Cartilha agsaude08

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1 GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE SÃO PAULO COORDENADORIA DE CONTROLE DE DOENÇAS - CCD CENTRO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA “PROF ALEXANDRE VRANJAC” DIVISÃO DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS PREVENÇÃO DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS (DCNT) e de seus FATORES DE RISCO GUIA BÁSICO para agentes de saúde EDIÇÃO ATUALIZADA 2008

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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE SÃO PAULO

COORDENADORIA DE CONTROLE DE DOENÇAS - CCD CENTRO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

“PROF ALEXANDRE VRANJAC” DIVISÃO DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS

PREVENÇÃO

DE DOENÇAS CRÔNICAS

NÃO TRANSMISSÍVEIS (DCNT)

e de seus

FATORES DE RISCO

GUIA BÁSICO

para agentes de saúde 3ª EDIÇÃO ATUALIZADA

2008

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NOTA A Divisão de Doenças Crônicas Não Transmissíveis,

do Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac”

da Secretaria de Estado da Saúde do Estado de São Paulo

foi criada por Decreto nº 28.233 em 3 de março de 1989,

para coordenar as ações de prevenção e controle

de doenças crônicas não transmissíveis no estado de São Paulo.

Ficha catalográfica

0

HV São Paulo (Estado) Secretaria da Saúde

A3451 ?? Centro de Vigilância Epidemiológica

“Prof. Alexandre Vranjac”

Divisão de Doenças Crônicas Não Transmissíveis

Prevenção de Doenças Crônicas Não Transmissíveis e se

seus fatores de risco

SES/CVE/DDCNT. 3ª edição – São Paulo, 2008.

Neumann AICP, Shirassu MM, Goldfeder AJ, Ribeiro AB, –

organização.

1. Doenças Crônicas Não Transmissíveis.

2. Prevenção

3. Fatores de Risco

I. Título.

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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO JOSÉ SERRA

GOVERNADOR DE ESTADO

SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE SÃO PAULO LUIZ ROBERTO BARRADAS BARATA

SECRETÁRIO DE ESTADO

COORDENADORIA DE CONTROLE DE DOENÇAS CLELIA MARIA SARMENTO DE SOUZA ARANDA

COORDENADOR

CENTRO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA “PROF ALEXANDRE VRANJAC”

ANA FREITAS RIBEIRO DIRETOR TÉCNICO

DIVISÃO DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS

SÉRGIO SÃO FINS RODRIGUES DIRETOR TÉCNICO

ELABORAÇÃO

DIVISÃO DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS

Equipe Técnica ADRIANA BOUÇAS RIBEIRO

AFRICA ISABEL DE LA CRUZ PEREZ NEUMANN ARTUR JAQUES GOLDFEDER

DALVA MARIA DE OLIVEIRA VALENCICH EVA TERESA SKAZUFKA

LUIZ FRANCISCO MARCOPITO MARCO ANTONIO DE MORAES MÍRIAN MATSURA SHIRASSU

NEUMA TEREZINHA R. HIDALGO RICARDO DE CASTRO CINTRA SESSO

SÉRGIO SÃO FINS RODRIGUES SIDNEY FEDERMANN

Equipe de apoio administrativo LENILZA MOURA DOS SANTOS LÚCIA ELISA PRESTES SALVI

Organização da Terceira Edição

AFRICA ISABEL DE LA CRUZ PEREZ NEUMANN ARTUR JAQUES GOLDFEDER MÍRIAN MATSURA SHIRASSU

Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Centro de Vigilância Epidemiológica "Prof. Alexandre Vranjac" Divisão de Doenças Crônicas Não Transmissiveis Av. Dr. Arnaldo, 351 – 6°andar - Pacaembu - CEP: 01246-000 - São Paulo-SP. Tel.: (11) 3066-8741. E-mail: [email protected]

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O presente trabalho é dedicado

ao Dr. ARTUR JAQUES GOLDFEDER.

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APRESENTAÇÃO

As transformações sociais e econômicas ocorridas no Brasil durante o

século passado provocaram mudanças importantes no perfil de ocorrência das

doenças em nossa população. Na primeira metade do século 20, as doenças

infecciosas transmissíveis eram as mais freqüentes causas de mortes. A partir dos

anos 60, as doenças e agravos não transmissíveis - as DAnTs - passaram a ocupar

progressivamente posição de maior destaque nas estatísticas. Entre os fatores que

contribuíram para essa transição epidemiológica estão: o processo de transição

demográfica, com queda nas taxas de fecundidade e natalidade e progressivo

aumento na proporção de idosos, favorecendo o aumento das doenças crônicas não

transmissíveis- (doenças cardiovasculares, câncer, diabetes, doenças respiratórias);

e a transição nutricional, com diminuição expressiva da desnutrição e aumento do

número de pessoas com excesso de peso (sobrepeso e obesidade). Soma-se a isso

o aumento dos traumas decorrentes das causas externas: acidentes, violências e

envenenamentos, etc.

Projeções para as próximas décadas apontam para um crescimento

epidêmico de algumas das DAnTs na maioria dos países em desenvolvimento, em

particular das neoplasias, diabetes tipo 2 e doenças respiratórias crônicas.

Essa transição do quadro epidemiológico tem impactado a área de saúde

pública no Brasil e demandado o desenvolvimento de estratégias para o controle das

DAnT. A vigilância epidemiológica dessas doenças e dos seus fatores de risco é de

fundamental importância para a implementação de políticas públicas voltadas para

sua prevenção, controle e a promoção geral da saúde.

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ÍNDICE

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1. INTRODUÇÃO

RISCO em epidemiologia significa a probabilidade de que pessoas sadias,

expostas a certas condições, adquiram uma doença. São chamados de fatores e

condições de risco para uma determinada doença as situações ou “causas” que

levam à doença. Estes fatores que estão associados a um risco aumentado de

adoecer são chamados de fatores de risco.

As Doenças Crônicas Não Transmissíveis - DCNT são um grupo de

enfermidades, incluído em um agrupamento mais amplo denominado Doenças e

Agravos Não Transmissíveis – DANT, cujo processo de instalação no organismo

geralmente se inicia com alterações, sem que o indivíduo perceba e que demoram

anos para se manifestar. Geralmente não há cura porque as lesões causadas são

irreversíveis, levando a complicações com graus variáveis de incapacidade ou

morte, sendo que as principais são as do aparelho circulatório (hipertensão

arterial, infarto do miocárdio e outras doenças do coração, derrame ou acidente

cerebrovascular), os diversos tipos de câncer, o diabetes, as doenças pulmonares

obstrutivas crônicas (como o enfisema e bronquite crônica), as doenças osteo-

articulares (como a osteoporose e as artroses), a obesidade, as dislipidemias

(excesso de gordura no sangue), entre outras.

Cerca de 300 pessoas morrem diariamente por estas enfermidades somente no

estado de São Paulo e cerca de 40% nem chegam a completar 60 anos de idade.

Os principais fatores e condições de risco para as DCNT são alguns hábitos como o

tabagismo, o consumo exagerado de bebidas alcoólicas, alimentação inadequada, a

falta de atividade física, o estresse, a tendência genética e algumas condições de

vida e de trabalho, entre outras.

Somente uma parte das pessoas (cerca de 20%) têm alguma causa genética ou

outra alteração orgânica de nascimento considerados como risco para estas

enfermidades e, mesmo com a presença do determinante genético, nem sempre a

doença se instala. Na grande maioria das vezes as doenças são a conseqüência

dos demais riscos mencionados e todos eles por sua vez estão relacionados às

formas e possibilidades de se viver nos nossos dias.

Os hábitos e situações de vida, como o estresse, associados à pobreza, à

violência, aos problemas com o transporte nas grandes cidades, à falta de trabalho

ou trabalho excessivo ou até as más condições - na cidade ou no campo, o consumo

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exagerado de alimentos industrializados, de cigarros e bebidas; além de pouca

atividade física e pouco tempo para relaxar contribuem para aumentar o risco de

desenvolver estas doenças. Em geral, o risco é muito superior nas populações de

baixa escolaridade e renda, desempregados e naqueles submetidos a piores

condições de trabalho.

Está provado que é possível modificar a exposição a tais riscos e que estas

modificações se tornam mais fáceis de acontecer quando são estimuladas de forma

coletiva: nos locais de trabalho, dentro e fora da unidade de saúde, nas escolas e

nas organizações comunitárias. É importante salientar que para modificar hábitos e

costumes leva-se tempo e que algumas condições também precisam estar ao

alcance das comunidades: a disponibilidade de alimentos saudáveis em escolas e

locais de trabalho, locais para realizar atividades físicas, melhores condições de

trabalho e estudo, maior acesso à cultura e lazer para adultos, crianças, enfim, para

as famílias.

Este manual é dedicado aos agentes de saúde e outros trabalhadores das

unidades de saúde, que no seu dia a dia têm a oportunidade de orientar famílias e

comunidades quanto aos riscos e, principalmente, quanto às possibilidades de

mudança desta realidade para uma vida mais longa e com mais saúde!

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2.FATORES E CONDIÇÕES DE RISCO PARA DCNT

Os fatores e condições de risco para DCNT são muitos e geralmente as pessoas

estão expostas a mais de um deles. O efeito da exposição nesta situação acarreta

um risco maior do que a simples soma dos mesmos; é como se os riscos não

apenas se somassem, mas se multiplicassem. Didaticamente, os fatores de risco

são separados em quatro grupos:

- constitucionais: idade, sexo, raça e hereditariedade – não passíveis de

modificações (até o presente momento): a criança já nasce com problemas que

podem se manifestar mais tarde;

- comportamentais: hábitos alimentares errôneos, hábito de fumar, inatividade

física, consumo de álcool entre outros, passíveis de modificações;

- sócioeconômico-culturais e psicossociais: renda, escolaridade, ocupação,

classe social, condições ambientais, nível de estresse, entre outras - também são

passíveis de modificações – só obtidas mediante transformações profundas da

sociedade;

- doenças ou distúrbios metabólicos - geradas por uma combinação dos

fatores constitucionais e comportamentais/ambientais que aumentam as chances de

desenvolvimento das DCNT: quantidades anormais de colesterol, triglicérides,

glicose no sangue e fatores que alteram a coagulação sangüínea; pressão arterial

aumentada, sobrepeso/obesidade, distribuição desproporcional da gordura corpórea,

diabetes mellitus (DM).

