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Caroline Merci Caliari de Neves Gomes Valor prognóstico das escalas de regressão tumoral pós quimiorradioterapia neoadjuvante para câncer de reto distal avançado Dissertação apresentada ao Curso de Pós- graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Pesquisa em Cirurgia São Paulo 2015

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Caroline Merci Caliari de Neves Gomes

Valor prognóstico das escalas de regressão tumoral pós quimiorradioterapia neoadjuvante para

câncer de reto distal avançado

Dissertação apresentada ao Curso de Pós- graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Pesquisa em Cirurgia

São Paulo

2015

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Caroline Merci Caliari de Neves Gomes

Valor prognóstico das escalas de regressão tumoral pós quimiorradioterapia neoadjuvante para

câncer de reto distal avançado

Dissertação apresentada ao Curso de Pós- Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Pesquisa em Cirurgia Área de Concentração: Reparação Tecidual Orientador: Prof. Dr. Fabio Gonçalves Ferreira Coorientador: Prof. Dr. Roberto Antonio Pinto Paes

São Paulo

2015

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FICHA CATALOGRÁFICA

Preparada pela Biblioteca Central da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

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Dedicatória

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Silvia e Jailson.

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Agradecimentos

AGRADECIMENTOS

À Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e à Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, por terem me recebido há 7 anos possibilitando meu crescimento profissional.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq), pela bolsa concedida durante a realização desta pesquisa.

Aos familiares e médicos assistentes dos pacientes deste estudo que, mesmo em um momento difícil, permitiram a realização deste trabalho.

Ao Prof. Dr. Fabio Gonçalves Ferreira, me sinto honrada de tê-lo como meu orientador. Obrigada pela amizade e pelo exemplo.

À Dra. Laura Carolina Lopez Claro, por todo o suporte impecável e dedicação na leitura das lâminas de HE.

Ao Prof. Dr. Roberto Antônio Pinto Paes, pela Coorientação dedicada neste estudo e questões. Obrigada pelo apoio.

Ao Prof. Dr. Hudson Buck, pela grande ajuda, pela paciência e pelo entusiasmo neste projeto e em outros tantos.

Aos Profs. Drs. Afonso Henrique da Silva e Sousa Junior, Marineide Prudêncio de Carvalho, Maria Antonieta Longo Galvão da Silva e José Gustavo Parreira, pelas sugestões e críticas no Exame de Qualificação.

Ao Dr. Jorge Alberto Ortiz, obrigada por me apoiar nos momentos mais difíceis da minha vida profissional e pelas inúmeras oportunidades que me abriu. Você é um grande amigo.

Ao Prof. Dr. Fang Chia Bin, um dos principais incentivadores para a realização da pós-graduação. Obrigada por todo apoio, conselhos e opiniões.

Ao Dr. Mauricio Alves Ribeiro, meu obrigada pelas palavras de apoio durante a realização desta tese.

Aos médicos patologistas e residentes do Serviço de Anatomia Patológica da ISCMSP, que, com seu trabalho, geraram o material que permitiu a realização desta pesquisa.

À Biblioteca da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, pela confecção da ficha catalográfica deste trabalho.

Aos meus pais, irmão e familiares, por todo seu carinho e incentivo.

E, sobretudo, ao meu querido Marcelo, pelo companheirismo e sacrifício.

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Citação

“A luta para atingir as alturas basta para encher o coração humano.”

Albert Camus (1913–1960)

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Abreviaturas e Símbolos

ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

AAP – Amputação abdominoperineal

cCR - Resposta clínica completa (do inglês)

CCR - Câncer colorretal

pCR - Resposta patológica completa (do inglês)

QRT - Quimiorradioterapia

QT - Quimioterapia

RAB - Ressecções anteriores baixas

RNM - Ressonância nuclear magnética

TC - Tomografia computadorizada

TME - Excisão total do mesorreto (do inglês)

TNM - Tumor Linfonodo Metástase (do inglês)

[c] TNM - Tumor Linfonodo Metástase clínico (do inglês)

[p] TNM - Tumor Linfonodo Metástase patológico (do inglês)

[yp]TNM - Tumor Linfonodo Metástase pós quimiorradioterapia (do inglês)

TRG - Nível de regressão tumoral (do inglês)

UICC - União Internacional Contra o Câncer (do francês)

5-FU - 5-fluorouracil

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Sumário

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ……………………………………………………………………..... 1 1.1. Considerações gerais sobre o câncer de reto ............................................ 2

1.2. Patogênese ……………………………………………………………………… 2

1.3. Sistema de classificação TNM ……………………………………………….. 3

1.4. Divisão anatômica do reto........................................................................... 6

1.5. Tratamento do câncer de reto..................................................................... 6

1.5.1. Tratamento do câncer de reto precoce.............................................. 6

1.5.2. Tratamento do câncer de reto avançado ............................................ 7

1.5.2.1 Quimiorradioterapia neoadjuvante no tratamento do câncer de reto avançado ...............................................................................

8

1.6. As escalas de regressão tumoral................................................................. 9

2. OBJETIVOS…………………………………………………………………….…...... 13 3. CASUÍSTICA E MÉTODO …………………………………………………….…..... 15

3.1 Ética em pesquisa…………………………………………………………......... 16

3.2. Pacientes………………………………………………………………………. 16

3.2.1. Critérios de inclusão............................................................................. 16

3.2.2. Critérios de exclusão .......................................................................... 16

3.2.3. Caracterização da amostra ............................................................... 17

3.3. Protocolo de estádio e tratamento...................................................... 18

3.4. Seguimento .............................................................................................. 19

3.5. Análise histopatológica................................................................................ 19

3.5.1. Macroscopia e avaliação segundo classificação TNM..................... 19

3.5.2. Aplicação das escalas de regressão tumoral de Dworak e de Mandard ..............................................................................................

20

3.6. Análise estatística ……………………………………………………………… 22

4. RESULTADOS …………………………………………………………………….... 24 4.1 Comparação entre dois avaliadores independentes quanto a aplicação

das escalas de regressão tumoral de Dworak e de Mandard .......................

25

4.2. Dados clínicos e anatomopatológicos gerais............................................... 27

4.3. Correlações de dados clínicos com as escalas de regressão tumoral......... 31

4.4. Correlação de dados anatomopatológicos com as escalas de regressão tumoral..........................................................................................................

32

4.5. Associação entre as classificações TNM pré QRT e pós QRT seguida de cirurgia com as escalas de regressão tumoral de Dworak e de Mandard......

37

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Sumário

4.6. Associação entre os dados epidemiológicos e anatomopatológicos de 50

pacientes com câncer de reto distal avançado tratados com QRT seguida de cirurgia e dados de sobrevida em cinco anos...........................................

38 4.7. Associação entre as escalas de regressão tumoral de Dworak e de

Mandard e dados de sobrevida em cinco anos de 50 pacientes com câncer de reto distal avançado tratados com QRT seguida de cirurgia.....................

42 5. DISCUSSÃO ………………………………………………………………..……….. 48 6. CONCLUSÕES …………………………………………………………….………... 55 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ……………………………………..……….. 57

RESUMO …………………………………………………………………..………..... 67 ABSTRACT ………………………………………………………………..……….... 69 LISTAS E APÊNDICE......................................................................................... 71

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1. INTRODUÇÃO

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Introdução

1.1. Considerações gerais sobre o câncer de reto

O câncer colorretal (CCR) configura uma neoplasia de importância mundial,

sendo o terceiro tipo de câncer mais comum em homens (746.000 casos, 10% do

total) e o segundo em mulheres (614.000 casos, 9,2% do total) em todo o mundo,

excluindo- se os cânceres de pele não melanoma (1).

Em 2012, a incidência alarmante mundial de câncer aumentou para cerca de

14 milhões de novos casos por ano, números que deverão aumentar para 22

milhões por ano nas próximas duas décadas. No mesmo período, prevê-se um

aumento na mortalidade por câncer de aproximadamente 8,2 milhões por ano para

13 milhões por ano(2).

As estatísticas norte-americanas mostraram para o ano de 2012, uma

incidência do câncer colorretal para ambos os sexos de 38.510 casos novos, sendo

destes, 11070 localizados no reto. Para o ano de 2015, está previsto o número de

49.700 mortes devido ao CCR(1,3).

No Brasil, para o ano de 2014, estimou-se uma incidência de 15.070 casos

novos de CCR para homens, sendo o terceiro tipo mais comum, sendo superado

em números pelo câncer de próstata e pelos cânceres de traqueia, brônquios e

pulmões respectivamente. Já nas mulheres o câncer colorretal apresentou uma

incidência de 17.530 casos novos, configurando-se como o segundo tipo de câncer

mais comum, sendo superado em números apenas pelo câncer de mama,

excluindo-se os cânceres de pele não melanoma(4).

São esperadas taxas de mortalidade crescentes de CCR no Brasil até o ano de

2025, principalmente por causa do processo de envelhecimento da população(5).

1.2. Patogênese

O câncer colorretal é uma doença muito heterogênea. Isso é causado pela

interação de fatores genéticos e ambientais e podem ser classificadas com base na

importância de cada um desses fatores. A maioria dos CCRs são esporádicos (70%-

80%), com idade sendo o mais importante fator de risco. Apenas uma pequena

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Introdução

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percentagem de casos é devido a formas hereditárias, tanto a polipose

adenomatosa familiar (menos de 1%), o CCR hereditário não-polipose ou Síndrome

Lynch (2%-5%) ou pólipo associado ao gene MUTYH (< 1%). Estima-se que cerca

de 20% a 25% dos casos possuem uma componente hereditário associado que

ainda não foi bem estabelecido e é conhecido como CCR familial(6).

O câncer colorretal desenvolve-se através de um acúmulo gradual de

alterações genéticas e epigenéticas, levando à transformação da mucosa do cólon

normal em câncer invasivo. A maioria dos CCRs desenvolve-se a partir de

adenomas (sequência adenoma-carcinoma), e o tempo da transformação neoplásica

leva cerca de 10 a 15 anos, o que representa o tempo disponível para detectar e

remover estes adenomas antes de sua progressão para carcinoma invasivo(7,8).

Uma melhor compreensão das vias de carcinogênese têm permitido o

desenvolvimento de métodos diagnósticos e marcadores prognósticos, bem como a

investigação de novos alvos terapêuticos e preditores de resposta ao tratamento do

câncer.

1.3. Sistema de classificação TNM

O estádio pré-operatório do câncer do reto preferencialmente é determinado

por ressonância magnética (RNM) ou ultrassom endoscópico para avaliação local do

tumor, radiografia ou tomografia computadorizada de tórax e ultrassom de abdome

ou tomografia de abdome e pelve para pesquisa de disseminação à distância.

Os exames de imagem são importantes na avaliação dos pacientes para o

rastreamento, determinação do estádio da doença e vigilância do CCR. Revisão

realizada por Kijima e colaboradores, apresenta achados comumente encontrados

durante a avaliação inicial de pacientes com câncer colorretal utilizando colonografia

por tomografia computadorizada (TC), RNM e tomografia por emissão de pósitrons

(PET-TC)(9) . A colonografia por tomografia computadorizada fornece informações

importantes para a avaliação pré-operatória no estadiamento do “T”, mostrando que

deformidades da parede estão associados a invasão muscular ou invasão subserosa

e que as metástases linfonodais de câncer colorretal frequentemente apresentam

calcificações(10) . A TC é superior para detectar metástases calcificadas, sendo que

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Introdução

4

as imagens tridimensionais da anatomia vascular fornecidas pela TC-tridimensional,

auxiliam o planejamento da cirurgia laparoscópica(11) . O nível do “T” do câncer retal

por ressonância nuclear magnética é uma modalidade estabelecida porque a RNM

pode diagnosticar com maior precisão a estrutura laminar da parede retal(12) . O

estadiamento de “N” em pacientes com câncer colorretal ainda é um desafio para

qualquer modalidade de exame de imagem(13,14). Para avaliação de metástases

hepáticas, concluiu-se que a RNM é mais precisa do que a TC(15).

Os sistemas de classificação dependem da extensão do tumor, da invasão

local, do grau de invasão de nódulos linfáticos, e da presença de metástases. O

estádio em que se encontra o paciente com câncer colorretal estima se o mesmo é

avançado ou não, auxiliando na decisão de qual o melhor método de tratamento

para o paciente.

TNM - Classification of Malignant Tumours é o sistema mais usado para a

classificação de tumores malignos e a descrição de sua extensão anatômica,

desenvolvido e publicado pela Union Internationale Contre le Cancer – UICC,

Genebra, Suíça(16). O sistema TNM possui três categorias, cada uma com números

indicando a severidade da extensão do tumor. "T" denota o grau de invasão da

parede intestinal, "N" o envolvimento de nódulos linfáticos, e "M" a presença de

metástases. Os estádios são geralmente descritos em algarismos romanos (I, II, III,

IV). Quanto maior, mais avançado o câncer.

Em nosso trabalho utilizamos a 5ª Edição da Classificação TNM da UICC(16).

