Carlos Miguel Amaro da Silva - ULisboa · Carregamento de veículos elétricos em locais isolados a...

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Carregamento de veículos elétricos em locais isolados a partir de energias renováveis e com armazenamento intermédio de energia Carlos Miguel Amaro da Silva Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores Orientador: Prof. Duarte de Mesquita e Sousa Júri Presidente: Prof. Rui Manuel Gameiro de Castro Orientador: Prof. Duarte de Mesquita e Sousa Vogal: Prof. António Eusébio Velho Roque Novembro 2016

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Carregamento de veículos elétricos em locais isolados a

partir de energias renováveis e com armazenamento

intermédio de energia

Carlos Miguel Amaro da Silva

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Eletrotécnica e de Computadores

Orientador: Prof. Duarte de Mesquita e Sousa

Júri

Presidente: Prof. Rui Manuel Gameiro de Castro

Orientador: Prof. Duarte de Mesquita e Sousa

Vogal: Prof. António Eusébio Velho Roque

Novembro 2016

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Agradecimentos

A realização da presente dissertação não seria possível sem um conjunto de pessoas que de alguma

forma contribuíram para a sua elaboração.

Em primeiro lugar gostaria de agradecer à minha família pelo apoio e força incondicional que me

deram ao longo do meu percurso académico, uma vez que sem os seus sacrifícios nunca poderia ter

chegado tão longe.

Agradeço ao Professor Duarte de Mesquita e Sousa, pela oportunidade que me deu de trabalhar

num tema tão interessante como o abordado nesta dissertação mas especialmente pelo seu trabalho

de orientação e pela maneira como sempre se demonstrou disponível e pronto para me ajudar em

qualquer circunstância.

Um agradecimento especial aos meus colegas do Instituto Superior Técnico pelo companheirismo,

amizade e entreajuda demonstrada ao longo destes cinco anos, já que sem o seu apoio teria sido

impossível atingir este ponto.

A todos, o meu muito obrigado.

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Resumo

O consumo de combustíveis fósseis em larga escala e os problemas ambientais resultantes da

emissão de gases poluentes para a atmosfera, criaram uma necessidade de alteração dos hábitos de

mobilidade na atualidade. Como resposta a estas necessidades tem existido um forte investimento

efetuado pelas empresas do setor automóvel no desenvolvimento de veículos elétricos, bem como das

tecnologias a estes associadas. Um dos maiores problemas associados aos veículos elétricos é a sua

baixa autonomia, no entanto o desenvolvimento das baterias por estes utilizados permite, que hoje em

dia, 80 % da capacidade destas seja carregada num intervalo de apenas 15 a 30 minutos.

A criação de uma rede de estações de carregamento rápido, de forma a permitir a realização de

viagens de longo curso no menor tempo possível, é assim vista como indispensável neste momento. É

neste sentido, que nesta dissertação é apresentada uma solução para uma estação de carregamento

rápido de veículos elétricos em locais isolados. O modelo apresentado, para além de alimentado pela

rede monofásica disponível no local é ainda alimentado por um sistema de geração fotovoltaica e por

um sistema de armazenamento intermédio de energia constituído por um banco de baterias e um

supercondensador, de forma a minimizar os pedidos de corrente efetuada à rede.

De forma a testar o funcionamento do sistema proposto são realizadas simulações em diferentes

condições, as quais permitem verificar o correto funcionamento do mesmo e a sua resposta perante

eventuais falhas dos subsistemas que o constituem.

Palavras-Chave

Localização isolada, carregamento rápido, rede elétrica monofásica, sistema de geração fotovoltaica,

sistema de armazenamento intermédio de energia, trânsito de potência.

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Abstract

The consumption of fossil fuels on a large scale and the environmental problems resulting from the

emission of polluting gases into the atmosphere, created the need for change in mobility habits in today’s

daily life. In response to these needs a strong investment has been made by companies of the

automotive sector in the development of electric vehicles and the technologies associated with them. A

major problem associated with electric vehicles is their low autonomy, however the development of the

batteries used by these allows nowadays the charge of 80 % of the batteries capacity in a period of 15

to 30 minutes.

The creation of a network of fast charging stations to enable the realization of long travels in an

acceptable time, is a necessity at this point. It is in this sense, that this thesis presents a solution for a

fast charging electric vehicles station in isolated locations. The model presented, is fed not only by the

single phase electric grid available at the location, but also by a photovoltaic generation system and an

intermediate energy storage system consisting of a battery bank and a supercapacitor, in order to

minimize current demands made to the network.

In order to test the correct operation of the proposed system, simulations are performed under

different conditions, which allow to check the correct operation of the system and its response to possible

failures of the subsystems that constitute it.

Keywords

Isolated location, fast charging, single phase electric grid, photovoltaic power generation system,

intermediate energy storage system, power flow.

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Índice

Agradecimentos ....................................................................................................................................... iii

Resumo ..................................................................................................................................................v

Abstract ................................................................................................................................................. vi

Índice ................................................................................................................................................ vii

Lista de Figuras ....................................................................................................................................... ix

Lista de Tabelas ..................................................................................................................................... xii

Lista de Acrónimos ................................................................................................................................ xiii

Lista de Símbolos .................................................................................................................................. xv

1. Introdução ............................................................................................................................................ 1

1.1 Objetivos da dissertação .............................................................................................................. 3

1.2 Estrutura da dissertação .............................................................................................................. 5

2. Estado da Arte ..................................................................................................................................... 7

2.1 Carregamento de Veículos Elétricos ............................................................................................ 7

2.1.1 Modos de carregamento .................................................................................................... 8

2.1.1.1 Carregamento em modo AC ................................................................................ 8

2.1.1.2 Carregamento em modo DC .............................................................................. 10

2.2 Geração Fotovoltaica ................................................................................................................. 14

2.2.1 Modelo teórico ................................................................................................................. 15

2.2.2 Influência dos fatores externos ........................................................................................ 18

2.2.3 Algoritmos MPPT ............................................................................................................. 20

2.3 Armazenamento de Energia ....................................................................................................... 21

2.3.1 Baterias ............................................................................................................................ 23

2.3.1.1 Baterias de Ácido-Chumbo ................................................................................ 24

2.3.1.2 Baterias de Iões de Lítio (Li-Ion) ..................................................................... 24

2.3.2 Supercondensadores ...................................................................................................... 25

3. Estação de carregamento ................................................................................................................. 27

3.1 Sistema proposto ....................................................................................................................... 27

3.2 Ligação à rede ............................................................................................................................ 31

3.2.1 Retificador de onda completa em ponte a díodos ........................................................... 32

3.2.2 Dimensionamento e simulação do retificador ................................................................. 34

3.3 Sistema de Armazenamento de Energia ................................................................................... 37

3.3.1 Banco de Baterias ........................................................................................................... 38

3.3.1.1 Conversor elevador DC/DC ............................................................................... 40

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3.3.2 Supercondensador .......................................................................................................... 44

3.3.2.1 Modelo Supercondensador ................................................................................ 44

3.3.2.2 Conversor redutor-elevador DC/DC .................................................................. 46

3.3.2.3 Simulação do sistema do supercondensador .................................................... 48

3.4 Sistema de Geração Fotovoltaica .............................................................................................. 51

3.4.1 Painel fotovoltaico e sistema MPPT ................................................................................ 52

3.4.2 Conversores de ligação ao DC BUS ............................................................................... 54

3.4.3 Simulação do sistema de geração fotovoltaica ............................................................... 56

3.5 Controlo dos conversores DC/DC de ligação ao DC BUS ......................................................... 59

3.6 Sistema de carregamento de veículos ....................................................................................... 61

3.6.1 Conversor redutor-elevador DC/DC de carregamento .................................................... 62

3.6.2 Controlo do sistema de carregamento ............................................................................ 64

3.6.3 Simulação do sistema de carregamento ......................................................................... 65

4. Funcionamento da Estação de Carregamento ................................................................................. 69

4.1 Cenário 1: Funcionamento do sistema global ............................................................................ 69

4.2 Cenário 2: Falha no SAE e mudança de carregamento rápido para carregamento lento ......... 73

4.3 Cenário 3: Funcionamento em caso de falha na rede ............................................................... 77

5. Conclusões ........................................................................................................................................ 81

Referências ........................................................................................................................................... 83

ANEXOS

Anexo A. Catálogo: Bateria PANASONIC LC-T12105P .................................................................. A1

Anexo B. Catálogo: Supercondensador MAXWELL 160 V .............................................................. A2

Anexo C. Catálogo: PV BP SOLAR SX3190W ................................................................................ A6

Anexo D. Modelo de Simulink do Painel Fotovoltaico (Modelo: 1 Díodo e 3 Parâmetros) .............. A8

Anexo E. Catálogo: Especificações NISSAN LEAF ......................................................................... A9

Anexo F. Código do controlo do sistema de carregamento ........................................................... A10

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Lista de Figuras

Figura 1.1 - Esquema geral do sistema proposto, adaptado de [7] ........................................................ 3

Figura 2.1 - Tipos de tomadas utilizadas nos carregamentos AC [16] ................................................... 9

Figura 2.2 - Norma CHAdeMO: Circuito de ligação carregador/EV e tomada JARI DC Nível III [18] .. 11

Figura 2.3 - Carregador combinado DC do tipo 2 (Norma IEC 62196), adaptado de [24] ................... 12

Figura 2.4 - Previsão para a evolução do número de estações de carregamento rápido no mundo [27]

.......................................................................................................................................... 13

Figura 2.5 - Circuito elétrico equivalente de uma célula fotovoltaica .................................................... 15

Figura 2.6 - Variação da curva I-V com a irradiância, retirado de [28] ................................................. 18

Figura 2.7 - Variação da curva I-V com a temperatura, retirado de [28] ............................................... 18

Figura 2.8 - Curva de energia e potência específica de diferentes tipos de SAE [32] ......................... 22

Figura 2.9 - Curvas características dos diferentes tipos de baterias [31] ............................................. 23

Figura 2.10 - Característica de descarga de baterias, condensadores e supercondensadores, adaptado

de [38] ............................................................................................................................... 26

Figura 3.1 - Esquema global da estação de carregamento .................................................................. 29

Figura 3.2 - Esquema geral da ligação à rede ...................................................................................... 31

Figura 3.3 - Esquema detalhado da ligação à rede .............................................................................. 32

Figura 3.4 - Tensão e corrente da rede ................................................................................................. 34

Figura 3.5 - Tensão nos enrolamentos do secundário do transformador ............................................. 35

Figura 3.6 - Tensão e corrente de saída do retificador ......................................................................... 36

Figura 3.7 - Tensão média do barramento DC ..................................................................................... 36

Figura 3.8 - Esquema geral do sistema de armazenamento de energia .............................................. 37

Figura 3.9 - Curvas da tensão e corrente de descarga do banco de baterias e correspondente SOC 39

Figura 3.10 - Modelo de Simulink do sistema de armazenamento: banco de baterias ........................ 40

Figura 3.11 - Curvas da tensão e corrente fornecidas pelo banco de baterias .................................... 42

Figura 3.12 - Variação da tensão na bobine LBAT.................................................................................. 43

Figura 3.13 – Tensão à saída do conversor: VDC .................................................................................. 43

Figura 3.14 - Corrente à saída do conversor: IDC .................................................................................. 44

Figura 3.15 - Esquema elétrico de um supercondensador: simplificação de 1ª ordem ........................ 44

Figura 3.16 - Esquema elétrico equivalente de um SC tendo em conta o seu comportamento não linear

simplificação de 1ª ordem .............................................................................................. 45

Figura 3.17 - Curvas da tensão e corrente do supercondensador ....................................................... 46

Figura 3.18 - Modelo de Simulink do sistema de armazenamento: supercondensador ....................... 46

Figura 3.19 - Tensão e corrente fornecidas pelo supercondensador ................................................... 48

Figura 3.20 - Tensão e corrente à saída do conversor DC/DC: DC BUS ............................................. 49

Figura 3.21 - Variação da corrente na bobine LSC ................................................................................ 50

Figura 3.22 - Variação da tensão na bobine LSC ................................................................................... 50

Figura 3.23 - Esquema geral do sistema de geração fotovoltaica ........................................................ 51

Figura 3.24 - Modelo do controlador MPPT desenvolvido, baseado em [50] ....................................... 53

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Figura 3.25 - Modelo de Simulink do sistema de geração fotovoltaica ................................................. 54

Figura 3.26 – Tensão e corrente fornecidas pelo PV ao sistema ......................................................... 56

Figura 3.27 – Tensão e corrente à saída do conversor elevador ......................................................... 57

Figura 3.28 - Variação da tensão na bobine LPV2 .................................................................................. 58

Figura 3.29 – Tensão e corrente à saída do conversor redutor: DC BUS ............................................ 58

Figura 3.30 - Malha de controlo da tensão no barramento DC dos SAE e SGPV................................ 59

Figura 3.31 - Sinal de controlo do sistema de controlo e a sua influência no sinal de erro .................. 60

Figura 3.32 - Esquema geral do sistema de carregamento de veículos elétricos ................................ 61

Figura 3.33 - Modelo de Simulink do sistema de carregamento ........................................................... 62

Figura 3.34 - Fluxograma descritivo do controlo do sistema de carregamento .................................... 64

Figura 3.35 - SOCInicial= 20 %: Tensão aos terminais da bateria, corrente de carregamento e a evolução

do SOC ........................................................................................................................... 65

Figura 3.36 - SOCInicial= 75 %: Tensão aos terminais da bateria, corrente de carregamento e a evolução

do SOC ........................................................................................................................... 66

Figura 3.37 - SOCInicial= 95%: Tensão aos terminais da bateria e corrente de carregamento ............. 67

Figura 4.1 – Tensão no DC BUS ........................................................................................................... 69

Figura 4.2 – Corrente no DC BUS ......................................................................................................... 70

Figura 4.3 – Potência no DC BUS ......................................................................................................... 70

Figura 4.4 – Correntes à saída dos sistemas individuais de fornecimento de potência ao DC BUS ... 71

Figura 4.5 – SOC da bateria do EV ....................................................................................................... 71

Figura 4.6 – Corrente e tensão aos terminais da bateria do EV ........................................................... 72

Figura 4.7 – Potência transferida para a bateria do EV ........................................................................ 72

Figura 4.8 – Corrente à saída o SAE .................................................................................................... 73

Figura 4.9 – SOC da bateria do EV ....................................................................................................... 73

Figura 4.10 – Tensão no DC BUS ......................................................................................................... 74

Figura 4.11 – Corrente no DC BUS ....................................................................................................... 74

Figura 4.12 – Potência no DC BUS ....................................................................................................... 75

Figura 4.13 – Corrente à saída do SGPV e do sistema de ligação à rede: resposta dos sistemas às

alterações verificadas ..................................................................................................... 75

Figura 4.14 – Corrente e tensão aos terminais da bateria do EV ......................................................... 76

Figura 4.15 – Potência transferida para a bateria do EV ...................................................................... 76

Figura 4.16 – Corrente à saída do sistema de ligação à rede .............................................................. 77

Figura 4.17 – Tensão no DC BUS ......................................................................................................... 77

Figura 4.18 – Corrente à saída do SGPV e do sistema SAE ................................................................ 78

Figura 4.19 – Corrente no DC BUS ....................................................................................................... 78

Figura 4.20 – Potência no DC BUS ....................................................................................................... 79

Figura 4.21 – SOC da bateria do EV ..................................................................................................... 79

Figura 4.22 – Corrente e tensão aos terminais da bateria do EV ......................................................... 80

Figura 4.23 – Potência transferida para a bateria do EV ...................................................................... 80

Figura A.1 – Modelo de Simulink do painel fotovoltaico (modelo: 1 díodo e 3 parâmetros) ................ A8

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Figura A.2 - Código do controlo do sistema de carregamento............................................................ A10

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Lista de Tabelas

Tabela 3.1 – Características do transformador ..................................................................................... 35

Tabela 3.2 – Parâmetros do modelo de Simulink utilizados para o banco de baterias ........................ 38

Tabela 3.3 – Parâmetros do modelo do supercondensador MAXWELL 160 V .................................... 45

Tabela 3.4 – Características do PV: BP SX3190W .............................................................................. 52

Tabela 3.5 – Características do painel fotovoltaico equivalente ........................................................... 53

Tabela 3.6 – Parâmetros do modelo de Simulink utilizadados para a bateria do EV ........................... 62

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Lista de Acrónimos

AC Alternate Current / Corrente Alternada

CCS Combined Charging System / Sistema de Carregamento Combinado

CHAdeMO “CHArge de MOve”. Nome cormercial do método de carregamento desenvolvido

para carregamentos rápidos

DC Direct Current / Corrente Contínua

DC BUS Direct Current Bus / Barramento de Corrente Contínua

EDR Distibuted Equivalent Resistance / Resistência Equivalente Distribuída

ESR Equivalent Series Resistance / Resistência Equivalente em Série

EV Electric Vehicle / Veículo Elétrico

FCEVS Fast Charging Electric vehicle Station / Estação de Carregamento Rápido de

Veículos Elétricos

FF Form Factor / Fator de Forma

G2V Grid 2 Vehicle / Rede para o veículo

HEV Hybrid Electric Vehicle / Veículo Elétrico Híbrido

ICCB In-Cable Control Box / Caixa de Controlo Intra-Cabo

IEC International Electrotechnical Commission / Comissão Eletrotécnica

Internacional

IGBT Insulated Gate Bipolar Transistor / Transístor Bipolar de Porta Isolada

JEVS Japan Electric Vehicle Standard / Norma para Veículos Elétricos no Japão

MOSFET Metal Oxide Semiconductor Field Effect Transistor / Transistor de Efeito de

Campo Metal - Óxido - Semicondutor

MPPT Maximum Power Point Tracking / Seguidor de Máxima Potência

NOCT Nominal Operating Cell Temperature / Temperatura Nominal de Operação da

Célula

PEV Plug-In Hybrid Electric Vehicle / Veículo Elétrico Híbrido de Carregamento pela

Rede

PHEV Plug-In Electric Vehicle / Veículo Elétrico de Carregamento pela Rede

PID Proportional–Integral–derivative Controller / Controlador Proporcional-Integral-

Derivativo

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PV Photovoltaic Panel / Painel Fotovoltaico

RF Oscillation Factor / Fator de Oscilação

SAE Sistema de Armazenamento de Energia

SC Supercondensador

SGPV Sistema de Geração Fotovoltaica

SOC State Of Charge / Estado de Carga

STC Standard Teste Conditions / Condições de Teste Padrão

TUF Transformer Utilization Factor / Fator de Utilização do Transformador

V2G Vehicle 2 Grid / Veículo para a Rede

VRLA Valve Regulated Lead Acid Battery / Bateria de Ácido Chumbo de Válvula

Regulada

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Lista de Símbolos

A Área dos elétrodos do supercondensador [m2]

C Capacidade do modelo do supercondensador [F]

CBAT Condensador de saída do conversor elevador do SAE [F]

CSC Condensador de saída do conversor redutor-elevador do SAE [F]

CN(BAT) Capacidade nominal de descarga do banco de baterias [F]

CN(EV) Capacidade nominal da bateria do EV [F]

CN(SC) Capacidade nominal do supercondensador [F]

CPV1 Condensador de saída do conversor elevador do SGPV [F]

CPV2 Condensador de saída do conversor redutor do SGPV [F]

D Distância entre os elétrodos do supercondensador [m]

fc Frequência de comutação dos semicondutores [Hz]

fREDE Frequência da tensão da rede elétrica [Hz]

G Irradiância incidente na célula solar [W/m2]

g Sinal de controlo dos semicondutores

I Corrente na carga aos terminais da célula solar [A]

I0 Corrente Inversa de Saturação do díodo [A]

I1 Corrente de saída do conversor elevador do SGPV [A]

IBAT Corrente aos terminais do banco de baterias [A]

ICC Corrente de curto-circuito [A]

ICH Corrente de carregamento do EV [A]

ID Corrente que percorre o díodo (modelo célula solar) [A]

IDC Corrente no DC BUS [A]

IL Corrente na Bobine [A]

IMP Corrente no ponto de máxima potência [A]

IN(BAT) Corrente nominal do banco de baterias [A]

IN(SC) Corrente nominal do supercondensador [A]

IN(EV) Corrente nominal de descarga da bateria do EV [A]

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IPV Corrente aos terminais do PV [A]

IS Corrente gerada na célular solar pela incidência de luz [A]

ISAE Corrente de saída do SAE [A]

ISC Corrente aos terminais do supercondensador [A]

ISGPV Corrente de saída do SGPV [A]

K Constante de Boltzman [J/K]

LBAT Bobine do conversor elevador do SAE [H]

LEV Bobine do conversor redutor-elevador do sistema de carregamento [H]

LSC Bobine do conversor redutor-elevador do SAE [H]

LPV1 Bobine do conversor elevador do SGPV [H]

LPV2 Bobine do conversor redutor do SGPV [H]

m Fator de idealidade

NS Número de células solares em série

PBAT Potência disponibilizada pelo banco de baterias [W]

PDC Potência disponível no barramento DC [W]

PMAX Potência nominal do PV [W]

PMP Potência no ponto de máxima potência do PV [W]

PPV Potência aos terminais do PV [W]

PSC Potência disponibilizada pelo SC [W]

q Carga do eletrão [C]

R0 Resistência de saída do conversor elevador do SGPV [Ω]

RBAT Resistência de saída do conversor elevador do SAE [Ω]

RP Resistência em paralelo responsável pela descarga do modelo do SC [Ω]

RINT Resistência Interna [Ω]

RPV Resistência de saída do SGPV [Ω]

RSC Resistência de saída do conversor redutor-elevador do SAE [Ω]

TC Temperatura da célula solar [K]

V Tensão aos terminais da célula solar [V]

V1 Tensão de saída do conversor elevador do SGPV [V]

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VBAT Tensão aos terminais do banco de baterias [V]

VBAT(EV) Tensão aos terminais da bateria do EV [V]

VCA Tensão circuito aberto [V]

VDC Tensão no DC BUS [V]

VL Tensão na Bobine [V]

VN(BAT) Tensão nominal do banco de baterias [V]

VN(EV) Tensão nominal da bateria do EV [V]

VN(SC) Tensão nominal do SC [V]

VPV Tensão aos terminais do PV [V]

VREDE Tensão eficaz da rede elétrica [V]

VRET Tensão Retificada [V]

VSec Tensão aos terminais do secundário do transformador [V]

VSC Tensão aos terminais do SC [V]

VPrim Tensão aos terminais do primário do transformador [V]

VT Potêncial térmico

XL Indutância do modelo do SC [H]

∆IL Variação da corrente na bobine [A]

∆VDC Variação da tensão no DC BUS [V]

휀 Hiato de energia do semicondutor [eV]

휀0 Permissividade do vácuo [F/m]

휀𝑟 Permissividade relativa

𝜔 Frequência Angular [rad/s]

𝑇 Período [s]

η Eficiência [%]

𝛿 Duty Cycle / Fator de Ciclo

𝜏 Constante de tempo do circuito [s]

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1. Introdução

Ao longo dos tempos, o Homem tem desenvolvido diferentes soluções de mobilidade de forma a

responder às suas necessidades e aos sucessivos avanços tecnológicos que vão ocorrendo. A

revolução industrial, iniciada em meados do século XVIII, corresponde a um dos momentos chaves

para a transformação e desenvolvimento dos meios de transportes, uma vez que é na sequência desta

que surgem os principais motores utilizados hoje em dia pela indústria automóvel: o motor de

combustão interna e o motor elétrico.

