Carla Marisa Mendonça Ribeiro -...
-
Upload
vuongtuyen -
Category
Documents
-
view
215 -
download
0
Transcript of Carla Marisa Mendonça Ribeiro -...
Carla Marisa Mendonça Ribeiro
Avaliação do Desempenho deRevestimentos Superficiais naDurabilidade de Pedra de Construção
Carla
Mar
isa M
endo
nça
Ribe
iro
outubro de 2013UMin
ho |
201
3Av
alia
ção
do D
esem
penh
o de
Rev
estim
ento
s Su
perf
icia
isna
Dur
abili
dade
de
Pedr
a de
Con
stru
ção
Universidade do MinhoEscola de Engenharia
outubro de 2013
Tese de MestradoCiclo de Estudos Integrados Conducentes aoGrau de Mestre em Engenharia Civil
Trabalho efetuado sob a orientação deProfessora Doutora Graça VasconcelosProfessor Doutor Joaquim Carneiro
Carla Marisa Mendonça Ribeiro
Avaliação do Desempenho deRevestimentos Superficiais naDurabilidade de Pedra de Construção
Universidade do MinhoEscola de Engenharia
Avaliação do Desempenho de Revestimento Superficiais na Durabilidade de Pedra de Construção
Carla Marisa Mendonça Ribeiro iii
AGRADECIMENTOS
A presente tese foi realizada na Universidade do Minho, no Departamento de Engenharia
Civil. A investigação experimental decorreu no laboratório de Materiais de Construção, onde
foram realizados todos os ensaios e experiências relacionadas com a tese apresentada.
Para que esta tese obtivesse os resultados esperados muitas pessoas contribuíram no
desenvolvimento desta investigação. Devido a este facto, a investigadora agradece em
particular a:
Professora Graça de Fátima Moreira de Vasconcelos, que orientou esta tese, pela
troca de conhecimentos e por todo o incentivo e apoio transmitido.
Professor Joaquim Alexandre Oliveira Carneiro, pela cooperação na realização
desta tese.
Indica ainda o seu muito apreço a:
Carlos Alberto Oliveira Fernandes Palha, técnico responsável pelo laboratório, pelo
acompanhamento e o apoio na realização da investigação experimental.
Filipa Fernandes e Lurdes Martins pelo apoio na realização experimental.
Deseja ainda expressar:
Um reconhecimento de gratidão aos pais pelo apoio incondicional prestado.
Um agradecimento especial ao marido Luís Sousa pela compreensão e o apoio
prestado.
Um grande apreço aos amigos, em especial a Ricardo Silva, Francisco Oliveira,
Susana Marques e Andreia Martins pelo apoio e pela força providenciada.
Um agradecimento à melhor amiga, Eng.ª Lurdes Neves, pelo incentivo e pela força
que me deu para eu frequentar este curso.
Agradece ainda o apoio de toda a sua família.
Avaliação do Desempenho de Revestimento Superficiais na Durabilidade de Pedra de Construção
Carla Marisa Mendonça Ribeiro v
RESUMO
A pedra consiste num dos materiais mais utilizados na construção, quer em construções
monumentais, quer em construção vernácula. Em Portugal, e principalmente na zona norte, o
granito é mais abundante e por isso mais utilizado na construção. O conhecimento das
propriedades físicas dos granitos pode dar indicações sobre o seu comportamento em
ambientes mais severos como é o caso de ambientes húmidos que promovam o aparecimento
de fungos e climas onde haja variações de temperatura associados a ciclos gelo e degelo.
Assim, este trabalho tem como objetivos: (1) caracterização física de diferentes tipos de
granito; (2) avaliação do comportamento à água dos granitos; (3) avaliação da degradação de
diferentes tipos de granito submetidos a ciclos de gelo-degelo; (4) avaliação do efeito de
revestimento hidrófugo no comportamento dos granitos à água (absorção de água por imersão
e capilaridade); (5) avaliação de um revestimento à base de nanopartículas de dióxido de
titânio (TiO2) na capacidade autolimpante dos granitos.
Para o alcance dos objetivos propostos, foi efetuada uma alargada campanha experimental
com base em (1) ensaios normalizados para caracterização física (porosidade, densidade,
absorção de água por imersão e absorção de água por capilaridade antes e após a aplicação de
material hidrófugo e revestimento de nanopartículas; (2) ensaios para a determinação da
velocidade de propagação de ultrassons; (3) ensaios de gelo-degelo; (4) avaliação da
morfologia das superfícies após a aplicação do revestimento de nanopartículas e ensaios para
avaliação da função fotocatalítica do revestimento de nanopartículas.
A análise de resultados permitiu concluir que: (1) os granitos apresentam valores de
propriedades físicas bastante distintas, o que está associado ao tipo de granito e estado de
alteração; (2) a absorção por capilaridade depende consideravelmente do estado de alteração
do granito e, consequentemente, da porosidade; (3) o material hidrófugo utilizado retarda a
absorção por capilaridade; (4) verificou-se alguma degradação após 136 ciclos de gelo-
degelo, com uma alteração significativa da porosidade; (5) foi possível a aplicação de um
revestimento à base de nanopartículas de TiO2 com capacidade fotocatalítica, ainda que com
implicações na absorção de água por imersão e capilaridade.
Palavras- Chave: Granitos, Propriedades físicas, Revestimentos, Nanoparticulas.
Avaliação do Desempenho de Revestimento Superficiais na Durabilidade de Pedra de Construção
Carla Marisa Mendonça Ribeiro vii
ABSTRACT
The stone is a very ancient construction material that is used commonly in monumental
buildings but also in vernacular architecture. In Portugal, and mainly in the northern region,
the granite is the most abundant stone and thus is more used in the construction. The
knowledge of the physical properties of the granites can give some indications about its
behavior in severe environments as moist environments and environment associated to
important temperature variations (consecutive freeze-thawing cycles). Therefore, the present
work has as the main objectives: (1) physical characterization of distinct types of granites; (2)
evaluation of the behavior of granites under water; (3) evaluation of the degradation of the
distinct types of granites under freeze-thawing cycles; (4) evaluation of the hydrofuge coating
in the behavior under water (water absorption by immersion and capillary); (5) evaluation of
the performance of TiO2 nanoparticles coating as self-cleaning material.
For the achievement of the proposed objectives an extensive experimental program was
carried out; (1) standard tests for the physical characterization (porosity, density, water
absorption by imersion and capillary) before and after the application of the hydofuge
material and the TiO2 nanoparticles coating; (2) tests for the ultrasonic pulse velocity; (3)
freeze-thawing tests; (4) evaluation of the coated surface morphology with TiO2 nanoparticles
and tests for evaluation of the photocatalitic efficiency of the TiO2 nanoparticles coating.
The analysis of results allowed to conclude that: (1) the granites presented physical properties
in wide range, which is associated to the type of granite and to the weathering state; (2) the
water absorption by capillary depend on the weathering state and consequently on the
porosity; (3) the hydrofuge material delay the water absorption by capillary; (4) some
degradation was obtained after 136 freezing-thawing cycles with an significant alteration of
the porosity; (5) it was possible to obtain a TiO2 nanocoating wih moderate photocatalytic
activity, even if the superficial alteration resulted in high values of water absorption by
immersion and capillary.
Keywords: Granites, Physical properties, Coatings, Nanoparticles.
Avaliação do Desempenho de Revestimento Superficiais na Durabilidade de Pedra de Construção
Carla Marisa Mendonça Ribeiro ix
SIMBOLOGIA
A - Área da face imersa em água
A - Área da secção transversal do provete medida antes do ensaio
Ab - Absorção de água à pressão atmosférica
Au - Ouro
C1 - Coeficiente de correlação da reta de regressão com um valor >0,90
C2 - Coeficiente de correlação da reta de regressão com um valor >0,95
CdS - Sulfeto de cádmio
CO2 - Dióxido de carbono
E0 - Módulo de elasticidade dinâmica do provete seco antes do período de gelo
En - Módulo de elasticidade dinâmica do provete seco após n ciclos
F - Tensão de rotura
FeO - Óxido de ferro
H2O - Água
H - Hidrogênio
L - Distância de percurso
md - Massa do provete seco
Mh0 - Massa do provete imerso em água antes do período de gelo
Mhn - Massa do provete imerso em água após n ciclos
mi - Massas sucessivas dos provetes durante o ensaio
ms - Massa do provete saturado
Ms0 - Massa do provete saturado após imersão em água e antes do período de gelo
Avaliação do Desempenho de Revestimento Superficiais na Durabilidade de Pedra de Construção
x Carla Marisa Mendonça Ribeiro
Msn - Massa do provete saturado após n ciclos
msub – massa submersa
NO - Óxido nítrico
NO2 - Dióxido de Azoto
O - Oxigênio
R - resistência à compressão uniaxial do provete
η - Porosidade
SEM - Scanning Electron Microscopy
Si - Silício
T - Tempo despendido pelo impulso para percorrer o trajeto
ti - Tempos decorridos deste do inicio do ensaio até obtenção das massas sucessivas dos
provetes
TiO2 - Dióxido de titânio
UV - Ultra violetas
V - Velocidade do impulso
Vb0 - Volume aparente do provete antes do período de gelo
Vbn - Volume aparente do provete após n ciclos
Δ Vb - Variação no volume aparente do provete
ΔE - Variação no módulo de elasticidade dinâmica
Ysl - Energia livre de interface sólido/líquido
Ysg - Energia livre de interface sólido/gás
Ylg - Energia livre de interface líquido/gás.
ZnO - Óxido de zinco
Avaliação do Desempenho de Revestimento Superficiais na Durabilidade de Pedra de Construção
Carla Marisa Mendonça Ribeiro xi
ÍNDICE DE TEXTO
AGRADECIMENTOS ......................................................................................................... III
RESUMO ............................................................................................................................. V
ABSTRACT ....................................................................................................................... VII
SIMBOLOGIA .................................................................................................................... IX
ÍNDICE DE TEXTO ............................................................................................................ XI
ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES ............................................................................................ XV
ÍNDICE DE TABELAS .................................................................................................... XIX
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1
1.1. Objetivos ................................................................................................................. 4
1.2. Metodologia ............................................................................................................. 4
1.3. Organização da Tese ................................................................................................ 5
2. ESTADO DO CONHECIMENTO .................................................................................. 7
2.1. Fatores de Degradação da Pedra ............................................................................... 7
2.2. Agentes de Degradação Física.................................................................................. 7
2.2.1. Ação do Ciclo Gelo-Degelo .............................................................................. 8
2.2.2. Efeitos de Ações Térmicas .............................................................................. 10
2.2.3. Efeitos dos Sais Solúveis ................................................................................ 10
2.3. Agentes de Degradação Biológicos ........................................................................ 11
2.3.1. Bactérias e Fungos .......................................................................................... 11
2.3.2. Algas .............................................................................................................. 11
2.3.3. Líquenes ......................................................................................................... 12
2.3.4. Plantas e Vegetação ........................................................................................ 13
2.4. Patologias que surgem nas Pedra ............................................................................ 14
2.5. Aplicação da Pedra em Estruturas de Alvenaria ..................................................... 17
2.6. Vários tipos de rochas existentes em Portugal ........................................................ 19
Avaliação do Desempenho de Revestimento Superficiais na Durabilidade de Pedra de Construção
xii Carla Marisa Mendonça Ribeiro
2.7. Descrição petrográfica da pedra ............................................................................. 20
2.8. Impermeabilizantes existentes no mercado – hidrófugos ........................................ 21
3. AVALIAÇÃO DE CAUSAS NATURAIS .................................................................... 23
3.1. Riscos Geológicos e Geomorfológicos ................................................................... 23
3.1.1. Cheias progressivas ............................................................................................ 23
3.1.2. Cheias repentinas................................................................................................ 24
3.1.3. Movimento de vertente ....................................................................................... 26
3.2. Enquadramento Climático .......................................................................................... 27
3.2.1. Fatores que influenciam o clima português.............................................................. 27
3.3 Normas climatológicas da região de “Trás-os-Montes e Alto Douro e Beira Interior”
correspondentes a 1931-1960 e 1941-1970 ....................................................................... 28
3.3.1. Pressão atmosférica ................................................................................................. 28
3.3.2. Humidade relativa do ar ...................................................................................... 30
3.3.3. Temperatura do ar ............................................................................................... 31
3.3.4. Vento .................................................................................................................. 32
3.3.4.1. Frequência do vento ..................................................................................... 32
3.3.4.2. Velocidade do vento..................................................................................... 33
3.3.5. Precipitação ......................................................................................................... 34
3.3.6. Nebulosidade....................................................................................................... 36
3.3.7. Insolação ............................................................................................................. 36
3.3.8. Evaporação.......................................................................................................... 38
4. METODOLOGIA DO ESTUDO EXPERIMENTAL .................................................... 39
4.1. Introdução .............................................................................................................. 39
4.2. Descrição petrográfica da pedra ............................................................................. 39
4.3. Estudo das Propriedades Físicas ............................................................................. 40
4.3.1. Absorção de água por imersão ........................................................................ 40
4.3.2. Absorção de água por capilaridade ...................................................................... 44
Avaliação do Desempenho de Revestimento Superficiais na Durabilidade de Pedra de Construção
Carla Marisa Mendonça Ribeiro xiii
4.3.3. Velocidade de propagação de ultrassons .............................................................. 48
4.3.4. Ciclo gelo-degelo ................................................................................................ 50
4.4. Aplicação de revestimento superficial - hidrófugo .................................................. 56
4.4.1 Descrição do revestimento.................................................................................... 56
5. ANÁLISES DOS RESULTADOS DA INVESTIGAÇÃO EXPERIMENTAL.............. 59
5.1. Introdução.............................................................................................................. 59
5.2. Análise dos parâmetros dos granitos ...................................................................... 59
5.2.1. Parâmetros físicos ........................................................................................... 59
5.2.2. Absorção de água por imersão e capilaridade .................................................. 61
5.2.3. Velocidade de propagação de ultrassons ......................................................... 65
5.3. Ação gelo-degelo ................................................................................................... 66
5.3.1. Absorção de água por capilaridade e imersão .................................................. 72
5.3.2. Correlações da porosidade com a absorção de água por capilaridade e imersão 74
5.4. Aplicação de revestimento superficial – hidrófugo ................................................. 76
5.5. Correlações estatísticas entre as propriedades físicas .............................................. 78
6. APLICAÇÃO DE REVESTIMENTOS SUPERFICIAS DE NANOPARTÍCULAS DE
TIO2 ..................................................................................................................................... 83
6.1. Introdução.............................................................................................................. 83
6.2. Definição dos revestimentos .................................................................................. 84
6.3. Caracterização Morfológica e Superficial ............................................................... 86
6.3.1. Microscopia eletrónica de varrimento (SEM do inglês Scanning Electron
Microscopy) .................................................................................................................. 86
6.3.2 Análise de resultados da microscopia eletrónica de varrimento (SEM) ................. 87
6.4. Caracterização da capacidade autolimpante ............................................................ 93
6.4.1. Avaliação da atividade fotocatalítica das pedras .............................................. 93
6.5. Avaliação do comportamento à ação da água ......................................................... 96
6.5.1. Determinação do coeficiente de absorção de água por capilaridade ................. 96
6.5.2. Determinação da absorção de água por imersão .............................................. 98
Avaliação do Desempenho de Revestimento Superficiais na Durabilidade de Pedra de Construção
xiv Carla Marisa Mendonça Ribeiro
7. CONCLUSÕES .......................................................................................................... 101
7.1. Considerações finais e principais conclusões ........................................................ 101
7.2. Propostas para Futuras Investigações ................................................................... 103
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 105
Avaliação do Desempenho de Revestimento Superficiais na Durabilidade de Pedra de Construção
Carla Marisa Mendonça Ribeiro xv
ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Exemplos aplicação da pedra a) Castelo de São João da Foz, Porto
(http://mjfs.wordpress.com s.d.) b) Mosteiro da Batalha (http://en.wikipedia.org s.d.) ............ 1
Figura 2 - Habitação em Portugal (ano da construção 2005) ................................................... 2
Figura 3 - Presença de agentes de degradação biológica “algas” no Castelo de Penedono,
Viseu (http://cincodemaio.blogs.sapo.pt s.d.) ....................................................................... 12
Figura 4 - Líquenes – Mosteiro dos Jerónimos em Belém
(http://percursosquimicos.blogspot.pt, s.d.) .......................................................................... 13
Figura 5 - Eflorescência (Araújo, 2004) ............................................................................... 14
Figura 6 - Criptoflorescência (Araújo, 2004) ........................................................................ 15
Figura 7 - Sopa de Pedra (Araújo, 2004) .............................................................................. 15
Figura 8 - Incrustação negra (Araújo, 2004) ......................................................................... 16
Figura 9 - Alveolização (Almeida, 2000).............................................................................. 16
Figura 10 - Esfoliação (Almeida, 2000) ................................................................................ 17
Figura 11- Pitting (Almeida, 2000) ....................................................................................... 17
Figura 12 – Distribuição por centros de extrações de calcário, granito, xisto e ardósia
(Rodrigues et al. 2001) ......................................................................................................... 19
Figura 13 – Mapa regional da zona norte de Portugal (Bateira, et al, 2007) .......................... 23
Figura 14 – Setores afetados por cheias naturais progressivas (Bateira, et al, 2007) .............. 24
Figura 15 – Perigosidade e cheias naturais repentinas (Bateira, et al, 2007) .......................... 25
Figura 16 – Perigosidade à ocorrência de movimentos de vertentes (Bateira, et al, 2007) ..... 27
Figura 17 - Pressão atmosférica ao nível do mar (mb) a) meses de 1931 a 1960 b) meses de
1941 a 1970 ......................................................................................................................... 29
Figura 18 - Pressão atmosférica no local registada a) meses de 1931 a 1960 b) meses de 1941
a 1970 .................................................................................................................................. 30
Figura 19 – Percentagem de humidade relativa do ar a) meses de 1931 a 1960 b) meses de
1941 a 1970 ......................................................................................................................... 31
Figura 20 - Temperatura do ar (ºC) a) meses de 1931 a 1960 b) meses de 1941 a 1970 ......... 32
Figura 21 – Rosa-dos-ventos (http://pt.wikipedia.org s.d.) .................................................... 33
Figura 22 – Frequência do vento (%) a) meses de 1931 a 1960 b) meses de 1941 a 1970...... 33
Figura 23 – Velocidade média do vento (km/h) a) meses de 1931 a 1960 b) meses de 1941 a
1970 ..................................................................................................................................... 34
Avaliação do Desempenho de Revestimento Superficiais na Durabilidade de Pedra de Construção
xvi Carla Marisa Mendonça Ribeiro
Figura 24 – Pluviómetro (http://www.prof2000.pt s.d.) ........................................................ 34
Figura 25 – Precipitação (mm) a) meses de 1931 a 1960 b) meses de 1941 a 1970 ............... 35
Figura 26 – Precipitação máxima (diária) a) meses de 1931 a 1960 b) meses de 1941 a 1970 35
Figura 27 – Nebulosidade (0-10) a) meses de 1931 a 1960 b) meses de 1941 a 1970 ............ 36
Figura 28 – Insolação Total (horas) a) meses de 1931 a 1960 b) meses de 1941 a 1970 ........ 37
Figura 29 – Insolação expressa em percentagem (%) a) meses de 1931 a 1960 b) meses de
1941 a 1970 ......................................................................................................................... 37
Figura 30 – Evaporação (mm) a) meses de 1931 a 1960 1b) 1941 a 1970 ............................. 38
Figura 31 – Provetes no interior da estufa ............................................................................. 41
Figura 32 – Colocação dos provetes num recipiente a) recipiente de base plana b) distâncias
entre provetes ....................................................................................................................... 42
Figura 33 – Utensílios utilizados para obter a massa submersa a) recipiente b) cesto ............ 43
Figura 34 - Indicação da direção ascendente indicada em cada provete................................. 45
Figura 35 – Provetes para ensaio capilaridade ...................................................................... 46
Figura 36 – Absorção de água por capilaridade .................................................................... 47
Figura 37 – Equipamento utilizado para determinar velocidade propagação de ultrassons .... 48
Figura 38 – Determinação de velocidade de propagação de ultrassons relacionado com a
colocação de transdutores (NP EN 14579 2007) a) transmissão direta b) transmissão semi-
direta c) transmissão indireta ................................................................................................ 49
Figura 39 – Sistema automático de controlo das tarefas da realização ensaio gelo-degelo ..... 51
Figura 40 – Ensaio de gelo-degelo com provete munido de um dispositivo de medição de
temperatura .......................................................................................................................... 51
Figura 41 – Câmara de gelo-degelo ...................................................................................... 53
Figura 42 – Câmara de gelo-degelo a) ventoinha b) resistência de aquecimento e a ventoinha
de movimentação de água .................................................................................................... 53
Figura 43 – Produto impermeabilizante ................................................................................ 56
Figura 44 – Equipamentos utilizados para a aplicação do hidrófugo ..................................... 57
Figura 45 – Absorção de água por capilaridade: a) GA-6 b) GM-6 ....................................... 64
Figura 46 – Absorção de água por capilaridade a) PTA-3 b) PTM-L2 .................................. 65
Figura 47 – Variação do volume aparente (%) em função do número de ciclos de gelo-degelo
............................................................................................................................................ 67
Figura 48 – Variação da massa seca (g) em função do número de ciclos de gelo-degelo ....... 69
Figura 49 – Módulo de elasticidade dinâmica ....................................................................... 70
Avaliação do Desempenho de Revestimento Superficiais na Durabilidade de Pedra de Construção
Carla Marisa Mendonça Ribeiro xvii
Figura 50 – Velocidade de propagação de ultrassons ............................................................ 70
Figura 51 – Deteriorações detetadas nas amostras devido aos ciclos gelo-degelo .................. 72
Figura 52 – Capacidade de absorção de água por capilaridade a) antes 136 ciclos gelo-degelo
b) após 136 ciclos gelo-degelo ............................................................................................. 73
Figura 53 – Capacidade de absorção de água por capilaridade a) antes 136 ciclos gelo-degelo
b) após 136 ciclos gelo-degelo ............................................................................................. 73
Figura 54 – Correlações entre a porosidade e Capacidade de absorção de água por
capilaridade após 136 ciclos de gelo-degelo ......................................................................... 75
Figura 55 - Correlações entre a porosidade e Capacidade de absorção de água por imersão a)
Antes ação gelo-degelo b) Após 136 ciclos de gelo-degelo ................................................... 75
Figura 56 – Capacidade de absorção de água por capilaridade sem aplicação do hidrófugo .. 77
Figura 57 - Capacidade de absorção de água por capilaridade com aplicação do hidrófugo .. 77
Figura 58 – Relação da absorção de água por imersão com a porosidade .............................. 79
Figura 59 – Relação da absorção de água por capilaridade com a porosidade ....................... 80
Figura 60 – Relação da velocidade de propagação de ultrassons com a porosidade ............... 80
Figura 61 – Relação da absorção de água por capilaridade e imersão.................................... 81
Figura 62 – Relação velocidade de propagação de ultrassons com a capacidade de absorção de
água por capilaridade ........................................................................................................... 82
Figura 63 – Relação entre velocidade de propagação de ultrassons e capacidade de absorção
de água por imersão ............................................................................................................. 82
Figura 64 – Microscópico eletrónio varrimento (http://www.semat.lab.uminho.pt s.d.) ........ 86
Figura 65 – Feixe incidente sobre a superfície da amostra (http://www.ebah.com.br s.d.) ..... 87
Figura 66 – Micrografia de microscopia eletrónica de varrimento referente à pedra amarela
(sem aspersão de nanoparticulas de TiO2) ............................................................................ 88
Figura 67 – Espectro de EDS da pedra amarela (sem aspersão de nanoparticulas TiO2) ........ 88
Figura 68 - Micrografia de microscopia eletrónica de varrimento referente à pedra amarela
(com aspersão de nanoparticulas de TiO2) ............................................................................ 89
Figura 69 - Espectro de EDS da zona Z1 da pedra amarela identificada na micrografia
eletrónica de varrimento (com aspersão de nanoparticulas TiO2) .......................................... 89
Figura 70 - Espectro de EDS da zona Z2 da pedra amarela identificada na micrografia
eletrónica de varrimento (com aspersão de nanoparticulas TiO2) .......................................... 90
Figura 71 - Micrografia de microscopia eletrónica de varrimento referente à pedra azul (sem
aspersão de nanoparticulas de TiO2) ..................................................................................... 90
Figura 72 - Espectro de EDS da pedra azul (sem aspersão de nanoparticulas TiO2) .............. 91
Avaliação do Desempenho de Revestimento Superficiais na Durabilidade de Pedra de Construção
xviii Carla Marisa Mendonça Ribeiro
Figura 73 - Micrografia de microscopia eletrónica de varrimento referente à pedra azul (com
aspersão de nanoparticulas de TiO2) ..................................................................................... 91
Figura 74 - Espectro de EDS da zona Z1 da pedra azul identificada na micrografia eletrónica
de varrimento (com aspersão de nanoparticulas TiO2) .......................................................... 92
Figura 75 - Espectro de EDS da zona Z2 da pedra azul identificada na micrografia eletrónica
de varrimento (com aspersão de nanoparticulas TiO2) .......................................................... 92
Figura 76 – Principio fotocatálise de uma partícula TiO2 (Bonancêa, 2005) .......................... 94
Figura 77 – Espectro de absorvância de uma solução aquosa de rodamina B obtido para
diferentes instantes de tempo. Este espectro refere-se à amostra azul revestida. .................... 95
Figura 78 – Absorção de água por capilaridade sem aplicação de TiO2 ................................. 97
Figura 79– Absorção de água por capilaridade com aplicação de TiO2...................................97
Avaliação do Desempenho de Revestimento Superficiais na Durabilidade de Pedra de Construção
Carla Marisa Mendonça Ribeiro xix
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 - Tipos de rochas existentes em Portugal e a sua localização (Rodrigues et al. 2001)
............................................................................................................................................ 20
Tabela 2 - Local extração das pedras em estudo (Vasconcelos, 2004) ................................... 40
Tabela 3 - Temperaturas no interior dos provetes de acordo com o tempo do ensaio “NP EN
12371 2006” ........................................................................................................................ 52
Tabela 4 – Classificação e análise da inspeção visual do ensaio dos ciclos gelo-degelo “NP
EN 12371 2006” .................................................................................................................. 54
Tabela 5- Quadro das propriedades físicas dos granitos ........................................................ 60
Tabela 6- Valores obtidos da capacidade de absorção de água por imersão e por capilaridade
............................................................................................................................................ 62
Tabela 7- Valores obtidos na determinação da velocidade de propagação de ultrassons ........ 66
Tabela 8- Número de ciclos de gelo-degelo e respetivo números de controlo ........................ 67
Tabela 9- Massa seca ........................................................................................................... 68
Tabela 10 – Variação propagação de ultrassons e do módulo de elasticidade dinâmica
referentes ao início do ensaio ............................................................................................... 71
Tabela 11 – Porosidade, capacidade de absorção de água por imersão e capilaridade antes e
após os ciclos gelo-degelo .................................................................................................... 74
Tabela 12 – Coeficiente de Absorção de água por capilaridade antes e após aplicação do
impermeabilizante o Hidrófugo ............................................................................................ 76
Tabela 13 – Coeficiente de Absorção de água por capilaridade sem aplicação de TiO2 e com
TiO2 ..................................................................................................................................... 96
Tabela 14 – Coeficiente de absorção de água por capilaridade (porosidade) com e sem
aplicação TiO2 ..................................................................................................................... 99
1. Introdução
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 1
1. INTRODUÇÃO
A pedra é, desde há muitos anos, um dos materiais mais utilizados na construção,
especialmente para arquiteturas vernaculares e monumentais (Vasconcelos et al, 2003). Desde
o tempo dos romanos, árabes e da era medieval que a pedra é um dos materiais mais
prestigiados e aplicados na construção de qualquer edifício (Martins, 2011). A pedra é um
material muito utilizado na construção e verificámos que faz parte de edifícios conceituados
como monumentos culturais, históricos e arquitetónicos espalhados por todo o mundo. Em
Portugal, como demostra a Figura 1, o património físico, histórico e cultural caracteriza-se
pelo uso da pedra na elaboração das construções (à semelhança do que acontece em todo o
mundo) por razões de estética, elegância, resistência e durabilidade (Pinho et al. 2012).
