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Caroline dos Santos da Fonseca
BIOSSEGURANA EM LABORATRIOS DE ANLISES CLNICAS: o estudo de caso do Laboratrio de Anlises Clnicas Biocenter de
Pato Branco/PR
Florianpolis
2012
-
ii
Caroline dos Santos da Fonseca
BIOSSEGURANA EM LABORATRIOS DE ANLISES CLNICAS: o estudo de caso do Laboratrio de Anlises Clnicas Biocenter de
Pato Branco/PR
Trabalho apresentado Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito para concluso do Curso de Graduao em Cincias Biolgicas.
Orientador: Prof. Dr. Carlos Jos de Carvalho Pinto
Florianpolis
Universidade Federal de Santa Catarina
2012
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iii
FICHA CATALOGRFICA
-
iv
Caroline dos Santos da Fonseca
BIOSSEGURANA EM LABORATRIOS DE ANLISES CLNICAS: o estudo de
caso do Laboratrio de Anlises Clnicas Biocenter de Pato Branco/PR
Monografia apresentada como pr-requisito para obteno do ttulo de
Licenciado em Cincias Biolgicas da Universidade Federal de Santa Catarina -
UFSC, submetida aprovao da banca examinadora composta pelos seguintes
membros:
____________________________________
Prof. Dr. Carlos Jos de Carvalho Pinto
(Orientador)
____________________________________
Prof. Dra. Maria Mrcia Imenes Ishida
____________________________________
Prof. Dr. Tadeu Lemos
____________________________________
Prof. Dra. Thereza Christina Monteiro de Lima
-
v
AGRADECIMENTOS
Quero manifestar meus agradecimentos ao Orientador, Professor Doutor
Carlos Jos de Carvalho Pinto, pelos valiosos ensinamentos, orientao e apoio;
Dra. Fabiola Hecke pela amizade, auxlio e disponibilizao do Laboratrio
Biocenter para o estudo de caso;
Dra. Janaina Vedana pela amizade e auxlio em todo tempo;
equipe do Laboratrio Biocenter, pelo companheirismo;
Ao meu marido, Cicero Raldi da Fonseca, pela fora, amor, pacincia e apoio;
Aos meus familiares por sempre estarem presentes;
E a todos os amigos que de alguma forma contriburam para a realizao
deste trabalho.
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vi
No h problema de sade que possa ser
resolvido sem que se d, antes de tudo,
ateno preparao do pessoal que ter
responsabilidade de enfrent-lo. (OMS)
-
vii
RESUMO
A Biossegurana um conjunto de aes voltadas para preveno,
minimizao e eliminao de riscos para a sade, os quais ajudam na proteo do
meio ambiente e na conscientizao do profissional da sade. O fato da
biossegurana ser to discutida e valorizada em dias atuais, no condiz com o
nmero de acidentes que ainda continua bastante elevado. Acredita-se que o
problema no est nas tecnologias disponveis para eliminar e minimizar os riscos e
sim no comportamento inadequado dos profissionais.
Este trabalho pretendeu analisar as articulaes entre os processos de
trabalho em Laboratrios Clnicos, os riscos inerentes e o perfil do trabalhador por
ele demandado. Neste sentido nos propomos desenvolver uma pesquisa com a
finalidade de verificar a percepo dos funcionrios do Laboratrio de Anlises
Clnicas Biocenter, municpio de Pato Branco/PR, visando melhorar a segurana no
local. Para isso uma investigao sobre o nvel de conhecimento sobre
biossegurana, as medidas de segurana adotadas, a percepo de riscos de cada
ambiente, as prticas desenvolvidas, os agentes biolgicos, qumicos, fsicos que os
funcionrios entram em contato e utilizao de equipamentos de proteo individual
(EPIs) e coletiva foram analisados.
Os dados foram coletados atravs de questionrios nos quais a percepo
dos riscos de cada ambiente e as prticas desenvolvidas foram analisadas. Alm
disso, os EPIs que cada funcionrio utiliza foram detalhados juntamente com um
estudo de cada ambiente de trabalho. Com esses dados, o mapa de risco foi
elaborado com a participao dos funcionrios do laboratrio.
Foi constatado neste trabalho que os levantamentos realizados resultaram em
favorveis mudanas no comportamento dos profissionais frente aos riscos, dentro e
fora do espao de trabalho, no sentido de garantir uma maior segurana, qualidade
e agilidade para realizao das atividades.
Palavras-Chave: Biossegurana. Laboratrio de Anlises Clnicas. Riscos.
Segurana.
-
viii
ABSTRACT
Biosecurity is a set of actions directed to prevent, minimize and eliminate
health risks, which help in the environment protection and in the health professionals
awareness. Today, the biosecurity is so discussed and valued, but this fact does not
match with the accidents numbers which still very high. It is believed that the
problem to eliminate and minimize the risks is not in technologies, but in the
inappropriate professionals behavior.
This study aimed to analyze the links between the work processes in Clinical
Laboratories, the inherent risks and the workers profile demanded by him or her. In
this sense, we propose to develop a research in order to analyze the perceptions of
employees of the Clinical Laboratory Biocenter, in Pato Branco, and it aims to
improve the local security. Thereunto, an investigation about the biosecurity
knowledge level, the security measures adopted, the risks perception in each place,
the developed practices, the biological, chemical and physical agents which
employees come into contact and the use of collective and personal protective
equipment (PPE) were analyzed.
Through questionnaires, the data were collected and the risks perception on
each place and the developed practices were analyzed. Furthermore, the PPE which
any employee uses was detailed jointly with a study by every worked place. Along
these data, a risk map was developed with the participation of the laboratory
employees.
In this study, was found that realized surveys resulted in favorable changes in
the professional behavior against the risks inside and outside the workspace, in order
to ensure greater security, quality and agility to perform activities.
Keywords: Biosecurity. Laboratory of Clinical Analysis. Risks. Security.
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ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Localizao do Laboratrio de Anlises Clnicas Biocenter no municpio
de Pato Branco/PR.....................................................................................................22
Figura 2 - Recepo do Laboratrio de Anlises Clnicas Biocenter. ....................... 26
Figura 3 - Sala de Coleta Adulto. .............................................................................. 26
Figura 4 - Sala de Coleta Infantil. ............................................................................. 26
Figura 5 Sala A: Viso Geral. ................................................................................ 27
Figura 6 Sala A: Triagem e Urinlise. .................................................................... 27
Figura 7 Sala A: Hematologia e Imunologia .......................................................... 27
Figura 8 Sala A: Bioqumica e Imunologia ............................................................. 27
Figura 9 Sala B: Microbiologia, Parasitologia e Esterelizao ............................... 28
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x
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Identificao de riscos pelo sistema de cores ......................................... 16
Tabela 2 Representao grfica da gravidade do risco ......................................... 16
Tabela 3 Requisitos recomendados ou obrigatrios para a rea fsica conforme o
nvel de biossegurana ............................................................................................. 27
Tabela 4 Requisitos recomendados ou obrigatrios para instalaes conforme o
nvel de biossegurana ............................................................................................. 28
Tabela 5 Riscos biolgicos identificados no Laboratrio de Anlises Clnicas
Biocenter ................................................................................................................... 29
Tabela 6 Riscos fsicos identificados no Laboratrio de Anlises Clnicas
Biocenter ................................................................................................................... 31
Tabela 7 Resultados gerais dos questionrios ...................................................... 32
Tabela 8 Equipamentos da sala A ......................................................................... 34
Tabela 9 Equipamentos da sala B ......................................................................... 35
Tabela 10 Relatrio de anlise de risco ................................................................. 39
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xi
LISTA DE ABREVIATURAS
ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas
APCL Servio de Patologia Clnica
BPLs Boas prticas de Laboratrio
CBS Cabines de Segurana Biolgica
CIPA Comisso Interna de Preveno de Acidentes
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CTNBio Comisso Tcnica Nacional de Biossegurana
DIESAT Departamento Intersindical de Estudos em Sade e Ambiente de Trabalho
DNSST Departamento Nacional de Segurana e Sade do Trabalhador
DNV Det Norske Veritas
EPC Equipamentos de Proteo Coletiva
EPIs Equipamentos de Proteo Individual
FLM Federazione dei Lavoratori Metalmeccanicic
FPI Fator Pessoal de Segurana
ISO Organizao Internacional de Normalizao
LAC Laboratrio de Anlises Clnicas
LACBio Laboratrio de Anlises Clnicas Biocenter
MCT Ministrio da Cincia e Tecnologia
MOI Modelo Operrio Italiano
MTb Ministrio do Trabalho
NB Nvel Biolgico
OGMs Organismos Geneticamente Modificados
OMS Organizao Mundial da Sade
PNCQ Programa Nacional de Controle de Qualidade
PPRA Programa de Preveno de Riscos Ambientais
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xii
SACL Servio de Anlises Clnicas
SPCL Servio de Patologia Clnica
SESMT Servio Especializado de Medicina e Segurana do Trabalho
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xiii
SUMRIO
AGRADECIMENTOS .................................................................................................. v
RESUMO................................................................................................................... vii
ABSTRACT .............................................................................................................. viii
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................. ix
LISTA DE TABELAS .................................................................................................. x
LISTA DE ABREVIATURAS ...................................................................................... xi
SUMRIO .................................................................................................................xiii
1 INTRODUO .................................................................................................1
1.1 Contextualizao do Problema .........................................................................1
1.2 Compilao de Dados: Biossegurana em Laboratrios de Anlises Clnicas.4
1.2.1 Consideraes Gerais Sobre Riscos Profissionais ..........................................4
1.3 Classificao dos Riscos e suas Caractersticas .............................................6
1.3.1 Riscos Biolgicos .............................................................................................6
1.3.2 Riscos Qumicos ..............................................................................................7
1.3.3 Riscos Fsicos ..................................................................................................8
1.3.4 Riscos Ergonmicos ........................................................................................9
1.3.5 Riscos de Acidentes .......................................................................................10