No início do século XIX, predominavam os veículos elétricos uma vez que estes eram mais fáceis

de ligar e conduzir quando comparados com os veículos de combustão, tendo ainda a vantagem de

produzirem menos ruído. No entanto, no século XX, a indústria automóvel sofreu fortes alterações

provocadas pelo desenvolvimento das estradas e pela necessidade de efetuar deslocações mais

longas. Estes fatores originaram um declínio da utilização dos veículos com motor elétrico em

detrimento dos veículos de combustão, já que as baterias por estes utilizadas apresentavam uma

autonomia muito baixa e elevados tempos de carregamento, impossibilitando as viagens de longo curso

[1]. Por outro lado, a descoberta de petróleo em grandes quantidades na Terra permitiu a redução do

preço da gasolina, o que combinado com a invenção da ignição elétrica e os maiores custos de

produção de um veículo elétrico conduziu à aposta nos veículos de motor de explosão e à sua produção

em massa.

O facto do petróleo se tratar de um recurso não renovável e de vital importância para inúmeras

indústrias, levou a que ao longo da história tenham já existidos várias crises na indústria petrolífera, as

quais tiveram como consequência imediata um aumento drástico do preço desta matéria-prima. De

forma a combater a instabilidade do preço do petróleo provocada pelas várias crises ocorridas no setor

petrolífero e à assinatura de vários protocolos e normas de proteção ambiental, a indústria automóvel

viu-se na necessidade de mudar o seu paradigma e centrar as suas atenções em alternativas mais

limpas, apresentando-se a mobilidade elétrica como uma das soluções mais viáveis.

Os veículos elétricos apresentam-se como umas das melhores soluções para responder aos

problemas de dependência dos combustíveis fósseis, libertação de elevados níveis de dióxido de

carbono e outros gases para a atmosfera responsáveis pelo aumento do efeito de estufa e degradação

da camada de ozono. Estes veículos começaram então a ressurgir progressivamente na década de 90,

época onde foram verificados valores record para o preço do barril de petróleo de forma sucessiva,

ajudados pelo forte investimento efetuado na exploração da produção de energia através de fontes

renováveis e pelo desenvolvimento das tecnologias usadas pelos veículos, com especial destaque para

as baterias.

Atualmente é possível encontrar no mercado algumas variantes de veículos que usam motores

elétricos, sendo estes agrupados segundo as suas características [2].

Os veículos elétricos (Electric Vehicle – EV) ou veículos puramente elétricos são veículos movidos

recorrendo unicamente a motores elétricos, sendo estes alimentados através de um sistema de

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2

armazenamento de energia existente no veículo, o qual é normalmente constituído por um banco de

baterias recarregáveis. Os EV’s caracterizam-se por ser veículos que possuem uma aceleração forte e

suave devido ao binário instantâneo originado pelo motor elétrico, sendo mais eficazes que os

automóveis com motor de explosão. Dentro dos EV’s, o grande destaque vai para os veículos elétricos

de carregamento pela rede (Plug-in Electric Vehicle - PEV), os quais possuem a grande vantagem do

sistema de armazenamento de energia poder ser recarregado, usando um carregador adequado,

através de uma fonte de energia externa ao automóvel. A possibilidade de carregamento em qualquer

ponto através de estações de carregamento torna este tipo de veículos, o mais interessante de ser

desenvolvido tendo em vista a possibilidade da criação de uma rede de postos de carregamento de

veículos elétricos espalhados por diversos pontos.

Já no caso de um veículo elétrico híbrido (Hybrid electric Vehicle - HEV), como os veículos elétricos

híbridos de carregamento pela rede (Plug-in Hybrid electric Vehicle - PHEV), coexistem um motor

alimentado por energia elétrica e um outro de combustão interna, o qual recorre a combustíveis fósseis,

desta forma é possível atingir melhores rendimentos do que num automóvel típico devido à maior

eficácia do motor elétrico. Os HEV’s utilizam sistemas de travagem regenerativa, os quais permitem

um reaproveitamento da energia cinética de forma a carregar as baterias do veículo evitando-se que

esta seja desperdiçada sob a forma de energia térmica, como nos automóveis comuns. Outra

tecnologia usada pelos HEV’s corresponde à assistência à tração do motor elétrico no qual este motor

fornece potência ao motor de combustão interna quando este se encontra em esforço. Existem ainda

alguns HEV’s que usam o seu motor de combustão de forma a gerar eletricidade, utilizando-a quer no

carregamento das baterias quer no acionamento do próprio motor elétrico. Durante o arranque e

marcha lenta, este tipo de veículo caracteriza-se pelo uso do motor elétrico desligando o motor de

combustão de forma a reduzir a emissão de gases poluentes e os consumos de energia efetuados pelo

automóvel, reiniciando o motor apenas quando este volta a ser necessário. Este sistema tem o nome

de “sistema start-stop” [3].

Tendo consciência da necessidade de mudança no que diz respeito à forma atual de mobilidade e

à preservação do meio ambiente, os governos e entidades competentes têm vindo a investir nesta área

através da atribuição de incentivos económicos para quem possua EV’s ou HEV’s e da instalação de

estações de carregamento em diversos locais. Tomando como exemplo o caso de Portugal verifica-se

que a rede de carregamento tem vindo a aumentar ao longo dos últimos anos possuindo neste

momento 1300 postos de carregamento normal e 50 postos de carregamento rápido, os quais tornam

possível percorrer o país de norte a sul recorrendo apenas a um PEV [4] [5].

O aumento progressivo do interesse nos EV’s e das vendas dos mesmos torna necessário centrar

atenções em outras questões a estes associadas, como a ligação dos veículos à rede elétrica. Tendo

em conta a possibilidade da existência de um elevado número de EV’s ligados à rede de forma

simultânea, as estações de carregamento constituem pontos sensíveis da rede. Assim, caso se

verifique este cenário podem ser originados picos de potência na rede, os quais originam alterações ao

normal funcionamento da rede elétrica, como por exemplo, a existência de oscilação da tensão na rede

e consequentemente sobrecarga nos transformadores de distribuição, o que afetaria a qualidade da

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3

energia elétrica [6].

A necessidade de continuar a desenvolver mais e melhores soluções para os diferentes problemas

ainda existentes no carregamento de EV’s tem originado um investimento cada vez maior nesta área

no decorrer dos últimos anos, e é neste contexto que surge a motivação para a realização desta

dissertação, já que apenas através desta aposta será possível que num futuro próximo a mobilidade

elétrica possa ganhar ainda maior relevo dentro do mercado da indústria automóvel.

1.1 Objetivos da dissertação

Nesta dissertação é proposto um modelo de uma estação de carregamento rápido de veículos

elétricos a ser instalada num local remoto, sendo esta alimentada por um Sistema de Geração

fotovoltaica (SGPV), um Sistema de Armazenamento de Energia (SAE) e pela rede elétrica disponível

no local. O esquema geral do sistema pode ser visualizado na Figura 1.1, onde é possível constatar

que o carregamento dos EV’s é executado através de um Barramento de Corrente Contínua (DC BUS)

de forma a tentar minimizar os tempos de carregamentos.

Numa perspetiva de implementação futura do modelo apresentado e de forma a permitir a realização

de uma projeção de custos da infraestrutura, na construção do modelo são utilizados componentes

acessíveis no mercado. As especificações desta estação de carregamento são fortemente

Figura 1.1 - Esquema geral do sistema proposto, adaptado de [7]

Conversor DC/DC

Fotovoltaicos Painéis

DC BUS

Conversor DC/DC

VEÍCULO ELÉTRICO

Transformador Retificador Rede Monofásica

Conversor DC/DC

Conversor DC/DC Supercondensador

Banco de Baterias

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condicionadas pelo tipo de locais a que esta se destina, uma vez que tem de se ter em conta fatores,

como por exemplo a dificuldade de manutenção da estação e o tipo de rede elétrica disponível no local.

Numa estação de carregamento de veículos elétricos ocorre trânsito de potência entre a rede e o

carregador, e para que tal seja possível é necessário que quer o conversor de ligação à rede quer o

carregador utilizado sejam capazes de suportar elevadas correntes. Por outro lado a possibilidade de

criação de distorções na rede pela introdução de uma estação de carregamento num ponto da rede

também têm de ser tidas em conta.

A utilização do SGPV e do SAE está associada ao facto da rede elétrica não ter a capacidade de

responder a elevados picos de corrente, assim de forma a minimizar a quantidade de corrente pedida

à rede são colocadas estas fontes adicionais de modo a evitar uma sobrecarga das linhas de

distribuição.

Ao longo da dissertação são desenvolvidos e simulados os diferentes componentes que constituem

o modelo proposto para a estação de carregamento, bem como todo o seu sistema de controlo de

forma a permitir uma melhor interligação entre a rede elétrica e o sistema.

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5

1.2 Estrutura da dissertação

A presente dissertação encontra-se dividida em 5 capítulos, sendo de seguida apresentada uma

breve descrição do conteúdo de cada um destes:

Capítulo 1

- Introdução e apresentação dos objetivos e estrutura da dissertação.

Capítulo 2

- Apresentação do estado da arte dos sistemas e métodos de carregamentos de veículos elétricos,

dos painéis fotovoltaicos, e dos sistemas de armazenamento de energia utilizados: baterias e

supercondensadores.

Capítulo 3

- Descrição geral do modelo proposto.

- Dimensionamento e desenvolvimento dos diferentes componentes que o constituem: SGPV onde

os PV’s recorrem ao método de máxima potência, SAE composto por um banco de baterias e um

supercondensador, conjunto transformador e retificador de ligação à rede monofásica e sistema

bidirecional de carregamento dos EV’s.

- Apresentação dos mecanismos de controlo dos diferentes componentes do sistema proposto.

Capítulo 4

- Resultados das simulações efetuada em Simulink®.

Capítulo 5

- Conclusões e sugestões de trabalhos futuros.

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6

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7

2 . Estado da Arte

2.1 Carregamento de Veículos Elétricos

O aumento da aposta na mobilidade elétrica por parte dos governos um pouco por todo o mundo

com o intuito de diminuir a dependência em relação aos combustíveis fósseis, tem sido realizada

através da implementação de políticas de investimento e sensibilização para a necessidade de

mudança nos meios de transporte atuais. Os resultados obtidos têm sido positivos tendo em conta a

crescente procura e venda de EV’s, a qual apenas é possível devido aos avanços tecnológicos

verificados neste ramo nos últimos tempos, tais como a possibilidade de construção de EV’s com maior

autonomia, efetuar carregamentos mais rápidos e eficazes, e ainda à criação de redes de postos de

carregamento mais alargadas [8].

A existência de um maior número de EV em circulação implica, por outro lado uma normalização do

sector, a qual representa ao mesmo tempo um papel fundamental na estratégia de desenvolvimento

do mesmo. Assim, a criação de uma normalização visa permitir o crescimento no mercado automóvel

dos EV’s e HEV’s de uma forma competitiva, bem como das infraestruturas a estes associadas. Na

sequência desta necessidade foram criadas comissões técnicas responsáveis pela criação e

cumprimento das normas relacionadas com os EV’s e os sistemas elétricos por estes utilizados, no

caso de Portugal temos a CT 146 - Veículos Rodoviários com Propulsão Elétrica e a CTE 69 - Sistemas

Elétricos para Veículos Elétricos Rodoviários. Entre as normas criadas pelas comissões técnicas atrás

referidas destacam-se a norma IEC 61851 relativa aos sistemas de carregamento e a IEC 62196

associada às tomadas e fichas utilizadas na ligação entre os veículos e os sistemas de carregamento

[9-11].

Relativamente às condições de segurança necessárias na instalação de um posto de carregamento,

a grande diferença entre executar o carregamento de um EV ou alimentar uma outra aplicação elétrica,

como uma torradeira ou um frigorífico, numa tomada doméstica, é que um EV solicita por norma uma

elevada corrente durante um largo período de tempo. Além deste fator é ainda necessário considerar

a exposição a que o EV é sujeito durante o carregamento: os carregamentos podem ser feitos numa

área de acesso humano não controlado, o que em caso de falha na instalação elétrica leva a que o

risco que estes representam de eletrocussão por contactos indiretos seja maior do que em qualquer

eletrodoméstico situado num local de acesso condicionado. Estes fatores colocam desafios no

desenvolvimento das tecnologias a usar, bem como nas verificações realizadas às instalações elétricas

que alimentam o EV, as quais pretendem limitar o risco representado pelas estações em caso de falha.

A norma EN/NP61851 – Sistema de carga condutiva para veículos elétricos é uma das responsáveis

pela definição de como deve ser feito o carregamento de um veículo elétrico e em que condições. [12].

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8

2.1.1 Modos de carregamento

Atualmente é possível realizar a divisão dos carregadores de EV’s em três grandes grupos, tendo

em conta os tempos de carregamentos das baterias [13-15]. Assim, temos:

Carregamento Lento (Carregamento AC nível 1): realizado em corrente alternada (AC) através

de tomadas monofásicas, semelhantes às tomadas domésticas e com tempos de

carregamento a entre 6 – 8 horas.

Carregamento Semi-Rápido (Carregamento AC nível 2): carregamento que demora entre 1 –

1.5 horas e normalmente é efetuado em tomadas trifásicas que podem ser encontradas em

espaços públicos, tais como na via pública, centros comerciais, parques de estacionamento,

etc.

Carregamento Rápido (Carregamento DC nível 3): caracteriza-se por ser um carregamento

efetuado em corrente contínua (DC) capaz de carregar 80 % da capacidade das baterias do

veículo num intervalo de 10 a 30 min.

Além desta divisão é também possível ainda fazer-se a distinção entre carregadores interno (“On-

board chargers”) que se encontram incorporados nos veículos e carregadores externos (“Off-board

chargers”) os quais se encontram conectados à estação de carregamento. Os modos de carregamento

apresentados podem então ser agrupados de acordo com o tipo de corrente utilizada de forma a uma

melhor compreensão das suas caraterísticas.

2.1.1.1 Carregamento em modo AC

Os carregamentos efetuados em AC correspondem aos carregamentos lentos e semi-rápidos, os

quais utilizam carregadores internos, podendo os mesmos ser divididos em três modos distintos de

carregamento [12]:

Modo 1:

Este foi o primeiro modo a surgir e corresponde a carregamentos domésticos, sendo caracterizado

pela conexão do EV à rede de alimentação utilizando tomadas normalizadas de corrente até 16 A, no

lado da rede de alimentação, monofásica ou trifásica, com condutores de fase(s), de neutro e condutor

de proteção, o que corresponde a tomadas domésticas do tipo shüco ou industriais da norma EN60309.

De forma a ser possível utilizar este modo de carregamento é necessário a existência de um dispositivo

de corrente residual, como um interruptor diferencial, no lado da rede de alimentação, de modo a efetuar

a proteção do equipamento e dos utilizadores.

Modo 3:

O modo 3 de carregamento usa tomadas dedicadas com dispositivos de proteção integrados, os

quais têm como função aumentar a segurança do processo de carregamento do EV, reduzindo o risco

de eventuais erros de manipulação por seres humanos e de defeitos de isolamento elétrico existentes

no EV, cabo de ligação ou tomada de fornecimento. Este modo é constituído por três componentes

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9

fundamentais:

(i) Tomadas e fichas de fornecimento: dedicadas para EV’s que incluem: condutores de

energia, fases e neutro, terra de proteção, condutor do sinal de “piloto de controlo” e sensor de

inserção de ficha na tomada. Estas encontram-se definidas na norma IEC 62196 e SAE J1772

onde se encontram especificadas três tipos de tomadas [12] [16]:

Tipo 1: Chamadas de “Yazani” são utilizadas no Japão e EUA, nos veículos fabricados pela

Nissan, Mitsubishi, Citroen e Peugeot. Apenas suportam carregamento monofásico

com uma corrente até 32 A e potência máxima de 7,3 kW. Estas tomadas possuem 5

pinos: fase, neutro, terra, detetor de inserção e piloto de controlo, utilizando a proteção

contra contacto mecânico IP XXB.

Tipo 2: Apelidados de “Mennekes” são utilizados na Europa e possuem 7 pinos: três fases,

neutro, terra, detetor de inserção e piloto de controlo. O carregamento pode ser

monofásico com corrente máxima até 70 A/fase ou trifásico até 63 A/fase, sendo a

potência máxima suportada pelas tomadas 44 kW. Estas utilizam a proteção contra

contacto mecânico IP XXB [17].

Tipo 3: As tomadas deste tipo denominam-se de “Scame” neste momento são usadas em

França, sendo desenvolvidas pela EV Plug Alliance. Tal como as tomadas de tipo 2

possuem 7 pinos e o carregamento pode ser monofásico ou trifásico tendo neste caso

até 32 A/fase e potência máxima de 22 kW. Utilizam a proteção contra contacto

mecânico IP XXD.

Atualmente a tomada de tipo 2 é a mais utilizada, uma vez que os dispositivos que possui garantem

um carregamento inteligente e seguro das pessoas e equipamento. Na Figura 2.1 são apresentadas as

tomadas correspondentes a cada um dos 3 tipos.

(ii) Relé de corte de alimentação: controlado pelo sistema eletrónico que permite a alimentação

ou o corte da tomada quando o sistema eletrónico o indicar.

(iii) Sistema eletrónico associado à tomada de fornecimento: o veículo é responsável por

controlar o carregador durante o carregamento através de comunicação efetuada pelo cabo,

funcionalidade esta denominada de “piloto de controlo””, a qual permite através do

Figura 2.1 - Tipos de tomadas utilizadas nos carregamentos AC [16]

Tipo 1: Yazani Tipo 2: Mennekes Tipo 3: Scame

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10

estabelecimento contínuo de uma pequena corrente, entre a tomada de fornecimento e o

veículo, monitorizar a manutenção das condições de isolamento das partes em tensão durante

uma sessão de carregamento.

Modo 2

O Modo 2 é um sistema de carregamento desenvolvido de forma a permitir que veículos que só

carregam em Modo 3 possam ser carregados a partir de uma tomada doméstica ou industrial. Para que

tal seja possível é necessário que o cabo de carregamento funcione como “piloto de controlo” desde o

veículo até a uma caixa de comando (In-cable Control Box - ICCB) situada na outra extremidade. Assim

numa extremidade da ICCB existe uma tomada de Modo 3, à qual é conectado o veículo e do outro sai

uma ficha normalizada (doméstica ou industrial) para ligação à rede elétrica. Neste modo a corrente

não pode exceder 32 A, para ligação monofásica e trifásica.

2.1.1.2 Carregamento em modo DC

Os denominados carregamentos rápidos são efetuados utilizando o modo DC e um carregador

externo. A estação de carregamento proposta nesta dissertação baseia-se neste tipo de carregamento,

uma vez que a sua implementação num local isolado implica que o carregamento dos veículos ocorra

no menor intervalo de tempo possível. Este tipo de carregamento corresponde ao modo 4 de

carregamentos de veículos elétricos [12] [18].

Modo 4:

Este modo de carregamento corresponde a um carregamento indireto, ou seja, é executado através

de carregador externo, o qual fornece corrente diretamente para a bateria do carro. Assim o posto de

carregamento é constituído por um armário de carregamento e um cabo preso a este, sendo o veículo

responsável por controlar o carregador através da funcionalidade “piloto de controlo” de modo a evitar

que o carregador injete corrente de forma nociva na bateria do EV. A norma mais utilizada na realização

de carregamentos em modo DC é a norma da associação japonesa CHAdeMO, a qual se encontra

homologada pela grande maioria dos fabricantes automóveis e tem uma potência de uso recomendada

de 50 kW (sendo a sua potência máxima de 62,5 kW e os valores máximos típicos para a tensão e

corrente de 500 V e 125 A, respetivamente). Os carregadores desta norma têm a capacidade de

carregar 80 % da capacidade da bateria de um EV num intervalo de tempo de 15 a 30min.

