CAROLINE LEMES POZZA MORALES AVALIAÇÃO DE … · avaliação de sinais vitais se aliado ao...

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CAROLINE LEMES POZZA MORALES AVALIAÇÃO DE PACIENTES GRAVES EM EMERGÊNCIA E TERAPIA INTENSIVA A PARTIR DA ESCALA MEWS: REVISÃO SISTEMÁTICA SEM METANÁLISE Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito para obtenção do título de Mestre em Enfermagem. Área de concentração: Filosofia, cuidado em saúde e enfermagem. Linha de Pesquisa: Tecnologia e Gestão em Educação, Saúde, Enfermagem. Orientadora: Dra. Sayonara de Fátima Faria Barbosa FLORIANÓPOLIS 2016

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  • CAROLINE LEMES POZZA MORALES

    AVALIAO DE PACIENTES GRAVES EM EMERGNCIA E

    TERAPIA INTENSIVA A PARTIR DA ESCALA MEWS:

    REVISO SISTEMTICA SEM METANLISE

    Dissertao apresentada ao Programa

    de Ps-Graduao em Enfermagem da

    Universidade Federal de Santa

    Catarina, como requisito para obteno

    do ttulo de Mestre em Enfermagem.

    rea de concentrao: Filosofia,

    cuidado em sade e enfermagem.

    Linha de Pesquisa: Tecnologia e

    Gesto em Educao, Sade,

    Enfermagem.

    Orientadora: Dra. Sayonara de Ftima

    Faria Barbosa

    FLORIANPOLIS

    2016

  • .

  • Dedicatria

    minha famlia pelo incentivo,

    apoio, compreenso e carinho. Aos

    meus filhos, Helena e Eduardo, que

    so minhas grandes motivaes. E

    ao meu esposo que com seu apoio,

    amor, incentivo e dedicao, pude

    avanar mais uma etapa enquanto

    enfermeira.

  • Agradecimentos

    Agradeo:

    minha filha, Helena, pelas artes e pelo riso solto que acalenta meu dia

    e me faz muito feliz, alm de aceitar e permitir os momentos de minha

    ausncia. Ao meu esposo, Rafael, pela compreenso da importncia

    dessa fase e por no medir esforos para ajudar e tornar a caminhada

    mais leve.

    professora orientadora, Profa. Dra. Sayonara pela calma, mesmo nos

    momentos mais difceis dessa caminhada, pelos ensinamentos e

    conversas.

    s colegas e s amigas do mestrado do PEN- UFSC pelas ricas

    discusses e possibilidade de trocar figurinhas durante todo o curso.

    Aos amigos Elaine, Lessandra, Marcelo, Lara, Vitor, Celina, Fbio,

    William, Filipe, Leandra, Jovana e Miguel, pois sem os churrascos e

    rodas de chimarro dos finais de semana para descontrair o caminho

    teria pedras maiores.

    minha sogra que muito ajudou deixando sua casa para me apoiar

    nessa jornada.

    Por fim, agradeo, em especial, aos meus pais, pois perceber o brilho

    nos olhos deles com a concluso dessa etapa me estimula e motiva para

    enfrentar novos desafios.

  • MORALES, Caroline Lemes Pozza. Avaliao de pacientes graves em

    emergncia e terapia intensiva a partir da escala MEWS: reviso

    sistemtica sem metanlise. 2016. 89f. Dissertao (Mestrado em

    Enfermagem) - Programa de Ps-Graduao em Enfermagem,

    Universidade Federal de Santa Catarina, Florianpolis, 2016.

    Orientadora: Dra. Sayonara de Ftima Faria Barbosa

    Linha de pesquisa: Tecnologias e Gesto em Educao, Sade,

    Enfermagem

    RESUMO

    Trata-se de um estudo cujos objetivos foram identificar evidncias que

    determinam a validade preditiva e avaliar o impacto do Modified Early Warning Score para mortalidade, parada cardaca e parada respiratria

    em pacientes internados em Unidades de Emergncia e Terapia

    Intensiva Adulta. Realizou-se uma reviso sistemtica sem metanlise a

    partir das seguintes etapas: definio da estratgia de busca; definio

    dos critrios de incluso (artigos originais em ingls, espanhol ou

    portugus que fornecessem dados primrios relevantes para questo de

    pesquisa; populao de estudo composta por pacientes adultos - maiores

    de 18 anos - em situao crtica de sade internados em unidades de

    Emergncia ou Terapia Intensiva Adulta; delineamento estudo de coorte

    ou ensaio clnico controlado) e excluso (estudos realizados em outros

    setores hospitalares, que no inclussem os resultados ou examinaram os

    resultados fora do escopo de trabalho); busca nas bases de dados

    (PUBMED/MEDLINE, SCIENCE DIRECT, SCOPUS, e CINAHL,

    realizada de setembro a novembro de 2015); identificao dos estudos;

    leitura dos resumos e discusso de consenso pelos revisores; abstrao

    dos dados, avaliao da qualidade dos estudos e teste do mtodo;

    avaliao crtica da qualidade metodolgica; coleta, organizao e

    anlise dos dados; incluso dos resultados em planilha eletrnica. Com

    isso, foram encontrados 2074 registros, dos quais 1764 eram duplicados

    e 298 foram excludos por no terem sido realizados em unidades de

    Emergncia e de Terapia Intensiva, ou por no apresentarem

    delineamento de coorte ou ensaio clnico, ou por usarem como critrio

    de incluso idade abaixo de 18 anos. Por fim, para a sntese qualitativa,

    foram includos 12 artigos, publicados de 2006 a 2015. Assim, foi

    identificado que o Modified Early Warning Score apresenta validade

  • preditiva podendo ser utilizado como instrumento de estratificao e de

    avaliao de sinais vitais se aliado ao julgamento clnico dos

    profissionais, entretanto, quando comparado a outros escores, apresenta

    uma preciso diagnstica menor. Na anlise do impacto do Modified

    Early Warning Score, foram selecionados seis estudos, que

    evidenciaram benefcios na identificao de mau prognstico e

    diminuio das chances de alarmes falsos, alm de servir de alerta para

    necessidade de interveno. Entretanto, sua utilizao no traz melhores

    desempenhos na deteco de deteriorao clnica. Assim, recomenda-se

    a realizao de novos estudos sobre o impacto do Modified Early

    Warning Score nas Unidades de Emergncia e Terapia Intensiva Adulta.

    Palavras-chave: Sistemas de Alerta Rpido; Mortalidade Hospitalar;

    Segurana do Paciente; Servio Hospitalar de Emergncia; Unidades de

    Terapia Intensiva.

  • MORALES, Caroline Helms Pozza. Evaluation of critically ill

    patients in emergency and intensive care from the MEWS scale: a

    systematic review without meta-analysis. 2016. 89F. Dissertation

    (Masters in Nursing) - Program Graduate Nursing, Federal University of

    Santa Catarina, Florianpolis, 2016.

    Advisor: Dr. Sayonara de Ftima Faria Barbosa.

    Research line: Technology and Management in Education, Health,

    Nursing

    SUMMARY

    This is a study that aimed to identify evidence to determine the

    predictive validity and evaluate the impact of the Modified Early

    Warning Score for mortality, cardiac arrest and respiratory failure in

    patients admitted to the Emergency Unit and Adult Intensive Care Unit.

    It was conducted a systematic review without meta-analysis from the

    following steps: definition of search strategy; definition of inclusion

    criteria (original articles in English, Spanish or Portuguese to provide

    relevant primary data for research question, study population consisted

    of adults - 18 years - in critical situation hospitalized in emergency or

    adult intensive care units; cohort study design or controlled clinical trial)

    and exclusion criteria (studies in other hospital departments, which did

    not include the results or examined the results outside the scope of

    work); search in databases (PubMed / MEDLINE, SCIENCE DIRECT,

    SCOPUS and CINAHL, held from September to November 2015);

    identification of studies; reading the abstracts and consensus discussion

    by reviewers; data abstraction, quality assessment studies and test

    method; critical assessment of methodological quality; collecting,

    organizing and analyzing data; inclusion of the results in a spreadsheet.

    Thus, were found in 2074 records, of which 1764 were duplicated and

    298 were excluded because they were not conducted in Emergency and

    Intensive Care units, or for not presenting cohort or clinical trial design,

    or had as an inclusion criterion age below 18 years. Finally, for the

    qualitative synthesis were included 12 articles published from 2006 to

    2015. Thus, it was identified that the Modified Early Warning Score has

    predictive validity and can be used as a stratification tool and

  • assessment of vital signs allied to the clinical trial professionals,

    however, when compared to other scores, has a lower diagnostic

    accuracy. In analyzing the impact of the Modified Early Warning Score

    were selected six studies that showed benefits in identifying poor

    prognosis and decreased the chances of false alarms, as well as serve as

    an alert to the need for intervention. However, their use has not

    improved performance in the detection of clinical deterioration. Thus, it

    is recommended to carry out further studies on the impact of the

    Modified Early Warning Score in Emergency Units and Intensive Care

    Adult.

    Keywords: Early Warning Systems; Hospital mortality; Patient Safety;

    Emergency Service, Hospital; Intensive Care Units.

  • MORALES, Caroline Lemes Pozza. La evaluacin de los pacientes

    crticamente enfermos en urgencias y cuidados intensivos de la

    escala ANTIGUA: una revisin sistemtica y sin meta-anlisis.

    2016. 89f. Disertacin (Maestra en Enfermera) - Postgrado en

    Enfermera de la Universidad Federal de Santa Catarina, Florianpolis,

    2016.

    Orientadora: Dra. Sayonara de Ftima Faria Barbosa

    Linha de pesquisa: Tecnologias e Gesto em Educao, Sade,

    Enfermagem

    RESUMEN

    Se trata de un estudio cuyo objetivo era identificar las evidencias para

    determinar la validez predictiva y evaluar el impacto de lo Modified

    Early Warning Score para la mortalidad, paro cardaco e insuficiencia respiratoria en pacientes ingresados en la Unidad de Emergencia y

    Cuidados Intensivos Adultos. Se realiz una revisin sistemtica y sin

    meta-anlisis de los siguientes pasos: definicin de estrategia de

    bsqueda; definicin de los criterios de inclusin (artculos originales en

    Ingls, espaol o portugus para proporcionar datos primarios relevantes

    para la pregunta de investigacin, poblacin de estudio consta de adultos

    - 18 aos - en emergencia de salud ingresados en las unidades de

    emergencia o el cuidado intensivo de adultos; diseo cohorte de estudio

    o ensayo clnico controlado) y exclusin (estudios en otros

    departamentos del hospital, que no incluyeron los resultados o

    examinaron los resultados fuera del mbito del trabajo); la bsqueda en

    bases de datos (PubMed / MEDLINE, Science Direct, SCOPUS y

    CINAHL, que tuvo lugar de septiembre a noviembre de 2015);

    identificacin de los estudios; la lectura de los resmenes y debate de

    consenso por los colaboradores; la abstraccin de datos, estudios de

    evaluacin de la calidad y mtodo de ensayo; evaluacin crtica de la

    calidad metodolgica; la recopilacin, organizacin y anlisis de datos;

    inclusin de los resultados en una hoja de clculo. Por lo tanto, se

    encontraron en 2074 los registros, de los cuales 1.764 fueron duplicados

    y 298 fueron excluidos debido a que no se llevaron a cabo en las

    unidades de cuidados intensivos y emergencia, o por no presentar

  • cohorte de diseo o ensayo clnico, o para su uso como una edad criterio

    de inclusin menores de 18 aos. Por ltimo, se incluyeron para la

    sntesis cualitativa de 12 artculos publicados entre 2006 y 2015. Por lo

    tanto, se identific que lo Modified Early Warning Score tiene validez

    predictiva y puede ser utilizado como una herramienta de estratificacin

    y evaluacin de los signos vitales aliada con el juicio clnico

    profesionales, no obstante, cuando se compara con otras puntuaciones,

    tiene una menor precisin de diagnstico. Al analizar el impacto de la

    puntuacin de lo Modified Early Warning Score seis estudios que

    mostraron beneficios en la identificacin de mal pronstico y

    disminuyeron las posibilidades de falsas alarmas, adems de servir

    como una alerta a la necesidad de la intervencin. No obstante, su uso

    no ha mejorado el rendimiento en la deteccin de deterioro clnico. Por

    lo tanto, se recomienda llevar a cabo ms estudios sobre el impacto de lo

    Modified Early Warning Score en las Unidades de Emergencia y

    Cuidados Intensivos de Adultos.

