Carlos Enrique Paredes Otoya Modelagem Geológica e … 6 Análise de estabilidade de taludes e...
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Carlos Enrique Paredes Otoya
Modelagem Geológica e Estrutural 3D e Análise de Estabilidade de
Taludes 2D em Mina a Céu Aberto Pelo Método SRM (Synthetic Rock
Mass)
Dissertação de Mestrado
Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da PUC-Rio.
Orientador: Sérgio Augusto Barreto da Fontoura
Rio de Janeiro, Junho de 2011
Carlos Enrique Paredes Otoya
Modelagem Geológica e Estrutural 3D e Análise de Estabilidade de Taludes 2D em Mina a Céu Aberto Pelo Método SRM (Synthetic Rock
Mass)
Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da PUC-Rio. Aprovada pela Comissão
Examinadora abaixo assinada.
Prof. Sérgio Augusto Barreto da Fontoura Orientador
Departamento de Engenharia Civil - PUC-Rio
Prof. Eurípides Vargas Jr. Departamento de Engenharia Civil – PUC-Rio
Prof. Fernando Saboya Albuquerque Jr Universidade Estadual do Norte Fluminense
Prof. José Eugenio Leal Coordenador Setorial do Centro
Técnico Científico – PUC - Rio
Rio de Janeiro, 15 de Junho de 2011
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da universidade, do autor e do orientador.
Carlos Enrique Paredes Otoya
Graduou-se em Engenharia Civil pela Universidade Nacional de Engenharia (Lima, Peru – 2006). Trabalhou na área de Geomecânica em projetos de desenho de minas a céu aberto. No ano 2009 ingressou ao curso de Mestrado em Engenharia Civil na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, na área de Geotecnia, desenvolvendo dissertação de mestrado na linha de pesquisa Mecânica das Rochas.
Ficha Catalográfica
CDD: 624
Paredes Otoya, Carlos Enrique
Modelagem geológica e estrutural 3D e
análise de estabilidade de taludes 2D em mina a
céu aberto pelo método SRM (Synthetic rock mass)
/ Carlos Enrique Paredes Otoya ; orientador: Sérgio
Augusto Barreto da Fontoura. – 2011.
147 f. : il. (color.) ; 30 cm
Dissertação (mestrado)–Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro,
Departamento de Engenharia Civil, 2011.
Inclui bibliografia
1. Engenharia civil – Teses. 2. Bonded
particle model. 3. Smooth-joint contact model.
4.Discrete fracture network. 5.Synthetic rock mass.
l. Fontoura, Sérgio Augusto Barreto da. II.
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Departamento de Engenharia Civil. III. Título.
A minha querida família, esposa e o meu filho ou a minha filha que vem em caminho,
Agradecimentos
A Deus, que é para mim a luz que guia a minha vida.
Ao meu primeiro circulo de felicidade: meus pais, meus irmãos, minhas irmãs, a
minha linda esposa Fiorela e o filho ou filha que vem em caminho. Todos eles
são minha fonte de amor e felicidade.
Gostaria expressar meu sincero agradecimento ao meu orientador principal, o
professor Dr. Sérgio Fontoura, por seu interesse em dar-nos as ferramentas e
condições necessárias para desenvolver uma boa dissertação assim como o
agradecimento pela sua orientação e apoio.
Estou profundamente agradecido com o Dr. Diego Mas Ivars por seus valiosos
conselhos e sugestões durante as etapas do desenvolvimento do modelo
Synthetic Rock Mass (SRM).
Também quero agradecer ao meu colega Luis Mejía pelos conselhos e
sugestões devido a sua experiência na modelagem com elementos discretos.
A cada um dos professores do Departamento de Engenharia Civil da PUC-Rio
pelos seus conhecimentos e as boas aulas impartidas.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo
apoio financeiro e ao GTEP pela infra-estrutura e suporte.
A cada uma das pessoas que de uma ou outra forma contribuíram a que a minha
estância no Brasil seja mais feliz e me deram seu apoio e amizade ao longo
destes dois anos. Seria injusto mencionar alguns nomes, cada um deles sabe o
meu grande carinho e gratidão. Há lembranças que sempre levarei comigo e
pessoas que nunca vou esquecer.
Ao Brasil e sua gente, um país maravilhoso que vou levar sempre no meu
coração.
Resumo
Otoya, Carlos Paredes; Fontoura, Sergio Augusto Barreto da (Orientador) Modelagem Geológica e Estrutural 3D e Análise de Estabilidade de Taludes 2D em Mina a Céu Aberto Pelo Método SRM (Synthetic Rock Mass). Rio de Janeiro, 2011. 146p. Dissertação de Mestrado - Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Em uma mina a céu aberto, a estabilidade dos taludes rochosos é um dos
maiores desafios na engenharia das rochas devido aos processos geodinâmicos
que formaram o depósito de minério, fazendo de cada depósito complexo e
único. Algumas das complexidades encontradas comumente são: a geologia nos
arredores do depósito, a alta variabilidade das propriedades, os complexos
defeitos estruturais, o grau de alteração das rochas, a informação geomecânica
limitada, etc. Antes de avaliar a estabilidade de taludes devemos caracterizar o
maciço rochoso. Para caracterizá-lo se têm construído os modelos geológico,
estrutural e do maciço rochoso para formar o modelo geotécnico como
recomenda o projeto Large Open Pit (LOP), um projeto de pesquisa internacional
relacionado à estabilidade de taludes de rocha nas minas a céu aberto. Uma vez
construídos os domínios geotécnicos, a estabilidade de taludes rochosos pode
ser avaliada para cada domínio pelos métodos de equilíbrio limite ou numéricos
como o método dos elementos finitos ou o método dos elementos discretos. O
uso do método depende de diversos fatores, como a influência dos elementos
estruturais, a importância da análise, a informação disponível, etc. Os métodos
de equilíbrio limite como os tradicionais de Bishop e Janbu podem ser usados na
avaliação de estabilidade de grandes taludes de rocha que são susceptíveis a
falhas rotacionais do maciço rochoso. Já o método de elementos finitos se tem
desenvolvido rapidamente e tem ganhado popularidade para a análise de
estabilidade de taludes no caso em que o mecanismo de falha não esteja
controlado por estruturas discretas geológicas. Os métodos de elementos finitos
estão baseados em modelos constitutivos de tensão – deformação para rochas
intactas e têm dificuldades em simular famílias com um número grande de
descontinuidades dentro do maciço rochoso. O método dos elementos discretos
permite simular um número grande de descontinuidades assim como também
permite a simulação de grandes deformações. A presente dissertação usa o
modelo SRM (Synthetic Rock Mass) para avaliar a estabilidade de taludes de
uma mina a céu aberto no Peru. O SRM é uma nova técnica para simular o
comportamento mecânico de maciços rochosos fraturados e permite simular a
propagação de fraturas e os efeitos da anisotropia. Está técnica usa o modelo
BPM (Bonded Particle Model) para representar a rocha intacta e o SJM (Smooth
– Joint Contact Model) para representar as estruturas do maciço rochoso dentro
do programa PFC. Para a modelagem estrutural se utilizou o método DFN
(Discrete Fracture Network). Para a determinação dos modelos geológicos e
estrutural se utilizou o programa Petrel e para a análise de estabilidade de
taludes usando o modelo SRM se utilizou o programa PFC 4.0 na versão 2D.
Palavras-chave
Bonded particle model; Smooth-joint contact model; Discrete fracture
network; Synthetic rock mass.
Abstract
Otoya, Carlos Paredes; Fontoura, Sérgio Augusto Barreto da (Orientador). 3D Geological and Structural Geology Modeling and 2D Open Pit Mine Slope Stability Analysis by the Synthetic Rock Mass (SRM) Method. Rio de Janeiro, 2010. 146p. MsC Dissertation – Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
In an open pit mine, stability of rock slope is one of the most challenges in
rock mechanics due to geodynamic processes that formed the ore deposit,
making each deposit complex and unique. Some of the complexities commonly
encountered are: the geology in the vicinity of the deposit, the high variability of
properties, the complex structural defects, the rock alteration degree, limited
geomechanical data, etc. Before evaluating the slope stability we should
characterize the rock mass. To characterize it we have built the geological model,
structural model and rock mass model to form the geotechnical model as it
recommends the Large Open Pit project (LOP), an international research project
related to stability of rock slope in open pit mines. Once constructed geotechnical
domains, the stability of rock mass slope can be evaluated for each domain by
using some known methods like limit equilibrium, the finite elements and discrete
element methods. The use of the method depends of different factors like
influence of structural elements (defects), importance of analysis, available
information, etc. Limit equilibrium traditional methods like Bishop and Janbu can
be used to evaluate the stability of large rock slopes that are susceptible to
rotational failure of rock mass. Since the finite element method has developed
rapidly and has gained popularity for the slope stability analysis in the case where
failure mechanism is not controlled by discrete geological structure. Finite
element method is based on constitutive models of stress-strain for intact rocks
and has difficulties in simulating sets with a large number of discontinuities within
the rock mass. The discrete element method allows to simulate a large number of
discontinuities and also allows the simulation of large deformations. This
dissertation uses the SRM (Synthetic Rock Mass) model to evaluate the stability
of slopes in an open pit mine in Peru. The SRM model is a new technique that
allows the simulation of the mechanical behavior of fractured rock mass taking
into account propagation of fractures and anisotropic effects. This technique uses
two well established techniques like BPM (Bonded Particle Model) for
representation of intact rock and the SJM (Smooth-Joint Contact Model) to
represent the structural fabric within the PFC program. For structural modeling it
was used DFN method (Discrete-Fracture Network). To determine the geological
and structural model it was used the Petrel program (Version 2010.1) and for
slope stability analysis with the SRM model it was used the version 2D of the
PFC 4.0 program.
Keywords
Bonded particle model; Smooth-joint contact model; Discrete fracture
network; Synthetic rock mass.
Sumário
1 Introdução 20
1.1. Definição do problema 20
1.2. Objetivo do trabalho 22
1.3. Estrutura da pesquisa 23
2 Revisão da Literatura 26
3 Modelo Geológico 33
3.1. Geologia Regional 34
3.2. Geologia Local 35
3.3. Dados de entrada para a modelagem 36
3.3.1. Topografia e cava econômica final 37
3.3.2. Mapeamento geológico-estrutural 39
3.3.3. Perfis de sondagem 40
3.3.4. Ensaios de laboratório 42
3.4. Modelagem geológica 46
4 Modelo Estrutural 52
4.1. Modelagem de falhas de grande escala (Determinístico) 54
4.2. Modelagem de descontinuidades de menor escala (DFN – Modelo
estocástico) 58
4.2.1. Definição de Domínios Estruturais 59
4.2.2. Preparação e importação de dados no Petrel 63
4.2.3. Criação da grelha geométrica 3D 68
4.2.4. Modelagem de propriedades 72
4.2.4.1. Criação de registros (logs) das fraturas 74
4.2.4.2. Upscaling da intensidade das fraturas 76
4.2.4.3. Análise geoestatística e modelagem 3D da intensidade das fraturas 77
4.2.5. Criação da rede de fraturas 84
4.2.5.1. Distribuição 84
4.2.5.2. Geometria das fraturas 84
4.2.5.3. Comprimento da fratura 85
4.2.5.4. Orientação 85
5 Componentes do SRM 88
5.1. Introdução 88
5.2. Representação da rocha intacta 90
5.3. Calibração numérica dos micro-parâmetros 92
5.4. Efeito da escala 101
5.5. Representação das descontinuidades (Modelo de Contacto Smooth-Joint)104
6 Análise de estabilidade de taludes e Resultados 110
6.1. Análise de estabilidade de taludes 112
6.1.1. Considerações para a avaliação da estabilidade de taludes 112
6.1.2. Geração da amostra (“tijolo”) usando o AC/DC (Adaptive Continuum/
Discontinuum): 114
6.1.3. Montagem do modelo 116
6.1.4. Instalação das tensões in situ no modelo 117
6.1.5. Inserir as descontinuidades explicitamente 119
6.1.6. Escavação para geração do talude 120
6.2. Resultados 122
6.2.1. Etapas das escavações mostrando as forças de compressão e tração 123
6.2.2. Etapas das escavações mostrando os deslocamentos das partículas 125
6.2.3. Talude em equilíbrio – Monitoramento 127
6.2.4. Talude instável – Monitoramento 129
6.2.5. Talude instável (Ruptura) – Monitoramento 132
7 Conclusões e Sugestões 136
7.1. Conclusões 136
7.2. Sugestões 138
Referências bibliográficas 140
Lista de figuras
Figura 1.1 - Elementos geométricos típicos encontrados nos taludes de mina a
céu aberto. 21
Figura 1.2 - Conceito do Volume Elementar Representativo (VER): (Hudson &
Harrison, 1997). 22
Figura 1.3. Diagrama de fluxo do método SRM. 24
Figura 1.4 – Diagrama de fluxo do método DFN. 24
Figura 1.5 – Diagrama de fluxo do PFC. 25
Figura 2.1 – Curva tensão – deformação de rocha intacta e do maciço rochoso 26
Figura 2.2 – Formação de fratura no ELFEN (a) Estado inicial; e
desenvolvimento da fratura (b) através do elemento ou (c) ao longo do contorno
do elemento (Modificado de Yu,1999). 30
Figura 3.1 – Localização do depósito de minério, observa-se os alinhamentos
regionais com uma orientação predominante NO-SE (Google Earth). 34
Figura 3.2 – (A) Depósitos de sedimentos e tufos (Tufos pré mineralizados). A
linha vermelha é a topografia atual, (B) Formação das falhas lístricas principais
no depósito de tufos, (C) Formação das falhas lístricas secundárias (opostas à
orientação das falhas lístricas principais, (D) Brecha mineralizada nas falhas
lístricas principais, (E) Seqüência de tufos após a mineralização (Tufos pós
mineralizados), (F) Perfil geológico atual idealizado após os processos de
erosão. 36
Figura 3.3 – Vista em planta das sondagens utilizadas para a modelagem
geológica com o contorno da cava econômica final da mina. 37
Figura 3.4 – Planta topográfica com curvas a cada 5 metros, com o limite da
cava econômica final da mina. 38
Figura 3.5 – Vista em planta da cava econômica final da mina. 38
Figura 3.6 – Esterogramas mostrando as estruturas encontradas no depósito
Norte (A) Juntas mostradas como grandes círculos, (B) Juntas mostradas como
pólos e plano médio dos pólos, (C) Veias mostradas como grandes círculos, (D)
Veias mostradas como pólos e plano médio dos pólos, (E) Estratos mostrados
como grandes círculos (Nelson, 2006). 39
Figura 3.7 – Estereogramas mostrando as estruturas encontradas no depósito
Este. (A) Juntas, (B) Veias e (C) Falhas (Nelson, 2006). 40
Figura 3.8 – Estereogramas mostrando as estruturas encontradas no depósito
Sul (A) Veias mostradas como grandes círculos, (B) Veias mostradas como
pólos e plano médio dos pólos, (C) Veias de prata mostradas como grandes
círculos (Nelson, 2006). 40
Figura 3.9 – Localização das sondagens geomecânicas orientadas e cava
econômica final da mina. 41
Figura 3.10 – Planos paralelos com orientação horizontal e vertical (Modelo de
Polígonos). 47
Figura 3.11 – Sondagens mostrando as litologias encontradas no depósito de
minério e a cava econômica final da mina. 48
Figura 3.12 – Interpretação preliminar baseada na informação litológica nas
sondagens da seção. 48
Figura 3.13 – Seção transversal mostrando também as interseções modeladas
anteriormente em outras seções. 49
Figura 3.14 – Interpretação utilizando os dados das outras seções transversais.49
Figura 3.15 – Vista do plano horizontal mostrando os contatos geológicos, as
sondagens e a cava econômica final da mina. 50
Figura 3.16 – Modelo sólido 3D mostrando a cava econômica final da mina e as
zonas: pré-mineral (verde), mineral (rosa) e pós-mineral (roxo). 51
Figura 3.17 – Modelo geológico 3D mostrando a topografia do terreno e a cava
econômica final da mina. 51
Figura 4.1 – Características estruturais do depósito de minério (Modificado de
Nelson, 2006). 54
Figura 4.2 – Modelos de rotação de camadas relacionadas à (A) rotação das
falhas e camadas, e (B) quando as falhas lístricas normais nas quais as
camadas sofrem rotação devido à natureza da superfície curva (Modificado de
Nelson, 2006). 55
Figura 4.3 – Vista das seções transversais contendo a seguinte informação:
topografia (marrom), contacto pré mineral - mineral (verde), contacto mineral -
pós mineral (vermelho) e as falhas lístricas (azul). 56
Figura 4.4 – Falhas lístricas localizadas na cava este. 56
Figura 4.5 – Falhas lístricas localizadas na cava norte. 57
Figura 4.6 – Falhas lístricas localizadas na cava sul. 57
Figura 4.7 – Falhas lístricas interceptando a cava econômica final da mina. 58
Figura 4.8 – Vista em planta mostrando os limites da cava da mina, a topografia,
as estações de mapeamento e os domínios estruturais definidos inicialmente. 60
Figura 4.9 – Estereogramas realizados segundo o tipo de mineralização para os
domínios estruturais D-1 e D-2 Legenda: FL: Falha, JN: Junta, JS: Família de
juntas, CN: Contactos, VN: Veias. 61
Figura 4.10 – Estereogramas realizados segundo o tipo de mineralização para os
domínios estruturais D-3 e D-4. Legenda: FL: Falha, JN: Junta, JS: Família de
juntas, CN: Contactos, VN: Veias, BD: Estratificação. 62
Figura 4.11 – Processo de importação das sondagens no Petrel. 63
Figura 4.12 – Arquivo ASCII well head. 63
Figura 4.13 – Arquivo ASCII well path deviation. 64
Figura 4.14 – Arquivo ASCII well log para a distribuição dos dados ao longo da
sondagem VH-01. 64
Figura 4.15 – Arquivo ASCII point well data. 65
Figura 4.16 – Sondagens mostrando a variação do RQD com a profundidade. 66
Figura 4.17 – Sondagens geomecânicos orientados mostrando informação
pontual das falhas encontradas (point well data). 66
Figura 4.18 – Superfícies importadas no Petrel: curvas de nível da topografia,
contactos litológicos (verde e rosa), cava econômica final da mina (ouro) e as
falhas lístricas (azul). 67
Figura 4.19 – Fluxograma para a geração da grelha geométrica 3D. 68
Figura 4.20 – Falhas modeladas para a divisão em domínios estruturais (as
falhas têm como limite superior e inferior a topografia e o plano horizontal de
cota de elevação 4600 m. respectivamente). 69
Figura 4.21 – Vista em planta do Pillar gridding mostrando as falhas geológicas
geradas anteriormente. 69
Figura 4.22 – Geração de horizontes. 70
Figura 4.23 – Horizontes definidos: topografia (marrom), contacto pré-mineral –
mineral (verde), contacto mineral – pós-mineral (rosa) e fundo do modelo (azul
claro). 70
Figura 4.24 – Camadas geradas para cada zona. 71
Figura 4.25 – Grelha 3D mostrando as zonas (mineral, pré-mineral e pós-
mineral) e também os domínios do modelo (vermelho e azul). 71
Figura 4.26 – Estereogramas mostrando os pólos dos domínios estruturais para
a zona mineralizada. 73
Figura 4.27 – Sondagens VH-01, VH-02 e VH-03 mostrando os tadpoles das
fraturas e os estereogramas a cada 50 metros. 73
Figura 4.28 – Filtragem dos pólos das fraturas para o domínio “1 & 2” definidos
anteriormente no programa Dips 3.5 74
Figura 4.29 – Fraturas mostradas na seção do poço junto ao registro cumulativo
das fraturas e a intensidade de fraturas. As linhas vermelhas mostram a janela
usada para o calculo da intensidade. A intensidade no ponto vermelho é
calculada como a gradiente do registro cumulativo entre os outros dois pontos
vermelhos no registro cumulativo (separado pelo comprimento da janela). 75
Figura 4.30 – Registros das intensidades de fraturas para cada família de
fraturas para as sondagens VH-01 e VH-02. 76
Figura 4.31 – Upscaling dos dados de intensidade das fraturas nas nove
sondagens geomecânicas orientadas. 77
Figura 4.32 – Análise de dados da intensidade de fraturas para a zona mineral.
