicional GTrad
EPS)
Argamassa GTrad
EPS (14 dias) Argamassa GTrad
EPS (28 dias)
Amostra Massa
(g) Ft
(kN) L
(m) b
(m) d (m)
Rt (MPa)
Amostra Massa
(g) Ft
(kN) L
(m) b
(m) d (m)
Rt (MPa)
G1 178,8 0,367 0,1 0,04 0,04 0,86 G7 180,72 0,388 0,1 0,04 0,04 0,91
G2 179,75 0,395 0,1 0,04 0,04 0,93 G8 168,43 0,29 0,1 0,04 0,04 0,68
G3 160,28 0,436 0,1 0,04 0,04 1,02 G9 179,28 0,432 0,1 0,04 0,04 1,01
G4 152,41 0,344 0,1 0,04 0,04 0,81 G10 174,27 0,369 0,1 0,04 0,04 0,86
G5 160,78 0,291 0,1 0,04 0,04 0,68 G11 171,81 0,355 0,1 0,04 0,04 0,83
G6 161,57 0,389 0,1 0,04 0,04 0,91 G12 151,98 0,41 0,1 0,04 0,04 0,96
MÉDIA 0,87 MÉDIA 0,88
DP 0,116 DP 0,116
Legenda: Ft – carga máxima aplicada; L – distância entre os apoios da máquina; b – largura do provete; d – espessura do
provete; Rt – resistência à tração por flexão; DP – desvio padrão
A-17
Anexo A.4.7 – Tensão de aderência ao suporte
Tabela A.4.7.1 – Resultados individuais do ensaio da aderência ao suporte (argamassa industrial AInd
EPS)
Argamassa AInd
EPS (14 dias) Argamassa AInd
EPS (28 dias)
tijolos (3cm)
Amostra Fu
(kN) A (m
2)
fu (MPa)
Rotura tijolos (3cm)
Amostra Fu
(kN) A (m
2)
fu (MPa)
Rotura
TA 1
TA 1-1 (-) 0,0016 (-) (-)
TA 2
TA 1-1 0,114 0,0016 0,071 coesiva
TA 1-2 0,115 0,0016 0,072 coesiva TA 1-2 0,11 0,0016 0,069 coesiva
TA 1-3 0,071 0,0016 0,044 coesiva TA 1-3 0,103 0,0016 0,064 coesiva
TA 2
TA 2-1 0,139 0,0016 0,087 coesiva
TA 3
TA 2-1 (-) 0,0016 (-) (-)
TA 2-2 0,135 0,0016 0,084 coesiva TA 2-2 0,11 0,0016 0,07 coesiva
TA 2-3 0,145 0,0016 0,091 coesiva TA 2-3 0,119 0,0016 0,07 coesiva
MÉDIA 0,08 MÉDIA 0,07
DP 0,018 DP 0,004
Legenda: Fu – força de arrancamento; A – área da secção do provete; fu – tensão de aderência; DP – desvio padrão; (-) –
ensaio nulo
Tabela A.4.7.2 – Resultados individuais do ensaio da aderência ao suporte (argamassa industrial BInd
EPS)
Argamassa BInd
EPS (14 dias) Argamassa BInd
EPS (28 dias)
tijolos (3cm)
Amostra Fu
(kN) A (m
2)
fu (MPa)
Rotura tijolos (3cm)
Amostra Fu
(kN) A (m
2)
fu (MPa)
Rotura
TB 1
TB 1-1 0,349 0,0016 0,22 adesiva
TB 3
TB 3-1 (-) 0,0016 (-) (-)
TB 1-2 0,387 0,0016 0,24 adesiva TB 3-2 (-) 0,0016 (-) (-)
TB 1-3 0,384 0,0016 0,24 adesiva TB 3-3 0,37 0,0016 0,23 adesiva
TB 2
TB 2-1 0,446 0,0016 0,28 adesiva
TB 4
TB 4-1 (-) 0,0016 (-) (-)
TB 2-2 0,542 0,0016 0,34 adesiva TB 4-2 0,3 0,0016 0,19 adesiva
TB 2-3 0,208 0,0016 0,13 adesiva TB 4-3 0,354 0,0016 0,22 adesiva
MÉDIA 0,24 MÉDIA 0,21
DP 0,069 DP 0,022
Legenda: Fu – força de arrancamento; A – área da secção do provete; fu – tensão de aderência; DP – desvio padrão; (-)
ensaio nulo
Tabela A.4.7.3 – Resultados individuais do ensaio da aderência ao suporte (argamassa industrial CInd
cort)
Argamassa CInd
cort (14 dias) Argamassa CInd
cort (28 dias)
tijolos
(3cm) Amostra
Fu
(kN) A (m
2)
fu
(MPa) Rotura
tijolos
(3cm) Amostra
Fu
(kN) A (m
2)
fu
(MPa) Rotura
TC 1
TC 1-1 (-) 0,0016 (-) (-)
TC 3
TC 3-1 0,393 0,0016 0,25 adesiva
TC 1-2 0,27 0,0016 0,17 adesiva TC 3-2 0,715 0,0016 0,45 adesiva
TC 1-3 0,248 0,0016 0,16 adesiva TC 3-3 0,302 0,0016 0,19 adesiva
TC 2
TC 2-1 (-) 0,0016 (-) (-)
TC 4
TC 4-1 0,486 0,0016 0,30 adesiva
TC 2-2 0,104 0,0016 0,07 adesiva TC 4-2 1,004 0,0016 0,63 adesiva
TC 2-3 (-) 0,0016 (-) (-) TC 4-3 (-) 0,0016 (-) adesiva
MÉDIA 0,13 MÉDIA 0,36
DP 0,056 DP 0,176
Legenda: Fu – força de arrancamento; A – área da secção do provete; fu – tensão de aderência; DP – desvio padrão; (-) –
ensaio nulo
A-18
Tabela A.4.7.4 – Resultados individuais do ensaio da aderência ao suporte (argamassa industrial DInd
cort)
Argamassa DInd
