Carlos José dos Santos · Não há melhor vida que esta que tu ... de Deus, parabéns agora. 3...
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Poemas Maduros Carlos José dos Santos
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© Copyright – 2009, Carlos José dos Santos
Capa: Lucas Mendonça
Desenho de Gabriel de Souza
Diagramação: Cao Ypiranga
1ª. Edição
(2009)
2ª. Edição
(2013)
Todos os direitos reservados.
Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida – em
qualquer meio ou forma, nem apropriada e estocada sem a expressa
autorização de Carlos José dos Santos – o autor.
Santos, Carlos José dos
POEMAS MADUROS. Carlos José dos Santos. 2ed. - São Paulo - SP: Perse
Editora, 2013. 14x21cm. 48p.
(Coleção Poesia Brasileira Moderna)
ISBN 978-85-60864-29-4
I. Poesia brasileira – Brasil. I. Título. II. Série
CDD – B869.1
Reeditado pelo Autor
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Aos poetas maravilhosos
Deus, Poeta Maior, criador e inspirador, que
criou a própria poesia quando nos deu a vida.
Meus pais, poetas do lar e da família,
conduzindo-me a estes instantes, que
sustentarão a tantos quantos eu vier a viver.
Minhas cinco musas inspiradoras mencionadas
nesta obra e radicadas no coração, e às muitas
existentes nas lembranças, cada qual numa
circunstância diferente, mas igualmente
preciosa.
“Musa é a própria poesia, concretizada em pessoa.”
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Do coração do poeta
“Nos meus tempos de menino, quando eu lia, pensava que a
gente entrava dentro do livro; mas agora que sou grande,
quando leio, percebo que é o livro que entra dentro da
gente.”
Sílvio Valentin Liorbano (Sílvio Poeta)1
1 Homenagem ao poeta que emocionou a muitos no Festival da
Mantiqueira, no dia 30/5/08.
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ÍNDICE
Do coração do poeta 4
O poeta maduro 7
Apresentação 8
Poemas Maduros 9
Fada Biana 10
Stefânia 11
Amizade Selada (Por Carlos) 12
Amizade Selada (Por Tacy) 14
Flor ou Fada 16
Bens imateriais 17
(In) Construção 18
Convicção 19
Felicidade 20
Versatilidade 21
As suas cartas 22
Medo do escuro 23
Ninguém está só 23
Uma lacuna 25
Incompetência 26
Um tolo a menos 26
Poder 26
Olhos / Sossego 27
O encontro 28
Carol e Carlos 29
Enigmáticos 30
6
Segredo / Impossibilidade / Invisibilidade 31
Especialidade / Mais que perto / Fé / Amigo 32
Uma certeza / Uma verdade / Uma constatação 33
Palavra de Honra / Colonização 34
Poesia / Amizade 34
Amor eterno / Equilíbrio / Submissão 35
Corpo e Alma / Paixão e Amor 36
Mais Paixão e Amor / Admiração 36
Teatro / Momentos / Sensibilidade / Arte 37
Sabedoria / Expressão dúbia / 38
Criança interior / Vida 38
Família e Escola / Pássaros em gaiolas 39
Incomunicabilidade 39
Violam os tempos 40
Bicho pensa 41
Arte Visual 42
O Leitor e o Livro / Retângulo-mundo 43
Desadolescente 44
Depoimento de uma princesa desencantada 45
Contato com o Autor 46
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O Poeta Maduro
Sou Carlos José dos Santos; nasci a 15
de novembro de 1968, na cidade de
São José dos Campos, interior de São
Paulo. Posso dizer que ninguém viveu a
infância mais do que eu; brinquei até
os 16 anos como criança e na verdade,
ando brincando até hoje, agora como
adulto-criança, como educador, como articulador entre as pessoas
e o mundo do faz-de-conta. Na Sala de Leitura, brinco nas
contações de histórias; na Literatura, como poeta e escritor de
obras para crianças e jovens; ou no Teatro como Dramaturgo,
escrevendo, produzindo e dirigindo peças teatrais.
Brincando assim, participei por dois anos (2001 e 2002) da
“Antologia de Contos” e da “Antologia Poética” da UNIVAP –
Universidade do Vale do Paraíba – e ganhei nas duas categorias os
Prêmios de Edição.
Agora, o que não é brincadeira, é o meu desejo de que o
mundo possa ser consertado. Penso que a Arte resolverá isso.
Obras:
2009 – Poemas Adolescentes
2009 – Poemas Maduros
2010 – A fantástica mala da tia Generalda (livro virtual no site
www.brincandonarede.com.br)
2011 – Pérolas
2011 – Fases
2012 – Histórias da Lua-cheia em: Jogadas bem-assombradas
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APRESENTAÇÃO
O que seria dos poetas se não fossem as paixões?
Como ficariam se não houvesse as musas, as incertezas e as
solidões?
Certamente, o combustível que mantém acesa a
chama do amor do poeta, a fertilidade, o processo criativo, a
inspiração é nutrir por alguém algum sentimento puro e
incondicional.
A maturidade de um poema passa pela autenticidade
do poeta. Passa pela busca, pela pesquisa e pela sua
capacidade de abrir-se ao novo que bate à porta.
Nesta fase, não só os sentimentos serão os tijolos do
poema, mas o intenso exercício do olhar encantado.
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Poemas Maduros
(5/6/08)
Amadurecer é correr o risco de sair do galho.
