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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS UFG REGIONAL CATALÃO ESPECIALIZAÇÃO EM TRATAMENTO DE MINÉRIOS JANAINA PAULA BORGES CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA DO MINÉRIO DE FOSFATO ULTRAFINO DE CATALÃO/GO CATALÃO-GO MAIO/2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS – UFG REGIONAL CATALÃO

ESPECIALIZAÇÃO EM TRATAMENTO DE MINÉRIOS

JANAINA PAULA BORGES

CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA DO MINÉRIO DE FOSFATO ULTRAFINO DE CATALÃO/GO

CATALÃO-GO

MAIO/2014

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JANAINA PAULA BORGES

CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA DO MINÉRIO DE FOSFATO

ULTRAFINO DE CATALÃO

Orientador: Dr. Maurício Guimarães Bergerman

Co-orientador: Augusto Miranda de Resende

CATALÃO-GO

MAIO / 2014

Monografia apresentada ao

curso de pós-graduação em

Tratamento de Minérios da

Universidade Federal de Goiás

– UFG, como requisito parcial

para obtenção do título de

Especialista em Tratamento de

Minérios.

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AGRADECIMENTOS

A Deus pelo Dom da vida, sustentação nas horas difíceis, força para seguir nos

momentos de fraqueza e realização de mais um sonho.

Ao meu pai José Olair (in memoriam), que infelizmente não pode estar presente

neste momento da minha vida, mas não poderia deixar de agradecer a ele, pois se

hoje estou aqui, devo muitas coisas a ele e por seus ensinamentos e valores

passados. Obrigada por tudo! Saudades eternas!

A minha mãe, Abrilina, pelo incentivo nos estudos, pelo amor incondicional, apoio e

companheirismo sem o qual não seria possível vencer mais essa etapa da minha

vida.

A minha irmã, Janice, pelo apoio, incentivo e companheirismo.

Ao meu sobrinho, Caio Augusto, que com um simples sorriso me faz esquecer de

todas as ansiedades e angustia.

Ao meu orientador, Maurício Bergerman, e o meu co-orientador, Augusto Miranda,

pela oportunidade, orientação, incentivo e confiança depositada em mim para

realização deste trabalho.

Aos meus colegas de trabalho da Vale Fertilizantes e Rodes pela amizade,

companheirismo e apoio na realização deste trabalho.

Aos Professores da pós-graduação em Tratamento de Minérios que colaboraram

para a ampliação de meus conhecimentos.

Aos funcionários da Universidade Federal de Goiás, Regional Catalão, que

colaboraram direta e indiretamente para minha formação.

À Universidade Federal de Goiás, Regional Catalão, e à Vale Fertilizantes que

oportunizaram a realização deste trabalho.

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RESUMO

O esgotamento das jazidas com altos teores e o aumento do consumo de bens

minerais, vem fazendo com que as indústrias minerais busquem cada dia mais o

desenvolvimento sustentável. O aproveitamento das partículas ultrafinas foi uma

alternativa de sucesso para aumento das recuperações do processo na indústria de

fosfato. Hoje a produção de concentrado ultrafino corresponde a cerca de 15% da

produção global de fosfato da Vale Fertilizantes Unidade de Catalão/GO e vem

sendo buscado cada vez mais pelo mercado de fertilizantes. Com isso, observa-se a

necessidade da caracterização tecnológica deste minério, focando a otimização do

circuito através da previsibilidade do mesmo. Neste trabalho foi avaliado a

implementação de uma metodologia de caracterização da alimentação do circuito de

ultrafinos, onde foram realizados estudos em planta piloto e amostragem no

processo industrial. Os principais parâmetros avaliados foram a análise química e

granulométrica das alimentações da flotação convencional e de ultrafinos no

processo industrial e no processo de caracterização em planta piloto. Os resultados

obtidos no circuito em planta piloto mostram que as características granulométricas

das alimentações da flotação representam o processo industrial, enquanto que as

análises químicas apresentam um desvio superior ao aceitável pelo processo de

análise química. É necessário, portanto, adaptações no processo de deslamagem

em escala piloto para aproximar os resultados de análise química das alimentações

das flotações, convencional e de ultrafinos, ao processo industrial.

Palavras-chave: Circuito de ultrafinos, caracterização tecnológica, fosfato.

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ABSTRACT

The depletion of minerals deposits with high grade and the increase consumption of

minerals products made the mineral industrie seek increasingly the sustainable

development. The ultrafine particles recovery was a successful alternative to

increase phosphate recovery. Nowadays, the production of ultrafine concentrate

represents about 15% of global production in Catalão/GO unit of minerals processing

which have been demanded each day for more production to supply the fertilizers

industries. Therefore, there is a need to take the technological characterization of this

ore, targeting the optimization of mineral circuit throught better production prediction.

