Carta Aberta Ao Sr Antonio Borges

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CARTA ABERTA AO SR. ANTÓNIO BORGES (“Ministro-sombra” do governo português)

Sr. António Borges, 1 - O Sr. não me conhece. Vou apresentar-me: sou trabalhador do Estado, a minha esposa é enfermeira, tenho 2 filhos pequenos, não sou rico, vivo do meu vencimento (consecutivamente cortado de mil e uma maneiras) com o qual pago a prestação de uma casa simples (até aos 70 anos de idade), com imenso esforço, a prestação da minha viatura comprada em “leasing” a 10 anos, porque o dinheiro não dá para mais - na esperança de o poder pagar mais cedo - (para me poder deslocar para o trabalho que sempre foi longe de casa). Não tenho bens patrimoniais nem heranças. Procuro ser honesto, correcto, honrar os meus compromissos, de acordo com os meus valores ético-morais que adoptei, não só dos meus pais como também da Instituição que sirvo: os valores da honra, da dignidade. Eu não conheço o Sr. António Borges. De acordo com a Wikipédia aqui está o seu currículo: “António Mendo de Castel-Branco do Amaral Osório Borges (Porto, Ramalde, 18 de Novembro de 1949) é um economista português…iniciou funções docentes no prestigiado Institut National Supérieur Européen de l'Administration des Affaires (INSEAD), em França. Assumiu a função de Vice-Governador do Banco de Portugal e leccionou na Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, de 1990 a 1993. Nesse ano regressou ao INSEAD, tornando-se seu director, até 2000. Entre 2000 e 2008 foi Vice-Presidente do Conselho de Administração do Banco Goldman Sachs International, em Londres.[1] Do seu currículo consta ainda a passagem pela Administração do Citibank, BNP Paribas, Petrogal, Sonae, Jerónimo Martins, Cimpor e Vista Alegre.[2] Foi Consultor do US Department of Treasury, do US Electric Power Research Institute, da OCDE e colaborou com a União Europeia na criação da União Económica e Monetária. Em 2010 foi nomeado director do Departamento Europeu do Fundo Monetário Internacional. É ainda Professor Catedrático Convidado da Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais da Universidade Católica Portuguesa, Presidente do Instituto Europeu de Corporate Governance e Administrador da Fundação Champalimaud. Borges é Militante do Partido Social-Democrata, onde foi Vice-Presidente da Comissão Política Nacional, entre 2008 e 2010. É proprietário agrícola no concelho de Alter do Chão, onde é Presidente da Assembleia Municipal, e donde a sua família materna era oriunda e titular. Presentemente, foi encarregado pelo Primeiro-Ministro de Portugal Pedro Passos Coelho de liderar uma equipa que acompanhará, junto da Troika, os processos de Privatizações, as renegociações das Parcerias Público-Privadas, a reestruturação do Sector Empresarial do Estado e a situação da banca, anteriormente da competência do Ministério da Economia e de Álvaro Santos Pereira.[3]

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Em 2011 Borges ganhou 225 mil euros livres de impostos.[4] Defende que reduzir salários "é uma urgência".[5] (in Wikipédia, em 7 de Junho de 2012). 2 - Ao ler o seu CV, dá para notar que o Sr. António Borges deve ser uma pessoa muito inteligente, competente, e com um valor enorme, caso contrário certamente não chegaria onde chegou. Na minha condição de cidadão português, eleitor, e o Sr. António Borges na condição de “ministro-sombra” do actual governo eleito, vivemos em mundos completamente diferentes: eu vivo na Terra e o Sr. António Borges vive noutro mundo. (Votei no CDS porque acreditei no vosso projecto – PSD / CDS, mas já me arrependi, pois fui enganado pelas promessas eleitorais – e isso não se faz, enganar as pessoas, aprendi isso em pequeno, devemos ser honestos e correctos). Explico porquê: Eu pago impostos (e de que maneira)! De acordo com o publicitado nos media, “Em 2011 Borges ganhou 225 mil euros livres de impostos.” (In Wikipédia, 7 de Junho de 2012.) O Sr. António Borges não pagou estes impostos! Sinceramente não se percebe porque é que, a ser verdade, o Sr António Borges ganhou 225 mil euros livres de impostos! Certamente tudo de acordo com a Lei. 3 - Li nos jornais que o Sr. António Borges defende que os ordenados em Portugal devem ser diminuídos, e fiquei estarrecido com o que ouvi (até o Sr. Presidente da República criticou a sua sugestão, para além de alguns colegas do seu partido e do CDS). Mas, posteriormente, pensando melhor, podemos estar a ser injustos para com o Sr. António Borges, pois quem sabe não se estaria a referir aos seus ordenados, aos ordenados chorudos dos gestores de empresas públicas (e não só)? Se assim for, conte com o meu apoio sincero, na minha qualidade de cidadão contribuinte. 4 - No início disse-lhe que a minha esposa é enfermeira. Gostaria de acrescentar alguns dados: é enfermeira, grau 2, licenciada em enfermagem, com 21 anos de carreira e aufere mensalmente 1084 € líquidos. 5 - Agradecia que o Sr. António Borges me esclarecesse se os ordenados que defende deverem ser baixados são os dos gestores, o do Sr. António Borges, etc, ou se é o da minha esposa, por exemplo. É só para ficar descansado… senão talvez tenha mesmo de emigrar! Antecipadamente grato pela resposta,

respeitosamente, José Carlos Miranda Lucas [email protected]