Cartas Dia Do Prof Greve Ufgd
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Dia do Professor é marcado por lutas contra precarização da
educação
A precarização da educação pública ficou evidente no ano de 2015. Os
sucessivos cortes promovidos pelo governo federal, que somam quase R$ 12
bilhões, tiveram efeitos instantâneos em todas as esferas da educação. Diante
dos ataques, e da total falta de diálogo dos governos federal, estaduais e
municipais, restou aos docentes de todo o país protagonizarem lutas
importantes desde o início do ano, nas quais se defendeu a educação contra o
projeto mercantilista em curso. E é nesse cenário que se comemora o Dia do
Professor nessa quinta-feira (15).
Os docentes federais realizarão atos e manifestações em defesa da educação
pública e gratuita nas Instituições Federais de Ensino (IFE). A ação foi
encaminhada pelo Comando Nacional de Greve (CNG) do ANDES-SN como
forma de manter a mobilização após o final da greve, a mais longa da história.
Paulo Rizzo, presidente do ANDES-SN, destaca a importância da participação
dos docentes nas manifestações deste dia 15, devido ao atual momento da
conjuntura.
“O Dia do Professor ocorre em um ano de muitas lutas no país, em todos os
níveis, da Educação Básica ao Ensino Superior, no âmbito municipal, estadual
e federal, e também logo após o término da mais longa greve dos professores
federais. Essas manifestações reafirmam a disposição de luta da categoria e
na defesa do direito de todos os habitantes desse país a uma educação
pública, gratuita e de qualidade. Portanto, o dia será marcado por mobilizações
em todo o país em repúdio ao descaso com que a educação vem recebendo no
Brasil”, disse o presidente do ANDES-SN.
Os docentes federais também cobrarão abertura efetiva de negociações com o
governo federal sobre a pauta de reivindicações da categoria, segundo ele. No
âmbito federal, a greve dos docentes teve duração de 139 dias, com adesão de
50 instituições. A intransigência e o descaso do governo frente à pauta de
reivindicações dos docentes das IFE – que exigem melhores condições de
trabalho, garantia de autonomia, reestruturação da carreira e reajuste salarial
para ativos e aposentados, fez da greve deste ano a mais longa já
protagonizada pelos professores federais.
Nas universidades estaduais também ocorreram diversas lutas e greves neste
ano. Nas instituições de São Paulo, do Pará, do Rio de Janeiro, do Ceará, de
Minas Gerais, do Amapá, do Mato Grosso, da Bahia, do Amazonas, do Paraná,
da Paraíba e do Rio Grande do Norte houve grande mobilização das
comunidades acadêmicas. Os docentes da Universidade do Estado do Rio
Grande do Norte (Uern) e a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) se
encontram em greve há mais de quatro meses, enfrentando, assim como no
âmbito federal, o descaso dos governos estaduais com a educação pública.
Em abril, os docentes das universidades estaduais paranaenses, em conjunto
com outras categorias de servidores estaduais, protagonizaram enormes
mobilizações que culminaram em uma greve contra a apropriação da
aposentadoria dos servidores pelo governo estadual. O governo de Beto Richa
reprimiu violentamente os servidores, para conseguir aprovar seus projetos de
ajuste na Assembleia Legislativa.
Os docentes das universidades estaduais da Bahia e do Ceará também
passaram por grandes greves em 2015. Os docentes cearenses conquistaram,
com sua luta, a realização de concursos públicos, a realização de obras de
infraestrutura, o aumento das bolsas de assistência estudantil, entre outras
pautas. Na Bahia, a categoria saiu vitoriosa de uma greve de 86 dias,
conseguindo arrancar do governo baiano a garantia da autonomia político-
administrativa das instituições, questões orçamentárias e direitos trabalhistas.
Além dos docentes das Intuições Federais de Ensino e das Estaduais e
Municipais de Ensino Superior, professores do ensino básico e fundamental
também estão na luta em diversas regiões do país por melhores condições de
trabalho e em defesa da educação pública. Em São Paulo, desde a última
semana, trabalhadores da educação e estudantes estão nas ruas para impedir
que o governo estadual feche mais de 200 unidades escolares em uma reforma
que visa diminuir o gasto do estado paulista com ensino.
Fonte: ANDES-SN
Breve histórico da Greve na UFGD
Engana-se quem pensa ou pensou que a greve aqui na UFGD foi fraca. Muito
pelo contrário, as atividades realizadas durante todo esse período, foram
bastante diversificadas e intensas.
Realizamos aulas públicas, oficinas de cartazes, intervenções na cidade (na
praça central, na câmara dos vereadores, no transbordo), debates sobre temas
fundamentais, criamos o fórum unificado, estivemos no grito dos excluídos,
realizamos atividades de apoio aos guarani kaiowá, inúmeras reuniões para a
organização das atividades, filmes e documentários sobre a greve, atividades
artísticas, estivemos no Comando Nacional de Greve, fizemos falas em
eventos e atividades em outras cidades, conversamos com deputados federais,
reuniões com a reitoria, inúmeros documentos foram encaminhados (notas de
apoio e repúdio), entrevistas foram dadas à imprensa local, além, obviamente
das assembleias.
Portanto, nossa greve foi sim forte e educadora. Avançamos em vários pontos,
como na definição de uma pauta local, no estreitamento das relações com
técnicos e estudantes, no aprofundamento de temas importantes, como o da
dívida pública.