O gráfico seguinte mostra a mortalidade proporcional por algumas DCNT no

estado de São Paulo - 2005, para ambos os sexos e todas as idades.

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GGrrááffiiccoo 11.. MMoorrttaalliiddaaddee pprrooppoorrcciioonnaall ppoorr DDCCNNTT nnoo EEssttaaddoo ddee SSããoo PPaauulloo**,,

aammbbooss ooss sseexxooss,, ttooddaass aass iiddaaddeess,, 22000055..

Fonte: Calculado a partir de dados do SIM - DATASUS, acesso em 2007

* excluídas as causas mal definidas

Vários estudos epidemiológicos mostram que atualmente a obesidade está

relacionada com a manifestação de 50% dos casos de diabetes, 30% de

hipertensão, e um valor não calculado de vários tipos de câncer. O hábito de fumar,

por sua vez, responde por 30% de todos tipos de câncer, sendo responsável único

por 90% dos casos de câncer de pulmão, 25% dos casos de doença isquêmica do

coração e 95% dos casos de enfisema pulmonar. As condições sócio econômicas

por si só são responsáveis por 50% das mortes por doenças cardiovasculares

(hipertensão, infarto, derrame e outras doenças do coração). Estes são apenas

alguns dados que mostram que o problema destes riscos na população são graves e

precisam ser controlados e evitados.

Neoplasias18,17%

D. Ap. Respiratório11,56%

D. Endócrinas4,84%

D. Ap Circulatório32,30%

Outros26,76%

D. Ap. Digestório6,37%

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2.2. HÁBITO DE FUMAR

Atualmente existem no mundo cerca de 1 bilhão e 200 milhões de fumantes, que

consomem por ano uma média de 6 trilhões de unidades de cigarro, levando a

conseqüências desastrosas, sendo o tabagismo cada vez mais reconhecido como

um grave problema de saúde pública, devido a enorme complexidade de danos

causados à saúde, à economia, ao meio ambiente, e à sociedade de uma maneira

geral .

Desde o seu cultivo, passando pelo processo de beneficiamento, fabricação,

distribuição, venda e principalmente o consumo, o tabaco e seus derivados

ocasionam uma enormidade de malefícios.

O consumo do cigarro é responsável por 90% dos casos de câncer de pulmão e

está ligado à origem de tumores malignos em oito órgãos (boca, laringe, pâncreas,

rins e bexiga, além do pulmão, colo de útero e esôfago). Também ao uso de cigarro

podemos relacionar 85% da mortes por doença pulmonar obstrutiva crônica

(enfisema e bronquite crônica), 25% das mortes por doença coronariana e 25% das

mortes por doença cerebrovascular (derrame).

Um único cigarro possui 4.720 substâncias tóxicas, sendo que as mais

conhecidas são a nicotina (responsável pela dependência química), o alcatrão

(responsável pelos cânceres) e o monóxido de carbono. Quanto maior é o número

de cigarros fumados por dia e o tempo que se fuma, maior a possibilidade destas

doenças. Entretanto, só um cigarro por dia já é prejudicial!

Diante do quadro em que o tabagismo é o maior fator isolado de adoecimento e

morte no mundo, e que muitos trabalhadores em geral passam 80% de seu tempo

em ambientes fechados, expostos à poluição tabagística ambiental, além do fato de

estar aumentando o consumo de cigarros em crianças, jovens e mulheres, torna-se

necessário implementar medidas que visem a redução da exposição da população a

esse grave fator, com objetivo de melhorar a qualidade de vida: nas unidades de

saúde, ambientes de trabalho, escolas e comunidade em geral.

Para controlar o tabagismo devemos usar tanto a abordagem preventiva como a

curativa (tratamento). A abordagem preventiva envolve programas educacionais

coletivos, incluindo ações quanto às propagandas direta e indireta de cigarros e

ações no nível de atenção primária à saúde; a abordagem curativa envolve

programas de ajuda para deixar de fumar.

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Ajudar um indivíduo a deixar de fumar envolve principalmente o aconselhamento

do profissional de saúde que poderá ser realizado através de uma abordagem

mínima em uma consulta feita pelo médico, enfermeiro ou ainda outro profissional de

saúde. Também envolve a abordagem intensiva que implica em sessões

especializadas para ajudar na cessação do tabagismo.

A prevenção do tabagismo é o principal passo para seu controle, mas sempre

vale a pena ajudar um paciente a deixar de fumar, em qualquer momento da sua

vida, não importando sua idade ou condição clínica.

2.3. HÁBITOS ALIMENTARES

Inúmeros estudos realizados nas últimas décadas têm demonstrado o importante

papel da alimentação, promovendo ou prevenindo doenças.

A população brasileira tem, ultimamente, mudado seus hábitos alimentares, e

mudado para pior! O consumo de doces, refrigerantes, massas, bolachas tem

aumentado bastante. Entretanto, o consumo de arroz, feijão, frutas e verduras vêm

diminuindo muito. Portanto, a qualidade da alimentação do brasileiro está se

mantendo inadequada.

Mediante dieta adequada em quantidade e qualidade, o organismo adquire a

energia e os nutrientes necessários para o bom desempenho de suas funções e

para a manutenção de um bom estado de saúde. De longa data conhecem-se os

prejuízos decorrentes, quer do consumo alimentar quantitativamente insuficiente,

quer do excessivo.

Os alimentos que promovem efeitos indesejáveis ao organismo, em relação às DCNT, são principalmente os alimentos e/ou preparações que contém gordura de origem animal e sal se consumidos diariamente e em grande quantidade.

São considerados protetores os alimentos que contém ácidos graxos

insaturados: poliinsaturados - ômega-3, ômega-6, entre outros - e monoinsaturados -

ômega 9. Os alimentos fontes destas substâncias são os óleos vegetais – soja,

milho, algodão, oliva, entre outros – e os peixes – sardinha, salmão, cavala, atum,

entre outros.

O consumo de alimentos vegetais – cereais, leguminosas, frutas em geral,

verduras e legumes podem reduzir os riscos para várias doenças. Isto tem sido

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atribuído, em parte, à presença das fibras alimentares, de algumas vitaminas e

das substâncias antioxidantes. Os bons hábitos alimentares devem começar na infância. Muitas pessoas só

começam a comer frutas, outros vegetais e a diminuir o consumo de alimentos ricos

em gorduras, sal e açúcar depois do surgimento de alguma doença.

A Divisão de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DDCNT/CVE/SES), criou o

Programa “Alimentação saudável na prevenção de DCNT”, com o logotipo: “Turma

da saúde – os amigos da boa alimentação” para estimular o consumo de uma

alimentação saudável pela população em geral, capacitando profissionais da rede da

saúde, de empresas e de escolas e promover a divulgação de informações sobre os

riscos de uma alimentação inadequada. (http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/cronicas/dcnt_docman.htm).

Considerando a necessidade de ampliação das ações do Estado em parceria

com a sociedade civil, Universidades na proposição de novas metodologias e ações

estratégicas na promoção da alimentação saudável na prevenção de DCNT, criou-

se, pela resolução SS - 313, de 16-10-2007 e publicado no DOE .nº 196 de 17 de outubro

de 2007, junto à Divisão de Doenças e Agravos Não Transmissíveis, do Centro de

Vigilância Epidemiológica “Professor Alexandre Vranjac” – CVE, o Comitê Estadual para a Promoção da Alimentação Saudável para Prevenção de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Estado de São Paulo (ftp://ftp.saude.sp.gov.br/ftpsessp/bibliote/informe_eletronico/2007/iels.out.07/iels196/E_RS-

313_161007.pdf).

O Comitê tem como objetivos promover a articulação intra e inter-setorial

visando à promoção da alimentação saudável no Estado de São Paulo; incentivar

agenda-pacto-compromisso social com diferentes setores (poder legislativo, setor

produtivo, órgãos governamentais e não-governamentais, organismos

internacionais, setor de comunicação e outros), para a implantação das estratégias

definidas pelo Comitê e implementar a adoção de hábitos alimentares mais

saudáveis pela população, com ênfase no aumento do consumo de frutas, verduras,

legumes, cereais e derivados integrais.

O Comitê está constituído por representantes do poder público e da sociedade

civil, indicados pelas Secretarias de Estado da Saúde, da Educação e da Agricultura

e Abastecimento, da Procuradoria Geral do Estado, do Ministério Público e da

sociedade organizada, representada por associações e movimentos de defesa de

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direitos, por conselhos de representação profissional, por universidades e agências

de cooperação nacional. É integrado, ainda, por pessoas de notório saber nas áreas

de interesse do Comitê.

QUADRO 1. FATORES LIGADOS À ALIMENTAÇÃO QUE AUMENTAM O RISCO DE DCNT

COMPONENTE ALIMENTO RISCO

GORDURAS SATURADAS E COLESTEROL, GORDURAS TRANS

Gordura vegetal hidrogenada, carnes gordas, embutidos,queijos amarelos,frutos do mar, miúdos, gema de ovo

Câncer: mama, cólon, próstata.Aterosclerose, Acidente Vascular Cerebral (AVC) Angina e nfarto do Miocárdio

SAL (SÓDIO) Preparo dos alimentos, enlatados, embutidos, temperos prontos

Câncer estômago. Hipertensão (HAS), doenças cardiocirculatórias

NITROSAMINAS, NITRITOS E NITRATOS, ALCATRÃO, SULFITO

Defumados, churrascos sucos de fruta em garrafas

Câncer trato digestório (estômago, cólon)

AFLATOXINAS (FUNGO) ARMAZEMENTO INADEQUADO

Alimentos mofados (amendoim e outros grãos)

Câncer fígado

ÁLCOOL Pinga, cerveja, uísque, vodka Câncer fígado,boca,esôfago, laringe, HAS, AVC

Fonte: WHO, 1990, 2003; HALLIWELL, 1994/ 1997; WILLET, 1994/1998; LARSEN, 1999.

