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PRATICANDO A CONSERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE

CARTILHA AMBIENTAL

BRASÍLIA2004

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Texto:José Wanderley de Paiva

Revisão:Maria Flavia Conti NunesElivan Arantes de SouzaAna Cristina de MenezesJoaquim Rocha dos Santos

Diagramação e Capa:André Luiz Chacon

Edição:PROAVES – Associação Brasileira para Conservação das Aves

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Caro(a) Professor(a),

Este material destina-se a apoiá-lo(a) no desenvolvimento de suasatividades diárias junto aos alunos. Nosso objetivo é promover a reflexão sobreassuntos relacionados à conservação ambiental, principalmente aquelesvivenciados em sua comunidade.

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Ministra do Meio Ambiente Maria Osmarina Marina Silva de Lima

Presidente da PROAVESJussara Macedo Flores

Diretor do Fundo Nacional do Meio AmbienteElias de Paula de Araújo (Substituto)

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ÍNDICE

1. Introdução ................................................................................... 07

2. Raízes históricas do ambientalismo e da educação ambiental ........ 08

3. Seu ecosistema, a Caatinga ......................................................... 13

4. Conservação da Fauna no Brasil ...................................................... 16

4.1. A Arara-azul-de-Lear .................................................................. 21

4.2. A Avoante ................................................................................. 25

5. Água, fonte de vida ...................................................................... 28

6. O Lixo, um problema de todos nós ................................................ 33

7. Atividades propostas .................................................................... 40

8. Glossário ..................................................................................... 49

9. Bibliografia consultada .................................................................. 51

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1. INTRODUÇÃO

O ser humano, como todas as outras espécies que habitam a terra,sempre dependeu dos recursos naturais para garantir sua sobrevivência. Porém,na utilização desses recursos, o homem pode provocar alterações nascaracterísticas de seu meio natural, causando danos ou riscos potenciais aconservação do meio ambiente.

O grande problema em nossa sociedade é que muitas vezes nãopercebemos a existência desses danos e riscos, como também suas causas econseqüências para nós e outras formas de vida. Outro obstáculo queenfrentamos, é que a maioria de nós tende a acreditar que certos recursosambientais nunca se acabarão: que os rios são tão grandes e suas águas tãoabundantes que nós jamais conseguiríamos alterar suas qualidades; que asflorestas e seus animais são tantos, que jamais acabaríamos com eles; ou queo nosso clima não poderia ser influenciado por nossas atividades, pois elassão realizadas em escala local ou regional.

Contudo, mesmo quando percebemos a existência de um problemaambiental, muitas vezes nos sentimos incapazes de resolvê-los devido talvez,à sua grandeza ou à descrença de que podemos lutar, diante dos conflitos deinteresses que existem em nossa sociedade, por uma realidade maissocialmente justa e ambientalmente equilibrada.

A constituição de nosso país, já garante o direito a todos os brasileirosa um meio ambiente ecologicamente equilibrado e de qualidade, mas também,ela nos encarrega o dever de defendê-lo e preservá-lo, juntamente com nossosgovernantes. Dessa forma, nosso desafio é estimular o desenvolvimento deuma consciência crítica nos alunos, para que percebam os problemasambientais do seu entorno, juntamente com suas causas e conseqüências, eque compreendam que a tarefa de buscar um convívio harmônico com anatureza também é responsabilidade de cada um de nós. Nessa cartilha, serãoabordados os temas: histórico do Ambientalismo e da Educação Ambiental noBrasil e no Mundo, características do ecossistema Caatinga, conservação deespécies de fauna no Brasil, importância e problemas relacionados à água eprodução e destinação do lixo.

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2. RAÍZES HISTÓRICAS DO AMBIENTALISMO E DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A preocupação com odesequilíbrio da relação homem-natureza não é exclusiva denosso tempo, ela é tão antiga queaparece até em textos da Gréciaantiga, porém como forma isoladade reflexão. Mas foi a partir doséculo XVIII, que esse temacomeçou a ganhar maisrelevância no mundo ocidental,devido ao crescimento dointeresse dos cientistas pelahistória natural e ao novo modode vida industrial da Europa, quegerava poluição atmosférica coma queima do carvão e aexploração descontrolada dosseus recursos naturais.

Atividade de Educacao AmbientalFoto: Debora Malta Gomes

Entretanto, foi apenas na década de 60 do século XX que o ambientalismose popularizou, adquirindo grande visibilidade através dos meios de comunica-ção que atingiam o grande público e os meios oficiais. Esse era um período pós-2aguerra mundial, que foi marcado por muitos movimentos que questionavam arealidade e modo de vida da sociedade daquele tempo, como o consumismo, asdesigualdades sociais existentes e a degradação da natureza. Além do movi-mento ambientalista, também havia o movimento dos pacifistas (hippies), dasfeministas, entre outros, que se interagiam entre si.

Principais acordos internacionais sobre Meio Ambiente

Foi nesse cenário de contestação que aconteceu o primeiro encontromundial sobre Meio Ambiente, a Conferência das Nações Unidas sobre oAmbiente Humano, realizada em Estocolmo (Suécia) em 1972. Esse eventofoi um grande marco histórico e chamou a atenção do mundo para a gravidadeda situação social e ambiental no mundo.

