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CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA
DE FARINHAS ELABORADAS COM RESÍDUOS DE ABACAXI
E MARACUJÁ.
M. D. Pinto(1)
, M. Sandrine(2)
, S. C. A. Ribeiro (3)
, M. R. S. Peixoto Joele(3)
, O. L. L. Silva(4)
;
D. C. S. Silva(2)
(1)
Mestranda do PPGDRGEA, do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Pará, Campus
Castanhal, BR 316, Km 61 - Saudade II - Cristo Redentor, Castanhal - PA, 68740-970.
[email protected]; (2)
Mestre do PPGDRGEA, do Instituto Federal de Educação Ciência e
Tecnologia do Pará, Campus Castanhal, BR 316, Km 61 - Saudade II - Cristo Redentor, Castanhal - PA,
68740-970, [email protected]; [email protected] (3)
Docentes/pesquisadoras.
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Pará, Campus Castanhal, Núcleo de Engenharia
Ciência e Tecnologia de Alimentos NECTA, BR 316, Km 61 - Saudade II - Cristo Redentor, Castanhal - PA,
68740-970. [email protected], [email protected]. (4)
Doutorando do PPGCAN, da Universidade
Federal do Pará, Campus Castanhal, BR 316, Km 61 - Saudade II - Cristo Redentor, Castanhal - PA, 68740-
970. [email protected].
RESUMO - O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas. Sendo assim, esses alimentos são
processados em muitas agroindústrias. Consequentemente acaba-se tornando um grande gerador de
resíduos que são despejados de forma inadequada. Como uma alternativa para o aproveitamento de
abacaxi e maracujá, foram desenvolvidas farinhas. Assim, o presente estudo teve como objetivo
avaliar as características físico-químicas e microbiológicas dos resíduos e farinhas. Para isso foram
submetidos ao mesmo processo de secagem a 70 ° C. Como resultado observou-se que ao comparar os
resíduos de abacaxi e maracujá com as farinhas obtidas no processo, as mesmas comportaram-se
dentro do esperado, devido ao processo de desidratação, indicando condições de serem adicionados a
novos produtos.
ABSTRACT - Brazil is the world's third largest fruit producer. So these foods are processed in many
agricultural industries. consequently they end up becoming a major generator of waste that is disposed
of improperly. As an alternative to the use of pineapple and passion fruit waste, flours were
developed. Thus the present study aimed to evaluate the physicochemical and microbiological
characteristics of the waste and flour. o this were subjected to the same drying process at 70 ° C. As a
result it was observed that when comparing the pineapple and passion fruit waste with the flour
obtained in the process, the same behaved as expected, due to the dehydration process, indicating
conditions being added to new products.
PALAVRAS–CHAVE: Aproveitamento, Frutas, Secagem.
KEYWORDS: Use, Fruits, Drying.
1 INTRODUÇÃO A industrialização de frutos é uma tecnologia emergente que visa o aproveitamento dos
excedentes de produção possibilitando o consumo de frutos em todas as épocas do ano. No Brasil a
produção de frutos representa 6% da produção mundial, o que torna o país o terceiro maior produtor
de frutos (ANDRIGUETO et al., 2010).
Ananas comosus L. Merril o nome cientifico do abacaxi, seu fruto possui elevados valores
energéticos, principalmente devido à sua alta composição de açúcares (12,3% de carboidratos),
nutritivo, pela presença de sais minerais (cálcio, magnésio, manganês, fósforo, ferro, potássio, cobre e
zinco) e de vitaminas (FRANCO, 2001; TACO, 2011).
O maracujá (passiflora edullis) é uma fruta tipicamente da América tropical, muito cultivado
no Brasil. O resíduo do maracujá contém proteínas, fibras alimentares e minerais, apresentando
potencial para aproveitamento (CÒRDOVA, 2005). A casca do maracujá é composta pelo flavelo
(parte com coloração) e pelo albedo (parte branca).
A secagem tem como objetivo a retirada de água de determinado material na forma de vapor.
Por isso é considerada uma das mais importantes operações unitárias na engenharia de alimentos,
servindo para aumentar a vida útil do alimento de alto teor de umidade, em especial em frutas e
vegetais. (RUIZ-LÓPES et al. 2008).