Mostra-se o histograma final com a forma de uma distribuição normal. 79
Figura 4.33 – Semivariograma mostrando os parâmetros (de Camargo, 1997) 80
Figura 4.34 – Anisotropia geométrica. 81
Figura 4.35 – Variograma da intensidade de fraturas na maior direção. 81
Figura 4.36 – Variograma da intensidade de fraturas na direção vertical. 82
Figura 4.37 – Janela para realizar o Petrophysical modeling para a intensidade
de fraturas (P32) na zona mineral para o domínio “3 & 4” 83
Figura 4.38 – Distribuição espacial estimada da intensidade de fratura (P32) 83
Figura 4.39 – Rede de fraturas da família (1) geradas para a zona mineral e nos
domínios “3 & 4”. 86
Figura 4.40 - Rede de fraturas da família (2) geradas para a zona mineral e nos
domínios “3 & 4”. 86
Figura 4.41 – Rede de fraturas geradas para os domínios “1 & 2” e “3 & 4” e as
zonas Mineral e Pré-mineral. 87
Figura 4.42 – Seção transversal Oeste - Este a utilizar para a análise de
estabilidade de taludes. 87
Figura 5.1 – Componentes usados para a geração do SRM (Synthetic Rock
Mass) 89
Figura 5.2 – (a) Conjunto de partículas representando a rocha intacta (b) Ligação
paralela (c) Contacto entre duas partículas. (b) e (c) de Potyondy e Cundall,
2004. 92
Figura 5.3 – Amostra sintética formado por 5071 partículas que representa o tufo
mineralizado. 93
Figura 5.4 – Amostras sintéticas com diferentes Rmax/Rmin (Rrat). 94
Figura 5.5 – Sensibilidade dos micro-parâmetros Rmin e Rmax/Rmin. 95
Figura 5.6 – Amostras quadradas utilizadas para ver a influência do tamanho da
amostra. 96
Figura 5.7 – Simulação do ensaio biaxial (Pressão de confinamento = 4 Mpa). 96
Figura 5.8 – Resultado do Módulo de Young obtido para 10 realizações para
cada amostra (Rmin = 1.0 mm). 97
Figura 5.9 – Resultados do coeficiente de Poisson obtido para 10 realizações
para cada amostra (Rmin=1 mm). 97
Figura 5.10 – Resultados da resistência à compressão obtida para 10
realizações para cada amostra (Rmin= 1 mm). 98
Figura 5.11 – Resultados do Módulo de Young obtido para 10 realizações para
cada amostra (Rmin = 0.5 mm). 99
Figura 5.12 – Resultados do coeficiente de Poisson obtido para 10 realizações
para cada amostra (Rmin = 0.5 mm). 99
Figura 5.13 – Resultados da resistência à compressão pico obtida para 10
realizações para cada amostra (Rmin = 0.5 mm). 100
Figura 5.14 – Histogramas das propriedades mecânicas calculadas usando o PFC. 100
Figura 5.15 – Coeficiente de variação das macro-propriedades para Rmin =0.5
mm e Rrat= 2.0). 101
Figura 5.16 – Efeito da escala na resistência à compressão uniaxial em rocha
intacta (modificado de Hoek e Brown, 1980). 102
Figura 5.17 – Efeito da escala na resistência à compressão uniaxial em rocha
intacta (Yoshinaka et al., 2008) junto com a curva de Hoek e Brown (1980)
(Adaptado de Pierce et al., 2009). 103
Figura 5.18 – Representação das descontinuidades (cor vermelho) reduzindo as
micro-propriedades de resistência e rigidez. 105
Figura 5.19 – (a) Representação da junta, e (b) amostra 2D baixo ação da
gravidade é quebrada pela descontinuidade (as partículas vermelhas são fixas) –
grandes movimentos por cisalhamento resultam na criação de novos contactos
smooth – joint ao longo do plano da junta. (Modificado de Mas Ivars, 2008). 106
Figura 5.20 – (a) Modelo de contacto padrão (deslocamento normal e tangencial
respeito à orientação do contacto), (b) movimento da partícula com contacto
padrão quando submetido à força lateral, (c) Modelo de contacto Smooth-joint
(deslocamento normal e tangencial respeito à orientação da junta), (d)
movimento da partícula com o modelo de contacto smooth-joint quando
submetido à força lateral. 106
Figura 5.21 – Operações quando o modelo smooth-joint é criado 107
Figura 5.22 – Micro-propriedades do modelo de contato smooth-joint (juntas com
e sem ligação) 108
Figura 5.23 – Amostra de ensaio para o cisalhamento direto. 109
Figura 5.24 – Resultados do ensaio de cisalhamento direto realizado. 109
Figura 6.1 – Seção de análise e cava final econômica da mina. 111
Figura 6.2 – Seção mostrando o talude que vai ser analisado. 111
Figura 6.3 – Métodos para calcular o fator de segurança no SRM segundo o
modo de ruptura do talude (Em vermelho o método utilizado para calcular o fator
de segurança). 113
Figura 6.4 – Ilustração de dois tijolos separados para ver como encaixam
perfeitamente. A localização da partícula controladora no tijolo da esquerda é
idêntica à associada escrava no lado direito. (Modificado de Billaux, Dedecker &
Cundall, 2004). 114
Figura 6.5 – Procedimento de geração do material (a) Conjunto de partículas
depois da geração inicial, mas antes do rearranjo; (b) Distribuição dos contatos
de força depois da etapa (2); (c) partículas flutuantes (com menos de 3 contatos)
e contatos depois da etapa (2); (d) ligação paralela depois da etapa (4). 116
Figura 6.6 – Modelo de rocha intacta formado por tijolos de partículas. 117
Figura 6.7 – Gráfica das tensões principais 118
Figura 6.8 – Evolução das tensões para atingir as tensões in situ. 119
Figura 6.9 – Campo de deslocamentos finais do conjunto de partículas, círculo
de medição de tensão (de cor vermelho) 119
Figura 6.10 – Instalação das descontinuidades explicitamente utilizando o
modelo Smooth- Joint. 120
Figura 6.11 – Primeira etapa da escavação do maciço rochoso (15 metros de
escavação). 121
Figura 6.12 - Quarta etapa da escavação do maciço rochoso (60 metros de
escavação). 121
Figura 6.13 – Talude rochoso mostrando os pontos de monitoramento e círculos
de medição de tensões. 122
Figura 6.14 – Etapa 1 da escavação mostrando as forças de compressão (azul)
e tração (vermelho). 123
Figura 6.15 – Etapa 2 da escavação mostrando as forças de compressão (azul)
e tração (vermelho). 123
Figura 6.16 – Etapa 3 da escavação mostrando as forças de compressão (azul)
e tração (vermelho). 124
Figura 6.17 – Etapa 4 da escavação mostrando as forças de compressão (azul)
e tração (vermelho). 124
Figura 6.18 – Etapa 5 da escavação mostrando as forças de compressão (azul)
e tração (vermelho). 124
Figura 6.19 – Etapa 1 da escavação mostrando os deslocamentos no talude. 125
Figura 6.20 – Etapa 2 da escavação mostrando os deslocamentos no talude. 125
Figura 6.21 – Etapa 3 da escavação mostrando os deslocamentos no talude. 126
Figura 6.22 – Etapa 4 da escavação mostrando os deslocamentos no talude. 126
Figura 6.23 – Etapa 5 da escavação mostrando os deslocamentos no talude. 126
Figura 6.24 – Forças não balanceadas média. 127
Figura 6.25 – Monitoramento na crista do talude (Velocidade x). 127
Figura 6.26 – Monitoramento na metade talude (Velocidade x). 128
Figura 6.27 – Monitoramento no pé do talude (Velocidade x). 128
Figura 6.28 – Monitoramento das tensões (sxx, syy, sxy) no círculo 4. 128
Figura 6.29 – Monitoramento das tensões (sxx, syy, sxy) no círculo 5. 129
Figura 6.30 – Monitoramento das tensões (sxx, syy, sxy) no círculo 6. 129
Figura 6.31 – Forças não balanceadas média. 129
Figura 6.32 – Monitoramento na crista do talude (Velocidade x, y). 130
Figura 6.33 – Monitoramento na metade do talude (Velocidade x, y) 130
Figura 6.34 – Monitoramento no pé do talude (Velocidade x, y). 130
Figura 6.35 – Monitoramento das tensões (sxx, syy, sxy) no círculo 4. 131
Figura 6.36 – Monitoramento das tensões (sxx, syy, sxy) no círculo 5. 131
Figura 6.37 – Monitoramento das tensões (sxx, syy, sxy) no círculo 6. 131
Figura 6.38 – Forças não balanceadas média. 132
Figura 6.39 – Monitoramento na crista do talude (Velocidade x, y). 132
Figura 6.40 – Monitoramento na metade do talude (Velocidade x, y). 133
Figura 6.41 – Monitoramento no pé do talude (Velocidade x, y). 133
Figura 6.42 – Monitoramento das tensões (sxx, syy, sxy) no círculo 4. 133
Figura 6.43 – Monitoramento das tensões (sxx, syy, sxy) no círculo 5. 134
Figura 6.44 – Monitoramento das tensões (sxx, syy, sxy) no círculo 6. 134
Figura 6.45 – Talude do maciço rochoso fraturado (do equilíbrio até a ruptura) –
Parte 1 135
Figura 6.46 – Talude do maciço rochoso fraturado (do equilíbrio até a ruptura) –
Parte2 135
Lista de tabelas
Tabela 3.1 – Resultados dos ensaios de propriedades físicas 42
Tabela 3.2 – Resultados dos ensaios de carga pontual. 43
Tabela 3.3 – Resultados dos ensaios de compressão uniaxial (UCS) 44
Tabela 3.4 – Resultados dos ensaios triaxiais. 44
Tabela 3.5 – Resultados dos ensaios de cisalhamento direto nas juntas
simuladas e naturais. 45
Tabela 5.1 – Micro-parâmetros utilizados no modelo para Rmin = 0.35 mm. 94
Tabela 5.2 – Resultados da calibração. 95
Tabela 5.3 – Micro-propriedades para a amostra de 2.5 x 4.65 m. 104
1 Introdução
1.1. Definição do problema
A configuração geométrica de uma mina a céu aberto é de suma
importância já que pode gerar problemas econômicos, operativos, sociais, etc.
Os desenhos dos taludes devem, portanto, ser estáveis durante a vida útil da
mina, incluindo as etapas de fechamento e restauração da mina.
Chama-se ângulo ótimo de um talude ao ângulo estável para um nível de
segurança imposto pela mina segundo diversos fatores como: a escala do talude
(bancada, Inter-rampa, global), as conseqüências da ruptura (econômicas,
sociais, políticas regulatórias), etc.
Se o ângulo do talude for menor que o ângulo ótimo, vai significar um
maior gasto no volume de escavação, transporte e tratamento do material
escavado. Por exemplo, se tem calculado que para um talude de 50 º e uma
altura de 500 m. o incremento de 1º no talude resulta numa redução de
aproximadamente 3600 m3 (900 toneladas) de escavação por metro de
comprimento (Read & Stacey, 2009). Se o ângulo do talude for maior que o
ângulo ótimo (estável), o talude pode sofrer deformações excessivas fazendo o
talude instável e perigoso, pudendo afetar as operações da mina, inclusive com
perdas de equipamentos e/ou humanas no caso de uma falha do talude.
Para taludes rochosos fraturados, nos quais as feições estruturais podem
ter um papel importante no mecanismo de ruptura, a superfície de falha pode
passar tanto pela rocha intacta como pelas descontinuidades. Os métodos de
equilíbrio limite e de elementos finitos não representam bem o comportamento
destes maciços rochosos, já que não permitem representar um grande número
de descontinuidades.
Introdução 21
Figura 1.1 - Elementos geométricos típicos encontrados nos taludes de mina a céu
aberto.
Os sistemas de fraturas no maciço rochoso são geometricamente
complexos. A quantidade e qualidade da informação dos parâmetros
geométricos, que são obtidos principalmente do mapeamento de afloramentos
rochosos em áreas limitadas e de perfis das sondagens de diâmetros e
profundidades limitadas, contêm um grande grau de incerteza.
Para reduzir essa incerteza, a representação das estruturas de menor
escala do maciço rochoso é realizada utilizando o modelo estocástico Discrete
Fracture Network (DFN) assumindo que os parâmetros geométricos das fraturas
são estatisticamente distribuídos (Priest, 1993). A incerteza pode ser reduzida
quando um número de realizações no DFN, baseado na função de distribuição
probabilística dos parâmetros, são usados para modelar e simular o
comportamento mecânico do maciço rochoso fraturado.
O método dos elementos discretos (DEM) apresentado por (Cundall &
Strack, 1979) descreve o comportamento mecânico de um conjunto de partículas
rígidas em forma de discos (2D) ou em forma de esferas (3D), unidos mediante
contatos que podem ser quebrados. O método está baseado em um esquema
numérico explícito no qual a interação das partículas é monitorada contato por
contato e o movimento das partículas é modelado partícula por partícula. Este
método tem a capacidade de modelar tanto as rochas intactas como as
descontinuidades, assim como permitir a propagação das fraturas existentes e a
Introdução 22
criação de novas fraturas. Devido à capacidade do método, a análise de
estabilidade de taludes foi realizada utilizando o programa PFC2D.
1.2. Objetivo do trabalho
A primeira parte do estudo tem por objetivo caracterizar o depósito de
minério considerando a geologia e as estruturas de grande escala e de menor
escala encontrada no depósito. Para as estruturas de menor escala se utilizou a
modelagem estocástica das fraturas usando o método DFN (Discrete Fracture
Network). Utilizou-se o programa computacional Petrel 2010.1 para a
modelagem da rede de fraturas. Também se modelaram as falhas de maior
escala (determinísticas) encontradas no depósito (falhas lístricas) assim como a
modelagem dos contatos entre as diferentes litologias encontradas no depósito.
A segunda parte tem por objetivo a análise da estabilidade de taludes
usando a metodologia numérica SRM (Synthetic Rock Mass) tomando em conta
o Volume Elementar Representativo (VER), que é definida como o volume
mínimo de uma região de amostragem a partir do qual as propriedades
mecânicas e hidráulicas permanecem essencialmente constantes (Long et al.,
1982), ver figura 1.2.
Utilizou-se o PFC2D (Itasca, 2008) como a ferramenta numérica básica para
mostrar a metodologia a seguir. Esta metodologia SRM permite a modelagem
explícita da rede de fraturas do maciço rochoso.
Figura 1.2 - Conceito do Volume Elementar Representativo (VER): (Hudson & Harrison,
1997).
Introdução 23
1.3. Estrutura da pesquisa
Para dar uma visão geral da dissertação, se mostram os diagramas de
fluxo do método SRM (Figura 1.3) e seus componentes principais: DFN (Figura
1.4) e PFC (Figura 1.5). A seguir também se apresenta uma descrição breve de
cada capítulo.
A primeira parte apresenta a definição do problema na estabilidade de
taludes rochosos, continua no capítulo 2 com uma revisão da literatura
mostrando as técnicas disponíveis para caracterizar o comportamento do maciço
rochoso fraturado para identificar algumas deficiências das metodologias
praticadas na atualidade e para justificar o desenvolvimento da presente
pesquisa assim como para saber que fatores precisam ainda ser desenvolvidos
no futuro.
No capítulo 3 se apresenta a descrição do modelo geológico, que permite
ter uma melhor compreensão da formação do depósito, e caracterizar as
diferentes litologias, sua distribuição e natureza no depósito. No capítulo 4 se
apresenta o desenvolvimento do modelo estrutural, que inclui a modelagem de
falhas determinísticas encontradas no depósito (falhas lístricas), assim como a
modelagem de falhas menores que pela sua natureza e o seu número são
representadas estocasticamente mediante o bem conhecido Discrete Fracture
Network (DFN).
No capítulo 5 se apresenta os componentes que formam o SRM, a
representação da rocha intacta por meio do Bonded Particle Model (Potyondy &
Cundall, 2004) e os defeitos estruturais do maciço rochoso gerado pelo Discrete
Fracture Network (DFN) e inserido no SRM mediante o Smooth-Joint Contact
Model (SJM).
No capítulo 6 se apresenta a criação do talude para analisar e os
resultados da análise de estabilidade de algumas seções críticas. As conclusões
e sugestões para futuras pesquisas são apresentadas no capítulo 7.
Introdução 24
Figura 1.3. Diagrama de fluxo do método SRM.
Figura 1.4 – Diagrama de fluxo do método DFN.
Introdução 25
Figura 1.5 – Diagrama de fluxo do PFC.
2 Revisão da Literatura
O maciço rochoso é constituído pela rocha intacta e pelas
descontinuidades. O comportamento mecânico do maciço depende desses dois
componentes. O termo descontinuidades inclui fraturas, fissuras, juntas, planos
de estratificação, planos de clivagem e falhas. No presente trabalho usaremos o
termo junta para designar descontinuidades pré-existentes e o termo fratura para
novas descontinuidades formadas.
As juntas típicas encontradas no maciço rochoso têm uma resistência
menor que a rocha intacta, como conseqüência, sua presença dá menor
resistência ao maciço rochoso (Figura 2.1). Em geral, as juntas naturais têm uma
orientação preferencial originando uma resposta anisotrópica. As juntas também
induzem o efeito de escala, na qual a resistência de uma região diminui com o
incremento do tamanho até o ponto de atingir o Volume Elementar
Representativo, definido no capítulo anterior.
Estimar o comportamento mecânico de um maciço rochoso é um dos
maiores desafios no projeto de estruturas de engenharia em rochas moderada
ou fortemente fraturadas.
Figura 2.1 – Curva tensão – deformação de rocha intacta e do maciço rochoso
Revisão da Literatura 27
Para avaliar o comportamento do maciço rochoso, o ideal seria fazer
diversos ensaios no laboratório de grandes volumes de rocha com diferentes
tamanhos e configurações de juntas, submetidos a diversos níveis de tensões e
seguindo diferentes trajetórias de tensões. Um programa experimental de esse
tipo seria inviável devido ao tamanho requerido para o equipamento do ensaio
de laboratório e os custos envolvidos. Realizando ensaios in situ sobre grandes
volumes de rocha, embora tecnicamente possível, têm elevados custos e não
são suficientemente grandes, e freqüentemente tem incertezas relacionadas ao
controle das condições de contorno e interpretação de resultados (Bieniawski,
1978).
Devido à grande dificuldade de avaliar o comportamento do maciço
rochoso em ensaios de laboratório como em ensaios in situ, foram desenvolvidos
sistemas de classificações empíricas do maciço rochoso, baseadas em
observações de campo (Bieniawski, 1978; Barton et. al., 1974; Barton, 2002;
Hoek & Brown, 1997; Palmstrom, 1996a; Palmstrom, 1996b).
Os sistemas de classificação do maciço rochoso foram desenvolvidos para
seu uso na engenharia civil e de minas, baseadas na compilação de casos
históricos. Há um grande número de sistemas de classificações desenvolvidos
para propósitos gerais, mas também para aplicações específicas e se deve ter
cuidado de seu correto uso. Os sistemas de classificação consideram diversos
fatores, relacionados freqüentemente às descontinuidades como o número de
famílias de juntas, distância de junta, rugosidade, alteração, preenchimento das
juntas, condições de água subterrânea e algumas vezes também a resistência
da rocha intacta e magnitude de tensões. A classificação do maciço rochoso é
um método indireto e não mede as propriedades mecânicas como o módulo de
deformação diretamente. O resultado é uma estimativa da estabilidade
quantificada e referido em termos subjetivos como: Muito pobre, pobre, regular,
bom, muito bom. O valor obtido por algum sistema de classificação é usado para
estimar e calcular a resistência do maciço rochoso usando um critério de falha,
também é usado para estimar o suporte necessário na rocha.
Os sistemas de classificação do maciço continuam evoluindo e
recentemente Cai et al. (2004; 2007) apresento um novo sistema, baseado no
Geological Strength Index (Hoek, 1994; Hoek et al. 1995) que toma em
consideração as estruturas das juntas e a condição de superfície das juntas em
uma maneira quantitativa e permite a determinação dos parâmetros de
resistência residual de um maciço rochoso fraturado.
Revisão da Literatura 28
Apesar do fato que os sistemas de classificação do maciço rochoso são
muito usados na engenharia, a sua capacidade para representar a anisotropia
(devido às orientações preferenciais das estruturas) e o efeito de escala (devido
ao efeito misturado de persistência e densidade) é limitada.
Para estimar as propriedades macroscópicas do maciço rochoso também
se têm desenvolvido soluções analíticas, considerando a rocha como uma
combinação de dois componentes: a rocha intacta e as juntas. Portanto, o
comportamento global do maciço fraturado depende da resposta de cada
componente (rocha intacta e juntas). A maioria das soluções analíticas foi
desenvolvida para sistemas de juntas de forma simples, persistentes e
ortogonais. Alguns dos casos mais citados são: maciço rochoso com um sistema
de fraturas simples como rocha estratificada (Salamon, 1968), maciços rochosos
com descontinuidades ortogonais (Amadei & Goodman, 1981) e maciços
rochosos com descontinuidades aleatórias (Fossum, 1985).
As soluções analíticas não permitem considerar a redistribuição de tensões
devido à existência de descontinuidades, já que se o maciço rochoso não tivesse
descontinuidades (só estivesse formado por rocha intacta) a distribuição de
tensões seria uniforme, em quanto a presença de descontinuidades gera áreas
de concentração de tensões que pode ter uma importância significativa no
comportamento mecânico do maciço rochoso. Assim as interseções das
descontinuidades ou as zonas mais fraturadas são em geral regiões com os
maiores gradientes de tensão, deformação e, porém as zonas onde começam as
falhas.
Tem-se realizado também modelos no laboratório mostrando os complexos
modos de falha em maciços rochosos fraturados assim como também a
complexa distribuição de tensões internas inclusive para sistemas simples de
descontinuidades. Alguns destes ensaios são os de Brown, 1970a; Brown,
1970b; Kulatilake et al. 1997; Singh et al. 2002; Twaria e Rao, 2006.
Embora os métodos de equilíbrio limite sejam simples de usar e tenham
sido bem adaptados para a análise de estabilidade de taludes em maciços
rochosos fraturados, não podem representar a deformação e deslocamentos em
um maciço rochoso, este problema tem sido bem solucionado pelos métodos
numéricos que podem modelar muitas condições complexas encontradas nos
taludes rochosos como comportamento não linear, anisotropia e mudanças na
geometria.
