Carlos Drummond de andrade

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CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

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CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

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Drummond e o modernismo brasileiro Drummond, como os modernistas,segue a

libertação proposta por Mário e Oswald de Andrade; com a instituição do verso livre, mostrando que este não depende de um metro fixo.Se dividirmos o modernismo numa corrente mais lírica e subjetiva e outra mais objetiva e concreta, Drummond faria parte da segunda, ao lado do próprio Oswald de Andrade.

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"A obra de Drummond alcança — como Fernando Pessoa ou Jorge de Lima, Herberto Helder ou Murilo Mendes — um coeficiente de solidão, que o desprende do próprio solo da História, levando o leitor a uma atitude livre de referências, ou de marcas ideológicas, ou prospectivas", afirma Alfredo Bosi (1994).

Affonso Romano de Sant'ana costuma estabelecer que a poesia de Carlos Drummond a partir da dialética "eu x mundo", desdobrando-se em três atitudes:

Eu maior que o mundo — marcada pela poesia irônica

Eu menor que o mundo — marcada pela poesia social Eu igual ao mundo — abrange a poesia metafísica ?

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A 1ª fase (a fase gauche) tem como características o pessimismo, o isolamento, o individualismo e a reflexão existencial. Nota-se nesta fase um desencanto em relação ao mundo.

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Convite TristeMeu amigo, vamos sofrer, 

vamos beber, vamos ler jornal, vamos dizer que a vida é ruim, meu amigo, vamos sofrer. 

Vamos fazer um poema ou qualquer outra besteira. Fitar por exemplo uma estrela por muito tempo, muito tempo e dar um suspiro fundo ou qualquer outra besteira. 

Vamos beber uísque, vamos beber cerveja preta e barata, beber, gritar e morrer, ou, quem sabe? beber apenas. 

Vamos xingar a mulher, que está envenenando a vida 

com seus olhos e suas mãos e o corpo que tem dois seios e tem um embigo também. Meu amigo, vamos xingar o corpo e tudo que é dele e que nunca será alma. 

Meu amigo, vamos cantar, vamos chorar de mansinho e ouvir muita vitrola, depois embriagados vamos beber mais outros sequestros (o olhar obsceno e a mão idiota) depois vomitar e cair e dormir. 

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A 2ª fase, chamada fase social, é marcada pela vontade do poeta de participar e tentar transformar o mundo, o pessimismo e o isolamento da 1ª fase é posto de lado. O poeta se solidariza com os problemas do mundo.

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ÁPOROUm inseto cavacava sem alarmeperfurando a terrasem achar escape.Que fazer, exausto,em país bloqueado,enlace de noiteraiz e minério?Eis que o labirinto(oh razão, mistério)presto se desata:em verde, sozinha,antieuclidiana,uma orquídea forma-se.

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A 3ª fase pode ser dividida em 2 momentos: poesia filosófica e poesia nominal. Poesia Filosófica: textos que refletem sobre vários temas de preocupação universal como a vida e a morte.

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Um eu todo retorcidoPoema de sete faces[Alguma poesia]

Quando nasci, um anjo tortodesses que vivem na sombradisse: Vai Carlos! ser gauche na vida.

As casas aspiram os homensque correm atrás de mulheres.A tarde talvez fosse azul,não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:pernas brancas pretas amarelas.Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.Porém meus olhosNão perguntam nada.

O homem atrás do bigodeé sério, simples e forte.

Quase não conversa.Tem poucos, raros amigoso homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonastese sabias que eu não era Deus,se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo,se eu chamaste Raimundoseria uma rima, não seria uma solução.Mundo mundo vasto mundo,Mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizermas essa luamas esse conhaquebotam a gente comovido feito o diabo.

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A fase final (o tempo das memórias) - Como o próprio nome já diz, as obras desta fase (década de 70 e 80), são cheias de recordações do poeta. Os temas infância e família são retomados e aprofundados além dos temas universais já discutidos anteriormente.

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Infância[Alguma poesia]

Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.Minha mãe ficava sentada cosendo.Meu irmão pequeno dormia.Eu sozinho menino entre mangueiraslia a história de Robinson CrusoéComprida história que não acabava mais.

