Caracterizacao Geomorfologica Do Municipio de Luis Eduardo Magalhaes, Oeste Baiano, Escala 1100.000

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Caracterizacao Geomorfologica Do Municipio de Luis Eduardo Magalhaes, Oeste Baiano, Escala 1100.000

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  • 288ISSN 1676 - 918XISSN online 2176-509XJulho, 2010

    Caracterizao Geomorfolgica do Municpio de Lus Eduardo Magalhes, Oeste Baiano, Escala 1:100.000

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    Boletim de Pesquisae Desenvolvimento

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    Ministrio daAgricultura, Pecuria

    e Abastecimento

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  • Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento 288

    Kssia Batista de Castroder de Souza MartinsMarisa Prado GomesAdriana ReattoCalliandra Alves LopesDenilson Pereira PassoLarissa Ane de Sousa LimaWellington dos Santos CardosoOsmar Ablio Carvalho JuniorRoberto Arnaldo Trancoso Gomes

    Caracterizao Geomorfolgica do Municpio de Lus Eduardo Magalhes, Oeste Baiano, Escala 1:100.000

    Embrapa CerradosPlanaltina, DF2010

    Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuriaCentro de Pesquisa Agropecuria dos CerradosMinistrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento

    ISSN 1676-918x ISSN online 2176-509x

    Julho, 2010

  • Exemplares desta publicao podem ser adquiridos na:Embrapa CerradosBR 020, Km 18, Rod. Braslia/FortalezaCaixa Postal 08223CEP 73310-970 Planaltina, DFFone: (61) 3388-9898Fax: (61) 3388-9879http://[email protected]

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    Superviso editorial: Jussara Flores de Oliveira ArbusEquipe de reviso: Francisca Elijani do Nascimento

    Jussara Flores de Oliveira ArbusAssistente de reviso: Elizelva de Carvalho MenezesNormalizao bibliogrfica: Paloma Guimares Correa de OliveiraCatalogao na fonte: Marilaine Schaun PelufEditorao eletrnica: Wellington CavalcantiCapa: Wellington CavalcantiImpresso e acabamento: Alexandre Moreira Veloso

    Divino Batista de Souza 1a edio1a impresso (2010): tiragem 100 exemplaresEdio online (2010)

    Todos os direitos reservadosA reproduo no-autorizada desta publicao, no todo ou em parte, constitui violao dos direitos autorais (Lei no 9.610).

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)Embrapa Cerrados

    Caracterizao geomorfolgica do municpio de Lus Eduardo Magalhes, oeste baiano, Escala 1:100.000 / Kssia Batista de Castro... [et al.]. Planaltina, DF : Embrapa Cerrados, 2010.

    32 p. (Boletim de pesquisa e desenvolvimento / Embrapa Cerrados, ISSN 1676-918X, ISSN online 2176-509X ; 288).

    1. Geomorfologia. 2. Mapa. 3. Relevo. 4. Bacia do So Francisco. I. Castro, Kssia Batista de. II. Srie.

    526 - CDD-21

    Embrapa 2010

    C257

  • Sumrio

    Resumo ............................................................................. 5

    Abstract ............................................................................ 6

    Introduo .......................................................................... 7

    Material e Mtodos .............................................................. 9

    Metodologia ..................................................................... 12

    Resultados e Discusso ...................................................... 19

    Concluso ........................................................................ 29

    Referncias ...................................................................... 30

  • Caracterizao Geomorfolgica do Municpio de Lus Eduardo Magalhes, Oeste Baiano, Escala 1:100.000Kssia Batista de Castro1; der de Souza Martins2; Marisa Prado Gomes3; Adriana Reatto4; Calliandra Alves Lopes5; Denilson Pereira Passo6; Larissa Ane de Sousa Lima7; Wellington dos Santos Cardoso8; Osmar Ablio Carvalho Junior9; Roberto Arnaldo Trancoso Gomes10

    Resumo

    Este trabalho apresenta a caracterizao geomorfolgica do Municpio de Lus Eduardo Magalhes, BA, na escala 1:100.000. A metodologia utilizada para o mapeamento geomorfolgico foi baseada no uso de imagens de altimetria Shuttlle Radar Topography Mission (SRTM), de tcnicas de geoprocessamento e de trabalhos de campo. A geomorfologia foi caracterizada em trs nveis taxonmicos: 1 Nvel: Domnio Morfoestrutural, composto pela Cobertura Sedimentar So Franciscana (100%); 2 Nvel: Regies Geomorfolgicas, compostas pelas Chapadas do So Francisco (71,3%) e Depresses da Margem Esquerda do So Francisco (28,7%) e 3 Nvel: Unidades Geomorfolgicas, formado pelas unidades Chapadas Intermedirias (42%), Topos (26%), Frente de Recuo Erosivo (22%), Plancie Intraplanltica (7%) e Veredas (3%). O mapeamento geomorfolgico possibilitou o conhecimento ampliado do relevo da regio e dos outros fatores da paisagem associados a ele, facilitando a identificao das potencialidades e fragilidades ambientais do municpio.

