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Universidade de Aveiro Ano 2021 CARLOS MIGUEL GARCIA Uma ferramenta para análise e controlo estatístico do processo produtivo de uma Panificadora Industrial 2021

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Universidade de Aveiro

Ano 2021

CARLOS MIGUEL GARCIA

Uma ferramenta para análise e controlo estatístico do processo produtivo de uma Panificadora Industrial

2021

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Universidade de Aveiro

Ano 2021

CARLOS MIGUEL GARCIA

Uma ferramenta para análise e controlo estatístico do processo produtivo de uma Panificadora Industrial

Projeto apresentado à Universidade de Aveiro para cumprimento dos requisitos

necessários à obtenção do grau de Mestre em Engenharia e Gestão Industrial,

realizada sob a orientação científica da Doutora Ana Luísa Ferreira Andrade

Ramos, Professor Auxiliar do Departamento de Economia, Gestão, Engenharia

Industrial e Turismo da Universidade de Aveiro

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Dedico este trabalho aos meus pais pelo seu incansável apoio.

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o júri

presidente Professora Doutora Marlene Paula Castro Amorim Professora Auxiliar da Universidade de Aveiro

Doutora Marlene Ferreira de Brito Professora Convidada do ISEP – Cidem – Centro de Investigação e Desenvolvimento em

Engenharia Mecânica

Doutora Ana Luísa Ferreira Andrade Ramos Professora Auxiliar da Universidade de Aveiro

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agradecimentos

Agradeço em primeiro lugar aos pais por tornarem possível todo este percurso

académico, por toda ajuda prestada e ensinamentos.

Por todo o amor, apoio, dedicação e por acreditarem sempre em mim. Muito Obrigado.

À minha orientadora da Universidade de Aveiro, Professora Ana Luísa pelo

seu apoio, orientação e dedicação, sem ela não seria possível alcançar esta

etapa, nem elaborar estre projeto.

Agradeço também ao Engenheiro César Gomes pela sua ajuda, auxilio,

carinho e profissionalismo ao longo de todo este trabalho.

À instituição que me acolheu, O Grupo Bimbo, e a todos os seus profissionais,

que tiveram o cuidado de me ensinar e fazer crescer.

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palavras-chave

DMAIC, Controlo Estatístico, Controlo da Qualidade do Processo, Índices de Capacidade, Cartas de Controlo de Shewhart.

resumo

A análise das características críticas da qualidade de um produto é

fundamental para se disponibilizar um bom produto ao público alvo da

empresa. O processo DMAIC é um método fulcral para levar a cabo esta

análise.

Este projeto relata o trabalho desenvolvido numa empresa multinacional com o

intuito de analisar, medir e controlar o processo industrial do produto confecionado. O objetivo principal do projeto foi o de aumentar a produtividade

do processo com base no desenvolvimento de cartas de controlo, auxiliando a

comunicação e divulgação do estado do processo, de um modo ágil, por todos

os colaboradores da empresa. Deste modo, os problemas no processo

industrial podem ser facilmente detetados e resolvidos, permitindo um aumento

na produtividade. O processo é composto por duas etapas de medição, tendo este trabalho focado na segunda etapa, de modo a confirmar e validar o peso

nominal do produto que é distribuído no mercado de consumo.

Foi necessário recolher dados produtivos reais, das balanças industriais,

definiu-se limites de especificação, elaborou-se mapas de controlo e

calcularam-se os índices de capacidade do processo.

Para a validação da ferramenta desenvolvida, em Microsoft Excel, e dos outputs obtidos, foi utilizado um programa estatístico, o minitab.

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keywords

DMAIC, Statistical Process Control, Statistical Process Quality, Process Capability, Shewhart Control Chart.

abstract

The analysis of “critical to quality” product characteristics is fundamental for

providing a good product to the company’s target audience. The DMAIC

process is a fulcral method for this analysis.

This project reports the work developed in a multinational company with na

emphasis on analysis, measurement, and control of the industrial process of a

manufactured product. The main objective of this project was to increase the process productivity by the development of control charts, aiding in the

communication and disclosure of the process status, in an agile way, by all

employees of the company. Therefore, problems in the industrial process can

be easily detected and resolved promptly, allowing an overall increase in

productivity. The process includes two measurement steps, this report focuses

on the last one, in order to credit and confirm the nominal weight of the product for the consumer market.

It was necessary to collect industrial data, from the industrial scales,

specification limits were defined, control maps were constructed and the

capacity index was calculated.

For the validation of the undertaken work in Microsoft Excel, and obtained

results, a statistical program was used, the minitab.

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Índice:

1. Introdução ............................................................................................................................ 1

1.1. Enquadramento .................................................................................................................... 1

1.2. Objetivos e metodologia ....................................................................................................... 2

1.3. Estrutura do Relatório .......................................................................................................... 3

2. Enquadramento Teórico ....................................................................................................... 5

2.1. Introdução ............................................................................................................................ 5

2.2. Definição da Qualidade do Produto e os Paradigmas de Produção .................................... 5

2.3. Processo DMAIC e a Melhoria Continua .............................................................................. 8

2.4. Abordagem Tradicional do Controlo Estatístico de Processos .......................................... 10

2.5. Ferramentas do Controlo da Qualidade: Mapas de Controlo ............................................. 12

2.5.1. Particularidades dos Mapas de Controlo e os diferentes mapas existentes ...................... 16

2.5.2. Processo de Construção das Cartas de Controlo .............................................................. 19

2.5.3. Análise dos Gráficos de Controlo ....................................................................................... 23

2.6. Distribuições dos Índices de Capacidade .......................................................................... 24

2.6.1. Índices de capacidade do processo ................................................................................... 26

2.6.2. Análise dos índices de capacidade utilizando um mapa de controlo ................................. 29

3. Caso de Estudo .................................................................................................................. 31

3.1. Apresentação e contextualização da empresa .................................................................. 31

3.2. Organização da Empresa................................................................................................... 34

3.3. Fluxograma do processo produtivo .................................................................................... 34

3.4. Mapa Industrial e fluxos de produção ................................................................................ 39

3.5. Qualidade na Empresa....................................................................................................... 42

3.6. Os Produtos do Grupo Bimbo ............................................................................................ 42

3.7. Problema apresentado, característica da qualidade escolhida .......................................... 44

3.8. Recolha dos Dados ............................................................................................................ 45

4. Análise de dados e aplicações ........................................................................................... 47

4.1. Análise dos Dados ............................................................................................................. 47

4.1.1. Metodologia de Aplicação .................................................................................................. 47

4.1.2. Creditação do programa desenvolvido .............................................................................. 47

4.2. Exemplos de aplicação ...................................................................................................... 48

4.2.1. Construção dos mapas de controlo ................................................................................... 48

4.2.2. Cálculo dos índices de capacidade .................................................................................... 50

4.3. Mais exemplos de dias produção ....................................................................................... 52

5. Conclusões ........................................................................................................................ 63

Referências Bibliográficas. ............................................................................................................... 64

Índice de figuras: Figura 1 - Diferentes Paradigmas de Produção em relação à variabilidade e volume produzido. (Hu,

2013) .................................................................................................................................................. 6

Figura 2 - Relação entre as propriedades de confiança do consumidor com as dimensões da

qualidade. (N & C, 2005) .................................................................................................................... 8

Figura 3 - Processo DMAIC. ............................................................................................................... 8

Figura 4 - Exemplo de Histograma. (Montgomery, 2017) ................................................................. 11

Figura 5 - Exemplo de um Diagrama de Dispersão. (Montgomery, 2017) ........................................ 12

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Figura 6 - Exemplo de Mapa de Controlo. ........................................................................................ 14

Figura 7 - Fluxograma adaptado, escolha dos mapas de controlo. .................................................. 22

Figura 8 - Zonas críticas dos mapas de controlo. ............................................................................. 23

Figura 9- Exemplo de uma Distribuição Normal. (Montgomery, 2017) ............................................. 24

Figura 10 - Exemplo das áreas dentro da distribuição normal. (Montgomery, 2017) ....................... 25

Figura 11 - Demonstração do comportamento dos índices de capacidade...................................... 28

Figura 12 - Fábrica Bimbo de Albergaria-a-Velha. ............................................................................ 32

Figura 13 - Bimbo Ibérica. ................................................................................................................. 33

Figura 14 - Organograma empresarial. ............................................................................................. 34

Figura 15 - Fluxograma do processo industrial. ................................................................................ 38

Figura 16- Mapa fabril, piso 0. .......................................................................................................... 41

Figura 17 - Pão de sanduíche com côdea. ....................................................................................... 42

Figura 18 - Pão de sanduíche sem côdea. ....................................................................................... 43

Figura 19 - Pão especial torrada com côdea. ................................................................................... 43

Figura 20 - Artesano. ........................................................................................................................ 43

Figura 21 - Orowear 12 cereais e sementes. .................................................................................... 44

Figura 22 - Bimbo 10 cereais com côdea. ........................................................................................ 44

Figura 23- Gráfico das médias dia 19 do 10. .................................................................................... 48

Figura 24- Gráfico dos alcances-móveis dia 19 do 10. ..................................................................... 49

Figura 25 - Gráficos da média e dos alcances móveis do minitab. ................................................... 49

Figura 26 - Pontos fora de controlo (minitab). ................................................................................... 50

Figura 27 - Cálculo da capacidade do processo (Cp). ..................................................................... 50

Figura 28 - Cálculo do índice de capacidade do processo (Cpk). .................................................... 51

Figura 29 - Análise do índice de capacidade minitab. ...................................................................... 51

Figura 30 - Resultados da análise do índice de capacidade. ........................................................... 52

Figura 31 - Mapa controlo médias dia 15 do 12. ............................................................................... 53

Figura 32 - Mapa controlo dos alcances móveis do dia 15 do 12. .................................................... 53

Figura 33 - Creditação minitab dia 15 do 12. .................................................................................... 54

Figura 34 - Pontos fora de controlo do dia 15 do 12. (minitab) ......................................................... 54

Figura 35 – Cálculo da capacidade do processo (Cp). ..................................................................... 55

Figura 36 - Cálculo do índice de capacidade do processo (Cpk). .................................................... 55

Figura 37 - Introdução dos dados para o cálculo do índice de capacidade. ..................................... 55

Figura 38 - Resultados da análise dos índices de capacidade (minitab). ......................................... 56

Figura 39 - Mapa controlo médias dia 19 do 01. ............................................................................... 57

Figura 40 - Mapa controlo dos alcances móveis do dia 19 do 01. .................................................... 58

Figura 41 - Creditação minitab dia 19 do 01. .................................................................................... 58

Figura 42 - Pontos fora de controlo do dia 19 do 01. (minitab) ......................................................... 59

Figura 43- Cálculo da capacidade do processo (Cp). ...................................................................... 59

Figura 44 - Cálculo do índice de capacidade do processo (Cpk). .................................................... 59

Figura 45 - Introdução dos dados para o cálculo do índice de capacidade. ..................................... 60

Figura 46 - Resultados da análise dos índices de capacidade (minitab). ......................................... 60

Índice de tabelas:

Tabela 1 - Ações a tomar após análise. ..................................................................................................... 21

Tabela 2 - Código do produto escolhido. ................................................................................................... 45

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Índice de siglas:

SCP - Controlo Estatístico dos Processos

CTQ - Características criticas à qualidade

LSE e UCL - Limite Superior de Especificação

LIE e LCL - Limite Inferior de Especificação

CL - Linha Central

GB - Grupo Bimbo

HACCP - Hazard Analysis and Critical Control Point

ARL - Comprimento médio da análise

VBA - Visual Basic for Applications

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1. Introdução

Este projeto foi realizado no âmbito do Mestrado Integrado de Engenharia Gestão

Industrial na Universidade de Aveiro, sendo que o tema principal incide sobre o Sistema de

Controlo Estatístico do Processo da fábrica Bimbo de Albergaria, mais especificamente

sobre as Cartas de Controlo do Processo visando facilitar a sua leitura e compreensão pelas

diversas hierarquias da empresa.

1.1. Enquadramento

Nos dias de hoje cada vez é mais importante ter em conta a redução do desperdício e

a boa alocação dos recursos existentes na empresa, face aos desafios de mercado, com a

competição, objetivos da empresa e avanços tecnológicos. O produto comercializável tem

de ser capaz de competir com os melhores preços e qualidade, sendo esta segunda

característica, a principal para o consumidor e para a empresa conseguir-se vingar no

mercado. Assim sendo, as empresas têm que se adaptar, aplicando uma filosofia de

melhoria contínua em todos os seus níveis hierárquicos, possibilitando posicionar-se na

vanguarda no mercado. O investimento em uma filosofia lean advém da necessidade de

melhorar os níveis de eficácia, retorno e qualidade, para a empresa conseguir competir ao

mais alto nível, esta tendo origem no Toyota Production System e sendo reconhecida por

“fazer mais com menos” (Mrugalska & Wyrwicka, 2017).

Empresas de grande dimensão, como a que se insere neste relatório, têm

preocupações ao nível da Qualidade em toda a sua extensão, recorrendo a diversas

ferramentas estatísticas para calcular e controlar a sua produção diária, contudo com este

uso da tecnologia é cada vez mais necessário que os colaboradores da empresa se

capacitem com habilidades para saber ler as ferramentas utilizadas.

O Grupo Bimbo é a empresa escolhida para a realização deste estudo visto que é o

grupo que lidera a panificação globalmente, distribuindo para 33 países e tendo mais de 13

mil produtos. A fábrica do Grupo Bimbo, de Albergaria, é a principal produtora de pão de

forma em Portugal.

O projeto em questão é o controlo dos índices de capacidade produtiva até à data

realizado por um software interno da empresa, sendo este utilizado para observar e

supervisionar a produção, contudo é necessário um técnico para a utilização do programa

em vista da eficiência do processo produtivo e não em vista da melhoria significativa de uma

qualidade crítica do produto. Concluindo, uma vez analisados e monitorizados,

conseguimos saber como é que a variabilidade desta qualidade do nosso produto se altera

ao longo do tempo de produção, quantificando a variabilidade produtiva do processo,

sabendo assim se o produto se encontra dentro dos limites de especificação esperados. É

possível especular que o resultado desta análise é que o valor da qualidade do produto se

encontre acima do valor esperado, visto que é uma das características essenciais à

qualidade do nosso produto e essenciais ao nosso consumidor, caso esta se encontre

acima é possível reduzi-lo ganhando assim margem de afetação no processo industrial,

obtendo um maior número de unidades produzidas com a mesma matéria prima.

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1.2. Objetivos e metodologia

O objetivo principal deste projeto é a introdução de um sistema de Controlo Estatístico

do Processo (SPC) pela forma de uma ferramenta para a melhoria contínua do ambiente

industrial. Primeiramente, propõe-se como objetivo a monitorização da produção diária de

um produto, recorrendo ao microsoft excel e à linguagem de programação vba, sendo que

assim que este controlo inicial seja atingido, muda-se o foco para a análise dos dados

recolhidos com o objetivo de diminuir a massa do produto final, caso esta seja

significativamente maior do que a escrita na embalagem. Para apoiar este controlo inicial,

comparamos os resultados obtidos na aplicação desenvolvida em microsoft excel, com um

programa de análise estatística de dados, conhecido como o minitab.