Revisão da Literatura 29
Os modelos numéricos dividem a rocha em elementos, para cada
elemento é atribuída uma relação tensão-deformação idealizada e propriedades
que descrevem o comportamento do material. Os elementos podem ser
conectados em um modelo contínuo ou podem ser separados por
descontinuidades em um modelo descontínuo.
Os métodos contínuos consideram que o material é contínuo através de
todo o corpo. Para taludes rochosos fraturados, o maciço deve ser representado
por um material contínuo equivalente no qual vai ser afetado pelas
descontinuidades, que em geral a sua presença no maciço diminui a sua
resistência e as propriedades elásticas do maciço. O modelo numérico divide o
maciço rochoso em elementos e para cada elemento se atribui um modelo de
material e as propriedades do material. Os modelos do material são as relações
constitutivas idealizadas de tensão-deformação que descrevem o
comportamento do maciço. O modelo mais simples é o modelo linear elástico
que usa só as propriedades elásticas do material (Módulo de Young e coeficiente
de Poisson). Este modelo usa geralmente os parâmetros de resistência de Mohr-
Coulomb para limitar a resistência cisalhante que cada elemento pode suportar.
O outro critério de falha para maciço rochoso bem usado é o de Hoek-Brown.
Este critério tem sido usado indiretamente encontrando os parâmetros de
resistência de Mohr-Coulomb equivalentes que fornece uma superfície de falha
tangente ao critério de falha de Hoek-Brown para um intervalo de tensões de
confinamento.
Devido a que o maciço rochoso é em essência um meio descontínuo, os
modelos descontínuos permitem obter uma boa compreensão do
comportamento já que estão concebidos especificamente para modelar falhas e
juntas (descontínuos), assim como simular os complexos modos de fraturamento
e falha. É relativamente recente o desenvolvimento de modelos numéricos
baseado na mecânica da partícula e com os notáveis avanços computacionais,
estes modelos têm ganhado confiabilidade e grande uso na mecânica das
rochas devido à análise detalhada do comportamento complexo.
Nós últimos anos, os métodos descontínuos baseados nos métodos dos
elementos discretos (DEM) usando os programas UDEC (Itasca, 2009) e 3DEC
(Itasca, 2008c) têm sido usados para caracterizar o comportamento do maciço
rochoso (Kulatilake et al. 1993; Min e Jing, 2003; Min 2004; Baghbanan 2008). A
modelagem explícita das descontinuidades não persistentes em UDEC e 3DEC
pode ser um processo difícil e demorado se o número de descontinuidades for
grande.
Revisão da Literatura 30
Uma das características dos programas de modelos numéricos, como
UDEC, é que os resultados estão influenciados segundo o modelo constitutivo
especificado pelo usuário para a rocha intacta e para as descontinuidades.
Recentemente, se têm desenvolvido códigos numéricos avançados que
permitem melhorar a modelagem de taludes rochosos fraturados. Os códigos
são ELFEN (Rockfield, 2001) e PFC2D (Itasca, 2008), e seu equivalente PFC3D
(Itasca, 2008).
ELFEN é um modelo numérico híbrido que incorpora a análise de
elementos finitos-discretos (FEM-DEM). No inicio o programa foi desenvolvido
para a modelagem dinâmica de carga de impacto em materiais frágeis como
cerâmicas, pero que tem aumentado seu uso em mecânica das rochas, como a
aplicação para análise 2D de superfície de subsidência associado à caverna de
mineração (Vyazmensky et al. 2007; Vyazmensky et al. 2008). ELFEN tem a
capacidade de simular o comportamento do meio fraturado com a representação
explícita das juntas. Também permite a propagação de fraturas segundo o
critério de falha especificado através de modelos constitutivos macro mecânicos
como os critérios de falha de Mohr-Coulomb, Drucker Prager ou Rankine. Em
algum ponto da análise o modelo constitutivo adotado predisse a formação de
uma banda de falha dentro de um elemento simples ou entre elementos. A
capacidade de carga da banda de falha diminui até zero quando o dano aumenta
até que a energia necessária para formar uma fratura discreta é liberada. Neste
ponto a topologia da grelha é atualizada e iniciando a propagação da fratura
dentro de um contínuo e eventualmente resultando na formação de um elemento
discreto como um fragmento de rocha (Ver Figura 2.2).
Figura 2.2 – Formação de fratura no ELFEN (a) Estado inicial; e desenvolvimento da
fratura (b) através do elemento ou (c) ao longo do contorno do elemento (Modificado de
Yu,1999).
Revisão da Literatura 31
Usando uma combinação da função de escoamento de Mohr-Coulomb
com a tensão de corte, (Crook, Willson, Yu, & Owen, 2003) pode se modelar
fraturas frágeis e fraturas dúcteis.
PFC2D (Itasca, 2008) e PFC3D (Itasca, 2008) são códigos de elementos
distintos que representam a rocha como um conjunto de partículas rígidas
ligadas com contatos deformáveis que podem se quebrar. Este conjunto de
partículas pode ser usado para simular o comportamento de um maciço rochoso
na qual a superfície de falha pode passar por uma falha, junta ou pela rocha
intacta. Neste modelo não se requer de um critério de falha baseado na macro–
mecânica devido a que o comportamento mecânico do maciço rochoso está
governado pelo crescimento e eventual coalescência de micro trincas em
fraturas macroscópicas quando o carregamento é aplicado. O PFC tem mostrado
capacidade para reproduzir a essência e mais sutis características da iniciação e
propagação de fraturamento em rochas e maciços rochosos (Potyondy &
Cundall, 2004).
Kulatilake et al. (2001) demonstraram o uso do PFC3D para modelar o
comportamento de maciços de rocha fraturados baixo carregamento uniaxial. A
geometria do modelo foi relativamente simples, com poucas juntas persistentes
em uma amostra de escala de laboratório. (Park et al., 2004) criou um modelo
em 2D de um maciço rochoso altamente fraturado em PFC2D incorporando mais
de 100 juntas não persistentes de uma rede discreta de fraturas (DFN) em um
bloco de 30 x 30 m. Os resultados obtidos mostraram uma boa representação,
permitindo medidas diretas da resistência e fragilidade do maciço, assim também
demonstraram a influência do número de juntas no amolecimento por
deformação (strain-softening) do maciço, cambiando de frágil a dúctil com o
aumento no número de juntas.
O presente trabalho apresenta o método do Maciço Rochoso Sintético
(SRM). Este método está baseado no método dos elementos distintos,
desenvolvido no PFC2D (Itasca, 2008b) e pode ser usado para caracterizar
maciços rochosos fraturados e avaliar o seu comportamento.
Este método recente está conformado por duas técnicas bem
estabelecidas: Bonded Particle Model (BPM) para a simulação do
comportamento da rocha intacta (Potyondy & Cundall, 2004) e o Discrete
Fracture Network (DFN) para a modelagem das descontinuidades de menor
escala.
Revisão da Literatura 32
Está técnica será usada para a análise de estabilidade do talude rochoso
de uma mina a céu aberto no Peru, na qual se tem informação geomecânica de
nove sondagens geomecânicos e 50 estações de mapeamento em afloramentos.
3 Modelo Geológico
Um dos componentes mais importantes para a caracterização do maciço
rochoso é o modelo geológico. O objetivo do modelo geológico é compreender
os eventos geodinâmicos que aconteceram no depósito, a partir dos dados
obtidos de: sondagens, mapeamentos superficiais, características regionais, tipo
de depósito para poder avaliar a distribuição e natureza dos solos e rochas e
finalmente, caracterizar a geologia à escala da mina.
No modelo geológico é importante descrever propriamente o cenário físico
do projeto, já que muitas minas estão localizadas em ambientes de climas
severos e processos geomorfológicos relacionados que têm influência nas
características da mina como a alteração e o intemperismo do depósito. Outro
aspecto importante é reconhecer as principais características geomecânicas dos
diferentes tipos de depósitos. Alguns dos tipos de depósitos de minério
comumente encontrados são:
Depósitos Porfiríticos.
Depósitos Epitermais.
Depósitos de Skarn.
Depósitos de Sulfetos Massivos Vulcanogênicos (VMS).
No caso da presente dissertação o tipo de depósito é porfirítico com uma
profundidade de aproximadamente 500m. Os depósitos epitermais se
caracterizam por se formar a pequenas profundidades, tipicamente dentro de 1
km da superfície da terra em áreas vulcânicas. Eles são produto de atividades
hidrotermais de baixa temperatura (50-300oC) geradas por intrusões sub-
vulcânicas. Entre os atributos que mais influenciam a estabilidade de taludes são
o alto grau de fraturamento e alteração, fazendo com que o modo de falha possa
estar influenciado pelas estruturas.
Uma vez que as características regionais têm sido estabelecidas, cada tipo
de rocha no site do projeto deve ser subdividido em unidades ou domínios
baseados em uma combinação das seguintes características (Read & Stacey,
2009):
Modelo Geológico 34
Tipo de rocha (litologia);
Estruturas maiores;
Mineralização;
Alteração, incluindo os eventos de pré- e pós-mineralização;
Intemperismo;
Propriedades geomecânicas.
Embora nunca se tenham registrado falhas em minas de grande escala
devido à atividade sísmica, é recomendável tomar em conta os seus efeitos se a
mina está localizada em uma região sismicamente ativa, especialmente se há
depósitos de solos moles.
3.1. Geologia Regional
O projeto está localizado na cordilheira Sul Oriental dos Andes no Peru
(Ver Figura 3.1). A superfície do terreno varia aproximadamente entre os 4600 e
5100 msnm. A região está caracterizada por uma topografia irregular, com
diferentes níveis de erosão. A configuração topográfica se deve provavelmente à
diferença litológica, assim como aos processos geodinâmicos externos e
internos como, por exemplo, a atividade glacial apresentada na zona que leva à
formação de vales com forma típica de “U”.
Figura 3.1 – Localização do depósito de minério, observa-se os alinhamentos regionais
com uma orientação predominante NO-SE (Google Earth).
Modelo Geológico 35
O projeto se encontra dentro de cadeias vulcânicas na escala regional, e
a zona é considerada de sistemas minerais de baixa sulfetação, outra
característica do depósito é que a mineralização está albergada em veias,
brechas e stockworks. Estas características são comuns nos depósitos
epitermais. A geologia está constituída por seqüências sedimentares e
vulcânicas, estás unidades estão cortadas por estruturas conformadas por
sistemas de fraturas e falhas.
3.2. Geologia Local
Desde o ponto de vista estratigráfico, o depósito está caracterizado
principalmente por tufos, que têm sido depositados sobre uma seqüência de
rochas sedimentares como xisto e arenito aparentemente não mineralizado.
Todas as rochas estão cobertas de depósitos fluvioglaciais e coluviais.
Existem duas seqüências de tufos vulcânicos, uma antes da mineração
(pré-minério) e outra depois do processo de mineração (pós-minério). Os tufos
pós-minerais estão caracterizados por afloramentos rochosos com encostas
íngremes. Os tufos pré-minerais têm declive suave que possuem solos residuais.
Segundo a interpretação geológica do depósito de minério, durante a
deformação regional uma antiforma se desenvolveu e se curvaram os
sedimentos mais plásticos. Os tufos vulcânicos foram mais frágeis, assim a sua
deformação deu origem às falhas lístricas, que mergulham longe do eixo
antiforma. Algumas áreas, imediatamente acima das falhas lístricas se tornaram
brechadas. Estás áreas se tornaram hospedeiras para a mineralização posterior,
quando os fluidos hidrotermais passaram pelas fraturas e falhas. Um esboço
gráfico da interpretação geológica incluindo as falhas lístricas se apresenta na
figura 3.2. A figura mostra como se formou o depósito ao longo do tempo numa
seção transversal de direção SO-NE.
Modelo Geológico 36
Figura 3.2 – (A) Depósitos de sedimentos e tufos (Tufos pré mineralizados). A linha
vermelha é a topografia atual, (B) Formação das falhas lístricas principais no depósito de
tufos, (C) Formação das falhas lístricas secundárias (opostas à orientação das falhas
lístricas principais, (D) Brecha mineralizada nas falhas lístricas principais, (E) Seqüência
de tufos após a mineralização (Tufos pós mineralizados), (F) Perfil geológico atual
idealizado após os processos de erosão.
3.3. Dados de entrada para a modelagem
Os dados de entrada para a modelagem geológica foram obtidos da
informação da mina obtida nas etapas de exploração. Realizaram-se 502
sondagens e se obtiveram dados como: litologia, alteração, RQD, ensaios
químicos, etc. Na presente dissertação se utilizaram os dados da litologia para a
modelagem dos contatos litológicos, também se usou o RQD para a sua
modelagem 3D para ter uma idéia do grau de fraturamento dentro do depósito.
A maior parte das sondagens está localizada dentro dos limites da mina e
tem uma orientação SO-NE. Algumas sondagens não foram utilizadas na
modelagem por estar localizadas fora dos limites da área de estudo.
No ano 2007 e 2008 se realizou um programa de investigação de campo,
este programa consistiu no seguinte:
Informação geomecânica detalhada registradas em nove
sondagens inclinadas, o total do programa de perfuração foi de
2246 m.
Modelo Geológico 37
Mapeamento estrutural em 50 estações ao longo da área em
estudo.
Registro de algumas sondagens realizadas pela mina na etapa de
exploração, para verificar a confiabilidade dos dados fornecidos.
Coleção de amostras para realizar ensaios de laboratório.
Figura 3.3 – Vista em planta das sondagens utilizadas para a modelagem geológica com
o contorno da cava econômica final da mina.
3.3.1. Topografia e cava econômica final
O levantamento topográfico foi fornecido em arquivo digital *.dwg,
contendo curvas de nível a cada 5 metros nas coordenadas geográficas UTM
(Universal Transversal de Mercator) (Figura 3.4). Também se forneceu a cava
econômica final da mina, com curvas de nível a cada 2 metros, para uma melhor
visualização se mostra a cada 10 metros na figura 3.5.
Modelo Geológico 38
Figura 3.4 – Planta topográfica com curvas a cada 5 metros, com o limite da cava
econômica final da mina.
Figura 3.5 – Vista em planta da cava econômica final da mina.
Modelo Geológico 39
3.3.2. Mapeamento geológico-estrutural
Forneceu-se o relatório Field Geological Analysis (Nelson, 2006) que
aprensenta as observações geológicas estruturais realizadas em cada uma das
zonas do depósito (Este, norte e sul). Algumas das observações são que a rocha
hospedeira do depósito é predominantemente tufo riolitico, também existem
corpos de andesita encontrados dentro de algumas veias. Explica-se o modelo
de falhas lístricas como apropriado para explicar as características estruturais
encontradas no depósito, este modelo será explicado no seguinte capítulo.
As figuras 3.6, 3.7 e 3.8 mostram os estereogramas com os pólos e/ou os
grandes círculos das estruturas mapeadas nas zonas norte, este e sul do
depósito.
Figura 3.6 – Esterogramas mostrando as estruturas encontradas no depósito Norte (A)
Juntas mostradas como grandes círculos, (B) Juntas mostradas como pólos e plano
médio dos pólos, (C) Veias mostradas como grandes círculos, (D) Veias mostradas como
pólos e plano médio dos pólos, (E) Estratos mostrados como grandes círculos (Nelson,
2006).
Modelo Geológico 40
Figura 3.7 – Estereogramas mostrando as estruturas encontradas no depósito Este. (A)
Juntas, (B) Veias e (C) Falhas (Nelson, 2006).
Figura 3.8 – Estereogramas mostrando as estruturas encontradas no depósito Sul (A)
Veias mostradas como grandes círculos, (B) Veias mostradas como pólos e plano médio
dos pólos, (C) Veias de prata mostradas como grandes círculos (Nelson, 2006).
3.3.3. Perfis de sondagem
As nove sondagens realizadas no programa de investigação de campo
foram orientadas de tal maneira que as sondagens passassem através das
paredes dos taludes e assim avaliar posteriormente sua estabilidade com
informação confiável. A localização das sondagens e a cava econômica final da
mina se mostram na figura 3.9.
Modelo Geológico 41
Os registros obtidos das sondagens contêm parâmetros geomecânicos
como:
Descrição da litologia e alteração por trechos
Dureza
RQD (Rock Quality Designation).
Freqüência de fraturas.
Condição das juntas (JCR)
Grau de alteração
Esta informação foi utilizada para classificar o maciço rochoso segundo o
RMR (Rock Mass Rating) de Bieniawski (1989).
Os registros também incluem informação detalhada para cada junta
encontrada como: orientação e mergulho da junta, material de recheio,
espessura, forma, rugosidade, etc.
Figura 3.9 – Localização das sondagens geomecânicas orientadas e cava econômica
final da mina.
Modelo Geológico 42
3.3.4. Ensaios de laboratório
O programa de laboratório em mecânica de rochas consistiu na
determinação das propriedades físicas, ensaios de carga pontual, ensaios de
compressão uniaxial e triaxial e ensaios de cisalhamento direto em juntas.
As propriedades físicas são apresentadas na tabela 3.1. Observa-se que
os tufos apresentam um peso específico entre 21 e 24 kN/m3, a rocha
sedimentar mostra um peso específico médio de 24.4 kN/m3.
Tabela 3.1 – Resultados dos ensaios de propriedades físicas
Amostra Profundidade
(m) Zona Litologia
Porosidade aparente
(%)
Absorção (%)
Peso específico aparente (kN/m3)
VH-04_M13 143.60-144.20 Mineralizada T. Andesítico 28.17 13.14 21.01
VH-04_M11 31.55-31.83 Mineralizada T. Andesítico 4.51 1.94 22.76
VH-08_M08 201.12-201.50 Mineralizada T. Andesítico 14.31 6.53 21.47
VH-09_M04 200.95-201.40 Mineralizada T. Dacítico 9.74 4.13 23.12
VH-03_M01 9.63-9.98 Mineralizada Tufo 14.47 6.75 21.00
VH-05_M07 128.34-128-90 Mineralizada T. Dacítico 12.84 5.81 21.66
VH-05_M01 17.50-17.85 Pós Mineral T. Andesítico 26.21 12.45 20.63
VH-08_M07 161.00-161.54 Pós Mineral T. Dacítico 5.52 2.27 23.80
VH-08_M06 144.50-143.97 Pós Mineral T. Dacítico 5.01 2.05 23.95
VH-06_M08 245.30-245.84 Pré Mineral T. Dacítico 10.83 4.78 22.22
VH-06_M07 225.16-225.80 Pré Mineral T. Dacítico 13.07 5.82 22.01
VH-06_M09 225.26-225.80 Pré Mineral T. Dacítico 9.40 4.06 22.68
VH-03_M05 166.67-167.07 Pré Mineral Sedimentar 1.78 0.71 24.63
VH-03_M04 159.50-159.86 Pré Mineral Sedimentar 3.96 1.60 24.25
VH-02_M10 227.96-228.42 Pré Mineral Tufo 16.02 7.22 21.75
Na tabela 3.2 se apresentam os resultados dos ensaios de carga pontual
realizados. Is(50) representa o índice de carga pontual e σc1 representa a
resistência à compressão não confinada equivalente. Para verificar os resultados
nos ensaios de carga pontual se realizaram ensaios de compressão uniaxial
(UCS) em algumas amostras que são mostradas na tabela mediante σc.
Modelo Geológico 43
Em geral os resultados entre a resistência equivalente e os ensaios de
compressão uniaxial mostram uma boa correlação, com exceção da amostra
VH-04_M05, na qual a diferença é considerável. Uma dureza média de R3 para
o tufo pós-mineral e de R2-R3 para o tufo mineral pode ser considerada na
escala do ISRM (International Society for Rock Mechanics).
Tabela 3.2 – Resultados dos ensaios de carga pontual.
Amostra Zona Litologia Profundidade
(m.) Is (50) (Mpa)
σc1 (Mpa)
σc (Mpa) ISRM
Dureza
VH-04_M01 Pós Mineral T. Dacítico 9.20-9.60 0.82 20.0 12.54 R2
VH-04_M02 Pós Mineral T. Dacítico 22.40-22.80 1.03 25.0 R2-R3
VH-04_M03 Pós Mineral T. Dacítico 26.2-26.84 1.33 32.0 24.34 R2-R3
VH-04_M04 Pós Mineral T. Dacítico 35.36-35.96 0.73 18.0 R2
VH-04_M05 Pós Mineral T. Dacítico 43.20-43.79 0.51 12.0 20.93 R2
VH-04_M06 Pós Mineral T. Dacítico 51.18-51.60 3.74 92.0 78.83 R4
VH-04_M08 Pós Mineral T. Dacítico 59.73-59.95 0.56 14.0 R2
VH-04_M09 Pós Mineral T. Dacítico 68.20-68.82 0.35 8.0 11.31 R2
VH-08_M03 Pós Mineral T. Dacítico 80.0-80.56 1.41 35.2 R3
VH-05_M03 Pós Mineral T. Andesítico 26.29 - 26.70 5.88 141.0 R5
VH-04_M16 Mineralizada T. Dacítico 187.48-188.1 0.51 13.8 R2
VH-04_M15 Mineralizada T. Dacítico 172.21-172.82 0.61 16.5 R2
VH-05_M10 Mineralizada T. Dacítico 174.75-175.33 1.97 47.3 R3
VH-06_M06 Mineralizada T. Dacítico 192.8-193.45 1.37 34.3 R3
VH-09_M03 Mineralizada T. Dacítico 180.7-181.18 1.69 42.2 R3
VH-08_M10 Mineralizada T. Andesítico 236.15-236.63 1.18 29.4 R3
VH-04_M12 Mineralizada T. Andesítico 137.1-137.6 1.37 34.3 R3
VH-02_M04 Mineralizada Tufo 116.32-116.73 0.44 11.3 R2
VH-02_M07 Mineralizada Tufo 178.24-178.87 0.87 22.7 R2
VH-01_M02 Mineralizada Tufo 41.05-41.48 0.12 3.2 R1
VH-04_M22 Pré Mineral T. Dacítico 247.62-248.1 2.39 57.3 R4
σc1: Resistência de compressão uniaxial equivalente.