    Termos para indexao: relevo, paisagem, dados SRTM, geoprocessamento, Bacia do So Francisco.

    1 Graduando em Geografia na UEG, estagiria da Embrapa Cerrados, [email protected] Gelogo, D.Sc., pesquisador da Embrapa Cerrados, [email protected] Gegrafa, analista da Embrapa Cerrados, [email protected] Engenheira Agrnoma, Ph.D., pesquisadora da Embrapa Cerrados, [email protected] Graduando em Geografia na Universidade de Braslia, [email protected] Gegrafo, Bolsista da Embrapa Cerrados, [email protected] Graduando em Geografia na UEG, estagiria da Embrapa Cerrados, [email protected] Bilogo, mestrando em Geografia na Universidade de Braslia, [email protected] Gelogo, D.Sc., professor da Universidade de Braslia, Laboratrio de Sistemas de Informaes

    Espaciais, Departamento de Geografia, Asa Norte, Braslia, DF. CEP 70910-900, [email protected] Gegrafo, D.Sc., professor da Universidade de Braslia, [email protected]

  • Geomorphological Characterization of the Municipality of Lus Eduardo Magalhes, Western Bahia, Scale 1: 100,000

    Abstract

    The present work presents a geomorphological characterization of Luis Eduardo Magalhes municipality, BA State, in the scale 1:100,000. This city, whose economy is mainly focused on agriculture, is inserted in the Mid West Region of Bahia, in which an intense process of economic and socio-environmental changes, driven by technological development of agriculture, is occurring. The methodology for geomorphological mapping was based on the use of altimetry SRTM (Shuttlle Radar Topography Mission) images, GIS techniques, and fieldwork. The geomorphology was characterized in three taxonomic levels: 1st Level: Morfoestrutural Domain, composed by So Francisco Sedimentary Cover (100%), 2nd Level: Geomorphological Regions, composed by So Francisco Plateaus (71,3%), and So Francisco Left Margin depressions (28,7%) and, 3rd Level: Geomorphological Units, composed by Chapadas Intermedirias (42%), Topos (26%), Frente de Recuo Erosivo (22%), Plancie Intraplanltica (7%), and Veredas (3%). The geomorphological mapping allowed increasing the knowledge about the relief of the studied area, and other landscape factors associated with it, thus facilitating the identification of strengths and weaknesses of the municipal environmental council. The geomorphological characterization of this municipality constitutes a tool of fundamental importance for the elaboration of the territorial management plan.

    Index terms: topography, landscape, SRTM data, geotechnology, So Francisco Basin.

  • 7Caracterizao Geomorfolgica do Municpio de Lus Eduardo Magalhes...

    Introduo

    O uso dos recursos naturais renovveis e no renovveis pode causar danos irreversveis ao meio ambiente e, consequentemente, ao Homem e economia como um todo, se no forem respeitadas as potencialidades e as fragilidades ambientais. O ordenamento territorial deve organizar e indicar os tipos de usos sustentveis da paisagem. O mapeamento geomorfolgico constitui uma informao fundamental para o planejamento territorial, uma vez que as formas de relevo esto associadas a vrios fatores que compe a paisagem (MARTINS et al., 2004).

    A geomorfologia do Oeste Baiano indica os principais fatores naturais que condicionaram os diversos padres de ocupao ao longo de sua histria. A ocupao dessa regio, localizada no mdio So Francisco e com uma rea de 14 milhes de hectares, remonta ao sculo XVI, na poca em que pertencia Capitania Hereditria de Pernambuco. O acesso foi facilitado pela navegao fluvial e a economia tinha como sustentculo a pecuria, que foi motivada atravs de doaes de grandes extenses de terra. Esse padro de ocupao foi mantido at meados do sculo XX (MORAES, 2003). Essa regio era caracterizada por uma geografia de espaos reduzidos e poucas transformaes temporais (HAESBAERT, 1996).

    A regio passou por um intenso desenvolvimento nos ltimos 20 anos. A pecuria extensiva, em muitas reas, foi substituda por culturas diversificadas que utilizam alta tecnologia, como a produo de soja, que faz rotao com o milho, alm da produo de feijo em larga escala e culturas hortifrutferas, tornando-se, assim, uma regio de produo para exportao (MORAES, 2003).

    Os principais fatores que contriburam para o crescimento agropecurio da rea foram a disponibilidade e o baixo preo da terra, a oferta de mo de obra a baixo custo, a topografia e as condies climticas favorveis e grande potencial para irrigao (CARVALHO; BAJAY, 2006).

    Esse processo acentuado de expanso agroindustrial transformou essa rea, tanto econmica quanto socialmente, em uma regio de

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    fundamental importncia no desenvolvimento do Pas (BONFIM; CUNHA, 2010).