cort (14 dias) Argamassa DInd
cort (28 dias)
tijolos
(3cm) Amostra
Fu
(kN) A (m
2)
fu
(MPa) Rotura
tijolos
(3cm) Amostra
Fu
(kN) A (m
2)
fu
(MPa) Rotura
TD 1
TD 1-1 0,31 0,0016 0,19 adesiva
TD 3
TD 3-1 0,337 0,0016 0,21 adesiva
TD 1-2 0,286 0,0016 0,18 adesiva TD 3-2 0,474 0,0016 0,30 adesiva
TD 1-3 0,571 0,0016 0,36 adesiva TD 3-3 0,58 0,0016 0,36 adesiva
TD 2
TD 2-1 0,448 0,0016 0,28 adesiva
TD 4
TD 4-1 0,209 0,0016 0,13 adesiva
TD 2-2 0,563 0,0016 0,35 adesiva TD 4-2 0,535 0,0016 0,33 adesiva
TD 2-3 0,445 0,0016 0,28 adesiva TD 4-3 0,653 0,0016 0,41 adesiva
MÉDIA 0,27 MÉDIA 0,29
DP 0,075 DP 0,102
Legenda: Fu – força de arrancamento; A – área da secção do provete; fu – tensão de aderência; DP – desvio padrão
Tabela A.4.7.5 – Resultados individuais do ensaio da aderência ao suporte (argamassa tradicional ERef
)
Argamassa ERef
(28 dias)
tijolos (3cm) Amostra Fu (kN) A (m2) fu (MPa) Rotura
TE 1
TE 1-1 0,57 0,0016 0,36 adesiva
TE 1-2 0,489 0,0016 0,31 adesiva
TE 1-3 0,596 0,0016 0,37 adesiva
TE 2
TE 2-1 0,486 0,0016 0,30 adesiva
TE 2-2 0,438 0,0016 0,27 adesiva
TE 2-3 0,415 0,0016 0,26 adesiva
MÉDIA 0,31
DP 0,044
Legenda: Fu – força de arrancamento; A – área da secção do provete; fu – tensão de aderência; DP – desvio padrão
Tabela A.4.7.6 – Resultados individuais do ensaio da aderência ao suporte (argamassa tradicional FTrad
cort)
Argamassa FTrad
cort (14 dias) Argamassa FTrad
cort (28 dias)
tijolos (3cm)
Amostra Fu
(kN) A (m
2)
fu (MPa)
Rotura tijolos (3cm)
Amostra Fu
(kN) A (m
2)
fu (MPa)
Rotura
TF 1
TF 1-1 0,248 0,0016 0,16 adesiva
TF 3
TF 3-1 0,134 0,0016 0,083 adesiva
TF 1-2 0,225 0,0016 0,14 adesiva TF 3-2 (-) 0,0016 (-) (-)
TF 1-3 0,377 0,0016 0,24 adesiva TF 3-3 0,236 0,0016 0,15 adesiva
TF 2
TF 2-1 0,139 0,0016 0,087 adesiva
TF 4
TF 4-1 0,107 0,0016 0,067 adesiva
TF 2-2 0,287 0,0016 0,18 adesiva TF 4-2 0,135 0,0016 0,08 adesiva
TF 2-3 (-) 0,0016 (-) (-) TF 4-3 0,265 0,0016 0,17 adesiva
MÉDIA 0,16 MÉDIA 0,11
DP 0,0544 DP 0,043
Legenda: Fu – força de arrancamento; A – área da secção do provete; fu – tensão de aderência; DP – desvio padrão; (-) –
ensaio nulo
A-19
Tabela A.4.7.7 – Resultados individuais do ensaio da aderência ao suporte (argamassa tradicional GTrad
EPS)
Argamassa GTrad
EPS (14 dias) Argamassa GTrad
EPS (28 dias)
tijolos
(3cm) Amostra
Fu
(kN) A (m
2)
fu
(MPa) Rotura
tijolos
(3cm) Amostra
Fu
(kN) A (m
2)
fu
(MPa) Rotura
TG 1
TG 1-1 0,403 0,0016 0,25 adesiva
TG 3
TG 3-1 0,299 0,0016 0,19 adesiva
TG 1-2 0,256 0,0016 0,16 adesiva TG 3-2 0,47 0,0016 0,29 adesiva
TG 1-3 0,148 0,0016 0,093 adesiva TG 3-3 0,313 0,0016 0,20 adesiva
TG 2
TG 2-1 (-) 0,0016 (-) (-)
TG 4
TG 4-1 0,225 0,0016 0,14 adesiva
TG 2-2 0,212 0,0016 0,13 adesiva TG 4-2 (-) 0,0016 (-) adesiva
TG 2-3 (-) 0,0016 (-) (-) TG 4-3 (-) 0,0016 (-) adesiva
MÉDIA 0,16 MÉDIA 0,20
DP 0,067 DP 0,064
Legenda: Fu – força de arrancamento; A – área da secção do provete; fu – tensão de aderência; DP – desvio padrão; (-) –
ensaio nulo
A-20
Anexo A.4.8 – Módulo de elasticidade dinâmico
Tabela A.4.8.1 – Resultados individuais do ensaio do módulo de elasticidade dinâmico aos 28 dias
Argamassas Amostra Massa (g) Flexão (kHz)* Torção (kHz)* Ed (MPa) Poisson ()
Industrial
A1 54,00 0,80 0,78 80 0,300
A2 53,00 0,79 0,79 70 0,300
A3 52,06 0,75 0,77 60 0,300
B1 111,80 1,61 2,18 620 0,225
B2 112,01 1,60 1,61 620 0,300
B3 113,20 1,59 2,17 610 0,203
C1 219,00 2,02 2,80 1890 0,162
C2 223,20 2,17 3,05 2220 0,127
C3 220,80 2,17 2,97 2210 0,195
D1 174,97 1,75 2,42 1130 0,168
D2 172,97 1,78 2,48 1160 0,148
D3 175,86 1,79 2,50 1190 0,142