In this work, a methodology to characterize the feed in ultrafine circuit where

implemented based in pilot plants and sampling in industrial process. The mainly

parameters available was chemical analyses and granulometry of conventional and

ultrafine flotation feed in plant and in the pilot plant. The results shows that particles

sizes characterizations of flotation feed at the pilot plant represented the industrial

process, in other hand, the chemical analyses show more deviation than the

acceptable in chemical analyses. With that, it’s necessary to make adjusts in the

deslaming process in order to approximate the results of chemical analyses in

conventional and ultrafine flotation feeds, in the pilot plant to the industrial process.

Keywords: Ultrathin circuit, technological characterization, phosphate

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Fluxograma esquemático do circuito de ultrafinos no beneficiamento do

minério fosfático da Vale Fertilizantes de Catalão/GO .............................................. 10

Figura 2 - Apatita ...................................................................................................... 14

Figura 3 - Fluxograma simplificado de beneficiamento de rocha fosfática da Vale

Fertilizantes ............................................................................................................... 17

Figura 4 - Esquema simplificado da produção de fertilizantes ................................. 18

Figura 5 - Efeito do tamanho das partículas na recuperação metalúrgica ............... 19

Figura 6 - Circuito Convencional da usina de beneficiamento de Catalão ............... 23

Figura 7 - Circuito Ultrafino da usina de beneficiamento de Catalão ........................ 24

Figura 8 - Fluxograma atual da caracterização tecnológica em planta piloto ........... 26

Figura 9 - Fluxograma de caracterização em planta piloto incluindo o circuito de

ultrafinos ................................................................................................................... 27

Figura 10 - Curva granulométrica da alimentação da flotação convencional ........... 30

Figura 11 - Análise granulométrica da alimentação da flotação de ultrafinos

caracterização em planta piloto ................................................................................ 32

Figura 12 - Análise granulométrica da alimentação da flotação de ultrafinos processo

industrial ................................................................................................................... 33

Figura 13 - Análise granulométrica da alimentação da flotação de ultrafinos .......... 33

Figura 14 - Balanço de Massas do processo industrial da usina de beneficiamento 34

Figura 15 - Balanço de Massas do processo de caracterização em planta piloto .... 35

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Reservas e produção mundial de fosfato ................................................. 13

Tabela 2 - Reservas Fosfáticas 2000 ........................................................................ 15

Tabela 3 - Análises realizadas por fluxo amostrado ................................................. 24

Tabela 4 - Análise química da alimentação da flotação convencional ..................... 29

Tabela 5 - Análise química da alimentação da microdeslamagem ........................... 31

Tabela 6 - Análise química da alimentação da flotação de ultrafinos ....................... 31

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SUMÁRIO

1- Introdução ...................................................................................................................................... 9

2- Justificativa .................................................................................................................................... 11

3- Objetivos ....................................................................................................................................... 12

3.1- Objetivo geral ............................................................................................................................. 12

4- Revisão Bibliográfica ..................................................................................................................... 13

4.1- Fosfato ....................................................................................................................................... 13

4.2- Lavra e beneficiamento mineral do depósito de Catalão/GO ................................................... 16

4.3- Partículas ultrafinas.................................................................................................................... 18

4.4- Caracterização Tecnológica ........................................................................................................ 20

5- Metodologia .................................................................................................................................. 22

5.1 – Coleta das amostras ................................................................................................................. 22

5.2- Caracterização Tecnológica em Planta Piloto ............................................................................ 25

5.2.1- Método Atual de caracterização em planta piloto ............................................................. 25

5.2.2. Método incluindo a etapa de microdeslamagem no processo de caracterização da planta

pilto, porém sem realizar a flotação de ultrafinos ........................................................................ 26

5.3. Analise granulométrica e análise química ................................................................................. 28

6- Resultados e Discussões ................................................................................................................ 29

6-1. Circuito Convencional ................................................................................................................ 29

6-2. Circuito de Ultrafinos ................................................................................................................. 30

6-2. Balanço de Massas ..................................................................................................................... 34

7- Conclusões..................................................................................................................................... 36

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1- Introdução

O conceito de desenvolvimento sustentável vem sendo buscado cada dia mais pela

indústria mineral, principalmente com o esgotamento das jazidas com altos teores e

o aumento do consumo de bens minerais.

Devido a isso as empresas vêm buscando novas tecnologias de beneficiamento de

minérios com teores mais pobres ou pela utilização dos mesmos para outras

aplicações. Dentre as alternativas de beneficiamento desses minérios podemos citar

o aproveitamento dos rejeitos das barragens, dos minérios ultrafinos, dentre outros.

De acordo com esse pensamento o Complexo Mineroquímico de Catalão/GO da

empresa Vale Fertilizantes implementou em 1995 o circuito de ultrafinos, buscando o

aproveitamento dessas partículas para flotação.

O circuito é composto inicialmente pela a deslamagem, alimentada por partículas

ultrafinas com P80 em torno de 37 micrômetros, onde através de hidrociclones de

1,5" se efetua um corte em 5 micras em três estágios em série para adequação

granulométrica da polpa ao circuito de flotação de ultrafinos.