A importância da gestão do controlo de qualidade, assim como o controlo, gestão e

manutenção da produção influenciam diretamente o produto, o que obriga a empresa a criar

objetivos de melhoria continua como, por exemplo a redução de custos de produção, sem

a implicação da redução da qualidade do seu produto. Para definir o que são as

características da qualidade, conforme referido em (Montgomery, 2017), como “CTQ”,

critical-to-quality”, este apresenta estas por três categorias; a física, a sensorial e a

orientação de tempos, estando diretamente ou indiretamente relacionadas com as

dimensões da qualidade. Contudo, com a produção em massa do mesmo produto, existe

mais probabilidade de este ter diferentes características, traduzindo-se na variabilidade de

produção como, por exemplo ter larguras e comprimentos diferentes dependendo do tipo

de processo industrial submetido. Sabendo que, a definição de qualidade é que esta é

“inversamente proporcional” à variabilidade (Montgomery, 2017), isto implica que se a

variabilidade das características essenciais à qualidade reduzir, a nossa qualidade do

produto aumenta.

Com isto em mente o projeto desenvolvido na empresa insere-se no âmbito da melhoria

continua e no constante esforço para melhorar e controlar a produção da empresa. Este

projeto foi realizado num “gemba” industrial já bastante automatizado, com sistemas de

controlo bem definidos pela linha de produção e uma análise de dados bastante elevada.

Foi concluído que nem toda a produção era igual, nem demorava o mesmo tempo, sendo

esta influenciada por várias características como por exemplo: pelo forno, pelo molde do

pão, por tempos de arrefecimento, contudo as características essenciais à qualidade do

produto estavam bem definidas.

Com base na revisão teórica descrita no documento, os mapas de controlo aplicados

são os Shetwart para valores individuais, sendo utilizados os alcances móveis de cada

amostra obtida, por dia de fabrico. Após a construção das cartas de controlo e do cálculo

dos índices de capacidade, melhores conclusões são obtidas e um caminho pode ser

delineado em prol da melhoria do processo de fabrico com esta intenção são criados os

mapas de controlo em microsoft excel e distribuídos por toda a hierarquia empresarial para

que todos os colaboradores se situem na capacidade do processo, facilitando assim a

implementação da melhoria contínua.

Nesta análise com o microsft excel procura-se encontrar resposta aos seguintes

pontos:

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O processo está sob controlo estatístico?

O processo é capaz de produzir sob as especificações calculadas nos mapas

de controlo?

Quantas amostras em média são geradas até ocorrer um sinal fora de controlo?

1.3. Estrutura do Relatório

Este documento divide-se em cinco capítulos principais, em que o primeiro serve

como uma pequena introdução ao trabalho realizado na indústria de panificação, o

segundo ao enquadramento teórico, em especial atenção às cartas de controlo e explica

também, a importância da qualidade e do seu controlo nas unidades industriais.

No terceiro capítulo pretende-se enquadrar a empresa, explicando e descrevendo os

processos industrias e contextualiza-se a posição da fábrica globalmente. Tendo em conta

a confidencialidade do trabalho realizado estes processos não são totalmente descritos,

nem explicados no seu todo. Apenas é explicado a parte envolvente do estudo realizado

neste relatório.

O quarto capítulo apresenta alguns dias produtivos, analisando e calculando cada um,

baseando-se na teoria apresentada no capítulo 2. É neste capítulo que se descreve o

produto analisado e apresenta-se o programa utilizado na creditação dos resultados

calculados. Determina-se também o índice de capacidade do processo dos dias

produtivos, apurando-se o estado do processo. É aqui também calculado o número médio

de amostras analisadas até que uma destas esteja fora de controlo.

No quinto capítulo retira-se algumas conclusões dos mapas de controlo criados e

avalia-se o uso destes para os dias produtivos considerados no quarto capítulo.

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2. Enquadramento Teórico

2.1. Introdução

O objetivo principal deste capítulo é a descrição da maior parte dos conceitos teóricos

necessários à aplicação do Controlo Estatístico do Processo (SPC), sendo que é descrita a

importância da qualidade de um produto, assim como os diferentes paradigmas de

produção que surgiram ao longo do tempo, introduzindo as propriedades de pesquisa por

parte dos consumidores. De seguida, é apresentado o processo DMAIC, uma parte

fundamental para melhoria contínua dos processos, sendo que após isto, é apresentada

uma abordagem tradicional à gestão de controlo de processos.

Conhecidas as necessidades para a implementação do processo DMAIC, restringimos

o uso deste processo à análise e ao controlo, posteriormente apresentando as soluções em

forma das cartas de controlo e índices de capacidade para inicialização do processo de

monotorização.

2.2. Definição da Qualidade do Produto e os Paradigmas de Produção

Nos dias de hoje, a produção em massa é uma prática recorrente na indústria, sendo

que a qualidade dos produtos é o critério mais importante em qualquer mercado, sendo um

conceito ambíguo, determinado pelas características existentes num produto ou serviço.

Considerada, pelos consumidores, um dos fatores mais importantes na seleção do

determinado produto ou serviço significando que é um dos fatores chave ao crescimento e

ao sucesso dos negócios, como observado em (Han & Liu, 2020).

A qualidade, alvo de várias definições por vários autores (N & C, 2005), de um produto

como referido é um conceito ambíguo. Contudo, é importante diferenciarmos diferentes

dimensões da qualidade, referindo oito componentes essenciais da qualidade:

Execução: propriedade em que determina se o produto consegue executar as

funções que se propõe;

Confiabilidade: propriedade que se um produto excuta uma função até este

necessitar de uma reparação;

Durabilidade: propriedade que determina o tempo médio de vida de um produto.

Estética: propriedade visual de um produto, se é ou não é apelativo aos

consumidores;

Funcionalidades: normalmente, uma maior qualidade dos produtos é associada

ao número de funcionalidades disponíveis no produto;

Qualidade Observada: propriedade em que os consumidores se baseiam na

reputação da empresa em relação à qualidade dos seus produtos;

Conformidade com os Padrões: propriedade em que se determina se

esteticamente e fisicamente o produto está exatamente como o criador o

pretendeu.

É possível definir que a qualidade é inversamente proporcional à variabilidade de

produção. Entende-se como variabilidade sendo as pequenas diferenças de produto a

produto, na produção em massa, da indústria. Como referido em (Montgomery, 2017), uma

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“redução na variabilidade está diretamente transcrita a custos inferiores”,

consequentemente concluímos que caso existam poucas diferenças de produto a produto,

obtemos menos reclamações e realizamos menos reparações de produtos defeituosos,

reduzindo assim o tempo gasto e recursos existentes da empresa.

Contudo, para se perceber o funcionamento desta produção em massa, teremos que

entender o nosso paradigma de produção. A figura 1 retirada de (Hu, 2013), descreve os

diferentes paradigmas de produção.

Observando a figura 1, é observável que existem diferentes paradigmas de produção:

“Craft Production”: Sem sistemas de produção associados, sem máquinas

produtivas, cria o produto exatamente com as caraterísticas exigidas pelo

consumidor a um grande custo;

“Mass production”: produtos a baixo preço, com grandes capacidades produtivas.

“Mass customization”: a arquitetura dos produtos é pré-feita, contudo os

consumidores escolhem as características que preferem;

“Personalized Prodution”: produtos feitos à medida de cada um, tendo em conta a

necessidade individual de cada consumidor e as suas preferências.

Neste projeto, focamos o estudo na “Mass Production”, visto que é este o nosso tipo de

produção, onde é observado a existência de menos variabilidade entre os produtos, onde

grandes volumes de partes individuais são produzidos em grande escala com uma

tolerância. Com linhas de montagens ajustáveis, inicialmente eram os colaboradores a

mover-se para montar o produto, tornando a sua montagem lenta e cara. Introduziu-se o

pensamento inverso, o operador é fixo num ponto da linha de montagem e o produto é que

se move por esta linha. Com a produção de grandes volumes e as linhas de montagem

“móveis”, as tarefas dos operários detém mais especificações nos trabalhos e com isto

advém a divisão do trabalho por área de especificação (Hu, 2013).

Figura 1 - Diferentes Paradigmas de Produção em relação à

variabilidade e volume produzido. (Hu, 2013)

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Com estes avanços na indústria, os produtos ficaram mais acessíveis, com maior

quantidade de stock, levando a uma maior procura por parte dos consumidores. Com isto

começaram a ser necessários estudos dos tempos como por exemplo, o tempo necessário

produtivo e dar formações aos colaboradores de forma a aumentar a eficiência produtiva,

particularmente a produtividade laboral. Intitulado “scientific management”, por Fredrick

Taylor (Hu, 2013).

É aqui que é encontrado o ponto inicial deste projeto, na gestão científica, do processo

produtivo.

Não obstante da análise a níveis cronológicos do processo ser uma parte fulcral à

análise e ao controlo do produto, antes de qualquer especificação de processos sobre esta

temática é importante referir que com as caraterísticas da qualidade bem descritas sobre o

nosso produto, conseguimos agora definir para cada um dos nossos produtos as

características críticas à qualidade do produto, sendo estas de vários tipos:

1. Físico: largura, comprimento, peso, altura e viscosidade;

2. Sensorial: sabor, cor, aspeto;

3. Orientação temporal: confiabilidade, durabilidade, operacionalidade.

Sendo que estas características criticas à qualidade do produto, com a sigla “CTQ”,

podem estar ou não diretamente ou indiretamente relacionadas com os oito componentes

da qualidade (Montgomery, 2017). No entanto, este estudo que assegura as CTQ nominais,

ou seja, de encontro à normalidade e que assegura a baixa variabilidade das mesmas

características, chama-se engenharia da qualidade. Contudo, dificilmente existem dois

produtos sem variabilidade, visto que não existem dois produtos iguais entre si, além disso

é um processo dispendioso, por causa da monotorização imprescindível para a observação

das alterações nos produtos.

Em concordância com essa dificuldade, satisfazer as expetativas de todos os

consumidores é também um processo dispendioso e hipoteticamente ideal. É possível

definir que os produtos sofrem um processo de seleção por parte do cliente da empresa,

sendo este processo uma combinação de três principais atributos, descritos como as

propriedades de perceção dos consumidores (N & C, 2005):

1. Pesquisa: avaliação dos atributos por um consumidor, a priori da compra do

produto;

2. Experiências: avaliação dos atributos por um consumidor, a posteriori da compra

do produto, pelo uso ou consumo deste;

3. Crédito: características que não podem ser avaliadas, após a compra do

produto, no entanto, asseguram confiança na compra do mesmo. Por exemplo,

na compra de um carro o seguro está incluído, assim como sua a manutenção

num determinado tempo.

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Usualmente, os consumidores recebem estas informações por parte do ambiente em

que se inserem, estas fontes de informação pode ser testemunhos por parte de familiares

ou amigos, conversas com colaboradores, anúncios comerciais ou por curiosidade e desejo

de aquisição do consumidor. Juntando estas partes de informações variadas surge o

conceito de “marca” dos produtos e é este conhecimento que dá a propriedade de confiança

ao consumidor sobre um determinado produto. Contudo, é importante referir que o desejo

de aquisição do bem ou produto está intrínseco no consumidor e é isto que o guia a começar

o processo de procura e pesquisa do produto (N & C, 2005).

Como já foi concluído, padronizando estas propriedades da qualidade no produto, é

obtida uma maior satisfação por parte do consumidor, caso estas se enquadrem nas

conformidades do cliente. Todavia para realizar estes padrões de controlo da qualidade, é

necessário estudar a variabilidade de produção. Sendo que esta variabilidade é descrita em

termos estatísticos, logo métodos estatísticos são a base para inicializar estes padrões de

controlo de qualidade (Montgomery, 2017).

2.3. Processo DMAIC e a Melhoria Continua

Para sobreviver à competição, uma empresa tem de apostar na qualidade dos seus

produtos, implementando assim filosofias de melhoria continua nos seus processos de

forma a procurar e aplicar novas maneira de realizar o “trabalho” fabril. Esta melhoria

contínua pode ser descrita como “iniciativas que aumentam o sucesso e reduzem as falhas”,

(Berhe & Gidey, 2016) levando à criação de projetos que acrescentem mais valor ao

produto. Sendo assim possível concluir que aumentando a taxa de sucesso dos nossos

produtos com a melhoria contínua, diminuí-se a variabilidade entre os produtos

manufaturados nos processos industriais. Algumas das práticas mais comuns da melhoria

contínua são o lean do fabrico, ferramentas six sigma, processo DMAIC, usualmente

Figura 2 - Relação entre as propriedades de confiança do consumidor com as dimensões da qualidade.

(N & C, 2005)

Figura 3 - Processo DMAIC.

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associado às ferramentas six sigma, entre outras. As ferramentas six sigma são definidas

como um método sistemático e organizado para melhorias estratégias do processo, de

novos produtos e serviços, fundamentado por métodos estatísticos e científicos para realizar

reduções dramáticas nas considerações defeituosas no produto por parte do consumidor

(Linderman, Schroeder, Zaheer, & Choo, 2003).

Com isto, consegue-se descrever o processo DMAIC, sendo este um conjunto de

procedimentos orientados para a resolução de problemas, onde a sigla significa o seguinte:

Definir, Medir, Analisar, Melhorar e Controlar.

É importante referir que existem barreiras após cada ponto de atuação, é nestas que se

pausa e é realizado um momento de reflexão, onde se escolhe qual o projeto de maior valor

acrescentado e se assegura a sua revisão e estado. Também se apresentam aqui

oportunidades de correção e de partilha de informação, qualquer especificação técnica das

ferramentas utilizadas ou outros dados sobre o problema são aqui reportados pela equipa.

Entende-se como projeto, sendo um possível avanço das qualidades do produto ou serviço

disponibilizado, daqui é retirado as oportunidades de valor alinhadas com os objetivos da

empresa. É possível concluir com isto, que o processo de seleção de um bom projeto é

bastante importante, sendo que este tem que ser finalizado dentro de um tempo razoável e

tem que tem um impacto real na métrica do negócio da empresa. Ainda assim, é crucial

antes de qualquer formulação de processos ou implementações de ações de melhoria

contínua, designar bem estas sequências chave de procedimentos no negócio da empresa,

entendendo as suas correlações entre elas e criando mecanismos de medição de

desempenho apropriados (Montgomery, 2017).

Contudo para melhor, introduzir os conteúdos desta temática, é importante explicar

cada uma das etapas para a resolução do processo:

Definir: é o primeiro passo desta diligência, usualmente um documento pequeno,

com uma breve descrição do projeto em que estamos a atuar, como por exemplo,

as datas teóricas finais, uma descrição inicial das métricas utilizadas, marcos

importantes, potenciais benefícios tanto para o consumidor como para a empresa, a

equipa inserida neste projeto, assim como os recursos necessários para a sua

execução. Neste passo um bom auxílio para o inicializar será o uso de ferramentas,

como por exemplo, o diagrama SIPOC, acrónimo para Fornecedores (Suppliers),

Entradas (Input), Processos (Process), Saídas (Output) e Clientes (Customer). Este

diagrama fornece informações simples sobre projeto e é útil para visualizar e

compreender elementos básicos dos procedimentos aplicados;

Medir: É aqui que se avalia e que se entende o estado atual do projeto, colecionando

dados de medições da qualidade, custo e tempo de fabrico. No primeiro passo são

identificamos processos chave das variáveis de entrada (KPIV) e processos chave

de variáveis de saída (KPOV), contudo é neste que estas são definidas e medidas.

Estas coleções de dados são a base para determinar o estado atual ou o

desempenho de linha de base do processo. Consequentemente, a capacidade

Page 20: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

10

deste sistema de medição tem que ser regularmente avaliada, para que não se caia

no erro de medir algo que não somos capazes de corretamente analisar;

Analisar: Como já descrito em cima, o objetivo deste passo é em utilizar os dados

recebidos no passo anterior, começando a detetar as diferentes causas de

variabilidade do processo. É importante separar as causas comuns das imputáveis.

Habitualmente as causas especiais são o motivo dos desvios da variabilidade

existente no processo ou sistema de fabrico, as esporádicas ou especiais

frequentemente são geradas por fontes externas ao processo ou sistema de fabrico.

