CAROLINA DE CAMPOS - USJT

148
UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA CAROLINA DE CAMPOS Eficácia percebida por atletas e treinador de judô paralímpico São Paulo 2017

Transcript of CAROLINA DE CAMPOS - USJT

UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

CAROLINA DE CAMPOS

Eficácia percebida por atletas e treinador de judô paralímpico

São Paulo

2017

UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

CAROLINA DE CAMPOS

Eficácia percebida por atletas e treinador de judô paralímpico

São Paulo

2017

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Educação Física da

Universidade São Judas Tadeu (SP) como

requisito parcial para obtenção de Título de

Mestre em Educação Física na linha de

pesquisa Fenômeno Esportivo sob orientação

da Profª Drª Maria Regina Ferreira Brandão.

Campos, Carolina de

C198e Eficácia percebida por atletas e treinador de judô paralímpico /

Carolina de Campos. - São Paulo, 2017.

148 f. : il. ; 30 cm.

Orientadora: Maria Regina Ferreira Brandão.

Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas Tadeu, São Paulo,

2017.

1. Percepção. 2. Deficiência visual. 3. Judô. I. Brandão, Maria Regina

Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de Pós-Graduação

Stricto Sensu em Educação Física. III. Título

CDD 22 – 796.4077

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca

da Universidade São Judas Tadeu Bibliotecária: Cláudia Silva Salviano Moreira - CRB 8/9237

Dedico esta dissertação aos meus pais,

Varnei e Regina, e à minha irmã, Mariana,

com todo o amor e gratidão por me

ensinarem todos os dias a ser uma pessoa

melhor, através de valores que me

transmitem.

AGRADECIMENTOS

Não há possibilidade de iniciar este texto sem agradecer a Deus e aos guias

espirituais que sempre se manifestaram de maneira simples e acolhedora como

verdadeiros amigos, acalmando meu coração em cada oração e em cada palavra.

Agradeço também à professora Dra. Maria Regina Ferreira Brandão por me

orientar nesta trajetória acadêmica e plantar em mim a semente de amor por esta

área de trabalho linda e apaixonante que é a psicologia esportiva.

Um agradecimento especial à Seleção Brasileira Paralímpica de Judô que me

acolheu desde o início e contribuiu, muito prontamente, para que esta dissertação

acontecesse.

Agradeço também aos professores Dra. Maria Luiza Miranda, Dra. Claudia Borim

da Silva, Dr. Marcelo Zanetti e Dr. Ciro Winckler pelas contribuições, orientações

e reflexões para que este trabalho fosse finalizado da melhor forma possível.

Igualmente agradeço aos professores Dr. Marcelo de Almeida Buriti e Ms. Lívia

Aureliano por me instigarem a caminhar pela estrada da pesquisa científica desde a

graduação.

Não poderia deixar de agradecer aos amigos e psicólogos do esporte, Lidiane,

Fernanda, Danilo, Fátima, Cris e André que sempre estiveram dispostos a

enriquecer o conhecimento desta área, através de conversas e muita parceria de

estudos. Em especial, agradeço à Gisele Silva, minha ‘anjinho da guarda’ nesta

caminhada profissional, que desde o início me acolheu, incentivou e orientou, de

maneira singular, para que eu pudesse me tornar uma profissional em busca da

constante evolução.

Agradeço aos parceiros e amigos que o mestrado me proporcionou, Val, Felipe,

Mauro, Flávia e Bá. Cada um à sua maneira, além de me ensinarem sobre o

maravilhoso universo da educação física, tornaram companheiros de estudos e

risadas. Também gostaria de mencionar a equipe Br Diego Muay Thay Gym que,

nesta reta final, esteve comigo me apoiando entre jabs e diretos.

Devo dizer também muito obrigada aos amigos Angélica, Marina, Eneida,

Geninha, Roberto e Nilza que sempre perguntavam sobre a elaboração deste

trabalho e ajudavam com palavras amigas e de carinho, renovando minhas energias

para continuar. Vocês são parte de uma família que a vida me presenteou!

E, finalmente, agradeço de maneira muito especial e carinhosa aos meus pais,

Varnei e Regina, e minha irmã, Mariana por serem meu porto seguro, por serem os

responsáveis em instituir meus valores de vida, por me ensinarem o que é o amor e

por estarem ao meu lado em todos os momentos: incentivando a continuar nas

horas mais difíceis e comemorando minhas pequenas e grandes vitórias diárias.

Com certeza há um pouco deles em cada linha escrita deste trabalho.

Filosofia do Sucesso

Se você pensa que é um derrotado, você será um derrotado.

Se não pensar “quero a qualquer custo!” não conseguirá nada.

Mesmo que você queira vencer, mas pensa que não vai conseguir,

a vitória não sorrirá para você.

Se você fizer as coisas pela metade você será um fracassado.

Nós descobrimos neste mundo que o sucesso começa pela intenção da gente

e tudo se determina pelo nosso espírito.

Se você pensa que é um malogrado, você se torna como um tal.

Se almeja atingir uma posição mais elevada, deve, antes de obter a vitória,

dotar-se da convicção de que conseguirá infalivelmente.

A luta pela vida nem sempre é vantajosa Aos fortes nem aos espertos.

Mais cedo ou mais tarde, quem cativa a vitória é aquele que crê plenamente.

Eu conseguirei!

Napoleon Hill

CAMPOS, C. Eficácia percebida por atletas e treinador de judô paralímpico. 2017. 148 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Universidade São Judas Tadeu, São Paulo, 2017

RESUMO

A presente dissertação tem como objetivo avaliar a percepção de autoeficácia competitiva de atletas paralímpicos de judô e a percepção do treinador sobre a eficácia competitiva de seus atletas. Participaram da pesquisa 16 atletas com deficiência visual, integrantes da principal Seleção Brasileira Paralímpica de Judô, convocados no primeiro semestre do ano de 2016, de ambos os gêneros (nove homens e sete mulheres), com idades entre 19 e 45 anos (29,52 ± 7,67). Também foi sujeito da pesquisa o treinador da equipe. Todos os participantes responderam a quatro questionários que avaliaram a percepção de eficácia sobre as habilidades psicológicas, físicas, técnicas e táticas dos judocas em dois momentos distintos (janeiro e maio/2016). Os atletas se autoavaliaram, enquanto o treinador, sem saber das respostas dos judocas, respondeu aos instrumentos informando sua percepção sobre cada atleta em cada variável avaliada. Para verificar o grau de concordância entre as avaliações de treinador e atletas foi realizado o cálculo da correlação de Spearman entre os dois momentos de coleta de dados e, para avaliar se houve diferença de percepção de judocas e treinador entre os dois momentos, utilizou-se o teste de Wilcoxon e o cálculo do delta percentual. O nível de significância adotado para todos os cálculos foi de p<0,05. Os resultados mostraram que, no primeiro momento, houve concordância significativa entre a percepção de treinador e atletas em apenas uma variável (técnicas de luta de solo) investigada através do questionário de habilidades técnicas. Já no segundo momento da coleta de dados as correlações foram ligeiramente mais altas que no primeiro momento, apesar de haver concordância significativa da percepção de treinador e atletas em apenas três variáveis (concentração, potência de golpes e técnicas de pé ou perna). Os cálculos do delta percentual e do teste de Wilcoxon demonstraram que os atletas perceberam melhoras em todas as habilidades investigadas, enquanto o treinador notou melhora somente das habilidades físicas e técnicas. A partir dessas constatações, pode-se considerar que o tempo de treinamento e, por consequente, de relacionamento entre o treinador e os atletas tenha colaborado para uma maior concordância da percepção de ambos sobre a eficácia dos atletas. Entretanto, mesmo com o aumento de concordância, muitas variáveis avaliadas apresentaram diferenças de percepção de eficácia, demonstrando que, apesar do tempo de convivência auxiliar o estreitamento das percepções, ainda se observou divergências entre as percepções de ambos. Palavras-chave: autoeficácia, percepção, deficiência visual, relação treinador-atleta, paralímpico

CAMPOS, C. Efficiency perceived by paralympic judo athletes and coach. 2017. 148 f. Dissertation (Master's Degree in Physical Education) - São Judas Tadeu University, São Paulo, 2017.

ABSTRACT

This dissertation aims to evaluate the perception of competitive self-efficacy of Paralympic judo athletes and the trainer's perception of the competitive efficacy of their athletes. Took part in this survey 16 visually impaired athletes from the main Brazilian Paralympic Judo Team called in the first half of 2016, of both genders (nine men and seven women), aged between 19 and 45 years (29.52 ± 7.67). The coach of the team was also subject of the research. All participants responded to four questionnaires that assessed the perceived efficacy of judoka's psychological, physical, technical and tactical skills at two different times (January and May 2016). The athletes self-assessed, while the coach, unaware of the judokas' answers, responded to the instruments by informing his perception of each athlete in each evaluated variable. In order to verify the degree of agreement between the evaluations of coach and athletes, the Spearman correlation was calculated between the two moments of data collection and to evaluate if there were differences of perception of judokas and the coach between the two moments was used the test of Wilcoxon and the calculation of the Percentage Delta. The significance level adopted for all calculations was p <0.05. The results showed that, in the first moment, there was a significant agreement between the perception of the coach and the athletes in only one variable (Wrestling Techniques) investigated through the technical skills questionnaire. At the second moment of data collection, the correlations were slightly higher than in the first moment, although there was a significant agreement of the perception of the coach and the athletes in only three variables (concentration, judo undertaking power and foot or leg techniques). Percentage Delta and Wilcoxon test calculations demonstrated that athletes noticed improvements in all abilities investigated, while coach noticed improvement of physical and technical skills only.From these findings, it can be considered that the training time and, consequently, the relationship between the coach and the athletes has contributed to a greater agreement of the perception of both on the effectiveness of the athletes. However, even with the increase in agreement, many variables evaluated showed differences in perception of efficacy, showing that, despite the time of coexistence or the narrowing of perceptions, there were still divergences between perceptions of both. Keywords: self-efficacy, perception, visual impairment, coach-athlete relationship, paralympics.

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Evolução da definição do constructo Autoeficácia na Teoria Social

Cognitiva ........................................................................................................ 34

Quadro 2 - Trabalhos utilizados na revisão sistemática sobre autoeficácia ............. 39

Quadro 3 - Componentes da eficácia tripartida, suas fontes e possíveis

influências ...................................................................................................... 59

Quadro 4 - Inclusão das modalidades nos Jogos Paralímpicos ............................... 66

LISTA DE FLUXOGRAMAS

Fluxograma 1 - Fluxograma da revisão sistemática de “autoeficácia” ..................... 37

Fluxograma 2 - Características dos participantes de acordo com a etiologia da

deficiência visual ............................................................................................ 77

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Quantidade de publicações por ano ....................................................... 41

Gráfico 2 - Quantidade de trabalhos publicados de acordo com a nacionalidade dos

autores ........................................................................................................... 43

Gráfico 3 - Características dos instrumentos utilizados para avaliar autoeficácia ... 45

Gráfico 4 - Distribuição das modalidades esportivas investigadas de acordo com a

quantidade de artigos .................................................................................... 46

Gráfico 5 - Distribuição de participantes em porcentagem de acordo com o

sexo .......................................................................................................... ..... 47

Gráfico 6 - Distribuição dos perfis de participantes pesquisados pelos artigos ....... 48

Gráfico 7 - Objetivos apresentados nos artigos ....................................................... 51

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Número de trabalhos encontrados por base de dados de acordo com a

combinação de palavras-chave ..................................................................... 42

Tabela 2 - Constructos pesquisados relacionados à autoeficácia ........................... 50

Tabela 3 - Grau de concordância entre as avaliações de atletas e treinador para as

habilidades psicológicas durante a primeira coleta ....................................... 85

Tabela 4 - Grau de concordância entre as avaliações de atletas e treinador para as

habilidades psicológicas durante a segunda coleta ...................................... 86

Tabela 5 - Comparação das médias das notas fornecidas pelos atletas para as

habilidades psicológicas durante a primeira e segunda coleta de dados e delta

percentual ...................................................................................................... 87

Tabela 6 - Comparação das médias das notas fornecidas pelo treinador para as

habilidades psicológicas durante a primeira e segunda coleta de dados e delta

percentual ...................................................................................................... 88

Tabela 7 - Grau de concordância entre as avaliações de atletas e treinador para as

habilidades físicas durante a primeira coleta ................................................. 89

Tabela 8 - Grau de concordância entre as avaliações de atletas e treinador para as

habilidades físicas durante a segunda coleta ................................................ 90

Tabela 9 - Comparação das médias das notas fornecidas pelos atletas para as

habilidades físicas durante a primeira e segunda coleta de dados e delta

percentual ...................................................................................................... 91

Tabela 10 - Comparação das médias das notas fornecidas pelo treinador para as

habilidades físicas durante a primeira e segunda coleta de dados e delta

percentual ...................................................................................................... 92

Tabela 11 - Grau de concordância entre as avaliações de atletas e treinador para as

habilidades técnicas durante a primeira coleta .............................................. 93

Tabela 12 - Grau de concordância entre as avaliações de atletas e treinador para as

habilidades técnicas durante a segunda coleta ............................................. 94

Tabela 13 - Comparação das médias das notas fornecidas pelos atletas para as

habilidades técnicas durante a primeira e segunda coleta de dados e delta

percentual ...................................................................................................... 96

Tabela 14 - Comparação das médias das notas fornecidas pelo treinador para as

habilidades técnica durante a primeira e segunda coleta de dados e delta

percentual ...................................................................................................... 97

Tabela 15 - Grau de concordância entre as avaliações de atletas e treinador para as

habilidades táticas durante a primeira coleta ................................................ 99

Tabela 16 - Grau de concordância entre as avaliações de atletas e treinador para as

habilidades táticas durante a segunda coleta ................................................ 99

Tabela 17 - Comparação das médias das notas fornecidas pelos atletas para as

habilidades táticas durante a primeira e segunda coleta de dados e delta

percentual .................................................................................................... 100

Tabela 18 - Comparação das médias das notas fornecidas pelo treinador para as habilidades táticas durante a primeira e segunda coleta de dados e delta percentual ........................................................................................ ............ 100

SUMÁRIO

Capítulo 1: INTRODUÇÃO ..................................................................................... 16

1.1 Definição do problema ....................................................................................... 17

1.2 Objetivos ............................................................................................................ 20

Objetivo geral ................................................................................................ 20

Objetivos específicos .................................................................................... 20

1.3 Hipóteses .......................................................................................................... 20

1.4 Justificativa ........................................................................................................ 21

1.5 Delimitação do estudo ....................................................................................... 22

Capítulo 2: REVISÃO DE LITERATURA ............................................................... 23

2.1. Percepção ......................................................................................................... 24

2.1.2 A percepção da pessoa com deficiência visual ................................... 26

2.2. Autoeficácia: definição do constructo ................................................................ 32

2.2.1. Autoeficácia no esporte: revisão sistemática da literatura .................. 36

2.2.2 Autoeficácia e a pessoa com deficiência visual .................................. 53

2.2.3 Eficácia percebida pelo treinador ......................................................... 57

Capítulo 3: ASPECTOS DA MODALIDADE ESTUDADA ...................................... 63

3.1 O esporte paralímpico ........................................................................................ 64

3.1.1 A história do movimento paralímpico ................................................... 64

3.1.1.1 A história do movimento paralímpico no Brasil ....................... 68

3.2 Judô Paralímpico ................................................................................................ 69

3.2.1 História e fundamentos do judô ............................................................ 69

3.2.2 O judô nos Jogos Paralímpicos ............................................................ 70

3.2.3 O judô e a pessoa com deficiência visual ............................................ 71

Capitulo 4: MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA ........................................... 75

4.1. Participantes ..................................................................................................... 76

4.2. Critérios de inclusão e exclusão ....................................................................... 78

4.4. Instrumentos ..................................................................................................... 78

4.3.1 Dados Demográficos ............................................................................ 78

4.3.2 Percepção de eficácia .......................................................................... 79

Elaboração dos instrumentos .............................................................. 79

Descrição dos instrumentos ................................................................ 81

4.5. Procedimentos ................................................................................................. 82

4.5.1 Análise dos dados ................................................................................ 83

Capítulo 5: RESULTADOS .................................................................................... 84

5.1 Habilidades Psicológicas ................................................................................... 85

5.1.1 Grau de concordância entre treinador e atletas sobre habilidades psicológicas ........................................................................................ 85

5.1.2 Comparação entre a primeira e a segunda coleta sobre as habilidades psicológicas ........................................................................................ 87

5.2 Habilidades Físicas ........................................................................................... 89

5.2.1 Grau de concordância entre treinador e atletas sobre habilidades físicas ................................................................................................. 89

5.2.2 Comparação entre a primeira e a segunda coleta sobre as habilidades físicas ................................................................................................. 91

5.3 Habilidades Técnicas ........................................................................................ 93

5.3.1 Grau de concordância entre treinador e atletas sobre habilidades técnicas .............................................................................................. 93

5.3.2 Comparação entre a primeira e a segunda coleta sobre as habilidades técnicas .............................................................................................. 96

5.4 Habilidades Táticas ........................................................................................... 98

5.4.1 Grau de concordância entre treinador e atletas sobre habilidades táticas ................................................................................................. 99

5.4.2 Comparação entre a primeira e a segunda coleta sobre as habilidades táticas ............................................................................................... 100

Capítulo 6: DISCUSSÃO ...................................................................................... 102

Capítulo 7: CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................... 111

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 114

ANEXO ................................................................................................................. 128

APÊNDICES .......................................................................................................... 130

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

Definição do problema

Objetivos

Hipóteses

Justificativa

Delimitação do estudo

17

O objetivo do primeiro capítulo da dissertação é apresentar os assuntos abordados

nesta pesquisa. Para isso serão definidos: o problema de pesquisa, os objetivos, as

hipóteses de resultado, justificativa para a realização da investigação aqui realizada

e as suas delimitações.

1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

Em minha trajetória como psicóloga esportiva, tive a oportunidade de trabalhar com

modalidades individuais atuando em duas vertentes: atendendo atletas em

consultório (tenistas, por exemplo) e trabalhando com a equipe paralímpica de judô.

Ser psicóloga de uma equipe significa pertencer àquele grupo e não se restringir ao

contato apenas com os atletas, mas também com toda a equipe técnica, composta

por treinadores, médicos, coordenadores, preparadores físicos, fisioterapeutas,

nutricionistas, dentre outros.

Este contato direto com os profissionais que compõe a equipe esportiva é

extremamente rico, pois permite que o psicólogo tenha acesso a informações e

opiniões além das que o atleta traz, proporcionando a ampliação do conhecimento

do contexto a ser analisado. E foi desta experiência que surgiu a inquietação para

realizar esta pesquisa. Ao conversar com o treinador da equipe sobre o desempenho

dos atletas em uma determinada competição, foi possível notar que sua avaliação

diferia da avaliação que os próprios atletas faziam sobre sua performance

competitiva.

É esperado que as avaliações de atletas e treinador não sejam exatamente

idênticas, pois a percepção de um fenômeno é um processo psicofisiológico ativo,

no qual estímulos e informações do ambiente são detectados e interpretados

cognitivamente de acordo com as experiências prévias do sujeito. Dessa forma, a

percepção do momento competitivo é individual, baseada nas experiências de vida

de cada um (PALMI, 2007; GRECO, 2009). No entanto, percepções diferentes do

mesmo fenômeno podem levar a problemas no relacionamento entre o treinador e

seus atletas, tais como dificuldade de comunicação, falta de coesão, desconfiança e

18

quedas no desempenho atlético (JOWETT; CHAUNDY, 2004; JOWETT, 2009;

HAMPSON; JOWETT, 2012; SAGAR; JOWETT, 2012).

Sabe-se também que a autopercepção do atleta, quanto ao seu desempenho

esportivo, pode ser influenciada pela opinião dos profissionais da comissão técnica.

O autoconceito (a compreensão que o sujeito tem dele próprio), além de ser formado

pelas experiências prévias do indivíduo, também é construído através das

avaliações que as outras pessoas fazem dele, em nosso caso, do treinador

(SÁNCHES; ESCRIBANO, 1999; SERRA, 1988; JOWETT; POCZWARDOWSKI,

2007).

Movida pelo interesse em estudar essas diferenças de percepção entre os atletas e

treinador sobre o mesmo momento competitivo, deparei-me com pesquisas que

estudavam a percepção de competência esportiva, através do constructo da

autoeficácia (GOUVEIA, 2003; FERREIRA, 2008; PESCA; CRUZ; ÁVILA FILHO,

2011). O conceito de percepção de autoeficácia foi definido por Albert Bandura como

sendo a crença que um indivíduo tem sobre sua “capacidade pessoal para organizar

e executar cursos de ação, requisitados para produzir dadas realizações”

(BANDURA, 1997, p. 3).

Entender o quanto um atleta se percebe capaz de fazer algo, pareceu-me um

caminho fascinante. Porém, notei que investigar apenas a autoeficácia dos atletas

não me permitiria estudar a percepção que treinador tem sobre eles, sendo

necessário, então, investigar também a eficácia dos atletas percebida pelo treinador.

Por esse motivo, continuei buscando na literatura pesquisas que falassem de

percepção de treinadores e atletas, mas observei certa escassez de estudos que

ajudassem a solucionar esse dilema. Encontrei investigações sobre a autopercepção

apenas por parte do atleta quanto ao seu desempenho (MANN et al., 2007; COSTA

et al., 2010) ou a percepção do treinador sobre seu próprio trabalho (COSTA;

SAMULSKI; COSTA, 2009; RAMOS; BRASIL; GODA, 2012; VIEIRA et al., 2014).

Encontrei, também, pesquisas que estudavam as percepções do atleta acerca do

trabalho do treinador (LOBO; MORAES; NASCIMENTO, 2005; ALBA; TOIGO;

BARCELOS, 2010). Os estudos que mais se assemelhavam ao que eu estava

buscando entender foram os realizados por Moraes et al. (2010) e Dell’Antonio e

19

Barroso (2014) que avaliaram as percepções de atletas e treinador a respeito do

trabalho do treinador com a equipe; e os trabalhos de Marcos et al. (2010a) e

Marcos et al. (2010b), que analisaram a percepção de autoeficácia dos atletas e a

percepção do treinador sobre os atletas para estudarem a coesão de grupo. Apesar

de pesquisarem percepções de atletas e treinadores, estas pesquisas ainda não me

permitiam responder sobre as relações de percepções de eficácia atlética de

treinador e atletas.

Além disso, outra lacuna com que me deparei na literatura tem relação quanto aos

participantes da minha pesquisa. A presente pesquisa foi realizada com a Equipe

Brasileira Paralímpica de Judô, na qual todos os atletas têm deficiência visual.

Porém, os trabalhos encontrados sobre autoeficácia de atletas do paradesporto

foram feitos com atletas que tinham outros tipos de deficiência, como motoras

(LOPES, 2010; FERREIRA et al., 2011; TEJERO-GONZÁLEZ et al., 2016) e

intelectuais (GRAVITO, 2007). Esse cenário mostra as limitações de pesquisas

sobre a percepção de autoeficácia de atletas com deficiência visual.

Diante a escassez de pesquisas sobre autoeficácia em atletas com deficiência visual

e a lacuna na literatura sobre o problema deparado durante minha atuação

profissional (diferenças de percepção de treinador e atletas deficientes visuais sobre

a eficácia atlética em competição), as perguntas que essa pesquisa pretende

responder são: será que existe concordância entre as percepções dos atletas com

deficiência visual e do treinador sobre a eficácia desses atletas em competição?

Além disso, se a autopercepção de atletas pode ser influenciada através da

avaliação de terceiros, será que o tempo de relacionamento entre treinador e atletas

intervém na autoeficácia dos judocas e na percepção do treinador sobre a eficácia

dos atletas em competição?

Em função do exposto acima, serão enfatizados os objetivos da presente

dissertação.

20

1.2 OBJETIVOS

Objetivo Geral

Avaliar a percepção de autoeficácia competitiva de atletas paralímpicos de judô e a

percepção do treinador sobre a eficácia competitiva de seus atletas.

Objetivos Específicos

1. Avaliar a percepção de autoeficácia competitiva dos atletas em quatro níveis

de habilidades (físicas, técnicas, táticas e psicológicas), em dois momentos

distintos;

2. Avaliar a percepção do treinador sobre a eficácia competitiva de seus atletas

em quatro níveis de habilidades (físicas, técnicas, táticas e psicológicas), em

dois momentos distintos;

3. Verificar o grau de concordância entre a autoavaliação dos atletas e a

avaliação do treinador em todas as habilidades investigadas durante os dois

momentos;

4. Verificar se há mudanças entre as percepções de autoeficácia dos atletas e

percepção do treinador sobre a eficácia atlética competitiva entre os dois

momentos.

1.3 HIPÓTESES

A primeira hipótese que se tem sobre os resultados dessa dissertação é que há

concordância entre as percepções de atletas e treinador sobre a eficácia competitiva

dos judocas em todas as habilidades estudadas. Além disso, a segunda hipótese é

que essa concordância aumente ao longo dos meses de treino, sendo maior no

segundo momento de coleta. A terceira hipótese do estudo é que, entre o primeiro e

o segundo momento de coleta, há melhora das habilidades estudadas percebidas

tanto pelo atleta quanto pelo treinador.

21

1.4 JUSTIFICATIVA

A percepção de autoeficácia do atleta está diretamente vinculada com seu

desempenho esportivo. Atletas que acreditam serem capazes de organizar e

executar atividades inerentes à modalidade que realiza – como, por exemplo, o

judoca que se percebe sendo capaz de fazer golpes de projeção -, tendem a ter

maior interesse pela prática da modalidade, além de estabelecerem objetivos mais

difíceis para si e conseguirem recuperar a autoconfiança de maneira mais rápida

após um fracasso (PAJARES; OLAZ, 2008). Assim, a percepção de autoeficácia

positiva age diretamente na motivação e persistência do atleta em permanecer em

sua carreira esportiva (BANDURA, 1997).

Essa percepção de autoeficácia também é formada, dentre outras fontes, através da

‘persuasão social’ que consiste na avaliação de terceiros sobre as capacidades do

sujeito (PAJARES; OLAZ, 2008). Entretanto, a persuasão social só influenciará na

autoavaliação do sujeito sobre sua autoeficácia se forem realistas e vindas de

pessoas que “possuem competência diagnóstica adquirida ao longo de anos de

experiência (...) em um determinado campo” (BANDURA, 1997, p. 104). No contexto

esportivo, pode-se inferir que o treinador é alguém com essa competência

diagnóstica para auxiliar o atleta a desenvolver as capacidades necessárias para a

modalidade.

Além dessa competência técnica que o treinador tem para influenciar a percepção

de autoeficácia do atleta, a relação treinador-atleta, segundo Yang e Jowett (2013),

corresponde a um vínculo interdependente no qual emoções, comportamentos e

pensamentos de uma das partes influencia diretamente a outra. Essa

interdependência é exemplificada por Nobuyuki Sato, judoca campão mundial em

1967 e treinador de Yasuhiro Yamashita (judoca campeão olímpico em 1984),

quando este afirma que atleta e treinador buscam atingir sempre o mesmo objetivo:

de serem campeões (SATO, 1999). Devido à importância desta relação e da

influência recíproca de ambos para a formação da percepção do outro é que um dos

objetivos desse trabalho foi investigar a concordância das percepções de atleta e

treinador sobre a eficácia atlética competitiva.

22

No entanto, dado a interdependência da relação treinador-atleta e o dinamismo

típico de todo relacionamento humano, espera-se que a relação treinador-atleta

mude conforme o tempo, uma vez que seus pensamentos, emoções e

comportamentos são moldados pela própria relação (JOWETT; POCZWARDOWSKI,

2007). Então, a presente pesquisa também teve por objetivo verificar possíveis

mudanças na percepção de treinador e atleta sobre a eficácia competitiva através de

duas coletas de dados realizadas com um intervalo de quatro meses entre elas.

1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

A presente pesquisa se limita a compreender a percepção de autoeficácia

competitiva dos atletas da Seleção Brasileira Paralímpica de Judô convocada no ano

de 2016 e verificar a percepção do treinador dessa equipe sobre a eficácia de seus

atletas. Ressalta-se que 75% dos atletas que participaram da pesquisa

representaram o Brasil na disputa dos Jogos Paralímpicos de 2016.

CAPÍTULO 2

REVISÃO DE LITERATURA

Percepção

A percepção da pessoa com deficiência visual

Autoeficácia: definição do constructo

Autoeficácia no esporte: revisão sistemática da literatura

Autoeficácia e a pessoa com deficiência visual

Eficácia percebida pelo treinador

24

O presente capítulo tem como objetivo apresentar uma revisão de literatura sobre os

constructos abordados na pesquisa. Primeiramente, serão apresentadas definições

sobre percepção e como acontece a percepção em pessoas com deficiência visual.

No segundo momento, será exposto o conceito de autoeficácia, sua definição e as

principais características do constructo. Além disso, ainda no tópico sobre a

autoeficácia, será apresentada uma revisão sistemática sobre o estudo da

autoeficácia no contexto esportivo utilizando no modelo Prisma. Finalizando o

capítulo, haverá uma discussão sobre a autoeficácia e pessoas com deficiência

visual e como se constitui a eficácia percebida pelo treinador.

2.1 PERCEPÇÃO

A percepção do ser humano sobre si mesmo e o mundo é algo que desperta

atenção de diferentes vertentes da psicologia. Esse interesse advém pelo fato que a

compreensão sobre a percepção de um sujeito fornece subsídios para o psicólogo

compreender as relações sociais e os comportamentos de seu cliente (CARVALHO;

STEIL, 2013).

Diversas são as teorias psicológicas que definem o que é percepção através de seus

fundamentos. Dentre as principais está a teoria psicanalítica freudiana. Esta

abordagem defende que a percepção de um sujeito é regida por seu dinamismo

psíquico, isto é, a realidade percebida pelo sujeito é influenciada por seus desejos

inconscientes e traumas vividos por ele, sendo impossível, desta forma, existir uma

fidelidade entre a realidade percebida e a realidade externa (JUNIOR, 1999). Em

contrapartida, o behaviorismo, opondo-se a esta explicação, afirma que o

comportamento perceptivo não requer nenhuma mediação mental, pois está

submetido apenas às condições ambientais que o mantém, uma vez que o sujeito

perceberá os estímulos do ambiente relacionados às contingências que lhe são

reforçadoras1. Assim, o perceber está relacionado ao controle de estímulos através

da história de vida de cada pessoa e não a conteúdos psíquicos do sujeito (LOPES;

ABIB, 2002; STRAPASSON; DITTRICH, 2008).

1 Classe de estímulos que tem a função de fortalecer uma classe de comportamento (PESSÔA;

VELASCO, 2012). O sujeito apenas percebe coisas do ambiente (classe de comportamento) que são reforçadoras para ele (estímulos que fortalecem o comportamento de perceber).

25

A fenomenologia se opõe às duas teorias apresentadas até agora, pois compreende

a percepção como sendo uma atitude corpórea e não apenas a apreensão de um

objeto ou evento do ambiente. O ato de perceber rompe as noções de relação entre

corpo-objeto como definido pela psicanálise e pelo behaviorismo, pois perceber é

“um acontecimento da existência” do indivíduo, como se pessoa e ambiente fossem

um único fenômeno existente (NÓBREGA, 2008, p. 142).

