Carlos Neves - PerSe...- Vou te levar aquela torta de galinha que você tanto gosta para jantar....
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Carlos Neves
Cartas aos
Mortos
O Mensageiro da Luz
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Copyright ©2013 Editora Perse
Capa e Projeto gráfico
Carlos Neves
Autor
Carlos Neves
Registrado na Biblioteca Nacional
ISBN – International Standard Book Number –
Cartas aos Mortos
Literatura – Romance Espiritualista
Publicado pela Editora Perse
Impresso no Brasil
Printed in Brasil
Publicado pela Editora Perse
PERSE https://www.perse.com.br
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Agradecimentos.
Meus agradecimentos a minha amada Daísa Galvão, por ter feito a revisão deste livro e me incentivado a escrevê-lo.
Meus agradecimentos a todas as pessoas que acreditando na capacidade de euescrever este romance, adquiriram esta obra.
Meus agradecimentos a todos os espíritas que dedicam suas vidas a prática do bem e da caridade me incentivaram a escrever esta obra.
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Dedicatória
Dedico este livro a todas as religiões que abraçam o melhoramento espiritual do ser humano, e em especial, a todos
aqueles que professam a doutrina Espírita.
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PREFÁCIO
O universo é uma fonte inesgotável de inspiração, basta ter
olhos e sensibilidade para adentrar a esse cosmo, e o autor Carlos
Neves reúne esses atributos em sua longa trajetória como poeta,
contista e romancista.
É para mim, uma alegria e uma honra prefaciar este livro
Cartas aos Mortos, do escritor Carlos Neves, pela oportunidade de
expor a sua simplicidade na comunicação com os leitores através
dos seus personagens. Sinto-me honrada de cumprimentá-lo pelas
aptidões literárias concretizadas nas mais diversas obras baseadas
no seu talento repleto de Deus, Amor, Belo e conhecimento da
doutrina a qual tanto o inspira e impregnado da pureza dos
sentimentos, emoções e realidade do imaginário.
A linguagem usada pelo autor é clara, leve, transparente e
simples diante de uma temática tão polêmica.
O romance “Cartas aos Mortos” aborda em seu estilo
espiritualista, o modo como os espíritos podem atormentar uma
pessoa cuja fé é pequena.
Embora poucos saibam e muitos desacreditem, os espíritos
não evoluídos tendem a ter uma sobrevida bastante conflituosa.
Um tormento que os assombra por uma eternidade, a qual buscam
de alguma maneira encontrar um remanso. Nesta obra o autor leva-
nos a compreender esse universo sombrio, e mostrar como alguém
com uma sensibilidade tamanha pode ascender a esses planos
espirituais levando o conhecimento a quem dele necessita. Na
trama o personagem Wagner irá desempenhar este papel, será o
portador das ansiedades dos espíritos inquietos aos seus parentes
vivos, através de mensagens chamadas de cartas. Ele será o
mensageiro da luz, pois com as notícias dos familiares estará
levando luz aos espíritos das trevas.
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Ao nos depararmos com as histórias que relatam as cartas,
poderemos experimentar o mais alto grau de espiritualidade que
nós, seremos humanos, podemos alcançar.
Carinhosamente,
Rosilene Oliveira
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Prólogo.
Desde os mais remotos tempos que temos notícias, que o
homem já mantinha contatos com os espíritos. Por muitos anos,
estes contatos não eram vistos com bons olhos, e eram interpre-
tados com desconfianças.
Nos países ocidentais, tais contatos eram vistos como
alucinações, e ou, como problemas psíquicos. Por outro lado, a
igreja católica abominava tais visões e contatos, negando-os de
forma taxativa.
Somente no fim do século XIX, é que eles passaram a
serem aceitos por uma minoria, mas logo isso mudou, ampliando
não só a crença, mas também sendo tratado como religião e estudos
científicos.
O fato é que muitas pessoas, possuem o dom de manter
contatos com os mortos. Isso se deve ao fato destas pessoas
poderem estar em plena sintonia vibratória, com o plano espiritual.
Como se fossem um rádio a sintonizar uma estação transmissora.
