Caroline-dos-Santos-da-Fonseca.pdf

92
Caroline dos Santos da Fonseca BIOSSEGURANÇA EM LABORATÓRIOS DE ANÁLISES CLÍNICAS: o estudo de caso do Laboratório de Análises Clínicas Biocenter de Pato Branco/PR Florianópolis 2012

Transcript of Caroline-dos-Santos-da-Fonseca.pdf

  • Caroline dos Santos da Fonseca

    BIOSSEGURANA EM LABORATRIOS DE ANLISES CLNICAS: o estudo de caso do Laboratrio de Anlises Clnicas Biocenter de

    Pato Branco/PR

    Florianpolis

    2012

  • ii

    Caroline dos Santos da Fonseca

    BIOSSEGURANA EM LABORATRIOS DE ANLISES CLNICAS: o estudo de caso do Laboratrio de Anlises Clnicas Biocenter de

    Pato Branco/PR

    Trabalho apresentado Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito para concluso do Curso de Graduao em Cincias Biolgicas.

    Orientador: Prof. Dr. Carlos Jos de Carvalho Pinto

    Florianpolis

    Universidade Federal de Santa Catarina

    2012

  • iii

    FICHA CATALOGRFICA

  • iv

    Caroline dos Santos da Fonseca

    BIOSSEGURANA EM LABORATRIOS DE ANLISES CLNICAS: o estudo de

    caso do Laboratrio de Anlises Clnicas Biocenter de Pato Branco/PR

    Monografia apresentada como pr-requisito para obteno do ttulo de

    Licenciado em Cincias Biolgicas da Universidade Federal de Santa Catarina -

    UFSC, submetida aprovao da banca examinadora composta pelos seguintes

    membros:

    ____________________________________

    Prof. Dr. Carlos Jos de Carvalho Pinto

    (Orientador)

    ____________________________________

    Prof. Dra. Maria Mrcia Imenes Ishida

    ____________________________________

    Prof. Dr. Tadeu Lemos

    ____________________________________

    Prof. Dra. Thereza Christina Monteiro de Lima

  • v

    AGRADECIMENTOS

    Quero manifestar meus agradecimentos ao Orientador, Professor Doutor

    Carlos Jos de Carvalho Pinto, pelos valiosos ensinamentos, orientao e apoio;

    Dra. Fabiola Hecke pela amizade, auxlio e disponibilizao do Laboratrio

    Biocenter para o estudo de caso;

    Dra. Janaina Vedana pela amizade e auxlio em todo tempo;

    equipe do Laboratrio Biocenter, pelo companheirismo;

    Ao meu marido, Cicero Raldi da Fonseca, pela fora, amor, pacincia e apoio;

    Aos meus familiares por sempre estarem presentes;

    E a todos os amigos que de alguma forma contriburam para a realizao

    deste trabalho.

  • vi

    No h problema de sade que possa ser

    resolvido sem que se d, antes de tudo,

    ateno preparao do pessoal que ter

    responsabilidade de enfrent-lo. (OMS)

  • vii

    RESUMO

    A Biossegurana um conjunto de aes voltadas para preveno,

    minimizao e eliminao de riscos para a sade, os quais ajudam na proteo do

    meio ambiente e na conscientizao do profissional da sade. O fato da

    biossegurana ser to discutida e valorizada em dias atuais, no condiz com o

    nmero de acidentes que ainda continua bastante elevado. Acredita-se que o

    problema no est nas tecnologias disponveis para eliminar e minimizar os riscos e

    sim no comportamento inadequado dos profissionais.

    Este trabalho pretendeu analisar as articulaes entre os processos de

    trabalho em Laboratrios Clnicos, os riscos inerentes e o perfil do trabalhador por

    ele demandado. Neste sentido nos propomos desenvolver uma pesquisa com a

    finalidade de verificar a percepo dos funcionrios do Laboratrio de Anlises

    Clnicas Biocenter, municpio de Pato Branco/PR, visando melhorar a segurana no

    local. Para isso uma investigao sobre o nvel de conhecimento sobre

    biossegurana, as medidas de segurana adotadas, a percepo de riscos de cada

    ambiente, as prticas desenvolvidas, os agentes biolgicos, qumicos, fsicos que os

    funcionrios entram em contato e utilizao de equipamentos de proteo individual

    (EPIs) e coletiva foram analisados.

    Os dados foram coletados atravs de questionrios nos quais a percepo

    dos riscos de cada ambiente e as prticas desenvolvidas foram analisadas. Alm

    disso, os EPIs que cada funcionrio utiliza foram detalhados juntamente com um

    estudo de cada ambiente de trabalho. Com esses dados, o mapa de risco foi

    elaborado com a participao dos funcionrios do laboratrio.

    Foi constatado neste trabalho que os levantamentos realizados resultaram em

    favorveis mudanas no comportamento dos profissionais frente aos riscos, dentro e

    fora do espao de trabalho, no sentido de garantir uma maior segurana, qualidade

    e agilidade para realizao das atividades.

    Palavras-Chave: Biossegurana. Laboratrio de Anlises Clnicas. Riscos.

    Segurana.

  • viii

    ABSTRACT

    Biosecurity is a set of actions directed to prevent, minimize and eliminate

    health risks, which help in the environment protection and in the health professionals

    awareness. Today, the biosecurity is so discussed and valued, but this fact does not

    match with the accidents numbers which still very high. It is believed that the

    problem to eliminate and minimize the risks is not in technologies, but in the

    inappropriate professionals behavior.

    This study aimed to analyze the links between the work processes in Clinical

    Laboratories, the inherent risks and the workers profile demanded by him or her. In

    this sense, we propose to develop a research in order to analyze the perceptions of

    employees of the Clinical Laboratory Biocenter, in Pato Branco, and it aims to

    improve the local security. Thereunto, an investigation about the biosecurity

    knowledge level, the security measures adopted, the risks perception in each place,

    the developed practices, the biological, chemical and physical agents which

    employees come into contact and the use of collective and personal protective

    equipment (PPE) were analyzed.

    Through questionnaires, the data were collected and the risks perception on

    each place and the developed practices were analyzed. Furthermore, the PPE which

    any employee uses was detailed jointly with a study by every worked place. Along

    these data, a risk map was developed with the participation of the laboratory

    employees.

    In this study, was found that realized surveys resulted in favorable changes in

    the professional behavior against the risks inside and outside the workspace, in order

    to ensure greater security, quality and agility to perform activities.

    Keywords: Biosecurity. Laboratory of Clinical Analysis. Risks. Security.

  • ix

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Localizao do Laboratrio de Anlises Clnicas Biocenter no municpio

    de Pato Branco/PR.....................................................................................................22

    Figura 2 - Recepo do Laboratrio de Anlises Clnicas Biocenter. ....................... 26

    Figura 3 - Sala de Coleta Adulto. .............................................................................. 26

    Figura 4 - Sala de Coleta Infantil. ............................................................................. 26

    Figura 5 Sala A: Viso Geral. ................................................................................ 27

    Figura 6 Sala A: Triagem e Urinlise. .................................................................... 27

    Figura 7 Sala A: Hematologia e Imunologia .......................................................... 27

    Figura 8 Sala A: Bioqumica e Imunologia ............................................................. 27

    Figura 9 Sala B: Microbiologia, Parasitologia e Esterelizao ............................... 28

  • x

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Identificao de riscos pelo sistema de cores ......................................... 16

    Tabela 2 Representao grfica da gravidade do risco ......................................... 16

    Tabela 3 Requisitos recomendados ou obrigatrios para a rea fsica conforme o

    nvel de biossegurana ............................................................................................. 27

    Tabela 4 Requisitos recomendados ou obrigatrios para instalaes conforme o

    nvel de biossegurana ............................................................................................. 28

    Tabela 5 Riscos biolgicos identificados no Laboratrio de Anlises Clnicas

    Biocenter ................................................................................................................... 29

    Tabela 6 Riscos fsicos identificados no Laboratrio de Anlises Clnicas

    Biocenter ................................................................................................................... 31

    Tabela 7 Resultados gerais dos questionrios ...................................................... 32

    Tabela 8 Equipamentos da sala A ......................................................................... 34

    Tabela 9 Equipamentos da sala B ......................................................................... 35

    Tabela 10 Relatrio de anlise de risco ................................................................. 39

  • xi

    LISTA DE ABREVIATURAS

    ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    APCL Servio de Patologia Clnica

    BPLs Boas prticas de Laboratrio

    CBS Cabines de Segurana Biolgica

    CIPA Comisso Interna de Preveno de Acidentes

    CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

    CTNBio Comisso Tcnica Nacional de Biossegurana

    DIESAT Departamento Intersindical de Estudos em Sade e Ambiente de Trabalho

    DNSST Departamento Nacional de Segurana e Sade do Trabalhador

    DNV Det Norske Veritas

    EPC Equipamentos de Proteo Coletiva

    EPIs Equipamentos de Proteo Individual

    FLM Federazione dei Lavoratori Metalmeccanicic

    FPI Fator Pessoal de Segurana

    ISO Organizao Internacional de Normalizao

    LAC Laboratrio de Anlises Clnicas

    LACBio Laboratrio de Anlises Clnicas Biocenter

    MCT Ministrio da Cincia e Tecnologia

    MOI Modelo Operrio Italiano

    MTb Ministrio do Trabalho

    NB Nvel Biolgico

    OGMs Organismos Geneticamente Modificados

    OMS Organizao Mundial da Sade

    PNCQ Programa Nacional de Controle de Qualidade

    PPRA Programa de Preveno de Riscos Ambientais

  • xii

    SACL Servio de Anlises Clnicas

    SPCL Servio de Patologia Clnica

    SESMT Servio Especializado de Medicina e Segurana do Trabalho

  • xiii

    SUMRIO

    AGRADECIMENTOS .................................................................................................. v

    RESUMO................................................................................................................... vii

    ABSTRACT .............................................................................................................. viii

    LISTA DE FIGURAS .................................................................................................. ix

    LISTA DE TABELAS .................................................................................................. x

    LISTA DE ABREVIATURAS ...................................................................................... xi

    SUMRIO .................................................................................................................xiii