A reunião de Estocolmo também marcou o início de uma série de outrasconferências realizadas pela Organização das Nações Unidas para debatertemas específicos, como alimentação, moradia e população. Uma delas foi a

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Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, realizada em 1997,em Tbilisi (Geórgia). Nesta Conferência foram discutidas e elaboradas asgrandes orientações para os programas mundiais de educação ambiental. Tbilisitornou-se importante por definir o meio ambiente como um espaço de relaçãohomem-natureza, que envolve dimensões históricas, culturais, éticas,econômicas, tecnológicas e políticas, e não apenas como um meio físico-natural. A partir desse encontro, iniciou-se um processo irreversível deconscientização mundial sobre a importância da educação ambiental.

Em 1992, outra importante Conferência Internacional foi realizada: aConferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,conhecida também como Eco-92 ou Rio-92, por ter sido realizada na cidade doRio de Janeiro. Esse evento discutiu a relação da questão ambiental e odesenvolvimento dos países, e teve como principal resultado a aprovação daAgenda 21.

A Agenda 21 é um documento que estabelece o compromisso dospaíses em promover a mudança do seu padrão de desenvolvimento, para umchamado desenvolvimento sustentável. Nesse sentido, o crescimento dascidades deveria conciliar a proteção ambiental, a eficiência econômica e ajustiça social entre as classes sociais, as regiões e as nações do mundo, tudoisso com a participação efetiva da sociedade. Assim, pode-se observar queAgenda 21 não é apenas uma Agenda Ambiental, com questões ligadasunicamente a conservação da natureza, mas ela dá um sentido mais amplo aomeio ambiente, como local interação homem-natureza, assim como foi sugeridoem Tbilisi.

Na Eco-92 também foram estabelecidos acordos internacionais voltados àcooperação entre países e a proteção do meio ambiente, como as convençõessobre mudanças climáticas e diversidade biológica.

Utilização do Jumentocomo meio de transportena região da CaatingaFoto: Andrei L Roos

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Conseqüências da Eco-92

Em 1997, foi realizado no Rio de Janeiro, o evento Rio + 5, no qualforam discutidas propostas elaboradas na Eco-92 e suas conseqüências.Concluiu-se que, apesar dos avanços das discussões na Eco-92, algumas dasprincipais ações propostas encontravam dificuldades de sair do papel, devidoa mudança da economia mundial na década de 90 e a falta de empenho dosgovernantes. Até aquele momento, pouco se havia avançado na implementaçãoda Agenda 21, assim como algumas das políticas traçadas, como o combate apobreza, a transferência de tecnologia entre países e a redução dos níveis deprodução e consumo no mundo.

A partir dessas informações, a ONU realizou em Johannesburgo (Áfricado Sul) em 2002, o encontro da Cúpula Mundial sobre DesenvolvimentoSustentável, conhecido como Rio+10. Nesse evento procurou-se avançar nasdiscussões iniciadas na Rio-92 e traçar novas estratégias para odesenvolvimento sustentável. Entretanto, este foi considerado uma decepçãopara muitos ambientalistas, pois não resultou em avanços significativos emrelação às propostas da Rio-92, nem tampouco, houve empenho de muitospaíses desenvolvidos, principalmente Estados Unidos, em assumirresponsabilidades pelos danos ambientais e em firmar compromissos efetivosem relação aos países que enfrentam altos níveis de pobreza.

Nos últimos anos a ONU iniciou um processo de tentativa deconfirmação e implementação mais eficiente das convenções e acordosinternacionais firmados sobre meio ambiente, porém isso vem esbarrando nasposições de governantes de alguns países, que estão dando importância apenasvantagens econômicas e imediatas do uso indiscriminado dos recursos naturais,sem considerar ou nem prever as conseqüências em longo prazo de taisatividades para a natureza e o homem.

Ambientalismo no Brasil

Até a década de 50, não havia na política do Brasil uma grande atençãoàs questões ambientais. Somente a partir da década de 70, esse cenário foisendo modificado. A participação da delegação brasileira na Conferência deEstocolmo resultou em mudanças da política brasileira em relação à questãoambiental. O resultado disso foi a criação da Secretaria Especial do MeioAmbiente do Brasil, em 1973, setor que seria responsável pelas políticas deconservação ambiental no Brasil, entre elas a atuação na criação de váriasunidades de conservação pelo país.

Mas foi com a Constituição de 1988 que demos um passo decisivopara a formulação da nossa política ambiental. Pela primeira vez na história deum país, uma constituição dedicou um capítulo inteiro ao meio ambiente,

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dividindo a responsabilidade pela sua conservação entre o governo e asociedade. Veja seu artigo 225:

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bemde uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se aoPoder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para aspresentes e futuras gerações”.

Esse mesmo capítulo também encarrega o Poder Público (nossosgovernantes, legisladores e judiciário) de promover a educação ambiental emtodos os níveis de ensino (do fundamental à universidade) e a conscientizaçãoda população para a preservação do meio ambiente.

Em 1989, a SEMA e mais quatro órgãos brasileiros que trabalhavamna área ambiental (Superintendência da Borracha - SUDHEVEA;Superintendência da Pesca – SUDEPE, e o Instituto Brasileiro deDesenvolvimento Florestal – IBDF) foram unidas para a criação de um únicoórgão, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos NaturaisRenováveis – IBAMA. O IBAMA tem a função de executar as políticas dogoverno federal, voltadas para o meio ambiente de nosso país, entre elas asações de Educação Ambiental.