    Palavras-chave: Sistemas de Alerta Temprana; Mortalidad

    Hospitalaria; Seguridad Del Paciente; Servicio de Urgencia em

    Hospital; Unidades de Cuidados Intensivos.

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    APACHE Acute Physiology and Chronic Health disease

    Classification System

    ASSIST Assessment Score for Sick patient Identification and Step-

    up in Treatment

    CCHSA Canadian Council on Health Services Accreditation

    CCI Charlson Comorbidity Index

    EAs Eventos adversos

    ECR Ensaios clnicos randomizados

    EMG Emergncia

    ERC European Resuscitation Council

    ESI Emergency Severity Index

    EWS Early Warning System

    HOTEL Hypotension, Oxigen Saturation, Temperature, ECG

    abnormality, Loss of independence

    ICPS International Classification for Patient Safety

    IHI Institute for Healthcare Improvement

    IOM Institute of Medicine

    MEDS Mortality in Emergency Department Sepsis

    MET Medical Emergency Team

    MEWS Modified Early Warning System

    mMEDS modified Mortality in Emergency Department Sepsis

    MS Ministrio da Sade

    MTS Manchester Triage System

    NEWS National Early Warning Score

  • NICE National Institute for Health and Clinical Excellence

    OMS Organizao Mundial da Sade

    ONA Organizao Nacional de Acreditao

    PCR Parada Cardiorrespiratria

    PEDS Prince of Wales Emergency Department Score

    PNSP Programa Nacional de Segurana do Paciente

    PRISMA Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and

    Meta-Analysis

    RCP Royal College of Physicians

    Rebraensp Rede Brasileira de Enfermagem e Segurana do Paciente

    Riensp Rede Internacional de Enfermagem e Segurana do

    Paciente

    REMS Rapid Emergency Medicine score

    ROC Receiver Operating Characteristic Curve

    SAP Severe Acute Pancreatitis

    SAPS Simplified Acute Physiology Score

    SEWS Standardized Early Warning System

    SIRS Sndrome da Resposta Inflamatria Sistmica

    SOBEEN

    F Sociedade Brasileira de Enfermagem em Feridas e Esttica

    SPI Safer Patients Initiative

    SSSS Severe Sepsis and Septic shock

    TRR Times de Resposta Rpida

    UTI Unidades de terapia Intensiva

    ViEWS VitalPAC Early Warning Score

    WPS Worthing Physiological Scoring System

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Fluxograma de Seleo dos Estudos......................................63

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 1 - MEWS (Modified Early Warning System)..50

    Quadro 2 - Sintaxe de Busca na Base de dados PUBMED....................58

    Quadro 3 - Nvel de Evidncia e Guias de Qualidade conforme Johns

    Hopkins...................................................................................................66

    Quadro 4- Caracterizao dos Estudos..................................................85

  • Sumrio

    1. INTRODUO........................................................................ 21

    2. OBJETIVO ............................................................................... 27

    3. REVISO DE LITERATURA ................................................ 28

    3.1 O cuidado e a segurana do paciente nas unidades de

    emergncia e terapia intensiva ..................................................... 28

    3.2 Sistemas de pontuao de alerta precoce .......................... 37

    3.3 Enfermagem baseada em evidncia.................................. 47

    4. MTODO ................................................................................. 50

    4.1 Delineamento da pesquisa ................................................ 50

    4.2 Estratgia de busca ........................................................... 50

    4.3 Seleo dos estudos .......................................................... 54

    4.4 Critrios de incluso e excluso ....................................... 57

    4.5 Abstrao de dados e avaliao da qualidade dos estudos57

    4.6 Sntese dos dados.............................................................. 60

    5. RESULTADOS E DISCUSSO ............................................. 61

    5.1 Manuscrito 1 Valor preditivo do escore MEWS em

    emergncia e terapia intensiva adulto: reviso sistemtica sem

    metanlise. .................................................................................... 62

    5.2 Manuscrito 2 Impacto do escore MEWS em emergncia e

    terapia intensiva adulto: reviso sistemtica sem metanlise ..... 103

    6. CONSIDERAES FINAIS ................................................. 136

    REFERNCIAS ............................................................................. 138

  • APNDICES 1- Caracterizao dos estudos includos na reviso

    sistemtica ...................................................................................... 149

    ANEXO 1 - Checklist PRISMA ................................................. 159

    ANEXO 2 - Fluxograma da Reviso Sistemtica ....................... 160

  • 21

    1. INTRODUO

    Paciente grave aquele que se encontra em risco iminente de

    morte ou de perder funo de rgos ou sistemas, bem como aquele em

    condio clnica de fragilidade, necessitando de assistncia e cuidados

    imediatos (BRASIL, 2011a). Esse paciente apresenta risco de eventos

    agudos que podem ocorrer a qualquer momento, precisando de

    vigilncia constante, cuidados especializados e de ambiente organizado

    com proviso de recursos adequados (LINO; SILVA, 2010).

    Com o avano e a utilizao de tecnologias, os pacientes em

    situaes clnicas complexas foram separados dos demais em setores

    especficos, onde o servio e o ambiente permitiam monitorizao

    contnua e atendimento imediato, alm da necessidade de

    desenvolvimento de habilidades tcnico-cientficas dos profissionais

    (LINO; SILVA, 2010; SILVA; SANCHES; CARVALHO, 2007).

    Durante o tratamento mdico-hospitalar existe a confiana que

    os profissionais prestaro os cuidados necessrios promoo e

    reabilitao da sade com qualidade e segurana. Contudo, sabe-se que

    nesse perodo o paciente est vulnervel a ocorrncia de erros e enganos

    que resultam ou no em eventos adversos (EAs). Importante ressaltar

    que erros so processos involuntrios ao desempenhar uma tarefa

    automtica e enganos so resultados de escolhas incorretas e conscientes

    (WACHTER, 2013).

    Assim, apesar da preocupao com o princpio tico da no-

    maleficncia, EAs ocorridos pelos cuidados em sade eram entendidos,

    anteriormente, como aceitveis, ou at mesmo como inevitveis. Porm,

  • 22

    a publicao do relatrio To Err is Human building a safer health

    system pelo Institute of Medicine (IOM) dos Estados Unidos (KOHN;

    CORRIGAN; DONALDSON, 1999), evidenciou as graves implicaes

    dos erros para todos os envolvidos no cuidado, emergindo novas

    exigncias aos profissionais e aos gestores das instituies de sade.

    Nesse sentido, as questes relacionadas segurana do paciente

    tornaram-se objeto de interesse mundial, sendo incorporada aos

    atributos da qualidade (segurana, efetividade, cuidado centrado no

    paciente, oportunidade, eficincia e equidade) pelo IOM.

    (COMMITTEE ON QUALITY OF HEALTH CARE IN

    AMERICA, 2001).

    Em 2004 foi criado, pela Organizao Mundial da Sade

    (OMS), um programa para organizar conceitos e propor medidas para

    reduo de riscos, o Patient Safety Program. Recentemente, no Brasil, o

    Ministrio da Sade (MS) instituiu o Programa Nacional de Segurana

    do Paciente (PNSP) para a qualificao dos cuidados em sade,

    apresentando quatro eixos: estmulo a uma prtica assistencial segura;

    envolvimento do cidado na sua segurana; incluso do tema no ensino;

    e o incremento de pesquisas (Brasil, 2013). Com isso, busca-se

    promover a cultura de segurana do paciente. um grande desafio, pois

    transcende a prpria segurana do paciente, passando a existir no

    momento em que os profissionais e gestores assumem responsabilidade

    pela sua prpria segurana, de seus colegas, dos pacientes e dos

    familiares; priorizam a segurana acima das metas financeiras e

    operacionais; encorajam e recompensam a notificao e resoluo de

    problemas de segurana; promovem aprendizado organizacional a partir

  • 23

    de incidentes; e proporcionam recursos, estrutura e responsabilizao

    para manuteno efetiva da segurana (BRASIL, 2014b).

    No que se refere ao paciente em situao grave, este necessita

    de um cuidado diferenciado, em que a equipe de sade possa atender s

    mudanas no seu quadro clnico de forma rpida e assertiva, evitando os

    atrasos no incio da conduta teraputica. Esses fatores determinam o

    prognstico do paciente, mas por outro lado, o ambiente de alta

    complexidade pode favorecer ocorrncia de EAs.

    Busca-se, ento, a utilizao de estratgias para reconhecer os

    agravos clnicos, definir condutas, antecipar o incio teraputico e evitar

    a demora da determinao diagnstica e de tratamento. Tais estratgias,

    como a implementao de Times de Resposta Rpida (TRR) e Sistemas

    de Alerta Precoce (SAP) como o Modified Early Warning System

    (MEWS), tm demonstrado mudanas relevantes no atendimento aos

    pacientes de unidades clnicas e cirrgicas de mdia complexidade com

    consequente preveno de EAs (WACHTER, 2013; MOURA;

    MENDES, 2012; GONALES et al., 2012; VIANA, 2013).

    Ao perceber que o paciente apresenta sinais e sintomas de

    deteriorao clnica antes de evoluir para um agravo, como uma Parada

    Cardiorrespiratria (PCR), as instituies de sade iniciaram a

    implantao de TRRs estruturados com uma equipe multiprofissional

    especializada (enfermeiro, fisioterapeuta e mdico). O propsito dessas

    equipes o atendimento imediato ao primeiro sinal de agravo

    fisiolgico em unidades de internao no intensiva. Essa prtica tem

    sido incentivada por rgos internacionais e brasileiros que estimulam a

    Segurana do Paciente objetivando a reduo de morbimortalidade por

  • 24

    PCRs e admisses no planejadas em Unidades de Terapia Intensiva

    (UTI), tais como: o Institute for Healthcare Improvement (IHI), o

    Canadian Council on Health Services Accreditation (CCHSA) e a

    Organizao Nacional de Acreditao (ONA) (GONALES et al., 2012;

    VIANA, 2013).