σc: Resistência de compressão uniaxial real.
Is(50): Índice de carga pontual.
Os ensaios de compressão uniaxial se apresentam na tabela 3.3 que mostra
resultados similares ao ensaio de carga pontual, mostrando que uma dureza de
R3 pode ser considerada para o tufo mineral e pós-mineral.
Modelo Geológico 44
Tabela 3.3 – Resultados dos ensaios de compressão uniaxial (UCS)
Amostra Zona Litologia Profundidade
(m) σc (Mpa) ISRM
Dureza
VH-05_M01 Pós Mineral T. Andesítico 17.50-17.85 21,34 R2
VH-08_M07 Pós Mineral T. Dacítico 161.00-161.54 47,31 R3
VH-08_M06 Pós Mineral T. Dacítico 144.50-143.97 85,77 R4
VH-04_M01 Pós Mineral T. Dacítico 9.20-9.60 12,54 R2
VH-04_M03 Pós Mineral T. Dacítico 26.20-26.84 24,34 R2-R3
VH-04_M05 Pós Mineral T. Dacítico 43.20-43.79 20,93 R2
VH-04_M06 Pós Mineral T. Dacítico 51.18-51.60 78,83 R4
VH-04_M09 Pós Mineral T. Dacítico 68.20-68.82 11,31 R2
VH-04_M13 Mineralizada T. Andesítico 143.60-144.20 18,95 R2
VH-04_M11 Mineralizada T. Andesítico 31.55-31.83 22,07 R2
VH-08_M08 Mineralizada T. Andesítico 201.12-211.50 29,67 R3
VH-05_M07 Mineralizada T. Dacítico 128.34-128.90 25,84 R3
VH-09_M04 Mineralizada T. Dacítico 200.95-201.40 45,08 R3
VH-03_M01 Mineralizada Tufo 9.63-9.98 44,02 R3
VH-06_M07 Pré Mineral T. Dacítico 225.16-225.80 33,01 R3
VH-06_M08 Pré Mineral T. Dacítico 245.30-245.84 45,11 R3
VH-06_M09 Pré Mineral T. Dacítico 225.26-225.80 54,02 R4
A tabela 3.4 mostra os resultados dos ensaios triaxiais realizados nas
amostras para realizar a resistência da rocha intacta com confinamento.
Tabela 3.4 – Resultados dos ensaios triaxiais.
Amostra Zona Litologia Confinamento (Mpa)
Resistência (Mpa)
mi Ângulo atrito (°)
Coesão (Mpa)
VH-06_M01 Pós Mineral T. Dacítico 0,70 11,84
4,91 28,26 2,93 VH-09_M01 Pós Mineral T. Dacítico 1,30 13,40
VH-06_M02 Pós Mineral T. Dacítico 2,60 17,15
VH-07_M02 Pós Mineral T. Dacítico 1,00 60,51
16,70 48,86 10,07 VH-08_M04 Pós Mineral T. Dacítico 2,20 69,75
VH-07_M08 Pós Mineral T. Dacítico 4,50 85,51
VH-05_M05 Pós Mineral T. Andesítico 1,00 50,10
10,01 41,52 10,18 VH-05_M04 Pós Mineral T. Andesítico 2,20 56,19
VH-05_M02 Pós Mineral T. Andesítico 4,50 67,38
VH-05_M08 Mineralizada T. Dacítico 2,00 35,45
4,18 26,52 9,46 VH-02_M08 Mineralizada T. Dacítico 4,00 41,71
VH-04_M19 Mineralizada T. Dacítico 8,00 51,30
VH-09_M02 Mineralizada T. Dacítico 2,00 57,61
7,14 35,22 13,06 VH-07_M10 Mineralizada T. Dacítico 4,00 65,79
VH-08_M09 Mineralizada T. Dacítico 8,00 80,09
Modelo Geológico 45
Tabela 3.4 – Resultados dos ensaios triaxiais. (Continuação)
Amostra Zona Litologia Confinamento (Mpa)
Resistência (Mpa)
mi Ângulo atrito (°)
Coesão (Mpa)
VH-05_M06 Mineralizada T. Andesítico 2,00 35,09
9,62 36,01 7,11 VH-04_M10 Mineralizada T. Andesítico 4,00 44,18
VH-01_M12 Mineralizada T. Andesítico 8,00 58,51
VH-01_M04 Mineralizada Tufo 2,00 47,28
11,72 40,00 8,92 VH-01_M04 Mineralizada Tufo 4,00 57,01
VH-01_M04 Mineralizada Tufo 8,00 75,03
VH-02_M02 Mineralizada Tufo 1,20 19,79
11,17 36,85 3,86 VH-02_M03 Mineralizada Tufo 2,50 26,10
VH-01_M07 Mineralizada Tufo 5,00 35,19
VH-02_M09 Pré Mineral T. Dacítico 2,20 26,11
8,60 31,60 5,44 VH-02_M09 Pré Mineral T. Dacítico 4,50 34,61
VH-02_M09 Pré Mineral T. Dacítico 9,00 48,13
VH-02_M10 Pré Mineral Tufo 2,20 30,09
9,40 33,68 6,14 VH-02_M10 Pré Mineral Tufo 4,50 39,49
VH-02_M10 Pré Mineral Tufo 9,00 54,11
A Tabela 3.5 mostra os ensaios de cisalhamento direto realizado tanto
em juntas naturais como em juntas simuladas para obter a resistência de
cisalhamento das juntas.
Tabela 3.5 – Resultados dos ensaios de cisalhamento direto nas juntas simuladas e
naturais.
Amostra Zona Litologia Tipo de
descontinuidade
Ângulo atrito
(°)
Coesão (Mpa)
VH-05_M09 Mineralizada T. Andesítico Simulada 28.45 0.085
VH-04_M13 Mineralizada T. Andesítico Simulada 27.99 0.172
VH-06_M05 Mineralizada T. Dacítico Simulada 28.86 0.150
VH-05_M11 Mineralizada T. Dacítico Simulada 27.48 0.172
VH-01_M05 Mineralizada Tufo Simulada 29.07 0.156
VH-01_M09 Mineralizada Tufo Simulada 30.16 0.144
VH-05_M04 Pós Mineral T. Andesítico Simulada 30.70 0.082
VH-04_M07 Pós Mineral T. Dacítico Natural 30.40 0.098
VH-04_M21 Pré Mineral T. Dacítico Natural 31.76 0.116
VH-04_M20 Pré Mineral T. Dacítico Natural 31.93 0.123
Os resultados obtidos nos ensaios de propriedades físicas, nos ensaios
de compressão uniaxial e os ensaios triaxiais foram utilizados para modelar a
Modelo Geológico 46
rocha intacta posteriormente no PFC (Capítulo 5). Os ensaios de cisalhamento
direto se utilizaram para modelar as estruturas (juntas) do depósito.
3.4. Modelagem geológica
A análise geotécnica de um depósito de minério, independentemente do
método de mineração usado, depende da existência de um bom modelo
geológico. Este deve ser criado pensando nas necessidades de outros
profissionais que usaram essa informação como engenheiros geotécnicos,
engenheiros de exploração, engenheiros de minas, etc.
O modelo geológico deve ser gerado com uma quantidade apropriada de
detalhes necessários para satisfazer as necessidades dos futuros usuários. Uma
quantidade com muitos detalhes vão fazer o processo de modelagem complexo
e com uma má utilização de recursos, como o tempo requerido na coleção e no
processamento dos dados. Uma quantidade de detalhes pequena vai fazer que o
modelo seja muito simplificado.
Existem diversos tipos de modelos geológicos como o modelo de blocos,
o modelo de armação de arame (Wire frame model), o modelo de polígonos, etc.
O modelo de blocos é bem usado para estimar os graus de minério com
os dados obtidos das sondagens. No entanto, eles podem armazenar qualquer
outra característica da rocha que possa ser medida ou definida numericamente.
O modelo de armação de arame é gerado a partir de contornos de
polígonos, como na topografia de uma superfície. A primeira etapa consiste em
classificar e armazenar os nós (pontos) dos polígonos de cada elevação dos
polígonos. Os nós são em seguida conectados em um conjunto de triângulos
(triangulação), cada nó é conectado aos nós das linhas dos polígonos
localizados acima e abaixo em elevação, formando assim triângulos que podem
ser sombreados segundo a orientação ou elevação.
Outro modelo amplamente usado é o de polígonos, que foi o utilizado na
presente dissertação. Este modelo está conformado por um conjunto de
polígonos em planos paralelos bidimensionais. Usualmente estes planos são
criados com um espaçamento constante entre eles, as orientações dos planos
comumente são horizontais e verticais (Figura 3.10).
Modelo Geológico 47
Figura 3.10 – Planos paralelos com orientação horizontal e vertical (Modelo de
Polígonos).
Para a modelagem geológica se utilizou o programa computacional
Minesight versão 3.5. Inicialmente se importaram os arquivos em formato *.dxf
da topografia e da cava econômica final, posteriormente se fez uma triangulação
para obter as superfícies respectivas.
Logo, geraram-se os arquivos de entrada para a importação das
sondagens. Estes arquivos contêm informação das coordenadas e orientações
dos poços assim como dos registros da litologia, alteração e o RQD encontrado
em cada intervalo de profundidade. Na figura 3.11 se mostra as sondagens
contendo informação litológica.
Posteriormente se criaram planos transversais com as seguintes
orientações: 25, 70, 115 e 160° assim também como planos horizontais. O
espaçamento entre cada plano foi de 50 metros e um clipping (volume que pode
ser projetado ao plano contendo informação das sondagens e dos polígonos) de
25 metros. Inicialmente vão se gerando os polígonos nos planos que têm
informação mais confiável.
Como exemplo se mostra na figura 3.12 uma seção transversal contendo
seis sondagens com informação da litologia e a possível interpretação baseada
só nas sondagens da seção. O procedimento para a modelagem inclui realizar
iterações múltiples de um mínimo de duas seções transversais, para construir
gradualmente um modelo geológico que concorde com os dados das sondagens
e dos dados superficiais.
Modelo Geológico 48
Figura 3.11 – Sondagens mostrando as litologias encontradas no depósito de minério e a
cava econômica final da mina.
O processo da modelagem implica fazer interpretações de áreas com
dados de alta confiabilidade primeiro, para depois gradualmente estender as
interpretações a áreas com dados de confiabilidade média. A modelagem é um
processo interativo que requer de vários ciclos com todos os grupos de seções
transversais que estão sendo modeladas.
Figura 3.12 – Interpretação preliminar baseada na informação litológica nas sondagens
da seção.
Durante o processo de modelagem a seção mostra também as
interseções modeladas anteriormente nas outras seções transversais (com
Modelo Geológico 49
outras orientações). As interseções são usualmente representadas como pontos
ou triângulos com uma cor que permite ajudar ao modelador (Figura 3.13), assim
os pontos adicionais ajudam a melhorar e gerar um modelo mais exato da
geologia, baseado no uso de toda a informação tridimensional disponível (Ver
figura 3.14).
Figura 3.13 – Seção transversal mostrando também as interseções modeladas
anteriormente em outras seções.
Figura 3.14 – Interpretação utilizando os dados das outras seções transversais.
Seguindo o mesmo procedimento para gerar as superfícies dos contactos
litológicos: Sedimentar (pré mineralizado) – Tufo mineralizado e Tufo
Modelo Geológico 50
mineralizado – Tufo pós mineralizado de cores verde e rosa respectivamente, se
mostra na seguinte figura 3.15.
Posteriormente as superfícies de contacto modeladas foram estendidas até
os limites da área em estudo como se vê nas figuras 3.16 e 3.17 para formar as
regiões geológicas do depósito e posteriormente definir os domínios estruturais.
Figura 3.15 – Vista do plano horizontal mostrando os contatos geológicos, as sondagens
e a cava econômica final da mina.
Modelo Geológico 51
Figura 3.16 – Modelo sólido 3D mostrando a cava econômica final da mina e as zonas:
pré-mineral (verde), mineral (rosa) e pós-mineral (roxo).
Figura 3.17 – Modelo geológico 3D mostrando a topografia do terreno e a cava
econômica final da mina.
4 Modelo Estrutural
O modelo estrutural é outro componente importante para a caracterização
do maciço rochoso. O objetivo é descrever a orientação e distribuição espacial
dos defeitos estruturais no depósito de minério que vão influir na estabilidade de
taludes. O modelo estrutural deve incluir tanto as falhas de grande escala, assim
como também as falhas de menor escala. Segundo a escala das falhas podemos
dividir o modelo estrutural em dois sub-modelos:
Modelo de falhas de grande escala: Inclui as falhas maiores que
podem ser desde dezenas de metros até quilômetros e podem
incluir falhas e dobras que podem ser usadas para subdividir a
mina em domínios com características similares e cada domínio a
sua vez pode ter famílias de juntas com propriedades similares.
Outros fatores que influem na seleção dos domínios estruturais são
os limites litológicos e a forma da cava econômica final da mina.
Em geral as falhas de grande escala por ser de soma importância
para a estabilidade global da mina e por existir em geral em
pequena quantidade são modeladas usando métodos
determinísticos para sua modelagem. Na presente dissertação se
modelaram falhas lístricas deterministicamente usando o método
dos polígonos. Utilizaram-se seções transversais interpretadas
pelos geólogos da mina contendo a localização das possíveis
falhas lístricas que posteriormente foram importadas no modelo 3D
para sua modelagem, estas variam aproximadamente desde os 170
m. até os 810 m no seu comprimento maior.
Modelo de falhas e juntas de menor escala: Estão formadas pelas
juntas e falhas de menor escala, que podem variar numa escala de
centímetros até dezenas de metros e podem ser importantes para a
estabilidade de taludes na escala de bancada ou inter-rampa.
Modelo Estrutural 53
As falhas, descontinuidades de esta categoria existem em um
número muito grande além de ser geometricamente complexas,
com que faria impossível a sua modelagem deterministicamente
com a limitada informação obtida das sondagens e dos
mapeamentos de afloramento.
Esses motivos levaram a utilizar métodos estocásticos como o bem
conhecido Discrete Fracture Network (DFN), assumindo que os
parâmetros geométricos das fraturas (orientação, comprimento,
densidade, apertura, etc.) são estatisticamente distribuídos (Priest,
1993). A incerteza pode ser reduzida quanto maior seja o número
de realizações no DFN baseado na função de distribuição
probabilística dos parâmetros.
Na mina em estudo para a presente dissertação o modelo estrutural se
baseou no relatório de análise de campo geológico (Nelson, 2006). Na figura 4.1
se mostra a interpretação com características estruturais do depósito. Observa-
se que existe uma tendência linear noroeste das estruturas. Também existem
falhas normais com orientação norte-sul, parte destas falhas está relacionada às
falhas lístricas, que serão modeladas deterministicamente e tomadas em conta
para a análise de estabilidade de taludes.
Também se realizou a modelagem das falhas de menor escala usando o
modelo estocástico DFN (Discrete Fracture Network). Utilizou-se o programa
Petrel (versão 2010.1). Os dados usados para a modelagem foram obtidos da
informação de nove sondagens geomecânicos orientados e 50 estações de
mapeamento superficial que foram realizadas ao longo da área em estudo.
Modelo Estrutural 54
Figura 4.1 – Características estruturais do depósito de minério (Modificado de Nelson,
2006).
4.1. Modelagem de falhas de grande escala (Determinístico)
As falhas de grande escala encontradas no depósito que foram modeladas
são as falhas lístricas, que foram propostas por (Nelson, 2006), para explicar a
mineralização encontrada no depósito. Ele disse o seguinte: “O modelo de falhas
lístricas, eu acho, apropriado para explicar algumas características estruturais da
zona, particularmente a quantidade de brecha, as zonas de veias de stockworks,
e a largura das áreas mineralizados. É provável que as altas condições de
pressão dos fluidos tenham sido necessárias para a formação de falhas normais
de ângulos baixos, isto explicaria a presença destas características estruturais.”
Modelo Estrutural 55
“Além disso, essas características estruturais se ajustam ao modelo de
fraturamento, falhas, e brechas associadas com falhas antitéticas (mergulhos
opostos à falha principal) no teto da falha lístrica principal”.
As falhas lístricas são estruturas geológicas extremamente complexas e
sua origem está diretamente relacionado às zonas de mineralização. Em geral,
sua presença indica uma zona de deslocamento distensional que foi formado por
zonas de falhas normais. Na figura 4.2 se apresenta uma ilustração da formação
das falhas lístricas. Este tipo de falhas origina zonas de alto fraturamento.
Figura 4.2 – Modelos de rotação de camadas relacionadas à (A) rotação das falhas e
camadas, e (B) quando as falhas lístricas normais nas quais as camadas sofrem rotação
devido à natureza da superfície curva (Modificado de Nelson, 2006).
Para a modelagem das falhas lístricas se utilizou o programa
computacional Minesight (versão 3.5) seguindo o mesmo procedimento utilizado
na modelagem geológica, mediante seções transversais. Os dados utilizados
para a modelagem foram seções transversais interpretadas pelos geólogos da
mina mostrando as possíveis falhas lístricas. Na figura 4.3 se mostra as seções
transversais contendo as possíveis falhas lístricas (azul) interpretadas pelos
geólogos da mina, posteriormente algumas foram descartadas por falta de
informação ou por falta de continuidade.
Modelo Estrutural 56
Figura 4.3 – Vista das seções transversais contendo a seguinte informação: topografia
(marrom), contacto pré mineral - mineral (verde), contacto mineral - pós mineral
(vermelho) e as falhas lístricas (azul).
O resultado da modelagem nas zonas este, norte e sul da cava econômica
final da mina se apresentam na figuras 4.4, 4.5 e 4.6.
Na cava da zona este se pode observar que as falhas lístricas têm um
mergulho não favorável para a estabilidade de taludes, já nas cavas das zonas
norte e sul as falhas lístricas interceptam as paredes de taludes com mergulhos
que não afetaram à estabilidade de taludes. Na figura 4.7 se mostra a cava
econômica final da mina com as falhas lístricas modeladas, assim como a
superfície sedimentar (Pré-mineral).
Figura 4.4 – Falhas lístricas localizadas na cava este.
Modelo Estrutural 57
Figura 4.5 – Falhas lístricas localizadas na cava norte.
Figura 4.6 – Falhas lístricas localizadas na cava sul.
Modelo Estrutural 58
Figura 4.7 – Falhas lístricas interceptando a cava econômica final da mina.
4.2. Modelagem de descontinuidades de menor escala (DFN – Modelo estocástico)
Para as descontinuidades de menor escala (de centímetros até dezenas
de metros), devido ao seu grande número não podem ser representadas por
métodos determinísticos, e devido a que os parâmetros geométricos das fraturas
são estatisticamente distribuídos (Priest, 1993), podem-se modelar utilizando o
método bem conhecido Discrete Fracture Network (DFN).
Para a modelagem DFN se utilizou a ferramenta computacional Petrel, na
versão 2010.1. Este programa tem diversos módulos e dentro de cada módulo
podem se desenvolver diversos processos desde a modelagem estratigráfica e
análise geofísico até a simulação de reservatórios. Devido a sua capacidade,
este programa é utilizado por diferentes especialistas como: engenheiros
geofísicos, geólogos, engenheiros de exploração, engenheiros de reservatório,
etc. Na presente dissertação foi utilizado para a modelagem de fraturas para
cada domínio estrutural.
Domínio estrutural é o volume ou região de um maciço rochoso dentro do
qual as estruturas (descontinuidades) têm propriedades geométricas
(comprimento, orientação, forma, apertura), propriedades físicas (densidade,
umidade, porosidade, etc.) e propriedades mecânicas (resistência, dureza)
similares devido a que sofreram os mesmos processos geodinâmicos em tempos
geológicos similares.
Modelo Estrutural 59
A modelagem de fraturas é um processo de várias etapas, que envolve
diversas disciplinas. A primeira etapa consiste em definir os domínios estruturais.
Algumas características que ajudam a definir os domínios estruturais são os
seguintes:
Mudanças na litologia na escala de mina (contactos geológicos).
Falhas regionais ou da escala da mina que pode dividir a mina em
blocos estruturais diferentes.
Estruturas metamórficas da escala da mina, com ênfase na
mudança da orientação.
Falhas na escala de bancada e inter rampa, dobras e estruturas
metamórficas.
Todas essas características devem ter sido registradas nos mapeamentos
estruturais e sondagens realizadas.
Definidos os domínios estruturais e com informação obtida das sondagens,
mapeamento estrutural nos afloramentos rochosos a seguinte etapa consiste em
transferir a informação da intensidade da fratura a 3D. Em cada domínio podem
existir varias famílias de fraturas identificadas, que podem ser resultado de
diferentes eventos tectônicos.
Uma vez que os dados têm sido identificados, analisados e classificados,
se utiliza geoestatística para determinar a intensidade das fraturas em toda a
grelha 3D previamente construída, finalmente se faz uso do método estocástico
para modelar e representar as outras propriedades das fraturas como
comprimento, orientação, apertura, forma.