Figura 1 - Exemplos aplicação da pedra a) Castelo de São João da Foz, Porto
(http://mjfs.wordpress.com s.d.) b) Mosteiro da Batalha (http://en.wikipedia.org s.d.)
As pedras utilizadas para alguns fins arquitetónicos devem possuir dureza média, permitindo
desta forma a respetiva moldagem e preparação para a sua aplicabilidade - como podemos
verificar nos monumentos, que contêm pedras bastantes trabalhadas obtendo obras muito
esbeltas como é ilustrado na Figura 1.
Para além da utilização da pedra para os fins mencionados, nos dias de hoje a pedra é também
muito utilizada para novas construções e reabilitações de habitações e edifícios, como
demostra a Figura 2, sendo colocada maioritariamente como revestimento exterior.
a) b)
1. Introdução
2 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
Possuem um aspeto morfológico irregular e são extraídas de pedreiras através de
equipamentos mecânicos. Poderão ser aplicadas e preparadas em obra diretamente através de
um processo de picagem manual, até possuírem a forma adequada para a aplicação na
estrutura, ou poderão ser reencaminhadas para uma central de preparação da pedra onde serão
submetidas ao corte através de equipamento mecânico.
Figura 2 - Habitação em Portugal (ano da construção 2005)
As pedras surgem das rochas existindo vários tipos podendo ser classificados como rochas
eruptivas, sedimentares e metamórficas. As rochas eruptivas resultam da consolidação do
magma, sendo homogéneas e isotrópicas, uma vez que resultam do arrefecimento de material
fundido. As rochas sedimentares resultam da deposição e consolidação de substâncias como
por exemplo poeiras, dando origem a estratos. Podemos caraterizar estas rochas como
anisotrópicas. As rochas metamórficas resultam das rochas eruptivas e sedimentares quando
estas estão sujeitas a outras condições ambientais (Brito, 1994).
Todas as pedras requerem uma atenção redobrada, pois encontram-se expostas a vários tipos
de ciclos climatéricos como o ciclo molhado-seco, o ciclo gelo-degelo e a variação de
temperatura. São também sujeitas a ataques de dióxido de carbono dissolvido na água
proveniente da precipitação. Além dos ataques provenientes do local e do clima poderão
surgir os ataques biológicos quando as condições atmosféricas forem propícias ao seu
aparecimento. Consequentemente podem verificar que o aparecimento e desenvolvimento de
bactérias, fungos, algas, líquenes e vegetação, surgem quando reunidas as condições e se
verificam a presença de ácidos propícios para o seu desenvolvimento. Os ataques biológicos
estão presentes quando se verifica em simultâneo o ciclo húmido e seco, que provocam a
degradação da pedra, num processo designado como biodegradação. É de salientar que as
1. Introdução
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 3
bactérias e fungos, após o seu aparecimento e colonização na superfície da pedra, provocam a
deterioração e corrosão da camada superficial da mesma devido à libertação de ácidos (ácido
cítrico) (Moreira, 2008).
Quando se verificam variações de temperaturas propícias para o desenvolvimento de algas
verifica-se o desenvolvimento de um habitat favorável para vários tipos de micro-organismos.
Existem várias espécies de algas mas salientamos duas espécies mais propícias no
aparecimento na superfície da pedra: as elípticas e endolíticas.
Para além de termos em conta os ataques de degradação que os agentes agressivos poderão
causar na pedra, será necessário analisar revestimentos que podem ser aplicados na superfície
da pedra, por forma a evitarem o aparecimento e desenvolvimento dos agentes agressivos
proporcionando uma maior durabilidade da pedra. Os revestimentos utilizados poderão conter
propriedades que permitam garantir, por um lado, uma elevada proteção por forma a garantir
a durabilidade da pedra, e por outro evitar qualquer deterioração física e estética dos edifícios
arquitetónicos, monumentais e vernaculares (Tsakalof et al. 2007). Segundo Xeidakis e
Samaras (1996) a análise da durabilidade poderá obter-se através de dois ensaios laboratoriais,
sendo um elaborado através do teste de imersão em ácido sulfúrico e o outro por um teste de
imersão em cristalização de sulfato de sódio.
Ao longo de alguns anos, o construtor deu mais ênfase ao aspeto económico, minimizando,
desta forma, características como a durabilidade da vida da estrutura. Com o passar do tempo
essa mentalidade foi-se modificando, já que, atualmente, é dada maior relevância ao ciclo de
vida passou a ser um dos fatores mais importantes. Através de ensaios laboratoriais foi
possível estimar a durabilidade de alguns materiais. Durante alguns anos, e com a ajuda de
várias investigações, foi possível desenvolver produtos químicos que, aplicados sobre a pedra,
possibilitaram a obtenção de uma maior durabilidade, aumentando assim o ciclo de vida da
pedra e desenvolvendo um mercado de produtos químicos para este fim. Com o aumento da
durabilidade da pedra, verifica-se uma mais-valia em termos ambientais, pois é reduzida a
quantidade de resíduos provenientes da construção. Assim, verificamos que com uma maior
durabilidade das estruturas, menor será o impacto ambiental.
Mais recentemente têm surgido revestimentos à base de nanopartículas com aplicações
multifuncionais como por exemplo a autolimpeza, o aumento da resistência mecânica e da
durabilidade, e um aumento do ciclo de vida da estrutura (Gomes, 2012). Existem diferentes
1. Introdução
4 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
semicondutores sendo os principais o sulfeto de cádmio (CdS), óxido de zinco (ZnO), óxido
de ferro III (Fe2O3) onde se destaca o dióxido de titânio (TiO2) devido ao facto de possuir
maior atividade fotocatalítica e ser mais económico (Santos, 2010). As nanoparticulas
absorvem radiações ultravioletas que na presença de água possuem um forte poder oxidante,
obtendo assim um melhor desempenho a nível da autolimpeza. As nanoparticulas têm um
efeito nocivo sobre as ações biológicas pois permitem combater estes tipos de agente
eliminando-os da superfície da pedra conferindo uma maior durabilidade e resistência
mecânica (Pinho et al. 2012).
1.1. Objetivos
As construções antigas de pedra apresentam diversas patologias associadas a condições
ambientais como humidade, variações extremas de temperatura e sucessivos ciclos de gelo-
degelo que contribuem para a degradação da pedra. Estes fenómenos estão relacionados com
o tipo de pedra, sendo a porosidade, geometria e configuração dos poros, fatores decisivos
para o impacto das ações ambientais.
Este trabalho tem como principais objetivos: (1) estudo das propriedades físicas de diferentes
tipos de granitos de construção tendo em consideração diferentes níveis de alteração,
nomeadamente granitos menos alterado e mais alterados; (2) avaliação do impacto de
sucessivos ciclos de gelo-degelo nas propriedades físicas dos granitos; (3) utilização de
revestimentos superficiais com vista ao melhoramento funcional de pedra de construção.
Entre as propriedades físicas destacam-se a porosidade, absorção de água por capilaridade e
absorção por imersão e velocidade de propagação de ultrassons Alguns granitos (com valores
mais elevados de porosidade) foram submetidos a ciclos de gelo-degelo e foi feita a avaliação
do efeito da degradação nas propriedades físicas. Por outro lado, foi aplicado um revestimento
à base de nanopartículas o semicondutor TiO2 com o objetivo de dotar as superfícies de uma
capacidade autolimpante.
1.2. Metodologia
O trabalho a desenvolver para atingir os objetivos do presente trabalho assenta numa extensa
campanha experimental baseada em diferentes tipos de ensaios de caracterização petrográfica
e física antes e depois da aplicação de diferentes tipos de revestimento, nomeadamente dos
revestimentos à base de nano-partículas. O trabalho foi realizado com a colaboração do
1. Introdução
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 5
Departamento de Física da Universidade do Minho no que respeita ao estudo dos
revestimentos superficiais à base de nanopartículas, nomeadamente ao nível das quantidades
de nanopartículas e análise das superfícies após a aplicação dos revestimentos (microscopia
eletrónica de varrimento). A caracterização física foi efetuada com base na determinação da
porosidade, capacidade de absorção de água por imersão e capilaridade. A realização dos
ciclos de gelo-degelo foram efetuado com base num procedimento de ensaio normalizado e de
uma forma automática.
Em termos de organização do trabalho a efetuar distinguem-se as diferentes etapas: (1)
caracterização física em provetes de referência. Para o efeito foram selecionados 4 tipos de
granito, nomeadamente granito de Gonça (GA – azul e GM, amarelo), granito de Póvoa de
Lanhoso (PLA – azul e PLM – amarelo), granito de Ponte de Lima (PTA – azul e PTM –
amarelo) e granito de Mondim (MDB – branco e MDM – amarelo). Entre estes granitos foram
selecionadas ainda duas diferentes direções, correspondentes à direção de mais fácil desmonte
e direção perpendicular; (2) campanha experimental de ensaios de gelo-degelo para avaliação
do efeito da degradação nas propriedades físicas e avaliar o número de ciclos correspondente
à degradação dos granitos. Para este efeito foram selecionados os provetes com maior
porosidade, dado que devem ser estes granitos os mais vulneráveis a este tipo de ação; (3)
aplicação de revestimentos superficiais à base de nanopartículas em provetes inseridos em
ambiente que proporcione a ocorrência de manchas e verdetes e comparação com provetes de
referência colocados nas mesmas condições ambientais; (4) caracterização das superfícies
com revestimentos de nanopartículas; (5) avaliação da influência dos revestimentos nas
propriedades físicas, nomeadamente porosidade, absorção de água por imersão e capilaridade.
1.3. Organização da Tese
No âmbito desta tese que é constituída por sete capítulos, sendo apresentados de forma
objetiva e evidenciando os aspetos relevantes da investigação desenvolvida.
Para além do capítulo introdutório, onde se faz um enquadramento e se apresentam os
objetivos e a metodologia, existem mais seis capítulos de desenvolvimento e conclusões.
No capítulo dois apresentam-se os fatores de degradação que possam surgir na pedra quando
estão criadas as condições para o seu aparecimento e desenvolvimentos. Indicam-se os
agentes de degradação física e biológica responsáveis por essa degradação. São apresentadas
as patologias que possam surgir na pedra, devido à presença dos agentes indicados, bem como
1. Introdução
6 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
apresentação de alguns produtos existentes no mercado que permitem retardar o efeito desses
mesmos agentes. Neste capítulo, são, também, apresentados, vários tipos de pedra, bem como
a sua descrição petrográfica, sendo realçada a sua aplicabilidade em obras de pedra.
No capítulo três é realizado um estudo por forma apresentar os riscos geológicos e
geomorfológicos da região Trás-os-Montes e Alto Douro. É ainda apresentado o
enquadramento climático da região, bem como descrição dos fatores que constituem a análise
da norma climática.
No capítulo quatro indicam-se os procedimentos a adotados em cada campanha experimental
realizada para caracterizar os vários tipos de granito em estudo. Esta investigação engloba a
determinação das propriedades físicas das pedras. São fornecidos os procedimentos de ensaios
de caracterização física (porosidade, densidade, absorção de água por imersão e capilaridade,
velocidade de propagação de ultrassons). Adicionalmente, descreve-se o procedimento e o
equipamento utilizado para os ensaios para a simulação acelerada dos ciclos de gelo-degelo.
No capítulo cinco apresentam-se os resultados obtidos da investigação experimental realizada
no laboratório do Departamento de Civil da Universidade do Minho segundos as normas
indicadas da análise das propriedades físicas das pedras. Desenvolveu-se experimentalmente
aplicação de um revestimento impermeabilizante por forma a permitir avaliar as alterações
nas propriedades da pedra.
No capítulo seis apresenta-se a investigação experimental, que consistiu na aplicação de um
revestimento à base de nanopartículas de dióxido titânio (TiO2). Foi realizada a caracterização
morfológica da superfície da pedra através da análise realizada com o microscópico eletrónico
de varrimento (SEM do inglês Scanning Eletron Microscopy). Foi ainda realizada a
caracterização fotocalítica e autolimpante sobre a pedra bem como a avaliação da influência
da aplicação do revestimento nas propriedades físicas dos granitos (porosidade, densidade,
absorção de água por imersão e capilaridade).
No capítulo sete apresentam-se as principais conclusões da presente tese.
2. Estado do Conhecimento
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 7
2. ESTADO DO CONHECIMENTO
2.1. Fatores de Degradação da Pedra
A pedra natural é muito apreciada devido à sua beleza e à sua resistência mas, devido à
presença de agentes agressivos, poderá estar sujeita a deteriorações diminuindo a sua
durabilidade e resistência.
Já existem alguns estudos efetuados em algumas localidades rurais de Portugal com intuito de
analisar as características das pedras utilizadas, quando expostas ao clima local (Lourenço, et
al, 2005).
A deterioração poderá verificar-se a nível estético, quando se verificam agressões a nível
superficial da pedra. Poderá verificar-se ainda a nível da resistência do material, quando os
agentes agressores surgem no seu interior, devido à existência de poros e capilares que
permitem a penetração.
A pedra é considerada durável quando está garantido o seu desempenho estrutural durante um
determinado período de tempo, garantindo as mesmas condições de que no início do ciclo de
vida, quando exposta ao meio ambiente.
A degradação inicia-se quando a pedra se encontra em contacto com as condições
climatéricas, sendo que na presença de um elevado teor de humidade é possível verificar o
aparecimento de agentes biológicos. O que se verifica com o aparecimento destes agentes é
que possuem a capacidade de libertação de substâncias químicas que poderão causar danos na
pedra. Esses danos poderão ser à superfície ou no interior da pedra, verificando-se alterações
nas propriedades iniciais a nível químico, físico e mecânico da pedra.
2.2. Agentes de Degradação Física
Os agentes de degradação são inúmeros e, no caso concreto da pedra, os agentes que
normalmente surgem devem-se ao facto de se encontrar reunidas as condições climatéricas
favoráveis ao seu aparecimento, como a presença de água proveniente da chuva, a radiação
solar e o vento. Além destes agentes podemos referir aqueles que provêm da localização
geográfica, como é o caso da poluição devido à circulação de veículos.
2. Estado do Conhecimento
8 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
No que concerne aos agentes físicos consideramos o vento como o principal agente de
degradação, devido à função abrasiva sobre a superfície da pedra causada pelo transporte de
partículas sólidas. Este agente é também responsável pela cristalização dos sais pois, quando a
velocidade do vento aumenta, a água retida nos poros evapora-se, formando sais cristalinos.
A temperatura é outro agente que está relacionado com a degradação da pedra, devido às
variações de volume provocadas pelas dilatações e contrações, que poderão originar rotura e
aparecimento de fissuras na pedra. Existem inúmeras variações como a do coeficiente de
dilatação térmica dos minerais, do volume e das direções de tensões interiores que provocam
o aparecimento de fendas na pedra.
A água é outro agente agressivo uma vez que poderá transportar sais solúveis, que são uma
causa frequente da degradação da superfície da pedra e que poderão possibilitar o
aparecimento e desenvolvimento de agentes biológicos.
2.2.1. Ação do Ciclo Gelo-Degelo
O ciclo gelo-degelo é um dos agentes responsáveis pela degradação da pedra. Este facto deve-
se a presença de água, após ter penetrado na pedra através de capilares e poros abertos, e
quando submetida a temperaturas baixas, provoca na pedra tensões internas resultantes da
variação de volume. Estas variações do volume, provocadas pelo congelamento e
descongelamento da água no interior da pedra, provocam tensões internas que podem levar a
aberturas de fendas e provocar a desagregação mecânica da pedra (Costa, 2009).
Este fenómeno acontece quando se verifica temperaturas negativas estando relacionados com
a quantidade de água que a pedra absorve e o tempo que a pedra está sujeita a essa
temperatura. As pedras que se verificam este efeito com mais intensidade, são as que possuem
pequenos poros (Cerqueira, 2008).
Para a realização do ensaio do ciclo gelo-degelo baseada na norma EN 12371, que permite a
avaliação das alterações a nível das características físicas e mecânicas da pedra.
Para a realização deste ensaio, foram utilizados provetes cúbicos de dimensão 70 mm, que
foram submetidos (por um período de seis horas) a uma temperatura mínima de gelo até -
12ºC. De seguida os provetes foram sujeitos a seis horas de degelo onde ficaram imersos em
água destilada (água sem qualquer tipo de impurezas) a temperatura 20ºC.
2. Estado do Conhecimento
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 9
Existem dois ensaios possíveis para determinar a resistência do material ao ciclo gelo-degelo:
o ensaio de identificação e o ensaio tecnológico. O ensaio de identificação é executado de
forma a se proceder ao registo e análise das variações de volume das pedras naturais. O ensaio
tecnológico é realizado quando o objetivo é determinar a resistência à flexão, compressão e
choque térmico por análise do efeito do ciclo gelo-degelo aplicado a uma pedra.
O ensaio gelo-degelo, é executado em ciclos consecutivos até se atingir a degradação da
pedra, sendo que o valor máximo de ciclos é cento e sessenta e oito e o número mínimos de
provetes que devem ser utilizados são sete, de acordo com a norma indicada anteriormente
para a execução deste ensaio.
Durante a realização deste ensaio será executada uma avaliação às pedras, através do aspeto
visual e análise ao decréscimo do módulo de elasticidade dinâmico. Para a realização destes
ensaios são utilizados dois conjuntos de provetes: um conjunto para ser analisado após a
submissão ao ciclo gelo-degelo e outro conjunto para realizar ensaios sem a submissão ao
ciclo mencionado. Se as variações entre os dois conjuntos, as resistências forem superiores a
20% considera-se que a pedra não resiste ao ciclo gelo-degelo (Rebola, 2011).
Para a determinação da compressão após o teste de gelividade não existe um ensaio universal
que permita a análise da gelividade de uma pedra. Dentro dos ensaios possíveis para a análise
da gelividade descrevemos, de seguida, uma das hipóteses que permite realizar a avaliação
pretendida. Coloca-se progressivamente a pedra em água destilada que deve estar a uma
temperatura ambiente entre 17 e 20ºC, sendo determinado desta forma o coeficiente embebido
(E). Se o coeficiente embebido tiver um valor acima de 0,8 estamos perante uma pedra
geladiça e se mesmo valor for inferior a 0,75 trata-se de uma pedra não geladiça. É de
salientar que no intervalo entre 0,75 e 0,8 a pedra deve ser submetida a ensaios de gelo-degelo
e de porometria.
Podemos ainda determinar a tensão de rotura à compressão após o teste de gelividade. Para
isso são utilizados seis provetes cúbicos, sujeitando-os a vinte e cinco ciclos de congelação e
descongelação. Após esta análise é possível obter o resultado do ensaio à compressão
(Anabela, 2008/2009; Zeferino e Martins, 2010).
2. Estado do Conhecimento
10 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
2.2.2. Efeitos de Ações Térmicas
A variação da temperatura pode causar degradação na pedra. Esta característica está
relacionada com o desempenho mecânico da mesma.
Podemos verificar que a degradação deve-se ao facto da pedra sofrer uma variação de volume
causada pela variação de temperatura.
A variação do volume derivada da dilatação e contração pedra, provoca tensões internas que
levam à deterioração da pedra, podendo levar mesmo à rotura.
Verifica-se que, na pedra, as zonas mais expostas a este tipo de degradação situam-se em
zonas expostas ao sol e sombreamento.
Podemos verificar que a degradação acontece na fronteira entre a camada interior e a camada
superficial da pedra.
O aumento de temperatura é bastante vantajoso, uma vez que provoca a secagem dos sais por
cristalização e a evaporação de agentes químicos que estão submetidos a efeitos molhados
(Costa, 2009).
2.2.3. Efeitos dos Sais Solúveis
Os sais presentes nas águas do solo podem ser os sulfatos, cloretos, nitratos e carbonatos.
Estes dissolvem-se na água e penetram na pedra através da existência de poros e capilares.
Os sais que entram em contacto com a superfície de pedra vão enfraquecendo à medida que se
dirigem para o interior da pedra formando uma crosta superficial na pedra.
As variações de humidade e teor líquido permitem cristalizar e hidratar os sais, possibilitando
a repetição deste ciclo até à destruição do material pétreo.
É de salientar que ação destes sais, que poderão penetrar a pedra, provoca um aumento de
tensões internas da pedra, podendo levar à sua degradação (Costa, 2009).
2. Estado do Conhecimento
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 11
2.3. Agentes de Degradação Biológicos
A ação de agentes biológicos é justificadamente enfatizada, pois estes agentes provocam um
tipo específico de degradação designada por biodegradação. Esta ação deve-se à colonização
de microrganismos, espécies vegetais e animais.
A degradação provocada pelas plantas surge devido ao desenvolvimento de raízes que
poderão penetrar na pedra provocando fendas e ações químicas devido a libertação de CO2.
A degradação devido à ação animal deve-se ao facto dos depósitos de excrementos,
provenientes de uma pluralidade de espécimes, conterem uma percentagem de ácidos elevada,
que poderão provocar a degradação da superfície da pedra que se encontra em contacto com
os mesmos.
A presença de humidade favorece o aparecimento de líquenes que são seres vivos que
contribuem para uma simbiose de organismos entre algas e fungos. Esta espécie desenvolve-
-se à superfície ou no interior da alvenaria de pedra tendo nos dois casos efeitos nocivos.
2.3.1. Bactérias e Fungos
As bactérias e fungos surgem na pedra devido à possibilidade de existência de reações
químicas que possibilitam a sobrevivência destas bactérias, reunindo as condições necessárias
para o seu aparecimento e desenvolvimento, possibilitando a sua propagação. Estas patologias
surgem na superfície da pedra, podendo libertar ácidos e originar a corrosão e deterioração da
pedra.
2.3.2. Algas
As algas surgem na superfície da pedra, quando se verificam ciclos de clima quentes e
húmidos, reunindo desta forma as condições necessárias para o seu aparecimento e
desenvolvendo na superfície de pedra. Realça-se ainda o facto de que a existência de algas
poderá possibilitar o aparecimento de outras bactérias e fungos.
Existem dois tipos de algas que poderão surgir na superfície de alvenaria de pedra: algas
elípticas e algas endolíticas.
2. Estado do Conhecimento
12 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
As algas elípticas promovem a dissolução de calcário para a superfície da pedra. O
aparecimento destas algas está associado a climas húmidos e à presença sistemática de
humidade. Podemos também verificar que em ambientes secos as algas desenvolvem-se em
pequenas quantidades e em certos locais da pedra, não existindo, contudo, cobertura total. Em
ambientes secos podemos verificar ainda que o aparecimento e desenvolvimento de algumas
algas que penetram na pedra deve-se ao facto das mesmas possuírem capacidade de
produzirem calcário para o seu desenvolvimento. Na presença do ciclo do clima quente e
húmido é assinalável a multiplicação extensiva das algas, o que pode levar à cobertura total da
superfície da pedra (Figura 3).
As algas endolíticas desenvolvem-se no interior dos poros da pedra e a sua existência é
verificada quando está garantida a presença de luz solar. Assim, estas bactérias provocam a
deterioração da pedra a partir do seu interior.
Figura 3 - Presença de agentes de degradação biológica “algas” no Castelo de Penedono,
Viseu (http://cincodemaio.blogs.sapo.pt s.d.)
2.3.3. Líquenes
Os líquenes surgem da associação das algas e fungos, quando reunidas as características
favoráveis ao seu desenvolvimento. O respetivo ataque destes agentes é caracterizado por uma
extrema severidade, pois permite a penetração destes agentes para o interior da pedra devido à
produção de ácidos orgânicos e à junção destes agentes biológicos. Estes ataques possibilitam
a desfiguração superficial e a dissolução da pedra. Existem estudos em que é referido que
2. Estado do Conhecimento
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 13
quando há retração devido à seca dos líquenes, é favorecida a dissolução da pedra devido à
remoção de grãos. Devido ao desenvolvimento e multiplicação das algas e fungos verificamos
que a cobertura (por estes organismos) da superfície impede a pedra de estar em contacto com
o ar o que permite a multiplicação de mais bactérias e fungos provocando ainda mais ações
químicas na pedra, levando à sua deterioração.
Estas patologias estão também presentes em edifícios localizados em zonas urbanas e
expostos à poluição produzida, por exemplo, pela circulação de veículos que permitem a
produção de óxidos de azoto propícios para o desenvolvimento destes agentes agressivos
(Figura 4).