Atividades de educacao ambiental do IbamaFoto: Andrei L Roos

Apesar da amplalegislação ambiental bra-sileira e da criação devários órgãos governa-mentais (federal, estadu-ais e municipais) de meioambiente a partir da dé-cada de 80, o Brasil ain-da apresenta deficiênci-as e dificuldades em co-locar essa estrutura emprática para fins de con-servação ambiental.

Poucos estados

conseguiram implementar ações efetivas para enfrentar uma agenda voltada àpreservação dos ecossistemas, tanto os naturais, como os urbanos. Mesmoassim, não dá para negar a crescente importância que a questão ambientalganhou no país nos últimos 20 anos, principalmente após as Conferências Rio-92 e Rio+5, realizadas na cidade do Rio de Janeiro.

Hoje em dia existem diversas organizações não governamentaistrabalhando com conservação, meio ambiente e educação ambiental no Brasil.

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Dessa forma, podemos encontrar diferentes práticas em educaçãoambiental sendo trabalhadas no nosso país. Entretanto, o Plano Nacional deEducação Ambiental orienta para que essas ações sejam voltadas àcomunidade, com o objetivo de despertar o interesse das pessoas em participarativamente dos problemas ambientais vivenciados, de forma crítica eresponsável, e para a construção de um futuro melhor. Devido à abrangênciada Educação Ambiental, ela deve ser tratada como um tema interdisciplinar(que envolva várias matérias e áreas do conhecimento) e não apenas comouma matéria específica de ecologia.

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3. SEU ECOSSISTEMA, A CAATINGA

A Caatinga é um ecossitema com cerca de 800.000 Km2 que cobreparte do nordeste brasileiro, atingindo uma área de aproximadamente 11% doterritório nacional. Distribuí-se pelos estados de Minas Gerais, Bahia, Sergipe,Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piaui. Avegetação desse ecossistema apresenta uma enorme variedade quanto à suaaparência e composição de espécies, resultando no que os pesquisadoreschamam de diversas caatingas, podendo ser classificada, pelo seu porte:Arbórea ou Arbustiva e quanto a seu arranjo: Aberta ou Fechada.

Por estar no domínio da região semi-árida ou sertões, a Caatinga éum ecossistema adaptado a mudanças climáticas que ocorrem nesta área aolongo do ano. Nos períodos de secas, a vegetação toma uma forma totalmentediferente, pois algumas plantas perdem as folhas e as cascas para resistir aomomento em que a oferta de água é menor. Com este fenômeno sua coloraçãotoma tons de cinza esbranquiçados, fato que originou seu nome nas línguasindígenas (CAA= Floresta, TINGA=Branca). No período chuvoso, que é desigualno sertão iniciando em outubro indo até abril do ano subseqüente, esta matafica exuberantemente verde. Neste momento, tudo floresce e a mata renascedando continuidade a sua história cíclica.

Caatinga na época da chuvaFoto: Andrei L Roos

Caatinga na época da secaFoto: Andrei L Roos

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Dessa forma, a Caatinga, apesar de viver sob uma situação de estresse,ou seja: seca, insolação, chuvas, perdas de folhas e cascas entre outros, émuito diversificada podendo ser encontrada cerca de 550 espécies entre osestratos arbóreo/arbustivo e herbáceo. Pesquisadores já apresentaram umalista de 101 espécies lenhosas para a Caatinga, indicando sua capacidade epotencial energético, mas que deve ser utilizada de forma sustentável e atravésde um controle técnico rígido pelos órgãos ambientais.

A fauna da Caatinga tem surpreendido pesquisadores, pela suarusticidade e capacidade de adaptação a condições extremas de calor e faltade água. Desde insetos até grandes predadores como a onça parda - ou bodeira,resistem aos ciclos climáticos de forma inesperada e imprevisível. Estudosrecentes sobre as aves da caatinga, apontam a existência de 510 espécies,sendo que 92% reproduzem na região. Estudos sobre mamíferos apontam aexistência de 143 espécies para este ecossistema. Quanto aos répteis, hojese conhece cerca de 47 espécies de lagartos, 62 espécies de cobras e 43anfíbios. Também há milhares de espécies de insetos habitando a caatinga.Todas essas informações indicam que o ecossistema Caatinga não é tão pobrecomo antes alguns imaginavam.

Como no período seco aumenta a evaporação da água armazenadaem açudes, cacimbas, barreiros, rios e riachos, as pessoas que vivem nestaregião criaram estratégias de convivência com a falta de água, com técnicascomo: a silagem da produção de grãos para consumo humano e ração para ogado, barragens subterrâneas para manutenção do estoque hídrico no subsolo,armazenamento de águas de chuvas em cisternas para consumo humano,uso das áreas de baixios com plantas de ciclos curtos, entre outras, querenderam ao sertanejo a famosa designação de serem homens fortesconhecidos no Brasil inteiro pela sua criatividade, musicalidade e valentia.

Apesar da principal atividade produtiva desta região estar centrada napecuária de caprinos e ovinos, o Nordeste semiárido tem se mostrado comouma nova fonte de produtos especializados como a apicultura, fruticultura,extração de essências exóticas para a industria farmacêutica e cosmética entreoutras tendências e atributos desconhecidos ou pouco explorados na região.

No entanto, a região das Caatingas também abriga a miséria e a fome,características das contradições de uma sociedade baseada na exploração.Desta forma este cenário também contribui para o desaparecimento de algumasespécies, principalmente, da fauna nativa que são capturadas para alimentar oTrafico de Animais Silvestres, como é caso da ararinha-azul, extinta na naturezano ano 2000. .