O circuito de flotação de ultrafinos é realizado em colunas rougher e cleaner e

células mecânicas na etapa scavenger, onde ocorre um enriquecimento do teor de

P2O5 em torno de 14% para 33,5%. Na figura 1 é apresentado o fluxograma

esquemático do circuito de ultrafinos no beneficiamento da apatita pela empresa

Vale Fertilizantes.

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Figura 1- Fluxograma esquemático do circuito de ultrafinos no beneficiamento do

minério fosfático da Vale Fertilizantes de Catalão/GO.

Fonte: Autoria Própria

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2- Justificativa

A produção de concentrado ultrafino corresponde a cerca de 15% da produção

global da unidade de Catalão da Vale Fertilizantes, sendo que este produto vem

sendo buscado cada vez mais pelo mercado de fertilizantes, com isso torna-se

necessária a caracterização tecnológica deste material, focando na otimização do

circuito através da previsibilidade da alimentação do mesmo e buscando o aumento

de produção.

A caracterização tecnológica de minérios é uma etapa fundamental para o máximo

aproveitamento de um recurso mineral. É um ramo especializado aplicado ao

beneficiamento de minérios que estuda aspectos específicos da mineralogia dos

minérios e as informações obtidas são utilizadas para desenvolvimento e otimização

de processos.

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3- Objetivos

3.1- Objetivo geral

Avaliar a implementação de uma metodologia de caracterização da alimentação do

circuito de ultrafinos do minério apatítico da Vale Fertilizantes Catalão/GO.

Objetivos específicos:

Suprir o planejamento de lavra de informações do circuito de ultrafinos;

Auxiliar na operação do circuito;

Garantir maior previsibilidade de resultados do circuito de ultrafinos por pilha

que alimenta a usina de beneficiamento.

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4- Revisão Bibliográfica

4.1- Fosfato

O fósforo é o elemento químico de número atômico 15 da Tabela Periódica dos

Elementos, presente em certa abundância na natureza sendo o décimo elemento

mais comum, com uma concentração média de 1.050 ppm na crosta terrestre e

teores médios de 8.690 ppm em carbonatitos, 650 ppm em granitos e 390 ppm em

diabásios (HEINRIC, 1966; MASON, 1971).

Este elemento é essencial para a vida vegetal e animal e, juntamente com o

nitrogênio e o potássio, é indispensável na composição de fertilizantes usados na

agricultura. De acordo com a tabela 1, em 2010 a produção nacional de rocha

fosfática foi de 6.192 milhões de toneladas, sendo o Brasil considerado o sexto

maior produtor no ranking mundial (DNPM/SEDE; 2011). A tabela 1 ilustra as

reservas e a produção mundial de fosfato.

Tabela 1- Reservas e produção mundial de Fosfato

Fontes: DNPM/DIPLAM, 2011.

A utilização de materiais contendo fósforo como fertilizantes é tão antiga que não há

registro de seu início. Excrementos de aves eram usados pelos cartagineses mais

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de 200 anos a.C. e os incas utilizavam guano muito antes da chegada dos

espanhóis (LOUREIRO et al., 2005).

O fósforo foi isolado pela primeira vez em 1669 pelo cientista alemão Henning

Brandt ao evaporar grandes quantidades de urina humana. Só cem anos mais tarde

o químico sueco Johan Gottlieb Gahn descobre sua presença nos ossos e dez anos

depois no mineral piromorfita (fosfato de chumbo). Foi somente em 1840 que o

químico alemão Justus Von Liebig formulou a base científica de produção de ácido

fosfórico. Em 1842, o fazendeiro inglês Bennet Lawes patenteou um processo de

acidulação de nódulos fosfatados (coprólitos) e deu a este produto o nome de

superfosfato, que se mantém até hoje (WAGGAMAN, 1969).

A obtenção de fósforo se dá principalmente a partir do beneficiamento de rocha

fosfática contendo apatita (Ca5(PO4)3), conforme ilustrado na figura 2, que apresenta

as seguintes variantes: hidroxiapatita, fluorapatita e clorapatita dependendo dos íons

Hidróxido(OH-), Fluoreto(F-), e Cloreto(Cl-), respectivamente, presentes em sua

estrutura cristalina. Apresenta como principais impurezas a hematita (Fe2O3) e o

quartzo (SiO2) (PAIVA et al, 2004).

Figura 2 - Apatita

Fonte Banco de dados UNEFP

O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de alimentos e o agronegócio é um

dos mais fortes segmentos da sua economia: representa um terço da riqueza do

país, 42% da receita de exportações e é responsável por 17,7 milhões de

trabalhadores no campo (ANDEF, 2004).

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Cerca de 80% das jazidas brasileiras de fosfatados naturais são, em geral, de

origem ígnea com presença acentuada de rocha carbonatítica e minerais micáceos

com baixo teor de P2O5, enquanto que em termos mundiais esse percentual está em

torno de 17% (DNPM/DIPLAM, 2001.).

As reservas totais de rocha fosfática no país, em 2000, chegam à casa dos quatro

bilhões de toneladas e evoluíram numa taxa real de crescimento de 3,3% a.a. entre

1988-2000. Dessas, cerca de 3,3 bilhões representam a soma das reservas medidas

(56,6%) e indicadas (24,3% do total), com 222,3 milhões de toneladas de P2O5

contido na reserva medida (DNPM/DIPLAM, 2001).