Este tipo de patologia, devido à sua ação química, degrada a superfície da pedra, provocando
danos físicos que poderão resultar numa deterioração superficial, em que os grãos da
superfície soltam-se devido à ação de penetração dos líquenes.
Figura 4 - Líquenes – Mosteiro dos Jerónimos em Belém
(http://percursosquimicos.blogspot.pt, s.d.)
2.3.4. Plantas e Vegetação
As plantas e a vegetação, em contacto com a pedra (que pode ser de grande, médio e pequeno
porte) podem provocar a degradação devido ao seu crescimento a nível de raízes e de caule,
induzindo a destruição da pedra. As raízes das plantas provocam na pedra uma perturbação
física pois as raízes vão-se desenvolvendo pelas fachadas dos edifícios, levando à deterioração
da pedra.
2. Estado do Conhecimento
14 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
2.4. Patologias que surgem nas Pedra
Segundo Araújo (2004) é normal o aparecimento de algumas patologias na superfície da
pedra, sendo necessário desenvolver técnicas no combate a estes agentes. Estas patologias
provocam a deterioração, alteração e depósito de agentes agressivos na pedra.
A eflorescência é um dos agentes agressivos que ocorrem quando a pedra se encontra
contaminada de sais e exposta a um ciclo húmido e posteriormente seco que pode possibilitar
a migração dos sais para a superfície da pedra. A eflorescência são depósitos cristalinos de cor
branca que surge na superfície da pedra.
O aparecimento destes sais realiza-se através da evaporação de água na superfície da pedra,
provocando um aspeto de eflorescência de cor branca na mesma. A eflorescência surge a nível
do solo, quando a água presente se encontra com elevada quantidade de sais dissolvidos. Estes
sais podem atingir a superfície da pedra através dos capilares. (Figura 5).
Figura 5 - Eflorescência (Araújo, 2004)
Segundo Araújo (2004), a criptoflorescência verifica-se quando os sais que se encontram no
interior da pedra se cristalizam. Este tipo de patologia não é visível á primeira vista. Pode
provocar a delaminação de contorno de uma parte à superfície, levando à queda superficial
das camadas da pedra. O aparecimento de sais no interior da pedra está relacionado com
ciclos de humidade e secagem presentes no interior (Figura 6).
2. Estado do Conhecimento
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 15
Figura 6 - Criptoflorescência (Araújo, 2004)
A Sopa de Pedra (Rm-Rock Meal) resulta da desintegração granular da pedra. Esta patologia
pode ser removida da superfície da pedra através de um processo de escovagem. Na figura
abaixo (Figura 7) podemos observar a existência de uma sopa de pedra fixa.
Figura 7 - Sopa de Pedra (Araújo, 2004)
A crosta de alteração resulta de afloramento devido a lentas alterações químicas, frequentes
em pedras que contêm grande percentagem de ferro. Esta patologia surge na camada
superficial da pedra após a exposição a ciclos húmidos e secos. Normalmente surge em
fissuras devido à fragilidade característica destes locais, impossibilitando a resistência do
material a este tipo de agentes.
As manchas ferrosas surgem na superfície da pedra, alterando a cor da mesma devido à
presença de ácidos ou substâncias com teores de ferro que provocam manchas ferrosas na
superfície.
Outra patologia que pode surgir na superfície da pedra é a crosta negra devido às impurezas
ambientais provocadas pela poluição, que se depositam em camadas na superfície da alvenaria
de pedra, formando uma camada escura que leva à deterioração do material.
2. Estado do Conhecimento
16 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
A incrustação negra surge mediante a presença de elevados níveis de poluição atmosféricos,
que permitem o desenvolvimento de crosta negra. É caraterizada pelo aparecimento, na
superfície da pedra, de partículas designadas por botiroides que cobrem progressivamente a
superfície de pedra (Figura 8).
Figura 8 - Incrustação negra (Araújo, 2004)
Segundo Araújo (2004), a alveolização produz um efeito de descamação devido à
desintegração granular, associada à acumulação de sais dissolvidos nas águas da chuva.
Desenvolve também cavidades na superfície da pedra, provocando irregularidades
caracterizadas pela criação de cavidades de dimensões variadas (Figura 9).
Figura 9 - Alveolização (Almeida, 2000)
Segundo Araújo (2004), a degradação diferenciada é uma patologia que modifica a textura
superficial. A degradação provocada é profunda devido à heterogeneidade do material.
A esfoliação surge quando podemos verificar que na superfície da alvenaria de pedra existe
um destacamento de uma ou mais camadas do substrato superficial (Figura 10).
2. Estado do Conhecimento
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 17
Figura 10 - Esfoliação (Almeida, 2000)
Segundo Araújo (2004), em ambientes de ciclo seco e húmido o pitting (perfuração) deve-se a
presença de calcário, e com a ajuda do microscópico eletrónico de varrimento (SEM) é
possível verificar que nestas perfurações estão colonizadas algas, fungos e bactérias. A
presença do calcário provoca o aparecimento de pequenos orifícios múltiplos de pequenos
diâmetros na superfície da pedra, designada por degradação puntiforme (Figura 11).
Figura 11- Pitting (Almeida, 2000)
2.5. Aplicação da Pedra em Estruturas de Alvenaria
A pedra é um dos materiais mais utilizados na construção devido à sua estética e à sua
resistência. É utilizada abundantemente na arquitetura monumental e vernacular onde se
destacam palácios, castelos, torres, muralhas, igrejas, pontes e edifícios. A pedra normalmente
utilizada na construção destes edifícios provinha de jazidas próximas do local da construção
(Costa, 2011). Este material era utilizado em todo o mundo por razões de estética, elegância,
resistência e durabilidade (Pinho et al. 2012).
Internacionalmente surgiram medidas para proteger edifícios históricos. Em 1921 realizou-se
um congresso onde participaram vários países europeus onde foi elaborado um documento
designado por Carta de Atenas. O grande objetivo deste documento era reabilitar monumentos
2. Estado do Conhecimento
18 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
arquitetónicos. Antes da elaboração da reabilitação deve ser elaborado um estudo de todo o
historial do edifício, analisando toda a documentação existente sobre o mesmo e realizando de
forma correta as reparações. A reabilitação dos monumentos tem como objetivo preservar e
conservar as obras antigas por forma a assegurar a durabilidade destas obras.
É de salientar que, para além dos monumentos, as zonas urbanas típicas (onde a maioria dos
edifícios é construída em pedra) são também consideradas património histórico, sendo
necessário intervir de forma a garantir a sua preservação (Gonçalves, 2010).
O património monumental e cultural caracteriza um povo e um país, e é de grande interesse
preservar e conservar estas obras de arte pois as mesmas permitem manter a cultura própria de
um país ou de um local.
A arquitetura vernacular caracteriza uma comunidade e o seu território, contendo uma
diversidade de indicadores geográficos, económicos, climáticos, sociais e culturais. Durante
milhares de anos a arquitetura vernacular evoluiu em função das necessidades das populações
sendo transmitida de geração em geração até à Revolução Industrial (Fernandes e Mateus,
2011).
Em Portugal, como no resto do mundo, a arquitetura vernacular está interligada com os
contrastes topográficos, geológicos, climáticos e culturais. Com o desenvolvimento industrial
entraram para o nosso mercado novas técnicas e materiais de construção, iniciando uma nova
era na construção em Portugal. Durante essa época verificou-se uma tendência para a
demolição de edifícios antigos, procedendo-se à substituição destes por novas construções. No
seculo XX assistimos à valorização do restauro, o que resultou um grande desenvolvimento
nesta área por forma a proteger o património histórico e cultural, atribuindo-lhe maior
importância e aproximando-se às construções modernas aos aspetos estéticos e aos locais
onde se inserem (Fernandes e Mateus, 2011).
Com o decorrer do tempo e ajustando-se a cada geração, a construção passou a possuir
desafios a nível sustentável, onde incidiu numa melhoria da qualidade de vida, da qualidade
do ambiente interior e na diminuição dos custos do ciclo de vida. Para a adequação das
construções a este desenvolvimento foi publicado o Decreto-lei n.º 40/90, o Regulamento das
Características de Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE) e o Regulamento dos
Sistemas Energéticos de Climatização de Edifícios (RSECE) (Chaves, 2009).
2. Estado do Conhecimento
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 19
2.6. Vários tipos de rochas existentes em Portugal
Em Portugal verifica-se que a extração das pedras resultantes das rochas, disponíveis para a
construção encontra-se implementada há alguns séculos. Para extração de pedras existem
quatro princípios fundamentais: segurança, economia (exploração rentável), bom
aproveitamento da exploração e proteção ambiental (Esteves, 2007). Através dessas
explorações têm sido possível averiguar a existência de vários tipos de rochas no Continente
Português como o xisto, o granito, o calcário e o basalto. Este facto contribuiu para uma
diversidade acentuada no que diz respeito à variedade de pedras utilizadas nas construções
mais antigas, já que normalmente era utilizado o material mais próximo do local da
elaboração da construção.
Em Portugal foram-se desenvolvendo centros de triagem de pedra que recorrem ao uso de
equipamentos mecânicos para a sua extração - locais representados na Figura 12.
Estes locais de extração permitem a seleção de uma determinada pedra, de acordo com as
propriedades pretendidas. A existência de vários locais de extração, cada um especializado
num determinado tipo de pedra, permite a possibilidade de escolha entre diversas variedades.
Figura 12 – Distribuição por centros de extrações de calcário, granito, xisto e ardósia
(Rodrigues et al. 2001)
2. Estado do Conhecimento
20 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
Assim, através da Figura 12 e da tabela 1 é possível observar em que localidade se pode
encontrar determinada pedra. A pedra, após a extração, sofre um tratamento de transformação
que permite a adequação da pedra à finalidade a que se destina.
Tabela 1 - Tipos de rochas existentes em Portugal e a sua localização (Rodrigues et al. 2001)
Rochas Localização
Granito Norte do país, no Minho e Douro Litoral, na Beira Alta e em menores
quantidades na zona de Portalegre, Évora e Beja.
Xisto Trás-os-Montes, Beiras e Alentejo.
Calcário e Mármore Regiões da Estremadura, Beira Litoral e Algarve.
Areia, Arenito e Argila Beira Litoral, Alentejo e Algarve.
Basalto Arquipélagos dos Açores e da Madeira e um pouco na zona de Lisboa.
É de salientar que a exploração destes centros de extrações de pedra tem também um
impacto ambiental. Para minimizar esse impacto foi criada legislação na área para
configurar a adequação ao meio envolvente. A extração da pedra dos centros existentes em
Portugal obteve, desde o início, um papel significativo no mercado de exportação, uma vez
que além da comercialização em Portugal verificou-se um grande interesse a nível mundial.
2.7. Descrição petrográfica da pedra
Segundo Vasconcelos (2005) para a determinação de todos os parâmetros que têm impacto no
comportamento mecânico da pedra é necessário analisar o conteúdo, a textura e o tamanho
dos grãos que constituem a pedra. O tamanho de grão está diretamente correlacionado com a
resistência à compressão. Através da análise do tecido mineral, do tamanho do grão, da
microfissuração e da porosidade é possível determinar a degradação de uma rocha
anisotrópica. O procedimento a adotar consiste na preparação de grãos finos que permitem
determinar os minerais que possam estar presentes, as microfraturas existentes, as alterações
secundárias visíveis, o tamanho do grão e a análise do tecido mineral. O resultado de um
exame petrográfico deve ser apresentado de forma sintética.
2. Estado do Conhecimento
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 21
2.8. Impermeabilizantes existentes no mercado – hidrófugos
Os tratamentos utilizados com o intuito de proteger a superfície da pedra já advêm da
antiguidade. Como a água é um dos principais responsáveis pela degradação da pedra surgiu,
como forma de prevenção da deterioração e proteção do material, a aplicação de substâncias
hidrorrepelentes (Castro, 1984).
A aplicação de um hidrófugo é um método de proteção e conservação das pedras que visa a
minimização da deterioração. Estes produtos são constituídos por sabões, ceras e resinas
orgânicas e artificiais. Com a aplicação destes produtos prevê-se a alteração das propriedades
da pedra por forma a possuir um comportamento diferente perante a humidade. O
comportamento desejado consiste na diminuição da capacidade de absorção de água após a
aplicação destes produtos. Assim, podemos salientar que a aplicação do hidrófugo sobre a
superfície da pedra permite-lhe a aquisição de propriedades hidrorrepelentes (Pinto, 1994).
Atualmente existem no mercado hidrófugos destinados à incrementação da capacidade de
proteção das pedras contra agentes agressivos. Este produto funciona como hidrofugante de
silicone, podendo ser aplicado nas fachadas de edifícios históricos, culturais ou mesmo em
habitações. Este produto tem como função impedir a penetração de humidade e evitar a
acumulação de sujidades. Constata-se também que o efeito de degradação do ciclo gelo-
degelo é reduzido pela aplicação deste impermeabilizante, pois este impede a penetração da
água através da superfície da pedra.
Existem no mercado endurecedores de substrato com a principal função de bloquear os poros.
Em poros que contêm sais e humidade permite a redução do volume dos mesmos, o que
previne o aparecimento de eflorescência e sais. Permite aumentar a resistência química e
mecânica da pedra. O produto penetra no substrato até aos 2 cm de profundidade desde a
superfície da pedra. Normalmente a aplicação é através de spray sobre a superfície da pedra.
Os hidrofugantes protetores da superfície da pedra mantêm o seu aspeto original. Estes
produtos protegem a superfície da pedra contra agentes climatéricos agressivos. São
transparentes, após a secagem, e penetram na superfície da pedra. Possuem a capacidade de
resistência à alcalinidade e podem ser aplicados sobre substratos.
Os impregnantes de alta capacidade, com aplicação direta na superfície da pedra, possuem a
capacidade de resistir aos ciclos gelo-degelo e ao ataque de sais e condições climatéricas
2. Estado do Conhecimento
22 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
agressivas. Estes produtos apresentam-se como uma pasta cremosa podendo ser aplicados por
spray. A superfície deverá estar seca e limpa de impurezas antes da sua aplicação.
As soluções à base de resina de silicone podem ser utilizadas em vários produtos. São
aplicadas na superfície da pedra, conferindo uma proteção eficaz contra os agentes agressivos.
Esta substância protege a pedra de ataques químicos, físicos e biológicos. Possui uma elevada
resistência a condições climatéricas adversas. Este produto deve ser aplicado sobre uma
superfície seca e livre de impurezas.
3. Avaliação de Causas Naturais
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 23
3. AVALIAÇÃO DE CAUSAS NATURAIS
3.1. Riscos Geológicos e Geomorfológicos
As causas naturais provocam prejuízos materiais, naturais e humanos. Os riscos naturais que
se verificam com mais frequência são as cheias progressivas e repentinas e o movimento de
vertentes. Para evitar prejuízos causados por esses riscos, é necessária a criação de
infraestruturas (drenos, esgotos) (Bateira, et al, 2007).
No âmbito do presente estudo foram analisadas pedras provenientes de locais de extração
situados na região norte do país. Devido a este facto, importa estudar os riscos geológicos e
geomorfológicos com particular incidência na zona norte do país, representada na figura
seguinte (Figura 13).
Figura 13 – Mapa regional da zona norte de Portugal (Bateira, et al, 2007)
3.1.1. Cheias progressivas
As cheias progressivas surgem devido à precipitação. As precipitações responsáveis pelas
cheias progressivas são homogéneas e de intensidade média, ocorrendo num intervalo de
tempo extenso. Pelo facto da intensidade ser média, e de longa duração permitem um
3. Avaliação de Causas Naturais
24 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
diagnóstico precoce relativamente à ocorrência das mesmas, sendo relativamente fácil acionar
as estruturas necessárias (esgotos, drenos) que permitem minimizar os danos causados pelas
mesmas em bens e estruturas existentes. Devido a este facto, não existe normalmente e
diretamente ocorrência de vítimas mortais (Bateira, et al, 2007).
Figura 14 – Setores afetados por cheias naturais progressivas (Bateira, et al, 2007)
3.1.2. Cheias repentinas
As cheias repentinas, pelo facto de não possibilitarem o aviso prévio à população, provocam
danos materiais e, consequentemente, podem colocar a vida das populações em risco.
Normalmente o tipo de precipitação responsável por este fenómeno ocorre com grande
intensidade e num curto espaço de tempo. O seu grau de devastação e de prejuízos acentua-se
onde se verificam declives muito acentuados e em áreas montanhosas onde o relevo é mais
acentuado, que é o caso da região Norte.
As inundações poderão verificar-se com maior frequência se não forem criadas condições de
evacuação de águas provenientes das precipitações de grande caudal. Devem-se criar
infraestruturas (esgotos, drenos) por forma a evacuar grandes quantidades de águas afluente e
encaminhá-las para locais de recolha.
3. Avaliação de Causas Naturais
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 25
A precipitação repentina está associada às condições meteorológicas mas também aos fatores
morfológicos, que criam locais propícios à ocorrência deste tipo de fenómenos ambientais.
Uma das situações perigosas que se podem verificar é o encontro de uma planície com uma
superfície montanhosa, onde a ocorrência de uma precipitação repentina poderá causar
elevados prejuízos.
O facto das montanhas, nalguns casos, possuírem sub-bacias com capacidade de armazenar
grandes quantidades de água, permite que, com a ocorrência de precipitações repentinas, as
mesmas possam armazenar as águas, não causando danos devastadores na natureza, bens e
seres humanos.
A perigosidade associada às cheias naturais e repentinas resulta da interação de vários fatores
a nível natural e antrópico. Os fatores considerados para a análise foram a litologia, declive,
densidade de drenagem hidrográfica, precipitação, pressão antrópica e a camada rochosa (que
não permite a existência da capacidade de absorção) (Bateira, et al, 2007).
Figura 15 – Perigosidade e cheias naturais repentinas (Bateira, et al, 2007)
3. Avaliação de Causas Naturais
26 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
3.1.3. Movimento de vertente
Para analisar um dos riscos geológicos e geomorfológicos a nível do movimento de vertentes,
temos como forma de diagnóstico as cartografias que permitem indicar os solos onde será
necessário um estudo aprofundado por forma a evitar riscos naturais.
Um dos fatores que influenciam estes riscos é a ocorrência de precipitações de longa duração
provocando lamas e também quedas de blocos de solos (Bateira, et al, 2007).
Para analisar o movimento de vertentes existem vários fatores, sendo de realçar o declive, a
litologia e os alinhamentos neotectónicos.
É de salientar outras causas que podem contribuir para as vertentes tectónicas, como a
existência de intervenções antrópicas nas quais se incluem a existência de movimentos de
terras, exploração de pedreiras, construções e minas.
Analisando a vertente morfologia podemos verificar que com um declive superior a 25º é
mais provável a existência de vertentes tectónicas. A existência de grandes depressões
associadas a grandes declives e fracturações influenciam também as vertentes tectónicas.
A nível da litologia a causalidade da frequência das cheias repentinas está diretamente
relacionada com o tipo de granito e xisto existente, já que a existência destes elementos
incrementa o risco de fracturação dos terrenos.
Reportando-nos ao presente estudo, podemos salientar que a fracturação e o movimento de
vertentes são as grandes causas de uma maior afluência de água para o interior da pedra, uma
vez que o local em estudo situa-se num clima onde o ciclo de gelo-degelo se verifica no
Outono e no Inverno com frequência.
A precipitação contribui para a existência de movimentos de vertentes estando estes
relacionados com a duração e quantidade de precipitação que possa ocorrer.
É de salientar que Invernos muito chuvosos, para além de permitirem a criação e arrastamento
de lamas, permitem a deterioração mais avançada das pedras a nível superficial mas também a
nível interno.
Como já foi referido, com a existência de fracturações nas pedras naturais a precipitação é a
grande causa das suas deteriorações (Bateira, et al, 2007).
3. Avaliação de Causas Naturais
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 27
Figura 16 – Perigosidade à ocorrência de movimentos de vertentes (Bateira, et al, 2007)
3.2. Enquadramento Climático
As estações climatológicas referentes ao distrito de Bragança funcionam desde 1931, e estão
colocadas a uma latitude de 41°48`30’’N, longitude de 6°46’40’’ e altitude de 720m.
No início do funcionamento da estação a duração das absorções era de 9 horas. Desde a
implantação das estações que se foram aperfeiçoando e desenvolvendo as pesquisas nestas
áreas, sendo analisados outros elementos climatéricos.
A partir de 1931 e de acordo com a evolução registada nos equipamentos de pesquisa
climatéricos, foi possível o início da análise a outros fatores como a temperatura do ar, a
humidade relativa do ar, a precipitação e a evaporação.
Em 1932 incluiu-se a análise à insolação e ao vento e em 1939 iniciou-se a análise da pressão
atmosférica e nebulosidade, (Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica, 1988).
3.2.1. Fatores que influenciam o clima português
Existem vários fatores que influenciam o clima como a latitude, a altitude, as correntes
marítimas e o movimento de rotação e translação da terra.
3. Avaliação de Causas Naturais
28 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
A latitude influencia a humidade, a pressão e a temperatura atmosférica bem como a radiação
solar. Está relacionada com a forma como os raios solares atingem a terra, existindo também
uma interligação entre o aumento da latitude e a diminuição da temperatura. Esta diminuição
deve-se ao facto da Terra ser redonda e estar em constante rotação, verificando-se uma maior
incidência de energia solar na linha do Equador, devido à sua posição central.
A altitude em que Portugal está situado é um dos fatores que influenciam o clima, uma vez
que o aumento da altitude provoca uma diminuição da temperatura e o aumento da pressão
atmosférica.
O vento está relacionado com o movimento rotativo da Terra. As correntes marítimas
influenciam também o clima de Portugal, caracterizando-o com uma constante humidade.
Estas correntes marítimas estão presentes de forma acentuada no nosso país devido à posição
geográfica de Portugal, que se encontra limitado pelo Oceano Atlântico. Esta influência
climática atlântica influencia no Verão uma faixa costeira estreita, mas no Inverno esta
influência abrange grande parte do território Português (Correia, 2012).
3.3 Normas climatológicas da região de “Trás-os-Montes e Alto Douro e
Beira Interior” correspondentes a 1931-1960 e 1941-1970
3.3.1. Pressão atmosférica
Representada nas figuras abaixo está a análise da evolução da pressão atmosférica no distrito
de Bragança, observada a nível local, e ao nível do mar expressos em milibar (mb). È de
salientar que os dados apresentados nas figuras abaixo foram obtidos dos dados
disponibilizados pelo Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (1988 e 1965). Esta
análise é efetuada tendo em conta a duração dos meses que completam o ano sendo os anos
em estudo intervalos entre 1931 e 1960 e entre 1941 e 1970, permitindo uma comparação dos
valores mensais registados em milibar.
Na análise de cada estudo é apresentado o valor médio sendo a base de comparação entre os
intervalos dos anos em estudo.
3. Avaliação de Causas Naturais
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 29
a) b)
Figura 17 - Pressão atmosférica ao nível do mar (mb) a) meses de 1931 a 1960 b) meses de
1941 a 1970
A partir da análise da Figura 17, é possível obter o valor médio de 1017,9 mb da pressão
atmosférica ao nível do mar para os anos entre 1931 e 1960, sendo que para os anos entre
1941 e 1970 e o valor médio é 1017,7 mb. Constata-se que entre março e setembro para os
intervalos dos anos comparativos, a pressão atmosférica ao nível do mar está abaixo do valor
médio e nos restantes meses encontra-se acima. Podemos salientar que os valores obtidos por
comparação entre os anos em análise, são muito aproximados não havendo grande variação.
Na figura 18 está representada pressão atmosférica no local relativamente aos intervalos dos
anos em estudo.
Como podemos analisar no intervalo entre 1931 e 1960 anos, o valor médio obtido da pressão
atmosférica é de 934,4 mb. Para o intervalo entre 1941 e 1970 anos o valor médio obtido é de
937,5 mb.
Após obtenção do valor médio é possível verificar que se verificou um aumento da pressão
atmosférica local referente a Bragança com o passar dos anos.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 121010
1012
1014
1016
1018
1020
1022
1024
1026
1028
1030
Pressao atmosférica
ao nivel do mar
Pressão
atm
osféric
a a
o n
ível
do
mar (
mb
)
Meses 1931/1960
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 121010
1012
1014
1016
1018
1020
1022
1024
1026
1028
1030
Pressao atmosférica
ao nivel do mar
Pre
ssão
atm
osfé
rica a
o n
ível
do
mar
(mb
)
Meses 1941/1970
3. Avaliação de Causas Naturais
30 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
a) b)
Figura 18 - Pressão atmosférica no local registada a) meses de 1931 a 1960 b) meses de 1941
a 1970
Analisando a figura relativa à pressão atmosférica local é possível verificar que entre 1931 e
1960 anos entre os meses março e maio verificou-se valores abaixo do valor médio. Como
podemos analisar entre 1941 e 1970 anos abaixo dos valores médios verificou-se entre os
meses de fevereiro e maio. È possível realçar que os picos acima do valor médio de pressão
atmosférica local verificam-se no início e no fim do ano.
3.3.2. Humidade relativa do ar
Os valores da humidade relativa do ar apresentados na Figura 19, são expressos em
percentagem (%), em que o valor (0%) corresponde ao ar seco e 100% ao ar saturado de
vapor de água. Esta análise é apresentada em determinados intervalos de tempo verificando-se
que o primeiro intervalo corresponde a 6 horas, o segundo a 12 horas e o terceiro a 18 horas.
A humidade relativa do ar está relacionada com a quantidade de água existente num volume
de ar. Quanto maior for a temperatura menor será a humidade relativa do ar, devido à
evaporação. A temperatura é o fator mais importante para que possa ocorrer a evaporação da
humidade relativa do ar na superfície terrestre. Podendo assim afirmar que nos meses de
maior temperatura teremos uma menor humidade relativa no ar. Nos meses correspondentes à
estação Primavera verificou-se uma pequena descida da humidade do ar sendo que os
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12930
932
934
936
938
940
Pressao atmosférica
no local
Pre
ssão
atm
osfé
rica n
o l
ocal
(mb
)
Meses 1931/1960
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12930
932
934
936
938
940
942
944
946
948
950
Pressao atmosférica
no local
Pre
ssão
atm
osfé
rica n
o l
ocal
(mb
)
Meses 1941/1970
3. Avaliação de Causas Naturais
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 31
menores valores foram sentidos durante os meses correspondentes a estação de Verão,
havendo um aumento na estação do Outono.
a) b)
Figura 19 – Percentagem de humidade relativa do ar a) meses de 1931 a 1960 b) meses de
1941 a 1970
Segundo a Figura 19 podemos verificar que, durante o primeiro e segundo intervalo de tempo,
a humidade relativa do ar tem valores mais baixos entre o mês de março e outubro, onde a
temperatura é mais elevada. Podemos ainda realçar que no primeiro intervalo de tempo a
humidade relativa do ar é mais elevada.