Insere-se aqui a nossa ferramenta utilizada no projeto os mapas de controlo, onde é

medida a variabilidade do processo industrial;

Melhorar: Neste passo a equipa passa para o pensamento criativo sobre o processo

em análise, realizando alterações específicas a este com o objetivo de reduzir os

recursos de gargalo e melhorar os fluxos de trabalho. Usualmente estas alterações

são feitas com uma simulação computacional, realizando testes piloto de forma a

confirmar as pressupostas alterações resultantes do pensamento criativo. É aqui

que se avalia, documenta e confirma se a solução proposta obtém os objetivos do

projeto. Este processo normalmente é iterativo;

Controlo: O objetivo desta etapa é assegurar que as melhorias resultantes da análise

do processo são implementadas, ao processo analisado e a outros semelhantes. O

plano do controlo do processo é suposto ser um sistema para monitorizar a solução

implementada, incluindo os métodos e as métricas encontrados. É nesta fase que

está enquadrada a ferramenta utilizada neste caso de estudo os mapas de controlo

(Montgomery, 2017).

Esta foi uma breve descrição do processo DMAIC, de forma a definir as etapas da

resolução do problema em análise e para localizar o uso da ferramenta em questão. Como

observado os passos em que este artigo se foca são medir, analisar e controlar.

2.4. Abordagem Tradicional do Controlo Estatístico de Processos

Este subcapítulo enumera algumas das ferramentas para o controlo da qualidade,

sendo estas já estudadas por diversos autores, contudo, importantes para entender a

necessidade de tais ferramentas para a análise e controlo da gestão de produção.

Usualmente os dados podem ser designados como dois tipos de informação, dados

discretos ou dados contínuos. Os dados discretos são unidades, em outras palavras,

inteiros que ou existem ou não existem, não conseguimos falar em meios defeitos, ou ¼

defeitos, na obtenção destes dados. Pressupondo que por cada peça o número de defeitos

é um todo. Os dados contínuos, em diferença aos discretos, já conseguem assumir

quaisquer valores dentro de um determinado alcance, ou seja, resultam de infinitos valores

possíveis correspondendo a uma escala contínua, dentro deste alcance de valores não

existe qualquer restrição que estes podem obter, variando entre o número de amostras

retiradas (Buckland & Duncan, 1952; Montgomery, 2017).

Page 21: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

11

Deste modo, com algumas referências sobre a classificação dos dados que podemos

obter do nosso processo, as ferramentas utilizadas para a resolução de problemas do

controlo estatístico de processos, descritas pela literatura como “os sete magníficos”, são

(Montgomery, 2017; Srinivasu, Reddy, & Rikkula, 2009):

1. Histograma ou gráfico de caule e folha;

2. Folhas de verificação;

3. Gráfico de Pareto;

4. Diagrama de causa-efeito;

5. Diagrama de concentração de defeitos;

6. Diagrama de dispersão;

7. Gráficos de controlo.

Uma vez identificadas as ferramentas para a aplicação do SPC, é possível descrevê-

las. O histograma habitualmente usado para dados contínuos, onde se dividem os alcances

dos dados em intervalos, por costume chamados de “caixotes”. Este número de “caixotes”

depende do número de observações e da amplitude dos dados, sendo que a norma é que

o número de “caixotes” é a raiz quadrada do número de observações, isto para o eixo

horizontal. Para o eixo vertical, é colocada a frequência dos nossos dados, remetendo para

o número de vezes que o valor observado aparece. Em cima, encontra-se um exemplo de

um histograma da grossura do metal, sendo esta ferramenta utilizada também, no cálculo

dos índices de capacidade produtiva.

As Folhas de Verificação por sua vez são mais diretas e explicitas de se obter, sendo

obtidas nas etapas primordiais da melhoria do processo, utilizadas na obtenção da atividade

dos dados, geralmente para as não conformidades. Este sumário de dados, orientados pelo

tempo é particularmente útil para encontrar tendências ou padrões dado que, é importante

especificar o tipo de dados colecionados, o número de operações ou partes utilizadas, a

data, ou qualquer informação relevante acerca da pobre performance do processo

(Montgomery, 2017).

Os gráficos de Pareto, apenas, são histogramas ordenados por categoria. Os gráficos

de Pareto não identificam o atributo mais importante, ou neste caso mais crucial à qualidade

do produto, porém identificam o tipo de atributo mais frequente que ocorre na produção do

Figura 4 - Exemplo de Histograma. (Montgomery, 2017)

Page 22: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

12

produto, isto é, demonstram graficamente a frequência de vezes que aconteceu a

característica em estudo.

Os diagramas de Causa-Efeito analisam as causas mais prováveis para o defeito ou

erro encontrado no produto. Normalmente utilizado nos passos de Analisar e Melhorar do

processo DMAIC, este diagrama é construído com o pensamento de encontrar o problema

em estudo, sabendo as principais categorias que podem gerar o problema em estudo,

podemos dividi-las em subcategorias. Assim, a equipa, agora com melhor entendimento

sobre os procedimentos do produto, tem mais facilidade em identificar a área mais provável

da origem do problema (Montgomery, 2017).

Já o diagrama de concentração de defeitos, em contrário ao diagrama de Pareto,

localiza, com um esboço do produto, o local dos defeitos encontrados no produto. Sendo

que esta localização é só realizada se estes defeitos demonstrem uma tendência, sob um

número suficiente de unidades.

Por sua vez, o Diagrama de Dispersão é útil para graficamente demonstrar uma

potencial relação entre duas variáveis, caso estas tenham sido retiradas sob um par de

variáveis, isto é, caso duas variáveis demonstrem uma interdependência entre si, ou seja,

apresentam um coeficiente de covariância maior que zero. Esta correlação apresentada

pelo diagrama, não implica que as variáveis tenham casualidade entre si, querendo dizer

que não podemos concluir que a relação entre estas seja uma de causa-efeito. Este

diagrama é útil para encontrar potenciais relações entre as variáveis do estudo, no entanto,

nada podemos concluir sob esta relação.

2.5. Ferramentas do Controlo da Qualidade: Mapas de Controlo

Como referido nos capítulos acima, a ferramenta que este caso de estudo utiliza para

analisar, medir e controlar o processo industrial são os mapas de controlo. Contudo, antes

de especificar os diversos mapas de controlo é preciso entender como é que os mapas de

controlo são utilizados para reduzir a variabilidade do processo e o controlar a eficiência do

sistema. Com isto, é necessário dominar como é medida esta variabilidade e por

consequência quais são os métodos estatísticos que têm um papel principal neste estudo,

visto que a variabilidade pode ser só descrita com termos estatísticos (Berhe & Gidey, 2016).

Figura 5 - Exemplo de um Diagrama de Dispersão. (Montgomery, 2017)

Page 23: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

13

É importante descrever o estudo da variabilidade no processo, para melhor definir se o

processo se encontra ou não sob controlo. Os fatores que podem construir fontes de

variabilidade e que usualmente afetam as características críticas da qualidade, provocando

alterações no processo, manifestadas a curto ou a longo prazo, podem ser divididos em

duas categorias (Woodall, 2000):

Causas comuns: fontes de variação que perturbam um processo que se

encontra sob controlo estatístico, aleatórias consideradas inerentes à natureza

do processo;

Causas especiais: causas inesperadas que não se enquadram na distribuição

seguida pelo processo, quando este está sob controlo. Sendo encontradas diz-

se que o processo está fora de controlo devendo ser removidas deste.

Como discutido, a principal ferramenta para o estudo da variabilidade do processo são

os gráficos de controlo, visto que apresentam a variação das amostras de saída do processo

ao longo do tempo. Um processo que demonstre um alcance de amostras ao longo do

tempo sem grandes flutuações, isto é, não demonstre aleatoriedade de variações dentro

dos limites de controlo, sem quaisquer pontos fora desses limites é dito “sob controlo”,

sendo que é sempre aceite algum tipo de variação pelo gráfico de controlo utilizado.

Conforme mencionado, é sempre admissível alguma variabilidade natural ao procedimento,

vinda de causas inevitáveis, ditas causas comuns ao processo, ou seja, causas inerentes a

este, se este funciona só com estas, é dito “sob controlo”. Contudo é possível encontrar

outras causas de variabilidade nas características chaves do produto, habitualmente estas

causas advêm de quatro fontes: o ajuste inapropriado de máquinas, erros de equipamento,

erros de operação da mão-de-obra, matéria-prima defeituosa e o meio ambiente. Um

processo que opere sob estas causas ditas especiais é dito “fora de controlo”.

Um dos objetivos dos mapas de controlo é identificar cada tipo destas duas causas de

variação do processo de modo a prevenir uma paragem crítica por acumulação ou um erro

produtivo do processo. É importante referir que uma causa comum de hoje pode ser uma

especial de amanhã, ou seja, o tipo de causa de variação depende sempre do contexto

apresentado (Woodall, 2000).

Page 24: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

14

A figura 6 descreve um exemplo de um mapa de controlo “sob controlo”, como é

observável existe uma relação próxima entre os gráficos de controlo e o teste de hipóteses,

visto que ao escolher os nossos limites de controlo estamos a enquadrar a nossa região

crítica do teste de hipóteses.

Na figura 6, na linha central, está descrita a média das amostras da característica da

qualidade, se o valor da curva demonstrada pelas amostras se encontrar dentro dos limites

de controlo, concluindo que a média do processo está sob controlo. Porém estes limites de

controlo, também chamados 3 limites de sigma de controlo, podem ser também observados

no cálculo dos índices de capacidade do processo e com estes são definidos os nossos

níveis de aceitação da amostra.

Contudo, o teste de hipóteses e os mapas de controlo diferem no ponto de vista, por

exemplo, habitualmente, quando são testados estatisticamente os testes de hipóteses

pretendem validar as nossas premissas, enquanto nos gráficos de controlo pesquisa-se

detetar diferenças na variabilidade de produção e obter um controlo estatístico de produção.

Não obstante é possível realizar testes de hipóteses para analisar a taxa de desempenho

de um mapa de controlo. Uma demonstração desta taxa de desempenho é quando

observamos a probabilidade de obtenção de erros, classificados em tipo 1 e em tipo 2, dos

mapas de controlo. Sendo que com erros do tipo 1, é entendido que são erros que aliciam

a conclusão de que o processo está fora de controlo quando efetivamente está sob controlo;

e com erros do tipo 2, sendo entendidos por erros que instigam a conclusão de que o

processo está sob controlo quando na realidade está fora de controlo. Estes erros

representam alguma imprecisão na obtenção do índice de capacidade do estado no

processo, ou seja, admitindo que as variáveis seguem distribuições normais na

característica da qualidade escolhida para a monotorização do mapa de controlo, existe

uma percentagem de resultados, onde mesmo com o limite da linha de tendência no nível 3

six-sigma, existem erros de atuação sobre o processo. Contudo, existem formas de

contornar estes erros, usualmente retira-se um tamanho de amostra maior reduzindo-se a

Figura 6 - Exemplo de Mapa de Controlo. (Montgomery, 2017)

Page 25: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

15

média da variância da distribuição da amostra, dentro dos mesmos valores do processo,

baixando a probabilidade de obtenção destes erros (Swamidass, 2000).

Com esta pequena descrição dos usos e do tipo de erros que são comuns existir num

mapa de controlo, é exequível calcular os níveis de 3 six-sigma também conhecidos como

limites de especificação do mapa de controlo, já referidos previamente. Considerando que

o “w” é uma amostra estatística para os meus resultados, a 𝜇𝑤 é a média da minha amostra

de resultados e o 𝜎𝑤 é o desvio padrão da amostra dos meus resultados, então

(Montgomery, 2017) :

𝐿𝑆𝐸 = 𝜇𝑤 + 𝐿 ∗ 𝜎𝑤

𝐶𝐿 (𝐿𝑖𝑛ℎ𝑎 𝐶𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑙) = 𝜇𝑤

𝐿𝐼𝐸 = 𝜇𝑤 − 𝐿 ∗ 𝜎𝑤

É importante referir que o “L” é a “distância” dos limites de controlo à linha central de

tendências, habitualmente este valor depende do número de observações da amostra, do

tipo de gráfico de controlo e é tabulado, sendo estes valores demonstrados no anexo 1,

sendo uma prática comum ao determinar estes limites de controlo como um múltiplo do

desvio padrão do gráfico traçado. Geralmente este múltiplo escolhido é o número 3, dai os

níveis 3 six-sigma.

Estes níveis 3 six-sigma, intitulados também de limites de ação referem-se a uma

necessidade de uma ação quando um ponto é traçado fora deste limite. Sendo necessário

realizar uma pesquisa sobre as causas que conduziram a este acontecimento e aplicando

medidas corretivas se necessário. Todavia, existem também os limites dois-sigma,

conhecidos também por limites de aviso. Servindo para levantar suspeitas sobre o processo

em análise, o uso dos mesmos serve para aumentar a sensibilidade do gráfico de controlo,

em outras palavras, permitem que o gráfico de controlo sinalize uma mudança no processo

mais rapidamente. Uma das principais desvantagens no uso destes limites é o risco

acrescido de falsos alarmes.

Como referido, este tema é inserido na parte de medir, analisar e controlar no controlo

estatístico de processos. O mapa de controlo pode ser utilizado para melhorar um processo,

detetando as causas especiais no processo, para que mais tarde estas sejam eliminadas

do processo produtivo. Não obstante, também pode ser utilizado como uma ferramenta de

estimativas. Como o gráfico de controlo demonstra o controlo estatístico dos dados, ao ser

determinado a capacidade do processo produtivo de construir produtos aceitáveis para

consumo, conseguimos estudar a capacidade do processo, com as estimativas dos valores

nominais dos mapas de controlo.

Os mapas de controlo podem ser classificados em dois tipos, considerando o tipo de

propriedade escolhida para a característica crítica da qualidade. Caso esta característica da

qualidade seja medida e expressa por um número numa escala contínua de medições, é

chamada de uma variável obtem-se assim, os gráficos de controlo de variáveis, associados

a estes atributos da qualidade, descritos com a linha central de tendências e a variabilidade.

Caso estes atributos não sejam medidos numa escala quantitativa, isto é, se for examinado

cada unidade de produção, por conforme ou não conforme, contanto o número de não-

Page 26: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

16

conformidades existentes, ou defeitos, pelas unidades de produção, obtemos os gráficos

de controlo de atributos (Montgomery, 2017).

2.5.1. Particularidades dos Mapas de Controlo e os diferentes mapas

existentes

Os Mapas do Controlo estatístico de processos, são bastantes populares nas

industrias, visto que:

Está provado que é uma das técnicas que aumenta a produtividade porque são

efetivos na prevenção de defeitos nos produtos;

Distinguem as variações anormais do ruído de fundo dos processos, isto é,

preveem o ajuste necessário ao processo;

Providenciam informações dos valores do produto importantes para o

diagnóstico do processo;

Conseguem calcular índices de capacidade produtivos, informação crucial para

a estabilidade do processo ao longo do tempo, útil para quem desenha o

processo industrial e para melhorias existentes na linha de produção.

Contudo, é importante escolher o mapa de controlo mais adequado para o nosso

sistema produtivo. Esta escolha advém do nosso grupo de amostras escolhido para a

criação do mapa de controlo e da frequência de ocorrências destas mesmas amostras.

Antes de apresentar qualquer carta de controlo é importante entender que neste projeto as

analisadas são uni variadas, isto é, são só para um valor de dados individuais e para

variáveis.

Como referido as cartas de controlo são escolhidas considerando o tipo de propriedade

das características críticas ao produto, se uma destas pode ser medida numa escala

numérica esta é chamada de variável e são estas cartas de controlo que este projeto

abrange.