Esse patrimônio fosfático está distribuído nos estados produtores de Minas Gerais

com 73,8%, Goiás com 8,3% e São Paulo com 7,3%, que juntos participam com

89,4% das reservas totais do país, seguido dos estados de Santa Catarina, Ceará,

Pernambuco, Bahia e Paraíba, com os 10,6% restantes, conforme ilustrado na

tabela 2 (DNPM/DIRIN, 2001).

Tabela 2 - Reservas Fosfáticas 2000

Reservas Oficialmente Aprovadas de Rocha Fosfática – 2000

UF Medida Indicada

Inferida Total Minério Contido Teor (P2O5%) T

BA 19.736.103 3.016.889 15,29 6.289.518 4.173.276 30.198.897

CE 89.178.080 9.809.589 11,00 3.806.723 1.279.485 94.264.288

GO 287.820.974 31.352.991 10,89 17.636.000 32.207.000 337.663.974

MG 1.484.767.359 138.016.256 9,30 681.011.119 815.911.128 2.981.689.606

PB 9.693.081 11.567.764 11,93 10.278.705 - 19.971.786

PE 21.467.344 4.528.312 21,09 6.496.584 5.572.863 33.536.791

SC 247.770.000 15.336.963 6,19 - 247.770.000

SP 127.765.030 8.746.745 6,85 167.580.000 - 295.345.030

Total 2.288.197.971 222.375.509 11,57 893.098.649 859.143.752 4.040.440.372

Fonte: DNPM/DIRIN, 2001.

Os depósitos cubados relacionados a carbonatitos dos complexos de Araxá/Tapira

(MG), Catalão/Ouvidor (GO), Jacupiranga/Cajati (SP) e o complexo

alcalinocarbonatítico de Mairicuru (MA) ainda em estudo, estão relacionados aos

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ambientes geológicos, onde ocorreu intensa atividade vulcânica, representando os

denominados depósitos ígneos (DNPM/DIRIN, 2001).

Depósitos de origem sedimentar também ocorrem no país, em Estados do Nordeste,

principalmente em Pernambuco, podendo ser ainda encontrado em locais de outros

estados, como Minas Gerais – município de Lagamar, onde ocorre depósito com

rochas mineralizadas em fosfato nas unidades litológicas da formação Paraopeba,

integrante do Grupo Bambuí, onde a sequência fosfática está encaixada em siltitos e

folhelhos calcíferos, mostrando-se localmente pouco metamorfizada do Grupo

Bambuí (DNPM/DIRIN, 2001).

4.2- Lavra e beneficiamento mineral do depósito de Catalão/GO

O complexo Ultramáfico de Catalão como é conhecido em termos geológicos, foi

descoberto em 1884 pelo geólogo francês Eugene Hussak, porém somente em 1967

e o DNPM iniciou as prospecções da jazida, visando um programa conjunto de

fosfato, nióbio e titânio. Em 1968 a METAGO deu continuidade às pesquisas e

decidiu extrair e beneficiar o minério de fosfato.

A jazida de fosfato da região de Catalão/Ouvidor formada por chaminés alcalinas,

tem como objetivo a produção de concentrado de apatita para a fabricação de

fertilizantes. O mineral-minério é a apatita e ocorre associado a outros minerais de

titânio, nióbio, ferro, sílica e bário.

No Brasil, a lavra das jazidas de fosfatos, totalmente mecanizada, é realizada a céu

aberto. Os equipamentos utilizados variam de empresa para empresa e de mina

para mina. Em Tapira (MG), a maior mina produtora de concentrados fosfáticos do

Brasil, as bancadas têm 13 metros de altura. Já em Catalão I (GO) da empresa Vale

Fertilizantes com lavra executada em duas cavas, os bancos têm 5 a 10 metros de

altura e as bermas são de 15 metros (LOUREIRO et al, 2005).

O processo de beneficiamento mineral de apatita tem como objetivo atingir um

concentrado apatítico com a qualidade adequada para sua utilização como matéria

prima na fabricação de fertilizantes. Isso significa que este deve ter um teor médio

de P2O5 de 35% e baixos teores de impurezas (TESTA, 2008).

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Os processos de beneficiamento de minérios fosfáticos, no Brasil, compreendem,

normalmente as etapas de: (TESTA, 2008).

Britagem (primária, secundária e até terciária, por vezes);

Estocagem e homogeneização;

Moagem primária e separação magnética de baixo campo;

Moagem secundária e classificação;

Deslamagem;

Concentração por flotação;

Espessamento.

No Complexo Mineroquímico de Catalão da Vale Fertilizantes segue-se o processo

tradicional de beneficiamento de fosfato, conforme o fluxograma simplificado, figura

3.

Figura 3 - Fluxograma simplificado de beneficiamento de rocha fosfática da Vale

Fertilizantes

Fonte: Autoria própria.