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AçudeFoto: Andrei L Roos

Hoje, o IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos RecursosNaturais Renováveis, mantém sob atenção permanente uma outra espécietípica de caatinga, a Arara-azul-de-Lear, que só existe no sertão da Bahia,especificamente na área do Raso da Catarina e que nas últimas décadas tevesua população ameaçada pela ação de traficantes.

Em 1992 o mundo inteiro ouviu falar sobre a Conferência de MeioAmbiente que aconteceu na cidade do Rio de Janeiro, a qual ficou conhecidacomo RIO 92. Nesta Conferencia realizou-se uma Convenção sobre aDiversidade Biológica. Em cumprimento às obrigações do Brasil junto à citadaConvenção alguns estudos foram desenvolvidos nos diversos biomas brasileiro.Sob a ótica da conservação, o estabelecimento de ações prioritárias para aCaatinga pode ser considerado uma das ações mais urgentes no Brasil. Porque?

• Porque a Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro;• Porque a Caatinga abriga uma fauna e flora única, com muitas

espécies endêmicas, ou seja, que não são encontradas em outros lugares doplaneta;

• Porque ela é um dos biomas mais ameaçados do Brasil, com grandeparte de sua área tendo sido modificada pelas atividades humanas. Estudostambém apontam que a vegetação nativa da região encontra-se reduzida amenos da metade.

Levando-se em consideração esta ameaça, o IBAMA criou um projetoflorestal para o Nordeste. A iniciativa tem o objetivo de apoiar a reposição e omanejo florestal e diminuir o desmatamento, estimado em 500 mil hectares porano na região.

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4. CONSERVAÇÃO DA FAUNA NO BRASIL

Antes da ocupação do território brasileiro pelos portugueses, os índios,seus primeiros habitantes, eram totalmente dependentes da exploração dosrecursos naturais no Brasil. Dentre esses recursos, a fauna silvestrerepresentava a principal fonte de alimento, vestuário e ornamentação.

O uso pelos indígenas desses recursos naturais era estabelecido emregras por cada grupo. Após a colonização portuguesa se desenvolverampráticas baseadas em duas idéias: que todos os animais estavam na terrapara servir apenas ao homem, e o segundo e maior, de que os recursos naturaiseram infinitos. As gerações que sucederam os europeus até os dias atuaisherdaram essas idéias e muitos vêm atuando em práticas que comprometemnossas riquezas ambientais.

O Brasil é considerado o país de maior diversidade biológica, abrigandoem seu território 20% das espécies que compõem a fauna e a flora do planeta.No entanto, as queimadas, a derrubada de florestas, a poluição dos rios, acaça predatória e ilegal, a destruição dos ecossistemas para a instalação deloteamentos e o tráfico de espécies silvestres estão entre os fatores que maisameaçam a biodiversidade brasileira.

Soldadinho do Araripe(Antilophia bokermanni)

Foto: Inês L. S. Nascimento

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De acordo com a lista oficial de espécies da fauna brasileira ameaçadade extinção publicada pelo Ministério do Meio Ambiente em 2003, atualmenteestão sob risco de desaparecimento no país 395 espécies animais (160 aves,69 mamíferos, 20 répteis, 16 anfíbios, 130 invertebrados terrestres), sendoque 28 delas são espécies da Caatinga. Algumas espécies estão em graveperigo de serem extintas, como é o caso da Arara-azul-de-Lear, que temocorrência na região de Jeremoabo e vem sofrendo com a destruição daCaatinga e principalmente com a atividade de traficantes.

Tráfico de espécies

O tráfico da vida selvagem e de seus subprodutos é um dos maioresnegócios ilegais do planeta, ficando apenas atrás do tráfico de drogas e armas.No Brasil essa atividade é intensa, sendo que 5% a 7% do volume total dosanimais silvestres comercializados têm origem no nosso país.Lamentavelmente, são nas Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do paísonde encontramos um número expressivo de espécies exploradas pelo tráfico.Segundo um relatório elaborado pela RENCTAS – Rede Nacional de Combateao Tráfico de Animais Silvestres- em 2002, o município de Paulo Afonso estáentre um dos principais pontos de comercialização ilegal de animais silvestresdo Estado da Bahia.

Esses animais capturados na natureza são ilegalmente comercializadospara pessoas no Brasil e no exterior. Os principais compradores dessasespécies são colecionadores, zoológicos, apostadores de rinhas, indústrias decouro e peles, apreciadores de carnes exóticas e laboratórios farmacêuticos.As ONGs ambientalistas afirmam que, apesar do avanço da legislação, afiscalização no Brasil ainda é muito precária.

Ararajubas mortas no traficoFoto: Arcevo CEMAVE

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Para se ter idéia de como essa atividade é cruel, estimativas apontamque para cada animal comercializado no exterior, nove animais morreram antesda chegada ao seu destino final. Isso porque, para enganar a fiscalização, ostraficantes transportam os animais em péssimas condições, em espaçosmínimos, sem possibilidade de movimentos, sem água e alimentação, altamentesedados e sem cuidados veterinários. Mesmo com todas essas perdas e osriscos encarados pelos contrabandistas esse comércio se mantém, pois éaltamente lucrativo, principalmente quando se trata de espécies ameaçadasde extinção.