    1 INTRODUO .................................................................................................1

    1.1 Contextualizao do Problema .........................................................................1

    1.2 Compilao de Dados: Biossegurana em Laboratrios de Anlises Clnicas.4

    1.2.1 Consideraes Gerais Sobre Riscos Profissionais ..........................................4

    1.3 Classificao dos Riscos e suas Caractersticas .............................................6

    1.3.1 Riscos Biolgicos .............................................................................................6

    1.3.2 Riscos Qumicos ..............................................................................................7

    1.3.3 Riscos Fsicos ..................................................................................................8

    1.3.4 Riscos Ergonmicos ........................................................................................9

    1.3.5 Riscos de Acidentes .......................................................................................10

    1.4 Mapa de Risco ................................................................................................10

    1.4.1 Mapa de Risco - Histrico e Conceitos ...........................................................10

    1.4.2 As limitaes na Aplicabilidade do Mapa de Risco ........................................12

    1.4.3. Etapas para Construo do Mapa de Risco ...................................................14

    1.5 Gerenciamento de Resduos ..........................................................................17

    1.6 Medidas de Controle e Conteno .................................................................19

    1.7 Objetivos do Trabalho .....................................................................................21

    1.7.1 Objetivo Geral ................................................................................................21

    1.7.2 Objetivos especficos .....................................................................................21

    2 MATERIAIS E MTODOS .............................................................................22

    2.1 Local de Estudo ..............................................................................................22

    2.2 Participantes do Estudo .................................................................................23

    2.3 Coleta dos Dados ...........................................................................................23

  • xiv

    2.4 Anlise dos Dados .........................................................................................24

    3 RESULTADOS - Estudo de caso..................................................................25

    3.1 Histrico do Laboratrio de Anlises Clnicas Biocenter ................................25

    3.2 Instalaes ......................................................................................................25

    3.3 Identificao das Fontes de Risco ..................................................................29

    3.3.1 Riscos Biolgicos ............................................................................................29

    3.3.2 Riscos Qumicos .............................................................................................30

    3.3.3 Riscos Fsicos .................................................................................................31

    3.3.4 Riscos Ergonmicos .......................................................................................31

    3.3.5 Riscos de Acidente .........................................................................................32

    3.3.6 Resultados Gerais dos Questionrios.............................................................32

    3.4 Elaborao do Mapa de Risco ........................................................................33

    3.4.1 Descrio dos Equipamentos e Instalaes ..................................................33

    3.4.2 Fluxograma de Produo ................................................................................36

    3.4.3 Descrio e Gerenciamento de Resduos Produzidos pelo Labotarrio de

    Anlises Clnicas Biocenter .......................................................................................36

    3.4.4 Descrio das Equipes de Trabalho ...............................................................38

    3.4.5 Grupo de Risco x Fontes x Sintomas x Doenas/Acidentes ..........................39

    3.4.6 Mapas de Riscos ............................................................................................39

    3.4.6.1 Mapa de Risco: Sala A ........................................................................40

    3.4.6.2 Mapa de Risco: Sala B ........................................................................41

    4 DISCUSSO ..................................................................................................42

    5 CONCLUSES ..............................................................................................46

    6 REFERNCIAS .............................................................................................48

    7 ANEXOS ........................................................................................................52

    7.1 Anexo 1 ..........................................................................................................52

    7.2 Anexo 2 ..........................................................................................................56

    7.3 Anexo 3 ..........................................................................................................59

    7.4 Anexo 4 ..........................................................................................................62

    7.5 Anexo 5 ..........................................................................................................72

    7.6 Anexo 6 ..........................................................................................................73

    7.7 Anexo 7 ..........................................................................................................74

    7.8 Anexo 8 ..........................................................................................................75

  • 1. INTRODUO

    1.1 Contextualizao do problema

    Infeces adquiridas em laboratrios so notificadas desde o sculo XIX. Nos

    anos 70, estudos mostraram que profissionais da rea da sude e de laboratrios

    clnicos apresentavam mais casos de hepatite B, tuberculose e shigelose, do que

    pessoas envolvidas com outras atividades. A incidncia de tuberculose na Inglaterra

    chegava a ser cinco vezes maior em profissionais da sade do que no resto da

    populao e, na Dinamarca, a hepatite chegava a ser sete vezes mais alta nesses

    profissionais (ANVISA, 2005).

    Pouco tempo depois, no ano de 1975, na conferncia de Asilomar, Califrnia,

    a comunidade cientfica manifestou a preocupao tica e de segurana biolgica. A

    discusso sobre os impactos da biologia molecular, da engenharia gentica, com os

    Organimos Genticamente Modificados (OMGs), e com a aplicao dessas novas

    tcnicas, houve uma crescente necessidade de discusso da regulamentao da

    biossegurana (SANTANA, 1996). A chamada Biotecnologia Moderna acabou

    levantando questes sobre a segurana biolgica em outras reas, como a da

    sade. Talvez essa seja uma das maiores contribuies da biotecnologia para a

    biossegurana, pois a partir da o termo biossegurana tem colocado em foco a

    sade do trabalhador.

    Nos anos 80, foram incorporados pela Organizao Mundial da Sade (OMS)

    os chamados riscos perifricos presentes em ambientes laboratoriais que

    trabalhavam com agentes patognicos para o homem, como os riscos qumicos,

    fsicos, radioativos e ergonmicos (COSTA & COSTA, 2002). Expandindo ento, o

    conceito de Biossegurana ao ambiente ocupacional e ampliando para a proteo

    ambiental e a qualidade.

    Com a aprovao da Lei no 8.974, de 5 de janeiro de 1995 e posteriormente

    com a Lei N 11.105, de 24 de maro de 2005, embora ainda muito focadas na

    normatizao de trabalhos com OGMs e trabalhos envolvendo clulas-tronco, foi

    incentivada a discusso de normas tcnicas seguras que garantam uma maior

    qualidade e segurana dentro dos laboratrios que objetivem o desenvolvimento e a

  • 2

    disseminao de medidas de biossegurana, mesmo para laboratrios que no

    manipulem OGMs.

    No ambiente laboratorial, uma srie de situaes e atividades de fatores

    potenciais se acentua na presena de agentes contaminantes. Os laboratrios

    clnicos representam ambientes hostis, ao agregarem, no mesmo espao,

    equipamentos, reagentes, solues, microorganismos, pessoas, papis, livros,

    amostras e outros (VENDRAME, 1997).

    Segundo Vendrame (1997) em ambientes de trabalho como o servio de

    Anlises Clnicas (SACL) ou Servio de Patologia Clnica (SPCL), pela exposio a

    agentes biolgicos presentes nesses ambientes, representam um potencial de risco

    para seus funcionrios. Assim, faz-se necessrio que prticas e tcnicas

    consideradas padro em biossegurana sejam aplicadas, sendo necessrio que

    trabalhadores recebam treinamento adequado e atualizaes constantes sobre as

    tcnicas de biossegurana. A esse procedimento denomina-se Boas Prticas de

    Laboratrio (BPL). As prticas de Biossegurana baseiam-se na necessidade de

    proteo ao operador, seus auxiliares e comunidade local de trabalho, dos

    instrumentos de manipulao e do meio ambiente (CARVALHO, 1999; HIRATA,

    2002).

    Embora existam diferentes conceitos de biossegurana, alguns mais

    especficos com algum tipo de trabalho (por exemplo com os OGMs) e outros mais

    amplos, podemos citar o proposto por Mastroeni (2006):

    Biossegurana ou segurana biolgica refere-se aplicao do conhecimento, tcnicas e equipamentos, com a finalidade de prevenir a exposio do trabalhador, laboratrio e ambiente a agentes potencialmente infecciosos ou biorriscos. Biossegurana define as condies sobre as quais os agentes infecciosos podem ser seguramente manipulados e contidos de forma segura (MASTROENI. 2006, p. 2).

    A biossegurana vem sendo cada vez mais valorizada medida que o

    profissional comea a entender sua responsabilidade nas atividades de manipulao

    de agentes biolgicos, microbiolgicos, qumicos, entre outros, de uma forma que a

    preveno de riscos no est somente na sua atividade especfica, mas tambm no

    colega de trabalho, no auxiliar e de outras pessoas que participam direta ou

    indiretamente da atividade.

  • 3

    Os riscos individuais e coletivos de acidentes de laboratrio, podem ser

    classificados em riscos qumicos, fsicos, biolgicos, ambiental e ergonmico. O

    risco fsico caracterizado pelos rudos, vibraes, radiaes, umidade,

    temperatura, que podem ser gerados por mquinas, equipamentos e condies

    fsicas. O risco qumico inerente manipulao de produtos qumicos que podem

    penetrar no organismo pela via respiratria nas formas de poeira, fumaas, gases,

    vapores, ou que podem penetrar no organismo por contato e absoro atravs da

    pele ou ingesto das substncias txicas ocasionando danos a sade. O risco

    biolgico ocorre pela manipulao de seres vivos em laboratrio, pois podem ser

    patognicos, como: bactrias, fungos, parasitos e vrus, dentre outros, que so

    capazes de desencadear doenas devido contaminao. Finalizando, consideram-

    se agentes de riscos ergonmicos a m postura seja na utilizao de assentos, ou

    devido a altura das bancadas, entre outros que podem causar leses nos

    profissionais, especialmente em trabalhos repetitivos (TEIXEIRA e VALLE, 1996).

    No ambiente laboratorial o maior obstculo para a preveno de acidentes no

    Brasil a falta de uma cultura prevencionista dos profissionais. Durante as

    atividades dirias alguns colaboradores esquecem-se de alguns requisitos bsicos,

    menosprezando os riscos, levando em considerao somente a execuo do

    trabalho. Alm disso, muitos trabalhadores assumem funes sem estarem

    totalmente preparados, contribuindo para o aumento do risco nas atividades.

    Os laboratrios de anlises clnicas recebem vrios tipos de materiais

    contaminados para diagnstico. Geralmente a natureza infecciosa do material

    desconhecida, sendo o material submetido a vrias anlises para a determinao

    dos agentes. Entretanto, mesmo com o desconhecimento do potencial de risco no

    trabalho de laboratrio, a frequncia dos acidentes relativamente baixa, mas eles

    ocorrem e podem ter srias consequncias (CIENFUEGOS, 2001). Em virtude disso,

    formas para orientar as pessoas que trabalham no interior do laboratrio sobre as

    regras e atuaes no campo da biossegurana so de extrema importncia.

    O principal fundamento da biossegurana em laboratrios a pesquisa no

    sentido de entender e tomar medidas para prevenir acidentes, priorizando a

    proteo da sade humana. As medidas de biossegurana existem como meio de

    preveno da contaminao, no qual grande parte dos acidentes acontece pelo uso

    inadequado e/ou ineficaz das normas propostas, dando origem assim a

  • 4

    procedimentos que apresentam riscos (VALLE e TEIXEIRA, 2003; CARVALHO et

    al., 2009).