Quando uma caraterística da qualidade é uma variável, isto é por exemplo, uma

dimensão, um peso ou um volume, é importante monitorizar os valores da média e da

variabilidade. Habitualmente o controlo das médias dos valores do processo é realizado

com um gráfico de controlo das médias ou o gráfico de controlo ��. Já a variabilidade do

processo pode ser controlada por um gráfico de controlo do desvio padrão ou também

chamado o gráfico de controlo 𝑠, contudo este gráfico não é o único que controla a

variabilidade sendo possível controlá-la também com o gráfico de controlo dos alcances

móveis, também chamado o gráfico de controlo 𝑅. O subcapítulo abaixo tenta pormenorizar

melhor o gráfico de controlo dos alcances móveis e de valores individuais.

2.5.1.1. Base dos Gráficos de controlo para variáveis

Supondo que é conhecido e é possível calcular ambos os valores da média e do desvio

padrão do nosso caso de estudo, se o número de amostras retirado for 𝑛, então a média de

resultados obtidos é dada pela fórmula:

�� =𝑥1 + 𝑥2 + ⋯ + 𝑥𝑛

𝑛

Page 27: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

17

É admitido que este �� é uma distribuição normal de dados com uma média µ e um

desvio padrão de 𝜎�� = 𝜎/√𝑛 , sabendo estes valores, é possível definir os nossos limites de

controlo, sendo descritos agora pelas equações (Montgomery, 2017):

𝐿𝑆𝐸 = 𝜇 + 𝑍𝜎/2𝜎�� = 𝜇 + 𝑍𝜎/2

𝜎

√𝑛

𝐿𝐼𝐸 = 𝜇 − 𝑍𝜎/2𝜎�� = 𝜇 − 𝑍𝜎/2

𝜎

√𝑛

Considerando que é conhecido o valor do nosso µ e σ, é viável utilizar as expressões

acima para calcular o limite superior e inferior dos nossos gráficos de controlo das médias.

É usual trocar o valor de 𝑍𝜎/2 por 3.

2.5.1.2. Gráficos de controlo para a 𝑥 e a 𝑅

Como referido, caso se obtenha os nossos dados como uma variável numérica, é

possível calcular um gráfico de controlo para as médias e para as amplitudes das nossas

amostras, sendo estes os mais utilizados pela indústria (Montgomery, 2017).

Todavia, usualmente não são conhecidos os valores de µ e de σ e não é correto assumir

que todas as distribuições dos nossos dados são normais. Contudo seguindo o teorema do

limite central, descrito nas equações em cima, é possível obter resultados aproximadamente

corretos. Conforme referido, não sabendo o valor de µ e de σ, é necessário os estimar por

amostras pré-eliminatórias ou por divisão das amostras em subgrupos, sendo estas

retiradas do processo quando este se estimava sob controlo (Montgomery, 2017; Rigdon,

Cruthis, & Champ, 1994). Com esta divisão em m subgrupos das n amostras disponíveis, é

possível estimar uma nova média do processo sendo esta descrita pela equação:

𝑥 =𝑥1 + 𝑥2 + ⋯ + 𝑥𝑚

𝑚

Sendo este 𝑥 a nova linha central no nosso gráfico de controlo. No entanto, falta calcular

a amplitude dos nossos valores, sendo esta descrita por 𝑅, obtendo-se realizando a

diferença entre o maior valor observado e o menor valor observado, descrita por:

𝑅 = 𝑥𝑚𝑎𝑥 − 𝑥𝑚𝑖𝑛

Posto isto, são obtidas diversas amplitudes para os nossos dados, cujas quais é

exequível calcular uma média de amplitudes obtidas pela fórmula:

𝑅 =𝑅1 + 𝑅2 + ⋯ + 𝑅𝑚

𝑚

Com as fórmulas acima descritas, é possível calcular os nossos limites de controlo para

o gráfico das médias das amostras, como observado nas seguintes equações:

𝐿𝑆𝐸 = 𝑥 + 𝐴2𝑅

𝐶𝐿 = 𝑥

𝐿𝐼𝐸 = 𝑥 − 𝐴2𝑅

Page 28: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

18

E com os limites de controlo das médias bem estabelecidos, é factível definir os limites

de controlo para as amplitudes de um gráfico de controlo, estudando assim a variabilidade

do processo, como observado nas seguintes equações:

𝐿𝑆𝐸 = 𝐷4𝑅

𝐶𝐿 = 𝑅

𝐿𝐼𝐸 = 𝐷3𝑅

Obtendo os valores para os nossos gráficos de controlo, é possível estudar a

variabilidade do processo, contudo não esquecendo que estes gráficos de controlo são

utilizados para variáveis, as expressões acima descritas, utilizam os fatores de construção

do primeiro anexo (Montgomery, 2017).

2.5.1.3. Gráficos de controlo de Shewhart para valores individuais

Os gráficos de controlo acima descritos são obtidos pela agrupação das nossas

amostras em subgrupos, contudo com o auxílio da automação e a inspeção, a medição das

amostras pode ser realizada por cada unidade de fabrico não sendo necessário esta

agrupação dos dados, é aqui que os gráficos de controlo de unidades individuais são uteis.

Estes gráficos de controlo para unidades individuais utilizam o alcance móvel (𝑀𝑅) e a

média dos resultados (��), sendo este alcance móvel calculado pela subtração de duas

observações medidas sucessivamente, consistindo a base do estudo da variabilidade do

processo. É exequível então definir este alcance móvel por (Montgomery, 2017):

𝑀𝑅𝑖 = |𝑥𝑖 − 𝑥𝑖−1|

Calculando a média dos alcances móveis:

𝑀𝑅 =𝑀𝑅1 + 𝑀𝑅2 + ⋯ + 𝑀𝑅𝑚

𝑚

É importante referir que é necessário utilizar o gráfico das médias em conjunto com o

gráfico dos alcances móveis para estudar se o processo se encontra sob controlo. É

possível beneficiar então da fórmula das médias acima, correspondendo a:

�� =𝑥1 + 𝑥2 + ⋯ + 𝑥𝑛

𝑛

Além disso, para obter os nossos limites de controlo para o gráfico das médias, as

fórmulas utilizadas baseadas na teoria são descritas pelas seguintes equações:

𝐿𝑆𝐸 = �� +𝑀𝑅

𝑑2

𝐶𝐿 = ��

𝐿𝐼𝐸 = �� −𝑀𝑅

𝑑2

É praticável traçar o gráfico de controlo das médias, contudo para desenhar o gráfico

de controlo dos alcances móveis é necessário saber calcular os limites de especificação

Page 29: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

19

dos alcances móveis. Segundo a teoria, os limites de especificação são dados pelas

seguintes fórmulas:

𝐿𝑆𝐸 = 𝐷4𝑀𝑅

𝐶𝐿 = 𝑀𝑅

𝐿𝐼𝐸 = 𝐷3𝑀𝑅

No anexo 6.1, observável que para 𝑛 = 2, os valores das nossas variáveis são: 𝐷3 = 0,

𝐷4 = 3.267 e 𝑑2 = 1.128. É possível então construir o mapa de controlo de Shewhart, tanto

os gráficos das médias como, o dos alcances, no entanto é importante referir que estes

mapas não admitem tamanhos de amostras de 𝑛 > 1, por isso é importante que o processo

de medição de dados seja automatizado e individual.

Um método de avaliação deste tipo de gráficos é a dimensão média do teste (𝐴𝑅𝐿) de

um gráfico de controlo. Esta ARL é a média de pontos que podem ser traçados antes da

indicação de um ponto fora de controlo, sendo descrita pela fórmula:

𝐴𝑅𝐿 =1

𝑝, sendo que p é a probabilidade dos pontos fora dos limites de controlo

(Montgomery, 2017).

2.5.2. Processo de Construção das Cartas de Controlo

Foi apresentado os diferentes gráficos de controlo para as variáveis, no entanto é

importante seguir orientações concisas para a construção das cartas. Com base na teoria

os passos da construção são os seguintes (Montgomery, 2017):

1. Determinar qual a característica do processo para controlar;

2. Determinar onde é que o mapa de controlo vai ser implementado;

3. Escolher o mapa de controlo adequado aos nossos dados;

4. Escolher quais as melhores ações a tomar após a análise do gráfico de controlo.

Estes são os primeiros passos a tomar para a construção do mapa de controlo sendo

aplicadas tanto aos mapas de controlo de variáveis como os de atributos. Porém, é

importante especificar cada um destes passos para melhor entender cada uma destas

escolhas.

I. Determinar qual a característica do processo a controlar e onde é que o mapa de

controlo vai ser implementado.

O primeiro passo na construção dos mapas de controlo, e o mais importante, é definir

bem qual é a característica do produto mais importante, ou que tem mais significância no

processo produtivo, sendo crucial separar os dados definidos como variáveis e os dados

definidos como atributos, sendo que é aqui que conseguimos encontrar as variáveis chave

ao nosso processo.

É importante referir que graças à automação e ao controlo específico existente na

indústria, os gráficos de controlo devem ser utilizados como uma medida constante,

implementados se possível o mais adjacentemente ao nosso local de trabalho de estudo.

II. Escolher o mapa de controlo mais adequado aos nossos dados.

Page 30: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

20

Como referido, este passo depende do nosso tipo de dados retirados do processo

industrial, neste caso de estudo só são mencionados os gráficos de controlo de variáveis e

os gráficos de controlo para valores individuais, por isto focamos estes dois tipos.

Considerando os gráficos de controlo de média e da amplitude, assim também como

os gráficos de controlo da média e do desvio padrão, temos que ter em conta:

Se é um novo processo ou um novo produto a ser produzido no processo e a

característica medida é uma variável;

Se o processo está em operação há algum tempo, contudo é incapaz de manter as

tolerâncias ou os valores especificados do processo;

Se o processo apresenta problemas, referentes a causas desconhecidas, os mapas

de controlo são úteis para um diagnóstico inicial;

Se existe alterações nos valores de especificação do produto e o processo não as

consegue acompanhar;

Se a capacidade e estabilidade do processo tem que ser demonstrada.

É possível realizar os gráficos de controlo para valores individuais juntamente com o

alcance móvel dos dados retirados, tendo em conta os seguintes aspetos:

Se for inconveniente ou impossível obter mais que uma medida por amostra;

Caso exista uma inspeção tecnológica que permite medir cada unidade produzida;

Se a obtenção de dados seja um processo muito lento e não é prático esperar por

uma amostragem grande. Usualmente ocorre em dados relacionados a serviços.

Estes pontos guia servem para a escolha preliminar adequada do gráfico de controlo

utilizado, contudo é importante referir que não são apresentados pontos para os gráficos de

controlo de atributos.

III. Escolher quais as melhores ações a tomar após a análise dos gráficos de controlo.

O aperfeiçoamento do processo é o objetivo primário do controlo estatístico dos

processos (SPC) a aplicação dos gráficos de controlo providencia informação crucial

sobredois aspetos chaves do processo: o controlo estatístico e a capacidade. Com isto em

mentea tabela seguinte responde a duas questões: “O processo está sob controlo?” e “O

processo é capaz?” (Montgomery, 2017).

O processo é capaz?

Sim Não

O processo está

sob controlo?

Sim

Controlo

estatístico do

processo.

Métodos de design

experimental.

Investigação das

especificações.

Alterações do

processo.

Page 31: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

21

Não

Controlo

estatístico do

processo.

Métodos de design

experimental.

Investigação das

especificações.

Alterações do

processo.

Tabela 1 - Ações a tomar após análise.

O estado ideal do processo encontra-se no lado superior esquerdo da tabela, onde o

processo está em controlo estatístico e demonstra capacidade adequada. Neste caso, os

métodos do controlo estatístico de processos são importantes para monitorar e avisar contra

novas causas comuns, que podem diminuir a eficiência do processo. O lado superior direito

implica que o processo exibe controlo estatístico, todavia, apresenta baixa capacidade.

Neste caso, pode existir variabilidade nos produtos fabricados cujo pode levar a um trabalho

acrescido pós fabrico, ou a desperdício. Estes métodos do controlo estatístico podem ajudar

a diagnosticar as causas existentes do processo e levar à sua eventual melhoria e

estabilidade, graças ao reconhecimento de padrões produtivos no gráfico de controlo. O

desenho de experiências auxiliam nesta melhoria, sendo isto uma séries de testes que

mudam as variáveis iniciais do processo de modo a observar e identificar alterações nas

variáveis de saída, usualmente este método é mais ativo que o controlo estatístico de

processos, tendo duas fases de atuação no processo.

Um planeamento pré-experimental é a primeira fase deste processo, onde inicialmente

se reconhece o problema em questão, solicita-se a entrada de dados dos diversos âmbitos

da empresa, como por exemplo da manutenção, da qualidade ou mesmo dos operários. É

importante que uma afirmação inequívoca sobre o problema em questão seja bem

estabelecida para a compreensão clara do processo e para obter uma solução. Após isto, é

necessário escolher os fatores cruciais ao processo em estudo, sendo neste passo onde

são definidos os tipos de dados a analisar, contínuos ou discretos. Ao mesmo tempo, é

importante selecionar a variável de resposta do problema em questão, usualmente é a

média ou o desvio padrão da característica crítica do produto em estudo. Caso os três

primeiros passos sejam bem realizados, a segunda fase é a escolha do desenho

experimental, considerando o tamanho da amostra. No passo seguinte é realizado o teste

escolhido, monitorando as alterações no processo e analisando posteriormente os dados

obtidos no ensaio com recurso a métodos estatísticos. Seguidamente, são retiradas

conclusões e resultados das experiências realizadas e um plano de ação bem definido. É

importante referir que este processo de desenho experimental é um processo iterativo e

sequencial, sendo geralmente necessário mais que uma experiência para retirar conclusões

significativas (Montgomery, 2017).

É também possível realizar uma reconsideração nas especificações do processo,

sendo definidas com um maior afunilamento que o necessário para atingir a função ou os

níveis de eficácia exigidos. Em último recurso realiza-se uma alteração do processo

investigando ou desenvolvendo novas tecnologias de atuação, levando a uma variabilidade

reduzida na característica escolhida da qualidade no processo existente.

Page 32: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

22

A parte do canto inferior direito da tabela representa um caso em que o processo está

fora de controlo e não é capaz. As ações recomendadas são as mesmas que do lado direito

superior. Neste caso, o controlo estatístico de processos apresentará resultados mais

rapidamente, dado que, os gráficos de controlo devem identificar a presença de causas

especiais.

Por último, observa-se o lado inferior esquerdo da tabela, designando um caso onde o

processo se encontra fora de controlo estatístico, contudo não produz um número

significativo de defeitos, na medida, que as especificações do produto são bastante

abrangentes. Neste cenário, os métodos do controlo estatístico dedicam-se a estabelecer

uma supervisão e pressuposta redução na variabilidade.

O diagrama exposto na figura 7 facilita o processo de escolha dos diferentes mapas de

controlo (Matos, 2016).

É possível descrever os mapas:

Cartas de Shewhart - mais utilizadas para valores individuais;

Cartas do desvio padrão ao quadrado - mais utilizadas grupos de valores agrupados

(Matos, 2016).

Figura 7 - Fluxograma adaptado, escolha dos mapas de controlo.

Page 33: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

23

2.5.3. Análise dos Gráficos de Controlo

Conhecendo os gráficos de controlo existentes e a sua seleção, podemos agora

analisar o arranjo de pontos existentes nos gráficos de controlo, ou seja, como é que a série

de valores traçados pode ser descrita.

Caso os pontos retirados dos dados sejam completamente aleatórios, é de esperar que

se obtenha uma distribuição igualmente equilibrada acima e abaixo da linha central.