1.4 Mapa de Risco ................................................................................................10
1.4.1 Mapa de Risco - Histrico e Conceitos ...........................................................10
1.4.2 As limitaes na Aplicabilidade do Mapa de Risco ........................................12
1.4.3. Etapas para Construo do Mapa de Risco ...................................................14
1.5 Gerenciamento de Resduos ..........................................................................17
1.6 Medidas de Controle e Conteno .................................................................19
1.7 Objetivos do Trabalho .....................................................................................21
1.7.1 Objetivo Geral ................................................................................................21
1.7.2 Objetivos especficos .....................................................................................21
2 MATERIAIS E MTODOS .............................................................................22
2.1 Local de Estudo ..............................................................................................22
2.2 Participantes do Estudo .................................................................................23
2.3 Coleta dos Dados ...........................................................................................23
-
xiv
2.4 Anlise dos Dados .........................................................................................24
3 RESULTADOS - Estudo de caso..................................................................25
3.1 Histrico do Laboratrio de Anlises Clnicas Biocenter ................................25
3.2 Instalaes ......................................................................................................25
3.3 Identificao das Fontes de Risco ..................................................................29
3.3.1 Riscos Biolgicos ............................................................................................29
3.3.2 Riscos Qumicos .............................................................................................30
3.3.3 Riscos Fsicos .................................................................................................31
3.3.4 Riscos Ergonmicos .......................................................................................31
3.3.5 Riscos de Acidente .........................................................................................32
3.3.6 Resultados Gerais dos Questionrios.............................................................32
3.4 Elaborao do Mapa de Risco ........................................................................33
3.4.1 Descrio dos Equipamentos e Instalaes ..................................................33
3.4.2 Fluxograma de Produo ................................................................................36
3.4.3 Descrio e Gerenciamento de Resduos Produzidos pelo Labotarrio de
Anlises Clnicas Biocenter .......................................................................................36
3.4.4 Descrio das Equipes de Trabalho ...............................................................38
3.4.5 Grupo de Risco x Fontes x Sintomas x Doenas/Acidentes ..........................39
3.4.6 Mapas de Riscos ............................................................................................39
3.4.6.1 Mapa de Risco: Sala A ........................................................................40
3.4.6.2 Mapa de Risco: Sala B ........................................................................41
4 DISCUSSO ..................................................................................................42
5 CONCLUSES ..............................................................................................46
6 REFERNCIAS .............................................................................................48
7 ANEXOS ........................................................................................................52
7.1 Anexo 1 ..........................................................................................................52
7.2 Anexo 2 ..........................................................................................................56
7.3 Anexo 3 ..........................................................................................................59
7.4 Anexo 4 ..........................................................................................................62
7.5 Anexo 5 ..........................................................................................................72
7.6 Anexo 6 ..........................................................................................................73
7.7 Anexo 7 ..........................................................................................................74
7.8 Anexo 8 ..........................................................................................................75
-
1. INTRODUO
1.1 Contextualizao do problema
Infeces adquiridas em laboratrios so notificadas desde o sculo XIX. Nos
anos 70, estudos mostraram que profissionais da rea da sude e de laboratrios
clnicos apresentavam mais casos de hepatite B, tuberculose e shigelose, do que
pessoas envolvidas com outras atividades. A incidncia de tuberculose na Inglaterra
chegava a ser cinco vezes maior em profissionais da sade do que no resto da
populao e, na Dinamarca, a hepatite chegava a ser sete vezes mais alta nesses
profissionais (ANVISA, 2005).
Pouco tempo depois, no ano de 1975, na conferncia de Asilomar, Califrnia,
a comunidade cientfica manifestou a preocupao tica e de segurana biolgica. A
discusso sobre os impactos da biologia molecular, da engenharia gentica, com os
Organimos Genticamente Modificados (OMGs), e com a aplicao dessas novas
tcnicas, houve uma crescente necessidade de discusso da regulamentao da
biossegurana (SANTANA, 1996). A chamada Biotecnologia Moderna acabou
levantando questes sobre a segurana biolgica em outras reas, como a da
sade. Talvez essa seja uma das maiores contribuies da biotecnologia para a
biossegurana, pois a partir da o termo biossegurana tem colocado em foco a
sade do trabalhador.
Nos anos 80, foram incorporados pela Organizao Mundial da Sade (OMS)
os chamados riscos perifricos presentes em ambientes laboratoriais que
trabalhavam com agentes patognicos para o homem, como os riscos qumicos,
fsicos, radioativos e ergonmicos (COSTA & COSTA, 2002). Expandindo ento, o
conceito de Biossegurana ao ambiente ocupacional e ampliando para a proteo
ambiental e a qualidade.
Com a aprovao da Lei no 8.974, de 5 de janeiro de 1995 e posteriormente
com a Lei N 11.105, de 24 de maro de 2005, embora ainda muito focadas na
normatizao de trabalhos com OGMs e trabalhos envolvendo clulas-tronco, foi
incentivada a discusso de normas tcnicas seguras que garantam uma maior
qualidade e segurana dentro dos laboratrios que objetivem o desenvolvimento e a
-
2
disseminao de medidas de biossegurana, mesmo para laboratrios que no
manipulem OGMs.
No ambiente laboratorial, uma srie de situaes e atividades de fatores
potenciais se acentua na presena de agentes contaminantes. Os laboratrios
clnicos representam ambientes hostis, ao agregarem, no mesmo espao,
equipamentos, reagentes, solues, microorganismos, pessoas, papis, livros,
amostras e outros (VENDRAME, 1997).
Segundo Vendrame (1997) em ambientes de trabalho como o servio de
Anlises Clnicas (SACL) ou Servio de Patologia Clnica (SPCL), pela exposio a
agentes biolgicos presentes nesses ambientes, representam um potencial de risco
para seus funcionrios. Assim, faz-se necessrio que prticas e tcnicas
consideradas padro em biossegurana sejam aplicadas, sendo necessrio que
trabalhadores recebam treinamento adequado e atualizaes constantes sobre as
tcnicas de biossegurana. A esse procedimento denomina-se Boas Prticas de
Laboratrio (BPL). As prticas de Biossegurana baseiam-se na necessidade de
proteo ao operador, seus auxiliares e comunidade local de trabalho, dos
instrumentos de manipulao e do meio ambiente (CARVALHO, 1999; HIRATA,
2002).
Embora existam diferentes conceitos de biossegurana, alguns mais
especficos com algum tipo de trabalho (por exemplo com os OGMs) e outros mais
amplos, podemos citar o proposto por Mastroeni (2006):
Biossegurana ou segurana biolgica refere-se aplicao do conhecimento, tcnicas e equipamentos, com a finalidade de prevenir a exposio do trabalhador, laboratrio e ambiente a agentes potencialmente infecciosos ou biorriscos. Biossegurana define as condies sobre as quais os agentes infecciosos podem ser seguramente manipulados e contidos de forma segura (MASTROENI. 2006, p. 2).
A biossegurana vem sendo cada vez mais valorizada medida que o
profissional comea a entender sua responsabilidade nas atividades de manipulao
de agentes biolgicos, microbiolgicos, qumicos, entre outros, de uma forma que a
preveno de riscos no est somente na sua atividade especfica, mas tambm no
colega de trabalho, no auxiliar e de outras pessoas que participam direta ou
indiretamente da atividade.
-
3
Os riscos individuais e coletivos de acidentes de laboratrio, podem ser
classificados em riscos qumicos, fsicos, biolgicos, ambiental e ergonmico. O
risco fsico caracterizado pelos rudos, vibraes, radiaes, umidade,
temperatura, que podem ser gerados por mquinas, equipamentos e condies
fsicas. O risco qumico inerente manipulao de produtos qumicos que podem
penetrar no organismo pela via respiratria nas formas de poeira, fumaas, gases,
vapores, ou que podem penetrar no organismo por contato e absoro atravs da
pele ou ingesto das substncias txicas ocasionando danos a sade. O risco
biolgico ocorre pela manipulao de seres vivos em laboratrio, pois podem ser
patognicos, como: bactrias, fungos, parasitos e vrus, dentre outros, que so
capazes de desencadear doenas devido contaminao. Finalizando, consideram-
se agentes de riscos ergonmicos a m postura seja na utilizao de assentos, ou
devido a altura das bancadas, entre outros que podem causar leses nos
profissionais, especialmente em trabalhos repetitivos (TEIXEIRA e VALLE, 1996).
No ambiente laboratorial o maior obstculo para a preveno de acidentes no
Brasil a falta de uma cultura prevencionista dos profissionais. Durante as
atividades dirias alguns colaboradores esquecem-se de alguns requisitos bsicos,
menosprezando os riscos, levando em considerao somente a execuo do
trabalho. Alm disso, muitos trabalhadores assumem funes sem estarem
totalmente preparados, contribuindo para o aumento do risco nas atividades.
Os laboratrios de anlises clnicas recebem vrios tipos de materiais
contaminados para diagnstico. Geralmente a natureza infecciosa do material
desconhecida, sendo o material submetido a vrias anlises para a determinao
dos agentes. Entretanto, mesmo com o desconhecimento do potencial de risco no
trabalho de laboratrio, a frequncia dos acidentes relativamente baixa, mas eles
ocorrem e podem ter srias consequncias (CIENFUEGOS, 2001). Em virtude disso,
formas para orientar as pessoas que trabalham no interior do laboratrio sobre as
regras e atuaes no campo da biossegurana so de extrema importncia.
O principal fundamento da biossegurana em laboratrios a pesquisa no
sentido de entender e tomar medidas para prevenir acidentes, priorizando a
proteo da sade humana. As medidas de biossegurana existem como meio de
preveno da contaminao, no qual grande parte dos acidentes acontece pelo uso
inadequado e/ou ineficaz das normas propostas, dando origem assim a
-
4
procedimentos que apresentam riscos (VALLE e TEIXEIRA, 2003; CARVALHO et
al., 2009).