Tradicional
E1 490,34 3,81 3,84 15300 0,300
E2 483,37 3,79 3,79 14930 0,300
E3 486,85 3,81 3,81 15190 0,300
F1 216,38 1,75 2,41 1400 0,179
F2 211,26 1,78 2,42 1420 0,214
F3 220,78 1,76 2,36 1460 0,254
G1 180,72 2,35 3,33 2100 0,107
G2 168,43 2,14 3,09 1620 0,063
G3 179,28 2,46 3,22 2340 0,328
Legenda: Ed – módulo de elasticidade dinâmico; *os valores das frequências de ressonância dos modos de vibração à
flexão e à torção serviram para determinar o módulo de elasticidade e o coeficiente de poisson, respetivamente
A-21
Anexo A.4.9 – Velocidade de propagação das ondas ultra-sónicas
(método direto)
Tabela A.4.9.1 – Resultados individuais da velocidade de propagação das ondas ultra-sónicas (argamassa industrial
AInd
EPS)
Argamassa AInd
EPS (14 dias) Argamassa AInd
EPS (28 dias)
Amostra Massa
(g) L
(mm) T1 (us)
T2 (us)
T3 (us)
Tmédio (us)
V (m/s)
Amostra Massa
(g) L
(mm) T1 (us)
T2 (us)
T3 (us)
Tmédio (us)
V (m/s)
A1 66,45 160 190 194 191 191,7 834,8 A6 58,13 160 179 178 180 179,0 893,9
A2 62,91 160 185 185 182 184,0 869,6 A7 55,67 160 184 185 186 185,0 864,9
A3 57,48 160 186 189 189 188,0 851,1 A8 66,04 160 177 174 175 175,3 912,5
A4 59,62 160 189 190 192 190,3 840,6 A9 65,61 160 175 174 175 174,7 916,0
A5 63,4 160 189 188 186 187,7 852,6 A10 57,52 160 179 180 181 180,0 888,9
V MÉDIA 849,7 A11 60,48 160 184 186 185 185,0 864,9
DP 13,3 A12 59,93 160 182 182 181 181,7 880,7
V MÉDIA 888,8
DP 20,6
Legenda: L - distância percorrida pelas ondas; T1, T2, T3 – tempo que a onda ultra-sónica demora a percorrer o provete; V –
velocidade de propagação das ondas; DP – desvio padrão
Tabela A.4.9.2 – Resultados individuais da velocidade de propagação das ondas ultra-sónicas (argamassa industrial
BInd
EPS)
Argamassa BInd
EPS (14 dias) Argamassa BInd
EPS (28 dias)
Amostra Massa
(g)
L
(mm)
T1
(us)
T2
(us)
T3
(us)
Tmédio
(us)
V
(m/s) Amostra
Massa
(g)
L
(mm)
T1
(us)
T2
(us)
T3
(us)
Tmédio
(us)
V
(m/s)
B1 113,5 160 119 119 119 119,0 1344,5 B7 107,5 160 117 115 117 116,3 1375,4
B2 115,2 160 115 115 116 115,3 1387,3 B8 104,89 160 114 115 116 115,0 1391,3
B3 108,5 160 114 115 117 115,3 1387,3 B9 115,46 160 111 112 113 112,0 1428,6
B4 107,1 160 116 118 118 117,3 1363,6 B10 113,48 160 111 112 113 112,0 1428,6
B5 111,8 160 114 114 115 114,3 1399,4 B11 114,19 160 110 112 113 111,7 1432,8
B6 109,6 160 115 115 116 115,3 1387,3 B12 107,38 160 113 112 114 113,0 1415,9
V MÉDIA 1378,2 V MÉDIA 1412,1
DP 20,2 DP 23,5
Legenda: L - distância percorrida pelas ondas; T1, T2, T3 – tempo que a onda ultra-sónica demora a percorrer o provete; V –
velocidade de propagação das ondas; DP – desvio padrão
A-22
Tabela A.4.9.3 – Resultados individuais da velocidade de propagação das ondas ultra-sónicas (argamassa industrial
CInd
cort)
Argamassa CInd
cort (14 dias) Argamassa CInd
cort (28 dias)
Amostra Massa
(g) L
(mm) T1 (us)
T2 (us)
T3 (us)
Tmédio (us)
V (m/s)
Amostra Massa
(g) L
(mm) T1 (us)
T2 (us)
T3 (us)
Tmédio (us)
V (m/s)
C1 232,81 160 93 94 95 94,0 1702,1 C7 219 160 90 92 96 92,7 1726,6
C2 225,23 160 93 94 95 94,0 1702,1 C8 223,2 160 87 87 88 87,3 1832,1
C3 228,7 160 93 92 92 92,3 1732,9 C9 220,8 160 88 90 89 89,0 1797,8
C4 224,21 160 92 91 92 91,7 1745,5 C10 216,7 160 91 90 89 90,0 1777,8
C5 224,56 160 93 93 94 93,3 1714,3 C11 226,3 160 87 89 90 88,7 1804,5
C6 225,07 160 93 94 91 92,7 1726,6 C12 219,4 160 90 89 91 90,0 1777,8
V MÉDIA 1720,6 C13 219,5 160 90 89 91 90,0 1777,8
DP 17,5 C14 219,9 160 89 90 91 90,0 1777,8
C15 217,1 160 92 93 90 91,7 1745,5
V MÉDIA 1779,7
DP 31,0