Para a modelagem DFN se utilizou informação das sondagens
geomecânicos orientados com informação das estruturas como: orientação,
espaçamento, forma, rugosidade, apertura, etc. também se utilizaram os dados
dos registros do mapeamento estrutural (50 estações) realizado ao longo da
área de estudo.
4.2.1. Definição de Domínios Estruturais
Realizou-se uma análise estereográfica filtrada pela localização e tipo de
mineralização: tufo pré-mineral, tufo mineral e tufo pós-mineral. Inicialmente se
definiram quatro domínios estruturais (D-1, D-2, D-3 e D-4) como mostrados na
Modelo Estrutural 60
figura 4.8 e para cada zona se realizaram estereogramas. Para a análise
estereográfica se utilizou o programa computacional Dips (versão 4.0) da
Rocscience.
Figura 4.8 – Vista em planta mostrando os limites da cava da mina, a topografia, as
estações de mapeamento e os domínios estruturais definidos inicialmente.
Uma vez realizados os estereogramas nos quatro domínios definidos
inicialmente e para cada tipo de mineralização, observou-se similaridade entre
as famílias dos domínios D-1 e D-2, assim como os domínios D-3 e D-4. Os
estereogramas se mostram na figura 4.9 e 4.10.
Modelo Estrutural 61
Figura 4.9 – Estereogramas realizados segundo o tipo de mineralização para os
domínios estruturais D-1 e D-2 Legenda: FL: Falha, JN: Junta, JS: Família de juntas, CN:
Contactos, VN: Veias.
Observa-se da figura 4.9 que na zona pré-mineral as estruturas são em
sua maioria verticais e as estruturas mapeadas estão conformadas por juntas,
nesta zona se encontraram duas possíveis falhas. Na zona mineralizada a
maioria das estruturas mapeadas são veias contendo minerais como pirita,
argila, óxidos e manganês. As estruturas nesta zona são horizontais. Na zona
pós-mineral as principais famílias são verticais e estão conformadas por juntas e
veias.
Modelo Estrutural 62
Figura 4.10 – Estereogramas realizados segundo o tipo de mineralização para os
domínios estruturais D-3 e D-4. Legenda: FL: Falha, JN: Junta, JS: Família de juntas,
CN: Contactos, VN: Veias, BD: Estratificação.
Observa-se na figura 4.10 que não se tem informação na zona pós-mineral
para o domínio D-4. Na zona mineral se tem uma grande dispersão dos pólos,
sendo a maioria veias contendo minerais como: pirita, óxidos, manganês, argila.
Na zona pré-mineral as famílias principais são verticais e estão conformadas por
juntas e veias.
Das figuras anteriores se pode concluir que os domínios D-1 e D-2 são na
realidade o mesmo domínio, já que as estruturas encontradas nesses domínios
apresentam as mesmas características geométricas. Da mesma maneira
conclui-se que os domínios D-3 e D-4 são o mesmo domínio.
Modelo Estrutural 63
4.2.2. Preparação e importação de dados no Petrel
Os dados obtidos dos registros das sondagens geomecânicas orientadas e
dos mapeamentos de afloramento devem ser preparados num formato adequado
antes de ser importados no Petrel.
O processo seguido para a importação das sondagens mostrando
informação geomecânica continua (RQD) ou discreta (litologia) ou mostrando
informação pontual das fraturas é a seguinte:
Figura 4.11 – Processo de importação das sondagens no Petrel.
Inicialmente se deve criar o arquivo ASCII well head contendo informação
organizada em colunas. Os atributos ingressados para cada sondagem são os
seguintes: Nome, Coordenada UTM no eixo X, Coordenada UTM no eixo Y,
altura e comprimento da sondagem.
Figura 4.12 – Arquivo ASCII well head.
Se as sondagens fossem verticais, não se precisa criar o arquivo de
trajetória well path deviation, já para o caso de sondagens com um determinado
azimute e mergulho se deve criar um arquivo como mostrado na figura 4.13
Modelo Estrutural 64
indicando o nome da sondagem, o azimute, o mergulho e a profundidade final do
poço.
Figura 4.13 – Arquivo ASCII well path deviation.
Uma vez que as sondagens têm as suas trajetórias reais, se procede a
importar a informação geomecânica (obtida dos registros) dentro de cada
sondagem e em cada intervalo. Na figura 4.14 se observa o arquivo ASCII
contendo a Litologia, RQD (Rock Quality Designation), Dureza (R) e RMR (Rock
Mass Rating) para cada intervalo da sondagem VH-01. Os intervalos sem
informação eram preenchidos com o valor negativo (-1) para reconhece-os.
Figura 4.14 – Arquivo ASCII well log para a distribuição dos dados ao longo da
sondagem VH-01.
Modelo Estrutural 65
Para importar informação pontual das fraturas dos registros geomecânicos
orientados se necessita criar um arquivo ASCII point well data e pode conter
informação continua e/ou descontinua. Na figura 4.15 se mostra o arquivo com a
informação das descontinuidades encontradas na sondagem VH-01:
profundidade da fratura, ângulo de mergulho, azimute, nome da sondagem, tipo
de junta e condição da descontinuidade.
Figura 4.15 – Arquivo ASCII point well data.
É apresentado na figura 4.16 o resultado da importação das sondagens
com os registros geomecânicos, neste caso o valor do RQD. Pode se observar
que em geral os valores de RQD são bons (entre 60 e 90). No entanto, existem
algumas zonas no interior das cavas com valores de RQD menores (entre 0 e
40), estás zonas de maior fraturamento poderiam estar associadas as falhas
lístricas ou a zonas de maior mineralização.
Na figura 4.17 se mostra a informação pontual das fraturas encontradas ao
longo de nove sondagens geomecânicos orientados contendo informação
importante como: azimute, mergulho, tipo de descontinuidade e a condição da
descontinuidade.
Modelo Estrutural 66
Figura 4.16 – Sondagens mostrando a variação do RQD com a profundidade.
Figura 4.17 – Sondagens geomecânicos orientados mostrando informação pontual das
falhas encontradas (point well data).
Modelo Estrutural 67
Outros dados importantes que foram importados são as superfícies dos
contactos litológicos e das falhas lístricas geradas no programa Minesight, assim
como também a topografia e a cava econômica final da mina, como se mostra na
figura 4.18.
Estas superfícies foram exportadas em arquivos *.dxf e devido a que o
Petrel não importa arquivos *.dxf se teve que utilizar o programa Isatis (Versão
10.04) que permite importar arquivos *.dxf e exportá-los em formato ASCII de
pontos, compatíveis com o Petrel. Uma vez que os pontos foram importados, se
geraram as superfícies. Seguindo este procedimento se importaram as seguintes
superfícies:
Topografia.
Cava econômica final.
Contactos litológicos: sedimentar (pré-mineral) – tufo (mineral) e
tufo (mineral) – tufo (pós-mineral).
Falhas lístricas localizadas nas zonas norte, sul e este.
Para a modelagem estrutural 3D se necessitava definir os limites no eixo z,
pelo que se gerou um plano horizontal z=4600 m.
Figura 4.18 – Superfícies importadas no Petrel: curvas de nível da topografia, contactos
litológicos (verde e rosa), cava econômica final da mina (ouro) e as falhas lístricas (azul).
Modelo Estrutural 68
4.2.3. Criação da grelha geométrica 3D
Uma vez terminada a importação dos dados de entrada, iniciou-se o
processo de modelagem geométrica, que consiste em construir uma grelha 3D
que represente o volume do maciço rochoso do projeto. O programa Petrel tem
um processo chamado point grid corner para a geração da grelha geométrica
3D, este processo, por sua vez, está sub-dividido em quatro partes como se
mostra na figura 4.19. A continuação se realiza uma breve descrição de cada
uma das etapas.
Figura 4.19 – Fluxograma para a geração da grelha geométrica 3D.
1. Modelagem das falhas: Consiste em definir as falhas geológicas do
modelo que serão a base para gerar a grelha 3D. Estas falhas vão definir
as quebras no grid, linhas ao longo da qual os horizontes inseridos
posteriormente podem ser deslocados. Na presente dissertação se
criaram cinco falhas com a finalidade de dividir a área em estudo para
formar os domínios estruturais como visto anteriormente na figura 4.8, as
falhas modeladas se apresentam na figura 4.20.
2. Pillar Gridding: Gera a grelha a partir do modelo de falhas. Os limites da
geometria podem ser definidos durante o processo. Também se podem
criar tendências para as orientações da grelha. Na figura 4.21 se mostra
o resultado do pillar gridding,observa-se que a grelha foi gerada tomando
em conta as falhas criadas na etapa anterior.
3. Horizontes: Nesta etapa são construídas as camadas verticais no modelo
e se define o deslocamento nas falhas. Na dissertação se construíram
quatro horizontes: a topografia da área em estudo, o contacto geológico
Modelo Estrutural 69
sedimentos (pré-mineral) – tufos (mineralizados), o contacto geológico
tufos (mineralizados) – tufos (pós- mineral) e o plano definido para limitar
o limite inferior no eixo z com cota de elevação 4600 m. Ver figura 4.22.
Figura 4.20 – Falhas modeladas para a divisão em domínios estruturais (as falhas têm
como limite superior e inferior a topografia e o plano horizontal de cota de elevação 4600
m. respectivamente).
Figura 4.21 – Vista em planta do Pillar gridding mostrando as falhas geológicas geradas
anteriormente.
Modelo Estrutural 70
Figura 4.22 – Geração de horizontes.
A figura 4.23 mostra os horizontes gerados, nesta etapa as
superfícies definidas como horizontes foram expandidos até os limites do
volume. Esta expansão é realizada mantendo a tendência das
superfícies, mas devemos sempre distinguir entre as zonas confiáveis
que foram modeladas e as zonas de extensão criadas com a finalidade
de gerar volumes para modelar dentro de cada um deles as fraturas para
cada domínio.
Figura 4.23 – Horizontes definidos: topografia (marrom), contacto pré-mineral – mineral
(verde), contacto mineral – pós-mineral (rosa) e fundo do modelo (azul claro).
4. Camadas: Esta etapa define a resolução vertical na grelha 3D
estabelecendo a espessura ou o número de camadas desejado. Na figura
4.24 se mostra o resultado.
Modelo Estrutural 71
Figura 4.24 – Camadas geradas para cada zona.
Figura 4.25 – Grelha 3D mostrando as zonas (mineral, pré-mineral e pós-mineral) e
também os domínios do modelo (vermelho e azul).
Modelo Estrutural 72
4.2.4. Modelagem de propriedades
A modelagem de propriedades consiste no preenchimento dos blocos com
propriedades continuas como a densidade de fraturas P32. A modelagem 3D das
fraturas consiste em distribuir as fraturas espacialmente em função das
propriedades geométricas registradas das sondagens orientadas e dos
mapeamentos estruturais. A intensidade de fraturas é a propriedade de interesse
para a modelagem e representa a quantidade de fraturas por unidade de volume.
Existem varias formas de representar a intensidade das fraturas, entre as mais
comuns estão: P30 que é o número de fraturas por unidade de volume, P31 que é
o comprimento médio da fratura por unidade de volume e P32 que representa a
área da fratura por unidade de volume. As definições destes três tipos de
representação são completamente diferentes. O resultado do upscaling das
observações corrigidas pela orientação da sondagem (P10c) é igual que a área de
fratura por unidade de volume.
A densidade P32 pode ser computada das análises das interseções entre
as fraturas e as sondagens, se os ângulos entre as fraturas e o poço são
tomados em conta (se eles são corrigidos dividindo-os pelo cosseno do ângulo
entre a linha da sondagem e a normal da fratura). Este valor do número de
fraturas por unidade de volume corrigido é chamado usualmente de P10c. Em
Petrel, P10c (~P32) é computado usando a opção inserir “registro de intensidade”
com a opção “corrigir para desvio da sondagem”.
Previamente se importou as sondagens contendo informação geomecânica
das fraturas com os arquivos point well data, a próxima etapa consiste em uma
boa visualização dos dados para seu posterior análise. Para a visualização dos
pólos das fraturas se usam os estereogramas (Figura 4.26). Os pólos foram
filtrados para cada família de fraturas definidas anteriormente com a ajuda do
programa Dips 3.5 de Rocscience. Na figura 4.28 se mostra a filtragem realizado
para o domínio “1 & 2”. Se realizou o mesmo para o domínio “3 & 4”.
Modelo Estrutural 73
Figura 4.26 – Estereogramas mostrando os pólos dos domínios estruturais para a zona
mineralizada.
Outra forma de visualizar é mediante os tadpoles que permitem ver a
variação da orientação e o mergulho com a profundidade. Os tadpoles se
mostram na figura 4.27, também se apresenta o estereograma a cada 25 m.
mostrando a concentração dos pólos das fraturas.
Figura 4.27 – Sondagens VH-01, VH-02 e VH-03 mostrando os tadpoles das fraturas e
os estereogramas a cada 50 metros.
Modelo Estrutural 74
Figura 4.28 – Filtragem dos pólos das fraturas para o domínio “1 & 2” definidos
anteriormente no programa Dips 3.5
4.2.4.1. Criação de registros (logs) das fraturas
Com a informação pontual das fraturas obtida das sondagens, podem ser
criados registros (logs) como: registros de contagem cumulativa de fratura, de
intensidade de fratura e de propriedades das fraturas.
As fraturas podem ser ponderadas, baseadas na orientação relativa das
fraturas ao desvio da sondagem. Os registros podem ser criados para cada
família de fraturas.
A intensidade de fraturas é a propriedade de interesse para a modelagem,
o registro (log) desta propriedade será upscaled, modelado e usado como a
informação básica para a criação da rede de fraturas. A criação do registro é o
processo de tomar as observações discretas e transforma-ás em valores
estatísticos que descrevam as fraturas.
O registro da intensidade de fraturas foi criado para cada sondagem e
família de fraturas dentro do domínio, usou-se uma janela de comprimento de
7.5 m. que é o intervalo para calcular a média dos valores de intensidade das
fraturas. O uso desta janela é um método de suavizado, e em vez de mostrar
valores pontuais, se mostra a média da intensidade num ponto.
Modelo Estrutural 75
A intensidade de fraturas é calculada usando o registro cumulativo como
se vê a continuação. O registro cumulativo tem um valor de MD (distância desde
o topo do poço até um ponto da sondagem, neste caso até a fratura) para cada
fratura na família da fratura. Por padrão, o valor do registro é incrementado por 1
para cada fratura, também pode ser multiplicado por um valor definido pelo
usuário. Um exemplo se mostra na figura 4.29, sendo w o comprimento da
janela.
Intensidade (md) = (cumulativa (md + w/2) – cumulativa (md - w/2)) / w
Figura 4.29 – Fraturas mostradas na seção do poço junto ao registro cumulativo das
fraturas e a intensidade de fraturas. As linhas vermelhas mostram a janela usada para o
calculo da intensidade. A intensidade no ponto vermelho é calculada como a gradiente
do registro cumulativo entre os outros dois pontos vermelhos no registro cumulativo
(separado pelo comprimento da janela).
Os registros das intensidades de fraturas geradas para as sondagens
VH-01 e VH-02 são mostradas a continuação na figura 4.30.
Modelo Estrutural 76
Figura 4.30 – Registros das intensidades de fraturas para cada família de fraturas para
as sondagens VH-01 e VH-02.
4.2.4.2. Upscaling da intensidade das fraturas
O upscaling consiste em levar a intensidade de fraturas distribuídas ao
longo dos furos às células (blocos) que cruzam as trajetórias e que foram criadas
anteriormente na etapa de modelagem geométrica.
Para a intensidade de fraturas foi realizado o upscaling, no qual se
realizam cálculos de média com o valor da propriedade estudada (Ver figura
4.31). A função scale up tem diferentes métodos para os cálculos da média nos
blocos, tais como a “Média Aritmética”, “Média Harmônica”, “Média Geométrica”,
etc. Podendo-se escolher o método e a forma como se deseja que os dados
sejam tratados. Utilizou-se o método de cálculo chamado “Média Aritmética” e os
logs foram tratados como linhas.
Modelo Estrutural 77
Figura 4.31 – Upscaling dos dados de intensidade das fraturas nas nove sondagens
geomecânicas orientadas.
4.2.4.3. Análise geoestatística e modelagem 3D da intensidade das fraturas
Uma vez realizado o upscaling se deve preparar os dados de entrada para poder
realizar a análise geoestatística. Este processo é chamado de Data analysis no
Petrel 2010.1, é um processo de controle da qualidade de dados, exploração de
dados, e preparação dos dados de entrada para a modelagem das propriedades.
Os objetivos do processo de transformação da data são:
Eliminar a tendência espacial para que a data seja estacionária, e
Transformar a data em uma distribuição normal padrão (com uma média
de 0 e uma desvio padrão de 1).
A análise de dados da propriedade continua, como por exemplo, a
intensidade de fraturas, consiste em transformar a data e gerar variogramas. A
transformação de dados permite que os dados sejam estacionários e
normalmente distribuídos, que são requerimentos da maioria dos algoritmos
geoestatísticos padrões.
Modelo Estrutural 78
Após a realização das estimativas, estas tendências são reaplicadas nas
propriedades modeladas, garantindo sua preservação. Isto ocorre de forma
automática, sobre o resultado da modelagem, exatamente na ordem inversa em
que as transformações foram aplicadas, para preservar as tendências espaciais
e a distribuição original dos dados no resultado final das propriedades.
A seqüência de transformações aplicadas aos dados de intensidade de
fraturas foi a seguinte:
Input: Esta transformação é aplicada para o truncamento de valores
dos dados de entrada e não serão representados no final. Utiliza-se
no caso em que os dados de entrada tenham valores que ficam fora
dos limites reais da propriedade.
The Cox-Box: É utilizada para eliminar a assimetria da distribuição. O
fator lambda expressa o grau de assimetria e está no intervalo de -16
a 16.
1D Trend: Transformação que permite gerar uma função de tendência
(dos dados de entrada) especificando um vetor no espaço. No
entanto, as tendências devem ser usadas com cuidado quando a
correlação não é boa (pelo menos no intervalo de 0.3-0.5) que é
provavelmente um valor débil para ser estatisticamente valido.
Shift scale: Usada para escalar e mudar os dados de tal forma que a
média seja igual a 0 (zero), e o desvio padrão 1 (um). Deve ser
aplicada depois das transformações espaciais como (Cox-Box,
Logarithmic ou Trend). Esta transformação não muda a forma da
distribuição, o histograma já deve ter a forma da distribuição normal
antes de ser usada esta transformação.
Normal Score: Força qualquer distribuição a ficar normalizada. A
distribuição normal da data significa que a maioria das amostras em
um conjunto de dados é próxima da média, enquanto poucas
amostras tendem a ficar em um dos extremos.
A figura 4.32 mostra as transformações utilizadas dentro do processo Data
analysis para a zona mineral e para uma das famílias das fraturas do
domínio “3 & 4”.
Modelo Estrutural 79
Figura 4.32 – Análise de dados da intensidade de fraturas para a zona mineral. Mostra-
se o histograma final com a forma de uma distribuição normal.
Depois de realizar as transformações para que os dados sejam
estacionários e com distribuição normal, pode-se realizar a análise dos
variogramas. O variograma é uma função que descreve a variabilidade espacial
de uma propriedade continua ou descontinua. Está baseada no principio que
amostras com maior proximidade entre sim terão maior probabilidade de ter
maior correlação que amostras com menor proximidade entre elas, e que existe
um ponto de mínima correlação no qual a distância não é mais importante.
Esta correlação espacial pode ser anisotrópica e pode ser necessária a
geração de muitos variogramas orientados em diferentes direções para poder
descrever a variação da propriedade espacialmente. O variograma clássico é
calculado mediante a seguinte equação:
𝛾 ℎ = 1
2𝑁(ℎ) (𝑥𝑖 − 𝑦𝑖)
2
𝑁(ℎ)
𝑖=1
Onde:
Modelo Estrutural 80
(h): valor do variograma.
N(h): número de pares
xi e yi: valores das coordenadas x e y para o par i
Na figura 4.33 se mostra o variograma típico com seus parâmetros. A
continuação se descreve cada um deles.
Figura 4.33 – Semivariograma mostrando os parâmetros (de Camargo, 1997)
Alcance (a): Distância dentro da qual existe uma correlação espacial
entre as amostras. No caso da figura 4.33 o alcance seria de 25 m.
significa que até os 25 metros as amostras apresentam correlação
espacial.
Patamar (C): Valor do semivariograma respeito ao alcance (a).
Efeito pepita (C0): Duas amostras localizadas num mesmo ponto
deveriam ter o mesmo valor, mas devido a erros de medição ou à
descontinuidade intrínseca da propriedade de medição aparece este
efeito pepita.
Contribuição (C1): É a diferença entre o patamar (C) e o efeito pepita (C0).
Para a análise dos dados se buscaram os variogramas com maior e menor
alcance no plano xy, geralmente existe uma anisotropia geométrica, que tem a
característica de apresentar um patamar similar para diferentes alcances. Na
figura 4.34 se mostra a anisotropia geométrica, na qual o alcance é maior no
eixo X’ e menor no eixo Y’, significa que o grau de correlação da propriedade é
maior no eixo X’ e a correlação é menor no eixo Y’.
Modelo Estrutural 81
Figura 4.34 – Anisotropia geométrica.