Hoje já sabemos há possibilidade de mantermos contatos
com os espíritos desencarnados, e mesmo assim, ainda existe por
grande parte da humanidade, uma resistência em acreditar nesta
possibilidade.
Contudo, as provas existentes nos dão aval suficiente para
afirmarmos que o contato com os espíritos dos desencarnados são
possíveis.
Carlos Neves
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Poema de Abertura
Confiante na minha amizade com a saudosa Bethe Dias,
tomei a liberdade de usar uma de suas poesias como abertura desta
obra. Sei que se ela estivesse viva faria isso por mim. Escolhi este
entre os demais poemas pois foi um dos que ela havia me pedido
opinião e eu gostei muito dele, por isso o escolhi.
Lembranças
Quantas saudades vivas, na memória
Do aconchego da minha casa amarelinha.
Lá existia vida, amor e história,
Eu vivia em paz, por não estar sozinha.
Tudo era modesto... E entre as flores do jardim
Faceira meu amor eu esperava...
As margaridas, eu colhia, assim,
E com elas, meus cabelos adornavam.
Ao cair à noite em nosso ninho,
Nos amávamos com intensa paixão,
Pensava ser perene, este carinho.
Na vida nada é eterno, tudo finda.
Hoje o que resta é a recordação,
De um tempo que a vida era tão linda!
Bethe Dias. Minhas homenagens póstumas a esta grande poetisa. Que sua alma
esteja hoje contemplando o grande universo espiritual.
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Capítulos – 01
Eu me chamo Rodolfo Muller. Desencarnei no ano de 1988 num acidente na BR 101
quando ao retornar de Vitória para o Rio de Janeiro. Vou levá-los a viajar por uma história incrível, vivida
por um amigo que se mudou para Porto Alegre, e lá constituiu família. O que este meu amigo passou, foi incrível. Foi por muito tempo atormentado por espíritos inferiores.
Tudo começou quando ele foi procurar emprego numa grande empresa de publicidade.
E assim aconteceu...
***
- Já conhecia bem sua capacidade profissional. Sabemos
muito bem da sua capacidade.
- Obrigado. Espero corresponder às expectativas desta
empresa.
- Temos certeza que vai corresponder. Seu antecessor era
um homem também muito capacitado. Um pena que ele tenha
encontrado um fim tão repentino.
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- É verdade. Nunca sabemos quando vamos deixar esta
vida.
- Você tem alguma crença? Reza a noite antes de dormir?
- Faz tempo que parei de rezar.
- Por quê?
- Nunca me atendiam, então parei.
- Também não me atendem, mas eu continuo a rezar.
- Pura perda de tempo. Tenho mais com que me preocupar.
- Tipo?...
- Minha família, meu trabalho... Me desculpe Sr. Bruno,
mas gostaria de parar com esta conversa. Não estou a fim de ficar
falando sobre questões religiosas.
- Não acredita mesmo em nada?
- E por que deveria? O que eu vejo é um mundo corrupto e
cheio de interesses escusos. Um mundo onde somente os mais
fortes conseguem uma vida mais digna, e com bastantes vantagens.
Nunca ouvi pessoas dizerem que conseguiram nada com orações.
- Você me deixa preocupado. Homens que não acreditam
em nada, por vezes se tornam insensíveis.
- Vim aqui para tentar uma vaga. Preciso trabalhar. Não
sabia que o candidato precisava ser religioso.
- E não precisa, mas eu conheço as pessoas pelas as
escolhas de vida que fazem, e se não acreditam em nada, acho que
é como se faltasse uma peça, e para mim isso deixa algo incom-
pleto.
- Então não vou ser admitido?
- Algo me diz que não devia te admitir, mas desta vez não
vou seguir meus instintos. Tem um ótimo currículo e um histórico
profissional muito bom. Só por isso o emprego é seu. Se apresente
na segunda-feira ao Departamento Pessoal, e depois pode assumir
suas funções.
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- Amanhã ainda é sexta-feira...
- É... Eu sei disso. Até segunda, e não se atrase.
- Não me atrasarei. Chegarei às oito horas.