A existência de um grande número de fabricantes leva a existência de um grande número de

sistemas de carregamento [19], os quais apesar de serem diferentes entre si, possuem uma

característica em comum: todos possuem uma solução de retificação que recorre exclusivamente à

rede elétrica como alimentação do carregador. Assim, apesar da grande maioria dos EV’s e dos PHEV’s

já possuirem um retificador incluído, o qual transforma as grandezas alternadas recebidas da rede em

grandezas contínuas, podendo assim estas ser utilizadas no carregamento da bateria dos veículos. A

construção de estações de carregamento externo pretende contornar os problemas de custo e

dimensão dos conversores de elevada potência necessários para a realização deste tipo de

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11

carregamento, bem como os problemas gerados pelo aquecimento que ocorre durante o carregamento,

os quais são responsáveis por limitar a potência transferida no mesmo.

Tal como nos carregamentos de modo 3 em AC, também no caso dos carregamentos rápidos foi

criada uma tomada para a norma CHAdeMO, a qual foi especificada pela Japan Electric Vehicle

Standard (JEVS) e tem o nome de JARI DC Nível III. Esta tomada utiliza o protocolo CAN-BUS que se

encontra associado à transmissão de dados em tempo real durante o carregamento, assim como o

nível de bateria do EV e os requisitos de segurança, permitindo desta forma o controlo constante do

processo de carregamento [20]. Na Figura 2.2 é possível verificar o circuito utilizado pela norma

CHAdeMO para efetuar a ligação entre a estação de carregamento (carregador) e o veículo, bem como

os pinos da tomada JARI DC Nível III associados a cada ação tomada [18].

Os carregamentos efetuados através do protocolo CHAdeMO são constituídos por três fases

distintas as quais correspondem a:

(i) Preparação para o carregamento: Nesta primeira etapa do processo de carregamento é

verificada a compatibilidade do veículo com o carregador utilizado, caso esta seja superada com

sucesso a tomada é bloqueada e é fornecido um pulso de tensão de forma a verificar o circuito

estabelecido e detetar eventuais curtos-circuitos ou falhas de terra.

(ii) Inicialização da fonte de alimentação: A segunda etapa de carregamento do veículo

consiste em cálculos sucessivos do valor máximo de corrente a que a bateria pode ser carregada

em cada momento. Estes cálculos são efetuados tipicamente com um intervalo de 0,1 segundos

entre si e têm em conta várias informações transmitidas pelo veículo como a temperatura da

bateria e o seu State-Of-Charge (SOC).

Figura 2.2 - Norma CHAdeMO: Circuito de ligação carregador/EV e tomada JARI DC Nível III [18]

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(iii) Fim de carregamento: O carregamento de um veículo em modo DC pode ser efetuado até

que a sua bateria atinja um SOC de 100 % ou não, desta forma caso não se pretenda efetuar o

carregamento na sua totalidade deve ser selecionado previamente na estação até que valor deve

ser realizado o carregamento. Quando o VE verifica que atingiu a percentagem de bateria que

se pretendia carregar informa a estação de carregamento através dos canais de comunicação

que possui e emite um sinal de corrente nula forma a terminar o carregamento o veículo. Após

receber este sinal, o carregamento é parado e o carregador verifica se a corrente nas linhas de

entrada do veículo são nulas, e em caso afirmativo permite a abertura da tomada.

Além da tomada utilizada na norma CHAdeMO existe ainda um outro método de carregamento

rápido que tem vindo a ganhar importância desde que foi normalizado, em Janeiro de 2011, e que utiliza

o denominado de Sistema de Carregamento Combinado (CCS). Esta solução é apoiada por grandes

companhias como a Audi, BMW, Daimler, Chrysler, Ford, GM, Porsche e Volkswagen, uma vez que

oferece aos proprietários de EV’s a possibilidade de efetuar carregamentos monofásicos e trifásicos,

quer no modo AC quer no modo DC, através de uma única entrada de carregamento. As tomadas do

CCSO correspondem a derivados das tomadas de carregamento AC, Yanazi (normas SAE J1772/IEC

62196) e Mennekes (norma IEC 62196), sendo estes combinados com um conector de carregamento

DC [20 - 22]. Ao contrário da norma CHAdeMO o protocolo de comunicação utilizado nos carregadores

de CCS é o Power Line Communication (PLC) realizando a comunicação entre o veículo e carregador

através de tecnologia Bluetooth ou Wi-Fi [21] [23]. Na Figura 2.3 é apresentando uma das

possibilidades para um carregador de um CCS.

Além das tomadas da norma CHAdeMO e das tomadas de CCS existem ainda outros carregadores

de modo DC, são o caso dos supercarregadores destinados aos carros TESLA [25] e aos carregadores

utilizados na China [26], no entanto devido ao seu uso restrito não serão desenvolvidos na dissertação.

Numa perspetiva futura, o predomínio do carregamento de EV através do modo DC parece

inevitável de forma a responder às maiores autonomias das baterias e distâncias a percorrer. No

entanto, não é claro que alguma das normas anteriormente apresentadas ganhará um ascendente em

relação às outras, sendo o mais provável, o Japão continuar a utilizar a norma CHAdeMO, enquanto a

Alemanha e outros países da Europa sigam com a progressiva implementação da norma CCS, uma

vez que esta também suporta carregamentos lentos.

Figura 2.3 - Carregador combinado DC do Tipo 2 (norma IEC 62196), adaptado de [24]

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13

Desta forma prevê-se um aumento progressivo do número de estações de carregamento rápido

nos próximos anos, tal como é possível constatar na Figura 2.4 [27].

Figura 2.4 - Previsão para a evolução do número de estações de carregamento rápido no mundo [27]

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14

2.2 Geração Fotovoltaica

Como é do conhecimento geral o efeito fotovoltaico corresponde à criação de uma tensão

ou corrente elétrica num material, após a sua exposição à luz solar. Os painéis fotovoltaicos (PV) são

compostos por módulos fotovoltaicos possuindo estes células solares de silício.

O silício é o segundo elemento mais abundante na crosta terrestre e é um material semicondutor,

no entanto necessita de sofrer um processo de dopagem de forma a tornar-se um bom condutor

elétrico. O processo de dopagem leva a que cada célula de silício dos módulos fotovoltaicos seja

composta por uma camada fina de material do tipo N (material com eletrões livres) e outra com material

do tipo P (material com cargas positivas livres), as quais quando unidas criam um campo elétrico na

região da denominada junção P-N. Assim, quando os fotões incidem na célula e chocam com os

eletrões fornecem-lhes energia e estes devido à presença do campo elétrico na junção são conduzidos

da camada P (de carga elétrica positiva) para a camada N (de carga elétrica negativa). Com o passar

do tempo existe uma tendência natural dos eletrões injetados na camada N inverterem o sentido do

campo elétrico, de forma a atingir um equilíbrio entre o número de eletrões que se desloca para a junta

N, no entanto este número é gradualmente menor, uma vez que será cada vez maior a quantidade de

energia necessária para movimentar os eletrões.

Através deste processo é gerada a tensão de circuito aberto aos terminais da célula, bem como uma

corrente circulante no caso de se conectar um recetor elétrico a estes terminais. Esta é responsável

pela diminuição do número de eletrões injetados da zona P, contribuindo assim para a inversão do

campo elétrico, razão pela qual a tensão aos terminais da célula diminui à medida que aumenta a

corrente. O valor da corrente que é gerada dependente da intensidade da luz incidente.

A criação dos denominados sistemas de Maximum Power Point Tracking (MPPT), os quais permitem

a regulação da potência dos PV’s e o fluxo de energia entre o painel e a carga, justifica-se com a

necessidade de maximizar o desempenho dos PV’s, uma vez que o rendimento da conversão

fotovoltaica ronda os 16 % (sendo os valores máximos atingidos de 20 %), sendo que os valores de

potências máximas das células estão normalmente entre 1 W e 3 W. Assim, de modo a aproveitar as

suas capacidades na totalidade estes sistemas utilizam conversores eletrónicos de potência, os quais

permitem extrair em cada instante a máxima potência possível, tal como será efetuado neste trabalho.

De forma a serem obtidas potências de geração mais elevadas os PV’s são construídos através da

associação de módulos em série e em paralelo.

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15

2.2.1 Modelo teórico

As células fotovoltaicas e o seu funcionamento podem ser representadas através de diferentes

modelos, sendo os mais usuais: o modelo de um díodo e três parâmetros, que é mais simples, e o

modelo de um díodo e cinco parâmetros, que devido à sua maior complexidade apresenta valores mais

próximos da realidade. No entanto, devido às diferenças de resultados obtidas serem praticamente

insignificativas e à maior facilidade de implementação do primeiro, optou-se pelo uso do modelo de um

díodo e três parâmetros nesta dissertação. Na Figura 2.5 é possível ver o esquema elétrico que

caracteriza o modelo.

A existência de um díodo no modelo explica-se pelo facto da junção P-N se comportar como um

quando a luz solar incide sobre a célula. Desta forma a junção P-N é representada por um díodo

percorrido pela corrente ID, a qual depende da tensão V existente nos terminais da célula e é dada pela

seguinte equação:

𝐼𝐷 = 𝐼0 (𝑒𝑉

𝑚.𝑉𝑇 − 1) (2.1)

Onde os parâmetros são:

𝐼0 : Corrente inversa de saturação do díodo

𝑉𝑇 : Potencial térmico – o qual é obtido através de:

𝑉𝑇 =𝐾𝑇𝐶

𝑞 (2.2)

Onde:

𝑇𝐶 : Temperatura absoluta da célula, em K

𝐾 : Constante de Boltzman – 𝐾 = 1.38x10-23 J/K

𝑞 : Carga do eletrão – 𝑞 = 1.6 x10-19 C

𝑚 : Fator de idealidade (𝑚 = 1 → díodo ideal; 𝑚 > 1 → díodo real)

Os parâmetros que caracterizam o modelo são a I0, IS e m.

A corrente IS corresponde à corrente gerada pela célula através do efeito fotovoltaico quando sobre

esta incide a luz solar, sendo o seu valor proporcional à irradiância (G) incidente.

Figura 2.5 - Circuito elétrico equivalente de uma célula fotovoltaica

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16

Recorrendo à 1ª Lei de Kirchhoff é então possível chegar à expressão da corrente fornecida pela

célula:

𝐼𝑆 = 𝐼𝐷 + 𝐼 ⇔

𝐼 = 𝐼𝑆 − 𝐼𝐷 = 𝐼𝑆 − 𝐼0 (𝑒𝑉

𝑚.𝑉𝑇 − 1) (2.3)

Reescrevendo a equação 2.3 em ordem à tensão dos terminais da célula, obtém-se:

𝑉 = 𝑚. 𝑉𝑇 . 𝑙𝑛 (𝐼𝑆−𝐼

𝐼0+ 1) (2.4)

De forma a uniformizar os parâmetros característicos apresentados nos catálogos dos PV’s foram

estabelecidas condições de referência, denominadas por Strandard Test Conditions (STC), nas quais

são realizadas as medições e obtidos os parâmetros gerais dos PV’s.

As STC são:

Temperatura da célula: 𝜃𝑟 = 25 ºC

Irradiância incidente na célula: 𝐺𝑟 = 2000 W/m2

Efeito de absorção do ar: AM 1.5

Os parâmetros mais revelantes obtidos através de testes efetuados pelos fabricantes nas STC e

fornecidos nos catálogos são:

Potência máxima (PMAX): Potência nominal do PV.

Tensão no ponto de máxima potência (VMP): Valor de tensão no ponto de PMAX.

Corrente no ponto de máxima potência (IMP): Intensidade de corrente no ponto de PMAX.

Corrente de curto-circuito (ICC): Valor máximo da corrente da corrente da carga

Tensão de circuito aberto (VCA): Valor máximo da tensão aos terminais do módulo fotovoltaico,

quando se encontra sem qualquer carga ligada.

Nominal Operating Cell Temperature (NOCT): Corresponde à temperatura nominal de

funcionamento da célula fotovoltaica quando sobre esta incide luz solar com irradiância no valor

de 8000 W/m2, a uma temperatura ambiente de 20 ºC e com uma velocidade de vento de 1m/s.

Fator de Forma (FF): O FF toma valores no intervalo [0;1] sendo que quanto maior é o valor do

FF maior será a potência possível fornecer pelo painel, estando desta forma associado à

qualidade do PV. Este é dado por:

𝐹𝐹𝑟 =𝑃𝑀𝐴𝑋

𝑉𝐶𝐴𝑟.𝐼𝐶𝐶

𝑟 (2.5)

Sendo que os valores típicos do FF estão entre 0,7 e 0,8.

Atendendo aos parâmetros fornecidos pelos fabricantes nos catálogos dos PV’s é possível calcular

a corrente inversa de saturação do díodo, sendo esta dada por:

𝐼0 =𝐼𝐶𝐶

𝑒𝑉

𝑚.𝑉𝑇−1

(2.6)

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17

Os parâmetros do modelo são calculados com base nas STC e nos valores fornecidos pelo

fabricante no catálogo do PV. Assim, com base nos valores de referência da corrente de curto-circuito

(ICC r) e da tensão de circuito aberto (VCA

r) é possível calcular a corrente inversa de saturação do díodo

nas condições de referência:

𝐼0𝑟 =

𝐼𝐶𝐶𝑟

𝑒

𝑉𝐶𝐴𝑟

𝑚.𝑉𝑇𝑟

−1

(2.7)

Onde VT r tem um valor constante e invariável de painel para painel.

𝑉𝑇𝑟 =

𝐾.𝑇𝐶𝑟

𝑞 =

1.38x10−23 × (298,15)

1.6 x10−19 = 0,0257 V

A corrente que leva à máxima potência (VMP r) é então dada por:

𝐼𝑀𝑃𝑟 = 𝐼𝐶𝐶

𝑟 − 𝐼0𝑟 (𝑒

𝑉𝑀𝑃𝑟

𝑚.𝑉𝑇𝑟

− 1) (2.8)

Enquanto o parâmetro m, que tem em conta não só a IMP r como também a tensão que leva à máxima

potência (VMP r) é dado por:

𝑚 =𝑉𝑀𝑃

𝑟−𝑉𝐶𝐴𝑟

𝑉𝑇𝑟.𝑙𝑛(1−

𝐼𝑀𝑃𝑟

𝐼𝐶𝐶𝑟 )

(2.9)

Caso se pretenda efetuar o cálculo da potência máxima do painel esta é dada por:

𝑃𝑀𝑃 = 𝑉𝑀𝑃 . 𝐼𝑀𝑃 (2.10)

Onde o valor de VMP pode ser calculada recorrendo a um método iterativo, como o método de Gauss-

Seidel, através de:

𝑉𝑀𝑃𝐾+1 = 𝑚. 𝑉𝑇 . 𝑙𝑛 (

𝐼𝐶𝐶𝐼0

+1

𝑉𝑀𝑃𝐾

𝑚.𝑉𝑇+1

) (2.11)

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18

2.2.2 Influência dos fatores externos

Na secção 2.2.1 são apresentados os cálculos dos parâmetros do modelo nas STC, no entanto

estas não são sempre verificadas e é necessário analisar a influência de fatores externos nas diferentes

variáveis do modelo elétrico da célula fotovoltaica. Devido à influência das condições meteorológicas,

verificadas num determinado momento, nos parâmetros do modelo é necessário uma adaptação das

equações anteriormente apresentadas de forma a obter valores mais aproximados da realidade de

cada instante.

A temperatura e a irradiância correspondem aos fatores com maior impacto no desempenho de um

PV e nos parâmetros do modelo, sendo por isso apresentados gráficos com uma curva I-V nos

catálogos dos PV’s onde se encontra representada a influência destes mesmos fatores no seu

desempenho.

A influência da temperatura e da irradiância na potência de um PV podem ser verificadas nas Figura

2.6 e na Figura 2.7.

Figura 2.6 - Variação da curva I-V com a irradiância, retirado de [28]

Figura 2.7 - Variação da curva I-V com a temperatura, retirado de [28]

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19

Verifica-se então através dos gráficos das Figuras 2.6 e 2.7 que a irradiância tem uma influência

predominante na corrente máxima que o painel pode fornecer, sendo por sua vez a temperatura a

responsável por determinar o valor máximo de tensão.

Verifica-se então que a corrente de curto-circuito varia linearmente com a irradiância incidente, não

sendo influenciada pela temperatura:

𝐼𝐶𝐶 = 𝐼𝐶𝐶𝑟 𝐺𝐶

𝐺𝐶𝑟 (2.12)

Enquanto a corrente inversa de saturação do díodo é essencialmente influenciada pela temperatura

a que a célula se encontra e pelas características do material, é possível obter o seu valor a partir de:

𝐼0 = 𝐼0𝑟 (

𝑇𝐶

𝑇𝐶𝑟)

3

𝑒𝑁𝑆.𝜀

𝑚(

1

𝑉𝑇𝑟−

1

𝑉𝑇) (2.13)

Onde:

휀: Hiato de energia → 휀 = 1.12 eV no caso do silício

𝑁𝑆: Número de células em série

𝑇𝐶 : Temperatura da célula (em K), a qual é dada por:

𝑇𝐶 = 𝜃𝐶é𝑙𝑢𝑙𝑎+273.15

Onde:

𝜃𝐶é𝑙𝑢𝑙𝑎 = 𝜃𝐴𝑚𝑏𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 + (𝐺(𝑁𝑂𝐶𝑇−20)

800 ) (2.14)

Através da equação 2.14 é possível confirmar influência direta das condições atmosféricas,

nomeadamente da temperatura, no cálculo da corrente inversa de saturação do díodo.

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20

2.2.3 Algoritmos MPPT

Os sistemas MPPT são utilizados em conjunto com os PV’s de forma a otimizar o funcionamento

destes, isto é, para que em cada instante, seja extraída máxima potência possível do PV.

Tal como visto na secção 2.2.2, as células fotovoltaicas variam a sua potência consoante as

condições meteorológicas. No entanto a sua característica de funcionamento é também alterada

quando estas se encontram ligadas a uma carga, sendo o seu o ponto de funcionamento determinado

pela intersecção da característica elétrica I-V da fonte, com a característica da carga. Assim, o ponto

de funcionamento de um PV é alterado cada vez que este é ligado a uma carga, ponto esse que muito

dificilmente corresponderá ao ponto de potência máxima do PV. A criação dos sistemas MPPT pretende

então resolver este problema de forma que a seja transferido em qualquer instante o máximo de energia

possível.

Existem vários algoritmos de procura do ponto de máxima potência, os quais procuram o ponto de

funcionamento onde o produto da corrente pela tensão tem o seu máximo (PMAX=IMP.VMP). Estes

algoritmos caracterizam-se por ser bastante simples e de fácil implementação.

Os vários tipos de controladores MPPT podem ser agrupados em três categorias:

Algoritmos baseados em modelos: os quais recorrem a um modelo matemático para o

cálculo da tensão ou corrente do ponto de máxima potência.

Algoritmos baseados na experiência: algoritmos que não requerem um conhecimento

profundo do sistema onde são implementados, sendo muito rápidos e precisos. No entanto

requerem o uso de processadores digitais para a sua implementação, o que eleva a dificuldade

de implementação deste tipo de algoritmo.

Algoritmos heurísticos: correspondem aos algoritmos de MPPT mais utilizados e baseiam-

se nas medidas da tensão e corrente do PV, tomando as suas decisões com base nas medidas

efetuadas. Tal como os algoritmos baseados na experiência não necessitam de informações

detalhadas do painel.

Dentro deste tipo de algoritmos destacam-se: o Método de Tensão Constante (CV), o método

de Corrente de Curto-circuito (CCC), o método de Perturbação e Observação (P&O) e

o método de Condutância Incremental (IncCond), tendo sido já realizados vários

estudos comparativos entre os diferentes métodos como é possível observar em [29]

e [30].

Na secção 3.4.1 da dissertação é apresentado o algoritmo de MPPT com controlo direto

desenvolvido de forma a retirar a máxima potência possível do PV utilizado no modelo.

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21

2.3 Armazenamento de Energia

Os sistemas de armazenamento de energia (SAE) são sistemas com capacidade para armazenar

energia sob diversas formas, sendo posteriormente possível aceder à energia nestes armazenada

através da sua conversão em energia elétrica.

Associado a um SAE surge o conceito de capacidade energética, a qual corresponde à quantidade

de carga elétrica medida através da multiplicação da corrente de descarga pelo tempo de autonomia.

Por outro lado a capacidade de um SAE pode ainda ser definida como o número de Ah descarregados

desde a capacidade máxima do SAE até à denominada tensão de cut-off. A capacidade de um SAE

tando pode ser expressa em ampere-hora (Ah) como em Watt-hora (Wh), isto é:

𝑊ℎ = 𝑉. 𝐴ℎ

Os SAE dos EV’s têm sido o principal obstáculo para massificação da mobilidade elétrica, uma vez

que são tecnologias que ainda necessitam de ser desenvolvidas, de modo a ser possível atingir

autonomias superiores (o que está associado ao valor de energia específica), maior eficiência nos

carregamentos, redução de custos, impacto ambiental e necessidade de manutenção dos sistemas.

Assim, os SAE correspondem atualmente à principal área de estudo dos EV’s, uma vez que os avanços

nas tecnologias utilizadas nestes podem vir a revolucionar a produção e comercialização dos mesmos

[31] [32].

