Carta de Sugestões
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Santuário do Bom Jesus da Lapa A primeira das 7 maravilhas do Brasil
V. Ex.ª Eures Ribeiro Pereira Prefeito de Bom Jesus da Lapa – BA Nesta
CARTA DE SUGESTÕES
PARA A
GESTÃO PÚBLICA
DE
BOM JESUS DA LAPA
DA
PARTE DO SANTUÁRIO
Bom Jesus da Lapa – 2013
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Santuário do Bom Jesus da Lapa CNPJ n. 01.190.562/0016-94
Praça da Bandeira, 106 – Centro – Cx. Postal 05 Cep: 47.600-000 – Bom Jesus da Lapa – Bahia.
Fones: (77) 3481-2120/5860 – Fax (77) 3481-2579 e-mail: [email protected] - www.bomjesusdalapa.org.br
Bom Jesus da Lapa, 17 de janeiro de 2013.
V. Ex.ª Eures Ribeiro Pereira Prefeito de Bom Jesus da Lapa – BA Nesta
CARTA DE SUGESTÕES
Excelência:
Em nome do Santuário, dos Missionários Redentoristas, do Sr.
Bispo Dom José Valmor Cesar Teixeira e dos milhões de romeiros e
visitantes que chegam a Bom Jesus da Lapa, sentindo-nos co-
responsáveis pelo crescimento e desenvolvimento integral de Bom Jesus
da Lapa, venho por meio desta, apresentar-lhe algumas sugestões
práticas para a melhoria da qualidade de vida dos lapenses, romeiros e
visitantes na Capital Baiana da Fé.
Segundo um autor: “O turismo religioso é um segmento do
mercado turístico e envolve negócios, empreendimentos e lucros, gera
empregos e renda, cria opções de lazer, projeta cidades como rotas
turísticas e impulsiona uma expectativa de melhora da qualidade de vida
da própria localidade e sua população, quando bem trabalhado. Mas,
infelizmente, em alguns casos, isso não se concretiza satisfatoriamente
por causa do amadorismo com que a atividade é conduzida pelo poder
público, por empresários, profissionais do setor e pela comunidade local”
(Erik Pinto).
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Todos os visitantes, romeiros ou turistas, lapenses e os
Redentoristas que trabalham nesse Santuário, desde 1956, constatamos
e confirmamos os seguintes:
1. A CIDADE: A cidade de Bom Jesus da Lapa é conhecida
nacionalmente pelo movimento das romarias do Bom Jesus e a
mesma encontra-se na mídia nacional e, visivelmente no mundo
inteiro, através da TV, da internet e já faz parte do roteiro
internacional de turismo;
2. ROMEIROS E VISITANTES: O movimento das romarias e de
visitação ao Santuário cresce consideravelmente todos os anos
e, cerca de, dois milhões de pessoas passam pela cidade todos
os anos;
3. QUALIDADE DE SERVIÇOS: Os romeiros e visitantes não são
apenas procuradores de ofertas religiosas, mas são, também,
consumidores de espaços, produtos, meios e serviços de
qualidade;
4. ECONOMIA: A cidade se transforma num dos polos produtores
de frutas tropicais do país, através do Projeto Formoso, e a
economia da mesma é fortalecida pelas romarias, principal
evento gerador de renda e empregos, representando uma
grande fatia no desenvolvimento econômico da cidade e de toda
a região;
5. ESTABELECIMENTOS: Os empreendimentos de hotelaria,
restaurantes e comércio alternativo, mesmo sem ordenamento,
se estabelecem em vários pontos da cidade;
6. TURISMO RELIGIOSO: O desenvolvimento do turismo
religioso é uma realidade que atingirá com maior intensidade a
região de Bom Jesus da Lapa nos próximos anos com a melhoria
das rodovias, a ampliação dos aeroportos da região: Barreiras,
Vitória da Conquista, Guanambi, Bom Jesus da Lapa, Santa
Maria da Vitória e o advento da ferrovia leste-oeste.
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7. UNIVERSIDADES: A implantação de unidades federais de
ensino transformará a cidade num centro de estudos e
pesquisas a médio e logo prazo;
8. MINERADORAS: A descoberta de jazidas de minérios na região
atrairá para a cidade empresas do setor de mineração e uma
grande leva de trabalhadores do setor;
Esses e outros elementos constitutivos e por se constituir fazem de
Bom Jesus da Lapa uma cidade de vocação turística desde a chegada de
Francisco de Mendonça Mar, mentor do povoamento. Contudo, a cidade
de Bom Jesus da Lapa precisa ser tratada como uma potência do turismo
religioso no oeste da Bahia. Por isso, consideramos de extrema
necessidade a requalificação de alguns pontos e serviços principais para
que a cidade esteja compatível com os títulos do marketing religioso que
a mesma conquistou ao longo desses anos: Meca dos Sertanejos
(Euclides da Cunha, 1905), Capital Baiana da Fé (Valter Mota) e 1ª
das sete maravilhas do Brasil (2009).