A sétima edição da Classificação TNM de tumores malignos (TNM-7) contém

várias classificações novas e modificações de alguns componentes. Essas

mudanças se tornaram efetivas em Janeiro de 2010. As subdivisões das categorias

T, N e M são expressas em subdivisões dos grupamentos existentes. Apesar dessa

expansão, todas as sub-etapas podem ser analisados de volta para os quatro

grupos originais das classificações TNM anteriores, dando cobertura a um período

de 30 anos sendo ainda compatível com a classificação de Dukes original, afirmando

a compatibilidade com as versões anteriores(17).

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Introdução

5

De acordo com o proposto pela UICC, utilizamos em nosso estudo o símbolo

"y" antes da classificação TNM para distinguir tumores de reto que passaram por

quimiorradioterapia. O símbolo “c”, classicamente é utilizado para denotar estádio

clínico e o símbolo “p” para denotar estádio patológico, ou seja, após ressecção

cirúrgica(16).

Quadro 1. Classificação TNM – UICC 5ª Edição.

Estádio (UICC)

Estádio (TNM)

Critério TNM de câncer colorretal

Estádio 0 Tis N0 M0 Tis: Tumor confinado na mucosa; ou seja,

carcinoma in situ Estádio I T1 N0 M0 T1: Tumor invade a submucosa

Estádio I T2 N0 M0 T2: Tumor invade a muscularis própria

Estádio II-A T3 N0 M0 T3: Tumor invade a subserosa, ou além (sem

envolver outros órgãos)

Estádio II-B T4 N0 M0 T4: Tumor invade órgãos adjacentes, ou

perfura o peritôneo

Estádio III-A T1-2 N1 M0 N1: Metástase para um a três nódulos

linfáticos. T1 ou T2.

Estádio III-B T3-4 N1 M0 N1: Metástase para um a três nódulos

linfáticos. T3 ou T4.

Estádio III-C qualquer T, N2 M0 N2: Metástases para quatro ou mais nódulos

regionais. Qualquer T.

Estádio IV qualquer T,

qualquer N,

M1: Metástases distantes presentes. Qualquer

T, qualquer N.

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Introdução

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1.4. Divisão anatômica do reto

O reto está localizado no interior da cavidade pélvica. A porção anterior do

terço inferior do reto tem localização extraperitoneal, enquanto que a porção

posterior é completamente extraperitoneal. Seu comprimento é de cerca de 12-15

cm. A divisão anatômica do reto é feita em três regiões a partir da borda anal sendo

classificado desta forma como reto distal até 3-6 cm da borda anal, reto médio 5-6 a

8-10 cm da borda anal e reto alto 8-10 a 12-15 cm da borda anal. Tal divisão deve

considerar que a porção extraperitoneal do intestino grosso atinja a localização de

12 cm da borda anal. Esta distinção anatômica é importante, pois o câncer de reto

superior pode ser considerado como parte do câncer do cólon, compartilhando

comportamento biológico semelhante, o que justifica um tratamento diferente do

câncer de reto distal(18).

A parede muscular retal está rodeada por uma camada de gordura que contém

vasos sanguíneos, vasos linfáticos, e dos gânglios linfáticos (chamada mesorreto). O

reto e mesorreto são envolvidos pela fáscia endopélvica. Estas estruturas estão em

contato com órgãos adjacentes, tais como a próstata, vesícula seminal, parede

vaginal posterior e colo do útero(19).

O aperfeiçoamento de técnicas operatórias desperta muito interesse na

anatomia cirúrgica relacionada à cirurgia curativa do câncer retal, com foco particular

nos planos faciais e plexos nervosos e sua relação com planos de dissecção. Um

entendimento completo da anatomia do reto e dos órgãos pélvicos adjacentes é

essencial para que os cirurgiões colorretais alcancem resultados oncológicos ideais

e com segurança no tratamento cirúrgico do câncer de reto(20).

1.5. Tratamento do câncer de reto

1.5.1. Tratamento do câncer de reto precoce

No caso de tumores precoces de reto, ou seja, neoplasias limitadas à parede

do reto e onde não haja acometimento linfonodal (T1-2 N0 M0), o tratamento pode

se limitar à terapias locais, que se estendem desde a ressecção transanal até a

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Introdução

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ressecção endoscópica chamada também de mucosectomia (20,21). Esses tumores

representam cerca de 3-5% dos cânceres de reto e incluem lesões pequenas,

exofíticas e sem fatores patológicos adversos (isto é, neoplasias de alto grau,

invasão venosa ou linfática, histologia colóide, ou a penetração do tumor através da

parede do intestino). Os cânceres de reto classificados como estágio [c]TNM I, ou

seja, cT2 cN0 cM0 e cânceres cT1 exibindo fatores de alto risco são adequadamente

tratados com ressecção cirúrgica radical e excisão total do mesorreto, sem adição

prévia de quimiorradioterapia (22).

1.5.2. Tratamento do câncer de reto avançado

O tratamento cirúrgico para câncer de reto distal avançado não metastático

deve incluir a excisão total do mesorreto (TME), que consiste na excisão total do

pedículo vascular do reto ao longo das fáscias e planos anatômicos com adequadas

margens distal e circunferencial e linfadenectomia da arcada mesentérica inferior

(23,24). A cirurgia poupando o esfíncter do reto é possível na maioria dos casos de

tumores de reto médio ou distal, contanto que haja uma margem distal de pelo

menos 1 cm. Para os tumores muito distais, uma ressecção abdominoperineal pode

ser necessária(25). Na AAP realiza-se uma colostomia permanente devido à

impossibilidade de preservação de esfíncter (25).

As metas ideais no tratamento cirúrgico do câncer de reto distal são: ressecção

curativa, preservação do esfíncter anal e preservação das funções sexuais e de

micção. A qualidade da ressecção completa do câncer retal e mesorreto pode

determinar o prognóstico dos pacientes e sua qualidade de vida. Com o surgimento

da excisão total do mesorreto na década de 80, a dissecção pélvica meticulosa

preconizada por Heald e colaboradores tem sido enfatizada para alcançar esse

sucesso terapêutico (26,27). No passado, as taxas de recidiva local e de disfunção

sexual e miccional eram muito elevadas. No entanto, com a dissecção pélvica

meticulosa respeitando a anatomia da pelve, a recidiva local diminuiu para menos de

10% e a taxa de preservação da função sexual e miccional é alta(19). A excisão total

do mesorreto é um fator independente prognóstico para controle local de tumores de

reto localmente avançados, pT3-4 N1-2, determinando taxas de recidivas locais que

oscilam entre 15% e 21% em ensaios randomizados(19).

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Introdução

8

1.5.2.1 Quimiorradioterapia neoadjuvante no tratamento do câncer de reto

avançado

O tratamento de escolha para o câncer retal estádio II e III, cT3, cT4 ou com

acometimento linfonodal inclui QRT pré-operatória com radioterapia fracionada

convencional de 50,4 Gy em 28 frações. Realizar este tratamento pré-operatório

reduz a incidência de recidiva local e de toxicidade, permitindo também uma maior

preservação do esfíncter, em comparação com a sua administração pós-

operatória(28,29). O ensaio CAO/ARO/AIO-94 (Working Group of Surgical

Oncology/Radiation Oncology/Medical Oncology of the German Cancer Society)

demonstrou a superioridade da QRT pré-operatória sobre pós-operatória com

relação ao controle local da doença e perfil de toxicidade(30). Contudo, os resultados

após 10 anos de seguimento desses pacientes não demonstraram diferenças quanto

sobrevida global, incidência cumulativa de metástases à distância, ou sobrevida livre

de doença(31). Sendo assim, nos pacientes que não se beneficiaram com QRT pré-

operatória, é recomendado sua administração no pós-operatório.

Acredita-se que a QRT pré-operatória melhora o controle local da doença

diminuindo as taxas de recidiva local quando comparada a radioterapia pós-

operatória ou ressecção da neoplasia com excisão total do mesorreto sem adição de

radioterapia(32). Além disso, o tratamento neoadjuvante pode diminuir o volume do

tumor, melhorando a ressecabilidade e até aumentar as chances de preservação do

esfíncter anal(33).

Entretanto, o grau de resposta à QRT se mantém muito variável. Enquanto

alguns pacientes aparentemente não respondem favoravelmente ao tratamento,

podendo inclusive apresentar progressão da doença, outros apresentam uma

diminuição significativa no estágio do tumor(34,35). Cerca de 4 a 33% dos pacientes

apresentam resposta patológica completa, ou seja, situação onde não se encontram

células tumorais no espécime cirúrgico(36,37) .

Alguns grupos tem a adotado o tratamento não operatório para os pacientes

que apresentam resposta clínica completa após QRT, estratégia conhecida como

“watch and wait”. Esta estratégia, quando aplicada com rígidos critérios de seleção

de pacientes e seguimento, é viável e resulta em resultados promissores, tão bons

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Introdução

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quanto a dos pacientes que apresentam resposta patológica completa (RPC) após a

cirurgia(38–41) .

1.6. As escalas de regressão tumoral

Os efeitos de regressão tumoral documentados por diminuição do estádio pré-

operatório em relação ao estádio patológico (categorias clínicas T/N) têm sido

usados para medir a resposta do tumor à quimiorradioterapia(42–46).

Se a extensão da regressão do tumor tem impacto significativo sobre o

prognóstico é uma questão a ser esclarecida(47,48).

Um método alternativo para avaliar a resposta ao tratamento é a aplicação de

escalas que avaliam as alterações celulares no espécime ressecado causadas por

QRT pré-operatória. Estas mudanças incluem alterações citológicas, tais como

formação de vacúolos citoplasmáticos e pleomorfismo nuclear, alterações do

estroma como fibrose com piscinas de mucina em áreas previamente ocupadas por

tumor(49,50). Áreas de alterações fibróticas pós QRT contrastam fortemente com

tumor residual e com a parede intestinal normal adjacente. Assim, o nível de

regressão tumoral (TRG) pode variar de nenhuma evidência de efeito do tratamento

até a resposta completa onde não há tumor viável identificável.

O uso de classificações de regressão tumoral durante o exame patológico de

peças de ressecção pós quimiorradioterapia é considerado boa prática na Europa(51).

Mandard e colaboradores publicaram, em 1994, uma escala inicialmente para

avaliação de pacientes com câncer de esôfago submetidos à QRT. Essa escala

possui cinco níveis de regressão tumoral, que são os seguintes: TRG 1 (regressão

completa) ausência de tumor residual histologicamente identificável e fibrose que se

estende através das diferentes camadas da parede do órgão, com ou sem

granuloma; TRG 2, presença de células cancerosas residuais raras espalhadas pela

fibrose; TRG 3, um aumento do número de células cancerosas residuais, mas

fibrose ainda predominante; TRG 4, câncer residual superando fibrose e finalmente

TRG 5, caracterizado pela ausência de alterações regressivas(52).

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Introdução

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Baseado na classificação de Mandard et al, em 1994, Dworak e colaboradores,

em 1997, propuseram uma escala de regressão tumoral para avaliação de pacientes

com câncer de reto distal submetidos à quimiorradioterapia, também com cinco

níveis de regressão tumoral, sendo: TRG 0, ausência de regressão; TRG 1, massa

tumoral dominante com fibrose e/ou vasculopatia óbvia; TRG 2, alterações fibróticas

predominantes com poucas células tumorais ou grupos (fácil de encontrar); TRG 3,

muito poucas (difícil de encontrar microscopicamente) células tumorais em tecido

fibrótico com ou sem substância mucosa e TRG 4, não há células tumorais, apenas

massa fibrótica (regressão total)(53).

Novos ensaios clínicos estão explorando a possibilidade de cirurgia mais

conservadora, como a excisão local do tumor ou até mesmo evitar completamente o

tratamento cirúrgico, sendo que neste cenário, o uso das escalas de regressão

tumoral ganha espaço como armamento propedêutico auxiliar na tomada de decisão

(40,54,55).

Estudo prospectivo cooperativa italiano fase II (estudo Leader), avaliou o

impacto de uma excisão local transanal, que fornece uma avaliação do TRG, na

recidiva local em pacientes com câncer de reto que apresentaram uma boa resposta

clínica após quimiorradioterapia pré-operatória(55). Pacientes classificados como cT3

ou cT2, cN0-N1, considerando resultado de exame de RNM, doença com uma boa

resposta clínica após QRT pré-operatória, foram submetidos a uma excisão local

transanal de espessura total.

Os pacientes classificados como TRG 1 a 2 segundo a escala de Mandard et al

(TRG 1 ou regressão completa onde há ausência de tumor residual histologicamente

identificável e fibrose que se estende através das diferentes camadas da parede do

órgão, com ou sem granuloma e TRG 2, presença de células cancerosas residuais

raras espalhadas pela fibrose) foram observados, enquanto o restante dos

pacientes, que não apresentaram excelente resposta à QRT, foram submetidos a

cirurgia radical com a excisão total do mesorreto. O estudo incluiu 63 pacientes, com

um acompanhamento médio de 36 meses. O valor acumulado de três anos estimou

sobrevida global, sobrevida livre de doença de 91,0% (CI de 95%, 77,0% a 96,6%)

e 96,9% (95% Cl, 80,3% a 99,5%), respectivamente (55).