As características mais importantes na escolha de um SAE, para além da sua tensão e capacidade

nominal, estão então relacionadas com a sua autonomia sendo exemplo destas:

Ciclo de vida: corresponde ao número de vezes que o SAE pode ser descarregado e carregado

durante a sua vida. O ciclo de vida de uma bateria termina quando esta já não pode ser

carregada mais do que 80 % da sua capacidade;

Nível de segurança do sistema;

Custos de aquisição e manutenção;

Impacto ambiental;

Energia específica: corresponde à quantidade total de energia que o SAE consegue armazenar

(corresponde à relação de energia por unidade de massa - kWh/kg);

Densidade de energia: esta está relacionada com a dimensão do sistema, uma vez que quanto

maior o valor desta característica, mais pequeno é o seu volume. Corresponde à quantidade

de energia em watt-hora (Wh) que o sistema consegue fornecer por litro (relação de energia

por unidade de volume - kWh/L);

SOC: rácio entre a capacidade atual e a capacidade total do SAE (SOC = 100 %).

Os sistemas de armazenamento podem ser divididos em:

Sistemas mecânicos;

Sistemas elétricos;

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22

Sistemas eletroquímicos.

Sistemas mágnéticos

Os mais relevantes para esta dissertação são os sistemas elétricos e os sistemas eletroquímicos.

Os sistemas de armazenamento eletroquímico correspondem aos sistemas mais utilizados, uma vez

que apresentam um custo de aquisição relativamente baixo e utilizam processos dos quais já são

possuídos conhecimentos bastante aprofundados. Inserem-se neste tipo de sistemas, as baterias e

células de combustível. No caso dos sistemas de armazenamento elétrico, onde se encontram inseridos

os supercondensadores (SC), ultracondensadores e os supercondutores integrados em bobines

(Superconducting Magnetic Energy Storage - SMES), o armazenamento é efetuado de forma

magnética, sendo estes caracterizados por baixas densidades de energia armazenadas e por custos

aquisição elevados.

Na Figura 2.8 encontram-se representadas as características relativas à energia e potência

específica de diferentes SAE, sendo possível verificar o referido anteriormente: a alta energia específica

das baterias e por outro lado a alta potência específica dos supercondensadores [32].

A utilização de várias fontes de energia num SAE minimiza o dilema de conjugação dos valores de

energia e potência específica. Assim, ao utilizarem-se dois ou mais SAE, a escolha é feita de modo a

que estes possuam características complementares, ou seja, uns são escolhidos pelo seu valor de

energia específica e outros pelo da sua potência específica. Desta forma é possível construir um

sistema de armazenamento que responda a diferentes solicitações das cargas, minimizando as

desvantagens de utilizar cada um individualmente.

Os SAE utilizados nesta dissertação são um banco de baterias e um supercondensador sendo, por

isso realizada uma caracterização mais aprofundada destes SAE nas secções seguintes.

Figura 2.8 - Curva de energia e potência específica de diferentes tipos de SAE [31]

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23

2.3.1 Baterias

Uma bateria é um dispositivo que armazena energia sob a forma de energia química, e que a

converte em energia elétrica através de uma reação eletroquímica de oxidação-redução, reação que

consiste na transferência de eletrões de um material para outro por um circuito elétrico, sendo também

realizado o processo oposto no caso de o sistema ser recarregável [30]. Estas correspondem ao SAE

mais utilizado no mercado, hoje em dia, devido ao seu baixo custo, facilidade de transportar e

maturidade da tecnologia.

Atualmente existe um vasto número de soluções disponíveis no mercado, sendo estas distinguidas

pelos elementos químicos que as compõem, entre elas:

Baterias de Ácido Chumbo

Baterias de Níquel Hidretos Metálicos (NiMH)

Baterias de Cádmio Níquel (NiCd);

Baterias de Polímeros de Lítio (Li-Polymer);

Baterias de Iões de Lítio (Li-Ion);

As baterias mais utilizadas neste momento no sector automóvel na construção de EV’s são as

baterias de NiMH e as de Li-Ion, uma vez que são as que conseguem uma melhor relação entre a

potência específica e energia específica, tal como é possível verificar na Figura 2.9.

A presente dissertação foca-se numa estação de carregamento de EV’s e não nos componentes

constituintes destes, desta forma é dada uma maior importância ao tipo de bateira a utilizar no banco

de baterias do SAE em comparação com o tipo de bateria utilizada pelo EV. Nas secções 2.3.1.1 e

2.3.1.2 serão então abordadas com um pouco mais de detalhe as baterias de Ácido Chumbo e as

baterias de Li-Ion, uma vez que serão estas as utilizadas no modelo proposto para a estação de

carregamento.

Figura 2.9 - Curvas características dos diferentes tipos de baterias [31]

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24

2.3.1.1 Baterias de Ácido-Chumbo

As baterias de ácido chumbo, apesar de serem das mais antigas e apresentarem um baixo valor de

energia específica quando comparadas com as baterias de Iões de Lítio, continuam atualmente a ser

as que possuem um maior potencial de uso a curto prazo devido ao seu baixo custo e ao vasto

conhecimento já possuído desta tecnologia.

As baterias de Ácido Chumbo devem o nome à constituição dos elétrodos de chumbo usados e ao

eletrolítico contido, ácido sulfúrico. As baterias deste tipo foram evoluindo com os tempos de forma a

que estas não necessitassem de manutenção, aumentando assim a segurança do uso das mesmas.

Esta evolução na tecnologia permitiu o aparecimento das baterias Valve Regulated Lead Acid (VRLA),

que correspondem a baterias seladas quase na sua totalidade, contendo apenas uma válvula de saída

de gases para o caso de existência de uma sobrecarga. A evolução em termos de segurança destas

baterias permite que estas sejam instaladas junto a componentes sensíveis, uma vez que não

necessitam do acesso físico por parte do utilizador. Dentro das baterias VRLA é ainda possível realizar

a distinção entre baterias Absorbed Glass Mat (AGM) e baterias de gel. As primeiras possuem uma

maior eficiência e uma resistência interna mais baixa quando comparadas com as segundas, no entanto

as baterias de gel possuem um maior número de ciclos de carga.

A principal desvantagem das baterias de ácido chumbo consiste no efeito de memória, o qual leva

ao aparecimento de cristais nos elétrodos. Este começa a ser sentido à medida que a bateria vai

envelhecendo e é causado pela realização de descargas parciais frequentes [33].

2.3.1.2 Baterias de Iões de Lítio (Li-Ion)

As baterias de Li-Ion surgiram de forma a responder à necessidade de fornecer grandes quantidades

de energia em baterias mais leves e com pouco volume. Estas ao contrário das baterias de ácido

chumbo não apresentam “efeito de memória” e baseiam-se num processo de eliminação do metal das

células de Lítio, o qual permite que estas realizem um elevado número de ciclos reversíveis de carga,

em segurança. Este tipo de bateria apresenta ainda uma densidade de energia superior às baterias de

NiMH e de NiCd, o que associado ao facto de não possuir metais poluentes como o cadmio ou o

chumbo, leva a que estas sejam vistas como o futuro das baterias no ramo dos veículos elétricos.

O avanço para a massificação da produção de baterias que recorram à tecnologia de iões de Lítio

está dependente dos avanços tecnológicos na área, os quais implicam investimentos elevados, sendo

no entanto expectável que no futuro o custo por watt-hora será significativamente mais baixo do que as

outras tecnologias de baterias e com uma densidade de energia superior, reduzindo assim o preço de

aquisição destas baterias.

O carregamento das baterias de Li-Ion é normalmente efetuado através de uma corrente constante,

até que seja atingida uma determinada voltagem pelas células, altura em que o carregamento passa a

ser efetuado com tensão constante e a corrente de carga desce até 10% da corrente de carga inicial.

Associado ao processo de carregamento existe um circuito de monitorização da temperatura que

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25

impede a temperatura de ultrapassar os limites pré estabelecidos.

Com o passar do tempo as células destas baterias atravessam um processo de envelhecimento, o

qual leva a perdas irreversíveis de capacidade devido às reações químicas entre o eletrolítico, ânodo

e o cátodo [34].

2.3.2 Supercondensadores

Os supercondensadores (SC) são dispositivos “intermédios” entre as baterias e os condensadores.

O seu princípio de funcionamento é semelhante ao dos condensadores no entanto estes possuem uma

capacidade e densidade de potência mais elevadas que lhes permite carregar e descarregar mais

rapidamente, o que resulta da maior área dos elétrodos dos SC’s, e da distância muito menor entre os

mesmos quando comparada com um condensador. Esta relação é demonstrada na equação 2.15

referente à capacidade de um condensador [35]:

𝐶 = 휀0휀𝑟𝐴

𝐷 (2.15)

Onde:

𝐷: Distância entre os elétrodos;

𝐴: Área dos elétrodos;

휀0: Permissividade do vácuo (휀0= 8.854×10-12 F/m);

휀𝑟: Permissividade relativa;

Os supercondensadores possuem uma resistência equivalente em série (Equivalent Series

Resistance – ESR), a qual é composta pelas resistências do dielétrico, do material das placas, da

solução eletrolítica e dos terminais sobre uma determinada frequência, representando assim todos os

componentes resistivos existentes no interior de um condensador. A ESR tem normalmente um valor

baixo, podendo no entanto influenciar quer o desempenho do SC quer o valor da sua própria

capacidade e processo de autodescarga, através do aquecimento que pode causar [36]. Esta é ainda

responsável pela definição da potência máxima (de perdas) do condensador [35].

Associando à ESR surge o conceito de resistência equivalente distribuída (Equivalent Distributed

Resistance - EDR) a qual corresponde à soma do valor da ESR com a contribuição adicional do

processo de redistribuição da carga nos poros do elétrodo, que ocorre devido à estrutura não

homogénea deste. Este processo pode aumentar significativamente o aquecimento do dispositivo por

efeito de Joule [37]. O valor da EDR dos SC’s atualmente comercializados rondam os 2.5 V podendo

estar associados a diferentes valores de capacidades, no entanto caso se pretendam atingir valores de

tensão superiores é possível realizar a sua associação em série ou paralelo de forma a contornar esta

questão.

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26

Os supercondesadores são divididos em três categorias distintas, as quais se diferenciam entre si

pelo mecanismo de armazenamento de energia. Assim, as três categorias de supercondutores

existentes são:

SC de Dupla Camada: Armazenam carga electrostaticamente;

SC Eletroquímicos: Armazenam carga electroquimicamente;

SC Híbridos: Armazenam carga electrostaticamente e electroquimicamente;

As características de descarga dos condensadores, SCs e de uma bateria convencional diferem

entre si. Estas características são apresentados na Figura 2.10, onde é possível verificar o

comportamento linear SC’s, o que leva a um “desperdício” de parte do espectro energético destes, o

que contrasta com o verificado no caso das baterias onde a tensão se mantém praticamente constante

ao longo do ciclo de descarga [38].

Figura 2.10 - Característica de descarga de baterias, condensadores e supercondensadores, adaptado de [38]

t

Bateria

SC Eletroquímico

Condesador Eletroestático

Po

tên

cia

l d

e D

esc

arg

a

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27

3 . Estação de carregamento

3.1 Sistema proposto

Nesta dissertação é desenvolvido um modelo para uma estação de carregamento de veículos

elétricos em locais isolados, a partir de energias renováveis e com armazenamento intermédio de

energia. A escolha dos diferentes componentes constituintes da estação, encontra-se fortemente

condicionada pela localização remota desta, uma vez que, apesar de já existirem várias estações e

topologias de carregamento de EV’s, algumas mais simples como os apresentado em [39] e [40] e

outras mais complexas como os sistemas apresentados em [41 - 44], é necessário ter em conta fatores

que diferenciam a estação proposta das estações convencionais, tais como: o tipo de rede disponível

no local a instalar a estação, as dificuldades de manutenção da estação e a menor afluência de veículos

nestes locais.

O modelo proposto corresponde a uma estação de carregamento de veículos elétricos em modo

DC, ou seja uma estação de carregamento rápido (Fast Charge Electrical Vehicle Station - FCEVS),

uma vez que a sua localização num local isolado prossupõe que este seja apenas um ponto de

passagem, onde se pretende gastar o menor tempo possível.

Um dos aspetos de maior relevância no modelo apresentado é a ligação da FCEVS à rede. Ao

contrário das estações destinadas a locais citadinos ou perto de grandes aglomerados populacionais,

exemplo de [40] ou [41], nesta dissertação é considerado que apenas se encontra disponível a rede

monofásica para utilização. A ligação da estação à rede corresponde a um ponto fulcral do modelo

devido ao conteúdo harmónico das correntes e aos problemas que este pode causar, quer na estação

de carregamento, quer na própria rede elétrica. De entre estes problemas podem ser destacados: a

redução da vida útil dos equipamentos (aumentando desta forma a necessidade de manutenção dos

mesmos), a danificação dos sistemas de proteção, o aumento das perdas e maior aquecimento dos

condutores e transformadores do sistema elétrico e ainda a criação de ressonâncias nos

condensadores e filtros passivos do sistema [45].

Assim, deve ser garantida que a energia possui a maior qualidade possível, isto é, na interação do

sistema com a rede elétrica deve ser garantido que a corrente pedida ou injetada tem uma forma de

onda sinusoidal, com baixo conteúdo harmónico, em estado estacionário de forma a minimizar

problemas, como os referidos anteriormente.

No modelo desenvolvido, a ligação do sistema à rede é feita através de um retificador a díodos, o

que implica que o trânsito de potência exista apenas da rede para o sistema, não sendo possível injetar

potência na rede. Associado ao retificador de tensão encontra-se um transformador responsável pelo

isolamento galvânico da rede. Optou-se pelo uso de um transformador de baixa frequência, uma vez

que esses são os mais usuais em aplicações de potência elevada. Existem no entanto já exemplos da

utilização de transformadores de alta frequência para problemas similares, os quais apresentam

algumas vantagens em termos de custo e volume, em aplicações deste tipo [44].

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28

O transformador é responsável não só pelo isolamento galvânico do sistema em relação à rede,

como ainda pela regulação da tensão ao valor necessário no barramento DC presente no sistema,

funcionando assim como um conversor elevador DC/DC [46] [47].

Este barramento DC além de ser alimentado pela rede, como referido anteriormente, encontra-se

ainda ligado ao sistema de armazenamento intermédio de energia e ao sistema de geração fotovoltaica

presentes no sistema da FCEVS (Figura 1) sendo utilizado para o carregamento dos EV’s através de

um conversor DC/DC. O controlo do transito de potências entre os diferentes pontos de um sistema de

carregamento é analisado em [44] e [48].

O SAE é constituído por um banco de condensadores ligados em paralelo a um supercondensador

sendo estes responsáveis por fornecer potência extra durante os carregamentos dos EV’s, enquanto o

SGFV corresponde a um array de PV’s que se encontra ligado ao barramento DC através de um

conversor DC/DC. O aproveitamento da luz solar como fonte de alimentação paralela à rede é

apresentado em [49].

Nas secções que se seguem são descritos os componentes constituintes de cada uma das secções

do modelo proposto para a FCEVS, enquanto o esquema da estação pode ser visualizado na Figura

3.1.

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29

Figura 3.1 - Esquema global da estação de carregamento

VE

ÍCU

LO

EL

ÉT

RIC

O

SISTEMA DE CARREGAMENTO LIGAÇÃO À REDE

SISTEMA DE GERAÇÃO FOTOVOLTAICA

IGBT/DIODO

D5 LPV1

PA

INE

L F

OT

OV

OL

TA

ICO

IGBT/DIODO

D6

LPV2

R0 CPV2 CPV1

IGBT/DIODO

IGBT/DIODO

D3

D1

D4

D2

TRANSFORMADOR

LINEAR

VREDE

LEV CEV

DC BUS

SISTEMA DE ARMAZENAMENTO DE ENERGIA

Csc

LBAT

IGBT/DIODO

D7

CBAT

Lsc

BA

NC

O D

E B

AT

ER

IAS

SU

PE

RC

ON

DE

NS

AD

OR

D8 MOSFET

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31

3.2 Ligação à rede

Considerando que num local isolado a rede elétrica acessível é monofásica, optou-se por realizar a

ligação entre a estação de carregamento de EV’s e a rede através de um transformador e um retificador

de onda completa a díodos.

A colocação de um transformador entre a rede elétrica e o retificador permite assegurar o isolamento

galvânico, a adaptação do nível de tensão à entrada do retificador e a eliminação do ponto de vista da

rede das componentes contínuas presentes nas correntes de entrada do retificador. A adaptação da

tensão realizada pelo transformador permite que os semicondutores utilizados no retificador sejam

díodos, e que consequentemente o retificador seja do tipo não comandado. No que diz respeito à

utilização de um retificador de onda completa, esta é justificada pela melhor resposta a elevadas

potências apresentada por estes, quando comparados com os retificadores de meia onda.

Na Figura 3.2 é possível ver o esquema geral da ligação da rede elétrica ao barramento DC da

FCEVS através do transformador e retificador.

A rede elétrica acessível no local carateriza-se por:

𝑓𝑅𝐸𝐷𝐸 = 50 Hz

VREDE = 230 V sendo esta sinusoidal e dada por:

𝑣𝑅𝐸𝐷𝐸(𝑡) = 𝑉𝑅𝐸𝐷𝐸 . √2. 𝑠𝑖𝑛(𝜔𝑡 + 𝜑𝑣) (3.1)

Onde 𝜑𝑣 corresponde ao desvio da fase e 𝜔 à frequência angular, sendo esta últma dada por:

𝜔 = 2𝜋. 𝑓𝑅𝐸𝐷𝐸 =2𝜋

𝑇 (3.2)

No modelo simulado nesta secção optou-se pela utilização de uma carga puramente resistiva, o que

não corresponde exatamente ao que se passa na realidade uma vez que normalmente as cargas

possuem um efeito indutivo, sendo por isso muitas vezes utilizados filtros LC de forma a minimizar o

tremor das correntes na carga [49]. A utilização do retificador tem como principal objetivo fornecer a

“melhor corrente DC” possível à carga, isto é, uma corrente estável e com o menor tremor possível.

DC BUS

Transformador C

arg

a

Rede Elétrica Retificador

Figura 3.2 - Esquema geral da ligação à rede

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32

3.2.1 Retificador de onda completa em ponte a díodos

O modelo adotado utiliza um retificador em ponte a díodos conectado a um transformador simples,

com um único secundário e sem pontos de conexão adicionais, o qual apesar de corresponder ao

modelo monofásico mais simples é também o mais adequado, uma vez que quatro díodos do retificador

conseguem garantir praticamente todos os prossupostos necessários. Assim, efetuando uma

comparação do modelo utilizado com a topologia de retificador de onda completa com ligação ao centro

do secundário do transformador, o modelo utilizado possui um menor núcleo, no entanto consegue

atingir os mesmos níveis de potência DC. Na Figura 3.3, é apresentado o esquema detalhado dos

componentes utilizados na ligação da estação à rede monofásica disponível no local de instalação da

FCEVS.

A retificação da tensão da rede ocorre ao longo de todo o período da rede, através da condução

dos pares de díodos do retificador. Os díodos D1 e D4 encontram-se em condução durante a meia-onda

positiva da tensão, enquanto os díodos D2 e D3 conduzem durante a meia-onda negativa desta. A

topologia utilizada por este retificador é corresponde a uma topologia de duplo caminho, isto é, em cada

meio ciclo de tensão, existe fluxo de corrente em ambas as direções no enrolamento do secundário do

transformador, mas sempre no mesmo sentido na carga. Realizando uma análise ao esquema da

Figura 3.3, verifica-se que a tensão no primário do transformador (VPrim) corresponde à tensão recebida

da rede, desta forma temos que:

VREDE = VPrim = 230 V

VDC

DC BUS

Transformador Linear

VREDE

RDC

IREDE

IRET

Retificador

VPrim VSec

VRET

D1 D2

D3 D4

Figura 3.3 - Esquema detalhado da ligação à rede

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33

No que diz respeito ao lado do secundário, verifica-se a existência de uma tensão AC dependente

dos parâmetros constituintes do transformador (VSec), os quais são selecionados tendo em conta o valor

de tensão pretendido no barramento DC. A tensão na carga (VDC) corresponde ao valor médio da

tensão de saída do retificador (VRET) durante um período, isto é:

𝑉𝐷𝐶 =1

𝑇∫ 𝑣𝑅𝐸𝑇(𝑡)𝑑𝑡

𝑇

0 ⇔

𝑉𝐷𝐶 =2

2𝜋∫ 𝑉𝑆𝑒𝑐 . 𝑠𝑖𝑛(𝜔𝑡)𝑑𝑡

𝜋

0=

2.𝑉𝑆𝑒𝑐

𝜋 (3.3)

Sendo possível definir o valor r.m.s da tensão na carga:

𝑉𝑅𝐸𝑇 = √1

𝑇∫ 𝑣𝑅𝐸𝑇

2(𝑡)𝑑𝑡𝑇

0 ⇔

𝑉𝑅𝐸𝑇 = √1

𝜋∫ 𝑉𝑆𝑒𝑐

2. 𝑠𝑖𝑛2(𝜔𝑡)𝑑𝑡𝜋

0=

𝑉𝑆𝑒𝑐

√2 (3.4)

O FF corresponde a um índice de eficácia do processo de retificação. A eficácia de retificação é

maior à medida que o valor de FF se aproxima de 1, sendo este dado pelo rácio entre as duas tensões

anteriores, sendo por isso igual a:

𝐹𝐹 =𝑉𝑅𝐸𝑇

𝑉𝐷𝐶=

𝜋

2.√2 = 1,11 (3.5)

Tendo em conta que a carga é puramente resistiva (RDC) temos que a corrente no na carga do

barramento DC (IDC) e a correspondente corrente r.m.s (IRET) são:

𝐼𝐷𝐶 = 𝑉𝐷𝐶

𝑅𝐷𝐶=

2.𝑉𝑆𝑒𝑐

𝜋.𝑅𝐷𝐶 (3.6)

𝐼𝑅𝐸𝑇 = 𝑉𝑅𝐸𝑇

𝑅𝐷𝐶=

𝑉𝑆𝑒𝑐

√2.𝑅𝐷𝐶 (3.7)

Outro parâmetro utilizado na descrição da qualidade de retificação é o Fator de Oscilação (RF), o

qual representa a taxa de ondulação em relação ao valor máximo da tensão retificada. O RF é definido

por:

𝑅𝐹 =√𝑉𝑅𝐸𝑇

2 − 𝑉𝐷𝐶2

𝑉𝐷𝐶

𝑅𝐹 = √𝐹𝐹2 − 1 = 0,483 (3.8)

De forma a comparar diferentes topologias de retificadores, é também possível comparar alguns

parâmetros relacionados com semicondutores que estes utilizaram, como por exemplo, a Tensão

Inversa de Pico (PIV), durante o estado de bloqueio do dispositivo ou a corrente máxima na carga.