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A produção de fertilizantes a partir de minérios fosfatados naturais é realizada em

complexos industriais constituídos por unidades que podem agrupar-se numa

mesma área ou atuarem separadamente, conforme ilustrado na figura 4 (LOUREIRO

et al, 2005).

Figura 4 - Esquema simplificado da produção de fertilizantes

Fonte: Loureiro et al. (2005).

4.3- Partículas ultrafinas

Devido ao aumento do consumo de bens minerais e ao esgotamento dos jazimentos

com altos teores, a indústria mineral vem sendo forçada a explorar os depósitos com

baixos teores. Tal exploração vem provocando uma maior moagem para liberação

dos minerais, gerando uma quantidade maior de partículas finas com granulométrica

entre 40 e 13 µm e ultrafinas (< 13 µm) para serem processadas (TESTA, 2008).

As partículas finas e ultrafinas possuem uma baixa recuperação na flotação. Dentre

os fatores que influenciam na recuperação dessas partículas são (TESTA, 2008):

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Baixa probabilidade de colisão com as bolhas devido a probabilidade de

colisão,

Alto arraste hidráulico pelas linhas de fluxos de água causado pela

probabilidade de colisão das partículas;

Alto consumo de reagentes devido à alta área superficial por unidade de

massa;

São mais passíveis ao mecanismo de slimes coating (recobrimento por

lamas), devido à sua alta área superficial que torna as partículas mais

reativas,

São mais afetadas por íons em solução presentes na água de processo,

devido a sua maior reatividade.

A figura 5 apresenta a influência da granulometria na recuperação.

Figura 5 - Efeito do tamanho das partículas na recuperação metalúrgica.

Fonte: Testa, 2008

A flotação das partículas de lama junto com as partículas grossas prejudica a

recuperação de partículas de melhor flotabilidade, tornando-a ineficiente devido à

pequena massa, alta superfície específica e alta energia de superfície. Por isso a

necessidade da retirada da lama (<5 µm) antes do processo de flotação (PAIVA et

al, 2004).

Com o desenvolvimento de novas tecnologias cada dia mais vem sendo possível

aumentar a recuperação dessas partículas finas e ultrafinas. Dentre as principais

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alternativas sugeridas têm-se processos que envolvem fase orgânica, processos de

flotação em coluna, deslamagem realizada em micro hidrociclones, processos

baseados na agregação de partícula (floculação por cisalhamento, a flotação

transportadora e auto transportadora e condicionamentos em alta intensidade) e

processos baseados na otimização de captura de bolhas (PAIVA et al, 2004).

Na flotação em coluna, o problema da colisão entre as partículas e as bolhas é

minimizado através da alimentação da polpa próxima ao topo da coluna e a

alimentação do ar pelo fundo da coluna, originando-se assim um escoamento em

contracorrente das partículas e das bolhas. Um dos fatores que auxiliam no aumento

da recuperação das colunas é a diminuição da flotação por arraste hidráulico devido

às elevadas alturas da camada de espuma e a utilização de água de lavagem. Além

disso, a agitação é menor que na célula, minimizando o risco de destruição dos

agregados formados (LUZ et al., 2004).

No Complexo Mineroquímico de Catalão da Vale Fertilizantes o circuito de

concentração por flotação é dividido em grossos, finos e ultrafinos. As colunas de

flotação são utilizadas nos circuitos de finos e ultrafinos, sendo as etapas rougher e

cleaner realizadas em colunas enquanto a etapa scavenger é realizada em células

mecânicas.

A produção de concentrados fosfáticos a partir de partículas ultrafinas (< 40 mm –

“lamas”) que até pouco tempo eram descartadas, representa de 11 a 13% da

produção nacional (PAIVA et al, 2004).

4.4- Caracterização Tecnológica

A caracterização tecnológica é uma etapa fundamental para o aproveitamento de um

recurso mineral de forma otimizada, pois fornece ao engenheiro os subsídios

mineralógicos e químicos necessários ao correto dimensionamento da rota de

processo, ou permite identificar, com precisão, ineficiências e perdas em processos

existentes, possibilitando a otimização do rendimento global de uma planta. Através

dela é possível quantificar o mineral de interesse, ganga e a distribuição dos

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elementos em cada um dos fluxos, permitindo assim o cálculo da recuperação dos

mesmos nos processos (LUZ et al., 2004).

Além disso, permite o ajuste nas variáveis de processo a partir das características

físicas e químicas dos minerais gerando informações potencialmente úteis na

definição das rotas de processamento.

A maneira de se caracterizar uma amostra de minério varia muito com a própria

mineralogia e as propriedades inerentes ao minério, bem como com os objetivos e a

abrangência da caracterização, com as possíveis rotas de processamento e com a

disponibilidade de tempo, capacidade analítica e recursos financeiros (LUZ et al.,

2004).