Observando uma série de pontos, os superiores à linha central são chamados de run up,

traduzindo uma subida na série. Caso sejam observados pontos inferiores à linha central

nomeamos isto de uma run down, traduzindo uma descida de série. É importante definir que

a sequência de pontos traçados só faz sentido caso estes pontos sejam do mesmo tipo de

dados (Montgomery, 2017).

O problema decorrente neste tipo de análises é o de reconhecimento de padrões, ou

seja, o de reconhecer padrões sistemáticos ou não aleatórios no gráfico de controlo de

modo a tentar identificar a causa deste comportamento dos dados.

O autor do livro intitulado “Introduction to Statistical Quality Control”, escrito por Douglas

Montgomery, sendo a base deste relatório e da compreensão das cartas de controlo, sugere

um conjunto de regras já datadas de 1956, do livro “Statistical Quality Control Handbook”,

para a deteção e identificação de padrões não aleatórios nos gráficos de controlo, estas

também denominadas por regras de zonas dos mapas de controlo. O autor sugere e conclui

que o processo se encontra fora de controlo caso;

Um ponto se encontre fora dos limites 3 six-sigma;

Dois de três pontos consecutivos sejam traçados além dos limites 2-sigma de aviso;

Quatro de cinco pontos são traçados a uma distância de um-sigma ou depois da

linha central;

Oito pontos consecutivos são representados em um dos lados da linha central.

Figura 8 - Zonas críticas dos mapas de controlo.

Page 34: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

24

Estas regras são aplicadas a cada um dos lados da linha central, ainda assim, se for

observado que um ponto que se encontre acima do limite de aviso superior, seja seguido

imediatamente de um ponto, que se encontre abaixo da linha do limite de aviso inferior, o

gráfico de controlo não se encontra fora de controlo. A figura 8 descreve um pouco destes

limites discutidos nas regras, sendo que as siglas UCL corresponde ao LSE e a LCL

corresponde a LIE. Demonstrando um gráfico de controlo das médias de amostras,

dividindo-o em três zonas (A, B e C).

2.6. Distribuições dos Índices de Capacidade

Os métodos estatísticos e os mapas de controlo discutidos acima, ajudam a quantificar

a variabilidade do processo, auxiliando na produção e no fabrico, eliminando ou reduzindo

exponencialmente esta variabilidade. A este processo chamamos a análise da capacidade

do processo.

Partimos do princípio, ao usar mapas de controlo para o cálculo dos índices de

capacidade, que o processo se encontra fora de controlo e que a característica crítica

escolhida segue uma distribuição normal contínua por isso, é necessário explicar estas

distribuições. Visualmente as distribuições dos índices de capacidade seguem uma forma

sinusoidal, conforme ilustrado na figura 9, utilizando a média dos resultados 𝜇 e o quadrado

da variância 𝜎2 sendo denotada 𝑥 − 𝑁(𝜇, 𝜎2).

Figura 9- Exemplo de uma Distribuição Normal. (Montgomery, 2017)

Page 35: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

25

Pela revisão de literatura (Montgomery, 2017), existem dois tipos de distribuições de

probabilidades:

Distribuições Contínuas: quando a variável medida é expressa numa escala

contínua, nomeamos a distribuição de probabilidade uma distribuição contínua.

Distribuições Discretas: quando o parâmetro é medido unidades, como inteiros,

denominadas distribuições discretas.

É descrito a aparência de uma distribuição discreta por várias séries de picos verticais,

cuja altura descreve a sua probabilidade. É possível descrever a probabilidade que uma

variável aleatória 𝑥 assume, para um valor específico 𝑥𝑖 como:

𝑃{𝑥 = 𝑥𝑖} = 𝑝(𝑥𝑖)

A média 𝜇 de uma distribuição de probabilidades discreta é a medida da linha central

na distribuição, definida pela equação:

𝜇 =∑ 𝑥𝑖

𝑁𝑖=1

𝑁

É de denotar a similaridade à expressão da 𝑥, no cálculo dos gráficos de controlo,

definindo a média das distribuições pelo centro de massa da distribuição. Ou seja, a média

determina a localização da distribuição (Montgomery, 2017).

Já a dispersão ou disseminação numa distribuição é expressa pela variância denotada

por 𝜎2, para 𝑁 variáveis discretas aleatórias sendo definida pela equação:

𝜎2 =∑ (𝑥𝑖 − 𝜇)2𝑁

𝑖=1

𝑁

É observado neste caso que, a variância é a distância média, ao quadrado, de cada

membro da população distanciado da média amostral. Caso esta seja zero, então não existe

variabilidade dentro das amostras.

O desvio padrão, 𝜎, é a medida da dispersão expressa nas unidades originais.

Graficamente representa a altura do “sino” descrito na figura 9, podendo ser representado

pela fórmula:

𝜎 = √𝜎2 = √∑ (𝑥𝑖 − 𝜇)2𝑁

𝑖=1

𝑁

Figura 10 - Exemplo das áreas dentro da distribuição normal. (Montgomery, 2017)

Page 36: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

26

Uma simples interpretação dos limites do desvio padrão da população dos resultados,

os ditos níveis six-sigma nas cartas de controlo, são descritos pela figura 10.

Conhecidas as distribuições mais utilizadas, é possível agora analisar melhor a

capacidade do processo produtivo, sabendo que esta capacidade se refere à uniformização

do processo, é possível pensar na variabilidade de duas formas:

1. A variabilidade natural, ou intrínseca, de uma característica crítica da qualidade

num determinado tempo, denominada a variabilidade “instantânea”;

2. A variabilidade em uma caraterística crítica da qualidade ao longo do tempo.

Esta análise da capacidade do processo produtivo mede parâmetros funcionais do

produto, não do processo de fabrico, isto é, ao retirar conclusões desta capacidade do

processo, baseados numa amostra de produção, nada se conclui acerca do comportamento

do processo, sendo importante inicialmente, o processo se encontrar sob controlo

estatístico. Só mantendo o controlo, monitorizando e supervisionando regularmente a

retirada dos dados, sabendo em que sequência temporal é que estes se inserem, é possível

retirar conclusões significativas sobre a estabilidade do processo produtivo ao longo do

tempo.

No entanto, podemos utilizar a análise da capacidade do processo para uma melhoria

contínua, utilizando os dados obtidos para (Montgomery, 2017):

1. Prever o quanto é que o processo suporta as tolerâncias estabelecidas, no

cálculo para os limites de controlo;

2. Suportar os designers ou desenvolvedores de produto a selecionar ou alterar

partes do processo produtivo;

3. Especificar os requisitos de execução do novo equipamento;

4. Selecionar novos fornecedores;

5. Planear a sequência dos processos de produção tendo um efeito iterativo nas

tolerâncias do processo;

6. Reduzir a variabilidade do processo.

2.6.1. Índices de capacidade do processo

Conhecidas as causas e a finalidade dos índices de capacidade da análise do

processo, podemos concluir, suportando-se na teoria que a fórmula para o cálculo deste

índice é:

𝐶𝑝 =𝐿𝑆𝐸 − 𝐿𝐼𝐸

6𝜎

Onde as siglas de 𝐿𝑆𝐸 e 𝐿𝐼𝐸, significam: o limite superior de especificação e o limite

inferior de especificação.

Outra designação de índice de capacidade pode ser descrita pela seguinte fórmula,

(Kane, 1986), onde o numerador da equação apresentada é as diferentes maneiras de

representar a propagação permitida do processo, fazendo aqui parte os níveis de tolerância,

e no denominador a propagação real do processo, sendo também referida como a tolerância

natural.

Page 37: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

27

𝐶𝑝 =𝑑𝑒𝑠𝑒𝑛𝑣𝑜𝑙𝑣𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑚𝑖𝑡𝑖𝑑𝑜 𝑑𝑜 𝑝𝑟𝑜𝑐𝑒𝑠𝑠𝑜

𝑑𝑒𝑠𝑒𝑛𝑣𝑜𝑙𝑣𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑟𝑒𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑝𝑟𝑜𝑐𝑒𝑠𝑠𝑜

Um índice de capacidade de 1.0 indica que o processo é “capaz”, todavia é importante

questionar se um estudo de capacidade a curto prazo tem valor na previsão da eficácia de

produção a longo prazo, desconhecendo o estado de controlo do processo a longo prazo.

Assumindo que um processo está fora de controlo, assume-se que terá maior variabilidade

produtiva que um processo sob controlo. Neste caso, um estudo de capacidade a curto

prazo fornece a área problemática, reduzindo a variabilidade nessa área, no entanto não

tem em conta novas ferramentas introduzidas no processo, operadores altamente

qualificados ou matéria-prima já pré-preparada. Sendo assim, é importante a constante

realização deste estudo para melhor identificar as zonas de atuação de melhoria contínua.

Assumimos que ao calcular este índice de capacidade que o processo tem um limite de

especificação superior e inferior na variável crítica da qualidade. Contudo, nem sempre é o

caso, sendo necessário estudar o processo tendo em conta uma especificação unilateral.

Os limites de especificação unilaterais superiores e inferiores podem ser definidos pelas

seguintes equações:

𝐶𝑝𝑠 =𝐿𝑆𝐸 − 𝜇

3𝜎 (𝐿𝑖𝑚𝑖𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎çã𝑜 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟)

𝐶𝑝𝑖 =𝜇 − 𝐿𝐼𝐸

3𝜎 (𝐿𝑖𝑚𝑖𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎çã𝑜 𝑖𝑛𝑓𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟)

É importante ter como premissas os seguintes pontos:

A característica crítica da qualidade do produto pertence a uma distribuição

normal;

O estudo da capacidade do processo é utilizado para medir parâmetros ou

características críticas da qualidade do produto, não o processo;

No caso de uma especificação de dois lados, a média está centrada entre o

limite inferior e superior de especificação.

Estas premissas servem para que o estudo da análise da capacidade do processo seja

mais preciso e exato, visto que, se o processo não tiver sob controlo, as tolerâncias

estabelecidas são instáveis. Sendo assim, quaisquer perspetivas de melhoria do processo

são completamente perdidas e as conclusões retiradas dos mapas de controlo podem estar

inflacionadas em erro.

Ao utilizar os mapas de controlo de Shewhart para estimar a capacidade do processo,

temos que estimar um desvio padrão para as amostras consideradas. Como observado nos

capítulos acima, 𝑑2 = 1.128 e obtemos os alcances pela expressão:

𝑀𝑅𝑖 = |𝑥𝑖 − 𝑥𝑖−1|

De seguida obtém-se os alcances para todos os resultados podendo-se calcular a

média dos alcances móveis, através da expressão 𝑀𝑅 =𝑀𝑅1+𝑀𝑅2+⋯+𝑀𝑅𝑚

𝑚, sendo que o

Page 38: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

28

nosso desvio padrão para o cálculo da capacidade do processo é calculado pela

expressão,(Rigdon et al., 1994):

�� =𝑀𝑅

𝑑2

É este o desvio padrão utilizado para estimar os índices de capacidade do processo

com as cartas de controlo de Shewhart, ficando as fórmulas acima descritas:

𝐶�� =𝐿𝑆𝐸 − 𝐿𝐼𝐸

6��

𝐶𝑝�� =𝐿𝑆𝐸 − 𝜇

3�� (𝐿𝑖𝑚𝑖𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎çã𝑜 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟)

𝐶𝑝�� =𝜇 − 𝐿𝐼𝐸

3�� (𝐿𝑖𝑚𝑖𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎çã𝑜 𝑖𝑛𝑓𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟)

𝐶𝑝𝑘 = 𝑀𝑖𝑛(𝐶𝑝��; 𝐶𝑝��)

Com este cálculo do índice de capacidade, é possível estimar a percentagem de uso

dos limites de especificação, pela fórmula:

𝑃 = (1

��𝑝) 100%

Assim sendo, consegue-se determinar o comportamento do processo com o índice de

capacidade calculado, segundo (Montgomery, 2017):

Em que entendemos por:

“LSL” = limite inferior de especificação;

“LNTL” = limite de tolerância natural inferior;

“UNTL” = limite de tolerância natural superior;

“USL” = limite superior de especificação.

Caso um 𝐶𝑝 seja maior que um, como o observado na figura 11, significa que o processo

usa menos de 100% da tolerância natural do processo, consequentemente produzindo

menos unidades com não conformidades. Caso um 𝐶𝑝 seja igual a um, significa que o

processo usa toda a tolerância natural do processo, como observado na figura 11 (b).

Finalmente, caso um 𝐶𝑝 seja inferior a um, significa que o processo usa mais de 100% da

tolerância natural do processo. Neste caso, o processo é bastante sensível aos níveis de

produção, produzindo um maior número de unidades não conformes.

O 𝐶𝑝 mede a capacidade potencial do processo, enquanto o 𝐶𝑝𝑘 mede a capacidade

real.

Figura 11 - Demonstração do comportamento dos índices de capacidade.

Page 39: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

29

2.6.2. Análise dos índices de capacidade utilizando um mapa de controlo

A análise dos índices de capacidade resume o desempenho do processo, no entanto,

conforme observado não assegura o controlo estatístico do mesmo, ou nem revela os

padrões sistemáticos na saída do processo que, se eliminados, reduzem a variabilidade na

característica crítica escolhida. Os mapas de controlo ajudam neste passo citando

(Montgomery, 2017), “Three primary techniques are used in process capability analysis:

histograms or probability plots, control charts and designed experiments.”

Ambos os mapas de controlo de variáveis ou de atributos podem ser utilizados para

medir a análise do índice de capacidade. Os gráficos da média e do alcance móvel dão mais

informações em tempo real quando comparados aos mapas de controlo de atributos, visto

que estes permitem calcular instantaneamente a variabilidade e medem todos os produtos

provenientes do fabrico.

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31

3. Caso de Estudo

3.1. Apresentação e contextualização da empresa

Ao inicializar o meu estágio curricular no Grupo Bimbo de Albergaria, além de ser bem

recebido por todos, entendi o porquê do propósito da empresa ser o de “construir uma

empresa sustentável, altamente produtiva e profundamente humana.”. Visto que, o respeito

governa em todos os postos de trabalho, a ninguém é recusada a palavra ou ideia, desde

que consiga expor o seu pensamento. Numa empresa de tamanha dimensão, existir igual

compreensão humana, desde a pessoa que amassa a massa, ao que embala o pão, no

Grupo Bimbo todos têm o direito de expressar a sua opinião. A chefia procura ativamente o

diálogo e em inúmeras ocasiões são estes os primeiro a manifestar preocupação sobre o

estado mental e psicológico do colaborador. São estes os primeiros a explicar, descrever e

lecionar os problemas e a segurança recorrente numa produção de panificação.

Fundado em 1943 no México pelo senhor Lorenzo Servitje Sendra, “O Grupo Bimbo”,

nos dias de hoje, é uma empresa de panificação classificada líder mundial, com 197 plantas

e 1700 centros de distribuição espalhados por todo mundo, operando em mais de 33 países,

com uma capacidade de produzir 13000 produtos diferentes. Começando a sua atividade,

pós segunda guerra mundial, apenas com 4 tipos de pão e 5 veículos e 40 empregados,

vinga-se no mercado mexicano com os seus alimentos, daqui a empresa demonstra a sua

visão perante a responsabilidade social suportando e abrindo uma escola para crianças, em

1954 sendo que, em 55, dez anos após a sua inicialização o grupo encontrava-se com 700

empregados e 140 veículos.

Ao Grupo Bimbo demoraria mais 20 anos, desde a sua criação, até que chegasse à

Europa, contudo em março de 1964 é criada a mesma empresa em Espanha, mais

especificamente em Barcelona, com filosofias e valores iguais, chamada Bimbo Ibéria,

lançando o seu primeiro pão de forma a 21 de fevereiro de 1965 na fábrica de Granollers.