Existem ainda fatores relacionados com o transformador como o Fator de Utilização do

Transformador (TUF) o qual é usado para definir as características do transformador e definido como

a razão entre a potência DC de saída do transformador (PDC) e a potência de saída no secundário do

transformador (PSec).

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34

Assim o TUF e é dado por:

𝑇𝑈𝐹 =𝑃𝐷𝐶

𝑃𝑆𝑒𝑐 ⇔

𝑇𝑈𝐹 =𝑉𝐷𝐶.𝐼𝐷𝐶

𝑉𝑅𝐸𝑇√2

.𝐼𝑅𝐸𝑇

√2

= 0,813 (3.9)

3.2.2 Dimensionamento e simulação do retificador

O tempo de carregamento de um EV está diretamente relacionado com a potência fornecida pela

estação de carregamento, uma vez que, quanto maior for a potência disponibilizada por esta mais

rápido será o carregamento da bateria do EV. Desta forma, os carregamentos em modo AC são

efetuados recorrendo a tensões até 240 V/fase, enquanto os carregamentos em modo DC utilizam

valores entre 300 V e 600 V [13] [14].

Na Figura 3.4 são apresentadas as formas de onda da tensão e corrente da rede, as quais são de

grande importância, tal como referido anteriormente, devido ao seu conteúdo harmónico e à influência

que o valor da tensão tem no dimensionamento dos parâmetros do transformador.

Na construção do modelo da FCEVS optou-se por definir uma tensão de 400 V para o barramento

DC (VDC = 400 V), de forma a permitir a realização de carregamentos rápidos, a qual deve esta ser

garantida pelos diferentes conversores que a este se encontram ligados. Por outro lado o valor da

corrente no barramento DC é influenciado pelo valor da carga utilizada à saída dos conversores.

No caso do sistema de ligação à rede foi definida uma carga com o valor de RDC = 10 Ω, de forma a

simular o retificador.

Tensão e Corrente da Rede

Tempo [s]

Figura 3.4 - Tensão e corrente da rede

Te

nsão [V

], C

orr

ente

[A

]

VREDE

IREDE

0 0,01 0,02 0.03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,1

400

0

-100

100

200

300

-200

-300

-400

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35

Finalmente, no que diz respeito ao transformador utilizado, é necessário analisar as tensões do seu

primário (VPrim) e secundário (VSec), para que seja possível obter o valor de tensão pretendido no

barramento DC. Tal como referido na secção 2.3.1, temos que VPrim = VREDE, sendo apenas necessário

determinar o valor da tensão VSec. Reescrevendo a Equação 3.3 em ordem à VSec temos:

𝑉𝑆𝑒𝑐 =𝜋.𝑉𝐷𝐶

2 =

𝜋 × 400

2 = 628,32 V (3.10)

De forma a garantir uma tensão que atinga o valor de 628,32 V no secundário do transformador,

tensão apresentada na Figura 3.5, recorre-se a um transformador com as características apresentadas

na Tabela 3.1:

Tabela 3.1 – Características do transformador

A tensão VSec corresponde à tensão a ser retificada pelo retificador em ponte de díodos de onda

completa, assim espera-se que a tensão à saída deste (VRET) corresponda a uma tensão semelhante

a VSec quando esta toma valores positivos e ao módulo de VSec, quando esta toma valores negativos.

No que diz respeito à corrente IRET, esta vai ter uma forma de onda semelhante à de VRET e o seu valor

depende do valor da carga à qual o retificador se encontra ligado.

PNOMINAL 30 kVA

fNOMINAL 50 Hz

VPrim 230 V

VSec 450 V

RMagnetização 881,67 Ω

LMagnetização 2,8064 H

200

Tempo [s]

Te

nsão [V

]

Tensão do secundário do transformador

Figura 3.5 - Tensão nos enrolamentos do secundário do transformador

VSec

0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,1

800

0

400

600

-200

-400

-600

-800

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36

As formas de ondas da tensão VRET e da corrente IRET são apresentadas na Figura 3.6.

Finalmente, realizando o cálculo do valor médio da tensão no barramento DC é obtida a uma tensão

de valor aproximado ao pretendido (VDC = 400 V), sendo a forma de onda obtida apresentada na Figura

3.7.

Tensão de saída do retificador: VRET

VRET

Te

nsão [V

]

Tempo [s]

Figura 3.6 - Tensão e corrente de saída do retificador

Corr

ente

[A

]

Corrente de saída do retificador: IRET

Tempo [s]

IRET

0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,1

0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,1

100

0

200

300

500

400

700

600

Tempo [s]

Te

nsão [V

]

Figura 3.7 - Tensão média do barramento DC

Tensão média do barramento DC

VDC(AVRG)

0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,1

450

400

300

150

100

50

250

200

0

350

70

60

50

40

30

20

10

0

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37

3.3 Sistema de Armazenamento de Energia

Os carregamentos efetuados através das FCEVS necessitam de valores de corrente e tensão

elevados, o que cria a necessidade de existência de um sistema de armazenamento intermédio de

energia. A existência de um SAE permite minimizar os níveis dos pedidos de potência efetuados pela

estação durante os carregamentos, evitando desta forma a existência de variações, de grande

amplitude, no valor de potência pedido à rede, os quais a existirem obrigariam a um reforço nas

infraestrutura de transporte de energia da rede.

Não existindo um tipo de armazenamento típico para este tipo de sistemas é necessário analisar

cada situação em particular, sendo que o vasto leque de tecnologias para armazenamento de energia

elétrica existentes nos dias de hoje, sejam estas do tipo mecânico, eletroquímico ou elétrico, leva à

existência de um elevado número de soluções possíveis.

As tecnologias mais comuns na construção dos SAE das estações de carregamento de EV são as

baterias, os supercondensadores e volantes de inércia (Flywheels). A utilização de um sistema de

armazenamento com recurso a volantes de inércia acabou por ser posto de parte devido às grandes

variações de amplitude verificadas na tensão por estas gerada e pela necessidade adicional de um

gerador síncrono. Assim, no seguimento das características já apresentadas no capítulo 2.3 desta

dissertação, a solução adotada consiste num sistema combinado de um banco de baterias de Ácido-

Chumbo e um supercondensador aproveitando o elevado valor de energia específica das baterias e o

elevado valor de potência específica de um supercondensador [32]. O esquema geral do SAE utilizado

pela FCEVS desta dissertação é apresentado na Figura 3.8.

Figura 3.8 - Esquema geral do sistema de armazenamento de energia

VBAT

LBAT D7

D8 MOSFET

Lsc Csc

CBAT Cfiltro

Cfiltro

IGBT/DIODO

Conversor DC/DC: BOOST

BA

NC

O D

E B

AT

ER

IAS

SU

PE

RC

ON

DE

NS

AD

OR

IDC

RSAE

IBAT

Isc

VDC

Vsc

Conversor DC/DC: BUCK/BOOST

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38

O número de ciclos de vida de um supercondensador é tipicamente 2 a 4 ordens de grandeza

superior ao de uma bateria de Ácido-Chumbo. Devido a esta característica dos SAE utilizados, tomou-

se a opção de efetuar a ligação do SC ao barramento DC através de um conversor redutor-elevador,

enquanto o banco de baterias funciona como um sistema de armazenamento de energia auxiliar ao

SC, estando este ligado a um conversor elevador.

3.3.1 Banco de Baterias

No banco de baterias optou-se por utilizar baterias de Ácido-Chumbo, apesar de apresentarem

algumas desvantagens quando comparadas com baterias como as de Iões de Lítio em termos da

densidade de energia e potência disponibilizada, uma vez que estas correspondem a uma tecnologia

mais madura e da qual já se possui um conhecimento total. Por outro lado apesar de ser uma tecnologia

já antiga é aquela que apresenta ainda um custo mais reduzido por unidade de energia armazenada.

As baterias são normalmente caracterizadas pela sua tensão nominal, pela sua corrente de descarga

e pela sua capacidade nominal, expressa em Ampére hora (Ah).

O modelo de bateria utilizado na construção do banco de baterias é o PANASONIC LC-T12105P,

sendo possível consultar o seu catálogo, no Anexo A, onde é apresentado em detalhe o processo de

descarga da bateria consoante as condições em que esta se encontra. Uma vez que se pretende uma

tensão de 400 V no barramento DC é necessário utilizar um banco de baterias de forma a elevar o valor

de tensão fornecido ao conversor DC/DC que efetua a ligação entre o sistema de baterias e o

barramento. Através da associação de 20 baterias é então atingida uma tensão de VBAT = 20 x 12 =

240 V, a qual já permite a utilização de um conversor elevador.

De forma a simular o banco de baterias recorreu-se ao modelo existente no Simulink para uma

bateria de Ácido-Chumbo sendo os parâmetros do mesmo apresentados na Tabela 3.2.

Tabela 3.2 – Parâmetros do modelo de Simulink utilizados para o banco de baterias

BANCO DE BATERIAS: PANASONIC LC-T12105P

Tensão Nominal VN(BAT) 240 V

Capacidade Nominal CN(BAT) 105 Ah

Corrente Nominal de descarga IN(BAT) 21 A

Resistência Interna RINT 5 mΩ

Tensão Máxima VBAT(max) 264 V

Capacidade Máxima CBAT(max) 105 Ah

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39

Na Figura 3.9 são então apresentados as formas de onda da tensão e corrente na bateria durante

uma descarga prolongada, com uma carga resistiva de 12.5 Ω, bem como a evolução do seu SOC.

Tensão de descarga do banco de baterias

Tempo [s]

VBAT

IBAT

SOC

Te

nsão [V

]

Corrente de descarga do banco de baterias

Tempo [s]

Corr

ente

[A

]

SOC do banco de baterias

Tempo [s]

SO

C [%

]

Figura 3.9 - Curvas da tensão e corrente de descarga do banco de baterias e correspondente SOC

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

250

255

260

265

21,2

21

20,2

20

20,4

20,6

20,8

100

99,95

99,9

99,85

99,8

99,75

99,7

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40

3.3.1.1 Conversor elevador DC/DC

Tal como já referido anteriormente, o banco de baterias encontra-se ligado a um conversor DC/DC

do tipo elevador, de forma a garantir um valor de 400 V no barramento DC, Nesta secção é realizado

uma descrição do funcionamento do conversor, bem como o dimensionamento dos seus componentes,

de acordo com os valores pretendidos. O modelo de Simulink utilizado para simulação do sistema do

banco de baterias é apresentado na Figura 3.10.

Analisando o conversor apresentado na Figura 3.10 verifica-se que este utiliza dois semicondutores,

um IGBT e um díodo, os quais possuem dois estados de funcionamento: condução e corte. Os

semicondutores funcionam como interruptores e influenciam a transferência de energia que ocorre no

conversor consoante o estado em que se encontram,

Assim, quando o IGBT (semicondutor S1) está em condução e o díodo (semicondutor S2) ao corte,

ocorre a transferência de energia do banco de baterias para a bobine LBAT, verificando-se um aumento

da corrente desta (IL), uma vez que a tensão de saída do banco de baterias (VBAT) corresponde também

à tensão aos terminais da bobine, VL = VBAT. Por outra lado quando S1 se encontra ao corte, S2 entra

em condução, assegurando a continuidade da energia magnética na bobine e a transferência de

energia quer para a carga, quer para o condensador de saída (CBAT). Neste caso, a corrente na bobine

LBAT decresce, uma vez que a tensão VL é negativa e dada por: VL = VBAT – VDC <0.

No dimensionamento do conversor DC/DC elevador é considerado que os semicondutores se

comportam como interruptores ideais, não possuindo perdas. Os dois estados de funcionamento dos

semicondutores: condução e corte, podem ser representados por uma variável (𝛽), a qual indica o

estado destes:

→ S1: Corte e S2: Conduz

→ S1: Conduz e S2: Corte

Figura 3.10 - Modelo de Simulink do sistema de armazenamento: banco de baterias

D6 LBAT

Cfiltro (BAT) CBAT

IGBT/DIODO

VBAT

BANCO DE BATERIAS

DC BUS

VDC

SISTEMA DE CONTROLO

IBAT IDC

S1

S2

𝛽 =

𝛽 = 0: 𝑉𝐿(𝑡) = VBAT (0 < t < δT)

𝛽 = 1: 𝑉𝐿(𝑡) = VBAT − VDC (δT < t < T) (3.11)

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41

Onde δ representa a relação entre a tensão de entrada e a tensão de saída do conversor, e é

calculada sabendo que o valor médio da tensão na bobine é nulo em regime permanente:

𝑉𝐿(𝑡) =1

𝑇[∫ VBAT 𝑑𝑡 + ∫ (V𝐵𝐴𝑇 − VDC)

𝑇

δT𝑑𝑡

δT

0] = 0 ⇔

δ = 1 − V𝐵𝐴𝑇

VDC ⇔

V𝐵𝐴𝑇

VDC=

1

1− δ (3.12)

Antes de realizar o dimensionamento dos diferentes componentes do conversor é necessário

assumir valores para algumas coisas como:

Frequência de comutação

Assume-se uma frequência de comutação de fc = 20 kHz dos semicondutores.

Carga do barramento DC

Na simulação efetuada considera-se uma carga resistiva de valor RBAT = 125 Ω.

Variação da tensão de saída

Assume-se que a tensão aos terminais do condensador CBAT pode variar em 10% do valor

pretendido para VDC. Assim:

∆VDC = VDC × (10%) = 40 V (3.13)

VDC(MAX) = VDC + ∆VDC

2= 420 V

VDC(MIN) = VDC − ∆VDC

2= 380 V

(3.14)

Tremor da correte da bobine

Assume-se um tremor máximo da corrente IL de 5 %. Este não deve ser menor, uma vez

que existe o risco de sobredimensionamento da bobine LBAT. Assim:

∆IL = IL × (5%) (3.15)

De seguida é realizado o dimensionamento dos diferentes componentes do conversor:

Duty cycle:

Uma vez que o modelo de Simulink da bateria utiliza o valor da tensão máxima disponível

aos terminais da bateria temos que VBAT = 264 V, pelo que recorrendo à equação 3.12

temos:

δ = 1 – VBAT

VDC = 1 −

264

400 = 0,340 (3.16)

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42

Bobine LBAT:

Considerando um valor de corrente de descarga de IBAT = 21 A, o valor do tremor da

corrente IL é dado por:

∆𝐼𝐿 = 𝐼𝐵𝐴𝑇 × (5%) = 1,05 A (3.17)

Assim a bobine LBAT será dada por:

𝐿𝐵𝐴𝑇 =δ .VBAT

fc . ∆IL =

0,34 × 264

(20×103) × 1,05 = 4,3 mH (3.18)

Condensador CBAT:

O valor do condensador CBAT de saída do conversor é dado por:

𝐶𝐵𝐴𝑇 =VDC . δ

fc . ∆VDC . RBAT =

400 × 0,34

(20×103) × 40 ×125 = 1,36 x 10-6 F (3.19)

Considerando que o valor da corrente debitada pelo banco de baterias ao sistema depende do valor

da carga a que este se encontra ligado, no caso de uma carga resistiva de 125 Ω no barramento DC à

entrada do conversor é obtida uma tensão VBAT ≅ 264,1 V e uma corrente de valor médio IBAT ≅ 5,1 A,

sendo as formas de onda destas grandezas apresentadas na Figura 3.11.

0,015 0,02 0,025 0,03 0,035 0,04 0,045 0,05 0,055 0,06 3

0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16 0,18 0,2

263,95

263,9

264,05

264

264,15

264,1

3,5

4,5

5,5

6,5

4

5

6

7

Tensão do banco de baterias: Vbat

Tempo [s]

Vbat

Ibat

Te

nsão [V

]

Corrente do banco de baterias: Ibat

Tempo [s]

Corr

ente

[A

]

Figura 3.11 - Curvas da tensão e corrente fornecidas pelo banco de baterias

Page 61: Carlos Miguel Amaro da Silva - ULisboa · Carregamento de veículos elétricos em locais isolados a partir de energias renováveis e com armazenamento intermédio de energia Carlos

43

A corrente fornecida pelo banco de baterias corresponde à corrente que circula na bobine LBAT, isto

é IBAT = IL, assim considerando o sinal apresentado na Figura 3.11, verifica-se que são respeitados os

limites estabelecidos para o tremor da corrente na bobine, Por outro lado, no que diz respeito à tensão

VL verifica-se, tal como esperado, que esta é igual ao da tensão do banco de baterias quando o S1

conduz, isto é VL = VBAT, e quando S1 se encontra ao corte toma o valor de VL = VBAT – VDC (equação

3.11), tal como se pode constatar na Figura 3.12.

Atendendo ainda aos valores de corrente e tensão transferidos pelo banco de baterias, conclui-se

que a potência disponibilizada à entrada do conversor ronda os Pbat = 1,346 kW. Assim, considerando

um valor teórico de 95 % para o rendimento do conversor elevador elevado utilizado, temos que:

PDC = 0,95 × Pbat ⇔

PDC = 0,95 × 1346 ≅ 1,2787 kW (3.20)

Conclui-se então que, em teoria, no barramento DC teremos uma potência de 1278,7 kW disponível

para o carregamento do EV.

De forma a confirmar as previsões teóricas são apresentados de seguida os sinais da tensão (Figura

3.13) e corrente (Figura 3.14) disponíveis no barramento DC, onde é possível constatar que a tensão

VDC oscila em torno dos 400 V, tal como pretendido, e que a corrente IDC toma valores próximos a 3,1

A, Assim, o valor de potência disponível no barramento DC será de PDC ≅ 1,240 kW, o que vai de

encontro ao esperado.

Variação da tensão na bobine: LBAT

Tempo [s]

VL

VBAT - VDC

VBAT

Te

nsão [V

]

Figura 3.12 - Variação da tensão na bobine LBAT

0,03712 0,03714 0,03716 0,03718 0,0378 0,03722

200

-200

-150

-100

-50

0

100

300

50

250

150

Tensão de saída do conversor: VDC

Tempo [s]

VDC

Te

nsão [V

]

Figura 3.13 – Tensão à saída do conversor: VDC

0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16 0,18 0,2

VDC

50

100

400

0

200

250

350

300

150

450

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44

Rp

C ESR XL

Figura 3.15 - Esquema elétrico de um supercondensador: simplificação de 1ª ordem

A manutenção do valor da tensão em torno do valor pretendido é garantido através de um sistema

de controlo, o qual será apresentado em detalhe na secção 3.5 da dissertação.

3.3.2 Supercondensador

De forma a simular o sistema de armazenamento do supercondensador é utilizado como referência

o modelo MAXWELL 160 V, sendo possível consultar o seu catálogo no Anexo B. Atendendo ao facto

do modelo de supercondutor existente no Simulink não representar da melhor forma o comportamento

do SC selecionado foi tomada a opção de construir um modelo para a SC recorrendo a um esquema

elétrico equivalente, de forma a simular o seu funcionamento de uma maneira mais próxima da

realidade.

3.3.2.1 Modelo Supercondensador

Um supercondensador pode ser representado de uma forma simplificada por um esquema elétrico

equivalente, como o apresentado na Figura 3.15:

Os componentes constituintes do modelo são:

Rp – Resistência em paralelo responsável pela autodescarga;

XL – Indutância do SC;

C – Capacidade do SC;

ESR – Resistência em série equivalente.

IDC

Corrente de saída do conversor: IDC

Tempo [s]

Corr

ente

[A

]

Figura 3.14 - Corrente à saída do conversor: IDC

0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16 0,18 0,2

3,5

3

2,5

2

1,5

1

0,5

0

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45

No entanto o esquema de 1ª ordem não corresponde ao melhor modelo a utilizar, uma vez que este

não tem em conta o comportamento não linear dos SC’s, o qual é originado pelos poros existente no

material constituinte dos elétrodos. Assim o comportamento de um SC aproxima-se mais ao de uma

linha de transmissão do que de um condensador, sendo o esquema elétrico equivalente mais adequado

para a sua representação, apresentado na Figura 3.16.

Neste, cada uma das três resistências ESR representa um dos constituintes do SC (os dois

elétrodos e o dielétrico), enquanto o valor da resistência RP é determinado tendo em conta a constante

de tempo (𝜏) de um circuito RC:

𝜏 = 𝑅𝑃𝐶 → Rp = τ

C (3.21)

Assim, tomando em consideração os parâmetros do modelo do SC utilizado, os quais são

apresentados na Tabela 3.3, podemos efetuar o dimensionamento do esquema elétrico.