Papagaios apreendidos notrafico

Foto: Andrei L. Roos

Entretanto, é importante salientar que essa atividade vem beneficiandoapenas um pequeno grupo de pessoas, que são os grandes traficantes nacionaise internacionais, que pouco se arriscam e que ficam com quase todo o lucro.Já os coletores, representados normalmente por pessoas que residem nalocalidade de ocorrência da espécie a ser comercializada e que são atraídaspara tal atividade de risco, têm muito mais chances de serem apanhados epunidos criminalmente por esses atos, têm o seu ambiente de origemprejudicado, e não vivenciam grandes transformações em sua situaçãoeconômica. Dessa forma, vemos milhões de animais morrendo de forma cruel,muitas espécies se tornando ameaçadas, um grande número de pessoassimples caindo na criminalidade, enquanto poucas pessoas gananciosasrealmente se favorecem dessa situação.

Estratégias de conservação

Muitas são as razões pelas quais se deve conservar a fauna silvestre, desdeos de cunho moral e ético, até aquelas de ordem prática, pois nossos recursosfaunísticos são ecologicamente e economicamente importantes. Veja só: osrecursos pesqueiros são largamente usados na alimentação; répteis têm providoo homem de couro, pele e carne; as aves têm sido fonte de alimento, sejaatravés de sua carne, seja fornecendo ovos; primatas são utilizados na produçãode vacinas e estudos de doenças humanas; entre outras.

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Além disso, as espécies da fauna participam de processos ecológicosimportantes, como a polinização e dispersão de sementes, o que promove aperpetuação de muitas espécies vegetais e possibilita a regeneração de áreasjá degradadas.

A conservação de nossos recursos faunísticos pode ser feita dentro efora de seu ambiente natural.

• Dentro do seu ambiente natural: sua conservação é feita por meio daproteção de áreas de vegetação nativa, principalmente Unidades deConservação, como Parques Nacionais e Estaduais, Reservas Biológicas,Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN’s), Estações Ecológicas,Florestas Nacionais e outras. A unidade de conservação visa a proteção derecursos naturais, entre os quais a fauna silvestre, de maneira a garantir suaexistência e sua evolução natural. Na região da Caatinga existem 16 unidadesde conservação federais e 7 estaduais que protegem a vegetação da caatingae ambientes de transição, sendo que protegem apenas 2% de sua área. Entreelas podemos citar:

- Estação Ecológica do Raso da Catarina (BA);- Estação Ecológica do Seridó (RN);- Estação Ecológica de Aiuaba (CE);- Reserva Biológica de Serra Negra (PE)- Reserva Biológica de Pedra Talhada (AL);- Parque Nacional do Catimbau (PE),- Parque Nacional da Serra da Capivara (PI),- Parque Nacional da Serra das Confusões (PI);- Floresta Nacional do Araripe (CE)- Floresta Nacional de Contendas do Sincorá (BA);- Estação Biológica de Canudos (BA); entre outras.

• Fora do seu ambiente natural: é feita nos jardins zoológicos e noscriadouros autorizados pelo IBAMA. Se bem administradas, estas entidadespodem ser eficientes para a conservação, principalmente daquelas espéciesameaçadas que já não encontram ambientes naturais propícios a sua existênciae podem prover indivíduos para projetos de reintroduções.

A legislação brasileira permite a criação de espécies faunísticas comfins comerciais. Algumas espécies, criadas em cativeiros ou em regime desemi cativeiros, vêm sendo responsáveis por novos segmentos daeconomia, como é o caso do jacaré do pantanal, cujas peles têm mais valorcomercial do que as peles clandestinas. Capivaras, pacas, caititus,tartarugas e tracajás da Amazônia, são outras espécies cuja criação tem semostrado economicamente viável, sem contudo, prejudicar o meio ambiente.

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O esforço tem que ser maior para a conservação da fauna brasileira,quer pela criação de novas unidades de conservação, quer pela efetivaimplantação das já existentes. Além de tudo é preciso existir umaconscientização mais ampla para que nossa fauna seja valorizada.

Pensando nesta valorização e cumprimento da legislação existente, oIBAMA desenvolve várias atividades de proteção e manejo de animais silvestresna natureza, entre eles os Projetos de conservação da Arara-azul-de-Lear ede Manejo da Avoante.

Outras espécies também encontradas na caatinga

Saco dos JesuínosJeremoabo/BAFoto: Andrei L. Roos

Cancan(Cyanocorax cyanopogon)Foto: Wallace Telino Jr

Casaca de Couro(Pseudoseisura cristata)Foto: Wallace Telino Jr

Xexeu(Icterus jamacai)

Foto: Wallace Telino Jr

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4.1. A Arara-azul-de-Lear

O Brasil é o país mais rico do mundo em número de espécies de araras,papagaios, periquitos e afins. Desde o descobrimento do Brasil já se ouviafalar em nossas riquezas faunísticas, sendo o nosso país denominado como“Terra dos Papagaios”.

A manutenção destas riquezas implica em responsabilidade pela suaconservação, o que não é uma tarefa fácil. Hoje, das 72 espécies existentesno Brasil, duas são consideradas extintas: a ararinha-azul que era endêmicado extremo norte da Bahia, e a arara-celeste que vivia ao sul do Rio Grande doSul; e 14 estão ameaçadas de extinção, dentre elas a arara-azul-de-Lear(Anodorhynchus leari).

