Carregador pode levar vírus para seu smartphone

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Cuidado: carregador pode levar vírus para seu smartphone; saiba se proteger Larissa Leiros Baroni Do UOL, em São Paulo 28/01/2015 06h00 H o n 3 m 54 J Imprimir F Comunicar erro { Ouvir texto Thierry Monasse/AFP Saiba como se proteger dos possíveis riscos de transmissão de vírus pelo carregador Já imaginou ter todos os dados do seu smartphone roubados por causa de um simples descuido na hora de colocar o dispositivo para carregar? Apesar de parecerem inofensivos, os carregadores de celulares podem servir como um meio para a transmissão de códigos maliciosos. Especialistas ouvidos pelo UOL Tecnologia afirmam que, apesar desse tipo de infecção não ser comum, não é improvável que haja uma possível "epidemia" nos celulares em um curto espaço de tempo. Há pelo menos duas formas em que o carregador pode servir como transmissor de vírus para o seu smartphone. Uma delas pelo uso do cabo USB em um dispositivo (computador, por exemplo) infectado. A outra é o uso de um "carregador alterado" capaz de instalar um 'malware' [software mal-intencionado] e roubar todas as informações armazenadas no celular. "Com o aumento do uso dos smartphones, bem como a ampliação de suas funcionalidades, que incluem até transações financeiras, esses dispositivos acabam despertando cada vez mais o interesse dos hackers", diz João Carlos Lopes, professor de Engenharia da Computação do Instituto Mauá Tecnologia. Ainda que o caminho mais habitual para a transmissão de vírus para os smartphones seja a instalação de aplicativos (http://tecnologia.uol.com.br/noticias/redacao/2014/12/11/ate-apps-infantis- podem-colocar-privacidade-em-risco-veja-como-se-proteger.htm) , para Lopes, os carregadores começam a ser incluídos na lista de potencialidades dos invasores. Segundo Lopes, já há estudos nos EUA que mostram essa tendência, ainda não muito habitual, de uso do carregador como um vetor de infecção em smartphones. "O mesmo cabo que você carrega o celular também serve para a transferência de dados. Por isso é tecnicamente viável a instalação de vírus nesse simples processo", aponta Lopes. Para interceptar e roubar dados, os criminosos podem instalar um dispositivo no carregador --que é capaz de instalar um código malicioso no smartphone--, e transmitir os "dados roubados" quando o dispositivo estiver conectado à internet. Segundo Lopes, essa é uma maneira "possível, mas não comum" de infectar um celular.

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Cuidado com o seu carregador de celular

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Page 1: Carregador pode levar vírus para seu smartphone

Cuidado: carregador pode levar

vírus para seu smartphone; saiba

se proteger

Larissa Leiros Baroni

Do UOL, em São Paulo 28/01/2015 06h00

H o n 3 m 54 J Imprimir F Comunicar erro{ Ouvir texto

Thierry Monasse/AFP

Saiba como se proteger dos possíveis

riscos de transmissão de vírus pelo

carregador

Já imaginou ter todos os dados do seu

smartphone roubados por causa de um

simples descuido na hora de colocar o

dispositivo para carregar? Apesar de

parecerem inofensivos, os

carregadores de celulares podem

servir como um meio para a

transmissão de códigos maliciosos.

Especialistas ouvidos pelo UOL

Tecnologia afirmam que, apesar

desse tipo de infecção não ser comum,

não é improvável que haja uma

possível "epidemia" nos celulares em

um curto espaço de tempo.

Há pelo menos duas formas em que o carregador pode servir como transmissor de

vírus para o seu smartphone. Uma delas pelo uso do cabo USB em um dispositivo

(computador, por exemplo) infectado. A outra é o uso de um "carregador alterado"

capaz de instalar um 'malware' [software mal-intencionado] e roubar todas as

informações armazenadas no celular.

"Com o aumento do uso dos smartphones, bem como a ampliação de suas

funcionalidades, que incluem até transações financeiras, esses dispositivos acabam

despertando cada vez mais o interesse dos hackers", diz João Carlos Lopes,

professor de Engenharia da Computação do Instituto Mauá Tecnologia.

Ainda que o caminho mais habitual para a transmissão de vírus para os

smartphones seja a instalação de aplicativos

(http://tecnologia.uol.com.br/noticias/redacao/2014/12/11/ate-apps-infantis-

podem-colocar-privacidade-em-risco-veja-como-se-proteger.htm), para Lopes,

os carregadores começam a ser incluídos na lista de potencialidades dos invasores.

Segundo Lopes, já há estudos nos EUA que mostram essa tendência, ainda não

muito habitual, de uso do carregador como um vetor de infecção em smartphones.

"O mesmo cabo que você carrega o celular também serve para a transferência de

dados. Por isso é tecnicamente viável a instalação de vírus nesse simples

processo", aponta Lopes.

Para interceptar e roubar dados, os criminosos podem instalar um dispositivo no

carregador --que é capaz de instalar um código malicioso no smartphone--, e

transmitir os "dados roubados" quando o dispositivo estiver conectado à internet.

Segundo Lopes, essa é uma maneira "possível, mas não comum" de infectar um

celular.