No complexo Mineroquímico de Catalão da Vale Fertilizantes, a caracterização

tecnológica tem como objetivo simular o processo industrial, possibilitando assim a

identificação de algumas variáveis importantes de processo bem como suas

características físicas e químicas. Dentre as variáveis de processos analisadas

podemos destacar as seguintes:

Tempo de moagem variável que indica a compacidade do minério permitindo

assim identificar com antecedência possíveis problemas na moagem;

Dosagens de reagentes;

Recuperação mássica e metalúrgica global e em cada uma das etapas;

Quantificação de lamas;

Quantificação de material magnético.

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5- Metodologia

5.1 – Coleta das amostras

Os testes foram realizados com amostras de polpa provenientes da usina de

beneficiamento da Vale Fertilizantes, localizada em Catalão-GO, Brasil.

Foram coletadas as seguintes amostras da pilha de alimentação usina de

numeração 1768, para estudos da caracterização da alimentação da flotação de

ultrafinos:

1. Alimentação da planta (ALPL);

2. Alimentação da flotação de grossos (PCG);

3. Alimentação da flotação de finos (PCF);

4. Alimentação da flotação de ultrafinos (ALFTU);

5. Alimentação da microdeslamagem do circuito de ultrafinos;

6. Lama final (LF).

No circuito convencional da usina de beneficiamento da Vale Fertilizantes Complexo

de Catalão/GO o minério retomado da pilha de homogeneização alimenta uma etapa

de moagem de barras e passa por uma separação magnética de baixo campo onde

é retirada a magnetita. O material não magnético alimenta uma etapa de moagem de

bolas, sendo que o produto é classificado em hidrociclones, onde o underflow

retorna para a moagem e o overflow alimenta uma etapa de deslamagem (1ª

deslamagem) onde o overflow alimenta uma nova etapa de deslamagem (2ª

deslamagem) e o underflow alimenta uma segunda etapa de moagem de bolas. O

produto da moagem secundária de bolas é classificado em hidrociclones onde o

underflow retorna para a moagem secundária de bolas e o overflow alimenta uma

nova etapa de deslamagem (4ª deslamagem) sendo o underflow desta etapa é a

alimentação da flotação de grossos e o overflow juntamente com o underflow da 2ª

deslamagem alimenta outra etapa de deslamagem (3ªdeslamagem). O underflow da

3ª deslamagem é a alimentação da flotação de finos e o overflow juntamente com o

overflow da 2ª deslamagem alimenta a microdeslamagem de ultrafino.

A figura 6 representa os pontos amostrados no circuito convencional.

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Figura 6 - Circuito Convencional da usina de beneficiamento de Catalão

Fonte: Autoria Própria

Já no circuito de ultrafinos da usina de beneficiamento, os overflows das etapas da

2ª e 3ª deslamagem, alimenta uma etapa de microdeslamagem (1ª

microdeslamagem) onde o overflow é considerado lama final e o underflow alimenta

uma nova etapa de microdeslamagem (2ª microdeslamagem) sendo que o overflow

desta etapa é considerado lama final juntamente com o overflow da primeira etapa

de microdeslamagem e o underflow alimenta outra etapa de microdeslamagem (3ª

microdeslamagem). O overflow da 3ª microdeslamagem alimenta novamente o

circuito de microdeslamagem e o underflow é a alimentação da flotação de

ultrafinos.

A figura 7 representa os pontos amostrados no circuito ultrafino.

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Figura 7 - Circuito Ultrafino da usina de beneficiamento de Catalão

Fonte: Autonomia própria

A tabela 3 apresenta as análises que foram realizadas com as amostras coletadas

no circuito industrial

Tabela 3 - Análises realizadas

Fonte : Autonomia Própria

Fluxo Composição Análise Granulométrica

Análise química

Caracterização em Planta

Piloto

ALPL ALPL X X

PCG Alimentação da flotação

convencional X X

PCF

Overflow 2ª deslamagem LF

X

Overflow 3ª deslamagem

ALFTU ALFTU X X

Alimentação 1ª microdeslamagem Alimentação 1ª

microdeslamagem X X

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5.2- Caracterização Tecnológica em Planta Piloto

A amostra da Alimentação da Planta foi utilizada na caracterização tecnológica em

planta piloto, onde foram realizados ensaios seguindo duas metodologias:

Método atual de caracterização em planta piloto;

Método de caracterização em planta piloto incluindo a etapa de

microdeslamagem, porém sem realizar a flotação de ultrafinos.

5.2.1- Método Atual de caracterização em planta piloto

Foram utilizados os equipamentos rotineiros do circuito de caracterização da planta

piloto de Catalão/GO, onde o processo é totalmente realizado em batelada e é

contemplado por uma etapa de classificação realizada em peneirador industrial

50X50 cm com peneira de 65#, onde o oversize alimenta uma etapa de moagem em

moinho de barras que permanace em circuito fechado com o peneiramento até que

o oversize represente de 10 a 13% da alimentação da caracterização e o undersize

desta etapa alimenta uma etapa de separação magnética de baixo campo com 1200

gauss, retirando a magnetita. O não magnético alimenta um circuito de deslamagem

em hidrociclone de 40 cm e pressão de 4 psi onde o overflow é considerado lama

final e o underflow a alimentação da flotação convencional.