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QQUUAADDRROO 22.. FFAATTOORREESS LLIIGGAADDOOSS ÀÀ AALLIIMMEENNTTAAÇÇÃÃOO QQUUEE PPRROOTTEEGGEEMM DDAASS

DDCCNNTT

COMPONENTE ALIMENTO PROTEÇÃO

VITAMINA A (Beta Caroteno)

Vegetais e frutas amarelo-alaranjados e Vegetais de folha verde-escuras

Câncer pulmão, laringe, próstata, estômago

VITAMINA C Laranja, limão, caju, kiwi, morango

Câncer estômago, boca, pulmão. Doença Isquêmica do Coração (DIC)

VITAMINA E

Óleos vegetais, abacate, nozes, alho, cebola

Câncer pulmão, boca, DIC

SELÊNIO Castanha do pará, aves, peixes

Câncer trato digestivo, pulmão, glândulas, próstata

FIBRAS Frutas e verduras,cereais integrais

Câncer colon, DIC , baixo colesterol (está certo?) e controle glicemia

GORDURA MONOINSATURADA E ÁC. GRAXOS ÔMEGA 3

Azeite de Oliva peixes

Doenças cardiocirculatórias, Mau colesterol (LDL) Bom colesterol (HDL)

2.4. FITOQUÍMICOS carotenóides, licopenos, xantenos, isotiocianatos, pigmentos, outros

Alimento de origem vegetal (alho, cebola, uva, berinjela, etc)

Doenças cardiocirculatórias, cânceres

Fonte: WHO, 1990, 2003; HALLIWELL, 1994/ 1997; WILLET, 1994/1998; LARSEN, 1999.

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22..33 SSEEDDEENNTTAARRIISSMMOO

Não há dúvidas de que o sedentarismo é uma das principais causas para o

favorecimento e manutenção do aumento do peso corporal, sendo que este excesso

de peso leva a outros sérios problemas. Vários estudos comprovam que a atividade

física tem um efeito positivo para redução nos riscos de enfermidades

cardiovasculares, no tratamento primário ou complementar da arteriosclerose, no

perfil dos lipídeos plasmáticos, na manutenção da densidade óssea, prevenindo a

osteoporose), na redução das dores lombares, no melhor controle do diabetes, além

de benefícios psicológicos a curto prazo (melhora da auto-imagem, do humor e do

auto-conceito) e a longo prazo (diminuição da ansiedade, do estresse e da

depressão).

Já foi constatado também que, em indivíduos ativos, a prevalência de certos tipos

de câncer é menor. Mesmo pessoas que foram sedentárias até os 40 anos mas, a

partir de então, passaram a adotar um estilo de vida ativo, tiveram um ganho médio

de dois anos e meio na expectativa de vida. O ambiente da sociedade moderna tem

um papel desencorajador para a prática da atividade física como, por exemplo: os

avanços tecnológicos na área do lazer (televisão, eletrodomésticos, computadores,

controles remotos), aumentando o tempo diário em atividades sedentárias. Frente as

atuais evidências podemos estimar que o mesmo padrão de vida sedentária vai

continuar e piorar no futuro, portanto, novas estratégias devem ser implementadas

para aumentar a atividade física da população. É importante saber que:

Atividade física é qualquer movimento do corpo produzido pelo músculo esquelético

que resulta em um incremento do gasto energético.

Exercício é uma atividade física planejada e estruturada com o propósito de

melhorar ou manter o condicionamento físico.

Esporte é uma atividade física que envolve competição.

Vários programas de intervenção tem sido incentivados no mundo para difundir na

população o aumento da atividade física. O único pais em desenvolvimento com

uma proposta concreta é o Brasil com o Programa Agita São Paulo, que pelo

impacto alcançado (mais de 30 milhões de pessoas/mensagem em um ano) tem

recebido um reconhecimento internacional, particularmente da Organização Mundial

da Saúde (OMS).

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A proposta deste programa para o incremento do nível de atividade física é, a

longo prazo promover mudanças que aumentem a atividade diária rotineira e

mantenham a ocupação do tempo livre, praticando exercícios de baixa intensidade

em lugar de estimular o exercício vigoroso ocasional que leve à exaustão. Alguns

exemplos populares incluem: passear com o cachorro, cuidar do jardim, dançar,

pedalar, limpar vidros, lavar o carro, varrer, nadar, caminhar , evitar de usar o carro,

preferir realizar atividades em pé ao invés de sentado, usar escada ao invés do

elevador, etc.;

As pessoas que trabalham sentadas ou paradas muito tempo devem ser

estimuladas a andar a pé, subir escadas - evitando elevador ou escada rolante, por

exemplo. Porém, quem precisa diminuir o peso corporal deve seguir orientação de

um profissional para verificar o tipo de exercício mais adequado.

A atividade deve ser prazerosa de forma a estimular uma participação regular

e desestimular o comportamento sedentário, promovendo e estimulando uma

variedade de atividades físicas nas crianças para que estas se tornem fisicamente

ativas na idade adulta. Situações que estimulem atividades, como campeonatos

para os diversos tipos de esportes e aproveitamento de espaços ociosos na

comunidade são fundamentais para envolver e estimular nossas crianças!

22..44.. CCOONNSSUUMMOO DDEE ÁÁLLCCOOOOLL

As bebidas alcoólicas possuem etanol, uma substância tóxica que lesa órgãos

como o cérebro, o coração, o fígado e o pâncreas. Não há dúvidas de que as

bebidas alcoólicas, em grandes quantidades e por tempo prolongado, são

prejudiciais. Quem exagera corre o risco de se viciar e pode arruinar sua vida.

As bebidas alcoólicas provocam pressão alta e podem tirar o efeito dos

medicamentos usados para baixar a pressão. Entre 5 e 10% dos homens têm

pressão alta causada pelo alto consumo de bebidas alcoólicas, ou seja, beber mais

do que 30 g de etanol/dia, o que equivale a beber, por dia, mais que uma cerveja,

um copo grande de vinho ou 1-2 doses de pinga, uísque ou vodka.

Outro ponto importante é o tipo de bebida: as fermentadas (vinho, cerveja),

principalmente o vinho, que possui substâncias chamadas flavonóides, que

protegem as artérias.

Os pesquisadores acreditam que o etanol, em pequenas quantidades, pode

elevar o nível do "colesterol bom" no sangue. Esse tipo de colesterol, chamado HDL-

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colesterol, ajuda a “limpar” a gordura que se acumula nas artérias, evitando o seu

endurecimento. Mas é bom lembrar que: tomar bebidas alcoólicas não é tratamento

para prevenir infarto!

Tomar bebidas alcoólicas em pequenas quantidades é beber cerca de 10 g/dia de

etanol, o que equivale a beber, por dia, um copo de cerveja, um cálice pequeno de

vinho.

É bom lembrar também que as bebidas alcoólicas tem muitas calorias: uma

garrafa de cerveja tem, mais ou menos, 300 calorias; um copo de vinho, 100

calorias; uma dose de uísque, pinga ou conhaque, 150 calorias! Além disso,

retardam os reflexos, impossibilitando a direção de veículos, podendo provocar

acidentes.

22..55.. EESSTTRREESSSSEE

Estresse é uma reação que todos os animais têm para se defender de situações

de perigo. Se imaginarmos que para salvar a pele diante de um animal feroz

precisamos pensar e agir rápido para correr ou estancar um possível sangramento,

podemos compreender o que muda no organismo diante de uma situação

estressante.

Primeiro, é necessário que o coração e os pulmões aumentem a atividade, que

mais açúcar e gorduras cheguem ao sangue para fornecer energia para a ação

acelerada: dos músculos, principalmente ... “pernas pra que te quero”...

O fato é que as situações que provocam estresse, raramente são solucionadas

com uma corrida ou uma luta física. No entanto, o organismo não pode identificar

essas sutis diferenças e fazem o coração bater mais depressa, a respiração fica

mais intensa, muita adrenalina vai para a corrente sangüínea: tudo coordenado por

várias áreas do nosso cérebro.

Nas atuais condições de vida a maioria das pessoas passa quase que

diariamente por muitas situações de estresse e este sistema acaba sendo acionado

várias vezes. Esse excesso crônico ou agudo de situações “estressantes” acaba

desregulando o sistema todo e provocando várias doenças, como a pressão alta,

infarto, derrame, diabetes, infecções, vários tipos de câncer, depressão, perda da

memória, tendência a dependência ao álcool, tabaco e outras drogas.

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Grande parte do estresse ocorre por conta de situação como a pobreza extrema,

más condições e/ou excesso de trabalho ou a falta dele, situações de

desentendimentos, conflitos e até provocado pelo recebimento de más notícias que

nos chegam de toda forma, como também do nosso jeito de encarar a vida...

Muitas soluções ou, pelo menos, alívio têm sido alcançadas por meio de projetos

comunitários, programas governamentais ou não-governamentais. Muitas empresas

têm adotado forma de administração participativa, com redução do estresse do

trabalhador. Porém, as soluções mais definitivas dependem de políticas econômicas

e sociais que atendam às necessidades de educação, emprego e moradia das

pessoas.