    Para Chan et al. (2010) os TRRs aumentaram a quantidade de

    atendimentos de PCR em 33,8%, mas sem associao reduo

    significativa na mortalidade hospitalar. Entretanto, Gonales et al.

    (2012) observou que a implementao de TRR reduziu em 59% a taxa

    de PCR em 1000 altas no hospital pesquisado, reduzindo o nmero de

    mortes entre esses pacientes, sendo observada essa reduo em todas

    unidades hospitalares, incluindo a Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

    Nesse cenrio, a Enfermagem desafiada a identificar pequenas

    mudanas no quadro clnico do paciente grave, prevenindo atraso no

    atendimento. Isso porque estes profissionais permanecem beira do

    leito durante as 24h do dia, tendo como controle a aferio, o registro e a

    observao dos sinais vitais (MACHADO; HADDADE; ZOBOLI,

    2010; FERREIRA, 2006).

    Os sinais vitais so indicadores de risco iminente de agravo e de

    admisso em UTI. Em 1997, Morgan, Williams e Wright, ao observar os

    sinais vitais de pacientes, desenvolveram uma escala de alerta precoce, a

    Early Warning System (EWS) que pontua os sinais vitais, estabelecendo

    um escore que permite antever o risco de agudizao do quadro clnico,

    durante sua aferio. Assim, os profissionais podem planejar suas aes

    a fim de prevenir ou minimizar complicaes em sade e suas

    consequncias (MORGAN; WILLIAMS; WRIGHT, 1997).

  • 25

    Nesse contexto, o sistema de alerta precoce modificado MEWS,

    desenvolvido a partir da EWS, vem sendo utilizado em unidades de

    cuidados e tratamento no intensivos como estratgia de alerta para o

    TRR, buscando a reduo da morbimortalidade de pacientes que

    apresentam deteriorao fisiolgica e piora clnica (VIANA, 2013;

    GONALES et al., 2012; GEORGAKA; MPARMPAROUSI; VITOS,

    2012).

    Sendo a UTI e a Emergncia (EMG) ambientes de alta

    complexidade, com cuidados intensivos e condutas rapidamente

    modificveis, o paciente se torna especialmente vulnervel a erros

    passveis de causar danos permanentes e/ou morte. Nesses ambientes o

    profissional deve estar atento aos sinais e sintomas que do indcios de

    agravamento do quadro clnico e deve responder s demandas do

    paciente de forma rpida e dinmica. Para isso, importante predizer e

    antever situaes de risco e de instabilidade. Entretanto, mesmo que o

    profissional possua habilidades terico-prticas para lidar com as

    situaes de agravos e mantenham seus pacientes devidamente

    monitorizados, utilizar uma escala de alerta precoce pode indicar as

    pequenas mudanas e facilitar a comunicao entre a prpria equipe.

    A escala de alerta precoce MEWS tem o objetivo de identificar

    pacientes com risco de piora clnica e, assim, empoderar os profissionais

    nas escolhas de intervenes de preveno de parada cardiorespiratria.

    A adoo da escala MEWS, ao atribuir valores que padronizam e

    valorizam os sinais precoces de deteriorao fisiolgicas, pode trazer um

    melhor desfecho para o quadro clnico desses pacientes.

  • 26

    Entretanto, para a promoo da segurana do paciente em uma

    rea dinmica e complexa, a enfermagem deve inovar e aprimorar suas

    prticas em busca da excelncia do cuidado utilizando-se de evidencias

    cientficas robustas e bem desenvolvidas. Para tanto, fundamental a

    realizao de Revises Sistemticas, pois tem como premissa evidenciar

    o impacto das aes escolhidas atravs de rigorosa busca e sntese dos

    estudos j realizados superando vieses em todas as suas etapas.

    (PEDREIRA, 2009; CRUZ; PIMENTA, 2005; GALVO; SAWASA;

    TREVIZAN, 2004).

    Assim, relevante a identificao dos estudos que j foram

    realizados e o desenvolvimento da sntese desses, por meio de Revises

    Sistemticas, para que sejam apontadas as evidncias que determinam a

    validade preditiva e o impacto da aplicao da escala de alerta precoce

    MEWS e a resposta das equipes aos indcios de deteriorao clnica

    dentro da UTI e EMG.

    Com isso, a presente reviso sistemtica visa responder a

    seguinte questo de pesquisa:

    Quais as evidncias que determinam a validade preditiva e o

    impacto do escore de alerta precoce modificado MEWS para

    mortalidade, parada cardaca e parada respiratria de pacientes

    internados em Unidades de Emergncia e Terapia Intensiva Adulta?

  • 27

    2. OBJETIVO

    Identificar, na literatura, as evidncias que determinam a

    validade preditiva e avaliar o impacto do escore de alerta

    precoce modificado MEWS para mortalidade, parada cardaca

    e parada respiratria em pacientes internados em Unidades de

    Emergncia e Terapia Intensiva Adulta.

  • 28

    3. REVISO DE LITERATURA

    De modo a contemplar diferentes aspectos considerados para o

    desenvolvimento do estudo, foi realizada uma busca na literatura

    categorizada em temas e apresentada em 3 subcaptulos a seguir: o

    cuidado e a segurana do paciente nas unidades de emergncia e terapia

    intensiva; sistemas de pontuao de alerta precoce, e; enfermagem

    baseada em evidncias.

    3.1 O cuidado e a segurana do paciente nas unidades de

    emergncia e terapia intensiva

    A EMG se caracteriza como porta de entrada dos pacientes

    graves ao hospital, cujo atendimento deve ser realizado em um curto

    espao de tempo para estabilizao das funes vitais e, aps,

    encaminhamento do paciente a outros setores onde se dar continuidade

    aos cuidados e tratamentos teraputicos (LOPES, 2009). Uma dessas

    Unidades pode ser a UTI, que se caracteriza ao atendimento aos

    pacientes instveis que necessitam de cuidados intensivos e

    especializados.

    As UTIs foram criadas a fim de separar os pacientes em

    situao crtica de sade em local com proviso de equipamentos e

    materiais para desenvolver o cuidado contnuo e intensivo a fim de

    restabelecimento das funes vitais do organismo.

    Assim ambas unidades so destinadas aos pacientes que

    apresentam instabilidade de um ou mais sistemas orgnicos, com risco

    de morte, e aos pacientes que possuem potencial risco de instabilidade

  • 29

    de suas funes vitais (LOPES, 2009; LINO; SILVA, 2001;

    SOARIANO; NOGUEIRA, 2010).

    Nesse sentido, Silva, Sanches e Carvalho (2007) fazem uma

    reflexo sobre o cuidado intensivo e referem que equipe e paciente

    vivenciam um ambiente tenso e agressivo no qual uma estrutura

    adequada implica em manter padres de assistncia. Esse um desafio

    para os profissionais, tendo em vista a complexidade das atividades,

    alm de lidar com as mudanas bruscas no quadro de sade dos

    pacientes impondo ritmo de trabalho desorganizado devido s

    intercorrncias no planejadas.

    Apesar da sobrecarga de trabalho, que faz o enfermeiro ser visto

    como cumpridor de tarefas negligenciando a autonomia profissional, o

    enfermeiro se destaca na equipe de sade, pois a ele atribudo o

    desenvolvimento de atividades e estratgias que busquem eficcia na

    organizao e na qualidade do cuidado. Isso ocorre porque o enfermeiro

    integra a equipe de enfermagem com a equipe multiprofissional

    promovendo a ponte entre todos os integrantes do cuidado. Nesse

    sentido, ele se torna pea chave na construo de consensos e objetivos

    em comum, bem como na construo e adequao das estratgias para

    que esses objetivos sejam atingidos em conjunto (SILVA; SANCHES;

    CARVALHO, 2007; SANTOS et al, 2016).

    Assim, ao enfermeiro de UTI e de EMG compete tomar

    decises frente s situaes de deteriorao clnica dos pacientes graves.

    A tomada de deciso requer conhecimento, racionalidade, competncia e

    conscincia por parte desse profissional. Para isso necessrio

    identificar o problema e fazer uma anlise de causas e consequncias

  • 30

    para chegar soluo mais adequada dentre as opes (ALMEIDA et al,

    2011).

    Com o avano das tecnologias de informao e comunicao,

    evoluram os conhecimentos de tcnicas e equipamentos utilizados nos

    cuidados prestados a esses pacientes. A UTI passou a ser um ambiente

    altamente complexo, cheio de maquinrios que ajudam na

    monitorizao, manuteno e reabilitao de funes vitais do paciente.

    Entretanto, sendo a UTI rea hospitalar com maior aparato tecnolgico,

    os profissionais envolvidos no cuidado devem estar atentos ao ser

    humano, garantindo o cuidado integral, seguro e de qualidade (SILVA;

    SANCHES; CARVALHO, 2007). Assim, tm-se buscado diversas

    formas de tecnologias, saberes e tcnicas embasadas cientificamente,

    para esse cuidado dinmico que necessita acontecer com fluidez, a fim

    de prevenir que as condies do paciente evoluam com mau

    prognstico.

    Nesse sentido, as questes relacionadas segurana do paciente

    tornaram-se objeto de interesse mundial, sendo incorporada aos

    atributos da qualidade pelo IOM. Conforme Brasil (2014b) so eles:

    Segurana: evitar leses e danos decorrentes do

    cuidado;

    Efetividade: Cuidado baseado em conhecimento

    cientfico; evitar subutilizao e sobreutilizao;

    Cuidado centrado no paciente: cuidado respeitoso e

    responsive s preferencias, necessidades e valores

    individuais;

  • 31

    Oportunidade: reduo de tempo de espera e atrasos

    danosos;

    Eficincia: No desperdcio (no uso de equipamentos,

    suprimentos, ideias e energia) ao realizar os cuidados.

    Equidade: Cuidado de qualidade sem variao em

    decorrencia de caractersticas pessoais.

    Primum non nocere, primeiro no cause dano, j ensinava

    Hipcrates (460 a 370 a.C.). O princpio da no maleficncia um dos

    princpios bsicos presente nas escolas das diversas disciplinas da rea

    da sade. Acreditou-se, por muito tempo, que os profissionais da sade

    no cometeriam erros e que os danos causados pela assistncia em sade

    eram inevitveis. Entretanto, em 1999, com a publicao do relatrio To

    Err is Human building a safer health system pelo IOM dos Estados

    Unidos, evidenciou-se que erros aconteciam, trazendo gastos

    desnecessrios e aumento de tempo de internao com maiores riscos de

    ocorrncia de danos permanentes ou at bito. Tambm estimou que

    ocorriam pelo menos 44000 bitos em decorrncia de EAs e que essa

    estimativa poderia chegar aos 98000 bitos s nos Estados Unidos

    (KOHN; CORRIGAN; DONALDSON, 1999).