Segundo Rezende (2003), os trabalhadores podem acidentar-se ou
adoecerem por causa das condies de trabalho e sua intensidade de contato com
os agentes que iro propiciar o risco, visto que, constantemente ingressam no
mercado de trabalho sem terem conhecimento dos cuidados necessrios para evitar
a exposio aos riscos e da rotina do servio, permanecendo sem treinamento
sobre os fatores de risco presentes aps a admisso. Por outro lado, o risco tambm
pode ocorrer naqueles profissionais muito experientes, que j trabalham por muitos
anos e acabam adquirindo vcios profissionais ou achando que nada de errado
acontecer.
necessrio que os profissionais sejam previamente conscientizados sobre
os riscos de determinada atividade, assim como da importncia das medidas de
controle e proteo adotadas para a manuteno e respeito segurana. A
organizao das atividades e o respeito s normas de segurana so um aspecto
fundamental para segurana de todos os usurios e para a garantia da qualidade do
trabalho realizado.
1.2 Compilao de dados: Biossegurana em Laboratrios de Anlises Clnicas
Os itens a seguir tm como objetivo compilar informaes das vrias normas e
procedimentos publicados relativos Biossegurana em laboratrios. Em seguida
ser apresentado o estudo de caso relativo ao Laboratrio de Anlises Clnicas
Biocenter, onde estas informaes foram aplicadas.
1.2.1 Consideraes Gerais sobre Riscos Profissionais
O termo risco surge com o processo de constituio das sociedades
comtemporneas quando d-se incio s revolues cientficas no final do
Renascimento. O termo deriva da palavra italiana riscare, cujo significado original
era navegar entre rochedos perigosos, que foi incorporada ao vocabulrio francs
por volta de 1660 (ROSA, 1995).
-
5
At meados do sculo XVIII, os eventos como inundaes, furaces,
epidemias, dentre outros, eram compreendidos como manifestaes dos deuses e
de providncia divina. Para revert-los seria necessrio interpretar os sinais
sagrados. Segundo Freitas (2000), somente aps a revoluo industrial o conceito
de risco tornou-se probabilstico, ou seja, que est associado a previsibilidade de
determinadas situaes e eventos.
Na atualidade o conceito de risco resulta desse processo de transformaes
sociais, polticas, econmicas e culturais, cabendo ao prprio homem a atribuio de
desenvolver, atravs de metodologias baseadas na cincia e na tecnologia, a
capacidade de os interpretar e analisar para melhor control-los e remedi-los
(FREITAS, 2000).
Cienfuegos (2001) define os riscos como sendo:
Ato Inseguro So atitudes voluntrias ou no, que possam ocasionar um
acidente. So os atos praticados com negligncia e imprudncia. Ex: a no
observncia das BPLs e o no uso de EPIs.
Hoje admite-se que o ato inseguro est intimamente ligado a uma condio
insegura do prprio indivduo, gerado por fatores sociais, encontrados interna e
externamente no ambiente de trabalho (COSTA, 2000).
Condio Insegura So situaes existentes no ambiente de trabalho que podem
vir a causar acidentes. Ex: Irregularidades relativas ao ambiente de
trabalho/laboratrio.
Fator Pessoal de Insegurana (FPI) So problemas pessoais e de
comportamento do colaborador que, agindo sobre o ambiente de trabalho, podem
causar acidentes. Ex: Problemas pessoais inclusive desmotivao profissional.
Risco todo perigo ou possibilidade de perigo, existindo a probabilidade de perda
ou de causar algum dano. Segundo o dicionrio online Priberan, perigo Situao
em que est ameaada a existncia de uma pessoa ou de uma coisa; risco.
No setor de prestao de servios a preservao e a manuteno da
segurana dos colaboradores constituem uma srie de fatores estratgicos que
determinam a eficincia do sistema da qualidade nos resultados. Os riscos
profissionais mostram-se como elementos comprometedores, justificando ento, as
iniciativas direcionadas sua anlise, preveno e soluo, como sugere esta
pesquisa.
-
6
Neste contexto, os fatores que destacam-se so os de ordem fsica e
funcional, os quais so muitas vezes responsveis por incidentes, acidentes e
exposio a doenas ocupacionais. Segundo Concepcin (2001), um incidente
representado por qualquer alterao na rotina, que ocasiona em perdas materiais e
de produtos, quebras de equipamentos e instrumentos, vazamentos , contaminaes
e escapes de substncias; um acidente caracterizado pela leso um trabalhador,
ocasionado por uma exposio que pode levar a doenas ocupacionais.
Por esta razo, a Comisso Interna de Preveno de Acidentes (CIPA), do
MTb entende os riscos de acidentes, ergonmicos e ambientais, como todos os
fatores adversos do ambiente de trabalho ou do processo operacional das
atividades.
De modo geral, todos os riscos devem e podem ser analisados a partir de
medidas direcionadas ao seu reconhecimento, avaliao e controle. O Ministrio da
Sade (Brasil, 1995), atribui:
Reconhec-los seria identific-los; avali-los seria quatific-los ou analis-los segundo sua magnitude em comparao a alguns padres; e control-los representaria a adoo de medidas diversas, tcnicas ou administrativas, preventivas ou corretivas, com o objetivo de elimin-los ou minimiz-los.
1.3 Classificao dos Riscos e suas Caractersticas
A Portaria n 5 de 18/08/1992 do Departamento Nacional de Segurana e
Sade do Trabalhador (DNSST) do MTb classifica os riscos ambientais em cinco
grupos:
1.3.1 Riscos Biolgicos
Os profissionais de laboratrios clnicos trabalham com agentes infecciosos e
com materiais potencialmente contaminados, sendo este o principal fator de
risco. So considerados riscos biolgicos os fungos, bactrias, vrus,
parasitas, protozorios, insetos e qualquer outra forma de vida. Segundo
Norma do Ministrio do Trabalho (NR-09: Programa de Preveno de Riscos
Ambientais PPRA), estes agentes so normalmente encontrados nas
-
7
amostras de pacientes e nos ambientes, expondo os colaboradores s mais
diversas contaminaes.
Segundo a Resoluo n 01 de 1988 do Conselho Nacional de Sade, Cap X
art. 64, os microorganismos podem ser classificados em grupos de risco de 1 a 4,
sendo considerados alguns critrios de classificao como: a virulncia, a
patogenicidade, o modo de transmisso, a endemicidade e a existncia ou no de
profilaxia. Esta classificao coincide em conceito com os Nveis de Biossegurana
(NB) estabelecida pela CTNBio para Agentes Etiolgicos Humanos e Animais com
Base no Risco no Anexo I da Lei 8974/95, Apndice 2, Biossegurana em
Laboratrios de Pesquisa 16 Instruo Normativa n7, de 06 de junho de 1997,
Ministrio da Cincia e Tecnologia MCT, CTNBio.
- Grupo 1 (NB 1): adequado a trabalhos que envolvam agentes com menor risco
para os colaboradores e meio ambiente. Inclui microrganismos que nunca foram
descritos como agente causal de doenas para o homem e que no constituem risco
para o meio ambiente.
- Grupo 2 (NB 2): semelhante ao NB 1, porm mais adequado ao trabalho que
envolva agentes com risco moderado para as pessoas e para o ambiente.
Microrganismos que podem provocar doenas no homem, com pouca probabilidade
de alto risco para os profissionais do laboratrio.
- Grupo 3 (NB 3): aplicvel a locais onde acontecem atividades com OGMs
resultantes de agentes infecciosos Classe 3, possam causar doenas srias ou
morte como resultado da exposio.
- Grupo 4 (NB 4): agrupa os agentes infecciosos Classe 4 que causam doenas
graves para o homem e representam um srio risco para os profissionais de
laboratrio e para a coletividade. Possui agentes patognicos altamente infecciosos,
que se propagam facilmente, podendo causar a morte, e microrganismos com
caractersticas desconhecidas de patogenicidade.
1.3.2 Riscos Qumicos
Os agentes qumicos, representados por poluentes do ambiente de trabalho,
exercem ao sobre o organismo humano desencadeando, muitas vezes, doenas
-
8
profissionais (GRIST, 1995). Estes agentes esto presentes em vrias atividades, na
forma de produtos de limpeza, desinfeco e esterilizao ou no processamento de
exames laboratoriais clnicos (OMS; apud Geneva, 1994).
Os riscos qumicos podem ser classificados em funo de suas
caractersticas e de seu estado fsico, como define a CIPA:
Os agentes qumicos apresentam-se em suspenso ou dispersos no ar atmosfrico contaminantes atmosfricos sob a forma de aerodispersoides (poeira, fumo, fumaa e nveo), gases (disperses de molculas misturadas ao ar) e vapores (disperses de molculas no ar que condensam-se para formar lquidos ou slidos em condies normais de temperatura e presso).
Os riscos dos produtos qumicos para o homem, segundo Concepcin (2001),
esto ligados ao fato de serem irritantes, asfixiantes, alrgicos, inflamveis, txicos,
custicos, carcinognicos ou mutagnicos.
Alm desses riscos, os agentes qumicos esto diretamente relacionados as
questes de armazenamento e descarte. Os resduos produzidos em laboratrios
so de vrias naturezas, os quais representam um problema de difcil gesto, no
havendo um mtodo ou uma nica soluo que possam ser generalizados. Quanto
ao armazenamento importante que sejam observadas as incompatibilidades entre
substncias qumicas (CARVALHO, 1999).
1.3.3 Riscos Fsicos
Conforme NR-9 os agentes fsicos so:
Temperaturas extremas e Umidade:
A temperatura e a umidade do ambiente so questes determinantes na
manuteno do conforto ambiental. As temperaturas extremas so temperaturas em
que os colaboradores no se sentem confortveis para exercerem suas funes. Em
ambientes laboratoriais os riscos de temperaturas esto frequentemente
relacionados com o calor. Um colaborador quando submetido a altas e baixas
temperaturas ter seu rendimento alterado. Em altas temperaturas, pode apresentar
maiores pausas entre as atividades alm de ter menor concentrao; e em
temperaturas muito baixas, ocorre a diminuio da concentrao e reduo de
habilidades motoras.
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9
Os mecanismos para fonte de transmisso de calor podem ser atravs da
conveco, conduo, radiao e evaporao.
Radiaes:
Ionizantes: Apresentam natureza corpuscular ou eletromagntica. Sua fonte
pode ser na forma natural como os elementos radioativos encontrados na crosta
terrestre e de forma artificial onde o homem a produz a partir de elementos e
tecnologias especficas. Os efeitos provocados pela exposio a essa radiao pode
ocorrer de duas formas. A primeira provoca alterao nas clulas germinativas,
passando para seus descentes. Tambm chamada de radiao de efeito hereditrio.
