Carta à Presidenta

2
Excelentíssima Senhora Presidenta da República Federativa do Brasil, Dilma Vana Rousseff Nos tempos atuais, onde vivemos os trâmites da busca incansável pelos ideais de dignidade humana é-nos inconcebível o esquecimento quanto ao passado de um Brasil, já desde o princípio, submisso ao poder ilícito e tortuoso dos “grandes”, onde os moldes primórdios da Educação achegavam-se acoplados a uma hierarquia religiosa destinados a um povo passível de conhecimento, fosse ele sensato ou não. A Educação nos fora implantada já primeiramente em métodos incorretos, senão, injustos, pra não dizer que como um estupro aos ariscos pais nossos, os índios. As ordens distinguiam-se das atuais, mas o poder se impunha como o é hoje, em interesses individualistas e sem preocupações com o todo. Vossa excelência, como bem sabeis, éramos terra desprovida de conhecimentos, tínhamos a vida fútil e bucólica de índios até que fomos forçados a adaptar-nos às rédeas cruéis de homens ditadores de uma fé, de uma lei e de um Rei. Fomos catequizados num cabresto que até hoje não se desprendeu de nossos pescoços, mas senão por ele, como antes o nada que éramos, hoje inda o seríamos. Pois bem, os tais Jesuítas injetaram-nos educação e fizeram-nos homens segundo os seus preceitos religiosos e éticos, um ato de achismo e em prol deles mesmos, mas com isso, ergueram o alicerce da civilização dando-nos o saber, princípio da formação humana para a vivência entre os nossos. Nos é óbvio que muitas mortes foram precisas e que muitos conflitos acendessem para que chegássemos ao tão pouco que ainda somos hoje, mas fora preciso a guerra do repúdio ou a própria guerra da aceitação para que nos desenvolvêssemos, uma vez que éramos tão necessitados de ser sociedade e termos algum valor que, convenhamos, só foram conquistados porque um dia fomos instruídos. Os Jesuítas, embora que cruéis, foram-nos o empurrão à frente, os que ensinaram a dar os primeiros passos ainda que, na época, estes passos fossem dados somente para eles e sob os seus comandos.

Transcript of Carta à Presidenta

Page 1: Carta à Presidenta

Excelentíssima Senhora Presidenta da República Federativa do Brasil,Dilma Vana Rousseff

Nos tempos atuais, onde vivemos os trâmites da busca incansável pelos ideais de dignidade humana é-nos inconcebível o esquecimento quanto ao passado de um Brasil, já desde o princípio, submisso ao poder ilícito e tortuoso dos “grandes”, onde os moldes primórdios da Educação achegavam-se acoplados a uma hierarquia religiosa destinados a um povo passível de conhecimento, fosse ele sensato ou não. A Educação nos fora implantada já primeiramente em métodos incorretos, senão, injustos, pra não dizer que como um estupro aos ariscos pais nossos, os índios. As ordens distinguiam-se das atuais, mas o poder se impunha como o é hoje, em interesses individualistas e sem preocupações com o todo.

Vossa excelência, como bem sabeis, éramos terra desprovida de conhecimentos, tínhamos a vida fútil e bucólica de índios até que fomos forçados a adaptar-nos às rédeas cruéis de homens ditadores de uma fé, de uma lei e de um Rei. Fomos catequizados num cabresto que até hoje não se desprendeu de nossos pescoços, mas senão por ele, como antes o nada que éramos, hoje inda o seríamos. Pois bem, os tais Jesuítas injetaram-nos educação e fizeram-nos homens segundo os seus preceitos religiosos e éticos, um ato de achismo e em prol deles mesmos, mas com isso, ergueram o alicerce da civilização dando-nos o saber, princípio da formação humana para a vivência entre os nossos.

Nos é óbvio que muitas mortes foram precisas e que muitos conflitos acendessem para que chegássemos ao tão pouco que ainda somos hoje, mas fora preciso a guerra do repúdio ou a própria guerra da aceitação para que nos desenvolvêssemos, uma vez que éramos tão necessitados de ser sociedade e termos algum valor que, convenhamos, só foram conquistados porque um dia fomos instruídos. Os Jesuítas, embora que cruéis, foram-nos o empurrão à frente, os que ensinaram a dar os primeiros passos ainda que, na época, estes passos fossem dados somente para eles e sob os seus comandos.

Aprendemos pela pedagogia jesuítica, os moldes do ofício, da língua, das leis e dos princípios religiosos, que dados de modo obrigatório ou não, nos foram úteis para a nossa própria formação. Fomos doutrinados no açoite e no ardor das injustiças provindas do poder mal distribuído, mas aprendemos, e hoje, embora os tais conflitos entre poder e divisão do mesmo perdurem, nós crescemos em mansos e calmos passos que nos convergem a uma educação futura e distante, mas de qualidade e que atenda a necessidade de formar uma sociedade humanamente mais digna e plena de valores éticos e morais.

Vossa excelência, rogo que me escuteis. A educação enquanto formação do homem é a única solução para o desenfreado mundo em que vivemos. Está nela o poder da edificação humana que caminha de encontro à violência, à criminalidade e aos demais outros tantos caos que hoje nos fazem mais lutadores que brasileiros. Precisamos, vossa excelência, de um outro estupro na educação brasileira, já que o estender de mãos nos é tão difícil. Queremos investimentos financeiros, sociais e políticos na Educação, afinal tirá-la da utopia em que está ainda é sonho e a realização deste sonho não está num simples abrir de olhos, mas num agir.