    A modernizao da produo agrcola no Oeste Baiano tem modificado sua configurao socioeconmica e ambiental, conforme interfere na paisagem natural e cultural pelo uso de fertilizantes, tratores, colheitadeiras, sementes selecionadas e outros insumos. Essas alteraes no uso da terra provocaram impactos ambientais como a eroso hdrica e elica, a perda de habitats, a alterao das caractersticas da fauna e flora, a diminuio da vazo e a assoreamento da rede de drenagem, eroso gentica e a reduo da biodiversidade (BATISTELLA et al, 2002; CARDOSO; ALMEIDA, 2010).

    Lus Eduardo Magalhes (LEM) um municpio da mesorregio do Extremo Oeste Baiano, que integra a regio do mdio So Francisco. LEM foi emancipado de Barreiras em 2001. Originalmente sua sede se chamava Mimoso do Oeste e localizava-se s margens da rodovia BR 020. Atualmente, o Municpio de LEM possui uma populao estimada de 52.054 habitantes e se estende por 4.019 km, contribui economicamente com um PIB per capita de R$ 26.341 (IBGE, 2006/2007/2009).

    A economia de Lus Eduardo Magalhes basicamente voltada para a agropecuria, destacando-se a criao de bovinos e aves e no cultivo de soja, milho, caf, laranja e mandioca (IBGE, 2006/2007/2009). O municpio faz parte do intenso processo ocupacional da agricultura e vem sofrendo grandes transformaes oriundas da ao antrpica para o desenvolvimento econmico da regio. A implantao de prticas agrcolas intensivas e a falta de planejamento vm ocasionando drsticos impactos ambientais no municpio, causando a descaracterizao da vegetao nativa, os processos erosivos, a alterao da qualidade da gua e dos ecossistemas (MORAES, 2003).

    Luiz Eduardo Magalhes faz parte da sub-bacia do Rio de Ondas e da Bacia do Rio Grande, ambas esto inseridas no contexto regional da Bacia do Rio So Francisco, importante fonte de abastecimento para seis estados brasileiros e de uma grande diversidade bitica,

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    imprescindvel para atender a demanda hdrica e energtica de 8% da populao do pas (ANA, 2010). O municpio representa, na regio do Oeste Baiano, o padro de ocupao agrcola intensiva e de converso total, tpica do Oeste Baiano, dos ltimos 20 anos (MORAES, 2003).

    Dessa forma, o objetivo deste estudo obter dados geomorfolgicos do municpio, que podero subsidiar o planejamento de uso e ocupao da terra, de forma que os impactos causados no meio ambiente possam ser mitigados e novas prticas adequadas possam ser implementadas para se alcanar o desenvolvimento sustentvel na regio.

    Material e Mtodos

    O trabalho foi realizado no Municpio Lus Eduardo Magalhes, localizado no extremo oeste da Bahia, a 947 km de Salvador e a 540 km de Braslia, entre as coordenadas 11518 e 12 33 50 de Latitude Sul e 453750 e 462335 de Longitude Oeste (Figura 1).

    Figura 1. Localizao do Municpio de Lus Eduardo Magalhes.

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    O clima, segundo a classificao de Kppen, do tipo BSh, quente e seco com chuvas de inverno. A mdia de temperatura varia de 34 C a 18 C (INMET, 2010). A precipitao anual superior a 1.000 mm e a evapotranspirao anual se situa entre 1.400 mm e 1.600 mm. O perodo chuvoso ocorre entre outubro e maro e o perodo seco, de abril a setembro (FRANA, 1999).

    A regio formada pelo Cerrado setentrional, no qual as regies fitoecolgicas so representadas principalmente pelo cerrado Strictu Senso, ocorrendo ocasionalmente matas de galeria nos cursos dgua, de campo mido e floresta submontana. A regio possui muitas veredas, que so ecossistemas que se destacam no Bioma Cerrado nessa vegetao, por possurem uma dinmica peculiar, estreitamente ligada ao grau de instabilidade das reas contguas e ao regime dos rios (MORAES, 2003).

    O Muncipio de Lus Eduardo Magalhes est totalmente inserido na poro setentrional da Bacia Sanfranciscana, cujos limites foram estabelecidos por Alkimin (1993).

    A evoluo da Bacia Sanfranciscana est indiretamente ligada margem continental brasileira (CHANG et al., 1990). Seu processo de formao se inicia no Paleozoico, e sua estrutura marcada por vrios estgios tectnicos controlados por perodos de relativa estabilidade, rpidas inverses nos campos de tenso, extensivos e ou compressivos, e movimentos verticais de compensao isosttica (CAMPOS, DARDENNE, 1997).

    Segundo Amorim Jnior e Lima (2007), a geologia da regio corresponde ao Grupo Urucuia, bem representado nessa regio, compondo-se de arenitos quartzosos de cores variadas, predominando castanho-avermelhados, rseos e amarelo-esbranquiados (Figura 2). Possuem granulometria variando de fina a mdia, so friveis e limpos, mas, muitas vezes, esses arenitos contm argilas em suas matrizes e aparecem cimentados com material silicoso ou carbontico. Os arenitos incluem intercalaes siltosas e sltico-argilosas e frequentes nveis conglomerticos dispersos. Com base na flora de micro e macrofsseis,

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    a idade de formao estimada do material data do Cretceo Inferior (AMORIM JNIOR; LIMA, 2007).