Arara-azul-de-Lear(Anodorhynchus leari)Foto: Adriano A. Paiva

A situação da arara-azul-de-Lear é bastante preocupante, pois além deter uma área de ocorrência muito pequena, sua população, que não é grande,ainda sofre com:

• a destruição do seu habitat – a caatinga;• a diminuição do seu principal alimento - o coco da palmeira licuri;• e com a ação de traficantes, que roubam alguns indivíduos da natureza

para vender a colecionadores, no Brasil e exterior.

Vamos conhecer mais sobre a Arara-azul-de-Lear?

Onde vivem?

Embora a espécie tenha sido descrita desde os meados do século XIX, suabiologia só começou a ser conhecida no final da década de 70. Acreditava-seque as araras vinham de Juazeiro, na Bahia, mas como as informações nãosatisfaziam à comunidade científica brasileira, foram realizadas váriasexpedições ao sertão da Bahia e Pernambuco. Somente em 1978 um grupode pesquisadores localizou algumas destas aves no sul do Raso da Catarina,

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Bahia. A partir de entãosabe-se que a principalárea de ocorrência daespécie localiza-seentre os municípios deEuclides da Cunha,Canudos e Jeremoabo.Mais recentemente elatem sido observada nosmunicípios de Sento Sée Campo Formoso. Suaárea de ocorrência édominada por chapadascom altitudes de 380 a

Ninho da Arara-Azul-de-LearFoto: Adriano A Paiva

800 metros, com desfiladeiros e paredões de arenitos que cortam a região. Aocontrário das outras araras que dormem empoleiradas, as araras-azuis-de-Lear dormem abrigadas nessas fendas dos paredões. Nos finais de tarde,podem ser vistas chegando aos bandos, de diversas direções, vocalizando esobrevoando o paredão até acomodarem-se nele.

Atualmente duas áreas são usadas como dormitórios e locais dereprodução: a Toca Velha (Estação Biológica dos Canudos), no município deCanudos, e a Fazenda Serra Branca, no município de Jeremoabo. Na TocaVelha existem diversos paredões de arenitos distribuídos em canions,conhecidos localmente como sacos. A Serra Branca é constituída por formaçõesrochosas de rara beleza, e apresenta uma vegetação pouco mais exuberanteque a Toca Velha. Durante o período de reprodução a concentração de ararasna Serra Branca é maior.

As araras realizam pequenos deslocamentos diários e grandesdeslocamentos quando mudam as estações do ano. Sabe-se que as avesdeixam seus abrigos noturnos à primeira luz do dia, partindo em grupos paraas áreas de alimentação. Nas horas mais quentes, tendem a permanecer emrepouso em árvores altas e secas ou a sombra das folhas dos pés de licuri. Nofim da tarde, estes bandos retornam a seus abrigos, chegando logo após o pordo sol, ou ainda mais tarde.

Sobre os grandes deslocamentos das araras sabe-se que boa parteda população vai para região da Toca Velha, principalmente entre os mesesde junho a agosto, e voltam para se reproduzir Serra Branca. Ainda pouco sesabe sobre as possíveis áreas de descanso na Serra da Borracha, na Serra daCana Brava e em Campo Formoso.

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Qual a sua alimentação?

Um estudo realizado sobre as araras verificou que essa espéciealimenta-se principalmente do coco da palmeira do licuri (Syagrus coronata),fazendo uso complementar de outros três ítens: a flor do sisal, o pinhão e omilho.

Arara-azul-de-Lear comendo licuriFoto: Adriano A. Paiva

Cada indivíduo adulto consome emtorno de 350 cocos do licuri por dia. Oscocos consumidos pelas araras sãofacilmente reconhecidos, pois são retiradosum a um dos cachos e são abertos por meiode corte transversal perfeito. Durante osestudos foi observado que, quando umgrupo de aves está se alimentando,freqüentemente há um indivíduo desentinela, para avisar da presença depossíveis predadores.

Embora o licuri fosse bastantecomum na área de ocorrência da arara, elevem se tornando raro, devido aodesmatamento de áreas de caatinga, aocorte dos licurizeiros durante o preparo daspastagens e campos agrícolas, e também

a utilização de seus cocos pelos fazendeiros como complemento alimentar parao gado. Além disso, o pastoreio realizado por animais de criação pode estarprejudicando o crescimento de novos licurizeiros, o que poderá ter conseqüênci-as graves a longo prazo, levando a eliminação das principais áreas de alimenta-ção das araras. Com base nesta preocupação, a Câmara Municipal de Jeremoaboaprovou o Projeto de Lei No 01/2002, em maio de 2002, que trata da preservaçãoda palmeira do licuri no município, tornando a espécie protegida como “PlantaSímbolo” para a sobrevivência da Arara-azul-de-Lear. Essa iniciativa poderia tam-bém ser seguida por outros municípios da região, ajudando assim a conserva-ção dessa espécie.

Como é sua reprodução?

São poucas as informações sobre a biologia da reprodução da arara-azul-de-Lear. Sabe-se que a temporada de reprodução coincide com o iníciodo período de chuvas (final do ano) e estende-se até maio, quando os filhotescomeçam a sair do ninho. Os ninhos são feitos em cavidades dos paredões dearenito que dominam a paisagem da Toca Velha e da Serra Branca, sendo quea reprodução de diversos casais pode se dar num mesmo paredão quecontenham várias cavidades.