- Então até segunda-feira, senhor Wagner.
Depois que ele saiu, Bruno fala no interfone com a sua
secretária:
- Dona Vânia, amanhã queira por gentileza arrumar a sala
que era do Sr. Júlio. Deixe apenas o material de trabalho da
empresa. O Sr. Wagner Lopes vai assumir na segunda-feira e se
instalar naquela sala.
- Tudo bem Sr. Bruno. Farei como diz.
- Ah... Mande fazer uma placa de acrílico com o nome do
Sr. Wagner Lopes, e embaixo escrito Coordenador Geral.
- Vou providenciar imediatamente, senhor.
Bruno desligou o interfone e olhou pela janela. Lá fora o
tempo ameaçava mudar. Nuvens carregadas já surgiam no hori-
zonte.
- Porcaria! É sempre assim nesta época do ano. Só acha de
chover na hora de voltarmos para casa – resmungou ele.
Pegou o currículo de Wagner e ficou lendo novamente para
então dizer:
- Um homem competente, mas não tem fé em Deus. No que
ele acredita afinal? Precisamos ter sentimentos voltados a Deus
para termos mais confiança na vida. Sem Ele não nunca seremos
nada.
Bruno Caldas era o gerente de uma grande empresa de
publicidade de Porto Alegre, há mais de dez anos. Fazia bem o seu
trabalho, e ainda melhor, ele sabia a quem contratar. Depois que
seu funcionário Júlio Moura havia morrido atropelado, há vinte
dias, teve que providenciar um substituto para preencher a vaga.
Porém estava cismado em ter dado a vaga para Wagner.
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Sua intuição lhe dizia que teria problemas com este homem.
Já na rua, Wagner Lopes caminhava curvado contra o vento
que soprava frio. Aquele paletó não era o bastante para aquecê-lo.
Entrou numa lanchonete e pediu um café. Depois pegou seu celular
e discou um numero. Logo alguém atendia do outro lado da linha.
- Oi querida. Pode pegar a Clara depois que sair do
trabalho?
- Vai a algum lugar que não pode pegá-la?
- Não é isso. Tive que deixar meu carro na oficina. Ele
estava com um ruído estranho em uma das rodas dianteiras. Acho
que é o rolamento.
Enquanto ele falava notou que uma senhora vestida de preto
no fundo da lanchonete, o observava.
- Como foi sua entrevista?
- Muito bem. A vaga é minha. Começo na segunda-feira.
A mulher de preto continuava a observá-lo. Ele continuou a
falar ao celular.
- Fico feliz querido. Então nos encontramos em casa.
- Vou te levar aquela torta de galinha que você tanto gosta
para jantar. Até logo.
A mulher de preto passou por ele e deixou sobre sua mesa
um santinho. Nele estava impresso a prece de Cáritas.
- O senhor precisa rezar – disse ela ao colocar o santinho
sobre a sua mesa.
Ele pegou o santinho, leu o início e depois amassou e o
jogou no chão.
A mulher olhou para trás justamente quando ele jogava o
santinho no chão. Balançou a cabeça negativamente e deixou a
lanchonete.
Wagner levantou-se e foi até o balcão comprar a torta de
galinha para a sua esposa.
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Ao sair da lanchonete ele estava pensativo. Seus pensa-
mentos focavam seu novo emprego. Havia brigado com seu supe-
rior um mês antes e resolverá pedir demissão. Cumpriu apenas
quinze dias de aviso prévio, o tempo que a empresa onde traba-
lhava colocou seu substituto. Agora estava empregado novamente.
Aquela agencia de publicidade era bem maior, e ia lhe pagar mais.
O pobre do senhor Júlio havia morrido, e isso de certo modo foi
decisivo para que ele não ficasse desempregado por muito tempo.
Tomou um táxi e foi para casa.
A chuva começava a cair. Logo ia escurecer e sua esposa
teria que enfrentar um trânsito infernal por ter que ir buscar a filha
na escola, e voltar para casa.
Quando entrou em casa, foi até a cozinha e colocou a torta
de galhinha perto do micro-ondas. Então se lembrou da mulher de
preto na lanchonete.