No entanto, em 1971 o Grupo Bimbo vende metade do seu negócio à Campbell Taggart.

Inc, sendo esta uma empresa rival também de confeitaria, afiliada nos Estados Unidos.

Porém, em 1982 a Campbell Taggart, é adquirida pela Anheuser-Busch Companies Inc,

sendo esta, nos dias de hoje, a maior empresa de produção de cervejas do mundo. Contudo

isto não impediu do Grupo Bimbo continuar a trabalhar no seu objetivo e por volta de 1979,

a Bimbo da altura era constituída por 3 empresas, 12 fábricas e por volta de 15000

colaboradores e em 1986, o Grupo Bimbo é criado como uma identidade única industrial.

Com tudo isto o Grupo Bimbo é classificado como uma panificadora mundial,

mantendo-se ativo por todo o mundo, em 33 países, produzindo mais de 13000 produtos e

com mais de 100 marcas dando um total de produção de 49 mil embalagens por dia,

ultrapassando várias crises mundiais, vincando-se no mundo da alimentação graças aos

seus valores e princípios incutidos em todos os seus colaboradores desde o início da sua

experiência. Valores tais como, dar crescimento e valor acrescentado a cada um dos seus

colaboradores, funcionar como uma comunidade solida e junta, competir com os seus

concorrentes para ser líder de mercado, ter uma mentalidade para ultrapassar desafios e

prevalecer no tempo com os mesmos ideais, transcendentes até aos próprios líderes da

empresa, ser sustentável consigo e com o planeta, providenciando fácil acesso a produtos

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32

alimentares sem destruir ou danificar o meio ambiente. Segregando-se das outras empresas

com as suas políticas e marcas, o Grupo Bimbo é líder no mercado da panificação, o seu

próprio lema descreve o reconhecimento obtido pelo mundo com o passar dos anos, sendo

este “Alimentamos um mundo melhor.”.

Desde o início da sua criação até ao ponto em que se encontra, o Grupo Bimbo, teve

sempre a uma missão/objetivo, tornar simples e barato o acesso a um pão delicioso e

nutritivo. Combinando com o seu propósito de criar uma empresa sustentável, bastante

produtiva, com fortes ligações humanas e fiabilidade com os seus clientes, começando pela

sua imagem de venda, o Urso Osito da Bimbo, que facilita a interação dos seus produtos e

anúncios com as crianças. Com estes valores a empresa prevalece, ultrapassando crises

económicas e de saúde, assentando-se na sua filosofia e a dos seus colaboradores nestes

três propósitos acima descritos, sendo reconhecida no México, em 2019, como a empresa

com melhor reputação na área alimentar e em 2020, foi premiada, pelo sexto ano

consecutivo, a primeira posição de responsabilidade e governo das sociedades da Merco

que, dito por outras palavras, um “Monitor Empresarial de Reputação Coperativa”, é uma

empresa de classificação de reputação comercial.

Sendo a maior empresa de panificação, a distribuição dos seus produtos é uma

constante preocupação para o departamento de logística do Grupo Bimbo, tendo para isso

1700 pontos de distribuição, com mais de 57000 fluxos/rotas de pedidos de produtos sendo

vendidos por mais de 2.9 milhões de pontos de venda por todo o mundo.

Figura 12 - Fábrica Bimbo de Albergaria-a-Velha.

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Como referido, este trabalho foi realizado no Grupo Bimbo Ibéria e a marca possui, em

Portugal, uma fábrica de pão e uma fábrica de bolaria, a de pão localizada em Albergaria-a-

Velha e a de bolaria em Algueirão Mem-Martins. Além disto, o Grupo Bimbo Ibéria possui

ao seu dispor 73 delegações de venda, sendo que 13 destas se encontram em Portugal,

cobrindo toda a Península Ibérica, as Ilhas Baleares e as Ilhas Canárias.

Figura 13 - Bimbo Ibérica.

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3.2. Organização da Empresa

O Grupo Bimbo (GB) é constituído por uma hierarquia empresarial, sendo que esta

pode ser descrita com o organograma abaixo apresentado:

Este projeto foi realizado com o chefe fabril em conjunto com a coordenadora da

qualidade, no laboratório da empresa.

3.3. Fluxograma do processo produtivo

Conhecida melhor a empresa que este relatório se insere, é possível explicar o

processo de fabrico. Para isto elaborou-se um fluxograma para os produtos e um mapa fabril

para melhor entender os fluxos internos, embora estes diagramas apresentados tentem

representar a realidade do processo industrial, não são estes os utilizados pela empresa.

Esses não são aqui expostos porque são informação confidencial interna da organização.

Explicando os passos do fluxograma abaixo apresentado:

1. Receção das matérias-primas

As matérias-primas, como as farinhas, as sementes e/ou as embalagens, dão entrada

no armazém e algumas são reservadas em silos, outras em micro silos.

Quando necessário, as matérias-primas armazenadas em silos vão diretamente para a

amassadeira dependendo do tipo de pão de forma a ser produzido, nas quantidades já

programadas no sistema.

2. Avaliação e pesagens das matérias-primas

Figura 14 - Organograma empresarial.

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35

Algumas das matérias-primas são pesadas manualmente, outras estão guardadas em

silos e micro silos, dependendo das referências em produção estas são puxadas para um

recipiente, cujo é uma balança de ingredientes controlado por um computador onde são

especificadas as quantidades de cada ingrediente, no entanto, antes de qualquer

armazenamento ou pesagem a matéria-prima é creditada pelo laboratório, sendo retiradas

amostras para uma posterior análise.

3. Amassadura

A amassadeira é a máquina onde se junta todos os ingredientes, os ingredientes em

silos são controlados por um computador e são puxados para dentro da amassadeira, os

outros são adicionados manualmente.

Todos os ingredientes são misturados com água da rede e envolvidos durante 5

minutos formando uma bola de massa de pão.

Os pães de forma a serem produzidos são previamente decididos no início de cada

semana, consoante o número de encomendas. No sistema estão programadas referências

para cada formulação de pão de forma a ser produzido.

4. Divisão

A massa sai da amassadeira numa única bola, nesta etapa esta é dividida em bolas

mais pequenas, dependendo do tipo de pão de forma a produzir os pesos de cada bola vão

variar. Todas as bolas de pão são pesadas no início do processo. Estas bolas vão no tapete

rolante até à modeladora.

5. Modeladora

Para dar mais resistência e força à massa, esta entra na laminadora, cuja função é

esticar e prensar a bola. De seguida, o disco de massa é alargado pela modeladora e é

adicionado farinha ao mesmo tempo que esta entra na modeladora, como dito para dar mais

resistência à massa. Com a ajuda de dois tapetes rolantes, estes apertam o disco entre eles

até a massa ficar no formato de um rolo.

6. Depositar nas formas

As formas estão num tapete rolante que passa por baixo da modeladora, controlado por

um robô de moldes, logo que a massa dos pães passa na modeladora cai diretamente

dentro da forma.

7. Fermentação

Os pães vão para a camara da fermentação, esta é uma das etapas mais importantes

no processo de fabrico do pão. As leveduras presentes na massa vão fazer com que o pão

cresça. Estas leveduras “alimentam-se” do açúcar e como resultado ocorre libertação de

álcool e dióxido de carbono, este tipo de fermentação é conhecido como fermentação

alcoólica.

O dióxido de carbono faz com que a massa do pão cresça e contribui para a formação

de alvéolos no seu interior, o álcool formado na fermentação é eliminado na cozedura e os

compostos orgânicos dão o sabor e o aroma às massas do pão.

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A câmara de fermentação funciona como um elevador na horizontal, onde são inseridas

8 a 9 formas de pães em cada patamar, dando assim uma volta à camara de fermentação

durante aproximadamente 1 hora, a uma temperatura controlada de cerca de 40ºC.

8. Cozimento

Após o fim da fermentação, os moldes estão prontos para ir ao forno da cozedura

durante cerca de 30 minutos, a uma temperatura de aproximadamente 220ºC. Este forno da

cozedura composto por quatro zonas de cozimento, tem o mesmo sistema que a camara de

fermentação, sendo que neste caso o forno é muito mais comprido, levando várias séries

de moldes.

Caso a formulação do pão de forma a ser produzido leve sementes como topping, estas

são acrescentadas por uma máquina que tem sensores. Sempre que a máquina deteta uma

forma, adiciona automaticamente as diferentes sementes antes do molde de pão entrar no

forno da cozedura.

9. Desenformar

De seguida vem a cozedura do pão, as formas vão por um tapete rolante, é-lhes injetado

ar por cima para separar os pães das formas. Existe outro tapete rolante com pegas por

cima das formas onde são retirados os pães podendo seguir para o arrefecimento. Estes

processos ocorrem em simultâneo.

10. Arrefecedor

O pão vai pelo tapete rolante até à sala de arrefecimento, onde é escolhido tendo em

conta o tipo de pão (com ou sem côdea), percorre o tapete rolante à volta da sala durante

50 minutos. Após este tempo, o pão diminui a sua temperatura de forma gradual, estando

assim à temperatura ambiente para poder seguir para o detetor de metais.

11. Detetor de metais

Antes de passar no detetor de metais existe um controlo de qualidade visual feito por

um trabalhador, que verifica se os pães de forma então dentro das conformidades visuais,

como por exemplo, se não apresenta queimaduras ou buracos, de acordo com os

regulamentos da qualidade impostos pela empresa. Após este controlo, o pão de forma

pode seguir para o detetor de metais.

12. Fatiamento

Posteriormente, o pão passa no detetor de metais e é fatiado por serras. Contudo há

pães de forma com diferentes tipos de largura das fatias, sendo que existem 4 linhas para

fatiar e embalar o pão.

13. Embalamento

O embalamento é feito logo após o pão estar fatiado, sendo feito por uma máquina que

coloca o produto nas sacas de plástico.

14. Pesagem

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O pão é pesado pela segunda vez, sendo que este peso é menor que o inicial, visto que

como a massa foi fermentada e cozida houve uma evaporação gradual da água presente na

massa. É nesta fase do processo que obtemos os dados relativos à produção.

Se o peso do pão não se encontrar sob as especificações dos limites do controlo de

qualidade do peso, a máquina expulsa o produto, porque não está dentro dos parâmetros

pretendidos.

15. Expedição

As embalagens são etiquetadas e colocadas em tinas de 4 a 5 pães de forma,

dependendo do produto a ser produzido. As tinas são colocadas em paletes e há uma

máquina que as plastifica, é colocado um rótulo com o lote e todas as especificações e

assim estão prontas para poderem seguir para os pontos de venda.

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Esta descrição do processo produtivo, não descreve em totalidade os pães com

toppings nem os produtos sem côdea ou com côdea branca, visto que, não são os produtos

representados neste caso de estudo.

Figura 15 - Fluxograma do processo industrial.

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3.4. Mapa Industrial e fluxos de produção

O início do processo produtivo realiza-se na receção da matéria-prima, onde antes de

ser armazenada em silos esta é colocada “à prova” sob regulamentos estritos e bem

definidos para existir um controlo de qualidade. Seguidamente, esta matéria-prima é

transferida para as áreas [1;6;7], dependendo do tipo de referência em produção esta é

puxada para um recipiente, que é uma balança de produtos controlada por um computador,

onde é especificado cada grama dos ingredientes, por referência de produção. Mas isto é

apenas o começo, posteriormente ao peso dos ingredientes, estes são transferidos por

força da gravidade para uma amassadeira, que também é controlada por um computador.

Aqui acontece a mistura dos produtos que, juntamente com a água da rede e produtos

pesados manualmente, no armazém devido às sensibilidades da balança, obtém-se a nossa

massa inicial. É aqui que se transforma a matéria-prima num produto inicial. Este produto, a

massa grande, é dividida por uma junção de dois cilindros em “massas pequenas”, numa

máquina chamada a divisora, em seguida é transportada por um tapete rolante para a

boleadora, um cone com o bico virado para cima, que rodando no sentido dos ponteiros do

relógio, transforma as “massas pequenas” em bolas bem redondas e formadas.

Finalmente depois da transformação da massa em bolas, observa-se o nosso primeiro

sensor de peso, onde este mede o peso por bola, sendo este registado num computador

para posterior análise. Aqui é o ponto de início do controlo estatístico da linha produtiva,

representado com um círculo e uma cruz a vermelho na ilustração. É aqui também, que

começa a existir um controlo visual por parte dos operadores sob o nosso produto.

Contudo, o nosso produto continua inacabado, sendo necessário dar força e resistência

à nossa bola, com isto em mente, com a ajuda de um tapete rolante este cai para uma

laminadora, uma máquina cuja função é esticar e prensar a bola de massa dando-lhe

atributos necessários para o vincar no mercado e o destacar dos concorrentes. De seguida

esta circunferência de massa é enrolada por uma modeladora, com a ajuda de dois tapetes

rolantes modificados para trabalhar com cuidado a massa, prensando um com o outro até a

massa esticada ser transformada em um “rolo”.

Com o que foi descrito em cima, é conhecido que se consegue obter um rolo que, com

a levedura, matura e cresce. No entanto, é necessário um recipiente para tal transformação

acontecer, visto que existe a possibilidade da massa começar a fermentar quando esta na

divisora, caso o processo se atrase. Sabendo a necessidade deste recipiente, o GB

implementou um robô de moldes, que funciona como uma grua de um porto para os

contentores do navio. Um computador, dependendo do tipo de referência, coloca o molde

certo num tapete rolante, sendo este diferente do tapete da massa e estando descritos com

linhas a tracejado na figura. Não obstante de serem linhas diferentes, estas juntam-se, vindo

a do “rolo” por cima da dos moldes e assim cai o “rolo” ou camote para cada série dos

moldes. Com isto, temos o nosso camote bem acomodado em cada série de moldes e

começa então o percurso para a obtenção de um pão de forma.

Todavia, falta fermentar a massa para esta crescer e se tornar mais fofa. Para este efeito

o tapete transfere o conjunto de moldes para uma câmara de fermentação demorando uma

hora à temperatura de 40ºC até o produto completamente fermentar. É possível imaginar

Page 50: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

40

esta câmara de fermentação como um elevador na horizontal. Em cada “cabine de pessoas”

são colocados 8 a 9 moldes que são transportados durante essa hora por “andar a andar”

na horizontal até estarem fermentados. De seguida, saindo na mesma linha ou tapete

rolante, onde foi colocado, é possível ou não aplicar um topping. Este processo não está

ilustrado, porque não é o foco do estudo.

Sendo concluída a fermentação, após uma rápida observação, por parte dos

operadores do forno à qualidade da massa, é possível cozer o produto, num forno de

cozedura que chega aos 220ºC em média e demora mais ou menos 30 minutos por linha de

moldes a cozer. Este forno de cozedura utiliza o mesmo processo de “elevador horizontal”

da câmara de fermentação, tratando-se de um forno maior tanto em comprimento como em

largura.

Estando o nosso produto cozido, é possível o descompactar por meio de pegas de cada

pão, com um tapete rolante improvisado para essa função. Com isto temos o pão preparado

para um arrefecimento gradual, que pode ser regular ou em espiral, diferenciando-se no

tempo de arrefecimento dependendo se o produto é para ter ou não côdea. Seguidamente

ao seu arrefecimento, o pão de forma é colocado sob um processo de seleção visual, com

um operador a escolher os pães com deformidades e em desconformidades, como por

exemplo, queimaduras, partes partidas ou buracos, de acordo aos regulamentos da

qualidade imposta pela empresa.