Já a teoria construtivista enfatiza que o indivíduo é um ser ativo e consegue

perceber através da construção de uma representação mental do estímulo, fazendo

uso de informações sensoriais e pensamentos de ordem superior para decodificar

tais informações (ARAÚJO et al., 2014; STERNBERG, 2008). O conhecimento que

o sujeito tem sobre si e sobre o mundo é construído através da interação deste

sujeito com o meio físico e social (BECKER, 1992; PIAGET, 1972).

As apresentações destas distintas definições sobre o que é percepção no âmbito da

psicologia, elucidam a complexidade sobre este constructo. Por isso, é importante

definir que, na presente pesquisa, a perspectiva teórica utilizada para estudar

percepção foi a teoria cognitiva. Tal abordagem compreende a percepção como

sendo a decodificação dos estímulos ambientais através de esquemas cognitivos do

indivíduo (BECK, 1997).

Estes esquemas, denominados de crenças, são formados por estruturas cognitivas

internas elaboradas através do armazenamento de experiências prévias do sujeito,

vivenciadas desde sua infância. Assim, a pessoa recebe estímulos do ambiente

através de seus órgãos sensoriais e seus esquemas cognitivos determinam como

estas informações serão estruturadas, contextualizadas e sentidas, influenciando

diretamente no comportamento de quem percebe o estímulo (BECK, 1997; KNAPP;

BECK, 2008). Dessa forma, a percepção de um fenômeno é individual e dependerá

da história de vida do sujeito e suas crenças (GRECO, 2009; KNAPP; BECK, A.

2008).

Os estímulos ambientais a serem interpretados pelos esquemas cognitivos são

decodificados através dos órgãos sensoriais que os transformam em sinais elétricos

posteriormente processados pelo sistema nervoso central, sendo esta etapa

importante para o processo de percepção sujeito (RODRIGUES, 2010). Dentre os

órgãos sensoriais do ser humano, os olhos, canal sensitivo responsável pela visão, é

26

um dos mais utilizados (MORAES, 2006; REINER; DE VOLDER, 2005;

RODRIGUES, 2010). No entanto, quando este órgão sofre algum tipo de

acometimento, como acontece a percepção?

2.1.2 A percepção da pessoa com deficiência visual

Antes mesmo de descrever sobre a percepção da pessoa com deficiência visual é

necessário definir o que é considerado deficiência visual. Os autores Oliveira Filho e

Almeida (2008, p. 54), baseados na definição da Organização Mundial da Saúde

(OMS), a definem como

“o não-funcionamento ou funcionamento parcial do sistema fisiológico, estrutural e psicológico do sistema visual, e, levando a uma incapacidade deste sistema, o entendimento de limitações que se dá a relação ao meio e às necessidades a que a pessoa é submetida”

Já Silva, Vital e Mello (2012, p.51) caracterizaram a deficiência visual como a

“perda visual que não pode ser corrigida com lentes por prescrição regular. Compreende tanto a cegueira total, ou seja, a perda total da visão nos dois olhos, quanto a baixa visão, que é irreversível e com acentuada diminuição da acuidade visual, a qual não se consegue corrigir pelos recursos ópticos comuns”.

Apesar de ser muito parecida com as explicações apresentadas até agora, acredita-

se, porém, que a definição fornecida por Munster e Almeida (2008, p. 29) possa ser

de mais fácil compreensão: a deficiência visual é a “perda parcial ou total da

capacidade visual, em ambos os olhos, levando o indivíduo a uma limitação em seu

desempenho habitual”. Estes autores, afirmam ainda que pessoas sem a visão de

apenas um dos olhos ou até mesmo que sofreram evisceração (retirada do globo

ocular com a preservação do conteúdo orbital) ou remoção cirúrgica do globo ocular,

mas que mantém a normalidade da visão no outro olho, não são consideradas

pessoas com deficiência visual. Isso porque, para ser classificada como deficiência

visual é necessário que o déficit acometa os dois olhos.

27

A Organização Mundial de Saúde (2016), de acordo com a classificação

Internacional de Doenças, divide a deficiência visual em três categorias diferentes:

acometimento moderado da visão, acometimento severo da visão e cegueira. As

duas primeiras categorias são agrupadas sob o termo ‘baixa visão’; já a

denominação ‘cego’ é fornecida para as pessoas que se enquadram na última

categoria. A pessoa com deficiência visual é considerada baixa visão quando possui

acuidade visual de até 6/60 metros2; e considerada cega, quando não consegue

definir formas, podendo ter ou não percepção luminosa (OLIVEIRA FILHO, 2003).

No presente estudo serão utilizados os termos ‘cego’ e ‘baixa visão’ utilizando como

referencial teórico as definições aqui apresentadas. Também serão usados os

termos ‘pessoa com deficiência visual’ e ‘deficiente visual’ para se referir aos dois

grupos.

Com o sentido da visão acometido, as pessoas com deficiência visual percebem a si

mesmos e ao mundo através dos outros canais sensoriais. A audição é o canal

sensorial que permite ao cego perceber a distância e profundidade do ambiente em

que está (LORA, 2003). Além dos sons do próprio ambiente possibilitar a orientação

espacial do deficiente visual, este é o sentido mais utilizado para que as pessoas

videntes3 possam descrever o ambiente para o cego mais rapidamente (ALMEIDA;

DA SILVA, 2009; NUNES; LOMÔNACO, 2008).

Lora (2003) lista uma série de sub-habilidades auditivas essenciais para o cego.

Dentre estas sub-habilidades estão a ecolocalização – “habilidade de transmitir um

som e perceber as qualidades do eco refletido” (p. 59); a localização do som –

“determinar com precisão a localização da fonte sonora, comparando-se o momento

de chegada e a intensidade do som de cada ouvido” (p. 59); e o escutar

seletivamente – “capacidade de selecionar um som entre um grupo de muitos outros

simultâneos” (p. 60). Todas estas habilidades auditivas permitem mais autonomia de

locomoção à pessoa com deficiência visual.

Outro canal sensorial muito utilizado por deficientes visuais é o tato. Esta forma de

percepção sensorial é subdividida em tato passivo (informação recebida de maneira

2 Relativamente seria o que uma pessoa sem deficiência visual enxerga a 60 metros, a pessoa com

deficiência visual enxerga equivalente a seis metros (SILVA; VITAL; MELLO, 2012). 3 Nomenclatura aqui utilizada para definir a pessoa sem deficiência visual.

28

não intencional) e tato ativo (informação buscada de maneira intencional pelo

indivíduo que tateia um objeto), sendo o tato ativo o mais utilizado pelos cegos para

o reconhecimento do ambiente (ALMEIDA; DA SILVA, 2009; LORA, 2003). A

percepção tátil, apesar de ter um caráter sequencial e ser considerada mais lenta

que a percepção auditiva, possibilita ao cego o contato direto com o objeto para seu

reconhecimento (LORA, 2003; NUNES; LOMÔNACO, 2008).

Além disso, o canal tátil também possibilita a orientação espacial do cego. A

utilização da bengala permite ao cego prolongar sua percepção tátil e lhe fornece

maior autonomia na marcha (RENIER; VOLDER; 2005). Sensações táteis passivas,

como calor e frio, também auxiliam o cego a identificar sombras causadas por

aproximações de objetos como construções e árvores (LORA, 2003). Apesar da

utilização da bengala e da percepção tátil passiva de calor e frio colaborarem para

autonomia e orientação espacial do cego, a audição ainda é o canal sensorial mais

utilizado para a locomoção do cego no ambiente urbano. Isso porque a arquitetura

das cidades não apresenta dicas táteis suficientes para esta população,

apresentando perigos eminentes em sua locomoção (DE ALMEIDA; LOCH, 2005).

O autor Oliveira Filho (2003) afirma que a audição e o tato são os canais sensoriais

mais utilizados pelos cegos para captarem informações do ambiente. No entanto,

outros sentidos também são utilizados para compor a percepção do cego. A

cinestesia (ou propriocepção) é definida como a percepção que o indivíduo tem de

seu próprio corpo, como consciência corporal, imagem corporal e relação de seu

corpo com os outros objetos (ALMEIDA; DA SILVA, 2009). Esse sentido permite que

a pessoa com deficiência visual torne consciente sua posição corporal e seus

movimentos, além de possibilitar que ele consiga detectar alterações nas superfícies

que caminha, como desníveis nas calçadas, por exemplo (LORA, 2003).

Outro canal sensorial importante é o olfato, pois auxilia o cego a identificar o

ambiente em que está, além de ter um fator protetor nos cuidados pessoais,

possibilitando, por exemplo, o cego a diferenciar itens alimentícios impróprios para o

consumo (LORA, 2003). Esta autora define ainda o sentido vestibular ou

labiríntico como canal sensorial importante para os cegos, pois os permite perceber

posições verticais “do corpo e componentes rotatórios e lineares dos movimentos

sobre o eixo de uma volta em graus” (p. 63).

29

Ressalta-se que todos os canais sensoriais aqui citados são utilizados tanto por

cegos como pessoas com baixa visão. A diferença é que a pessoa com baixa visão,

além de utilizar estes sentidos, também pode se valer de alguma percepção visual

para estabelecer pontos de referências que lhe ajudem em sua autonomia, como

iluminações e cores de objetos (LORA, 2003).

Erroneamente, pessoas videntes acreditam que todos esses canais sensoriais aqui

apresentados são automaticamente mais aflorados em pessoas com deficiência

visual, sendo capazes de substituir a visão no processo de percepção (MENESCAL,

1994). Porém, os deficientes visuais somente adaptam sua maneira de perceber o

mundo através do desenvolvimento destes canais sensoriais. Tal aperfeiçoamento é

alcançado através de treinamentos que estimulam a utilização dos outros sentidos

(NUNES; LOMÔNACO, 2008; ORMELEZI, 2000).

Estas estimulações dos outros canais sensoriais mudam de acordo com a causa da

deficiência visual, se é congênita ou adquirida. Crianças que nasceram com a

deficiência visual ou que perderam a visão até cinco ou sete anos de idade são

classificadas como tendo causa congênita; já a perda da total ou parcial da visão

após esta idade classifica a deficiência com causa adquirida (NUNES; LOMÔNACO,

2008; ORMELEZI, 2000).

Amiralian (1997) verificou que, apesar de existir esta classificação padrão para

definir deficientes visuais congênitos e adquiridos, as próprias pessoas com

deficiência visual modificam esta nomenclatura de acordo com a autopercepção

sobre si e a deficiência. Nesse estudo, a autora averiguou que cegos que perderam

a visão por doenças adquiridas tardiamente (como catarata e glaucoma) se

consideravam cegos congênitos. Já pessoas que haviam perdido a visão até os dois

anos de idade de maneira acidental, se declaravam cegos adquiridos. Segundo a

pesquisadora, pessoas que concebiam a cegueira como inerentes a si mesmas se

intitulavam como ‘cegos congênitos’, enquanto que os cegos que diziam ter

adquirido a doença ainda no início da infância, afirmavam possuírem deficiência

visual adquirida, pois nasceram sadios, mas foram acometidos pela cegueira de

maneira acidental.

Apesar deste estudo, a nomenclatura para definir o deficiente visual congênito e

adquirido utiliza como critério a idade em que a deficiência foi manifestada, conforme

30

apresentado anteriormente. Isso porque as pessoas com deficiência visual adquirida

tem uma experiência anterior como videntes e utilizam de conceitos formados

durante este período para se adaptarem à vida sem a visão. Já o deficiente visual

congênito, mesmo não nascendo com a deficiência e conseguindo formar nuances

cognitivas através da visão durante a primeira infância (como imitação de

comportamentos de terceiros), não retém imagens, formas e cores de suas

experiências visuais, precisando perceber o mundo através dos outros sentidos

(CAMPANI; KRUMEL; SCHNEIDER, 2010; FREITAS, 2000). Oliveira Filho (2003)

enfatiza ainda a importância e a dificuldade em diagnosticar pessoas com baixa

visão congênita, uma vez que estas crianças, assim como os cegos, precisam de

estimulações diferentes do ambiente para o aperfeiçoamento dos demais canais

sensitivos e, consequentemente, manter saudável seu desenvolvimento cognitivo e

motor. Porém, a criança com baixa visão é mais difícil de ser notada por familiares e

professores como deficiente visual. Esta falta de diagnóstico pode gerar empecilhos

para o desenvolvimento desta criança, uma vez que pais e professores não

fornecerão os estímulos necessários para o aprimoramento dos demais sentidos.

A visão possui papel fundamental no desenvolvimento motor, uma vez que permite o

acesso do sujeito com o mundo. A criança com deficiência visual congênita precisa

ter contato com o ambiente externo através da mobilidade neste ambiente para

poder explorá-lo e conseguir desenvolver outros canais sensoriais (SOARES et al.,

2012). Familiares de deficientes visuais que possuem comportamentos de

superproteção e não estimulam seus filhos a desbravarem o ambiente através do

tato e da audição, não contribuem para a autonomia desta criança (GONZALES;

BENITO; VEIGA, 2003).

Os autores Craft e Liberman (2004) afirmam que a falta da visão por si só não

acarreta defasagens psicomotora, mas crianças com deficiência visual que não são

estimuladas a conhecerem o ambiente através dos outros sentidos possuem atrasos

em algumas áreas do desenvolvimento. Algumas dessas áreas que podem sofrer

defasagem em pessoas com deficiência visual congênita são: psicomotricidade -

marcha, equilíbrio, postura, esquema corporal e cinestésico, expressões corporais e

faciais, dificuldade de relaxamento, lateralidade, maneirismos e coordenação

motora; cognição - formação e utilização de conceitos, linguagem, generalização e

utilização de símbolos; e sociais e afetivas - isolamento, medo, insegurança, baixa

31

motivação e falta de iniciativa (CRAFT; LIBERMAN, 2004; GONZALES; BENITO;

VEIGA, 2003; LIMA; ALMEIDA, 2008; MENESCAL, 1994; ORMELEZI, 2000).

A prática esportiva dirigida pode auxiliar no desenvolvimento desses aspectos

defasados quando não há estimulação correta por parte da família (OLIVEIRA

FILHO, 2003). Lima e Almeida (2008), por exemplo, verificaram aquisição de novos

comportamentos motores de pessoas com deficiência visual através da natação. Já

Silva, Ribeiro e Rabelo (2008) notaram melhora no equilíbrio estático e dinâmico de

deficientes visuais por meio da dança. Almeida e Da Silva (2009) e Campani, Krumel

e Schneider (2010) afirmam que a prática do judô (modalidade estudada nesta

pesquisa) auxilia as pessoas com deficiência visual a aprimorarem equilíbrio,

consciência corporal, organização de esquema corporal, orientações temporal e

espacial e coordenação motora. Além do auxílio na melhora de aspectos

psicomotores conforme apresentados por estes autores, uma das principais

contribuições da prática esportiva para a pessoa com deficiência visual é sua

integração social. Essa integração é importante principalmente em casos da

deficiência visual adquirida, uma vez que a pessoa precisa aprender a perceber o

ambiente e conviver em sociedade sem a visão (BRAZUNA; CASTRO, 2001;

GORLA; DE ALMEIDA, 2007).

A realização da prática esportiva por pessoas com deficiência visual demonstra,

tanto para a sociedade quanto para o próprio esportista com deficiência visual, o

potencial de autonomia que estas pessoas tem. Através da prática de uma

modalidade esportiva, as pessoas com deficiência visual estimulam outros canais

sensoriais e, consequentemente, aumentam sua sensibilidade corporal e também

sua percepção espacial (GORLA; DE ALMEIDA, 2007; CAMPANI; KRUMEL;

SCHNEIDER, 2010).

32

2.2 AUTOEFICÁCIA: DEFINIÇÃO DO CONSTRUCTO

Autoeficácia é um constructo encontrado na Teoria Social Cognitiva desenvolvida

por Albert Bandura. Nesta teoria, o autor defende que os processos cognitivos são a

base para a compreensão do comportamento humano. Em contraponto ao

pensamento behaviorista metodológico, que estuda o homem considerando apenas

a observação objetiva de seus comportamentos relacionando-os com a história

prévia deste indivíduo com o ambiente, a teoria proposta por Bandura considera o

ser humano como um ser integrado, proativo e autorreflexivo. Assim, os

comportamentos humanos não são apenas regidos pelo ambiente, mas sim

formados por um determinismo recíproco no qual fatores ambientais,

comportamentais e pessoais (como pensamentos, sentimentos e funcionamento

biológico) atuam igualmente como formadores deste sujeito. A esta relação

igualitária entre esses fatores, deu-se o nome de reciprocidade triádica (BANDURA,

1997; PAJARES; OLAZ, 2008; SKINNER, 2006).

O ser humano formado por esta tríade pode ser chamado de um ser “agente”, pois é

capaz de modificar tanto seus comportamentos quanto o ambiente. Tais alterações

só são possíveis uma vez que o ser humano possui capacidades que lhe são

peculiares. De acordo com a Teoria Social Cognitiva são cinco as capacidades

humanas (CARMO, 2006; PAJARES; OLAZ, 2008):

Capacidade Simbolizadora – refere-se à capacidade de utilizar símbolos.

Permite ao indivíduo, através dos símbolos, construir roteiros de ações e

soluções de problemas, dar continuidade às experiências vividas e antecipar

acontecimentos. É uma capacidade importante para orientar a conduta e

possibilitar a modelagem de comportamentos observados no ambiente em

que vive.

Capacidade de Antecipação (ou Preditiva) – capacidade de antecipar

acontecimentos futuros, permitindo que o indivíduo modifique suas ações

para obter consequências favoráveis.

Capacidade Vicária – faz referência à capacidade de aprendizado através da

observação. É importante para a sobrevivência do indivíduo, uma vez que o

permite adquirir novos comportamentos sem precisar passar pelo processo de

tentativa e erro.

33

Capacidade de Autorreflexão – capacidade que o sujeito tem de analisar suas

próprias atitudes, experiências e processos mentais. Permite que o ser

humano regule suas ações para obter consequências satisfatórias e evite

comportamentos que terão como consequências situações que lhe são

desagradáveis.

Capacidade Autorreguladora – refere-se à capacidade do ser humano de

determinar sua própria conduta. Esta capacidade abrange a auto-observação,

o processo de autojulgamento e autorreação (que envolve a autoavaliação e

autoincentivo, os quais possuem função motivacional na vida do ser humano).

De todas as capacidades aqui apresentadas, pode-se dizer que a autorreguladora é

a mais relacionada com a crença de autoeficácia. O constructo de autoeficácia

começou a ser mencionado por Bandura em 1977; desde então, sofreu várias

alterações de definição como pode ser visto no Quadro 1 (AZZI; POLYDORO, 2006).

A mais recente definição feita por Bandura, em 1997, encontra-se em seu livro “Self-

efficacy: the exercise of control” e pode ser traduzida como “a percepção de

autoeficácia refere-se às crenças sobre a capacidade pessoal para organizar e

executar cursos de ação, requisitados para produzir dadas realizações” (p. 3). A

autoeficácia estaria então intimamente relacionada com a motivação e a persistência

de esforço do indivíduo para realizar determinada atividade.

Ainda nessa obra, o autor define que as crenças de autoeficácia teriam origem em

quatro principais fontes:

Experiências diretas de domínio – quando as próprias experiências da pessoa

permitem que ela acredite ser capaz de fazer novamente algo parecido com o

que já conseguiu realizar.

Experiências vicárias – quando o sujeito observa alguém, que julgue ter

características parecidas com as suas, realizar determinada ação e, devido à

semelhança entre os dois, passa a acreditar que é possível fazê-lo.

Persuasão social – quando o sujeito é persuadido por outras pessoas a seu

redor de que ele tem o que é necessário para realizar determinada tarefa.

34

Datas Definições Aspecto 1

'Nomenclatura'

Aspecto 2 'Dimensão da subjetividade'

Aspecto 3 'Avaliação da capacidade

pessoal'

Aspecto 4 'Ação

envolvida'

Aspecto 5 'Foco da

ação'

1977 An efficacy expectation is conviction that one can successfully to produce

the outcomes (p.193)

Expectativa de eficácia é a

convicção de alguém para

realizar com sucesso a

execução do comportamento requerido para

produzir resultados

1982

Perceived self-efficacy is concerned with judments of how well one can

execute courses of action required to deal with prospective situations (p. 122)

Autoeficácia percebida diz respeito aos

julgamentos das pessoas

sobre

quão bem podem

executar cursos de ação

requeridos para

lidar com situações em prospectiva

1984

Perceived self-efficacy is concerned with people's judgments of their

capabilities to execute given levels of performance (p.232)

Autoeficácia percebida diz respeito aos

julgamentos das pessoas sobre suas

capacidades em

Executar determinados

níveis de desempenho

1986

Perceived self-efficacy is defined as people's judments of their capabilities to organize and execute courses of action required to attain designated

types of performance (p. 391)

Autoeficácia percebida é

definida pelos

julgamentos das pessoas sobre suas

capacidades em

organizar e executar

cursos de ação requeridos

para

obter determinados

tipos de desempenho

1995

Perceived self-efficacy refers to beliefs in one's capabilities to organize and

execute the courses of action required to manage prospective situations (p.2)

Autoeficácia percebida refere-se à

crenças de alguém em

sua

capacidades em

organizar e executar

cursos de ação requeridos

para

lidar com situações em prospectiva

1997

Perceived self-efficacy refers to beliefs in one's capabilities to organize and

execute the courses of action required to produce given attainments (p.3)

Autoeficácia percebida

refere-se às

crenças de alguém em

sua

capacidades em

organizar e executar

cursos de ação requeridos

para

produzir certas

realizações

Quadro 1 - Evolução da definição do constructo Autoeficácia na Teoria Social Cognitiva (retirado de AZZI; POLYDORO, 2006,

p.12)

35

Estados físicos e emocionais – o indivíduo precisa estar em um estado de

ativação equilibrado para exercer aquela tarefa. Por exemplo, um estudante

sabe todo o conteúdo da matéria de história, mas não consegue respondê-lo

em situação de prova devido à ansiedade que sente naquele momento.

A percepção de autoeficácia, assim como qualquer outro tipo de percepção, é um

constructo cíclico que envolve “as habilidades cognitivas, sociais e comportamentais

(...) organizadas em cursos integrados de ação” para que o sujeito se perceba como

um ser capaz de realizar uma ação específica em determinado momento

(BANDURA, 1982, p. 122). Neste sentido, a percepção de autoeficácia é mutável e

moldada através das experiências da pessoa, podendo sofrer alterações de acordo

com a situação vivenciada e a tarefa a ser realizada (CRUZ; VIANA, 1996). Assim, a

autoeficácia é considerada um estado e não um traço psíquico (SERRA, 1988).

Além de ser considerado um estado psíquico, a autoeficácia é um constructo que

deve ser avaliado através de instrumentos de multidomínio. Isso porque as pessoas

percebem de maneiras diferentes suas capacidades para exercer tarefas diversas de

um mesmo domínio. Um judoca, por exemplo, pode ter alto senso de autoeficácia

para realizar um golpe de projeção, porém baixa percepção de eficácia para lutar no

solo; por isso, para estudar a percepção de autoeficácia deste atleta sobre sua

prática esportiva é necessário investigar a maioria das tarefas que compõe esta

modalidade (BANDURA, 2006).

Por ser elaborada através das experiências de vida e esquemas cognitivos do

sujeito, a percepção de autoeficácia nem sempre corresponde às reais habilidades

do indivíduo (BANDURA, 1997; KNAPP; BECK, 2008). No entanto, a percepção de

autoeficácia positiva, na qual o indivíduo acredita que pode realizar determinada

tarefa, tem relação diretamente proporcional com a motivação deste sujeito,

aumentando assim sua persistência em continuar a executar tal tarefa (BANDURA,

1997); “julgamentos de autoeficácia também determinam quanto esforço a pessoa

vai gastar e quanto tempo eles vão persistir diante de obstáculos ou de experiências

aversivas” (BANDURA, 1982, p. 123). Neste sentido, a autoeficácia assume então

um papel mediador entre o sujeito e sua ação e passa a ser interessante nas

ciências do esporte para compreender como acontece este constructo em seu

contexto (AZZI; POLYDORO, 2006).

36

2.2.1 Autoeficácia no esporte: revisão sistemática da literatura

Os estudos sobre a autoeficácia no contexto esportivo começaram na década de

1980 (LÁZARO; VILLAMARÍN, 2007). Em 1997, Bandura explanou a importância de

se estudar a autoeficácia no contexto esportivo afirmando que as “crenças de

eficácia atlética determinam quem opta por seguir nestas atividades e o quanto

esses atletas ganharão no programa de treino” (p. 369).

No ano de 2012, Barros e Iaochite chegaram até mesmo criar uma definição de

autoeficácia específica para a prática de atividade física: “capacidade de se manter

praticando exercícios mesmo diante de impedimentos que possam surgir” (p. 32).

Nota-se que essa definição está baseada na relação direta da percepção positiva de

autoeficácia com a motivação conforme afirmado por Bandura (1997).

Com objetivo de compreender como a autoeficácia esportiva vem sendo estudada

no esporte de alto rendimento nos últimos anos, optou-se por realizar uma revisão

sistemática sobre o tema seguindo o modelo PRISMA - Preferred Reporting Items for

Systematic Reviews And Meta-Analyses (LIBERATI et al., 2009).

Nos meses de fevereiro e março de 2016 realizou-se o levantamento de trabalhos

publicados nas bases de dados SciELO (Scientific Electronic Library Online),

PubMed, Periódicos CAPES e PsycINFO (American Psychological Association) para

identificar pesquisas que estudassem autoeficácia no esporte. Os descritores

utilizados para a busca, escritos em português, inglês e espanhol, foram:

‘autoeficácia’ / ‘self-efficacy’ / ‘autoeficacia’; ‘atleta’ / ‘athlete’ / ‘atleta’; ‘esporte’ /

‘sport’ / ‘deporte’; ‘judô’ / ‘judo’ / ‘judo’; ‘deficiência’ / ‘deficiency’ / ‘deficiencia’;

‘paralímpico’ / ‘paralympic’ / ‘paralimpico’. Foi empregada a combinação de todos os

descritores nos três idiomas separadamente com o operador booleano AND entre

eles, e, posteriormente, a palavra ‘autoeficácia’ combinada com todos os demais

descritores utilizando o mesmo operador.

Após a exclusão dos trabalhos repetidos, foram aplicados os seguintes critérios de

seleção: pesquisas publicadas entre os anos de 2010 e março de 2016; trabalhos do

tipo artigo, dissertação ou tese; e pesquisas acessadas livremente na íntegra. Para

os trabalhos que atendiam a estes critérios de inclusão, foram aplicados os

37

seguintes critérios de exclusão: pesquisas que não tinham a palavra “autoeficácia”

pelo menos no título, resumo ou palavras-chave; pesquisas teóricas ou de revisão; e

pesquisas que não tinham atletas de alto rendimento como participantes. O

Fluxograma 1 apresenta a ordem de aplicação desses critérios, bem como a

quantidade de pesquisas encontradas em cada etapa.

Fluxograma 1 - Fluxograma da revisão sistemática de “autoeficácia”

38

Com a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, restaram 24 pesquisas. Após

a leitura exaustiva destes estudos, foram excluídos três trabalhos por não

apresentarem objetivos de estudar a autoeficácia. O estudo de Diteweg et al. (2013),

apesar de ter atletas de alto rendimento compondo a amostra, apresentou como

objetivo estudar a relação da autoeficácia destes atletas com a possibilidade de

realizar exames para detectar o vírus da Aids, não mencionando a autoeficácia

esportiva. Já o trabalho de Noce et al. (2011) foi retirado da presente revisão por

investigar overtraining, sendo que a autoeficácia apenas compunha uma das

dimensões do instrumento utilizado para investigar o constructo pesquisado. A

pesquisa de White e Bennie (2015), também não contemplou esta revisão

sistemática por ser um estudo qualitativo sobre percepção de resiliência, sendo que

a autoeficácia apareceu somente como uma das categorias de respostas às

entrevistas.

Dessa forma, a presente revisão sistemática contemplou 21 trabalhos. Informações

sobre título, autoria, ano e revista de publicação estão apresentadas no Quadro 2.

39

Título Completo (original) Ano de

publicação Revista Autores

Interacción de la cohesión en la eficacia percibida, las

expectativas de éxito y el rendimiento en equipos de

baloncesto

2010 Revista de Psicologia del

Deporte

Francisco Miguel Leo Marcos; Tomás García Calvo; Isabel

Parejo González; Pedro Antonio Sánchez Miguel; David

Sánchez Oliva

Interactive effects of team cohesion on perceived efficacy in

semi-professional sport 2010

Journal of Sports Science

and Medicine

Francisco Miguel Leo Marcos; Pedro Antonio Sánchez

Miguel; David Sánchez Oliva; Tomás García Calvo

Relational efficacy beliefs and relationship quality within

coach-athlete dyads 2010

Journal of Social and

Personal Relationships Ben Jackson; J. Robert Grove; Mark R. Beauchamp

Autoeficácia e nível de ansiedade em atletas jovens do

atletismo paranaense 2011

Revista Brasileira de

Cineantropometria &

Desempenho Humano

Lenamar Fiorese Vieira; Cesar Luis Teixeira; José Luis

Lopes Vieira; Albertino Oliveira Filho

Auto-eficacia, competencia fisica e auto-estima em praticantes

de basquetebol com e sem deficiencia física 2011 Motricidade

José Pedro Ferreira; Pedro Miguel Gaspar;

Maria João Campos; Cristina Maria Senra

Multivariate Relationships among Efficacy, Cohesion, Self-Talk

and Motivational Climate in Elite Sport 2011

Pamukkale Journal of Sport

Sciences

Gregory Damato; Paul Heard; J. Robert Grove; Robert C.