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Introdução

11

Em estudo de 2013, Habr-Gama e colaboradores reportaram os resultados da

abordagem “watch and wait” em 70 pacientes com tumores de reto baixo localizados

a um máximo de 7 cm de distância da borda anal e classificadas como estágio

tumoral e nodal cT2-4 ou N1-2, submetidas à quimiorradioterapia neoadjuvante(54).

Caso não fosse detectado tumor residual através de proctoscopia e o novo estadio

após 10 semanas do término da QRT, os pacientes eram estadiados inicialmente

como resposta clínica completa (CCR) e colocados sobre a estratégia de “watch-

and-wait” que incluiu seguimento rigoroso com exames físico e laboratoriais

frequentes, além da repetição dos exames de imagem a cada dois a seis meses. Se

em 10 semanas fosse detectado doença residual, o paciente era submetido a

excisão local do tumor e caso a análise desse tumor revelasse doença ypT0 eles

eram novamente colocados sobre a estratégia de “watch-and-wait”.

Os pacientes nestes dois grupos que não tiveram nenhuma evidência de

doença em um ano foram classificados como resposta clínica completa (CCR)

sustentada. Todos os outros pacientes (definidos como respondedores incompletos)

foram tratados por cirurgia radical. Com uma média total de seguimento de 53

meses, 51% dos pacientes que completaram quimiorradioterapia com resposta

clínica completa sustentada, tiveram sobrevida em três anos de 94% (54).

Outra aplicação potencial do TRG seria para ajudar a escolher pacientes para

quimioterapia adjuvante pós-operatória que foram submetidos a QRT pré-operatória.

Uma análise de um subgrupo da Organização Europeia para Pesquisa e Tratamento

do Câncer, estudo 2292, revelou que os pacientes que melhor responderam à QRT

pré-operatória se beneficiaram da quimioterapia pós-operatória e apresentaram

maior sobrevida(56).

Muitos ensaios envolvendo QRT pré-operatória para tratamento do câncer de

reto localmente avançado têm explorado o uso de resposta patológica completa

(RPC) e/ou o nível de regressão do tumor (TRG) como os desfechos primários(57–59) .

Entretanto, a falta de definições de padrão de TRG, diferentes intervalos entre o

término da QRT e a cirurgia, e a falta de controle da padronização dos relatórios

fornecidos pela patologia dificultam a interpretação dos dados.

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Introdução

12

Um forte argumento para a concepção de um sistema de classificação de

regressão forte e reprodutível é a falta de estudos prospectivos validando o uso de

pontos finais em escalas de regressão de câncer retal pós quimiorradioterapia

associado a falta de consenso e validação de uma classificação de regressão ideal.

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13

2. OBJETIVOS

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14

Objetivos

2.1. Avaliar o nível de concordância entre dois examinadores

independentes, quando aplicados os sistemas de regressão tumoral de Mandard e

de Dworak para avaliação de pacientes com câncer de reto distal localmente

avançado submetidos à quimiorradioterapia e cirurgia (52,53).

2.2. Correlacionar o nível de resposta à quimiorradioterapia com sobrevida

livre de doença em 5 anos.

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3. CASUÍSTICA E MÉTODO

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16

Casuística e Método

3.1. Ética em pesquisa

Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres

Humanos da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo em Maio de

2014 (Protocolo nº 26557014.5.0000.5479) (Apêndice 1).

3.2 Pacientes

Foram revisados prontuários médicos dos 111 pacientes com câncer de reto

distal submetidos à quimiorradioterapia seguida de cirurgia durante o período de

janeiro de 2004 a maio de 2010, acompanhados pela Disciplina de Coloproctologia

do Departamento de Cirurgia da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São

Paulo. Os casos foram selecionados de acordo com os critérios de inclusão e

exclusão a seguir.

3.2.1 . Critérios de inclusão

a) Pacientes adultos (idade maior ou igual a 18 anos) com adenocarcinoma de

reto localmente avançados, ou seja, estádios cII e cIII, não metastático, acessível ao

toque retal e submetidos à QRT neoadjuvante seguida de cirurgia radical com

intenção curativa (ressecção R0).

b) Pacientes com representação histológica suficiente e disponível (pelo menos

um fragmento disponível em bloco de parafina) das biópsias realizadas no momento

do diagnóstico de CCR, pré-tratamento e representação histológica suficiente do

tumor pós QRT e cirurgia (mínimo de cinco cortes do tumor ou fibrose residual pós

QRT em blocos de parafina).

3.2.2 . Critérios de exclusão

a) Pacientes com história clínica sugestiva de síndromes neoplásicas

hereditárias (carcinoma colorretal hereditário não polipose, polipose adenomatosa

familiar).

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17

Casuística e Método

b) Pacientes com doença inflamatória intestinal (Retocolite Ulcerativa e Doença

de Crohn).

c) Pacientes com neoplasias sincrônicas.

d) Representação histológica insuficiente ou indisponível.

e) Pacientes que não foram submetidos ao protocolo de QRT preconizado.

f) Perda de seguimento

3.2.3 . Caracterização da amostra

Os seguintes dados foram obtidos por meio de revisão de laudos e resumos de

prontuários: sexo, idade à época da cirurgia, distância do tumor da borda anal,

diferenciação celular do tumor à época da biópsia inicial, estádio TNM clínico, data

do término da neoadjuvância, data da cirurgia, tipo de cirurgia realizada, presença

de invasão tumoral em margens cirúrgicas, presença de invasão angiolinfática na

peça, presença de invasão perineural na peça, número de linfonodos ressecados,

número de linfonodos acometidos por neoplasia, data do diagnóstico de recidiva

local do tumor, data do diagnóstico de metástase a distância em fígado ou pulmão,

data do óbito, data da última consulta.

Dos 111 pacientes identificados no período, 2 (1,8%) foram submetidos a

ressecção cirúrgica com margens comprometidas (ressecção R1); 48 (43,2%) não

apresentavam representação histológica suficiente e disponível para realização da

pesquisa; 5 (4,5%) apresentavam dados incompletos nos prontuários médicos

impossibilitando a caracterização dos mesmos; 6 (5,4%) perderam seguimento

ambulatorial. A população final do estudo consiste, portanto, em 50 indivíduos.

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18

Casuística e Método

Figura 1: Fluxograma de pacientes com CCR incluídos no estudo (2004 a 2010).

3.3 Protocolo de estádio e tratamento

O protocolo de estádio inicial incluiu exame físico completo, toque retal,

retossigmoidoscopia rígida, colonoscopia, radiografia de tórax, tomografia

computadorizada de abdome, ressonância magnética de pelve e ultrassonografia

endorretal quando possível.

Todos os pacientes foram submetidos ao mesmo esquema de quimioterapia

(QT) pré-operatória que consistiu em um regime baseado em 5´fluorouracil (5-FU). O

protocolo usado foi infusão em bolus de 5-FU na dose de 325 mg/m²/dia associado a

Leucovorin na dose de 20mg/m²/dia por dois ciclos de cinco dias consecutivos na 1ª

semana (dias 1- 5) e 5º semana (dias 29 – 33) de radioterapia. A radioterapia (RT)

pré-operatória, para todos os pacientes, consistiu em uma média de 50.4 Gy (4500 a

5040 cGy) administradas em três campos em período de seis semanas. O intervalo

médio entre o término da QRT e a cirurgia foi de nove semanas. O atraso da cirurgia

em alguns casos se deveu a motivos diversos: indisponibilidade de leitos de

internação no hospital, falta de leitos em unidade de terapia intensiva quando

indicado, descompensação de comorbidades prévias dos pacientes.

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19

Casuística e Método

Foram realizadas 34 amputações abdominoperineais do reto (AAP) e 26

ressecções anteriores baixas (RAB) com anastomose colorretal ou coloanal.

3.4 Seguimento

Todos os pacientes foram atendidos em acompanhamento regular, incluindo

história clínica, exame físico, exames laboratoriais, ultrassonografia abdominal,

radiografia de tórax e endoscopia (colonoscopia total após um ano). No primeiro ano

após a cirurgia, foram feitos exames a cada três meses. Após, os pacientes foram

seguidos semestralmente durante o período de dois a cinco anos no pós-operatório,

e a partir do quinto ano de pós-operatório, anualmente.

Pacientes no estádio 0 [yp]T0N0M0, I [yp] T1-2N0M0 e II-A [yp] T3N0M0 não

realizaram tratamento adjuvante sistemático. Pacientes no estádio II-B,

[yp]T4N0M0 e estádio III, ou seja [yp]TxN1-2M0 foram encaminhados para terapia

adjuvante.

Qualquer crescimento tumoral dentro da pelve foi considerado como recidiva

local, na maioria dos casos o diagnóstico foi feito com base em dados clínicos e

radiológicos.

A sobrevida de todos os eventos foi medida do dia da cirurgia até o dia do

evento ou última consulta do paciente caso nenhum evento ocorresse. Para a

estimativa do tempo de sobrevida livre de doença foram considerados eventos:

recidiva local do tumor e ou surgimento de metástase.

3.5 Análise histopatológica

3.5.1 Macroscopia e avaliação segundo classificação TNM

Foram revistos os relatórios de análise histopatológica realizadas no

Departamento de Patologia do Hospital Central da Irmandade da Santa Casa de

Misericórdia de São Paulo, dos 50 pacientes inclusos no estudo. Coletamos os

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20

Casuística e Método

dados referentes a categoria TNM, número de linfonodos analisados no total,

número de linfonodos envolvidos por neoplasia, presença de invasão angiolinfática,

presença de invasão perineural e estado de margem de ressecção. Ressecção R0

foi definido como margens de ressecção livres de tumor histologicamente

independentemente da distância entre o tumor e a margem da ressecção.

O estádio patológico na época da análise histopatológica dos espécimes

ressecados estava de acordo com a classificação TNM proposta pela 5ª Edição da

UICC(16) . Resposta patológica completa à QRT é definida como ausência de células

de adenocarcinoma viáveis na peça cirúrgica [yp]T0N0M0. Resposta parcial é

definida como redução do estádio patológico [yp] em relação ao estádio clínico pré-

tratamento [c], por exemplo, cII para ypI, ou cIII para ypII ou ypI.

3.5.2. Aplicação das escalas de regressão tumoral de Dworak e de Mandard

Foram reavaliados os blocos contendo fragmentos representativos dos tumores

para identificar a área de mais profunda invasão neoplásica. Novos cortes foram

tomados e preparados com hematoxilina-eosina. As áreas de interesse foram

marcadas sobre as lâminas e foi escolhida a área considerada com o pior grau de

regressão para aplicação das escalas de regressão tumoral.

Foram designados dois patologistas gastrointestinais experientes, os quais

avaliam mais de 20 casos de câncer de reto pós QRT por ano em seus respectivos

serviços, para classificar os tumores quanto ao nível de regressão pós QRT. Os

patologistas não tinham informações sobre os dados clínicos dos pacientes

selecionados.

A regressão do tumor primário foi semiquantitativamente determinada pela

quantidade de tumor viável versus a quantidade de fibrose, variando desde a

ausência de qualquer efeito da QRT até resposta completa sem tumor viável

identificável segundo as escalas de Mandard et al e Dworak et al(52,53) .

As características das escalas de regressão tumoral utilizadas estão dispostas

no Quadro 2.

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21

Casuística e Método

Quadro 2. Classificações de Regressão tumoral utilizadas no estudo.

Classificação de Dworak

TRG 0: Não há regressão tumoral, ausência de fibrose ou doença vascular;

TRG 1: Uma massa tumoral dominante com fibrose óbvia e/ou vasculopatia;

TRG 2: Alterações fibróticas dominantes com poucas células tumorais ou grupos (fácil de encontrar);

TRG 3: Muito poucas células tumorais em tecido fibroso, (difícil encontrar microscopicamente), com ou sem substância mucosa; TRG 4: Não há células tumorais, apenas uma massa fibrótica ou lagos de mucina (regressão total).

Classificação de Mandard

TRG 1: Resposta patológica completa;

TRG 2: Células tumorais residuais dispersas em tecido fibrótico;

TRG 3: Um número maior de células tumorais, com predominância de fibrose;

TRG 4: Tumor residual superando a fibrose;

TRG 5: Ausência de regressão tumoral.

Um dos motivos para escolha das escalas utilizadas foi porque são comumente

usadas e ambos patologistas participantes são familiarizados com pelo menos uma

delas. Os critérios para cada sistema de classificação foram divulgados aos dois

patologistas antes dos mesmos classificarem os tumores.

Os dois patologistas atribuíram valores para cada caso analisado com base na

sua interpretação independente e no final, avaliou-se o nível de concordância entre

os mesmos, no que se refere às notas atribuídas segundo as classificações de

Dworak e de Mandard. Para a análise estatística considerou-se os dados de apenas

um examinador, escolhido aleatoriamente através de um sorteio.

Para fins de análise, ambos os sistemas de TRG foram reagrupados em

escalas de três e de duas categorias, evitando assim pequenas categorias.