    No Brasil, estudos de prevalncia de EAs trazem que sua

    ocorrncia est acima de 10%, entretanto h algumas limitaes para

    determinao de prevalncia devido ao registro inadequado dessas

    ocorrncias. Com isso, surgiu um novo paradigma, onde se entende que

    os EAs evitveis so complicaes decorrentes de falhas e/ou erros nos

    complexos sistemas tcnicos e organizacionais relacionados ateno

    sade, ou seja, erros do cuidado prestado que devem ser antecipados e

  • 32

    prevenidos (GALLOTTI, 2004; PAVO et al., 2011; PARANAGU et

    al., 2013).

    Entende-se que a fragmentao da ateno sade, as falhas na

    comunicao, a introduo de novas tecnologias e os atendimentos de

    urgncia so fatores favorecedores a ocorrncia de EAs (complicaes

    decorrentes de falhas e/ou erros relacionados ateno sade) tendo

    como consequncias o aumento do tempo de internao, e com isso

    maiores riscos sade; danos psicobiolgicos permanentes e at bito

    (GALLOTTI, 2004; PAVO et al., 2011; PARANAGU et al., 2013).

    Assim, a determinao destes fatores permite a compreenso de

    que o servio de alta complexidade tem maiores riscos para ocorrncia

    de EAs. Com essa compreenso acerca dos danos causados aos

    pacientes com os erros advindos dos cuidados em sade, profissionais e

    instituies mobilizaram-se com intuito de desvendar EAs e

    implementar formas de preveni-los. Nesse contexto, a segurana do

    paciente passou a ser considerado um dos atributos de qualidade, que

    deve ser eficaz e de baixo custo e riscos para sade (BRASIL, 2014b).

    necessrio trazer solues aos EAs que demonstrem ser

    efetivas para poderem ser disseminadas e se criar aes de preveno.

    Aprender com erros que ocorreram tambm outro aspecto importante

    para prevenir futuros erros e suas consequncias (DONALDSON,

    2004). Isso, entretanto, ainda um dos maiores desafios, porm os

    profissionais demonstram interesse e esforos nessa rea, construindo

    novos estudos e implementando estratgias nas instituies de sade.

    Em 2004 a OMS criou a World Alliance for Patient Safety, um

    programa para organizar conceitos e propor medidas para reduo de

  • 33

    riscos, que logo passou a ser chamado Patient Safety Program. A OMS

    tambm desenvolveu a International Classification for Patient Safety

    (ICPS), que trouxe algumas definies, a saber (BRASIL, 2014b):

    Segurana do Paciente - reduzir o risco de dano

    desnecessrio associado ao cuidado;

    Dano comprometimento de estrutura, funo ou

    qualquer efeito dele oriundo;

    Risco probabilidade de ocorrer incidente;

    Incidente evento ou circunstancia que poderia resultar

    ou resultou em dano;

    Circunstncia Notificvel - incidente com potencial

    leso ou dano;

    Near Miss - incidente que no atingiu o paciente;

    Incidente sem leso incidente que atinge o paciente

    mas no causa leso ou dano;

    Evento Adverso incidente que resulta em dano ou

    leso ao paciente

    O Brasil, ento, vai ao encontro da OMS, sendo que servios de

    hemocomponentes e anestesia e o controle de infeco associada ao

    cuidado em sade foram pioneiros na promoo da segurana do

    paciente. Vale destacar que os enfermeiros tambm tm buscado maior

    conhecimento e a promoo da segurana do paciente. Estes

    organizaram entidades onde se destacam a Sociedade Brasileira de

    Enfermagem em Feridas e Esttica (Sobenfee) e a Rede Brasileira de

    Enfermagem e Segurana do Paciente (Rebraensp), esta criada em 2008

  • 34

    e vinculada Rede Internacional de Enfermagem e Segurana do

    Paciente (Riensp), cujo objetivo disseminao e sedimentao da

    cultura de segurana para impulso terico-prtico e de pesquisas sobre a

    temtica. , ento, nesse contexto que, em 2013, o ministrio da sade

    institui o PNSP para a qualificao dos cuidados em sade e apresenta

    seus quatro eixos: estmulo a uma prtica assistencial segura;

    envolvimento do cidado na sua segurana; incluso do tema no ensino;

    e o incremento de pesquisas (BRASIL, 2014b).

    Busca-se, com esse movimento aes que possam promover a

    cultura de segurana do paciente, que transcende a segurana do

    paciente, pois a cultura existe no momento em que: os profissionais e

    gestores assumem responsabilidade pela sua segurana, de seus colegas,

    pacientes e familiares; priorizam a segurana acima das metas

    financeiras e operacionais; encorajam e recompensam a notificao e

    resoluo de problemas de segurana; promovem aprendizado

    organizacional a partir de incidentes; e proporcionam recursos, estrutura

    e responsabilizao para manuteno efetiva da segurana (BRASIL,

    2014b).

    Entretanto, apesar das escolas de enfermagem estarem

    engajadas em estudos que visam aprimorar a segurana do paciente, o

    sistema de sade no foi desenhado para esse fim. Assim, ainda

    encontramos profissionais atuando em condies no apropriadas

    favorecendo a ocorrncia de EAs com consequncias graves como o

    bito. Dentre os fatores que podem favorecer a promoo da segurana

    do paciente est a maior quantificao e qualificao da equipe

  • 35

    promovendo melhores resultados na assistncia em sade (PEDREIRA,

    2009; VAN DEN HEEDE et al., 2009).

    Nesse contexto, a UTI e a EMG, so ambientes onde os

    profissionais devem estar prontos para o atendimento imediato. Esses

    profissionais devem ser qualificados e em quantidade suficiente para

    manter-se junto ao paciente grave. Sendo, ambos locais, considerados

    complexos cuja promoo da segurana do paciente um desafio

    (SCHUH; KRUG; POSSUELO, 2015; PADILHA, 2001).

    A Unidade de EMG local de diversidade no atendimento, com

    uso de diferentes tecnologias e servios de alta complexidade, sendo

    porta de entrada dos servios hospitalares. Os pacientes ali assistidos

    apresentam risco de agravos clnicos e morte. Neste local, os

    profissionais buscam a estabilizao do quadro clnico do paciente

    lutando contra o tempo, o que requer agilidade e objetividade no

    atendimento e cuidados prestados (DAL PAI; LAUTERT, 2005).

    A UTI, por ser ambiente de cuidados de alta complexidade

    pacientes instveis, ou sob risco de piora clnica, e rpidas mudanas de

    condutas e tratamentos, considerada um dos locais mais favorveis

    ocorrncia de incidentes e EAs que podem causar danos permanentes e

    at a morte do paciente. Nesse ambiente o profissional manuseia

    diversos artefatos tecnolgicos exigindo extrema ateno pois pequenos

    descuidos podem incorrer em erros e falhas teraputicas ocasionando

    aumento de tempo de internao, reinternao precoce entre outros

    desfechos potencialmente graves e at bito. Alm disso, uma estrutura

    deficitria e com recursos humanos limitados e com excesso de

  • 36

    demanda aumentam as chances de ocorrncia desses erros (DE

    MEESTER et al., 2013; BECCARIA et al., 2009; PADILHA, 2001).

    As razes desses EAs podem ocorrer em algumas situaes

    como: falhas na deteco de mudanas nos sinais vitais ou, at mesmo,

    ocorrncia de longos perodos sem observao de sinais vitais; quando

    h registro correto dos sinais vitais podem haver falhas no

    reconhecimento de deteriorao clnica, ou a no tomada de aes; ou

    ainda, mesmo com deteriorao clnica reconhecida e interveno

    realizada, h o atraso no incio do atendimento (DE MEESTER et al.,

    2013; PADILHA, 2001).

    Outro estudo apontou que de 391 pacientes internados em UTI

    no perodo de julho de 2002 a junho de 2003, 20% sofreram por algum

    tipo de EA dos quais 45% eram eventos evitveis, sendo que os erros

    mais comuns ocorreram nas doses das medicaes (ORLOVSKY,

    2005).

    O paciente em situao grave de sade em UTI faz uso de

    vrios dispositivos, como sondas, cateteres, tubos e drenos que so

    manipulados durante a realizao dos cuidados pelos profissionais que

    devem estar atentos s possveis obstrues, traes levando ao

    posicionamento incorreto e at a sada acidental. Outro detalhe que se

    evidencia que o cuidado ao paciente instvel deve ocorrer de forma

    rpida e eficaz para evitar alteraes fisiolgicas indesejveis

    (BECCARIA et al., 2009).

    Entretanto, deteriorao aguda tem sido causada principalmente

    pela negligencia ou m gesto dos sinais e sintomas da deteriorao

    clnica do que pelo curso natural da doena e, sendo considerados EAs

  • 37

    suficientemente graves que podem causar prolongamento do tempo de

    internao, danos temporrios ou permanentes e at bito

    (GEORGAKA; MPARMPAROUSI; VITOS, 2012).

    Assim, a deteriorao clnica do paciente em situao grave de

    sade deve ser reconhecida e a interveno adequada realizada pela

    equipe sem atrasos, prevenindo a ocorrncia de EAs, parada

    cardiorrespiratria e consequente bito. Entretanto, para garantir um

    cuidado seguro de qualidade deve-se: detectar a deteriorao clnica dos

    pacientes, a fim de planejar as aes de cuidados, buscar a comunicao

    efetiva entre profissionais da equipe e prevenir, atravs de intervenes

    pertinentes, desfechos indesejveis. A segurana do Paciente de EMG e

    UTI, ento, deve ser colocada em pauta de estudos, alm disso,

    profissionais e gestores devem buscar formas de preveno

    incorporando a Cultura de Segurana nas organizaes de sade.

    3.2 Sistemas de pontuao de alerta precoce

    Para evitar atrasos no incio da conduta teraputica, que

    resultam em piora do prognstico do paciente, buscam-se, no atual

    cenrio, estratgias que previnam falhas de reconhecimento dos

    pacientes com agravos clnicos e, consequentemente, atrasos no incio

    teraputico, cujo foco est na deteco adequada desse paciente e na

    proviso de recursos humanos e materiais. A falha no reconhecimento e

    interpretao dos significados de disfunes vitais resulta em EAs

    evitveis, pois a demora do atendimento diminui a chance de resgate e

    contribui para estatsticas de mortalidade hospitalar. Os TRRs (como: o

    Critical Care Outreach Teams ou Patient-at-Risk Teams no Reino

  • 38

    Unido; Rapid Response Teams nos EUA; Medical Emergency Teams na

    Austrlia; Servicio Extendido de Cuidados Intensivos na Espanha)

    surgem ento como uma estratgia de atendimento rpido, efetivo e

    seguro. Formado por equipe multiprofissional com conhecimentos e

    habilidades terico-prticos no cuidado ao paciente em situao crtica,

    possui objetivo de atender imediatamente ao paciente que sinaliza algum

    agravo clnico e, alm disso, servir como uma segunda opinio em casos

    potencialmente graves (PARISSOPOULOS; KOTZABASSAKI, 2005;

    VIANA, 2013; GONALES et al., 2012; IHI, 2015a; TAVARES,

    2014).