    Figura 2. Mapa Geolgico do Municpio de Lus Eduardo Magalhes Substrato Rochoso. Fonte: CPRM (2008).

    As rochas do Grupo Urucuia esto sobrepostas s rochas do Grupo Bambu, que funcionam como embasamento dos arenitos e no afloram no Municpio de LEM. Os Depsitos aluvionares tambm presentes na rea preenchem as calhas dos maiores cursos dgua da regio. So sedimentos compostos por areia e cascalho (CPRM, 2008).

    As formas geomorfolgicas predominantes da regio so o Chapado Central, que ocupa sua maior extenso, e os Patamares do Chapado, situados na regio do vale. O trao mais caracterstico dessa regio a superfcie plana que compe topos e rampas entalhados por vales que contm a rede de drenagem, dominantemente perene, em funo dos totais pluviomtricos anuais (MORAES, 2003).

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    Os solos predominantes so Latossolos Vermelho-Amarelos, Neossolos Quartzarnicos e solos hidromrficos representados principalmente pelos Gleissolos Hplicos. Possuem baixa fertilidade natural, variando de profundos a muito profundos, permeveis, de textura mdia e (ou) arenosa, com alto teor de alumnio trocvel e relacionados s rochas arenosas (MORAES, 2003).

    Metodologia

    A caracterizao geomorfolgica do Municpio de Lus Eduardo Magalhes est inserida no Projeto de mapeamento dos recursos naturais e uso da terra do oeste baiano (2008-2010), na escala de 1:100.000, subsidiado por recursos do Programa de Revitalizao da Bacia do So Francisco e coordenado pelo Ministrio da Integrao, com parcerias da Codevasf, Embrapa e UnB.

    O mapeamento de relevo e solos do projeto foi realizado pelo Centro de Estudos em Pedologia e Anlise da Paisagem da Embrapa Cerrados, que utilizou uma metodologia de mapeamento pedolgico baseada na forte correlao existente entre as formas de relevo e a ocorrncia dos diferentes tipos de solo. O Mapeamento geomorfolgico se constitui em uma informao fundamental para o planejamento territorial, visto que as formas de relevo esto associadas a vrios fatores que compe a paisagem. A caracterizao geomorfolgica a base de um posterior mapeamento de solo, desde o planejamento da amostragem at a elaborao do mapa pedolgico final.

    A delimitao e mapeamento dos compartimentos geomorfolgicos do Municpio de Luiz Eduardo Magalhes foram realizados a partir do processamento e da anlise de dados Shuttlle Radar Topography Mission (SRTM) e de seus respectivos atributos morfomtricos (Figura 3).A etapa inicial do mapeamento consistiu na aquisio das imagens SRTM, as quais esto disponveis, para download, no site do Banco de Dados Geomorfomtricos do Brasil - Topodata/INPE: http://www.dsr.inpe.br/topodata/. Foram obtidos os dados refinados da resoluo espacial original de 3 arco-segundos (~90 m) para 1 arco-segundo (~30 m), no formato GRID.

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    Caracterizao G

    eomorfolgica do M

    unicpio de Lus Eduardo Magalhes...

    Figura 3. Fluxograma metodolgico da compartimentao geomorfolgica do Municpio de Luiz Eduardo Magalhes.

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    A etapa inicial do mapeamento consistiu na aquisio das imagens SRTM, as quais esto disponveis, para download, no site do Banco de Dados Geomorfomtricos do Brasil Topodata/INPE: http://www.dsr.inpe.br/topodata/. Foram obtidos os dados refinados da resoluo espacial original de 3 arco-segundos (~90 m) para 1 arco-segundo (~30 m), no formato GRID.

    O software Global Mapper foi utilizado para criar o mosaico SRTM das cenas que abrangem a rea de estudo (limites referentes s cartas SC-23-Y-D e SD-23-V-B) e para gerar o Modelo Digital de Elevao em 3D, o qual foi utilizado na interpretao visual (Figura 4).

    A partir do mosaico SRTM, o qual corresponde varivel altimetria, foram derivados cinco planos de informao correspondentes s variveis morfomtricas de declividade, aspecto, convexidade, mnima curvatura e mxima curvatura.

    Esses planos de informao foram combinados para gerar quatro imagens compostas a partir da tcnica da composio colorida, a qual associa trs imagens derivadas com as trs cores primrias: vermelho, verde e azul (RGB). Nas composies, as variveis altimetria e declividade so constantes e esto associadas respectivamente s cores vermelho e verde (HERMUCHE et al., 2002).