Algumas atitudes individuais podem reduzir o nível do estresse. A maioria das

pessoas que conseguiram mudar esta situação começaram modificando a maneira

de pensar e agir:

- Refletir mais antes de agir - isto pode nos ajudar a separar o que é realmente

importante, deixando de se incomodar com o que não é importante;

- Muitos problemas são coletivos e têm de ser resolvidos junto com a família, os

colegas de trabalho, os vizinhos e amigos - este é um ponto importante:

participar!

- Ter um tipo de relaxamento: um momento de boa música ou outra atividade de

que goste muito;

- Aprender coisas novas, voltar a estudar, além de se divertir, são formas positivas

para reduzir o estresse. Procure administrar o tempo: para a família, o lazer e o

estudo, não só o trabalho.

22..66.. HHIIPPEERRTTEENNSSÃÃOO AARRTTEERRIIAALL

Pressão arterial é a força que o sangue exerce nas paredes das artérias. São

usados para definir esta força: pressão sistólica - quando o coração contrai (bate) e

empurra o sangue e a pressão diastólica - quando o coração está em descanso

(entre batimentos). A pressão arterial aumenta quando o coração bate mais rápido

ou as artérias ficam mais estreitas ou há retenção de líquidos no organismo (edema,

inchaço).

Page 20: Cartilha agsaude08

20

Cerca de 16 milhões de brasileiros tem pressão alta. É o problema de saúde

pública mais comum em todos os países e se não for tratada leva a várias doenças,

sendo a mais comum a de origem cardiovascular.

A pressão alta, muitas vezes não apresenta qualquer sintoma, por isso é

chamada de "assassino silencioso". Não pode ser curada, mas pode ser controlada,

sendo que a prevenção e o tratamento diminuem os riscos de sobrecarregar o

coração e os vasos sangüíneos e assim, evita-se o derrame e o infarto. A pressão

arterial descontrolada pode também danificar os rins.

Os estudos mais recentes mostram que consumir alimentos vegetais – ricos em

potássio e magnésio, assim como tomar 1-2 copos de leite ou seus derivados todos

os dias – ricos em cálcio ajudam a diminuir a pressão alta.

TABELA 1. CCLLAASSSSIIFFIICCAAÇÇÃÃOO DDIIAAGGNNÓÓSSTTIICCAA DDAA HHIIPPEERRTTEENNSSÃÃOO AARRTTEERRIIAALL

((AADDUULLTTOOSS >> 1188 AANNOOSS DDEE IIDDAADDEE))

PPAADDiiaassttóólliiccaa ((mmmmHHgg))

PPAASSiissttóólliiccaa ((mmmmHHgg)) CCllaassssiiffiiccaaççããoo

<80 <120 Ótima < 85 < 130 Normal

85-89 130-139 Limítrofe

90-99 140-159 Hipertensão Estágio I

100-109 160-179 Hipertensão Estágio II

> 110 > 180 Hipertensão Estágio III

< 90 > 140 Hipertensão sistólica isolada Fonte: Sociedade Brasileira de Hipertensão. V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, 2006. O valor mais alto de sistólica ou diastólica estabelece o estágio do quadro hipertensivo. Quando as pressões sistólica e diastólica situam-se em categorias diferentes, a maior deve ser utilizada para classificação do estágio.

O que mais deve ser feito, visto que a hipertensão não pode ser curada, mas

pode ser controlada ?

• manter o peso adequado, pois o sobrepeso/obesidade é, reconhecidamente,

o maior fator de risco;

• reduzir o consumo de sal (sódio);

• manter-se ativo; limitar o consumo de bebidas alcoólicas;

• comer alimentos ricos em potássio, cálcio e magnésio.

Page 21: Cartilha agsaude08

21

A alimentação pode contribuir muito na redução da hipertensão: ter alimentação

balanceada, contendo quantidades adequadas de frutas e vegetais (verduras e

legumes) e laticínios (derivados do leite) “magros”.

(ver mais dicas sobre alimentação no capítulo seguinte)

22..77.. DDIISSLLIIPPIIDDEEMMIIAASS

São distúrbios metabólicos que ocorrem nos chamados “transportadores” das

gorduras que circulam na corrente sangüínea. O tratamento efetivo é capaz de

impedir o desenvolvimento da placa de ateroma, a formação do trombo e lesões nos

vasos sangüíneos.

Hipercolesterolemia: é o aumento do colesterol total e/ou LDL-colesterol na

corrente sangüínea.

O colesterol é um tipo de gordura produzida no fígado e encontrada normalmente

no sangue e em todas as células do corpo. Também está presente em alguns

alimentos, principalmente nos de origem animal. O colesterol depende de um

“transportador” quando está no sangue – as lipoproteínas. Dependendo da proteína,

formam-se diferentes tipos de colesterol: o LDL (lipoproteína de baixa densidade) e

o HDL (lipoproteína de alta densidade) são os mais importantes.

O LDL colesterol é chamado "colesterol ruim" porque, em excesso no sangue,

pode formar placas de gordura que provocam o entupimento das artérias –

aterosclerose – influenciando a ocorrência de infarto (ataque cardíaco) e acidente

vascular cerebral – AVC (derrame cerebral). A ingestão de alimentos gordurosos de

origem animal contribui para a formação das referidas placas na parede das artérias.

O HDL colesterol é chamado de "colesterol bom" - ajuda a retirar o LDL do

sangue, evitando o entupimento das artérias e suas conseqüências.

As pessoas que têm colesterol elevado geralmente não sentem nada... Assim, a

melhor coisa a fazer a partir dos 20 anos de idade é fazer a dosagem de colesterol

no sangue, conforme orientação médica.

Page 22: Cartilha agsaude08

22

QUADRO 4. CCLLAASSSSIIFFIICCAAÇÇÃÃOO DDIIAAGGNNÓÓSSTTIICCAA DDAASS DDIISSLLIIPPIIDDEEMMIIAASS.. ((vvaalloorreess ddee rreeffeerrêênncciiaa ddooss llííppiiddeess ppaarraa iinnddiivvíídduuooss ccoomm mmaaiiss ddee 2200 aannooss ddee iiddaaddee))..

LLÍÍPPIIDDEESS mmgg//ddll ÓÓTTIIMMOO DDEESSEEJJÁÁVVEELL LLIIMMIITTRROOFFEESS AALLTTOO MMUUIITTOO AALLTTOO

COLESTEROL TOTAL < 200 - 200- 239 > 240

LDL COLESTEROL < 100 100-129 130-159 160 – 189 > 190

HDL COLESTEROL > 60 - ATÉ 40 -

TRIGLICÉRIDES < 150 150 - 200 - 201- 499 > 500 Fonte: III Diretrizes Brasileiras Sobre Dislipidemias e Diretriz de Prevenção da Aterosclerose, 2001.

QUADRO 5. CCLLAASSSSIIFFIICCAAÇÇÃÃOO DDAASS DDIISSLLIIPPIIDDEEMMIIAASS.. ((vvaalloorreess ddee rreeffeerrêênncciiaa ddooss llííppiiddeess ppaarraa iinnddiivvíídduuooss ccoomm mmaaiiss ddee 2200 aannooss ddee iiddaaddee))..

TIPO DE DISLIPIDEMIA

CRITÉRIO DIAGNÓSTICO

NÍVEL PARA DIAGNÓSTICO

HIPERCOLESTERO-LEMIA ISOLADA Elevação do LDL-colesterol Igual ou superior a 160 mg/dL HIPERTRIGLICIRIDE-MIA ISOLADA Elevação dos triglicerídeos Igual ou superior a 150 mg/dL

HIPERLIPIDEMIA MISTA

Elevação do LDL-colesterol e dos triglicérides

LDL-C igual ou superior a 160 mg/dL e TG igual ou superior a 150 mg/dL.

REDUÇÃO DO HDL COLESTEROL Redução do HDL colesterol inferior a 40 mg/dL para homens e

a 50 mg/dL para mulheres Fonte: III Diretrizes Brasileiras Sobre Dislipidemias e Diretriz de Prevenção da

Aterosclerose, 2001.

Fatores de riscos para o aumento do colesterol:

• Consumo excessivo de alimentos gordurosos

• Excesso de peso

• Tabagismo - redução do HDL-Colesterol

• Sedentarismo - redução do HDL Colesterol e aumento dos triglicérides

• Hereditariedade

• Pressão alta

• Estresse

CCuuiiddaaddooss eessppeecciiaaiiss ppaarraa rreedduuzziirr oo ccoolleesstteerrooll nnoo ssaanngguuee:: - além de controlar o peso (se estiver “gordinho” trate de emagrecer!).

Page 23: Cartilha agsaude08

23

- praticar exercícios com orientação de profissional qualificado e...parar de

fumar!

(ver mais dicas sobre alimentação no capítulo seguinte)

HHiippeerrttrriigglliicceerriiddeemmiiaa é o aumento dos valores triglicérides no sangue.

Geralmente ocorre em pessoas que tem algum distúrbio na metabolização dos

açúcares.

O cuidado da hipertrigliceridemia inclui, além das recomendações anteriores:

- reduzir o consumo de açúcares e derivados (pão, bolos, massas, etc.)

- bebidas alcoólicas e tratar o diabetes, se presente.

22..88.. DDIIAABBEETTEESS MMEELLLLIITTUUSS

O diabetes é um erro inato do metabolismo com manifestações diversas, onde o

denominador comum é o aumento da glicose, um açúcar circulante na corrente

sanguínea. Esta elevação da glicose ocorre, na maioria das vezes, por diminuição

na produção de insulina ou por dificuldade na ação deste hormônio.

A insulina é o principal responsável pelo aproveitamento e metabolização da

glicose pelas células do nosso organismo, com finalidade de gerar energia. É

produzida pelo pâncreas e sua falta ou ação deficiente acarreta modificações

importantes no metabolismo das proteínas, das gorduras, sais minerais, água

corporal e principalmente da glicose.

