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O trabalho realizado tem como objetivo analisar os fatores que incidem no
processo de ensino-aprendizagem e que acabam por ser determinantes para o
rendimento escolar.
Costumamos dizer que o aluno deve construir o seu conhecimento. Desta
forma, um aluno apto a construir o conhecimento é aquele que é ativo e criativo, que
procura as informações além daquelas que recebe, é autônomo, controla suas
emoções, autorregula a sua aprendizagem a e utiliza seus conhecimentos prévios
para aprender.
Ao professor cabe a responsabilidade de mediar o processo e instruir o aluno
de como utilizar adequadamente as estratégias de aprendizado em função do material
que tem em mãos. Contudo, diversos fatores podem influenciar o processo de
aprendizagem levando ao fracasso escolar. Quando falamos em rendimento escolar
temos que ter claro que a nota não é sinônimo de sucesso escolar.
As aspirações, sonhos, medos e dúvidas dos alunos devem ser levados em
conta. Desta forma, a aprendizagem, em conjunto com a maturação, é o alicerce para
o desenvolvimento integral de um indivíduo e não um simples ato psicomotor. Ela
depende do envolvimento do sistema nervoso central e dos fatores externos que
favorecem ou prejudicam a aprendizagem.
O aluno tem que ter capacidades, habilidades e competências para aprender.
Para aprender não adianta somente estar em aula ou ler um livro. Temos que saber
como planejar a nossa conduta, selecionar adequadamente os estímulos, separar os
aspectos relevantes dos irrelevantes para a execução de uma atividade e manter o
foco da atenção. Aprender a aprender é conhecer quais os métodos e técnicas que
favorecem o estudo de acordo com o meus estilos de personalidade, cognitivo e de
aprendizagem.
Nesta linha de pensamento, temos que dar um local de destaque para a
percepção e a compreensão. A compreensão é muito importante, pois, para que uma
aprendizagem seja significativa, temos que entender o que estamos estudando para
poder relacionar os conhecimentos novos as experiências prévias. Compreender é
entender.
Por outro lado, esta compreensão depende da percepção, pois esta é um
processo mental de interpretar e dar significado a uma sensação ou objeto. Através
deste significado atribuído, esta percepção propicia a construção do conhecimento.
Dificuldades no âmbito pessoal, acadêmico, socioeconômico e institucional
afetam os alunos e podem comprometer todo o processo educativo levando ao
fracasso escolar e um baixo rendimento escolar.
No âmbito pessoal, dentre os vários aspectos que podem influenciar o
aprendizado e prejudicar o rendimento escolar, a atenção e a motivação merecem um
lugar de destaque. A atenção é um processo cognitivo que nos permite selecionar a
informação e permanecer concentrado em uma atividade por um período mais
prolongado de tempo. Ela é que vai orientar e controlar os nossos sentidos
potencializando o que deve ser utilizado e inibindo o que atrapalha.
A motivação é o que nos faz querer aprender e nos leva a buscar cada vez
mais. Ela é movimento e ação, ou seja, é aquilo que mantém e dirige o pensamento.
Muitas vezes o rendimento escolar pode ser explicado pela motivação do sujeito, pois
ela influencia na qualidade das estratégias que um indivíduo utiliza para aprender.
O desinteresse por aprender pode ser percebido, em grade parte dos alunos
em nossas salas de aula, independente de ser em escolas públicas e particulares. Isto
acontece, em grande parte, porque os alunos encaram a aprendizagem como algo
difícil, cansativo e frustrante. A nossa educação formal tem como objetivo perpetuar
uma visão de mundo e de estado, repassada ao longo das gerações, através de
currículos que determinam o que deve ser aprendido. Muitas vezes, estes currículos
não são adequados aos diferentes estilos de personalidade, cognitivos e de
aprendizagens levando a desmotivação do educando pelo processo.
Não podemos deixar de mencionar a influência do autoconceito positivo no
rendimento escolar dos alunos. O autoconceito definido como o conhecimento que
uma pessoa tem a respeito de si mesma, é uma alavanca para a aprendizagem. Um
aluno com um autoconceito positivo tem interesse pela tarefa que vai realizar, valoriza
e identifica os progressos alcançados, passa da segurança para a insegurança, da
dependência para a independência e da ansiedade para a tranquilidade.