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22

Casuística e Método

3.6 Análise estatística

Utilizou-se a planilha eletrônica MS-Excel, em sua versão do MS-Office 2010,

para a organização dos dados, e o pacote estatístico IBM SPSS (Statistical Package

for Social Sciences), em sua versão 22.0, para a obtenção dos resultados. O nível

de significância adotado será de 5 % (considerado significante caso p < 0,05).

Para comparação do grau de concordância entre os dois patologistas, no que

se refere às notas atribuídas segundo as classificações de Dworak e Mandard,

Dworak agrupado e Mandard agrupado em três categorias e em duas categorias

aplicou-se o teste de estatística alfa de Cronbach (ou, como simplificadamente é

mais conhecido, teste de Cronbach), e verificou-se o nível de confiabilidade em

termos da chamada ‘consistência interna’ dos valores observados.

Os valores da estatística alfa de Cronbach podem variar entre 0,000 e 1,000

sendo que, segundo Perrin (1995), tal variação obedece à seguinte regra: valores

entre 0,000 e 0,600 (exclusive) - confiabilidade insatisfatória (em um caso como

este, um ou mais avaliadores seriam eliminados ou tratados à parte, dependendo do

tipo de estudo); valores entre 0,600 (inclusive) a 0,700 (exclusive) - confiabilidade

satisfatória (em um caso como este, não há motivação para segregar os avaliadores,

a não ser por uma decisão à parte do resultado estatístico); valores entre 0,700

(inclusive) a 1,000 - confiabilidade elevada (se aceita que os avaliadores apresentam

variabilidades esperadas)(60).

Com o intuito de verificarmos o grau de associação entre as categorias das

classificações de Dworak e de Mandard e as demais variáveis de interesse,

aplicamos o Teste da Razão de Verossimilhança.

Os desfechos referentes a sobrevivência dos pacientes: sobrevida global,

sobrevida livre de doença, bem como sobrevida livre de recidiva local do tumor

independente da presença de metástases a distância ou não e sobrevida livre de

metástases em fígado e/ou pulmão independente da presença de recidiva local do

tumor foram medidos a partir do momento da sua atribuição aleatória. Os dados dos

pacientes que estavam vivos e livres de recidiva ou morreram sem recidiva foram

aplicados para a análise da sobrevida livre de doença e recidivas. A análise

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23

Casuística e Método

univariada de sobrevivência foi realizada pelo método de Kaplan-Meier, e a

avaliação das diferenças foi realizada com o teste de log-rank para tendência com

métrica igualmente espaçada para fatores prognósticos ordenados com mais de

duas categorias.

As variáveis analisadas foram: faixa etária, diferenciação celular, categoria [c]

T, categoria [c] N, categoria [yp] T, categoria [yp] N, categoria [yp] TNM, intervalos

entre a QRT e a cirurgia de 6, 8, 10 e 12 semanas, tipo de cirurgia realizada (AAP ou

RAB), presença de invasão angiolinfática, presença de invasão perineural,

classificação segundo escala de Dworak, classificação segundo escala de Mandard,

classificação segundo escala de Dworak agrupada em três e duas categorias e

classificação segundo escala de Dworak agrupada em três e duas categorias.

Nenhum ajuste foi realizado para testes múltiplos, a respeito do número de

potenciais fatores de prognóstico ou o número de resultados analisados. Assim, os

valores de p não são estritamente confirmatórios, e a análise é considerada

exploratória e geradora de hipóteses.

O reagrupamento das cinco categorias das escalas de regressão foi feito para

fins de análise. Utilizou-se reagrupamentos tanto em três categorias (regressão

completa, regressão parcial e fraca regressão) quanto em duas categorias (boa

resposta e resposta ruim).

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4. RESULTADOS

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Resultados

4.1. Comparação entre dois avaliadores independentes quanto a aplicação das escalas de regressão tumoral de Dworak e de Mandard

Para avaliar o nível da concordância entre dois patologistas independentes

quanto os valores atribuídos à escala de regressão tumoral de Dworak e à escala de

regressão tumoral de Mandard aplicou-se o teste estatístico alfa de Cronbach. Os

valores encontrados são estatisticamente elevados (pois, todos os valores de

significância calculada estão abaixo de 5% = 0,050); então, podemos inferir, a

priori, que os dados apresentam consistência interna.

Para os casos onde inicialmente não houve concordância entre os dois

patologistas, os mesmos realizaram a revisão das lâminas desta vez em conjunto. A

exemplo, os casos classificados inicialmente como TRG 3 segundo escala de

Dworak por um examinador e 4 pelo outro e/ou TRG 1 segundo Mandard por um

examinador e 2 pelo outro, após a revisão das lâminas admitiu-se que um dos

examinadores não havia considerado pequenos focos tumor e células tumorais

isoladas no momento da classificação inicial.

A Tabela 1 expõe os resultados encontrados (valores entre 0,913 a 0,983) e

com base nos dados estatísticos, considera-se a amostra com elevados níveis de

confiabilidade.

Tabela 1: Aplicação do Teste da Estatística Alfa de Cronbach para a verificação do nível de confiabilidade em termos da chamada ‘consistência interna’ dos valores observados.

Escalas de regressão tumoral e reagrupamentos n Coeficiente Alfa de

Cronbach p

Dworak 5 categorias 50 0,913 < 0,001

Dworak 3 categorias 50 0,930 < 0,001

Dworak 2 categorias 50 0,934 < 0,001

Mandard 5 categorias

50

0,983

< 0,001

Mandard 3 categorias 50 0,980 < 0,001

Mandard 2 categorias 50 0,977 < 0,001

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Resultados

Figura 2: Avaliação da regressão tumoral segundo escala de Dworak. A- TRG 0, ausência de regressão tumoral, ausência de tecido fibrótico ou doença vascular; B- Massa tumoral dominante concomitante à presença de fibrose; C- TRG 2, alterações fibróticas dominantes com poucas células tumorais ou grupos (fácil de encontrar); D- TRG 3, muito poucas células tumorais, estas difíceis de se encontrar em meio a tecido fibroso.

B

C

D

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27

Resultados

Figura 3: Regressão completa do tumor, ausência de células tumorais.

4.2. Dados clínicos e anatomopatológicos gerais

As características epidemiológicas e anatomopatológicas iniciais estão

resumidas na Tabela 2. Foram incluídos 25 pacientes do sexo masculino e 25

pacientes do sexo feminino (relação M:F de 1:1). A média de idade para nossa

amostra foi de 61 anos, sendo que 40% na faixa etária idosa (20/50).

Quanto a diferenciação celular do tumor, 5 (10%) pacientes apresentavam

tumores bem diferenciados ao momento do diagnóstico, 42 (84%) moderadamente

diferenciados, e 3 (6%) pouco diferenciados.

O estádio clínico dos pacientes foi o seguinte: 3 (6%) pacientes estádio [c]T2,

40 (80%) estádio [c]T3, e 7 (14%) foram [c]T4; segundo os exames de imagem,

24 (48%) pacientes se apresentavam com linfonodos comprometidos.

Quanto à classificação TNM, 9 (18%) pacientes apresentaram regressão

patológica completa do tumor, 11 (22%) classificados como [yp]TNM I, 17 (34%)

como [yp]TNM II, e 13 (26%) como TNM III.

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Resultados

Tabela 2: Sumário dos dados clínicos e anatomopatológicos de 50 pacientes com câncer de reto distal avançado pré tratamento (Santa Casa de São Paulo, 2015).

Características n=50 (%) Sexo

Masculino 25 (50%) Feminino 25 (50%)

Faixa etária < 60 20 (40%) ≥ 60 30 (60%)

Diferenciação celular Bem ≠ 5 (10%) Moderadamente ≠ 42 (84%) Pouco ≠ 3 (6%)

Categoria [c]T [c]T2 3 (6%) [c]T3 40 (80%) [c]T4 7 (14%)

Categoria [c]N N - 26 (52%) N + 24 (48%)

Os dados anatomopatológicos pós quimiorradioterapia e cirurgia estão

resumidos na Tabela 3. Dos 50 pacientes, 34 (68%) foram submetidos à cirurgia de

amputação de reto e 16 (32%) foram submetidos à cirurgia de ressecção anterior

baixa. As margens cirúrgicas estavam livres em todas as ressecções.

Encontrou-se invasão perineural em 8 (16%) casos e invasão angiolinfática em

17 (34%). Quanto à classificação TNM, 9 (18%) pacientes apresentaram regressão

patológica completa do tumor, 11 (22%) classificados como [yp]TNM , 17 (34%)

como [yp]TNM II, e 13 (26%) como TNM III.

Quando aplicada a escala de regressão tumoral de Dworak, encontramos 1

(2%) paciente classificado como TRG 0, 19 (38 %) pacientes como TRG 1, 16 (32%)

TRG 2, 5 (10%) TRG 3, e 9 (18%) pacientes TRG 4. O reagrupamento dos pacientes

em três categorias configurou-se da seguinte forma: 9 (18%) pacientes com

regressão completa (TRG 4), 21 (42%) pacientes com regressão parcial (TRG 2 e

3), e 20 (40%) pacientes com regressão fraca (TRG 0 e 1). O reagrupamento em 2

categorias, configurou-se da seguinte forma: 20 (40%) pacientes regressão fraca e

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29

Resultados

30 (60%) pacientes com presença de regressão.

Quando aplicado a escala de regressão tumoral de Mandard, encontramos 9

(18%) pacientes classificados como TRG 1, 5 (10%) pacientes como TRG 2, 19

(38%) TRG 3, e 17 (34%) pacientes como TRG 4. Nenhum paciente foi classificado

como TRG 5. O reagrupamento dos pacientes em três categorias configurou-se da

seguinte forma: 9 (18%) pacientes com regressão completa (TRG 1), 24 pacientes

com regressão parcial (TRG 2 e 3), e 17 pacientes com regressão fraca (TRG 4 e 5).

O reagrupamento em duas categorias configurou-se da seguinte forma: 17 (34%)

pacientes regressão fraca, e 33 (66%) pacientes com presença de regressão.

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Resultados

Tabela 3: Sumário dos dados anatomopatológicos de 50 pacientes com câncer de reto distal avançado pós quimiorradioterapia e cirurgia (Santa Casa de São Paulo, 2015). Características n=50 (%) Tipo de cirurgia realizada

AAP 34 (68%) RAB 16 (32%)

Invasão perineural

presente 8 (16%) ausente 42 (84%)

Invasão angiolinfática

presente 17 (34%) ausente 33 (66%)

Categoria [yp]T

[yp]T0 9 (18%) [yp]T1 2 (4%) [yp]T2 11 (22%) [yp]T3 26 (52%) [yp]T4 2 (4%)

Categoria [yp]N [yp]N0 37 (74%) [yp]N1 7 (14%) [yp]N2 6 (12%)

[yp]TNM

[yp]TNM 0 9 (18%) [yp]TNM 1 11 (22%) [yp]TNM 2 17 (34%) [yp]TNM 3 13 (26%) [yp]TNM 4 0

Classificação de Dworak TRG 0 1 (2%) TRG 1 19 (38%) TRG 2 16 (32%) TRG 3 5 (10%) TRG 4 9 (18%)

Classificação de Mandard TRG 1 9 (18%) TRG 2 5 (10%) TRG 3 19 (38%) TRG 4 17(34%) TRG 5 0

Intervalo pós QRT ≤ 6 semanas 11 (22%) > 6 semanas 39 (78%)

AAP: amputação abdominoperineal do reto, RAB: ressecção anterior baixa do reto.

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31

Resultados

4.3. Correlações de dados clínicos com as escalas de regressão tumoral

A Tabela 4 mostra que a presença de linfonodos comprometidos no estádio

clínico do câncer apresentou correlação estatisticamente significante (p < 0,05) com

a fraca regressão tumoral segundo a escala de Dworak reagrupada em duas

categorias.

Os demais dados clínicos e anatomopatológicos pré tratamento não tiveram

correlação com o nível de regressão tumoral.

Tabela 4: Correlação das características clínicas dos pacientes com o nível de regressão tumoral após quimiorradioterapia e cirurgia em 50 pacientes com neoplasia de reto distal avançado pela classificação de Dworak reagrupada em 2 categorias (Santa Casa de São Paulo, 2015).

Classificação de Dworak Características clínicas TRG 0 + 1 TRG 2 + 3 + 4 p

n (%) n (%)

Faixa etária < 60 7 (35%) 13 (43,3%) 0,556 ≥ 60 13 (65%) 17 (56,7%)

Diferenciação celular

Bem ≠ 2 (10%) 3 (10%)

Moderadamente ≠ 16 (80%) 26 (86,7%) 0,621 Pouco ≠ 2 (10%) 1 (3,3%)

Categoria [c]T

[c]T2 1 (5%) 2 (6,7%)

[c]T3 14 (70%) 26 (86,7%) 0,187 [c]T4 5 (25%) 2 (6,7%)

Categoria [c]N

N - 7 (35%) 19 (63,3%) 0,049 N + 13 (65%) 11 (36,7%)

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32

Resultados

4.4. Correlação de dados anatomopatológicos com as escalas de regressão tumoral

Classicamente, após um curso longo de QRT, espera-se cerca de seis

semanas (42 dias) para realização da cirurgia. Por motivos diversos, como

indisponibilidade de leitos hospitalares à época predeterminada para a cirurgia,

descompensação clínica de comorbidades pré existentes ou até mesmo devido a

vontade do paciente, algumas cirurgias foram realizadas após intervalo maior que

42 dias.