Sair do galho é correr o risco de ir pro redemoinho
Aquático ou lácteo.
Ir pro redemoinho é correr o risco de ser liquefeito.
Ser liquefeito é correr o risco de ser engolido.
Ser engolido é correr o risco de ser mudado.
Ser mudado é correr o risco de ser outro.
Ser outro é correr o risco de voltar pro chão.
Voltar pro chão é correr o risco de viajar nas veias.
Viajar nas veias é correr o risco de ir pro alto.
Ir pro alto é correr o risco de ser visto verde.
Ser visto verde é correr o risco de não amadurecer.
Qualquer coisa é correr o risco de qualquer coisa.
Relativo assim.
Quem vê, sabe.
Quem é, sabe.
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Fada Biana2 (4/7/93)
A quarta nota no meu violão eu faço
Teu nome é Fá, falar é fácil
Fa de fantástica
Fa não me engana
Fa de faceira
Fa da Biana.
Fá é a nota mais feliz que há pra mim
Ah! Quem me dera, fosse só ela...
Bom, talvez fosse, se as outras notas ,
Inteiramente, formassem dela.
Ah! Como é forte, soa profundo... FA
Não há no mundo FÁ
Alguém mais bela. FA
A fantasia faz falar; - A fantasia faz
Faz fazer algo, falar, ·· falar
Alto, fascinar, faz-me faz
Falar mil vezes Fá A fantasia é fazer
A fantasia faz cantar faz fazer algo
Faz fazer algo, falar ·· faz falar
Alto, fascinar, faz-me fabular alto
pensar mil vezes Fá fascinar f az-me
faz fabular mil vezes Fá. Falar mil vezes Fabiana
2 Fabiana Rubim, alguém que conheci criança e me ensinou a ver a vida
com aquele olhar de simplicidade, o qual pratico até hoje.
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Stefânia3
(6/7/93)
Homenagem pelo aniversário de uma aluna inesquecível
Sorriso aberto é o teu maior tesouro
Tens jeito puro como anjo de bondade
E toda vez que chega perto é um estouro
Fico também repleto de felicidade.
Ainda és uma menina sonhadora
Não há melhor vida que esta que tu tens
Impressionante é ver-te sempre sorridente
Agora Deus a abençoe. Parabéns!
Seu tesourriso maior aberto é
Tens anjo de bondade puro jeito
Estouro é perto que chega toda vez
Felicidade fico eu também repleto.
Ainda és sonhadora menina
Não melhor vida há que esta tu tens
Impressionante sempre sorrir ver-te
A benção, pois, de Deus, parabéns agora.
3 Filha de uma colega de trabalho a quem sou eternamente grato pela
maravilhosa amiga que é.
12
Amizade Selada
(Por Carlos)
(15/4/99)
Você estava prensada
no meio de tantas outras.
Você estava impressa
com tinta de esferográfica,
repetidas vezes deitada
no plano de uma tábua.
Às vezes, num porta-blocos
face a face com cartões múltiplos
grudada a tantas fichas
mas era ainda um sonho.
Enquanto isso, eu estava
sentado perante um quatorze
polegadas com tela de nylon
fumê, pensando nos olhos
lacrimejantes e emocionantes
que imaginavam e arquitetavam
encontrá-la em algum mundo.
Enquanto a instituição
não resolvia arquivá-la
nos “mega-rams ” e gigabytes,
não era ainda o embrião,
a concepção.
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Então você foi trazida
pelas mãos de um quase anjo,
voluntário daquela Casa,
que evitou que a jogassem
no cesto do reciclável.
Você nasceu nas pontas
dos meus dedos muito ávidos,
pelas palavras tímidas,
pelas idéias mínimas,
pelos cartuchos cheios
de uma jato-de-tinta,
e pelos invólucros simples
de mera papelaria.
Alimentei-a com doces
da pura ansiedade,
com leituras e metáforas
que deu-nos vitalidade.
Hoje nós somos recíprocos
nesta bebida Láctea;
unânimes na poesia,
assíduos na celulose
e intrínsecos no entendimento.
Dois malucos sonhadores,
dois “vocábulo-mercadores”,
duplos “ideo-trocadores”,
que cabem nos envelopes
que vão, que vêm, que voam
que vingam, repartem e amam.
14
Amizade Selada
(Por Tacy)4
E por falar em amor...
O que é o amor sem exigências
que não tem prazo,
só selos coloridos?
É a certeza de estar
sendo sempre esperado.
É de graça, invade os poros,
e nutre as células de energia.
Aura limpa, tenras cores.
São os sóis que há em você:
em seus olhos, coração,
nos seus dedos muito práticos.
Enxergamos o infinito
com a luz de tudo poder amar.
E mesmo sem o conhecer,
sei que não é estranho.
Talvez amigo de longa data,
Outras existências, outras galáxias,
Materializado no vai-e-vem dos correios.
4 Taciana Chiquety, amiga que não cheguei a conhecer pessoalmente. Fica
esta homenagem.
15
Bebemos do vício da amizade: o amor bruto.
Conduzido como eletricidade
pelas serifas das letras,
e pelo conjunto das palavras.
Se isso não é amor
Por que é tão maravilhoso?
É a amizade: graça incondicional
que se desdobra irrequieta
e hoje se arquiva
no grande envelope, a dimensão...
que é o seu e o meu coração.