    Algumas horas antes de uma PCR o paciente apresenta sinais de

    deteriorao fisiolgica, permitindo que sejam identificados

    previamente e, com isso, os profissionais possam planejar os cuidados e

    intervir de maneira efetiva prevenindo piora clnica e um pior

    prognstico. Com intuito de diminurem os EAs associados aos

    cuidados em sade, entidades que estimulam a segurana do paciente

    tm incentivado a implantao de TRR para diminuio de

    morbimortalidade por PCRs e admisses no planejadas em UTI

    (GONALES et al, 2012; VIANA, 2013; IHI, 2015a).

    Alm de existir um consenso de que os TRR melhoram o

    prognstico e aumentam as chances de o paciente em situao de

    deteriorao fisiolgica receber cuidados e tratamentos adequados,

    estudos demonstraram que a implementao de TRR aumentou o

    nmero de atendimentos de PCR fora da UTI, mas sem reduo

    significativa nas taxas de mortalidade desses pacientes. Entretanto,

    Gonales et al. (2012), observaram em seu estudo que a implementao

  • 39

    de TRR reduziu em torno de 59% a taxa de PCR em 1000 altas no

    hospital da pesquisa e que, embora os pacientes passaram a ser mais

    graves e com pior prognstico, o nmero de mortes entre esses foi

    menor. Alm disso, essa reduo de bitos relacionados PCR ocorreu

    em todas as unidades hospitalares incluindo a UTI (CHAN et al., 2010;

    GONALES et al., 2012). Apesar disso, essa ainda no realidade da

    maioria das instituies brasileiras.

    O sistema de TRR deve estar articulado para identificar

    rapidamente a deteriorao clnica do paciente, buscando a melhora

    contnua do atendimento, estimulando e formulando estratgias que

    previnam eventos adversos e piora do quadro clnico. Alm disso, a

    equipe do TRR deve estar sempre disponvel aos chamados (VIANA,

    2013).

    Contudo, mesmo com os TRRs atuantes, a falha no

    reconhecimento do paciente em deteriorao fisiolgica um

    complicador para o incio adequado das intervenes. Tendo em vista

    que o paciente apresenta sinais de deteriorao clnica horas antes de

    apresentar uma PCR, ou outro quadro clnico agudo, e que o

    reconhecimento desses sinais fundamental para planejamento e incio

    dos cuidados a serem prestados, foram desenvolvidos sistemas, ou

    escores, de alerta precoce (Early Warning Score EWS), que permitem

    enfermagem avaliar objetivamente os pacientes sob seus cuidados

    atravs dos sinais vitais. Esses instrumentos foram (e esto sendo)

    desenvolvidos e aprimorados para fazer o reconhecimento da

    deteriorao clnica e desencadear a resposta dos TRRs ao primeiro sinal

    de deteriorao clnica. Alm disso, demostrou-se que o aumento da

  • 40

    complexidade da situao de sade do paciente aumenta a necessidade

    de troca de informaes tcnicas, sendo essencial maior preparao da

    equipe para se comunicar a fim de organizar e planejar o cuidado em

    sade (GONALES et al., 2012; REBRAENSP, 2013; VIANA, 2013;

    GEORGAKA; MPARMPAROUSI; VITOS, 2012).

    Os EWSs so sistemas simples, para aplicao beira do leito,

    que pontuam os sinais vitais do paciente valorizando pequenas

    mudanas nos parmetros fisiolgicos. Esses sistemas foram

    desenvolvidos primeiramente como ferramentas que estabelecem

    mtodos de clculo e anlise para deteco de vulnerabilidade e

    fragilidades econmicas atravs da reunio e compartilhamento de

    dados e informaes de forma rpida e dinmica. Um EWS definido

    como um processo sistemtico para avaliao e mensurao de riscos

    para proviso de recursos que minimizem os impactos do sistema

    financeiro. Com o sucesso dessas ferramentas no sistema econmico,

    ocorreu a sua introduo na rea mdica, sendo utilizada para deteco

    precoce de pacientes sob risco de deteriorao. Assim, os EWSs so

    escalas que atribuem pontos aos sinais vitais de acordo com as

    alteraes encontradas a fim de mensurar o risco de deteriorao

    fisiolgica do paciente e servirem como gatilho para os TRRs

    (TAVARES, 2014; GEORGAKA; MPARMPAROUSI; VITOS, 2012).

    O primeiro EWS, para rea da sade, foi desenvolvido e

    publicado por Morgan em 1997 e era composto por cinco parmetros

    fisiolgicos: Presso Arterial (PA) sistlica, frequncia cardaca,

    frequncia respiratria, temperatura, nvel de conscincia. O EWS,

    desde ento, permitiu antever o risco de deteriorao clnica por meio da

  • 41

    atribuio de pontuao para os sinais vitais verificados de rotina,

    propiciando aos profissionais o planejamento de suas aes a fim de

    prevenir ou minimizar complicaes em sade e suas consequncias

    (GEORGAKA; MPARMPAROUSI; VITOS, 2012; TAVARES, 2014).

    A partir de ento, hospitais tm modificado e adotado EWS

    modificados; em 2003, na Esccia foi desenvolvido o Standardized

    Early Warning System (SEWS). J, em 2007, o National Institute for

    Health and Clinical Excellence (NICE) no Reino Unido recomendou o

    uso de sistemas de resposta rpida que empregassem o uso de escalas de

    alerta precoce e que utilizassem os parmetros dos sinais vitais para

    monitorizar todos pacientes adultos em hospitais a fim de facilitar a

    deteco dos pacientes em deteriorao fisiolgica (TAVARES, 2014;

    GEORGAKA; MPARMPAROUSI; VITOS, 2012).

    Duckitt et al. (2007) desenvolveram um EWS, Worthing

    Physiological Scoring System (WPS), que mesmo incluindo a saturao

    de O2 bastante simples. Conforme Tavares (2014), o WPS teve

    discriminao melhor que o primeiro EWS proposto por Morgan.

    Ainda em 2007, o Royal College of Physicians (RCP) publicou

    um relatrio com recomendaes que ao serem implementadas,

    poderiam melhorar a eficincia e eficcia da avaliao e tratamento do

    paciente, bem como melhorar a experincia e resultados clnicos. Na

    sequncia dessa publicao, foi elaborado outro relatrio, que apontou a

    necessidade de um escore de alerta precoce nacional, sendo ento

    desenvolvido o National Early Warning Score (NEWS), por uma

    comisso multidisciplinar. O sistema NEWS tambm pontua seis

    parmetros vitais: frequncia respiratria; saturao de oxignio;

  • 42

    temperatura; PA sistlica; frequncia cardaca; nvel de conscincia

    (ROYAL COLLEGE OF PHYSICIANS, 2012).

    Em 2010, a European Resuscitation Council (ERC) incluiu o

    EWS nos guidelines de ressuscitao. Ainda em 2010, Prytherch et al.

    utilizaram a tecnologia VitalPAC para desenvolver, a partir do EWS

    de Morgan, o VitalPAC Early Warning Score (ViEWS), que identifica

    pacientes em risco de deteriorao fisiolgica nas 24h (TAVARES,

    2014). Para Kellet e Kim (2012) esse escore comparvel ao original,

    exceto para pacientes de UTI (GEORGAKA; MPARMPAROUSI;

    VITOS, 2012).

    O sistema de alerta precoce MEWS o escore indicado pela IHI

    como parte do IHIs Safer Patients Initiative (SPI) conduzido em

    colaborao do Health Foundation, instituio independente do Reino

    Unido, para aprimorar a qualidade e segurana do paciente. (IHI,

    2015b).

    Conforme Cei, Bartolomei e Mumoli (2009), o sistema de alerta

    precoce MEWS uma ferramenta simples, porm com poder preditivo

    de desfecho de sade do paciente mesmo se calculado somente no

    momento da admisso.

    O MEWS aplicado quando a enfermagem verifica e registra

    os sinais vitais do paciente e atribui valores de 0 a 3 para cada

    parmetro: frequncia respiratria; frequncia cardaca, presso arterial

    sistlica, nvel de conscincia, temperatura e eliminao urinria em 2

    horas. A soma desses valores representa o escore MEWS indicando se

    h risco de deteriorao fisiolgica (QUADRO 1).

  • 43

    Quadro 1 - MEWS (Modified Early Warning System)

    MEWS (Modified Early Warning System)

    3 2 1 0 1 2 3

    Frequncia

    respiratri

    a mrpm

    < 8 9 a

    14 15 a 20

    21

    a

    29

    >

    30

    Frequncia

    cardiaca

    bpm

    < 40 40 a 50 51 a

    100

    101 a

    110

    111

    a

    129

    >

    12

    9

    Presso

    arterial

    sistlica

    mmHg

    < 70 71 a 80 81 a 100

    101

    a

    199

    >

    200

    Nvel de

    conscincia

    AVPU*

    Irresponsi

    vo

    Respon

    de a dor

    Respon

    de a voz

    Alert

    a

    Nova

    agita

    o/

    confus

    o

    Temperatu

    ra C < 35

    35,1 a

    36

    36,1

    a 38

    38,1 a

    38,5

    38,

    6

    Eliminao

    urinria/

    2horas

    < 10ml/h < 30

    ml/h

    <

    45ml/h

    *AVPU escore onde A: alerta; V: reao ao estmulo verbal; P: reao a

    dor; U: inconsciente.

    Fonte: IHI, 2015b, traduo nossa.

    Assim, se a soma total do escore MEWS for 0 pontos, procede-

    se a verificao dos sinais vitais conforme a rotina da unidade; se de 1 a

  • 44

    2 pontos a enfermeira deve ser informada e os sinais vitais devem ser

    verificados de 2/2horas; caso o total for de 3 pontos, a verificao dos

    sinais vitais devem ocorrer a cada 1 ou 2 horas e a enfermeira deve estar

    consciente dos resultados; e se o total for 4, ou mais, os sinais vitais

    devem ser verificados de 30 em 30 minutos, alm de serem acionados a

    enfermeira, o mdico responsveis pelo paciente e o TRR (IHI, 2015b).

    Iniciativas institucionais tm proposto planos de ao na

    utilizao do MEWS, como o apresentado pelo Peninsula Regional

    Medical Center (2013) descrito a seguir:

    Escore 0 a 2: manter monitorao conforme rotina da

    unidade;

    Escore 3: juntamente com o enfermeiro reavaliar os sinais

    vitais e confirmar escore; reavaliar sinais vitais do paciente

    a cada 2 horas por 3 vezes consecutivas e confirmar

    escore; se o paciente mantiver escore durante trs

    avaliaes consecutivas notifique mdico responsvel e se

    no houver intervenes a serem tomadas solicitar a

    descontinuidade do protocolo MEWS e siga avaliaes de

    sinais vitais conforme rotina da unidade, se o escore

    MEWS aumentar numa subsequente verificao, o

    protocolo MEWS deve ser retomado conforme plano de

    ao apropriado.

    Escore 4: juntamente com o enfermeiro reavaliar os sinais

    vitais e confirmar escore; reavaliar sinais vitais do paciente

    a cada 2 horas por 3 vezes consecutivas e confirmar

    escore; balano hdrico rigoroso, ligar se dbito

  • 45

    urinrio

  • 46

    mortalidade quando h presena de trs sinais vitais crticos. Portanto, o

    MEWS foi, e vem sendo utilizado, em setores de cuidados e tratamento

    no intensivos para deteco precoce de pacientes que apresentam

    deteriorao fisiolgica e piora clnica para possibilitar planejar aes a

    fim de reduzir a morbimortalidade. Tendo em vista que a comunicao

    ineficaz causa de diversos erros, a padronizao e quantificao das

    informaes permite o compartilhamento de um mesmo objeto de

    conscincia e, por conseguinte, viabiliza a segurana do paciente.