As Tabelas 5 e 6 mostram que diferentes intervalos de tempo entre o término

da QRT e a cirurgia não influenciaram a resposta dos pacientes ao tratamento.

Tabela 5: Correlação entre diferentes intervalos entre término da QRT e cirurgia para câncer de reto distal avançado e escala de regressão tumoral de Dworak reagrupada em 3 categorias. (Santa Casa de São Paulo, 2015).

Classificação de Dworak – 3 categorias p Intervalos pós QRT TRG 0 + 1 TRG 2 + 3 TRG 4

n (%) n (%) n (%) ≤ 6 semanas

3 (15%)

6 (28,6%)

2 (22,2%)

0,577

> 6 semanas 17 (85%) 15 (71,4%) 7 ( 77,8%)

≤ 8 semanas 12 (60%) 15 (71,4%) 4 (44,4%) 0,367

> 8 semanas 8 (40%) 6 (28,6%) 5 (55,6%)

≤ 10 semanas 15 (75%) 19 (90,5%) 6 (66,7%) 0,252

> 10 semanas 5 (25%) 2 (9,5%) 3 (33,3%)

≤ 12 semanas 16 (80%) 19 (90,5%) 7 (77,8%) 0,562

> 12 semanas 4 (20%) 2 (9,5%) 2 (22,2%)

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33

Resultados

Tabela 6: Correlação entre diferentes intervalos entre término da QRT e cirurgia para câncer de reto distal avançado e escala de regressão tumoral de Mandard reagrupada em 3 categorias (Santa Casa de São Paulo, 2015).

Intervalos pós QRT

Classificação de Mandard – 3 categorias

p TRG 1 TRG 2 + 3 TRG 4 + 5

n (%) n (%) n (%) ≤ 6 semanas

2 (22,2%)

7 (29,2%)

2 (11,8%)

0,416

> 6 semanas 7 (77,8%) 17 (70,8%) 15 (88,2%)

≤ 8 semanas 4 (44,4%) 18 (75%) 9 (52,9%) 0,175

> 8 semanas 5 (55,6%) 6 (25%) 8 (47,1%)

≤ 10 semanas 6 (66,7%) 22 (91,7%) 12 (70,6%) 0,137

> 10 semanas 3 (33,3%) 2 (8,3%) 5 (29,4%)

≤ 12 semanas 7 (77,8%) 22 (91,7%) 13 (76,5%) 0,363

> 12 semanas 2 (22,2%) 2 (8,3%) 4 (23,5%)

No presente estudo, não houve correlação estatisticamente significante entre a

presença de regressão tumoral e o tipo de cirurgia realizada. As Tabelas 7 e 8

resumem os achados.

Tabela 7: Correlação entre o nível de regressão tumoral segundo a classificação de Dworak e o tipo de cirurgia realizada (AAP ou RAB) para o tratamento de câncer de reto distal avançado em 50 pacientes (Santa Casa de São Paulo, 2015).

Tipo de cirurgia realizada

Classificação de Dworak – 3 categorias p TRG 0+1 TRG 2+3 TRG 4

n (%) n (%) n (%)

AAP

RAB

11 (55%) 16 (76,2%) 7 (77,8%) 0,273

9 (45%) 5 (23,8%) 2 (22,2%)

AAP: amputação abdominoperineal do reto; RAB: ressecção anterior baixa do reto.

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34

Resultados

Tabela 8: Correlação entre o nível de regressão tumoral segundo a classificação de Mandard e o tipo de cirurgia realizada (AAP ou RAB) para o tratamento de câncer de reto distal avançado em 50 pacientes (Santa Casa de São Paulo, 2015).

Tipo de cirurgia realizada Classificação de Mandard - 3 categorias

p TRG 1 TRG 2+3 TRG 4+5 n (%) n (%) n (%)

AAP

RAB

7 (77,8%) 16 (66,7%) 11 (64,7%) 0,779

2 (22,2%) 8 (33,3%) 6 (35,3%) AAP: amputação abdominoperineal do reto; RAB: ressecção anterior baixa do reto.

As Tabelas 9 e 10 mostram que os níveis de regressão tumoral segundo as

escalas de Dworak e Mandard tiveram uma correlação estatisticamente

significativamente com o estádio TNM pós-operatório. Dos nove pacientes

classificados como TRG 4 pela escala de Dworak (regressão completa), 6 (66,7%)

pacientes pertenciam ao estádio 0 pela escala [yp] TNM, 1 (11,10%) paciente

pertencia ao estádio II, e 2 (22,2%) ao estádio III. Este resultado é muito semelhante

quando aplicado a escala Mandard, dos nove pacientes classificados com TRG 1

(regressão tumoral completa), 6 (66,7%) pacientes pertenciam ao estádio 0 pela

classificação TNM e 3 (33,3%) pacientes ao estádio II.

Além disso, há uma correlação estatisticamente significante entre a presença

de linfonodos acometidos por neoplasia e pouca regressão tumoral pós QRT

segundo a classificação de Dworak reagrupada em 2 categorias. A presença de

regressão tumoral avaliada pela classificação de Mandard não apresentou

correlação significante com a presença de linfonodos acometidos (Tab. 9).

Não houve correlação entre os níveis de regressão tumoral segundo as

classificações de Dworak e de Mandard com a presença de invasão angiolinfática e

invasão perineural do tumor.

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35

Resultados

Tabela 9: Associação entre os dados anatomopatológicos de tumores de reto distal avançado pós QRT e cirurgia e a escala de regressão tumoral de Dworak reagrupada em 2 categorias (Santa Casa de São Paulo, 2015).

Dados anátomopatológicos Classificação de Dworak - 2 categorias

TRG 0+1 TRG 2+3+4 p n (%) n (%)

Categoria [yp]T T0 0 (0%) 9 (30%)

T1 0 (0%) 2 (6,7%)

T2 3 (15%) 8 (26,7%) 0,006

T3 15 (75%) 11 (36,7%)

T4 2 (10%) 0 (0%)

Categoria [yp]N N0 11 (55%) 26 (86,7%)

N1 4 (20%) 3 (10%) 0,028

N2 5 (25%) 1 (3,3%)

Classificação [yp]TNM TNM 0 0 (0%) 9 (30%)

TNM I 2 (10%) 9 (30%)

TNM II 9 (45%) 8 (26,7%) 0,003

TNM III 9 (45%) 4 (13,3%)

TNM IV 0 (0%) 0 (0%)

Invasão Perineural Presença 5 (25%) 3 (10%)

0,156 Ausência 15 (75%) 27 (90%)

Invasão angiolinfática

Presença 9 (45%) 8 (26,7%) 0,180

Ausência 11 (55%) 22 (73,3%)

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36

Resultados

Tabela 10: Associação entre os dados anatomopatológicos de tumores de reto distal avançado pós QRT e cirurgia e a escala de regressão tumoral de Mandard reagrupada em 2 categorias (Santa Casa de São Paulo, 2015).

Dados anátomopatológicos Classificação de Mandard - 2 categorias

p TRG 1+2+3 TRG 4+5

n (%) n (%)

Categoria [yp]T

T0 9 (27,3%) 0 (0%)

T1 2 (6,1%) 0 (0%)

T2 9 (27,3%) 2 (11,8%) 0,008

T3 13 (39,4%) 13 (76,5%)

T4 0 (0%) 2 (11,8%)

Categoria [yp]N

N0 27 (81,8%) 10 (58,8%)

N1 4 (12,1%) 3 (17,6%) 0,142

N2 2 (6,1%) 4 (23,5%)

Classificação [yp]TNM

TNM 0 9 (27,3%) 0 (0%)

TNM I 9 (27,3%) 2 (11,8%)

TNM II 9 (27,3%) 8 (47,1%) 0,024

TNM III 6 (18,2%) 7 (41,2%)

TNM IV 0 (0%) 0 (0%)

Invasão perineural

Presença 4 (12,1%) 4 (23,5%) 0,297

Ausência 29 (87,9%) 13 (76,5%)

Invasão angionlinfática

Presença 10 (30,3%) 7 (41,2%) 0,442

Ausência 23 (69,7%) 10 (58,8%)

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37

Resultados

4.5. Associação entre as classificações TNM pré QRT e pós QRT seguida de cirurgia com as escalas de regressão tumoral de Dworak e de Mandard

As Tabelas 11 e 12 mostram que os níveis de regressão tumoral segundo as

escalas de Dworak e Mandard tiveram uma correlação estatisticamente

significativamente com a categoria [yp]T pós-operatória, porém quando avaliado as

categorias [c]T e [c]N pré QRT não houve correlação estatisticamente significante.

Tabela 11: Associação entre as classificações TNM pré QRT e pós QRT seguida de cirurgia com a escala de regressão tumoral de Dworak (Santa Casa de São Paulo, 2015).

Classificação de Dworak

Dados clínicos e

anatomopatológicos TRG 0 TRG 1 TRG 2 TRG 3 TRG 4 p

n (%) n (%) n (%) n (%) n (%) Categoria [c]T

T2 0 (0%) 1 (5,3%) 1 (6,3%) 1 (20%) 0 (0%)

T3 1 (100%) 13 (68,4%) 14 (87,5%) 4 (80%) 8 (88,9%) 0,596

T4 0 (0%) 5 (26,3%) 1 (6,3%) 0 (0%) 1 (11,1%)

Categoria [c]N

N - 0 (0%) 7 (36,8%) 11 (68,8%) 2 (40%) 6 (66,7%) 0,223

N + 1 (100%) 12 (63,2%) 5 (31,3%) 3 (60%) 3 (33,3%)

Categoria [yp]T

T0 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 3 (60%) 6 (66,7%)

T1 0 (0%) 0 (0%) 2 (12,5%) 0 (0%) 0 (0%)

T2 0 (0%) 3 (15,8%) 5 (31,3%) 2 (40%) 1 (11,1%) 0,001

T3 1 (100%) 14 (73,7%) 9 (56,3%) 0 (0%) 2 (22,2%)

T4 0 (0%) 2 (10,5%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Categoria [yp]N

N0 0 (0%) 11 (57,9%) 13 (81,3%) 5 (100%) 8 (88,9%)

N1 0 (0%) 4 (21,1%) 2 (12,5%) 0 (0%) 1 (11,1%) 0,090

N2 1 (100%) 4 (21,1%) 1 (6,3%) 0 (0%) 0 (0%)

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38

Resultados

Tabela 12: Associação entre as classificações TNM pré QRT e pós QRT seguida de cirurgia com a escala de regressão tumoral de Mandard (Santa Casa de São Paulo, 2015).

Dados clínicos e anatomopatológicos

Mandard [aval 1] 5 cat

p TRG 1 TRG 2 TRG 3 TRG 4 TRG 5

n (%) n (%) n (%) n (%) n (%)

Categoria [c]T

T2 0 (0%) 1 (20%) 1 (5,3%) 1 (5,9%) 0 (0%)

T3 8 (88,9%) 4 (80%) 17 (89,5%) 11 (64,7%) 0 (0%) 0,264

T4 1 (11,1%) 0 (0%) 1 (5,3%) 5 (29,4%) 0 (0%)

Categoria [c]N

N - 6 (66,7%) 2 (40%) 12 (63,2%) 6 (35,3%) 0 (0%) 0,271

N + 3 (33,3%) 3 (60%) 7 (36,8%) 11 (64,7%) 0 (0%)

Categoria [yp]T

T0 6 (66,7%) 3 (60%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

T1 0 (0%) 0 (0%) 2 (10,5%) 0 (0%) 0 (0%)

T2 1 (11,1%) 2 (40%) 6 (31,6%) 2 (11,8%) 0 (0%) 0,000

T3 2 (22,2%) 0 (0%) 11 (57,9%) 13 (76,5%) 0 (0%)

T4 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 2 (11,8%) 0 (0%)

Categoria [yp]N

T0 8 (88,9%) 5 (100%) 14 (73,7%) 10 (58,8%) 0 (0%)

T1 1 (11,1%) 0 (0%) 3 (15,8%) 3 (17,6%) 0 (0%) 0,445

T2 0 (0%) 0 (0%) 2 (10,5%) 4 (23,5%) 0 (0%)

4.6. Associação entre os dados epidemiológicos e anatomopatológicos de 50

pacientes com câncer de reto distal avançado tratados com QRT seguida de cirurgia e dados de sobrevida em cinco anos

A Tabela 13 exibe os resultados da associação entre os dados

epidemiológicos e clínicos dos 50 pacientes antes do tratamento e os dados de

sobrevida em cinco anos.

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39

Resultados

Os pacientes idosos (faixa etária > 60 anos) apresentaram pior sobrevida,

sendo que os pacientes nesta faixa etária apresentaram 56,7% de sobrevida global

em cinco anos contrastando com 85% de sobrevida global em cinco anos dos

pacientes com menos de 60 anos (p=0,021).