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Em estudos realizados entre 1997 e começo de 1999, foram coletadosdados de comportamento de alguns casais reprodutivos e dos filhotes. Notou-se que são poucas as aves que se reproduzem a cada ano e, embora algunscasais cheguem a criar três filhotes, a média de sobrevivência é de dois filhotespor casal. Devido esse baixo número de araras que nascem na população porano, torna-se mais importante a preservação de cada indivíduo de arara azulna natureza, para que ela se perpetue.

Projeto Arara-Azul-de-Lear

A captura de animais silvestres para a venda em comércio ilegalmovimenta milhões de dólares por ano e é um dos mais sérios problemas queas espécies de nossa fauna enfrentam, principalmente os psitacídeos (famíliadas araras, papagaios e periquitos) ameaçados, como é o caso da arara-azul-de-lear. Esta é uma situação grave e, como todo mercado negro, difícil de sercombatida.

Na tentativa de proteger a arara-azul-de-lear, o IBAMA criou em 1992o Comitê para Conservação e Manejo da Arara-azul-de-Lear (Portaria IBAMANo 435, de 27/5/03), como os principais objetivos de: (1) estabelecer estratégiaspara estudo, proteção, manejo e conservação da arara-azul-de-Lear visandoaumentar sua população na natureza e alcançar o estabelecimento depopulações geneticamente viáveis; (2) propor ao IBAMA um Plano de Açãopara conservação da espécie e, (3) acompanhar as atividades previstas nessePlano de Ação. Esse Comitê é composto por pesquisadores de diversasentidades e a implementação das ações referentes às pesquisas e programaseducacionais está a cargo do CEMAVE.

Essa iniciativa resultou na implantação de uma base do CEMAVE–Centro Nacional de Pesquisa para Conservação das Aves Silvestres- emJeremoabo e a manutenção de pesquisadores em campo, por tempo integral.A partir desse momento foi intensificada a fiscalização nas regiões onde asararas ocorrem, principalmente nos locais de nidificação, pois a captura defilhotes e adultos nos ninhos é muito mais fácil para os traficantes. Além disso,iniciaram-se campanhas de conscientização ambiental, envolvimento dacomunidade nos trabalhos de preservação da espécie. Os pesquisadores doCEMAVE também vêm desenvolvendo contagens periódicas do tamanho dapopulação das araras desde 2001 e verificaram que desde esse período onúmero de araras aumentou, chegando a aproximadamente 450 nos dias atuais.

Apesar dessas vitórias, as araras-azul-de-lear na natureza ainda estãoameaçadas na natureza e existe a necessidade de se aplicar novas medidasque visem aumentar a efetividade da fiscalização e a participação conscienteda comunidade na luta pela conservação dessa espécie.

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4.2. A Avoante

A Zenaida auriculata é uma espécie de pomba, conhecida no Nordestecomo avoante ou arribaçã. Ela se distribui em quase todo o Brasil, principalmenteem campos naturais, cerrado, caatinga, mas também pode ser encontrada emáreas de cultura agrícola e pastoreio, e até centros urbanos. No Nordeste, suaprincipal área de distribuição corresponde à faixa da caatinga e ao arquipélagode Fernando de Noronha.

Avoante ou Arribaçã(Zenaida auriculata)Foto: Acervo CEMAVE

A avoante se reproduz em colônias, ou seja, em um grupo grande deindivíduos que se reúnem e que podem chegar a milhares deles. As aves sejuntam após as chuvas, quando há grande quantidade de sementes no solo,para iniciar sua reprodução. No passado, a observação desses bandos quechegavam para reprodução, levou o sertanejo a imaginar até que elas viessemda África. Os cientistas verificaram que isso não era verdadeiro, e comprovaramque a espécie migra pela caatinga, atrás das sementes para sua alimentaçãoe dos futuros filhotes. Curiosamente, esse período de fartura de alimento eprocriação dessas aves coincide com o período que para o Homem representao inverso, a seca.

A caça da avoante

A avoante tem uma ligação muito forte com a história do Homem dosertão, pois ela representou um recurso alimentar muito importante para asubsistência de populações carentes do interior do Nordeste em períodos dassecas. Hoje em dia, a relação entre o Homem e a avoante está se modificando.Ela não é mais utilizada como alimento apenas pela população carente e faminta,e tem sido alvo permanente da caça comercial para abastecer feiras, bares erestaurantes.

Com a evolução do sistema de estradas no Nordeste, a avoante chegouàs cidades maiores e capitais como um tira-gosto exótico, cuja aceitação levouao desenvolvimento de um comércio ilegal de grandes proporções. Toneladasdessas aves são vendidas salgadas nas cidades, podendo também serencontrados os seus ovos para venda.

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A caça de avoante, como qualquer espécie da nossa fauna, é conside-rada um crime que pode até levar à cadeia. É permitida pela lei ambiental ape-nas a caça para matar a fome de uma pessoa faminta e que não tenha outraalternativa para se alimentar (caça de subsistência). Mas cada caso que forflagrado pelos fiscais e policiais ambientais será analisado criteriosamente porum juiz, com o objetivo de julgar se o caçador que foi pego com um animal mortose enquadra nas condições de subsistência.

Esse tipo de caça predatória,além de ser contra as leis ambientais,é realizada de forma brutal, por meiode métodos que variam do abate atiros, ao facheio, que são caçadasnoturnas com auxílio de fachos deluz, onde as aves são mortas apauladas, resultando também nopisoteio de ovos e filhotes. Oagravante dessa caça é que ela épraticada principalmente na época elocais de reprodução da espécie, oque constitui uma ameaça àconservação da avoante.