Eklund

Self-efficacy and its relationship to selected sport

psychological constructs in the prediction of performance in

ironman triathlon

2011 Journal of Human Sport &

Exercise Ian Heazlewood; Stephen Burke

Los estados emocionales y su relación con las atribuciones y

las expectativas de autoeficacia en el deporte 2012

Revista de Psicologia del

Deporte Enrique Cantón Chirivella; Irene Checa Esquiva

O fluxo no voleibol: relação com a motivação, autoeficácia,

habilidade percebida e orientação às metas 2012

Revista da Educação Física

/ UEM

Simone Salvador Gomes; Renato Miranda; Maurício Gattás

Bara Filho; Maria Regina Ferreira Brandão

The Impact of Imagery on Self-efficacy and Volleyball Spike

Performance: Mediating Role of Positive Self-talk 2013

Annals of Applied Sport

Science

Soheila Majlesi Ardehjani; Pouneh Mokhtari; Faranak

Tayyari

Quadro 2 - Trabalhos utilizados na revisão sistemática sobre autoeficácia

40

Título Completo (original) Ano de

publicação Revista Autores

The relationships between pre-competition anxiety, self-

efficacy, and fear of injury in elite TeamGym athletes 2013 Kinesiology

Roberta De Pero; Carlo Minganti; Caterina Pesce; Laura

Capranica; Maria Francesca Piacentini

The Sources and Maintenance of Professional Golfers' Self-

Efficacy Beliefs 2013 Sport Psychologist Gio Valiante; David B. Morris

Autoeficacia y lesiones deportivas: ¿factor protector o de

riesgo? 2014

Revista de Psicologia del

Deporte

Víctor J. Rubio; Constanza Pujals; Ricardo de la Veja;

David Aguado; José Manuel Hernández

Determinación de las variables psicológicas y deportivas

relevantes a las lesiones deportivas: Un análisis bayesiano 2014

Revista de Psicología del

Deporte

Alexandre Garcia-Mas; Constanza Pujals; Pilar Fuster-

Parra; Antonio Núñez; Víctor J. Rubio

Observation Interventions as a Means to Manipulate Collective

Efficacy in Groups 2014

Journal of Sport & Exercise

Psychology, Adam M. Bruton; Stephen D. Mellalieu; David A. Shearer

Physical self-efficacy in women's artistic gymnastic between

recreational and competitive level 2014

Journal of Human Sport and

Exercise Filippo Gomez Paloma; Laura Rio; Cristiana D’Anna

Self efficacy and performance of the roundhouse kick in

taekwondo 2014

Revista de Artes Marciales

Asiáticas Isaac Estevan; Octavio Álvarez; Coral Falcó; Isabel Castillo

Changes in Task Self-Efficacy and Emotion Across

Competitive Performances in Golf 2015

Journal of Sport & Exercise

Psychology Ian D. Boardley; Ben Jackson; Alexander Simmons

Intrinsic Motivation Predicting Performance Satisfaction in

Athletes: Further Psychometric Evaluations of the Sport

Motivation Scale-6

2015 Polish Psychological

Bulletin

Jan Blecharz; Karolina Horodyska; Karolina Zarychta;

Aleksandra Adamiec; Aleksandra Luszczynska

Satisfacción con la vida y autoeficacia en jugadores de

baloncesto en silla de ruedas 2016

Revista de psicología del

deporte

Carlos Mª Tejero-González; Ricardo de la Vega-Marcos;

Miguel Vaquero-Maestre; Roberto Ruiz-Barquín

Quadro 2 - Trabalhos utilizados na revisão sistemática sobre autoeficácia (continuação)

41

Apesar do Quadro 2 apresentar as informações de ano de publicação do artigo,

optou-se por apresentar esses dados também em formato de gráfico (Gráfico 1) para

facilitar a leitura sobre o número de publicações anuais de trabalhos que

investigassem a autoeficácia.

Gráfico 1 - Quantidade de publicações por ano

O Gráfico 1 demonstra que o ano de maior número de publicações entre 2010 e

2015 foi o ano de 2014, com cinco trabalhos publicados; enquanto que o ano de

2012 foi o de menor número de publicação (duas). Nota-se que em todos os anos o

tema de autoeficácia esportiva foi investigado, apresentando interesse por parte dos

pesquisadores das ciências do esporte sobre este constructo. Outro aspecto

interessante apresentado pelo Gráfico 1 foi que, apesar deste levantamento ter

contemplado apenas as publicações realizadas durante os três primeiros meses de

2016, já havia sido publicado neste ano o trabalho de Tejero-González et al. (2016),

sobre autoeficácia de jogadores de basquete em cadeira de rodas, demonstrando

possível continuidade de atenção a este constructo fornecido por pesquisadores das

ciências do esporte.

42

Além do ano de publicação dos trabalhos, verificou-se também o número de artigos

encontrados em cada base de dados de acordo com a combinação de palavras-

chave, conforme apresentado na Tabela 1.

Tabela 1 - Número de trabalhos encontrados por base de dados de acordo com a combinação de palavras-chave

Palavras-chave SciELO CAPES PubMed PsycINFO TOTAL

"autoeficácia" AND "esporte" 1 0 0 0 1

"autoeficacia" AND "deporte" 0 5 0 0 5

"self-efficacy" AND "sport" 3 9 1 0 13

"self-efficacy" AND "athlete" 0 2 0 0 2

"self-efficacy" AND "athlete" AND "sport" 0 2 0 0 2 "autoeficácia" AND "judô" / "autoeficacia" AND "judo"

0 1 0 0 1

TOTAL 4 19 1 0 24

Embora a presente revisão contemple 21 pesquisas, a soma dos trabalhos

apresentados na Tabela 1 é de 24 estudos, porque três das 21 pesquisas foram

encontradas através de mais de uma combinação de palavras-chave. O trabalho de

Ferreira et al. (2011) foi localizado na base de dados ‘SciELO’ através da

combinação das palavras ‘self-efficacy AND sport’ e também nos ‘Periódicos

CAPES’ com a combinação ‘autoeficácia AND judô’. Já a pesquisa de Gomes et al.

(2012) foi encontrada na ‘SciELO’ através das combinações ‘autoeficácia AND

esporte’ e ‘self-efficacy AND sport’; e o estudo de Jackson, Grove e Beauchamp

(2010), foi identificado no ‘Periódicos CAPES’ por meio das combinações ‘self-

efficacy AND athlete’ e ‘self-efficacy AND athlete AND sport’.

A base de dados ‘Periódicos CAPES’ era a que continha maior número de trabalhos

sobre autoeficácia no esporte, de acordo com os critérios de inclusão e exclusão (19

trabalhos), seguida pela ‘SciELO’ (quatro trabalhos) e ‘PubMed’ (um trabalho).

Apesar de terem sido encontrados trabalhos na base de dados ‘PsycINFO’ no início

do levantamento, através das combinações de palavras-chave utilizadas, nenhum

deles atendeu aos critérios de inclusão e exclusão desta revisão, não existindo

nenhuma das 21 pesquisas publicadas nesta base.

43

A Tabela 1 apresenta apenas as combinações de palavras-chave utilizadas para

encontrar os 21 trabalhos aqui estudados. Dentre essas combinações, a junção das

palavras ‘autoeficácia’ e ‘esporte’ nos três idiomas pesquisados foi a que mais

localizou artigos que atendessem aos critérios dessa revisão (19 artigos), sendo que

13 deles foram obtidos através da combinação dessas palavras no idioma inglês,

cinco deles no idioma espanhol e um em português. A quantidade de artigos

encontrados com a combinação das palavras-chave no idioma espanhol pode ser

explicada através do número de autores espanhóis que pesquisam este tema,

conforme pode ser verificado no Gráfico 2.

Gráfico 2 - Quantidade de trabalhos publicados de acordo com a nacionalidade dos autores

Os autores espanhóis foram os que mais produziram pesquisas sobre autoeficácia

no esporte (sete trabalhos), seguidos por australianos (quatro) e americanos (três).

Autores do Brasil, Portugal e Reino Unido tiveram o mesmo número de publicações

(duas) sobre autoeficácia esportiva entre os anos de 2010 e 2016, enquanto que

autores do Canadá, Eslováquia, Irã, Itália, Polônia e Turquia publicaram apenas um

artigo cada um sobre o assunto neste período.

44

A soma de quantidade de trabalhos apresentados no Gráfico 2 é de 26 trabalhos,

pois cinco das 21 pesquisas tiveram autores de duas nacionalidades diferentes:

Reino Unido e Austrália (BOARDLEY; JACKSON; SIMMONS, 2015), Austrália e

Canadá (JACKSON; GROVE; BEAUCHAMP, 2010), Austrália e Estados Unidos

(DAMATO et al., 2011), Estados Unidos e Polônia (BLECHARZ et al., 2015) e

Espanha e Portugal (TEJERO-GONZÁLEZ et al., 2016). Nota-se que dos quatro

trabalhos realizados por pesquisadores australianos, três foram feitos em parceria

com autores de outras nacionalidades; e dois dos três trabalhos realizados por

americanos também foram escritos através de parcerias com pesquisadores de

outros países. Os artigos brasileiros foram escritos por Vieira et al. (2011) da

Universidade Estadual de Maringá, que pesquisaram autoeficácia em atletas jovens

de atletismo; e por Gomes et al. (2012) das Universidades Nove de Julho, Federal

de Juiz de Fora e São Judas Tadeu, que pesquisaram a relação do fluxo com

autoeficácia em atletas do voleibol.

Ressalta-se que, apesar de os critérios de inclusão contemplar pesquisas em

formato de artigos, dissertações e teses, todos os trabalhos que atenderam aos

critérios dessa revisão sistemática são em formatos de artigos. Além disso, apenas

no artigo de Valiante e Morris (2013) foi realizada uma pesquisa do tipo qualitativa, o

que demonstra a preferência dos autores por pesquisas quantitativas para investigar

esse constructo. Mesmo a maioria das pesquisas sendo do tipo quantitativa, notou-

se o uso de instrumentos não validados para estudar a autoeficácia esportiva, como

pode ser observado no Gráfico 3.

Enquanto 12 artigos utilizaram instrumentos validados para investigar autoeficácia

no esporte, sete artigos fizeram uso de instrumentos não validados e elaborados por

seus próprios autores. Os dois artigos restantes apresentavam processos de

validação de dois instrumentos distintos para analisar autoeficácia.

45

Gráfico 3 - Características dos instrumentos utilizados para avaliar autoeficácia

Talvez a utilização de instrumentos não validados aconteça devido à autoeficácia

não ser um traço global. Como explicado anteriormente, a autoeficácia deve ser

investigada através de competências específicas necessárias para produzir a ação a

ser realizada, no caso, a prática esportiva (BANDURA, 2006). Por esse motivo, não

há um instrumento único capaz de investigar a autoeficácia esportiva, uma vez que

cada modalidade tem suas especificidades e exigem habilidades distintas para

serem realizadas. A necessidade de se ter vários instrumentos para atender às

diversidades de habilidades esportivas específicas de cada modalidade, fez com que

quatro dos nove autores utilizassem as orientações de Bandura (2006) para

desenvolverem instrumentos que atendessem aos seus objetivos de pesquisa. Estes

autores são: Marcos et al. (2010a); Marcos et al. (2010b); Damato et al. (2011) e

Heazlewood e Burke (2011). Além desses autores, Valiante e Morris (2013) também

se basearam nas orientações de Bandura (2006) para elaborarem o protocolo de

entrevistas em sua pesquisa qualitativa sobre autoeficácia em atletas de golf.

Dentre os dois artigos que validaram instrumentos para investigar autoeficácia, um

deles elaborou uma escala para estudar a modalidade de golf (BOARDLEY;

JACKSON; SIMMONS, 2015) e outro a modalidade de taekwondo (ESTEVAN et al.,

46

2014). Além disso, foi possível observar que dentre os artigos que utilizaram

instrumentos validados para investigar autoeficácia, cada pesquisador optou por um

instrumento diferente, não havendo repetições de mesma escala/questionário em

nenhum dos 12 artigos. Estes dados confirmam a necessidade de existir

instrumentos específicos que possibilitem a investigação de autoeficácia percebida

nas diversas competências que cada modalidade exige.

Quando verificadas as modalidades esportivas investigadas pelos artigos, notou-se

predominância de modalidades coletivas com bola, como pode ser observado no

Gráfico 4.

Gráfico 4 - Distribuição das modalidades esportivas investigadas de acordo com a quantidade de artigos

Dentre os nove artigos da categoria modalidades ‘coletivas com bola’, a modalidade

mais investigada foi basquete (quatro), sendo que dois deles (FERREIRA et al.,

2011; TEJERO-GONZÁLEZ et al., 2016), estudaram basquete em cadeira de rodas.

Além do basquete, outros três artigos que compuseram esta categoria pesquisaram

futebol e dois outros estudaram voleibol. Já a categoria de modalidades ‘individuais’

foi formada por dois artigos que investigaram ginástica, um que estudou atletismo e

47

outro que pesquisou Iroman/Triatlon. Dos três artigos inseridos na categoria

‘individuais com bola’, dois estudaram golf e um investigou autoeficácia no tênis. As

modalidades pesquisadas pelos artigos que compuseram categoria ‘combate’ foram

karatê, kickboxing e taekwondo. A categoria ‘diversos’ foi formada por quatro artigos

que investigaram três modalidades ou mais.

Enfatiza-se que a soma de todas as modalidades apresentadas no Gráfico 4

equivalem à 23 artigos. Isto porque Chirivella e Esquiva (2012) investigaram atletas

de futebol e karatê e por isso somam aos artigos das categorias ‘coletivas com bola’

e ‘combate’. Além deste artigo, o trabalho de Marcos et al. (2010b) foi adicionado

duas vezes à categoria ‘coletivas com bola’ por pesquisar atletas de basquete e

futebol.

Além das modalidades, também foi verificado os perfis dos participantes dos artigos

encontrados. O Gráfico 5 apresenta a descrição dos participantes de acordo com

seus sexos.

Gráfico 5 - Distribuição de participantes em porcentagem de acordo com o sexo

Algumas pesquisas informaram o número de seus participantes, mas não indicavam

seus sexos. Por este motivo, 17,57% dos participantes foram classificados como

48

sexo ‘não identificado’. Dentre as pesquisa que apresentaram os gêneros de seus

participantes notou-se predominância do gênero masculino (48,03% do total de

participantes) sobre o gênero feminino (34,40% do total de participantes). Os perfis

destes participantes eram variados, conforme mostra o Gráfico 6.

Gráfico 6 - Distribuição dos perfis de participantes pesquisados pelos artigos

A maioria dos artigos (16) pesquisou autoeficácia em atletas de idades variadas. A

pesquisa de Heazlewood e Burke (2011), presente nesta categoria, foi a única que

não identificou a idade dos atletas investigados. Dos artigos que compuseram esta

categoria e informaram a idade dos participantes, o artigo de Gomez-Paloma, Rio e

D’Anna (2014) foi o único que pesquisou atletas da ginástica artística com menos de

10 anos, sendo que o restante das pesquisas investigou atletas adultos de 20 à 40

anos.

Três artigos investigaram tanto atletas como treinadores. Em dois deles, semelhante

ao realizado na presente dissertação, os atletas avaliaram sua percepção de

autoeficácia e o treinador avaliou a eficácia dos atletas da equipe, sendo que um

avaliou atletas adolescentes (MARCOS et al., 2010a) e ou outro atletas jovens

adultos (MARCOS et al., 2010b). O terceiro artigo presente nesta categoria

49

investigou crenças de eficácia de atletas e treinador sobre a díade de

relacionamento entre eles em equipe de tênis composta por adolescentes

(JACKSON; GROVE; BEAUCHAMP, 2010).

Dos dois artigos que pesquisaram atletas estudantes, um deles realizou pesquisa

com atletas estudantes universitários (BRUTON; MELLALIEU; SHEARER, 2014);

enquanto outro investigou estudantes adolescentes e jovens adultas do sexo

feminino pertencentes a diferentes times de voleibol (ARDEHJANI; MOKHTARI;

TAYYARI, 2013). Já a categoria ‘atletas paradesportivos’ foi composta pelos dois

trabalhos que investigaram jogadores de basquete em cadeira de rodas, com idades

entre 30 e 40 anos (FERREIRA et al., 2011; TEJERO-GONZÁLEZ et al., 2016). No

entanto, Ferreira et al. (2011) além de jogadores de basquete em cadeira de rodas,

também investigaram jogadores de basquete convencional, o que fez com que este

artigo fosse contabilizado duas vezes no Gráfico 6, uma na categoria ‘atleta’ e outra

na categoria ‘atletas paradesportivos’.

Através das informações sobre modalidades e perfis de participantes investigados

nos artigos que compõe esta revisão sistemática, ressalta-se que nenhum dos três

artigos que investigaram modalidades de combate pesquisou autoeficácia no judô,

modalidade investigada na presente pesquisa. Além disso, os dois artigos que

investigaram atletas paradesportivos pesquisaram atletas com deficiência física, não

havendo nenhum trabalho com atletas com deficiência visual.

Somente três dos 21 trabalhos investigaram apenas o constructo da autoeficácia

(VALIANTE; MORRIS, 2013; GOMEZ-PALOMA; RIO; D’ANNA, 2014; ESTEVAN et

al., 2014). Os demais artigos investigaram, na mesma pesquisa, mais de um

constructo além da autoeficácia, como pode ser observado na Tabela 2.

A percepção de eficácia de terceiros foi o constructo mais estudado junto à

autoeficácia (quatro). O artigo de Marcos et al. (2010a) foi contabilizado duas vezes

nesta categoria porque, além de investigar a percepção que o treinador tinha sobre a

eficácia de seus atletas, também avaliou como a eficácia destes atletas era

percebida pelos companheiros de equipe. Além deste trabalho, também compôs

esta categoria a investigação de Marcos et al. (2010b) que pesquisaram a

percepção do treinador sobre a eficácia dos atletas, e o artigo de Boardley, Jackson

50

e Simmons (2015) que investigou a percepção dos atletas sobre a eficácia da

motivação do treinador.

Tabela 2 - Constructos pesquisados relacionados à autoeficácia

Aspectos estudados Frequência

Percepção de eficácia de terceiros 4

Lesões Esportivas 3

Motivação 3

Autoestima 2

Autofala 2

Autopercepção de competência 2

Coesão 2

Eficácia coletiva 2

Mentalização 2

Satisfação 2

Afeto 1

Aspectos fisiológicos 1

Autoconfiança 1

Desempenho esportivo 1

Emoções em competição 1

Expectativa de resultado 1

Fluxo 1

Intervenções psicológicas 1

Orientação à tarefa 1

Percepção do clima motivacional 1

Qualidade de relacionamento treinador-atleta 1

Infere-se que grande variedade de constructos pesquisados junto à autoeficácia se

deve aos objetivos dos artigos, que podem ser verificados no Gráfico 7.

Quatro artigos tinham dois objetivos distintos e por isso foram contabilizados duas

vezes no Gráfico 7, totalizando 25 objetivos. O objetivo que mais apareceu entre

estes foi o de correlacionar a autoeficácia com outros constructos (15), seguidos por

comparação da autoeficácia com outros constructos (quatro), validação de

instrumento (três), intervenção dos pesquisadores sobre os participantes (dois) e

descrever autoeficácia (um).

51

Gráfico 7 - Objetivos apresentados nos artigos

Dentre os artigos que tiveram como objetivo correlacionar a autoeficácia com outros

constructos destacam-se os três trabalhos que estudaram lesões esportivas. O

trabalho de Rubio et al. (2014) verificou que a autoeficácia está relacionada com a

probabilidade de se ter ou não lesões esportivas dependendo da influência deste

constructo sobre as estratégias de enfrentamento do atleta. Porém, a autoeficácia

pode tanto impulsionar o atleta a ter condutas de riscos para ter lesões, quanto ao

contrário, não sendo possível afirmar se percepções positivas de autoeficácia

correlacionam positiva ou negativamente com a probabilidade de aparecimento de

lesões. Já Garcia-Mas et al. (2014) afirmaram que níveis moderados de autoeficácia

podem proporcionar possíveis histórias de lesões. De Pero et al. (2013), ao

estudarem a relação de níveis de autoeficácia com medo de ter lesões no esporte,

concluiu que medo de lesões está negativamente correlacionado com autoeficácia.

Ainda dentre os trabalhos que buscaram correlacionar autoeficácia com outros

constructos, verificou-se correlações positivas entre autoeficácia e motivação (SARI,

2015), autoeficácia e fluxo (GOMES et al., 2012), autoeficácia e técnicas de autofala

(DAMATO et al., 2011), autoeficácia e coesão (MARCOS et al., 2010a), autoeficácia

e emoções positivas (CHIRIVELLA; ESQUIVA, 2012) e melhora na relação

treinador-atleta através de percepções positivas de autoeficácia de ambos e

52

percepções de eficácia que um tem do outro (JACKSON; GROVE; BEAUCHAMP,

2010).

Os artigos classificados na categoria ‘comparar’ tinham objetivo de comparar níveis

de autoeficácia em grupos diferentes. Estevan et al. (2014) afirmaram que

encontraram níveis mais altos de autoeficácia em homens quando comparados a

mulheres em alguns itens do instrumento que estavam validando para avaliar

autoeficácia na modalidade taekwondo; porém, outros itens não apresentaram

diferenças entre sexos. Os pesquisadores Tejero-González et al. (2016)

compararam autoeficácia de jogadores de basquete em cadeiras de rodas de

variados níveis esportivos de competição, não encontrando diferenças entre eles.

Gomez-Paloma, Rio e D’Anna (2014) encontraram diferenças significativas entre os

níveis de autoeficácia de ginastas, sendo que ginastas de alto rendimento

apresentaram níveis mais elevados quando comparados a ginastas que praticam a

modalidade por recreação. Ferreira et al. (2011) observaram níveis mais elevados de

autoeficácia em mulheres jogadoras de basquete quando comparado com os

homens; além disso, os autores também verificaram que jogadores com deficiência

física tem níveis de autoeficácia mais baixos que os jogadores sem deficiência.

Dos três artigos que formaram a categoria ‘validar instrumento’, apenas dois

validaram instrumentos novos: Boardley, Jackson e Simmons (2015) validaram um

instrumento para o golf, enquanto que Estevan et al. (2014) validaram um

instrumento para o taekwondo. Já Blecharz et al. (2015) verificaram o processo de

validação do instrumento SMS-6 em atletas de diversas modalidades.

Os dois trabalhos inclusos na categoria ‘intervenção’ fizeram uma pesquisa quase-

experimental ao praticarem intervenções sobre grupos de participantes e verificarem

os resultados desta intervenção posteriormente. Bruton, Mellalieu e Shearer (2014)

verificaram que intervenções psicológicas auxiliaram no aumento de níveis de

autoeficácia; Ardehjani, Mokhtari e Tayyari (2013) afirmaram que a combinação de

estratégias de mentalização e autofala com a prática física ajuda na melhora da

autoeficácia dos atletas. Já o trabalho de Valiante e Morris (2013), que compõe a

categoria ‘descrever autoeficácia’, pretendeu explorar como eram formadas as

crenças de autoeficácia de golfistas através do método qualitativo.

53

Em suma, pode-se concluir, através desta revisão sistemática, que o método mais

utilizado atualmente para investigar autoeficácia é o quantitativo, apesar da carência

de instrumentos validados para investigar este constructo. Além disso, nota-se que a

autoeficácia geralmente é estudada junto a outros constructos com intenção de

verificar as relações entre esses. Dentre as pesquisas que contaram com a

participação de atletas e treinador, duas delas realizaram avaliações da eficácia

percebida pelo treinador, método utilizado também nessa dissertação. Entretanto,

observou-se que os dois trabalhos encontrados sobre autoeficácia de atletas

paradesportivos foram feitos com atletas cadeirantes, jogadores de basquete; não

havendo trabalhos com atletas com deficiência visual. Também não foram

encontrados trabalhos de autoeficácia com judocas, modalidade pesquisada no

presente estudo.

2.2.2 Autoeficácia e a pessoa com deficiência visual

A autoeficácia é considerada um dos constructos componentes da saúde mental do

ser humano (GARCIA, 2014). Isto porque o sujeito que acredita ser capaz de em

exercer determinada função tende a enfrentar situações difíceis como momentos

desafiadores ao invés de ameaçadores (BANDURA, 1982; RIBEIRO, 2001). Esta

influência no comportamento humano faz com que altos índices de autoeficácia

estejam relacionados com baixos níveis de estresse e depressão (MACIEJEWSKI;

PRIGERSON; MAZURE, 2000; AZEVEDO, 2010).

Conforme dito anteriormente, o homem é composto pela reciprocidade triádica entre

fatores pessoais, comportamentais e ambientais (PAJARES; OLAZ, 2008). Desta

forma, para compreender a autoeficácia é necessário considerar todos estes fatores.

Dentre as características pessoais da pessoa com deficiência visual estão as

características da própria deficiência, como idade em que foi acometido pela

deficiência (congênita ou adquirida), grau da deficiência (cegueira ou baixa visão) e

se a perda da visão foi repentina ou progressiva. Já dentre os fatores ambientais, é

importante verificar os recursos físicos e financeiros deste sujeito na sociedade, bem

como sua aceitação e inclusão social. Como fatores comportamentais, é

interessante avaliar variáveis como ações de capacidade de resolução de

54

problemas, estratégias de manejo social e conscientização de suas possibilidades e

limitações devido à deficiência (ARRUDA, 2016; GARCIA, 2014).

A conscientização das pessoas com deficiência visual sobre suas limitações e

possibilidades influenciará diretamente sua autopercepção e, consequentemente, na

percepção de suas competências (GARCIA, 2014). Quando o deficiente visual

conhece suas limitações, consegue aproveitar de maneira mais eficaz as

orientações/percepções do ambiente, gerando consequências compatíveis com suas

expectativas de resultados e aumentando sua percepção de autoeficácia através de

experiências diretas de domínio (BANDURA, 1997; ARRUDA, 2006). Baptista

(2013), em sua pesquisa sobre a trajetória de carreira de estudantes portugueses

cegos, explicita ainda que os cegos que não se percebem capazes de construir uma

carreira, acabam por possuir expectativas de resultados muito baixas e desistem de

suas ocupações antes mesmo de iniciá-las.

A percepção de autoeficácia dependerá também do tipo da deficiência visual. Arruda

(2006) afirma que pessoas com deficiência visual adquirida na idade adulta, logo

após a manifestação da deficiência, tem a tendência de não acreditar mais em suas

competências e, consequentemente, possuem autopercepção negativa. A autora

explica que estes sujeitos ficam inseguros em situações nas quais a visão era

importante enquanto videntes, além de terem as percepções dos resultados de suas

ações diminuídos pela falta da visão. Já sobre a deficiência visual congênita, os

autores Stuart, Lieberman e Hand (2006) explicam que a percepção dos pais sobre

as habilidades dos filhos com deficiência visual influencia na autopercepção de

competências destes. Quando os pais não compreendem as habilidades de seus

filhos e apresentam comportamentos de superproteção, os filhos deficientes visuais

tendem a ter baixa autoeficácia.

Além do tipo de deficiência (congênita / adquirida), outras situações vivenciadas

pelas pessoas com deficiência visual podem contribuir para uma baixa autoeficácia.

A discrepância entre os objetivos de ações e o comportamento realizado pode levar

a uma baixa autoavaliação de desempenho, gerando sentimentos de

autoinsatisfação e autofrustração, o que diminui a percepção de autoeficácia

(ARRUDA, 2006; AZEVEDO, 2010). A discriminação da população que compreende

este sujeito como incapaz junto à autodiscriminação do deficiente visual, que

55

acredita realmente não possuir autonomia para realizar tarefas diárias básicas

também influencia na baixa percepção de autoeficácia (BONATTI et al., 2007;

BAPTISTA, 2013). Outros aspectos que diminuem a percepção de autoeficácia em

pessoas com deficiência visual estão relacionados à falta de autonomia, como o

sedentarismo, uma vez que deficientes visuais possuem poucas oportunidades de

participar de atividades físicas regulares, e as expectativas de resultados negativas,

quando o ambiente não permite que este indivíduo realize tarefas diárias básicas

(LIEBERMAN; HOUSTON-WILSON, 1999; AZEVEDO, 2010).

Apesar de a literatura ressaltar aspectos que contribuem para a baixa autoeficácia

em pessoas com deficiência visual, não foram encontradas distinções entre as

fontes de autoeficácia desta população e de pessoas sem deficiência. Constatou-se,

porém, diferentes maneiras de como o deficiente visual recebe as informações

advindas destas fontes, conforme apresentado a seguir.

Assim como em pessoas sem deficiência, a principal fonte de autoeficácia que

influencia a percepção de pessoas com deficiência visual são as experiências diretas

de domínio. Experiências de realização de tarefas e desempenho pessoal faz com

que sentimentos de autoeficácia originem-se nos deficientes visuais. Entretanto,

enfatiza-se que para estas experiências formarem percepções de autoeficácia

positivas e efetivas, o sujeito deve vivenciar situações que lhe propiciem superações,

pois sucessos fáceis de serem alcançados fazem com que a pessoa espere

resultados rápidos e facilmente se sinta desencorajada em casos de falhas (GOULD

et al., 1989; BANDURA, 1997; AZEVEDO, 2010).

Os estados emocionais nas pessoas com deficiência visual (fonte de ‘estados físicos

e emocionais’) também influenciam diretamente na percepção de autoeficácia.

Alterações de humor e sentimentos como ansiedade e estresses no momento da

realização da tarefa geram baixa autoeficácia, o que podem causar padrões de

comportamentos de desistência da tarefa. (BANDURA, 1997; ARRUDA, 2006;

AZEVEDO, 2010).

Através da persuasão verbal, a pessoa com deficiência visual pode se sentir apta a

realizar tarefas que antes acreditava não ser capaz. Porém, para que esta seja

realmente uma fonte efetiva de autoeficácia positiva, é necessário que a fala de

56

terceiros seja realista com as capacidades do deficiente visual e consiga incentivá-lo

a vivenciar experiências condizentes com suas habilidades para, dessa forma,

serem bem sucedidas. Por isso, as afirmações de pessoas que realmente conhecem

as habilidades do deficiente visual e que são de sua confiança, como pais,

professores e até mesmo treinadores no caso do esporte, tendem a persuadi-lo de

maneira mais eficiente, além de conseguirem incentivar a pessoa com deficiência

visual a exercitar capacidades até então não conhecidas por ele mesmo (BANDURA,

1997; STUART; LIEBERMAN; HAND, 2006; AZEVEDO, 2010).

Para que a fonte de persuasão verbal seja efetiva é de suma importância que a

pessoa que convencerá o deficiente visual sobre suas habilidades realmente

acredite nas capacidades dele, não o encarando como coitado e/ou aceitando

execuções de habilidades abaixo de seu potencial como sendo satisfatórias

(O'CONNELL; LIEBERMAN; PETERSE, 2006). Por este motivo, enfatiza-se a

importância de formação específica para pessoas que trabalham com deficientes

visuais; assim estas pessoas conseguirão facilitar a inserção social do deficiente e,

desta forma, influenciarão de maneira positiva na formação da autoeficácia deste

(BAPTISTA, 2013).

Em seu estudo sobre instruções a crianças cegas praticantes de atividade física, os

pesquisadores O'Connell, Lieberman e Peterse (2006) afirmaram que a junção de

instruções verbais e táteis aumentaram a autoeficácia dos cegos. Esse dado permite

uma reflexão de que a persuasão de terceiros, em caso de pessoas com deficiência

visual , não acontece apenas de maneira verbal, mas também através do tato, outro

canal sensitivo muito utilizado por deficientes visuais conforme explicitado

anteriormente.

Talvez, a fonte de experiências vicárias seja a que mais sofre alterações na maneira

como a pessoa com deficiência visual a recebe. Os deficientes visuais,

principalmente os cegos, não conseguem modelar seus comportamentos através da

observação de outras pessoas. No entanto, essa modelação acontece, muitas

vezes, através do canal auditivo, quando o deficiente visual escuta de outra pessoa

com a mesma deficiência que conseguiu realizar determinado comportamento. Esta

fala de alguém semelhante a ele faz com que o deficiente visual acredite que

também é capaz de produzir este comportamento (AZEVEDO, 2010).

57

Quando a pessoa com deficiência visual consegue usufruir destas fontes de

autoeficácia e se percebe como sendo capaz de realizar ações que lhe trazem

autonomia, passa a diminuir sentimentos de ansiedade e depressão, sentindo-se

mais motivado a alcançar o sucesso em seus comportamentos (ARRUDA, 2006;

AZEVEDO, 2010). Um ambiente que pode propiciar o acesso a estas fontes de

autoeficácia, fazendo com que a pessoa com deficiência visual acredite em suas

competências, é a prática esportiva (MARTIN, 1999; SURAKKA; VENOJARVI;

PITKANEN, 2016).