As formas mais comuns são diabetes tipo 1 e diabetes tipo 2, ambos com

conotação familiar. O tipo 1 é mais comum na criança e juventude, e em geral,

necessita de aplicação diária de insulina para sua sobrevivência. Já o tipo 2,

aparece mais após os 40 anos de idade e em cerca de 90% das vezes a pessoa é

obesa.

O diabetes tipo 2 é cerca de 8 a 10 vezes mais comum que o tipo 1 e pode

responder ao tratamento com dieta e exercício físico. Outras vezes vai necessitar de

medicamentos orais e por fim, a combinação destes com a insulina.

Existem outros tipos específicos de diabetes: o que aparece na gravidez é o

diabetes gestacional. Hoje são conhecidos mais de 20 tipos de enfermidades, que

cursam com hiperglicemia e portanto, são catalogadas como Diabetes Mellitus.

Os sintomas mais comuns são: sede excessiva, excesso de urina, muita fome,

cansaço e emagrecimento. Muitos adultos têm diabetes e não sabem, pois tem

Page 24: Cartilha agsaude08

24

sintomas muitas vezes vagos como formigamento nas mãos e pés, dormências,

peso ou dores nas pernas, infecções repetidas na pele e mucosas. Portanto, é

importante pesquisar diabetes em todas as pessoas com mais de 40 anos de idade.

O diabetes pode ser detectado através de testes simples que pesquisam a

presença de açúcar na urina ou que avaliam a quantidade de açúcar no sangue.

Mas o diagnóstico deve ser comprovado através do exame laboratorial de sangue

(glicemia), que pode ser realizado em três condições:

- glicemia pela manhã em jejum de, pelo menos, 8 horas (uma noite) e o resultado

igual ou superior a 126mg/dl é sugestivo de diabetes;

- glicemia - 2 horas após sobrecarga com 75g de glicose (a glicose é ingerida com

água, após jejum de uma noite; o sangue é colhido 2 horas após para dosagem da

glicose), o resultado igual ou superior a 200mg/dl é sugestivo de diabetes;

- glicemia casual (sangue colhido em qualquer horário do dia, sem relação com

alimentação) - apenas nas pessoas que estão apresentando quadro clínico

sugestivo de diabetes (muita fome, muita sede e muita urina) e o resultado igual ou

superior a 200mg/dl é sugestivo de diabetes.

- um resultado positivo por qualquer critério acima, deverá ser referendado nos dias

subseqüentes por uma nova glicemia de jejum ou 2 horas pós-sobrecarga.

QUADRO 4. VALORES DE GLICOSE PLASMÁTICA (em mg/dl)

PARA DIAGNÓSTICO DE DIABETES MELLITUS E SEUS ESTÁGIOS PRÉ-CLÍNICOSos

CCAATTEEGGOORRIIAA JJEEJJUUMM** 22 HHSS AAPPÓÓSS 7755 gg DDEE GGLLIICCOOSSEE CCAASSUUAALL ****

GLICEMIA NORMAL <100 <140

TOLERÂNCIA À GLICOSE DIMINUÍDA > 100 a <126 > 140 a <200

DIABETES MELLITUS > 126 > 200 > 200

(com sintomas clássicos)***

Fonte: Tratamento e acompanhamento do Diabetes mellitus. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, 2006. * jejum é definido como a falta de ingestão calórica por no mínimo 8 horas;

**glicemia plasmática casual é aquela realizada a qualquer hora do dia, sem se observar o intervalo

desde a última refeição;

***os sintomas clássicos de DM incluem poliúria, polidipsia e perda não-explicada de peso.

Nota: O diagnóstico de DM deve sempre ser confirmado pela repetição do teste em outro dia, a

menos que haja hiperglicemia inequívoca com descompensação metabólica aguda ou sintomas

óbvios de DM.

Page 25: Cartilha agsaude08

25

Diabetes tem tratamento e pode ser controlado. Hoje temos evidências que a

manutenção da glicemia normal ou próximo do normal, leva ao desaparecimento dos

sintomas e previne as complicações. Assim a qualidade de vida da pessoa é

restabelecida e sua produtividade no trabalho é normal.

Diversos estudos têm comprovado que, em indivíduos com predisposição

para o diabetes, a atividade física sistemática pode ajudar na prevenção, além de

auxiliar na manutenção do peso ideal.

(ver mais dicas sobre atividade física no capítulo seguinte)

22..99.. OOBBEESSIIDDAADDEE

A obesidade é atualmente um dos mais graves problemas de saúde pública.

Sua prevalência vem crescendo acentuadamente nas últimas décadas, inclusive nos

países em desenvolvimento, o que levou a doença à condição de epidemia global.

A obesidade e/ou o sobrepeso podem resultar da ação isolada ou conjunta de

diferentes fatores: genéticos, endócrinos, ambientais, culturais, socioeconômicos,

psicossociais, mas na maioria das vezes é o resultado de um consumo de alimentos

maior do que o necessário, combinado com um modo de vida sedentário, ou seja,

sem que haja gasto energético compatível. Daí, a energia proveniente dos alimentos

que não é utilizada, é transformada em gordura para poder ser armazenada – no

tecido adiposo.

A obesidade pode iniciar-se a qualquer idade, porém foram identificados alguns

períodos mais críticos:

a) no inicio na infância - durante o primeiro ano de vida - o tamanho das células

adiposas quase se duplica e não o número; entre os 5-7 anos de idade, pode ocorrer

aumento progressivo do número de células adiposas);

b) na adolescência, devido a alterações hormonais - hiperplasia dos adipócitos;

c) no inicio na idade adulta - aumento no tamanho das células:

- na mulher - no período da gestação

- no homem - estilo de vida sedentário, tendo sido muito ativo na adolescência.

As pessoas com sobrepeso ou obesidade, comparados às pessoas de peso

normal, tem chance maior de apresentar doenças como a hipertensão arterial, o

diabetes, as doenças de coluna e outras articulações, vários tipos de câncer,

Page 26: Cartilha agsaude08

26

cálculos biliares e o aumento de gorduras no sangue, como colesterol. Por meio da

diminuição de peso corporal (emagrecimento) pode-se conseguir a diminuição no

TAMANHO celular, mas o número de células permanece o mesmo.

Para determinarmos o peso ideal o método mais usado e recomendado pela

Organização Mundial de Saúde é o Índice de Massa Corpórea (IMC). Obtemos esse

índice dividindo o peso (em quilogramas) pela altura (em metros), elevada ao

quadrado: IMC = Peso / Altura x Altura Ex.: Uma pessoa com peso de 95Kg e 1,75m de altura, tem um IMC de 31 kg/m2

(IMC: 95Kg / 1,75m x 1,75m ⇒ 95kg / 3,0625m2 = 31,0 Kg/m2)

Quando o IMC é maior que 25 Kg/m2 diz-se que a pessoa está acima do “peso

ideal” - sobrepeso. Se o IMC for maior que 30 Kg/m2, a pessoa é considerada obesa,

como no exemplo acima.

Na seqüência está uma tabela que mostra a classificação da obesidade, segundo

o IMC e risco de comorbidades, de acordo com os critérios da Organização Mundial

de Saúde, para adultos, com mais de 18 anos de idade (1997); acoplou-se a tais

critérios, as etapas, níveis de prevenção e tratamento indicados pelo Consenso

Latino Americano sobre Obesidade.

É muito importante observar a distribuição de gordura pelo corpo, pois o risco

para saúde é diferente se esta gordura se acumula na metade superior do corpo, se

a localização é no abdome ou se predomina na metade inferior do corpo.

Para uma distinção prática, adota-se como referência o nível do umbigo: se a

gordura predominar acima dele, dá-se o nome de “obesidade andróide” ou “em

forma de maçã”. Se a gordura predominar abaixo do umbigo, denomina-se “ginóide”

ou “em forma de pêra”. A obesidade de tipo central - também chamada de

abdominal - predomina no abdome (barriga); esta é a de maior risco para doenças

do coração (infarto).

A razão cintura/quadril (RCQ) também é muito utilizada e é estabelecida

dividindo-se os valores encontrados para as referidas circunferências:

RRCCQQ == PPeerríímmeettrroo ddaa cciinnttuurraa // PPeerríímmeettrroo ddoo qquuaaddrriill. Se para a mulher for maior do que 0,80 e para o homem for maior do que 0,95

significa que são portadores de obesidade central (abdominal, visceral ou andróide),

isto é, apresentam deposição de gordura predominantemente no quadril. Se os

valores são inferiores a 0,75 em mulheres e 0,85 em homens, considera-se que a

distribuição da gordura é ginóide.

Page 27: Cartilha agsaude08

27

TABELA 2. CCLLAASSSSIIFFIICCAAÇÇÃÃOO DDIIAAGGNNÓÓSSTTIICCAA DDAA OOBBEESSIIDDAADDEE,, SSEEGGUUNNDDOO OO

IIMMCC,, RRIISSCCOO DDEE CCOOMMOORRBBIIDDAADDEESS EE PPRROOVVIIDDÊÊNNCCIIAASS ((AADDUULLTTOOSS CCOOMM MMAAIISS DDEE 1188 AANNOOSS DDEE IIDDAADDEE))..

CCLLAASSSSIIFFIICCAAÇÇÃÃOO IIMMCC ((KKGG//MM22))

RRIISSCCOO DDEE CCOOMMOORRBBIIDDAADDEESS PPRROOVVIIDDÊÊNNCCIIAASS

BAIXO PESO < 18,5 Baixo, embora aumenta

o risco de outros problemas clínicos

Alimentação saudável, adequada e atividade física

regular INTERVALO

NORMAL 18,5 - 24,9 Peso saudável Alimentação saudável E atividade física regular

PRÉ OBESO 25,0-29,9 Moderado Alimentação saudável,

adequada,ativ. Física regular +farmacoterapia se

comorbidades

OBESO CLASSE I 30,0-34,9 Alto

Alimentação saudável, adequada e terapia

farmacológica OBESO

CLASSE II 35,0-39,9 Muito alto Idem anterior + possibilidade de cirurgia

OBESO CLASSE III > 40,0 Extremo Idem anterior + Cirurgia

Fonte: 0MS, 1997; Consenso Latino Americano sobre Obesidade, 1998.