A Romaria ao Santuário do Bom Jesus, a Igreja de “Pedra e Luz” é
um fenômeno religioso de consumo imensurável. Tanto na sua vocação
propriamente religiosa quanto pelas demais dimensões que sobrevivem
em torno dele: cultural, econômica, turística, social, demográfica, lúdica
etc. Mas, infelizmente, a grande parte da população como as
administrações públicas, não conseguiram, até hoje, alargar os
horizontes para fazer da romaria “um produto de mercado de qualidade
espetacular pelo acolhimento e infraestatura necessárias” para o grande
número de visitantes que traz para o município milhões de divisas por
ano. A estrutura mínima que é preparada pelo poder público é pensada,
apenas, em função do novenário e festa do Bom Jesus e do setenário e
festa da Soledade. Os demais períodos ficam a mercê da criatividade
particular e da casualidade.
Na gestão municipal é imprescindível o olhar administrativo e
técnico do gestor e sua equipe de colaboradores diretos sobre algumas
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indicações práticas para o desenvolvimento urbano, rural e distrital de
Bom Jesus da Lapa, tendo em consideração os pontos seguintes:
1. Valorização e aplicação do PDDU (Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano) do município no que diz respeito à Lei de Diretrizes, Lei do Sistema Viário Básico, Lei do Uso e
Ocupação do Solo, Código de Obras e Posturas.
2. Necessidade de um departamento ou Secretaria Municipal que cuidasse exclusivamente das Romarias e do Turismo, a exemplo
da cidade de Juazeiro do Norte – CE;
3. Priorizar a limpeza pública da cidade e proibir, sob penalidade de multas, que os entulhos e os lixos domésticos e comerciais
sejam expostos nas ruas fora dos horários da coleta;
4. Municipalização do trânsito para um melhor ordenamento das vias públicas, com a aplicação de multas e reboque pelas
infrações cometidas, sob a fiscalização da guarda municipal;
5. Intervenção urgente e recuperação do espaço físico da Praça da Bandeira, deteriorado pela favelização comercial com
reordenação qualificada das barracas e desobstrução da entrada da praça;
6. Determinar um espaço com infraestrutura e qualidade para estabelecer um camelódromo, desobstruindo as ruas e
facilitando os acessos dos transeuntes e comerciantes informais;
7. Acompanhamento municipal junto aos governos Estadual e Federal quanto ao projeto da Diocese, intitulado de Projeto de
Requalificação Ecológica e Funcional do Entorno do Morro do Santuário, já do conhecimento dessas instâncias
governamentais;
8. Reforma e requalificação do atual mercado Municipal e do Terminal Rodoviário, pontos estratégicos de chegada, visitação e
comercialização de produtos locais;
9. Revalorização e reforma estrutural do Hospital Municipal Carmela Dutra;
10. Reubarnização do bairro da Barrinha, requalificação funcional
da coroa do rio São Francisco (lazer dos lapense) e urbanização do acampamento dos romeiros no Bairro Beira Rio;
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11. Incentivo às pequenas empresas ou empresas familiares para
geração de rendas e empregos, tendo como suporte o SEBRAE e
outras instituições afins;
12. Investimentos operacionais nas Secretarias de Turismo e de Obras para que proporcionem melhorias no bem estar aos
visitantes e moradores locais.
Tudo isso, considerando que o desenvolvimento da romaria e a
prevenção dos impactos causados pela mesma só serão resolvidos com o
alargamento dos espaços e a mudança de logística no atendimento aos
visitantes.
O alargamento a que me refiro é que, além de mudar o modo de
pensar e fazer as romarias e o turismo religioso é necessário requalificar
tudo o que se refere à romaria na cidade: os espaços públicos, evitar os
estacionamentos no centro e nas vias de acessos, criar, oferecer
condições e espaços de entretenimentos, explorar os passeios fluviais e
as visitas ao projeto de irrigação, cadastrar e ordenar os passeios das
charretes, proibir a comercialização das calçadas e o alargamento das
barracas para as vias públicas, montar postos de informações e
atendimentos permanentes. Para isso, o poder público, o empresariado
local, de todas as categorias: comércio, hotelaria, restaurantes,
barraqueiros, prestadores de serviços, instituições afins e o Santuário
precisam se mobilizar conjuntamente para “reorganizar e reconfigurar”
as romarias na cidade de Bom Jesus da Lapa. A Praça da Bandeira e as
ruas Floriano Peixoto, Avelino Bastos, JJ Seabra, Miguel Calmon, Barão
do Rio Branco, Conselheiro Luiz Viana e Avenida Monsenhor Turíbio não
podem ser extensão do mercado ou do camelódromo pela informalidade
comercial ou pelo consentimento dos moradores.