O variograma para a maior direção se mostra na figura 4.35. Também se
gerou o variograma vertical para ver a correlação espacial em função da
profundidade que se apresenta na figura 4.36.
Figura 4.35 – Variograma da intensidade de fraturas na maior direção.
Modelo Estrutural 82
Figura 4.36 – Variograma da intensidade de fraturas na direção vertical.
No lado esquerdo da figura 4.35 pode se observar a distribuição dos furos
de sondagem na zona de estudo com cor cinza e a janela de busca de cor azul.
Esta janela de busca pode ser rotada, assim como aumentar ou diminuir os seus
limites de tamanho e angular, com a finalidade de obter o maior valor de alcance.
Uma vez obtida a direção de maior alcance, a direção de menor alcance se
encontra ortogonalmente (Isto é realizado automaticamente pelo programa).
A continuação se procede com a interpolação ou simulação da data
continua através do modelo geométrico (blocos gerados). Este processo é
chamado Petrophysical modeling no Petrel, o processo conta com diversos
algoritmos como a bem conhecida krigagem, média móvel, simulação de Gauss,
etc.
O algoritmo utilizado foi a simulação sequencial de Gauss, que é um
método estocástico de interpolação baseado na krigagem. Pode utilizar dados de
entrada, distribuições de entrada, variogramas e tendências. Durante a
simulação, valores altos e baixos serão gerados entre as localizações de dados
de entrada com que se geraram os variogramas.
Na figura 4.37 se mostra os dados a janela para criar o modelo para a
zona mineral utilizando a simulação seqüencial de Gauss, os variogramas e
transformações dos dados usadas foram as realizadas na etapa Data Analysis
previamente vista. Na figura 4.38 se mostra o resultado da modelagem
estocástica.
Modelo Estrutural 83
Figura 4.37 – Janela para realizar o Petrophysical modeling para a intensidade de
fraturas (P32) na zona mineral para o domínio “3 & 4”
Figura 4.38 – Distribuição espacial estimada da intensidade de fratura (P32)
Modelo Estrutural 84
4.2.5. Criação da rede de fraturas
A rede de fraturas é um grupo de planos que representam as fraturas. As
fraturas do mesmo tipo (mesmas propriedades geométricas, mecânicas, etc.)
são agrupadas em famílias de fraturas. Em um mesmo domínio podem existir
mais de uma família de fraturas. No caso do domínio “3 & 4” o número de
famílias definido foi de duas. Para cada uma delas se realizou os procedimentos
anteriormente mencionados.
Para modelar as fraturas estocasticamente se usou a propriedade da
grelha 3D e devido a que o método é estocástico, se requere de um seed point
obtido de um gerador de número aleatório. Se o seed é fixo, o programa gerará o
mesmo resultado. Se não, o programa criará outra rede de fraturas igualmente
provável, cumprindo com as distribuições de função de probabilidade das
propriedades das fraturas. Os seguintes dados de entrada são necessários para
criar a rede de fraturas.
4.2.5.1. Distribuição
Podem ser definidas numericamente ou como propriedades da grelha. No
caso da presente dissertação a os dados de entrada para a distribuição das
fraturas foi utilizando a intensidade de fraturas (P32) gerada anteriormente, o P32
é definido como a área da fratura / volume do bloco. Em cada bloco do modelo,
O P32 dá uma estimativa do valor da área de fraturas dentro do bloco dividido
pelo volume do bloco.
A propriedade de intensidade 3D pode ser filtrada para cada domínio e
zona gerada anteriormente.
4.2.5.2. Geometria das fraturas
Na realidade as fraturas são consideradas como elipses, no Petrel a forma
das fraturas é considerada como um polígono e se deve definir o número de
lados do polígono e também um índice de elongação, que está definido como o
comprimento horizontal do polígono dividido pelo comprimento vertical. Quanto
Modelo Estrutural 85
maior seja o número de lados, o tempo computacional será maior. O número de
lados usados na dissertação foi de 6 e o índice de elongação de 1.
4.2.5.3. Comprimento da fratura
O comprimento da fratura é um parâmetro difícil de determinar e
geralmente é obtido do mapeamento estrutural, este parâmetro vai definir a
distribuição do comprimento das fraturas no nosso modelo, pode ser descrito
utilizando distribuição normal, exponencial, log-normal ou constante com um
valor máximo e mínimo. As fraturas do nosso estudo foram modeladas utilizando
uma distribuição exponencial com um valor médio de 5 m e um valor máximo de
15 m.
4.2.5.4. Orientação
A orientação é definida dando o valor médio do mergulho e azimute, assim
como a concentração das fraturas. Estes dados são utilizados para utilizar o
modelo de Fisher (O equivalente angular de uma distribuição normal quando a
concentração se iguala ao desvio padrão).
Uma vez definidos os parâmetros, se cria a rede de fraturas para cada
domínio e zona definida anteriormente. Na figura 4.39 e 4.40 se mostra as redes
de fraturas para o domínio “3 & 4” para a família 1 e 2 encontradas nesse
domínio.
Na figura 4.41 se mostra a rede das fraturas das outras zonas e domínios
do depósito. Na figura 4.42 se apresenta a seção transversal mostrando a
litologia e as estruturas encontradas.
Modelo Estrutural 86
Figura 4.39 – Rede de fraturas da família (1) geradas para a zona mineral e nos
domínios “3 & 4”.
Figura 4.40 - Rede de fraturas da família (2) geradas para a zona mineral e nos domínios
“3 & 4”.
Modelo Estrutural 87
Figura 4.41 – Rede de fraturas geradas para os domínios “1 & 2” e “3 & 4” e as zonas
Mineral e Pré-mineral.
Figura 4.42 – Seção transversal Oeste - Este a utilizar para a análise de estabilidade de
taludes.
5 Componentes do SRM
5.1. Introdução
Para a análise de estabilidade de taludes, freqüentemente se utilizam os
sistemas de classificação do maciço rochoso, sendo os mais usados o RMR
(Bieniawski, 1978), o índice Q (Barton et al., 1974), o GSI (Marinos & Hoek,
2000) e o MRMR (Laubscher, 2001). Os sistemas são utilizados para obter os
parâmetros de resistência do maciço rochoso como os parâmetros de Mohr-
Coulomb: coesão (c) e ângulo atrito (ɸ). Estes parâmetros são usados
posteriormente nos métodos de equilíbrio limite, elementos finitos e elementos
discretos. Alguns problemas associado à metodologia usada atualmente são:
Os valores empíricos de coesão e ângulo atrito obtidos dos
sistemas de classificação têm limitações e erros intrínsecos
associados a alguns parâmetros do sistema. Como o RQD, o GSI e
a distância entre descontinuidades. O valor do RQD obtido é
influenciado pelo tipo de equipamento usado na perfuração (tubos
simples, duplos e triplos), os operários da perfuração, os geólogos
que realizam a leitura. Outro problema é que o valor do RQD é
muito sensível no intervalo de 90 mm a 110 mm. Por exemplo, um
maciço rochoso com um espaçamento de 90 mm perpendicular à
sondagem tem um valor de RQD igual a 0%, enquanto que para um
espaçamento de 110 mm o mesmo maciço vai ter um valor de RQD
igual a 100%. O outro problema é que tanto o RQD como a
distância entre descontinuidades são segadas pela orientação da
sondagem. O GSI tem a limitação de ser válido só para o caso de
maciços rochosos isotrópicos. Para juntas que tenham uma direção
preferencial não se aplica. Estes erros e limitações geram uma
incerteza considerável, na prática uma maneira de corrigir é
Componentes do SRM 89
mediante a calibração do nosso modelo usando as datas do
monitoramento dos deslocamentos medidos no talude a avaliar.
Os parâmetros de resistência de Mohr-Coulomb: coesão e ângulo
atrito são obtidos em um ponto do maciço, que posteriormente se
transfere para todo o modelo com o mesmo material, assumindo
que o maciço é isotrópico e contínuo. Isto não acontece para um
maciço rochoso fraturado.
Não se pode simular a propagação de fraturas, de forma que a
fratura se propague pela rocha intacta (pontes de rocha) e pelas
descontinuidades.
O método SRM está conformado por duas técnicas bem estabelecidas
(Ver figura 5.1). O BPM (Bonded Particle Model) para representar a rocha intacta
desenvolvida por Potyondy e Cundall (2004) e o DFN (Discrete Fracture
Network) para a representação das estruturas. Cada junta é representada
explicitamente mediante o modelo de contacto Smooth-Joint (SJM) (Mas Ivars D
et al., 2008b). Este método permite simular as descontinuidades mediante o
deslizamento da partícula através de outra partícula, em lugar de passar sobre a
outra partícula. O programa usado para a modelagem foi o PFC2D (Itasca,
2008a). A continuação se detalha os componentes do método.
Figura 5.1 – Componentes usados para a geração do SRM (Synthetic Rock Mass)
Componentes do SRM 90
5.2. Representação da rocha intacta
A rocha intacta no SRM é representada mediante o BPM (Bonded Particle
Model) (Potyondy & Cundall, 2004). O BPM representa a rocha intacta mediante
um conjunto de partículas rígidas circulares (2D) ou esféricas (3D) (O termo
partícula, tem um significado diferente que no campo da mecânica, na qual é
considerado como um corpo com dimensões insignificantes e portanto, ocupa
um ponto no espaço. No contexto do BPM, o significado de partícula é de um
corpo que ocupa uma quantidade finita de espaço).
O modelo BPM está composto por partículas rígidas, cada partícula é livre
de se movimentar independente de outra e só interatuam nos contatos e
interfases entre partículas. A diferença das partículas que são rígidas, os
contatos usam o soft contact approach, significa que os pontos de contato têm
um valor de rigidez finita e, portanto, podem ser quebrados os contatos. O
comportamento mecânico do sistema é descrito em termos do movimento de
cada partícula e das forças inter-partículas atuando em cada ponto de contato.
As leis básicas do modelo são a 2da lei de Newton aplicada às partículas e
relaciona os deslocamentos entre partículas e as forças que causam o
movimento, a outra é a lei força-deslocamento que é aplicada aos contatos para
atualizar as forças de contato devido ao movimento relativo de cada contato.
Na figura 5.2 se mostra um conjunto de partículas rígidas que estão unidas
nos pontos de contatos mediante um modelo linear de contato (laranja). Também
estão unidas mediante contatos de ligação paralela (verde) que simulam o
cimento das rochas. O modelo de contato mais básico no PFC é o modelo linear
no ponto de contato entre duas partículas (Figura 5.2(c)), que relaciona a
componente da força normal, Fn, e a sobreposição de contato, Un, incremento de
força de cisalhamento ΔFs e o deslocamento cisalhante, ΔUs, que se apresenta a
seguir:
𝐹𝑛 = 𝐾𝑛𝑈𝑛 (1)
∆𝐹𝑛 = −𝑘𝑠∆𝑈𝑠
Onde Kn e ks é a rigidez normal e cisalhante respectivamente (unidades:
Pa/m), respectivamente. A resistência de fricção do contato está dada por:
𝐹𝑠 ≤ 𝜇𝐹𝑛 , (2)
Componentes do SRM 91
Onde µ é o coeficiente de atrito entre as partículas. As relações
apresentadas em (1) são para considerar o movimento entre partículas, para
representar um conjunto de partículas que tem uma coesão intrínseca como no
caso da rocha intacta, o PFC permite simular mediante contactos de ligação,
sendo as novas relações as seguintes:
∆𝐹 𝑛 = 𝑘 𝑛𝐴∆𝑈𝑛
∆𝐹 𝑠 = −𝑘 𝑠𝐴∆𝑈𝑠 (3)
e
∆𝑀 𝑛 = −𝑘 𝑠𝐽∆𝜃𝑛
∆𝑀 𝑠 = −𝑘 𝑛𝐼∆𝜃𝑠 (4)
Onde n
F , s
F ,n
M ,s
M são os componentes de força e momentos respeito
ao centro da zona de contacto cimentada, n
k e s
k são a rigidez da ligação
normal e cisalhante por unidade de área, n e s são os componentes do
ângulo de rotação, e A, I e J são a área, momento de inércia e momento polar da
seção transversal da ligação, respectivamente. A resistência do contato
cimentado é:
𝜎 𝑚𝑎𝑥 = −𝐹 𝑛
𝐴+
𝑀 𝑠 𝑅
𝐼< 𝜎 𝑐 (5)
𝜏 𝑚𝑎𝑥 = −𝐹 𝑠
𝐴+
𝑀 𝑛 𝑅
𝐽< 𝜏 𝑐 (6)
Onde R é o raio da zona cimentada (Figura 5.2(c)), c
e c
é a
resistência à tensão e cisalhamento do contacto cimentado, respectivamente.
Os módulos de Young para os contactos das partículas, Ec e da ligação
cE são:
𝐸𝑐 = 𝑘𝑛 2𝑡 , (t=1 em 2D) (7)
𝐸 𝑐 = 𝑘 𝑛(𝑅 𝐴 + 𝑅 𝐵 ) (8)
Onde )( AR e )(BR são os raios das partículas circulares em contacto
(Figura 5.2 (b) e (c)).
Componentes do SRM 92
Figura 5.2 – (a) Conjunto de partículas representando a rocha intacta (b) Ligação
paralela (c) Contacto entre duas partículas. (b) e (c) de Potyondy e Cundall, 2004.
5.3. Calibração numérica dos micro-parâmetros
As amostras de rocha intacta foram criadas usando os procedimentos
desenvolvidos por (Potyondy & Cundall, 2004). O BPM está caracterizado pela
densidade, forma, distribuição do tamanho das partículas e pelos micro-
parâmetros das partículas e ligações entre as mesmas. A finalidade do processo
de calibração é de obter os micro-parâmetros a partir dos macro-parâmetros
obtidos nos ensaios de laboratório como: O módulo de Young, o coeficiente de
Poisson, a resistência pico à compressão.
O primeiro parâmetro definido a um nível macro foi o módulo de Young. No
PFC este parâmetro é controlado pelo módulo de contacto da partícula cE , e a
relação entre a rigidez normal e cisalhante 𝑘n 𝑘s , módulo de Young da ligação
paralela cE e a relação entre a rigidez normal e cisalhante da ligação paralela
𝑘 n 𝑘 s . Uma vez obtido o módulo de Young, o coeficiente de Poisson é obtido
influenciado pela relação entre a rigidez normal e cisalhante 𝑘n 𝑘s e a relação
entre a rigidez normal e cisalhante da ligação paralela 𝑘 n 𝑘 s . A última etapa
consiste em determinar a resistência uniaxial pico, este valor é controlado pelos
valores médios da resistência normal e cisalhante das ligações entre partículas.
A rocha a ser calibrada para obter os micro-parâmetros na presente
dissertação é o tufo encontrado na zona mineralizada. Os micro-parâmetros
mecânicos necessários para a caracterização são:
Componentes do SRM 93
Raios das partículas.
Rigidez dos contactos das partículas.
Coeficiente de fricção entre partículas.
Resistência cisalhante e normal das ligações das partículas.
Figura 5.3 – Amostra sintética formado por 5071 partículas que representa o tufo
mineralizado.
A primeira etapa foi observar a sensibilidade de alguns micro-parâmetros
como: a relação entre o raio maior e menor da partícula (Rrat), o tamanho da
partícula (Rmin) e a distribuição das partículas para observar a influência no
comportamento e, porém nos resultados dos macro-parâmetros.
A amostra do ensaio foi simulada inicialmente com 5071 partículas e de
dimensões de 6.4 cm x 11.2 cm (Ver figura 5.3). Os macro-parâmetros a obter
eram: resistência pico 44 Mpa, módulo de Young de 55 GPa, e coeficiente de
Poisson de 0.2. Seguindo os procedimentos desenvolvidos por (Potyondy &
Cundall, 2004) se obtiveram os seguintes micro-parâmetros:
Densidade, módulo de Young, atrito e relação entre a rigidez
normal e cisalhante para as partículas.
Módulo de Young, relação entre a rigidez normal e cisalhante,
resistência normal (média e desvio padrão), resistência cisalhante
(média e desvio padrão) para as ligações paralelas das partículas.
Estes parâmetros se mantiveram constantes, já que o que se procurava é
ver a sensibilidade dos parâmetros acima mencionados (Rmin,Rrat e distribuição
das partículas). Realizaram-se testes variando o raio mínimo da partícula (Rmin)
com os seguintes valores 0.35, 1.0, 1.5 e 2.0 mm, se apresenta na tabela 5.1 os
Componentes do SRM 94
micro-parâmetros utilizados na calibração para o raio mínimo de 0.35 mm,
também se variou a relação entre o raio máximo e mínimo da partícula
(Rrat=Rmáx/Rmín) para 1.2, 1.5, 2.0 e 3.0. Quando maior é a variação, mais
heterogeneidade apresenta a amostra (ver figura 5.4. Os resultados obtidos se
apresentam na figura 5.5.
Figura 5.4 – Amostras sintéticas com diferentes Rmax/Rmin (Rrat).
Tabela 5.1 – Micro-parâmetros utilizados no modelo para Rmin = 0.35 mm.
Micro-parâmetros da amostra sintética Caso I Caso II Caso III Caso IV
Densidade da partícula (kg/cm3) 2712.64 2712.64 2712.64 2712.64
Raio mínimo da partícula, Rmin (mm) 0.35 0.35 0.35 0.35
Relação de tamanho de partículas, Rmax/Rmin 1.2 1.5 2.0 3.0
Número de partículas 13 365 10 349 7 187 4 042
Módulo de Young para o contacto partícula-partícula,
Ec(Gpa) 44 44 44 44
Relação de rigidez entre partículas, kn/ks 2.5 2.5 2.5 2.5
Módulo de Young da ligação paralela, E ̅c (Gpa) 44 44 44 44
Resist. da ligação paralela normal, média, σ ̅c (Mpa) 33.2 33.2 33.2 33.2
Resist. da ligação paralela normal, desvio padrão, σ ̅c
(Mpa) 7.4 7.4 7.4 7.4
Resist. da ligação paralela cisalhante, média, τ̅c
(Mpa) 33.2 33.2 33.2 33.2
Resist. da ligação paralela cisalhante, desvio padrão,
τ̅c (Mpa) 7.4 7.4 7.4 7.4
Componentes do SRM 95
Tabela 5.2 – Resultados da calibração.
D/H=60,4 mm/112,0 mm
Rmin = 0,35 mm
Caso
I
Caso
II
Caso
III
Caso
IV
Ensaio de
lab.
Módulo de Young, E (Gpa) 57,4 57,2 56,5 55,4 55,0
Coeficiente de Poisson, ν 0,22 0,23 0,23 0,23 0,2
Resist. à compressão uniaxial, qu (Mpa) 48,4 45,7 46 41,7 44,0
Rrat 1.2 1.5 2.0 3.0
Figura 5.5 – Sensibilidade dos micro-parâmetros Rmin e Rmax/Rmin.
Como pode se observar, a resistência pico no ensaio UCS tem uma maior
variabilidade quanto maior é o Rmax/Rmin (quanto mais heterogênea é a amostra).
Dos resultados anteriores os raios mínimos (Rmin) de 1 mm. e 0.35 mm
tiveram uma variabilidade aceitável e considerados confiáveis para ser utilizados
nos modelos.
A continuação se realizou um procedimento estocástico para estabelecer o
REV (Representative Elemental Volume) para o tufo mineralizado, se utilizaram
8 tamanhos diferentes de amostras, incrementando 1x1 cm desde 3 x 3 cm até
10 x 10 cm (ver figura 5.6). Utilizaram-se os mesmos micro-parâmetros da tabela
5.1 com exceção do Rmin que foi 1 mm no inicio e posteriormente 0.5 mm o
Rmax/Rmin utilizado foi de 2.0. A distribuição das partículas no modelo foi gerada
aleatoriamente como um processo de Poisson. Para cada tamanho do modelo
Componentes do SRM 96
foram geradas 10 realizações, fazendo um total de 160 modelos estocásticos de
partículas (80 para Rmin=1 mm. e 80 para Rmin=0.5 mm).
Figura 5.6 – Amostras quadradas utilizadas para ver a influência do tamanho da amostra.
A figura 5.7 mostra o ensaio biaxial realizado em as amostras para o
cálculo do REV. Para simular o ensaio biaxial, se aplicou um servo mecanismo
para manter uma tensão de confinamento constante e igual a 4 Mpa (σx).Estes
ensaios biaxiais foram realizados para calcular os parâmetros macroscópicos:
Módulo de Young, coeficiente de Poisson e resistência à compressão pico.
Figura 5.7 – Simulação do ensaio biaxial (Pressão de confinamento = 4 Mpa).
Os resultados dos ensaios para ver a variabilidade do módulo de Young,
coeficiente de Poisson e da resistência pico à compressão se apresentam na
figura 5.8, 5.9 e 5.10 respectivamente.
Componentes do SRM 97
Figura 5.8 – Resultado do Módulo de Young obtido para 10 realizações para cada
amostra (Rmin = 1.0 mm).
Figura 5.9 – Resultados do coeficiente de Poisson obtido para 10 realizações para cada
amostra (Rmin=1 mm).
Componentes do SRM 98
Figura 5.10 – Resultados da resistência à compressão obtida para 10 realizações para
cada amostra (Rmin= 1 mm).