Na segunda, as leses ocorrem nas clulas do indviduo no possuindo natureza
hereditria. chamada de radiao de efeito somtico.
No-Ionizantes: Ocorre em funo da excitao dos tomos do material, ou
seja, de um campo eletromagntico vibratrio. Sua fonte a partir de radiao
ultravioleta, infravermelho, laser, microondas, dentre outras. Os efeitos produzidos
pela exposio podem provocar graves leses.
Rudos:
No ambiente de trabalho, so identificveis sons de diversas naturezas
provenientes dos equipamentos, das comunicaes e dos sistemas de informao.
Esse fenmeno em condio de risco pode provocar perturbaes funcionais ao
organismo de forma temporria ou permanente. Estes danos, temporrios ou
permanentes, variam em funo do tempo de exposio do colaborador aos rudos
e da frequncia e da intensidade dos mesmos.
Os rudos contnuos no devem exceder o nvel de 85dB(A), estabelecido
pela Portaria no 3214/78 do Ministrio do Trabalho como Nvel Mximo Admissvel.
Vibraes
Presses Anormais
Iluminao
As luzes e cores esto diretamente relacionadas com o promover aumento de
desempenho, satisfao e reduo da fadiga. Sempre que possvel o
aproveitamento da luz natural importante para a iluminao interior, pois
apresenta uma qualidade melhor que a artificial, causando menor cansao.
-
10
1.3.4 Riscos Ergonmicos
Os conceitos ergonmicos esto vinculados ao entendimento das questes
relativas ao homem e seu ambiente de trabalho, visando a sua segurana e sade,
bem como qualidade do sistema. So considerados riscos ergonmicos o
levantamento e transporte manual de peso, repetitividade, responsabilidade, ritmo
excessivo, posturas inadequadas de trabalho, trabalho em turnos, etc (MATTOS,
1996).
1.3.5 Riscos de Acidentes
Os acidentes em laboratrios possuem motivos variados. A manipulao de
materiais sem cumprimento das normas de segurana uma das principais causas
que contribui para a ocorrncia de acidentes (CARVALHO, 2000). O laboratrio por
si s pode ser considerado um local perigoso, se as normas de biossegurana no
forem seguidas o risco de acidente torna-se propcio. Materiais inflamveis,
explosivos, txicos e equipamentos que geram calor so sem dvida as causa de
acidentes mais graves, e seu manuseio, armazenamento e transporte deve ser
criterioso (CARVALHO, 2009).
1.4 Mapa de Risco
As metodologias aplicadas para identificao de fatores de riscos seguem dois
parmetros. O primeiro baseado em fatos j ocorridos, ou seja, baseiam-se em
antecedentes. Essa metodologia conhecida como retrospectiva. A segunda
consiste em carter exploratrio, onde a correo ocorre antes que a falha acontea
e que por ventura possa ocasionar um acidente, assim denominada de,
prospectivas.
1.4.1 Mapa de Risco Histrico e Conceitos
O mapa de risco teve origem na Itlia com o movimento sindical Federazione
dei Lavoratori Metalmeccanici (FLM), que desenvolvou o Modelo Operrio Italiano
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11
(MOI) na dcada de 60. O MOI tinha como objetivo auxiliar os operrios das
industrias do ramo metalmecnico na investigao e controle dos ambientes de
trabalho (MATTOS & SIMONI, 1993). Ele possibilitava a participao dos
trabalhadores nas aes de planejamento e controle de sade nos locais de
trabalho. Tinha em foco a valorizao das experincias e subjetividade operria, no
delegando tais funes aos tcnicos (MATTOS & SIMONI, 1993).
Para que o ambiente de trabalho fique livre da nocividade que sempre o acompanha, necessrio que as descobertas cientficas neste campo sejam socializadas, isto , trazidas ao conhecimento dos trabalhadores de uma forma eficaz; necessrio que a classe operria se aproprie delas e se posicione como protagonista na luta contra as doenas, as incapacidades e as mortes no trabalho. Somente uma real posio de hegemonia da classe operria diante dos problemas da nocividade pode garantir as transformaes que podem e devem determinar um ambiente de trabalho adequado para o homem.
Somente a luta, com uma ao sindical conduzida com precisos objetivos reivindicatrios, com a conquista de um poder real dos trabalhadores e do sindicato, possvel impor as modificaes, sejam tecnolgicas, tcnicas ou normativas, que possam anular ou reduzir ao mnimo os riscos a que o trabalhador est exposto no local de trabalho. (ODDONE et al., 1986, p. 17)
Essa metodologia teve grande influncia na Reforma Sanitria Italiana (Lei
833 de 23/09/1978 que instituiu o servio sanitrio Nacional) onde criou condies
para elaborao de um sistema participativo e com auto-regulao de eliminao de
riscos, prevendo em seu artigo 20 os mapas de risco (ODDONE et al., 1986).
O mapa de risco chegou ao Brasil no incio da dcada de 80. Duas verses
quanto a sua introduo no Brasil so conhecidas. A primeira refere-se s reas
sindical e acadmica, atravs de David Capistrano, Mrio Gaawryzewski, Hlio Bas
Martins Filho e do Departamento Intersindical de Estudos em Sade e Ambiente de
Trabalho (DIESAT). A segunda atribui tal feito Fundao Jorge Duplat Figueiredo
de Segurana e Medicina do Trabalho (Fundacentro) a difuso do mapa de risco no
pas. Segundo o Engenheiro Mrio Abraho:
Tcnicos da Fundacentro de Minas Gerais foram designados para estudar o mtodo de trabalho e acompanhar os resultados. Aps um longo acompanhamento e a constatao dos resultados positivos, eles comearam como agentes multiplicadores a ensinar esta tcnica por todo o Pas. Em So Paulo, graas aos esforos conjuntos da Fundacentro So Paulo, Delegacia Regional do Trabalho de Osasco e Sindicato dos Metalrgicos de Osasco, que em 1982 patrocinaram dois cursos com os
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12
tcnicos de Minas Gerais, preparando 40 novos instrutores de diversos ramos de atividades, aproximadamente 200 empresas j esto aplicando esta tcnica com resultados positivos (Abraho, 1993, p. 22)
Tornou-se obrigatria a elaborao do Mapa de Risco com a Portaria no 5 de
18/08/1992 do DNSST e do MTb, os quais alteraram a NR-9 determinando a
obrigatoriedade da confeco de Mapas de Risco para todas as empresas que
apresentem CIPA. Posteriormente as informaes para construo de Mapa de
Risco foram posteriormente transferidas para a NR-5, que trata da CIPA.
Cabe s CIPAs a construo dos mapas de riscos dos locais de trabalho. Ela
dever ouvir os colaboradores de todos os setores da empresa e realizar intermedia-
o com o Servio Especializado de Medicina e Segurana do Trabalho (SESMT) da
empresa, caso exista.
Os riscos devero ser representados em planta baixa ou esboo do local de
trabalho (croqui) e os tipos de riscos relacionados em tabelas prprias, anexas
referida portaria (MATTOS e FREITAS, 1994).
Posteriormente os mapas devero ser afixados em locais visveis em todas as
sees para o conhecimento dos trabalhadores, permanecendo no local at uma
nova gesto da Cipa, quando ento os mesmos devero ser refeitos (BRASIL,
1992).
1.4.2 As limitaes na Aplicabilidade do Mapa de Risco
A teorizao uma das grandes limitaes para construo dos mapas de
risco. Contudo, existem outras caractersticas relacionadas essa aplicalidade
conforme portaria citada:
Limitaes quanto Teorizao
Laurell & Nuriega constatam a ausncia de diferenciao entre teoria e prtica
(sem que haja a teorizao das experincias de investigao) e que com a
reestruturao tecnolgica e reorganizao do trabalho o conhecimento particular se
torna intil, sendo impossvel reprojetar o conhecimento no futuro, no que tange a
construo de novas propostas (MATTOS e FREITAS, 1994). Segundo Laurell &
Noriega (1989, p. 94 e 95):
...quando muda drasticamente a realidade fabril, o conhecimento particular por rico que seja se torna essencialmente intil, pois o seu objetivo
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13
desaparece. Por outro lado, uma vez que no se tenha extrado dele o que as situaes particulares tm de geral, torna-se impossvel projetar o conhecimento no futuro, em se tratando da construo de novas propostas. Ou seja, o conhecimento particular baseado na experincia , no melhor dos casos, um conhecimento fenomenolgico do passado e do presente at que tenha passado por um momento de teorizao. A ausncia de generalizao e de teorizao do conhecimento, finalmente, o torna dificilmente isolvel de seus portadores especficos. Torna-se uma experincia pessoal compartilhada por vrias ou mesmo muitas pessoas, mas no passa a ser memria definitiva da classe, recupervel nos momentos em que as mudanas na correlao de foras permitam avanar as posies operrias.
Limitaes quanto a Portaria no 5 de 18/08/1992 do DNSST e do MTb
Esta portaria traz muita discusso nas empresas no que diz respeito sua
construo. Tcnicos e diretores encontram dificuldades na simbologia a ser
empregada (tamanhos dos circulos e diferentes cores) e na definio de riscos
ambientais. Talvez a grande falha dessa portaria seja a de atribuir somente CIPA a
tarefa da execuo dos mapas, destinando-se-se aos trabalhadores apenas o direito
de opinarem, quando na realidade estes deveriam ser os reais construtores..
Limitaes da anlise quantitativa da periculosidade do trabalho
Hoje h poucas substncias qumicas com estudos de toxicidade
comprovados e limites de exposio bem estabelecidos levando-se em
considerao o grande nmero de substncias qumicas conhecidas. Avalia-se que
existam cerca de cinco a sete milhes de substncias qumicas conhecidas, das
quais 70.000 a 80.000 so de uso mais comum, porm, s se tem registro de limites
de exposio de cerca de 2.100 produtos. Alm disso, h poucas metodologias e
pessoal treinado para avaliaes ambientais confiveis (MATTOS, 1996).