2.2.3 Eficácia percebida pelo treinador

As pesquisas sobre autoeficácia enfatizam que sua elaboração é composta

essencialmente por ações dos próprios indivíduos, como suas experiências diretas

de domínio, experiências vicárias e estados fisiológicos e emocionais. Muitas vezes

o contexto ambiental que estas experiências são vivenciadas, como a cultura em

que este indivíduo está inserido e suas relações pessoais são desconsideradas,

porém também fazem parte da formação da percepção de autoeficácia (BANDURA,

2001; DUNLOP; BEATTY; BEAUCHAMP, 2011; LENT; LOPEZ, 2002).

Desta forma, os autores Lent e Lopez (2002) propõem compreender a autoeficácia

de um indivíduo através de suas relações interpessoais. Esta proposta consiste em

estudar a “eficácia relacional” definida como a “rede de crenças de eficácia

interpessoal ou interativa (...) sobre o eu e o outro no contexto de uma relação

particular” (p. 257). Fundamentalmente, os autores partem do princípio de que as

relações sociais entre duas ou mais pessoas são interdependentes, ou seja, as

percepções, os comportamentos e os sentimentos de ambos são inter-relacionados

de maneira mútua e causal (LENT; LOPEZ, 2002; JOWETT; POCZWARDOWSKI,

2007). Esta interdependência causa expectativas interpessoais, pois é através

destes relacionamentos que a pessoa cria percepções sobre a própria eficácia e

também sobre as habilidades de seu parceiro, gerando expectativas de

comportamentos mútuos (SNYDER; STUKAS, 1999).

58

Portanto, as relações sociais são parte importante para a autoavaliação de uma

pessoa e, consequentemente, para a percepção que esta tem sobre sua

autoeficácia. Através das reações avaliativas de terceiros sobre suas habilidades, o

indivíduo constrói sua própria avaliação. Por exemplo, uma criança que recebe

avaliações positivas sobre seu desempenho escolar, provavelmente terá maior

percepção de autoeficácia para realizar as tarefas pertinentes ao contexto escolar.

Assim, as relações sociais desenvolvem a percepção de terceiros sobre as

habilidades de um indivíduo e esta percepção poderá influenciar a autopercepção da

pessoa avaliada de maneira positiva ou negativa (LENT; LOPEZ, 2002).

Por esse motivo, estes autores sugerem que o estudo da autoeficácia deve ser feito

através de uma avaliação de “eficácia tripartida”. Esta avaliação não só investiga a

percepção de autoeficácia de uma pessoa, mas também a percepção de terceiros

sobre as habilidades desta pessoa (crenças de eficácia de terceiros) e as crenças

sobre como uma pessoa acredita que suas habilidades são avaliadas por terceiros

(Crenças de Autoeficácia Inferidas na Relação / Relation–Inferred Self–Efficacy

Beliefs – RISE). As definições de cada um dos componentes da eficácia tripartida, os

aspectos que influenciam sua formação e também o que estes componentes podem

causar são apresentados no Quadro 3.

Conforme pode ser observado no Quadro 3 (logo abaixo), as relações sociais, de

maneira recíproca, influenciam e também são influenciadas pela percepção de

autoeficácia, pois atuam diretamente na escolha do parceiro para exercer

determinada tarefa, no nível de satisfação sobre o relacionamento e a quantidade de

esforço gasto em ações conjuntas (LENT; LOPEZ, 2002; JACKSON; BEAUCHAMP,

2010a). Já as percepções de eficácia de terceiros são formadas tanto por

observações do desempenho do outro quanto por estereótipos sociais e

comparação com outras pessoas semelhantes. Estas percepções, assim como a

percepção de autoeficácia, influenciam na escolha de parceiros em atividades

conjuntas, tipo e quantidade de esforços em atividades conjuntas e satisfação com o

relacionamento. As crenças de autoeficácia inferidas na relação (RISE) são

formadas diretamente por feedbacks recebidos de parceiros e percepções da própria

autoeficácia; de maneira recíproca, a formação da autoeficácia também é

influenciada por estas crenças. Através destas crenças o indivíduo avalia tanto o

59

Constructo Definição Influenciado por Potencial Influência sobre

Autoeficácia A opinião de cada

parceiro sobre a sua própria eficácia

• Crenças RISE • Crenças RISE (influência recíproca) • Fontes extra-relacionais de informação de autoeficácia

• Escolha de parceiros de relacionamento e atividades conjuntas

• Tipo e quantidade de esforço gasto em atividades conjuntas (por exemplo, ajuda / busca)

• Satisfação de relacionamento e intenções de persistência

Eficácia de terceiros

A visão de cada parceiro sobre a eficácia do outro

• Percepções dos desempenhos do outro

• Escolha de parceiros de relacionamento e atividades conjuntas

• Crenças sobre a eficácia de outros semelhantes

• Tipo e quantidade de esforço gasto em atividades conjuntas (por exemplo, ajuda / busca)

• Os estereótipos sociais e culturais • Confiança no feedback de outros • Opiniões de terceiros sobre as capacidades do outro

• Satisfação de relacionamento e intenções de persistência

• 'Profecias autorrealizáveis'

Crenças de Autoeficácia Inferidas na

Relação (RISE)

As crenças de cada parceiro sobre como sua eficácia é vista

pelo outro (por exemplo, as crenças do parceiro A sobre

como o parceiro B vê a eficácia de A)

• Avaliação do feedback de desempenho do parceiro (por exemplo, feedback direto, tipo ou quantidade de suporte oferecido, sugestões não-verbais, definição de metas conjuntas)

• Autoeficácia (influência recíproca) • Mediação do efeito de outras crenças de eficácia sobre a autoeficácia (efeito do filtro cognitivo)

• Esforços de afrontamento

• Desenvolvimento e implantação de habilidades

• Autoeficácia • Avaliação do apoio social

• Satisfação de relacionamento e intenções de persistência

Quadro 3 - Componentes da eficácia tripartida, suas fontes e possíveis influências (retirado de LENT; LOPEZ, 2002, p. 262).

60

apoio recebido pelas relações sociais como também a satisfação com cada

relacionamento (LENT; LOPEZ, 2002).

Os autores Jackson e Beauchamp (2010b) fazem uma crítica a este modelo

afirmando que através dele não é possível investigar as opiniões de uma pessoa

sobre as expectativas da outra. Avaliar o nível de confiança e expectativas que uma

pessoa acredita que o outro tem em si mesmo permitiria estudar mais

profundamente a formação da percepção de eficácia de terceiros. Por este motivo,

estes autores propõe a implementação de um quarto elemento na avaliação: a

verificação das “estimativas de autoeficácia da outra pessoa (EOSE)”. O

conhecimento deste componente facilitaria a adaptação do indivíduo e o

funcionamento do relacionamento. No entanto, apesar desta proposta, ter sido

realizada em 2010, os trabalhos encontrados sobre estudos da eficácia relacional

após esta data, não consideraram este componente (DUNLOP; BEATTY;

BEAUCHAMP, 2011; MARCOS et al., 2010a; MARCOS et al., 2010b; MARCOS et

al., 2012).

Mesmo com a apresentação dos três componentes para a avaliação da eficácia

relacional e a proposta de Jackson e Beauchamp (2010b) sobre um quarto

componente, o presente estudo se limitou a investigar a percepção de autoeficácia e

a percepção de eficácia de terceiros. Esta percepção de eficácia de terceiros

somente será significativa e influenciará, conforme o modelo exposto acima, a

autoeficácia de um sujeito em relacionamentos de maior proximidade e confiança

(SNYDER; STUKAS, 1999; LENT; LOPEZ, 2002). Além disso, Bandura (1997)

afirma que a autoeficácia geralmente é mais influenciada através das considerações

de pessoas que são vistas como conhecedoras das habilidades a serem avaliadas e

eficazes em suas execuções do que por amigos bem intencionados, porém com

menor conhecimento.

No contexto esportivo, as relações de maior proximidade e confiança geralmente

acontecem entre os próprios atletas e na díade atleta-treinador. Isto porque, atletas

e treinadores, além de permanecerem muitas horas no mesmo ambiente entre

treinamentos e competições, também mantém uma relação baseada em um mesmo

objetivo: o sucesso do desempenho atlético (JACKSON; KNAPP; BEAUCHAMP,

2008; MARCOS et al., 2010b, SATO, 1999). Os autores Jowett e Poczwardowski

61

(2007) afirmam ainda que a relação atleta-treinador possui altos níveis de

interdependência podendo possuir consequências positivas ou negativas de acordo

com a qualidade deste relacionamento.

Analisando através do modelo de avaliação da eficácia relacional apresentado por

Lent e Lopez (2002) a eficácia percebida pelo treinador pode ser entendida como a

avaliação que ele possui sobre as habilidades e capacidades do atleta durante o

desenvolvimento de um treino ou de uma competição (MARCOS et al., 2010a;

MARCOS et al., 2012). Assim, a percepção de eficácia do treinador reflete também a

confiança deste sobre as habilidades de cada atleta para realizar determinadas

tarefas (LEO et al., 2013). Quando os atletas percebem a confiança de seus

treinadores sobre suas atitudes são influenciados positivamente em suas

percepções de autoeficácia, podendo, por exemplo, enfraquecer impactos negativos

de fracassos em competição (LENT; LOPEZ, 2002).

Ainda sobre a influência da eficácia percebida pelo treinador, os autores Feltz e

Lirgg (2001) asseguram que treinadores com percepções de eficácia mais elevadas

de seus atletas notam maior controle sobre os resultados de suas equipes. Esta

influência da percepção de eficácia do treinador advém dos comportamentos que

este tem diante a equipe (MARCOS et al., 2011). Já no ano de 1989, Gould et al.

asseguraram a eficiência de fontes de autoeficácia de atletas através de

comportamentos do treinador. Estes autores declararam que o uso de diferentes

estratégias psicológicas advindas dos treinadores poderia influenciar a autoeficácia

da equipe. Dentre as estratégias propostas pelos autores estão: boas instruções,

estabelecimento de metas específicas, feedbacks enfatizando melhorias na técnica

ou processo sobre o resultado, uso liberal de declarações de recompensa,

persuasão verbal, incentivo a autofala positiva, redução de sentimentos de

ansiedade através do treinamento de relaxamento e modelação de confiança

através de mentalizações. Apesar de reconhecerem que as intervenções

psicológicas realizadas por treinadores são eficientes quanto ao impacto positivo de

seus atletas, Gould et al. (1989) não avaliaram na prática a efetividade destas

intervenções, não sendo possível afirmar os impactos reais que elas teriam sobre a

autoeficácia dos atletas.

62

Atualmente, sabe-se que comportamentos do treinador como apoio social aos

atletas, feedbacks realistas e positivos quanto ao desempenho e estabelecimento de

metas coletivas e individuais para a temporada, influenciam positivamente a

percepção de autoeficácia dos atletas (MARCOS et al., 2009; MARCOS et al., 2011;

MARCOS et al., 2012). Os pesquisadores Feltz e Lirgg (2001) ressaltam ainda que a

declaração das expectativas de eficácia positiva do treinador para seus atletas

possui um efeito cíclico na equipe. O treinador que forma expectativas positivas em

sua equipe e atua de maneira coerente com as possibilidades de eficácia criadas,

elicia comportamentos dos atletas que reforçam as expectativas originais, fazendo

com que o treinador perceba seus atletas ainda mais eficazes.

Ressalta-se, porém, que em uma relação intimamente interdependente como a

díade atleta-treinador, as percepções que um tem sobre o outro influencia

igualmente as percepções de autoeficácia de cada uma das partes (LENT; LOPEZ,

2002; JOWETT; POCZWARDOWSKI, 2007). Dessa forma, não só o treinador

influencia a autoeficácia do atleta como o atleta também interfere na percepção de

autoeficácia do treinador. Entretanto, a presente pesquisa se limita a estudar apenas

a percepção de autoeficácia do atleta e a eficácia percebida pelo treinador sobre as

habilidades de seus atletas.

CAPÍTULO 3

ASPECTOS DA MODALIDADE ESTUDADA

O esporte paralímpico

A história do movimento paralímpico

A história do movimento paralímpico no Brasil

Judô Paralímpico

História e fundamentos do judô

O judô nos Jogos Paralímpicos

O judô e a pessoa com deficiência visual

64

O terceiro capítulo desta dissertação tem o objetivo de apresentar a modalidade aqui

estudada. Primeiramente será retratada a história do movimento paralímpico

mundial e, em seguida, seu desenvolvimento no Brasil. Em um segundo momento,

apresentará a história e fundamentos do judô e sua inserção nos Jogos

Paralímpicos. Para finalizar, haverá a descrição as especificidades da prática do

judô realizada por pessoas com deficiência visual.

3.1 O ESPORTE PARALÍMPICO

3.1.1 A história do movimento paralímpico

O início da prática esportiva de pessoas com deficiência é datada do fim do século

XIX e começo do XX. A primeira organização esportiva para pessoas com

deficiência, denominada Clube Esportivo para Surdos, foi fundada em 1888 na

cidade de Berlim (Alemanha). Em 1924, com o surgimento de federações

desportivas para surdos em diversos países, como Bélgica, Checoslováquia, França,

Grã-Bretanha, Holanda e Polônia, aconteceu em Paris (França) a primeira edição

dos Jogos Internacionais do Silêncio, com a participação de 140 atletas com

deficiência auditiva. Esta competição, mais tarde passou a ser chamada de Jogos

Mundiais para Surdos, realizados de quatro em quatro anos e, posteriormente,

reconhecido pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) como as Olimpíadas de

Surdos (GOLD.; GOLD, 2007).

Em 1939, o neurocirurgião judeu Ludwing Guttman, refugiado da Alemanha, chegou

à Grã-Bretanha. Ao iniciar seu trabalho na Unidade de Lesões Medulares do hospital

Stoke Mandeville, no distrito de Aylesbury, em 1944, Guttman notou o sofrimento

dos muitos soldados combatentes na Segunda Guerra Mundial que retornavam das

batalhas com lesões graves como a paraplegia. O médico encontrou no esporte, um

método de reabilitação terapêutica que trazia como resultados bem estar físico e

psíquico para esses pacientes. Além de ajudar no sistema neuromuscular, a prática

esportiva trazia confiança e certo grau de independência às pessoas com

deficiência, auxiliando em suas reinserções na sociedade (LAGAR, 2003; GOLD;

GOLD, 2007; PARSONS; WINCKLER, 2012).

65

Os pacientes passaram, então, a praticar modalidades como tiro com arco, polo e

netball em cadeiras de rodas (uma espécie de basquete sem a tabela) (PARSONS;

WINCKLER, 2012). Em 28 de julho de 1948 (mesma data da abertura das

Olimpíadas de Londres) foi realizada a abertura do I Jogos de Stoke Mandeville. A

primeira edição aconteceu nas dependências do hospital e contou com a

participação de 16 pessoas. Elas compunham duas equipes e disputavam a

modalidade de tiro com arco. No ano seguinte, houve a segunda edição da

competição, na qual participaram 60 esportistas de cinco hospitais diferentes. Nesta

edição, Guttman expressou seu desejo de tornar o evento internacional, alcançando

a fama dos Jogos Olímpicos (GOLD; GOLD, 2007).

Parte do sonho do neurocirurgião tornou-se real no ano de 1952, ano em que a

competição passou para nível internacional com a participação de soldados

holandeses. No ano seguinte, os Jogos já contavam com a presença de mais quatro

países: Finlândia, França, Israel e Canadá. Em 1959 foi criado o Comitê

Internacional de Jogos de Stoke Mandeville (GOLD; GOLD, 2007; PARSONS;

WINCKLER, 2012).

A nona edição dos Jogos Internacionais de Stoke Mandeville, em Roma, na Itália

(1960), foi considerada a primeira edição dos Jogos Olímpicos para Deficientes

(data considerada na história como o início das Paralimpíadas). Nessa edição foram

incluídas modalidades como sinuca, esgrima, atletismo, basquete em cadeira de

rodas, dardo, natação e tênis de mesa (o Quadro 4 apresenta as datas das

inserções das modalidades paralímpicas). Foi a primeira vez que o evento

aconteceu na mesma cidade anfitriã dos Jogos Olímpicos. A partir de então, tentou-

se fazer com que as cidades Olímpicas acolhessem também a competição para

pessoas com deficiência. No entanto, apenas a cidade de Tóquio (sede dos Jogos

Olímpicos em 1964) aceitou realizar os Jogos Olímpicos para Deficientes. Durante

essa edição, o evento foi denominado pela imprensa como ‘Paralimpíadas’, apesar

desse nome ainda não ser reconhecido oficialmente. (CARVALHO, 2006; GOLD;

GOLD, 2007; PARSONS; WINCKLER, 2012).

Muitas cidades sedes dos Jogos Olímpicos, como Munique e Cidade do México,

recusaram-se a realizar o evento para pessoas com deficiência. Os motivos eram

diversos, como, por exemplo, não terem infraestrutura para receber os cadeirantes.

66

Em consequência desse fato, em 1969 foi inaugurado um estádio para pessoas com

mobilidade reduzida em Stoke Mandeville e, em 1981, criou-se a Vila Olímpica para

deficientes no mesmo local, mostrando que o esporte praticado por deficientes

deixava de ter características de reabilitação e passava a se preocupar com o

desempenho atlético (GOLD; GOLD, 2007).

MODALIDADE PERÍODO DE INCLUSÃO

Atletismo 1960 – atualidade

Basquete DI 1996 – 2000

Basquete em cadeira de rodas 1960 – atualidade

Lawn Bowls 1968 - 1988, 1996

Bocha 1984 – atualidade

Ciclismo 1988 – atualidade

Dardo 1960 – 1980

Esgrima em cadeira de rodas 1960 – atualidade

Futebol – 5 2005 – atualidade

Futebol – 7 1984 – atualidade

Goalball 1960 – atualidade

Halterofilismo 1964 – atualidade

Hipismo 1996 – atualidade

Judô 1988 – atualidade

Levantamento de peso 1964 – 1992

Luta greco-romana 1980 – 1984

Natação 1960 – atualidade

Remo 2008 – atualidade

Rugby em cadeira de rodas 2000 – atualidade

Sinuca 1960 - 1976, 1984- 1988

Tênis de mesa 1960 – atualidade

Tênis em cadeira de rodas 1992 – atualidade

Tiro com arco 1960 – atualidade

Tiro esportivo 1976 – atualidade

Vela 2000 – atualidade

Quadro 4 - Inclusão das modalidades nos Jogos Paralímpicos (retirado de PARSONS; WINCKLER, 2012, p. 11).

O ano de 1976 foi marcado pela inclusão de outras deficiências que não fossem

medulares, como a deficiência visual e a amputação. Além disso, nesse ano também

67

aconteceram os primeiro Jogos de Inverno para pessoas com deficiência em

Örnsköldsvik na Suécia (GOLD; GOLD, 2007; PARSONS; WINCKLER, 2012).

Apenas em 1985, o Comitê Coordenador Internacional (ICC – sigla em inglês)

aceitou utilizar a nomenclatura “Paralímpico”, sendo o prefixo ‘para’ de origem grega

que significa ‘acerca de’, expressando uma ideia de aproximação ou paralelismo aos

Jogos Olímpicos. A primeira edição dos Jogos em que se usou oficialmente o nome

“Jogos Paralímpicos” foi em 1988 na competição realizada na cidade de Seul

(Coréia do Sul). Além do nome, nessa edição foram estabelecidos símbolo, hino e

bandeira do movimento, além de também contar com a determinação de que os

Jogos Paralímpicos seguiriam a mesma periodicidade das Olimpíadas, ocorrendo de

quatro em quatro anos. No ano seguinte, em 22 de setembro de 1989 foi criado o

Comitê Paralímpico Internacional (IPC – sigla em inglês) na cidade de Dusseldorf na

Alemanha, tendo como primeiro presidente o Dr. Robert Steadward. Até a

atualidade, este é o órgão responsável pelo movimento paralímpico mundial

(CARVALHO, 2006; IPC, 2016a; PARSONS; WINCKLER, 2012).

Em Barcelona, no ano de 1992, os atletas paralímpicos utilizaram pela primeira vez

a mesma Vila Olímpica construída para os Jogos Olímpicos. Estes Jogos são

marcados pela diminuição do número de provas e classes, pois se instalou um

modelo de classificação baseado na funcionalidade do atleta (suas limitações e

capacidades) e não mais apenas no tipo de deficiência. Em 2000, houve a

diminuição do número de medalhas para facilitar a compreensão do público sobre a

organização dos Jogos e também chamar a atenção de patrocinadores

(CARVALHO, 2006; PARSONS; WINCKLER, 2012).

Entre os anos de 2000 e 2006, aconteceram acordos entre o Comitê Paralímpico

Internacional (IPC) e o Comitê Olímpico Internacional (COI), registrando maior

aproximação entre eles. Devido a estes acordos, a partir de 2004 (Jogos de Atenas)

os atletas não precisaram mais pagar taxas de inscrição para competirem. Em 2007,

os Jogos Parapanamericanos no Rio de Janeiro foi o primeiro evento Regional

Paralímpico que teve organização e instalação conjuntas com um evento Regional

Olímpico e, a partir de 2008 (Jogos de Pequim), as cidades sedes passaram a ser

as mesmas para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos (CARVALHO, 2006; GOLD.;

GOLD, 2007; PARSONS; WINCKLER, 2012).

68

A mais recente edição dos Jogos aconteceu entre os dias sete e 18 de setembro de

2016 na cidade do Rio do Janeiro, no Brasil. Com a participação de 4.316 atletas

vindos de 159 países, essa edição contou com a quebra de 220 recordes mundiais

de desempenho atlético e com 432 recordes de performances realizadas em edições

anteriores dos Jogos Paralímpicos. Com a paracanoagem e o triátlon estreando nos

Jogos Paralímpicos, essa edição possuiu disputas de 22 modalidades. A China

liderou o quadro de medalhas, seguida pela Grã-Bretanha e Ucrânia; o Brasil ficou

em oitava posição, com 14 medalhas de ouro, 29 de prata e 29 de bronze (IPC,

2017).

3.1.1.1 A história do movimento paralímpico no Brasil

O início do movimento paralímpico brasileiro data de 1958, quando Robson Sampaio

de Almeida e Sérgio Seraphin Del Grande retornam dos Estados Unidos, após

tratamento de suas lesões medulares. Ambos criaram instituições para a prática

esportiva de pessoas com deficiência: no mês de abril, Robson inaugura o Clube do

Otimismo no Rio de Janeiro; três meses depois, em São Paulo, Sérgio funda o

Clube dos Paraplégicos de São Paulo. As disputas de basquete em cadeira de rodas

entre esses dois clubes são consideradas as primeiras competições brasileiras de

deficientes (PARSONS; WINCKLER, 2012).

Apenas quatorze anos após a criação dessas instituições, em 1972, o Brasil

participou, pela primeira vez, de uma edição dos Jogos Paralímpcos. Com uma

delegação composta por dez atletas, a equipe conquistou o quarto lugar na

modalidade de basquete em cadeira de rodas nos Jogos de Heidelberg. Além dessa

modalidade, os atletas também disputaram tiro com arco, atletismo e natação

(PARSONS; WINCKLER, 2012).

No ano de 1976, na cidade de Toronto, o Brasil conquistou a primeira medalha

paralímpica: prata obtida pela dupla Robson Sampaio de Almeida e Luís Carlos de

Costa na modalidade de lawn bowls em dupla. Essa mesma edição dos Jogos,

marcou também a primeira participação feminina do Brasil. Os primeiros ouros do

Brasil nas Paralímpiadas são conquistados pelo atletismo no ano de 1984. Nesse

69

mesmo ano, a delegação brasileira é composta, pela primeira vez, por atletas com

outras deficiências, como visual, amputação e paralisia cerebral (PARSONS;

WINCKLER, 2012).

Em nove de fevereiro de 1995, na cidade de Niterói, foi fundado o Comitê

Paralímpico Brasileiro (CPB), órgão responsável, até a atualidade, pela

administração do movimento paralímpico no país. Desde então, o investimento no

desporto paralímpico no Brasil é crescente, sendo possível perceber aumento da

participação brasileira em diversas modalidades e crescimento no número de

atletas. Na década de 2000, o movimento conseguiu investimentos financeiros

governamentais, melhorando também a infraestrutura dos atletas brasileiros

(PARSONS; WINCKLER, 2012; CPB, 2016).

3.2 JUDÔ PARALÍMPICO

3.2.1 História e fundamentos do judô

O judô é um tipo de arte marcial criado no Japão por Jigoro Kano. Nascido em 1860

na província de Hyôgo (Japão), Kano começou a praticar o jiu jitsu aos quatorze

anos de idade (SUZUKI, 1986). Durante suas atividades, teve oportunidade de

conhecer mestres renomados e aprender as diferentes técnicas utilizadas por cada

um. Assim, conseguiu unir, em uma única prática, todas as técnicas que gostaria,

conforme ele mesmo explica:

"Na minha juventude eu estudei jiu jitsu com muitos mestres eminentes. Seus vastos conhecimentos (...) foram de grande valor para mim. Naquele tempo, cada um apresentou sua coleção de artes de técnicas. (...) Quando me deparei com diferenças no ensino das técnicas, muitas vezes encontrei-me perdido sem saber o que era correto. Isso me levou a procurar no princípio subjacente ao jiu jitsu (...). Após um estudo aprofundado do assunto, separei tudo o que permeava o princípio: fazer o uso mais eficiente da energia física e mental. Com esse princípio em mente, eu novamente revisei todos os métodos de ataque e defesa que tinha aprendido, retendo apenas aqueles que estavam em acordo com o princípio. Aquelas (técnicas) que estavam em desacordo com ele, eu rejeitava e, em seu lugar, eu substituía técnicas em que o princípio era corretamente aplicado. O corpo resultante das

70

técnicas, que eu nomeei judô para distingui-lo de seu antecessor, é o que é ensinado na Kodokan" (KANO, 1996, p.16).

Tanto a palavra jiu jitsu quanto a palavra judô são escritas com dois caracteres

chineses. Enquanto a primeira significa "arte suave", o significado de judô é "o

caminho da suavidade". O judô, baseado na educação física, moral e intelectual,

seria então o caminho de equilíbrio entre as forças física e espiritual, buscando a

elevação do homem (SUZUKI, 1986; KANO, 1996).

O grande objetivo do judô é “tornar o corpo forte, útil e saudável, enquanto constrói o

caráter por meio da disciplina mental e moral." (KANO, 1996, p. 20). Assim o judô,

além de uma arte de ataque e defesa, é visto por seus praticantes como um modo

de vida. Pode ser considerado como o caminho mais natural seguido pelo homem,

no qual a força física e a brutalidade são vencidas pela delicadeza (SUZUKI, 1986).

Jigoro Kano, em 1882, inaugura a primeira academia de judô: a Kodokan Judo (KO

= fraternidade / DO = caminho / KAN = instituto). Por ela passaram vários aprendizes

e também grandes mestres do jiu jitsu que buscavam aprender essa arte. Dessa

maneira, o judô foi difundido por todo o Japão e posteriormente para a Europa

(SUZUKI, 1986; KANO, 1996). No Brasil, o judô chegou com a imigração de

japoneses. Com intuito de preservar sua cultura, professores japoneses de judô

ensinaram aos seus descendentes as técnicas e os princípios desta modalidade que

hoje é praticada em todo país (MONTEIRO, 1998).

3.2.2 O judô nos Jogos Paralímpicos

O judô foi a primeira modalidade asiática integrada na competição. Desde quando

foi incluso nos Jogos Paralímpicos, em 1988 - Seul (mesmo ano em que o nome

Paralimpíada foi utilizado pela primeira vez), esta modalidade é disputada por

pessoas com deficiência visual. Nesta primeira edição houve apenas disputas

masculinas; sendo que as categorias femininas se integraram aos Jogos apenas no

ano de 2004, em Atenas (CPB, 2016; IPC, 2016b).

71

O judô paralímpico é administrado pela Federação Internacional de Desporto para

Cegos (IBSA). No Brasil, toda a organização desta modalidade é realizada pela

Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV) (CPB, 2016;

IPC, 2016b). As regras são as mesmas da Federação Internacional de Judô (FIJ)

com algumas modificações. A principal alteração é que não há disputa pela pegada,

uma vez que os judocas já iniciam a luta em contato com o quimono do oponente e

a luta é interrompida toda vez que esse contato é perdido. Além disso, não há

punições para o lutador que sai da área de combate. Outra característica importante

de ser ressaltada é que as categorias de lutas são baseadas no peso e sexo e não

por tipo de deficiência visual. Dessa forma, um cego pode lutar com um baixa (CPB,

2017).

Desde que o judô foi incluso nos Jogos Paralímpicos, o Brasil esteve presente em

todas as edições e só não conseguiu medalha em Barcelona (1992). No ano de

estreia da modalidade, a delegação brasileira foi composta por cinco atletas, tendo

como resultado três medalhas de bronze, sendo uma da categoria até 60 kg (com

Jaime de Oliveira), outra da categoria até 65 kg (com Júlio Silva) e a terceira da

categoria acima de 95 kg (com Leonel Cunha) (CPB, 2016).

A primeira medalha de ouro foi conquistada pelo judoca Antônio Tenório (categoria

até 86 kg) no ano de 1996 em Atlanta. Em 2004, a estreia do feminino foi marcada

por duas medalhas: uma de prata na categoria até 48 kg, conquistada pela atleta

Karla Cardoso, e uma de bronze, conseguida pela Daniele Silva na categoria até 57

kg (CPB, 2016). Até a edição dos Jogos Paralímpicos 2016, o judô brasileiro

conquistou 22 medalhas paralímpicas, sendo quatro medalhas de ouro (todas

alcançadas por Antônio Tenório), nove de prata e nove de bronze (CPB, 2017).

3.2.3 O judô e a pessoa com deficiência visual

O judô paralímpico é praticado exclusivamente por deficientes visuais. Antes mesmo

de a modalidade ser inclusa nos Jogos Paralímpicos, pessoas com deficiência visual

já lutavam judô na década de 1970 (CPB, 2016). No ano de 1988, essa modalidade

foi adicionada à disputa dos Jogos Paralímpicos e, em 1992, os judocas, assim

72

como os atletas de outras modalidades, passaram a ser avaliados e classificados de

acordo com a funcionalidade de suas deficiências (CARVALHO, 2006; PARSONS;

WINCKLER, 2012).

O sistema de classificação funcional dos atletas paralímpicos é administrado pelo

Comitê Paralímpico Internacional (IPC). Este sistema determina quem é elegível

para competir no paradesporto, além de agrupar os atletas elegíveis de acordo com

a suas limitações, minimizando as diferenças de vantagens que um atleta com

determinada deficiência possa ter sobre outro com outro tipo de acometimento (IPC,

2015).

Como cada modalidade tem suas especificidades, o IPC é assistido pelas

Federações Internacionais responsáveis por cada esporte para devolver um sistema

de classificação que atenda às deficiências inclusas na modalidade em questão

(IPC, 2015). No caso do judô, a Federação Internacional de Desporto para Cegos

(IBSA) é responsável pelas avaliações dos atletas com deficiência visual.