Legenda: L - distância percorrida pelas ondas; T1, T2, T3 – tempo que a onda ultra-sónica demora a percorrer o provete; V –
velocidade de propagação das ondas; DP – desvio padrão
Tabela A.4.9.4 – Resultados individuais da velocidade de propagação das ondas ultra-sónicas (argamassa industrial
DInd
cort)
Argamassa DInd
cort (14 dias) Argamassa DInd
cort (28 dias)
Amostra Massa
(g)
L
(mm)
T1
(us)
T2
(us)
T3
(us)
Tmédio
(us)
V
(m/s) Amostra
Massa
(g)
L
(mm)
T1
(us)
T2
(us)
T3
(us)
Tmédio
(us)
V
(m/s)
D1 174,4 160 118 119 118 118,3 1352,1 D7 164,05 160 108 110 113 110,3 1450,2
D2 165,3 160 119 119 120 119,3 1340,8 D8 166,35 160 108 107 106 107,0 1495,3
D3 172,6 160 119 119 120 119,3 1340,8 D9 160,73 160 107 107 108 107,3 1490,7
D4 174,6 160 122 124 124 123,3 1297,3 D10 165,12 160 113 115 114 114,0 1403,5
D5 165,7 160 112 113 113 112,7 1420,1 D11 168,93 160 109 110 111 110,0 1454,5
D6 168,5 160 116 116 117 116,3 1375,4 D12 160,88 160 109 108 109 108,7 1472,4
V MÉDIA 1354,4 D13 165,76 160 109 110 111 110,0 1454,5
DP 41,0 D14 161,83 160 107 110 109 108,7 1472,4
D15 166,77 160 111 112 107 110,0 1454,5
V MÉDIA 1460,9
DP 27,1
Legenda: L - distância percorrida pelas ondas; T1, T2, T3 – tempo que a onda ultra-sónica demora a percorrer o provete; V –
velocidade de propagação das ondas; DP – desvio padrão
A-23
Tabela A.4.9.5 – Resultados individuais da velocidade de propagação das ondas ultra-sónicas (argamassa tradicional
ERef
)
Argamassa ERef
(14 dias) Argamassa ERef
(28 dias)
Amostra Massa
(g) L
(mm) T1 (us)
T2 (us)
T3 (us)
Tmédio (us)
V (m/s)
Amostra Massa
(g) L
(mm) T1 (us)
T2 (us)
T3 (us)
Tmédio (us)
V (m/s)
E1 485,49 160 54 55 55 54,7 2926,8 E7 482,28 160 50 52 53 51,7 3096,8
E2 487,71 160 53 54 53 53,3 3000,0 E8 478,89 160 50 50 50 50,0 3200,0
E3 479,94 160 54 53 53 53,3 3000,0 E9 482,47 160 49 50 50 49,7 3221,5
E4 482,79 160 50 51 51 50,7 3157,9 E10 484,43 160 47 48 48 47,7 3356,6
E5 485,35 160 49 50 51 50,0 3200,0 E11 484,65 160 46 47 48 47,0 3404,3
E6 484,47 160 49 49 50 49,3 3243,2 E12 483,31 160 47 48 49 48,0 3333,3
V MÉDIA 3088,0 E13 483,53 160 47 50 48 48,3 3310,3
DP 128,8 E14 486,19 160 46 48 49 47,7 3356,6
E15 483,08 160 48 49 49 48,7 3287,7
V MÉDIA 3285,2
DP 96,3
Legenda: L - distância percorrida pelas ondas; T1, T2, T3 – tempo que a onda ultra-sónica demora a percorrer o provete; V –
velocidade de propagação das ondas; DP – desvio padrão
Tabela A.4.9.6 – Resultados individuais da velocidade de propagação das ondas ultra-sónicas (argamassa tradicional
FTrad
cort)
Argamassa FTrad
cort (14 dias) Argamassa FTrad
cort (28 dias)
Amostra Massa
(g)
L
(mm)
T1
(us)
T2
(us)
T3
(us)
Tmédio
(us)
V
(m/s) Amostra
Massa
(g)
L
(mm)
T1
(us)
T2
(us)
T3
(us)
Tmédio
(us)
V
(m/s)
F1 229,2 160 88 90 93 90,3 1771,2 F7 215,97 160 96 95 95 95,3 1678,3
F2 229,85 160 91 92 93 92,0 1739,1 F8 220,69 160 98 96 98 97,3 1643,8
F3 225,04 160 91 94 95 93,3 1714,3 F9 217,77 160 95 93 95 94,3 1696,1
F4 216,78 160 93 93 96 94,0 1702,1 F10 210,66 160 94 95 95 94,7 1690,1
F5 228,11 160 90 91 93 91,3 1751,8 F11 211,24 160 94 97 98 96,3 1660,9
F6 221,02 160 91 94 94 93,0 1720,4 F12 210,37 160 95 98 96 96,3 1660,9
V MÉDIA 1733,2 F13 231,53 160 94 98 91 94,3 1696,1
DP 25,7 F14 225,91 160 93 96 96 95,0 1684,2
F15 221,61 160 95 97 98 96,7 1655,2
V MÉDIA 1674,0
DP 19,3
Legenda: L - distância percorrida pelas ondas; T1, T2, T3 – tempo que a onda ultra-sónica demora a percorrer o provete; V –
velocidade de propagação das ondas; DP – desvio padrão
A-24
Tabela A.4.9.7 – Resultados individuais da velocidade de propagação das ondas ultra-sónicas (argamassa tradicional