3.3.3. Temperatura do ar
Na Figura 20 estão representados os valores da temperatura do ar no distrito de Bragança
entre 1931 a 1970, expressos em graus e dentro de determinados intervalos de tempo.
É de salientar que a subida da temperatura do ar está relacionada com as estações do ano
sendo que durante os meses correspondentes à estação do verão é que se verificou um
aumento da temperatura do ar. Analisando os resultados abaixo representados na figura 20,
verificou-se que não houve variação entre os intervalos dos anos em estudo, permitindo
afirmar que a temperatura do ar se manteve constante em cada estação. Como a localidade em
estudo encontra-se longe da linha do equador é de salientar que a temperatura do ar aumenta
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 120
20
40
60
80
100
6 horas
12 horas
18horas
Hu
mid
ad
e R
elativ
a d
o a
r (
%)
Meses 1931/1960
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 120
20
40
60
80
100
6 horas
12 horas
18horas
Hu
mid
ad
e R
elativ
a d
o a
r (
%)
Meses 1941/1970
3. Avaliação de Causas Naturais
32 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
na estação do verão mas o clima é um pouco húmido e não muito seco, como acontece nas
zonas perto equador.
a) b)
Figura 20 - Temperatura do ar (ºC) a) meses de 1931 a 1960 b) meses de 1941 a 1970
Entre o mês de Março e Outubro os valores são elevados, principalmente nos intervalos de
tempo de 12 e 18 horas para os intervalos dos anos em estudo. Podemos relacionar a
humidade relativa do ar com a temperatura do ar pois nos meses de maior temperatura
corresponderá a menor humidade relativa do ar.
3.3.4. Vento
3.3.4.1. Frequência do vento
O vento refere-se ao movimento de ar em diferentes direções e com intensidade variada. O
movimento do ar está relacionado com a temperatura e pressão, sendo a transição sempre de
temperaturas e pressões altas para baixas.
A direção do sentido do vento referem-se a oito rumos sendo quatro pontos cardeais Norte
(N), Sul (S) Este (E) e Oeste (W), e outros quatros pontos designados por pontos colaterais
Nordeste (NE), Sudeste (SE), Sudoeste (SW) e Noroeste (NW), representados abaixo na rosa-
dos- ventos.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 1202468
1012141618202224262830
6 horas
12 horas
18horas
Tem
peratu
ra d
e a
r (
ºC
)
Meses 1931/1960
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 1202468
1012141618202224262830
6 horas
12 horas
18horas
Tem
peratu
ra d
e a
r (
ºC
)
Meses 1941/1970
3. Avaliação de Causas Naturais
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 33
Figura 21 – Rosa-dos-ventos (http://pt.wikipedia.org s.d.)
Na Figura 22 está representada a frequência do vento, expressa em percentagem (%), os
valores mais elevados de frequência do vento faz-se sentir no inicio e no fim de cada ano
correspondendo a estação de Outono e Inverno.
a) b)
Figura 22 – Frequência do vento (%) a) meses de 1931 a 1960 b) meses de 1941 a 1970
3.3.4.2. Velocidade do vento
Na Figura 23 podemos verificar que a velocidade média do vento é expressa em km/h. É de
salientar que em Bragança existe um anemógrafo com capacidade de verificar o valor médio
da velocidade do vento, sendo o quociente do percurso total do vento pelo número de horas do
mês ou do ano. Como podemos analisar a velocidade do vento de acordo com a direção
encontram-se ente 5 e 30 Km/h.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 120
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50 N
NE
E
SE
S
SW
W
NW
Fre
quê
ncia
do
ve
nto
(%
)
Meses 1931/1960
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 120
10
20
30
40
50
60
70
80
N
NE
E
SE
S
SW
W
NW
Frequência
do v
ento
(%
)
Meses 1941/1970
3. Avaliação de Causas Naturais
34 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
a) b)
Figura 23 – Velocidade média do vento (km/h) a) meses de 1931 a 1960 b) meses de 1941 a
1970
3.3.5. Precipitação
Os valores da precipitação são obtidos através de hidrometeoros e recolhidos num recipiente
cilíndrico de boca horizontal, expressos em milímetros. A medição desta análise é obtida
através da absorção de manhã e refere-se às vinte e quatro horas precedentes.
Figura 24 – Pluviómetro (http://www.prof2000.pt s.d.)
O pluviómetro é o equipamento utilizado para obter a medição de precipitações.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 120
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65 N
NE
E
SE
S
SW
W
NW
Ve
locid
ad
e m
éd
ia d
o v
en
to (
Km
/h)
Meses 1931/1960
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 120
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55 N
NE
E
SE
S
SW
W
NW
Ve
locid
ad
e m
éd
ia d
o v
en
to (
Km
/h)
Meses 1941/1970
3. Avaliação de Causas Naturais
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 35
a) b)
Figura 25 – Precipitação (mm) a) meses de 1931 a 1960 b) meses de 1941 a 1970
a) b)
Figura 26 – Precipitação máxima (diária) a) meses de 1931 a 1960 b) meses de 1941 a 1970
Analisando a precipitação total entre 1931 e 1970 anos é possível verificar que os maiores
valores verificam-se entre outubro e março. Quando a precipitação máxima entre 1931 e 1960
anos, é possível verificar um maior valor entre dezembro e fevereiro, referente ao intervalo de
anos entre 1941 e 1970 o maior valor de precipitação verifica-se entre janeiro e fevereiro.
Como é de esperar os menores valores referem-se à estação de verão.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 120
102030405060708090
100110120130140150
Precipitaçao Total
Precip
itação
(m
m)
Meses 1931/1960
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 120
25
50
75
100
125
150
175
200
225
250
Precipitaçao Max.
Precip
itação
Max
. (d
iária
)
Meses 1931/1960
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 120
102030405060708090
100110120130140150
Precipitaçao Total
Precip
itação
(m
m)
Meses 1941/1970
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 120
102030405060708090
100110120130140150160170180190200
Precipitaçao Max.
Precip
itação
Max
. (d
iária
)
Meses 1941/1970
3. Avaliação de Causas Naturais
36 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
3.3.6. Nebulosidade
A nebulosidade é classificada numa escala entre 0 e 10, correspondendo a cada unidade uma
décima do céu coberto de nuvens, em que 0 corresponde ao céu limpo sem nuvens e 10
representa o céu encoberto sem qualquer porção azul visível. A nebulosidade é responsável
pelo impedimento da radiação solar atingir a terra devido a formação de muitas nuvens,
diminuindo a quantidade de calor na terra. Como podemos verificar na Figura 27, no Verão
existe menor nebulosidade e maior quantidade de radiação solar sobre o local em estudo e a
temperatura é mais elevada. Os valores mais elevados de nebulosidade entre os meses de
outubro e fevereiro entre 1931 e 1970.
a) b)
Figura 27 – Nebulosidade (0-10) a) meses de 1931 a 1960 b) meses de 1941 a 1970
3.3.7. Insolação
A insolação é a quantidade de energia solar que atinge a terra estando relacionada com o
tempo de sol a descoberto, os valores estão expressos em horas (h).
A insolação expressa em percentagem (%) refere-se ao quociente entre a insolação observada
pela insolação máxima possível no mês ou no ano.
O sol emite uma quantidade de energia solar e a insolação está relacionada, dependendo da
localização e da latitude e da inclinação do eixo da terra. A duração da insolação está
relacionada com variação da radiação solar sobre a terra.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 120
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
6 horas
12 horas
18horas
Neb
ulo
sid
ad
e (
0-1
0)
Meses 1931/1960
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 120
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
6 horas
12 horas
18horas
Neb
ulo
sid
ad
e (
0-1
0)
Meses 1941/1970
3. Avaliação de Causas Naturais
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 37
a) b)
Figura 28 – Insolação Total (horas) a) meses de 1931 a 1960 b) meses de 1941 a 1970
a) b)
Figura 29 – Insolação expressa em percentagem (%) a) meses de 1931 a 1960 b) meses de
1941 a 1970
O que podemos constatar referente à insolação é que os maiores valores referem-se aos meses
de verão, como era de esperar, sendo que os valores inferiores referem-se ao período
compreendido entre outubro e fevereiro.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 120
255075
100125150175200225250275300325350375400
Insolaçao Total
In
so
lação
To
tal
(h
)
Meses 1931/1960
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 120
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Insolaçao Percentagem
In
so
lação
Percen
tag
em
(%
)
Meses 1931/1960
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 120
255075
100125150175200225250275300325350375400
Insolaçao Total
In
so
lação
To
tal
(h
)
Meses 1941/1970
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 120
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Insolaçao Percentagem
In
so
lação
Percen
tag
em
(%
)
Meses 1941/1970
3. Avaliação de Causas Naturais
38 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
3.3.8. Evaporação
A evaporação está relacionada com a quantidade de água que se evapora para a atmosfera.
Um dos ensaios para análise desta evaporação passa pela utilização de um recipiente em
contacto com o exterior e com um evaporímetro é possível quantificar a evaporação expressa
em milímetros.
A evaporação de água para a atmosfera está relacionada com a formação de chuvas. A
evaporação ocorre devido a ação da incidência solar sobre a agua, provocando um aumento de
temperatura dando-se a transformação liquido para vapor de água evaporando-se para a
atmosfera. Este vapor de água quando a temperatura baixa volta a forma liquida caindo sobre
a terra em forma de chuva.
a) b)
Figura 30 – Evaporação (mm) a) meses de 1931 a 1960 1b) 1941 a 1970
Como podemos analisar a evaporação é elevada na estação do verão como era de esperar,
sendo que nas restantes estações do ano a evaporação é menor. Entre novembro e fevereiro a
precipitação tem valores elevados uma vez que foram evaporados no meses anteriores grande
quantidade de vapor de água para a atmosfera.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 120
25
50
75
100
125
150
175
200
225
250
Evaporaçao
Ev
ap
oração
(m
m)
Meses 1931/1960
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 120
25
50
75
100
125
150
175
200
225
250
275
300
Evaporaçao
Ev
ap
oração
(m
m)
Meses 1941/1970
4. Metodologia do Estudo Experimental
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 39
4. METODOLOGIA DO ESTUDO EXPERIMENTAL
4.1. Introdução
Na realização do trabalho de investigação experimental foram utilizados vários tipos de
pedras de várias locais de Portugal. Foram analisadas as pedras de Ponte de Lima, Mondim de
Basto, Póvoa de Lanhoso e Guimarães. Para a realização desta investigação serão também
descritos todos os equipamentos utilizados para a execução dos ensaios, cumprindo todos os
requisitos mencionados nas normas.
A análise das características físicas das pedras foi baseada nas normas Portuguesas indicadas
para pedras naturais. A análise do estudo petrográfico das pedras foi baseada num estudo já
existente efetuado por Vasconcelos (2005). Relativamente às propriedades físicas foram
realizados vários ensaios de forma a obter a caracterização das propriedades das pedras como
a massa de saturação, a massa submersa, a massa sólida, o volume do provete, a porosidade, a
densidade aparente e real e o coeficiente de absorção de água por imersão e capilaridade.
Foram também realizados ensaios em algumas tipologias em estudo para determinar a
velocidade de propagação de ultrassons e a resistência ao ciclo gelo-degelo.
É de salientar que será descrito de seguida e de forma pormenorizada a realização de todos os
ensaios para os vários tipos de granitos em estudo.
4.2. Descrição petrográfica da pedra
O resultado de um exame petrográfico deve ser apresentado de forma sintetizada. Para a
determinação de todos os parâmetros que têm impacto no comportamento mecânico da pedra
é necessário analisar o conteúdo do mineral, a textura e o tamanho dos grãos que constituem a
pedra. Os grãos podem ser classificados como grossos, médios ou finos. Para a análise em
estudo iremos apresentar a descrição do tamanho de grão. A composição mineralógica está
fora do âmbito do presente trabalho, pelo que não será mencionada. Na tabela 2 estão
apresentados os granitos em estudo, com a descrição do respetivo local de extração e a
descrição petrográfica.
4. Metodologia do Estudo Experimental
40 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
Tabela 2 - Local extração das pedras em estudo (Vasconcelos, 2005)
4.3. Estudo das Propriedades Físicas
4.3.1. Absorção de água por imersão
A capacidade de absorção da pedra está diretamente relacionada com a permeabilidade da
água na pedra. Esta característica é possível devido ao facto da pedra, no seu interior, possuir
poros e não ter um teor de humidade muito saturado, o que permite que uma determinada
quantidade de água possa ser absorvida.
Segundo Quagliarinia et al. (2012) foram elaborados ensaios laboratoriais que permitem
avaliar as modificações nas características físicas da pedra causadas pela absorção. Este
ensaio consiste em colocar a pedra num recipiente com água destilada, sendo posteriormente
reencaminhada para um forno ventilado, por forma a permitir quantificar a água absorvida
pelo material. A água que está na superfície da pedra é evaporada devido às elevadas
temperaturas pelo que só consideramos, para a quantificação da água absorvida, a que ficou
retida no seu interior.
Local extração do
granito Designação do granito Descrição petrográfica
Ponte de Lima
PTM Granito de duas micas, grão fino e
médio PTA
Mondim de Basto
MDM
Granito de duas micas de grão média
MDB
Póvoa de Lanhoso
PLM Granito biotítico, grão médio a
grosseiro porfiróide PLA
Guimarães
GM Granito de duas micas, grão fino e
médio de tendência porfiróide GA
4. Metodologia do Estudo Experimental
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 41
A investigação experimental realizada foi efetuada no Departamento de Engenharia Civil da
Universidade do Minho. Este ensaio, diferenciado do descrito anteriormente, teve como
procedimento a EN 13755:2008, da 2ª Edição de Novembro de 2008. Esta norma resulta da
revisão da NP EN 13755:2005, designada por “Métodos de ensaio para pedra natural -
Determinação da absorção de água à pressão atmosférica”. Para a realização do ensaio foram
utilizados provetes com forma de um cubo com dimensões de 70mm.
O procedimento inicial para a realização deste ensaio consistiu na secagem da pedra até
atingir massa constante. A secagem foi realizada numa estufa a 80º (Figura 31) até atingir
massa contante. Este procedimento foi efetuado em intervalos de 24 horas por forma a
permitir que a diferença das pesagens sucessivas não fosse superior a 0,1% da primeira das
duas pesagens, sendo que a massa obtida deste procedimento é designada por massa provete
seco (md).
Para realização desta pesagem utilizou-se uma balança digital com uma exatidão de 0,01g.
Os equipamentos utilizados representados abaixo cumprem as indicações descritas na norma
em análise estando de acordo com os procedimentos desenvolvidos no decorrer deste ensaio
realizados para as várias tipologias em estudo.
Figura 31 – Provetes no interior da estufa
4. Metodologia do Estudo Experimental
42 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
Após esta fase, os provetes foram colocados num recipiente com base lisa sobre suportes não-
-absorventes, como demonstrado na (Figura 32) abaixo. Foram colocados por forma a ficarem
espaçados pelo menos 15mm uns dos outros e 20mm da parede do recipiente. De seguida,
foram imersos com água a 20º, sendo que no instante (t0 min) encontravam-se cobertos até
uma altura de 35mm. Para o tempo (t0 +60min) foi acrescentada água até aos 52,5mm. Aos
(t0+120min) foi acrescentada água até aos 95mm ficando o provete submerso, verificando-se
que o nível de água ficava 25mm acima da superfície do provete. Após o término destes
parâmetros o recipiente foi coberto.
a) b)
Figura 32 – Colocação dos provetes num recipiente a) recipiente de base plana b) distâncias
entre provetes
Procedeu-se à realização do ensaio efetuando a primeira pesagem após a imersão dos
provetes, até às (t0+48 horas). Realizou-se, com a ajuda de um pano húmido, a limpeza da
água presente na superfície da pedra e efetuou-se a respetiva pesagem. Continuou-se o ensaio
em intervalos de 24 horas até atingir massa contante, por forma a que a diferença das
pesagens não fosse superior a 0,1% da primeira das duas massas sucessivas (mi). A última
pesagem, designada por massa saturada (ms), foi realizada quando atingida a massa constante.
Estas pesagens, realizadas no decurso deste ensaio, terão de ser efetuadas num intervalo de
tempo não superior a 1min.
4. Metodologia do Estudo Experimental
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 43
Após a obtenção da pesagem constante foi obtida a massa do provete submerso. Para a
realização desta pesagem utilizou-se um equipamento (Figura 33a) que se encontra no
laboratório da Universidade do Minho e que permite obter a massa submersa dos provetes em
estudo. Os provetes foram colocados no cesto em rede (Figura 33b) que se encontrava dentro
do recipiente coberto por água, interligado com a balança equilibrada. Os provetes foram
depositados no cesto e foi obtida a pesagem da massa submersa (msub).
a) b)
Figura 33 – Utensílios utilizados para obter a massa submersa a) recipiente b) cesto
Para o cálculo do valor da absorção de água à pressão atmosférica (Ab) foi utilizada a norma
NP EN 13755:2008. O resultado obtido foi expresso em percentagem e arredondado às
décimas, partindo da seguinte fórmula:
(1)
Para a determinação do volume do provete, volume de poros, densidade e porosidade
recorreu-se à norma EN 1936 (2007). Para as formulas seguintes utilizou-se como referência
o valor igual a 1 para a densidade de água expressa em (g/cm3).
Para obter o valor dos parâmetros indicados anteriormente, recorreu-se ao uso das seguintes
fórmulas:
Volume dos provetes ( ), resultados expressos em (cm3):
(2)
4. Metodologia do Estudo Experimental
44 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
Volume de poros ( ), resultados expressos em (cm3):
(3)
Densidade aparente ( , resultados expressos em (kg/ m3):
(4)
Densidade real ( , resultados expressos em (kg/ m3):
(5)
Porosidade ( , resultados expressos em (%):
(6)
4.3.2. Absorção de água por capilaridade
A capilaridade verifica-se devido a um processo de sucção capilar de água através dos poros
da pedra. O aparecimento da água é obtido através do contacto da pedra com o solo e através
da exposição à precipitação, verificando-se uma penetração de água através dos capilares.
Constata-se que além da sucção da humidade, verifica-se também a sucção de substância
químicas que provocam reações químicas na pedra e em outros materiais. O diâmetro dos
poros também influencia a capacidade de sucção pois quanto menores forem os diâmetros
maior será a capacidade de sucção de água e de substância químicas (Almeida, 2000).
Para obter os parâmetros da realização deste ensaio de absorção por capilaridade foi utilizada
a norma NP EN 1925:2000. Segundo Rebola (2011) este ensaio relaciona a quantidade de
absorção da água por capilaridade com o fator tempo. Esta relação é ilustrada através da
elaboração de um gráfico que indica, para cada tempo, a respetiva quantidade de água
4. Metodologia do Estudo Experimental
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 45
absorvida. O coeficiente de absorção por capilaridade é obtido pelo declive da reta que surge
do conjunto de valores obtidos resultantes da realização do ensaio.
O ensaio de absorção de água por capilaridade foi elaborado recorrendo a norma NP EN 1925
2000 pertencente a edição de Novembro de 2000, correspondendo a versão Portuguesa da EN
1925:1999, designada por “Métodos de Ensaio para pedra natural – Determinação do
Coeficiente de absorção de água por capilaridade”. Este ensaio decorreu no laboratório de
Engenharia Civil da Universidade do Minho. Todos os parâmetros utilizados no decorrer
deste ensaio foram baseados nas indicações descritas na norma indicada anteriormente. Para a
realização deste ensaio utilizaram-se provetes cúbicos com 70mm que foram submetidos a
uma estufa que se encontrava a uma temperatura de 80º onde permaneceram até atingir massa
constante. Esta massa constante seca, designada por (md), é obtida quando a diferença entre as
duas pesagens sucessivas efetuadas com intervalos de 24 horas não for superiores a 0,1% da
primeira das duas pesagens. Após a secagem, e segundo a norma, os provetes são colocados
num recipiente de base plana sobre suportes não-absorventes, segundo a direção de ascensão
de água. Os suportes utilizados têm como funcionalidade ocupar a menor área de base dos
provetes por forma a permitir uma correta ascensão da água por capilaridade em cada provete.
Esta direção de ascensão foi indicada em todos os provetes como demonstra a Figura 34.
Figura 34 - Indicação da direção ascendente indicada em cada provete
Antes de iniciarmos o respetivo ensaio foi calculada a área a ser imersa. Esta medição foi
realizada utilizando duas medianas com precisão de 0,1mm, sendo os resultados apresentados
em m2. Antes da colocação dos provetes no recipiente, os provetes foram envolvidos em fita
4. Metodologia do Estudo Experimental
46 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
adesiva por forma a não permitir a absorção de água, ficando apenas uma das faces em
contacto com a água, como é demonstrado na Figura 35.
Figura 35 – Provetes para ensaio capilaridade
Após a colocação dos provetes no recipiente com a correta direção de ascensão de água, a
base dos provetes é imersa em água à temperatura de 20ºC até a uma altura de 3mm. Os
provetes são colocados com uma distância entre si de pelo menos 15mm e de 20 mm entre a
parede do recipiente e o provete. Este nível de água no recipiente tem de ser constante durante
todo o ensaio, sendo necessário o esporádico acréscimo de água.
O ensaio é realizado sempre num recipiente fechado por forma a evitar a evaporação de água
para o ambiente. Durante o ensaio foram realizadas várias pesagens, com os intervalos iniciais
caracterizados pela curta duração, sendo progressivamente alargados com o decorrer do
mesmo. Antes da realização de cada pesagem utilizou-se um pano húmido para absorver as
gotas soltas que estavam na base do provete. É de salientar que a balança utilizada para este
ensaio possui uma precisão de 0,01g, cumprindo o requisito para este equipamento, segundo a
norma NP EN 1925 2000.
De seguida, os provetes foram novamente colocados no recipiente, sendo este procedimento
controlado com um uso de um cronómetro. Foi controlado o tempo desde o início do ensaio
até ao momento de cada pesagem. O ensaio terminou quando a diferença entre duas pesagens
sucessivas obteve um valor inferior a 1% da massa de água absorvida pelo provete.
A representação gráfica dos resultados destes ensaios resume-se à união de duas linhas retas,
como é exemplificado no gráfico apresentado de seguida (Figura 36).
4. Metodologia do Estudo Experimental
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 47
Figura 36 – Absorção de água por capilaridade
Para a obtenção do coeficiente de absorção de água por capilaridade, segundo a norma NP EN
1925 2000, inicia-se a análise dos coeficientes de correlações da reta de regressão, utilizando
pelo menos cinco medições e obtendo um valor superior a 0,9. Se forem utilizadas pelo menos
quatro medições, na primeira parte do ensaio, o coeficiente de absorção de água por
capilaridade é representado por C1 ou C2.
O coeficiente de absorção de água por capilaridade é expresso em (g/ 2 (gramas por
metro quadrado pela raiz quadrada do tempo em segundos). Este coeficiente é determinado
pela diferença entre as massas sucessivas do provete (mi) e a massa do provete seco (md),
proporcional à multiplicação entre a área da face imersa em água e ao tempo da duração do
ensaio, desde o início do ensaio até à obtenção das massas sucessivas dos provetes.
Assim, para determinar o coeficiente de absorção por capilaridade com base na norma
indicada, utiliza-se a seguinte expressão:
(7)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
Absorç
ao d
e a
gua
por
capilari
dade
(y)
(g/m
2)
Tempo
4. Metodologia do Estudo Experimental
48 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
4.3.3. Velocidade de propagação de ultrassons
Para determinação de todos os parâmetros da velocidade de propagação de ultrassons, foram
realizados ensaios no laboratório do Departamento de Engenharia Civil da Universidade do
Minho. Os procedimentos utilizados foram baseados na norma NP EN 14579 2007, da edição
de Outubro de 2007, intitulada “Métodos de ensaio para pedra natural -Determinação da
velocidade de propagação do som”.
Para realização deste ensaio foram utilizados provetes serrados com a forma de cubo com a
dimensão de 70mm.
Os provetes foram submetidos a uma secagem, utilizando uma estufa com a temperatura de
80º até atingirem massa constante. A massa constante é atingida quando a diferença entre as
duas pesagens consecutivas realizadas em intervalos de 24 horas não for superior a 0,1% da
primeira dessas duas massas.
Os equipamentos utilizados para a realização deste ensaio foram um cronómetro e um gerador
de impulsos elétricos. O gerador continha um par de transdutores num amplificador e um
dispositivo eletrónico que permite medir o tempo decorrido entre o início de um impulso
gerado do transdutor de emissão até ao recetor. O equipamento utilizado na realização deste
ensaio pode ser visualizado na Figura 37.
Figura 37 – Equipamento utilizado para determinar velocidade propagação de
ultrassons
Segundo a norma NP EN 14579 2007 pode-se constatar que a direção em que se propaga a
energia máxima é perpendicular entre os tradutores, uma vez que o impulso também se vai
4. Metodologia do Estudo Experimental
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 49
sentir noutras direções, mas com menos intensidade. Segundo a mesma norma, e como é
representado na Figura 38, é possível obter a velocidade de propagação do ultrassons com a
colocação dos transdutores em faces opostas (transmissão direta, Figura 38 a), em faces
adjacentes (transmissão semi-direta, Figura 38 b) ou na mesma face (transmissão indireta,
Figura 38 c).
a) b) c)
Figura 38 – Determinação de velocidade de propagação de ultrassons relacionado com a
colocação de transdutores (NP EN 14579 2007) a) transmissão direta b) transmissão semi-
direta c) transmissão indireta
A obtenção da medição da distância de percurso entre os transdutores está relacionada com a
forma de colocação dos transdutores, como é indicado na Figura 38. No caso da transmissão
direta a medição do percurso é a distância entre os transdutores medida com uma exatidão de
aproximadamente 1%. No que diz respeito à transmissão semi-direta a medição da distância
do percurso está relacionada com distância entre os centros das faces dos transdutores.