Para serem avaliados, os judocas precisam apresentar um relatório médico com o

diagnóstico da deficiência visual previamente realizado (IBSA, 2017). Depois disso,

o atleta é avaliado por classificadores reconhecidos pela IBSA, que verificam as

capacidades funcionais dos olhos deste judoca, sendo estas capacidades: acuidade

visual (capacidade de identificar os detalhes), campo visual (visão periférica),

binocularidade (fusão da imagem captada por ambos os olhos) e sensibilidade à luz

(adaptação à luminosidade) (MUNSTER; ALMEIDA, 2008).

Através dessa avaliação, o atleta pode ser classificado em um dos três grupos a

seguir (CPB, 2017; IBSA, 2017):

B1 (cegueira) - nenhuma percepção em ambos os olhos até a percepção de

luz com incapacidade de reconhecer o formato de uma mão a qualquer

distância ou direção.

B2 (baixa visão) - lutadores que têm a percepção de vultos, com acuidade

visual variando de LogMAR4 1,5 a 2,6 e/ou campo visual inferior a 10 graus.

4 Logaritmo do ângulo mínimo de resolução (MESSIAS; JORGE; CRUZ, 2010).

73

B3 (baixa visão) - lutadores que conseguem definir imagens, com acuidade

visual variando de LogMAR 1,4 a 1,0 e/ou campo visual inferior a 40 graus.

Todas as classes iniciam com a letra B fazendo referência à palavra blind, que em

inglês, significa cego. A classificação visual do atleta é sempre baseada no olho com

melhor campo visual e/ou melhor acuidade visual, utilizando correções ópticas,

como óculos ou lente de contato (IBSA, 2017). Como as deficiências dos atletas

podem sofrer alterações conforme o tempo, essas avaliações são feitas

periodicamente (IBSA, 2016).

Apesar das diferentes classificações, as categorias do judô paradesportivo, assim

como o judô convencional, são divididas apenas de acordo com peso corporal e

sexo, podendo assim um atleta classificado como B3 lutar com um atleta classificado

como B1 (CERQUEIRA; GOMES; ALMEIDA, 2012). A única distinção entre atletas

dos diferentes grupos durante a luta é a necessidade de atletas classificados como

B1 serem identificados com um círculo vermelho pregado em uma das mangas do

quimono na altura do ombro. Caso o atleta também tenha deficiência auditiva, deve-

se conter outro círculo, porém de cor amarela, pregado em uma das mangas do

quimono na altura dos ombros. Cada delegação fica responsável por esses detalhes

(IBSA, 2016).

Os autores Hussain e Pendse (s.d.) afirmam que a prática do judô, realizada pela

pessoa com deficiência visual, pode auxiliá-lo em sua independência para

locomoção fora do tatame. Além disso, eles explicam que o judô é uma modalidade

de luta em que o praticante normalmente não olha nos olhos do oponente para

manter a concentração; assim, de acordo com esses autores, os deficientes visuais

conseguem combater sem maiores problemas.

No entanto, como demonstrado anteriormente, é necessário que se façam pequenas

adaptações nas regras para que seja possível a prática da modalidade por pessoas

com deficiência visual. Rodrigues (2006) define essa adaptação da atividade motora

como sendo “um processo de identificação e intervenção sobre variáveis da

atividade (...) para ajustarem ao nível do desempenho e desenvolvimento do

aprendiz aos objetivos desejados” (p. 41).

74

Seguindo este pensamento, Netto e Hoffmann (1996) defendem que para ajustar o

judô às pessoas com deficiência visual é importante seguir orientação pedagógica

voltada para esse público. As orientações sobre técnicas e táticas, por exemplo,

além de serem descritas de formas claras e precisas, também precisam ser

explicadas utilizando demonstrações táteis. Além disso, é importante apresentar

todo o ambiente de treino e/ou competição em que o atleta está inserido para que

ele reconheça e se sinta seguro para se locomover. Outra dica de adaptação é que

a comissão técnica crie o hábito de chamar todos os atletas pelo nome (inclusive

nos momentos de competição), além de sempre falarem ao deficiente visual quem

está presente no mesmo ambiente que ele. Seguindo essas orientações, será mais

fácil o envolvimento do atleta com a modalidade e o grupo no qual está inserido.

CAPÍTULO 4

MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA

Participantes

Critérios de inclusão e exclusão

Instrumentos

Dados Demográficos

Percepção de eficácia

Elaboração dos instrumentos

Descrição dos instrumentos

Procedimentos

Análise de dados

76

O presente estudo é classificado como sendo uma pesquisa de campo, descritiva,

do tipo quantitativa e de delineamento correlacional, uma vez que busca verificar o

grau de concordância entre as percepções de treinador e atletas através da

aplicação de questionários (GIL, 1999; TURATO, 2005).

4.1 PARTICIPANTES

Participaram da pesquisa 11 atletas integrantes da Seleção Brasileira Paralímpica

de Judô convocados no primeiro semestre do ano de 2016, de ambos os sexos (seis

homens e cinco mulheres), com idades entre 20 e 45 anos (30,18 ± 7,61). Sete

atletas tinham ensino médio completo e quatro deles iniciaram o ensino superior.

Em relação às deficiências dos participantes, cinco atletas adquiriram a deficiência

ao longo da vida (quatro homens e uma mulher) enquanto que seis atletas tinham

deficiência visual congênita e progressiva (dois homens e quatro mulheres), com

diminuição da visão ao longo do tempo5. Além do mais, quatro atletas foram

classificados como B1 (todos homens), quatro atletas como B2 (três mulheres e um

homem) e três como B3 (duas mulheres e um homem). Os motivos da deficiência

visual de cada atleta bem como sua classificação funcional encontram-se no

Fluxograma 2 a seguir.

5 Por isso, mesmo a deficiência visual sendo congênita, ela pode ter sido manifestada durante

qualquer idade e, assim, atletas deficientes congênitos podem ter iniciado a prática do judô antes desta manifestação.

77

Fluxograma 2 - Características dos participantes de acordo com a etiologia da

deficiência visual

Sete participantes praticavam judô antes da manifestação da deficiência. Em média,

os atletas possuíam 13,27 (± 8,27) anos de prática da modalidade e 7,91 (± 6,22)

anos como atletas da Seleção Brasileira Paralímpica de Judô. Ressalta-se que os

atletas participantes do estudo representavam a elite do judô paradesportivo

brasileiro, sendo que 10 deles representaram o Brasil nos Jogos Paralímpicos 2016.

Destaca-se ainda que seis desses atletas conquistaram medalhas em pelo menos

uma Paralimpíada.

78

Além dos atletas, o treinador da equipe também participou da pesquisa. Com 44

anos de idade e ensino superior completo, o treinador foi atleta olímpico da

modalidade e atuava como treinador da Seleção Paralímpica de Judô desde

janeiro/2009. Suas principais conquistas como treinador foram medalhas de prata e

bronze nas Paralimpíadas de 2012 e 2016 e ouro por equipes no Campeonato

Mundial de 2014.

4.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

Atletas profissionais, maiores de idade, com pelo menos um ano de experiência na

modalidade, convocados pela Seleção Brasileira Paralímpica de Judô no primeiro

semestre de 2016 e que tinham disputado Jogos Paralimpicos e/ou campeonatos

mundiais da modalidade. Foram excluídos da amostra os atletas afastados, por

qualquer motivo, dos treinamentos e competições e que não participaram dos dois

momentos de avaliação.

4.3 INSTRUMENTOS

4.3.1 Dados Demográficos

Tanto os atletas quanto o treinador foram avaliados através de um ‘questionário de

avaliação demográfica’. Para os atletas foram feitas perguntas relativas à: gênero;

idade; data de nascimento; escolaridade; tipo de deficiência; motivo da deficiência;

grau da deficiência; há quanto tempo é deficiente; tempo de experiência no judô

(idade que começou); se possuía experiência no judô antes da deficiência; tempo de

experiência na Seleção Brasileira Paralímpica de Judô; se houve intervalos na

participação na Seleção Brasileira Paralímpica de Judô e motivo para tal; categoria

em que luta; nível de competições já disputadas; principais conquistas como atletas.

Já para o treinador, o questionário demográfico foi composto de perguntas

referentes à: idade; data de nascimento; escolaridade; tempo como treinador da

seleção brasileira; se possui outras funções na equipe, além de treinador (se sim,

quais e em qual período); se já foi atleta da modalidade (se sim, qual o nível de

79

competição disputado como atleta); quais suas principais conquistas como atleta e

treinador. Os dados desses questionários foram apresentados na descrição dos

participantes da pesquisa.

4.3.2 Percepção de eficácia

Elaboração dos instrumentos:

Para estudar a percepção de autoeficácia dos atletas e a percepção do treinador

sobre a eficácia de seus judocas, foram elaborados quatro questionários: o primeiro

para avaliar a percepção das habilidades psicológicas, o segundo para avaliar a

percepção das habilidades físicas, o terceiro para avaliar a percepção das

habilidades técnicas e, o último, para avaliar a percepção das habilidades táticas.

Todos esses instrumentos foram produzidos seguindo o modelo de elaboração de

escalas para avaliação de autoeficácia proposto por Bandura em seu “Guide for

constructing self-eficacy scales” (BANDURA, 2006). Dentre as orientações descritas

por Bandura ressaltam-se as referentes às instruções sobre o preenchimento do

questionário, a escala a ser utilizada e a elaboração dos itens do instrumento. A

seguir, são apresentados os detalhes relevantes sobre estas orientações:

Instrução sobre preenchimento: No momento da elaboração da instrução

sobre como o questionário precisa ser preenchido, deve-se cuidar para

que o respondente avalie realmente sua percepção de autoeficácia e não

constructos semelhantes a este, como autoestima, expectativas de

resultado e lócus de controle (p.309).

Escala: Os itens do instrumento demandam diferentes níveis de atividades

dos indivíduos que respondem à escala. Por isso, a escala precisa permitir

que o respondente registre sua ‘força de autoeficácia’ para cada item

investigado. Assim, escalas com poucos pontos devem ser evitadas por

serem menos sensíveis (p.312).

Elaboração de itens: É necessário realizar um pré-teste com os itens para

verificar a compreensão dos respondentes sobre cada um deles; caso

haja dificuldade e/ou ambiguidade de compreensão, é preciso reescrevê-

los ou retirá-los da escala (BANDURA, 2006, p.315).

80

De acordo com essas orientações, para a elaboração dos instrumentos utilizados

nesta dissertação, foram realizados os seguintes métodos:

Instrução sobre preenchimento: Para que o respondente estivesse ciente

de que deveria responder o quanto ele se percebia capaz em executar a

variável investigada, a instrução dos instrumentos elaborados para os

atletas foi: “Abaixo se encontra uma lista de variáveis

(psicológicas/técnicas/táticas/físicas) vivenciadas durante as competições.

Por favor, avalie sua habilidade atual em cada uma delas obedecendo à

seguinte escala:”. Já a instrução dos instrumentos respondidos pelo

treinador foi: “Abaixo se encontra uma lista de variáveis

(psicológicas/técnicas/táticas/físicas) vivenciadas durante as competições.

Por favor, avalie a habilidade atual do atleta (nome do atleta) em cada

uma delas obedecendo à seguinte escala:”.

Escala: Todos os instrumentos seguiram uma escala de um a 10 pontos;

sendo que a nota um correspondia com a avaliação “quase não posso

fazer”, a nota cinco assemelhava-se a avaliação de “posso fazer

moderadamente” e a nota 10 era proporcional à percepção de que “posso

fazer sempre”.

Elaboração de itens: Para a construção dos itens foram realizadas

observações dos atletas durante treinamentos e competições, além de

pesquisas na literatura sobre aspectos que compõem cada habilidade

estudada – psicológica / física / técnica / tática (KANO, 1996; GRECO,

2006; WEINBERG; GOLD, 2008; FRANCHINI; DEL VECCHIO, 2011).

Além disso, para os instrumentos que avaliaram as habilidades físicas,

técnicas e táticas, contou-se também com o auxílio do coordenador

técnico da equipe. Para o instrumento que avaliou as habilidades

psicológicas, foi realizado um pré-teste com os atletas no ano de 2015.

Este instrumento continha, inicialmente, 10 itens e, após o pré-teste, cinco

itens foram retirados, quatro itens foram mantidos, um item foi alterado e

dois itens adicionados. Não foi possível realizar um pré-teste com os

demais instrumentos para verificação dos itens, porém, foi utilizada uma

lista de descrição de cada item que lhes permitiam explicar de maneira

mais detalhada em caso de dúvidas do respondente (Apêndice 5).

81

Descrição dos instrumentos

A seguir, são apresentados os objetivos de cada instrumento, bem como os itens

que os compõem. A descrição de cada item, conforme explicitado acima, encontra-

se no Apêndice 5. Já os questionários na íntegra podem ser acessados nos

Apêndices 3 e 4.

Questionário de percepção das habilidades psicológicas: objetivou investigar

a percepção sobre as habilidades psicológicas necessárias ao judoca de alto

rendimento para enfrentar as situações competitivas (WEINBERG; GOLD,

2008). Os sete itens considerados neste aspecto foram: concentração,

resistência de concentração, recomposição psicológica após a luta, controle

emocional, preparação psicológica para a luta, tomada de decisão e

gerenciamento de adversidades.

Questionário de percepção das habilidades físicas: buscou avaliar a

percepção sobre o nível das potencialidades neuromotoras e de desempenho

dos atletas (DANTAS, 1985-1986). Os cinco itens que compuseram este

questionário foram: resistência durante a luta (anaeróbia), força em relação

aos adversários, potência dos golpes, velocidade e recuperação após as

lutas.

Questionário de percepção das habilidades técnicas: investigou a percepção

sobre a habilidade em executar os movimentos fundamentais para a prática

da modalidade (DAOLIO, 2002). Esse questionário contou com 10 itens,

sendo eles: pegada, postura, movimentação na luta, técnicas de pé ou perna

(ASHI WAZA), técnicas de braço (TE WAZA), técnicas de quadril (KOSHI

WAZA), técnicas de sacrifício (SUTEMI WAZA), técnicas de luta de solo

(KATAME WAZA), transição da luta em pé para a luta de solo e defesa na luta

de solo.

Questionário de percepção das habilidades táticas: investigou a percepção

sobre a habilidade de combinar mecanismos necessários para solucionar

problemas e se comportar em situações enfrentadas durante a luta (ANDO;

MIARKA; PINTO, 2016). Esse instrumento contou com três itens: atitude

ofensiva para jogar e vencer o adversário, postura ofensiva para reverter uma

82

luta que está perdendo (jogar o adversário ou força-lo a ser punido) e postura

defensiva quando está em vantagem na luta (sem sofrer punições).

4.5 PROCEDIMENTOS

Após a aprovação da coordenação da equipe para que o estudo fosse realizado

(Anexo 1), o projeto de pesquisa foi enviado e aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da Universidade São Judas Tadeu em 03/06/2015 sob o CAAE:

45073215.0000.0089. Os participantes foram contatados e receberam explicações

sobre os objetivos do estudo e os procedimentos da pesquisa.

Atletas e treinador assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TLCE)

ao concordarem em participar como voluntários (Apêndices 1 e 2). No caso dos

atletas que apresentavam deficiência visual total (B1), o TCLE foi lido pela

pesquisadora e assinado pelo próprio atleta. Em casos de atletas com baixa visão

(B2 e B3), o TCLE foi apresentado de duas formas: com letras ampliadas ou com

letras em tamanho normal; sendo que cada atleta optou por uma das duas formas.

O treinador, ao assinar o TCLE, comprometeu-se em não usar, em nenhum

momento, os dados da pesquisa para convocações em fases de treinamentos e/ou

competições nacionais e internacionais.

Para atender ao quarto objetivo específico dessa pesquisa (verificar se há mudanças

entre as percepções de autoeficácia dos atletas e percepção do treinador sobre a

eficácia atlética competitiva entre os dois momentos), a coleta de dados foi realizada

em dois momentos, a saber: a primeira coleta foi realizada no final do mês de

janeiro/2016, durante a primeira fase de treinamento da equipe do ano (os atletas

estavam retornando das férias e começavam a preparar metas de treinamentos para

os Jogos Paralímpicos de 2016) e a segunda coleta foi realizada no final do mês de

maio, durante a quinta fase de treinamento da equipe (os atletas se preparavam

para disputar a última competição internacional antes dos Jogos Paralímpicos; tal

competição ocorreu na primeira quinzena de junho). Ambas as coletas foram

realizadas no final da fase de treinamento durante o período da manhã (antes dos

83

treinos diários). Entre as duas coletas, a equipe vivenciou três fases de treinamento,

sendo que a mais curta durou 10 dias e a mais longa 16 dias.

Os procedimentos descritos anteriormente para o preenchimento do TCLE foram os

mesmos utilizados para as duas coletas. Foi solicitado que cada atleta avaliasse sua

autoeficácia sobre as diferentes habilidades no momento da avaliação.

Posteriormente, a pesquisadora realizou o mesmo procedimento com o treinador.

Ele, sem ter conhecimento prévio das respostas dos judocas, avaliou a eficácia de

cada um dos atletas naquele momento.

4.5.1 Análise dos Dados

Os dados foram tabulados e, posteriormente, analisados através do software

estatístico SPSS (Statistical Package for Social Science) – versão 21 em português.

Devido ao pequeno número de participantes da amostra, optou-se por utilizar testes

estatísticos não paramétricos durante a avaliação. Por este esse motivo, a

verificação do grau de concordância entre as percepções de treinador e atletas nos

dois momentos de coleta foi feita através do teste de Correlação de Spearman. Os

critérios utilizados para a avaliação destas correlações foram os propostos por

Dancey e Reidy (2006).

Para verificar a magnitude de diferenças das avaliações entre o primeiro e o

segundo momentos, tanto do treinador quanto do atleta, foi utilizado delta percentual

(Δ%). Já, para avaliar se as diferenças entre as percepções de judocas e treinador

durante os dois momentos foram significativas, utilizou-se o teste de Wilcoxon. Tanto

para a Correlação de Spearman quanto para o teste de Wilcoxon, o nível de

significância adotado foi de p<0,05.

CAPÍTULO 5

RESULTADOS

Habilidades Psicológicas

Grau de concordância entre treinador e atletas sobre habilidades psicológicas

Comparação entre a primeira e a segunda coleta sobre as habilidades psicológicas

Habilidades Físicas

Grau de concordância entre treinador e atletas sobre habilidades físicas

Comparação entre a primeira e a segunda coleta sobre as habilidades físicas

Habilidades Técnicas

Grau de concordância entre treinador e atletas sobre habilidades técnicas

Comparação entre a primeira e a segunda coleta sobre as habilidades técnicas

Habilidades Táticas

Grau de concordância entre treinador e atletas sobre habilidades táticas

Comparação entre a primeira e a segunda coleta sobre as habilidades táticas

85

Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos nas avaliações de atletas e

treinador sobre a eficácia de cada judoca em todas as habilidades investigadas

(psicológica, física, técnica e tática). Para melhor visualização, a apresentação

destes resultados está dividida de acordo com cada habilidade. Assim, o primeiro

tópico apresenta os cálculos da correlação de Spearman, do Delta Percentual e do

Teste de Wilcoxon sobre as habilidades psicológicas; o segundo tópico exibe os

resultados para as habilidades físicas; o terceiro tópico apresenta os resultados das

habilidades técnicas e o quarto tópico exibe os cálculos sobre as habilidades táticas.

5.1 HABILIDADES PSICOLÓGICAS

Primeiramente serão apresentados os resultados sobre o grau de concordância

entre as avaliações de atletas e treinador no primeiro (Tabela 3) e segundo (Tabela

4) momentos de coletas. Posteriormente, serão apresentados os resultados da

comparação entre as avaliações dos atletas (Tabela 5) e do treinador (Tabela 6)

entre os dois momentos de coletas.

5.1.1 Grau de concordância entre treinador e atletas sobre habilidades

psicológicas

Tabela 3 - Grau de concordância entre as avaliações de atletas e treinador para as habilidades psicológicas durante a primeira coleta.

Variável Sujeito Média dp n rs* p*

Concentração Atleta 8,27 2,24 11

0,408 0,212 Treinador 7,64 0,51 11

Resistência de Concentração Atleta 8,09 2,12 11

0,239 0,479 Treinador 7,55 0,52 11

Recomposição Psicológica após a luta Atleta 7,18 2,32 11

0,390 0,236 Treinador 6,82 0,60 11

Controle Emocional Atleta 7,36 3,04 11

0,306 0,360 Treinador 6,91 0,30 11

Preparação Psicológica para luta Atleta 7,82 2,60 11

0,315 0,345 Treinador 6,09 0,30 11

Tomada de decisão Atleta 7,64 1,86 11

0,581 0,061 Treinador 6,64 0,51 11

Gerenciamento de adversidades Atleta 7,82 1,66 11

-0,664 0,026 Treinador 6,73 0,47 11

* p≤0,05

86

De acordo com os resultados da Tabela 3, o item ‘gerenciamento de adversidades’

apresentou correlação negativa, de força moderada e significativa, demonstrando

tendência de avaliações opostas de treinador e atletas neste quesito. Todas as

demais correlações foram positivas de forças fracas e/ou moderadas e não

significativas, atestando baixa concordância entre a percepção de treinador e

judocas sobre as habilidades psicológicas em competição durante o primeiro

momento de coleta.

Tabela 4 - Grau de concordância entre as avaliações de atletas e treinador para as habilidades psicológicas durante a segunda coleta.

Variável Sujeito Média dp n rs* p*

Concentração Atleta 8,14 2,17 11

0,544 0,830 Treinador 6,64 0,67 11

Resistência de Concentração Atleta 7,73 2,05 11

0,385 0,242 Treinador 6,64 0,67 11

Recomposição Psicológica após a luta Atleta 8,27 1,49 11

0,255 0,449 Treinador 6,55 0,82 11

Controle Emocional Atleta 8,05 1,98 11

0,479 0,136 Treinador 6,36 0,92 11

Preparação Psicológica para luta Atleta 8,27 1,95 11

0,508 0,110 Treinador 6,64 0,81 11

Tomada de decisão Atleta 7,91 2,21 11

0,447 0,169 Treinador 6,45 0,93 11

Gerenciamento de adversidades Atleta 8,09 1,76 11

0,313 0,349 Treinador 6,09 0,94 11

* p≤0,05

Observando os dados da Tabela 4 é possível constatar que no segundo momento

de coleta todas as correlações foram positivas, mas nenhuma foi estatisticamente

significativa. Quanto à força das correlações, todas foram fracas e/ou moderadas,

demonstrando haver grau de concordância apenas moderado entre as avaliações de

treinador e atleta nesse momento de coleta.

Entretanto, quando comparados os resultados das Tabelas 3 e 4, é possível notar

aumento das correlações na maioria das variáveis estudadas (exceção dos itens

‘recomposição psicológica após a luta’ e ‘tomada de decisão’); além disso, o item

‘gerenciamento de adversidade’ deixou de ter correlação negativa e significativa,

passando a ter uma correlação positiva, de força fraca e não significativa. Apesar de

87

não haver correlações significativas no segundo momento de avaliação, o aumento

das correlações entre o primeiro e segundo momento demonstra tendência de

aproximação das avaliações de atletas e treinador para as habilidades psicológicas

ao longo do tempo.

5.1.2 Comparação entre a primeira e a segunda coleta sobre as habilidades

psicológicas

Tabela 5 - Comparação das médias das notas fornecidas pelos atletas para as habilidades psicológicas durante a primeira e segunda coleta de dados e delta percentual

Variável Coleta Média dp n Δ% Z p*

Concentração 1 8,27 2,24 11

-1,57 0,212 0,832 2 8,14 2,17 11

Resistência de Concentração 1 8,09 2,12 11

-4,49 0,816 0,414 2 7,73 2,05 11

Recomposição Psicológica após a luta

1 7,18 2,32 11 15,19 1,736 0,083

2 8,27 1,49 11

Controle Emocional 1 7,36 3,04 11

9,26 0,874 0,382 2 8,05 1,98 11

Preparação Psicológica para luta 1 7,82 2,60 11

5,81 0,738 0,461 2 8,27 1,95 11

Tomada de decisão 1 7,64 1,86 11

3,57 0,340 0,734 2 7,91 2,21 11

Gerenciamento de adversidades 1 7,82 1,66 11

3,49 0,480 0,631 2 8,09 1,76 11

* p≤0,05

Os dados da Tabela 5 apontam que, apesar das variáveis apresentarem médias de

notas superiores na segunda coleta (com exceção dos itens ‘concentração’ e

‘resistência de concentração’, que apresentaram diminuição de 1,57% e 4,47%

respectivamente), não houve diferença estatística significativa para as

autoavaliações dos atletas sobre suas habilidades psicológicas quando comparadas

a primeira e a segunda coleta. Esses dados mostram que os judocas perceberam

melhora sobre sua autoeficácia psicológica, mas esta melhora não foi

estatisticamente significativa.

88

Tabela 6 - Comparação das médias das notas fornecidas pelo treinador para as habilidades psicológicas durante a primeira e segunda coleta de dados e delta percentual

Variável Coleta Média dp n Δ% z p*

Concentração 1 7,64 0,50 11

-13,10 2,810 0,005 2 6,64 0,67 11

Resistência de Concentração 1 7,55 0,52 11

-12,05 2,887 0,004 2 6,64 0,67 11

Recomposição Psicológica após a luta 1 6,82 0,60 11

-4,00 1,732 0,083 2 6,55 0,82 11

Controle Emocional 1 6,91 0,30 11

-7,89 1,613 0,107 2 6,36 0,92 11

Preparação Psicológica para luta 1 6,09 0,30 11

8,96 2,121 0,034 2 6,64 0,81 11

Tomada de decisão 1 6,64 0,50 11

-2,74 0,707 0,480 2 6,45 0,93 11

Gerenciamento de adversidades 1 6,73 0,47 11

-9,46 2,111 0,035 2 6,09 0,94 11

* p≤0,05 Observando a Tabela 6, nota-se que ‘preparação psicológica para a luta’ foi a única

variável psicológica que o treinador percebeu melhora ao longo do tempo (8,96%),

sendo que todas as demais tiveram as médias das notas diminuídas entre 2,74% e

13,10%. De acordo com o teste de Wilcoxon, a percepção do treinador sobre a

eficácia psicológica de seus judocas apresentou diferenças significativas em quatro

variáveis: aumento significativo da média de notas para os itens de ‘preparação

psicológica para a luta’ e diminuição significativa das médias de notas para as

variáveis ‘concentração’, ‘resistência de concentração’ e ‘gerenciamento de

adversidades’.

Comparando os dados das Tabelas 5 e 6, é possível avaliar que tanto atletas como

treinador perceberam piora nos itens ‘concentração (atletas = -1,57% / treinador = -

13,10%) e ‘resistência de concentração’ (atletas = -4,49% / treinador = -12,05%) e

melhora no item ‘preparação psicológica para a luta’ (atletas = 5,81% / treinador =

8,96%). Ressalta-se que nas variáveis em que atletas e treinador concordaram com

a piora da eficácia atlética em competição, as magnitudes das diferenças entre as

avaliações do treinador eram maiores que as dos atletas; já na variável ‘preparação

psicológica para luta’ o treinador apresentou uma magnitude maior em relação aos

atletas.

89

Para as demais variáveis, os atletas perceberam melhora, enquanto o treinador

notou piora dos itens. Essa divergência também apareceu nas correlações

apresentadas nas Tabelas 3 e 4, uma vez que não houve concordâncias positivas e

significativas entre as avaliações de treinador e atletas em nenhum dos momentos

de coleta de dados, apesar de as correlações aumentarem no segundo momento em

comparação com o primeiro. Esses dados permitem afirmar que atletas e treinador

passaram a perceber as habilidades psicológicas de maneira mais parecida ao longo

do tempo, mesmo os atletas notando melhora na maioria das variáveis e o treinador

avaliando os atletas com notas mais baixas no segundo momento.

5.2 HABILIDADES FÍSICAS

O grau de concordância entre as avaliações de atletas e treinador sobre as

habilidades físicas são apresentados nas Tabelas 7 (primeiro momento) e 8

(segundo momento). Já a comparação entre as avaliações entre primeiro e segundo

momento é apresentada nas Tabelas 9 (atletas) e 10 (treinador).

5.2.1 Grau de concordância entre treinador e atletas sobre habilidades físicas

Tabela 7 - Grau de concordância entre as avaliações de atletas e treinador para as habilidades físicas durante a primeira coleta

Variável Sujeito Média dp n rs* p*

Resistência durante a luta (anaeróbia) Atleta 8,36 1,57 11

0,144 0,672 Treinador 6,91 1,20 11

Força em relação aos meus adversários Atleta 7,73 1,49 11

-0,067 0,844 Treinador 6,91 0,54 11

Velocidade Atleta 7,18 1,47 11

0,000 1,000 Treinador 6,09 0,30 11

Potência dos Golpes Atleta 7,27 1,79 11

0,698 0,017 Treinador 6,64 0,51 11

Recuperação após as lutas Atleta 7,82 1,88 11

- - Treinador 7,00 0,00 11

* p≤0,05

90

Os resultados apresentados na Tabela 7 demonstram que o único item que

apresentou concordância entre a percepção de treinador e atletas foi ‘potência de

golpes’. Para as demais variáveis, as correlações foram muito fracas e não

significativas, evidenciando pouca concordância de percepção sobre as habilidades

físicas de atletas e treinador.

A variável ‘força em relação aos meus adversários’ apresentou correlação fraca,

negativa e não significativa entre as percepções, constatando que houve tendência

de treinador e atletas perceberem de maneira oposta a eficácia desse quesito em

competição. Já, a variável ‘velocidade’ apresentou ausência de correlação,

demonstrando também certa divergência da percepção de atletas e treinador para

esse quesito. Ressalta-se que não foi possível calcular a correlação de Spearman

no item ‘recuperação após as lutas’ porque o treinador forneceu a mesma nota para

todos os atletas.

Tabela 8 - Grau de concordância entre as avaliações de atletas e treinador para as habilidades físicas durante a segunda coleta

Variável Sujeito Média dp n rs* p*

Resistência durante a luta (anaeróbia) Atleta 8,68 1,19 11

0,494 0,123 Treinador 7,09 0,63 11

Força em relação aos meus adversários Atleta 8.09 1,15 11

0,422 0,196 Treinador 7,23 0,61 11

Velocidade Atleta 8,32 1,35 11

0,438 0,177 Treinador 6,59 0,49 11

Potência dos Golpes Atleta 7,64 1,63 11

0,699 0,017 Treinador 6,64 0,55 11

Recuperação após as lutas Atleta 8,18 1,54 11

0,314 0,347 Treinador 7,09 0,54 11

* p≤0,05 As avaliações de treinador e atletas para as habilidades físicas durante a segunda

coleta de dados apresentou correlações positivas e moderadas (com exceção da

variável ‘recuperação após a luta’, que apesar de positiva, é considerada de força

fraca). Entretanto, o único item que apresentou uma correlação positiva e

significativa foi ‘potência de golpes’.

91

Confrontando os resultados apresentados nas Tabelas 7 e 8, é possível verificar que

todas as variáveis investigadas no instrumento de habilidades físicas tiveram

correlações relativamente mais altas na segunda coleta. Ademais, a variável ‘força

em relação aos meus adversários’ passou a ter correlação positiva no segundo

momento de coleta, demonstrando percepções mais compatíveis sobre esse

fenômeno, apesar de a única correlação significativa em ambas as coletas ter sido

no quesito ‘potência de golpes’ (correlação esta que se manteve com a mesma força

nos dois momentos de coleta de dados).