Quando avaliados os dados referentes à diferenciação celular, verificou-se

uma maior incidência de metástases à distância nos pacientes com tumores pouco

diferenciados, sendo que estes pacientes apresentaram 33,3% de sobrevida livre de

metástases em cinco anos contrastando com 80% para pacientes com tumores

bem diferenciados e 82% para pacientes com tumores moderadamente

diferenciados (p=0,048).

As categorias [c]T e [c]N não apresentaram correlação estatisticamente

significante com a sobrevida dos pacientes.

Tabela 13. Associação entre os dados epidemiológicos de 50 pacientes com câncer de reto distal avançado pré QRT neoadjuvante e dados de sobrevida em cinco anos (Santa Casa de São Paulo, 2015).

Sobrevida global

p

Sobrevida livre de doença

p

Sobrevida livre de recidiva

p

Sobrevida livre

metástase

p

Faixa etária

≤ 60 > 60

85% 56,7%

0,021 84,2% 64%

0,144 89,5% 85,1%

0,726 89,5% 70,8%

0,137

Diferenciação celular

bem ≠ mod ≠ pouco ≠

40% 71,4% 66,7%

0,369 80%

74,4% 33,3%

0,166 100%

87,2% 66,7%

0,426 80%

82,0% 33,3%

0,048

Categoria [c]T

[c]T2 [c]T3 [c]T4

100% 67,5% 57,1%

0,904 66,7%

75,7% 57,1%

0,557 66,7%

89,1% 85,7%

0,574 66,7%

80,9% 71,4%

0,734

Categoria [c]N

N (-)

N (+)

69,2% 66,7%

0,476 70% 74,3%

0,740 87% 86,5%

0,978 78,7% 78,2%

0,987

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40

Resultados

A Tabela 14 exibe os resultados da associação entre os dados

anatomopatológicos dos pacientes e os dados de sobrevida em cinco anos.

Os pacientes com maior extensão mural do tumor pós QRT, ou seja,

categorias [yp]T3 e [yp]T4 apresentaram pior sobrevida livre de doença em cinco

anos, (66,7% e 0% respectivamente), quando comparados com os pacientes

enquadrados nas categorias [yp]T0, [yp]T1 e [yp]T2, (88,9%, 100% e 80%

respectivamente), (p=0,001). A sobrevida livre de metástases a distância em cinco

anos também foi pior nos pacientes (p<0,001).

A presença de linfonodos acometidos por neoplasia não apresentou correlação

estatisticamente significante com a sobrevida dos pacientes.

Invasão perineural significou pior sobrevida livre de doença em cinco anos,

31,3% (p=0,008) e pior sobrevida associada a recidiva local do tumor, 60%

(p=0,011). Invasão angiolinfática não apresentou correlação estatisticamente

significante com a sobrevida dos pacientes.

O prolongamento do tempo de intervalo entre o término da QRT e a cirurgia

para mais de seis semanas, que é o tempo de intervalo clássico do esquema de

QRT conhecido como long course, não apresentou correlação estatisticamente

significante com a sobrevida dos pacientes.

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Resultados

Tabela 14: Associação entre os dados anatomopatológicos de 50 pacientes com câncer de reto distal avançado pós QRT e dados de sobrevida em cinco anos (Santa Casa de São Paulo, 2015).

Sobrevida global p

Sobrevida livre de doença

p Sobrevida

livre de recidiva

p

Sobrevida livre de

metástase p

Categoria [yp]T

[yp]T0 [yp]T1 [yp]T2 [yp]T3 [yp]T4

88,9% 100% 63,6% 61,5% 50%

0,222

88,9% 100% 80%

66,7% 0%

0,001

100% 100% 100% 79,4% 50%

0,156

88,9% 100% 80%

78,4% 0%

< 0,001

Categoria [yp]N

[yp]N0 [yp]N1 [yp]N2

70,3% 42,9% 83,3%

0,085

74,5% 80% 50%

0,424

88,5% 80%

83,3%

0,885

80,2% 75%

66,7%

0,801

Classificação [yp] TNM

TNM 0 TNM I TNM II TNM III

88,9% 72,7% 58,8% 61,5%

0,146

88,9% 80%

62,7% 64,2%

0,530

100% 100% 75%

82,5%

0,179

88,9% 80%

75,3% 71,6%

0,863

Invasão Perineural

presente ausente

50% 71,4%

0,198 31,3% 79,6%

0,008 60% 92,2%

0,011 58,3% 82%

0,195

Invasão angiolinfática

presente ausente

58,8% 72,7%

0,324 67% 74,4%

0,705 81,3% 90,1%

0,304 86,2% 74,4%

0,307

Intervalo pós QRT

≤ 6 sem > 6 sem

72,7% 66,7%

0,787 88,9% 67,9%

0,199 100% 83,8%

0,207 88,9% 75,7%

0,366

≤ 8 sem > 8 sem

74,2% 57,9%

0,152 72,8% 71,3%

0,918 89,6% 82,5%

0,517 76,1% 81,5%

0,628

≤ 10 sem > 10 sem

70% 60%

0,178 71,4% 74,1%

0,674 89,5% 74,1%

0,335 76,6% 85,7%

0,431

≤ 12 sem > 12 sem

69% 62,5%

0,214 72,7% 68,6%

0,986 90,9% 68,6%

0,172 77,7% 83,3%

0,619

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Resultados

4.7. Associação entre as escalas de regressão tumoral de Dworak e de Mandard e dados de sobrevida em cinco anos de 50 pacientes com câncer de reto distal avançado tratados com QRT seguida de cirurgia

A Tabela 15 exibe a associação entre os níveis de regressão tumoral segundo

as escalas de Dworak e de Mandard e os dados de sobrevida em cinco anos.

Os pacientes que apresentaram menor regressão tumoral segundo a escala de

Dworak, TRG 0 e TRG 1, apresentaram pior sobrevida livre de doença em cinco

anos (0% e 48,9% respectivamente, sendo p=0,001) e pior sobrevida livre de

recidiva local em cinco anos (0% e 76,6% respectivamente, sendo p<0,001) do que

os pacientes que apresentaram uma maior regressão tumoral. Quando se avaliou os

valores atribuídos no reagrupamento da escala em três categorias, observou-se pior

sobrevida livre de doença em cinco anos e pior sobrevida livre de metástases à

distância para a categoria TRG 0 + 1. Quando se avaliou os valores atribuídos no

reagrupamento da escala em duas categorias, menor regressão tumoral, ou seja

TRG 0 + 1 traduziu-se em pior sobrevida global (50%), livre de doença (46,3%),

livre de recidiva local (72,6%) e livre de metástases (56,4%) em cinco anos.

Quando utilizada a escala de Mandard, pior regressão tumoral também se

traduziu em pior sobrevida. Os pacientes classificados como TRG 4 segundo a

escala de Mandard, apresentaram pior sobrevida livre de doença em cinco anos

(42,9% sendo p=0,009), pior sobrevida livre de recidiva local (67% sendo p=0,048) e

pior sobrevida livre de metástases à distância (54,7% sendo p=0,039). Nenhum

paciente foi classificado como TRG 5. Quando se avaliou os valores atribuídos no

reagrupamento da escala em três categorias e em duas categorias, pior regressão

tumoral, ou seja, TRG 4 + 5 traduziu-se em pior sobrevida global, livre de doença,

livre de recidiva local e livre de metástases em cinco anos.

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Resultados

Tabela 15: Associação entre os níveis de regressão tumoral segundo as escalas de Dworak e de Mandard em 50 pacientes com câncer de reto distal avançado submetidos a QRT e cirurgia e dados de sobrevida em cinco anos (Santa Casa de São Paulo, 2015).

Sobrevida global

p

Sobrevida livre de doença

p

Sobrevida livre de recidiva

p

Sobrevida livre de

metástase

p

Classificação de Dworak

TRG 0 TRG 1 TRG 2 TRG 3 TRG 4

100% 47,4% 75% 80%

88,9%

0,242

0% 48,9% 86,7% 100% 88,9%

0,001

0% 76,6% 93,3% 100% 100%

< 0,001

100% 53,9% 93,3% 100% 88,9%

0,043

Reagrupamento em 3 categorias

TRG 0+1 TRG 2+3 TRG 4

50% 76,2% 88,9%

0,081

46,3% 89,7% 88,9%

0,007

72,6% 94,7% 100%

0,067

56,4% 95%

88,9%

0,014

Reagrupamento em 2 categorias TRG 0+1 TRG 2+3+4

50% 80% 0,027 46,3%

89,4% 0,002 72,6% 96,4% 0,022 56,4%

93% 0,004

Classificação de Mandard

TRG 1 TRG 2 TRG 3 TRG 4 TRG 5

88,9% 80%

73,7% 47,1%

0,096

88,9% 100% 83%

42,9% —

0,009

100% 100% 94,4% 67% —

0,048

88,9% 100% 88,5% 54,7%

0,039

Reagrupamento em 3 categorias

TRG 1 TRG 2+3 TRG 4+5

88,9% 75%

47,1%

0,046

88,9% 86,3% 42,9%

0,004

100% 95,5% 67%

0,020

88,9% 90,9% 54,7%

0,017

Reagrupamento em 2 categorias

TRG 1+2+3 TRG 4+5

78,8% 47,1% 0,015 87,1%

42,9% 0,001 96,8% 67% 0,005 90,3%

54,7% 0,004

As Figuras 4 e 5 exibem a correlação marcante entre os valores atribuídos a

regressão tumoral pela escala de Dworak e os dados de sobrevida.

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44

Resultados

Figura 4: Sobrevida livre de doença em 50 doentes com neoplasia de reto distal avançado submetidos à QRT e ressecção cirúrgica em relação a classificação de regressão tumoral de Dworak agrupada em 3 categorias. As curvas foram geradas pelo método de Kaplan-Meyer e comparadas pelo teste de log-rank.

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45

Resultados

Figura 5: Sobrevida livre de doença em 50 doentes com neoplasia de reto distal avançado submetidos à QRT e ressecção cirúrgica em relação a classificação de regressão tumoral de Dworak agrupada em 2 categorias. As curvas foram geradas pelo método de Kaplan-Meyer e comparadas pelo teste de log-rank.

As Figuras 6 e 7 exibem a correlação marcante entre os valores atribuídos a

regressão tumoral pela escala de Mandard e os dados de sobrevida.

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46

Resultados

Figura 6: Sobrevida livre de doença em 50 doentes com neoplasia de reto distal avançado submetidos à QRT e ressecção cirúrgica em relação a classificação de regressão tumoral de Mandard agrupada em 3 categorias. As curvas foram geradas pelo método de Kaplan-Meyer e comparadas pelo teste de log-rank.

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47

Resultados

Figura 7: Sobrevida livre de doença em 50 doentes com neoplasia de reto distal avançado submetidos à QRT e ressecção cirúrgica em relação a classificação de regressão tumoral de Mandard agrupada em 2 categorias. As curvas foram geradas pelo método de Kaplan-Meyer e comparadas pelo teste de log-rank.

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5. DISCUSSÃO

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Discussão

Atualmente a resposta do câncer de reto distal à quimiorradioterapia é um dos

pilares do seguimento dos pacientes (61–63). Enquanto alguns grupos indicam

ressecção cirúrgica de princípio, outros grupos se baseiam na resposta do tumor à

QRT para definir o tipo de ressecção que será realizada, chegando ao refinamento

de não indicarem a cirurgia frente uma resposta clínica completa (31,54,64,65).

A aplicação das escalas de regressão tumoral permite uma avaliação da

resposta biológica à QRT e pode ser utilizada em estudos de investigação para

identificar as populações de pacientes susceptíveis de beneficiarem-se ou não de

tratamento neoadjuvante, fornecer uma comparação entre as diferentes abordagens

neoadjuvantes e programar diferentes abordagens no tratamento pós-operatório(66–

68).

Há alguns métodos sugeridos para avaliar o grau de regressão tumoral pós

QRT exemplo, as escalas criadas por Dworak et al, Rodel et al, Ruo et al,

Bouzourene et al, Scott et al, entre outras(35,53,57,69,70).

No presente estudo, utilizou-se os sistemas de classificação de Mandard e de

Dworak, que possuem ambos cinco categorias. Avaliou-se que pode ser possível

simplificar ainda mais o uso das escalas realizando o reagrupamento das mesmas

em três categorias (regressão completa, regressão parcial e fraca regressão) ou

duas categorias (boa resposta e resposta ruim), obtendo assim resultados mais

consistentes quando avaliado a relação das escalas de regressão com dados de

sobrevida (Tab. 15).

Há estudos com uso de escalas de regressão tumoral com três categorias ao

invés de cinco, como exemplo a escala do Memorial Sloan Kettering Cancer Center

(MSKCC) e a escala The Royal College of Pathologists (RCPath) TRG(71,72), porém a

maioria das publicações utilizam os sistemas de classificação criados por Dworak et

e Mandard et al, além disso os examinadores envolvidos estavam familiarizados com

o uso dessas escalas, motivos estes para a escolha das mesmas no presente

estudo(73).