Relativamente à transmissão indireta a medição da distância de percurso é realizada com base
em diferentes medições, sendo que os transdutores são colocados a diferentes distâncias.
Para determinar a velocidade do impulso de propagação de ultrassons, com base na norma NP
EN 14579 2007, devemo-nos basear na seguinte expressão expressa em (Km/s).
(8)
Esta expressão é utilizada para a determinar a velocidade de propagação de ultrassons
(representada por V) em transmissões diretas e semi-diretas, obtendo-se pelo quociente entre a
distância de percurso (representada por L) expressa em (mm) pelo tempo despendido pelo
impulso para percorrer o trajeto (representado por T) expresso em (μs).
4. Metodologia do Estudo Experimental
50 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
Baseando-nos novamente na norma NP EN 14579 2007, a determinação da velocidade do
impulso na transmissão indireta é realizada através da colocação fixa do transdutor emissor e
a colocação variável do transdutor recetor, por forma a permitir a determinação do tempo e
distância da velocidade da propagação de ultrassons. Com base no relacionamento entre a
distância e o tempo da propagação de ultrassons é elaborado um gráfico onde o declive do
segmento de reta que melhor se ajustar aos pontos resultantes da realização do ensaio
representa a velocidade média ao longo da superfície da pedra.
4.3.4. Ciclo gelo-degelo
O ensaio ciclo gelo-degelo foi realizado no laboratório do Departamento de Engenharia Civil
da Universidade do Minho, considerando os procedimentos indicados na norma NP EN 12371
2006, da edição Dezembro de 2006, correspondendo à versão portuguesa da EN 12371:2001,
designada por “Métodos de ensaio para pedra natural -Determinação da resistência ao gelo”.
Para a execução deste ensaio, utilizaram-se provetes com a forma de cubo com as dimensões
de 70mm.
No início do ensaio os provetes foram colocados numa estufa a uma temperatura de 80º, até
atingirem massa constante. A massa constante é obtida quando a diferença entre duas
pesagens sucessivas realizadas num intervalo de 24 horas seja inferior a 0,1% da primeira das
duas massas. A massa seca de cada provete é representada por Mdo.
Após a obtenção da massa seca, procedeu-se à determinação da massa de absorção por
imersão. Os provetes foram colocados num recipiente de base lisa sobre suportes não
absorventes, por forma a ficarem separados por uma distância de 15mm e distanciados 20 mm
das paredes dos recipientes. De seguida iniciou-se a imersão, utilizando água a uma
temperatura de 20º. No instante inicial (t0 min) os provetes foram cobertos até uma altura de
35mm. Após sessenta minutos do tempo inicial (t0+60min) foi adicionada água até aos
52.5mm. No instante cento e vinte minutos após o início do ensaio (t0+120min) foi
acrescentada água até aos 95mm, ficando o provete inteiramente submerso e garantindo que o
nível de água encontrava-se 25mm acima da superfície do provete. A primeira pesagem foi
realizada após 48 horas efetuando-se, anteriormente, com o auxílio de um pano húmido, a
absorção das gotas de água presentes na superfície dos provetes. A duração da pesagem não
foi superior a 1 minuto, de acordo com o que é indicado na norma. Procedeu-se à realização
do ensaio em intervalos de 24 horas, efetuando-se pesagens até atingir massa contante e
4. Metodologia do Estudo Experimental
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 51
verificando que a diferença das pesagens não fosse superior a 0,1% da primeira das duas
massas (mi). A última pesagem, quando é atingida a massa constante, é designada por massa
saturada (ms).
Na fase seguinte da execução do ensaio foi necessário uma câmara capaz de executar o ciclo
de gelo-degelo, munida de um sistema de controlo automático (Figura 39).
Figura 39 – Sistema automático de controlo das tarefas da realização ensaio gelo-degelo
Os provetes foram colocados na câmara dentro de um recipiente munido de suportes não
oxidáveis, sendo todos colocados segundo o mesmo eixo longitudinal. Salienta-se ainda que
os provetes têm de se encontrar separados entre si pela distância mínima de 10mm e das
paredes do recipiente nunca inferior a 20mm (Figura 40).
O grupo de provetes tem que incluir um provete munido de um dispositivo de medição de
temperatura. Este provete pivot será colocado no meio do grupo dos provetes por forma a
estimar a temperatura no interior de cada provete ensaiado (Figura 40).
Figura 40 – Ensaio de gelo-degelo com provete munido de um dispositivo de medição de
temperatura
4. Metodologia do Estudo Experimental
52 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
A colocação dos provetes no recipiente seguindo o mesmo eixo longitudinal deve-se ao facto
de que em cada 14 ciclos ser necessário rodá-los 180º em torno do eixo horizontal. Cada ciclo
tem uma duração de seis horas. Estes ciclos são caraterizados pela exposição ao ar (ciclos de
gelo) em metade dos ciclos e pela imersão em água (ciclos de degelo) nos restantes. Os ciclos
devem repetir-se até que ocorra a degradação dos provetes ou até um máximo de 240 ciclos.
De acordo com a norma NP EN 12371 2006 as temperaturas registadas no provete
monitorizado permitem a obtenção das variações de temperatura no centro de cada provete.
Os intervalos de temperatura indicados na Tabela 3, estão relacionadas com as propriedades
físicas das pedras como a porosidade, a densidade aparente e a absorção de água a que os
provetes são submetidos.
Tabela 3 - Temperaturas no interior dos provetes de acordo com o tempo do ensaio “NP EN 12371
2006”
Temperatura no centro do provete
monitorizado Tempo
Início do ciclo T0
Estágio 1 T0+2,0h
Estágio 2 T0+6,0h
Estágio 3 Imersão total T0+6,5h
Estágio 4 Por T0+9,0h
Estágio 5 T0+12,0h
É de salientar que a câmara utilizada para realizar este ensaio possui um sistema de controlo
automático que permite programar os ciclos de gelo (frio) e degelo (quente) como é possível
verificar na figura abaixo (Figura 41).
4. Metodologia do Estudo Experimental
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 53
Figura 41 – Câmara de gelo-degelo
De acordo com o sistema implementado para realizar do ciclo de gelo, a câmara inicialmente
encontrava-se a uma temperatura entre os 5º e os 20º, munida de uma ventoinha que permite a
circulação do ar. Após duas horas os provetes estavam sujeitos a uma temperatura entre os 0 e
-8º. No final do ciclo os provetes poderão atingir a temperatura -12º. Após o ciclo de gelo o
sistema automático aciona o sistema a quente que permite encher o recipiente de água,
permitindo que os provetes atinjam uma temperatura entre 5º e 20º num intervalo de 2,5
horas. O recipiente contém uma ventoinha que permite a movimentação de água e uma
resistência que é acionada pelo sistema automático quando a água não atinge a temperatura
desejada dentro do intervalo de tempo predefinido pela norma (Figura 42).
a) b)
Figura 42 – Câmara de gelo-degelo a) ventoinha b) resistência de aquecimento e a ventoinha
de movimentação de água
4. Metodologia do Estudo Experimental
54 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
Segundo a norma NP EN 12371 2006, para analisar os resultados será realizada a inspeção
visual, a determinação do volume aparente e a determinação do módulo de elasticidade
dinâmico. Quando realizado o ensaio é feito uma análise detalhada a cada provete das várias
tipologias em estudo por forma a permitir realizar a inspeção visual. Esta análise vai permitir
determinar quando é que os provetes encontram-se deteriorados sob ação dos ciclos gelo-
degelo. Após cada ciclo gelo-degelo é possível analisar a deterioração sofrida pelos provetes
provocada pelas diferenças de temperaturas a que se encontram submetidos.
Este ensaio pretende aproximar-se aos ciclos de gelo-degelo que uma pedra situada na zona
norte do país está sujeita, uma vez que é nesta zona que se verificam, com mais frequência,
temperaturas negativas.
È de salientar que a zona em estudo situa-se no norte de Portugal sendo esta zonas de maior
ocorrência de variação de ciclos gelo-degelo, por esse motivo o nosso estudo ser realizado
nessa zona.
A inspeção visual é verificada após a ocorrência dos ciclos gelo-degelo, onde serão analisadas
e classificadas as faces e os bordos dos provetes de acordo com a escala da Tabela 4
mencionada na norma NP EN 12371 2006.
Tabela 4 – Classificação e análise da inspeção visual do ensaio dos ciclos gelo-degelo “NP
EN 12371 2006”
Classificação Descrição
0 Provete imerso
1 Danos muito pequenos (pequeno arredondamento dos cantos e arestas) que não
comprometem a integridade do provete
2 Uma ou várias fissuras (≤0,1mm de largura) ou desprendimento de pequenos
fragmentos (≤10 por fragmento)
3 Uma ou várias fissuras, orifício ou desprendimento de fragmentos superiores aos
definidos para a classificação “2” ou alteração do material contido em veios
4 Provete partido em dois ou com grandes fissuras
5 Provetes partidos em vários pedaços ou desintegrado
4. Metodologia do Estudo Experimental
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 55
Através da determinação do volume aparente durante os ciclos gelo-degelo é possível calcular
as perdas de material que os provetes podem sofrer durante o processo dos ciclos. Antes do
início de um conjunto de 14 ciclos é realizado o ensaio de absorção de água por imersão,
sendo determinada a massa aparente Mh0 e a massa do provete saturado Ms0. O volume
aparente inicial é determinado pela diferença entre a massa do provete saturado e a massa
aparente inicial. O volume aparente é determinado segundo as seguintes expressões e de
acordo com a norma:
O volume aparente inicial expresso em mililitros:
(9)
O volume aparente após n ciclos expresso em mililitros:
(10)
A variação do volume aparente (ΔVb) após n ciclos expressos em percentagem:
(11)
A determinação do módulo de elasticidade dinâmico durante o ciclo gelo-degelo permite
detetar algumas deteriorações como, por exemplo, microfissuras. Antes de efetuar a medição
do decréscimo do módulo de elasticidade é necessário secar os provetes até atingirem massa
constante. É de salientar que antes de iniciar o próximo ciclo gelo-degelo é necessário efetuar
o ensaio de absorção de água por imersão. A variação do módulo de elasticidade é
determinado pela diferença entre o módulo de elasticidade dinâmico do provete seco antes do
período de gelo representado (E0) e o módulo de elasticidade dinâmico do provete seco após n
ciclos, representado por (En), proporcional ao módulo de elasticidade dinâmico do provete
seco antes do período de gelo (E0).
O decréscimo do módulo de elasticidade dinâmico ( é representado abaixo, expresso em
percentagem:
(12)
4. Metodologia do Estudo Experimental
56 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
O ensaio termina quando pelo menos dois dos provetes (de acordo com as classificações
anteriores) sejam considerados como deteriorados. O estado de deterioração do provete pode
ser verificado quando, na análise de inspeção visual, atinja uma classificação nível 3, um
decréscimo no volume aparente de 1% ou ainda um decréscimo no módulo de elasticidade
dinâmico de 30%. Caso se verifique qualquer um dos critérios mencionados os provetes serão
classificados como deteriorados, sendo que se o número de provetes deteriorados for igual ou
superior a dois o ensaio é considerado finalizado.
4.4. Aplicação de revestimento superficial - hidrófugo
4.4.1 Descrição do revestimento
Esta investigação foi realizada no laboratório Departamento Civil da Universidade do Minho
e consistiu na aplicação do revestimento hidrófugo na superfície de pedra.
Os procedimentos utilizados foram baseados em Pinto (1994). Foram também seguidas todas
as indicações descritas na ficha técnica do produto, um impermeabilizante de superfícies
exteriores porosas.
Este impermeabilizante é constituído à base de água e de resinas de silicone e é destinado à
impermeabilização de superfícies porosas. O hidrófugo tem como função evitar os efeitos
nocivos dos fungos, da infiltração de água e do ciclo gelo-degelo e permite aumentar a
resistência e a durabilidade da pedra.
Figura 43 – Produto impermeabilizante
Este hidrófugo é incolor, não provocando qualquer alteração na cor nem na aparência do
material. Para a aplicação deste produto, a superfície da pedra tem que estar seca e sem
4. Metodologia do Estudo Experimental
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 57
poeiras. Se a superfície apresentar fungos os mesmos terão de ser eliminados com produtos
apropriados, sendo aplicado o impermeabilizante depois de a superfície estar limpa e seca. A
aplicação do impermeabilizante poderá ser realizada através de uma trincha, rolo ou
pulverizador, sendo necessário a aplicação de uma ou duas demãos. O intervalo de tempo de
aplicação entre as duas demãos deve ser de 24 horas. O produto não deve ser aplicado em
tempo chuvoso, húmido ou frio.
Na realização deste ensaio, como a aplicação normal do hidrófugo mencionada na ficha
técnica não garantia 100% de eficácia, tendo em conta a dimensão do material, adotou-se a
realização do ensaio por imersão durante 30 segundos.
Figura 44 – Equipamentos utilizados para a aplicação do hidrófugo
Antes deste processo os provetes foram secos numa estufa à temperatura de 80º até atingir
massa constante. Após a secagem é realizada a respetiva imersão da pedra no hidrófugo.
Anteriormente a cada imersão, o produto líquido foi pesado por forma a garantir a utilização
uniforme da mesma quantidade de produto para todos os provetes. A quantidade de hidrófugo
presente no recipiente garantia que os provetes se encontravam imersos até 10 mm da sua
base. Após 30 segundos de imersão do hidrófugo nos provetes, o mesmo foi escorrido durante
10 segundos para o recipiente e foram posteriormente colocados à temperatura ambiente
noutro recipiente com a face imersa voltada para cima.
Após serem submetidos a duas demãos, ambas por imersão e separadas por um intervalo de
24 horas, os provetes foram submetidos ao ensaio de capilaridade por forma a comparar os
resultados obtidos com os resultados dos provetes sem aplicação de qualquer produto.
5. Análise dos Resultados da Investigação Experimental
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 59
5. ANÁLISES DOS RESULTADOS DA INVESTIGAÇÃO
EXPERIMENTAL
5.1. Introdução
No laboratório do Departamento de Engenharia Civil da Universidade do Minho realizou-se o
estudo de investigação experimental, seguindo as normas indicadas para a análise de pedras
naturais. Realizou-se a análise de várias tipologias de pedra, que foram obtidas das várias
extrações existentes no norte de Portugal. Foi, também, realizada a análise das características
físicas para cada tipologia de pedra em estudo e elaboradas correlações entre elas. O estudo
realizado permitiu a obtenção de valores dos vários parâmetros em estudo, o que permitiu o
relacionamento das suas características com a respetiva aplicabilidade.
No âmbito do estudo efetuado foram analisados vários parâmetros físicos da pedra,
nomeadamente a porosidade e densidade de cada tipo de granito, bem como a capacidade de
absorção de água por capilaridade e por imersão. Além destes parâmetros realizaram-se
ensaios de determinação da velocidade de propagação de ultrassons e da resistência aos ciclos
gelo-degelo. Alguns dos provetes foram submetidos ao ciclo gelo-degelo por forma a obter as
alterações e degradação na pedra. É de salientar que, associado a este ensaio, foi realizada
também, a análise da velocidade de propagação de ultrassons, porosidade e capacidade de
absorção por imersão e capilaridade antes e após a execução do ensaio do ciclo gelo-degelo.
5.2. Análise dos parâmetros dos granitos
5.2.1. Parâmetros físicos
No decorrer do estudo de investigação experimental realizaram-se os ensaios que visam
determinar as características físicas da pedra tais como a porosidade, densidade, capacidade
de absorção por imersão e a capacidade de absorção por capilaridade. A porosidade aberta
está relacionada com o volume de poros e capilares existentes na pedra em relação ao volume
aparente do material. Estes poros e capilares permitem a acessibilidade da água para o interior
da pedra com maior facilidade.
5. Análise dos Resultados da Investigação Experimental
60 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
A massa volúmica real está relacionada com as partículas sólidas enquanto o volume aparente
tem em consideração a existência de vazios. Constata-se qua a densidade aparente tem em
conta o volume da massa sólida e a porosidade, ao contrário da densidade real que não
considera a porosidade.
Na Tabela 5 estão representados os valores médios e, entre parêntesis, encontra-se indicado o
coeficiente de variação dos resultados obtidos das propriedades físicas das pedras em estudo.
Verifica-se que, em geral, o parâmetro da porosidade apresenta valores do coeficiente de
variação baixo a moderado, enquanto as propriedades da densidade apresentam valores do
coeficiente de variação muito baixos.
Tabela 5- Quadro das propriedades físicas dos granitos
Granitos Porosidade (%) Densidade Aparente
(kg/ )
Densidade Real
(kg/ )
PTM 4,35 (12,61) 2506,25 (1,27) 2549,69 (1,13)
PTA 0,81 (5,42) 2647,50 (0,09) 2655,56 (0,08)
PLM 1,41 (5,41) 2618,70 (0,34) 2632,76 (0,33)
PLA 0,89 (3,97) 2630,50 (0,12) 2639,48 (0,11)
MDB 3,02 (25,13) 2503,85 (0,68) 2534,06 (0,78)
MDM 5,30 (2,03) 2431,00 (0,66) 2483,93 (0,67)
GA 0,46 (9,72) 2655,30 (0,13) 2659,88 (0,13)
GM 2,69 (11,21) 2530,50 (0,33) 2557,42 (0,21)
Analisando os resultados da Tabela 5 é possível concluir que, das oito tipologias de pedra em
estudo, o granito de Gonça (Guimarães), seguido do granito PTA de Ponte de Lima e do
granito PLA da Póvoa de Lanhoso são as que possuem menor porosidade. Assim, podemos
realçar que estes granitos possuem uma quantidade mais reduzida de poros e fissuras pré-
existentes. Salienta-se aqui o facto de que a existência de poros está relacionada com a
facilidade de aparecimento de fungos que podem originar o aparecimento de várias patologias
5. Análise dos Resultados da Investigação Experimental
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 61
na pedra incluindo a sua própria degradação. Assim, a porosidade é umas das características
determinadas mais relevantes para a caracterização das pedras sob o ponto de vista físico, pois
está relacionada com o facto de a pedra proporcionar a infiltração de humidade e a
consequente formação de fungos, que podem provocar a sua deterioração.
Pode-se salientar que as pedras que possuem o valor mais alto de porosidade são as pedras de
Mondim de Bastos (MDM e MDB) e de Ponte de Lima (PTM). Constata-se que estas pedras
possuem uma quantidade elevada de poros no seu interior que possibilitam o acesso da água,
o que potencialmente deverá provocar uma maior degradação da pedra.
Referindo-nos à aplicabilidade em obra destas tipologias de pedra, de acordo com os
resultados apresentados, é possível determinar que as pedras que possuem um maior valor de
porosidade necessitam normalmente de um revestimento. No mercado existem algumas
soluções, como impermeabilizantes cujo objetivo consiste em minimizar ou retardar a
capacidade de infiltração de água e proteger a mesma da presença de fungos, retardando a sua
deterioração.
Analisando a densidade aparente das tipologias em estudo é possível indicar que os granitos
estudados possuem valores entre 2400 a 2700 (kg/m3). Pode-se referir que a densidade
aparente contempla a porosidade, ao contrário da densidade real. Constata-se, ainda, que os
valores obtidos da densidade real aumentam em relação à densidade aparente pois esta não
considera nos seus valores a porosidade. Assim, como podemos verificar, existe um aumento
de densidades reais variando de 2400 a 2800 (kg/m3).
Comparando a densidade aparente e real das pedras em análise, podemos constatar que os
granitos MDM, MDB e PTM possuem um valor mais reduzido, devido ao facto de terem uma
maior porosidade e, por isso, conterem uma maior percentagem de poros.
5.2.2. Absorção de água por imersão e capilaridade
Como anteriormente mencionado, o ensaio de absorção de água por imersão foi efetuado de
acordo com a norma EN 13755:2008, intitulada “Métodos de ensaio para pedra natural:
Determinação da absorção de água à pressão atmosférica”. Apresentam-se na Tabela 6 os
valores médios e entre parêntesis encontra-se indicado o coeficiente de variação da
capacidade de absorção de água por imersão e capilaridade das pedras.
5. Análise dos Resultados da Investigação Experimental
62 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
Tabela 6 - Valores obtidos da capacidade de absorção de água por imersão e por capilaridade
Granitos Absorção de água por
imersão (%)
Coeficiente de absorção de
água por capilaridade
(g/c 2√h)
PTM-P 1,74 (4,73) 0,23 (10,15)
PTM-L 1,72 (15,61) 0,11 (21,49)
PTA 0,31 (5,47) 0,02 (13,98)
PLM-P 0,53 (5,59) 0,02 (17,28)
PLM-L 0,44 (20,43) 0,02 (11,06)
PLA 0,34 (4,02) 0,04 (0,76)
MDB-P 1,31 (5,89) 0,16 (8,91)
MDB-L 1,10 (39,55) 0,15 (14,25)
MDM 2,18 (1,89) 0,26 (20,67)
GA 0,17 (9,69) 0,01 (1,12)
GM 1,06 (11,56) 0,17 (23,03)
Constata-se que a pedra de Guimarães (GA) é a que tem a menor capacidade de absorção de
água por imersão, enquanto que o granito de Mondim de Bastos (MDM) apresenta uma maior
capacidade de absorção por imersão.
De uma forma geral pode-se salientar que os granitos de Mondim de Bastos (MDM) (MDB) e
de Ponte de Lima (PTM) são os granitos mais porosos, apresentam maior alteração, o que é
visível através da sua cor amarelada e que por isso possuem maior capacidade de absorção de
água por imersão. Estes granitos permitem a penetração da água com maior facilidade.
Podemos, também, concluir que devido a este facto a sua durabilidade poderá ser inferior
devido ao potencial desgaste e deterioração provocado pela absorção de água e a presença de
fungos.
5. Análise dos Resultados da Investigação Experimental
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 63
Das tipologias analisadas, as que apresentam uma menor absorção de água por imersão são os
granitos de Guimarães (GA) como referido anteriormente, Ponte de Lima (PTA) e Póvoa de
Lanhoso (PLA). Estas apresentam uma resistência elevada às patologias e intempéries, devido
à sua reduzida capacidade de absorção. É possível verificar que o valor médio da capacidade
de absorção de água por imersão destas pedras é inferior a 0,5%, como podemos verificar na
Tabela 6.
Correlacionando as características já analisadas das várias tipologias de pedra em estudo, é
possível salientar que os granitos de Mondim de Bastos (MDM e MDB) e de Ponte de Lima
(PTM) são os que possuem maior porosidade e absorção de água por imersão à temperatura
ambiente. Esta relação permite constatar que quanto maior é o valor obtido de porosidade
maior será a capacidade de absorção devido à presença de poros. Por analogia é possível
constatar que pedra de Guimarães (GA) é a que possui o menor valor de porosidade e de
absorção de água por imersão.
Pode-se salientar que as pedras que possuírem menor valor de porosidade e absorção de água
são as que possivelmente serão mais resistentes ao aparecimento de fungos e patologias e
registarão um nível inferior de deterioração.
A análise da capacidade de absorção por capilaridade que foi realizada com base na norma NP
EN 1925 2000 intitulada “Métodos de ensaio para pedra natural: Determinação do coeficiente
de absorção de água por capilaridade”.
Esta análise é efetuada tendo em conta a área do provete em contacto com a água, estando
esta relacionada com intervalos de tempos estipulados pela norma por forma a permitir o
acompanhamento da evolução da absorção.
Da análise dos valores obtidos representados na Tabela 6, é possível constatar que a pedra de
Guimarães (GA), Ponte de Lima (PTA) e Povoa de Lanhoso (PLA) possuem um valor médio
de coeficiente de absorção por capilaridade inferior a 0,05 g/c 2/√ . Assim, estas tipologias
mencionadas não absorvem grande quantidade de água por capilaridade, o que corresponde a
valores baixos da porosidade.
A inexistência de poros melhora o comportamento destes granitos à ação da água.
Salienta-se que o granito de Mondim de Bastos (MDM) possui uma maior capacidade de
absorção de água por capilaridade e, relacionando com o valor obtido na Tabela 6, possui
5. Análise dos Resultados da Investigação Experimental
64 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
também um valor alto de porosidade. Devido a este facto pode-se salientar que esta pedra é a
mais porosa e que deverá ter os poros interligados, o que permitirá com facilidade a
penetração de água para o seu interior. Este parâmetro está associado ao parâmetro da
porosidade, uma vez que, na maior parte dos casos, quanto maior é a porosidade maior é a
capacidade de absorção de água por capilaridade e menor será a sua durabilidade e resistência.
Na Figura 45 está representado graficamente o comportamento do granito de Gonça (GA e
GM) ao nível da absorção de água por capilaridade. Estes granitos são do mesmo tipo mas
diferem do estado de alteração.
a) b)
Figura 45 – Absorção de água por capilaridade: a) GA-6 b) GM-6
O granito GM apresenta uma cor amarela (mais alterado) e o granito GA apresenta uma cor
azul (menos alterado). Verifica-se que o comportamento à ação da água em termos de
absorção por capilaridade é muito diferente entre os granitos, o que confirma a diferença dos
valores do coeficiente de absorção de água por capilaridade. Esta tendência de diferença de
comportamento à absorção de água por capilaridade é também acompanhada pelos granitos
PTM (mais alterado) e granito PTA (granito menos alterado).
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5 GA6/1
GA6/2
GA6/3
GA6/4
GA6/5
GA6/6
GA6/7
GA6/8
1941/1970
Ab
so
rçao
po
r c
ap
ilarid
ad
e
(g
/cm
2)
Tempo (h1/2
)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5 GM6/1
GM6/2
GM6/3
GM6/4
GM6/5
GM6/6
GM6/7
GM6/8
1941/1970
Ab
so
rçao
p
or cap
ilarid
ad
e
(g
/cm
2)
Tempo (h1/2
)
5. Análise dos Resultados da Investigação Experimental
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 65
a) b)
Figura 46 – Absorção de água por capilaridade a) PTA-3 b) PTM-L2
No anexo A estão representados todos os resultados obtidos nos ensaios realizados para
determinar o coeficiente de absorção de água por capilaridade das várias tipologias sujeitas à
investigação experimental.