Por conseguinte à seleção realizada, existe um detetor de metais, sendo o pão um

produto alimentar, não pode ter qualquer tipo de metal que possa ter caído em qualquer uma

das fases de cima. Nisto, a linha divide-se em duas para dar capacidade à quantidade de

pão produzida que, de seguida, com outra seleção e acomodação do pão, este é fatiado por

serras, podendo-se aumentar ou diminuir a distancia destas, obtendo-se várias fatias

dependendo da referência de pão em produção. Posteriormente a este fatiamento, prepara-

se o produto para ser entregue ao consumidor, nas melhores condições e higienização

possível, por isso vem a fase o embalamento ou ensacamento. Com a ajuda de uma

máquina o produto é colocado num saco e atado, estando pronto para a sua palatização.

É aqui, antes da palatização, que temos o nosso segundo sensor do peso, sendo o

peso do pão menor agora que no inicio, visto que além de fermentada a massa também está

cozida, correspondendo a uma diminuição gradual do peso com a evaporação da água da

massa, estando estes também marcados com um círculo vermelho e cruz na ilustração da

planta da fábrica em baixo.

Page 51: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

41

Como referido, a seguir ao embalamento vem a palatização, onde se coloca o produto

em tinas de 4 a 5 produtos, dependendo do tipo de produto produzido. Com várias tinas

Figura 16- Mapa fabril, piso 0.

Page 52: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

42

consegue-se empilhar e embalar vários lotes de tinas, com a ajuda de uma máquina para

embalar com plástico o lote. Com estes processos todos e o nosso produto embalado, é

possível finalmente colocá-lo num camião começando assim a expedição dos nossos

produtos via rodoviária.

3.5. Qualidade na Empresa

O Grupo Bimbo vinca pela qualidade dos seus produtos, sendo que a própria missão

da empresa é “Alimentos deliciosos e nutritivos nas mãos de todos.”. Por aqui consegue-se

entender que a qualidade dos produtos do Grupo Bimbo para o consumidor é superior em

comparação aos concorrentes no mercado, visto que, como descrito no fluxograma existem

vários pontos de observação por parte dos operadores, alta execução de panificação e

controladores programados com os limites de especificação para produto, de modo ao

processo não desviar das características críticas de produção.

Posteriormente, aos produtos serem produzidos a empresa realiza uma amostragem e

análise laboratorial, sob as normas regulamentadas pela união europeia para o

empacotamento e embalamento de bens de consumo. Respeitando também as normas

para produtos marcados com a certificação europeia, ”CE”, o Grupo Bimbo segue as normas

de catalogação de embalagens, teste, análise e controlo de amostras e de medição por

parte dos sistemas de controlo industrial da colaboração europeia de metodologias legais

(WELMEC, 2015). Não obstante a esta creditação, a empresa segue também as normais

instruídas pela HACCP (Hazard Analysis and Critical Control Point), para a análise de

perigos e controlo de pontos críticos, sendo também uma metodologia legal preventiva, com

o objetivo de evitar potenciais riscos de segurança alimentar, eliminando ou reduzindo os

mesmos.

3.6. Os Produtos do Grupo Bimbo

A empresa é famosa pela sua produção de bolaria e de pão de forma, muitas das vezes

não associada à produção de bolos. Existem vários produtos do Grupo Bimbo, no entanto,

este relatório não enumera todos os existentes no mercado.

1. Pão de sanduíche com côdea.

Figura 17 - Pão de sanduíche com côdea.

Page 53: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

43

2. Pão de sanduíche sem côdea.

3. Pão especial torrada com côdea.

4. Fatia estilo ARTESANO.

Figura 18 - Pão de sanduíche sem côdea.

Figura 19 - Pão especial torrada com côdea.

Figura 20 - Artesano.

Page 54: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

44

5. Bimbo 10 cereais com côdea.

6. Oroweat 12 cereais e sementes.

Como referido estes são alguns dos produtos da empresa, não estão os produtos todos

introduzidos aqui, como por exemplo, os bolos produzidos, visto que, não é esse o nosso

produto de estudo, nem é produzido no mesmo local de fabrico dos acima representados.

3.7. Problema apresentado, característica da qualidade escolhida

Como referido o estudo da variabilidade da produção é importante para entender se o

processo que estamos a analisar e a trabalhar é ou não capaz de fabricar os produtos

adequadamente, segundo a característica escolhida para o estudo. Na fábrica de

Albergaria-a-Velha do Grupo Bimbo já existe um software para o tratamento dos dados de

produção, onde a característica escolhida é o peso de cada produto, visto que, é este que

pode variar consoante a temperatura do forno, ou a receita do fabrico do pão. Este peso é

considerado uma variável crítica de produção, por causa da questão legal em torno do peso

dos produtos. O Grupo Bimbo não pode comercializar produtos abaixo ou acima do peso

descrito nas embalagens, caso o realize poderá ser aplicável coimas ou reclamações por

parte dos seus consumidores.

Figura 21 - Bimbo 10 cereais com côdea.

Figura 22 - Orowear 12 cereais e sementes.

Page 55: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

45

O peso do pão é importante para realizar quaisquer estudos de desperdícios ou de

maior rendimento de cada massa obtida na amassadeira, como descrito acima cada massa

demora 5 minutos a ser produzida, no entanto, as balanças medem cada bola de massa

repartida da divisora, caso o processo se encontre capaz, isto é, dentro dos limites de

especificação naturais, é de acreditar que este é capaz de produzir cada bola de massa

segundo o peso pretendido. Seguindo a mesma linha de pensamento, caso o processo não

se encontre capaz, sabe-se que este não consegue produzir cada bola de massa no peso

pretendido, obtendo assim desperdícios de produção, baixando o rendimento e a eficácia

da amassadeira.

Perante isto, foi proposto o tratamento dos dados produtivos em excel, para que todos

os colaboradores e chefias consigam observar e mais facilmente entender as variâncias de

cada dia de produção. Trabalhando numa ferramenta já conhecida por toda a empresa,

permitindo assim explicar o porquê da necessidade de controlar bem o processo produtivo,

demonstrando os mapas de controlo e índices de capacidade, caso seja necessário para a

compreensão da importância deste estudo.

Situando a importância deste estudo no processo DMAIC, na parte da análise e do

controlo dos dados de produção obtidos, utiliza-se os mapas de controlo e o cálculo dos

índices de capacidade para observar as variações do peso, se o processo se encontra sob

controlo e se este é ou não capaz de produzir sob as especificações do mesmo. O produto

escolhido foi o “pão especial torrada com côdea”, ilustrado nas figuras acima, visto que tem

o maior peso.

3.8. Recolha dos Dados

Analisado o processo industrial e escolhida a característica da qualidade, mais fulcral

ao produto escolhido, é necessário recolher os dados produtivos. Para isto, foi utilizado o

software fabril da verificação e controlo dos produtos, estando este ligado às balanças

existentes, explicadas no fluxo de produção.

Na questão do número de amostras, como os mapas de controlo escolhidos são os de

Shewhart para valores individuais, considera-se todos os dados produtivos obtidos nas

balanças, de cada dia deste produto, retirando uma folha de excel destes dados do software

do laboratório. É possível observar o código do produto na tabela abaixo apresentada, assim

como, a sua localização na linha.

93 SW 700G FATIA EXTRA GROSSA 14F Fim de linha Embalagem

Tabela 2 - Código do produto escolhido.

Page 56: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

46

Page 57: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

47

4. Análise de dados e aplicações

Neste capítulo vão ser aplicadas as metodologias abordadas no capítulo 2, tendo como

base a descrição da empresa, Grupo Bimbo, no capítulo 3.

É importante realçar que devido há automação existente na empresa, as cartas

utilizadas são as Shewhart para valores individuais, visto que, consegue-se medir todas as

amostras existentes da produção.

4.1. Análise dos Dados

4.1.1. Metodologia de Aplicação

Com base nos conceitos teóricos descritos no capítulo 2, foi realizado um programa no

excel com a linguagem de programação, visual basic for applications (vba), onde este é

composto por três botões para facilitar o uso dos utilizadores, uma maior descrição do uso

desta ferramenta encontra-se no manual de apoio nos anexos. É possível resumir a

aplicação deste:

Obtenção e análise dos dados produtivos obtidos do software fabril;

Construção das cartas de controlo de Shewhart para valores individuais;

Cálculo dos índices de capacidade.

Como referido, parte-se do princípio, que o processo se encontra sob controlo, no

entanto, após a construção dos mapas de controlo, pode-se verificar se esta premissa está

ou não correta. Este programa desenvolvido não substitui o existente na fábrica, nem é esse

o seu propósito, apenas serve para uma observação e análise mais facilitada, com uma

ferramenta mais usual de trabalho pelos colaboradores e, em consequência, permite uma

comunicação mais abrangente ao nível hierárquico da fábrica.

É possível interpretar este processo de criação dos mapas de controlo, como uma fase

inicial ao estudo estatístico do controlo dos processos, sendo que, cada amostra

corresponde a uma unidade individual, utiliza-se este método de análise, dado que, o

método de inspeção e medição na empresa em questão é totalmente automatizado

(Montgomery, 2017).

Uma segunda fase é a interpretação e a deteção de variações na variabilidade do

processo, onde procura-se causas especiais de variação. Isto é possível observando pontos

fora dos limites de especificação, ou “picos”, nos gráficos de controlo das médias e nos dos

alcances móveis. Identificando assim padrões da ocorrência destes “picos”.

No entanto, é importante referir que é necessário um cuidado acrescido na

interpretação dos padrões dos alcances móveis, visto que, os alcances móveis estão

correlacionados, sendo que esta correlação induz padrões ou ciclos nos gráficos dos

alcances móveis. Assume-se que os valores individuais no gráfico das médias não são

correlacionados, que qualquer padrão existente neste gráfico deve ser analisado.

4.1.2. Creditação do programa desenvolvido

Para dar credibilidade ao programa desenvolvido recorre-se ao minitab, utilizando os

gráficos de controlo de variáveis para valores individuais, realizando uma creditação por um

programa reconhecido pelo seu uso em análises estatísticas. Obtendo também uma

Page 58: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

48

validação por parte do cálculo dos índices de capacidade, com este programa, utilizou-se

uma análise de capacidade para valores normais, com os mesmos dados do excel.

No próximo capítulo são descritos alguns exemplos de aplicação para observar esta

creditação.

4.2. Exemplos de aplicação

Neste capítulo, estão descritos alguns dias de produção, com a análise tanto do excel

como do minitab.

4.2.1. Construção dos mapas de controlo

Obtidas as folhas de excel, neste exemplo do dia 19 do mês 10, no final de linha,

“alimentando” o programa é possível observar o gráfico das médias:

Figura 23- Gráfico das médias dia 19 do 10.

Page 59: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

49

E observando agora o gráfico dos alcances móveis:

5771519446174040346328862309173211555781

0,8

0,6

0,4

0,2

Observation

Ind

ivid

ua

l Va

lue

_X=0,7193UCL=0,7295

LCL=0,7091

5771519446174040346328862309173211555781

0,60

0,45

0,30

0,15

0,00

Observation

Mo

vin

g R

an

ge

__

MR=0,0038

UCL=0,0125

LCL=0

111111111

1111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111

1

111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111

1

11111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111

1

11111111111111111111111

1

1111

1

11111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111

111111111111111

11111111111111111111111111111

1

111

1

111111111111111111

11111111111111111111111111111

1

111111111111111111

1

11111111111111111111111

111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111

1

111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111

1

1111111111

11

1

11111111111111111

1

111

1

11111111111111

111111111111111111111111111111

1111111111111111111111111111111111111111111

111111

11

1111111111111

1

11

1111111111111111

11

11111111111

11

111111

I-MR Chart of C2

Figura 24- Gráfico dos alcances-móveis dia 19 do 10.

Figura 25 - Gráficos da média e dos alcances móveis do minitab.

Page 60: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

50

Consegue-se observar vários pontos fora dos limites de especificação concluindo, à

partida, que o processo se encontra fora de controlo. Contudo comparando com os dados

obtidos no minitab observados na figura 25, é possível retirar conclusões mais específicas.

É possível observar várias amostras fora dos limites de especificação, no entanto, os

limites de especificação tanto do minitab, como do excel criado são iguais, com isto credita-

se a programação, visto que está de acordo com a do programa de creditação.

Realizando um teste do comprimento médio da análise (ARL) do gráfico de controlo,

obtém-se que das 5771 amostras retiradas 134 estão fora de controlo, correspondendo a

uma probabilidade de pontos fora de controlo de 2.3219%.

𝐴𝑅𝐿 =1

𝑝

Significando, que um sinal de uma ocorrência fora de controlo é gerado a cada 43

amostras em média. 𝐴𝑅𝐿 = 12.3219%⁄ = 43.067.

4.2.2. Cálculo dos índices de capacidade

Observando o exemplo dado, percebe-se que o processo se encontra fora de controlo,

é necessário saber se o processo industrial é ou não capaz de produzir para os limites de

especificação, sabendo assim se é crucial aplicar medidas corretivas ao processo.

O da capacidade do processo (𝐶𝑝), correspondendo aos cálculos do excel:

O índice de capacidade processo (𝐶𝑝𝑘), correspondendo aos cálculos do excel:

Figura 26 - Pontos fora de controlo (minitab).

Figura 27 - Cálculo da capacidade do processo (Cp).

Page 61: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

51

Observa-se que o processo encontra-se com um índice de capacidade igual a um

portanto este atua com os limites de tolerância naturais ao processo e é capaz.

Contudo, comparando os resultados obtidos no excel com os resultados obtidos no

minitab, calcula-se uma análise de capacidade, com os valores dos limites de especificação

obtidos e obtém-se o seguinte:

Introdução dos dados no minitab:

Resultados do cálculo dos índices de capacidade:

Figura 29 - Análise do índice de capacidade minitab.

Figura 28 - Cálculo do índice de capacidade do processo (Cpk).

Page 62: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

52

Observa-se que os índices de capacidade são iguais a 1, o que indica que o processo

é capaz de produzir sob os limites de especificação obtidos. No entanto, isto é só um

exemplo num mês de produção.

4.3. Mais exemplos de dias produção

Em baixo são apresentados outros dias de produção, inicia-se o mesmo proceso que

em o exemplo descrito em cima, primeiro cria-se os mapas de controlo e creditam-se com

o minitab. De seguida é calculado os índices de capacidade de cada dia produtivo e

retiram-se conclusões baseadas nos objetivos em cima propostos.

Dia 15 do 12 – construção dos mapas de controlo:

Figura 30 - Resultados da análise do índice de capacidade.

Page 63: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

53

Das médias.

Dos alcances móveis.

Figura 31 - Mapa controlo médias dia 15 do 12.

Figura 32 - Mapa controlo dos alcances móveis do dia 15 do 12.

Page 64: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

54

É possível observar-se vários “outliers” nos gráficos acima representados. Seguindo

as regras conclui-se que o processo não se encontra sob controlo, no entanto, temos que

realizar a creditação com o minitab.

Consegue-se observar que os limites de especificação são arredondadamente iguais

aos limites de especificação do excel. Pelas imagens poderia-se considerar que o

processo não está capaz neste dia, dados ao número elevado de “outliers”, porém ao

calcular-se o ARL, observamos que:

Das 10000 amostras retiradas, 154 destas encontram-se fora de controlo, obtendo-se

um 𝐴𝑅𝐿 = 11,54%⁄ = 64,935. Logo em média ocorre um sinal fora de controlo a cada 65

amostras.

Figura 33 - Creditação minitab dia 15 do 12.

Figura 34 - Pontos fora de controlo do dia 15 do 12. (minitab)

Page 65: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

55

Pode-se concluir que o dia 15 do 12 teve um ARL superior ao do dia 19 do 10. Ou

seja, o processo do dia 15 encontra-se em melhor controlo que o do dia 19, apesar de

ambos estarem fora de controlo.

Calcula-se agora o índice de capacidade.