    As composies coloridas tm sido amplamente utilizadas na compartimentao geomorfolgica e pedolgica, pois possibilitam distinguir as unidades de relevo atravs de variaes tonais e texturais (BORGES e. al., 2007; PANQUESTOR et al., 2004; HERMUCHE et. al., 2002).

    Com base na interpretao visual das quatro composies e nos conhecimentos acerca da rea de estudo, foi selecionada a composio que melhor representou as caractersticas morfolgicas do Municpio de Luiz Eduardo Magalhes para ser utilizada na classificao dos compartimentos: (Vermelho) altimetria / (Verde) declividade/ (Azul) Mnima Curvatura (Figura 5).

  • 15Caracterizao Geomorfolgica do Municpio de Lus Eduardo Magalhes...

    Mosaico SRTM

    MDE em 3D gerado no software Global Mapper

    Figura 4. Mosaico SRTM e Modelo Digital de Elevao MDE 3D gerados no software Global Mapper, do Municpio de Luiz Eduardo Magalhes.

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    Figura 5. Composio colorida das variveis altimetria, declividade e mnima curvatura selecionada para classificao dos compartimentos do Municpio de Lus Eduardo Magalhes.

    Em geral, o processo de classificao dos compartimentos de relevo tem sido realizado por meio da digitalizao manual das feies identificadas nas composies coloridas atravs da tcnica de interpretao visual e dos conhecimentos sobre a rea de estudo. No entanto, para mapear extensas reas, esse mtodo bastante oneroso em termos de tempo, alm de incorporar a subjetividade dos analistas envolvidos no processo de mapeamento.

    Nesse contexto, foram testados os mtodos de classificao supervisionados e no supervisionados disponveis no software ENVI, com o objetivo de aperfeioar o procedimento de delimitao das classes geomorfolgicas. Os resultados, analisados por meio

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    da inspeo visual, foram satisfatrios, sendo que o algoritmo de classificao supervisionada que apresentou o melhor desempenho na

    discriminao das classes foi o baseado no mtodo do paraleleppedo.

    A classificao supervisionada baseada no uso de algoritmos para

    se determinar os pixels que representam valores caractersticos para uma determinada classe. O mtodo do Paraleleppedo considera uma rea no espao de atributos ao redor do conjunto de treinamento. Essa

    rea tem a forma de um retngulo, definindo os nveis de cinza mximo

    e mnimo do conjunto de treinamento. Os lados desse retngulo, que

    inclui uma classe prpria, chamam-se limites de deciso dessa classe. Os pixels que excedem os limites de deciso, como os pixels nas reas de inseparabilidade, apresentam problemas na sua distribuio em uma classe (CRSTA, 1993).

    O primeiro passo para a classificao supervisionada a seleo de

    amostras de treinamento representativas de cada classe, ou seja, do

    conjunto de pixels correspondente assinatura da classe, o qual

    representa o seu comportamento mdio (NOVO, 1988). Assim, foram coletadas amostras representativas de cada unidade geomorfolgica considerada no mapeamento, a partir da imagem da composio colorida e aplicado o mtodo do paraleleppedo.

    Em geral, as imagens classificadas apresentam rudos, o que pode

    dificultar a interpretao e edio das classes mapeadas; nesse sentido,

    foi aplicada a funo Clump Classes disponvel no ENVI para aglutinar

    as classes adjacentes e promover uma homogeneizao do resultado.

    A imagem resultante foi convertida para o formato vetorial, gerando o mapa temtico referente s classes geomorfolgicas. Essas classes passaram pela etapa de inspeo visual, com base no MDE 3D gerado no Global Mapper, na composio colorida utilizada para classificao e

    na imagem Advanced Land Observing Satellite ALOS de alta resoluo espacial (Figura 6).

  • 18 Caracterizao Geomorfolgica do Municpio de Lus Eduardo Magalhes...

    Figura 6. Polgonos gerados no processo de classificao sobrepostos composio colorida.

    A edio final das classes geomorfolgicas foi realizada em trs nveis

    hierrquicos de compartimentos de relevo, segundo procedimentos metodolgicos propostos por IBGE (2009) para a Estrutura Taxonmica do Mapeamento Geomorfolgico (Figura 7).

    No primeiro nvel de classificao, esto os Domnios Morfoestruturais,

    compostos pelos grandes compartimentos, distribudos em escala regional e agrupados de acordo com os critrios geotectnicos.

    O segundo nvel corresponde s Regies Geomorfolgicas. Engloba feies semelhantes na gnese dos processos formadores sobre determinados conjuntos litoestruturais, formaes superficiais e

    fitofisionomias.

  • 19Caracterizao Geomorfolgica do Municpio de Lus Eduardo Magalhes...

    O terceiro nvel, correspondente s Unidades Geomorfolgicas, so consideradas as semelhanas altimtricas e fisionmicas do relevo. Os processos de gnese, formao e o modelado possuem caractersticas prprias que as diferenciam, determinadas a partir dos fatores paleoclimticos, litolgicos e estruturais.

