Carlos R. S. Milani Instituto de Estudos Sociais e Políticos Universidade do Estado do Rio de...
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Carlos R. S. MilaniInstituto de Estudos Sociais e Políticos
Universidade do Estado do Rio de JaneiroGrupo de Pesquisa: Laboratório de Análise Política Mundial
COOPERAÇÃO SUL-SUL, DIVERSIDADE E MARCOS INTERPRETATIVOS:
Um diálogo com Marcel Mauss e Pierre Bourdieu
www.iesp.uerj.br www.labmundo.org
O BRASIL NO “REGIME” DE COOPERAÇÃO INTERNACIONAL PARA O DESENVOLVIMENTO
A diversidade das práticas da CSS: África do Sul, Brasil, China, Índia, México e Turquia
Apesar dessa diversidade, quais seriam as promessas mais ou menos comuns da CSS?
• Solidariedade e horizontalidade.• Cooperar para o benefício mútuo (“win-win”).• Identidade compartilhada entre PEDs e tecnologias
mais adequadas.• Aprendizado mútuo.• Promete não reproduzir a dinâmica imperialista e
neocolonialista da CNS.• Rompe com a construção de que somente o “rico do
Norte” pode cooperar/ajudar, e que somente o “pobre do Sul” pode receber.
Quais seriam os dilemas da CSS?
• O “regime simbólico” da CSS versus “realpolitik”.• Interesses diplomáticos no G-77 versus sedução do G-20.• Interesses que a análise da política doméstica dos
Estados pode revelar (empresas, ONGs, agências burocráticas além do MRE).
• O regime simbólico é associado a uma EPI, interesses geopolíticos e econômicos.
• Zonas cinzentas entre políticas públicas e investimentos, entre solidariedade e interesses comerciais.
• A CSS desafia material e simbolicamente a CNS, porém a CSS é sub-teorizada e politicamente desestruturada.
• Marcel Mauss: Essai sur le don, formes et raisons de l’échange dans les sociétés archaïques (1923).– François Péroux: The gift, its economic meaning in
contemporary capitalism (1954).– Wilton Dillon: Gifts and Nations (1968).– Tomohisa Hattori: The moral politics of foreign aid (2003).– Emma Mawdsley: The changing geographies of foreign aid
and development cooperation, contributions from gift theory (2012).
• Pierre Bourdieu: La distinction. Critique sociale du jugement (1979). Raisons pratiques. Sur la théorie de l’action (1994).
– F. Péroux: “(...) the unfree nature of the Marshall Plan gifts. It is a purchase of allies, influence, additional customers and loyalty of customers already won” (p. 2).
– Wilton Dillon: “(...) reciprocity, or in its absence a set of compensatory mechanisms, is a necessary condition for
(a)the control of hostility growing out of unfulfilled obligations;
(b)a source of self-esteem, autonomy, initiative, and morale for individuals, groups, or nations suffering from a loss of status through frustrated discharge of felt obligations;
(c)maintaining group cohesio” (p. 93).
O conceito de CAMPO (1)
• Campo é um universo social PARTICULAR constituído de AGENTES ocupando posições específicas dependentes do VOLUME e da ESTRUTURA do capital eficiente dentro do campo considerado.
• É um sistema de posições – que podem ser alteradas e contestadas.
Campo artístico, religioso, econômico
E não sujeitos
Quantidade e qualidade
Campo, nomos, doxa
• Cada campo tem seu NOMOS (lei fundamental) e DOXA (pressupostos cognitivos e avaliativos aceitos e reconhecidos pelos agentes no campo).
• O campo é um microcosmo dotado de leis próprias.
• Há uma importância crescente do campo econômico em relação aos demais.
O conceito de CAPITAL
• Capital econômico = fatores de produção, renda, patrimônio, bens materiais.
• Capital cultural = qualificações intelectuais (no sistema educativo ou obtidas na família). Três formas: incorporados no corpo (expressão oral), objetivos (posse de quadros ou obras de arte) e institucionalizados (diplomas e títulos).
• Capital social = recursos produzidos pelas redes sociais (convites recíprocos).
• Capital simbólico = ligados à honra e ao reconhecimento (ritos, etiqueta, protocolo). É uma representação, um modelo de excelência...
CID = prática social?
Prática social = (habitus x capital) + campo.
CID = também produz violência simbólica (processo de imposição dissimulada de um arbitrário cultural como cultura universal). CID = portadora de um discurso do universal.
Críticas ao pensamento bourdiano
• Alain Caillé: MAUSS, teoria do dom e da solidariedade. A concepção dos campos reduz a vida social a uma lógica utilitarista e competitiva. Cria uma análise somente com base no interesse.
• O conceito de habitus seria determinista (mas Bourdieu quis explicar as relações de dominação)...
• O indivíduo é mais plural (F. Dubet). A subjetividade é subestimada por Bourdieu. Os grupos têm identidade própria que se constrói não somente na relação com os dominantes.