    Segundo Rezende (2003), os trabalhadores podem acidentar-se ou

    adoecerem por causa das condies de trabalho e sua intensidade de contato com

    os agentes que iro propiciar o risco, visto que, constantemente ingressam no

    mercado de trabalho sem terem conhecimento dos cuidados necessrios para evitar

    a exposio aos riscos e da rotina do servio, permanecendo sem treinamento

    sobre os fatores de risco presentes aps a admisso. Por outro lado, o risco tambm

    pode ocorrer naqueles profissionais muito experientes, que j trabalham por muitos

    anos e acabam adquirindo vcios profissionais ou achando que nada de errado

    acontecer.

    necessrio que os profissionais sejam previamente conscientizados sobre

    os riscos de determinada atividade, assim como da importncia das medidas de

    controle e proteo adotadas para a manuteno e respeito segurana. A

    organizao das atividades e o respeito s normas de segurana so um aspecto

    fundamental para segurana de todos os usurios e para a garantia da qualidade do

    trabalho realizado.

    1.2 Compilao de dados: Biossegurana em Laboratrios de Anlises Clnicas

    Os itens a seguir tm como objetivo compilar informaes das vrias normas e

    procedimentos publicados relativos Biossegurana em laboratrios. Em seguida

    ser apresentado o estudo de caso relativo ao Laboratrio de Anlises Clnicas

    Biocenter, onde estas informaes foram aplicadas.

    1.2.1 Consideraes Gerais sobre Riscos Profissionais

    O termo risco surge com o processo de constituio das sociedades

    comtemporneas quando d-se incio s revolues cientficas no final do

    Renascimento. O termo deriva da palavra italiana riscare, cujo significado original

    era navegar entre rochedos perigosos, que foi incorporada ao vocabulrio francs

    por volta de 1660 (ROSA, 1995).

  • 5

    At meados do sculo XVIII, os eventos como inundaes, furaces,

    epidemias, dentre outros, eram compreendidos como manifestaes dos deuses e

    de providncia divina. Para revert-los seria necessrio interpretar os sinais

    sagrados. Segundo Freitas (2000), somente aps a revoluo industrial o conceito

    de risco tornou-se probabilstico, ou seja, que est associado a previsibilidade de

    determinadas situaes e eventos.

    Na atualidade o conceito de risco resulta desse processo de transformaes

    sociais, polticas, econmicas e culturais, cabendo ao prprio homem a atribuio de

    desenvolver, atravs de metodologias baseadas na cincia e na tecnologia, a

    capacidade de os interpretar e analisar para melhor control-los e remedi-los

    (FREITAS, 2000).

    Cienfuegos (2001) define os riscos como sendo:

    Ato Inseguro So atitudes voluntrias ou no, que possam ocasionar um

    acidente. So os atos praticados com negligncia e imprudncia. Ex: a no

    observncia das BPLs e o no uso de EPIs.

    Hoje admite-se que o ato inseguro est intimamente ligado a uma condio

    insegura do prprio indivduo, gerado por fatores sociais, encontrados interna e

    externamente no ambiente de trabalho (COSTA, 2000).

    Condio Insegura So situaes existentes no ambiente de trabalho que podem

    vir a causar acidentes. Ex: Irregularidades relativas ao ambiente de

    trabalho/laboratrio.

    Fator Pessoal de Insegurana (FPI) So problemas pessoais e de

    comportamento do colaborador que, agindo sobre o ambiente de trabalho, podem

    causar acidentes. Ex: Problemas pessoais inclusive desmotivao profissional.

    Risco todo perigo ou possibilidade de perigo, existindo a probabilidade de perda

    ou de causar algum dano. Segundo o dicionrio online Priberan, perigo Situao

    em que est ameaada a existncia de uma pessoa ou de uma coisa; risco.

    No setor de prestao de servios a preservao e a manuteno da

    segurana dos colaboradores constituem uma srie de fatores estratgicos que

    determinam a eficincia do sistema da qualidade nos resultados. Os riscos

    profissionais mostram-se como elementos comprometedores, justificando ento, as

    iniciativas direcionadas sua anlise, preveno e soluo, como sugere esta

    pesquisa.

  • 6

    Neste contexto, os fatores que destacam-se so os de ordem fsica e

    funcional, os quais so muitas vezes responsveis por incidentes, acidentes e

    exposio a doenas ocupacionais. Segundo Concepcin (2001), um incidente

    representado por qualquer alterao na rotina, que ocasiona em perdas materiais e

    de produtos, quebras de equipamentos e instrumentos, vazamentos , contaminaes

    e escapes de substncias; um acidente caracterizado pela leso um trabalhador,

    ocasionado por uma exposio que pode levar a doenas ocupacionais.

    Por esta razo, a Comisso Interna de Preveno de Acidentes (CIPA), do

    MTb entende os riscos de acidentes, ergonmicos e ambientais, como todos os

    fatores adversos do ambiente de trabalho ou do processo operacional das

    atividades.

    De modo geral, todos os riscos devem e podem ser analisados a partir de

    medidas direcionadas ao seu reconhecimento, avaliao e controle. O Ministrio da

    Sade (Brasil, 1995), atribui:

    Reconhec-los seria identific-los; avali-los seria quatific-los ou analis-los segundo sua magnitude em comparao a alguns padres; e control-los representaria a adoo de medidas diversas, tcnicas ou administrativas, preventivas ou corretivas, com o objetivo de elimin-los ou minimiz-los.

    1.3 Classificao dos Riscos e suas Caractersticas

    A Portaria n 5 de 18/08/1992 do Departamento Nacional de Segurana e

    Sade do Trabalhador (DNSST) do MTb classifica os riscos ambientais em cinco

    grupos:

    1.3.1 Riscos Biolgicos

    Os profissionais de laboratrios clnicos trabalham com agentes infecciosos e

    com materiais potencialmente contaminados, sendo este o principal fator de

    risco. So considerados riscos biolgicos os fungos, bactrias, vrus,

    parasitas, protozorios, insetos e qualquer outra forma de vida. Segundo

    Norma do Ministrio do Trabalho (NR-09: Programa de Preveno de Riscos

    Ambientais PPRA), estes agentes so normalmente encontrados nas

  • 7

    amostras de pacientes e nos ambientes, expondo os colaboradores s mais

    diversas contaminaes.

    Segundo a Resoluo n 01 de 1988 do Conselho Nacional de Sade, Cap X

    art. 64, os microorganismos podem ser classificados em grupos de risco de 1 a 4,

    sendo considerados alguns critrios de classificao como: a virulncia, a

    patogenicidade, o modo de transmisso, a endemicidade e a existncia ou no de

    profilaxia. Esta classificao coincide em conceito com os Nveis de Biossegurana

    (NB) estabelecida pela CTNBio para Agentes Etiolgicos Humanos e Animais com

    Base no Risco no Anexo I da Lei 8974/95, Apndice 2, Biossegurana em

    Laboratrios de Pesquisa 16 Instruo Normativa n7, de 06 de junho de 1997,

    Ministrio da Cincia e Tecnologia MCT, CTNBio.

    - Grupo 1 (NB 1): adequado a trabalhos que envolvam agentes com menor risco

    para os colaboradores e meio ambiente. Inclui microrganismos que nunca foram

    descritos como agente causal de doenas para o homem e que no constituem risco

    para o meio ambiente.

    - Grupo 2 (NB 2): semelhante ao NB 1, porm mais adequado ao trabalho que

    envolva agentes com risco moderado para as pessoas e para o ambiente.

    Microrganismos que podem provocar doenas no homem, com pouca probabilidade

    de alto risco para os profissionais do laboratrio.

    - Grupo 3 (NB 3): aplicvel a locais onde acontecem atividades com OGMs

    resultantes de agentes infecciosos Classe 3, possam causar doenas srias ou

    morte como resultado da exposio.

    - Grupo 4 (NB 4): agrupa os agentes infecciosos Classe 4 que causam doenas

    graves para o homem e representam um srio risco para os profissionais de

    laboratrio e para a coletividade. Possui agentes patognicos altamente infecciosos,

    que se propagam facilmente, podendo causar a morte, e microrganismos com

    caractersticas desconhecidas de patogenicidade.

    1.3.2 Riscos Qumicos

    Os agentes qumicos, representados por poluentes do ambiente de trabalho,

    exercem ao sobre o organismo humano desencadeando, muitas vezes, doenas

  • 8

    profissionais (GRIST, 1995). Estes agentes esto presentes em vrias atividades, na

    forma de produtos de limpeza, desinfeco e esterilizao ou no processamento de

    exames laboratoriais clnicos (OMS; apud Geneva, 1994).

    Os riscos qumicos podem ser classificados em funo de suas

    caractersticas e de seu estado fsico, como define a CIPA:

    Os agentes qumicos apresentam-se em suspenso ou dispersos no ar atmosfrico contaminantes atmosfricos sob a forma de aerodispersoides (poeira, fumo, fumaa e nveo), gases (disperses de molculas misturadas ao ar) e vapores (disperses de molculas no ar que condensam-se para formar lquidos ou slidos em condies normais de temperatura e presso).

    Os riscos dos produtos qumicos para o homem, segundo Concepcin (2001),

    esto ligados ao fato de serem irritantes, asfixiantes, alrgicos, inflamveis, txicos,

    custicos, carcinognicos ou mutagnicos.

    Alm desses riscos, os agentes qumicos esto diretamente relacionados as

    questes de armazenamento e descarte. Os resduos produzidos em laboratrios

    so de vrias naturezas, os quais representam um problema de difcil gesto, no

    havendo um mtodo ou uma nica soluo que possam ser generalizados. Quanto

    ao armazenamento importante que sejam observadas as incompatibilidades entre

    substncias qumicas (CARVALHO, 1999).

    1.3.3 Riscos Fsicos

    Conforme NR-9 os agentes fsicos so:

    Temperaturas extremas e Umidade:

    A temperatura e a umidade do ambiente so questes determinantes na

    manuteno do conforto ambiental. As temperaturas extremas so temperaturas em

    que os colaboradores no se sentem confortveis para exercerem suas funes. Em

    ambientes laboratoriais os riscos de temperaturas esto frequentemente

    relacionados com o calor. Um colaborador quando submetido a altas e baixas

    temperaturas ter seu rendimento alterado. Em altas temperaturas, pode apresentar

    maiores pausas entre as atividades alm de ter menor concentrao; e em

    temperaturas muito baixas, ocorre a diminuio da concentrao e reduo de

    habilidades motoras.

  • 9

    Os mecanismos para fonte de transmisso de calor podem ser atravs da

    conveco, conduo, radiao e evaporao.