Quanto a metodologia, dvidas diversas so encontradas como:
- como iniciar o mapeamento dos riscos;
- necessidade de agendamento da visita do responsvel pelo local;
- necessidade de informao anterior aos trabalhadores do setor a ser avaliado e de
que forma faz-lo;
- sobre as pessoas da CIPA que devem participar e sobre a sua representatividade;
- sobre a paralisao ou no dos setores a serem investigados no momento da
visita, em relao necessidade de entrevistar os trabalhadores e/ou observar o
trabalho;
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14
- sobre a forma de ouvir os trabalhadores, de que forma faz-lo e sobre como
considerar o ponto de vista das chefias, supervisores, engenheiros e outros;
- sobre a forma de abordagem dos riscos presentes ou exemplificados na Portaria n
5 de 18/ 08/92 e aqueles referidos pelos trabalhadores;
- sobre o momento da realizao do mapeamento em relao as alternativas do
cotidiano do setor em diferentes horrios da jornada, nas atividades organizadas em
turnos de revezamento, nos processos industriais semicontnuos ou descontnuos,
nos servios de atendimento pblico, nas atividades que sofrem alteraes
constantes (como obras civis) e outros;
- sobre como realizar a validao consensual, para que o mapa represente de fato
o sentimento global, frente a uma estrutura organizacional extremamente rgida, que
inclusive no v com bons olhos a reunio e a discusso de trabalhadores dentro
da empresa;
- sobre como alcanar indicadores externos ou indiretos dos riscos no local de
trabalho, como ndices de afastamentos, estatsticas de acidentes de trabalho,
registros de doenas ou alteraes significativas do estado de sade, relatrios de
ocorrncia de anormalidades etc.
Limitaes quanto aos cursos de treinamento para a construo de Mapas de
Risco oferecidos no Brasil
Esta limitao diz respeito aos treinamentos que so oferecidos aos membros
da CIPA e aos profissionais dos servios especializados nesses cursos. Geralmente
esses cursos possuem carter tcnico ligado somente a elaborao dos mapas, no
discutindo com os alunos o propsito dessa metodologia e a necessidade de
repasse aos trabalhadores como forma de um maior envolvimento destes no
controle das condies de trabalho.
1.4.3. Etapas para Construo do Mapa de Risco
A supresso do Anexo IV da NR-5 tornou obrigatrio um roteiro para elabora-
o de um mapa de risco. O roteiro consiste em 2 etapas: Levantamento e
sistematizao do processo de produo (ou servio) e Preenchimento dos
documentos da Norma Regulamentadora NR-5.
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Levantamento e sistematizao do processo de produo
Nesta etapa so levantados dados sobre o processo de trabalho,
equipamentos/instalaes, materiais/produtos/resduos, equipes de trabalho,
atividades dos trabalhadores e riscos identificados.
Fluxograma de produo
O fluxograma visa identificar e detalhar os passos das rotinas de
trabalho existentes no local estudado. Descrevem-se as atividades
executadas em cada setor.
Descrio dos equipamentos e instalaes
Este item consiste em identificar os principais equipamentos e
instalaes existente em um setor, relacionando-os com os passos do
processo de trabalho; detalhando sua principal funo, o tipo de energia
utilizada, sua capacidade produtiva e outras informaes sobre seu
funcionamento. Alm disso, importante ressaltar os riscos provenientes de
cada equipamento.
Descrio dos produtos, materiais e resduos
Visa detalhar os produtos resultantes de cada processo de trabalho.
Descrio das equipes de trabalho
Tem por objetivo um detalhamento de todas as equipes de trabalho,
bem como seu vnculo empregatcio com a empresa. A caracterizao
permite identificar o perfil da mo-de-obra do determinado setor, como:
quantidade de mo-de-obra, sexo, faixa etria, grau de escolaridade e tempo
de trabalho.
Descrio das atividades dos trabalhadores
Consiste num levantamento das atividades e tarefas executadas por
cada trabalhador, a frequencia que so exercidas e os locais. importante
realizar um levantamento com o trabalhador sobre o nvel de responsabilidade
e ateno.
Preenchimento da tabela: grupos de riscos; local/atividade;
sintomas/sinais; acidentes/doenas; recomendaes
Consiste na confeco de uma tabela ou quadro de condies de
trabalho do processo estudado. Para seu preenchimento fundamental a
participao dos colaboradores.
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Preenchimento dos documentos da Norma Regulamentadora NR-5
Esta etapa consiste na representao grfica dos riscos que dever ser feita
com a base no layout do espao fsico do local de trabalho conforme o anexo IV da
Norma Regulamentadora n5 NR-5 e da Portaria 3214 do MTb (CT BRASIL, 2001).
Os riscos devem ser indicados com circulos de diferentes tamanhos e cores,
de acordo com sua gravidade.
Tabela 1 Identificao de riscos pelo sistema de cores
Tabela 2 Representao grfica da gravidade do risco
Gravidade Dimetro
(proporo)
Pequena 1
Mdia 2
Grande 4
H outras particularidades que podem ser adotadas na confeco dos mapas
de riscos:
__ quando existirem riscos diferentes com a mesma gravidade em um mesmo
local, podero ser representados por um nico circulo dividido por suas cores.
__ os riscos que existirem em todo ambiente podem ser identificados fora do
mapa. Exemplo: arranjo fsico inadequado.
Tipo de Risco Cor de Identificao
Grupo 1 Riscos Fsicos Verde
Grupo 2 Riscos Qumicos Vermelho
Grupo 3 Riscos Biolgicos Marrom
Grupo 4 Riscos Ergonmicos Amarelo
Grupo 5 Riscos de Acidentes Azul
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__ quanto a identificao do risco no mapa, poder ser colocada uma
numerao dentro do crculo correspondente que ser identificada na tabela.
1.5 Gerenciamento de Resduos
O gerenciamento de resduos consiste no acompanhamento de sua gerao
at sua disposio final. Nesse processo temos um envolvimento que parte de
dentro da empresa e fora dela, sendo ela responsvel por todas as etapas do
gerenciamento.
Os resduos produzidos em laboratrios, em funo da diversidade,
representam um problema de difcil gesto, no havendo um mtodo ou soluo
nicos que possam ser generalizados. Para isso, preciso seguir etapas para um
bom gerenciamento de resduos. So elas:
Caracterizao
Segundo a resoluo no 283, do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA), de 2001, os resduos biolgicos ou infectantes so classificados como
grupo A. Este grupo apresenta risco potencial sade pblica e ao meio ambiente.
Segregao
A segreo est diretamente envolvida ao local onde o resduo produzido.
o processo de separao das fraes infecciosas e perigosas das no-infecciosas e
no-perigosas. Esse processo permite a reutilizao, recuperao ou reciclagem de
alguns resduos. Segundo Mastroeni (2006) a segregao est diretamente
relacionada minimizao dos riscos. Tambm reduz o volume total do resduos
gerados antes de submet-los ao tratamento ou descarte. A efetiva segregao
permite segurana ao pessoal que os manipula, tanto interna como externamente.
Acondicionamento dos resduos
Acondicionamento de resduos segundo a Associao Brasileira de Normas
Tcnicas (ABNT), na NBR-12.807, o ato de embalar os resduos de servio de
sade RSS, em recipientes para proteg-los de risco e facilitar o seu transporte,
devendo ser realizado no local de sua gerao devidamente identificado.
Todos os resduos biolgicos gerados devem ser armazenados at o
tratamento, de forma a prevenir e proteger a sua liberao durante as etapas
seguintes do gerenciamente at sua disposio final. E devem ser identificados com
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18
o smbolo de resduo infectante (Anexo 7.5). Os resduos altamente infectantes
devem ser autoclavados em recipientes rgidos ou sacos plsticos autoclavveis.
Placas de Petri ou outro material relacionado dever ser acondicionado em sacos
plsticos branco com o smbolo de resduo infectante (Anexo 7.6) at a sua
descontaminao.
Os resduos perfurocortantes devem ser acondicionados em recipientes
rgidos devidamente identificados (Anexo 7.7). Os resduos classificados como
comuns podem ser acondicionados em sacos plsticos de qualquer cor (ABNT,
1993).
Tratamento de resduos
Os resduos tambm podem ser submetidos a processos que alteram seu
carter e sua composio. No prprio local de gerao do resduo esses
procedimentos podem ocorrer, aplicando-se a resduos infectantes e qumicos. A
esterilizao a gs ou vapor, desinfeco qumica, por exemplo a adio de
hipoclortos, compostos de cetona e amnia e incinerao so os processos mais
utilizados.
Outro mtodo de tratamento a autoclavao, que consiste na
descontaminao pela exposio do resduo a altas temperaturas e presso. Para
resduos lquidos a desinfeco qumica a mais indicada. O desinfetante qumico
depender da resistncia do microorganismo, a eficincia da desinfeco depende
do tipo e da quantidade de substncia utilizada, do tempo e extenso do contato
entre o desinfectante e o resduo (MASTROENI, 2006).
Armazenamento
Os resduos que no so tratados no local que os gerou devero ser
armazenados para posterior transporte ao seu destino final. Para tal armazenamento
alguns fatores esto envolvidos como: compatibilidade, correto acondicionamento,
caractersticas do local, custo, dentre outros.
Transporte
Todos os resduos gerados, depois de acondicionados, devem ser
transportados corretamente ao local de armazenamento. Todo o transporte requer
cuidados especficos, onde o colaborador realiza sem esforo fsico excessivo o
risco de acedente, o qual dever transport-lo com a utilizao de EPI`s. O
-
19
transporte pode ser por carrinhos, ductos de gravidade, elevadores ou carregamento
manual.
Disposio final
Nesta etapa os resduos so transportados para aterros sanitrios conforme
legislao. Segundo Mastroeni (2006) importante lembrar que todas as etapdas
do processo de gerenciamento devem ser adequadamente registradas, sendo estes
registros mantidos mesmo aps a disposio final.
sempre possvel reduzir os riscos no manuseio e disposio dos resduos
atravs de um planejamento bem elaborado, mesmo com poucos recursos
disponveis, desde que os profissionais envolvidos estejam conscientes destes
riscos e dispostos a assumir suas responsabilidades como tcnicos e a exercer sua
cidadania (FERREIRA, 1996 e 2000).