Essa não foi uma greve de pijama. Foi uma greve de luta e de fortalecimento
político dos docentes. E teremos que dar continuidade a esse fortalecimento.
Não podemos acreditar que o fim desse movimento de greve significa o fim da
luta. Muito pelo contrário, o futuro das universidades públicas é inseguro.
Quanto a isso existe material farto que demonstra os projetos em andamentos,
visando o fim da universidade pública.
O governo petista de Dilma ataca violentamente a universidade pública com
cortes financeiros. A saída da crise global do capitalismo, adotada por esse
governo, é de privatizar as ações do Estado. E fortalecer as empresas e os
bancos. Seguem a agenda das classes dominantes mundiais.
O povo brasileiro organizado não aceitará essas medidas que o empobrece
cada vez mais. E nós teremos que estar juntos, militando por uma universidade
pública e popular.
Nesse período, a partir das inúmeras atividades realizadas na UFGD, foram
criadas relações a afinidades políticas. A greve nos educou. Ela nos mostrou
que a vida pode ser vivida, com prazer, na luta. Cada encontro, cada reunião,
cada fala, demonstraram que a luta por uma causa pode sim fazer parte do
nosso dia-a-dia. Nesse período, o ambiente burocrático foi substituído pela
política e a cultura. Passamos a discutir os grande temas que nos cercam. Nos
contrapomos aquele cotidiano sufocante do nosso trabalho estranhado.
Esse período fez pessoas saírem da consciência individual. Daquele momento
em que a realidade é vista somente a partir da percepção egoístico-passional.
Daqueles interesses meramente individuais. Avançamos. E chagamos a
construir uma consciência corporativa. Passamos a nos ver como categoria
docente. Todas e todos que estiveram na organização das inúmeras atividades
tiveram esse avanço. Saíram da consciência meramente individual e
construíram uma percepção coletiva da luta. Se ver como parte de uma
categoria é um avanço fundamental, em tempos de ditadura liberal.
Mas ela ainda não é suficiente. Precisamos avançar ainda mais. Precisamos
avançar para a consciência de classe. Aqui nas assembleias foi tentado
avançar nessa direção. Mas ainda não conseguimos. Nós, docentes,
precisamos nos ver como classe trabalhadora, pois é isso que somos. Mesmo
sabendo que esse é um processo demorado e complexo, não podemos
desconsiderar a sua importância. O nosso sindicato precisa contribuir mais
para isso. O nosso sindicato precisa se tornar em uma escola de formação
política. Essa é uma necessidade urgente, tendo em vista o que teremos pela
frente.
Sem esse avanço de consciência, não conseguiremos lutar contra esse
poderoso movimento de sucateamento da vida. Portanto, ao longo desses 4
meses de greve, os lutadores e as lutadoras conseguiram superar o olhar
egoístico-passional, sobre a realidade, chegando ao pertencimento de uma
categoria (docente). Agora resta avançar para a consciência de classe.
Nesse período sofremos diversos ataques. Não só do governo Dilma, mas
também de estudantes e docentes que desconsideram a greve como uma das
maiores conquistas dos trabalhadores dos últimos séculos. Diversos setores da
sociedade civil nos atacaram. Com argumentos mercadológicos e mesmo com
o velho cinismo assistencialista, tentaram nos colocar contra a população em
geral e contra os estudantes.
Os estudantes trabalhadores e organizados nos apoiaram. E quando lutamos
por uma universidade democrática, pública e popular, estamos pensando neles
e nelas.
A greve é uma conquista da classes trabalhadora. E temos a obrigação de
defende-la. Essa conquista se deu com muita esforço, luta e sangue. E nós
devemos continuar lutando pela sua preservação.
O objetivo central da greve é paralisar a produção. Produção essa que ao
longo do desenvolvimento do capitalismo se revelou extremamente perversa
para a vida do trabalhador e da trabalhadora.
A greve é justamente o aviso dos trabalhadores e das trabalhadoras, às
classes dominantes, de que são suas forças de trabalho o motor de toda ordem
social. A classe trabalhadora, em suas ações grevistas, demonstram à toda
sociedade que sem ela o andamento do capitalismo não é possível.
Mas essa ação não é somente de caráter material-econômico, é também de
caráter político-moral. Nesses momentos em que se para a maquina produtiva,
são os momentos em que os trabalhadores e trabalhadoras avançam em sua
consciência combativa. No mesmo momento em que se luta por melhores
condições de trabalho e por melhores salários, cria-se uma cultura de
camaradagem, criam-se laços políticos fundamentais para o seu fortalecimento
como sujeito histórico.
Esses avanços que a greve pode trazer serve como um acúmulo de força da
própria classe para os futuros embates com as classes que dominam. Portanto,
preservar essas conquistas materiais e subjetivas é central para a vida classe
trabalhadora.
Por esses motivos que a greve é fundamental na luta contra a degradação
humana, a qual nos lançam o capitalismo. Nada pode substituí-la.
Devemos defende-la inquestionavelmente, pois enquanto houver capitalismo,
ela será necessária.
Nós aqui soubemos utilizar desse momento de greve e avançamos.
Infelizmente, nesse momento, não tivemos ganhos materiais, mas tivemos
conquistas subjetivas.
Transformamos as assembleias e os demais espaços em momentos de debate
e reflexão. Transformamos esses espaços em momentos de formação coletiva.
Devemos continuar, pois os enfrentamentos continuarão. E mais uma vez a
greve deverá ser a nossa arma de luta.
Lido na última assembleia Docente, na Adufdourados.