Sendo assim o presente trabalho teve por objetivo avaliar a composição físico-química e
microbiológica de resíduos de abacaxi e maracujá e compara-los aos resultados encontrados com o
processo de desidratação para a elaboração de farinhas obtidas a partir do aproveitamento desses
resíduos.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Os frutos de abacaxi foram doados pela Cooperativa dos Fruticultores de Abaetetuba
COFRUTA, localizada na cidade de Abaetetuba-PA e os de maracujá foram doados pela Cooperativa
de Vila Maú COOPVIMA, localizada no município de Marapanim-Pa. Foram acondicionados em
recipientes térmicos e transportados até Laboratório de Agroindústria do Instituto Federal de Educação
Ciência e Tecnologia do Pará, Campus Castanhal.
Os frutos de abacaxi e maracujá foram submetidos ao processo de higienização. Logo após, as
cascas foram branqueadas (90°C por 30 segundos), para amaciar o tecido e inativar as enzimas.
Posteriormente cortadas e trituradas por 30 minutos em processador e foi então, prensada
manualmente para reduzir a umidade inicial. Logo em seguida foram submetidas ao processo de
secagem, á temperatura 70°C atingindo a umidade de equilíbrio em 480 ( casca de abacaxi) e 390 (
casca de maracujá) minutos. Seguindo com a trituração que foi realizada em processador e peneirada
com peneira de diâmetros variando de 50 a 313 μm e armazenadas em potes de vidro.
2.1 Caracterização microbiológica e físico-química das cascas e farinhas de
abacaxi e maracujá.
Foram realizadas as determinações de coliformes termotolerantes a 45°C, bolores e leveduras
e avaliação de Salmonella nos resíduos agroindustriais e farinhas, segundo metodologia descrita por
Downes e Ito (2001).
As análises físico-químicas dos resíduos e das farinhas foram realizadas nos laboratório de
físico-química do Instituto Federal do Pará - Campus Castanhal e no Laboratório de Nutrição da
Universidade Federal do Pará Castanhal. Todas as análises foram feitas em triplicatas.
As análises de acidez total titulável, resíduo mineral fixo, fibras totais, proteína e umidade
seguiram a metodologia descrita pela AOAC (1997);
A determinação do pH foi realizado em pHmetro da marca TECNAL, modelo TEC-5;
E por fim a atividade de água (aw) foi determinada com o auxílio de Termo higrômetro digital
AQUAlab 4TE da Decagon, na temperatura de 25ºC±0,5.
Já a avaliação da cor instrumental, foi realizada utilizando o colorímetro MINOLTA modelo
CR 400, representa o espaço de cor CIELAB, obtendo-se o parâmetro L* (luminosidade) e as
coordenadas de cromatide a* (intensidade de cores vermelho e verde) e b* (intensidade das cores
amarelo e azul).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Análises microbiológicas dos resíduos agroindustriais Os resultados obtidos das analises microbiológicas dos resíduos (maracujá e abacaxi) foram
comparados com a Resolução – RDC n° 12 , de 02 de janeiro de 2001 encontrando-se dentro dos
padrões estabelecidos (Tabela 1).
Tabela 1. Analises microbiológicas realizadas nos resíduos e nas farinhas de maracujá e abacaxi
Resíduo
do
abacaxi
Resíduo do
maracujá
Farinha
de
abacaxi
Farinha de
maracujá
Legislação
(BRASIL, 2001)
Coliformes á 45°C
(NMP/g)1
< 3 < 3 < 3 < 3 102
Bolores e leveduras < 1x 101
< 1x 101
< 1x10-1
< 3x101 10
4
Salmonella (25g) Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente 1NMP/g: número mais provável.
3.2 Caracterização físico e físico-química dos resíduos e das farinhas de
abacaxi e maracujá. A umidade dos resíduos agroindústriais (casca de abacaxi e maracujá) avaliados são muito
elevadas, porém próximas dos valores encontrados por Souza (2008) e Córdova (2005), indicando a
necessidade de um processo de conservação eficiente, como a desidratação, para melhor conservação
(Tabela 2)..