Dos gráficos se observa uma influência da distribuição do tamanho de
partículas considerável no módulo de Young e na resistência à compressão e
uma influência menor para o coeficiente de Poisson. A variabilidade foi
excessivamente grande (devido provavelmente ao raio mínimo de partícula
(Rmin), pelo que se realizou outra análise similar para um Rmin de 0.5 mm. Os
resultados foram melhores, mostrando uma variabilidade aceitável como se
mostra nas figuras 5.11, 5.12 e 5.13.
Componentes do SRM 99
Figura 5.11 – Resultados do Módulo de Young obtido para 10 realizações para
cada amostra (Rmin = 0.5 mm).
Figura 5.12 – Resultados do coeficiente de Poisson obtido para 10 realizações para cada
amostra (Rmin = 0.5 mm).
Componentes do SRM 100
Figura 5.13 – Resultados da resistência à compressão pico obtida para 10 realizações
para cada amostra (Rmin = 0.5 mm).
Dos resultados obtidos, observa-se que a variação é muito menor tanto
para o módulo de Young, como para a resistência à compressão pico e também
que a partir da amostra de 6 cm os valores médios aumentam pouco pelo que
poderia se considerar como o REV do modelo de 6 x 6 cm. Também se
realizaram histogramas dos 80 modelos para o Rmin de 0.5 mm e Rrat=2.0. Como
a determinação do modelo poderia ser subjetiva, utilizou-se o coeficiente de
variação definido como a relação entre o valor do desvio padrão e da média das
respectivas propriedades macro-mecânicas. Estes resultados se mostram na
figura 5.15.
Figura 5.14 – Histogramas das propriedades mecânicas calculadas usando o PFC.
Como se observa na figura 5.15 quanto mais aumenta o tamanho da
amostra, mais diminui o coeficiente de variação. Considerou-se como aceitável
Componentes do SRM 101
um coeficiente de variação menor a 5% e sendo assim, o REV seria de 6 x 6 cm
como se tinha mencionado anteriormente.
Figura 5.15 – Coeficiente de variação das macro-propriedades para Rmin =0.5 mm e
Rrat= 2.0).
5.4. Efeito da escala
Como visto anteriormente se deveria usar um tamanho de partícula de raio
mínimo de 0.5 mm, mas para um modelo de dimensões de 100 m x 100 m, por
exemplo, se necessitariam milhões de partículas o que converteria nosso modelo
inviável pelo tempo computacional.
Tem-se realizado diversos estudos mostrando a influência na resistência
da rocha intacta na escala de laboratório como (Bieniawski, 1968a; Bieniawski,
1968b; Bieniawski e Van Heerden, 1975; Heuze, 1980). Devido a essa influência
as micro-propriedades da rocha intacta devem ser calibradas para representar a
resistência do bloco da rocha intacta e não só para as dimensões da amostra de
laboratório.
Para tomar em consideração esse efeito da escala se usa a relação
desenvolvida por Hoek e Brown (Hoek e Brown, 1980) para rocha homogênea
dura ou a extensão dela proposta por Yoshinaka et al.(2008) para rocha alterada
e/ou com a presença de micro-trincas. A relação empírica de Hoek e Brown foi
desenvolvida da coleção de resultados ensaios de compressão uniaxial
Componentes do SRM 102
realizados em amostras de diferentes tamanhos, em rocha dura e homogênea. A
relação se apresenta na figura 5.16.
Figura 5.16 – Efeito da escala na resistência à compressão uniaxial em rocha intacta
(modificado de Hoek e Brown, 1980).
Yoshinaka et al. (2008) percebeu uma similaridade entre a forma da função
de Hoek & Brown e a relação entre a resistência e volume de um sólido,
derivado da teoria estatística de Weibull’s:
𝜎𝑐 = 𝜎𝑐0(𝑉 𝑉0 )−1𝑚
Onde V é o volume da amostra, m é uma constante do material chamada
módulo de Weibull, e V0 é o volume da amostra de tamanho padrão. Para
padronizar amostras de diferentes relações de diâmetro e altura, ele utilizou uma
dimensão equivalente, de= V1/3, e um expoente, k=3/m, ficando a relação como
segue:
𝜎𝑐 = 𝜎𝑐0(𝑑𝑒 𝑑𝑒0 )−𝑘
Ele observou que o valor de k era fortemente influenciado pela presença
de micro-trincas nas amostras. Ele notou que o valor de k no intervalo de 0.1-0.3
era adequado para rochas duras homogêneas e que o valor de k era mais
sensível para rochas alteradas e/ou com presença de micro-trincas, sendo seu
intervalo de 0.3-0.9. Os resultados se mostram na figura 5.17 junto com a
relação de Hoek e Brown (1980).
Componentes do SRM 103
Outro aspecto importante a considerar quando se quer simular um
maciço rochoso com uma grande densidade de fraturas que serão simuladas
usando o modelo smooth-joint é a resolução que pode estar limitadas pela
resolução do bloco da rocha intacta ou pelas descontinuidades. Geralmente
e no caso da presente dissertação o fator limitante são as descontinuidades,
já que o tamanho das mesmas é maior do que o espaçamento entre elas. O
espaçamento médio das descontinuidades é de 2.5 m, pelo que o tamanho
do bloco a calibrar é de 2.5m x 2.5 m.
Do ensaio de laboratório se obteve uma resistência de 44 Mpa para
uma amostra de 6.04 cm. x 11.2 cm. e as micro-propriedades obtidas da
calibração se mostram na tabela 5.1 e serão usadas nesta etapa. Usando a
relação de Hoek e Brown (1980) a resistência para uma amostra de 0.70 x
1.298 m (A mesma relação altura/diâmetro que a do laboratório, no caso da
presente dissertação é 1.85) seria aproximadamente 80% do valor da
resistência uniaxial da resistência padrão de 5 cm que nosso caso a
resistência 𝜎𝑐50 é 45.52 Mpa. Por tanto a resistência à compressão pico de uma
amostra com dimensão maior de 2.5 m seria teoricamente 36.4 Mpa.
Figura 5.17 – Efeito da escala na resistência à compressão uniaxial em rocha intacta
(Yoshinaka et al., 2008) junto com a curva de Hoek e Brown (1980) (Adaptado de Pierce
et al., 2009).
Componentes do SRM 104
Fazendo o procedimento anterior (se fizeram 10 modelos com
diferentes distribuições de partículas) e se obtiveram as micro-propriedades
mostradas na tabela 5.3 a ser usadas no SRM.
Tabela 5.3 – Micro-propriedades para a amostra de 2.5 x 4.65 m.
Micro-parâmetros da amostra sintética (2500 x 4650 mm.)
Densidade da partícula (kg/cm3) 2712.64
Raio mínimo da partícula, Rmin (mm) 178.5
Relação de tamanho de partículas, Rmax/Rmin 1.5
Módulo de Young para o contacto partícula-partícula, Ec(Gpa) 42.0
Relação de rigidez entre partículas, kn/ks 2.5
Módulo de Young da ligação paralela, E ̅c (Gpa) 42.0
Resist. da ligação paralela normal, média, σ ̅c (Mpa) 17.0
Resist. da ligação paralela normal, desvio padrão, σ ̅c (Mpa) 3.5
Resist. da ligação paralela cisalhante, média, τ̅c (Mpa) 17.0
Resist. da ligação paralela cisalhante, desvio padrão, τ ̅c (Mpa) 3.5
5.5.
5.6. Representação das descontinuidades (Modelo de Contacto Smooth-Joint)
Uma vez geradas as descontinuidades de maior e menor escala nos
programas computacionais adequados para a modelagem estrutural (na
presente dissertação foi usado o Petrel versão 2010.1), estas devem ser
inseridas no PFC2D. Tradicionalmente as descontinuidades eram inseridas
eliminando algumas ligações de contato e modificando as micro-propriedades
das partículas localizadas ao longo da interface, dando valores baixos de
resistência e de rigidez (Figura 5.18).
Componentes do SRM 105
Figura 5.18 – Representação das descontinuidades (cor vermelho) reduzindo as micro-
propriedades de resistência e rigidez.
O problema de representar as descontinuidades utilizando esse método,
ainda dando baixos valores de fricção, resistência, rigidez nos contatos não dará
bons resultados quando deslizar, já que se gera uma rugosidade intrínseca nos
contornos que é influenciado pelo tamanho das partículas nesses contornos.
Uma solução ao problema seria utilizar partículas de menor tamanho nessas
zonas para assim diminuir a rugosidade intrínseca, no entanto, quando o número
de descontinuidades é grande essa solução não é viável.
Recentemente Cundall tem desenvolvido um modelo para representar as
descontinuidades, o modelo de contacto smooth-joint (Mas Ivars et al., 2008b).
Este modelo simula o comportamento de uma interface independentemente da
orientação dos contactos entre partículas ao longo da interface (Figura 5.19). O
termo smooth é devido a que os pares de partículas que estejam unidas pelo
contacto smooth-joint podem passar uma através da outra, em vez do contacto
padrão, no qual a partícula é forçada a se mover sobre a outra partícula, criando
assim uma maior rugosidade (Figura 5.20).
Componentes do SRM 106
Figura 5.19 – (a) Representação da junta, e (b) amostra 2D baixo ação da gravidade é
quebrada pela descontinuidade (as partículas vermelhas são fixas) – grandes
movimentos por cisalhamento resultam na criação de novos contactos smooth – joint ao
longo do plano da junta. (Modificado de Mas Ivars, 2008).
Figura 5.20 – (a) Modelo de contacto padrão (deslocamento normal e tangencial respeito
à orientação do contacto), (b) movimento da partícula com contacto padrão quando
submetido à força lateral, (c) Modelo de contacto Smooth-joint (deslocamento normal e
tangencial respeito à orientação da junta), (d) movimento da partícula com o modelo de
contacto smooth-joint quando submetido à força lateral.
No modelo de contacto, a geometria da junta consiste em duas superfícies
planares. As duas partículas em contacto estão associadas com as duas
superfícies, uma por lado. Durante cada etapa de tempo, o incremento do
Componentes do SRM 107
deslocamento relativo translacional entre as duas superfícies das partículas é
descomposto em componentes normal e tangencial às superfícies das juntas.
O modelo smooth-joint pode ser visto como um conjunto de molas
uniformemente distribuído sobre uma seção transversal circular, com centro no
ponto de contacto e orientado paralelo ao plano da junta. O modelo permite que
os pares de partículas com contatos Smooth Joint possam se sobrepor e deslizar
umas sobre as outras. Durante cada intervalo de tempo (Δt), o incremento do
deslocamento translacional relativo entre as duas superfícies das partículas é
decomposta em componentes normal e cisalhante às superfícies das
descontinuidades.
As descontinuidades no modelo SJ podem representar tanto
descontinuidades sem nenhuma resistência à tração, como descontinuidades
com certa resistência à tração utilizando ligações. As operações realizadas
quando o modelo SJ é criado é o seguinte (Figura 5.21):
O modelo de contato e ligação paralela é apagado e reemplazado
pelo modelo smooth-joint.
As micro-propriedades do modelo smooth-joint são estabelecidas.
A força, deslocamento e separação entre partículas (gap) são
estabelecidas em zero.
Figura 5.21 – Operações quando o modelo smooth-joint é criado
As micro-propriedades do modelo se mostram na figura 5.22 tanto para
representar juntas com resistência à tração como para juntas sem nenhuma
resistência à tração. Ao igual que como visto na calibração da rocha intata com a
sensibilidade de algumas micro-propriedades, para a calibração das
descontinuidades também existem maior sensibilidade com algumas micro-
propriedades.
Componentes do SRM 108
Figura 5.22 – Micro-propriedades do modelo de contato smooth-joint (juntas com e sem
ligação)
Park, J-W e Song J-J (2009) estudaram a influência das micro-
propriedades no comportamento cisalhante das descontinuidades, concluindo
que a resistência pico da resistência cisalhante é controlada pelo coeficiente de
fricção, rugosidade e relação entre a resistência cisalhante e normal da ligação
de contato. A relação destes micro-parâmetros com a resistência cisalhante é
não-linear. Assim também a resistência residual cisalhante está influenciada pelo
coeficiente de fricção, raio mínimo e relação da resistência cisalhante e normal
da ligação de contato.
Assim se realizou um ensaio de cisalhamento direto, de uma amostra de
60.6 mm de comprimento e 30.0 mm de altura (Figura 5.23). Uma vez gerada a
amostra o ensaio consiste em aplicar inicialmente uma tensão normal constante.
Isto se realizou utilizando um mecanismo de servo-controle para que a
velocidade da parede superior seja tal que a tensão normal aplicada se
mantenha constante ao longo do ensaio. Posteriormente se aplica uma
velocidade horizontal constante e suficientemente pequena na parede superior
esquerda (para assegurar que a amostra permaneça em equilíbrio quase-
estático ao longo do ensaio). Realizaram-se os ensaios para as tensões normais
de 1.0, 2.5 e 4.0 Mpa. As micro-propriedades utilizadas foram as seguintes:
sj_kn = 2.3e9
sj_ks = 2.3e9
sj_fric = 0.5 = atan(ϕ) = atan(28,86°)
sj_da = 0.0
sj_bm = 0
Componentes do SRM 109
Os resultados do ensaio de cisalhamento simulado se mostram na figura
5.24
Figura 5.23 – Amostra de ensaio para o cisalhamento direto.
Figura 5.24 – Resultados do ensaio de cisalhamento direto realizado.
6 Análise de estabilidade de taludes e Resultados
O objetivo principal deste capítulo é construir um material equivalente que
permita simular a resistência da rocha intacta e das estruturas
(descontinuidades) nos pontes de rocha ao longo de uma possível superfície de
ruptura em um maciço rochoso moderado ou fortemente fraturado. Utilizou-se o
método SRM para a construção do talude e avaliar a estabilidade do talude.
Na presente dissertação não se realizou a análise estrutural, devido a que
a ênfase foi dada a analisar a estabilidade 2D do talude global, considerando
que a seção de ruptura seria tanto na rocha intacta (pontes de rocha) como
pelas descontinuidades. Utilizaram-se seções transversais geradas no Petrel
tomando em conta o modelo geológico e estrutural (capítulo 3 e 4). As seções
transversais utilizadas se encontram na mina Norte, devido a que na mina Este
(localizada no domínio “1 & 2”) não se conseguiu distribuir espacialmente a
densidade de fraturas (P32) porque os dados das sondagens e afloramentos
foram insuficientes para gerar os variogramas e a correlação espacial. Nesse
domínio se modelaram as fraturas utilizando um valor constante de densidade. A
dimensão do modelo a utilizar foi de 120 m x 93 m. e a continuação se
apresentam as etapas necessárias para a criação do modelo SRM e os
resultados da análise.
Antes da criação de nosso modelo sintético a analisar se escolheu uma
seção que seja crítica. A caracterização do maciço rochoso dentro do domínio “3
& 4” foi de maior qualidade que no domínio “1 & 2“ devido a que se tinha maior
quantidade de sondagens e porém uma modelagem geológica mais
representativa e também porque no domínio “3 & 4” se contava com informação
suficiente para gerar variogramas a diferencia do domínio “1 & 2” onde não se
conseguiu gerar variogramas e a modelagem estrutural foi realizada com valores
de espaçamento constante e não como uma propriedade 3D. A figura 6.1
mostra a seção com a cava econômica final da mina.
Análise de estabilidade de taludes e Resultados 111
Figura 6.1 – Seção de análise e cava final econômica da mina.
Uma vez definido o domínio, das duas cavas (norte e sul) a cava norte
apresenta maior quantidade de estruturas e está perto das sondagens, além de
apresentar taludes mais altos.
Dentro de essa seção, a falha lístrica parece ser um fator crítico para a
análise pelo que se analisou esse talude, como se vê na figura 6.2.
Figura 6.2 – Seção mostrando o talude que vai ser analisado.
É importante ressaltar que na presente dissertação se analisou só esta
seção devido ao tempo, mas num projeto se devem analisar diversas secções
em diferentes zonas e orientações, já que a orientação do talude afeta
diretamente à estabilidade do mesmo.
Análise de estabilidade de taludes e Resultados 112
6.1. Análise de estabilidade de taludes
6.1.1. Considerações para a avaliação da estabilidade de taludes
A configuração final do talude deve envolver alguma forma de análise na
qual as forças perturbadoras (como a gravidade, poro pressão, sismos, etc.)
possam ser comparadas com a capacidade de resistência do maciço rochoso. A
técnica de análise escolhida depende do modo de falha e da perturbação que
causará a ruptura.
As análises de estabilidade de taludes tradicionalmente foram realizadas
por métodos de equilíbrio limite, mas ultimamente os métodos numéricos como
elementos finitos e elementos discretos tem sido usados para esse propósito.
O método de equilíbrio limite depende da superfície de falha assumida, se
for conhecida pode se utilizar para mecanismos de ruptura estruturalmente
controlados ou maciços rochosos homogêneos, mas para mecanismos
complexos é inadequado. Tem a limitação que só calcula o valor do fator de
segurança, mas não calcula deslocamentos e não considera o estado de
tensões in-situ.
O método de elementos finitos permite a deformação do material e a falha,
é capaz de simular mecanismos complexos de ruptura, mas não é apropriado
quando o maciço rochoso contém um grande número de estruturas.
O método de elementos discretos permite simular comportamentos
complexos, incluindo a propagação das fraturas, variação das propriedades dos
materiais, a anisotropia e efeito de escala devido a que as estruturas são
modeladas explicitamente.
Em geral a análise de taludes consiste em duas etapas:
A primeira é calcular o fator de segurança para uma especificada
superfície de deslizamento.
A segunda é encontrar a superfície de falha crítica que está
associada ao fator de segurança mínimo.
O fator de segurança (F.S.) é uma medida determinística da relação entre
as forças resistentes (capacidade) e as forças motrizes do sistema. O fator de
segurança depende da perturbação que causará a ruptura e o modo de ruptura.
Os métodos encontrados para obter o fator de segurança no método de
elementos discretos se apresentam a continuação na figura 6.3.:
Análise de estabilidade de taludes e Resultados 113
Figura 6.3 – Métodos para calcular o fator de segurança no SRM segundo o modo de
ruptura do talude (Em vermelho o método utilizado para calcular o fator de segurança).
O método que se utilizou na presente dissertação foi o método de
incremento de gravidade (GIM). Este método tem sido usado tanto em solos
(Swan, 1999), como em rochas fraturadas (Li, 2009) dando bons resultados
quando comparado com o método de redução da resistência cisalhante (SSR).
Uma característica importante do método na análise de estabilidade de
taludes é que a superfície critica de falha, como o fator de segurança pode ser
obtido sem nenhuma presunção sobre a forma e localização da superfície de
falha.
O método consiste em incrementar gradualmente a gravidade até que a
superfície crítica de falha seja determinada. Para julgar a falha do talude, pode
se usar diversos critérios como a formação da superfície critica, não
convergência da solução numérica ou variação dos deslocamentos. Finalmente
o FS é a relação entre a gravidade limite (de ruptura) e a gravidade real.
(𝐹𝑆)𝑔𝑖 =𝑔𝑙𝑖𝑚 𝑖𝑡𝑒
𝑔𝑟𝑒𝑎𝑙
A continuação se mostra a metodologia para gerar o talude e a sua
avaliação.
Análise de estabilidade de taludes e Resultados 114
6.1.2. Geração da amostra (“tijolo”) usando o AC/DC (Adaptive Continuum/ Discontinuum):
Uma vez que as micro-propriedades têm sido calibradas, as rochas
intactas do tamanho e forma desejadas podem ser geradas utilizando o
procedimento desenvolvido por (Potyondy & Cundall, 2004) para a criação das
partículas com ligação paralela.
Para modelos de grandes dimensões como em nosso caso (120 m x 93 m)
o número de partículas necessárias para criar o modelo é grande, fazendo que o
tempo computacional para que o conjunto de partículas atinja o equilíbrio seja
grande, pelo que se utilizou a lógica AC/DC (Billaux et. al., 2004).
O método está baseado em uma unidade pequena de partículas (chamado
de “tijolo”). O tijolo é um conjunto de partículas compactadas que são geradas
dentro de um espaço periódico, e armazenado em forma compacta.
Posteriormente podem se gerar varias copias deste conjunto de partículas e ser
encaixadas perfeitamente, porque o arranjo geométrico das partículas de um
lado do tijolo é a imagem negativa no lado oposto. Na figura 6.4 se mostra dois
tijolos separados, no espaço periódico existem 3 tipos de partículas. As
partículas internas, chamadas regulares (amarelas), as partículas “controladoras”
(azuis) e as partículas “escravas” (vermelhas). Quando dois tijolos são unidos, a
partícula controladora e a escrava em um contorno comum são reemplazadas
por uma partícula regular.
Figura 6.4 – Ilustração de dois tijolos separados para ver como encaixam
perfeitamente. A localização da partícula controladora no tijolo da esquerda é idêntica à
associada escrava no lado direito. (Modificado de Billaux et al., 2004).
Análise de estabilidade de taludes e Resultados 115
Antes de criar o modelo AC/DC, devemos gerar e compactar um conjunto
de partículas dentro de um espaço periódico, e depois convertido em um tijolo
(2.5 m x 4.65 m), dimensões que estiveram definidas pelo espaçamento médio
entre juntas. A continuação se descreve as etapas mencionadas:
1. Compactação inicial: A área definida pelas paredes é preenchida
com partículas, para tem certeza de ter uma razoável compactação
o agrupamento de partículas na área, o número de partículas é
determinado tal que a porosidade da amostra é 8%. As partículas
são geradas com a metade de seu tamanho final e localizadas
aleatoriamente de maneira que duas partículas não se sobrepõem.