    O MEWS tem o intuito de predizer, por meio da atribuio de

    valores para os sinais vitais aferidos rotineiramente, se o paciente est

    evoluindo para uma deteriorao clnica. Em outras palavras, o sistema

    de alerta precoce MEWS foi criado para que os profissionais avaliem os

    sinais vitais e constatem indcios de piora clnica, de maneira que a

    aferio dos sinais vitais seja valorizada e seja utilizada como

    ferramenta de preveno de EAs (STEWART et al., 2014; VIANA,

    2013; REBRAENSP, 2013; GONALES et al., 2012). Sistemas de

    alerta precoce EWS tem se mostrado instrumentos eficazes na

    identificao dos pacientes com risco de deteriorao, sendo que o

    parmetro respiratrio tem sido identificado como o melhor

    identificador de pacientes sob risco (GEORKAGA; MPARMPAROUSI;

    VITOS, 2012).

    Contudo, o uso de TRR e escalas de alerta precoce no tm

    evidenciado melhoria do atendimento com diminuio do nmero de

    bitos e complicaes diversas aos pacientes que apresentam

    deteriorao clnica se os profissionais no corresponderem s

    necessidades desse paciente de forma imediata e tomarem as condutas

  • 47

    adequadas (BAILEY et al., 2012). Na realidade da UTI e da EMG, o

    paciente grave permanece conectado a monitores de sinais vitais

    continuamente, onde alteraes so rapidamente identificadas e

    alarmadas, e assim, os profissionais esto cientes dos parmetros para

    cada paciente. Entretanto ambos so ambientes de cuidados intensivos e

    de condutas rapidamente modificveis, o que exige dos profissionais

    uma comunicao efetiva e contnua, mxima ateno aos sinais e

    sintomas de deteriorao para responder s demandas do paciente de

    forma dinmica e eficaz. As caractersticas da UTI e da EMG favorecem

    a ocorrncia de EAs com consequncias graves e at morte. Assim,

    mesmo que o profissional possua habilidades terico-prticas e

    articulao entre membros de sua equipe para atendimento de resposta

    rpido, tambm se torna necessrio adotar estratgias para antever as

    situaes de risco e facilitar a comunicao da equipe.

    3.3 Enfermagem baseada em evidncia

    reas como EMG e UTI, que lidam com pacientes no limiar

    entre vida e morte, apresentam um conhecimento dinmico cuja

    complexidade e especialidade dos cuidados exigem dos profissionais

    prticas inovadoras. Nesse sentido, Revises Sistemticas tem como

    finalidade encontrar estudos e convergir seus dados em uma concluso

    que demonstrem o impacto da prtica e do conhecimento permitindo aos

    profissionais a escolha de aes baseadas nas melhores evidncias

    cientficas possibilitando garantir a segurana do paciente (PEDREIRA,

    2009).

  • 48

    Para Galvo, Sawasa e Trevizan (2004) a reviso sistemtica

    busca sintetizar pesquisas para uma questo especfica atravs de um

    mtodo rigoroso de conduo do estudo e, assim, busca superar vieses

    convergindo seus resultados.

    Assim, a prtica de enfermagem baseada em evidncias tem

    como premissa a escolha da excelncia no cuidado atravs da

    fundamentao cientfica. Essa escolha feita atravs das provas

    fornecidas pelas pesquisas cientficas e so categorizadas em fora de

    evidncias (CRUZ; PIMENTA, 2005).

    A categorizao das pesquisas permite que os estudos

    realizados sejam agrupados conforme caractersticas definidas pelo

    mtodo de conduo da pesquisa e com isso identificar qual o nvel de

    evidncia que ela apresenta (GALVO, 2006).

    Ao desenvolver uma reviso sistemtica, a escolha do

    instrumento de classificao do nvel de evidncia, dentre as opes

    existentes, o pesquisador pode escolher conforme sua preferncia desde

    que esse instrumento seja reconhecido no meio cientfico pelas

    instituies e organizaes que regulamentam e norteiam a conduo

    das revises sistemticas.

    Entretanto, a intuio, observaes no sistematizadas,

    princpios fisiopatolgicos so considerados para tomada de decises

    apesar de no serem consideradas fontes de evidncia. Alm disso, em

    situaes que no h a melhor evidncia possvel deve-se considerar a

    melhor disponvel (CRUZ; PIMENTA, 2005).

    No contexto do enfermeiro, onde o profissional possui diversas

    atividades para desenvolver em prol do cuidado ao paciente (como

  • 49

    gerenciamento da equipe e dos cuidados de enfermagem, do ambiente e

    da ambincia onde so realizados os cuidados, entre outras

    responsabilidades) a quantidade de informaes disponveis e a rapidez

    com que so difundidas faz com que os profissionais busquem nas

    revises sistemticas o recurso de sntese e reunio das pesquisas

    realizadas sobre determinado tpico para a escolha de aes (GALVO;

    SAWASA; TREVIZAN, 2004).

    A American Nurses Association (ANA) indica recursos

    reconhecidos para que os enfermeiros possam classificar as pesquisas

    em nveis de evidncia e desenvolver sua prtica com fundamentao

    cientfica. Alguns desses recursos so os da Johns Hopkins Nursing

    Evidence-Based Practice, Centre for Evidence Based Medicine,

    Cochrane Consumer Network Levels of Evidence e The Joanna Briggs

    Institute, entre outros (ANA, 2015).

    Assim, a reviso sistemtica permite a convergncia de

    pesquisas quantitativas uma sntese do conhecimento permitindo

    reconhecer as pesquisas existentes e os mtodos de pesquisa usados nos

    estudos primrios. Assim permite fundamentar a prtica em

    conhecimentos cientficos garantindo um cuidado com maior segurana

    e efetividade aos pacientes (MEDINA; BARRA, 2010).

  • 50

    4. MTODO

    4.1 Delineamento da pesquisa

    Trata-se de uma Reviso Sistemtica, sem metanlise,

    desenvolvida durante o curso de mestrado em Enfermagem da

    Universidade Federal de Santa Catarina, para a busca de artigos

    originais que avaliaram o escore de alerta precoce MEWS como

    ferramenta para estratificao de pacientes internados em UTI e EMG

    que apresentaram risco de deteriorao fisiolgica e, consequentes

    eventos adversos, tais como parada cardaca, parada respiratria e morte.

    A fim de desenvolver um estudo claro e de qualidade foram

    utilizados o checklist (ANEXO 1) e o fluxograma (ANEXO 2) do

    guideline Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-

    Analysis (PRISMA) para conduo e relato deste estudo. Esse

    guideline consiste no checklist e no fluxograma do guideline

    Qualidade dos Relatos de Metanlises (QUORUM) revisados e

    expandidos. O PRISMA foi desenvolvido para que autores aprimorem

    seus relatos de revises sistemticas e metanlises (MOHER et al,

    2009).

    4.2 Estratgia de busca

    A primeira etapa foi a identificao dos artigos e consistiu em

    uma busca sistemtica realizada de janeiro a julho de 2015 nas bases de

    dados da PUBMED, SCIENCE DIRECT, SCOPUS, MEDLINE e

    CINAHL, por estudos publicados em ingls, espanhol ou portugus.

    Foram utilizadas as seguintes combinaes dos termos de busca: MEWS

  • 51

    AND Emergency; MEWS AND Critical Care; MEWS AND Intensive

    Care Unit; MEWS AND Patient Outcomes; MEWS AND Predictive

    Outcomes; Modified Early Warning System AND Emergency; Modified

    Early Warning System AND Critical Care; Modified Early Warning

    System AND Intensive Care Unit; Modified Early Warning System

    AND Patient Outcomes; Modified Early Warning System AND

    Predictive Outcomes; Modified Early Warning Score AND Emergency;

    Modified Early Warning Score AND Critical Care; Modified Early

    Warning Score AND Intensive Care Unit; Modified Early Warning

    Score AND Patient Outcomes; e Modified Early Warning Score AND

    Predictive Outcomes. As buscas foram realizadas sem restrio de

    perodo de publicao para abranger um maior nmero de pesquisas

    sobre o tema. A sintaxe de busca apresentada no quadro 2.

    Tambm foi realizada a busca manual de estudos includos nas

    revises sistemticas selecionadas a partir da estratgia de busca. Todas

    as citaes foram importadas para a base de dados eletrnica Endnote

    X7.

    Quadro 2 Sintaxe de Busca na Base de dados PUBMED

    Termos

    de Busca Detalhes da Pesquisa

    MEWS

    AND

    Emergen

    cy

    MEWS[All Fields] AND ("emergencies"[MeSH Terms] OR

    "emergencies"[All Fields] OR "emergency"[All Fields])

    MEWS

    AND

    Critical

    Care

    MEWS[All Fields] AND ("critical care"[MeSH Terms] OR

    ("critical"[All Fields] AND "care"[All Fields]) OR "critical

    care"[All Fields])

    MEWS

    AND

    MEWS[All Fields] AND ("intensive care units"[MeSH

    Terms] OR ("intensive"[All Fields] AND "care"[All Fields]

  • 52

    Intensive

    Care

    Unit

    AND "units"[All Fields]) OR "intensive care units"[All

    Fields] OR ("intensive"[All Fields] AND "care"[All Fields]

    AND "unit"[All Fields]) OR "intensive care unit"[All

    Fields])

    MEWS

    AND

    Patient

    Outcome

    s

    MEWS[All Fields] AND (("patients"[MeSH Terms] OR

    "patients"[All Fields] OR "patient"[All Fields]) AND

    Outcomes[All Fields])

    MEWS

    AND

    Predictiv

    e

    Outcome

    s

    MEWS[All Fields] AND (Predictive[All Fields] AND

    Outcomes[All Fields])

    Modified

    Early

    Warning

    System

    AND

    Emergen

    cy

    (Modified[All Fields] AND Early[All Fields] AND

    Warning[All Fields] AND System[All Fields]) AND

    ("emergencies"[MeSH Terms] OR "emergencies"[All

    Fields] OR "emergency"[All Fields])

    Modified

    Early

    Warning

    System

    AND

    Critical

    Care

    (Modified[All Fields] AND Early[All Fields] AND

    Warning[All Fields] AND System[All Fields]) AND

    ("critical care"[MeSH Terms] OR ("critical"[All Fields]

    AND "care"[All Fields]) OR "critical care"[All Fields])

    Modified

    Early

    Warning

    System

    AND

    Intensive

    Care

    Unit

    (Modified[All Fields] AND Early[All Fields] AND

    Warning[All Fields] AND System[All Fields]) AND

    ("intensive care units"[MeSH Terms] OR ("intensive"[All

    Fields] AND "care"[All Fields] AND "units"[All Fields])

    OR "intensive care units"[All Fields] OR ("intensive"[All

    Fields] AND "care"[All Fields] AND "unit"[All Fields]) OR

    "intensive care unit"[All Fields])