1.6 Medidas de Controle e Conteno
As medidas de controle e conteno envolvem a proteo coletiva e
individual. Desde a organizao do trabalho, segurana nas atividades laboratoriais,
higiene e conforto.
Para que todo o grupo mantenha-se protegido as medidas de proteo
coletiva so eficazes. De acordo com a natureza do risco, as medidas podem ser:
- a substituio de matrias-primas e insumos por produtos menos prejudiciais
sade;
- a alterao no processo de trabalho empregando novas tecnologias que minimizem
situaes de risco;
- o isolamento da fonte de risco, como o isolamento acstico de equipamentos
geradores de rudo;
- a utilizao de cabines de segurana biolgica e de exausto qumica adequadas
aos tipos de risco biolgicos e qumicos presentes (LIMA e SILVA, 1996;
CARVALHO, 1999);
- a instalao de equipamentos que evitem a disperso de contaminantes ao
ambiente.
O emprego de EPIs visam as medidas de proteo individual. O uso de tais
equipamentos reduz a probabilidade de contaminao, contudo, no elimina o
-
20
riscom uma vez que o risco continua no presente no determinado local. Assim, as
medidas de proteo individual so indicadas em casos especficos como:
- sempre que as medidas de proteo coletiva forem inviveis, estiverem sendo
implementadas ou no ofeream completa proteo contra os riscos;
- em situaes de emergncia;
- em trabalhos de curta durao;
- como complemento s medidas de proteo coletiva.
A organizao do trabalho consiste em criar ambientes mais cooperativos e
motivadores, evitando situaes desnecessrias por parte dos colaboradores. Essas
medidas consistem em:
- mudana do mtodo de trabalho e da estrutura organizacional para torn-los mais
flexveis e ajustados capacidade do trabalhador;
- participao dos trabalhadores na organizao do trabalho, favorecendo a
integrao e melhorando o ambiente de trabalho;
- reduo do tempo de exposio dos trabalhadores aos riscos, pelo
estabelecimento de rodzios ou pela reduo na jornada de trabalho.
Medidas de higiene e conforto so indispensveis para todo e qualquer
estabelecimento. Segundo a NR no 24 do MTb, estas medidas estabelecem:
- a higiene pessoal que previne doenas ocupacionais e evita a transmisso de
doenas contagiosas;
- a disponibilidade de banheiros, lavatrios, vestirios, armrios, bebedouros,
refeitrios e reas de lazer.
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21
1.7 Objetivos do trabalho
1.7.1 Objetivo Geral
Este trabalho tem como objetivo analisar a percepo dos funcionrios do
Laboratrio de Anlises Clnicas Biocenter sobre a biossegurana em seu ambiente
de trabalho e propor medidas para melhorar a segurana no local.
1.7.2 Objetivos Especficos
V
erificar o nvel de conhecimento sobre biossegurana dos funcionrios do
Laboratrio.
I
nvestigar a utilizao de medidas de segurana laboratorial.
A
valiar como o funcionrio descreve e se posiciona nas situaes de risco na
sua rea de trabalho.
F
azer o mapa de risco dos ambientes do laboratrio.
Propor medidas e rotinas no servio no sentido de adequar o ambiente e
procedimentos s normas de biossegurana
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22
2 Materiais e Mtodos
A pesquisa foi conduzida pelo modelo descritivo de um Estudo de Caso, com
problemas de ao e abordagem qualitativa atravs de uma consulta interna aos
colaboradores nas diversas reas do Laboratrio e observao assistemtica, no
participante e de forma natural. Sendo que o processo de estudo teve incio aps ter
sido autorizado pela Direo do Laboratrio, no qual o projeto da pesquisa foi
apresentado. Alm disso o projeto tambm recebeu autorizao do Comit de tica
em Pesquisa com Seres Humanos da UFSC especialmente pela aplicao de
questionrio aos funcionrios do laboratrio.
2.1 Local de Estudo
O estudo foi realizado no Laboratrio de Anlises Clnicas Biocenter (LACBio),
situado no municpio de Pato Branco PR, na Rua Pedro Ramires de Mello, nmero
278.
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23
Figura 1. Localizao do laboratrio Biocenter no municpio de Pato Branco/PR. (Fonte:
Google Maps)
O LACBio iniciou suas atividades em 1991, sendo hoje composto pela matriz,
mais um posto de coleta no municpio e mais uma unidade de coleta situada no
municpio de So Loureno/SC. Duas novas unidades esto em processo de
implantao nos municpios de Chopinzinho/PR e Palmas/PR.
2.2 Participantes do Estudo
Fizeram parte da pesquisa 12 dos 18 funcionrios do LACBio. A idade variou de 22 a 50 anos, destes 10 do sexo feminino e 2 do sexo masculino, com tempo de servio entre 1 a 33 anos.
2.3 Coleta dos Dados Os dados foram coletados atravs da aplicao de questionrios especficos
para cada setor:
Recepo (anexo1)
Coleta e Produo (anexo 2)
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24
Limpeza, Lavagem e Esterelizao (anexo 3).
Os questionrios tiveram o intuito de pesquisar a percepo de riscos de cada
ambiente, as prticas desenvolvidas, os agentes biolgicos, qumicos e fsicos que
os colaboradores tinham contato. Dados como a utilizao de equipamentos de
proteo individual e coletiva tambm foram levantados nos questionrios.
Alm disso, um estudo minucioso foi realizado em cada ambiente de trabalho
no sentido de propor procedimentos padres ou mudana de prticas.
Para fortalecer a observao do processo de implantao de Biossegurana
foi realizada consulta interna como forma de ter um desenho do fluxo de amostra e
uso de EPIs, elegendo os setores que esto em maior contato com agentes
biolgicos porque eles detm a maior quantidade de pessoas que utilizam EPIs e
fluxo de amostras.
2.4 Anlise dos Dados
Os dados obtidos atravs dos formulrios e do estudo minucioso foram
submetidos anlise de contedo que buscou dar um sentido ao conjunto de
informaes para melhor compreenso. Mastroeni (2006) descreve a supresso do
anexo IV da NR-5, no qual, torna-se necessrio um roteiro para construo do mapa
de risco. O roteiro segue as seguintes etapas:
Levantamento e sistematizao do processo de produo:
- fluxograma de produo;
- descrio dos equipamentos e instalaes;
- descrio dos produtos, materiais e resduos;
- descrio das equipes de trabalho;
- descrio das atividades dos trabalhadores;
- preenchimento da tabela: grupos de riscos; local/atividade;
sintomas/sinais; acidentes/doenas; recomendaes;
Construo da representao grfica.
Seguindo essa metodologia e aps todos os dados levantados o mapa de
risco foi elaborado com a participao dos colaborados do LACBio.
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25
3 RESULTADO Estudo de Caso
3.1 Histrico do Laboratrio de Anlises Clnicas Biocenter
Em 1991 o LACBio iniciou suas atividades no muncipio de Pato Branco,
Paran, no qual era composto por apenas uma unidade, abrangendo somente a
populao local. Com seu crescimento e a busca por novas tecnologias e
equipamentos, o LACBio juntamente com a secretaria de Sade de Pato Branco e
dos muncipios da regio, atende o Sistema Unico de Sade (SUS) bem como
outros diversos convnios.
H 5 anos, o LACBio abriu uma unidade de coleta no trreo do hospital
Thereza Mussi, localizado no munpio de Pato Branco, com o intuito de proporcionar
maior conforto aos seus clientes. Em 2011 uma nova unidade do LACBio extendeu-
se ao muncipio de So Loureno, Santa Catarina e em 2012 duas novas unidades
esto em processo de implantao nos municpios de Chopinzinho/PR e Palmas/PR.
O Laboratrio tem em seu histrico a participao no Programa Nacional de
Controle Externo com incio em 1995, recebendo avaliaes mensais e anuais.
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26
Tambm investiu em um Sistema de Gerenciamento de Qualidade chamado ISO
9001. Sua certificao ocorreu no ano 2000 pela empresa internacional Det Norske
Veritas (DNV) e desde ento recebe auditorias anuais com avaliaes criteriosas
para verificao da manuteno da qualidade dos servios prestados.
3.2 Instalaes
O LACBio situa-se no centro do muncipio, conforme Figura 1, sendo composto
pela matriz e mais uma unidade de coleta localizada no trreo do Hospital Tereza
Mussi, ambas em Pato Branco, PR. A matriz caracterizada por apresentar um
amplo espao fsico, ocupando um prdio de dois andares. No primeiro piso so
encontrados as seguintes salas: recepo, 4 salas de coletas, 5 banheiros, cozinha,
almoxarifado, sala de reunies e sala do departamento financeiro. No segundo piso
encontram-se duas salas amplas (Sala A e Sala B) que compreendem a produo
do Laboratrio. Na sala A encontram-se os setores de bioqumica, imunologia,
hematologia, urinlise e triagem e sala B esto localizados os setores de
microbiologia, parasitologia e esterilizao. Segue abaixo algumas imagens do
LACBio:
Figura 2. Recepo do Laboratrio de Anlises Clnicas Biocenter
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27
Figura 3. Sala de Coleta Adulto Figura 4. Sala de Coleta Infantil
Figura 5. Sala A: Viso Geral Figura 6. Sala A: Triagem e Urinlise
Figura 7. Sala A: Hematologia e Imunologia Figura 8. Sala A: Bioqumica e Imunologia
-
28
Figura 9. Sala B: Microbiologia, Parasitologia e Esterelizao
A biossegurana deve ser implantada aos Laboratrios de Anlises Clnicas
(LAC) desde o seu projeto. Isso, para que o objetivo da minimizao de efeitos
nocivos que porventura possam acontecer sejam evitados com construes
inadequadas. Para um laboratrio NB-2 torna-se imprecindvel os seguintes
requisitos para a rea fsica conforme tabelas:
Tabela 3 Requisitos Recomendados ou Obrigatrios para rea fsica,
conforme o nvel de biossegurana
rea Fsica NB-2
Identificao do nvel de biossegurana e do microorganismo O
Laboratrio afastado de passagens pblicas O
Laboratrio em sala prpria O
Laboratrio separado por antecmara O
Janelas vedadas e inquebrveis O
Acesso controlado O
Acesso restrito a pessoas autorizadas O
Revestimentos lisos de fcil limpeza O
Portas automticas O
Portas trancveis interdependentes O
rea de intercmera para aventais de uso O
reas separadas para roupas e sapatos R
R Recomendado O Obrigatrio Fonte: Adaptado de MASTROENI 2006.