Apesar do uso das escalas de regressão tumoral ser considerado uma boa

prática na rotina de análise de tumores de pacientes que foram submetidos QRT

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50

Discussão

pré-operatória, ainda há o questionamento por muitos colegas se o grau de

regressão patológica (com exceção de regressão patológica completa) teria algum

impacto no tratamento e na tomada de decisões quanto ao tratamento. Este fato

fomenta a discussão em saber se as escalas de regressão tumoral têm algum valor,

considerando-se uma crescente tendência em se utilizar dos exames de imagem

como parâmetro para avaliar o grau de regressão do tumor.

Os cirurgiões e patologistas têm tradicionalmente avaliado a regressão do

câncer de reto baseando-se nas categorias T e N (usando o prefixo yp), mas estes

parâmetros podem ser inadequados(71). Muitas vezes, um tumor que é classificado

estádio T3 ou T4 com base em exames de imagem pré-operatórios ainda pode ser

classificado como um tumor T3 ou T4 após a irradiação. No entanto, em alguns

destes tumores, tudo o que resta é um foco microscópico de adenocarcinoma

localizado na subserosa com mucosa sobrejacente normal e fibrose intensa. Este

tumor claramente teria respondido bem à QRT e pode ter um prognóstico melhor em

comparação a tumores T3 que ainda tem doença macroscópica transmural.

Em nosso estudo, 28 pacientes classificados com tumores T3 e T4

permaneceram T3 ou T4 após a irradiação, porém 2(7,1%) foram classificados

posteriormente como ótima resposta pelas escalas de Dworak e de Mandard (TRG

4 e TRG 1 respectivamente) e isso poderia ter implicações no prognóstico a

longo prazo (Tab. 13 e 14).

Em contraste, um tumor que é estádio T3 ou T4 nos exames de imagem pré-

operatório pode ter diminuído o estádio para um tumor T2 após a irradiação, mas

ainda pode ter regredido muito pouco e ser relativamente radiorresistente com um

prognóstico pobre. Em nosso estudo, segundo classificação de Dworak, 2 (20% por

cento) dos 10 doentes classificados como TRG 4, ou seja resposta completa, e que,

portanto, tinham uma "ótima" resposta a radioterapia e possivelmente melhorado

prognóstico, ainda apresentavam tumores T3 no estadiamento TNM. Resultado

semelhante foi encontrado quando aplicada a escala de Dworak (Tab. 13 e 14).

Considerando a classificação TNM adotada como referência no presente

estudo, nove dos 50 pacientes (18%) atingiram regressão completa pós QRT,

[yp]T0N0M0, dado esse compatível com a literatura mundial porém, quando

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51

Discussão

aplicadas as escalas de regressão tumoral, houve discordância em três destes nove

casos, onde foram encontradas células tumorais isoladas em meio a fibrose ou lago

de mucina (Tab. 11 e 12)(65,74,75).

Estes lagos de mucina podem ser vistos, após QRT pré- operatória, ao longo

da parede retal no local previamente ocupado por tumor. Às vezes, pequenas áreas

de epitélio displásico ou criptas são identificadas dentro dos lagos de mucina,

enquanto que em outras áreas de lagos de mucina não há evidência de qualquer

epitélio displásico. Estes lagos de mucina são, em nossa opinião, bastante

diferentes dos de colite cística profunda (epitélio deslocado), que podem ser

observados após QRT no intestino previamente normal. Na região de tumor/lagos

de mucina relacionados, eles representam áreas ao longo da parede do intestino

que foram previamente ocupadas pelo tumor (49).

Uma explicação plausível seria a de que no momento da avaliação primária da

peça cirúrgica, o tumor não haveria sido analisado em sua totalidade e assim uma

classificação [yp] T0N0M0 teria sido erroneamente atribuída a estes pacientes, que,

quando na ocasião deste estudo, novas lâminas do tumor remanescente foram

tomadas e então revelou-se a presença de células tumorais dispersas em meio a

tecido fibrótico.

Vários estudos têm sugerido que a resposta patológica completa [yp] T0N0M0,

é associada com um resultado favorável no que diz respeito à controle local,

incidência de metástase, sobrevida livre de doença e sobrevida global(76–78).

Apesar da regressão tumoral pós QRT estar associada a menor incidência

recidiva local do tumor, o impacto da regressão tumoral na sobrevida dos pacientes

ainda é discutido provavelmente devido à falta de uma avaliação da resposta

tumoral padronizada(71).

Estudo utilizando o Rectal Cancer Regression Grading System (RCRG)

demonstrou melhor resultado local nos pacientes com regressão completa do

tumor(49). Em contrapartida, Berger et al (1997) não conseguiram demonstrar uma

correlação entre a extensão da regressão e os resultados clínicos(79). Rullier e

colaboradores (2010) avaliaram o efeito da resposta patológica usando quatro

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52

Discussão

sistemas de classificação de regressão diferentes, mas não encontraram qualquer

correlação com o prognóstico com qualquer um dos sistemas(45).

Um dos principais objetivos deste estudo foi comparar o impacto da resposta

tumoral na sobrevida usando as principais escalas de regressão tumoral relatadas

na literatura. Observou-se que os pacientes que apresentaram ótima resposta

(ausência de células tumorais residuais) e os pacientes que apresentaram uma boa

resposta à QRT (TRG 4 e TRG 3 e 2 respectivamente, segundo escala de Dworak) e

(TRG 1, TRG 2 e 3 respectivamente, segundo a escala de Mandard) tiveram uma

sobrevida livre de doença marcadamente melhor do que os pacientes que foram

maus respondedores ao tratamento neoadjuvante (TRG 0 e 1 e TRG 4 e 5

segundo as escalas de Dworak e escala de Mandard respectivamente) (Tab. 17).

O estudo Aristóteles, sobre tratamento quimiorradioterápico neoadjuvante em

câncer de reto avançado, preconizou a utilização de classificação de regressão

(sistema de Dworak), como parte da avaliação da patologia(80). Os dados indicam

que o estádio patológico pós-operatório pós QRT neoadjuvante em câncer de reto

tem maior valor prognóstico do que o estadiamento pré-operatório e que a regressão

completa patológica e regressão parcial ypT0-2 N0 implica em um resultado muito

bom em oposição à presença de linfonodos comprometidos(79).

O achado de que os pacientes com ótima resposta à QRT teriam melhor

prognóstico do que aqueles com doença residual levanta a questão de se alcançar

resposta completa pós QRT deveria ser uma meta no tratamento de câncer retal.

Tratamento neoadjuvante mais agressivo, tais como maiores doses de radiação e

“boosts”, infusão venosa contínua de QT neoadjuvante adicional, e

radiossensibilizadores mais potentes poderiam ser considerados para esta

finalidade(78,81–83). Outra opção mais simples para aumentar taxas de resposta

completa à QRT seria prolongar o intervalo entre a QRT e cirurgia(84–86).

Contudo, em nosso estudo encontramos que resposta completa [yp] T0N0M0 e

também boa resposta [yp]T1-2N0M0 considerando a 5ª Edição da Classificação

TNM da International Union Against Cancer (UIJCC), e também a ótima resposta à

QRT (TRG 4 segundo escala de Dworak e TRG 1 segundo escala de Mandard) e

boa resposta à QRT (TRG 2-3 segundo escala de Dworak e TRG 2-3 segundo

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Discussão

escala de Mandard) estão associadas com um bom prognóstico baseado em dados

de estudos que avaliaram a resposta após 45-50.4 Gy de radiação associada a

quimioterapia baseada em 5-fluorouracil. Não poderíamos dizer em nossa amostra

se os pacientes que conseguem uma resposta completa à QRT após diferentes

regimes neoadjuvante também têm um prognóstico favorável.

Classicamente, no regime de QRT extendido, a cirurgia é realizada após um

intervalo de seis semanas após o tratamento neoadjuvante(84–86). A ideia de que se

poderia aumentar as taxas de resposta completa à QRT prolongando este intervalo

não se confirmou em nosso estudo (Tab. 7 e 8). Resultado semelhante foi

encontrado por Fang e colaboradores em publicação recente, onde a operação

tardia após tratamento neoadjuvante em 74 pacientes não ofereceu benefícios

evidentes em termos de remissão completa ou diminuição do estádio tumoral(87).

Um dos maiores problemas na correlação clínico-patológicas tem sido

variações inter-observador nos diferentes sistemas de regressão, e isto tem sido

formalmente estudado por vários autores(80,88). Em nosso estudo os patologistas

tenderam a concordar uns com os outros, na maioria dos casos, dada a diferença

marginal (às vezes sutil) entre algumas das categorias (Tab. 3).

Este resultado difere de alguns trabalhos recentes, talvez devido nossa

casuística ser maior e incluir casos onde houve regressão patológica completa do

tumor após QRT (89,90)Ou talvez porque no presente estudo utilizamos lâminas de

vidro e microscópios de luz ao invés de slides digitalizados, o que poderia ter

influenciado na capacidade do patologista analisar o caso com acurácia.

Uma das limitações em nosso estudo foi o pequeno tamanho da amostra de

pacientes, fato esse atribuído a tentativa de maior uniformização do grupo pré

tratamento. Buscamos avaliar apenas os pacientes que foram submetidos a

esquema semelhante de neoadjuvância, sendo que todos receberam quimioterapia

somado a radioterapia pré-operatória.

Acreditamos que a escala de regressão ideal que nos forneça informações

adicionais que permitam uma abordagem individualizada no tratamento do câncer de

reto distal ainda não existe. Consideramos muito importante uma ferramenta que

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54

Discussão

ajude o médico a escolher a melhor estratégia neoadjuvante, o melhor tratamento

adjuvante e por fim que ajude a determinar o melhor programa de acompanhamento

pós-tratamento que seja o mais adequado para cada paciente.

Provavelmente tal ferramenta será constituída de escalas de regressão tumoral

pormenorizadas com informações sobre a biologia molecular do câncer.

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6. CONCLUSÕES

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Conclusões

1. Quando aplicado as escalas de regressão tumoral criadas por Dworak e por

Mandard em pacientes com câncer de reto distal avançado submetidos a QRT e

cirurgia, observou-se elevado nível de concordância entre os patologistas.

2. Os doentes que apresentaram maior regressão tumoral segundo as escalas

de Dworak e Mandard têm maior sobrevida livre de doença em 5 anos.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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RESUMO

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Resumo

Gomes CMCN. Valor prognóstico das escalas de regressão tumoral pós quimiorradioterapia neoadjuvante para câncer de reto distal avançado. Dissertação (Mestrado); 2015.

A quimiorradioterapia neoadjuvante seguida da ressecção do tumor com excisão total do

mesorreto tem sido adotada como tratamento de escolha do câncer de reto distal localmente

avançado. Entretanto, o grau de resposta à quimiorradioterapia se mantém muito variável.

Enquanto alguns pacientes aparentemente não respondem favoravelmente ao tratamento,

podendo inclusive apresentar progressão da doença, outros apresentam uma diminuição

significativa no estágio do tumor. Ainda se discute o o impacto da resposta do tumor à

quimiorradioterapia na sobrevida, principalmente devido ao grande número de escalas de

classificação de resposta do tumor distintos disponíveis na literatura e também devido a falta

de uma abordagem padronizada durante a análise histopatológica do tumor. O principal

objetivo deste trabalho foi estudar o impacto da resposta do câncer de reto localmente

avançado à quimiorradioterapia na sobrevida de acordo com as escalas de regressão tumoral

de Dworak e de Mandard. Foram incluídos no estudo 50 pacientes submetidos à

quimiorradioterapia neoadjuvante seguida de cirurgia para câncer de reto durante o período de

janeiro de 2004 a dezembro de 2010, acompanhados pela Disciplina de Coloproctologia do

Departamento de Cirurgia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Todos os pacientes

foram submetidos ao mesmo esquema de quimiorradioterapia, seguido da cirurgia radical com

excisão do mesoreto. Dois patologistas gastrointestinais experientes foram designados para

classificar os tumores quanto ao grau de regressão pós radioterapia. Foram analisados

os blocos contendo cortes representativos do tumor para identificar a área de mais profunda

invasão. Foi escolhido o corte considerado com o pior grau de regressão para aplicação das

escalas de Dworak e de Mandard. Ambas escalas de regressão tumoral apresentaram

elevado grau de concordância entre os dois patologistas, (valores entre 0,913 a 0,983) e com

base nos dados estatísticos, considera-se a amostra com elevados níveis de confiabilidade

(p <0.001). Ambas as escalas de regressão tumoral, Dworak e Mandard, quando analisados

seus 5 pontos isoladamente e reagrupamentos em três e duas categorias, apresentaram

correlação significativa com sobrevida livre de doença em cinco anos.

Palavras-chave: 1. Neoplasias retais, 2. Terapia neoadjuvante, 3. Gradação de tumores, 4. Quimiorradioterapia, 5. Indução de remissão, 6. Estadiamento de neoplasias, 7. Prognóstico.

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ABSTRACT

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Abstract

Gomes CMCN. Prognostic value of tumor regression grading after neoadjuvant chemoradiotherapy for advanced rectal cancer. Master Dissertation; 2015.