TABELA 3. CCLLAASSSSIIFFIICCAAÇÇÃÃOO DDOOSS RRIISSCCOOSS DDEE CCOOMMPPLLIICCAAÇÇÕÕEESS

MMEETTAABBÓÓLLIICCAASS AASSSSOOCCIIAADDAASS AA OOBBEESSIIDDAADDEE,, SSEEGGUUNNDDOO SSEEXXOO,, EEMM

FFUUNNÇÇÃÃOO DDAA CCIIRRCCUUNNFFEERRÊÊNNCCIIAA DDAA CCIINNTTUURRAA..

SSEEXXOO AAUUMMEENNTTAADDAA MMUUIITTOO AAUUMMEENNTTAADDAA HOMEM 94 cm 102 cm

MULHER 80 cm 88 cm Fonte: Consenso Latino Americano sobre Obesidade, 1998.

Vários estudos sugerem que somente a medida da circunferência da

cintura/abdome, é uma forma prática e sensível, que reflete se há riscos para

enfermidade cardiovascular e outras formas de enfermidades crônicas.

22..1100 SSÍÍNNDDRROOMMEE MMEETTAABBÓÓLLIICCAA

A síndrome metabólica é uma condição na qual o indivíduo apresenta um

conjunto de distúrbios acima descritos, caracterizada pela pelo excesso de peso

Page 28: Cartilha agsaude08

28

com acúmulo de gordura na região abdominal, tipos mais complexos de dislipidemia,

alteração no metabolismo dos açúcares com resistência á ação da insulina,

constituindo-se, assim, em fator adicional de agravamento na exposição de risco

para as doenças relacionadas ao processo de aterosclerose.

O Critério diagnóstico se baseia na presença da obesidade abdominal como fator

essencial e pelo menos dois dos seguintes fatores: hipertrigliceridemia,

hipercolesterolemia, hipertensão arterial, alteração do metabolismo dos açúcares,

conforme parâmetros constantes da Tabela 4.

TABELA 4. CCRRIITTÉÉRRIIOO DDIIAAGGNNÓÓSSTTIICCOO DDAA SSÍÍNNDDRROOMMEE MMEETTAABBÓÓLLIICCAA

OOBBEESSIIDDAADDEE AABBDDOOMMIINNAALL**

HOMENS MULHERES

Brancos de origem europídia e negros > 94 cm

Brancas, negras, sul-asiáticas, amerídeas e

chinesas > 80 cm

Sul asiáticos, ameríndios e chineses > 90 cm Japonesas > 90 cm

japoneses > 80 cm - - NIVEL DE HDL COLESTEROL

< 40 mg/dl NIVEL DE HDL COLESTEROL

< 50 mg/dl NIVEL DE TRIGLICÉRIDES > 150 mg/dl

ou TRATAMENTO PARA HIPERTRIGLICERIDEMIA

NIVEL DE GLICEMIA DE JEJUM > 100 mg/dl ou TRATAMENTO PARA DIABETE MELITO

PRESSÃO ARTERIAL SISTÓLICA > 130 Mm HG ou DIASTÓLICA > 85 mm HG

OU EM TRATAMENTO

Fonte: Arquivos Brasileiros de Cardiologia – Volume 88, Suplemento I, Abril 2007. * O diagnóstico para SM inclui a presença de obesidade abdominal, como condição essencial, e dois ou mais dos critérios acima.

22..1111 IINNSSUUFFIICCIIÊÊNNCCIIAA RREENNAALL CCRRÔÔNNIICCAA O problema crescente da Insuficiência Renal Crônica (IRC)

As principais funções dos rins são: controlar a quantidade de água e sal do

corpo, eliminar toxinas, ajudar a controlar a hipertensão arterial, produzir hormônios

Page 29: Cartilha agsaude08

29

que impedem a anemia e a descalcificação óssea e eliminar alguns medicamentos e

outras substâncias ingeridas.

A insuficiência renal crônica é definida como: perda de 50% de função dos

rins ou presença de proteína em quantidade aumentada na urina por mais de 3

meses.

Atualmente presenciamos em todo o mundo uma ‘epidemia’ silenciosa de

IRC, relacionada à elevada prevalência das principais doenças associadas a IRC

que são o diabetes e a hipertensão arterial. Estima-se que até 13% dos indivíduos

adultos tenha IRC. Se não introduzirmos medidas preventivas a IRC pode progredir

e necessitar de substituição da função dos rins através de diálise ou transplante

renal.

Quais são os principais fatores de risco para insuficiência renal crônica?

Os principais fatores de risco para IRC são:

• Idade > 60 anos

• Diabetes melitus

• Hipertensão arterial

• Doença cardiovascular

• Dislipidemia

• Obesidade

• Sindrome metabólica

• História familiar de doença renal crônica

• Exposição a certas drogas (antiinflamatórios não hormonais, analgésicos,

antibióticos)

• Redução de massa renal.

• Indivíduos com um desses fatores devem se submeter a testes laboratoriais

que medem a função dos rins: medida do ritmo de filtração glomerular através

da dosagem de creatinina no sangue e dosagem de proteína na urina. A

estimativa do ritmo de filtração renal deve ser feita com uma das seguintes

fórmulas:

• Equação ‘MDRD’: RFG = 186 x (SCr)-1,154 x (idade)-0,203 x (0,742 se mulher)x

(1,210 se negro)

RFG (ritmo de filtração glomerular) é expresso em mL/min/1.73 m2, SCr

(creatinina sérica) é expressa em mg/dL, e idade em anos.

Page 30: Cartilha agsaude08

30

• Equação ‘Cockcroft-Gault’: Clearance de creatinina (mL/min) = [(140 - idade)

x peso] x (0,85 se mulher)/(72 x SCr)

SCr é expressa em mg/d, peso em kg, idade em anos.

Se o resultado for menor que 60 mL/min., é diagnosticada insuficiência renal

crônica.

• A dosagem de proteína na urina pode ser feita por teste com tiras reagentes,

se ≥ 1+ em duas dosagens com intervalo de 1 a 2 semanas, é considerado

anormal. Avaliação mais precisa é feita através da relação proteína/creatinina

em amostra de urina; se > 30 mg/g considera-se como proteinuria anormal.

É importante saber que as doenças renais podem existir sem sintomas por um

longo período. Dessa forma, se uma pessoa com doença renal procurar auxilio

médico tardiamente, pode já ter uma doença em fase irreversível.

Medidas para prevenir a progressão da Doença Renal Crônica

As principais medidas são as seguintes:

• Rígido controle da glicemia em pacientes diabéticos.

• Rígido controle da pressão arterial (< 130/80 mm/Hg).

• Uso de medicações inibidoras da enzima de conversão da angiotensina ou

bloqueadores do receptor da angiotensina-2.

• Dieta com restrição protéica (<1 g proteína/kg peso/dia).

• Tratamento de redução de lipídeos (LDL< 100 mg/dl).

• Correção da anemia.

Associação entre IRC e doença cardiovascular Todas as pessoas com IRC devem ser consideradas como grupo de alto risco

para doenças cardiovasculares, independente de outros fatores. Nesses indivíduos

devemos avaliar fatores de risco tradicionais e não tradicionais para as doenças

coronarianas:

Fatores de risco tradicionais: hipertensão arterial, dislipidemia, fumo, diabetes,

inatividade física, stress, obesidade, menopausa, historia de doença cardiovascular

familiar.

Fatores de risco não tradicionais: proteinuria, alteração no metabolismo do cálcio

e do fósforo, inflamação, anemia, infecções e desnutrição.

Page 31: Cartilha agsaude08

31

Com o diagnóstico precoce, focalizando particularmente os grupos de maior

risco, e a introdução das intervenções citadas poderemos esperar prevenir a

progressão desta doença grave, a alta morbidade, mortalidade e suas elevadas

repercussões financeiras para a sociedade.

Page 32: Cartilha agsaude08

32

3. MUDANÇA DE HÁBITOS PARA TER “QUALIDADE DE VIDA”

Existem várias evidências científicas apontando que o controle do consumo de alimentos junto com atividade física regular são mais efetivos no controle do

peso corporal e, conseqüentemente, de outras doenças crônicas não transmissíveis

(doenças do aparelho circulatório, cânceres, diabetes, entre outros). Considerando as doenças cardiovasculares como uma das principais causas de

mortalidade, as evidências apontam para as vantagens das mudanças do estilo de

vida: o indivíduo sedentário que passa a ser pelo menos um pouco mais ativo já

diminuiria para 40% o risco de morte por doenças cardiovasculares.

A proposta internacional é a promoção de um estilo de vida ativo estimulando a

população a totalizar pelo menos 30 minutos de atividade física por dia, de

intensidade leve a moderada, o equivalente a 2,4 a 3,2 km em 30 minutos de

caminhada. Na maior parte dos dias da semana e de forma contínua ou fracionada

em outras atividades que possam ser facilmente introduzidas na rotina diária: como

jardinagem, consertos domésticos, dança e atividades recreativas com crianças.

A atividade física deve ser planejada e supervisionada por pessoa competente: o

tipo, a quantidade e a qualidade de exercício deve ser adequada a cada pessoa e

deve-se ter em conta os seguintes fatores: idade, tipo de exercício, duração,

freqüência, intensidade, presença de outras doenças concomitantes e prevenção de

recaídas.