Diante dessa realidade vivida, observada, estudada e pesquisada
da Romaria e Turismo Religioso em Bom Jesus da Lapa, vale ressaltar
que os investimentos dos governos estadual e municipal para a
estruturação física desse grandioso acontecimento são insignificantes. A
cidade, como é do conhecimento geral, continua despreparada para
acolher o grande número da população flutuante que recorrem às suas
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estruturas de acolhimento: rancharias, pousadas, hotéis, restaurantes,
bares, mercados, feiras livres, etc. Muitos peregrinos habitam em casas
alugadas desprovidas de acomodações adequadas sem nenhuma
fiscalização e outros tantos, se estabelecem em acampamentos
improvisados e inóspitos sem comodidades necessárias.
O aparato do poder público local é parco, improvisado e aleatório.
Tudo é arranjado em cima da hora e de forma precária, desordenada e
amadora. O trânsito fica caótico, o comércio alternativo é desordenado,
barulhento e agressivo; a mendicância se estabelece naturalmente como
uma forma de comercializar e expor suas mazelas e doenças; banheiros
públicos e vasilhames para a coleta de lixo são inexistentes; as
instituições locais ficam a anestesiadas e sem o poder de ação.
Pode-se, até mesmo afirmar, que graças ao Bom Jesus, a romaria
é realizada sem maiores incidentes ou outros agravantes, porque sua
expressão principal é o evento religioso. Com isso, não se pode apelar
para a inércia ou o descaso das políticas públicas como formas pacíficas
de compreender o evento e eximir-se da responsabilidade. Sem sombras
de dúvidas,o Estado e o Município devem ser responsabilizados pelos
investimentos urgentes e necessários para o acolhimento e atendimento
das pessoas que visitam todos os anos à cidade, sejam elas motivadas
pelas romarias ou pelo turismo religioso e ecológico.
Em todas as campanhas eleitorais os candidatos regionais se
afloram em apresentar propostas de solução dos impactos das romarias
e de ampliação dos investimentos no turismo religioso local e regional.
Mas, o que foi realizado na cidade, até o momento, foi “uma maquiagem
barata”, diante da responsabilidade sociocultural, religiosa, ambiental e
demográfica que a mesma tem para com os que chegam e fomentam a
economia local.
Entretanto, a romaria e o turismo religioso vão se desenvolvendo
porque o objeto realizador desses eventos são os próprios romeiros e
turistas que vislumbram, à distância, algo que os que estão próximos
resistem em enxergar ou a requalificar seu modo de ver e propor o
empreendedorismo renovador.
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A população, as instituições locais e as autoridades constituídas de
Bom Jesus da Lapa precisam aumentar a consciência de que a mesma é
uma cidade que atrai multidões, devido a sua vocação turística e
religiosa. E que tudo isso, tem um preço: o acolhimento, a qualidade de
serviço, o ordenamento dos espaços públicos, a segurança, a saúde, a
organização do trânsito e a infraestrutura necessária de acomodação.
As condições estruturais oferecidas, tanto por parte do Município
quanto pelo Santuário, são pequenas em relação ao grande número de
visitantes. Daí, a necessidade de ampliar na cidade espaços alternativos
de fluidez para o grande público, com as ruas desobstruídas e
oferecimento de serviços como: banheiros públicos, postos de
informações, postos policiamento, posto de controle e cadastramento,
etc. É incompreensível a logística e a visão turística do Governo do
Estado que se faz ausente numa cidade que tem um aglomerado de
cerca de dois milhões de pessoas por ano. Enquanto isso, outros
itinerários regionais, menos visitados, têm investimentos e incentivos
desproporcionais.
Sem sombras de dúvidas, em pouco, tempo Bom Jesus da Lapa
será palco de uma série de iniciativas que provocarão as mudanças tão
esperadas nessa região do oeste baiano. Isso porque o potencial turístico
não lhe falta, as condições de atendimento, mesmo não sendo
regulamentadas, conseguem suprir, mesmo com dificuldades, as
necessidades atuais da clientela que chega gratuitamente de várias
partes do país e até mesmo do exterior, a beleza exuberante do morro e
das grutas deixa boquiaberto qualquer pessoa: romeiros e turistas,
crentes ou céticos. Pois todos ficam admirados com o capricho da
natureza nesse pedaço de chão, considerado “sagrado” para tantas
gerações de lapenses e pessoas dos mais variados recantos do Brasil.
Consideramos que sua gestão municipal fará de Bom Jesus da Lapa
um lugar melhor para se viver, trabalhar e apreciar a exuberância gótica
da natureza com mais comprometimento e responsabilidade. Conte com
a colaboração do Santuário na aplicação dos pontos apresentados e os
demais que se referirão ao desenvolvimento da “Capital Baiana da Fé”.
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Agradeço sua prestimosa atenção e a apreciação a esta Carta de
Indicações práticas. Em tempo, faço votos de que sua Administração
Pública Municipal tenha a inovação dos paradigmas tão almejados pela
população lapense, a qual o elegeu como prefeito de Bom Jesus da Lapa.
___________________________________ Dom José Valmor Cesar Teixeira SDB
Bispo Diocesano de Bom Jesus da Lapa
___________________________________ Pe. Roque Silva Alves CSsR
Reitor do Santuário