Depois os raios das partículas são incrementados até atingir seus
valores finais e o sistema é permitido atingir o equilíbrio estático.
2. Instalar as tensões isotrópicas: Os raios de todas as partículas
são cambiados uniformemente para atingir uma tensão isotrópica
específica. Esta tensão isotrópica deve ser um valor baixo respeito
às tensões in situ. A finalidade desta etapa é de reduzir a
magnitude das tensões que se desenvolveram depois na instalação
das ligações de contatos.
3. Reduzir o número de partículas flutuantes: Um conjunto de
partículas com raios não uniformes e localizados aleatoriamente e
compactados mecanicamente, pode conter um número
considerável de partículas flutuantes que tenham menos de 3
contatos.
4. Instalação de ligações: Nesta etapa são instaladas as ligações de
contato e paralela nas partículas que estão em contato físico. As
etapas mencionadas são ilustradas na figura 6.5.
Análise de estabilidade de taludes e Resultados 116
Figura 6.5 – Procedimento de geração do material (a) Conjunto de partículas depois da
geração inicial, mas antes do rearranjo; (b) Distribuição dos contatos de força depois da
etapa (2); (c) partículas flutuantes (com menos de 3 contatos) e contatos depois da etapa
(2); (d) ligação paralela depois da etapa (4).
Criou-se assim o tijolo com dimensão de 2.5 m x 4.65 m, e utilizando os
micro-parâmetros da tabela 5.3. Instalou-se uma tensão inicial de -0.1 Mpa.
Depois foram eliminadas as partículas flutuantes e posteriormente se instalaram
as ligações de contato e paralela. Finalmente o conjunto de partículas criado é
salvo como um tijolo.
6.1.3. Montagem do modelo
A continuação se cria o número de tijolos necessários para obter a
dimensão do nosso modelo. Para gerar um modelo de 120 m x 93 m. foram
necessários 48 tijolos no eixo x e 20 tijolos no eixo y. A origem do novo conjunto
de partículas está localizada em x = 0.0, y = 0.0. Na figura 6.6 se mostra o
modelo gerado.
Análise de estabilidade de taludes e Resultados 117
Figura 6.6 – Modelo de rocha intacta formado por tijolos de partículas.
6.1.4. Instalação das tensões in situ no modelo
Antes de instalar as tensões in situ do modelo, devemos estimar o valor
das mesmas. A tensão vertical é estimada mediante a seguinte relação:
σv = γz
Onde:
σv : Tensão vertical
γ : Peso específico da rocha e
z: Profundidade
A tensão horizontal atuando num elemento de rocha a uma profundidade z
é mais difícil de estimar. Normalmente, o se expressa por:
σh = k σv
Terzaghi e Richart (1952) sugeriram que o valor de k podia ser dado por:
𝑘 = 𝜈 (1 − 𝜈)
Assim se realizou um gráfico mostrando as tensões principais e sua
variação linear.
Análise de estabilidade de taludes e Resultados 118
Figura 6.7 – Gráfica das tensões principais
Finalmente as tensões in situ foram as seguintes:
σxx = - 0.89 Mpa.
σyy = - 2.70 Mpa.
𝜏𝑥𝑦 = 0.0
As tensões são uma quantidade continua e, portanto não existem em cada
ponto em um conjunto de partículas, porque o médio é discreto. No modelo
discreto PFC, as forças de contato e o deslocamento das partículas são
registrados, existem métodos indiretos para medir as tensões, definindo uma
área circular e medindo as forças de contato e dividido pela área. Assim as
tensões derivadas dos círculos de medição são comparadas com as tensões in
situ que desejamos obter, depois, os deslocamento de partículas são aplicados,
baseado em um incremento da deformação relacionado com o incremento de
tensão requerido para atingir a tensão in situ.
Análise de estabilidade de taludes e Resultados 119
Figura 6.8 – Evolução das tensões para atingir as tensões in situ.
Figura 6.9 – Campo de deslocamentos finais do conjunto de partículas, círculo de
medição de tensão (de cor vermelho)
6.1.5. Inserir as descontinuidades explicitamente
Uma vez que as tensões in situ têm sido instaladas, procede-se a inserir as
descontinuidades uma por uma explicitamente e utilizando o modelo Smooth-
Joint mencionado no capítulo anterior. As descontinuidades foram exportadas do
Petrel como figura, para posteriormente ser escaladas e digitalizadas no
Autocad, para conhecer as coordenadas, comprimento e mergulho de cada uma
delas. Os parâmetros geométricos e propriedades das juntas para o modelo
Smooth-Joint foram os seguintes:
Coordenadas x,y do centro da junta.
Raio da junta.
Análise de estabilidade de taludes e Resultados 120
Mergulho da junta.
Comprimento da junta.
Rigidez normal e cisalhante por unidade de área.
Coeficiente de fricção.
Ângulo de dilatância.
Modo de ligação.
Resistência normal da ligação.
Coesão e ângulo atrito da ligação.
Figura 6.10 – Instalação das descontinuidades explicitamente utilizando o modelo
Smooth- Joint.
6.1.6. Escavação para geração do talude
Finalmente para gerar o talude se realizou o processo de escavação em 5
etapas, cada uma delas de 15 metros. Para o processo de escavação se
apagaram as partículas definidas nos limites desejados para a geração do talude
e posteriormente ver o estado de equilíbrio.
A figura 6.8 e 6.9 mostra os taludes escavados para a primeira e quarta
etapa.
Análise de estabilidade de taludes e Resultados 121
Figura 6.11 – Primeira etapa da escavação do maciço rochoso (15 metros de
escavação).
Figura 6.12 - Quarta etapa da escavação do maciço rochoso (60 metros de escavação).
Análise de estabilidade de taludes e Resultados 122
6.2. Resultados
Para definir que está começando a falha do talude deve acontecer um dos
seguintes fatos:
Formação de uma superfície crítica de falha (propagação de fraturas).
Não convergência da solução (o sistema não atinge o equilíbrio). No PFC
é controlado mediante o fob (forças não balanceadas).
Variações dos deslocamentos em algumas regiões do talude.
Antes de mostrar os resultados, deve-se mencionar que a tensão é uma
quantidade continua e, portanto, não existe em um ponto dentro de um conjunto
de partículas, porque o meio é discreto. No modelo discreto modelado, as forças
de contato e os deslocamentos das partículas são computados. Estas
quantidades são úteis quando se estuda o comportamento na micro-escala, mas
elas não podem ser transferidas diretamente para um modelo contínuo. Devido a
isto se utilizam métodos aproximados, na qual se devem criar círculos, assim
para essa área se calculam as forças dos contatos.
Figura 6.13 – Talude rochoso mostrando os pontos de monitoramento e círculos de
medição de tensões.
Análise de estabilidade de taludes e Resultados 123
Foram criados quatro círculos de medição como se mostra na figura 6.13
para calcular as tensões (sxx, syy, sxy). Colocaram-se também diversos pontos
de monitoramento para obter informação sobre as velocidades (x,y) e as
posições (x,y) nesses pontos.
6.2.1. Etapas das escavações mostrando as forças de compressão e tração
Realizaram-se cinco escavações de 15 m cada uma, a continuação se
mostram as etapas de escavação mostrando as forças de compressão e tração,
da seqüência de figuras se vê como vão se redistribuindo as tensões no maciço
rochoso conforme se realiza a escavação, também se vê como nas fraturas e
arredores se concentram as forças de tração (vermelho).
Figura 6.14 – Etapa 1 da escavação mostrando as forças de compressão (azul) e tração
(vermelho).
Figura 6.15 – Etapa 2 da escavação mostrando as forças de compressão (azul) e tração
(vermelho).
Análise de estabilidade de taludes e Resultados 124
Figura 6.16 – Etapa 3 da escavação mostrando as forças de compressão (azul) e tração
(vermelho).
Figura 6.17 – Etapa 4 da escavação mostrando as forças de compressão (azul) e tração
(vermelho).
Figura 6.18 – Etapa 5 da escavação mostrando as forças de compressão (azul) e tração
(vermelho).
Análise de estabilidade de taludes e Resultados 125
6.2.2. Etapas das escavações mostrando os deslocamentos das partículas
A continuação se mostra as figuras com as etapas das escavações, em
cada etapa se mostra o deslocamento máximo dentro do talude e se vê como vai
aumentando progressivamente quando é escavado o talude. Estes
deslocamentos devem ser devido à mudança das tensões no talude.
Nas figuras 6.22 e 6.23 se vê como vai se formando uma gradiente dos
deslocamentos na zona da falha lístrica (círculos azuis).
Figura 6.19 – Etapa 1 da escavação mostrando os deslocamentos no talude.
Figura 6.20 – Etapa 2 da escavação mostrando os deslocamentos no talude.
Deslocamento Max.
= 1.945 e-2 m
Deslocamento Max.
= 2.257 e-2 m
Análise de estabilidade de taludes e Resultados 126
Figura 6.21 – Etapa 3 da escavação mostrando os deslocamentos no talude.
Figura 6.22 – Etapa 4 da escavação mostrando os deslocamentos no talude.
Figura 6.23 – Etapa 5 da escavação mostrando os deslocamentos no talude.
Deslocamento Max.
= 2.465 e-2 m
Deslocamento Max.
= 2.742 e-2 m
Deslocamento Max.
= 3.298 e-2 m
Análise de estabilidade de taludes e Resultados 127
6.2.3. Talude em equilíbrio – Monitoramento
Observa-se na figura 6.24 a curva da força não balanceada, mostrando
como depois da escavação a curva se mantém constante (sistema em equilíbrio,
porém, o talude é estável).
Nas figuras 6.25, 6.26 e 6.27 se apresenta o registro da velocidade
horizontal (Vx) nos pontos de monitoramento no talude (crista, metade e pé)
mostra que inicialmente há movimento, mas depois se mantém constante e com
velocidade igual a zero (talude estável).
Nas figuras 6,28, 6.29 e 6.30 se apresenta o registro do monitoramento
das tensões (sxx, syy e sxy) dos círculos 4, 5 e 6. Das figuras pode se observar
que depois da escavação as tensões diminuem, sendo a tensão vertical (syy) a
que mais diminui. Depois da etapa da escavação, as tensões permanecem
constantes (talude estável).
Figura 6.24 – Forças não balanceadas média.
Figura 6.25 – Monitoramento na crista do talude (Velocidade x).
Análise de estabilidade de taludes e Resultados 128
Figura 6.26 – Monitoramento na metade talude (Velocidade x).
Figura 6.27 – Monitoramento no pé do talude (Velocidade x).
Figura 6.28 – Monitoramento das tensões (sxx, syy, sxy) no círculo 4.
Análise de estabilidade de taludes e Resultados 129
Figura 6.29 – Monitoramento das tensões (sxx, syy, sxy) no círculo 5.
Figura 6.30 – Monitoramento das tensões (sxx, syy, sxy) no círculo 6.
6.2.4. Talude instável – Monitoramento
Utilizando o método de incremento da gravidade, para uma gravidade igual
a 35 m/s2 (3.5 g) o talude começa se comportar instável. Na figura 6.31 se
mostra o gráfico das forças não balanceadas e mostra uma tendência que com o
tempo o sistema fica mais instável. Nas figuras 6.32 e 6.33, se vê como as
velocidades aumentam com o tempo e que há uma tendência de que a
velocidade vertical (Vx) aumente mais do que a velocidade horizontal (Vy). Já na
figura 6.34 se observa que a velocidade permanece constante e igual a zero,
depois da relaxação na etapa da escavação no pé do talude não acontecem
deslocamentos e, portanto, a velocidade é zero. Observa-se que nas figuras
6.35, 6.36 e 6.37 as tensões (sxx, syy e sxy) aumentam consideravelmente
devido provavelmente ao começo da ruptura ao longo da falha lístrica.
Figura 6.31 – Forças não balanceadas média.
Análise de estabilidade de taludes e Resultados 130
Figura 6.32 – Monitoramento na crista do talude (Velocidade x, y).
Figura 6.33 – Monitoramento na metade do talude (Velocidade x, y)
Figura 6.34 – Monitoramento no pé do talude (Velocidade x, y).
Análise de estabilidade de taludes e Resultados 131
Figura 6.35 – Monitoramento das tensões (sxx, syy, sxy) no círculo 4.
Figura 6.36 – Monitoramento das tensões (sxx, syy, sxy) no círculo 5.
Figura 6.37 – Monitoramento das tensões (sxx, syy, sxy) no círculo 6.
Análise de estabilidade de taludes e Resultados 132
6.2.5. Talude instável (Ruptura) – Monitoramento
A figura 6.38 mostra as forças não balanceadas média, o sistema é
completamente instável (ruptura do talude).
Nas figuras 6.39 e 6.40 observam-se como as velocidades das partículas
na crista e na metade do talude estão se movimentando.
Já na figura 6.41 as velocidades são constantes e iguais a zero, no pé do
talude não aconteceram deslocamentos.
Observa-se que nas figuras 6.42, 6.43 e 6.44 as tensões (sxx, syy e sxy)
variam consideravelmente durante todo o processo de ruptura.
Figura 6.38 – Forças não balanceadas média.
Figura 6.39 – Monitoramento na crista do talude (Velocidade x, y).
Análise de estabilidade de taludes e Resultados 133
Figura 6.40 – Monitoramento na metade do talude (Velocidade x, y).
Figura 6.41 – Monitoramento no pé do talude (Velocidade x, y).
Figura 6.42 – Monitoramento das tensões (sxx, syy, sxy) no círculo 4.
Análise de estabilidade de taludes e Resultados 134
Figura 6.43 – Monitoramento das tensões (sxx, syy, sxy) no círculo 5.
Figura 6.44 – Monitoramento das tensões (sxx, syy, sxy) no círculo 6.
Finalmente a continuação se mostra como o talude do maciço rochoso
fraturado passou do estado de equilíbrio inicial até atingir a ruptura, observando-
se a propagação das fraturas.
O incremento de incremento de gravidade para que o talude comece se
comportar instável foi de 35 m/s2 (3.5 g). Pelo que o fator de segurança para o
talude rochoso seria de 3.5 e o talude é estável.
Análise de estabilidade de taludes e Resultados 135
Figura 6.45 – Talude do maciço rochoso fraturado (do equilíbrio até a ruptura) – Parte 1
Figura 6.46 – Talude do maciço rochoso fraturado (do equilíbrio até a ruptura) – Parte2
7 Conclusões e Sugestões
7.1. Conclusões
O desenho de taludes nas minas a céu aberto é um desafio da engenharia,
devido à complexidade inerente dos depósitos de minério como a distribuição da
geologia, a alta variabilidade das propriedades de resistência, os defeitos
estruturais existentes no depósito, o grau de alteração das rochas, a informação
geomecânica limitada, etc.
A primeira etapa da dissertação consistiu em caracterizar o maciço
rochoso do depósito mediante a modelagem geológica e estrutural das falhas de
maior e menor escala. O presente trabalho mostrou a metodologia para a
elaboração dos modelos geológicos e estrutural, de soma importância devido a
que são as bases para posteriormente realizar as análises ou desenhos nos
depósitos da mina. É importante reconhecer as zonas de maior confiabilidade.
Na maioria de depósitos minerais se têm diferentes zonas geotécnicas,
cada uma delas com diferentes características geológicas e estruturais. A
presente dissertação conseguiu caracterizar diferentes zonas geotécnicas,
sempre que se conte com data confiável e suficiente para poder obter uma
correlação espacial aceitável e poder distribuir bem as propriedades em 3D.
A modelagem 3D permite ter uma visão global do projeto, assim como
também uma visão local dos problemas, permitindo assim realizar um melhor
planejamento para futuras campanhas de estudos e datas importantes para a
análise que se necessitará.
A segunda etapa da dissertação foi estimar o comportamento mecânico do
maciço rochoso. O ideal seria ensaiar um grande número de amostras
representativas dos domínios geotécnicos, com diferentes tamanhos e
configurações das estruturas e submetidas a trajetórias de tensões. Devido à
restrição do tamanho das amostras nas máquinas do laboratório padrão e o alto
custo. Os ensaios in situ, geralmente não são suficientemente grandes e têm
Conclusões e Sugestões 137
dificuldades com o controle das condições de contorno e a interpretação dos
resultados. Os métodos empíricos têm a limitação de não considerar os efeitos
de escala (devido ao efeito da densidade e persistência das juntas) e anisotropia
(devido ao efeito da orientação preferencial das estruturas geológicas). Já as
soluções analíticas, embora sejam úteis e fáceis de usar, são recomendadas
para casos idealizados como para configurações de estruturas regulares,
ortogonais. Os métodos contínuos têm sido bem utilizados e desenvolvidos nas
ultimas décadas, mas têm dificuldades em capturar os diferentes modos de falha
em maciços rochosos fraturados, assim como a distribuição de tensões, ainda
mais quando se precisa representar um grande número de descontinuidades.
Devido à natureza descontinua do maciço rochoso, o método de elementos
discretos pode capturar bem o comportamento mecânico do maciço rochoso,
simulando a propagação das fraturas assim como observar o comportamento
pós-pico.
O método SRM utilizado na presente dissertação é um método numérico
descontinuo baseado na mecânica de partículas para estimar o comportamento
do maciço rochoso quando é submetido ao processo de escavação em um
depósito de minério localizado no Peru. Este método basicamente consiste no
uso de dois componentes bem conhecidos, como o Bonded Particle Model
(BPM) para representar a rocha intacta (Potyondy e Cundall, 2004) e a
modelagem das fraturas utilizando o método Discrete Fracture Network (DFN),
que uma vez definida a seção crítica de análise, cada uma das juntas são
representadas explicitamente no modelo utilizando o modelo de contacto
Smooth-Joint (Mas Ivars et al. 2008b).
Este método tem a limitação do número de partículas, quanto maior o
número de partículas, maior é o tempo computacional. Como recomendação não
se deve trabalhar com modelos de mais de 250 mil partículas. Na presente
dissertação a escala do maciço rochoso modelado foi de 120 m x 93 m contendo
um grande número de juntas não persistentes. O DFN foi gerado no programa
computacional Petrel versão 2010.1, mas pode ser usado qualquer outro
programa como o FracMan (Golder Associates Inc. 2007), JointStats (Brown
2007), 3FLO (Billaux et al. 2006) SIMBLOC (Hamdi & Du Mouza 2004). Ao
inserir explicitamente as estruturas in situ do maciço rochoso do depósito de
minério se toma em conta o efeito da escala e a anisotropia, considerando
também as características das descontinuidades como resistência (coesão e
atrito) e dilatância.
Conclusões e Sugestões 138
O método SRM é basicamente uma ferramenta que permite simular bem o
comportamento mecânico do maciço rochoso, atuando como um “laboratório
virtual” sem as restrições do tamanho da amostra e para qualquer trajetória de
tensões. Utilizando o “laboratório virtual” se podem obter parâmetros importantes
como a resistência pico do maciço rochoso, o módulo de Young, o coeficiente de
Poisson.
A metodologia SRM permite a consideração de uma complexa rede de
juntas não persistentes assim como a quebra de pontes de rocha. As
propriedades do maciço rochoso não são ingressadas diretamente, em vez
disso, a resposta se obtém do comportamento misturado da rocha intata e das
juntas (que inclui fraturamento, cisalhamento de juntas, propagação de juntas e
coalescência).
A grande vantagem do método é que permite considerar 3 fatores chave
como: representar as estruturas explicitamente, pode-se utilizar diferentes
condições de carregamento e considera as variações das propriedades do
material.
O SRM é uma metodologia relativamente recente e, porém tem problemas
que ainda não foram resolvidos. Esses problemas são comentados na próxima
seção.
7.2. Sugestões
Durante o desenvolvimento da presente dissertação se observou algumas
limitações e problemas que se mencionam a continuação:
A quantidade de dados das sondagens e estações de mapeamento
superficial no domínio “1 & 2” foram insuficientes para gerar
variogramas necessários para a distribuição 3D da intensidade de
fraturas. Pelo que se sugere realizar mais sondagens e
mapeamentos para obter uma quantidade de dados suficientes
para uma boa análise. Nessa zona se utilizou valores constantes da
densidade de fraturas e não propriedades 3D.
O número de partículas é um fator limitante e necessário para obter
valores confiáveis, visto que a sensibilidade do tamanho de
partículas, distribuição, e heterogeneidade das mesmas tem grande
impacto nos resultados. O tempo computacional aumenta
consideravelmente com o número de partículas.
Conclusões e Sugestões 139
Atualmente a rocha intata é calibrada em função da resistência do
bloco médio da rocha (determinado pelo espaçamento médio das
fraturas). Isto pode não representar bem o modelo todo, devido a
que o tamanho dos blocos da rocha intata na realidade tem
tamanhos variáveis. Devem-se realizar pesquisas para solucionar
esse problema ou ver a influência da hipótese assumida.
A representação explicita da rede de fraturas in situ com o DFN é
um dos componentes chaves para o método SRM. Assim os
resultados do comportamento do maciço rochoso obtido usando o
SRM são bons sempre que a representação da rede de fraturas in
situ seja boa. O SRM poderia ser usado para estudar como a
incerteza na simulação do DFN devido à pouca e/ou baixa
qualidade da data das juntas influi na predição do comportamento
mecânico do maciço rochoso.
O BPM (Bonded Particle Model), usado para representar o
comportamento da rocha intata no método SRM, é até agora
incapaz de reproduzir a relação UCS/tensão de corte. Devem-se
realizar mais pesquisas nesta área.
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