Idade: mulheres na fase de menopausa a recomendação é de exercício de baixo

impacto, para evitar o risco de fraturas. Pessoas sedentárias devem realizar

atividades de forma lenta e progressiva.

Tipo de exercício: o mais adequado são os aeróbicos, no qual se utiliza grandes

grupos musculares, em forma continua e repetida: caminhada, ciclismo, natação,

trote, ginástica, etc.

A que tem melhor possibilidade de aceitabilidade por parte das pessoas é a

simples caminhada, que apresenta múltiplas vantagens já que não requer

treinamento prévio, se pode realizar em qualquer lugar, não necessita roupa

especial, não apresenta perigo cardiovascular, e é tão eficaz como o trote e outros.

Page 33: Cartilha agsaude08

33

PLANEJAMENTO DO EXERCÍCIO

EXERCÍCIO MINIMO MAXIMO FREQÜÊNCIA 3 vezes por semana 7 vezes por semana

DURAÇÃO 30 minutos De acordo com a capacidade

individual

Duração: deve ser (igual ou) superior a 30 minutos. Se é feita uma atividade

diferente da caminhada, deve ser indicado uma etapa de pré aquecimento de 10

minutos, para aquecer os músculos. Após o término do exercício é necessário uma

etapa de “esfriamento” de 5 a 10 minutos.

Freqüência: pelo menos três vezes por semana; entretanto se indica caminhada,

esta deve ser pelo menos praticada diariamente ou bem complementada com ela

nos dias que não se faz exercício. Os benefícios aparentes consistem em uma maior

aderência e facilidade para a prática. Seu efeito sobre a aptidão cardiorespiratória é

igualmente eficaz.

Intensidade: se desejamos realizar exercício físico aeróbico intenso deve-se verificar

a freqüência cardíaca durante o exercício.

Presença de outras doenças: atividade física inadequada pode ocasionar lesões do

aparelho osteoarticular; diabéticos podem apresentar hipoglicemias, neuropatia

autônoma, hemorragias e/ou desprendimento de retina...CUIDADO!!!

Prevenção da Recaída: os profissionais que cuidam da saúde devem ser

encorajados a perguntar a seus pacientes sobre a freqüência, duração, tipo e

intensidade a atividade física e fornecer avaliação e aconselhamento nutricional.

Page 34: Cartilha agsaude08

34

Para se ter uma estimativa dos requerimentos energéticos diários, de acordo com

seu peso “desejável” e sua atividade física.

QQUUAADDRROO 33.. RREEQQUUEERRIIMMEENNTTOOSS CCAALLÓÓRRIICCOOSS DDIIÁÁRRIIOOSS,, SSEEGGUUNNDDOO SSEEXXOO EE TTIIPPOO DDEE AATTIIVVIIDDAADDEE PPRROOFFIISSSSIIOONNAALL..

ATIVIDADE KCAL/KG/PESO TIPO DE ATIVIDADE LEVE Homens = 42

Mulheres = 36

Profissionais liberais, estudantes,

donas de casa, executivos

MODERADA Homens = 46

Mulheres = 42

Operários de indústria leve, motoristas,

artesãos, costureiros

INTENSA Homens = 54

Mulheres = 47

Operários de indústria pesada, agricultores,

soldados, atletas, bailarinos

MUITO INTENSA

Homens = 62

Mulheres = 55

Operários de indústria muito pesada,

lenhadores, estivadores FFoonnttee:: FFAAOO//OOMMSS,, 11998855..

Para verificar seu peso, pela fórmula do Índice de Massa Corporal:

IMC = Peso (kg) / Altura ² (m²) = _______/______x______ = _________ kg/ m² (Veja a classificação na página ___ )

PPaarraa ccaallccuullaarr sseeuu ppeessoo ""ddeesseejjáávveell"":: 2222 xx aallttuurraa²² ==

2222 xx __________xx __________ == ______________kkgg

Ex.: peso desejável : 60 kg x 36 (mulher-atividade leve) = 2160 kcal / dia

Page 35: Cartilha agsaude08

35

COMO DEVE SE ALIMENTAR UMA PESSOA QUE NECESSITA, em média, ~2000 KCAL/ DIA?

QQUUAADDRROO 44.. EEXXEEMMPPLLOO DDEE PPAADDRRÃÃOO AALLIIMMEENNTTAARR

CCOONNTTEENNDDOO NNÍÍVVEELL CCAALLÓÓRRIICCOO DDEE ~~22000000 KKCCAALL // DDIIAA..

GRUPOS DE ALIMENTOS Nº PORÇÕES KCAL/ PORÇÃO

VALOR CALÓRICO

PÃES/CEREAIS/RAÍZES/ TUBÉRCULOS Dê preferência aos integrais

6 150 900

FRUTAS 2-4 35 70

HORTALIÇAS 3-4 15 60

LEGUMINOSAS 2 55 110

CARNE BOVINA, SUÍNA, PEIXE, FRANGO, OVOS

2 190 380

PRODUTOS LÁCTEOS 2-3 120 240

AÇÚCARES * 1 110 110

ÓLEOS E GORDURAS * 1 73 73

Fonte: Depto. Agricultura EUA, 1992; Philippi, 1996.

* USADOS NO PREPARO DOS ALIMENTOS –são dispensável na alimentação.

Page 36: Cartilha agsaude08

36

QQUUAADDRROO 55.. AALLIIMMEENNTTOOSS EEQQUUIIVVAALLEENNTTEESS

GRUPOS DE ALIMENTOS

ALIMENTOS EQUIVALENTES

PÃES / CEREAIS/ RAÍZES E

TUBÉRCULOS – preferir os integrais

Arroz branco cozido - 4 col. sopa; Batata cozida/assada - 1 ½ unidade; Biscoito doce simples - 5 unid.; Biscoito tipo “cream cracker” - 5 unid; Biscoito recheado - 2 unid; Macarrão cozido - 3 ½ col sopa; Pãozinho caseiro - ½ unid; Pão forma tradicional tipo “pullman” - 2 fatias; Pão de queijo- 1 unid; Pão francês- 1 unid; Torrada (pão francês) - 6 fatias finas

FRUTAS Abacate - ¾ col sopa; Abacaxi - ½ fatia; Banana - ½ unid; Goiaba - ¼ unid; Jabuticaba - 17 unid; Kiwi - ¾ unid; Uva comum - 11 bagos; Laranja Bahia/Seleta - 4 gomos; Laranja Pêra/Lima - 1 unid; Limão - 2 unid; Maçã - ½ unid; Manga - ¼ unid; Melancia/melancia/mamão - 1fatia; Morango - 9 unid; Pêra - ½ unid; Suco de laranja - ½ copo requeijão

HORTALIÇAS Abobrinha cozida - 3 col sopa; Beterraba crua ralada - 2 col sopa; Agrião, alface, almeirão, escarola, mostarda, rúcula - à vontade; Brócolis cozido - 4 ½ col sopa; Cenoura cozida - 7 fatias ou ¾ col sopa; Couve flor cozida - 3 ramos; Ervilha em conserva - 1 col sopa; Jiló cozido - 1 ½ col sopa; Palmito em conserva - 2 unid; Pepino picado - 4 col sopa; Picles em conserva -5 col sopa; Rabanete - 3 unid; Repolho cru - 6 col sopa; Vagem cozida - 2 col sopa; Repolho cozido - 5 col sopa; Tomate comum - 4 fatias;

LEGUMINOSAS Ervilha seca cozida - 2 ½ col sopa; Feijão cozido (50 % de caldo) - 1 concha; Feijão cozido/ Grão de bico cozido/ Lentilha / feijão branco /soja cozida - 2 col. de sopa

CARNE BOVINA, SUÍNA, PEIXE,

FRANGO, OVOS

Bacalhoada - ½ porção; Bife à role - 1 unid; Bife grelhado -1 unid; Carne cozida - 1 fatia; Peru tipo “blanquet” - 10 fatias; Porco - lombo assado -1 fatia; Carne moída refogada - 5 col sopa; Hambúrguer - 1 unid; Frango assado inteiro - 1 pedaço de peito ou 1coxa/sobre grande; Filé grelhado (peixe, frango, vaca) - 1 unid média; ; Omelete simples – 1 unid

PRODUTOS LÁCTEOS

Iogurte natural - 2 copo de requeijão; Iogurte polpa de frutas - 1 pote Leite tipo B - 1 copo de requeijão; Queijo minas - 1 ½ fatia; Ricota - 2 fatias; mussarela - 3 fatias; Queijo “polenguinho” - 2 unid; Queijo prato - 2 fatias; Requeijão cremoso - 1 ½ col sopa; Vitamina de leite com frutas - 1 copo de requeijão

AÇÚCARES * Açúcar mascavo - 1col sopa; Açúcar refinado - 1 col sopa; Doce industrializado tipo goiabada - ½ fatia; Karo - 2 col. sopa; Mel - 2 ½ col sopa

ÓLEOS E GORDURAS *

Azeite de oliva - 1 col sopa; Halvarina - 1col sopa; Margarina - ½ col sopa; Margarina vegetal - ½ col sopa; Óleo vegetal de girassol/milho/soja - 1 col sopa

Page 37: Cartilha agsaude08

37

QQuuaaddrroo 66.. DDIICCAASS PPAARRAA UUMMAA DDIIEETTAA SSAAUUDDÁÁVVEELL

ALIMENTOS

PREFERIR EVITAR

CARNES EM GERAL

Peixes, frango sem pele, carnes magras. Retirar toda a gordura visível.

Carnes gordurosas, vísceras (fígado, coração, miolo, miúdos), embutidos (lingüiça salsicha e frios), carnes de porco (bacon, torresmos), pele de animais, camarão, lagosta, mexilhão, ostra,...

LATICÍNIOS Leite e iogurte desnatado, queijo branco, ricota e cottage

Leite e iogurte integrais, queijos amarelos e cremosos, manteiga, creme de leite

OVOS Clara de ovos, substituir 2 claras = 1 ovo Gema de ovo.