5.2.3. Velocidade de propagação de ultrassons
Para a determinação da velocidade de propagação de ultrassons, foi realizado o ensaio no
laboratório do Departamento de Engenharia Civil, sendo cumpridos os procedimentos
indicados na norma NP EN 14579 (2007). Os valores médios e o coeficiente de variação
(entre parênteses) obtidos na realização deste ensaio, representados na Tabela 7, encontram-se
expressos em (m/s). É possível verificar que, das tipologias ensaiadas neste projeto, destaca-se
que a pedra de Guimarães (GA) possui uma maior velocidade de propagação de ultrassons,
sendo seguido pela pedra de Póvoa de Lanhoso PLM. A pedra da zona de Mondim de Bastos
(MDB) e (MDM) e a pedra de Guimarães (GM) possuem valores menores de propagação de
ultrassons. Refira-se que as tipologias que possuem maior porosidade são as que permitem a
penetração de água por imersão ou capilaridade mais facilmente e apresentam valores
inferiores da velocidade de propagação de ultrassons, uma vez que a velocidade de ultrassons
vai atenuar-se no interior da pedra devido à maior quantidade de vazios e poros. Os
coeficientes de variação obtidos são relativamente baixos, o que caracteriza a qualidade dos
resultados obtidos.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5 PTA-3/1
PTA-3/2
PTA-3/3
PTA-3/4
PTA-3/5
PTA-3/6
PTA-3/7
PTA-3/8
1941/1970
Ab
so
rçao
po
r c
ap
ilarid
ad
e
(g
/cm
2)
Tempo (h1/2
)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5 PTM-L2/1
PTM-L2/2
PTM-L2/3
PTM-L2/4
PTM-L2/5
PTM-L2/6
PTM-L2/7
PTM-L2/8
1941/1970
Ab
so
rçao
p
or cap
ilarid
ad
e
(g
/cm
2)
Tempo (h1/2
)
5. Análise dos Resultados da Investigação Experimental
66 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
Tabela 7- Valores obtidos na determinação da velocidade de propagação de ultrassons
5.3. Ação gelo-degelo
Este ensaio foi realizado no laboratório do Departamento de Engenharia Civil da
Universidade do Minho e baseado nos procedimentos indicados na norma NP EN 12371
(2006).
Esta investigação tem como objetivo a avaliação do desempenho dos granitos mais alterados
(MDM, MDB e PTM) à ação dos ciclos de gelo-degelo, que é relevante no caso dos granitos
existentes em edifícios localizados na região Norte de Portugal e em particular na região de
Trás os Montes, dada a grande amplitude térmica verificada e a possibilidade de ocorrência de
temperaturas negativas (Capítulo 3).
No decorrer deste ensaio foram analisados vários parâmetros como a massa seca, massa
saturada, a massa imersa, a variação do volume aparente, o módulo de elasticidade dinâmico,
a velocidade de propagação de ultrassons. Foi efetuada, complementarmente, inspeção visual
de modo a avaliar a degradação superficial dos provetes de pedra com a evolução do ensaio.
Granitos Velocidade de Propagação
de ultrassons (m/s)
PTM-P 2167,72 (5,55)
PTM-L 2759,22 (13,67)
PTA 3667,58 (1,28)
PLM-P 4075,65 (1,99)
PLM-L 4175,46 (3,46)
PLA 2969,9 (3,69)
MDB-P 2049,97 (8,62)
MDB-L 2444,63 (3,09)
MDM 2155,58 (9,43)
GA 4779,43 (1,75)
GM 2536,85 (23,09)
5. Análise dos Resultados da Investigação Experimental
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 67
Foi realizada a apresentação dos resultados graficamente por forma a permitir uma melhor
compreensão da evolução do comportamento dos granitos por cada conjunto de ciclos a que
foram submetidos. Na Tabela 8 está representado, para o número de controlos realizados, o
número de ciclos correspondentes, realizados durante a investigação experimental.
Tabela 8- Número de ciclos de gelo-degelo e respetivo números de controlo
N.º controlos de ciclos 1 2 3 4 5
Ciclos 0 (estado
inicial) 34 74.5 104 136
A Figura 47 apresenta os resultados provenientes do estudo da análise da variação do volume
aparente, realizado durante a investigação experimental. Verifica-se que a análise da variação
do volume aparente durante os ciclos gelo-degelo permite obter as perdas de material devido à
deterioração que os provetes experimentam. A variação do volume aparente é obtida pelo
quociente entre a diferença entre o volume aparente inicial e o volume aparente após n ciclos,
e o volume aparente inicial. Para a verificação de deterioração após n ciclos, é necessário que
a redução do volume aparente atinga 1% do volume aparente original, verificando-se que até
136 ciclos ainda não se verificou a deterioração dos provetes através da variação do volume
aparente original.
Figura 47 – Variação do volume aparente (%) em função do número de ciclos de gelo-degelo
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
PTM/L2/1
PTM/L2/2
PTM/L2/3
PTM/L2/4
MDB/L1/1
MDB/L1/2
MDB/L1/3
MDB/L1/4
MDB/P2/1
MDB/P2/2
MDB/P2/3
MDB/P2/4
1941/1970
Va
ria
ça
o d
o v
olu
me
ap
are
nte
(%
)
N.º de controlo dos ciclos
0 1 2 3 4 5 6 7 8
5. Análise dos Resultados da Investigação Experimental
68 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
Na tabela 9 está representada as massas secas dos provetes em cada ciclo gelo-degelo. A
massa seca vai progressivamente na maioria dos casos diminuindo na evolução dos ciclos,
mas comparando a massa seca inicial e após 136 ciclos é possível verificar a perda de massa
seca dos provetes.
Tabela 9- Massa seca
Massa Seca (gramas)
Provetes Início Ciclos 34 Ciclos 74,5 Ciclos 104 Ciclos 136 Ciclos
PTM-L2/1 956,2 956,4 955,0 956,0 954,5
PTM-L2/2 984,6 985,1 983,7 984,5 983,0
PTM-L2/3 1010,9 1011,1 1009,8 1010,8 1009,2
PTM-L2/4 993,0 993,4 992,1 993,1 991,3
MDB-L1/1 944,4 945,5 943,6 945,1 942,0
MDB-L1/2 970,5 971,5 970,2 971,2 969,3
MDB-L1/3 921,8 923,0 921,3 922,6 920,5
MDB-L1/4 943,7 944,5 942,9 940,0 942,0
MDB-P2/1 965,5 966,1 964,4 965,8 964,0
MDB-P2/2 970,8 971,6 969,7 971,0 969,3
MDB-P2/3 978,3 978,8 977,0 978,7 976,4
MDB-P2/4 962,5 963,0 961,6 962,6 960,6
Na figura 48 está ilustrada a variação da massa seca, que permite uma melhor perceção da
perda de massa que se vai verificar. A variação do volume aparente está relacionada com a
variação da massa seca, que diminui com o aumento do número de ciclos, o que significa uma
perda de massa e que é visível através do registo da massa seca dos provetes após cada
controlo.
5. Análise dos Resultados da Investigação Experimental
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 69
Figura 48 – Variação da massa seca (g) em função do número de ciclos de gelo-degelo
A perda de massa está relacionada com a degradação dos provetes. Isto significa que a
imposição de ciclos de gelo-degelo introduz alteração da estrutura da pedra, diminuindo a
massa seca e aumentando a porosidade. Estes ensaios, ainda que realizados de modo
acelerado, permitem verificar que as pedras expostas às intempéries climáticas sofrem
deterioração com o passar do tempo traduzindo-se em desgaste e degradação das superfícies
dos granitos. Algumas patologias que podem surgir nos granitos são causadas pelos ciclos
gelo-degelo e têm um efeito nocivo sobre as características dos mesmos. Estes efeitos estão
diretamente relacionados com a porosidade e a capacidade de absorção de água da pedra que
vai permitir a existência de água no interior do material.
Na Figura 49 estão ilustrados os resultados do módulo de elasticidade dinâmica dos diferentes
tipos de pedras estudadas. A análise de resultados permite concluir que o módulo de
elasticidade dinâmico diminui com o aumento do número de ciclos de gelo-degelo, sendo o
valor médio dessa diminuição de, aproximadamente, 11,27%. O decréscimo do módulo de
elasticidade verifica-se devido à deterioração e alteração das características da microestrutura
da pedra. As alterações interiores que as pedras sofrem estão relacionadas com um aumento
da porosidade. A diminuição do módulo de elasticidade dinâmico está diretamente
relacionado com a diminuição da velocidade de propagação dos ultrassons, ver Figura 50.
800
900
1000
1100
1200
PTM/L2/1
PTM/L2/2
PTM/L2/3
PTM/L2/4
MDB/L1/1
MDB/L1/2
MDB/L1/3
MDB/L1/4
MDB/P2/1
MDB/P2/2
MDB/P2/3
MDB/P2/4
1941/1970
Va
ria
ça
o d
a m
assa
se
ca
(g
)
N.º de controlo dos ciclos
0 1 2 3 4 5 6 7 8
5. Análise dos Resultados da Investigação Experimental
70 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
Figura 49 – Módulo de elasticidade dinâmico
.
Figura 50 – Velocidade de propagação de ultrassons
Na Tabela 10 estão representadas as variações da velocidade de propagação de ultrassons
referentes ao início do ensaio. Através destes resultados é possível verificar que a redução da
velocidade de propagação de ultrassons apresenta pequenas variações entre 3% e
aproximadamente 9% relativamente ao valor inicial.
5000
10000
15000
20000
PTM/L2/1
PTM/L2/2
PTM/L2/3
PTM/L2/4
MDB/L1/1
MDB/L1/2
MDB/L1/3
MDB/L1/4
MDB/P2/1
MDB/P2/2
MDB/P2/3
MDB/P2/4
1941/1970
Modulo
de e
lasticid
ade d
inâm
ico (
MP
a)
N.º de controlo dos ciclos
0 1 2 3 4 5 6 7 8
1000
1500
2000
2500
3000
PTM/L2/1
PTM/L2/2
PTM/L2/3
PTM/L2/4
MDB/L1/1
MDB/L1/2
MDB/L1/3
MDB/L1/4
MDB/P2/1
MDB/P2/2
MDB/P2/3
MDB/P2/4
1941/1970
Velo
cid
ade d
e p
ropagaçao d
e u
ltra
ssons (
m/s
)
N.º de controlo dos ciclos
0 1 2 3 4 5 6 7 8
5. Análise dos Resultados da Investigação Experimental
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 71
Tabela 10 – Variação da propagação de ultrassons e do módulo de elasticidade dinâmico
referentes ao início do ensaio
PROVETES ΔUPV0 (ΔE0)
34 CICLOS
ΔUPV0 (ΔE0)
74.5 CICLOS
ΔUPV0 (ΔE0)
104 CICLOS
ΔUPV0 (ΔE0)
136 CICLOS
PTM-L2/1 4,29 (8,38) 8,23 (15,89) 8,69 (16,64) 8,96 (17,14)
PTM-L2/2 0,00 (0,05) 2,80 (5,61) 3,76 (7,39) 8,13 (15,60)
PTM-L2/3 0,23 (0,44) 3,86 (7,67) 3,96 (7,78) 4,18 (8,19)
PTM-L2/4 0,09 (0,15) 0,66 (1,41) 0,85 (1,68) 3,04 (5,98)
MDB-L1/1 0,00 (0,12) 4,57 (9,01) 5,19 (10,04) 7,29 (13,99)
MDB-L1/2 0,23 (0,35) 3,73 (7,35) 4,46 (8,66) 4,88 (9,45)
MDB-L1/3 0,24 (0,34) 4,19 (8,25) 8,23 (15,72) 8,53 (16,26)
MDB-L1/4 0,45 (0,81) 1,11 (2,29) 1,22 (2,80) 3,25 (6,77)
MDB-P2/1 0,00 (0,06) 3,72 (7,41) 4,55 (8,86) 5,20 (10,09)
MDB-P2/2 0,56 (1,04) 5,67 (11,12) 5,84 (11,31) 6,74 (13,01)
MDB-P2/3 0,00 (0,05) 3,11 (6,25) 4,85 (9,43) 6,45 (12,45)
MDB-P2/4 0,27 (0,50) 1,63 (3,32) 1,89 (3,74) 3,20 (6,29)
No decorrer do ensaio foi feita uma análise visual, de acordo com a norma indicada. Na
Figura 51 estão representadas amostras com alguns desgastes superficiais. Esta análise visual
está relacionada com o desgaste superficial e o arredondamento dos cantos. Quando a pedra é
submetida a vários ciclos de gelo-degelo, verifica-se um desgaste nas paredes dos poros. Este
desgaste provoca um aumento do diâmetro dos poros, permitindo uma maior penetração de
água e, consequentemente, uma maior degradação da pedra. Verificou-se que até aos 104
ciclos os provetes se mantiveram intactos mas a partir de 136 ciclos, foram verificados danos
ligeiros. Estes danos referem-se a pequenos desgastes que podem ser verificados na pedra,
como o arredondamento dos cantos. Assim, as pedras sujeitas a ciclos de gelo-degelo ficam
mais frágeis e o efeito de degradação é gradual, provocando uma menor resistência e
durabilidade da pedra.
5. Análise dos Resultados da Investigação Experimental
72 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
Figura 51 – Deteriorações detetadas nas amostras devido aos ciclos gelo-degelo
O ensaio de gelo-degelo é finalizado quando os provetes atinjem um decréscimo de volume
aparente de 1%, quando a inspeção visual atinje, de acordo com a norma, uma classificação
de deterioração igual a 3 ou ainda quando se verifica um decréscimo no módulo de
elasticidade dinâmica na ordem dos 30%.
5.3.1. Absorção de água por capilaridade e imersão
Foi realizado, no decorrer da investigação experimental, o ensaio da capacidade de absorção
de água por capilaridade e por imersão antes e após a realização dos ciclos gelo-degelo e
considerando um total de 136 ciclos. Esta análise tem como objetivo avaliar a influência dos
ciclos de gelo-degelo no comportamento à água dos provetes (absorção de água por imersão e
capilaridade), dado que se detetou alguma deterioração dos provetes, quer superficialmente,
quer a nível interno com a redução da massa seca, diminuição do módulo de elasticidade e da
velocidade de propagação de ultrassons. Nas Figuras 52 e 53 está representada a capacidade
de absorção de água por capilaridade antes e depois dos ciclos de gelo-degelo (136 ciclos),
respetivamente. Como se pode verificar, o maior valor de capacidade de absorção por
capilaridade é de aproximadamente 0,39 g/c 2, atingido pelo granito de Mondim de Bastos
(MDB-L1).
5. Análise dos Resultados da Investigação Experimental
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 73
(a) b)
Figura 52 – Capacidade de absorção de água por capilaridade a) antes 136 ciclos gelo-degelo
b) após 136 ciclos gelo-degelo
a) b)
Figura 53 – Capacidade de absorção de água por capilaridade a) antes 136 ciclos gelo-degelo
b) após 136 ciclos gelo-degelo
Pode-se constatar que o maior valor de capacidade de absorção por capilaridade é de
aproximadamente 0,39 g/c 2, atingido pela pedra de Ponte de Lima (PTM-L2) e Mondim de
Bastos (MDB-L1), estando diretamente relacionado com o seu grau de deterioração e com o
aumento da porosidade. Na Tabela 11 estão representados os resultados obtidos da capacidade
de absorção da pedra por imersão e capilaridade e da porosidade antes e após os 136 ciclos de
gelo-degelo.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 120,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
MDB-P2/1
MDB-P2/2
MDB-P2/3
MDB-P2/4
MDB-L1/1
MDB-L1/2
MDB-L1/3
MDB-L1/4
PTM-L2/1
PTM-L2/2
PTM-L2/3
PTM-L2/4
1941/1970
Ab
so
rçao
po
r c
ap
ilarid
ad
e
(g
/cm
2)
Tempo (h1/2
)
0 1 2 3 4 5 60,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
MDB-P2/1
MDB-P2/2
MDB-P2/3
MDB-P2/4
MDB-L1/1
MDB-L1/2
MDB-L1/3
MDB-L1/4
PTM-L2/1
PTM-L2/2
PTM-L2/3
PTM-L2/4
1941/1970
Ab
so
rçao
po
r c
ap
ilarid
ad
e
(g
/cm
2)
Tempo (h1/2
)
0 1 2 3 4 5 60,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5 MDB-P2/1
MDB-P2/2
MDB-P2/3
MDB-P2/4
MDB-L1/1
MDB-L1/2
MDB-L1/3
MDB-L1/4
PTM-L2/1
PTM-L2/2
PTM-L2/3
PTM-L2/4
1941/1970
Ab
so
rçao
po
r c
ap
ilarid
ad
e
(g
/cm
2)
Tempo (h1/2
)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 120,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5 MDB-P2/1
MDB-P2/2
MDB-P2/3
MDB-P2/4
MDB-L1/1
MDB-L1/2
MDB-L1/3
MDB-L1/4
PTM-L2/1
PTM-L2/2
PTM-L2/3
PTM-L2/4
1941/1970
Ab
so
rçao
po
r c
ap
ilarid
ad
e
(g
/cm
2)
Tempo (h1/2
)
5. Análise dos Resultados da Investigação Experimental
74 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
Tabela 11 – Porosidade, capacidade de absorção de água por imersão e capilaridade antes e
após os ciclos gelo-degelo
Granitos Por. (%) Por.136 (%) Abs. imer.
(%)
Abs. imer.
136 (%)
Abs. cap.
(g/c ^2√ )
Abs. cap 136
(g/c ^2√ )
MDB-P2/1 3,09 4,41 1,24 1,75 0,17 0,21
MDB-P2/2 3,02 4,49 1,21 1,78 0,15 0,20
MDB-P2/3 2,92 4,26 1,17 1,69 0,14 0,18
MDB-P2/4 3,09 4,30 1,24 1,70 0,17 0,20
MDB-L1/1 2,01 4,95 0,81 1,98 0,13 0,23
MDB-L1/2 2,42 4,82 0,97 1,93 0,13 0,20
MDB-L1/3 2,09 4,76 0,84 1,90 0,12 0,19
MDB-L1/4 1,36 4,76 0,54 1,90 0,17 0,21
PTM-L2/1 3,78 4,06 1,51 1,60 0,09 0,14
PTM-L2/2 3,83 4,45 1,53 1,76 0,09 0,13
PTM-L2/3 3,53 3,92 1,40 1,53 0,1 0,15
PTM-L2/4 3,61 3,95 1,44 1,55 0,11 0,16
Como se pode constatar a porosidade e a absorção de água por capilaridade e imersão após
136 ciclos gelo-degelo aumentaram. Este aumento deve-se à deterioração da pedra quer
superficialmente quer na estrutura interna. Esta deterioração deverá resultar no aumento da
dimensão dos poros já existentes e provocar um aumento de poros o que possibilita uma
maior penetração de água. A pedra que mais se destaca no aumento da porosidade é a pedra
MDB-L1 o que influencia o aumento da capacidade de absorção de água por capilaridade e
imersão.
5.3.2. Correlações da porosidade com a absorção de água por capilaridade e
imersão
Na Figura 54 está representada a correlação entre a porosidade e a capacidade de absorção de
água por capilaridade após a submissão dos provetes ao ensaio de gelo-degelo. Na figura 55
está representada a correlação entre a porosidade e a capacidade de absorção de água por
imersão antes e após a realização do ensaio do ciclo gelo-degelo. Verifica-se que a
degradação imposta pelos ciclos de gelo-degelo se traduz num aumento da porosidade e da
5. Análise dos Resultados da Investigação Experimental
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 75
absorção de água por capilaridade e imersão. Mantém-se a relação linear entre as duas
propriedades físicas.
Figura 54 – Correlações entre a porosidade e Capacidade de absorção de água por
capilaridade após 136 ciclos de gelo-degelo
a) b) Figura 55 - Correlações entre a porosidade e Capacidade de absorção de água por imersão a)
Antes ação gelo-degelo b) Após 136 ciclos de gelo-degelo
Verifica-se ainda que os provetes degradados apresentam uma gama mais estreita em termos
da porosidade e da absorção de água por imersão ou capilaridade, o que deverá resultar da
desagregação interna do material.
0 2 4 6 8 10
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
Y=-0,1+0,06x
R2=0,439
Ab
so
rça
o p
or
ca
pila
rid
ad
e (
g/c
m2h
1/2)
Porosidade (%)
0 2 4 6 8 10
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
Y=0,003+0,40x
R2=0,999
Abso
rça
o p
or
ime
rsa
o (
%)
Porosidade (%)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
Y=-0,15+0,43x
R2=0,999
Abso
rça
o p
or
ime
rsa
o (
%)
Porosidade (%)
5. Análise dos Resultados da Investigação Experimental
76 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
5.4. Aplicação de revestimento superficial – hidrófugo
Como anteriormente se referiu (Capitulo 4), este ensaio foi realizado com base na aplicação
do revestimento hidrófugo na superfície de pedra e determinação das propriedades de
absorção de água por imersão e capilaridade. Para a realização deste ensaio foram cumpridas
todas as indicações descritas na ficha técnica do produto, um impermeabilizante de superfícies
exteriores porosas. Esta experiência tinha como objetivo permitir realizar uma comparação
entre a capacidade de absorção de água por capilaridade da pedra, com e sem aplicação do
hidrófugo. Pretende-se elaborar comparações a nível da capacidade de penetração de água por
forma a demonstrar que com a aplicação do revestimento é possível melhorar o desempenho
das propriedades das pedras e obter maior resistência e durabilidade. Para a realização deste
ensaio foram utilizados provetes de diferentes pedras em estudo, nos quais já se tinham
realizado ensaios de absorção de água por capilaridade, por forma a permitir realizar uma
comparação. Salienta-se que este ensaio foi elaborado com base na experiência realizada
anteriormente por Pinto (1994). Na Tabela 12 está representada o coeficiente de absorção de
água por capilaridade sendo apresentados os valores médios (coeficiente de variação),
comparando os valores com e sem aplicação do impermeabilizante.
Tabela 12 – Coeficiente de Absorção de água por capilaridade antes e após aplicação
do impermeabilizante o Hidrófugo
Granitos Coef. abs. cap antes (g/c 2√h) Coef. abs. cap depois (g/c 2
√h)
MDB-L1 0,15 (11,79) 0,01 (114,02)
MDB-L6 0,16 (3,66) 0,01 (108,20)
PTM-L5 0,11 (8,45) 0,01 (86,62)
PLM-L6 0,02 (12,55) 0,00 (0,00)
Na Figura 56 está representada análise do coeficiente de absorção de água por capilaridade
das pedras em estudo sem qualquer tipo de aplicação de revestimento. Na Figura 57 estão
representados os resultados obtidos da investigação experimental após a aplicação do
hidrófugo nas pedras em análise.
5. Análise dos Resultados da Investigação Experimental
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 77
Figura 56 – Capacidade de absorção de água por capilaridade sem aplicação do
hidrófugo
Figura 57 - Capacidade de absorção de água por capilaridade com aplicação do
hidrófugo
A análise dos resultados da absorção de água por capilaridade (Figura 57) permite concluir
que existe um retardamento considerável na absorção por capilaridade após a aplicação do
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5 MDB-L1/1
MDB-L1/2
MDB-L1/3
MDB-L6/1
MDB-L6/2
MDB-L6/3
PTM-L5/1
PTM-L5/2
PTM-L5/3
PLM-L6/1
PLM-L6/2
PLM-L6/3
1941/1970
Ab
so
rçao
po
r c
ap
ilarid
ad
e
(g
/cm
2)
Tempo (h1/2
)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5 MDB-L1/1
MDB-L1/2
MDB-L1/3
MDB-L6/1
MDB-L6/2
MDB-L6/3
PTM-L5/1
PTM-L5/2
PTM-L5/3
PLM-L6/1
PLM-L6/2
PLM-L6/3
1941/1970
Ab
so
rçao
po
r cap
ilari
dad
e
(g
/cm
2)
Tempo (h1/2
)
5. Análise dos Resultados da Investigação Experimental
78 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
hidrófugo. Os dados obtidos após a aplicação do hidrófugo permitem afirmar que a
capacidade de absorção de água nos provetes diminuiu, particularmente durante as primeiras
horas. Constata-se que os dados apresentados permitem realçar que a pedra de Póvoa de
Lanhoso (PLM) tem menor capacidade de absorção de água por capilaridade, ao contrário das
pedras de Mondim de Bastos (MDB) e de Ponte de Lima (PTM).
O valor médio da capacidade de absorção de água por capilaridade da pedra de Mondim de
Bastos MDB-L1, sem aplicação do hidrófugo após 24 horas, foi 0,318 g/cm2 e com aplicação
do hidrófugo situou-se nos 0,041 g/cm2. No caso da pedra MDB-L6 o valor médio da
capacidade de absorção de água por capilaridade sem aplicação do revestimento e após 24
horas foi de 0,337 g/m2 e após a aplicação do revestimento situou-se nos 0,054 g/cm
2.
Relativamente à pedra de Ponte de Lima (PTM-L5) o valor médio da capacidade de absorção
de água por capilaridade após 48 horas sem aplicação de hidrófugo foi de 0,336g/cm2 e com
aplicação do hidrófugo situou-se nos 0,154 g/cm2. No que diz respeito à pedra Povoa de
Lanhoso (PLM-L6) o valor médio às 82 horas encontrava-se nos 0,092 g/cm2, com a aplicação
do hidrófugo. Sem a aplicação do impermeabilizante, e com a mesma duração, verificámos
um valor de 0,051 g/cm2.
No entanto, deve-se referir que após as 24 horas de ensaio verifica-se um aumento
considerável da água absorvida por capilaridade principalmente nos granitos PTM e MDB,
ainda que em termos médios se verifique que os valores finais sejam inferiores aos valores
obtidos nas pedras sem a aplicação do material hidrófugo.
5.5. Correlações estatísticas entre as propriedades físicas
Segundo a Figura 58 é possível verificar que a correlação entre a porosidade e absorção de
água por imersão desenvolve-se segundo a equação da reta linear e a
expressão da regressão linear é R2=0,999.