-
29
Tabela 4 Requisitos Recomendados ou Obrigatrios para instalaes ,
conforme o nvel de biossegurana
Instalaes NB-2
Sistema de emergncia de energia eltria O
Dutos de fiao eltrica selados R
Dutos acessveis a manuteno O
Iluminao de emergncia O
Laboratrio com ventilao prpria R
Presso negativa no laboratrio R
Ventilao separada para antecmara R
Filtros HEPA em todas as entradas e sadas do laboratrio R
Exausto de ar independnte da cabide de segurana R
Pia no laboratrio perto da sada O
Pia automtica com pedais da antecmara O
Lava-olhos no laboratrio O
Ralos no laboratrio R
Esgoto tratado antes de juntar-se ao esgoto geral R
Tanque de desinfeco emergencial entre o esgoto do laboratrio e o
esgoto geral
R
Sistema para a preveno de refluxo: ar e esgoto R
gua sob presso baixa, para evitar o refluxo R
Canos de gua selados R
Perfuraes seladas nas paredes/janelas/teto/cho R
R Recomendado O Obrigatrio Fonte: Adaptado de MASTROENI 2006.
3.3 Identificao das Fontes de Risco
3.3.1 Riscos Biolgicos
A classificao e identificao das fontes de riscos biolgicos do LACbio
esto apresentadas na Tabela 3.
Tabela 5 Riscos Biolgicos identificados no Laboratrio de Anlises Clnicas Biocenter
-
30
Tipo de
Microrganismo
Microrganismo
Classificao
Infeco associada
Vrus
Adenovrus tipo 5 2 Infeces do trato
respiratrio superior
Herpes Vrus tipo 1 2 Herpes labial/genital
Rotavrus 2 Diarria
Vrus da Hepatite
A B e C
2 Hepatite
HIV 2 Infeco
Comprometimento do
sistema auto-imune
Citomegalovrus 2 Infeco
citomegalomono-
nucleose
Bactrias
Escherichia coli
2 Diarria
Enterobacter
aerogenes
2 Diarria
Salmonella
typhimurium
2 Salmonelose
Staphylococcus
aureus
2 Intoxicao
Staphylococcus
epidermidis
2 Infeco
Staphylococcus
saprophyticus
2 Infeco
Streptococcus
agalactiae
2 Infeco
Estreptococos alfa-
hemolticos
2 Infeco
Estreptococcus
pneumoniae
2 Infeco
-
31
Enterococos.
Neisserias. Bacilos.
Gnero
Mycobacterium
2 Infeco
Salmonela. Shigela
e Pseudomonas
2 Gastroenterites,
desinteria e infeces
Aspergillus 2 Micoses profundas
Entamoeba
Histolytica
2 Diarria
Como observado na tabela, o LACBio necessita de procedimentos para o
trabalho com microrganismos que exijam nvel 2 de biossegurana (NB 2). Nas salas
A e B no foram encontradas cabines de segurana biolgica (CBS) para a
manipulao dos agentes infecciosos.
3.3.2 Riscos Qumcos
As substncias qumicas utilizadas no LACBio esto descritas abaixo:
- Colorao de Gram
- ter
- cido clordrico
- Tromborel
- Cloreto de Clcio
- Actin
- gar Muller
- Cristal violeta
- Lugol
- lcool-acetona
- Fucsina de Zihel para Gram
- KOH
- Desincroscante pacto (p e lquido)
Quando ao armazenamento, todos os produtos so armazenados de forma
segura e de acordo com suas indicaes. Algumas substncias especficas so
-
32
colocadas em locais diferentes seja por necessidade de armazenamento especial
(refrigerao) ou por alguma incompatibilidade especfica (Anexo 7.8).
3.3.3 Riscos Fsicos
Segundo os questionrios, 42% dos colaboradores relataram excesso de
rudo proveniente dos equipamentos, especficamente centrfugas. A Tabela 2
mostra o tipo de risco fsico e os sintomas proveniente dessa causa.
Tabela 6 Riscos Fsicos identificados no Laboratrio Biocenter
Tipo de Risco
Fsico
Tipo de
Equipamento/Procedimento
Sintomas
Rudos
Centrfugas
Irritao, disperso, pouca
concentrao.
3.3.4 Riscos Ergnomicos
Os principais riscos ergonmicos observados foram relativos m postura do
colaborador, a maioria das vezes por falta de uma concientizao. Contudo,
verificou-se que 34% dos questionrios aplicados houveram indicaes de trabalhar
muitas horas em uma mesma posio, realizar o mesmo movimento repetidamente e
uma indicao de bancadas com alturas inadequadas.
3.3.5 Riscos de Acidente
Foi observado que o armazenamento ou manipulao inadequado do material
biolgico por parte do colaborador se constitui no principal risco de acidentes no
Laboratrio. Dos 12 questionrios, 4 (34%) apresentaram algum tipo de exposio a
riscos biolgicos. Os motivos das exposies ocorreram durante o procedimento
com o esguicho ou espirro de material biolgico, com a manipulao de material
-
33
supostamente no infectante, manipulao da caixa de descarte ou mesmo pelo
reencapamento de agulhas.
Todos os colaboradores mencionaram a utilizao de EPIs durante as
atividades, contudo, foi observado atividades sem a utilizao dos mesmos (luvas e
culas) durante a manipulao do material biolgico. O transporte do material
biolgico de um setor outro, ou de uma unidade a outra, tambm pode trazer
riscos pois tambm foi observado o transporte sem a caixa adequada, ou seja, sem
obedecer as devidas normas da biossegurana.
3.3.6 Resultados Gerais dos Questionrios
A tabela a seguir apresenta os principais tpicos abordados nos
questionrios.
Tabela 7 Resultados Gerais dos Questionrios
Perguntas Respostas
Sexo Feminino: 84%
Masculino: 16%
Idade Entre 22 e 50 anos
Atuao no setor Entre um e 33 anos.
Grau de instruo Curso Tcnico: 25%
Ensino Mdio Completo: 8,4%
Ensino Superior Incompleto: 25%
Superior Completo: 16,6%
Especializao: 8,4%
Sem formao: 16,6%
Participaram de algum treinamento
sobre biossegurana ou medidas
preventivas para reduo de riscos
Sim: 67%
No: 33%
J sofreram algum tipo de exposio a
riscos biolgicos
Sim: 33%
No: 67%
-
34
Rudo inadequado e constante Sim: 42%
No: 58%
Existe calor excessivo no setor ou
problemas com frio
Sim: 0%
No: 100%
Trabalho exercido em postura incorreta Sim: 67%
No: 33%
Se o local de descarte de resduos
adequado
Sim: 100%
No: 0%
Procedimentos especficos para cada
tipo de descarte:
Sim: 100%
No: 0%
3.4 Elaborao do Mapa de Risco
3.4.1 Descrio dos Equipamentos e Instalaes
Sala A: Bioqumica, Imunologia, Hematologia e Urinlise.
A sala possui aproximadamente 40m2, com dois ar-condicionados e lmpada
UV ambiente. a primeira sala ao chegar na produo do LACBio com entrada
permitida de funcionrios e pessoas autorizadas. Os equipamentos encontrados na
Sala A so mostrados na Tabela 5.
Tabela 8 Equipamentos da Sala A
Equipamento Descrio
Uriscan Aparelho analisador qumico de urina
Agitador de Kleine Utilizado para agitar as solues
Banho Maria Utilizado para incubao dos meios de cultura
BIO PLUS IT 2002 Incubador a seco
2 Centrfugas Exerce a funo de macrocentrifugao de
lquidos como urina, soro, etc
-
35
Condutivmetro Usado nas medidas de parametros fiscoqumicos
Contador Diferencial Utilizado para contagem de clulas de lminas
coradas
Fribintimer II Utilizado para a realizao do exame TAP
Homogeinizador Utilizado para homogeinizar as amostras de
sangue para o exame Hemograma
Immulite Utilizado para diagnstico hormonal e doenas
infecciosas
Lavadora Eliza Utilizado para lavar as reaes de Eliza
Leitora de Eliza Stat Fax
2100
Leitor automtico de Microplacas para ensaios
ELISA
Microscpio Aparelho ptico para vizualizao de
microorganismos
Mini Incubadora Cristofoli Armazenamento de culturas de autoclave
Pentra DS 120 Utilizado para realizao do exame Hemograma
Quick Timer Equipamento utilizado para cronometrar diversos
tempos simultaneamente, marcando mais de 20
diferentes horrios com alarme de aviso.
Vitros 350 Realiza exames de Bioqumica
Vitros ECI Utilizado para diagnstico hormonal e doenas
infecciosas
3 Refrigeradores Armazenamento das solues e reagentes
Dia-Fast Equipamento utilizado para pesquisa de
Hemoglobina Glicosilada
Flexor-E Equipamento utilizado para exames de bioqumica.
Mobilias (armrios) Armazenamento de material de consumo e
vidrarias
2 pias Utilizada para higiene das mos
Sala B: Microbiologia, Parasitologia e Esterelizao
A sala possui aproximadamente 15m2, possuindo um ar condicionado e os
equipamentos mostrados na tabela 6.
-
36
Tabela 9 Equipamentos da Sala B
Equipamento Descrio
1 Centrfuga Exerce a funo de macrocentrifugao de
lquidos como urina, soro, etc
1 Deonizador Filtro deonizador de gua de torneira
3 Estufas Incubao de meios de cultura
1 Microscpios Aparelho ptico para vizualizao de
microorganismos
2 Freezers Armazenamento das solues e meios de cultura
1 Televisor Associado ao microscpio para visualizao
Mobilias (armrios) Armazenamento de material de consumo e
vidrarias
3 pias Utilizadas para as coloraes, preparaes dos
reagentes e esterelizao
3.4.2 Fluxograma de Produo
-
37
3.4.3 Descrio e Gerenciamento de Resduos Produzidos pelo Laboratrio de
Anlises Clnicas Biocenter
Basicamente os resduos produzidos pelo LACBio pertencem ao Grupo A,
sendo estes considerados potencialmente infectantes e, os do Grupo D que so os
resduos comuns.