Tabela 2. Composição físico e físico-química dos resíduos e farinhas
Abacaxi * Maracujá*
In natura Farinha In natura Farinha
Umidade 84,3 ± 0,00 5,87± 0,24 88,6 ± 0,00 6,56 ± 0,27
Proteínas 0,77± 0,02 4,00 ± 0,00 0,33 ± 0,01 3,02 ± 00
Cinzas 0,97± 00 7,66±1,52 0,98± 00 6,00 ± 00
Fibras totais 62,23 ± 0,00 58,65 ±0,00 63,41 ± 0,00 49,90 ± 0,00
pH 4,21± 0,00 4,03 ± 0,01 4,47 ± 0,06 4,33 ± 0,05
Acidez (g/100g) 0,51± 0,00 2,00 ± 0,00 0,25 ± 0,00 1,60 ± 0,00
Aw 0,98 ± 0,00 0,22 ± 0,00 0,99 ± 0,00 0,33 ± 0,00
Luminosidade (L*) 34,29±0,01 48,32±0,00 34,54±0,01 41,87±0,58
CoordenaGda de
Cromaticidade (a*) -2,13±0,01 1,99±0,57 -1,85±0,01 3,32±0,19
Coordenada de
Cromaticidade (b* 23,23±0,01 22,53±2,89 18,82±0,00 25,55±0,60
* Base úmida
Os valores de umidade das farinhas das cascas de abacaxi e maracujá estão abaixo da taxa
máxima (15%) aprovado pelo Regulamento Técnico para produtos de cereais, amidos, farinhas em
geral (BRASIL, 2005).
Ao comparar os valores de proteínas das cascas e farinhas observa-se aumento, como
esperado, devido a retirada de umidade. De acordo com Garcia (1975), é provável que ocorra variação
nos componentes da farinha do maracujá, pois dependem do estagio de maturação do fruto, tendo em
vista que o amadurecimento leva a perda de umidade do fruto, ocorrendo a concentração dos
constituintes, além dos fatores como lugar do plantio e as condições genéticas das plantas.
Os teores de cinzas das cascas de abacaxi e maracujá estão próximos ao encontrado por
Marques (2010), para casca de manga. Souza et al (2008), encontrou valor superior de cinzas para
farinha da casca do maracujá (8,66%).
O teor de fibras das cascas e farinhas de abacaxi e maracujá encontradas são considerados bem
elevados, muito bom para enriquecer produtos alimentícios usados na alimentação humana.
Os valores de acidez dos resíduos (abacaxi e maracujá) foram superiores ao descritos por
Oliveira (2001), e o valor de pH (3,96) foi menor do que o encontrado no presente estudo ao avaliar
casca de maracujá. O pH ácido encontrado nas farinhas (abacaxi e maracujá) dificulta o crescimento e
proliferação dos microrganismos e estão próximos aos descritos por Moura (2012) para farinha da
casca do maracujá (4,20%).
A elevada atividade de água (AW) das cascas de abacaxi e maracujá descritas são semelhantes
aos resultados reportados por oliveira (2014).
Ao comparar os resultados da análise de cor da farinha da casca de abacaxi com o seu resíduo
obteve coloração mais escura, isso provavelmente pode ter sido ocasionado pela influencia da
temperatura 70° sobre o resíduo, a qual favorece o escurecimento não enzimático (caramelizarão) e
pelo tempo maior de seu resíduo congelado. Em relação à farinha da casca de maracujá a coordenada
luminosidade (*L) aumentou depois do processo de secagem, tornando-se um produto mais claro.
Já na coordenada *b, pode-se observar que os resíduos das cascas abacaxi e maracujá
apresentaram: 23,23 e 18,82, respectivamente, onde nota-se que após o processo de elaboração das
farinhas o valor da intensidade da cor amarela diminuiu para o abacaxi e aumentou para o maracujá
(LAWLESS; HEYMANN, 1999).
Os resultados da presente pesquisa, quando comparado com os demais estudos comparativos,
mostram alterações de coloração mediante a ação das temperaturas de secagem dos resíduos e as
espécies de frutas analisadas.
4 CONCLUSÃO
As análises microbiológicas dos resíduos das cascas de abacaxi e maracujá e das farinhas
elaboradas encontraram-se dentro dos padrões estabelecidos pela Legislação Brasileira.
Em relação às análises físico-químicas vale destacar que o teor de acidez, cinzas e proteínas
aumentaram depois da desidratação e a Aw e fibras das farinhas diminuíram com o processo tornando
um alimento mais seguro a ação de microrganismos.
Quanto às análises de cor, a amostra da farinha da casca do abacaxi foi a mais afetada,
fornecendo cor mais escura, isso deve ter ocorrido pela temperatura elevada e pelo tempo que ficou
congelado o resíduo afetando suas características.
A partir dos resultados obtidos no trabalho pode-se concluir que o produto elaborado obtém
qualidade nutricional e é grande importância para diminuição dos resíduos agroindustriais, gerando
assim potencial de exploração.
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