    Modified

    Early

    (Modified[All Fields] AND Early[All Fields] AND

    Warning[All Fields] AND System[All Fields]) AND

  • 53

    Warning

    System

    AND

    Patient

    Outcome

    s

    (("patients"[MeSH Terms] OR "patients"[All Fields] OR

    "patient"[All Fields]) AND Outcomes[All Fields])

    Modified

    Early

    Warning

    System

    AND

    Predictiv

    e

    Outcome

    s

    (Modified[All Fields] AND Early[All Fields] AND

    Warning[All Fields] AND System[All Fields]) AND

    (Predictive[All Fields] AND Outcomes[All Fields])

    Modified

    Early

    Warning

    Score

    AND

    Emergen

    cy

    (Modified[All Fields] AND Early[All Fields] AND

    Warning[All Fields] AND Score[All Fields]) AND

    ("emergencies"[MeSH Terms] OR "emergencies"[All

    Fields] OR "emergency"[All Fields])

    Modified

    Early

    Warning

    Score

    AND

    Critical

    Care

    (Modified[All Fields] AND Early[All Fields] AND

    Warning[All Fields] AND Score[All Fields]) AND ("critical

    care"[MeSH Terms] OR ("critical"[All Fields] AND

    "care"[All Fields]) OR "critical care"[All Fields])

    Modified

    Early

    Warning

    Score

    AND

    Intensive

    Care

    Unit

    (Modified[All Fields] AND Early[All Fields] AND

    Warning[All Fields] AND Score[All Fields]) AND

    ("intensive care units"[MeSH Terms] OR ("intensive"[All

    Fields] AND "care"[All Fields] AND "units"[All Fields])

    OR "intensive care units"[All Fields] OR ("intensive"[All

    Fields] AND "care"[All Fields] AND "unit"[All Fields]) OR

    "intensive care unit"[All Fields])

    Modified

    Early

    (Modified[All Fields] AND Early[All Fields] AND

    Warning[All Fields] AND Score[All Fields]) AND

  • 54

    Warning

    Score

    AND

    Patient

    Outcome

    s

    (("patients"[MeSH Terms] OR "patients"[All Fields] OR

    "patient"[All Fields]) AND Outcomes[All Fields])

    Modified

    Early

    Warning

    Score

    AND

    Predictiv

    e

    Outcome

    s

    (Modified[All Fields] AND Early[All Fields] AND

    Warning[All Fields] AND Score[All Fields]) AND

    (Predictive[All Fields] AND Outcomes[All Fields])

    4.3 Seleo dos estudos

    Os ttulos e resumos de todos os estudos identificados na busca

    foram revisados individualmente por dois revisores (mestranda e

    orientadora) utilizando os critrios de incluso, seguido pela reviso de

    texto na ntegra dos estudos identificados por um ou outro revisor como

    satisfazendo os critrios de incluso. As discrepncias foram resolvidas

    por discusso e consenso entre os dois investigadores. Foram revisados

    citaes e resumos identificados a partir de pesquisas bibliogrficas

    eletrnicas individualmente e, se pelo menos um revisor indicou uma

    citao como potencialmente relevante, o segundo revisor rastreou a

    citao para concordncia. Assim, dos 2074 estudos identificados na

    primeira etapa, 1764 foram excludos por serem duplicados,

    permanecendo 310 estudos para rastreamento e leituras, desses, 298

  • 55

    foram excludos por no satisfazerem os critrios de incluso. As etapas

    da seleo dos estudos esto representadas na FIGURA 1.

  • 56

    Figura 1: Fluxograma de Seleo dos Estudos

    2074 registros identificados:

    409 MEDLINE, busca em 01/12/2015

    129CINAHL , busca em 02/12/2015

    527 PUBMED , busca em 03/12/2015

    127 SCIENCE DIRECT

    busca em 04/12/2015

    882 SCOPUS , busca em 04/12/2015

    1764 registros

    duplicados

    310 registros para

    reviso de ttulos e

    resumos

    102 de registros

    rastreados

    65 de registros

    excludos

    37 artigos na ntegra

    avaliados para

    elegibilidade

    25 artigos na ntegra excludos por

    serem estudos desenvolvidos fora da

    EMG e/ou UTI, ou por incluir

    pacientes

  • 57

    4.4 Critrios de incluso e excluso

    Os critrios utilizados para seleo dos artigos foram:

    De incluso: artigos em ingls, espanhol ou portugus

    que forneceram dados primrios relevantes para

    questo de pesquisa e que atenderam os seguintes

    critrios: artigo original; populao de estudo composta

    por pacientes adultos, maiores de 18 anos, em situao

    crtica de sade e internados em UTI adulta ou unidade

    de emergncia; cujo delineamento fosse ou estudo de

    coorte, ou ensaio clnico controlado, ou estudo

    observacional prospectivo e retrospectivo que

    examinasse a associao dos valores do MEWS com

    desfechos de sade como mortalidade, parada cardaca,

    parada respiratria, bem como sua variao nos

    pacientes internados em unidade de emergncia e UTI

    adulto.

    De excluso: Estudos que no incluem os resultados

    (artigos de opinio, artigos descritivos / discusso e

    declaraes de consenso) ou que examinaram os

    resultados fora do escopo de trabalho foram excludos.

    Tambm foram excludos estudos de caso-controle,

    sries de casos e relatos de casos.

    4.5 Abstrao de dados e avaliao da qualidade dos estudos

    Dois revisores realizaram a abstrao de dados e avaliao de

    qualidade dos estudos selecionados de forma independente. Os detalhes

  • 58

    de cada estudo foram abstrados por um investigador e verificados

    quanto preciso pelo segundo. Para incluso dos resultados foi

    requerido consenso entre os revisores.

    Os dados foram extrados atravs da caracterizao

    (APNDICE 1) dos estudos descrevendo autores, ano do estudo, cenrio

    (pas; local-UTI ou emergncia), desenho (tipo e durao), objetivos do

    estudo, N (amostra), populao do estudo (idade, sexo), mensurao de

    desfechos e resultados. Para avaliao e classificao do nvel de

    evidncia e qualidade dos estudos foi utilizado o guideline do Johns

    Hopkins Nursing Evidence-Based Practice Model and Guidelines

    (DEARHOLT; DANG, 2012), conforme apresentado no QUADRO 3.

  • 59

    Quadro 3 - Nvel de Evidncia e Guias de Qualidade conforme

    Johns Hopkins

    Nvel de Evidncia Guias de Qualidade

    Nvel I

    Estudo experimental, ensaios

    clnicos randomizados

    (ECR). Revises

    sistemticas de ECRs, com

    ou sem meta anlises.

    A- Alta Qualidade: resultados generalizveis consistentes;

    tamanho de amostra

    suficiente para o projeto de

    estudo; controle adequado;

    concluses definitivas;

    recomendaes consistentes

    com base em ampla reviso

    da literatura que inclui a

    referncia completa para

    evidncia cientfica.

    B- Boa Qualidade: resultados razoavelmente consistentes;

    tamanho de amostra

    suficiente para o projeto de

    estudo; algum controle,

    concluses relativamente

    definitivas; recomendaes

    razoavelmente consistentes

    com base na reviso bastante

    abrangente que inclui reviso

    de literatura que inclua

    algumas referncias com

    evidncia cientfica.

    C- Baixa qualidade ou grandes falhas: Pouca evidncia com

    resultados inconsistentes;

    tamanho da amostra

    insuficiente para o desenho

    do estudo; concluses no

    podem ser extradas.

    Nvel II Estudo quase-experimental.

    Revises sistemticas de

    combinaes de ECR e

    quase-experimentais, ou

    somente de estudos quase-

    experimentais, com ou sem

    meta anlise.

    Nvel III

    Estudo no experimental.

    Revises sistemticas de

    combinaes de ECRs,

    estudos quase-experimentais

    e estudos no-experimentais,

    ou somente de estudos no

    experimentais, com ou sem

    meta-analise. Estudos

    qualitativos ou revises

    sistemticas com ou sem

    metassntese.

    Fonte: DEARHOLT; DANG, 2012, traduo livre.

  • 60

    Para avaliar os estudos que abordam a validade preditiva e o

    impacto da utilizao do MEWS foram abstrados dados sobre

    resultados de sade dos pacientes e utilizao de recursos alm de

    resultados de mortalidade, parada cardaca, e parada respiratria.

    Para descrever a habilidade preditiva do MEWS foi apresentada

    a estatstica C, quando disponvel, com intervalo de confiana (IC) de

    95%. A estatstica C equivalente rea abaixo da curva do Receiver

    Operating Characteristic Curve (ROC), que uma tcnica utilizada

    para visualizao e seleo de classificadores baseado em seu

    desempenho, e que pode ser construda para regras de predio clnica.

    A anlise desta curva detecta a habilidade discriminatria do

    MEWS em predizer a deteriorao clnica do paciente. A preciso

    medida pela rea sob a curva ROC, e utiliza sistema de pontos, onde

    0.90 -1.0 considerado excelente; 0.80-0.90 bom; 0.70-0.80 fraco; 0.60-

    0.70 pobre e 0.50-0.60 falho (TAPE, 2015).

    Tambm foi realizada discusso sobre os pontos fortes e

    limitaes dos estudos.

    4.6 Sntese dos dados

    Os dados foram sintetizados qualitativamente com foco nas

    populaes em que o escore foi testado, o impacto da implementao do

    escore em resultados de sade e utilizao de recursos, aspectos prticos

    da implementao do escore, e os tipos de variveis includas.

  • 61

    5. RESULTADOS E DISCUSSO

    Este captulo composto por dois manuscritos conforme

    Instruo Normativa 10/PEN/2011 de 15 de junho de 2011, que define

    os critrios para elaborao e o formato de apresentao dos trabalhos

    de concluso do Curso de Mestrado em Enfermagem da Universidade

    Federal de Santa Catarina.

    Os manuscritos foram assim intitulados:

    Manuscrito 1: Valor preditivo do escore MEWS em emergncia

    e terapia intensiva adulto: reviso sistemtica sem metanlise.

    Manuscrito 2: Impacto do escore MEWS em emergncia e

    terapia intensiva adulto: reviso sistemtica sem metanlise.

  • 62

    5.1 Manuscrito 1 Valor preditivo do escore MEWS em

    emergncia e terapia intensiva adulto: reviso sistemtica sem

    metanlise.

    Caroline Lemes Pozza Morales1

    Sayonara de Fatima Faria Barbosa2

    RESUMO:

    Trata-se de uma reviso sistemtica sem metanlise, cujo

    objetivo foi identificar as evidncias que determinam a validade

    preditiva do Modified Early Warning Score para mortalidade, parada

    cardaca e parada respiratria em pacientes internados em Unidades de

    Emergncia (EMG) e Terapia Intensiva Adulta (UTI). A reviso

    sistemtica se deu atravs da definio da estratgia de busca e definio

    dos critrios de incluso e excluso. A busca foi realizada de setembro a

    novembro de 2015 nas bases de dados PUBMED/MEDLINE, SCIENCE

    DIRECT, SCOPUS, e CINAHL. Aps a identificao dos estudos,

    procedeu-se a leitura dos resumos, abstrao dos dados, avaliao da

    qualidade dos estudos e teste do mtodo; avaliao crtica da qualidade

    metodolgica; coleta, organizao e anlise dos dados; incluso dos

    resultados em planilha eletrnica. Com isso, foram selecionados 12

    artigos que atingiram os critrios de elegibilidade, todos foram estudos

    observacionais de coorte, quatro deles retrospectivos e oito

    1 Mestranda em Enfermagem do Programa de Ps-Graduao em Enfermagem da UFSC,

    Florianpolis (SC), Brasil. 2 Doutora em Enfermagem. Docente do Curso de Graduao em Enfermagem e do Programa

    de Ps-Graduao da Universidade Federal de Santa Catarina.