    Radiaes:

    Ionizantes: Apresentam natureza corpuscular ou eletromagntica. Sua fonte

    pode ser na forma natural como os elementos radioativos encontrados na crosta

    terrestre e de forma artificial onde o homem a produz a partir de elementos e

    tecnologias especficas. Os efeitos provocados pela exposio a essa radiao pode

    ocorrer de duas formas. A primeira provoca alterao nas clulas germinativas,

    passando para seus descentes. Tambm chamada de radiao de efeito hereditrio.

    Na segunda, as leses ocorrem nas clulas do indviduo no possuindo natureza

    hereditria. chamada de radiao de efeito somtico.

    No-Ionizantes: Ocorre em funo da excitao dos tomos do material, ou

    seja, de um campo eletromagntico vibratrio. Sua fonte a partir de radiao

    ultravioleta, infravermelho, laser, microondas, dentre outras. Os efeitos produzidos

    pela exposio podem provocar graves leses.

    Rudos:

    No ambiente de trabalho, so identificveis sons de diversas naturezas

    provenientes dos equipamentos, das comunicaes e dos sistemas de informao.

    Esse fenmeno em condio de risco pode provocar perturbaes funcionais ao

    organismo de forma temporria ou permanente. Estes danos, temporrios ou

    permanentes, variam em funo do tempo de exposio do colaborador aos rudos

    e da frequncia e da intensidade dos mesmos.

    Os rudos contnuos no devem exceder o nvel de 85dB(A), estabelecido

    pela Portaria no 3214/78 do Ministrio do Trabalho como Nvel Mximo Admissvel.

    Vibraes

    Presses Anormais

    Iluminao

    As luzes e cores esto diretamente relacionadas com o promover aumento de

    desempenho, satisfao e reduo da fadiga. Sempre que possvel o

    aproveitamento da luz natural importante para a iluminao interior, pois

    apresenta uma qualidade melhor que a artificial, causando menor cansao.

  • 10

    1.3.4 Riscos Ergonmicos

    Os conceitos ergonmicos esto vinculados ao entendimento das questes

    relativas ao homem e seu ambiente de trabalho, visando a sua segurana e sade,

    bem como qualidade do sistema. So considerados riscos ergonmicos o

    levantamento e transporte manual de peso, repetitividade, responsabilidade, ritmo

    excessivo, posturas inadequadas de trabalho, trabalho em turnos, etc (MATTOS,

    1996).

    1.3.5 Riscos de Acidentes

    Os acidentes em laboratrios possuem motivos variados. A manipulao de

    materiais sem cumprimento das normas de segurana uma das principais causas

    que contribui para a ocorrncia de acidentes (CARVALHO, 2000). O laboratrio por

    si s pode ser considerado um local perigoso, se as normas de biossegurana no

    forem seguidas o risco de acidente torna-se propcio. Materiais inflamveis,

    explosivos, txicos e equipamentos que geram calor so sem dvida as causa de

    acidentes mais graves, e seu manuseio, armazenamento e transporte deve ser

    criterioso (CARVALHO, 2009).

    1.4 Mapa de Risco

    As metodologias aplicadas para identificao de fatores de riscos seguem dois

    parmetros. O primeiro baseado em fatos j ocorridos, ou seja, baseiam-se em

    antecedentes. Essa metodologia conhecida como retrospectiva. A segunda

    consiste em carter exploratrio, onde a correo ocorre antes que a falha acontea

    e que por ventura possa ocasionar um acidente, assim denominada de,

    prospectivas.

    1.4.1 Mapa de Risco Histrico e Conceitos

    O mapa de risco teve origem na Itlia com o movimento sindical Federazione

    dei Lavoratori Metalmeccanici (FLM), que desenvolvou o Modelo Operrio Italiano

  • 11

    (MOI) na dcada de 60. O MOI tinha como objetivo auxiliar os operrios das

    industrias do ramo metalmecnico na investigao e controle dos ambientes de

    trabalho (MATTOS & SIMONI, 1993). Ele possibilitava a participao dos

    trabalhadores nas aes de planejamento e controle de sade nos locais de

    trabalho. Tinha em foco a valorizao das experincias e subjetividade operria, no

    delegando tais funes aos tcnicos (MATTOS & SIMONI, 1993).

    Para que o ambiente de trabalho fique livre da nocividade que sempre o acompanha, necessrio que as descobertas cientficas neste campo sejam socializadas, isto , trazidas ao conhecimento dos trabalhadores de uma forma eficaz; necessrio que a classe operria se aproprie delas e se posicione como protagonista na luta contra as doenas, as incapacidades e as mortes no trabalho. Somente uma real posio de hegemonia da classe operria diante dos problemas da nocividade pode garantir as transformaes que podem e devem determinar um ambiente de trabalho adequado para o homem.

    Somente a luta, com uma ao sindical conduzida com precisos objetivos reivindicatrios, com a conquista de um poder real dos trabalhadores e do sindicato, possvel impor as modificaes, sejam tecnolgicas, tcnicas ou normativas, que possam anular ou reduzir ao mnimo os riscos a que o trabalhador est exposto no local de trabalho. (ODDONE et al., 1986, p. 17)

    Essa metodologia teve grande influncia na Reforma Sanitria Italiana (Lei

    833 de 23/09/1978 que instituiu o servio sanitrio Nacional) onde criou condies

    para elaborao de um sistema participativo e com auto-regulao de eliminao de

    riscos, prevendo em seu artigo 20 os mapas de risco (ODDONE et al., 1986).

    O mapa de risco chegou ao Brasil no incio da dcada de 80. Duas verses

    quanto a sua introduo no Brasil so conhecidas. A primeira refere-se s reas

    sindical e acadmica, atravs de David Capistrano, Mrio Gaawryzewski, Hlio Bas

    Martins Filho e do Departamento Intersindical de Estudos em Sade e Ambiente de

    Trabalho (DIESAT). A segunda atribui tal feito Fundao Jorge Duplat Figueiredo

    de Segurana e Medicina do Trabalho (Fundacentro) a difuso do mapa de risco no

    pas. Segundo o Engenheiro Mrio Abraho:

    Tcnicos da Fundacentro de Minas Gerais foram designados para estudar o mtodo de trabalho e acompanhar os resultados. Aps um longo acompanhamento e a constatao dos resultados positivos, eles comearam como agentes multiplicadores a ensinar esta tcnica por todo o Pas. Em So Paulo, graas aos esforos conjuntos da Fundacentro So Paulo, Delegacia Regional do Trabalho de Osasco e Sindicato dos Metalrgicos de Osasco, que em 1982 patrocinaram dois cursos com os

  • 12

    tcnicos de Minas Gerais, preparando 40 novos instrutores de diversos ramos de atividades, aproximadamente 200 empresas j esto aplicando esta tcnica com resultados positivos (Abraho, 1993, p. 22)

    Tornou-se obrigatria a elaborao do Mapa de Risco com a Portaria no 5 de

    18/08/1992 do DNSST e do MTb, os quais alteraram a NR-9 determinando a

    obrigatoriedade da confeco de Mapas de Risco para todas as empresas que

    apresentem CIPA. Posteriormente as informaes para construo de Mapa de

    Risco foram posteriormente transferidas para a NR-5, que trata da CIPA.

    Cabe s CIPAs a construo dos mapas de riscos dos locais de trabalho. Ela

    dever ouvir os colaboradores de todos os setores da empresa e realizar intermedia-

    o com o Servio Especializado de Medicina e Segurana do Trabalho (SESMT) da

    empresa, caso exista.

    Os riscos devero ser representados em planta baixa ou esboo do local de

    trabalho (croqui) e os tipos de riscos relacionados em tabelas prprias, anexas

    referida portaria (MATTOS e FREITAS, 1994).

    Posteriormente os mapas devero ser afixados em locais visveis em todas as

    sees para o conhecimento dos trabalhadores, permanecendo no local at uma

    nova gesto da Cipa, quando ento os mesmos devero ser refeitos (BRASIL,

    1992).

    1.4.2 As limitaes na Aplicabilidade do Mapa de Risco

    A teorizao uma das grandes limitaes para construo dos mapas de

    risco. Contudo, existem outras caractersticas relacionadas essa aplicalidade

    conforme portaria citada:

    Limitaes quanto Teorizao

    Laurell & Nuriega constatam a ausncia de diferenciao entre teoria e prtica

    (sem que haja a teorizao das experincias de investigao) e que com a

    reestruturao tecnolgica e reorganizao do trabalho o conhecimento particular se

    torna intil, sendo impossvel reprojetar o conhecimento no futuro, no que tange a

    construo de novas propostas (MATTOS e FREITAS, 1994). Segundo Laurell &

    Noriega (1989, p. 94 e 95):

    ...quando muda drasticamente a realidade fabril, o conhecimento particular por rico que seja se torna essencialmente intil, pois o seu objetivo

  • 13

    desaparece. Por outro lado, uma vez que no se tenha extrado dele o que as situaes particulares tm de geral, torna-se impossvel projetar o conhecimento no futuro, em se tratando da construo de novas propostas. Ou seja, o conhecimento particular baseado na experincia , no melhor dos casos, um conhecimento fenomenolgico do passado e do presente at que tenha passado por um momento de teorizao. A ausncia de generalizao e de teorizao do conhecimento, finalmente, o torna dificilmente isolvel de seus portadores especficos. Torna-se uma experincia pessoal compartilhada por vrias ou mesmo muitas pessoas, mas no passa a ser memria definitiva da classe, recupervel nos momentos em que as mudanas na correlao de foras permitam avanar as posies operrias.

    Limitaes quanto a Portaria no 5 de 18/08/1992 do DNSST e do MTb

    Esta portaria traz muita discusso nas empresas no que diz respeito sua

    construo. Tcnicos e diretores encontram dificuldades na simbologia a ser

    empregada (tamanhos dos circulos e diferentes cores) e na definio de riscos

    ambientais. Talvez a grande falha dessa portaria seja a de atribuir somente CIPA a

    tarefa da execuo dos mapas, destinando-se-se aos trabalhadores apenas o direito

    de opinarem, quando na realidade estes deveriam ser os reais construtores..

    Limitaes da anlise quantitativa da periculosidade do trabalho

    Hoje h poucas substncias qumicas com estudos de toxicidade

    comprovados e limites de exposio bem estabelecidos levando-se em

    considerao o grande nmero de substncias qumicas conhecidas. Avalia-se que

    existam cerca de cinco a sete milhes de substncias qumicas conhecidas, das

    quais 70.000 a 80.000 so de uso mais comum, porm, s se tem registro de limites

    de exposio de cerca de 2.100 produtos. Alm disso, h poucas metodologias e

    pessoal treinado para avaliaes ambientais confiveis (MATTOS, 1996).