Junto com o autoconceito podemos citar a importância da autoestima que é
adquirida como resultado de sua história pessoal do aluno e de suas experiências
anteriores. Ela está estreitamente relacionada à aprendizagem, pois ajuda o educando
a superar as suas dificuldades pessoais, fundamenta a responsabilidade, ajuda na
autonomia pessoal, favorece a socialização e ajuda a criar expectativas para o estudo.
Outro aspecto que merece a nossa atenção á a interferência da ansiedade a
qual pode agir de forma positiva ou negativa dependendo do grau e de como ela se
manifesta. Ela pode nos impulsionar para estudar para uma prova, pois teremos a
recompensa da aprovação que será um reforço positivo, como pode dificultar à
aplicação dos conhecimentos e a resolução de problemas nos levando a reprovação e
a punição, que seria um reforço negativo.
Não podemos deixar de mencionar, também, a importância da memória já que
esta, junto com a aprendizagem, é um contínuo, pois a partir do momento que eu
adquiro um novo conceito ou uma nova conduta esta resulta em uma alteração nas
minhas estruturas mentais e, para aprender, necessitamos de aprendizagens prévias
armazenadas para que possamos associá-las a novas informações ampliando o leque
de conhecimentos, conceitos e condutas.
Mas não são só os fatores pessoais que interferem no rendimento escolar do
sujeito. As dificuldades socioeconômicas enfrentadas pelos alunos tem uma relação
direta com o seu rendimento na escola. Famílias com sérias dificuldades econômicas
levam a carência alimentar, carência afetiva, pois os pais trabalham até três turnos
para suprir as necessidades em casa, pais com baixa escolarização que não possuem
condições de ajudar os seus filhos no processo de escolarização, falta de estímulos
que auxiliem a aprendizagem, e até, crianças e adolescentes trabalhando
informalmente desde a mais tenra idade para auxiliar nas despesas familiares.
Temos ainda dificuldades acadêmicas e institucionais. Em casos particulares,
podemos ter alunos com aptidões intelectuais inferiores as esperadas caracterizando
um quadro de necessidades educativas especiais os quais, na maioria das vezes,
demoram a ser diagnosticados levando o aluno ao fracasso escolar sem que suas
necessidades educacionais sejam identificadas. Mesmo quando são diagnosticadas,
poucas escolas fazem as adequações curriculares necessárias para potencializar a
aprendizagem destes alunos, em grande parte, devido à desinformação e falta de
capacitação e de formação do corpo docente.
Devemos levar em conta, também, o clima da sala de aula onde nós
professores temos que estar aptos para resolver os conflitos que ocorrem durante o
processo potencializando as relações professor-aluno e entre os alunos, respeitar e
valorizar as múltiplas inteligências de nossos alunos, investir em processos de
avaliação que coloquem os aspectos qualitativos acima dos quantitativos e investir em
recursos didáticos, técnicas e estratégias adequadas às quais tenham grau de
dificuldades compatíveis com as capacidades do sujeito, pois, caso contrário,
estaremos levando nossos alunos ao medo e frustração.
Analisando todos os fatores acima citados, podemos afirmar que o aluno
alcançara um bom rendimento escolar a partir do momento que o aluno entenda a
função educativa da escola, dê valor ao que aprende, autorregule a sua aprendizagem
e seja visto como um ser social que tem capacidades, limitações, dificuldades e
necessidades que devem ser levadas em conta e respeitadas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
PEDROSA, Júlio César; NAVARRO, Adriana. Metodologias de Aprendizagem.
Barueri, Grupo Cultural, 2009. 381p.
QUEIROZ, Tânia; GODOY, Célia. Avaliação nossa de cada dia. São Paulo, Rideel,
2006. 311p.
ARTIGOS:
PERRENOUD, Philippe. “Construir competências é virar as costas aos saberes?”
Revista Pátio, N.11, NOV, 1999.