Tabela 3.3 – Parâmetros do modelo do supercondensador MAXWELL 160 V

Os parâmetros do esquema elétrico são então os seguintes:

ESR1 = ESR2 = ESR3 = 240 mΩ

C = 5,8 F

Rp = τ

C =

1500 × 3600

5,8 = 931034,4828 Ω

De forma a validar o modelo construído em Simulink são apresentadas na Figura 3.17, as formas

de onda da tensão e corrente à saída do SC, as quais foram obtidas utilizando uma carga no

supercondensador: RLOAD = 4 Ω.

SUPERCONDENSADOR: MAXWELL 160 V

Capacidade Nominal CN(SC) 5,8 F

Tensão Nominal VN(SC) 160 V

Corrente Nominal IN(SC) 35 A

Equivalent Series Resistance ESR 240 mΩ

Tempo de vida (Altas temperaturas) τ 1500 h

ESR2 ESR1 ESR3

RP C C

L

+

-

RLOAD CA

RG

A

Figura 3.16 - Esquema elétrico equivalente de um SC tendo em conta o seu comportamento não linear

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46

Figura 3.18 - Modelo de Simulink do sistema de armazenamento: supercondensador

D7

LSC Cfiltro (SC) CSC

MOSFET

VSC

SISTEMA DE CONTROLO

SUPERCONDENSADOR

DC BUS

ISC

VDC

IDC

Os valores obtidos para o modelo desenvolvido do supercondensador, apesar de apresentarem um

desvio em relação aos valores apresentados pelo fabricante no catálogo, encontram-se dentro da

banda de valores aceitáveis, sendo estes explicados pelas quedas de tensão que existem nos

diferentes componentes que constituem o modelo desenvolvido.

3.3.2.2 Conversor redutor-elevador DC/DC

Tendo em conta o elevado número de ciclos de vida de um supercondensador, o sistema de ligação

do supercondensador ao barramento DC utiliza um conversor redutor- elevador (“Buck/Boost”). Este

permite que o trânsito de energia ocorra quer no sentido do barramento DC (funcionamento como um

conversor elevador), quer no sentido do próprio SC, recarregando a sua energia (funcionamento como

um conversor redutor). Na Figura 3.18 é apresentado o modelo de Simulink construído para simular o

sistema de armazenamento do supercondensador e a sua ligação ao barramento DC.

S3

S4

Tensão fornecida pelo Supercondensador

Tempo [s]

Te

nsão [V

]

Corrente fornecida pelo Supercondensador

Tempo [s]

Corr

ente

[A

]

Figura 3.17 - Curvas da tensão e corrente do supercondensador

VSC

ISC

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1

140

138

136

134

132

40

36

30

32

38

34

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47

Considerando dois intervalos de tempos distintos, em que:

∆T1: 0 < t < δT onde: MOSFET → Conduz ; D7 → Corte

∆T2: δT < t < T onde: MOSFET → Corte ; D7 → Conduz (3.22)

Considerando o circuito em regime permanente, tem-se que no intervalo de tempo ∆T1 em que o

MOSFET se encontra em condução a corrente na bobine (IL) tem derivada positiva, uma vez que a

tensão aos terminais desta é igual à tensão de saída do SC (VSC), isto é:

𝑉𝐿(𝑡) = VSC (3.23)

Por outro lado, no intervalo de tempo ∆T2, é o díodo D7 que se encontra em condução, garantindo a

continuidade da energia magnética na bobine LSC, no entanto a corrente nesta decresce, pois a tensão

aos seus terminais é igual a:

𝑉𝐿(𝑡) = −VDC (3.24)

O valor médio da tensão na carga pode ser calculado sabendo que, em regime permanente, o valor

médio da tensão aos terminais de LSC é nulo:

𝑉𝐿(𝑡) =1

𝑇[∫ VSC 𝑑𝑡 + ∫ (− VDC)

𝑇

δT𝑑𝑡

δT

0] = 0 ⇔

V𝐷𝐶

VSC=

δ

1− δ (3.25)

Tal como no caso do conversor elevador é necessário assumir valores para algumas grandezas, de

forma a realizar o dimensionamento do conversor, assim:

Frequência de comutação

Assume-se uma frequência de comutação de fc = 20 kHz dos semicondutores.

Carga do barramento DC

Na simulação efetuada considera-se uma carga resistiva de valor RSC = 125 Ω.

Variação da tensão de saída

Assume-se que a tensão aos terminais do condensador CSC pode variar em 10 % do valor

pretendido para VDC, sendo por isso ∆VDC = 40 V, tal como no caso do conversor elevador.

Assim os componentes do conversor redutor-elevador são dados por:

Duty cycle:

Considerando que a tensão de entrada do conversor corresponde à tensão do SC temos:

𝑉𝑆𝐶 = 135,6 V (3.26)

Pelo que recorrendo à equação 43, temos que:

𝑉𝐷𝐶

𝑉𝑆𝐶=

δ

1−δ ⇔ δ =

𝑉𝐷𝐶

𝑉𝐷𝐶+ 𝑉𝑆𝐶

= 400

400 +135,6 = 0,746 (3.27)

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48

Condensador CSC:

O valor do condensador CSC de saída do conversor é dado por:

𝐶𝑆𝐶 =VSC.δ2

fc .∆VDC .(1−δ).RSC =

135,6 × 0,7462

(20×103) × 40 × 125 × (1−0,746) = 2,98 x 10-6 F (3.28)

Bobine LSC:

Sendo o valor do tremor máximo da corrente na bobine dado por:

∆𝐼𝐿 =2 × VDC

RSC.(1−δ) =

2 × 400

125.(1−0,746) = 25,2791 A (3.29)

Consequentemente a bobine LSC terá um valor de:

𝐿𝑆𝐶 =VDC.(1 − δ)

fc .∆IL =

400.(1−0,746)

(20×103) × 25,2791 = 2,003x10-4 H (3.30)

3.3.2.3 Simulação do sistema do supercondensador

Considerando que na simulação do sistema a carga RSC tem um valor de 125 Ω, a tensão e corrente

disponibilizadas pelo supercondensador tomam valores em torno de 157,5 V e 9,2 A respetivamente,

tal como é possível constatar na Figura 3.19.

Tensão do supercondensador: Vsc

Tempo [s]

Te

nsão [V

]

Corrente do supercondensador: Isc

Tempo [s]

Corr

ente

[A

]

Figura 3.19 - Tensão e corrente fornecidas pelo supercondensador

0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16 0,18 0,2

0,072 0,074 0,076 0,078 0,080 0,082 0,084

Vsc

Isc

11

10

7

10,5

9,5

7,5

8,5

8

9

159,5

160

157

157,5

158

158,5

159

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49

Atendendo aos valores de tensão (VSC = 157,5 V) e corrente (ISC = 9,2 A) na entrada no conversor,

bem como um rendimento teórico de 95 % para o conversor redutor-elevador, tal como no caso do

conversor elevador, temos que:

PEntrada = PSC = Vsc x Isc = 1,449 kW (3.31)

O que leva a uma potência teórica no barramento DC (potência de saída do conversor) de:

PDC = 0,95 x 1449 = 1,377 kW (3.32)

De forma a analisar o funcionamento do conversor redutor-elevador são apresentadas, na Figura

3.20. as formas da tensão e corrente disponível no barramento DC.

Analisando os valores obtidos para a corrente e tensão à saída do conversor DC/DC, verifica-se que

a potência disponível no barramento DC é igual a:

PDC = VDC x IDC = 400 x 3,2 = 1,280 kW (3.33)

valor que está dentro do esperado, uma vez que a tensão no barramento tal como pretendido encontra-

se em torno dos 400 V (o sistema de controlo da tensão no DC BUS utilizado é o mesmo que no caso

do banco de baterias, sendo apresentado na secção 3.5 da dissertação) e a corrente disponível faz

com que a potência disponível esteja dentro dos limites teóricos previstos (equação 3.32).

Analisando ainda as grandezas na na bobine LSC, Figura 3.21 e Figura 3.22, verifica-se tal como se

esperava que o valor da tensão VL é igual ao da tensão fornecida pelo supercondensador (VSC) quando

o MOSFET se encontra em condução (equação 3.23) e que quando este se encontra ao corte, o seu

Tensão no barramento DC: VDC

Tempo [s]

VDC

IDC

Tempo [s]

Te

nsão [V

]

Corrente no barramento DC: IDC

Corr

ente

[A

]

Figura 3.20 - Tensão e corrente à saída do conversor DC/DC: DC BUS

0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16 0,18 0,2

0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16 0,18 0,2

450

400

300

150

100

50

250

200

0

350

3,5

3

2

0,5

1,5

1

0

2,5

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50

valor é igual a -VDC (equação 3.24).

Por outro lado, verifica-se que o valor estabelecido para o tremor máximo da corrente IL

(∆IL=25,2791 A) é respeitado, tal como se pode observar na Figura 3.22.

IL

Variação da corrente na bobine: LSC

Tempo [s]

Tempo [s]

Corr

ente

[A

]

Figura 3.22 - Variação da corrente na bobine LSC

Variação da tensão na bobine: LSC

VL

-VDC

VSC

Te

nsão [V

]

Figura 3.21 - Variação da tensão na bobine LSC

0,06158 0,0616 0,06162 0,06164 0,06166 0,06168 0,0617 0,06172

200

100

0

-100 -200 -300 -400 -500

0,0737 0,07372 0,07374 0,07376 0,07378 0,0738 0,07382 0,07384

25

10

15

20

0

5

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51

3.4 Sistema de Geração Fotovoltaica

Um dos requisitos a cumprir na criação do modelo da FCEVS é a utilização de fontes de energia

renováveis como fonte de energia auxiliar à rede elétrica disponível no local, de forma a garantir o

funcionamento da estação em caso de ocorrer um problema com esta. A escolha do tipo de energia

renovável a utilizar na construção do modelo é condicionada por fatores como:

Área necessária para a instalação do sistema de geração de energia;

Custos de aquisição do sistema;

Facilidade de instalação;

Manutenção necessária;

Condições ambientais necessárias;

Potência produzida.

Tendo em conta os parâmetros referenciados, as hipóteses mais adequadas seriam um sistema de

geração eólica ou um sistema de geração fotovoltaica. A escolha acabou por recair num sistema de

geração fotovoltaico uma vez que foi definido que a área ocupada pela estação não deveria exceder

75 m2. Este tipo de sistema é de fácil instalação não necessitando de grandes manutenções e a

potência necessária produzir para a aplicação em causa é atingida recorrendo a um número reduzido

de PV’s. Por outro lado, atualmente existe uma grande variedade de PV’s no mercado, o que torna o

seu preço bastante acessível.

O sistema de geração fotovoltaica utilizado é constituído por um conjunto de PV’s, ligados em série

e em paralelo, os quais se encontram conectados a um sistema de MPPT de forma a retirar o máximo

de potência dos mesmos. A ligação entre o PV resultante e o barramento DC de carregamento dos

veículos é realizado através de um conversor DC/DC do tipo elevador, controlado pelo sistema MPPT,

e um conversor DC/DC do tipo redutor, o qual controlado de forma a garantir a tensão pretendida no

DC BUS. Na Figura 3.23 é apresentado o esquema geral do SGPV utilizado.

Figura 3.23 - Esquema geral do sistema de geração fotovoltaica

D5

D6

LPV1

IGBT/DIODO

Cfiltro

Conversor DC/DC: BOOST

IDC IPV

DC BUS PAINEL FOTOVOLTAICO

IGBT/DIODO

LPV2

Conversor DC/DC: BUCK

I1

VPV

VDC V1 CPV2

RPV CPV1 R0

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52

3.4.1 Painel fotovoltaico e sistema MPPT

A simulação do PV do SGPV é realizada com base no modelo de um díodo e três parâmetros, o

qual foi apresentado na secção 2.2.1 da dissertação, sendo considerada a célula como ideal e obtidos

apenas os gráficos das grandezas mais relevantes para o funcionamento global da estação de

carregamento, uma vez que o foco principal da dissertação não é o desenvolvimento detalhado de um

PV.

De forma a permitir uma simulação, o mais real possível foram utilizados como referência os dados

de um PV existente no mercado e acessível a qualquer pessoa. A escolha recaiu no painel comercial

BP SX3190W, sendo as características apresentadas na Tabela 3.4, podendo ainda o seu catálogo ser

consultado no Anexo C.

Tabela 3.4 – Características do PV: BP SX3190W

Tal como já referido anteriormente, foi estabelecido um limite máximo para a área ocupada pela

FCEVS de 75 m2, o que condiciona o número de PV’s possíveis de conectar entre si e

consequentemente a potência máxima produzida pelo array de PV’s. Assim, tendo em conta as

dimensões apresentadas pelo PV selecionado e de forma a ocupar apenas uma área não superior a

60 m2 considerou-se a associação de 8 módulos em série e de 5 em paralelo:

Área ocupada = (8 x 1,680) x ( 5 x 0,837) = 56,25 m2

Esta associação é efetuada partindo do princípio de que o comportamento dos módulos isolados se

mantem quando estes são conectados, em série ou paralelo, a outros. Desta forma, os módulos ligados

em série são responsáveis pelo aumento da tensão disponível à saída do PV, enquanto os módulos

ligados em paralelo aumentam a corrente disponível.

Módulo BP SX3190W

PMAX 190 W

VMP 24,3 V

IMP 7,82 A

VCA 30,6 V

ICC 8,5 A

NOCT 45 ± 2ºC

NS 50 células

Comprimento 1,680 m

Largura 0,837 m

Peso 15,9 kg

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53

As características do PV equivalente resultante destas associações em série e em paralelo do

módulo BP SX3190W são apresentadas na Tabela 3.5.

Tabela 3.5 – Características do painel fotovoltaico equivalente

De modo a realizar o maior aproveitamento possível da potência gerado pelo painel foi desenvolvido

um bloco de controlo do tipo MPPT direto, o qual garante que o painel opera em qualquer instante no

seu ponto de máxima potência. O modelo desenvolvido em Simulink para simular o funcionamento do

PV equivalente é possível ser consultado no Anexo D.

O MPPT recebe a tensão e corrente fornecidas pelo PV e efetua os cálculos necessários de forma

a retirar a máxima potência deste. Estes cálculos correspondem à realização de sucessivas derivadas

do valor de potência recebida, em ordem à corrente, até verificar que estas sejam zero, ponto em que

se atinge a potência máxima do PV.

𝑑𝑃𝑃𝑉

𝑑𝐼 = 0 ⇔

𝑉𝑃𝑉 + 𝐼𝑃𝑉𝑑𝑉𝑃𝑉

𝑑𝐼𝑃𝑉 = 0 (3.34)

O modelo desenvolvido para o controlador de MPPT é apresentado na Figura 3.24, tendo este sido

construído com base em [50].

Painel Fotovoltaico equivalente

PMAX 7601,04 W

VMP 194,4 V

IMP 39,1 A

VCA 244,8 V

ICC 42,5 A

NS 400 células

Comprimento 13,44 m

Largura 4,185 m

Peso 639 kg

Figura 3.24 - Modelo do controlador MPPT desenvolvido, baseado em [50]

VPV

IPV

Equação (3.34)

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54

3.4.2 Conversores de ligação ao DC BUS

Tal como já referido anteriormente, a ligação do PV ao barramento DC é efetuada através de dois

conversores DC/DC: um conversor elevador DC/DC, semelhante ao utilizado na secção 3.3.1.1,

controlado pelo sistema de MPPT desenvolvido e um conversor redutor DC/DC com controlo da tensão

de saída, de forma a garantir um valor de 400 V no barramento DC. Nesta secção é realizado o

dimensionamento dos componentes dos conversores, bem como uma descrição do funcionamento do

conversor redutor utilizado, O modelo de Simulink utilizado para simulação do SGFV é apresentado na

Figura 3.25.

Tal como já realizado para os outros conversores utilizados na dissertação, é necessário definir

alguns parâmetros de forma a realizar o dimensionamento do mesmo, assim temos:

Frequência de comutação

Assume-se uma frequência de comutação de fc = 20 kHz dos semicondutores.

Cargas dos conversores: do barramento DC

Na simulação efetuada considera-se a carga resistiva da saída do conversor elevador tem

um valor de R0 = 50 Ω, enquanto a carga do DC BUS toma o valor de RPV = 100 Ω.

Tensão de saída do conversor elevador

Pretende-se que a tensão fornecida pelo PV seja elevada a um valor de: V1 = 520V.

Variação da tensão de saída

Tal como nos outros conversores apresentados, assume-se que a tensão aos terminais

dos condensadores de saída de cada conversor, CPV1 e CPV2, pode variar em 10 % do valor

pretendido para VDC, sendo por isso ∆VDC = 40 V.

Tremor da correte da bobine

Assume-se um tremor máximo da corrente nas bobines de 10%.

S1

D6

LPV2

Cfiltro(PV) CPV2

IGBT/DIODO

VPV

SISTEMA DE CONTROLO

PAINEL

DC BUS

IPV

VDC

FOTOVOLTAICO

IGBT/DIODO

D5

CPV1 R0 V1

I1 LPV1

MPPT

IDC

Figura 3.25 - Modelo de Simulink do sistema de geração fotovoltaica

S6

S5

S7

S8

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55

Começando por realizar o dimensionamento dos componentes do conversor elevador, temos:

Duty cycle:

Uma vez que o MPPT garante o funcionamento do PV no seu ponto de máxima potência

(VMP), a tensão de entrada do conversor corresponde à tensão de máxima potência do PV

(VPV), ou seja:

VPV = VMP = 194,4 V (3.35)

Pelo que recorrendo à equação 3.12, temos que:

δ = 1 – VIN

V1 = 1 –

VPV

V1 = 1 −

194,4

520 = 0,63 (3.36)

Bobine LPV1:

Atendendo ao esquema elétrico do conversor, Figura 3.25, verifica-se que a corrente que

percorre a bobine corresponde à corrente proveniente do PV (IL = IMP = 39,1 A), assim a

equação 3.15 pode ser reescrita de forma a obter o valor do tremor da corrente IL da

seguinte forma:

∆𝐼𝐿 = 𝐼𝑀𝑃 × (10%) = 3,91 A (3.37)

Consequentemente a bobine LPV1 terá um valor de:

𝐿𝑃𝑉1 =δ.VPV

fc . ∆IL =

0,63 × 194,4

(20×103) × 3,91 = 1,6 mH (3.38)

Condensador CPV1:

O valor do condensador CPV1 de saída do conversor é dado por:

𝐶𝑃𝑉1 =VDC . δ

fc . ∆VDC . RPV =

0,63 × 520

(20×103) × 40 ×50 = 8,14 x 10-6 F (3.39)

Analisando o funcionamento conversor redutor verifica-se que este, tal como o conversor elevador,

utiliza dois semicondutores: um IGBT (semicondutor S7) e um díodo (semicondutor S8).

Quando S7 está em condução e S8 ao corte, a tensão aos terminais da bobine VLPV2 é igual a

VLPV2=V1 – VDC, fluindo a corrente IL diretamente de LPV2 para CPV2, enquanto na situação contrária a

tensão na bobine toma o valor de VLPV2 = – VDC, não existindo transferência de energia do conversor

elevador para o conversor redutor, o que origina a diminuição da tensão na saída tal como pretendido.

Considerando novamente, que os dois estados de funcionamento dos semicondutores do conversor

podem ser representados por uma variável (𝜑), a qual indica o estado destes, temos:

→ S7: Corte e S8: Conduz

→ S7: Conduz e S8: Corte

𝜑 =

𝜑 = 0: 𝑉𝐿(𝑡) = V1 − VDC (0 < t < δT)

𝜑 = 1: 𝑉𝐿(𝑡) = − VDC (δT < t < T)

(3.40)

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56

Tal como no caso do conversor elevador, sabendo que o valor médio da tensão na bobine é nulo

em regime permanente, temos que:

𝑉𝐿(𝑡) =1

𝑇[∫ (V1 − VDC) 𝑑𝑡 + ∫ (− VDC)

𝑇

δT𝑑𝑡

δT

0] = 0 ⇔

δ = V𝐷𝐶

V1 (3.41)

É então possível realizar o dimensionamento dos componentes do conversor:

Duty cycle:

δ = VDC

V1 =

400

520 = 0,769 (3.42)

Bobine LPV2:

Assumindo um valor do tremor da corrente IL igual ao do conversor elevador, isto é,

∆ IL=3,91 A, podemos calcular o valor da bobine LPV2 através de:

𝐿𝑃𝑉2 =VDC (1−δ )

fc . ∆IL =

400 (1− 0,769)

(20×103) × 3,91 = 1,18 mH (3.43)

Condensador CPV2:

O valor do condensador CPV2 de saída do conversor é dado por:

𝐶𝑃𝑉2 =VDC (1−δ )

fc2 . 8 . LPV2 . ∆VDC

= 400 (1−0,769 )

(20×103)2 × 8 .(1,18×10−3) × 40 = 6,1094 x 10-7 F (3.44)

3.4.3 Simulação do sistema de geração fotovoltaica

A construção de todo o SGPV pressupõe que o PV desenvolvido se encontra a funcionar no seu

ponto de máxima potência devido ao controlo efetuado pelo sistema de MPPT desenvolvido. De forma

a confirmar que isto se verifica são apresentadas a formas de onda da tensão e corrente à saída do PV

na Figura 3.26, as quais correspondem também à tensão de entrada do conversor elevador.

Figura 3.26 – Tensão e corrente fornecidas pelo PV ao sistema

Tensão e corrente de saída do PV: VPV e IPV

Te

nsão [V

], C

orr

ente

[A

]

Tempo [s]

220

140

180

200

0

40

20

160

120 100 80 60

0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,1

VPV

IPV

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57

Analisando as formas de ondas apresentadas na Figura 3.26, verifica-se que o sistema MPPT

encontra-se a realizar o controlo pretendido, uma vez que, quer a tensão VPV, quer a corrente IPV se

encontram a oscilar em torno dos valores de operação característicos para ponto de máxima potência

do PV. É no entanto de realçar, a existência de uma variação de ∆IPV = ±4 A e de ∆VPV = ±10 V em

relação aos valores previstos teoricamente, uma vez que estas podem ter influência nos valores obtidos

à saída dos conversores.