    Quanto a metodologia, dvidas diversas so encontradas como:

    - como iniciar o mapeamento dos riscos;

    - necessidade de agendamento da visita do responsvel pelo local;

    - necessidade de informao anterior aos trabalhadores do setor a ser avaliado e de

    que forma faz-lo;

    - sobre as pessoas da CIPA que devem participar e sobre a sua representatividade;

    - sobre a paralisao ou no dos setores a serem investigados no momento da

    visita, em relao necessidade de entrevistar os trabalhadores e/ou observar o

    trabalho;

  • 14

    - sobre a forma de ouvir os trabalhadores, de que forma faz-lo e sobre como

    considerar o ponto de vista das chefias, supervisores, engenheiros e outros;

    - sobre a forma de abordagem dos riscos presentes ou exemplificados na Portaria n

    5 de 18/ 08/92 e aqueles referidos pelos trabalhadores;

    - sobre o momento da realizao do mapeamento em relao as alternativas do

    cotidiano do setor em diferentes horrios da jornada, nas atividades organizadas em

    turnos de revezamento, nos processos industriais semicontnuos ou descontnuos,

    nos servios de atendimento pblico, nas atividades que sofrem alteraes

    constantes (como obras civis) e outros;

    - sobre como realizar a validao consensual, para que o mapa represente de fato

    o sentimento global, frente a uma estrutura organizacional extremamente rgida, que

    inclusive no v com bons olhos a reunio e a discusso de trabalhadores dentro

    da empresa;

    - sobre como alcanar indicadores externos ou indiretos dos riscos no local de

    trabalho, como ndices de afastamentos, estatsticas de acidentes de trabalho,

    registros de doenas ou alteraes significativas do estado de sade, relatrios de

    ocorrncia de anormalidades etc.

    Limitaes quanto aos cursos de treinamento para a construo de Mapas de

    Risco oferecidos no Brasil

    Esta limitao diz respeito aos treinamentos que so oferecidos aos membros

    da CIPA e aos profissionais dos servios especializados nesses cursos. Geralmente

    esses cursos possuem carter tcnico ligado somente a elaborao dos mapas, no

    discutindo com os alunos o propsito dessa metodologia e a necessidade de

    repasse aos trabalhadores como forma de um maior envolvimento destes no

    controle das condies de trabalho.

    1.4.3. Etapas para Construo do Mapa de Risco

    A supresso do Anexo IV da NR-5 tornou obrigatrio um roteiro para elabora-

    o de um mapa de risco. O roteiro consiste em 2 etapas: Levantamento e

    sistematizao do processo de produo (ou servio) e Preenchimento dos

    documentos da Norma Regulamentadora NR-5.

  • 15

    Levantamento e sistematizao do processo de produo

    Nesta etapa so levantados dados sobre o processo de trabalho,

    equipamentos/instalaes, materiais/produtos/resduos, equipes de trabalho,

    atividades dos trabalhadores e riscos identificados.

    Fluxograma de produo

    O fluxograma visa identificar e detalhar os passos das rotinas de

    trabalho existentes no local estudado. Descrevem-se as atividades

    executadas em cada setor.

    Descrio dos equipamentos e instalaes

    Este item consiste em identificar os principais equipamentos e

    instalaes existente em um setor, relacionando-os com os passos do

    processo de trabalho; detalhando sua principal funo, o tipo de energia

    utilizada, sua capacidade produtiva e outras informaes sobre seu

    funcionamento. Alm disso, importante ressaltar os riscos provenientes de

    cada equipamento.

    Descrio dos produtos, materiais e resduos

    Visa detalhar os produtos resultantes de cada processo de trabalho.

    Descrio das equipes de trabalho

    Tem por objetivo um detalhamento de todas as equipes de trabalho,

    bem como seu vnculo empregatcio com a empresa. A caracterizao

    permite identificar o perfil da mo-de-obra do determinado setor, como:

    quantidade de mo-de-obra, sexo, faixa etria, grau de escolaridade e tempo

    de trabalho.

    Descrio das atividades dos trabalhadores

    Consiste num levantamento das atividades e tarefas executadas por

    cada trabalhador, a frequencia que so exercidas e os locais. importante

    realizar um levantamento com o trabalhador sobre o nvel de responsabilidade

    e ateno.

    Preenchimento da tabela: grupos de riscos; local/atividade;

    sintomas/sinais; acidentes/doenas; recomendaes

    Consiste na confeco de uma tabela ou quadro de condies de

    trabalho do processo estudado. Para seu preenchimento fundamental a

    participao dos colaboradores.

  • 16

    Preenchimento dos documentos da Norma Regulamentadora NR-5

    Esta etapa consiste na representao grfica dos riscos que dever ser feita

    com a base no layout do espao fsico do local de trabalho conforme o anexo IV da

    Norma Regulamentadora n5 NR-5 e da Portaria 3214 do MTb (CT BRASIL, 2001).

    Os riscos devem ser indicados com circulos de diferentes tamanhos e cores,

    de acordo com sua gravidade.

    Tabela 1 Identificao de riscos pelo sistema de cores

    Tabela 2 Representao grfica da gravidade do risco

    Gravidade Dimetro

    (proporo)

    Pequena 1

    Mdia 2

    Grande 4

    H outras particularidades que podem ser adotadas na confeco dos mapas

    de riscos:

    __ quando existirem riscos diferentes com a mesma gravidade em um mesmo

    local, podero ser representados por um nico circulo dividido por suas cores.

    __ os riscos que existirem em todo ambiente podem ser identificados fora do

    mapa. Exemplo: arranjo fsico inadequado.

    Tipo de Risco Cor de Identificao

    Grupo 1 Riscos Fsicos Verde

    Grupo 2 Riscos Qumicos Vermelho

    Grupo 3 Riscos Biolgicos Marrom

    Grupo 4 Riscos Ergonmicos Amarelo

    Grupo 5 Riscos de Acidentes Azul

  • 17

    __ quanto a identificao do risco no mapa, poder ser colocada uma

    numerao dentro do crculo correspondente que ser identificada na tabela.

    1.5 Gerenciamento de Resduos

    O gerenciamento de resduos consiste no acompanhamento de sua gerao

    at sua disposio final. Nesse processo temos um envolvimento que parte de

    dentro da empresa e fora dela, sendo ela responsvel por todas as etapas do

    gerenciamento.

    Os resduos produzidos em laboratrios, em funo da diversidade,

    representam um problema de difcil gesto, no havendo um mtodo ou soluo

    nicos que possam ser generalizados. Para isso, preciso seguir etapas para um

    bom gerenciamento de resduos. So elas:

    Caracterizao

    Segundo a resoluo no 283, do Conselho Nacional do Meio Ambiente

    (CONAMA), de 2001, os resduos biolgicos ou infectantes so classificados como

    grupo A. Este grupo apresenta risco potencial sade pblica e ao meio ambiente.

    Segregao

    A segreo est diretamente envolvida ao local onde o resduo produzido.

    o processo de separao das fraes infecciosas e perigosas das no-infecciosas e

    no-perigosas. Esse processo permite a reutilizao, recuperao ou reciclagem de

    alguns resduos. Segundo Mastroeni (2006) a segregao est diretamente

    relacionada minimizao dos riscos. Tambm reduz o volume total do resduos

    gerados antes de submet-los ao tratamento ou descarte. A efetiva segregao

    permite segurana ao pessoal que os manipula, tanto interna como externamente.

    Acondicionamento dos resduos

    Acondicionamento de resduos segundo a Associao Brasileira de Normas

    Tcnicas (ABNT), na NBR-12.807, o ato de embalar os resduos de servio de

    sade RSS, em recipientes para proteg-los de risco e facilitar o seu transporte,

    devendo ser realizado no local de sua gerao devidamente identificado.

    Todos os resduos biolgicos gerados devem ser armazenados at o

    tratamento, de forma a prevenir e proteger a sua liberao durante as etapas

    seguintes do gerenciamente at sua disposio final. E devem ser identificados com

  • 18

    o smbolo de resduo infectante (Anexo 7.5). Os resduos altamente infectantes

    devem ser autoclavados em recipientes rgidos ou sacos plsticos autoclavveis.

    Placas de Petri ou outro material relacionado dever ser acondicionado em sacos

    plsticos branco com o smbolo de resduo infectante (Anexo 7.6) at a sua

    descontaminao.

    Os resduos perfurocortantes devem ser acondicionados em recipientes

    rgidos devidamente identificados (Anexo 7.7). Os resduos classificados como

    comuns podem ser acondicionados em sacos plsticos de qualquer cor (ABNT,

    1993).

    Tratamento de resduos

    Os resduos tambm podem ser submetidos a processos que alteram seu

    carter e sua composio. No prprio local de gerao do resduo esses

    procedimentos podem ocorrer, aplicando-se a resduos infectantes e qumicos. A

    esterilizao a gs ou vapor, desinfeco qumica, por exemplo a adio de

    hipoclortos, compostos de cetona e amnia e incinerao so os processos mais

    utilizados.

    Outro mtodo de tratamento a autoclavao, que consiste na

    descontaminao pela exposio do resduo a altas temperaturas e presso. Para

    resduos lquidos a desinfeco qumica a mais indicada. O desinfetante qumico

    depender da resistncia do microorganismo, a eficincia da desinfeco depende

    do tipo e da quantidade de substncia utilizada, do tempo e extenso do contato

    entre o desinfectante e o resduo (MASTROENI, 2006).

    Armazenamento

    Os resduos que no so tratados no local que os gerou devero ser

    armazenados para posterior transporte ao seu destino final. Para tal armazenamento

    alguns fatores esto envolvidos como: compatibilidade, correto acondicionamento,

    caractersticas do local, custo, dentre outros.

    Transporte

    Todos os resduos gerados, depois de acondicionados, devem ser

    transportados corretamente ao local de armazenamento. Todo o transporte requer

    cuidados especficos, onde o colaborador realiza sem esforo fsico excessivo o

    risco de acedente, o qual dever transport-lo com a utilizao de EPI`s. O

  • 19

    transporte pode ser por carrinhos, ductos de gravidade, elevadores ou carregamento

    manual.

    Disposio final

    Nesta etapa os resduos so transportados para aterros sanitrios conforme

    legislao. Segundo Mastroeni (2006) importante lembrar que todas as etapdas

    do processo de gerenciamento devem ser adequadamente registradas, sendo estes

    registros mantidos mesmo aps a disposio final.

    sempre possvel reduzir os riscos no manuseio e disposio dos resduos

    atravs de um planejamento bem elaborado, mesmo com poucos recursos

    disponveis, desde que os profissionais envolvidos estejam conscientes destes

    riscos e dispostos a assumir suas responsabilidades como tcnicos e a exercer sua

    cidadania (FERREIRA, 1996 e 2000).