Resduos Pertencentes ao Grupo A:
Material descartado: Soro, plasma, cogulos e urina.
Os tubos contendo soro e/ou plasma e/ou cogulos, aps serem utilizados ou
cumprido seu prazo de estocagem, so direcionados ao setor de limpeza e
esterilizao. Nesse setor, os tubos so vertidos no interior de um recipiente
contendo hipoclorito de sdio diludo a 1:10 com gua para realizarem a
-
38
descontaminao qumica. deixado agir por no minmo uma hora, e depois
desprezado na pia ou vaso sanitrio. Na urina, o mesmo procedimento foi verificado.
Material descartado: Fezes
As fezes diludas foram descartadas diretamente na pia e o resto de material
so descartado na lixeira biolgica. Nos casos em que no houveram contaminao
so descartados em vasos sanitrios.
Material descartado: Secrees e outros fludos orgnicos
A descontaminao qumica realizada pelo Labortario, consistiu em colocar
o material contaminado dentro de um recipiente contendo hipoclorito de sdio diludo
a 1:3 com gua. deixado agir por no minmo uma hora, e depois desprezado na
pia, a qual lavada com gua corrente.
Material descartado: Swabs
Todos os swabs so desprezados dentro de lixeiras contendo saco coletor de
material biolgico. Quando a lixeira atinge a sua capacidade mxima de
armazenamento, foi verificado que os sacos de material biolgico so muito bem
fechados e vedados para posteriormente serem encaminhados coleta de lixo
hospitalar.
Material descartado: Frascos coletores de fezes
Foi verificado que aps retirada uma poro de amostra biolgica para a
realizao do exame, o frasco desprezado no interior de lixeiras contendo saco de
coleta para material biolgico. Quando os sacos atingiram sua capacidade de
armazenamento, so fechados e vedados e encaminhados coleta de lixo
hospitalar.
Material descartado: Materiais de consumo nos equipamentos automatizados
Todo material descartvel usado pelos equipamentos na realizao de
exames so descartados no interior das lixeiras contendo sacos coletores para
material biolgico. Quando os sacos atingiram sua capacidade de armazenamento,
so fechados e vedados e encaminhados coleta de lixo hospitalar.
-
39
Material descartado: Meios de cultura contaminados
Nesses casos adicionado hipoclorito de sdio 1% at cobrir a superfcie dos
meios de cultura e deixado agir por no mnimo, 30 minutos. Os meios de cultura
confeccionados em placa de plstico so descartados inteiros no coletor de material
biolgico e destinados coleta de lixo hospitalar. A parte dos meios de cultura das
placas de vidro so retiradas e descartadas no coletor de material biolgico e
destinados coleta de lixo hospitalar.
Resduo Pertencente ao Grupo A e ao Grupo D:
Material descartado: Luvas descartveis
Foi observado que todas as luvas so descartadas nas lixeiras que contm
saco coletor para material biolgico, o qual encaminhado ao lixo hospitalar aps
chegar a sua capacidade mxima.
Resduo Pertencente ao Grupo D:
Material descartado: Papel, plstico, papelo e isopor
Foi observado a utilizao de lixeiras com a descrio de materiais
reciclveis.
3.4.4 Descrio das Equipes de Trabalho
Durante a pesquisa o LACBio contava com 9 profissionais que atuavam na
produo. Dentre eles, 3 eram bioqumicos, 2 farmacuticos e 4 tcnicos em
enfermagem. A idade vriava entre 24 55 anos, sendo a jornada de trabalho de
nove horas dirias, com intervalo para almoo de 1 hora e meia ou 2 horas, e
jornada de 6 horas (meio perodo).
3.4.5 Grupo de Risco x Fontes x Sintomas x Doenas/Acidentes
-
40
Tabela 10 Relatrio de Anlise de Risco
Grupo de
Risco
Fontes Sintomas Doenas de
Trabalho/Acidente
Biolgico
freezers, culturas,
amostras positivas
especficos para cada
patgeno (febre,
mal-estar, dor no
corpo, vmito)
infeces relativas
a cada patgeno
Qumico
estoque de produtos
qumicos (reagentes)
irritao nos olhos,
nariz, queimadura
queimaduras
Fsico
rudos
irritao, pouca
concentrao, dor de
cabea.
aumento da
pulsao,
cansao, irritao
Acidente
deficincias nas
instalaes ou em
mquinas e
equipamentos,
armazenamento
inadequado, perfuro-
cortantes
perfurao com
materiais
contaminados,
queimadura, cortes,
deslocamentos
desnecessrios
infeco com
patgenos, fadiga,
estresse, desgaste
fsico
Ergonmico banquetas,
computadores
postura inadequada dores
musculares/lombar
es, Ler/DORT,
deformidades na
coluna
3.4.6 Mapas de Riscos
-
40
3.4.6.1 Mapa de Risco: SALA A
-
41
3.4.6.2 Mapa de Risco: SALA B
-
42
4 Discusso
Muitas so as normativas e procedimentos publicados que procuram cobrir a
deficincia da regulamentao de Biossegurana em Sade. No setor de sade
necessrio visar a minimizao dos comprometimentos com a prestao destes
servios, principalmente no que se refere aos riscos de incidentes, acidentes e
exposies ocupacionais (CONCEPCIN, 2001).
Neste contexto, so necessrias iniciativas voltadas ao controle e/ou soluo
de todos os fatores desfavorveis conduo das atividades, principalmente em
estabelecimentos laboratoriais clnicos como o analisado que primam pela
qualidade e responsabilidade dos resultados e pela garantia da segurana e da
sade de todos os envolvidos no servio (MATTOS, 1996).
Esta constatao apresenta-se coerente com os dados coletados pelo modelo
desenvolvido na pesquisa, o qual tornou possvel a identificao de irregularidades
favorecedoras de risco em um laboratrio de anlises clnicas. Mostrou-se eficiente,
tambm, ao possibilitar a adoo de recomendaes para a correo e/ou controle
de tais elementos.
Em paralelo, acredita-se que a pesquisa tenha despertado, em grande parte
dos envolvidos no servio, a formao de uma imagem mais clara do processo em
que atuam, permitindo uma reavaliao de suas posturas e atitudes.
Desde o planejamento os LACs precisam implantar a biossegurana em sua
estrutura. Assim, atravs da tabela 3 e tabela 4 no item 3.2, verificou-se que dentre
os requisitos obrigatrios e recomendados, o LACBio possui alguns elementos que
precisam ser instalados para que ocorra a minimizao de possveis efeitos nocivos.
Na rea fsica, a identificao no nvel de biossegurana e do microrganismo,
janelas vedadas e inquebrveis, portas automticas e portas trancveis
interdependentes no foram encontrados. E nos requisitos referentes as instalaes,
a pia automtica com pedais e o lava-olhos tambm no foram encontrados, sendo
todos estes requisitos obrigatrios (FIOCRUZ, 1998).
Outro elemento importante para conteno de efeitos nocivos em um LAC o
uso do Equipamento de Proteo Coletiva (EPC) chamado de CBS. As CBS
possuem como funo primordial a reteno de partculas contaminantes no ar, ou
seja, que envolvam a formao de aerossis (MASTROENI 2006). O risco biolgico
-
43
pode ser minimizado com o uso dessa EPC, o qual, no verificou-se a existncia da
mesma.
Quanto ao armazenamento dos produtos no houve nenhuma divergncia
necessidade de se atentar para as possveis incompatibilidades das subtncias.
Alm disso, a quantidade de reagente necessria para as atividades pequena,
tornando o risco qumico ainda menor. Tambm foi observado que nas bancadas
ficam expostos somente a quantidade necessria de reagente, que em caso de
derrame, a quantidade da substncia continua a ser pequena. O estoque das
quantidades grandes de substncias so armazenados em armrios localizados
abaixo das bancadas, perto do cho, segundo as compatibilidades.
Dos 12 questionrios aplicados, 6 deles (50%) destinararam-se
especficamente aos funcionrios que atuam diretamente no setor de Anlises.
Quatro funcionrios (34%) relataram excesso de rudo durante as atividades,
provenientes dos equipamentos. Como relatado o item 3.3.3 as consequncias
esse risco so a irritao, disperso e pouca concentrao. Segundo a Norma
Regulamentadora 17, do Ministrio do Trabalho e Emprego, estabelece que o nvel
de rudo de conforto de at no mximo 65dB. Em complementao a NR 15
MTE, considera-se insalubre a atividade desenvolvida em um perodo de 8 horas
dirias com o nvel de rudo contnuo e superior a 85dB. Considerando que os
funcionrios do LACBio realizam um perodo dirio de 9 horas, e com interrupes,
onde o rudo no contnuo, o LACBio est dentro das normas vigentes.
Alm dos riscos mencionados, o risco ergonmico tambm pode ser
ressaltado pois est diretamente relacionado na adequao ou compatibilidade da
tarefa. Os mtodos e as tcnicas precisam estar focados em conhecer as
caractersticas das tarefas/objetos e das pessoas envolvidas. A ergonomia pode ser
relacionada com a biossegurana em sade, onde se reconhece os problemas e as
dificuldades relacionadas com os critrios de segurana e qualidade. Constatou-se
na pesquisa que 34% dos colaboradores indicaram problemas ergonmicos
provenientes da rotina de trabalho e da adequao do local. Foi verificado no
LACBio que todo ano um tcnico da Medicina Preventiva do Trabalho realiza
avaliaes ergonmicas. Segundo registros nenhuma divergncia foi constatada,
contudo, a anlise ergonmica do trabalho tem como conceito fundamental a
maneira como o colaborador realmente trabalha, e no somente o trabalho prescrito.
-
44
Diante disso, a CIPA tem como objetivo a preveno de acidentes e doenas