Constata-se que (relacionando a capacidade de absorção de água por imersão das várias
tipologias em estudo com a porosidade) o aumento da capacidade de absorção está
diretamente relacionado com a porosidade.
5. Análise dos Resultados da Investigação Experimental
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 79
Figura 58 – Relação da absorção de água por imersão com a porosidade
A Figura 59 representa a relação entre a capacidade de absorção por capilaridade e a
porosidade, sendo que a regressão linear obtida é R2=0,722.
Todos os valores pertencentes às várias tipologias estudadas neste projeto e que estão
representados na figura abaixo permitem obter a seguinte equação da reta
. Correlacionando estes dois fatores conclui-se que a maior capacidade de absorção de
água por capilaridade está associado a valores de porosidade mais elevados. Quanto maior é a
porosidade maior é a capacidade de absorção de água por capilaridade pois os capilares e os
poros existentes vão facilitar a penetração da água. Note-se no entanto que a dispersão de
resultados é consideravelmente superior do que no caso da correlação entre a porosidade e
absorção por imersão, o que se reflete no coeficiente de correlação menor.
Figura 59 – Relação da absorção de água por capilaridade com a porosidade
0 1 2 3 4 5 6
0
1
2
3
4
Y=0,41x-0,03
R2=0,999
Ab
so
rça
o d
e a
gu
a p
or
ime
rsa
o (
%)
Porosidade (%)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
y=-0,013+0,046x
R2=0,722
Ab
so
rça
o p
or
ca
pila
rid
ad
e (
g(c
m2h
1/2)
Porosidade(%)
5. Análise dos Resultados da Investigação Experimental
80 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
Analisando a Figura 60 constata-se que a regressão linear entre a velocidade de propagação de
ultrassons e a porosidade desenvolve-se segundo a regressão R2=0,69. Estão, também,
representados todos os valores obtidos para esta relação das várias tipologias em estudo,
sendo que destes valores foi possível obter a seguinte equação
.
Como se pode verificar, esta reta tem um declive negativo pois o aumento da porosidade
traduz-se na diminuição da velocidade de propagação de ultrassons. Subentende-se que uma
elevada quantidade de poros e vazios existentes num granito corresponde a um aumento da
dispersão de ultrassons.
Figura 60 – Relação da velocidade de propagação de ultrassons com a porosidade
Na Figura 61 está representada uma relação entre a absorção de água por capilaridade e a
absorção de água por imersão. Esta relação ilustrada abaixo permite concluir que o aumento
da capacidade dos granitos em absorver água por capilaridade está diretamente relacionada
com o aumento da capacidade de absorção por imersão. A regressão linear representada
abaixo desenvolve-se segundo R2=0,72. Com a análise dos valores obtidos das várias
tipologias analisadas foi possível traçar a equação da reta
Os granitos que possuem maior capacidade de penetração de água são propícios ao
aparecimento de fungos o que provoca uma aceleração da sua degradação. Relacionando estas
duas características e a porosidade (como é indicado nas Figuras 58 e 59) pode-se concluir
0 1 2 3 4 5 6 7
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
Y=3448,12e(-x/1,49)
+2090,05
R2=0,69
Ve
locid
ad
e d
e p
rop
ag
aça
o d
e u
ltra
sso
ns (
m/s
)
Porosidade (%)
5. Análise dos Resultados da Investigação Experimental
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 81
que o aumento da porosidade está diretamente relacionado com o aumento a capacidade de
absorção por imersão e por capilaridade.
Figura 61 – Relação da absorção de água por capilaridade e imersão
Segundo a regressão linear entre a velocidade de propagação de ultrassons e absorção de água
por capilaridade podemos representar esta correlação em R2=0,87 (Figura 62). Foi possível
obter a seguinte equação
. Como se pode verificar esta reta tem
um declive negativo dado que os granitos com menores valores da velocidade de propagação
de ultrassons apresentam uma maior capacidade de absorção de água por capilaridade por
apresentarem uma maior porosidade.
Analisando a Figura 63 que representa a correlação entre a velocidade de propagação de
ultrassons e capacidade de absorção de água por imersão, obtém-se uma regressão linear
R2=0,694. Segundo os resultados obtidos das várias tipologias em estudo, foi possível traçar a
seguinte equação
.
Pode-se ainda constatar que o declive da reta é negativo para esta correlação uma vez que,
quanto menor for a capacidade de absorção por imersão maior será a velocidade de
propagação de ultrassons.
0 1 2 3 4 5 6
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
Y=-0,009+0,113x
R2=0,72
Ab
so
rça
o p
or
ca
pila
rid
ad
e (
g/c
m2h
1/2)
Absorçao por imersao (%)
5. Análise dos Resultados da Investigação Experimental
82 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
Figura 62 – Relação velocidade de propagação de ultrassons com a capacidade de absorção de
água por capilaridade
Figura 63 – Relação entre velocidade de propagação de ultrassons e capacidade de absorção
de água por imersão
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
Y=2726,23e(-x/0,05)
+2180,05
R2=0,87
Ve
locid
ad
e d
e p
rop
ag
aça
o d
e u
ltra
sso
ns (
m/s
)
Absorçao por capilaridade (g/cm2h
1/2)
0 1 2 3 4 5 6
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
Y=3381,93e(-x/0,58)
+2113,29
R2=0,694
Ve
locid
ad
e d
e p
rop
ag
aça
o d
e u
ltra
sso
ns (
m/s
)
Absorçao por imersao (%)
6. Aplicação de revestimentos superficiais de nanopartículas TiO2
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 83
6. APLICAÇÃO DE REVESTIMENTOS SUPERFICIAS DE
NANOPARTÍCULAS DE TiO2
6.1. Introdução
A poluição ambiental, especialmente ocorrida na última década, tem sido cada vez maior e
por isso tem suscitado preocupações acrescidas quer no âmbito estético de edifícios urbanos
expostos às ações climatéricas, quer também no sector da saúde. Diversos materiais têm sido
alvo de estudos científicos visando a mitigação desta problemática. O dióxido de titânio
(TiO2) tornou-se um material promissor devido à sua capacidade fotocatalítica que
sucintamente se traduz na capacidade de acelerar a degradação de muitos contaminantes
orgânicos. A aplicação do TiO2 tem aumentado exponencialmente em diversas áreas devido á
sua versatilidade e, mais recentemente, com maior ênfase na indústria da construção civil.
Contudo, as propriedades fotocatalíticas promovidas pelo dióxido de titânio dependem
fortemente da sua morfologia, e das características cristalográficas. Por exemplo, é frequente
detetarem-se manchas visíveis (podem ser de natureza orgânica ou inorgânica) que estão
depositadas sobre as superfícies de fachadas de edifícios, e que maioritariamente resultam da
passagem cíclica de veículos motorizados. Este aspeto afeta as propriedades estéticas e acima
de tudo contribui para o aumento dos custos de manutenção. Devido à presença de água,
alguns materiais estranhos podem penetrar no interior dos poros dos materiais pelos processos
de absorção de água. Numa fase inicial, estas anomalias afetam apenas a estética da fachada,
mas, em conjunto com água, os componentes químicos podem contribuir para a degradação
física das superfícies externas. A utilização de TiO2 (trata-se de um material não toxico, com
elevada estabilidade fotoquímica e baixo custo) como revestimento funcional na forma de
nanopartículas, permite dotar uma superfície com capacidade autolimpante. Uma superfície
funcionalizada com TiO2, inibe a absorção de substâncias orgânicas / inorgânicas que entram
em contacto com a superfície. Não obstante as propriedades já mencionadas, esta tecnologia,
permite uma melhoria significativa da purificação do ar, através da decomposição de alguns
gases tóxicos.
A literatura mostra que o poder fotocatalítico do TiO2 depende do envelhecimento do
substrato e parece diminuir à medida que o tempo de envelhecimento é aumentado. Estudos
6. Aplicação de revestimentos superficiais de nanopartículas TiO2
84 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
anteriores mostram que, após o teste de envelhecimento, a capacidade de TiO2 para remover
do ar gases tóxicos do tipo NOx (combinação do óxido nítrico (NO) e dióxido de Azoto
(NO2)) apresentava um valor muito baixo em relação ao valor inicial. A perda de eficiência
fotocatalítica do TiO2 pode estar associada ao envelhecimento natural proveniente da
exposição ao ar livre, onde o nano - revestimento foi sujeito à variação de condições
climatéricas. A natureza do substrato tem mostrado desempenhar um papel importante nas
propriedades de TiO2. Por esta razão, os resultados do presente estudo destinado em parte em
determinar a atividade fotocatalítica (TiO2) podem não ser necessariamente extrapolados para
compreender a atividade fotocatalítica em diferentes tipos de substrato, mas sim nesta fase
embrionária garantir a colocação das nanoparticulas na superfície dos substratos.
6.2. Definição dos revestimentos
Segundo Santos (2010), o semicondutor mais adequado para a realização deste ensaio, é o
dióxido de titânio, pois é ativado perante a exposição à luz solar. Um semicondutor possui
uma banda de valência (BV) onde os eletrões não se podem movimentar e uma banda de
condução (BC) onde os eletrões são livres de se movimentarem. Quando o semicondutor é
irradiado por fotões com uma determinada energia (hv) ocorre uma excitação eletrónica,
verificando-se uma transição dos eletrões da BV para a BC. Este fenómeno, conduz à
formação de pares eletrões (e-) lacunas (h
+). O TiO2 destaca-se ainda pela elevada atividade
fotocatalítica e baixo custo económico. Este semicondutor absorve a radiação solar, na
presença de água e oxigénio, possui um forte poder oxidante, obtendo-se assim um melhor
desempenho fotocatalítico. As equações 13, 14 e 15 correspondem às principais reações que
decorrem da irradiação UV (ultra violetas) na superfície do TiO2. A equação 13 representa a
excitação do semicondutor (por ação de fotões) que inicia todo o processo de reações de
oxidação-redução. Quando o semicondutor é excitado com energia suficiente para vencer o
hiato energético, o eletrão possui energia suficiente para transitar da banda de valência para a
banda de condução (equação 14). A lacuna entretanto formada pela transição do eletrão reage
com o oxigénio adsorvido à superfície dando origem á formação de radicais altamente
reativos que são designados por radicais hidroxilo. Por sua vez, o eletrão reage com a água
adsorvida à superfície formando radicais designados por superóxido (equação 15), (Azevedo
et. al., 2013).
6. Aplicação de revestimentos superficiais de nanopartículas TiO2
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 85
BCBV
hv ehTiO2 (13)
OHOHOOe erficieerficieBC 22)(sup2)(sup (14)
HHOOHh AdsorvidoAdsorvidoerficieBV )()(2)(sup (15)
O TiO2 também se pode fotodegradar em compostos orgânicos através de reações de oxidação
e redução que conduzem à formação de substâncias como o dióxido de carbono e a água, de
acordo com a equação seguinte (equação 16).
OHCOHOgânicoCompostoOr yxAdsorvida 22)( (16)
Para partículas de grande dimensão, existe uma forte probabilidade de ocorrer a recombinação
dos pares eletrão-lacuna. Pelo contrário, para partículas de pequena dimensão a distância
percorrida pelos pares eletrão-lacuna (durante a sua trajetória do interior da partícula para a
superfície) é curta, aumentando deste modo a taxa de migração para a superfície
(minimizando a recombinação eletrónica) e, por isso, otimizando a eficácia das reações de
oxidação redução.
Neste contexto, devido à necessidade de reabilitação de património arquitetónico exposto à
poluição e agentes biológicos, a aplicação deste material (TiO2) é benéfica pois permite a
obtenção da capacidade autolimpante, possibilitando também uma maior resistência mecânica
e durabilidade (Gomes, 2012). Devido à sua baixa espessura do filme depositado e a
concomitante uniformidade, a aplicação das nanoparticulas TiO2 não altera a morfologia da
pedra.
Para combater os poluentes e os compostos biológicos, as nanoparticulas são aplicadas por
aspersão sobre a superfície da pedra, obtendo-se deste modo uma capacidade autolimpante
(Pinho et al, 2012) e também capacidade de decompor bactérias, compostos orgânicos e
inorgânicos (Gomes, 2012).
6. Aplicação de revestimentos superficiais de nanopartículas TiO2
86 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
6.3. Caracterização Morfológica e Superficial
6.3.1. Microscopia eletrónica de varrimento (SEM do inglês Scanning
Electron Microscopy)
Segundo (Fernandes, 2011), o ensaio de microscopia eletrónica de varrimento tem como
finalidade a análise morfológica superficial do material. Este tipo de microscópico, permite
obter uma maior ampliação e perceção da superfície do material quando comparada com o
microscópico ótico de reflexão.
O ensaio de caracterização morfológica e superficial das pedras em estudo foi realizado
através da utilização de um microscópio eletrónico de varrimento, FEI Nova 200 (FEG/SEM);
EDAX – Pegasus X4M (EDS/EBSD) localizado num dos laboratórios da Escola de Ciências
da Universidade do Minho no Campus de Azurém. Este ensaio foi baseado em Fernandes
(2011). A figura 64 corresponde à imagem fotográfica deste equipamento.
Figura 64 – Microscópico eletrónio varrimento (http://www.semat.lab.uminho.pt s.d.)
Para realizar o ensaio de microscopia eletrónica de varrimento, e para que os provetes
garantam um boa condutividade elétrica, é necessário depositar sobre a superfície da amostra
6. Aplicação de revestimentos superficiais de nanopartículas TiO2
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 87
uma fina camada de ouro ou carbono. A depositação desta camada justifica-se devido à
aparição de efeitos de sombreamento causados pela acumulação de cargas elétricas
superficiais (Fernandes, 2011). Este equipamento permite identificar microscopicamente as
impurezas, defeitos, corrosões e fraturas que as amostras podem conter.
Sobre as amostras são libertados feixes incidentes que atingem a superfície e onde são
refletidos raios-X, catoluminescência, eletrões transmitidos, secundários e retroespalhados,
como está esquematicamente representado na Figura 65. Segundo Gomes (2012), os eletrões
que têm uma maior relevância sobre as amostras são os retroespalhados e os secundários
devido à sua interação com a superfície.
Figura 65 – Feixe incidente sobre a superfície da amostra (http://www.ebah.com.br s.d.)
6.3.2 Análise de resultados da microscopia eletrónica de varrimento (SEM)
Para a realização deste trabalho experimental utilizou-se a micróscopia eletrónica de
varrimento (SEM) para efetuar a análise morfológica de duas tipologias de pedra – tendo uma
das pedras a cor amarela (GM) e outra a cor azul (GA) e ambas provenientes da região de
Guimarães. Esta investigação permitiu estudar a morfologia da superfície das amostras de
pedra modificadas (com aplicação de nanopartículas de TiO2) e padrão (sem aplicação de
nanopartículas). É importante salientar que as amostras de pedra padrão apresentam uma
superfície irregular como se pode observar através da figura 66, e são caracterizadas por
possuírem elevado nível de porosidade (da análise efetuada anteriormente). Na figura 66 está
apresentada a micrografia da amostra de pedra amarela sem aspersão de nanoparticulas TiO2.
6. Aplicação de revestimentos superficiais de nanopartículas TiO2
88 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
Figura 66 – Micrografia de microscopia eletrónica de varrimento referente à pedra amarela
(sem aspersão de nanoparticulas de TiO2)
Em seguida é apresentado o espectro EDS relativo à pedra amarela sem aspersão de
nanopartículas de TiO2.
Figura 67 – Espectro de EDS da pedra amarela (sem aspersão de nanoparticulas TiO2)
Analisando a figura 67, é possível inferir que a composição química é representativa da que
existe numa pedra padrão. Posteriormente, a morfologia superficial da pedra foi analisada
após a aplicação por aspersão das nanoparticulas de TiO2. Complementando a análise
morfológica com uma análise química (EDS) foi possível verificar, nas zonas 1 e 2, a
presença de nanoparticulas de TiO2 (ver figura 68). Com efeito, é possível analisar que na
zona 2 a intensidade dos picos de EDS é inferior já que as nanoparticulas de TiO2 encontram-
6. Aplicação de revestimentos superficiais de nanopartículas TiO2
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 89
se encobertas por um ligante específico que é essencial para garantir a fixação das
nanoparticulas na superfície da amostra.
Figura 68 - Micrografia de microscopia eletrónica de varrimento referente à pedra amarela
(com aspersão de nanoparticulas de TiO2)
As figuras 69 e 70 correspondem aos espectros de EDS referentes às duas diferentes zonas
previamente identificadas.
Figura 69 - Espectro de EDS da zona Z1 da pedra amarela identificada na micrografia
eletrónica de varrimento (com aspersão de nanoparticulas TiO2)
6. Aplicação de revestimentos superficiais de nanopartículas TiO2
90 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
Figura 70 - Espectro de EDS da zona Z2 da pedra amarela identificada na micrografia
eletrónica de varrimento (com aspersão de nanoparticulas TiO2)
Pode ser salientado que além da presença de TiO2 é também possível detetar a presença do
ouro (Au) que foi utilizado para anular os efeitos de sombreamento, e por conseguinte
garantindo uma boa condutividade elétrica. Verifica-se que a zona (Z1) possui um grande teor
de TiO2 conforme pode ser observado através do pico com elevada intensidade.
Na figura 71 é apresentada a morfologia superficial da pedra azul de Guimarães, sem qualquer
tipo de revestimento. Entretanto, a figura 72 corresponde ao espectro de EDS da mesma
amostra.
Figura 71 - Micrografia de microscopia eletrónica de varrimento referente à pedra azul (sem
aspersão de nanoparticulas de TiO2)
6. Aplicação de revestimentos superficiais de nanopartículas TiO2
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 91
Figura 72 - Espectro de EDS da pedra azul (sem aspersão de nanoparticulas TiO2)
Através da observação da figura 72 é possível verificar que o elemento químico predominante
é o silício (Si), característico deste tipo de materiais (substratos).
Contudo, após aspersão superficial com nanoparticulas de TiO2, é possível verificar alterações
morfológicas promovidas pelo ligante que estava incorporado na solução aquosa. A
rugosidade superficial parece diminuir, conforme apresentado na figura 73.
Figura 73 - Micrografia de microscopia eletrónica de varrimento referente à pedra azul (com
aspersão de nanoparticulas de TiO2)
6. Aplicação de revestimentos superficiais de nanopartículas TiO2
92 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
As figuras 74 e 75 correspondem aos espectros de EDS referentes respetivamente às zonas 1 e
2 da amostra modificada pela aspersão superficial de nanopartículas de TiO2.
Figura 74 - Espectro de EDS da zona Z1 da pedra azul identificada na micrografia eletrónica
de varrimento (com aspersão de nanoparticulas TiO2)
Figura 75 - Espectro de EDS da zona Z2 da pedra azul identificada na micrografia eletrónica
de varrimento (com aspersão de nanoparticulas TiO2)
6. Aplicação de revestimentos superficiais de nanopartículas TiO2
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 93
É possível verificar que nas duas zonas em estudo Z1 e Z2 o TiO2 está presente. No entanto,
os picos referentes à presença de titânio na amostra, apresentam diferentes intensidades. Uma
vez mais, a explicação reside no facto da solução aquosa que é aspergida na superfície da
amostra conter um ligante. Não obstante do que foi previamente mencionado, é importante
referir que o facto de existirem zonas onde as nanopartículas se encontram recobertas pelo
ligante pode conduzir à diminuição da sua eficiência fotocatalítica. Contudo, este aspeto pode
não ser de todo um resultado menos bom já que, com o aumento de um processo de desgaste
as nanoparticulas até então recobertas, passam a ficar localizadas na superfície da amostra.
Este aspeto não invalida o facto de futuramente se equacionar um método mais eficiente de
aplicar as nanoparticulas de TiO2 na superfície das amostras, garantindo-se não só uma boa
adesão e dispersão, mas também uma adequada penetração em profundidade.
6.4. Caracterização da capacidade autolimpante
6.4.1. Avaliação da atividade fotocatalítica das pedras
Para a realização do ensaio fotocatalítico utilizam-se materiais semicondutores, sendo o mais
comum o dióxido de titânio (TiO2). Este semicondutor é um dos mais investigados como
agente fotocalítico, estando identificado como material promissor para o controle de
microorganismos, devido à sua fotoatividade (Santos, 2010).
Para além das propriedades mencionadas este material também se caracteriza pelo facto de ser
inerte, apresenta um custo relativamente baixo e é eficiente nos processos de fotocatálise.
(Bonancêa, 2005).
O processo de fotocatálise consiste na incidência de radiação ultravioleta (UV) sobre o
material semicondutor, promovendo a transição de eletrões da banda de valência para a banda
de condução, e por isso possibilitando a ocorrência de reações redox que provocam a
degradação dos compostos orgânicos adsorvidos à superfície. As impurezas do material,
quando expostas à radiação solar que contém partículas TiO2, provocam a formação, através
das moléculas orgânicas, de CO2 (dióxido de carbono) e H2O (água) (Bonancêa, 2005). A
figura 76 mostra esquematicamente o processo de geração dos pares eletrão/lacuna quando a
superfície do material semicondutor está sujeito à ação de radiação UV.
6. Aplicação de revestimentos superficiais de nanopartículas TiO2
94 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
Figura 76 – Principio fotocatálise de uma partícula TiO2 (Bonancêa, 2005)
A Figura 76 permite-nos uma melhor compreensão do processo de fotocatálise de uma
partícula TiO2 que, quando submetida à radiação UV, possibilita a transição dos eletrões da
banda de valência para a de condução. É importante salientar que os fotocatalisadores são
ativos na presença de luz solar ou artificial (Santos, 2010).
Foi realizado no laboratório de Física da Universidade do Minho, a avaliação das
propriedades fotocatalíticas das pedras em estudo. O estudo da fotodegradação adotou um
composto orgânico, a rodamina B, que é normalmente utilizado para simular os compostos
orgânicos (sujidade) adsorvidos nas superfícies. A rodamina B é um corante conhecido por
compensados rosa, devido à sua cor relativamente intensa. Quando exposto à radiação UV,
por ação do TiO2 a cor vai sendo progressivamente esbatida – partindo-se de um cor-de-rosa
intenso para uma cor muito menos intensa e quase incolor. O ensaio iniciou-se com a
introdução dos provetes na solução aquosa de rodamina B, possuindo uma concentração
inicial de 5mg/L. Os provetes foram submetidos à ação da luz UV, no interior do equipamento
disponível no laboratório de física da Universidade do Minho, designado por Quantum Photo
Radiometer HD9021 Delta Padova, onde as lâmpadas UV utilizadas possuíam uma potência
de 12Wm-2
(Fernandes, 2011).
No sentido de analisar a fotodegradação da rodamina B, retiraram-se as alíquotas de 10ml,
introduzindo-as posteriormente numa célula de PMMA (vulgo acrílico) a fim de se poder
analisar e efetuar a medição da absorvância da solução. Neste sentido, a análise dos espectros
de absorvância da solução aquosa de rodamina B permite avaliar a variação da sua
concentração, C, em função do tempo. Para o efeito, foi utilizado o equipamento Shimadzu
UV-310 PC Scanning Spectrophotometet. Após este processo a rodamina B foi exposta à luz
6. Aplicação de revestimentos superficiais de nanopartículas TiO2
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 95
UV efetuando-se medições nos seguintes intervalos de tempo, (0, 30, 60, 90, 120, 150, 180,
210 e 240). Foi possível verificar que durante este processo a rodamina B (aspecto cor-de-
rosa), na presença do material semicondutor, alterou a sua coloração aproximando-se de uma
cor mais incolor. Na Figura 77 é apresentado um espectro de absorvância exemplificativo
(neste caso, o espectro refere-se à amostra azul revestida) onde se pode observar a diminuição
do valor da absorvância máxima medida (correspondente ao comprimento de onda igual a
564,2 nm).
450 500 550 600 6500,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
Ab
so
rva
nc
e
Comprimento de onda (cm-1)
0
30
60
90
120
150
180
210
240
Figura 77 – Espectro de absorvância de uma solução aquosa de rodamina B obtido para
diferentes instantes de tempo. Este espectro refere-se à amostra azul revestida.
Através da observação da figura 77 é possível verificar que o rendimento da fotodegradação é
muito baixo já que as intensidades dos máximos de absorvância (medidos a 564,2 nm)
praticamente não variam ao longo do tempo. O facto de as nanoparticulas se encontrarem na
sua grande maioria recobertas pelo ligante, limita a geração de pares eletrão/lacuna e por isso
inibindo fortemente a ocorrência de processos de oxidação-redução. Com efeito, é também
possível observar que as nanopartículas se encontram pouco dispersas (formando bastantes
agregados) e por isso, repercutindo-se numa baixa área funcionalizada que está disponível
para a ocorrência do processo de fotocatálise.
6. Aplicação de revestimentos superficiais de nanopartículas TiO2
96 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
6.5. Avaliação do comportamento à ação da água
6.5.1. Determinação do coeficiente de absorção de água por capilaridade
Esta etapa experimental consistiu na realização do ensaio de absorção de água por
capilaridade em alguns provetes das várias tipologias em estudo após a aplicação do
revestimento de nanopartículas de TiO2. Após a aplicação do revestimento de TiO2, realizou-
se o ensaio de absorção por capilaridade. É de salientar que este ensaio tem como objetivo
permitir relacionar os resultados obtidos da absorção de água por capilaridade com e sem
aplicação de nanoparticulas. Note-se ainda que uma das principais funções da aplicação das
nanoparticulas de TiO2 à superfície das pedras, consiste na promoção de uma capacidade
autolimpante desde que as suas superfícies sejam expostas à ação de radiação UV.
Na Tabela 13 está representado o valor médio do coeficiente de absorção de água sem e com
aplicação de nanopartículas de TiO2. Entre parêntesis apresentam-se os valores do coeficiente
de variação (em percentagem).