Atendendo agora à saída do conversor elevador, é importante salientar que os valores aí verificados

são fortemente influenciados pelo valor por carga existente no DC BUS. Desta forma, o valor

estabelecido para V1 de 520 V corresponde apenas a um valor de referência, utilizado para realizar o

dimensionamento e testar o funcionamento do SGPV, sendo o valor deste reajustado para cada carga

pelo sistema. Na Figura 3.27 são apresentadas a corrente e tensão à saída do conversor elevador.

Realizando uma análise à potência fornecida pelo PV, tendo em conta os valores apresentados por

VPV e IPV na Figura 3.26 e ao valor teórico apresentado em 3.4.1 de PMAX = 7,601 kW, temos que o valor

máximo de potência teoricamente disponível à saída do conversor elevador, considerando que este

tem um rendimento de 95 %, é dado por:

P1(MAX) = (0,95) x Pmax = 7,221 kW (3.45)

Assim, considerando os valores máximos apresentados por V1 e I1 na Figura 3.27, temos:

P1(MAX) = V1(MAX) x I1(MAX) = 554 x 12 = 6,648 kW (3.46)

Corr

ente

[A

]

Tempo [s]

Tempo [s]

Te

nsão [V

]

Figura 3.27 – Tensão e corrente à saída do conversor elevador

Tensão à saída do conversor elevador DC/DC: V1

Corrente à saída do conversor elevador DC/DC: I1

500

300

100

200

0

600

400

10

8

2

6

0

4

12

14

16

18

V1

I1

0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 0,5

0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 0,5

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58

Pelo que é possível afirmar que o conversor se encontra a funcionar dentro dos limites teóricos

previstos. No que diz respeito ao funcionamento do conversor redutor DC/DC, é possível verificar na

Figura 3.28 que a tensão verificada na bobine LPV2 corresponde ao esperado teoricamente (equação

3.40).

Quanto à saída do conversor, nesta é obtida uma tensão que varia em torno dos 400 V, tal como

pretendido, a qual é controlado por um sistema semelhante ao utilizado pelo SAE. Já no que diz respeito

à uma corrente que circula no barramento, esta tem um valor próximo dos 4 A, o qual é diretamente

influenciado com o valor da carga utilizada no DC BUS. Assim, caso se pretenda que a corrente

disponível no barramento seja superior basta uma redução da sua carga. Na Figura 3.29 são

apresentadas a tensão e corrente no barramento DC.

Variação da tensão na bobine: LPV2

Tempo [s]

VL

-VDC

V1 – VDC

Te

nsão [V

]

Figura 3.28 - Variação da tensão na bobine LPV2

0,43624 0,43626 0,43628 0,4363 0,43632 0,43634 0,43636

-500

-400

-300

-200

-100

0

100

200

Tempo [s]

Tempo [s]

Te

nsão [V

] C

orr

ente

[A

]

Figura 3.29 – Tensão e corrente à saída do conversor redutor: DC BUS

VDC

IDC

Tensão no DC BUS: VDC

Corrente no DC BUS: IDC

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2

450

400

300

150

100

50

250

200

0

350

3,5

3

2

0,5

1,5

1

0

2,5

4,5

4

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59

3.5 Controlo dos conversores DC/DC de ligação ao DC BUS

Pretende-se que a tensão no barramento da estação seja mantida em torno dos 400 V, de forma a

permitir carregamentos rápidos dos EVs, Para que tal seja possível foi construído um sistema de

controlo que realiza a comparação entre a tensão de referência (VRef = 400 V) e a tensão medida em

cada instante no barramento (VDC), sendo criado um sinal de erro, e(t), o qual é controlado por um bloco

Proporcional Integral Derivativo (PID) de forma a poder ser comparado com uma onda triangular de

frequência igual a 20 kHz que varia no intervalo [0;1]. Na Figura 3.30 é apresentado o esquema de

blocos de Simulink utilizado para construir a malha de controlo da tensão no barramento DC.

O sinal de erro criado através da comparação dos sinais VRef e VDC deverá oscilar no intervalo de

valores [-20;20], tendo em conta o valor estabelecido para a variação da tensão no barramento de

∆VDC= 40 V, quer no caso do sistema de armazenamento de energia, quer no caso do sistema de

geração fotovoltaica.

O sinal de erro gerado corresponde à entrada de um controlador PID, o qual realiza os cálculos

necessário de forma a minimizar o sinal de erro permitindo a sua comparação com a onda triangular

gerada, a qual tem uma amplitude entre [-1;1].

A saída do conversor PID é obtida através da seguinte equação:

𝑢(𝑡) = Kp. 𝑒(𝑡) + Ki. ∫ 𝑒(𝑡) 𝑑𝑡 + Kd.d 𝑒(𝑡)

dt

t

0 (3.47)

Onde:

Kp = Ganho proporcional;

Ki = Ganho integral;

Kd = Ganho derivativo;

No sistema de controlo desenvolvido optou-se por definir o valor de Kd como zero, funcionado o

controlador PID apenas com um controlo proporcional integral, onde o controle proporcional assume

maior preponderância uma vez que é o responsável por ajusta a variável de controlo de forma

proporcional ao erro.

Figura 3.30 - Malha de controlo da tensão no barramento DC dos SAE e SGPV

ERRO SINAL DE

SINAL DE CONTROLO

e(t) u(t)

fT = 20 kW

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60

Tomando como exemplo o funcionamento do controlo efetuado ao conversor elevador de ligação

entre o banco de baterias e o DC BUS, temos que, sempre que o sinal de erro é negativo, o sistema

de controlo responde através do envio do sinal de controlo g = 1 ao semicondutor S1 do conversor

DC/DC, o qual faz com que este passe ao estado de condução e exista um aumento da tensão à saída

do conversor. Caso o sinal de erro seja positivo, o sistema de controlo terá o comportamento inverso,

isto é, o sinal de controlo irá ser g = 0, provocando a passagem do semicondutor S1 do conversor ao

corte e à consequente queda de tensão na saída do conversor.

Resumindo temos:

𝑒(𝑡) < 0 → Sinal de controlo: 𝑔 = 1 ; 𝑆1: 𝐶𝑜𝑛𝑑𝑢çã𝑜 → 𝑉𝐷𝐶 ↑

𝑒(𝑡) > 0 → Sinal de controlo: 𝑔 = 0 ; 𝑆2: 𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 → 𝑉𝐷𝐶 ↓ (3.48)

Na Figura 3.31 são apresentados o sinal de controlo e o sinal de erro do sistema de armazenamento

de baterias durante o seu funcionamento, nesta é possível verificar o processo descrito anteriormente.

O processo realizado quer no controlo do conversor redutor-elevador do supercondensador do SAE,

quer no controlo do conversor redutor do SGPV é semelhante ao descrito anteriormente para o caso

do conversor elevador do sistema do banco de baterias do SAE, pelo que não é apresentado uma

descrição detalhada dos mesmos.

Figura 3.31 - Sinal de controlo do sistema de controlo e a sua influência no sinal de erro

e(t)

g

Sinal de controlo e Sinal de erro do sistema de controlo

Tempo [s]

-30

-20

-10

0

20

30

10

0,0309 0,03092 0,03094 0,03096 0,03098 0,031 0,03102 0,03104

1

0

0,6

0,2

0,8

0,4

0,0309 0,03092 0,03094 0,03096 0,03098 0,031 0,03102 0,03104

Err

o [V

]

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61

3.6 Sistema de carregamento de veículos

O bloco de carregamento dos EV’s é responsável pela ligação entre o barramento DC e a bateria

do veículo em carregamento na estação. Este é geralmente composto por um conversor DC/DC

bidirecional de forma a permitir que o trânsito de energia seja efetuado, quer no sentido do barramento

para o veículo (Grid-to-Vehicle - G2V), quer no sentido do veículo para o barramento (Vehicle-to-Grid -

V2G).

No modelo desenvolvido nesta dissertação, tendo em conta a localização isolada da FCEVS, a

implementação de um carregamento V2G não é realista, assim apesar da utilização de um conversor

bidirecional neste sistema, o carregamento no sentido V2G encontra-se bloqueado, tal como será

descrito mais à frente.

Na Figura 3.32 é apresentado o esquema geral do sistema de carregamento de EV’s utilizado.

De forma a realizar simulação do comportamento da bateria do EV, foi novamente utilizado o modelo

existente no Simulink, porém numa tentativa de tornar mais realista a simulação optou-se por recorrer

aos dados fornecidos pela Nissan sobre a bateria utilizada por um dos EVs mais vendidos de sempre:

o Nissan LEAF (Anexo D). Esta corresponde a uma bateria de iões de lítio e os parâmetros utilizados

no modelo de Simulink são apresentados na Tabela 3.6.

LEV

S10

Cfiltro

Bateria do

veículo elétrico

VDC

DC BUS

S9

ICH

IDC

Figura 3.32 - Esquema geral do sistema de carregamento de veículos elétricos

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62

Tabela 3.6 – Parâmetros do modelo de Simulink utilizados para a bateria do EV

3.6.1 Conversor redutor-elevador DC/DC de carregamento

É utilizado um conversor bidirecional DC/DC do tipo redutor-elevador, uma vez que, efetuando uma

comparação deste com, por exemplo, um conversor DC/DC Dual Active Bridge ou um conversor DC/DC

de 3 níveis elevador-redutor, este requer a utilização de um menor número de componentes (conversor

mais “simples”), necessitando apenas de um sistema de geração de sinais de controlo bastante

simples. O conversor utilizado corresponde no entanto a um circuito volumoso e um pouco dispendioso

devido à utilização de uma bobine de elevada corrente. Na Figura 3.33 é apresentado o esquema geral

do sistema de carregamento EV.

O conversor utilizado caracteriza-se por trabalhar como um redutor de tensão no modo de carga

(modo G2V) e como elevador de tensão no sentido inverso (modo V2G). No modo de carga, o

semicondutor S10 encontra-se desligado enquanto o semicondutor S9 liga e desliga consoante o sinal

de controlo que lhe é fornecido. O valor de tensão e corrente aos terminais da bateria do EV depende

do valor do fator de ciclo (duty cycle). No funcionamento em modo de descarga S9 encontra-se

desligado e S10 ligado, comutando consoante o sinal de controlo recebido.

BATERIA EV: NISSAN LEAF

Tipo de Bateria: Iões de Lítio

Tensão Nominal VN(EV) 360 V

Capacidade Nominal CN(EV) 66,6 Ah

Corrente Nominal de Descarga IN(EV) 28,9565 A

Resistência Interna RINT 0,054 Ω

ICH

VDC

SISTEMA DE CONTROLO

BATERIA DO EV

Cfiltro LEV

S9

S10

Figura 3.33 - Modelo de Simulink do sistema de carregamento

ICH

IDC

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63

Tal como referido no início desta secção apenas o funcionamento em modo de carga é considerado,

uma vez que o funcionamento em modo de descarga é irrealista tendo em conta a localização da

FCEVS, assim apenas são apresentadas as equações para o dimensionamento do conversor a

funcionar no modo de carga.

Considera-se que os semicondutores têm uma frequência de comutação fc = 20 kHz, temos que:

Bobine LEV:

De forma a dimensionar a bobine LEV é necessário definir um valor máximo para a variação

da corrente de carregamento (ICH). Assim definiu-se que:

∆𝐼𝐶𝐻(𝑀𝐴𝑋) = 5 A (3.49)

Assim, tendo em conta a equação 3,49, a bobine LEV será dada por:

𝐿𝐸𝑉 =VDC

4 × fc . ∆ICH(𝑀𝐴𝑋) =

400

4 ×(20×103) × 5 = 0,01 H (3.50)

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64

3.6.2 Controlo do sistema de carregamento

Juntamente com o conversor foi criado um sistema de controlo de forma a determinar o modo de

funcionamento deste, consoante as condições em que se encontra a bateria do EV ligado à estação de

carregamento.

Quando o EV é ligado à FCEVS, o sistema de carregamento começa por detetar o SOC da bateria

do veículo, de forma a decidir se deve iniciar o modo de carga ou descarga da bateria. Tendo em conta

que o tempo de vida de uma bateria é prolongada caso sejam evitadas as cargas e descargas

completas da mesma, foi estabelecido uma percentagem máxima de 80 % até à qual a estação carrega

a bateria dos EVs.

Assim, caso o sistema de carregamento verifique que a bateria tenha um valor igual ou superior a

80 % do seu SOC é ativado o modo de descarga, o qual se carateriza pelo “bloqueio” do sistema de

carregamento, isto é, os semicondutores S9 e S10 ficam ao corte e não existe qualquer corrente

transferida para a bateria. Caso a bateria do EV tenha um SOC menor que 80 % é ativado o modo de

carregamento, O modo de carregamento possui, por sua vez 2 sub-modos: um modo de carregamento

rápido, que é utilizado nos carregamentos em que a bateria tem um SOC inferior a 70 % e utiliza uma

corrente de carregamento ICH = 20 A, e um modo de carregamento lento, utilizado quando a bateria

possui um SOC no intervalo SOC = [70;80[ % que se carateriza por utilizar uma corrente de

carregamento ICH = 5 A. Esta transição para um valor de corrente mais reduzido, à medida que o valor

do SOC vai aumentando está também ela associada com a preservação das baterias dos EV’s.

Na Figura 3.34, é apresentado o fluxograma com as várias decisões tomadas pelo sistema de

controlo durante um carregamento.

O código de MATLAB desenvolvido para implementação do sistema de controlo apresentado pode

ser consultado no Anexo F da dissertação.

Figura 3.34 - Fluxograma descritivo do controlo do sistema de carregamento

- I(MAX)CHARGE = 20 A

- I(MAX)CHARGE = 5 A

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65

3.6.3 Simulação do sistema de carregamento

Para testar o funcionamento do modelo de carregamento de veículos e do sistema de controlo por

este utilizado, são efetuadas 3 simulações distintas, nas quais é alterado o SOC inicial da bateria do

EV que se pretende carregar. A tensão de entrada do conversor corresponde a uma tensão contínua

de 400V, nas três situações, de forma a simular a tensão do barramento DC.

Teste 1: SOC = 20 % Modo de Carregamento: Carregamento Rápido

Na primeira simulação efetuada o SOCINICIAL da bateria do EV é de 20 %, situação em que se utiliza

o modo de carregamento rápido da bateria, recorrendo para tal a uma corrente de carregamento

máxima de ICH = 20 A. Na Figura 3.35 são então apresentadas as formas de onda da tensão aos

terminais da bateria, da corrente utilizada no seu carregamento e da evolução do SOC da bateria.

Tempo [s]

SOC da bateria do EV

Tempo [s]

SOC

ICH

VBAT(EV)

SO

C [%

]

Tensão aos terminais da bateria do EV: VBAT(EV)

Tempo [s]

Te

nsão [V

] C

orr

ente

[A

]

Figura 3.35 - SOCINICIAL= 20 %: Tensão aos terminais da bateria, corrente de carregamento e a evolução do SOC

Corrente de carregamento: ICH

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

4,88186 4,88188 4,8819 4,88192 4,88194 4,88196 4,8898 4,882 4,88202 4,88204

20,18

20,14

20,1

20,06

20,02

20,12

20,08

20

20,04

20,16

363

361,8

362,2

20

362

362,4

362,6

362,8

0

4

2

6

16

18

12

14

8

10

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66

Teste 2: SOC = 75 % Modo de Carregamento: Carregamento Lento

Considerando agora um SOCINICIAL da bateria do EV de 75 %, encontramo-nos na situação de

carregamento lento da bateria, a qual se caracteriza por uma corrente de carregamento máxima de

ICH= 5 A. Tal como na situação anterior, são apresentadas as formas de onda da tensão aos terminais

da bateria, da corrente utilizada no carregamento da bateria e a evolução do seu SOC ao longo do

carregamento, de forma a confirmar o correto funcionamento do modelo (Figura 3.36).

Atendendo aos resultados obtidos para ambos os carregamentos, verifica-se o correto

funcionamento do sistema de controlo da corrente de carregamento, através da limitação do valor da

corrente, e confirma-se ainda de que no carregamento rápido existir uma maior percentagem de bateria

Tempo [s]

SOC da bateria do EV

Tempo [s]

SOC

ICH

VBAT(EV)

SO

C [%

]

Tensão aos terminais da bateria do EV: VBAT(EV)

Tempo [s]

Te

nsão [V

] C

orr

ente

[A

]

Figura 3.36 - SOCINICIAL= 75 %: Tensão aos terminais da bateria, corrente de carregamento e a evolução do SOC

Corrente de carregamento: ICH

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

7,45526 7,45527 7,45528 7,45529 7,4553 7,45531 7,45532 7,45533 7,45534 7,45535

5

4

4,5

3

3,5

2,5

2

1

1,5

0,5

0

75,035

75,025

75,015

75,005

75,03

75,02

75

75,01

75,04

363,35

363,3

363,25

363,2

363,15

363,1

263,05

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67

carregada do que no carregamento lento, devido ao maior valor da corrente de carregamento utilizada.

Por outro lado, é ainda importante referir o valor de tensão verificado aos terminais da bateria do EV

durante o carregamento. Este corresponde a um valor próximo da tensão nominal, verificando-se um

ligeiro desvio em relação aos 360 V, devido aos parâmetros internos do modelo de Simulink da bateria.

Teste 3: SOC = 95 % Modo de Descarga

Nesta última situação, o SOCINICIAL da bateria do EV tem um valor de 95 %, ou seja, a bateria tem

mais que 80 % da sua carga, o que implica que a estação entra no denominado modo de descarga,

não existindo variação do valor do SOC, uma vez que não existe transferência de potência em nenhum

dos sentidos (ICH = 0 A), tal como se pode observar na Figura 3.37.

Tempo [s]

Tensão aos terminais da bateria do EV (VBAT(EV)) / Corrente de carregamento (ICH)

Tempo [s]

Te

nsão [V

] /

Corr

ente

[A

]

Figura 3.37 - SOCINICIAL= 95 %: Tensão aos terminais da bateria e corrente de carregamento

VBAT(EV)

ICH

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

100

50

150

0

200

250

300

350

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68

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69

4 . Funcionamento da Estação de Carregamento

Ao longo desta dissertação foi apresentada a caracterização dos sistemas individuais constituintes

da FCEVS e, em simultâneo foram ainda apresentados, quer os modelos de simulação

correspondentes, quer os resultados obtidos para o funcionamento de cada sistema.

Pretende-se agora analisar o funcionamento do sistema de forma global. Para tal, neste capítulo

são apresentados os resultados das simulações do sistema, obtidos em diferentes situações de

funcionamento do mesmo, tais como: alteração do valor da carga do DC BUS, falha no funcionamento

de um dos sistemas constituintes da FCEVS e comportamento da estação perante diferentes SOC do

EV. De forma a aproximar os resultados obtidos de situações reais, nos cenários simulados neste

capítulo são utilizadas cargas RL no barramento DC, ao contrário das cargas puramente resistivas

utilizadas na simulação individual de cada sistema.

4.1 Cenário 1: Funcionamento do sistema global

Neste primeiro cenário de simulação considera-se:

Funcionamento “normal” da FCEVS: todos os sistemas encontram-se conectados ao DC

BUS e contribuem para o carregamento do EV.

SOCInicial do EV: 20 %.

Carga do DC BUS: Carga RL: R= 500 Ω L= 2 mH, no intervalo de tempo [0;2,5[ s.

Carga RL: R= 100 Ω L= 2 mH, no intervalo de tempo [2,5;5] s.

De forma a analisar o funcionamento do sistema são então apresentadas as formas de onda da

corrente e tensão, quer no barramento DC, quer à saída de cada um dos sistemas individuais, de forma

a compreender qual a sua contribuição durante os carregamentos. Começando por analisar as tensão

e corrente verificadas no DC BUS, verifica-se que a tensão varia, tal como esperado, em torno dos 400

V, sendo que o valor da variação de ∆VDC é influenciado pelo valor da carga do barramento, uma vez

que após a redução do valor da carga na resistência é possível observar um pequeno aumento na

variação desta (Figura 4.1).

Te

nsão [V

]

450

Figura 4.1 – Tensão no DC BUS

Tempo [s]

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5

VDC

Tensão no DC BUS: VDC

400

300

150

100

50

250

200

0

350

500

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70

Já no que diz respeito à corrente fornecida ao sistema de carregamento, Figura 4.2, verifica-se que

esta devido ao valor de 20 % do SOCInicial da bateria do EV é controlada de forma a não ultrapassar os

20 A durante o carregamento, existindo no entanto um pequeno pico de corrente, a quando da variação

da carga do DC BUS.

Assim, atendendo às variações observadas na VDC e IDC é obtida uma potência à entrada do sistema

de carregamento (PDC) que atinge os 9 kW, tal como se pode observar na Figura 4.3.

A tensão no barramento DC corresponde à tensão saída de cada um dos sistemas a este ligado, no

entanto, o mesmo não acontece com a corrente. É então importante analisar a contribuição que cada

um dos sistemas tem para o valor de corrente verificado no DC BUS, assim, na Figura 4.4, são

apresentadas as formas de onda da corrente à saída do SAE (ISAE), do SGPV (ISGPV) e do sistema de

ligação à rede (IRET). Nesta é possível verificar a compensação efetuada pelos diferentes sistemas de

forma a equilibrar a quantidade de corrente pedida a cada um. A corrente disponibilizada para o

carregamento acaba por não corresponder exatamente ao valor da soma das correntes apresentadas

na Figura 4.4, uma vez que existe sempre uma pequena quantidade de corrente que percorre a carga

RL, não sendo disponibilizada para o carregamento da bateria do EV.