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A maneira mais usual de transmissão de vírus pelos carregadores, como aponta

Rovercy de Oliveira, especialista de segurança da informação da consultora Real

Protect, é o uso do USB em computadores ou em qualquer outra fonte que pode

estar infectada --propositalmente ou não.

"Sede" por carregar celular em qualquer lugar expõe usuário

O smartphone é cada vez mais utilizado como mapa, jornal, diário, contador de

passos, biblioteca --até mesmo como telefone, às vezes.Todas essas funções

consomem a bateria do telefone, e cada vez mais os usuários procuram pontos de

carregamento compartilhados, em locais como aeroportos, shoppings e

estabelecimentos comerciais.

São esses os momentos em que o aparelho fica mais vulnerável a uma infecção

feita por meio do carregador.

"Vale lembrar que pode se tratar de um dispositivo [o ponto de carregamento

compartilhado] que pode estar contaminado com malware, você corre o risco de ter

seus dados roubados", afirma Oliveira.

Dispositivos desconhecidos aumentam risco de infecção

O especialista diz que o mesmo perigo ameaça o usuário quando o celular é

carregado em um computador que o usuário não conhece a procedência.

"O problema, nesse caso, não é bem o carregador, mas a maneira como se carrega

o dispositivo", diz Oliveira. "Para comprovar a vulnerabilidade dos celulares, os

organizadores de uma feira disponibilizaram plugs USB pelo espaço ocupado pelo

evento, para que os participantes carregassem seus smartphones. Mas, ao

conectar os dispositivos, os usuários eram alertados sobre uma ameaça. Mas esse

tipo de alerta que não se repete no dia-a-dia".

Como afirma Lopes, para os leigos é "quase que imperceptível" notar a diferença de

dispositivos maliciosos ou não. E, por esse mesmo motivo, o professor recomenda

alguns cuidados básicos.

Precauções também destacadas por Oliveira: "Ainda que essas interceptações não

sejam tão fáceis e não sejam praticadas por qualquer hacker, as maneiras de se

proteger são extremamente simples que valem ser seguidas."

Confira sete dicas para proteger seu smartphone do "risco carregador"

1. Não menospreze os possíveis riscos

O maior problema, segundo especialista em segurança da informação, é as

pessoas ignorarem os riscos e acreditarem que estão livres de qualquer tipo de

invasão. "Nunca é demais ser prevenido", ressalta Oliveira.

2. Instale e mantenha atualizado um antivírus

Para se proteger de possíveis invasores, vale instalar e manter atualizado um

antivírus. "Ainda que a proteção não seja 100%, é um recurso que tem se tornado

cada vez mais necessário, desde que os celulares adotaram as funções de um

computador", diz Oliveira. O usuário pode buscar aplicativos desse tipo --em

versões gratuitas e pagas--, tanto para Android quanto para iOS.

3. Não compre carregadores "piratas" ou de procedência duvidosa

Na tentativa de economizar, muitos usuários acabam recorrendo aos "carregadores

piratas". Mas, segundo Lopes, essa suposta economia pode acabar saindo ainda

mais cara que o valor de um acessório original. "Além do risco de você pegar um

vírus, há uma grande chance de o produto de procedência duvidosa afetar a saúde

de seu aparelho."

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Em nota, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) informou que possui

regulações sobre certificação de baterias e carregadores (Resolução nº 481, de 10

de setembro de 2007 e Resolução nº 442, de 21 de julho de 2006) e que os

acessórios que respeitam esses requisitos apresentam garantias aos usuários

quanto ao desempenho elétrico. "A certificação é uma etapa necessária para que o

equipamento obtenha a homologação da Agência. Sem a homologação, os

produtos de certificação obrigatória não podem ser comercializados no país."

4. Evite pegar carregadores emprestados

"Um novo modelo de serviço que está se expandido no mercado é o empréstimo de

carregadores em lugares públicos ou publicados --baladas ou em qualquer

estabelecimento", afirma o professor da Mauá, que recomenda que os usuários se

certifiquem que o acessório seja original. "Na dúvida, o melhor é ficar sem bateria,

mas resguardar todos os seus dados", diz Lopes.

5. Certifique-se da procedência dos computadores que servirão de

transmissão de energia

Evite plugar o seu celular via USB em computadores/tablets públicos ou em

qualquer outro dispositivo que você desconheça a procedência. Certifique-se que o

computador que servirá de transmissor de energia não esteja contaminado, e que

ele tenha um antivírus instalado e atualizado. "Você até pode conhecer a

procedência do computador, mas se houver um vírus instalado nele, certamente

poderá infectar o seu celular", relatou Oliveira.

6. Faça a recarga com o celular desligado

Essa é a dica de ouro, como apontou o especialista em segurança da informação.

"Com o celular desligado, você protege todas as informações que estão

armazenadas no dispositivo e consegue carregar a bateria de uma maneira muito

mais segura."

7. Se não for possível desligar o smartphone, opte por desligar a transferência

de dados

Mesmo não sendo uma medida tão efetiva como desligar o smartphone, a opção de

desativar a transferência de dados pode ser uma alternativa paliativa para aqueles

usuários que não podem ficar com o celular desligado enquanto aguarda a carga

ser completada. "Um aplicativo malicioso pode ativar, sem que o usuário perceba, a

transferência de dados. Por isso, essa não é a opção mais segura", explica Oliveira.

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