GTrad
EPS)
Argamassa GTrad
EPS (14 dias) Argamassa GTrad
EPS (28 dias)
Amostra Massa
(g) L
(mm) T1 (us)
T2 (us)
T3 (us)
Tmédio (us)
V (m/s)
Amostra Massa
(g) L
(mm) T1 (us)
T2 (us)
T3 (us)
Tmédio (us)
V (m/s)
G1 178,8 160 73 71 74 72,7 2201,8 G7 180,72 160 72 75 76 74,3 2152,5
G2 179,75 160 70 69 72 70,3 2274,9 G8 168,43 160 72 73 71 72,0 2222,2
G3 160,28 160 73 72 72 72,3 2212,0 G9 179,28 160 71 71 70 70,7 2264,2
G4 152,41 160 79 77 75 77,0 2077,9 G10 174,27 160 71 72 74 72,3 2212,0
G5 160,78 160 72 74 73 73,0 2191,8 G11 171,88 160 76 71 73 73,3 2181,8
G6 161,57 160 72 70 75 72,3 2212,0 G12 156,16 160 76 77 76 76,3 2096,1
V MÉDIA 2195,1 G13 151,98 160 75 73 74 74,0 2162,2
DP 64,4 G14 149,04 160 72 77 78 75,7 2114,5
V MÉDIA 2175,7
DP 56,2
Legenda: L - distância percorrida pelas ondas; T1, T2, T3 – tempo que a onda ultra-sónica demora a percorrer o provete; V –
velocidade de propagação das ondas; DP – desvio padrão
A-25
Anexo A.4.10 – Velocidade aparente de propagação das ondas
ultra-sónicas (Método indireto – cálculo das médias)
Tabela A.4.10.1 – Resultados individuais do tempo de transição e da velocidade de propagação das ondas-ultra-
sónicas (argamassa industrial AInd
EPS)
Argamassa AInd
EPS (14 dias) Argamassa AInd
EPS (28 dias)
sentido tijolo d (mm) tm
(µs) Vap (m/s) d (mm) t1 (µs) t2 (µs) t3 (µs)
tm
(µs) Vap (m/s)
ESQ - DIRT
TA1
60 85 705,88 60 104 154 108 122 491,80
120 203 591,13 120 189 180 186 185 648,65
180 309 582,52 180 335 300 262 299 602,01
240 296 810,81 240 316 270 275 287 836,24
TA2
60 90 666,67 60 105 115 112 111 542,17
120 188 638,30 120 193 196 200 196 611,21
180 335 537,31 180 270 271 272 271 664,21
240 376 638,30 240 286 285 290 287 836,24
DIRT - ESQ
TA1
60 80 750,00 60 101 103 100 101 592,11
120 189 634,92 120 178 182 177 179 670,39
180 249 722,89 180 245 248 245 246 731,71
240 290 827,59 240 391 393 349 378 635,48
TA2
60 116 517,24 60 100 104 104 103 584,42
120 219 547,95 120 180 182 183 182 660,55
180 270 666,67 180 258 258 260 259 695,88
240 382 628,27 240 285 290 287 287 835,27
Legenda: d – distância percorrida pela onda; tm – tempo médio que a onda demora a percorrer a distância d; Vap –
velocidade aparente de propagação das ondas ultra-sónicas;
A-26
Tabela A.4.10.2 – Resultados individuais do tempo de transição e da velocidade de propagação das ondas-ultra-
sónicas (argamassa industrial BInd
EPS)
Argamassa BInd
EPS (14 dias) Argamassa BInd
EPS (28 dias)
sentido tijolo d
(mm) t1
(µs) t2
(µs) t3
(µs) tm
(µs) Vap (m/s)
d (mm)
t1 (µs)
t2 (µs)
t3 (µs)
tm (µs)
Vap (m/s)
ESQ - DIRT
TB1
60 102 102 104 103 584,42 60 86 86 88 87 692,31
120 128 129 129 129 932,64 120 107 108 114 110 1094,22
180 168 159 170 166 1086,52 180 182 185 178 182 990,83
240 184 186 185 185 1297,30 240 264 262 261 262 914,87
TB2
60 79 75 79 78 772,53 60 67 88 85 80 750,00
120 132 135 134 134 897,76 120 130 134 133 132 906,80
180 165 168 166 166 1082,16 180 125 124 129 126 1428,57
240 179 181 178 179 1338,29 240 143 146 182 157 1528,66
DIRT - ESQ
TB1
60 - - - - - 60 55 82 77 71 841,12
120 - - - - - 120 133 129 105 122 980,93
180 - - - - - 180 167 168 163 166 1084,34
240 - - - - - 240 257 264 265 262 916,03
TB2
60 74 74 76 75 803,57 60 74 103 44 74 814,48
120 127 126 127 127 947,37 120 87 102 103 97 1232,88
180 157 157 157 157 1146,50 180 119 159 159 146 1235,70
240 176 181 179 179 1343,28 240 179 179 180 179 1338,29
Legenda: d – distância percorrida pela onda; tm – tempo médio que a onda demora a percorrer a distância d; Vap –