5.2.2 Comparação entre a primeira e a segunda coleta sobre as habilidades

físicas

Tabela 9 - Comparação das médias das notas fornecidas pelos atletas para as habilidades físicas durante a primeira e segunda coleta de dados e delta percentual

Variável Coleta Média dp n Δ% z p*

Resistência durante a luta (anaeróbia) 1 8,36 1,57 11

3,80 1,07 0,285 2 8,68 1,19 11

Força em relação aos meus adversários 1 7,73 1,49 11

4,71 1,41 0,157 2 8,09 1,45 11

Velocidade 1 7,18 1,47 11

15,82 2,57 0,010 2 8,32 1,35 11

Potência dos Golpes 1 7,27 1,79 11

5,00 0,597 0,551 2 7,64 1,63 11

Recuperação após as lutas 1 7,82 1,89 11

4,65 0,86 0,391 2 8,18 1,54 11

* p≤0,05

Os resultados da Tabela 9 demonstram que os atletas perceberam melhora em

todas as variáveis componentes das habilidades físicas (aumentos de 3,80% a

15,82% entre as médias de notas fornecidas). Entretanto, somente a variável

‘velocidade’ apresentou melhora estatisticamente significativa na percepção de

autoeficácia dos atletas.

92

Tabela 10 - Comparação das médias das notas fornecidas pelo treinador para as habilidades físicas durante a primeira e segunda coleta de dados e delta percentual

Variável Coleta Média dp n Δ% z p*

Resistência durante a luta (anaeróbia) 1 6,91 1,20 11

2,63 0,318 0,751 2 7,09 0,63 11

Força em relação aos meus adversários 1 6,91 0,54 11

4,61 1,725 0,084 2 7,23 0,61 11

Velocidade 1 6,09 0,30 11

8,21 2,333 0,020 2 6,59 0,49 11

Potência dos Golpes 1 6,64 0,50 11

0,00 0,000 1,000 2 6,64 0,55 11

Recuperação após as lutas 1 7,00 0,00 11

1,30 0,577 0,564 2 7,09 0,54 11

* p≤0,05

De acordo com a Tabela 10, o treinador apresentou percepção de melhora de seus

atletas na maioria das variáveis físicas. A exceção foi o item ‘potência de golpes’,

pois o treinador não notou diferença de eficácia dos atletas para esse quesito entre

as duas coletas. Entretanto, a única variável física que retratou melhora

estatisticamente significativa de acordo com o treinador foi ‘velocidade’.

Confrontando os dados das Tabelas 9 e 10, é possível verificar que tanto atletas

quanto treinador perceberam melhoras nas variáveis físicas investigadas. Apesar

disso, o delta percentual mostrou magnitudes de diferenças maiores entre a primeira

e segunda coleta para os atletas (de 3,80% a 15,82%) quando comparados com o

do treinador (de 1,30% a 8,21%).

A variável ‘velocidade’ foi a única que apresentou melhora significativa tanto na

percepção do treinador quanto dos atletas. A análise dessa variável mostrou

ausência de correlação no primeiro momento, demonstrando tendência de

avaliações diferentes sobre esse quesito. Entretanto, no segundo momento de

avaliação, a concordância entre treinador e atletas sobre esse quesito aumentou;

apesar de não significativa, deixou de ter ausência de correlação para uma

correlação de força moderada. Assim, é possível afirmar que treinador e atletas,

além de notarem melhoras significativas nessa variável ao longo do tempo, também

passaram a ter avaliá-lo de maneira mais próxima.

93

O aumento das correlações na segunda coleta e a melhora percebida demonstram

que atletas e treinador passaram a perceber de maneira mais similar as habilidades

físicas após quatro meses de convivência. Ressalta-se que, em todos os meses

durante esse período, os atletas realizaram avaliações físicas. Elas podem ter

funcionado como uma variável que influenciou no estreitamento das percepções de

treinador e atletas sobre essas habilidades.

5.3 HABILIDADES TÉCNICAS

As Tabelas 11 e 12 apresentam o grau de concordância entre as avaliações de

atletas e treinador sobre as habilidades técnicas na primeira e na segunda coleta

respectivamente. Já as Tabelas 13 e 14 exibem, respectivamente, a comparação

das avaliações de atletas e treinador entre primeiro e segundo momento.

5.3.1 Grau de concordância entre treinador e atletas sobre habilidades técnicas

Tabela 11 - Grau de concordância entre as avaliações de atletas e treinador para as habilidades técnicas durante a primeira coleta

Variável Sujeito Média dp n rs* p*

Pegada Atleta 7,82 2,14 11

0,427 0,190 Treinador 6,64 0,51 11

Postura Atleta 7,64 1,86 11

- - Treinador 7,00 0,00 11

Movimentação na luta Atleta 7,55 1,57 11

-0,155 0,650 Treinador 6,91 0,30 11

Técnicas de pé ou perna (ASHI WAZA) Atleta 7,45 1,70 11

0,356 0,283 Treinador 6,09 0,30 11

Técnicas de braço (TE WAZA) Atleta 6,91 1,92 11

0,313 0,378 Treinador 5,80 1,03 11

Técnicas de quadril (KOSHI WAZA) Atleta 7,09 2,21 11

0,131 0,701 Treinador 6,27 0,47 11

Técnicas de sacrifício (SUTEMI WAZA) Atleta 5,64 2,94 11

0,255 0,542 Treinador 6,00 0,93 11

Técnicas de luta de solo (KATAME WAZA) Atleta 6,82 2,40 11

0,906 0,000 Treinador 5,55 1,04 11

Transição da luta em pé para a luta de solo Atleta 6,64 2,69 11

0,414 0,205 Treinador 5,18 0,60 11

Defesa na luta de solo Atleta 7,27 2,20 11

0,805 0,003 Treinador 5,91 0,83 11

* p≤0,05

94

Observando os resultados apresentados na Tabela 11, é possível verificar que as

variáveis ‘técnicas de luta de solo’ e ‘defesa na luta de solo’ foram as únicas que

apresentaram correlação forte e significativa, demonstrando concordância entre as

percepções de atletas e treinador para esses quesitos. No entanto, as demais

variáveis estudadas apresentaram correlações de forças fracas e/ou moderadas e

não significativas, evidenciando baixa concordância entre as percepções de judocas

e treinador para esses itens.

Evidencia-se que a variável ‘movimentação na luta’ apresentou correlação negativa,

demonstrando tendência de atleta e treinador perceberem esse fenômeno de

maneiras opostas. Salienta-se ainda que não foi possível calcular a correlação para

a variável ‘postura’, pois o treinador avaliou todos os judocas com a mesma nota

durante a primeira coleta de dados.

Tabela 12 - Grau de concordância entre as avaliações de atletas e treinador para as habilidades técnicas durante a segunda coleta

Variável Sujeito Média dp n rs* p*

Pegada Atleta 7,86 1,49 11

0,183 0,590 Treinador 6,95 0,57 11

Postura Atleta 8,05 1,49 11

0,392 0,233 Treinador 6,86 0,51 11

Movimentação na luta Atleta 7,91 1,22 11

-0,132 0,698 Treinador 7,05 0,27 11

Técnicas de pé ou perna (ASHI WAZA) Atleta 8,55 1,37 11

0,494 0,123 Treinador 6,95 0,52 11

Técnicas de braço (TE WAZA) Atleta 7,45 2,25 11

0,444 0,198 Treinador 6,30 0,92 11

Técnicas de quadril (KOSHI WAZA) Atleta 7,82 2,04 11

0,281 0,402 Treinador 6,55 0,76 11

Técnicas de sacrifício (SUTEMI WAZA) Atleta 6,64 2,58 11

0,060 0,898 Treinador 6,50 0,65 11

Técnicas de luta de solo (KATAME WAZA) Atleta 7,23 1,75 11

0,508 0,111 Treinador 6,55 0,72 11

Transição da luta em pé para a luta de solo Atleta 6,64 2,66 11

0,135 0,692 Treinador 6,41 0,44 11

Defesa na luta de solo Atleta 7,73 2,10 11

0,379 0,251 Treinador 6,64 0,64 11

* p≤0,05

95

A Tabela 12 mostra que as variáveis apresentaram correlações fracas (sete das dez

variáveis restantes) e/ou moderadas (‘técnicas de pé ou perna’ / ‘técnicas de braço’ /

técnicas de luta de solo) e não significativas. O item ‘movimentação na luta’ revelou

correlação negativa, fraca e não significativa, demonstrando tendência de treinador e

atletas avaliarem de maneira oposta essa variável.

Nota-se que a correlação diminuiu em seis dos dez itens no segundo momento de

coleta (Tabela 12), quando comparada ao primeiro (Tabela 12), sendo que os dois

itens que apresentaram correlação significativa, na primeira coleta de dados,

sofreram diminuição da correlação e deixaram de ter concordância significativa entre

atletas e treinador. Além do mais, a variável ‘movimentação na luta’ manteve

correlações negativas nas duas coletas, comprovando que, apesar do tempo de

convivência, treinador e judocas continuaram a perceber esse quesito de maneira

oposta. Esses dados demonstram piora na concordância entre as avaliações de

atletas e treinador sobre as habilidades técnicas entre o primeiro e segundo

momento de coleta.

96

5.3.2 Comparação entre a primeira e a segunda coleta sobre as habilidades

técnicas

Tabela 13 - Comparação das médias das notas fornecidas pelos atletas para as habilidades técnicas durante a primeira e segunda coleta de dados e delta percentual

Variável Coleta Média dp n Δ% z p*

Pegada 1 7,82 2,14 11

0,58 0,085 0,932 2 7,86 1,48 11

Postura 1 7,64 1,86 11

5,36 1,185 0,236 2 8,05 1,49 11

Movimentação na luta 1 7,55 1,57 11

4,82 0,921 0,357 2 7,91 1,22 11

Técnicas de pé ou perna (ASHI WAZA) 1 7,45 1,69 11

14,63 2,360 0,018 2 8,55 1,37 11

Técnicas de braço (TE WAZA) 1 6,91 1,92 11

7,89 0,849 0,396 2 7,45 2,25 11

Técnicas de quadril (KOSHI WAZA) 1 7,09 2,21 11

10,26 1,807 0,071 2 7,82 2,04 11

Técnicas de sacrifício (SUTEMI WAZA) 1 5,64 2,94 11

17,74 1,930 0,054 2 6,64 2,58 11

Técnicas de luta de solo (KATAME WAZA) 1 6,82 2,40 11

6,00 0,516 0,606 2 7,23 1,75 11

Transição da luta em pé para a luta de solo 1 6,64 2,69 11

0,00 0,182 0,856 2 6,64 2,66 11

Defesa na luta de solo 1 7,27 2,20 11

6,25 0,866 0,386 2 7,73 2,10 11

* p≤0,05

Os resultados apresentados na Tabela 13 mostram que a única variável que

apresentou melhora significativa da percepção de autoeficácia dos atletas foi

‘técnicas de pé ou perna’. Apesar disso, os atletas notaram melhora ao longo do

tempo para nove das 10 variáveis investigadas, sendo que o item ‘transição da luta

em pé para a luta de solo’ foi o único avaliado pelos atletas com médias de notas

iguais nos dois momentos.

97

Tabela 14 - Comparação das médias das notas fornecidas pelo treinador para as habilidades técnica durante a primeira e segunda coleta de dados e delta percentual

Variável Coleta Média Dp n Δ% Z p*

Pegada 1 6,64 0,50 11

4,79 1,588 0,112 2 6,95 0,57 11

Postura 1 7,00 0,00 11

-1,95 0,966 0,334 2 6,86 0,50 11

Movimentação na luta 1 6,91 0,30 11

1,97 0,816 0,414 2 7,05 0,27 11

Técnicas de pé ou perna (ASHI WAZA) 1 6,09 0,30 11

14,18 2,913 0,004 2 6,95 0,52 11

Técnicas de braço (TE WAZA) 1 5,80 1,03 11

8,62 1,913 0,056 2 6,30 0,92 11

Técnicas de quadril (KOSHI WAZA) 1 6,27 0,47 11

4,35 0,997 0,319 2 6,55 0,76 11

Técnicas de sacrifício (SUTEMI WAZA) 1 6,00 0,93 11

8,33 1,633 0,102 2 6,50 0,65 11

Técnicas de luta de solo (KATAME WAZA) 1 5,55 1,04 11

18,03 2,555 0,011 2 6,55 0,72 11

Transição da luta em pé para a luta de solo 1 5,18 0,60 11

23,68 2,850 0,004 2 6,41 0,44 11

Defesa na luta de solo 1 5,91 0,83 11

12,31 2,392 0,017 2 6,64 0,64 11

* p≤0,05

De acordo com a Tabela 14, a variável técnica ‘postura’ foi a única avaliada pelo

treinador com notas mais baixas no segundo momento de coleta (diminuição de

1,95%). Para as demais variáveis, o treinador percebeu melhora ao longo do tempo

(de 1,97% a 23,68%). Apesar disso, somente quatro variáveis apresentaram

melhoras estatisticamente significativas de acordo com o treinador: ‘técnicas de pé

ou perna’, ‘técnicas de luta de solo’, ‘transição da luta em pé para a luta de solo’ e

‘defesa na luta de solo’.

Comparando os resultados das Tabelas 13 e 14 é possível notar que tanto treinador

quanto atletas perceberam melhora significativa na eficácia em ‘técnicas de pé ou

perna’. Ademais, o treinador também notou melhora estatisticamente significativa em

todas as variáveis que investigaram habilidades técnicas em lutas de solo;

entretanto, os atletas não perceberam mudanças na autoeficácia do item ‘transição

da luta em pé para a luta de solo’. Um ponto de oposição entre as percepções de

treinador e atletas foi o item ‘postura’ durante as lutas em competição; enquanto o

98

treinador avaliou os atletas com notas menores para essa variável durante o

segundo momento de coleta (diminuição de 1,95% na média das notas), os atletas

perceberam melhora neste quesito (aumento de 5,36%). Já sobre as demais

variáveis, atletas e treinador perceberam melhoras.

Apesar de judocas e treinador observarem, de maneira geral, melhoras nas variáveis

técnicas investigadas, a análise da correlação das habilidades técnicas, mostrou que

atletas e treinador concordavam mais no primeiro momento de coleta de dados que

no segundo. Essa discrepância entre a piora da concordância e a magnitude das

diferenças pode ter acontecido devido às divergências entre as respostas de

treinador e atleta: itens em que o treinador avaliou uma melhora significativa

(porcentagens maiores de diferença), os atletas notaram avanços com magnitudes

menores e vice e versa (com exceção do item técnicas de pé ou perna).

5.4 HABILIDADES TÁTICAS

O grau de concordância entre as avaliações de atletas e treinador sobre as

habilidades técnicas na primeira e na segunda coleta são apresentados nas Tabelas

15 e 16 respectivamente. Já os cálculos da comparação entre as avaliações de

atletas e treinador entre primeiro e segundo momento são exibidos,

respectivamente, nas Tabelas 17 e 18.

99

5.4.1 Grau de concordância entre treinador e atletas sobre habilidades táticas

Tabela 15 - Grau de concordância entre as avaliações de atletas e treinador para as habilidades táticas durante a primeira coleta

Variável Sujeito Média dp n rs* p*

Atitude ofensiva Atleta 7,45 2,02 11

- - Treinador 7,00 0,00 11

Postura ofensiva para reverter uma luta Atleta 7,82 2,32 11

- - Treinador 7,00 0,00 11

Postura defensiva durante vantagem Atleta 8,00 1,41 11

- - Treinador 7,00 0,00 11

* p≤0,05

Não foi possível calcular as correlações das habilidades táticas durante o primeiro

momento de coleta de dados, porque o treinador avaliou todos os atletas com a

mesma nota (sete) em todos os itens.

Tabela 16 - Grau de concordância entre as avaliações de atletas e treinador para as habilidades táticas durante a segunda coleta

Variável Sujeito Média dp N rs* p*

Atitude ofensiva Atleta 8,00 1,48 11

0,557 0,075 Treinador 7,09 0,58 11

Postura ofensiva para reverter uma luta Atleta 8,50 1,20 11

0,485 0,131 Treinador 7,05 0,57 11

Postura defensiva durante vantagem Atleta 8,77 1,25 11

0,184 0,588 Treinador 7,09 0,58 11

* p≤0,05

As correlações dos três itens investigados foram positivas, mas de força fraca

(‘postura defensiva durante vantagem’) e/ou moderadas e não significativas,

demonstrando baixo grau de concordância de percepções do treinador e atletas para

essas variáveis.

100

5.4.2 Comparação entre a primeira e a segunda coleta sobre as habilidades

táticas

Tabela 17 - Comparação das médias das notas fornecidas pelos atletas para as habilidades táticas durante a primeira e segunda coleta de dados e delta percentual

Variável Coleta Média dp n Δ% z p*

Atitude ofensiva 1 7,45 2,02 11

7,32 1,67 0,096 2 8,00 1,48 11

Postura ofensiva para reverter uma luta 1 7,82 2,32 11

8,72 1,19 0,233 2 8,50 1,20 11

Postura defensiva durante vantagem 1 8,00 1,41 11

9,66 2,46 0,014 2 8,77 1,25 11

* p≤0,05 De acordo com os dados da Tabela 17, os atletas perceberam melhora em todas as

variáveis investigadas sobre as habilidades táticas. Porém, a única variável que

apresentou aumento estatisticamente significativo das notas fornecidas pelos atletas

foi ‘postura defensiva durante vantagem’.

Tabela 18 - Comparação das médias das notas fornecidas pelo treinador para as habilidades táticas durante a primeira e segunda coleta de dados e delta percentual

Variável Coleta Média dp n Δ% z p*

Atitude ofensiva 1 7,00 0,00 11

1,30 0,513 0,608 2 7,09 0,58 11

Postura ofensiva para reverter uma luta 1 7,00 0,00 11

0,65 0,277 0,782 2 7,05 0,57 11

Postura defensiva durante vantagem 1 7,00 0,00 11

1,30 0,513 0,608 2 7,09 0,58 11

* p≤0,05 Os resultados da Tabela 18 demonstram que, apesar do treinador observar melhora

em todas as variáveis táticas, essas melhoras apresentaram diferenças muito

pequenas (melhoras de 0,65% e 1,30%), não sendo nenhuma delas estatisticamente

significativas. Confrontando os dados das Tabelas 17 e 18, verifica-se que tanto

atletas quanto treinador notaram melhora das habilidades táticas dos judocas.

Porém, a magnitude da diferença foi diferente: enquanto treinador notou melhoras

de 0,65% e 1,30%, os atletas perceberam melhoras de 7,32% a 9,66%. Assim,

embora não tenham sido observadas mudanças significativas entre as avaliações do

101

treinador, os atletas notaram melhora significativa da variável ‘postura defensiva

durante vantagem’.

CAPÍTULO 6

DISCUSSÃO

103

A presente dissertação avaliou a percepção de autoeficácia competitiva de atletas

da Seleção Brasileira Paralímpica de Judô e a percepção do treinador sobre a

eficácia competitiva de seus atletas. Tal avaliação consistiu na comparação da

percepção de treinador e atletas sobre habilidades físicas, técnicas, táticas e

psicológicas necessárias para a prática da modalidade. Além da comparação entre

as avaliações de treinador e atleta, verificou-se também se houve mudanças na

autoeficácia dos atletas e na percepção do treinador sobre a eficácia atlética

competitiva em um período de quatro meses bem como a magnitude das mudanças.

Essa verificação foi realizada através da comparação entre as avaliações feitas em

dois momentos de coleta de dados distintos e do delta percentual.

A primeira hipótese dessa dissertação era de que existiria um alto grau de

concordância entre a percepção de treinador e atletas sobre a eficácia competitiva

dos atletas. Entretanto, os resultados encontrados permitiram verificar que, durante

a primeira avaliação, só houve concordância significativa da percepção de atletas e

treinador em três variáveis estudadas: uma variável física (‘potência de golpes’) e

duas técnicas (‘técnicas de luta de solo’ e ‘defesa na luta de solo’). Esses resultados

corroboram com os resultados encontrados por Marcos et al. (2010a), que também

não constataram correlações significativas entre a autoeficácia de atletas de

basquete e a percepção de eficácia que os treinadores tinham de seus atletas. Por

outro lado, outros estudos realizados por Marcos et al. (2010b) e Marcos et al.

(2011) mostram resultados opostos aos encontrados na presente pesquisa pois,

além de encontrarem correlações significativas entre as percepções de treinador e

atletas, Marcos et al. (2010b) também verificaram que a percepção de eficácia do

treinador era um preditor significativo da percepção de autoeficácia dos atletas,

explicando 11% da variância desta percepção.

Conforme explicitado anteriormente, a autoeficácia é formada em um contexto

socioestrutural, ou seja, é influenciada pelas relações sociais que o indivíduo tem.

As reações avaliativas de outras pessoas sobre o desempenho de um sujeito

auxiliarão na formação de como este percebe suas próprias habilidades e

competências. Dessa forma, caso este sujeito receba avaliações positivas sobre seu

desempenho em determinada esfera da vida, há a tendência de se perceber como

capaz de realizar ações pertinentes a essas esferas; caso contrário, o sujeito tende

a ter uma percepção de autoeficácia negativa sobre esse contexto. Ressalta-se,

104

porém, que para as avaliações de terceiros influenciarem de maneira efetiva a

autoeficácia de uma pessoa, é necessário que haja proximidade de relacionamento

(BANDURA, 1997, 2000, 2001; LENT; LOPEZ, 2002).

No contexto esportivo, um desses relacionamentos de proximidade que influenciam

a percepção de autoeficácia do atleta é a relação que este tem com seu treinador

(LENT; LOPEZ, 2002; JOWETT; NTOUMANIS, 2004; JOWETT;

POCZWARDOWSKI, 2007). Muitas vezes atletas e treinadores convivem mais entre

si durante os treinamentos e competições do que com suas próprias famílias,

criando uma relação central para a profissão de ambos e formando laços

semelhantes aos encontrados nas relações conjugais e de amigos íntimos

(JOWETT; TIMSON-KATCHIS, 2005).

Quando tal fato acontece e os atletas percebem os treinadores como profissionais

competentes e capazes de auxiliá-los a melhorar sua performance, o treinador

passa a ser alguém que influencia diretamente a autoeficácia desse atleta. Isso

acontece através de comportamentos do próprio treinador como feedbacks reais e

positivos sobre o desempenho dos atletas, instruções e treinamentos que auxiliam o

aprimoramento de habilidades esportivas necessárias e suporte social ou

comportamentos que afetam positivamente as habilidades e estados psicológicos

dos atletas (BANDURA, 1997; HEUZÉ et al., 2006; JOWETT; CHAUNDY, 2004;

MARCOS et al., 2009).

Quando a relação entre treinador e atleta é saudável, há a possibilidade de se

encontrar as quatro fontes de autoeficácia na própria relação. Se o relacionamento

entre eles é próximo e pautado no compromisso, pode ser considerado como fonte

direta de domínio, uma vez que ambos provavelmente investirão esforços para

garantir que os atletas aprimorem suas capacidades esportivas. Caso o atleta confie

no treinador e o reconheça como um profissional capaz de exercer as capacidades

necessárias de seu cargo na modalidade praticada, haverá fonte de experiências

vicárias, pois o treinador passará a ser modelo para o atleta. Além do mais, nessa

situação, o treinador terá bastante influência como fonte de persuasão verbal, uma

vez que o atleta acredita em suas orientações e feedbacks. Já os estados afetivos

negativos do atleta, como medo, estresse e ansiedade devem se manter em níveis

baixos quando há uma relação de qualidade e confiança entre ele e seu treinador,

105

uma vez que esses estados são mais propensos de aparecer em relações

conflituosas (BANDURA, 1997; JOWETT, 2007).

Essas influências do treinador sobre a percepção de autoeficácia do atleta tendem a

ser ainda maiores em esportes individuais quando comparados com modalidades

coletivas. De acordo com Lorimer e Jowett (2009) e Jowett (2007), em esportes

individuais, o treinador está atento às necessidades de desenvolvimento das

habilidades específicas de cada atleta, enquanto que em esportes coletivos, além

desse aspecto, o treinador também necessita atentar-se para questões do grupo,

como coesão entre os atletas e eficácia de resultado da equipe.

Por outro lado, apesar de a literatura afirmar que a avaliação do treinador sobre seus

atletas influencia a percepção de autoeficácia destes, é importante lembrar que os

atletas participantes da presente dissertação são judocas com deficiência visual e

não há pesquisas que investiguem esse fenômeno em uma relação de treinador-

atleta nesta população. Sabe-se que a formação de conceitos em pessoas com

deficiência visual (principalmente nos cegos congênitos) acontece de maneira

singular, uma vez que há a falta e/ou deficiência da percepção sensorial visual

(MASINI, 1995; NUNES; LOMÔNACO, 2008).

Os cegos congênitos precisam conciliar a percepção de mundo que conhecem

através dos outros esquemas sensoriais com a percepção que os videntes lhe

descrevem para criar conceitos (AMIRALIAN, 1997). No caso dos atletas aqui

investigados pode-se considerar que os conceitos pertinentes à modalidade, como

execução de golpes e tipos de treinamentos táticos, por exemplo, foram formados

através das experiências desses atletas e instruções fornecidas pelo treinador. Este

treinador, por sua vez, necessitou adequar os treinamentos para favorecer a

compreensão e desempenho desses atletas respeitando as suas limitações

(McMASTER; CULVER; WERTHNER, 2012; TURNNIDGE et al., 2014).

Independentemente de não haver concordância entre a percepção de treinador e

atletas no primeiro momento de avaliação, sabe-se que a autoeficácia é dinâmica e

sofre alterações ao longo do tempo (BANDURA, 1997; JACKSON; BEAUCHAMP,

2010a; JOWETT; POCZWARDOWSKI, 2007). Assim, quando verificada a correlação

entre as avaliações de atletas e treinador no segundo momento, encontraram-se

correlações mais altas (porém não significativas) nas habilidades físicas e

106

psicológicas. Já sobre as habilidades técnicas foi constatada diminuição da maioria

das correlações; e sobre as habilidades táticas não foi possível fazer esta

comparação, pois não pode realizar os cálculos de correlações na primeira coleta.

Esses dados confirmam parcialmente a segunda hipótese dessa dissertação

(aumento da concordância na segunda coleta) uma vez que a maioria das variáveis

referentes às habilidades físicas e psicológicas sofreu aumento; além disso, quatro

variáveis técnicas também aumentarem a concordância entre a percepção de

treinador e atletas na segunda coleta de dados.

Não é possível afirmar o motivo da diminuição das concordâncias entre a percepção

de treinador e atletas sobre a maioria das variáveis técnicas no segundo momento

de coleta. Porém, infere-se que as experiências prévias do treinador (como ex-atleta

olímpico) tenham influenciado seus critérios de avaliação sobre a eficácia de seus

atletas (experiências prévias de domínio), tornando esses critérios mais rigorosos do

que os utilizados pelos judocas que têm menor experiência neste tipo de competição

do que o treinador (BANDURA, 1997).

Já o aumento do grau de concordância entre as avaliações do atleta e do treinador

nas variáveis psicológicas e físicas pode ser explicado pela proximidade do

relacionamento treinador-atleta que foi formada ao longo do tempo de interação

entre eles, durante os treinos e/ou competições e até mesmo em reuniões

estabelecidas com as profissionais responsáveis pela preparação psicológica da

equipe que visavam conversar sobre o desempenho atual dos judocas e

estabelecimento de metas para os próximos treinamentos (LORIMER; JOWETT,

2009). Diversos autores (LENT; LOPEZ, 2002; JOWETT, 2007; JOWETT;

POCZWARDOWSKI, 2007; SNYDER; STUKAS, 1999; YANG; JOWETT, 2013) têm

afirmado que o tempo de relacionamento voltado para a melhora da performance do

atleta torna a relação treinador-atleta cada vez mais interdependente; em outras

palavras, os comportamentos, pensamentos, sentimentos e até as percepções de

treinador e atletas se inter-relacionam e difundem-se entre si.

A qualidade da relação treinador-atleta dependerá de como essa relação foi

formada, bem como dos resultados intrapessoais (satisfação com seus próprios

resultados) e interpessoais (satisfação com a própria relação) (JOWETT;

POCZWARDOWSKI, 2007; YANG, JOWETT; CHAN, 2015). A percepção que

107

atletas e treinadores tem sobre a qualidade de relacionamento entre eles influencia e

é influenciada pela percepção de autoeficácia de ambos (JOWETT, 2007; JOWETT;

POCZWARDOWSKI, 2007).

Essa qualidade da relação pode ser estudada através da investigação de quatro

fatores, propostos no modelo de 3Cs+1 (JOWETT, 2007; YANG, JOWETT; CHAN,

2015): proximidade afetiva de treinador e atleta, compromisso com o

relacionamento, complementaridade de comportamentos e coorientação. Desses, a

coorientação é o fator que mais se aproxima com o fenômeno aqui estudado

(percepção de eficácia), pois investiga as interpercepções de treinadores e atletas

sobre a relação e suas similaridades ou divergências (LORIMER; JOWETT, 2009;

JOWETT, 2007). A investigação sobre a coorientação identifica a perspectiva direta

de cada uma das partes (o quanto uma pessoa se percebe confiante na outra) e a

meta-perspectiva (o quanto uma pessoa acredita que a outra confia nela). Quanto

mais próximas essas percepções, melhor a relação entre treinador e atletas

(LORIMER; JOWETT, 2009; JOWETT, 2009; JOWETT; CHAUNDY, 2004; JOWETT;

NTOUMANIS, 2004).

Outro fator importante que influencia a qualidade da relação treinador-atleta e

também a concordância da percepção de ambos é a comunicação. Através do

processo comunicativo é possível aumentar ou diminuir a distância entre eles. Uma

comunicação efetiva entre treinador e atletas faz com que exista uma compreensão

mútua entre eles aumentando a qualidade do relacionamento. Por isso, é de suma

importância que o treinador consiga se comunicar com seus atletas durante

treinamentos e competições demonstrando suas expectativas e fornecendo

feedbacks sobre o desempenho dos atletas (ALZATE et al., 2007; LORIMER;

JOWETT, 2009; JOWETT; POCZWARDOWSKI, 2007). Na estudo atual, enfatiza-se

que essa comunicação entre treinador-atleta sobre as habilidades físicas pode ter

sido facilitada pelo fato dos atletas realizarem testes físicos durante todos os meses

entre uma coleta de dados e outra, fornecendo um feedback mensurável das

habilidades para ambos.

Quando há comunicação efetiva, proximidade, compromisso, complementaridade e

coorientação na relação treinador-atleta, há uma relação de interdependência

positiva, fazendo com que ambos tenham percepção de eficácia positiva para o

108

desempenho atlético (LIRGG; FELTZ, 1991; JOWETT, 2007). Apesar de saber sobre

a influência da qualidade do relacionamento de treinador-atleta para uma maior

concordância da percepção destes, uma das delimitações da presente dissertação é

ter investigado apenas a percepção de eficácia, não podendo afirmar se houve

alterações na qualidade da relação do treinador e atletas participantes da amostra

que pudessem alterar os resultados aqui encontrados.

A terceira e última hipótese dessa pesquisa foi de que haveria melhora da eficácia

atlética percebida, tanto por atletas quanto pelo treinador, ao longo do tempo. Os

resultados do delta percentual permitiram verificar que para as habilidades físicas,

técnicas e tática, atletas e treinador concordaram que a eficácia atlética melhorou.