- Por que ela havia dito que ele precisava rezar? – pensou
intrigado – nem me conhece... É cada uma que me aparece!
Foi até a geladeira e pegou alguns cubos de gelo, pondo-os
num copo e depois completou com uma dose de whisky. Em
seguida foi até a sala e sentou-se numa poltrona diante da televisão.
Ligou para sua esposa. Estava preocupado com sua demora
em chegar.
- Silvia. Algum problema?
- Só este trânsito que está uma droga, e com esta chuva que
atrapalha ainda mais.
- Dirija com cuidado, querida.
- Em quinze ou vinte minutos no máximo estarei chegando.
De repente faltou energia. Usando o celular como lanterna.
Wagner vai até a janela e ver que nas outras casas vizinhas tem
energia, apenas na dele é que não havia.
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Foi até o quadro de energia e viu que a chave geral estava
desligada. Ligou novamente e a energia voltou, mas a sala estava
com as luzes apagadas.
- Como pode ser? Antes a sala estava com a luz de cima
ligada – disse a si mesmo intrigado.
Foi até o interruptor, e este também estava desligado.
Achou aquilo estranho e o ligou novamente sem entender o que
acontecia.
Voltou então a sentar-se na poltrona e beber seu whisky.
Permaneceu ali bebendo e pensando no seu novo emprego. Havia
gostado do ambiente de trabalho. Ficou pensando no Sr. Bruno e
em sua conversa querendo saber se ele rezava.
- Por que isso era importante pra ele? – se perguntou
enquanto dava mais um gole no seu whisky.
Não entendia porque o Sr. Bruno havia feito tal pergunta.
Ele ainda não sabia que seu chefe era um dedicado espírita, muito
sensitivo, que sentia com bastante precisão as vibrações das pes-
soas. Contudo, as vibrações de Wagner, não eram ruins, mas havia
certas variações, que denotavam ser ele uma pessoa sem proteção
espiritual. Foi isso que o Sr. Bruno havia sentido.
Wagner ouviu que o carro da esposa acabava de estacionar.
Levantou-se e foi esperá-la diante da porta. Esposa e filha logo
entravam reclamando do difícil trânsito.
- Hoje foi demais. Quando chove parece que os carros
ficam amarrados – dizia sua filha jogando a mochila no sofá.
- Oi querida. Como foi seu dia no colégio?
- Igual a todos os outros dias. Uma chatice!
- O que deu nela? – perguntou ele a esposa.
- Quem pode saber... E você, começa mesmo a trabalhar na
segunda-feira?
- Sim. Gostei de lá.
- Que bom. Vou tomar um banho e depois vamos jantar.
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Minutos depois os três jantavam e pouco se falavam. Cada
um estava viajando em seus pensamentos.
Wagner então rompeu o silêncio e perguntou a esposa:
- Poderia me deixar amanhã no Hospital Ernesto Dorneles?
- Wagner, vai ser contra mão pra mim. Te deixo na praça
dos Açorianos e você pega um taxi.
- Ok. Já é alguma coisa.
- O que vai fazer no hospital?
- Um amigo meu que fez uma cirurgia e eu quero visitá-lo.
- Cirurgia de que?
- Câncer no estomago.
- Coitado! Faço votos que ele se cure.
Depois do jantar eles foram assistir TV.
Só as 23:00 horas é que se recolheram para dormir.
Quando Wagner estava quase dormindo, sua esposa o
chamou:
- Querido. Acorde...
- O que foi agora Silvia?
- Ouvi passos na sala. Mas parou...
- Tem certeza?
- Claro que tenho. Vá ver o que está acontecendo.
Wagner levantou-se e de vagar abriu a porta. Depois foi
andando até a sala. Quando chegou na sala a TV ligou sozinha.
- Que droga é esta? – disse espantado ao ver a TV ligada.
Foi até ao aparelho e desligou. Depois conferiu se todas as
portas estavam trancadas e voltou para seu quarto.
- E então?
- Está tudo em ordem. Todas as portas estão trancadas. Só
que a TV ligou sozinha.