O produto da moagem alimenta uma etapa de separação magnética de baixo campo

com 1200 gauss, onde a magnetita é retirada. O material não magnético desta etapa

alimenta a flotação convencional juntamente com o underflow da deslamagem,

conforme demonstrado na fígura 8.

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Figura 8 - Fluxograma atual de caracterização tecnológica em planta piloto.

Fonte: Autonomia própria

Foram realizadas análise granulométrica e química das amostras coletadas neste

circuito.

5.2.2. Método incluindo a etapa de microdeslamagem no processo de caracterização da

planta pilto, porém sem realizar a flotação de ultrafinos

Foram utilizados os equipamentos rotineiros do circuito de caracterização, incluindo

um hidrociclone de 1” para microdeslamagem de ultrafinos. Sendo contemplado por

uma etapa de classificação realizada em peneirador industrial 50X50 cm com

peneira de 65#, onde o oversize alimenta uma etapa de moagem em moinho de

barras que permanece em circuito fechado com o peneiramento até que o oversize

represente de 10 a 13% da alimentação da caracterização e o undersize desta etapa

alimenta uma etapa de separação magnética de baixo campo com 1200 Gauss,

retirando a magnetita. O não magnético alimenta um circuito de deslamagem em

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hidrociclone de 40 cm e pressão de 4 psi onde o overflow é alimenta o circuito de

microdeslamagem em hidrociclone de 1” e o underflow a alimentação da flotação

convencional.

O produto da moagem alimenta uma etapa de separação magnética de baixo campo

com 1200 gauss, onde a magnetita é retirada. O material não magnético desta etapa

alimenta a flotação convencional juntamente com o underflow da deslamagem. O

overflow da etapa de microdeslamagem é considerado lama final e o underflow é

considerado a alimetação da flotação de ultrafinos.

A etapa de flotação foi realizada com alimentação da flotação do circuito

convencional, sendo que a amostra da alimentação da flotação de ultrafinos foi

analisada e posteriormente descartada.

A figura 9 representa os pontos amostrados no circuito incluindo a etapa de

microdeslamagem, porém sem realizar a flotação de ultrafinos.

Figura 9 - Fluxograma de caracterização tecnológica em planta piloto incluindo

circuito de ultrafinos

Fonte: Autonomia Própria

Foram realizadas análise granulométrica e química das amostras coletadas neste

circuito.

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5.3. Analise granulométrica e análise química

As análises granulométricas do material de granulometria grosseira foram realizadas

utilizando peneirador suspenso na unidade da Vale Fertilizantes de Catalão, sendo

que as análises granulométricas das partículas finas e ultrafinas foram realizadas

utilizando o Malvern 2000 G no laboratório da unidade da Vale Fertilizantes de

Araxá.

As análises químicas foram realizadas na unidade da Vale Fertilizantes de Catalão,

utilizando aparelho de fluorescência de raios X - PW AXIOS 4400.

Todos os ensaios e análises foram realizados em triplicatas, para maior

confiabilidade dos resultados.

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6- Resultados e Discussões

6-1. Circuito Convencional

A tabela 4 mostra os valores de teores médios das alimentações da flotação

convencional coletadas no processo industrial e no processo de caracterização,

sendo que o erro considerado aceitável para análise química é de 5%, baseado nos

erros fundamentais do processo das etapas de preparação de amostras, fusão e

análise por fluorescência de raios-x.

Tabela 4 - Análise química da alimentação da flotação convencional

Os resultados apresentados demostram que o processo de caracterização em planta

piloto da alimentação da flotação apresenta um valor superior em teor de P2O5 ao

processo industrial, com uma diferença significativa no de Fe2O3, indicando um

processo de separação magnética de baixa concentração mais eficiente na planta

piloto do que no processo industrial.

O teor de P2O5 da alimentação da flotação de convencional do processo de

caracterização em planta piloto apresenta uma diferença de 0,87 em relação ao

processo industrial, desvio esse próximo ao desvio aceitável pela Planta Piloto da

Vale Fertilizantes Catalão/GO baseado em seus métodos de QAQC para análise

química de 0,84;

A figura 10 apresenta a curva granulométrica do passante, respectivamente, para

alimentações da flotação convencional coletadas no processo industrial e no

processo em planta piloto.

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Figura 10 - Curva Granulométrica da alimentação da flotação convencional

Fonte: Autonomia própria

De acordo com os resultados apresentados as características granulométricas da

alimentação da flotação convencional em planta piloto representam o processo

industrial.

6-2. Circuito de Ultrafinos

A tabela 5 mostra os valores de teores médios das alimentações da

microdeslamagem do circuito de ultrafinos coletadas no processo industrial e no

processo em planta piloto.

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Tabela 5- Análise química da alimentação da microdeslamagem

Fonte: Autonomia própria

O teor de P2O5 da alimentação microdeslamagem do processo de caracterização em

planta piloro apresenta uma diferença de 0,90 em relação ao processo industrial,

desvio esse superior ao desvio aceitável pela Planta Piloto da Vale Fertilizantes

Catalão/GO baseado em seus métodos de QAQC para análise química de 0,67.