No meio dia branco de luz uma voz que aprendeua ninar nos longe da senzala - e nunca se esqueceuchamava para o café.

Café preto que nem a preta velhacafé gostosocafé bom.

Minha mãe ficara em casa cosendoOlhando para mim:- Psiu... Não acorde o menino.Para o berço onde pousou um mosquito.E dava um suspiro... que fundo!Lá longe meu pai campeavano mato sem fim da fazenda.

E eu não sabia que a minha históriaera mais bonita que a de Robinson Crosoé.

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QUESTÕES Nas duas primeiras décadas de nosso século,

as obras de Euclides da Cunha e de Lima Barreto, tão diferentes entre si, têm como elemento comum: a) A intenção de retratar o Brasil de modo otimista e idealizante.b) A adoção da linguagem coloquial das camadas populares do sertão.c) A expressão de aspectos ate então negligenciados da realidade brasileira.d) A prática de um experimentalismo lingüístico radical.e) O estilo conservador do antigo regionalismo romântico.

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A - "Até esta data, o brasileiro era, antes de tudo, um envergonhado."B - "No plano das idéias, o século gerou três obras que se tornariam clássicos da reflexão sobre o país."

Considere o que se afirma sobre os fragmentos destacados.

I. Em OS SERTÕES, Euclides da Cunha declara que "o sertanejo é, antes de tudo, um forte". No fragmento A, o autor retoma a declaração de Euclides da Cunha reafirmando seu conteúdo elogioso.

II. Em B, a escolha de "século" como sujeito torna a frase mais expressiva, porque contraria a expectativa de encontrar essa palavra como parte de um adjunto adverbial de tempo.

III. Em B, a opção por "o século gerou" leva à associação com a ideia de criar, fecundar, o que reforça o sentido de que o século XX propiciou a concepção das obras destacadas.

Está(ão) correta(s)a) apenas I.b) apenas II.c) apenas III.d) apenas II e III.e) I, II e III.

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(FUVEST) Refere-se corretamente a Alguma poesia, de Drummond, a seguinte afirmação: a) A imagem do poeta como gauche revela a sua militância na poesia engajada e participante, de esquerda.

b) As oposições sujeito-mundo e província-metrópole são fundamentais em vários poemas.

c) A filiação modernista do livro liberou o poeta das preocupações com a elaboração formal dos poemas.

d) O livro não contém textos metalingüísticos, o que caracteriza a primeira fase do autor.

e) A ironia e o humor evitam que o eu-lírico se distancie ou se isole, proporcionado-lhe a comunhão com o mundo exterior.

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Texto para as questões 03 e 04         SENTIMENTAL Ponho-me a escrever teu nomecom letras de macarrão.No prato, a sopa esfria, cheia de escamasE debruçados na mesa todos contemplamesse romântico trabalho. Desgraçadamente falta uma letra,uma letra somentepara acabar teu nome! -  Está sonhando? Olhe que a sopa esfria! Eu estava sonhando...E há em todas as consciências um cartaz amarelo:Neste país é proibido sonhar. 

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03. (PUCCAMP) Este poema é caracteristicamente modernista, porque nele: a) A uniformidade dos versos reforça a simplicidade dos sentimentos experimentados pelo poeta.b) Tematiza-se o ato de sonhar, valorizando-se o modo de composição da linguagem surrealista.c) Satiriza-se o estilo da poesia romântica, defendendo os padrões da poesia clássica.d) A linguagem coloquial dos versos livres apresenta com humor o lirismo encarnado na cena cotidiana.e) O dia-a-dia surge como novo palco das sensações poéticas, sem imprimir a alteração profunda na linguagem lírica.

 04. (PUCCAMP) Destacam-se neste poema características marcantes do Drummond modernista. São elas: a) A tendência metafísica, o discurso sentencioso e o humor sutil.b) A memória familiar, o canto elegíaco e a linguagem fragmentada.c) A exposição da timidez pessoal, a fala amargurada e a recuperação da forma fixa.d) A preocupação de cunho social, o pessimismo e a desintegração do verso.e) O isolamento da personalidade lírica, a ironia e o estilo prosaico.