velocidade aparente de propagação das ondas ultra-sónicas; (-) não foram obtidos valores
Tabela A.4.10.3 – Resultados individuais do tempo de transição e da velocidade de propagação das ondas ultra-
sónicas (argamassa industrial CInd
cort)
Argamassa CInd
cortiça (14 dias) Argamassa CInd
cortiça (28 dias)
sentido tijolo d
(mm)
t1
(µs)
t2
(µs)
t3
(µs)
tm
(µs)
Vap
(m/s)
d
(mm)
t1
(µs)
t2
(µs)
t3
(µs)
tm
(µs)
Vap
(m/s)
ESQ - DIRT
TC1
60 36 28 34 33 1836,73 60 31 26 30 29 2068,97
120 85 85 87 86 1400,78 120 101 103 85 96 1245,67
180 105 107 108 107 1687,50 180 128 128 130 129 1398,96
240 124 125 128 126 1909,81 240 170 150 169 163 1472,39
TC2
60 85 83 82 83 720,00 60 80 85 76 80 746,89
120 92 95 96 94 1272,08 120 97 99 76 91 1323,53
180 149 145 134 143 1261,68 180 140 146 141 142 1264,64
240 163 169 173 168 1425,74 240 203 183 171 186 1292,64
DIRT - ESQ
TC1
60 98 48 51 66 913,71 60 81 82 84 82 728,74
120 106 108 113 109 1100,92 120 110 112 111 111 1081,08
180 150 153 150 151 1192,05 180 130 133 135 133 1356,78
240 129 131 130 130 1846,15 240 173 199 177 183 1311,48
TC2
60 81 82 83 82 731,71 60 80 83 83 82 731,71
120 107 108 109 108 1111,11 120 125 107 128 120 1000,00
180 150 150 155 152 1186,81 180 150 151 142 148 1218,96
240 177 174 175 175 1368,82 240 179 218 204 200 1198,00
Legenda: d – distância percorrida pela onda; tm – tempo médio que a onda demora a percorrer a distância d; Vap –
velocidade aparente de propagação das ondas ultra-sónicas;
A-27
Tabela A.4.10.4 – Resultados individuais do tempo de transição e da velocidade de propagação das ondas ultra-
sónicas (argamassa industrial DInd
cort)
Argamassa DInd
cortiça (14 dias) Argamassa DInd
cortiça (28 dias)
sentido tijolo d
(mm) t1
(µs) t2
(µs) t3
(µs) tm
(µs) Vap (m/s)
d (mm)
t1 (µs)
t2 (µs)
t3 (µs)
tm (µs)
Vap (m/s)
ESQ - DIRT
TD1
60 39 41 37 39 1538,46 60 40 39 90 56 1065,09
120 135 106 138 126 949,87 120 105 103 107 105 1142,86
180 171 130 169 157 1148,94 180 175 181 173 176 1020,79
240 249 261 266 259 927,84 240 248 247 249 248 967,74
TD2
60 31 30 84 48 1241,38 60 41 39 34 38 1578,95
120 104 106 103 104 1150,16 120 104 107 106 106 1135,65
180 170 172 180 174 1034,48 180 181 127 186 165 1093,12
240 260 286 321 289 830,45 240 224 266 268 253 949,87
DIRT - ESQ
TD1
60 41 44 43 43 1406,25 60 100 105 45 83 720,00
120 136 225 141 167 717,13 120 129 132 133 131 913,71
180 166 171 169 169 1067,19 180 179 183 186 183 985,40
240 260 253 262 258 929,03 240 277 282 275 278 863,31
TD2
60 90 91 95 92 652,17 60 46 49 90 62 972,97
120 157 268 270 232 517,99 120 110 108 109 109 1100,92
180 231 364 364 320 563,09 180 198 204 187 196 916,81
240 300 326 330 319 753,14 240 276 280 281 279 860,22
Legenda: d – distância percorrida pela onda; tm – tempo médio que a onda demora a percorrer a distância d; Vap –
velocidade aparente de propagação das ondas ultra-sónicas;
Tabela A.4.10.5 – Resultados individuais do tempo de transição e da velocidade de propagação das ondas ultra-
sónicas (argamassa tradicional ERef
)
Argamassa ERef
(14 dias) Argamassa ERef
(28 dias)
sentido tijolo d
(mm)
t1
(µs)
t2
(µs)
t3
(µs)
tm
(µs)
Vap
(m/s)
d
(mm)
t1
(µs)
t2
(µs)
t3
(µs)
tm
(µs)
Vap
(m/s)
ESQ - DIRT
TE1
60 40 71 66 59 1016,95 60 65 67 68 67 900,00
120 50 49 53 51 2368,42 120 50 51 51 51 2368,42
180 90 88 86 88 2045,45 180 84 83 85 84 2142,86
240 125 126 125 125 1914,89 240 103 123 102 109 2195,12
TE2
60 69 65 67 67 895,52 60 59 60 59 59 1011,24
120 53 55 57 55 2181,82 120 52 53 51 52 2307,69
180 83 85 87 85 2117,65 180 79 83 89 84 2151,39
240 118 122 116 119 2022,47 240 117 124 119 120 2000,00