Já sobre as habilidades psicológicas, enquanto os atletas perceberam melhoras, o

treinador notou piora em todos os itens, com exceção da variável ‘preparação

psicológica para a luta’. O Teste de Wilcoxon mostrou que, mesmo com os

aumentos de notas na segunda coleta de dados em comparação com a primeira,

houve melhora significativa percebida em poucos itens: os atletas perceberam

melhora significativa em apenas três itens (‘velocidade’ / ‘técnicas de pé ou perna’ /

‘postura defensiva durante vantagem’); já o treinador concordou com os atletas

sobre as melhoras significativas dos itens ‘velocidade’ e ‘técnicas de pé ou perna’ e,

além disso, ele também notou melhora significativa em todos os itens que

investigavam técnicas de luta de solo e na única variável psicológica que percebeu

aumento de eficácia (‘preparação psicológica para a luta’). Esses dados vão ao

encontro dos resultados encontrados por Marcos et al. (2012) que verificaram

melhora na percepção da eficácia coletiva de jogadores de futebol no final da

temporada.

É importante observar que a literatura afirma que as habilidades esportivas (físicas,

técnicas, táticas e psicológicas) são adquiridas e aprimoradas ao longo do tempo de

dedicação ao esporte, com treinos eficazes e experiências competitivas e, por isso,

tendem a melhorar com o tempo (LEMUS et al., 2011; NICHOLLS et al., 2009;

SILVA, 2015). Entretanto, foi interessante observar que o treinador notou piora das

habilidades psicológicas de seus atletas ao longo do tempo, contrariando os autores

descritos acima.

109

Copetti (2001) e Lent e Lopez (2002) explicam que a percepção que uma terceira

pessoa tem sobre as habilidades e capacidades de alguém (percepção do treinador

sobre a eficácia dos atletas) é formada a partir da maneira como o indivíduo

demonstra possuir essa habilidade. No caso das habilidades psicológicas, a

percepção de eficácia torna-se mais subjetiva, pois os atletas podem não conseguir

demonstrar de maneira mensurável o desenvolvimento dessas habilidades, já que

muitas são encobertas. Copetti (2001) afirma que para a percepção de uma

habilidade ser positiva é necessário que o atleta tenha sucesso nos treinos e

competições. Entre os momentos de avaliação dessa dissertação, os atletas

participaram de apenas uma competição, o que cria a hipótese de que não houve

oportunidade para o treinador notar melhora das habilidades psicológicas (menos

observáveis que as demais em treinamentos). Podemos hipotetizar também que

pelo fato do treinador ter sido um atleta olímpico convencional, seu grau de

exigência quanto às habilidades psicológicas era maior, pois as considerava como

relevantes em se pensando no desempenho em competições internacionais.

Mesmo com o treinador percebendo piora nessas habilidades, os atletas notaram

aprimoramento das habilidades psicológicas ao longo do tempo, demonstrando que

a percepção de autoeficácia dos atletas aumentou em todas as habilidades

estudadas. Bandura (1982) enfatiza a relação direta entre o aumento progressivo da

autoeficácia e o aumento no desempenho atlético. A autoeficácia positiva influencia

positivamente a motivação do atleta para se empenhar nos treinamentos

preparatórios para a competição e estabelecer metas mais desafiadoras de serem

alcançadas. Além do mais, também atua sobre os esquemas cognitivos fazendo

com que o atleta encontre previamente soluções para potenciais problemas e realize

mentalizações positivas sobre seu desempenho (BANDURA, 1982, 1989, 2000).

Mesmo não havendo grande número de correlações significativas entre a percepção

de atleta e treinador no segundo momento de coleta, é possível notar, através do

delta percentual, que ambos observaram melhoras das habilidades físicas, técnicas

e táticas. Infere-se, como já mencionado acima, que os critérios utilizados por

treinador e atletas para a avaliação da eficácia atlética tenham sido diferentes e por

isso não apresentaram concordância; principalmente sobre as habilidades técnicas

em que a concordância diminuiu no segundo momento, mesmo atletas e treinador

percebendo melhoras (JOWETT; POCZWARDOWSKI, 2007). Porém, é muito

110

importante que o treinador identifique melhora em seus atletas ao longo do tempo,

pois, dessa forma, o treinador conseguirá influenciar positivamente a percepção de

autoeficácia dos atletas, gerando um ambiente motivador para o aprimoramento das

habilidades esportivas (BANDURA, 2001; COPETTI, 2001; HEUZÉ et al., 2006;

HOYT et al, 2003).

CAPÍTULO 7

CONSIDERAÇÕES FINAIS

112

O objetivo dessa dissertação foi avaliar a percepção de autoeficácia competitiva de

atletas na Seleção Paralímpica de Judô e a percepção do treinador sobre a eficácia

competitiva de seus atletas. Investigou-se a percepção de ambos sobre as

habilidades psicológicas, físicas, técnicas e táticas em dois momentos distintos

(janeiro e maio/2016) e, posteriormente foi verificado o grau de concordância entre

as avaliações de atletas e treinador durante os dois momentos. Avaliou-se também

se houve mudanças da percepção de treinador e atletas sobre a eficácia atlética ao

longo do tempo.

De acordo com os resultados encontrados na presente dissertação, é possível

concluir que judocas e treinador passaram a perceber a eficácia das habilidades

físicas e psicológicas dos atletas de maneira mais parecida, conforme o aumento do

tempo de relacionamento entre eles, havendo maior concordância da percepção de

ambos na segunda avaliação. Entretanto, as variáveis técnicas apresentaram

diminuição da concordância de percepção de atleta e treinador, apesar de ambos

notarem melhora destas variáveis ao longo do tempo.

A partir dessas constatações, pode-se considerar que o tempo de treinamento e, por

consequente, de relacionamento entre o treinador e os atletas tenha colaborado

para uma maior concordância da percepção de ambos sobre a eficácia física e

psicológica dos atletas. Acredita-se que o tempo de relacionamento de treinador e

atletas entre a última avaliação (maio/2016) e a competição dos Jogos Paralímpicos

de 2016, que ocorreu em setembro deste ano (competição para a qual os atletas

estavam se preparando durante as avaliações), tenha ajustado ainda mais a

concordância da percepção de ambos sobre a eficácia dos atletas. Porém, verificar

essa hipótese foi uma delimitação deste estudo, uma vez que não foi possível

realizar uma terceira avaliação momentos antes dos Jogos.

Outro resultado interessante dessa dissertação foi que tanto atletas quanto treinador

perceberam melhoras ao longo do tempo sobre a eficácia atlética das habilidades

físicas, técnicas e táticas, apesar das concordâncias entre as percepções dessas

habilidades serem significativas em apenas um item investigado (‘potência de

golpes’ – variável física). Já em relação às variáveis psicológicas, nota-se que não

foram observadas melhoras estatisticamente significativas entre as avaliações dos

atletas, enquanto que entre as avaliações do treinador, apenas uma variável

113

apresentou melhora significativa (‘preparação psicológica para a luta’). O que mais

chama a atenção é o fato de que para os atletas há melhora em quase todos os

itens dessas habilidades quando se analisa o Δ%, e o oposto acontece com o

treinador, que observa piora em todos os itens com exceção de ‘preparação

psicológica para a luta’.

Esses dados permitem levantar algumas especulações acerca dos critérios de

avaliação de atletas e treinador serem diferentes quanto às habilidades esportivas.

Talvez por ter sido um atleta olímpico de judô, o treinador parece possuir um grau de

exigência maior do que os próprios atletas sobre a eficácia destes o que pode ter

levado a poucas concordâncias significativas entre as percepções. Além do mais,

com a proximidade dos Jogos Paralímpicos, o treinador pode possuir um grau de

exigência de melhoras das habilidades esportivas mais próximo do que os atletas

necessitariam durante a competição para a qual estavam se preparando.

Esse foi o primeiro estudo a identificar a percepção de eficácia de atletas

paralímpicos tanto na perspectiva dos próprios atletas quanto na perspectiva do

treinador. Diferenças de percepção podem trazer consequências negativas para a

qualidade do relacionamento entre eles. Um potencial percurso para a intervenção

prática através da observação desses dados está em se poder elaborar ações que

visem o estreitamento de critérios de percepção de eficácia entre atletas e treinador.

Há que se considerar, em tudo isso, que discrepâncias de opiniões serão inevitáveis.

Porém, é importante que elas sejam reduzidas para que se possa trabalhar com

uma equipe coesa e com autoeficácia positiva.

REFERÊNCIAS

115

ALBA, G. R.; TOIGO, T.; BARCELOS, P. F. P. Percepção de atletas profissionais de basquetebol sobre o estilo de liderança do técnico. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, v. 32, n. 1, p. 143-159, setembro, 2010

ALMEIDA, M. O.; DA SILVA, M. R. D. F. Atividade motora adaptada e desenvolvimento motor: possibilidades através das artes marciais para deficientes visuais. Revista Movimento e Percepção, Espírito Santo do Pinhal, SP, v. 10, n. 14, p. 222-239, 2009

ALZATE, R. et al. Análisis del impacto del estilo de comunicación del entrenador en el desarrollo de la cohesión grupal, la eficacia colectiva y la satisfacción. Revista de Psicología del Deporte, v. 6, n. 2, 2007

AMIRALIAN, M. L. T. M. Compreendendo o cego: uma visão psicanalítica da cegueira por meio de desenhos-estórias. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997. 321 p.

ANDO, G. Y. U.; MIARKA, B.; PINTO, M. M. M. Avaliação de análise técnico-tática em combates de judô por programa computacional por usuários com diferentes níveis de expertise. Journal of Physical Education, v. 27, n. 1, 2016

ARAÚJO; M. V. M. et al. Estágio docência: concepções epistemológicas e suas influências nas metodologias de ensino. Administração: ensino e pesquisa, v. 15, n. 2, p. 237–269, 2014

ARDEHJANI, S. M.; MOKHTARI, P.; TAYYARI, F. The Impact of Imagery on Self-efficacy and Volleyball Spike Performance: Mediating Role of Positive Self-talk. Annals of Applied Sport Science, v. 1, n. 4, p. 27-36, 2013

ARRUDA, S. M. C. P. Percepções da auto-eficácia nas atividades de vida diária e qualidade de vida de estudantes com baixa visão ou cegueira. 2006, 163 f. Tese (Doutorado em Ciências Médicas) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2006.

AZEVEDO, M. M. P. D. Educação (in) visual. 2010, 241 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Educação) - Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti, Porto, Portugal, 2010

AZZI, R. G.; POLYDORO, S. A. J. Auto-eficácia proposta por Albert Bandura: algumas discussões. In:______. Auto-eficácia em diferentes contextos. Campinas: Alínea, 2006, p. 9-24.

BANDURA, A. Self-Efficacy Mechanism in Human Agency. American Psychologist, Washington, v. 37, n. 2, p. 122-147,1982

______. Regulation of cognitive processes through perceived self-efficacy. Developmental Psychology, v. 25, n. 5, p. 729-735, 1989

______. Self-efficacy: the exercise of control. EUA: Freeman, 1997, 604 p.

116

______. Exercise of human agency through collective efficacy. Current Directions in Psychological Science, v. 9, n. 3, p. 75-78, 2000

______. Social cognitive theory: An agentic perspective. Annual Review of Psychology, v. 52, n. 1, p. 1-26, 2001

______. Guide for constructing self-efficacy scales. In: PAJARES, F.; URDAN, T. (Orgs.). Self-efficacy beliefs of adolescents. IAP, 2006, p. 307-337

BAPTISTA, V. A. M. Trajetórias de carreira de estudantes universitários portugueses com cegueira. 2013, 32 f. Dissertação (Mestrado Integrado em Psicologia) – Universidade do Minho, Braga, Portugal, 2013

BARROS, M. B.; IAOCHITE, R. T. Autoeficácia para a prática de atividade física por indivíduos adultos. Motricidade, Portugal, v. 8, n. 2, p. 32-41, 2012

BECK, J. S. Terapia Cognitiva: Teoria e Prática. Tradução Sandra Costa. Porto Alegre: Artmed, 1997. 350 p.

BECKER, F. O que é construtivismo. Revista de Educação AEC, v.21, n.83, p.7-15, 1992

BLECHARZ, J. et al. Intrinsic Motivation Predicting Performance Satisfaction in Athletes: Further Psychometric Evaluations of the Sport Motivation Scale-6. Polish Psychological Bulletin, v. 46, n. 2, p. 309-319, 2015

BOARDLEY, I. D.; JACKSON, B.; SIMMONS, A. Changes in Task Self-Efficacy and Emotion Across Competitive Performances in Golf. Journal of Sport & Exercise Psychology, v. 37, n. 4, p. 393-409, 2015

BONATTI, J. A. et al. Responsabilidade social em oftalmologia: interdisciplinaridade e inclusão na visão subnormal. Revista de Medicina, v. 86, n. 4, p. 195-200, 2007

BRAZUNA, M. R.; CASTRO, E. M. A trajetória do atleta portador de deficiência física no esporte adaptado de rendimento: uma revisão da literatura. Motriz, v. 7, n. 2, p.115-123, 2001

BRUTON, A. M.; MELLALIEU, S. D.; SHEARER, D. A. Observation interventions as a means to manipulate collective efficacy in groups. Journal of Sport and Exercise Psychology, v. 36, n. 2, p. 27-39, 2014

CAMPANI, D. B.; KRUMEL, V. F.; SCHNEIDER, W. A. Judô para portadores de deficiência visual. In: 9º Congresso Nacional da Rede Unida, 2010, Porto Alegre.

CARMO, A. P. Adaptação e validação de uma escala de auto-eficácia para o voleibol. 2006, 142 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Universidade Metodista de Piracicaba, Piracicaba, 2006

117

CARVALHO, I. C. D. M.; STEIL, C. A. Percepção e ambiente: aportes para uma epistemologia ecológica. Revista Eletrônica do Mestrado de Educação Ambiental, v. especial, p. 59-79, 2013

CARVALHO, J. V. Dimensões do desporto de alta competição para atletas com deficiência. In: RODRIGUES, D. (Org.). Atividade Motora adaptada: a alegria do corpo. São Paulo: Artes Medicas, 2006, p. 199-213

CERQUEIRA, D.; GOMES, M. S. P.; ALMEIDA, J. J. G. Judô. In: MELLO, M. T.; OLIVEIRA FILHO, C. W. (Org.). Esporte paralímpico. São Paulo: Atheneu, 2012, p. 161-168

CHIRIVELLA, E. C.; ESQUIVA, I. C. Los estados emocionales y su relación con las atribuciones y las expectativas de autoeficacia en el deporte. Revista de Psicología del Deporte, v. 21, n. 1, p. 171-176, 2012

COPETTI, F. Estudo exploratório dos atributos pessoais de tenistas. 2011. 233 f. Tese (Doutorado em Ciência do Movimento Humano) – Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul, 2001

COSTA, I. T. et al. Análise e avaliação do comportamento tático no futebol. Revista da Educação Física/UEM, v. 21, n. 3, p. 443-455, 2010

COSTA, I. T.; SAMULSKI, D. M.; COSTA, V. T. Análise do perfil de liderança dos treinadores das categorias de base do futebol brasileiro. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v.23, n.3, p.185-94, jul./set. 2009

CPB – Comitê Paralímpico Brasileiro. Disponível em <http://www.cpb.org.br/modalidades-vizualizacao/-asset_publisher/4O6JOgZOhDhG/ content/id/22756>. Acesso em: 04 de jan. de 2017

CPB – Comitê Paralímpico Brasileiro. Disponível em <http://www.cpb.org.br/>. Acesso em: 20 de mai. de 2016

CRAFT, D. H.; LIEBERMAN, L. Deficiência visual e surdez. In: WINNICK, J. P. (Ed.). Educação Física e esportes adaptados. 3. ed. Tradução Fernando Augusto Lopes. Barueri, SP: Manole, 2004, p. 181-205

CRUZ, J. F. A.; VIANA M. F. Auto-confiança e rendimento na competição desportiva. In: CRUZ, J. F. (Ed.). Manual de Psicologia do Desporto. Braga, Portugal: Sistemas Humanos e Organizacionais, 1996, p. 265-286

DAMATO, G. et al. Multivariate relationships among efficacy, cohesion, self-talk and motivational climate in elite sport. Pamukkale Journal of Sport Sciences, v. 2, n. 1, p. 06-26, 2011

DANCEY, C. P; REIDY, J. Estatística sem matemática para psicologia: usando SPSS para Windows. 3. ed. Tradução Lorí Viali. Porto Alegre: Artmed, 2006. 608 p.

DANTAS, E. H. M. A prática da preparação fisica. 2. ed. rev e aum. Rio de Janeiro: Sprint, 1985 - 1986. 325 p.

118

DAOLIO, J. Jogos esportivos coletivos: dos princípios operacionais aos gestos técnicos-modelo pendular a partir das idéias de Claude Bayer. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, Brasília, v. 10, n. 4, p. 99-103, 2002

DE ALMEIDA, L. C.; LOCH, R. E. N. Mapa tátil: passaporte para a inclusão. Extensio: Revista Eletrônica de Extensão, v. 2, n. 3, 2005

DELL’ANTONIO, E.; BARROSO, M. L .C. Perfil de liderança de treinadores e desempenho de equipes em competição. Avaliação Psicológica, v. 13, n. 3, p. 311-316, 2014

DE PERO, R. et al. The relationships between pre-competition anxiety, self-efficacy, and fear of injury in elite teamgym athletes. Kinesiology, v. 45, n. 1, p. 63-72, 2013

DITEWEG, H. et al. AIDS awareness and VCT behaviour: An application of the integrated model of behaviour prediction. Health SA Gesondheid (Online), v. 18, n.1, p.1-10, 2013

DUNLOP, W. L.; BEATTY, D. J.; BEAUCHAMP, M. R. Examining the influence of other-efficacy and self-efficacy on personal performance. Journal of sport & exercise psychology, v. 33, n. 4, p. 586-593, 2011

ESTEVAN, I. et al. Self-efficacy and performance of the roundhouse kick in taekwondo. Revista de Artes Marciales Asiáticas, v. 9, n. 2, p. 97-105, 2014

FELTZ, D. L.; LIRGG, C. D. Self-efficacy beliefs of athletes, teams, and coaches. Handbook of Sport Psychology, v. 2, p. 340-361, 2001

FERREIRA, J. P. et al. Auto-eficácia, competência física e auto-estima em praticantes de basquetebol com e sem deficiência física. Motricidade, v. 7, n.1, p. 55-68, 2011

FERREIRA, M. A. C. A influência da auto-eficácia e da ansiedade em Jogadores de futebol. 2008, 104 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Setor de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Paraná, Paraná, 2008

FRANCHINI, E.; DEL VECCHIO, F. B. Estudos em modalidades esportivas de combate: estado da arte. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v.25, p.67-81 , dez. 2011

FREITAS, N. M. O. Objectivos de realização e crenças sobre a competência desportiva: um estudo com atletas com deficiências visuais. 2000. 96f. Dissertação (Mestrado em Ciências do Desporto) – Actividade Física Adaptada, Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física, Universidade do Porto, Porto, 2000.

GARCIA, M. R. D. C. S. Cegueira congénita e adquirida: implicações na saúde mental e resiliência. 2014, 130 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia, Aconselhamento e Psicoterapias) - Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Lisboa, 2014

119

GARCIA-MAS, A. et al. Determinación de las variables psicológicas y deportivas relevantes a las lesiones deportivas. Revista de Psicología del Deporte, v. 23, n. 2, p. 423-429, 2014

GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5 ed. São Paulo, Atlas, 1999. 206 p.

GOLD, J. R.; GOLD, M. M. Access for all: the rise of the Paralympic Games. The Journal of the Royal Society for the promotion of Health, v. 127, n. 3, p. 133-141, 2007

GOMES, S. S. et al. O fluxo no voleibol: relação com a motivação, autoeficácia, habilidade percebida e orientação às metas. Journal of Physical Education, v. 23, n. 3, p. 379-387, 2012

GOMEZ-PALOMA, F.; RIO, L.; D'ANNA, C. Physical self-efficacy in women’s artistic gymnastic between recreational and competitive level. Journal of Human Sport & Exercise, v. 9, n. 1, p. 341- 347, 2014

GONZALES, R. P.; BENITO, J. C.; VEIGA, P. D. Deficiencia visual: Aspectos conceptuales y repercusiones funcionales. In: BENITO, J. C., VEIGA, P. D.; GONZALES, R. P. (Coord.). Psicología y ceguera: manual para la intervención psicológica en el ajuste a la discapacidad visual. Madri: Organización Nacional de Ciegos Españoles, 2003, s.p.

GORLA, J. I.; DE ALMEIDA, J. J. G. A expressão de uma atividade esportiva: o desporto para cegos. Revista Conexões, v. 5, n. 1, 2007

GOULD, D. et al. An exploratory examination of strategies used by elite coaches to enhance self-efficacy in athletes. Journal of Sport & Exercise Psychology, v. 11, p. 128-140, 1989

GOUVEIA, F. C. Análise da auto-eficácia em atletas de modalidades individuais e coletivas. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, v. 2, n. 2, p. 45-60, 2003

GRAVITO, N. M. G. Auto Estima e Competência Física Percebida no Desporto Adaptado: Estudo exploratório em atletas com deficiência motora e com deficiência intelectual. 2007, 85f. Monografia (Licenciatura em Ciências do Desporto e Educação Física) - Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física, Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal, 2007

GRECO, P. J. Conhecimento tático-técnico: eixo pendular da ação tática (criativa) nos jogos esportivos coletivos. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 20, n. 5, p. 210-212, 2006.

______. Percepção no esporte. In: SALMUSKI, D. (Org.). Psicologia do Esporte: conceitos e novas perspectivas, 2 ed. Barueri, SP: Manoele, 2009, p. 57-83

HAMPSON, R.; JOWETT, S. Effects of coach leadership and coach–athlete relationship on collective efficacy. Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports, v.24, n. 2, p. 454-460, 2012

120

HEAZLEWOOD, I.; BURKE, S. Self-efficacy and its relationship to selected sport psychological constructs in the prediction of performance in ironman triathlon. Journal of Human Sport & Exercise, v. 6, n. 2, p. 328-350, 2011

HEUZÉ, J. P. et al. The relationships of perceived motivational climate to cohesion and collective efficacy in elite female teams. Journal of Applied Sport Psychology, v. 18, n. 3, p.201-218, 2006

HOYT, C. L. et al. Group leadership: Efficacy and effectiveness. Group Dynamics: Theory, Research and Practice, v. 7, n. 4, 259-274, 2003

HUSSAIN, N.; PENDSE, S. Judo for the blind: a new dimensión. s.d.

IBSA - International Blind Sports Federation. Disponível em <http://www.ibsasport.org/classification/>. Acesso em: 04 de jan. de 2017

IBSA - International Blind Sports Federation. IBSA JUDO REGULATIONS (IBR). Disponível em <http://www.ibsasport.org/documents/>. Acesso em: 23 de maio de 2016

IPC – International Paralympic Committee. Disponível em <https://www.paralympic.org/rio-2016>. Acesso em: 04 de jan. de 2017

IPC – International Paralympic Committee. Disponível em <https://www.paralympic.org/the-ipc/about-us>. Acesso em: 22 de maio de 2016a

IPC – International Paralympic Committee. Disponível em <https://www.paralympic.org/judo >. Acesso em: 22 de maio de 2016b

IPC – International Paralympic Committee. Explanatory guide to Paralympic classification: Paralympic summer sports. Bonn, Alemanha, 2015.

JACKSON, B.; BEAUCHAMP, M. R. Efficacy beliefs in coach–athlete dyads: Prospective relationships using actor–partner interdependence models. Applied Psychology, v. 59, n. 2, p. 220-242, 2010a

______. Self-efficacy as a metaperception within coach–athlete and athlete–athlete relationships. Psychology of Sport and Exercise, v. 11, n. 3, p. 188-196, 2010b

JACKSON, B.; GROVE, J. R.; BEAUCHAMP, M. R. Relational efficacy beliefs and relationship quality within coach-athlete dyads. Journal of Social and Personal Relationships, v. 27, n.8, p. 1035-1050, 2010

JACKSON, B.; KNAPP, P.; BEAUCHAMP, M. R. Origins and consequences of tripartite efficacy beliefs within elite athlete dyads. Journal of Sport & Exercise Psychology, v. 30, n. 5, p. 512-540, 2008

JOWETT, S. Coach-athlete relationships ignite sense of groupness. Group Dynamics in Exercise and Sport Psychology. Contemporary Themes Abingdon. UK: Routledge, p. 63-76, 2007

121

______. Validating coach-athlete relationship measures with the nomological network. Measurement in Physical Education and Exercise Science, v. 13, n. 1, p. 34-51, 2009

JOWETT, S.; CHAUNDY, V. An Investigation Into the Impact of Coach Leadership and Coach-Athlete Relationship on Group Cohesion. Group Dynamics: Theory, Research, and Practice, v. 8, n. 4, p. 302-311, 2004

JOWETT, S.; NTOUMANIS, N. The coach–athlete relationship questionnaire (CART-Q): Development and initial validation. Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports, v. 14, n. 4, p. 245-257, 2004

JOWETT, S.; POCZWARDOWSKI, A. Understanding the coach-athlete relationship. In: JOWETT, S.; LAVALEE, D. (Orgs.). Social Psychology in Sport. EUA: Human Kinetics, 2007, p. 03-14

JOWETT, S.; TIMSON-KATCHIS, M. Social networks in sport: parental influence on the coach-athlete relationship. The Sport Psychologist, v. 19, n. 3, p. 267-287, 2005

JUNIOR, N. E. C. Inconsciente e percepção na psicanálise freudiana. Psicologia USP, São Paulo, v. 10, n.l, p.25-54, 1999.

KANO, J. Kodokan judo. Nova York: Kodansha International, 1996. 264p.

KNAPP, P.; BECK, A. T. Fundamentos, modelos conceituais, aplicações e pesquisa da terapia cognitiva. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 30, p. 54-64, 2008

LAGAR, J. A. Deporte y Discapacidad. Redactor Deportivo Radio Nacional de España, p. 1-16, 2003

LÁZARO, I.; VILLAMARÍN, F. Capacidad predictiva de La auto-eficacia individual y coletiva sobre el rendimiento em jugadoras de baloncesto. Revista de Psicología del Deporte, Barcelona, v.2, n. 2, 2007

LEMUS, M. C. et al. Percepción sobre las actividades de entrenamiento, generales y cotidianas de jugadores de rugby de nivel regional y nacional. Revista Iberoamericana de Psicología del Ejercicio y el Deporte, v. 6, n. 1, p. 63-78, 2011

LENT, R. W.; LOPEZ, F. G. Cognitive ties that bind: A tripartite view of efficacy beliefs in growth-promoting relationships. Journal of social and Clinical Psychology, v. 21, n. 3, p. 256-286, 2002

LEO, F. M. et al. Analysis of cohesion and collective efficacy profiles for the performance of soccer players. Journal of Human Kinetics, v. 39, n. 1, p. 221-229, 2013

LIBERATI, A. et al. The PRISMA statement for reporting systematic reviews and meta-analyses of studies that evaluate healthcare interventions: explanation and elaboration. Annals of internal medicine, v. 151, n. 4, 2009

122

LIEBERMAN, L. J.; HOUSTON-WILSON, C. Overcoming the barriers to including students with visual impairments and deaf-blindness in physical education. RE: view, v. 31, n. 3, 1999

LIMA, S. R.; ALMEIDA, M. A. Iniciação à aprendizagem da natação e a coordenação corporal de uma criança deficiente visual: algumas contribuições. Revista Brasileira de Ciência do Esporte, Campinas, v. 29, n. 2, p. 57-78, 2008

LIRGG, C. D.; FELTZ, D. L. Teacher versus peer models revisited: Effects on motor performance and self-efficacy. Research Quarterly for Exercise and Sport, v. 62, n. 2, p. 217-224, 1991

LOBO, I. L. B.; MORAES, L. C. C. A.; NASCIMENTO, E. Processo de validação da escala de comportamento do treinador - versão atleta (ECT-A). Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v.19, n.3, p.255-65, jul./set. 2005

LOPES, A. L. Visualização mental, experiências de flow, ansiedade e percepções de desafio e ameaça na competição: Estudo exploratório no desporto adaptado. 2010, 46 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Universidade do Minho, Portugal, 2010

LOPES, C. E; ABIB, J. A. D. Teoria da Percepção no Behaviorismo Radical. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 18, n. 2, p. 129-137, 2002

LORA, T. D. P. Descobrindo o real papel das outras percepções, além da visão, para a orientação e mobilidade. In: MOTA, M. G. B. (Coord.). Orientação e mobilidade: conhecimentos básicos para a inclusão da pessoa com deficiência visual. Brasília: Ministério da Educação, EESP, 2003. 167 p.

LORIMER, R.; JOWETT, S. Empathic accuracy in coach–athlete dyads who participate in team and individual sports. Psychology of Sport and Exercise, v. 10, n. 1, p. 152-158, 2009

MACIEJEWSKI, P. K.; PRIGERSON, H. G.; MAZURE, C. M. Self-efficacy as a mediator between stressful life events and depressive symptoms. The British Journal of Psychiatry, v. 176, n. 4, p. 373-378, 2000

MANN, D. T. Y. et al. Perceptual-Cognitive Expertise in Sport: A Meta-Analysis. Journal of Sport and Exercise Psychology, v. 29, n. 4, p.457-478, 2007

MARCOS, F. M. L. et al. Aplicación de un programa de intervención para la mejora de la cohesión y la eficacia en jugadores de baloncesto. Cuadernos de Psicología del Deporte, v. 9, n. 1, p. 73-84, 2009

MARCOS, F. M. L. et al. Interacción de la cohesión en la eficacia percibida, las expectativas de éxito y el rendimiento en equipos de baloncesto. Revista de Psicología del Deporte, v. 19, n. 1, 2010a

MARCOS, F. M. L. et al. Interactive effects of team cohesion on perceived efficacy in semi-professional sport. Journal of Sports Science and Medicine, v. 9, p. 320-325, 2010b

123

MARCOS, F. M. L. et al. Análisis del clima motivacional como antecedente de la eficacia colectiva en futbolistas semiprofesionales. Revista de Psicología del Deporte, v. 21, n. 1, p. 159-162, 2011

MARCOS, F. M. L. et al. Evolution of perceived cohesion and efficacy over the season and their relation to success expectations in soccer teams. Journal of Human Kinetics, v. 34, n. 1, p. 129-138, 2012

MARTIN, J. J. A personal development model of sport psychology for athletes with disabilities. Journal of Applied Sport Psychology, v. 11, n. 2, p. 181-193, 1999

MASINI, E. F. S. Algumas questões sobre a avaliação do portador de deficiência visual. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, v. 76, n. 184, p. 615-634, 1995

McMASTER, S.; CULVER, D.; WERTHNER, P. Coaches of athletes with a physical disability: a look at their learning experiences. Qualitative Research in Sport, Exercise and Health, v. 4, n. 2, p. 226-243, 2012

MENESCAL, A. A pessoa portadora de deficiência visual, seu corpo, seu movimento e seu mundo. In: PEDRINELLI, V. J. (Coord.). Educação fisica e desporto para pessoas portadoras de deficiencia. Brasilia: MEC-SEDES, SESI-DN, 1994, p. 87-98

MESSIAS, A.; JORGE, R.; CRUZ, A. A. V. Tabelas para medir acuidade visual com escala logarítmica: porque usar e como construir. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, v. 73, n. 1, p. 96-100, 2010

MONTEIRO, L. B. O treinador de judô no Brasil. Rio de Janeiro: SPRINT, 1998. 113 p.