    As classes geomorfolgicas mapeadas foram verificadas em campo em duas etapas: uma primeira para o reconhecimento das unidades (o que subsidiou o processo de interpretao visual das imagens) e uma segunda para a validao do mapa final.

    Figura 7. Classificao taxonmica do mapeamento geomorfolgico do Municpio de Luiz Eduardo Magalhes.

    Resultados e Discusso

    O mapeamento geomorfolgico definiu trs nveis categricos da compartimentao geomorfolgica do Municpio de Lus Eduardo Magalhes (Tabela 1), conforme a terminologia proposta pelo IBGE (2009).

  • 20 Caracterizao Geomorfolgica do Municpio de Lus Eduardo Magalhes...

    Tabela 1. Nveis categricos da compartimentao geomorfolgica do municpio de Lus Eduardo Magalhes.

    Nvel categrico

    Classificao taxonmica Classes

    1 Domnio morfoestrutural Cobertura Sedimentar So Franciscana

    2 Regio geomorfolgica

    Chapadas do So Francisco

    Depresses da Margem Esquerda do So Francisco

    3 Unidades geomorfolgicas

    Frentes de Recuo Erosivo

    Veredas

    Chapadas Intermedirias Topos

    Plancies Intraplanlticas

    O Domnio Morfoestrutural que abrange o Municpio de Lus Eduardo Magalhes no primeiro nvel categrico da classificao taxonmica geomorfolgica definido como Cobertura Sedimentar So Franciscana.

    A Cobertura Sedimentar So Franciscana abrange todo o Municpio de Lus Eduardo Magalhes, composta por chapades com baixa declividade, formadas no Fanerozoico. Constitui-se de rochas sedimentares de origem aluvionar e eluvio-coluvionar do grupo Urucuia, integradas por arenitos, pelitos e arenitos conglomerticos, e assentadas sobre rochas metamrficas ou gneas, depositadas sobre o embasamento do Grupo Bambu (CAMPOS; DARDENNE, 1997; IBGE, 2009; CPRM, 2008).

    O municpio apresenta duas regies geomorfolgicas (Figura 8; Tabela 2), agrupadas segundo caractersticas litoestruturais e genticas comuns, correspondentes ao segundo nvel categrico da classificao taxonmica geomorfolgica: Chapadas de So Francisco e Depresses da Margem Esquerda do So Francisco.

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    Caracterizao G

    eomorfolgica do M

    unicpio de Lus Eduardo Magalhes...Figura 8. Classificao taxonmica geomorfolgica (segundo nvel): regies geomorfolgicas do

    Municpio de Lus Eduardo Magalhes.

  • 22 Caracterizao Geomorfolgica do Municpio de Lus Eduardo Magalhes...

    Tabela 2. Classificao taxonmica geomorfolgica (segundo nvel): regies geomorfolgicas do Municpio de Lus Eduardo Magalhes.

    Classes Descrio

    Chapadas do So Francisco

    Compreendem 71,3% da rea do municpio. So superfcies de formas aplanadas que perderam a continuidade devido a mudanas no sistema morfogentico. Apresentam-se separadas por escarpas e ressaltos dos modelados de dissecao que as circundam

    Guardam feies planas herdadas da superfcie de eroso que se instalou sobre os sedimentos sub-horizontalizados do Grupo Urucuia (BRASIL, 1982; PANQUESTOR et al., 2004; IBGE, 2009)

    Depresses da margem esquerda do So Francisco

    Compreendem 28,7% da rea do municpio. So superfcies elaboradas durante fases sucessivas de retomada de eroso, constitudas por litologias pertencentes ao Grupo Bambu e ao Grupo Urucuia

    Compem-se de sistemas planos inclinados levemente cncavos e reas mais dissecadas expostas por eroso da cobertura sedimentar preexistente

    Ocorrem em forma de vales limitados por margens bem marcadas e extensas depresses embutidos entre as Chapadas do So Francisco (BRASIL, 1982; IBGE, 2009)

    As unidades geomorfolgicas existentes no municpio (Figuras 9 e 10; Tabela 3) foram agrupadas segundo critrios de semelhanas altimtricas e fisionmicas do relevo, correspondentes ao terceiro nvel categrico da classificao taxonmica geomorfolgica.

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    Caracterizao G

    eomorfolgica do M

    unicpio de Lus Eduardo Magalhes...Figura 9. Classificao taxonmica geomorfolgica (terceiro nvel): unidades geomorfolgicas do

    Municpio de Lus Eduardo Magalhes.

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    Caracterizao G

    eomorfolgica do M

    unicpio de Lus Eduardo Magalhes...

    Figura 10. Unidades geomorfolgicas do Municpio de Lus Eduardo Magalhes, Oeste Baiano.

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    Tabela 3. Classificao taxonmica geomorfolgica (terceiro nvel): unidades geomorfolgicas do Municpio de Lus Eduardo Magalhes.