Neoadjuvant chemoradiotherapy followed by tumor resection with complete

mesorectal excision has been adopted as a treatment of choice for locally advanced

low rectal cancer. However, the degree of response to chemoradiotherapy remains

very variable. While apparently some patients do not respond favorably to treatment,

which may include disease progression, others show a significant de- crease in tumor

stage. The impact of tumor response on survival is still debated mainly due to the

large number of different tumor response grading scales available in the literature

and also because of the lack of a standardized pathologic approach. The aim of this

study was to evaluate the impact of the response of locally advanced rectal cancer to

chemoradiotherapy on survival according to the tumor regression systems of Dworak

and Mandard. The study included 50 patients undergoing neoadjuvant

chemoradiotherapy followed by surgery for rectal cancer during the period from

January 2004 to December 2010, accompanied by the Discipline of Coloproctology of

the Department of Surgery, Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. All patients

were subjected to the same chemoradiotherapy protocol, followed by radical surgery

with excision of mesorectum. Two experienced gastrointestinal pathologists were

assigned to classify the tumors in the degree of post radiotherapy regression.

Representative cuts of the blocks containing the tumor to identify the area of deepest

invasion were analyzed. The block considered the worst degree of regression for the

application of systems Dworak and Mandard was chosen. Both tumor regression

scales showed a high degree of agreement between the two pathologists, (values

between 0.913 to 0.983) and based on statistical data, the sample is considered to

have high levels of reliability (p <0.001). Both tumor regression systems, Dworak and

Mandard when analyzed its 5 points alone and grouping into three and two

categories showed significant correlation with disease-free survival at five years.

Keywords: 1. rectal neoplasms, 2. neoadjuvant therapy, 3. grading tumors, 4.

chemoradiotherapy, 5. remission induction, 6. Staging cancer, 7. Prognosis.

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LISTAS E APÊNDICE

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Listas e Apêndice

APÊNDICE 1

APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA

PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP DADOS DO PROJETO DE PESQUISA Título da Pesquisa: Análise da expressão de bcl-2, bax, p53 e ki67 e sua correlação com resposta do câncer de reto à quimioradioterapia neoadjuvante. Pesquisador: Caroline Merci Caliari de Neves Gomes Área Temática: Versão: 3 CAAE: 26557014.5.0000.5479 Instituição Proponente: IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICORDIA DE SAO PAULO Patrocinador Principal: Financiamento Próprio

DADOS DO PARECER Número do Parecer: 658.708 Data da Relatoria: 29/05/2014 Apresentação do Projeto: O presente estudo será longitudinal, sendo parte dele retrospectiva (etapa de coleta de dados clínicos) e parte dele prospectiva (etapa de avaliação da expressão dos marcadores por imunohistoquímica). O estudo será realizado conforme a aprovação pelo comitê de ética em pesquisa em seres humanos da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Serão incluídos no estudo 51 pacientes submetidos a quimioradioterapia neoadjuvante seguida de cirurgia para câncer de reto durante o período de janeiro de 2004 a dezembro de 2010. Todos os pacientes foram submetidos ao mesmo esquema de quimioterapia (QT) pré-operatória que consistiu em um regime baseado em 5-fluoracil (5-FU). O protocolo usado foi infusão em bolus de 5-FU na dose de 325 mg/m²/dia associado a Leucovorin na dose de 20mg/m²/dia por dois ciclos de 5 dias consecutivos na 1º semana (dias 1- 5 ) e 5º semana (dias 29 - 33) de radioterapia. A radioterapia (RT) pré operatória, para todos os pacientes, consistiu em uma média de 50.4 Gyadministradas em 3 campos em período de 6 semanas. O intervalo médio entre o término da QRT e a cirurgia foi de 9 semanas. A cirurgia radical incluiu excisão total do mesorreto e ressecção em bloco de órgãos adjacentes quando envolvidos pelo tumor. A sobrevida de todos os eventos será medida do dia da cirurgia até o dia do evento ou última consulta do paciente caso nenhum evento ocorra. Para a estimativa do tempo de sobrevida livre de doença.

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Listas e Apêndice

Continuação do Parecer: 658.708 pg. 2 de 4

serão considerados eventos, a recidiva local do tumor e ou o surgimento de metástase a distância. As amostras ressecadas serão avaliadas quanto ao grau de resposta a radioterapia utilizando os sistemas de análise de Dworak e de Mandard. A expressão dos marcadores bax, bcl2, Ki67 e p53, será correlacionada tanto com dados de análise de resposta a neoadjuvância quanto a dados clínicos como: sobrevida global e sobrevida livre de doença em 3 anos.

Objetivo da Pesquisa: 1) Avaliar a expressão de bax, bcl-2, ki-67 e p53 em amostras de adenocarcinoma de Reto antes e após tratamento quimioradioterápico.

2) Correlacionar a expressão dos marcadores do item 1 aos dados clínicos: sobrevida a longo prazo, sobrevida livre de doença, incidência de recidiva local e incidência de metástases a distância: fígado e pulmão.

3) Determinar o grau de resposta a radioterapia utilizando os sistemas de análise de Dworak e de Mandard, e correlacionar os achados aos dados clínicos. 4) Correlacionar os achados de expressão aosresultados anatomopatológicos (grau de resposta a radioterapia utilizando diferentes sistemas de análise e T - downstaging)

5) Correlacionar os marcadores acima ao índice de proliferação celular, determinado neste estudo pela expressão de Ki67.

Avaliação dos Riscos e Benefícios: O estudo proposto não oferece nenhum risco aos participantes. Critérios de inclusão:a) Pacientes adultos (idade maior ou igual a 18 anos) com adenocarcinoma de reto localmente avançados ou seja estádios cII e cIII, não metastático, localizados não mais do que 10 cm da borda anal submetidos a quimioradioterapia neoadjuvante seguida de cirurgia radical com intenção curativa (ressecção R0).

b) Pacientes com representação histológica suficiente e disponível (pelo menos um fragmento disponível em bloco de parafina) das biópsias realizadas no momento do diagnóstico de câncer colorretal, pré tratamento quimioradioterápico.

Critérios de exclusão:a) Pacientes com síndromes neoplásicas hereditárias (carcinoma colorretal hereditário não polipose, polipose adenomatosa familiar).b) Pacientes com doença inflamatória intestinal (Retocolite Ulcerativa e Doença de Crohn).c) Pacientes com neoplasias sincrônicas.

Comentários e Considerações sobre a Pesquisa: Benefícios da pesquisa: Acreditamos que no futuro, o resultado das pesquisas no campo da biologia molecular, irá permitir que o tratamento seja adaptado para cada paciente, baseado na

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Listas e Apêndice

Continuação do Parecer: 658.708

amostra de tecido inicial, minimizando assim tratamentos desnecessários. Compreender os padrões de comportamento de cada um desses perfis de neoplasia, a suscetibilidade à diferentes medicamentos quimioterápicos e outras medidas terapêuticas permitirá uma melhor previsão do comportamento do processo neoplásico. Este conhecimento vai orientar cada paciente individualmente para o melhor curso terapêutico e ajudar a selecionar a melhor abordagem interdisciplinar com o fim de alcançar os resultados mais favoráveis.

Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória: Todos os termos estão anexos.

Recomendações: Todos os ajustes foram feitos para a aprovação do projeto.

Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações: Projeto aprovado após adequação necessária.

Situação do Parecer: Aprovado

Necessita Apreciação da CONEP: Não

Considerações Finais a critério do CEP: Pendência (s) atendida (s) e aprovada (s) nesta data. Apresentar relatórios parciais e final do projeto. Primeiro 23/11/2014. (modelo na página do CEP)

SAO PAULO, 23 de Maio de 2014

Assinado por: Nelson Keiske Ono (Coordenador)

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Listas e Apêndice

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Fluxograma de pacientes com CCR incluídos no estudo (2004 a 2010).......................................................................................................................

18

Figura 2: Avaliação da regressão tumoral segundo escala de Dworak. A- TRG 0, ausência de regressão tumoral, ausência de tecido fibrótico ou doença vascular. B- Massa tumoral dominante concomitante à presença de fibrose. C- TRG 2, alterações fibróticas dominantes com poucas células tumorais ou grupos (fácil de encontrar). D- TRG 3, muito poucas células tumorais, estas difíceis de se encontrar em meio a tecido fibroso..................................................

26

Figura 3: Regressão completa do tumor, ausência de células tumorais................

27

Figura 4: Sobrevida livre de doença em 50 doentes com neoplasia de reto distal avançado submetidos à QRT e ressecção cirúrgica em relação a classificação de regressão tumoral de Dworak agrupada em 3 categorias. As curvas foram geradas pelo método de Kaplan-Meyer e comparadas pelo teste de log-rank..............................................................................................................

44

Figura 5: Sobrevida livre de doença em 50 doentes com neoplasia de reto distal avançado submetidos à QRT e ressecção cirúrgica em relação a classificação de regressão tumoral de Dworak agrupada em 2 categorias. As curvas foram geradas pelo método de Kaplan-Meyer e comparadas pelo teste de log-rank..............................................................................................................

45

Figura 6: Sobrevida livre de doença em 50 doentes com neoplasia de reto distal avançado submetidos à QRT e ressecção cirúrgica em relação a classificação de regressão tumoral de Mandard agrupada em 3 categorias. As curvas foram geradas pelo método de Kaplan-Meyer e comparadas pelo teste de log-rank..............................................................................................................

46

Figura 7: Sobrevida livre de doença em 50 doentes com neoplasia de reto distal avançado submetidos à QRT e ressecção cirúrgica em relação a classificação de regressão tumoral de Mandard agrupada em 2 categorias. As curvas foram geradas pelo método de Kaplan-Meyer e comparadas pelo teste de log-rank..............................................................................................................

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Listas e Apêndice

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Aplicação do Teste da Estatística Alfa de Cronbach para a verificação do nível de confiabilidade em termos da chamada ‘consistência interna’ dos valores observados............................................................................

25

Tabela 2: Sumário dos dados clínicos e anatomopatológicos de 50 pacientes com câncer de reto distal avançado pré tratamento (Santa Casa de São Paulo, 2015)......................................................................................................................

28

Tabela 3: Sumário dos dados anatomopatológicos de 50 pacientes com câncer de reto distal avançado pós quimioradioterapia e cirurgia (Santa Casa de São Paulo, 2015)...........................................................................................................

30

Tabela 4: Correlação das características clínicas dos pacientes com o nível de regressão tumoral após quimiorradioterapia e cirurgia em 50 pacientes com neoplasia de reto distal avançado pela classificação de Dworak reagrupada em 2 categorias (Santa Casa de São Paulo, 2015). .............................................

31

Tabela 5: Correlação entre diferentes intervalos entre término da QRT e cirurgia para câncer de reto distal avançado e escala de regressão tumoral de Dworak reagrupada em 3 categorias. (Santa Casa de São Paulo, 2015) .......

32

Tabela 6: Correlação entre diferentes intervalos entre término da QRT e cirurgia para câncer de reto distal avançado e escala de regressão tumoral de Mandard reagrupada em 3 categorias (Santa Casa de São Paulo, 2015)......................................................................................................................

33

Tabela 7: Correlação entre o nível de regressão tumoral segundo a classificação de Dworak e o tipo de cirurgia realizada (AAP ou RAB) para o tratamento de câncer de reto distal avançado em 50 pacientes (Santa Casa de São Paulo, 2015)............................................................................................

33

Tabela 8: Correlação entre o nível de regressão tumoral segundo a classificação de Mandard e o tipo de cirurgia realizada (AAP ou RAB) para o tratamento de câncer de reto distal avançado em 50 pacientes (Santa Casa de São Paulo, 2015)...................................................................................................

34

Tabela 9: Associação entre os dados anatomopatológicos de tumores de reto distal avançado pós QRT e cirurgia e a escala de regressão tumoral de Dworak reagrupada em 2 categorias (Santa Casa de São Paulo, 2015)...........................

35

Tabela 10: Associação entre os dados anátomo-patológicos de tumores de reto distal avançado pós QRT e cirurgia e a escala de regressão tumoral de Mandard reagrupada em 2 categorias (Santa Casa de São Paulo, 2015).........

36

Tabela 11: Associação entre as classificações TNM pré QRT e pós QRT seguida de cirurgia com a escala de regressão tumoral de Dworak (Santa Casa de São Paulo, 2015)...............................................................................................

37

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Listas e Apêndice

Tabela 12: Associação entre as classificações TNM pré QRT e pós QRT seguida de cirurgia com a escala de regressão tumoral de Mandard (Santa Casa de São Paulo, 2015).....................................................................................

38

Tabela 13. Associação entre os dados epidemiológicos de 50 pacientes com câncer de reto distal avançado pré QRT neoadjuvante e dados de sobrevida em cinco anos (Santa Casa de São Paulo, 2015)........................................................

39

Tabela 14: Associação entre os dados anatomopatológicos de 50 pacientes com câncer de reto distal avançado pós QRT e dados de sobrevida em cinco anos (Santa Casa de São Paulo, 2015)..................................................................

41

Tabela 15: Associação entre os níveis de regressão tumoral segundo as escalas de Dworak e de Mandard em 50 pacientes com câncer de reto distal avançado submetidos a QRT e cirurgia e dados de sobrevida em cinco anos (Santa Casa de São Paulo, 2015).........................................................................

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