    1.6 Medidas de Controle e Conteno

    As medidas de controle e conteno envolvem a proteo coletiva e

    individual. Desde a organizao do trabalho, segurana nas atividades laboratoriais,

    higiene e conforto.

    Para que todo o grupo mantenha-se protegido as medidas de proteo

    coletiva so eficazes. De acordo com a natureza do risco, as medidas podem ser:

    - a substituio de matrias-primas e insumos por produtos menos prejudiciais

    sade;

    - a alterao no processo de trabalho empregando novas tecnologias que minimizem

    situaes de risco;

    - o isolamento da fonte de risco, como o isolamento acstico de equipamentos

    geradores de rudo;

    - a utilizao de cabines de segurana biolgica e de exausto qumica adequadas

    aos tipos de risco biolgicos e qumicos presentes (LIMA e SILVA, 1996;

    CARVALHO, 1999);

    - a instalao de equipamentos que evitem a disperso de contaminantes ao

    ambiente.

    O emprego de EPIs visam as medidas de proteo individual. O uso de tais

    equipamentos reduz a probabilidade de contaminao, contudo, no elimina o

  • 20

    riscom uma vez que o risco continua no presente no determinado local. Assim, as

    medidas de proteo individual so indicadas em casos especficos como:

    - sempre que as medidas de proteo coletiva forem inviveis, estiverem sendo

    implementadas ou no ofeream completa proteo contra os riscos;

    - em situaes de emergncia;

    - em trabalhos de curta durao;

    - como complemento s medidas de proteo coletiva.

    A organizao do trabalho consiste em criar ambientes mais cooperativos e

    motivadores, evitando situaes desnecessrias por parte dos colaboradores. Essas

    medidas consistem em:

    - mudana do mtodo de trabalho e da estrutura organizacional para torn-los mais

    flexveis e ajustados capacidade do trabalhador;

    - participao dos trabalhadores na organizao do trabalho, favorecendo a

    integrao e melhorando o ambiente de trabalho;

    - reduo do tempo de exposio dos trabalhadores aos riscos, pelo

    estabelecimento de rodzios ou pela reduo na jornada de trabalho.

    Medidas de higiene e conforto so indispensveis para todo e qualquer

    estabelecimento. Segundo a NR no 24 do MTb, estas medidas estabelecem:

    - a higiene pessoal que previne doenas ocupacionais e evita a transmisso de

    doenas contagiosas;

    - a disponibilidade de banheiros, lavatrios, vestirios, armrios, bebedouros,

    refeitrios e reas de lazer.

  • 21

    1.7 Objetivos do trabalho

    1.7.1 Objetivo Geral

    Este trabalho tem como objetivo analisar a percepo dos funcionrios do

    Laboratrio de Anlises Clnicas Biocenter sobre a biossegurana em seu ambiente

    de trabalho e propor medidas para melhorar a segurana no local.

    1.7.2 Objetivos Especficos

    V

    erificar o nvel de conhecimento sobre biossegurana dos funcionrios do

    Laboratrio.

    I

    nvestigar a utilizao de medidas de segurana laboratorial.

    A

    valiar como o funcionrio descreve e se posiciona nas situaes de risco na

    sua rea de trabalho.

    F

    azer o mapa de risco dos ambientes do laboratrio.

    Propor medidas e rotinas no servio no sentido de adequar o ambiente e

    procedimentos s normas de biossegurana

  • 22

    2 Materiais e Mtodos

    A pesquisa foi conduzida pelo modelo descritivo de um Estudo de Caso, com

    problemas de ao e abordagem qualitativa atravs de uma consulta interna aos

    colaboradores nas diversas reas do Laboratrio e observao assistemtica, no

    participante e de forma natural. Sendo que o processo de estudo teve incio aps ter

    sido autorizado pela Direo do Laboratrio, no qual o projeto da pesquisa foi

    apresentado. Alm disso o projeto tambm recebeu autorizao do Comit de tica

    em Pesquisa com Seres Humanos da UFSC especialmente pela aplicao de

    questionrio aos funcionrios do laboratrio.

    2.1 Local de Estudo

    O estudo foi realizado no Laboratrio de Anlises Clnicas Biocenter (LACBio),

    situado no municpio de Pato Branco PR, na Rua Pedro Ramires de Mello, nmero

    278.

  • 23

    Figura 1. Localizao do laboratrio Biocenter no municpio de Pato Branco/PR. (Fonte:

    Google Maps)

    O LACBio iniciou suas atividades em 1991, sendo hoje composto pela matriz,

    mais um posto de coleta no municpio e mais uma unidade de coleta situada no

    municpio de So Loureno/SC. Duas novas unidades esto em processo de

    implantao nos municpios de Chopinzinho/PR e Palmas/PR.

    2.2 Participantes do Estudo

    Fizeram parte da pesquisa 12 dos 18 funcionrios do LACBio. A idade variou de 22 a 50 anos, destes 10 do sexo feminino e 2 do sexo masculino, com tempo de servio entre 1 a 33 anos.

    2.3 Coleta dos Dados Os dados foram coletados atravs da aplicao de questionrios especficos

    para cada setor:

    Recepo (anexo1)

    Coleta e Produo (anexo 2)

  • 24

    Limpeza, Lavagem e Esterelizao (anexo 3).

    Os questionrios tiveram o intuito de pesquisar a percepo de riscos de cada

    ambiente, as prticas desenvolvidas, os agentes biolgicos, qumicos e fsicos que

    os colaboradores tinham contato. Dados como a utilizao de equipamentos de

    proteo individual e coletiva tambm foram levantados nos questionrios.

    Alm disso, um estudo minucioso foi realizado em cada ambiente de trabalho

    no sentido de propor procedimentos padres ou mudana de prticas.

    Para fortalecer a observao do processo de implantao de Biossegurana

    foi realizada consulta interna como forma de ter um desenho do fluxo de amostra e

    uso de EPIs, elegendo os setores que esto em maior contato com agentes

    biolgicos porque eles detm a maior quantidade de pessoas que utilizam EPIs e

    fluxo de amostras.

    2.4 Anlise dos Dados

    Os dados obtidos atravs dos formulrios e do estudo minucioso foram

    submetidos anlise de contedo que buscou dar um sentido ao conjunto de

    informaes para melhor compreenso. Mastroeni (2006) descreve a supresso do

    anexo IV da NR-5, no qual, torna-se necessrio um roteiro para construo do mapa

    de risco. O roteiro segue as seguintes etapas:

    Levantamento e sistematizao do processo de produo:

    - fluxograma de produo;

    - descrio dos equipamentos e instalaes;

    - descrio dos produtos, materiais e resduos;

    - descrio das equipes de trabalho;

    - descrio das atividades dos trabalhadores;

    - preenchimento da tabela: grupos de riscos; local/atividade;

    sintomas/sinais; acidentes/doenas; recomendaes;

    Construo da representao grfica.

    Seguindo essa metodologia e aps todos os dados levantados o mapa de

    risco foi elaborado com a participao dos colaborados do LACBio.

  • 25

    3 RESULTADO Estudo de Caso

    3.1 Histrico do Laboratrio de Anlises Clnicas Biocenter

    Em 1991 o LACBio iniciou suas atividades no muncipio de Pato Branco,

    Paran, no qual era composto por apenas uma unidade, abrangendo somente a

    populao local. Com seu crescimento e a busca por novas tecnologias e

    equipamentos, o LACBio juntamente com a secretaria de Sade de Pato Branco e

    dos muncipios da regio, atende o Sistema Unico de Sade (SUS) bem como

    outros diversos convnios.

    H 5 anos, o LACBio abriu uma unidade de coleta no trreo do hospital

    Thereza Mussi, localizado no munpio de Pato Branco, com o intuito de proporcionar

    maior conforto aos seus clientes. Em 2011 uma nova unidade do LACBio extendeu-

    se ao muncipio de So Loureno, Santa Catarina e em 2012 duas novas unidades

    esto em processo de implantao nos municpios de Chopinzinho/PR e Palmas/PR.

    O Laboratrio tem em seu histrico a participao no Programa Nacional de

    Controle Externo com incio em 1995, recebendo avaliaes mensais e anuais.

  • 26

    Tambm investiu em um Sistema de Gerenciamento de Qualidade chamado ISO

    9001. Sua certificao ocorreu no ano 2000 pela empresa internacional Det Norske

    Veritas (DNV) e desde ento recebe auditorias anuais com avaliaes criteriosas

    para verificao da manuteno da qualidade dos servios prestados.

    3.2 Instalaes

    O LACBio situa-se no centro do muncipio, conforme Figura 1, sendo composto

    pela matriz e mais uma unidade de coleta localizada no trreo do Hospital Tereza

    Mussi, ambas em Pato Branco, PR. A matriz caracterizada por apresentar um

    amplo espao fsico, ocupando um prdio de dois andares. No primeiro piso so

    encontrados as seguintes salas: recepo, 4 salas de coletas, 5 banheiros, cozinha,

    almoxarifado, sala de reunies e sala do departamento financeiro. No segundo piso

    encontram-se duas salas amplas (Sala A e Sala B) que compreendem a produo

    do Laboratrio. Na sala A encontram-se os setores de bioqumica, imunologia,

    hematologia, urinlise e triagem e sala B esto localizados os setores de

    microbiologia, parasitologia e esterilizao. Segue abaixo algumas imagens do

    LACBio:

    Figura 2. Recepo do Laboratrio de Anlises Clnicas Biocenter

  • 27

    Figura 3. Sala de Coleta Adulto Figura 4. Sala de Coleta Infantil

    Figura 5. Sala A: Viso Geral Figura 6. Sala A: Triagem e Urinlise

    Figura 7. Sala A: Hematologia e Imunologia Figura 8. Sala A: Bioqumica e Imunologia

  • 28

    Figura 9. Sala B: Microbiologia, Parasitologia e Esterelizao

    A biossegurana deve ser implantada aos Laboratrios de Anlises Clnicas

    (LAC) desde o seu projeto. Isso, para que o objetivo da minimizao de efeitos

    nocivos que porventura possam acontecer sejam evitados com construes

    inadequadas. Para um laboratrio NB-2 torna-se imprecindvel os seguintes

    requisitos para a rea fsica conforme tabelas:

    Tabela 3 Requisitos Recomendados ou Obrigatrios para rea fsica,

    conforme o nvel de biossegurana

    rea Fsica NB-2

    Identificao do nvel de biossegurana e do microorganismo O

    Laboratrio afastado de passagens pblicas O

    Laboratrio em sala prpria O

    Laboratrio separado por antecmara O

    Janelas vedadas e inquebrveis O

    Acesso controlado O

    Acesso restrito a pessoas autorizadas O

    Revestimentos lisos de fcil limpeza O

    Portas automticas O

    Portas trancveis interdependentes O

    rea de intercmera para aventais de uso O

    reas separadas para roupas e sapatos R

    R Recomendado O Obrigatrio Fonte: Adaptado de MASTROENI 2006.