Corr

ente

[A

]

20

Figura 4.2 – Corrente no DC BUS

Tempo [s]

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5

Corrente no DC BUS: IDC

IDC

0

18

10

2

4

6

8

12

16

14

Potê

ncia

[W

]

9000

Figura 4.3 – Potência no DC BUS

Tempo [s]

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5

PDC

Potência no DC BUS: PDC

0

8000

7000

6000

5000

4000

3000

2000

1000

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71

Finalmente, considerando a evolução das grandezas verificadas na bateria do EV é apresentada a

evolução do SOC da bateria ao longo do carregamento efetuado, Figura 4.5, e a tensão e corrente aos

terminais da bateria, Figura 4.6.

Figura 4.4 – Correntes à saída dos sistemas individuais de fornecimento de potência ao DC BUS

Corrente à saída do SGPV: ISGPV

Corrente à saída do retificador de ligação à rede: IRET

Corrente à saída do SAE: ISAE

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5

Corr

ente

[A

] C

orr

ente

[A

] C

orr

ente

[A

]

ISAE

IRET

ISGPV

40

20

10

-10

20

30

40

20

10

0

-10

-20

-30

-40

10

0

0

50

Tempo [s]

30

Figura 4.5 – SOC da bateria do EV

Tempo [s]

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5

SOC

SOC da bateria do EV

20

20,005

20,01

20,015

20,02

20,025

20,03

SO

C [%

]

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72

Verifica-se então que a tensão ao terminais da bateria durante o seu carregamento toma um valor

em torno do seu valor nominal, enquanto a corrente, tal como esperado devido ao controlo efetuado,

encontra-se limitada a 20 A. No momento em que ocorre a variação do valor da carga do DC BUS,

devido ao valor significativamente menor da carga resistiva, existe um aumento da variação de ICH.

Consequentemente a potência transferida durante o carregamento da bateria vai assumir a forma de

onda apresentada na Figura 4.7, onde também é possível verificar esta variação a quando a alteração

do valor da carga. O valor máximo de obtido para a potência de carregamento do EV é 7,4 kW.

Figura 4.6 – Corrente e tensão aos terminais da bateria do EV

Tensão aos terminais da bateria do EV: VEV

Corrente de carregamento da bateria do EV: ICH

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5

Te

nsão [V

] C

orr

ente

[A

]

ICH

VEV

15

10

5

20

358

360

362

364

356

354

352

20

Tempo [s]

Potê

ncia

[W

]

Figura 4.7 – Potência transferida para a bateria do EV

Tempo [s]

PEV

Potência transferida para a bateria do EV

7000

6000

5000

4000

3000

2000

1000

0

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5

Page 91: Carlos Miguel Amaro da Silva - ULisboa · Carregamento de veículos elétricos em locais isolados a partir de energias renováveis e com armazenamento intermédio de energia Carlos

73

4.2 Cenário 2: Falha no SAE e mudança de carregamento rápido

para carregamento lento

A situação simulada neste segundo cenário consiste em:

Inicialmente todos os sistemas da FCEVS encontram-se em funcionamento, no entanto a

partir do instante t = 1,25 s é considerado que o sistema de SAE não possui capacidade

para fornecer mais potência ao sistema, desligando-se.

SOCInicial do EV: 69,982 %, o que origina que durante a simulação ocorra a passagem do

método de carregamento rápido para o método de carregamento lento.

Carga do DC BUS: Carga RL: R = 250 Ω e L= 2 mH.

Na Figura 4.8 é apresentado o funcionamento do SAE ao longo do cenário simulado, nesta é

possivel visualizar que este apenas fornece potência ao DC BUS durante os primeiros 1,25 s, o que irá

influênciar o funcionamento da FCEVS no restante periodo de simulação, tal como será de seguida

analisado.

O outro fator que irá influênciar significativamente o funcionamento da FCEVS durante este cenário

é o SOC da bateria do EV, uma vez que este, tal como é possível observar na Figura 4.9, irá atingir os

70 % durante a simulação, o que leva a que o sistema de controlo do sistema de carregamento altere

o valor limite da corrente ICH para 5 A.

Figura 4.8 – Corrente à saída do SAE

Corrente à saída do SAE: ISAE

Corr

ente

[A

]

ISAE

0

15

10

5

25

20

35

30

40

Tempo [s]

Figura 4.9 – SOC da bateria do EV

Tempo [s]

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5

SOC

SOC da bateria do EV

Carregamento Lento

Carregamento Rápido

69,996

69,985

69,99

69,995

70

70,005

SO

C [%

]

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5

Page 92: Carlos Miguel Amaro da Silva - ULisboa · Carregamento de veículos elétricos em locais isolados a partir de energias renováveis e com armazenamento intermédio de energia Carlos

74

Devido aos dois fenómenos anteriormente referidos, quer a tensão VDC, quer a corrente IDC irão

sofrer alterações na sua forma de onda consoante a situação em que a FCEVS se encontra. Na Figura

4.10 é apresentada a forma de onda da tensão VDC, a qual se mantem a oscilar em torno dos 400 V tal

como pretendido, no entanto é possível observar que nos instante t1 = 1,25 s e t2 = 2,549 s, o sistema

realiza uma adaptação às novas condições de funcionamento, alterando o seu valor de ∆VDC.

Por sua vez a corrente disponibilizada para carregamento pelo DC BUS é apresentada na Figura

4.11 e tal como era de esperar é possível verificar a redução do valor máximo de IDC de 20 A para 5 A

a partir do momento em que é atingindo um SOC de 70 %. De salientar ainda também, a existência de

uma pequena alteração na corrente IDC provocada pelo fim de fornecimento de potência por parte do

SAE, a qual pode ser vista na secção em destaque na Figura 4.11.

Te

nsão [V

]

Figura 4.10 – Tensão no DC BUS

Tempo [s]

VDC

Tensão no DC BUS: VDC

t2

t1

400

300

100

200

0

500

Corr

ente

[A

]

20

Figura 4.11 – Corrente no DC BUS

Tempo [s]

Tempo [s]

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5

1,2 t1= 1,25 1,3

Corrente no DC BUS: IDC

IDC

0

0

5

15

10

5

20

15

10

Corr

ente

[A

]

25

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5

Page 93: Carlos Miguel Amaro da Silva - ULisboa · Carregamento de veículos elétricos em locais isolados a partir de energias renováveis e com armazenamento intermédio de energia Carlos

75

Atendendo às formas de ondas apresentadas para a tensão e correntes no DC BUS é obtida a

potência disponível para carregamento, a qual é apresentada na Figura 4.12, e tem como valores

máximos:

∆T1 = [0;1,25]: PDC(MAX) = 9,0 kW

∆T2 = [1,25; 2,549]: PDC(MAX) = 8,9 kW

∆T3 = [2,549;5]: PDC(MAX) = 2,2 kW

Na Figura 4.13, são apresentadas as correntes à saída do SGPV e à saída do sistema de ligação à

rede, nesta é possível observar a resposta destes sistemas às alterações que vão sendo verificadas

ao longo da simulação.

Potê

ncia

[W

]

9000

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5

PDC

Potência no DC BUS: PDC

0

8000

7000

6000

5000

4000

3000

2000

1000

Figura 4.12 – Potência no DC BUS

Tempo [s]

Figura 4.13 – Corrente à saída do SGPV e do sistema de ligação à rede: resposta dos sistemas às alterações verificadas

Corrente à saída do SGPV: ISGPV

Corrente à saída do retificador de ligação à rede: IRET

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5

Corr

ente

[A

] C

orr

ente

[A

]

IRET

ISGPV

30

20

10

0

-20

20

10

0

-10

-20

-30

-40

-10

30

Tempo [s]

Page 94: Carlos Miguel Amaro da Silva - ULisboa · Carregamento de veículos elétricos em locais isolados a partir de energias renováveis e com armazenamento intermédio de energia Carlos

76

No que diz respeito à tensão ao terminais da bateria do EV, esta tal como no cenário apresentado

em 4.1 vai oscilar em próximo do seu valor nominal, verificando-se no entanto uma menor oscilação

deste valor a partir do momento em que o SAE se desliga e uma ligeira redução do valor atingido

quando o carregamento efetuado passa a ser efetuado no modo lento. Quanto à corrente ICH esta

apresenta um comportamento semelhante ao descrito para a tensão VEV e respeitando os limites

impostos pelo controlador em cada modo de carregamento. Estas formas de ondas podem ser

observadas na Figura 4.14.

Como resultado dos valores apresentados pelas formas de ondas apresentadas na Figura 4.14, é

obtida uma potência de carregamento do EV de valor máximo igual a 7,4 kW durante o período de

carregamento rápido e de valor máximo de 1,9 kW durante o período de carregamento lento, tal como

é possível verificar na Figura 4.15.

Figura 4.14 – Corrente e tensão aos terminais da bateria do EV

Tensão aos terminais da bateria do EV: VEV

Corrente de carregamento da bateria do EV: ICH

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5

Te

nsão [V

] C

orr

ente

[A

]

ICH

0

VEV

15

10

5

352

20

354

358

360

362

364

25

356

Tempo [s]

Potê

ncia

[W

]

Figura 4.15 – Potência transferida para a bateria do EV

Tempo [s]

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5

PBAT

Potência transferida para a bateria do EV

0

7000

6000

5000

4000

3000

2000

1000

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77

4.3 Cenário 3: Funcionamento em caso de falha na rede

Neste último cenário de simulação temos:

Funcionamento “normal” da FCEVS durante os primeiros 2,5 s instante em que ocorre

uma falha na rede elétrica monofásica que alimenta a estação de carregamento e obriga

a que exista apenas transferência de potência para o DC BUS a partir do SGPV e do SAE,

Figura 4.16.

SOCInicial do EV: 50 %.

Carga do DC BUS: Carga RL: R = 250 Ω e L = 2 mH.

Como consequência da falha existente na rede elétrica, as formas de ondas da tensão e corrente

no barramento DC sofrem uma alteração. No caso da tensão VDC, Figura 4.17, é possível verificar que

após se ter verificado a falha na rede elétrica a sua forma de onda sofre uma distorção, perdendo o seu

aspeto aproximadamente sinusoidal, no entanto devido ao controlo efetuado no DC BUS esta continua

a oscilar em torno do valor estabelecido de 400 V.

Figura 4.16 – Corrente à saída do sistema de ligação à rede

Corrente à saída do sistema de ligação à rede: IRET

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5

Corr

ente

[A

]

IRET

0

15

10

5

25

20

35

30

40

Tempo [s]

Te

nsão [V

]

450

Figura 4.17 – Tensão no DC BUS

Tempo [s]

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5

VDC

Tensão no DC BUS: VDC

400

300

100

50

250

200

0

350

500

150

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78

Por sua vez, a corrente IDC será influenciada pela resposta do SGPV e do SAE à falha ocorrida na

rede elétrica. Atendendo às formas de ondas da ISAE e da ISGPV, Figura 4.18, verifica-se que estes

sistemas irão compensar a falha existente através de um aumento da corrente pedida ao SAE.

Como resultado das formas de ondas apresentadas na Figura 4.18, temos então a corrente IDC,

Figura 4.19, onde se verifica que após a falha na rede elétrica passam a existir picos de corrente

negativos, de valor já significativo para o carregamento do EV.

Considerando os sinais de IDC e VDC, é então obtida a potência disponível para carregamento no

barramento DC apresentada na Figura 4.20, Esta atinge um valor máximo de PDC(MAX)= 9,4 kW e devido

aos valores negativos registados pela corrente IDC após se verificar a falha na rede vai também tomar

Corr

ente

[A

]

20

Figura 4.19 – Corrente no DC BUS

Tempo [s] 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5

Corrente no DC BUS: IDC

IDC

0

15

10

5

-5

Figura 4.18 – Corrente à saída do SGPV e do sistema SAE

Corrente à saída do SGPV: ISGPV

Corrente à saída do SAE: ISAE

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5

Corr

ente

[A

] C

orr

ente

[A

]

ISAE

ISGPV

30

20

10

20

10

0

-10

-20

-30

-40

30

-50

50

40

0

Tempo [s]

Page 97: Carlos Miguel Amaro da Silva - ULisboa · Carregamento de veículos elétricos em locais isolados a partir de energias renováveis e com armazenamento intermédio de energia Carlos

79

valores negativos com um mínimo de PDC(MIN)= - 2 kW.

A consequência dos valores negativos atingidos pela corrente IDC, e consequentemente PDC, é que

durante o carregamento dos EVs existirão curtos intervalos de tempo em que a corrente irá fluir no

sentido contrário ao pretendido, o que leva a que percentagem da bateria carregada, no mesmo

intervalo de carregamento, seja inferior ao valor em funcionamento normal, tal como se pode verificar

comparando as Figuras 4.5 e 4.21. Na Figura 4.21 é ainda possível ver intervalos de tempo em que a

bateria não está a ser carregada.

Potê

ncia

[W

]

Figura 4.20 – Potência no DC BUS

Tempo [s] 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5

PDC

Potência no DC BUS: PDC

0

8000

6000

4000

2000

-2000

Figura 4.21 – SOC da bateria do EV

Tempo [s]

Tempo [s]

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5

0,52 0,53 0,54 0,55 0,56 0,57 0,58

SOC

SOC da bateria do EV

50

50,005

50,01

50,0033

50,0032

50,0031

50,015

50,02

50,025

50,03

SO

C [%

]

SO

C [%

]

Page 98: Carlos Miguel Amaro da Silva - ULisboa · Carregamento de veículos elétricos em locais isolados a partir de energias renováveis e com armazenamento intermédio de energia Carlos

80

Na Figura 4.22, são apresentadas as formas de onda da tensão e corrente aos terminais da bateria

durante o carregamento. Nesta é possível confirmar o referido anteriormente em relação à corrente de

carregamento após a existência da falha na rede elétrica pelos valores negativos que esta apresentada

a partir de t = 2,5 s e que influência diretamente o carregamento do EV.

Por último é apresentada na Figura 4.23 a forma de onda da potência transferida durante o

carregamento do EV. Esta potência encontra-se limitada pelos valores de corrente e tensão

estabelecidos pelo controlo no sistema, tal como nos outros cenários já apresentados, no entanto

devido aos valores de correntes negativos registados neste cenário é possível constatar a existência

de picos de potência negativa neste caso.

Figura 4.22 – Corrente e tensão aos terminais da bateria do EV

Tensão aos terminais da bateria do EV: VEV

Corrente de carregamento da bateria do EV: ICH

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5

Te

nsão [V

] C

orr

ente

[A

]

ICH

0

VEV

15

10

5

20

354

358

360

362

364

25

356

-5

Tempo [s]

Potê

ncia

[W

]

Figura 4.23 – Potência transferida para a bateria do EV

Tempo [s]

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5

PBAT

Potência transferida para a bateria do EV

0

7000

6000

5000

4000

3000

2000

1000

-1000

-2000

8000

Page 99: Carlos Miguel Amaro da Silva - ULisboa · Carregamento de veículos elétricos em locais isolados a partir de energias renováveis e com armazenamento intermédio de energia Carlos

81

5 . Conclusões

Nesta dissertação foi proposta um modelo para uma estação de carregamento rápido de veículos

elétricos, a ser instalada em locais isolados, a qual recorre a várias fontes de alimentação e a um

sistema de armazenamento de energia intermédio. As opções tomadas em relação aos componentes

que constituem a estação tiveram em conta as restrições impostas pela sua localização num local

isolado, tais como, as dificuldades de manutenção da estação e as restrições impostas pelo tipo de

rede elétrica acessível. Por outro lado a escolha dos constituintes da estação teve ainda em vista a

possibilidade de construção física da mesma, sendo por isso utilizados componentes acessíveis no

mercado.

O sistema global proposto é constituído por um conjunto de subsistemas responsáveis por fornecer

a energia necessária durante o carregamento e evitar a existência de picos de potência pedida à rede

elétrica.

A estação de carregamento proposta realiza o carregamento dos veículos através de um conversor

DC/DC que faz a interligação entre o EV e um barramento DC, o qual é mantido em torno dos 400 V

através de um sistema de controlo da tensão de saída de cada uma das fontes de energia que lhe

fornecem potência: um sistema de geração fotovoltaica, um sistema de armazenamento de energia

(constituído por um banco de baterias e um supercondensador) e a rede elétrica monofásica. A

interação entre o barramento DC e os dois primeiros é realizada através de conversores DC/DC

(redutores, elevadores e redutores-elevadores) enquanto no caso da rede elétrica é efetuada através

de um transformador linear e de um retificador de onda completa a díodos.

No capítulo 3 da dissertação, cada um dos subsistemas do sistema proposto é apresentado em

detalhe, sendo realizado o dimensionamento dos seus componentes e testado o funcionamento

individualmente, o que permite que, caso se pretenda utilizar um dos subsistemas numa outra solução,

tal é possível. Finalmente, no capítulo 4, são realizados as simulações do sistema global da estação

de carregamento, de forma a validar o seu funcionamento e testar a resposta do mesmo a diferentes

condições de carregamento, entre elas a falha num dos subsistemas que a constituem.

Através das simulações realizadas conclui-se que o sistema se encontra a funcionar de acordo com

o pretendido, funcionando o sistema de armazenamento como ponto de equilíbrio, evitando picos de

de corrente do lado da rede elétrica. Conclui-se ainda, que apesar da resposta a eventuais falhas nos

subsistemas não ser ideal, o sistema tem capacidade de responder se estas ocorrerem e manter o

carregamento do EV de uma forma segura.

Perspetivas de trabalho futuro

Como trabalho futuro, a realização de um estudo económico aprofundado e a construção de um

modelo experimental para o sistema proposto, permitiriam realizar uma comparação com os modelos,

hoje em dia já existentes.

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82

Por outro lado, seria benéfico verificar a resposta do sistema à adição de um controlo de corrente

ao sistema de controlo já existente, que fosse também capaz de controlar a corrente fornecida em cada

momento por cada um dos subsistemas, consoante a carga no DC BUS e o SOC do EV que se encontra

em carregamento.

A realização do dimensionamento adequado dos filtros de cada um dos subsistemas, seria também

uma mais valia, uma vez que poderia permitir a redução da distorção existente nas corrente fornecidas

ao sistema.

Page 101: Carlos Miguel Amaro da Silva - ULisboa · Carregamento de veículos elétricos em locais isolados a partir de energias renováveis e com armazenamento intermédio de energia Carlos

83

Referências

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[36] Eduardo Rego (2011), “Fornecimento De Energia Para Bateria Através De Supercapacitores a

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[37] D. N. Stryzhakova, “SC Testing methodology manual,” 2012.

[38] Y. Segura, L. Chmielarz, P. Kustrowski, P. Cool, R. Dziembaj, and E. F. Vansant, “Preparation and

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[39] A. S. Yilmaz, M. Badawi, Y. Sozer, and I. Husain, “A fast battery charger topology for charging of

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[40] S. Dusmez, A. Cook, and A. Khaligh, “Comprehensive analysis of high quality power converters for

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[41] B. Charger, “Ultra-Fast Charging Station for Electric Vehicles with integrated split Grid Storage

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[42] G. Joos, M. De Freige, and M. Dubois, “Design and simulation of a fast charging station for

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[43] S. Bai, Y. Du, and S. Lukic, “Optimum design of an EV/PHEV charging station with DC bus and

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86

[44] C. Zhao, S. D. Round, and J. W. Kolar, “An isolated three-port bidirectional dc-dc converter with

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[45] J. S. Subjak and J. S. McQuilkin, “Harmonics -- Causes, effects, measurements, and analysis: An

update,” IEEE Trans. Ind. Appl., vol. 26, no. 6, pp. 1034–1042, 1990.

[46] J. F. Silva, Transformer Design, Lisboa: Instituto Superior Técnico - Texto Complementar da

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[47] P.-T. C. P.-T. Cheng, S.-Y. Y. S.-Y. Yang, Y. G. Y. Guan, and S.-S. W. S.-S. Wang, “Design and

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[48] G. G. Oggier, L. P. Botalla, and G. O. García, “Soft-switching analysis for three-port bidirectional

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[49] D. Brandt, “CERN Accelerator School, Intermediate Accelerator Physics,” p. viii, 424.

[50] Nuno Gonçalo Alves de Moura Brás (2014) ,“Conversor Elevador Quadrático e Geradores

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Eletrotécnica e de Computadores, Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa.

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Anexos

Anexo A. Catálogo: Bateria PANASONIC LC-T12105P

A1

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71

Anexo B. Catálogo: Supercondensador MAXWELL 160V

A2

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A3

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73

A4

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74

A5

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Anexo C. Catálogo: PV BP SOLAR SX3190W

A6

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76

A7

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Anexo D. Modelo de Simulink do Painel Fotovoltaico (Modelo: 1 Díodo e 3 Parâmetros)

Figura 3 - - Modelo de Simulink do Painel Fotovoltaico (Modelo: 1 Díodo e 3 Parâmetros)

ICC

Figura A.1 - Modelo de Simulink do Painel Fotovoltaico (Modelo: 1 Díodo e 3 Parâmetros)

A8

IPV IPV

VPV

ID

I

Bloco de Memória

ID

IPV

VPV ID ICC

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Anexo E. Catálogo: Especificações NISSAN LEAF

A9

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Anexo F. Código do controlo do sistema de carregamento

Figura 4 - Código do controlo do sistema de carregamento

gura 5 - Pico da corrente de carregamento e consequente pico de potência de carregamento

Figura A.2 - Código do controlo do sistema de carregamento

A10