A tabela 6 mostra os valores de teores médios das alimentações da flotação de

ultrafinos coletadas no processo industrial e no processo de caracterização.

Tabela 6- Análise química da alimentação da flotação de ultrafinos

Fonte: Autonomia própria

Os resultados apresentados demostram que o processo de caracterização da

alimentação da flotação de ultrafinos apresenta um valor significativamente menor

de teor de P2O5 comparado ao mesmo fluxo no processo industrial, causado

possivelmente por uma alimentação com teor mais baixo da microdeslamagem no

processo em planta piloto.

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O teor de P2O5 da alimentação da flotação de ultrafinos do processo de

caracterização apresenta uma diferença de 1,62 em relação ao processo industrial,

desvio esse superior ao desvio aceitável pela Planta Piloto da Vale Fertilizantes

Catalão/GO baseado em seus métodos de QAQC para análise química de 0,81.

As figuras 11 e 12 apresentam as curvas granulométricas do passante para

alimentações da flotação ultrafinos coletadas no processo de caracterização e no

processo industrial, respectivamente. As análises granulométricas foram realizadas

em triplicatas e de acordo com os dados podemos perceber uma boa

reprodutibilidade dos resultados.

Figura 11- Análise granulométrica da alimentação da flotação de ultrafinos na

caracterização

Fonte: Autonomia própria

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Figura 12- Análise granulométrica da alimentação da flotação de ultrafinos usina

Fonte: Autonomia Própria

A figura 13 apresenta a curva granulométrica do passante para alimentações da

flotação de ultrafinos coletadas no processo industrial e no processo de

caracterização.

Figura 13- Análise granulométrica da alimentação da flotação de ultrafinos

Fonte: Autonomia própria

De acordo com o gráfico apresentado as características granulometrias da

alimentação da flotação de ultrafinos do processo de caracterização em planta piloto

representam o processo industrial.

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6-2. Balanço de Massas

A figura 14 representa o balanço de massas do processo de preparação da pilha

1768 do processo industrial da usina de beneficiamento da Vale Fertilizantes

Complexo Catalão/GO.

Figura 14- Balanço de Massas do processo industrial da usina de beneficiamento

Fonte: Autonomia própria

A figura 15 representa o balanço de massas do processo de preparação da pilha

1768 do processo caracterização em planta piloto.

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Figura 15 - Balanço de Massas do processo caracterização em planta piloto

Fonte: Autonomia própria

Nas figuras 14 e 15 podemos observar que a separação magnética do circuito de

caracterização é mais eficiente do que no processo industrial, enquanto a

caracterização elimina 15,8% de massa magnética o processo industrial elimina

12,8%, isso explica o fato do teor de Fe2O3 da alimentação da flotação maior no

processo industrial do que na planta piloto.

A massa de alimentação da flotação convencional é similar em ambos os circuitos,

sendo de 55,4% para o processo industrial contra 53,6 para a caracterização. Já a

massa de alimentação da flotação de ultrafinos é relativamente menor na

caracterização do que no processo industrial, sendo 9,8% e 5,8% respectivamente.

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7- Conclusões

Os resultados obtidos no presente trabalho de avaliação da implementação de uma

metodologia de caracterização tecnológica em planta piloto da alimentação do

circuito flotação de ultrafinos permitem estabelecer às seguintes conclusões:

1- Com base nos resultados do estudo é recomendado alterações na

configuração da deslamagem convencional da caracterização, a fim de

aproximar os resultados químicos das alimentações da flotação convencional

e de ultrafinos. Após as devidas alterações, realizar novos testes para

verificar novamente a eficácia da simulação do processo industrial;

2- Será necessária a realização de mais testes em um número maior de pilhas

para garantir a representativa estatística dos resultados, porém o resultado

obtido é um bom indicador da operacionalidade e representatividade do

processo industrial através da rota proposta.

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REFERÊNCIAS

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em:[www.andef.com.br].

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Company.

LOUREIRO, F.E.L; MELLO, M. M.; NASCIMENTO, M; CT2005-108-00 Capítulo 7

Fosfato, CETEM, Rio de Janeiro, 2005.

LUZ, A.B; SAMAPIO, J.A; ALMEIDA, S.L.M de; Tratamento de Minérios; 4ª Edição,

Copyrigh, Rio de Janeiro, 2004

MASON, B.H (1971): Princípios de Geoquímica, Editora da USP / Ed. Polígono

PAIVA, M.P; CAPPONI, F; MATIOLO, E: Flotação não-convencional de minérios de

fosfato; Porto Alegre, Salão de iniciação cientifica-UFRGS, 2004

TESTA, F.G, Avanço na flotação de finos de minérios com condicionamento de alta

intensidade, Porto Alegre, UFRGS, 2008

WAGGAMAN, Wm.H. ed. (1969a): Phosphoric Acid and Phosphate Fertilizers,

Hafner Publising Company.