  • 63

    prospectivos, onde 11 tiveram como cenrio a unidade de emergncia e,

    somente em um deles a unidade de terapia intensiva. Os estudos foram

    desenvolvidos de 2006 a 2015. Desses, todos apresentaram dados para

    avaliao da validade preditiva na EMG; seis dos 12 estudos, fazendo

    comparao com outros escores como APACHE II e III, MEDS, REMS,

    HOTEL e outros desenvolvidos para as populaes especficas dos

    estudos. Os outros 6 avaliaram somente o prprio escore MEWS. Dos

    estudos selecionados, o MEWS apresenta validade preditiva, entretanto,

    ao comparar com outros escores, apresenta uma preciso menor.

    Contudo, aliado ao julgamento clnico dos profissionais envolvidos no

    cuidado, ele pode ser utilizado como instrumento de estratificao e de

    avaliao de sinais vitais.

    Palavras-chave: Sistemas de Alerta Rpido; Mortalidade Hospitalar;

    Segurana do Paciente; Servio Hospitalar de Emergncia; Unidades de

    Terapia Intensiva.

    1. INTRODUO

    O cuidado ao paciente grave exige ambiente de cuidado

    dinmico, com diversos aparatos tecnolgicos para monitorizao,

    manuteno e reabilitao de funes vitais. Nesse sentido, as Unidades

    de Terapia Intensiva (UTI) e de Emergncia (EMG) so ambientes

    estruturados e organizados para receber pacientes graves em condies

    clnicas de fragilidade, em risco de morte, ou perda de funo de rgo

    ou sistemas corporais. Entretanto, enquanto a EMG se caracteriza por

    ser um setor temporrio, onde, to logo as funes vitais estejam

    estabilizadas o paciente ser encaminhado para outros setores. A UTI,

    por sua vez, a unidade que recebe somente pacientes graves ou

    instveis com potencial risco de evoluir para um quadro clnico grave

    (LOPES, 2009; DAL PAI; LAUTERT, 2005; LINO; SILVA, 2001;

  • 64

    SOARIANO; NOGUEIRA, 2010; DE MEESTER et al., 2013). Nesses

    ambientes, as falhas de comunicao, as novas tecnologias e os

    atendimentos de urgncia favorecem a ocorrncia de Eventos Adversos

    (EAs) que podem levar a um aumento no tempo de internao com

    aumento de riscos sade (SILVA; SANCHES; CARVALHO, 2007;

    GALLOTTI, 2004; PAVO et al., 2011; PARANAGU et al., 2013).

    As razes desses EAs podem ocorrer em situaes como a

    ocorrncia de longos perodos sem observao de sinais vitais; ou por

    falhas na deteco de mudanas nos sinais. Alm disso, mesmo com

    registro correto dos sinais vitais, podem haver falhas no reconhecimento

    de deteriorao clnica; ou ainda, atraso no incio do atendimento. A

    negligncia ou m gesto dos sinais e sintomas de deteriorao clnica

    tem sido a principal causa da piora clnica. Assim, so considerados EAs

    suficientemente graves, podendo prolongar a internao, causar danos e

    at bito (DE MEESTER et al., 2013; PADILHA, 2001; GEORGAKA;

    MPARMPAROUSI; VITOS, 2012).

    Ao perceber que o paciente apresenta sinais de deteriorao

    clnica antes de evoluir para uma parada cardiorrespiratria (PCR),

    entendeu-se por fundamental o desenvolvimento e implementao de

    estratgias que previnam atrasos no inicio e na determinao de terapias.

    Nesse sentido, para diminuir a ocorrncia de EAs associados aos

    cuidados em sade (tais como morbimortalidade por PCR, e admisses

    no planejadas em UTI) tem sido estimulada a implantao de times de

    resposta rpida (TRR) em enfermarias (VIANA, 2013; IHI, 2015a;

    CHAN et al., 2010; GONALES et al., 2012). Contudo, Gonales et al.

    (2012), observaram que, a implantao de TRR fez com que os

  • 65

    pacientes passassem a ser mais graves e com pior prognstico,

    entretanto, o nmero de mortes entre esses foi menor. Nesse estudo, a

    taxa de PCR reduziu em torno de 59% em 1000 altas e, alm disso, essa

    reduo ocorreu em todas as unidades hospitalares incluindo a UTI.

    Nesse contexto, a complexidade das necessidades clnicas do

    paciente e a especializao dos profissionais envolvidos no cuidado

    aumentou a necessidade de preparo desses profissionais para trocarem

    informaes tcnicas, a fim de organizar e planejar o cuidado. Assim,

    tendo em vista que o reconhecimento dos sinais de deteriorao

    fundamental para o planejamento adequado de aes e cuidados, escalas

    de alerta precoce foram desenvolvidas e tem sido adaptada a diversas

    realidades para permitir a objetividade da avaliao dos pacientes e o

    desencadeamento da resposta dos TRR (GONALES et al., 2012;

    REBRAENSP, 2013; VIANA, 2013; GEORGAKA;

    MPARMPAROUSI; VITOS, 2012).

    Morgan, em 1997, desenvolveu e publicou o primeiro sistema

    de alerta precoce, o Early Warning System- EWS. Este composto por

    cinco parmetros fisiolgicos, (presso Arterial (PA) sistlica,

    frequncia cardaca, frequncia respiratria, temperatura e nvel de

    conscincia) que possuem uma pontuao valorizando pequenas

    mudanas nos sinais vitais a fim de mensurar o risco de deteriorao

    clnica. um sistema simples para aplicao beira do leito. A partir de

    ento, hospitais tm adaptado e adotado EWS modificados, como o

    sistema de alerta precoce MEWS, escore indicado pela IHI como parte

    do IHIs Safer Patients Initiative (SPI) conduzido em colaborao do

    Health Foundation, instituio independente do Reino Unido, para

  • 66

    aprimorar a qualidade e segurana do paciente (TAVARES, 2014;

    GEORGAKA; MPARMPAROUSI; VITOS, 2012; IHI, 2015b).

    O MEWS aplicado ao verificar e registrar os sinais vitais

    atribuindo valores de 0 a 3 para cada parmetro vital. A soma dessa

    pontuao indica o risco de deteriorao fisiolgica. Assim, se a soma

    total do escore MEWS for 0 pontos, procede-se a verificao dos sinais

    vitais conforme a rotina do setor; se de 1 a 2 pontos os sinais vitais

    devem ser verificados de 2/2horas; caso o total for de 3 pontos, a

    verificao dos sinais vitais deve ocorrer a cada 1 ou 2 horas; e se o total

    for 4, ou mais, os sinais vitais devem ser verificados a cada 30 minutos,

    alm de serem acionados a enfermeira, o mdico responsvel pelo

    paciente e o TRR (IHI, 2015b).

    No contexto de EMG e UTI, como o cuidado ao paciente grave

    exige atuao dinmica e rpida, ateno dos profissionais ao paciente e

    manuteno de uma comunicao efetiva para atender as demandas de

    cuidado, o uso de escalas como a de MEWS tambm um importante

    auxiliar na padronizao de uma conscincia.

    Assim, a realizao de estudos para identificar a habilidade das

    escalas de alerta precoce em classificar os pacientes de UTI e EMG e o

    desenvolvimento de revises sistemticas convergindo estes estudos,

    so fundamentais para estabelecer a relevncia de seu uso na prtica

    profissional baseada em evidencias cientificas.

    Deste modo, objetivamos realizar uma reviso sistemtica para

    identificar na literatura a validade preditiva do escore de alerta precoce

    modificado MEWS para mortalidade, parada cardaca e parada

  • 67

    respiratria em pacientes internados em unidades de emergncia e

    unidade de terapia intensiva adulto.

    2. MTODO

    2.1. Delineamento da pesquisa

    Foi realizada uma Reviso Sistemtica, sem metanlise, por

    estudos originais que avaliaram o escore de alerta precoce MEWS como

    ferramenta para estratificao de pacientes internados em UTI e EMG

    com risco de deteriorao fisiolgica e, consequentes eventos adversos,

    tais como parada cardaca, parada respiratria e morte.

    Para conduo e relato foram utilizados o checklist e o fluxograma do

    guideline Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-

    Analysis (PRISMA)(MOHER et al, 2009).

    .

    2.2. Estratgia de busca

    Para primeira etapa foi realizada, durante os meses entre janeiro

    e julho de 2015, uma busca sistemtica nas bases de dados da

    PUBMED, SCIENCE DIRECT, SCOPUS, MEDLINE e CINAHL por

    estudos publicados em ingls, espanhol ou portugus. As combinaes

    dos termos de busca utilizadas foram: MEWS AND Emergency; MEWS

    AND Critical Care; MEWS AND Intensive Care Unit; MEWS AND

    Patient Outcomes; MEWS AND Predictive Outcomes; Modified Early

    Warning System AND Emergency; Modified Early Warning System

    AND Critical Care; Modified Early Warning System AND Intensive

  • 68

    Care Unit; Modified Early Warning System AND Patient Outcomes;

    Modified Early Warning System AND Predictive Outcomes; Modified

    Early Warning Score AND Emergency; Modified Early Warning Score

    AND Critical Care; Modified Early Warning Score AND Intensive Care

    Unit; Modified Early Warning Score AND Patient Outcomes; e

    Modified Early Warning Score AND Predictive Outcomes. Para

    abranger um maior nmero de pesquisas sobre o tema estudado no

    restringimos o perodo de publicao dos estudos pesquisados. A sintaxe

    de busca de uma das bases de dados apresentada no QUADRO 2

    Para importao dos dados foi utilizada a base de dados

    eletrnica Endnote X7.

    Quadro 2 Sintaxe de Busca na Base de dados PUBMED

    Termos

    de Busca Detalhes da Pesquisa

    MEWS

    AND

    Emergen

    cy

    MEWS[All Fields] AND ("emergencies"[MeSH Terms] OR

    "emergencies"[All Fields] OR "emergency"[All Fields])

    MEWS

    AND

    Critical

    Care

    MEWS[All Fields] AND ("critical care"[MeSH Terms] OR

    ("critical"[All Fields] AND "care"[All Fields]) OR "critical

    care"[All Fields])

    MEWS

    AND

    Intensive

    Care

    Unit

    MEWS[All Fields] AND ("intensive care units"[MeSH

    Terms] OR ("intensive"[All Fields] AND "care"[All Fields]

    AND "units"[All Fields]) OR "intensive care units"[All

    Fields] OR (