DIRT - ESQ
TE1
60 54 55 65 58 1034,48 60 60 58 61 60 1005,59
120 62 57 64 61 1967,21 120 61 63 59 61 1967,21
180 99 96 101 99 1824,32 180 84 85 82 84 2151,39
240 127 129 124 127 1894,74 240 102 104 121 109 2201,83
TE2
60 61 65 68 65 927,84 60 75 74 76 75 800,00
120 63 50 60 58 2080,92 120 61 62 64 62 1925,13
180 84 83 88 85 2117,65 180 88 84 90 87 2061,07
240 116 121 130 122 1961,85 240 123 122 120 122 1972,60
Legenda: d – distância percorrida pela onda; tm – tempo médio que a onda demora a percorrer a distância d; Vap –
velocidade aparente de propagação das ondas ultra-sónica;
A-28
Tabela A.4.10.6 – Resultados individuais do tempo de transição e da velocidade de propagação das ondas ultra-
sónicas (argamassa tradicional FTrad
cort)
Argamassa FTrad
cortiça (14 dias) Argamassa FTrad
cortiça (28 dias)
sentido tijolo d
(mm) t1
(µs) t2
(µs) t3
(µs) tm
(µs) Vap (m/s)
d (mm)
t1 (µs)
t2 (µs)
t3 (µs)
tm (µs)
Vap (m/s)
ESQ - DIRT
TF1
60 78 81 83 81 743,80 60 88 89 89 89 676,69
120 111 112 112 112 1074,63 120 106 104 109 106 1128,53
180 154 153 157 155 1163,79 180 135 136 138 136 1320,29
240 162 161 163 162 1481,48 240 165 174 167 169 1422,92
TF2
60 85 86 87 86 697,67 60 83 82 81 82 731,71
120 113 112 111 112 1071,43 120 110 109 111 110 1090,91
180 162 160 161 161 1118,01 180 139 154 160 151 1192,05
240 223 224 227 225 1068,25 240 183 184 187 185 1299,64
DIRT - ESQ
TF1
60 84 90 51 75 800,00 60 80 82 85 82 728,74
120 106 108 107 107 1121,50 120 109 111 110 110 1090,91
180 135 138 134 136 1326,78 180 135 136 138 136 1320,29
240 162 162 163 162 1478,44 240 173 177 171 174 1381,96
TF2
60 71 74 75 73 818,18 60 90 92 74 85 703,13
120 109 107 111 109 1100,92 120 117 111 113 114 1055,72
180 162 165 175 167 1075,70 180 160 159 158 159 1132,08
240 231 234 232 232 1033,00 240 186 188 191 188 1274,34
Legenda: d – distância percorrida pela onda; tm – tempo médio que a onda demora a percorrer a distância d; Vap –
velocidade aparente de propagação das ondas ultra-sónicas
Tabela A.4.10.7 – Resultados individuais do tempo de transição e da velocidade de propagação das ondas ultra-
sónicas (argamassa tradicional GTrad
EPS)
Argamassa GTrad
EPS (14 dias) Argamassa GTrad
EPS (28 dias)
sentido tijolo d
(mm)
t1
(µs)
t2
(µs)
t3
(µs)
tm
(µs)
Vap
(m/s)
d
(mm)
t1
(µs)
t2
(µs)
t3
(µs)
tm
(µs)
Vap
(m/s)
ESQ - DIRT
TG1
60 85 105 105 98 610,17 60 60 64 78 67 891,09
120 205 223 234 221 543,81 120 250 295 292 279 430,11
180 350 334 418 367 490,02 180 550 488 464 501 359,52
240 560 511 577 549 436,89 240 633 593 643 623 385,23
TG2
60 93 74 76 81 740,74 60 85 71 70 75 796,46
120 151 140 131 141 853,08 120 100 138 145 128 939,95
180 368 398 368 378 476,19 180 415 325 416 385 467,13
240 415 561 563 513 467,84 240 705 620 670 665 360,90
DIRT - ESQ
TG1
60 130 127 113 123 486,49 60 132 172 132 145 412,84
120 281 201 290 257 466,32 120 288 282 296 289 415,70
180 368 373 372 371 485,18 180 514 520 510 515 349,74
240 581 561 587 576 416,43 240 778 759 550 696 344,99
TG2
60 68 66 68 67 891,09 60 67 69 71 69 869,57
120 143 140 142 142 847,06 120 155 150 154 153 784,31
180 395 393 347 378 475,77 180 402 490 465 452 397,94
240 499 545 540 528 454,55 240 549 705 626 627 382,98
Legenda: d – distância percorrida pela onda; tm – tempo médio que a onda demora a percorrer a distância d; Vap –
velocidade aparente de propagação das ondas ultra-sónicas
A-29
Anexo A.4.11 – Velocidade aparente de propagação das ondas ultra-
sónicas (Método indireto – método das dromocrónicas (declive))
Figura A.4.11.1 – Velocidade aparente de propagação das ondas ultra-sónicas pelo declive do gráfico da