  • 29

    Tabela 4 Requisitos Recomendados ou Obrigatrios para instalaes ,

    conforme o nvel de biossegurana

    Instalaes NB-2

    Sistema de emergncia de energia eltria O

    Dutos de fiao eltrica selados R

    Dutos acessveis a manuteno O

    Iluminao de emergncia O

    Laboratrio com ventilao prpria R

    Presso negativa no laboratrio R

    Ventilao separada para antecmara R

    Filtros HEPA em todas as entradas e sadas do laboratrio R

    Exausto de ar independnte da cabide de segurana R

    Pia no laboratrio perto da sada O

    Pia automtica com pedais da antecmara O

    Lava-olhos no laboratrio O

    Ralos no laboratrio R

    Esgoto tratado antes de juntar-se ao esgoto geral R

    Tanque de desinfeco emergencial entre o esgoto do laboratrio e o

    esgoto geral

    R

    Sistema para a preveno de refluxo: ar e esgoto R

    gua sob presso baixa, para evitar o refluxo R

    Canos de gua selados R

    Perfuraes seladas nas paredes/janelas/teto/cho R

    R Recomendado O Obrigatrio Fonte: Adaptado de MASTROENI 2006.

    3.3 Identificao das Fontes de Risco

    3.3.1 Riscos Biolgicos

    A classificao e identificao das fontes de riscos biolgicos do LACbio

    esto apresentadas na Tabela 3.

    Tabela 5 Riscos Biolgicos identificados no Laboratrio de Anlises Clnicas Biocenter

  • 30

    Tipo de

    Microrganismo

    Microrganismo

    Classificao

    Infeco associada

    Vrus

    Adenovrus tipo 5 2 Infeces do trato

    respiratrio superior

    Herpes Vrus tipo 1 2 Herpes labial/genital

    Rotavrus 2 Diarria

    Vrus da Hepatite

    A B e C

    2 Hepatite

    HIV 2 Infeco

    Comprometimento do

    sistema auto-imune

    Citomegalovrus 2 Infeco

    citomegalomono-

    nucleose

    Bactrias

    Escherichia coli

    2 Diarria

    Enterobacter

    aerogenes

    2 Diarria

    Salmonella

    typhimurium

    2 Salmonelose

    Staphylococcus

    aureus

    2 Intoxicao

    Staphylococcus

    epidermidis

    2 Infeco

    Staphylococcus

    saprophyticus

    2 Infeco

    Streptococcus

    agalactiae

    2 Infeco

    Estreptococos alfa-

    hemolticos

    2 Infeco

    Estreptococcus

    pneumoniae

    2 Infeco

  • 31

    Enterococos.

    Neisserias. Bacilos.

    Gnero

    Mycobacterium

    2 Infeco

    Salmonela. Shigela

    e Pseudomonas

    2 Gastroenterites,

    desinteria e infeces

    Aspergillus 2 Micoses profundas

    Entamoeba

    Histolytica

    2 Diarria

    Como observado na tabela, o LACBio necessita de procedimentos para o

    trabalho com microrganismos que exijam nvel 2 de biossegurana (NB 2). Nas salas

    A e B no foram encontradas cabines de segurana biolgica (CBS) para a

    manipulao dos agentes infecciosos.

    3.3.2 Riscos Qumcos

    As substncias qumicas utilizadas no LACBio esto descritas abaixo:

    - Colorao de Gram

    - ter

    - cido clordrico

    - Tromborel

    - Cloreto de Clcio

    - Actin

    - gar Muller

    - Cristal violeta

    - Lugol

    - lcool-acetona

    - Fucsina de Zihel para Gram

    - KOH

    - Desincroscante pacto (p e lquido)

    Quando ao armazenamento, todos os produtos so armazenados de forma

    segura e de acordo com suas indicaes. Algumas substncias especficas so

  • 32

    colocadas em locais diferentes seja por necessidade de armazenamento especial

    (refrigerao) ou por alguma incompatibilidade especfica (Anexo 7.8).

    3.3.3 Riscos Fsicos

    Segundo os questionrios, 42% dos colaboradores relataram excesso de

    rudo proveniente dos equipamentos, especficamente centrfugas. A Tabela 2

    mostra o tipo de risco fsico e os sintomas proveniente dessa causa.

    Tabela 6 Riscos Fsicos identificados no Laboratrio Biocenter

    Tipo de Risco

    Fsico

    Tipo de

    Equipamento/Procedimento

    Sintomas

    Rudos

    Centrfugas

    Irritao, disperso, pouca

    concentrao.

    3.3.4 Riscos Ergnomicos

    Os principais riscos ergonmicos observados foram relativos m postura do

    colaborador, a maioria das vezes por falta de uma concientizao. Contudo,

    verificou-se que 34% dos questionrios aplicados houveram indicaes de trabalhar

    muitas horas em uma mesma posio, realizar o mesmo movimento repetidamente e

    uma indicao de bancadas com alturas inadequadas.

    3.3.5 Riscos de Acidente

    Foi observado que o armazenamento ou manipulao inadequado do material

    biolgico por parte do colaborador se constitui no principal risco de acidentes no

    Laboratrio. Dos 12 questionrios, 4 (34%) apresentaram algum tipo de exposio a

    riscos biolgicos. Os motivos das exposies ocorreram durante o procedimento

    com o esguicho ou espirro de material biolgico, com a manipulao de material

  • 33

    supostamente no infectante, manipulao da caixa de descarte ou mesmo pelo

    reencapamento de agulhas.

    Todos os colaboradores mencionaram a utilizao de EPIs durante as

    atividades, contudo, foi observado atividades sem a utilizao dos mesmos (luvas e

    culas) durante a manipulao do material biolgico. O transporte do material

    biolgico de um setor outro, ou de uma unidade a outra, tambm pode trazer

    riscos pois tambm foi observado o transporte sem a caixa adequada, ou seja, sem

    obedecer as devidas normas da biossegurana.

    3.3.6 Resultados Gerais dos Questionrios

    A tabela a seguir apresenta os principais tpicos abordados nos

    questionrios.

    Tabela 7 Resultados Gerais dos Questionrios

    Perguntas Respostas

    Sexo Feminino: 84%

    Masculino: 16%

    Idade Entre 22 e 50 anos

    Atuao no setor Entre um e 33 anos.

    Grau de instruo Curso Tcnico: 25%

    Ensino Mdio Completo: 8,4%

    Ensino Superior Incompleto: 25%

    Superior Completo: 16,6%

    Especializao: 8,4%

    Sem formao: 16,6%

    Participaram de algum treinamento

    sobre biossegurana ou medidas

    preventivas para reduo de riscos

    Sim: 67%

    No: 33%

    J sofreram algum tipo de exposio a

    riscos biolgicos

    Sim: 33%

    No: 67%

  • 34

    Rudo inadequado e constante Sim: 42%

    No: 58%

    Existe calor excessivo no setor ou

    problemas com frio

    Sim: 0%

    No: 100%

    Trabalho exercido em postura incorreta Sim: 67%

    No: 33%

    Se o local de descarte de resduos

    adequado

    Sim: 100%

    No: 0%

    Procedimentos especficos para cada

    tipo de descarte:

    Sim: 100%

    No: 0%

    3.4 Elaborao do Mapa de Risco

    3.4.1 Descrio dos Equipamentos e Instalaes

    Sala A: Bioqumica, Imunologia, Hematologia e Urinlise.

    A sala possui aproximadamente 40m2, com dois ar-condicionados e lmpada

    UV ambiente. a primeira sala ao chegar na produo do LACBio com entrada

    permitida de funcionrios e pessoas autorizadas. Os equipamentos encontrados na

    Sala A so mostrados na Tabela 5.

    Tabela 8 Equipamentos da Sala A

    Equipamento Descrio

    Uriscan Aparelho analisador qumico de urina

    Agitador de Kleine Utilizado para agitar as solues

    Banho Maria Utilizado para incubao dos meios de cultura

    BIO PLUS IT 2002 Incubador a seco

    2 Centrfugas Exerce a funo de macrocentrifugao de

    lquidos como urina, soro, etc

  • 35

    Condutivmetro Usado nas medidas de parametros fiscoqumicos

    Contador Diferencial Utilizado para contagem de clulas de lminas

    coradas

    Fribintimer II Utilizado para a realizao do exame TAP

    Homogeinizador Utilizado para homogeinizar as amostras de

    sangue para o exame Hemograma

    Immulite Utilizado para diagnstico hormonal e doenas

    infecciosas

    Lavadora Eliza Utilizado para lavar as reaes de Eliza

    Leitora de Eliza Stat Fax

    2100

    Leitor automtico de Microplacas para ensaios

    ELISA

    Microscpio Aparelho ptico para vizualizao de

    microorganismos

    Mini Incubadora Cristofoli Armazenamento de culturas de autoclave

    Pentra DS 120 Utilizado para realizao do exame Hemograma

    Quick Timer Equipamento utilizado para cronometrar diversos

    tempos simultaneamente, marcando mais de 20

    diferentes horrios com alarme de aviso.

    Vitros 350 Realiza exames de Bioqumica

    Vitros ECI Utilizado para diagnstico hormonal e doenas

    infecciosas

    3 Refrigeradores Armazenamento das solues e reagentes

    Dia-Fast Equipamento utilizado para pesquisa de

    Hemoglobina Glicosilada

    Flexor-E Equipamento utilizado para exames de bioqumica.

    Mobilias (armrios) Armazenamento de material de consumo e

    vidrarias

    2 pias Utilizada para higiene das mos

    Sala B: Microbiologia, Parasitologia e Esterelizao

    A sala possui aproximadamente 15m2, possuindo um ar condicionado e os

    equipamentos mostrados na tabela 6.

  • 36

    Tabela 9 Equipamentos da Sala B

    Equipamento Descrio

    1 Centrfuga Exerce a funo de macrocentrifugao de

    lquidos como urina, soro, etc

    1 Deonizador Filtro deonizador de gua de torneira

    3 Estufas Incubao de meios de cultura

    1 Microscpios Aparelho ptico para vizualizao de

    microorganismos

    2 Freezers Armazenamento das solues e meios de cultura

    1 Televisor Associado ao microscpio para visualizao

    Mobilias (armrios) Armazenamento de material de consumo e

    vidrarias

    3 pias Utilizadas para as coloraes, preparaes dos

    reagentes e esterelizao

    3.4.2 Fluxograma de Produo

  • 37

    3.4.3 Descrio e Gerenciamento de Resduos Produzidos pelo Laboratrio de

    Anlises Clnicas Biocenter

    Basicamente os resduos produzidos pelo LACBio pertencem ao Grupo A,

    sendo estes considerados potencialmente infectantes e, os do Grupo D que so os

    resduos comuns.