O da capacidade do processo (𝐶𝑝), correspondendo aos cálculos do excel:

O índice de capacidade processo (𝐶𝑝𝑘), correspondendo aos cálculos do excel:

Observa-se que o dia 15 do 12 é capaz, contudo falta realizar o processo de creditação

pelo minitab.

Figura 35 – Cálculo da capacidade do processo (Cp).

Figura 36 - Cálculo do índice de capacidade do processo (Cpk).

Figura 37 - Introdução dos dados para o cálculo do índice de capacidade.

Page 66: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

56

Obtem-se a figura 38 como resultado desta introdução de dados, onde consegue-se

observar que o processo é efetivamente de capaz de produzir sob dos limites de

especificação indicados.

Figura 38 - Resultados da análise dos índices de capacidade (minitab).

Page 67: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

57

Com estes resultados é possível creditar o programa de microsoft excel realizado.

Pode-se aplicar o programa em outros dias produtivos, como por exemplo:

Dia 19 do 1 – construção dos mapas de controlo:

Das médias.

Figura 39 - Mapa controlo médias dia 19 do 01.

Page 68: CARLOS Uma ferramenta para análise e controlo estatístico ...

58

Dos alcances móveis.

É possível observar a existência de “outliers” neste dia 19, contudo, comparando com

os resultados acima apresentados pode-se aferir que o dia 19 tem menos pontos fora de

controlo que os últimos dias apresentados. Não obstante a esta conclusão especulativa,

analisa-se o dia agora com o programa de creditação para obter-se conclusões mais

definitivas.

Figura 40 - Mapa controlo dos alcances móveis do dia 19 do 01.

Figura 41 - Creditação minitab dia 19 do 01.

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59

Conclui-se que o processo não se encontra sob controlo, no entanto, observa-se que

os limites de especificação tanto dos gráficos de controlo das médias como dos alcances

móveis estão arredondamente iguais.

Examina-se na figura 42 que de 5097 amostras analisadas, 65 encontram-se fora dos

limites de especificação. Calcula-se um 𝐴𝑅𝐿 = 11,2752%⁄ = 78,415. Ou seja, pode-se

concluir que em média um ponto é observado fora de controlo a cada 78 amostras.

O dia 19 do 1 não está sob controlo estatistico, no entanto, tem um ARL superior aos

dias apresentados, contudo analisa-se agora os índices de capacidade.

O da capacidade do processo (𝐶𝑝), correspondendo aos cálculos do excel:

O índice de capacidade processo (𝐶𝑝𝑘), correspondendo aos cálculos do excel:

Figura 43 - Cálculo da capacidade do processo (Cp).

Figura 44 - Cálculo do índice de capacidade do processo (Cpk).

Figura 42 - Pontos fora de controlo do dia 19 do 01. (minitab)

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60

É possível observar que o processo no dia 19 do 01 é capaz com os cálculos do

microsoft excel, pode-se comprovar isso com a figura 46, onde se representa a creditação

com o minitab.

Figura 45 - Introdução dos dados para o cálculo do índice de capacidade.

Figura 46 - Resultados da análise dos índices de capacidade (minitab).

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61

Pode-se observar com a creditação do minitab que o processo é capaz, no entanto, a

existência de valores bastante afastados dos limites de controlo pode afetar o resultado e a

representação do programa.

Todos os resultados apresentados se encontram capazes, significando que o processo

encontra-se a um nível operacional aceitável.

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62

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63

5. Conclusões

Após a construção dos diversos mapas de controlo, pode-se reparar na existência de

diversos valores fora de controlo e apesar de se visualizar que todos os dias são capazes

de criar o produto sob os limites de especificação, com a realização da análise do índice de

capacidade, observa-se que o processo não se encontra sob controlo estatístico.

Pode-se concluir que a utilização dos mapas de controlo de Shewhart é bastante

importante para a primeira fase da implementação de um SCP, nesta fase é habitual o

processo estar fora de controlo e existirem causas especiais que resultam de grandes

alterações nas amostras monitoradas (Montgomery, 2017).

Conclui-se, com base na teoria, que a principal desvantagem da utilização dos mapas

de controlo de Shewhart é que só utiliza a informação da última amostra observada e ignora

qualquer informação da sequência de pontos traçada. Esta particularidade dos mapas de

controlo de Shewhart torna-os insensíveis a pequenas alterações das amostras

(Montgomery, 2017).

Para contrariar esta desvantagem, a utilização de gráficos de controlo da soma

acumulativa (CUSUM) e de gráficos de controlo da média móvel exponencial ponderada

(EWMA) juntamente com os de Shewhart é uma opção viável, visto que são mais eficazes

a detetar pequenas alterações nas amostras (Montgomery, 2017; Škulj, Vrabič, Butala, &

Sluga, 2013; Woodall, 2000).

Nos nossos exemplos de estudo, como observado no capítulo 2, é aconselhado dar

continuidade ao controlo e análise dos dados obtidos da produção, visto que, mesmo que

este não se encontre sob controlo estatístico, é capaz de produzir sob as especificações

impostas, em outras palavras, está a operar a um nível aceitável. A maior parte destas

variâncias são originadas por causas especiais ao processo, especula-se que sejam

provenientes de calibrações da balança, tendo em conta que nos exemplos apresentados

a maior parte dos dados fora de controlo encontram-se bastante distanciados dos nossos

limites de especificação, obteve-se um quase no dobro do limite superior. Sendo assim,

torna-se necessário dar continuidade ao processo de controlo estatístico e posteriormente

realizar uma nova análise.

É possível observar que o programa desenvolvido em Microsoft Excel apresenta

resultados iguais ao programa de validação, na construção dos mapas de controlo e no

cálculo dos índices de capacidade, possibilitando encontrar o problema e comunicá-lo mais

eficazmente por toda estrutura empresarial, cumprindo-se assim o objetivo proposto

inicialmente.

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64

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Anexos.

Anexo 1 – Fatores de construção dos gráficos de controlo de variáveis.

Manual de utilização Excel.

Manual de Utilização do Excel dos Índices de Capacidade

Porquê o manual? Com base no trabalho proposto pela empresa, em seguimento do relatório de estágio da

Universidade de Aveiro na fábrica de Albergaria-a-Velha do Grupo Bimbo, este manual tem como

propósito em esclarecer quais quer dúvidas existentes na utilização do excel elaborado para o

cálculo dos mapas de controlo e dos índices de capacidade.

É importante referir que este trabalho pode e deve ser um trabalho em expansão, visto que, o autor do trabalho não conseguiu otimizar o código de visual basic, que foi a linguagem utilizada para

o tratamento e análise dos dados no excel. O processo de tratamento e busca dos dados é um

processo demorado devido às condições de verificação do programa. Erros são de esperar e

acidentes ao nível da programação podem ser comuns na análise e no tratamento dos dados. Este

manual visa esclarecer os procedimentos e atuações possíveis nestes casos. Este manual aconselha a verificação, a posteriori, do tratamento dos dados no software utilizado pela empresa

“ActiveBrain”, para a creditação dos resultados obtidos por esta análise. Relembrando que esta

ferramenta é para ser utilizada para melhor compreensão e divulgação dos dados de produção, não

substitui o tratamento estatístico dos dados pelo software já implementado.

Este manual está dividido em 3 partes, descrevendo como realizar a utilização do excel,

possíveis erros que possam aparecer e alguns exemplos de resultados obtidos. Não está descrita a programação neste manual, caso seja necessário descrever os passos da linguagem utilizada

outro documento será criado para melhor explicar estes procedimentos, este visa explicar como

utilizar cada um dos botões, o que fazer caso erros apareçam e como detetar os tempos de tempos

de espera mais demorados, que podem ser resultado de pedaços de código menos otimizado na

programação.

Figura 47 - Fatores de construção dos gráficos de controlo de variáveis.

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Passos e botões de utilização. Ao iniciar o excel, apresentado ao utilizador uma janela de login onde têm que ser introduzidas

as credencias para garantir que apenas os utilizadores com autorização têm acesso ao programa.

As credenciais de login são:

Utilizador: bimbo2021

Palavra-passe: bimbo2021

Após esta verificação inicial do colaborador com a permissão para trabalhar no excel, vem o menu principal, é aqui que todo o processo de obtenção de dados e os tratar é realizado. Assim

como, a criação dos mapas de controlo e o cálculo dos índices de capacidade.

Figura 48 - Login Excel.

Figura 49 - Menu principal Excel.

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Buscar Dados e Análise. Neste menu, são encontrados 3 botões, sendo que o primeiro obtem os dados provenientes do

software da fábrica, “ActiveBrain”, sendo que é necessário saber como retirar estes dados por parte

do utilizador do excel. Clicando no primeiro botão, aparece uma caixa no ecrã para o utilizador

indicar qual o dia a analisar, como podemos observar na figura 50 representada em baixo.

Figura 50 - Busca dos dados, por balança.

Figura 51 – Busca dos dados, exemplo por dia.

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É aqui que selecionamos o dia a analisar, sendo que é possível escolher entre as balanças do

início e do final de linha. A figura 51 representa alguns dos dados retirados do software da fábrica. Posteriormente, ao processo de escolha do dia a analisar, é possível definir alguns parâmetros

para o excel começar a analisar os dados.

Na figura 52 escreve-se “1”, para copiar os dados abertos para a nossa nova folha de análise

dos dados. É importante escrever apenas “1” porque é esse o critério para o excel saber a folha

aberta e a ser copiada para o nosso livro.

Depois disto escreve-se o dia que se está a analisar, neste exemplo, é o “Dia 4 do 10”.

Dividindo as máquinas por linha de produção, é possível agora começar o processo de análise

dos dados. É importante referir que por causa das verificações implementadas e da distinção das

duas máquinas, este processo pode gastar algum tempo, podendo demorar cerca de 5 minutos, em

consequência do número de dados a analisar. No entanto, também é importante referir que após

Figura 53 - Escrever o dia da folha a ser analisada.

Figura 52 - Escrever "1", para copiar os dados da folha a analisar.

Figura 54 - Escrever o número da primeira máquina a analisar.

Figura 55 - Escrever o número da segunda máquina.

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este processo concluído está-se em condições para retirar qualquer tipo de análise, na ótica dos

mapas de controlo de Shewhart e dos índices de capacidade. Neste processo de análise é possível existir erros, estes vão ser descritos nos capítulos abaixo

deste documento. É possível clicar no “Esc” em qualquer momento para parar a simulação,

aparecendo uma caixa de informação onde podemos alterar o código ou sair da tentativa de análise.

Este processo também será descrito nos capítulos abaixo.

Caso o processo de análise dos dados tenha sido realizado com sucesso, o excel criará duas

tabelas já configuradas, sob as duas linhas de produção, como visto na figura 56.

Como observado, na análise as máquinas estão separadas, podendo ser retirado, mapas das

duas em separado. Aqui também é possível a obtenção de erros, descritos também nos capítulos seguintes. No entanto, as folhas estão protegidas com uma palavra-passe sendo impossível alterar

Figura 56 - Tabelas da análise, primeiro botão.

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manualmente o resultado da nossa análise, o utilizador pode apagar a folha caso não seja

importante ou significante o tratamento dos dados da mesma. Esta descrião completa o primeiro botão do nosso menu inicial, relembrando que não foram

aferidos qualquer tipo de possíveis erros.

Criação dos Gráficos de Controlo. O segundo botão autointitulado como “Gráficos de Controlo”, realiza os gráficos de controlo,

como era de esperar. Contudo, é importante ter alguns dados do primeiro botão para a utilização do

segundo, sem o tratamento de dados não se consegue traçar o gráfico no segundo botão.

Posteriormente, ao clicar no “Ok”, na contagem de folhas o excel pergunta ao utilizador qual é o

título das observações que este quer colocar no eixo dos xx, geralmente aqui queremos o número

de amostras. Após clicar no “Ok”, temos o eixo dos xx colocado no nosso gráfico de linhas, porém para

continuar a desenhar o gráfico temos agora que escolher o eixo dos yy, como a figura 58 demonstra.

Com isto, introduz-se a primeira série de dados que se quer colocar no nosso gráfico de controlo.

No entanto, apenas isto só não chega para criarmos o mapa de controlo do dia de produção.

De seguida, começa-se a preencher os dados no gráfico de controlo, escolhe-se as médias ou

os alcances móveis. Partindo do princípio que foi escolhido o das médias, escolhe-se agora o limite

inferior ou superior, não tendo qualquer condição para a escolha.

Com isto, é criado uma folha nova de visualização, contudo antes de qualquer ação é importante

redimensionar o gráfico. Clica-se “Ctrl+Shift+Q” para redimensionar o gráfico obtido, sendo que o

Figura 57 - Selecionar o título para o eixo dos xx. (Nº Amostras)

Figura 58 - Selecionar título das observações (Quilos ou Alcances Móveis).

Figura 59 - Seleção do título das Médias ou Médias dos Alcances-Móveis.

Figura 60 - Seleção dos limites de especificação.

Figura 61 - Exemplo gráfico controlo das médias.

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que se encontra atrás é as séries que escolhemos, desnecessárias, contudo importantes para a

construção do mesmo, obtemos então a seguinte figura.

Cálculos dos Índices de Capacidade. Criando os gráficos de controlo, é possível agora calcular os nossos índices de capacidade, caso

o nosso processo se encontre sob controlo. Sabendo isto clica-se então no terceiro e último botão.

Com o clique, esta caixa de texto aparece sendo possível agora escolher os quilos a analisar,

sendo importante selecionar o nosso título dos Quilos. Depois disto aparecerá um “Input”, onde aqui seleciona-se o nosso valor do limite superior.

Com esta seleção feita, é possível agora selecionar o nosso valor do limite inferior dos dados.

Finalmente, falta selecionar o valor das médias dos alcances móveis, como sugere a figura 63

apresentada.

Figura 62 - Seleção do título dos Quilos.

Figura 63 - Seleção da média dos alcances móveis.

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É importante realçar que esta seleção é só possível se o utilizador selecionar valores concretos

e não títulos das tabelas. Os resultados, de uma seleção bem efetuada estão abaixo apresentados. Com isto acaba-se, a análise dos nossos valores de produção, cabendo ao utilizador saber se

o processo é ou não capaz com os resultados obtidos.

Possíveis erros no excel.

Erros de paragem, brute stop. É importante realçar que, como foi dito em cima, a qualquer momento de execução do código

pode-se clicar no “Esc” obtendo assim a imagem abaixo.

Caso esta janela apareça é importante clicar em “End”, para acabar a execução do código.

Figura 66 – Erro, paragem do utilizador.

Figura 65 - Exemplo de um resultado (Cp).

Figura 64 - Exemplo de um resultado (Cpk).

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Erros de código, má análise dos resultados. É possível que o primeiro botão falhe na análise dos dados, devido à complexidade dos dados

introduzidos. A figura 67 dá um exemplo de possíveis erros na análise dos dados, como é possível

observar só a primeira linha de dados analisados foi afetada.

Neste caso, é importante saber como desproteger a folha dos dados, para remediar a análise

existente do dia.

Todas as folhas do documento são protegidas, não podendo o utilizador alterar, nem mudar os

dados nelas introduzidas, a não ser que este as desproteja. Para isto vamos ao menu “Rever” ou “Review” e clica-se em “UnprotectSheet”.

Pass para desproteger a folha: BimboRule

Com isto pode-se alterar, neste caso em primeira mão apagar as linhas a mais preenchidas,

calcular a nova média dos alcances móveis, visto que é a única a ser afetada e redimensionar a

nossa tabela de dados.

Erros de código, uso inadequado. Outros erros, como o da figura 68, podem aparecer caso o utilizador não sabia ou se engane a

mexer no excel, neste caso é aconselhado também clicar em “End”.

Figura 67 - Erro de análise.

Figura 68 - Erro de utilização.