distância/tempo, com recurso às medições obtidas aos 28 dias (argamassa industrial AInd
EPS)
Figura A.4.11.2 – Velocidade aparente de propagação das ondas ultra-sónicas pelo declive do gráfico da
distância/tempo, com recurso às medições obtidas aos 28 dias (argamassa industrial BInd
EPS)
y = 0,7755x - 19,272 R² = 0,8853
0
50
100
150
200
250
300
0 100 200 300 400 500
Dis
tân
cia
entr
e tr
ansd
uto
res
(mm
)
Tempo (µs)
A
Linear (A)
y = 0,9896x + 10,636 R² = 0,7441
0
50
100
150
200
250
300
0 50 100 150 200 250 300 Dis
tân
cia
entr
e tr
ansd
uto
res
(mm
)
Tempo (µs)
B
Linear (B)
A-30
Figura A.4.11.3 – Velocidade aparente de propagação das ondas ultra-sónicas pelo declive do gráfico da
distância/tempo, com recurso às medições obtidas aos 28 dias (argamassa industrial CInd
cort)
Figura A.4.11.4 – Velocidade aparente de propagação das ondas ultra-sónicas pelo declive do gráfico da
distância/tempo, com recurso às medições obtidas aos 28 dias (argamassa industrial DInd
cort)
Figura A.4.11.5 – Velocidade aparente de propagação das ondas ultra-sónicas pelo declive do gráfico da
distância/tempo, com recurso às medições obtidas aos 28 dias (argamassa tradicional ERef
)
y = 1,3682x - 18,887 R² = 0,8599
0
50
100
150
200
250
300
0 50 100 150 200 250 Dis
tân
cia
entr
e tr
ansd
uto
res
(mm
)
Tempo (µs)
C
Linear (C)
y = 0,8211x + 23,34 R² = 0,932
0
50
100
150
200
250
300
0 50 100 150 200 250 300 Dis
tân
cia
entr
e tr
ansd
uto
res
(mm
)
Tempo (µs)
D
Linear (D)
y = 2,4494x - 46,767 R² = 0,7253
0
50
100
150
200
250
300
0 20 40 60 80 100 120 140 Dis
tân
cia
entr
e tr
ansd
uto
res
(mm
)
Tempo (µs)
E
Linear (E)
A-31
Figura A.4.11.6 – Velocidade aparente de propagação das ondas ultra-sónicas pelo declive do gráfico da
distância/tempo, com recurso às medições obtidas aos 28 dias (argamassa tradicional FTrad
cort)
Figura A.4.11.7 – Velocidade aparente de propagação das ondas ultra-sónicas pelo declive do gráfico da
distância/tempo, com recurso às medições obtidas aos 28 dias (argamassa tradicional GTrad
EPS)
y = 1,5916x - 49,615 R² = 0,8161
0
50
100
150
200
250
300
0 50 100 150 200 250 Dis
tân
cia
entr
e tr
ansd
uto
res
(mm
)
Tempo (µs)
F
Linear (F)
y = 0,2818x + 50,147 R² = 0,9118
0
50
100
150
200
250
300
0 200 400 600 800 1000 Dis
tân
cia
entr
e tr
ansd
uto
res
(mm
)
Tempo (µs)
G
Linear (G)
A-32
Anexo A.4.12 – Relação entre o método direto e o método indirecto
na obtenção da velocidade de propagação das ondas ultra-sónicas
Figura A.4.12.1 – Relação entre a obtenção da velocidade propagação das ondas pelo método direto com o método
indireto (cálculo das médias e dromocrónicas)
y = 0,3782x + 372,42 R² = 0,48
y = 0,5946x + 105,74 R² = 0,41
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
0 1000 2000 3000 4000 Vel
oci
dad
e p
rop
agaç
ão d
as o
nd
as-
mé
tod
o in
dir
eto
(m
/s)
Velocidade propagação das ondas-método direto (m/s)
C.médias
M. Dromocrónicas
Linear (C.médias)
Linear (M. Dromocrónicas)
A-33
Anexo A.4.13 – Coeficiente de condutibilidade térmica
Tabela A.4.13.1 – Resultados individuais do ensaio da determinação do coeficiente de condutibilidade térmica, aos 28
dias, com o ISOMET 2114
Argamassas Medição 1
(W/m.°C)
Medição 2
(W/m.°C) Medição 3 (W/m.C)
λ Média
(W/m.°C)
Industrial
AInd
EPS 0,06 0,06 0,06 0,06
BInd
EPS 0,09 0,10 0,10 0,10
CInd
Cort 0,21 0,24 0,23 0,23
DInd
Cort 0,14 0,13 0,14 0,14
Tradicional
ERef
1,33 1,35 1,34 1,34
FTrad
Cort 0,28 0,25 0,27 0,27
GTrad
EPS 0,27 0,29 0,28 0,28
Legenda: λ – coeficiente de condutibilidade térmica