    Resduos Pertencentes ao Grupo A:

    Material descartado: Soro, plasma, cogulos e urina.

    Os tubos contendo soro e/ou plasma e/ou cogulos, aps serem utilizados ou

    cumprido seu prazo de estocagem, so direcionados ao setor de limpeza e

    esterilizao. Nesse setor, os tubos so vertidos no interior de um recipiente

    contendo hipoclorito de sdio diludo a 1:10 com gua para realizarem a

  • 38

    descontaminao qumica. deixado agir por no minmo uma hora, e depois

    desprezado na pia ou vaso sanitrio. Na urina, o mesmo procedimento foi verificado.

    Material descartado: Fezes

    As fezes diludas foram descartadas diretamente na pia e o resto de material

    so descartado na lixeira biolgica. Nos casos em que no houveram contaminao

    so descartados em vasos sanitrios.

    Material descartado: Secrees e outros fludos orgnicos

    A descontaminao qumica realizada pelo Labortario, consistiu em colocar

    o material contaminado dentro de um recipiente contendo hipoclorito de sdio diludo

    a 1:3 com gua. deixado agir por no minmo uma hora, e depois desprezado na

    pia, a qual lavada com gua corrente.

    Material descartado: Swabs

    Todos os swabs so desprezados dentro de lixeiras contendo saco coletor de

    material biolgico. Quando a lixeira atinge a sua capacidade mxima de

    armazenamento, foi verificado que os sacos de material biolgico so muito bem

    fechados e vedados para posteriormente serem encaminhados coleta de lixo

    hospitalar.

    Material descartado: Frascos coletores de fezes

    Foi verificado que aps retirada uma poro de amostra biolgica para a

    realizao do exame, o frasco desprezado no interior de lixeiras contendo saco de

    coleta para material biolgico. Quando os sacos atingiram sua capacidade de

    armazenamento, so fechados e vedados e encaminhados coleta de lixo

    hospitalar.

    Material descartado: Materiais de consumo nos equipamentos automatizados

    Todo material descartvel usado pelos equipamentos na realizao de

    exames so descartados no interior das lixeiras contendo sacos coletores para

    material biolgico. Quando os sacos atingiram sua capacidade de armazenamento,

    so fechados e vedados e encaminhados coleta de lixo hospitalar.

  • 39

    Material descartado: Meios de cultura contaminados

    Nesses casos adicionado hipoclorito de sdio 1% at cobrir a superfcie dos

    meios de cultura e deixado agir por no mnimo, 30 minutos. Os meios de cultura

    confeccionados em placa de plstico so descartados inteiros no coletor de material

    biolgico e destinados coleta de lixo hospitalar. A parte dos meios de cultura das

    placas de vidro so retiradas e descartadas no coletor de material biolgico e

    destinados coleta de lixo hospitalar.

    Resduo Pertencente ao Grupo A e ao Grupo D:

    Material descartado: Luvas descartveis

    Foi observado que todas as luvas so descartadas nas lixeiras que contm

    saco coletor para material biolgico, o qual encaminhado ao lixo hospitalar aps

    chegar a sua capacidade mxima.

    Resduo Pertencente ao Grupo D:

    Material descartado: Papel, plstico, papelo e isopor

    Foi observado a utilizao de lixeiras com a descrio de materiais

    reciclveis.

    3.4.4 Descrio das Equipes de Trabalho

    Durante a pesquisa o LACBio contava com 9 profissionais que atuavam na

    produo. Dentre eles, 3 eram bioqumicos, 2 farmacuticos e 4 tcnicos em

    enfermagem. A idade vriava entre 24 55 anos, sendo a jornada de trabalho de

    nove horas dirias, com intervalo para almoo de 1 hora e meia ou 2 horas, e

    jornada de 6 horas (meio perodo).

    3.4.5 Grupo de Risco x Fontes x Sintomas x Doenas/Acidentes

  • 40

    Tabela 10 Relatrio de Anlise de Risco

    Grupo de

    Risco

    Fontes Sintomas Doenas de

    Trabalho/Acidente

    Biolgico

    freezers, culturas,

    amostras positivas

    especficos para cada

    patgeno (febre,

    mal-estar, dor no

    corpo, vmito)

    infeces relativas

    a cada patgeno

    Qumico

    estoque de produtos

    qumicos (reagentes)

    irritao nos olhos,

    nariz, queimadura

    queimaduras

    Fsico

    rudos

    irritao, pouca

    concentrao, dor de

    cabea.

    aumento da

    pulsao,

    cansao, irritao

    Acidente

    deficincias nas

    instalaes ou em

    mquinas e

    equipamentos,

    armazenamento

    inadequado, perfuro-

    cortantes

    perfurao com

    materiais

    contaminados,

    queimadura, cortes,

    deslocamentos

    desnecessrios

    infeco com

    patgenos, fadiga,

    estresse, desgaste

    fsico

    Ergonmico banquetas,

    computadores

    postura inadequada dores

    musculares/lombar

    es, Ler/DORT,

    deformidades na

    coluna

    3.4.6 Mapas de Riscos

  • 40

    3.4.6.1 Mapa de Risco: SALA A

  • 41

    3.4.6.2 Mapa de Risco: SALA B

  • 42

    4 Discusso

    Muitas so as normativas e procedimentos publicados que procuram cobrir a

    deficincia da regulamentao de Biossegurana em Sade. No setor de sade

    necessrio visar a minimizao dos comprometimentos com a prestao destes

    servios, principalmente no que se refere aos riscos de incidentes, acidentes e

    exposies ocupacionais (CONCEPCIN, 2001).

    Neste contexto, so necessrias iniciativas voltadas ao controle e/ou soluo

    de todos os fatores desfavorveis conduo das atividades, principalmente em

    estabelecimentos laboratoriais clnicos como o analisado que primam pela

    qualidade e responsabilidade dos resultados e pela garantia da segurana e da

    sade de todos os envolvidos no servio (MATTOS, 1996).

    Esta constatao apresenta-se coerente com os dados coletados pelo modelo

    desenvolvido na pesquisa, o qual tornou possvel a identificao de irregularidades

    favorecedoras de risco em um laboratrio de anlises clnicas. Mostrou-se eficiente,

    tambm, ao possibilitar a adoo de recomendaes para a correo e/ou controle

    de tais elementos.

    Em paralelo, acredita-se que a pesquisa tenha despertado, em grande parte

    dos envolvidos no servio, a formao de uma imagem mais clara do processo em

    que atuam, permitindo uma reavaliao de suas posturas e atitudes.

    Desde o planejamento os LACs precisam implantar a biossegurana em sua

    estrutura. Assim, atravs da tabela 3 e tabela 4 no item 3.2, verificou-se que dentre

    os requisitos obrigatrios e recomendados, o LACBio possui alguns elementos que

    precisam ser instalados para que ocorra a minimizao de possveis efeitos nocivos.

    Na rea fsica, a identificao no nvel de biossegurana e do microrganismo,

    janelas vedadas e inquebrveis, portas automticas e portas trancveis

    interdependentes no foram encontrados. E nos requisitos referentes as instalaes,

    a pia automtica com pedais e o lava-olhos tambm no foram encontrados, sendo

    todos estes requisitos obrigatrios (FIOCRUZ, 1998).

    Outro elemento importante para conteno de efeitos nocivos em um LAC o

    uso do Equipamento de Proteo Coletiva (EPC) chamado de CBS. As CBS

    possuem como funo primordial a reteno de partculas contaminantes no ar, ou

    seja, que envolvam a formao de aerossis (MASTROENI 2006). O risco biolgico

  • 43

    pode ser minimizado com o uso dessa EPC, o qual, no verificou-se a existncia da

    mesma.

    Quanto ao armazenamento dos produtos no houve nenhuma divergncia

    necessidade de se atentar para as possveis incompatibilidades das subtncias.

    Alm disso, a quantidade de reagente necessria para as atividades pequena,

    tornando o risco qumico ainda menor. Tambm foi observado que nas bancadas

    ficam expostos somente a quantidade necessria de reagente, que em caso de

    derrame, a quantidade da substncia continua a ser pequena. O estoque das

    quantidades grandes de substncias so armazenados em armrios localizados

    abaixo das bancadas, perto do cho, segundo as compatibilidades.

    Dos 12 questionrios aplicados, 6 deles (50%) destinararam-se

    especficamente aos funcionrios que atuam diretamente no setor de Anlises.

    Quatro funcionrios (34%) relataram excesso de rudo durante as atividades,

    provenientes dos equipamentos. Como relatado o item 3.3.3 as consequncias

    esse risco so a irritao, disperso e pouca concentrao. Segundo a Norma

    Regulamentadora 17, do Ministrio do Trabalho e Emprego, estabelece que o nvel

    de rudo de conforto de at no mximo 65dB. Em complementao a NR 15

    MTE, considera-se insalubre a atividade desenvolvida em um perodo de 8 horas

    dirias com o nvel de rudo contnuo e superior a 85dB. Considerando que os

    funcionrios do LACBio realizam um perodo dirio de 9 horas, e com interrupes,

    onde o rudo no contnuo, o LACBio est dentro das normas vigentes.

    Alm dos riscos mencionados, o risco ergonmico tambm pode ser

    ressaltado pois est diretamente relacionado na adequao ou compatibilidade da

    tarefa. Os mtodos e as tcnicas precisam estar focados em conhecer as

    caractersticas das tarefas/objetos e das pessoas envolvidas. A ergonomia pode ser

    relacionada com a biossegurana em sade, onde se reconhece os problemas e as

    dificuldades relacionadas com os critrios de segurana e qualidade. Constatou-se

    na pesquisa que 34% dos colaboradores indicaram problemas ergonmicos

    provenientes da rotina de trabalho e da adequao do local. Foi verificado no

    LACBio que todo ano um tcnico da Medicina Preventiva do Trabalho realiza

    avaliaes ergonmicas. Segundo registros nenhuma divergncia foi constatada,

    contudo, a anlise ergonmica do trabalho tem como conceito fundamental a

    maneira como o colaborador realmente trabalha, e no somente o trabalho prescrito.

  • 44

    Diante disso, a CIPA tem como objetivo a preveno de acidentes e doenas