Tabela 13 – Coeficiente de Absorção de água por capilaridade sem aplicação de TiO2 e com
TiO2
Granitos
Coeficiente de absorção de água
por capilaridade sem aplicação de
TiO2 (g/c 2√s)
Coeficiente de absorção de água
por capilaridade com aplicação
de TiO2 (g/c 2√s)
PTM-L3 0,11 (9,92) 0,18 (26,92)
GA6 0,01 (0,18) 0,01 (24,81)
GM3 0,14 (5,03) 0,08 (20,71)
MDB-L1 0,15 (21,92) 0,12 (42,9)
Na Figura 78 e Figura 79 apresenta-se graficamente a evolução da quantidade de água
absorvida por capilaridade em função da raiz quadrada do tempo, antes e após a aplicação do
revestimento, respetivamente. Estes provetes referem-se a granitos da zona de Ponte de Lima
(PTM-L3), Guimarães (GA6, GM3) e Mondim de Bastos (MDB-L1). Como se pode verificar
6. Aplicação de revestimentos superficiais de nanopartículas TiO2
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 97
os granitos que possuem uma maior capacidade de absorção de água por capilaridade são os
granitos PTM e MDB, estando diretamente relacionado com o elevado valor de porosidade
que possuem.
Figura 78 – Absorção de água por capilaridade sem aplicação de TiO2
Figura 79 - Absorção de água por capilaridade com aplicação de TiO2
Efetuando-se uma análise comparativa dos valores obtidos após aplicação das nanopartículas
(relativamente aos provetes sem qualquer tipo de revestimento), é possível verificar que o
valor médio da capacidade de absorção de água por capilaridade da pedra de Ponte de Lima
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 150,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0 PTM-L3/1
PTM-L3/2
PTM-L3/3
GA6/1
GA6/2
GA6/3
GM3/1
GM3/2
GM3/3
MDB-L1/1
MDB-L1/2
MDB-L1/3
1941/1970
Ab
so
rçao
po
r c
ap
ilarid
ad
e
(g
/cm
2)
Tempo (h1/2
)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 150,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0 PTM-L3/1
PTM-L3/2
PTM-L3/3
GA6/1
GA6/2
GA6/3
GM3/1
GM3/2
GM3/3
MDB-L1/1
MDB-L1/2
MDB-L1/3
1941/1970
Ab
so
rçao
po
r c
ap
ilarid
ad
e
(g
/cm
2)
Tempo (h1/2
)
6. Aplicação de revestimentos superficiais de nanopartículas TiO2
98 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
(PTM-L1) após 33 horas é de 0.3517 g/cm2 e após aplicação das nanoparticulas é de 0.3744
g/cm2. No caso da pedra Guimarães (GA6) sem aplicação do TiO2 às 96 horas o valor médio
foi de 0.0464g/cm2 e após aplicação situou-se 0.0567g/cm
2. Relativamente ao granito de
Gonça amarelo (GM3) o valor médio às 24 horas foi de 0.1908g/cm2 sem qualquer aplicação
nanoparticulas sendo de 0.2071g/cm2. Quanto ao granito de Mondim de Bastos (MDB-L1) o
valor da capacidade de absorção de água por capilaridade não contendo qualquer tipo de
aplicação de TiO2, o valor médio para as 24 horas foi de 0.328 g/cm2 sendo que o valor que
possui após aplicação do revestimento foi de 0.3143 g/cm2. Os valores do coeficiente de
absorção de capilaridade aumentam no caso dos granitos PTM. No granito GM e MBD
apresentaram uma diminuição, enquanto no granito GA não houve alteração.
6.5.2. Determinação da absorção de água por imersão
Com a realização do ensaio de absorção de água por imersão pretendeu-se determinar a
absorção de água por imersão e a porosidade nos provetes em estudo, independentemente dos
mesmos possuírem, ou não, nanopartículas de TiO2.
Na Tabela 14 estão representados os resultados obtidos da realização deste ensaio. Como se
pode verificar pela comparação dos resultados, observa-se um aumento considerável da
capacidade de absorção por imersão e um aumento da porosidade. Este aumento deve-se
provavelmente ao facto de não ser ter conseguido uma adequada uniformidade e dispersão
superficial das nanopartículas de TiO2. Com efeito, a insuficiente dispersão conduziu à
formação de muitos agregados de nanopartículas de TiO2, que estando razoavelmente
separados entre si, formam na superfície novas depressões topográficas que constituem fontes
acrescidas de porosidade. Por isso, o acréscimo de porosidade superficial contribui para o
aumento da absorção de água por imersão.
Como podemos analisar na tabela 14 estão representados os valores obtidos da investigação
experimental realizada, analisando a capacidade de absorção de água por imersão e a
porosidade.
Podemos verificar que a capacidade de absorção de água está associada à porosidade.
6. Aplicação de revestimentos superficiais de nanopartículas TiO2
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 99
Tabela 14 – Coeficiente de absorção de água por capilaridade (porosidade) com e sem
aplicação TiO2
Granitos Percentagem do coeficiente absorção
de água por imersão (porosidade) sem
TiO2
Percentagem do coeficiente absorção
de água por imersão (porosidade)
com TiO2
PTM – L3/1 1,90 (4,67) 2,13 (5,26)
PTM – L3/2 1,75 (4,33) 2,03 (5,05)
PTM – L3/3 1,99 (4,89) 2,40 (5,88)
GA6/1 0,18 (0,48) 0,40 (1,03)
GA6/2 0,15 (0,40) 0,34 (0,89)
GA6/3 0,17 (0,45) 0,34 (0,89)
GM3/1 1,35 (3,39) 1,28 (3,22)
GM3/2 1,00 (2,54) 1,30 (3,27)
GM3/3 1,09 (2,75) 1,27 (3,20)
MDB-L1/1 0,89 (2,21) 1,88 (4,64)
MDB-L1/2 0,52 (1,30) 1,90 (4,69)
MDB-L1/3 0,86 (2,15) 1,88 (4,64)
7. Conclusões
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 101
7. CONCLUSÕES
7.1. Considerações finais e principais conclusões
Este trabalho teve como objetivos principais a caracterização física de granitos de diferentes
origens da região norte de Portugal que podem ser aplicados na construção em paredes de
alvenaria estrutural ou ainda como revestimentos. Foi também realizada a avaliação de
diferentes revestimentos: (1) um revestimento hidrófugo comercial com o objetivo de avaliar
a sua influência nas propriedades físicas relacionadas com o comportamento dos granitos à
presença de água e no potencial para desenvolverem menos patologias superficiais
relacionadas com a presença de água; (2) revestimentos à base de nanopartículas com objetivo
de obter superfícies autolimpantes. Adicionalmente, e dados os fatores climáticos da região
norte de Portugal e particularmente da região nordeste, um dos objetivos foi também a
avaliação de diferentes granitos à ação de gelo-degelo e determinação do efeito desta ação nas
propriedades físicas.
O trabalho experimental centrou-se na realização de um conjunto de ensaios experimentais
com vista à caracterização física de diferentes granitos com diferentes porosidade e estados de
alteração. Foram ainda considerados granitos com duas direções de acordo com o plano de
mais fácil desmonte, nomeadamente direção paralela e perpendicular da pedra. Os ensaios
experimentais realizados foram: (1) ensaios de absorção de água à pressão atmosférica a partir
dos quais foi possível a obtenção da absorção de água por imersão e porosidade; (2) ensaios
de capilaridade a partir dos quais foi possível a obtenção dos diagramas de absorção por
capilaridade e o coeficiente de absorção por capilaridade; (3) ensaios de velocidade de
propagação de ultrassons; (4) ensaios de gelo-degelo; (5) ensaios de caracterização
morfológica das superfícies após a aplicação de revestimentos à base de nanopartículas de
TiO2.
Da análise experimental efetuada foi possível concluir que:
1. Os granitos mais alterados apresentam uma maior porosidade, o que está relacionado
com valores mais elevados dos coeficientes de absorção de água por imersão e dos
coeficientes de absorção por capilaridade. Os granitos menos alterados,
7.Conclusões
102 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
nomeadamente os granito GA apresenta valores muito baixos de coeficiente de
absorção por capilaridade;
2. A direção parece ter influência nas propriedades físicas como foi referido no
desenrolar da investigação experimental;
3. Foi possível obter correlações estatísticas razoáveis entre os diferentes parâmetros
físicos e entre os parâmetros físicos e a velocidade de propagação de ultrassons;
4. A ação de gelo-degelo influencia as propriedades físicas dos granitos: (a) a velocidade
de propagação de ultrassons diminui (aproximadamente 9% apos 136 ciclos de gelo-
degelo); (b) a massa seca diminui como resultado da desagregação de material e
alteração da estrutura interna dos granitos, o que se traduz na variação de 0.8% da
densidade aparente dos granitos; (c) a porosidade dos granitos apresenta valores
consideravelmente superiores após 136 ciclos de gelo-degelo, o que se traduz também
num aumento da absorção por imersão e do coeficiente de absorção por capilaridade;
(d) o módulo de elasticidade dinâmico, calculado com base na velocidade de
propagação de ultrassons, apresenta também valores decrescentes após 136 ciclos de
gelo-degelo. Deve-se referir que os granitos não se consideram totalmente degradados
de acordo com as indicações da norma de ensaio, tendo sido impossível obter este
estado no decorrer do presente trabalho, dado o processo muito lento dos ciclos de
gelo-degelo;
5. A aplicação de um hidrófugo comercial resultou num comportamento muito diferente
em termos de absorção de água por capilaridade após 24 horas do ensaio, com valores
de absorção de água muito baixos. No entanto, após esta altura, verifica-se um
aumento da absorção por capilaridade, ainda que para valores inferiores aos valores
obtidos nos provetes sem hidrófugo.
6. No decorrer desta investigação foram utilizadas nanopartículas de dióxido de titânio
(TiO2). O dióxido de titânio TiO2 após aplicação sobre a superfície da pedra visava a
promoção de uma função autolimpante. Neste sentido, foi possível: (a) observar a
criação de um revestimento aderente, como se pôde identificar através dos ensaios de
microscopia eletrónica; (b) verificar uma moderada/baixa capacidade autolimpante;
(c) uma alteração do comportamento dos granitos à água com um aumento da
absorção por imersão e da alteração do coeficiente de absorção por capilaridade, ainda
que não se tivesse obtido uma tendência muito clara.
7. Conclusões
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 103
7.2. Propostas para Futuras Investigações
Como propostas de desenvolvimentos futuros, apontam-se os seguintes:
1. Avaliação das propriedades físicas e mecânicas após a degradação dos granitos devido
aos ciclos de gelo-degelo;
2. Estudo e avaliação de revestimentos superficiais no comportamento dos granitos a
ações de gelo-degelo e à ação da velocidade de propagação de ultrassons;
3. Aprofundamento do estudo sobre a aplicação de revestimento à base de nanopartículas
ou de nanorods de TiO2 para conseguir alcançar uma boa capacidade autolimpante
para os granitos;
4. Aplicação de revestimentos de nanopartículas TiO2 com vista à minimização do
desenvolvimento de fungos e consequente deterioração da pedra.
8.Referências Bibliográficas
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 105
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Almeida, F., 2000. Manual de Conservação de Cantarias. Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional/Ministério da Cultura, 43 p.
Araújo, A., 2004. Glossário da Degradação Ambiental da Pedra. Instituto Superior Técnico de
Lisboa, 16p.
Azevedo, S., Carneiro, J., Fernandes F., Freitas, E., Pereira, P., Teixeira, V., 2013. Nanobaser
approaches for the development of photocatalytic road pavements. Artigo, Universidade do
Minho.
Bateira, B., Pereira, S., Martins, L., Santos, M., 2007. Riscos Extensivos. Plano Regional de
Ordenamento do Território do Norte. – PROT-NORTE. Universidade do Porto Departamento
de Geografia, 88 p.
Bonancêa, C., 2005. Estudo dos mecanismos de fotodegradação de corantes sobre dióxido de
titânio através de técnicas de espectroscopia Raman intensificadas. Dissertação de Mestrado
em Química, Universidade de São Paulo, Instituto de Química, 89 p.
Brito, P., 1994. Acompanhamento da Instalação do Centro de Materiais Cerâmicos e Pedras
Naturais. Relatório de Estágio, Universidade do Minho, 88 p.
Castro, E., 1984. Tratamentos de Conservação de pedras em monumentos. Laboratório
Nacional de Engenharia Civil, 39 p.
Chaves, A., 2009. Patologias e Reabilitação de Revestimentos de Fachadas. Dissertação de
Mestrado em Engenharia Civil, Universidade do Minho, 160 p.
Costa, C., 2009. Análise numérica e experimental do comportamento estrutural de pontes em
arco de alvenaria de pedra. Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, Faculdade de
Engenharia Universidade do Porto, 487 p.
Costa, M., 2011. Manual de Controlo de Qualidade para Revestimentos de Fachadas em
Pedra. Instituto Superior Técnico de Lisboa, 148 p.
8.Referências Bibliográficas
106 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
Cerqueira, A., 2008. Revestimentos de pedra: análise de patologias. Relatório de Projeto
Individual, Universidade do Minho, 38 p.
EN 1936, 2007. Natural stone test methods - determination of real density and apparent
density, and of total and open porosity. European Committee for standardization, 11 p.
EN 1925, 1999. Métodos de ensaio para pedra natural. Determinação do coeficiente de
absorção de água por capilaridade. Instituto Português da Qualidade, 13 p.
EN 14579, 2007. Métodos de ensaio para pedra natural. Determinação da velocidade de
propagação do som. Instituto Português da Qualidade, 18 p.
EN 13755, 2008. Métodos de ensaio para pedra natural. Determinação da absorção de água à
pressão atmosférica. Instituto Português da Qualidade, 10 p.
EN 12371, 2006. Métodos de ensaio para pedra natural. Determinação da resistência ao gelo.
Instituto Português da Qualidade, 15 p.
EN 1926, 2000. Métodos de ensaio para pedra natural. Determinação da resistência à
compressão. Instituto Português da Qualidade, 19 p.
Esteves, L., 2007. Pedras naturais portuguesas o futuro prepara-se hoje. Universidade técnica
de Lisboa, 91p.
Fernandes, J., Mateus, R., 2011. Sustentabilidade na Reabilitação Urbana – O Novo
Paradigma do Mercado da Construção. Iniciativa International para a Sustentabilidade do
Ambiente Construído, pp. 205-217.
Fernandes, P., 2011. Desenvolvimento de Argamassas Ecoficientes – Capacidade
Autolimpante, Tese de Mestrado, Universidade do Minho.
Gomes, N., 2012. Estudo de argamassas eco eficientes. Dissertação de Mestrado Ciclo de
Estudos Integrados em Engenharia Civil, Universidade do Minho, 96 p.
Gonçalves, A., 2010. Manutenção de Alvenarias e Cantarias/Ensaios sobre a argamassa de
refechamento de juntas das alvenarias secas de xisto da 1ª Casa dos Vasconcelos em Macedo
de Cavaleiros. Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, Universidade de Trás-os-
Montes e Alto Douro, 165 p.
8.Referências Bibliográficas
Carla Marisa Mendonça Ribeiro 107
Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica, 1988. Normais climatológicas da região de
Trás-os-Montes e Alto Douro e Beira Interior, correspondentes a 1941-1970. O Clima de
Portugal. Lisboa, Fascículo XL, vol. 3 – 3ª região.
Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica, 1965. Normais climatológicas do Continente,
Açores e Madeira, correspondentes a 1931-1960. O Clima de Portugal. Lisboa, Fascículo
XIII.
Lopes, T., 2010. Reabilitação Sustentável de edifícios de Habitação. Dissertação de Mestrado
em Engenharia Civil, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa,
153 p.
Lourenço, P., Pagaimo, F., Júlio, E., 2005. Caracterização das paredes de alvenaria da vila de
Tentúgal. Revista Portuguesa de Engenharia de Estruturas, 54, pp. 35-42.
Martins, L., 2011. Desenvolvimento de ferramenta de cálculo para uma avaliação expedita de
estrutura de alvenaria antiga de pedra. Tese de Mestrado em Engenharia de Construção e
Reabilitação, Instituto Politécnico de Viseu, 138 p.
Moreira, A., 2008/2009. Pedras Naturais. Instituto Politécnico de Tomar Escola Superior de
Tecnologia de Tomar, 48 p.
Pinto, A., 1994. Conservação de pedras graníticas estudo da ação de hidrófugos. Tese de
Mestrado, Instituto Superior Técnico de Lisboa, 193 p.
Pinho, L., Elhaddad, F., Facio, D., Mosquera, M., 2012. A novel TiO2 – SiO2 nanocomposite
converts a very friable stone into a self-cleaning building material. Applied Surface Science.
Journal Elsevier, 8 p.
Quagliarini, E., Bondioli F., Goffredo G., Cordoni C., Munafò P., 2012. Self-Cleaning and
de-polluting stone surfaces: TiO2 nanoparticles for limestone. Journal Elsevier, 7 p.
Rebola, P., 2011. Ensaio de tipo inicial para marcação CE da pedra natural. Colégio de
Engenharia Geológica e de Minas.
Rodrigues, F., Correia, A., Chambino, M., 2001. Guia Técnico – Sector da Pedra Natural.
INETI – Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial, 66 p.
8.Referências Bibliográficas
108 Carla Marisa Mendonça Ribeiro
Santos, S., 2010. Fotocatalisadores de Dióxido de Titânio obtidos pelo Método Sol-Gel.
Trabalho de Conclusão de Curso para Obtenção do Título de Licenciado em Química,
Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, 46 p.
Tsakalof, A., Manoudis, P., Karapanagiotis, L., Chryssoulakis, L., Panayiotou, C., 2007.
Assessment of synthetic polymeric coatings for the protection and preservation of stone
monuments. Journal of Cultural Heritage, pp. 69-72.
Vasconcelos, G., 2005. Experimental investigations on the mechanics of stone masonry:
characterization of granites and behavior of ancient masonry shear walls. Tese de
Doutoramento, Universidade do Minho, 266 p.
Vasconcelos, G., 2003, Lourenço, P., Alves, C., Pamplona, J., Caracterização das
propriedades de granitos – implicações para a conservação e reabilitação do património
arquitectónico. 3º Encore , Laboratório Nacional de Engenharia Civil, 529-538.
Xeidakis, S., Samaras, I., 1996. Durability of a sandstone used as a principal building and
decorative material in ancient abdera, Xanthi, N. Greece. Bulletin of the International
Association of Engineering Geology, Paris, 54, pp. 137-147.
Zeferino, A., Martins, J., 2010. Materiais de Construção I. Rochas Naturais. Universidade
Fernando Pessoa, 214 p.
http://www.ebah.com.br (acedido em Outubro de 2013)
http://mjfs.wordpress.com (acedido em Outubro de 2013)
http://en.wikipedia.org (acedido em Outubro de 2013)
http://cincodemaio.blogs.sapo.pt (acedido em Outubro de 2013)
http://www.prof2000.pt (acedido em Outubro de 2013)
http://pt.wikipedia.org (acedido em Outubro de 2013)
http://www.semat.lab.uminho.pt (acedido em Outubro de 2013)
ANEXOS
ANEXO A
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5 GA2/1
GA2/2
GA2/3
GA2/4
GA2/5
GA2/6
GA2/7
GA2/8
1941/1970
Ab
so
rçao
po
r c
ap
ilarid
ad
e
(g
/cm
2)
Tempo (h1/2
)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5 GM3/1
GM3/2
GM3/3
GM3/4
GM3/5
GM3/6
GM3/7
GM3/8
1941/1970
Ab
so
rçao
po
r c
ap
ilarid
ad
e
(g
/cm
2)
Tempo (h1/2
)
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5 MDB-L1/1
MDB-L1/2
MDB-L1/3
MDB-L1/4
MDB-L1/5
MDB-L1/6
MDB-L1/7
MDB-L1/8
MDB-L1/9
MDB-L1/10
MDB-L1/11
MDB-L1/12
MDB-L1/13
MDB-L1/14
MDB-L1/15
MDB-L1/16
1941/1970
Ab
sorç
ao
po
r cap
ilari
dad
e
(g/c
m2)
Tempo(h1/2
)
0 2 4 6 8 10
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5 GA6/1
GA6/2
GA6/3
GA6/4
GA6/5
GA6/6
GA6/7
GA6/8
1941/1970
Ab
so
rçao
po
r c
ap
ilarid
ad
e
(g
/cm
2)
Tempo (h1/2
)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5 GM6/1
GM6/2
GM6/3
GM6/4
GM6/5
GM6/6
GM6/7
GM6/8
1941/1970
Ab
so
rçao
po
r c
ap
ilarid
ad
e
(g
/cm
2)
Tempo (h1/2
)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5 MDB-L6/1
MDB-L6/2
MDB-L6/3
MDB-L6/4
MDB-L6/5
MDB-L6/6
MDB-L6/7
MDB-L6/8
1941/1970
Ab
so
rçao
po
r c
ap
ilarid
ad
e
(g
/cm
2)
Tempo (h1/2
)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5 MDB-P1/1
MDB-P1/2
MDB-P1/3
MDB-P1/4
MDB-P1/5
MDB-P1/6
MDB-P1/7
MDB-P1/8
1941/1970
Ab
so
rçao
po
r c
ap
ilarid
ad
e
(g
/cm
2)
Tempo (h1/2
)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5 MDB-P5/1
MDB-P5/2
MDB-P5/3
MDB-P5/4
MDB-P5/5
MDB-P5/6
MDB-P5/7
MDB-P5/8
1941/1970
Ab
so
rçao
po
r c
ap
ilarid
ad
e
(g
/cm
2)
Tempo (h1/2
)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5 MDM-3/1
MDM-3/2
MDM-3/3
MDM-3/4
MDM-3/5
MDM-3/6
MDM-3/7
MDM-3/8
1941/1970
Ab
so
rçao
po
r c
ap
ilarid
ad
e
(g
/cm
2)
Tempo (h1/2
)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5 MDB-P2/1
MDB-P2/2
MDB-P2/3
MDB-P2/4
MDB-P2/5
MDB-P2/6
MDB-P2/7
MDB-P2/8
1941/1970
Ab
so
rçao
po
r c
ap
ilarid
ad
e
(g
/cm
2)
Tempo (h1/2
)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5 MDB-P6/1
MDB-P6/2
MDB-P6/3
MDB-P6/4
MDB-P6/5
MDB-P6/6
MDB-P6/7
MDB-P6/8
1941/1970
Ab
so
rçao
po
r c
ap
ilarid
ad
e
(g
/cm
2)
Tempo (h1/2
)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5 MDM-1/1
MDM-1/2
MDM-1/3
MDM-1/4
MDM-1/5
MDM-1/6
MDM-1/7
MDM-1/8
1941/1970
Ab
so
rçao
po
r c
ap
ilarid
ad
e
(g
/cm
2)
Tempo (h1/2
)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5 PLM-4/1
PLM-4/2
PLM-4/3
PLM-4/4
PLM-4/5
PLM-4/6
PLM-4/7
PLM-4/8
1941/1970
Ab
so
rçao
po
r c
ap
ilarid
ad
e
(g
/cm
2)
Tempo (h1/2
)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5 PLM-L1/1
PLM-L1/2
PLM-L1/3
PLM-L1/4
PLM-L1/5
PLM-L1/6
PLM-L1/7
1941/1970
Ab
so
rçao
po
r c
ap
ilarid
ad
e
(g
/cm
2)
Tempo (h1/2
)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5 PLM-L6/1
PLM-L6/2
PLM-L6/3
PLM-L6/4
PLM-L6/5
PLM-L6/6
PLM-L6/7
PLM-L6/8
1941/1970
Ab
so
rçao
po
r c
ap
ilarid
ad
e
(g
/cm
2)
Tempo (h1/2
)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5 PLM-L2/1
PLM-L2/2
PLM-L2/3
PLM-L2/4
PLM-L2/5
PLM-L2/6
PLM-L2/7
PLM-L2/8
1941/1970
Ab
so
rçao
po
r c
ap
ilarid
ad
e
(g
/cm
2)
Tempo (h1/2
)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5 PLM-P1/1
PLM-P1/2
PLM-P1/3
PLM-P1/4
PLM-P1/5
PLM-P1/6
PLM-P1/7
PLM-P1/8
1941/1970
Ab
so
rçao
po
r c
ap
ilarid
ad
e
(g
/cm
2)
Tempo (h1/2
)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5 PLA-L4/1
PLA-L4/2
PLA-L4/3
PLA-L4/4
PLA-L4/5
PLA-L4/6
PLA-L4/7
PLA-L4/8
1941/1970
Ab
so
rçao
po
r c
ap
ilarid
ad
e
(g
/cm
2)
Tempo (h1/2
)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5 PLM-P5/1
PLM-P5/2
PLM-P5/3
PLM-P5/4
PLM-P5/5
PLM-P5/6
PLM-P5/7
PLM-P5/8
1941/1970
Ab
so
rçao
po
r c
ap
ilarid
ad
e
(g
/cm
2)
Tempo (h1/2
)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5 PTA-3/1
PTA-3/2
PTA-3/3
PTA-3/4
PTA-3/5
PTA-3/6
PTA-3/7
PTA-3/8
1941/1970
Ab
so
rçao
po
r c
ap
ilarid
ad
e
(g
/cm
2)
Tempo (h1/2
)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5 PTM-L3/1
PTM-L3/2
PTM-L3/3
PTM-L3/4
PTM-L3/5
PTM-L3/6
PTM-L3/7
PTM-L3/8
1941/1970
Ab
so
rçao
po
r c
ap
ilarid
ad
e
(g
/cm
2)
Tempo (h1/2
)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5 PTA-1/1
PTA-1/2
PTA-1/3
PTA-1/4
PTA-1/5
PTA-1/6
PTA-1/7
PTA-1/8
1941/1970
Ab
so
rçao
po
r c
ap
ilarid
ad
e
(g
/cm
2)
Tempo (h1/2
)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5 PTM-L2/1
PTM-L2/2
PTM-L2/3
PTM-L2/4
PTM-L2/5
PTM-L2/6
PTM-L2/7
PTM-L2/8
1941/1970
Ab
so
rçao
po
r c
ap
ilarid
ad
e
(g
/cm
2)
Tempo (h1/2
)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5 PTM-L5/1
PTM-L5/2
PTM-L5/3
PTM-L5/4
PTM-L5/5
PTM-L5/6
PTM-L5/7
PTM-L5/8
1941/1970
Ab
so
rçao
po
r c
ap
ilarid
ad
e
(g
/cm
2)
Tempo (h1/2
)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5 PTM-P1/1
PTM-P1/2
PTM-P1/3
PTM-P1/4
PTM-P1/5
PTM-P1/6
PTM-P1/7
PTM-P1/8
1941/1970
Ab
so
rçao
po
r c
ap
ilarid
ad
e
(g
/cm
2)
Tempo (h1/2
)