    Classes Descrio

    Topos

    So feies de topo plano constitudas sobre o arenito; so as unidades mais conservadas da dissecao e que apresentam a maior altimetria no municpio atingindo 910 m. Representam 26% do municpio. Os solos dominantes so relacionados a Latossolos Vermelhos, profundos e bem drenados (IBGE, 2009)

    Chapadas Intermedirias

    Representam 42% do municpio, e constituiu-se de um conjunto de formas de relevo plano, elaboradas sobre rochas sedimentares do Arenito Urucuia. Situam-se em altitudes entre 700 m e 820 m e possuem declividade baixa. Os solos so profundos e bem drenados, caracterizados essencialmente por Latossolos e Neossolos Quartzarnicos (IBGE, 2009)

    Frentes de Recuo Erosivo

    Representam 22% da rea e so constitudas por pores encaixadas entre as chapada e bases das vertentes, com processos erosivos ativos. Apresentam relevo movimentando e alta declividade. Ocorrem nessas reas associaes entre Neossolos Quartzarnicos e Cambissolos de textura mdia (IBGE, 2009)

    Plancies Intraplanlticas

    Correspondem a 7% da rea e so constitudas por conjuntos de formas de relevo planas ou suavemente onduladas que se situam no interior do chapado e abrigam os maiores cursos dgua. Apresentam ambientes de solos hidromrficos, como Gleissolos Hplicos (IBGE, 2009)

    Veredas

    Representam 3% da rea e definidas como zonas deprimidas de forma ovalada, linear ou digitiforme associadas aos Chapades. Resultam de processos de exsudao do lenol fretico, cujas guas geralmente convergem para um talvegue. So sistemas tpicos de Cerrado, com vegetao bastante caracterstica, enfatizada pela presena de Buritis. Possuem solos hidromficos representados pelos Gleissolos Hplicos e os Plintossolos Hplicos (IBGE, 2009)

    Processos morfogenticosOs processos morfogenticos so definidos como processos de intemperismo, transporte e acumulao de sedimentos responsveis pela estruturao e modelado das formas de relevo (CASSETI, 2005).

  • 26 Caracterizao Geomorfolgica do Municpio de Lus Eduardo Magalhes...

    De acordo com a estabilidade ou instabilidade desses processos, estabelece-se a relao entre pedognese processo de formao do solo e morfognese processo de formao do relevo (ARAJO et al., 2003). A avaliao da atuao desses processos permite inferir o grau fragilidade a partir do nvel de morfoconservao, ou seja, o nvel

    de desenvolvimento dos processos morfogenticos atuantes que afetam as unidades geomorfolgicas (JOHNSON et al., 2004).

    As unidades geomorfolgicas obtidas atravs do mapeamento geomorfolgico do Municpio de Lus Eduardo Magalhes foram classificadas de acordo com os processos morfogenticos fsicos

    atuantes em: estveis, deposicionais e erosivos (Figura 11; Tabela 4).

    Figura 11. Mapa de processos morfogenticos do Municpio de Lus Eduardo Magalhes.

  • 27Caracterizao Geomorfolgica do Municpio de Lus Eduardo Magalhes...

    Tabela 5. Processos morfogenticos atuantes no Municpio de Lus Eduardo Magalhes.

    Processo morfogentico

    Unidades geomorfolgicas

    rea no municpio (%)

    Relao morfognese/pedognese

    Estvel Topos, Chapadas Intermedirias e Veredas 71,1% Prevalece a pedognese

    Erosivo Frentes de Recuo Erosivo 21,8% Prevalece a morfognese

    Deposicional Plancies Intraplanlticas 6,9% Equilbrio pedognese/morfognese

    Nas unidades Topos, Chapadas Intermedirias e Veredas, os processos morfogenticos encontram-se estveis e,nessas reas, a pedognese predomina sobre os processos de morfognese, que ocorrem em baixa escala, sendo que o modelado da unidade topos apresenta maior estabilidade que os demais e o seu processo de pedognese se d de maneira mais acentuada. Prevalece a tendncia de um equilbrio dinmico da paisagem em condies naturais, uma vez que os solos dessas unidades so profundamente intemperizados e a transformao pedogentica muito lenta, assim como os processos morfogenticos (MARTINS; BAPTISTA, 1998; ARAJO et al., 2003).

    As Chapadas Intermedirias e Topos so as reas que possuem maior potencial de uso agrcola do municpio. As extensas superfcies planas permitem a utilizao de tecnologias intensivas de produo agrcola, propiciando altos ndices de produtividade de gros do municpio.

    No interior dos Topos e Chapadas Intermedirias, ocorrem processos de eroso laminar que podem carrear sedimentos para os ambientes hidromrficos das veredas, podendo ocasionar o assoreamento das mesmas. Entretanto, deve-se lembrar que as veredas so reas protegidas pela legislao, sendo vedado qualquer tipo de uso ou explorao.

  • 28 Caracterizao Geomorfolgica do Municpio de Lus Eduardo Magalhes...