VEGETAIS E FRUTAS Frutas e verduras frescas

Verduras na manteiga, em forma de frituras, com molhos

DOCES, PÃES E SIMILARES

(feitos com farinhas integrais)

Massas de bolo sem gema de ovo, sorvete e doces a base de frutas Pães pobres em gordura, cereais integrais (aveia, trigo, farelo), massas sem gema de ovo, grão de bico, feijão, ervilha, lentilha, batata, arroz, mandioca.

Massas de bolo com gema de ovo, sorvetes com leite, doces com chocolate e/ou chantilly, biscoitos amanteigados, folhados, sorvetes cremosos Pães com recheio, manteiga, croissants, bolachas, massas com gema de ovo

GORDURAS EM GERAL

Margarinas “moles” ou “light”, óleos vegetais (soja, milho, canola e azeite de oliva).

Frituras, manteiga, óleo de coco e de dendê, maionese, gordura animal (toucinho, banha), molhos com creme de leite.

Fontes: Dutra de Oliveira, 1998; III Diretrizes Brasileiras Sobre Dislipidemias e Diretriz de Prevenção da Aterosclerose, 2001.

O Sal ou cloreto de sódio é o tempero mais usado no preparo de alimentos. Os

brasileiros comem, mais ou menos, 10 g/dia, sendo que o recomendado gira em

torno de 5 g/dia.

A maioria das pessoas acha que o sal deixa a comida mais gostosa, mas se

esquece de que o gosto pelo sal não nasce com a pessoa. Comendo com sal desde

criança é que as pessoas adquirem esse gosto. Outro fato curioso é que as pessoas

dizem que precisam de sal senão "sentem-se fracas". A verdade é que nosso corpo

precisa de muito pouco sal, menos do que 6 g/dia, quantidade que geralmente existe

nos próprios alimentos, sem contar que os industrializados contém quantidades exageradas de sal para sua conservação.

É recomendável que todas as pessoas, independentemente de a pressão ser alta,

normal ou baixa, não exagerem no sal. Essa orientação é mais importante para

Page 38: Cartilha agsaude08

38

quem é sensível ao sal e tem pressão alta, porque se a pessoa comer com muito sal

poderá bloquear o efeito dos remédios que baixam a pressão.

Por outro lado, dependendo do caso, não há necessidade de eliminar totalmente

o sal. O ideal é diminuir a quantidade colocada nos alimentos e evitar comer os

alimentos embutidos, queijos amarelos, temperos prontos...

Os produtos chamados “substitutos do sal” ou “sal light” podem ser úteis para

algumas pessoas. Quem toma certos tipos de remédios ou "sofre dos rins" não pode

usar substitutos do sal. O ideal é consultar o médico ou nutricionista antes de usá-

los.

Onde está “escondido” o sal ???

⇒ Carnes processadas: embutidos em geral (presunto, mortadela, salsicha,

lingüiça, salame), bacon, carne seca, “nuggets”, e outros alimentos prontos;

⇒ Enlatados: vegetais (palmito, azeitona, milho..), peixes (atum, sardinha);

⇒ Queijos: duros e amarelos (parmesão, provolone, prato, etc.);

⇒ Temperos prontos: acho melhor colocar em pó ou cubos ao invés da marca comercial Arisco®, Sazón® Aji-no-moto®, sopas desidratadas, caldos e extratos

concentrados, amaciantes de carne, catchup, mostarda, maionese, molho de

soja, molho inglês, extrato de tomate, etc.;

⇒ Salgadinhos industrializados: chips, amendoim, coxinha, pastel, etc.;

⇒ Biscoitos, bolachas, pães, mesmo os doces;

⇒ Adoçantes artificiais: ciclamato de sódio, sacarina sódica, etc.

Page 39: Cartilha agsaude08

39

RECOMENDAÇÕES ADICIONAIS

1. CUIDADO COM AS QUANTIDADES: Muitas pessoas têm o hábito de comer

sem prestar atenção no que está fazendo e nem estão com fome. Outras, por

exemplo, criaram o hábito de comer diante da televisão, ou trabalhando, sem

reparar no sabor nem na quantidade de comida. A primeira coisa a mudar é isso:

mastigar bem e perceber o sabor de cada alimento fica mais fácil controlar sua

quantidade.

2. CINCO PORÇÕES ou mais DE FRUTAS E VEGETAIS, DIARIAMENTE: Esta é

a condição básica para se ter boa saúde – comer diariamente, pelo menos

CINCO porções de frutas ou vegetais diferentes (ex.: alface, tomate, cebola,

banana e laranja) - é só variar como puder e conforme o gosto.

3. ESCOLHER MELHOR OS ALIMENTOS: dar preferência aos cereais integrais e

seus derivados (farinhas e sub produtos: pães, bolachas, macarrão), legumes,

frutas e verduras; preferir carnes sem gorduras; frango sem a pele; peixes, pelo

menos, uma vez por semana; óleo de soja ou azeite. Preferir os alimentos

cozidos, assados ou grelhados - evitar frituras!

4. ALIMENTAR-SE EM HORÁRIOS REGULARES: fazer de 3-4 refeições diárias

(café da manhã, almoço, lanche e jantar). Evitar comer fora de hora, “beliscar”

entre as refeições principais.

5. MANTER A CASA “À PROVA DE CALORIAS”: evitar comprar doces, bolachas,

refrigerantes e sorvetes.

6. COMBINAR ALIMENTOS DE GRUPOS DIFERENTES: Em caso de excesso de

peso, procure evitar na mesma refeição -carnes, leite, queijo, peixe, frango - com

pão, arroz, batata, macarrão e doces. O mais importante: combine estes

alimentos com verduras cruas ou cozidas. Na hora da sobremesa, preferir frutas!

Não substituir as refeições principais por “sanduíches ou lanches”: geralmente

são cheios de alimentos gordurosos e ainda pecam pela falta de fibras e outros

nutrientes encontrados nos vegetais

Observação: no caso de haver a presença de hipertrigliceridemia, o consumo de

alimentos energéticos – gorduras e carboidratos – devem ser limitados e controlados

e a ingestão de álcool deve ser totalmente restrita. Preferir óleos vegetais, evitar

gorduras animais; dar sempre preferência aos alimentos produzidos com farinhas

integrais que possuem maior teor de fibras.

Page 40: Cartilha agsaude08

40

4. CCOONNSSIIDDEERRAAÇÇÕÕEESS FFIINNAAIISS

O crescimento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis e em especial as

Doenças Cardiovasculares constitui-se em importante PROBLEMA DE SAÚDE

PÚBLICA desde o último século, por sua elevada morbimortalidade e (por) suas

repercussões na qualidade de vida. Entretanto, mudanças neste perfil tem sido

possíveis por meio da melhoria nas condições de vida e no nível de informação da população, bem como pela adoção de medidas de intervenção em saúde

focando a redução da exposição a fatores de risco conhecidos que participam da

gênese destes agravos. Portanto, é necessário dar continuidade à implementação

de medidas para conscientização da população em relação à associação

dieta/saúde. Promover mudança de hábitos é tarefa árdua e difícil..É.. sabido que os fatores

culturais e a influência da mídia estão muito presentes. Mas... com a ajuda dos

profissionais e com a promoção e apoio de trabalhos em grupo e associações, pode-

se tornar mais fácil o alcance ((a consecução)) dos objetivos propostos. É de

extrema importância que os ambientes estimulem os hábitos saudáveis: a

alimentação nos locais de trabalho e escolas, proibir o hábito de fumar na presença

de crianças e incentivar a atividade física...

De acordo com a experiência de outros países, mudanças de hábitos e

comportamento requerem esforço coletivo - políticas de saúde mais abrangentes

objetivando uma reestruturação do comércio de alimentos, a valorização de padrões

de consumo alimentares mais saudáveis, (desencentivo???) proibição de

propagandas de cigarro e alimentos ricos em componentes prejudiciais á saúde,

principalmente entre aqueles que estão nas camadas mais pobres e com menor

nível de instrução.

Vários programas de prevenção e promoção de saúde já foram desenvolvidos no

mundo todo, obtendo resultados positivos no controle de doenças crônicas:

- o Programa americano “Health People 2000” tem como um de seus objetivos o

aumento do consumo de vegetais para cinco ou mais porções diárias;

- o Programa Prevenir IAMSPE em parceria com a DDCNT/CVE/SES está

implantando o programa “Alimentação Saudável na Prevenção de Doenças

Crônicas Não Transmissíveis - TURMA DA SAÚDE - OS AMIGOS DA BOA

ALIMENTAÇÃO ” - visando promover mudanças de comportamento em relação

aos hábitos alimentares, por meio de palestras explicativas sobre o assunto aos

Page 41: Cartilha agsaude08

41

funcionários; reuniões com as empresas fornecedoras da alimentação aos

funcionários das diversas secretarias, para a adequação dos cardápios, entre

outras ações.

Dentre os programas que deram certo, aqui e no exterior, há pontos em comum:

- as pessoas tiveram acesso a informação de qualidade e de fácil entendimento;

- periodicamente, as pessoas foram “lembradas” das informações recebidas;

- além da informação, receberam o estímulo de familiares, amigos e dos

profissionais de saúde.

Devem ser incentivados a formação de grupos para troca de receitas e preparo de

comidas saudáveis que contribuam na redução de peso corporal; cessação do

hábito de fumar e controle do consumo de bebidas alcoólicas; incentivo de

atividades físicas que, além de auxiliar na manutenção do peso corporal, reduz o

estresse, entre outros benefícios!

O trabalho de prevenção deve ser perseverante, otimista e animador. O agente de saúde tem papel fundamental!

Page 42: Cartilha agsaude08

42

55.. RREEFFEERRÊÊNNCCIIAASS

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