MORAES, L. C. C. A. et al. Escala do comportamento do treinador - versão treinador (ECT-T) e versão atleta (ECT-A): o que o treinador diz é confirmado pelos seus atletas?. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v.24, n.1, p.37-47, jan./mar. 2010

MORAES, M. Ver e não ver: sobre o corpo como suporte da percepção entre jovens deficientes visuais. Revista Benjamin Constant, v. 12, n. 33, p. 15-20, 2006

MUNSTER, M. A.; ALMEIDA, J. J. G. Atividade física e deficiência visual. In: GORGATTI, M. G.; DA COSTA, R. F. (Orgs.). Atividade física adaptada: qualidade de vida para pessoas com necessidades especiais. 2 ed. rev. e ampl. Barueri, SP: Manoele, 2008, p. 28-76

NETTO, F. X. V.; HOFFMANN, L. T. Deficiência visual. In: NETTO, F. C.; GONZALEZ, J. S. (Coord.). Desporto adaptado a portadores de deficiência: judo. Porto Alegre: UFRGS, INDESP, 1996, p. 15-21

NICHOLLS, A. R. et al. Mental toughness in sport: Achievement level, gender, age, experience, and sport type differences. Personality and Individual Differences, v. 47, n. 1, p. 73-75, 2009

124

NÓBREGA, T. P. Corpo, percepção e conhecimento em Merleau-Ponty. Estudos de Psicologia, v. 13, n. 2, p. 141-148, 2008

NOCE, F. et al. Análise dos sintomas de overtraining durante os períodos de treinamento e recuperação: estudo de caso de uma equipe feminina da Superliga de Voleibol 2003/2004. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 17, n. 6, p. 397-400, 2011

NUNES, S. S.; LOMÔNACO, J. F. B. Desenvolvimento de conceitos em cegos congênitos: caminhos de aquisição do conhecimento. Psicologia Escolar e Educacional, v. 12, n. 1, p. 119-138, 2008.

O'CONNELL, M.; LIEBERMAN, L. J.; PETERSEN, S. The use of tactile modeling and physical guidance as instructional strategies in physical activity for children who are blind. Journal of Visual Impairment & Blindness, v. 100, n. 8, 2006

OLIVEIRA FILHO, C. W. Atividade físico-esportiva para pessoas cegas e com baixa visão. In: DUARTE, E.; LIMA, S. M. T. (Orgs.). Atividade Física para pessoas com necessidades especiais: experiências e intervenções pedagógicas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003, p. 23-32

OLIVEIRA FILHO, C. W.; ALMEIDA, J. J. G. Avaliação de pessoas com deficiência visual nas aulas de Educação Física. In: GORLA, J. I. (Org.). Educação física adaptada: o passo a passo da avaliação. São Paulo: Phorte, 2008, p. 51-64

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Disponível em <http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs282/en/>. Acesso em: 01 dez. 2016.

ORMELEZI, E. M. Os caminhos da aquisição do conhecimento e a cegueira: do universo do corpo ao universo simbólico. 2000. 273 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia e Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000.

PAJARES, F.; OLAZ, F. Teoria Social Cognitiva e auto-eficácia: uma visão geral. In: BANDURA, A.; AZZI, R.; POLYDORO, S. (Orgs.). Teoria Social Cognitiva: conceitos básicos. Tradução Ronaldo Cataldo Costa. Porto Alegre: Artmed, 2008, p. 97-114

PALMI, J. La percepción: enfoque funcional de la visión. Educación Física y Deportes, p. 81-85, 2007

PARSONS, A.; WINCKLER, C. Esporte e a pessoa com deficiência – contexto histórico. In: MELLO, M. T.; OLIVEIRA FILHO, C. W. (Org.). Esporte paralímpico. São Paulo: Atheneu, 2012, p. 03-14

PESCA, A. D.; CRUZ, R. M.; ÁVILA FILHO, M. A. P. Estudos de autoeficácia em psicologia do esporte. Revista de Psicologia, n.1, 2011

PESSÔA, C. V. B. B.; VELASCO, S. M. Comportamento operante. In: BORGES, N. B.; CASSAS, F. A. (Orgs.). Clínica analítico-comportamental: aspectos teóricos e práticos. Porto Alegre: Artmed, 2012, p. 24-31

125

PIAGET, J. Desenvolvimento e aprendizagem. Studiyng teaching, 1972

RAMOS, V.; BRASIL, V. Z.; GODA, C. A aprendizagem profissional na percepção de treinadores de jovens surfistas. Revista da Educação Física / UEM, v. 23, n. 3, p. 431-442, 3. trim. 2012

RENIER, L.; DE VOLDER, A. G. Cognitive and brain mechanisms in sensory substitution of vision: a contribution to the study of human perception. Journal of Integrative Neuroscience, v. 4, n. 04, p. 489-503, 2005

RIBEIRO, J. L. P. Mental Health Inventory: Um estudo de adaptação à população portuguesa. Psicologia, Saúde & Doenças, v. 2, n. 1, p. 77-99, 2001

RODRIGUES, D. As dimensões de adaptação de atividades motoras. In:______. Atividade Motora adaptada: a alegria do corpo. São Paulo: Artes Medicas, 2006, p. 39-47

RODRIGUES, F. V. Fisiologia sensorial. Revista da Biologia, v. 5, 2010

RUBIO, V. J. et al. Autoeficacia y lesiones deportivas: ¿factor protector o de riesgo?. Revista de Psicología del Deporte, v. 23, n. 2, p. 439-444, 2014

SAGAR, S. S.; JOWETT, S. Communicative acts in coach–athlete interactions: When losing competitions and when making mistakes in training. Western Journal of Communication, v. 76, n. 2, p. 148-174, 2012

SÁNCHEZ, A. V.; ESCRIBANO, E. A. Medição do autoconceito. Tradução Cristina Murachco. Bauru, SP: EDUSC, 1999. 191 p

SARI, I. An Investigation of Imagery, Intrinsic Motivation, Self-efficacy and Performance in Athletes. Anthropologist, v. 20, n. 3, p. 675-688, 2015

SATO, N. Yasuhiro Yamashita our relationship as player and coach. In: YAMASHITA, Y. (Org.). The fighting spirit of judô: the techique and spirit to win. Estados Unidos: Ippon Books, 1999, p. 190-200

SERRA, A. V. O auto-conceito. Análise Psicológica, Portugal, v. 2, n.6, p. 101-110, 1988.

SILVA, A.; VITAL, R.; MELLO, M. T. Deficiência, incapacidades e limitações que influenciam na prática do esporte paralímpico. In: MELLO, M. T.; OLIVEIRA FILHO, C. W. (Org.). Esporte paralímpico. São Paulo: Atheneu, 2012, p. 51-61

SILVA, C. A. C.; RIBEIRO, G. M.; RABELO, R. J. A influência da dança no equilíbrio corporal de deficientes visuais. Movimentum: Revista Digital de Educação Física, v.3, n. 1, p. 1-8, 2008

SILVA, G. M. Predisposição ao fluxo em atletas de rúgbi. 2015. 155 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Universidade São Judas Tadeu, São Paulo, 2015

126

SKINNER, B. F. Sobre o Behaviorismo. Tradução Maria da Penha Villalobos. 10 ed. São Paulo: Cultirix, 2006. 216 p

SNYDER, M.; STUKAS, A. A. Interpersonal processes: The interplay of cognitive, motivational, and behavioral activities in social interaction. Annual Review of Psychology, v. 50, n. 1, p. 273-303, 1999

SOARES, F. A. et al. A contribuição da estimulação psicomotora para o processo de independência do deficiente visual. Motricidade, v. 8, n. 4, p. 16-25, 2012

STERNBERG, R. J. Psicologia cognitiva. 4. ed. Tradução Roberto Cataldo Costa. Porto Alegre: Artmed, 2008. 582 p.

STRAPASSON, B. A.; DITTRICH, A. O Conceito de “Prestar Atenção” para Skinner. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 24, n. 4, p. 519-526, 2008

STUART, M.; LIEBERMAN, L.; HAND, K. Beliefs about physical activity among children who are visually impaired and their parents. Journal of Visual Impairment & Blindness, v. 100, n. 4, 2006

SURAKKA, A.; VENOJARVI, M.; PITKANEN, K. Beneficial Effects of Regular Physical Exercises on Mental State in Visually Impaired and Deaf-blind Adults. Universal Journal of Psychology, v. 4, n. 1, p. 43-46, 2016

SUZUKI, E. O pai da educação integral e o universo do judô. São Paulo: Ed. do Escritor, 1986. 72p.

TEJERO-GONZÁLEZ, C. et al. Satisfacción con la vida y autoeficacia en jugadores de baloncesto en silla de ruedas. Revista de Psicología del Deporte, v. 25, n. 1, p. 51-56, 2016

TURATO, E. R. Métodos qualitativos e quantitativos na área da saúde: definições, diferenças e seus objetivos de pesquisa. Revista Saúde Pública, v. 39, n. 3, p. 507-514, 2005

TURNNIDGE, J. et al. A direct observation of the dynamic content and structure of coach-athlete interactions in a model sport program. Journal of Applied Sport Psychology, v. 26, n. 2, p. 225-240, 2014

VALIANTE, G.; MORRIS, D. B. The Sources and Maintenance of Professional Golfers' Self-Efficacy Beliefs. Sport Psychologist, v. 27, n. 2, p. 130-142, 2013

VIEIRA, A. L. B. et al. O conhecimento e ações do treinador em situações de competição: o estudo da percepção dos treinadores da superliga brasileira de voleibol. Revista Iberoamericana de Psicología del Ejercicio y el Deporte, v. 9, n. 2, p. 423-457, 2014

VIEIRA, L. F. et al. Autoeficácia e nível de ansiedade em atletas jovens do atletismo paranaense. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, v. 13, n. 3, p-183-188, 2011

127

WEINBERG, R. S.; GOLD, D. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. 4 ed. Tradução Cristina Monteiro. Porto Alegre, Artmed, 2008. 624 p.

WHITE, R. L.; BENNIE, A. Resilience in youth sport: A qualitative investigation of gymnastics coach and athlete perceptions. International Journal of Sports Science & Coaching, v. 10, n. 2-3, p. 379-393, 2015

YANG, S. X.; JOWETT, S. The psychometric properties of the short and long versions of the coach–athlete relationship questionnaire. Measurement in Physical Education and Exercise Science, v. 17, n. 4, p. 281-294, 2013.

YANG, S. X.; JOWETT, S.; CHAN, D. K. C. Effects of big-five personality traits on the quality of relationship and satisfaction in Chinese coach–athlete dyads. Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports, v. 25, n. 4, p. 568-580, 2015

ANEXO

Termo de Responsabilidade da Instituição

TERMO DE RESPONSABILIDADE DA INSTITUIÇÃO

O Coordenador Técnico da Seleção Brasileira Paralímpica de Judo, Sr. Jaime Roberto

Bragança, autoriza a psicóloga Carolina de Campos, aluna do curso de mestrado em

Educação Física da Universidade São Judas Tadeu - SP e participante do Grupo de

Estudos em Psicologia do Esporte - CNPq, sob orientação da Prof Dr̂ Maria Regina

Ferreira Brandão a realizar a pesquisa intitulada "Competência Esportiva de

Competição: uma comparação entre as percepções do técnico e do atleta", com atletas

da Seleção Brasileira Paralímpica de Judo convocados no ano de 2015.

O objetivo da pesquisa é comparar as percepções de autoefícácia competitiva dos atletas

com a percepção dos mesmos aspectos pelo treinador da equipe, sob a luz da Teoria

Social Cognitiva de Albert Bandura.

A Coleta de dados será feita em horário a ser combinado com os atletas e comissão

técnica, através de escalas a serem aplicadas individualmente para cada atleta e para o

treinador da equipe. Ambos (atletas e treinador) deverão, previamente, concordar em

participar da pesquisa assinando pessoalmente o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE).

Os dados coletados não servirão para a classifícação e convocação de atletas para as

competições, sendo utilizados apenas para fms de estudo e publicações em revistas

científicas, respeitando-se o sigilo e anonimato dos atletas.

São Paulo, 3 de abril de 2015

Coordenador Técnico

APÊNDICES

Apêndice 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (atleta)

Apêndice 2 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (treinador)

Apêndice 3 – Questionários respondidos pelos atletas

Apêndice 4 – Questionários respondidos pelo treinador

Apêndice 5 – Descrições dos itens investigados nos questionários de eficácia

APÊNDICE 1

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(Atleta)

TÍTULO DA PESQUISA: COMPETÊNCIA ESPORTIVA DE COMPETIÇÃO: UMA

COMPARAÇÃO ENTRE AS PERCEPÇÕES DO TÉCNICO E DO ATLETA

Eu, __________________________________________________________, data

de nascimento: ____/_____/_________, documento de identidade

tipo:_________________ n° _______________________________________,

endereço: ______________________________________________________,

telefone:_______________________ e-mail:___________________________,

abaixo assinado, dou meu consentimento livre e esclarecido para participar como

voluntário da pesquisa COMPETÊNCIA ESPORTIVA DE COMPETIÇÃO: UMA

COMPARAÇÃO ENTRE AS PERCEPÇÕES DO TÉCNICO E DO ATLETA, sob

responsabilidade da pesquisadora Carolina de Campos e da orientadora Maria

Regina Ferreira Brandão, da Instituição de ensino Universidade São Judas Tadeu,

Grupo de Estudos em Psicologia do Esporte – CNPq.

Assinando este Termo de Consentimento, estou ciente de que:

1. Essas informações estão sendo fornecidas para minha participação voluntária

neste estudo, que visa investigar a percepção de eficácia de competência

esportiva de competição, comparando as percepções dos atletas com as do

treinador.

2. Irei responder a escalas com a finalidade de se obter dados sobre a

percepção de eficácia durante o momento competitivo. O preenchimento

destes instrumentos terá duração de 10 (dez) minutos em média.

3. O pesquisador se compromete a utilizar as informações obtidas pelos

questionários somente para fins desta pesquisa.

4. Os procedimentos para este estudo apresentam risco mínimo de

constrangimento pelo teor das perguntas, mas caso eu não me sinta à

vontade poderei interromper a qualquer momento minha participação na

pesquisa e retornar se tiver interesse. Estou ciente também que, em casos de

maiores incômodos com minha participação no estudo, posso procurar

atendimento psicológico gratuito na clínica de psicologia da Universidade São

Judas Tadeu.

5. As informações obtidas serão tratadas de forma confidencial e não haverá a

identificação de nenhum dos participantes.

6. Tenho direito de ser mantido atualizado sobre os resultados parciais das

pesquisas, quando em estudos abertos, ou de resultados que sejam do

conhecimento dos pesquisadores.

7. Os resultados gerais obtidos por meio da pesquisa serão utilizados apenas

para alcançar os objetivos do estudo exposto acima, incluída sua ampla

publicação na literatura científica especializada.

8. Não há despesas pessoais para mim em qualquer fase do estudo. Também

não há compensação financeira relacionada à minha participação. Toda e

qualquer despesa será de responsabilidade das pesquisadoras.

9. Em qualquer etapa do estudo, terei acesso às profissionais responsáveis pela

pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas, sendo elas: Psicóloga

Carolina de Campos, que pode ser encontrada no telefone (11)99730-0080 ou no

endereço Rua Taquari, 546 - Mooca - São Paulo/SP (Universidade São Judas

Tadeu) e Profa. Dra. Maria Regina Ferreira Brandão.

10. Poderei contatar o comitê de ética em pesquisa da Universidade São Judas

Tadeu para apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa

através do telefone: (11) 2799-1946.

Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a

serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de

esclarecimentos permanentes.

Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li ou que

foram lidas para mim, descrevendo o estudo “COMPETÊNCIA ESPORTIVA DE

COMPETIÇÃO: UMA COMPARAÇÃO ENTRE AS PERCEPÇÕES DO TÉCNICO E

DO ATLETA”.

Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu

consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades

ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido, ou no meu

atendimento neste Serviço.

Este termo de consentimento é feito em duas vias, sendo que uma permanecerá em

meu poder e a outra com a pesquisadora. Ambas as vias tem todas as páginas

rubricadas pela pesquisadora e por mim.

________________________________

Assinatura do voluntário

Data ____/ ____/ ________

(Somente para o responsável do projeto)

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e

Esclarecido deste participante para a participação neste estudo.

______________________________________

Assinatura do responsável pelo estudo Data ____/ ____/ ________

APÊNDICE 2

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(Treinador)

TÍTULO DA PESQUISA: COMPETÊNCIA ESPORTIVA DE COMPETIÇÃO: UMA

COMPARAÇÃO ENTRE AS PERCEPÇÕES DO TÉCNICO E DO ATLETA

Eu, __________________________________________________________, data

de nascimento: ____/_____/_________, documento de identidade

tipo:_________________ n° _______________________________________,

endereço: __________________________________________,

telefone:______________________ e-mail:___________________________,

abaixo assinado, dou meu consentimento livre e esclarecido para participar como

voluntário da pesquisa COMPETÊNCIA ESPORTIVA DE COMPETIÇÃO: UMA

COMPARAÇÃO ENTRE AS PERCEPÇÕES DO TÉCNICO E DO ATLETA, sob

responsabilidade da pesquisadora Carolina de Campos e da orientadora Maria

Regina Ferreira Brandão, da Instituição de ensino Universidade São Judas Tadeu,

Grupo de Estudos em Psicologia do Esporte – CNPq.

Assinando este Termo de Consentimento, estou ciente de que:

1. Essas informações estão sendo fornecidas para minha participação voluntária

neste estudo, que visa investigar a percepção de competência esportiva de

competição, comparando as percepções dos atletas com as do treinador.

2. Irei responder a escalas com a finalidade de se obter dados sobre a

percepção de eficácia que tenho dos atletas da Seleção Brasileira

Paralímpica de Judô durante o momento competitivo destes. O

preenchimento destes instrumentos terá duração de 10 (dez) minutos em

média.

3. As informações obtidas com a pesquisa serão sigilosas e não serão usadas

para critérios de convocações dos atletas para treinamentos, bem como

competições de níveis nacionais e internacionais.

4. O pesquisador se compromete a utilizar as informações obtidas pelos

questionários somente para esta pesquisa.

5. Os procedimentos para este estudo apresentam riscos mínimos de

constrangimento pelo teor das perguntas, mas caso eu não me sinta à

vontade poderei interromper a qualquer momento minha participação na

pesquisa e retornar se tiver interesse. Estou ciente também que, em casos de

maiores incômodos com minha participação no estudo, posso procurar

atendimento psicológico gratuito na clínica de psicologia da Universidade São

Judas Tadeu.

6. As informações obtidas serão tratadas de forma confidencial e não haverá a

identificação de nenhum dos participantes.

7. Tenho direito de ser mantido atualizado sobre os resultados parciais das

pesquisas, quando em estudos abertos, ou de resultados que sejam do

conhecimento dos pesquisadores.

8. Os resultados gerais obtidos por meio da pesquisa serão utilizados apenas

para alcançar os objetivos do estudo exposto acima, incluída sua ampla

publicação na literatura científica especializada.

9. Não há despesas pessoais para mim em qualquer fase do estudo. Também

não há compensação financeira relacionada à minha participação. Toda e

qualquer despesa será de responsabilidade das pesquisadoras.

10. Em qualquer etapa do estudo, terei acesso às profissionais responsáveis pela

pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas, sendo elas: Psicóloga

Carolina de Campos, que pode ser encontrada no telefone (11)99730-0080 ou no

endereço Rua Taquari, 546 - Mooca - São Paulo/SP (Universidade São Judas

Tadeu) e Prof. Dra. Maria Regina Ferreira Brandão.

10. Poderei contatar o comitê de ética em pesquisa da Universidade São Judas

Tadeu para apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa

através do telefone: (11) 2799-1946.

Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a

serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de

esclarecimentos permanentes.

Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li ou que

foram lidas para mim, descrevendo o estudo “COMPETÊNCIA ESPORTIVA DE

COMPETIÇÃO: UMA COMPARAÇÃO ENTRE AS PERCEPÇÕES DO TÉCNICO E

DO ATLETA”.

Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu

consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades

ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido, ou no meu

atendimento neste Serviço.

Este termo de consentimento é feito em duas vias, sendo que uma permanecerá em

meu poder e a outra com a pesquisadora. Ambas as vias tem todas as páginas

rubricadas pela pesquisadora e por mim.

____________________________________________

Assinatura do voluntário Data ____/ ____/ ________

(Somente para o responsável do projeto)

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e

Esclarecido deste participante para a participação neste estudo.

____________________________________________

Assinatura do responsável pelo estudo Data ____/ ____/ ________

APÊNDICE 3 – QUESTIONÁRIOS RESPONDIDOS PELOS ATLETAS

QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DEMOGRÁFICA

ATLETA

Nome Completo: _____________________________________________________

Gênero: ( ) masculino / ( ) feminino

Idade: __________________ Data de Nascimento: ____/ ____/ _______

Escolaridade: ( ) Ensino Fundamental ( ) Ensino Médio ( ) Ensino Superior ( ) Pós-Graduação (Especialização) ( ) Pós Graduação (Mestrado) ( ) Pós-Graduação (Doutorado)

Deficiência: _________________________________________________________

Motivo da deficiência: __________________________________________________

Grau da deficiência (porcentagem/categoria): _______________________________

Há quanto tempo é deficiente: ___________________________________________

Tempo de experiência no judô (idade/data que começou): _____________________

Lutava antes de ser deficiente: ( ) Sim ( ) Não

Está na seleção desde ____/ ____/_____ Houve intervalos? __________________

Categoria em que luta: _________________________________________________

Nível de competições já disputadas:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Principais conquistas como atleta:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Nome: _____________________________________________________________

QUESTIONÁRIO DE PERCEPÇÃO DE HABILIDADES PSICOLÓGICAS

ESPORTIVA EM COMPETIÇÃO

Abaixo se encontra uma lista de variáveis psicológicas vivenciadas durante as

competições. Por favor, avalie sua habilidade atual em cada uma delas obedecendo

à seguinte escala:

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Quase

não posso fazer

Posso fazer moderada-

mente

Sempre posso fazer

Variáveis Avaliação

Concentração 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Resistência de Concentração 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Recomposição Psicológica após a luta

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Controle Emocional 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Preparação Psicológica para luta 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Tomada de decisão 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Gerenciamento de adversidades 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Nome: _____________________________________________________________

QUESTIONÁRIO DE PERCEPÇÃO DE HABILIDADES FÍSICAS EM

COMPETIÇÃO

Abaixo se encontra uma lista de variáveis físicas vivenciadas durante as

competições. Por favor, avalie sua habilidade atual em cada uma delas obedecendo

à seguinte escala:

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Quase

não posso fazer

Posso fazer moderada-

mente

Sempre posso fazer

Variáveis Avaliação

Resistência durante a luta (anaeróbia)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Força em relação aos meus adversários

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Velocidade 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Potência dos Golpes 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Recuperação após as lutas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Nome: _____________________________________________________________

QUESTIONÁRIO DE PERCEPÇÃO DE HABILIDADES TÉCNICA EM

COMPETIÇÃO

Abaixo se encontra uma lista de variáveis técnicas vivenciadas durante as

competições. Por favor, avalie sua habilidade atual em cada uma delas obedecendo

à seguinte escala:

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Quase

não posso fazer

Posso fazer moderada-

mente

Sempre posso fazer

Variáveis Avaliação

Pegada 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Postura 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Movimentação na luta 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Técnicas de pé ou perna (ASHI WAZA) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Técnicas de braço (TE WAZA) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Técnicas de quadril (KOSHI WAZA) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Técnicas de sacrifício (SUTEMI WAZA) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Técnicas de luta de solo (KATAME WAZA)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Transição da luta em pé para a luta de solo

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Defesa na luta de solo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Nome: _____________________________________________________________

QUESTIONÁRIO DE PERCEPÇÃO DE HABILIDADES TÁTICAS EM

COMPETIÇÃO

Abaixo se encontra uma lista de variáveis táticas vivenciadas durante as

competições. Por favor, avalie sua habilidade atual em cada uma delas obedecendo

à seguinte escala:

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Quase

não posso fazer

Posso fazer moderada-

mente

Sempre posso fazer

Variáveis Avaliação

Atitude ofensiva para jogar e vencer o adversário

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Postura ofensiva para reverter uma luta que estou perdendo (jogar o adversário ou força-lo a ser punido)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Postura defensiva quando estou em vantagem na luta (sem sofrer punições)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

APÊNDICE 4 - QUESTIONÁRIOS RESPONDIDOS PELO TREINADOR

QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DEMOGRÁFICA

TREINADOR

Gênero: ( ) masculino / ( ) feminino

Idade: __________________ Data de Nascimento: ____/ ____/ _______

Escolaridade: ( ) Ensino Fundamental ( ) Ensino Médio ( ) Ensino Superior ( ) Pós-Graduação (Especialização) ( ) Pós Graduação (Mestrado) ( ) Pós-Graduação (Doutorado)

Está na seleção como treinador desde ____/ ____/_____

Como se tornou um treinador paralímpico?

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

Exerceu outras funções na Seleção além de treinador: ( ) Sim ( ) Não

Se sim, quais e em qual período

___________________________________________________________________

Já foi atleta da modalidade: ( ) Sim ( ) Não

Se sim, quais os níveis de competição já disputadas:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Quais foram suas principais conquistas como treinador:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

QUESTIONÁRIO DE PERCEPÇÃO DE HABILIDADES PSICOLÓGICAS

ESPORTIVA EM COMPETIÇÃO

Abaixo se encontra uma lista de variáveis psicológicas vivenciadas durante as

competições. Por favor, avalie a habilidade atual do atleta _____________________

em cada uma delas obedecendo à seguinte escala:

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Quase

não pode fazer

Pode fazer moderada-

mente

Sempre pode fazer

Variáveis Avaliação

Concentração 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Resistência de Concentração 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Recomposição Psicológica após a luta

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Controle Emocional 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Preparação Psicológica para luta 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Tomada de decisão 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Gerenciamento de adversidades 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

QUESTIONÁRIO DE PERCEPÇÃO DE HABILIDADES FÍSICAS EM

COMPETIÇÃO

Abaixo se encontra uma lista de variáveis físicas vivenciadas durante as

competições. Por favor, avalie a habilidade atual do atleta _____________________

em cada uma delas obedecendo à seguinte escala:

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Quase

não pode fazer

Pode fazer moderada-

mente

Sempre pode fazer

Variáveis Avaliação

Resistência durante a luta (anaeróbia)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Força em relação aos meus adversários

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Velocidade 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Potência dos Golpes 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Recuperação após as lutas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

QUESTIONÁRIO DE PERCEPÇÃO DE HABILIDADES TÉCNICAS EM

COMPETIÇÃO

Abaixo se encontra uma lista de variáveis técnicas vivenciadas durante as

competições. Por favor, avalie a habilidade atual do atleta

____________________________ em cada uma delas obedecendo à seguinte

escala:

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Quase

não pode fazer

Pode fazer moderada-

mente

Sempre pode fazer

Variáveis Avaliação

Pegada 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Postura 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Movimentação na luta 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Técnicas de pé ou perna (ASHI WAZA) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Técnicas de braço (TE WAZA) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Técnicas de quadril (KOSHI WAZA) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Técnicas de sacrifício (SUTEMI WAZA) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Técnicas de luta de solo (KATAME WAZA)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Transição da luta em pé para a luta de solo

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Defesa na luta de solo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

QUESTIONÁRIO DE PERCEPÇÃO DE HABILIDADES TÁTICAS EM

COMPETIÇÃO

Abaixo se encontra uma lista de variáveis táticas vivenciadas durante as

competições. Por favor, avalie a habilidade atual do atleta _____________________

em cada uma delas obedecendo à seguinte escala:

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Quase

não pode fazer

Pode fazer moderada-

mente

Sempre pode fazer

Variáveis Avaliação

Atitude ofensiva para jogar e vencer o adversário

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Postura ofensiva para reverter uma luta que estou perdendo (jogar o adversário ou força-lo a ser punido)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Postura defensiva quando estou em vantagem na luta (sem sofrer punições)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

APÊNDICE 5

DESCRIÇÕES DOS ITENS INVESTIGADOS NOS QUESTIONÁRIOS DE

EFICÁCIA

CAPACIDADES PSICOLÓGICAS

Item Significado

Concentração capacidade de focalização da atenção em sinais

importantes do contexto esportivo

Resistência de concentração

manutenção da concentração durante os diferentes momentos da competição

Recomposição psicológica após a luta

habilidade de se recompor após uma luta, independente do resultado ter sido favorável ou não

Controle Emocional capacidade em lidar com as emoções que surgem em

situações da competição

Preparação Psicológica para a luta

execução de estratégias mentais antes da competição

Tomada de decisão elaboração de planos de ação e sua execução durante a

competição

Gerenciamento de adversidades

lidar com as adversidades encontradas durante as lutas de maneira que estas não interfiram nas decisões futuras

dentro da mesma competição.

CAPACIDADES FÍSICAS

Item Significado

Resistência durante a luta (anaeróbia)

energia liberada por unidade de tempo pelo organismo

Força em relação aos meus adversários

capacidade física que permite que um músculo, ou grupo de músculos, produza tensão e vença uma resistência na

ação de empurrar, tracionar ou elevar

Potência dos Golpes força muscular desempenhada durante as execuções dos

golpes

Velocidade realizar movimentos no menor tempo possível ou reagir

rapidamente a um sinal

Recuperação após as lutas

recuperação da capacidade física após as lutas

CAPACIDADES TÉCNICAS

Item Significado

Pegada formas de segurar o judogui

Postura postura natural do corpo e postura defensiva durante a luta

Movimentação na luta formas de deslocamento no tatame

Técnicas de pé ou perna (ASHI WAZA)

técnicas de projeção em pé utilizando as pernas

Técnicas de braço (TE WAZA)

técnicas de projeção em pé utilizando os braços

Técnicas de quadril (KOSHI WAZA)

técnicas de projeção em pé utilizando o quadril

Técnicas de sacrifício (SUTEMI WAZA)

técnicas em que o judoca precisa “sacrificar” sua posição de vantagem e cair junto com o oponente

Técnicas de luta de solo (KATAME WAZA)

técnicas utilizadas no combate de solo como imobilização, estrangulamento e chave articular

Transição da luta em pé para a luta de solo

capacidade de mudar a luta em pé para a luta em solo (katame waza)

Defesa na luta de solo capacidade de se defender das técnicas utilizadas na luta

de solo

CAPACIDADES TÁTICAS

Item Significado

Atitude ofensiva para jogar e vencer o adversário

Conseguir vencer/pontuar quando a luta está empatada

Postura ofensiva para reverter uma luta que está perdendo (jogar o adversário ou

força-lo a ser punido)

Conseguir vencer a luta que está perdendo

Postura defensiva quando está em vantagem na luta (sem sofrer punições)

Conseguir se defender mantendo a vantagem na luta sem sofrer punição