    O maior potencial erosivo situa-se nas bordas das chapadas e dos topos, nos limites com as outras unidades, onde a predisposio eroso aumenta devido declividade mais elevada. A ao antrpica e o uso intensivo do solo que se estabeleceu nas ltimas dcadas tende a acelerar esses processos, acarretando em drsticos problemas ambientais (BRASIL, 1982).

    Nas Frentes de Recuo Erosivos, a morfognese, predominando sobre os demais processos, contribui efetivamente para a alterao do modelado (MARTINS; BAPTISTA, 1998; ARAJO et al., 2003). Esses processos atualmente ocorrem com mais intensidade pela ao do escoamento superficial, devido maior declividade dessas reas. O relevo, assim, mais acidentado, com a predominncia de Cambissolos e Neossolos Litlicos. A exposio do solo proveniente da retirada da vegetao nativa tende a agravar os processos de eroso.

    A topografia acidentada dificulta a agricultura em larga escala, por isso, nessas reas, ela realizada em propriedades menores e em menor intensidade que nas reas de chapadas.

    Nas Plancies Intraplanlticas, os processos deposicionais predominam sobre os demais, provocando a deposio de sedimentos e o espessamento do manto de intemperismo. Predomina um equilbrio entre pedognese e morfognese (MARTINS; BAPTISTA, 1998; ARAJO et al., 2003).

    As Plancies Intraplanlticas so reas frgeis que refletem grande influncia sobre os recursos hdricos da regio. Abrigam grande parte da vegetao nativa que ainda existe no municpio, indicando a importncia da sua preservao para a manuteno do equilbrio ecolgico.

    Em geral, os compartimentos geomorfolgicos sofrem a ao dos processos morfogenticos, estando em constante transio, das unidades estveis para aquelas sobre a influncia de processos erosivos, e destas para as reas de deposio (MARTINS; BAPTISTA, 1998).

  • 29Caracterizao Geomorfolgica do Municpio de Lus Eduardo Magalhes...

    Concluso

    A caracterizao geomorfolgica do Municpio de Lus Eduardo Magalhes seguiu a taxonomia proposta pelo IBGE at o terceiro nvel de hierarquia e possibilitou a descrio dos processos morfogenticos presentes na rea.

    O primeiro nvel na classificao, Domnio Morfoestrutural, abrange apenas um compartimento, a Cobertura Sedimentar So Franciscana. O segundo nvel, representado pelas Regies Geomorfolgicas, destacou dois modelados distintos no municpio, as Chapadas do So Francisco (71,20%) e as Depresses da Margem Esquerda do So Francisco (28,80%).

    O terceiro nvel se constitui de Unidades Geomorfolgicas, que foram identificadas com quatro feies distintas: Chapadas Intermedirias (42%), Topos (26%), Frentes de Recuo Erosivo (22%), Plancies Intraplanlticas (7%) e Veredas (3%).

    As Chapadas Intermedirias e os topos representam 68% em reas do municpio, juntas ocupam a maior parte do municpio. So compostas de rochas sedimentares do arenito Urucuia e representam a rea com maior potencial para a implementao agrcola, devido ao seu relevo suave e solos propcios para esse tipo de uso. Essas unidades se encontram sobre processos morfogenticos estveis onde predomina a pedognese, sendo que os Topos apresentam-se com maior estabilidade, menos dissecados e com os processos pedogenticos mais atuantes.

    As Frentes de Recuo Erosivo abrangem 22% do municpio. Encontram-se entre as bordas das chapadas e dos topos e a base das Plancies Intraplanlticas. uma rea onde os processos erosivos so atuantes e a morfognese predomina sobre a pedognese, contribuindo para a alterao do relevo. A eroso associada explorao dos recursos naturais para o uso agropecurio pode comprometer os cursos dgua, causando danos como o assoreamento.

  • 30 Caracterizao Geomorfolgica do Municpio de Lus Eduardo Magalhes...

    As Plancies Intraplanlticas constituem 7%. So superfcies planas que abrigam os cursos dgua do municpio. Encontram-se sobre processos morfogenticos de deposio, onde a pedognese e a morfognese encontram-se em equilbrio; seu uso intensivo para prejudica a rede hdrica local.

    As Veredas ocorrem em 3% da rea. So unidades que apresentam os processos morfogenticos estveis. So ambientes fragilizados principalmente pela deposio de sedimentos carreados pela eroso laminar que ocorre nas chapadas aps a retirada da vegetao nativa, que provoca o assoreamento de seus cursos dgua, especialmente dos ambientes hidromrficos.

    A partir do mapeamento geomorfolgico realizado, possvel planejar a ocupao territorial das atividades que impulsionam o desenvolvimento socio econmico do municpio de forma racional, sobretudo a agropecuria, o que pode minimizar prejuzos para os recursos naturais da regio.

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    Caracterizao Geomorfolgica do Municpio de Lus Eduardo Magalhes, Oeste Baiano, Escala 1:100.000

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