Avoantes mortas e ovosFoto: Acervo CEMAVE

Projeto Avoante

Afim de evitar essa situação que coloca em risco as populações daavoante, o IBAMA, através do CEMAVE, têm desenvolvido diversos estudospara melhor compreender biologia da espécie e orientar açõesconservacionistas.

O CEMAVE coordena um amplo programa de marcação das avoantes,com anéis metálicos (anilhas) contendo códigos individuais de identificaçãoformados por uma letra e cinco números, que funcionam como a nossa carteirade identidade - dois indivíduos jamais receberão o mesmo código, o que permitesaber o que acontece com cada um após a marcação. O relato do encontrodestas aves marcadas - recuperação - é fundamental para o sucesso doprograma, pois é a informação após o anilhamento que permitirá conhecer suamovimentação, longevidade e, até mesmo é possível a realização de cálculosde taxa de mortalidade na população. Assim, tem sido divulgada amplamentea necessidade de que toda pessoa ao encontrar uma ave anilhada escrevapara o CEMAVE através de sua Caixa Postal 04/34 - Brasília, DF. CEP 70312-970 ou por correio eletrônico: [email protected] e informe o local, a data deencontro, o código da anilha (letra e números) e a situação da ave (morta,viva). Não é necessário devolver a anilha. O recuperador receberá do CEMAVEum certificado de agradecimento, no qual constam os dados de marcação daave.

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Também desde 1992, o Grupo de Trabalho para Conservação e Manejoda Avoante no Nordeste, organizado pelo IBAMA, vem atuando em diversasações que tem como objetivos principais (1) colaborar na realização delevantamentos de dados biológicos da espécie e atividades de educaçãoambiental; (2) elaborar um plano de manejo para a espécie, que viseregulamentar os critérios de uso (caça) sustentado pelas populações carentesda região; e (3) coordenar junto às Gerências Estaduais do IBAMA, os meiosnecessários para proteção das colônias reprodutivas de avoante, o controle efiscalização da caça de subsistência e a repressão da caça comercial predatória.

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5. ÁGUA, FONTE DE VIDA

A água é considerada a seiva de nosso planeta. Isso faz sentido, porque esse elemento possui propriedades físicas e químicas especiais, como deter a capacidade de dissolver mais substâncias que qualquer outro líquido.Dessa forma, ela é um importante meio de transporte de substâncias, além deser fundamental para a maioria das reações químicas que ocorrem em solução.

Devido às suas propriedades especiais, a água representa a maiorparte da constituição dos seres vivos, bem como da superfície do nosso planeta:ambos possuem aproximadamente 2/3 de água em sua composição. Dessaforma, ela é condição essencial de vida de todo vegetal, animal ou ser humano.Uma pessoa com peso e saúde normal pode viver até 30 dias sem comida,contudo, essa mesma pessoa poderá morrer em até 72 horas caso não possabeber água.

Além disso, a água representa um bem essencial aos seres humanos.Ela é utilizada em atividades domésticas diárias, em nossa higienização, nasindústrias, na agricultura, em práticas de lazer, como via de transportes, nageração de energia, entre outras.

Consumo da água no mundo

Muitos autores escreveram que o nosso planeta poderia ser chamadode Planeta Água, pelo fato dela cobrir a maior parte da superfície terrestre.Entretanto, essa imagem pode nos levar a considerar a água como um elementobarato, abundante e inesgotável, o que é um engano. Do total de águadisponível, apenas uma pequena parte é adequada para nosso consumo, pois:

• 97,0 % é água salgada (oceanos);• 2,4 % é água congelada (pólos);• 0,6 % é água doce (rios, lagos, lençóis freáticos).

Sendo que, o consumo desses 0,6%, de água doce é gasto em: • 70% na Agricultura; • 22% na indústria; • 8% para consumo humano nas cidades.

O que nos preocupa nesse cenário, é que esse volume total de águadoce na Terra praticamente se mantém constante, enquanto a população doplaneta cresce a cada dia e muitas nações conservam seus altos padrões de

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consumo. Além disso, é importante lembrar que a água doce subterrânea pos-sui custos bem mais altos para ser utilizada, devido à necessidade de constru-ção de poços, o que pode influenciar na economia mundial em situação deescassez.

Há estimativas que apontam que cada habitante do planeta gasta emtorno de 40 litros de água por dia. Mas será que esse consumo é igual entre aspessoas? Não, enquanto as pessoas nos Estados Unidos gastam até 250 litrosdiários, na África o consumo é de 15 litros por pessoa.

Consumo da água no Brasil

O Brasil possui a maior reserva de água doce do planeta,aproximadamente 13% do total mundial. Apesar disso, a disponibilidade deágua é bastante diferenciada nas diversas regiões do país, pois existem regiõescom elevado potencial hídrico e regiões semi-áridas com chuvas maldistribuídas, como no Sertão nordestino. Além disso, a distribuição e ascondições de acesso a essas águas também variam, principalmente entre meiosrurais e urbanos e entre as classes sociais diferenciadas.

Cerca de 20% da população brasileira não são atendidos porabastecimento de água. Normalmente, são os moradores do meio rural oupessoas de baixa renda, que moram em habitações precárias em favelas,ocupações de terra, loteamentos irregulares e bairros populares, que têm esseserviço de forma precária ou mesmo ausente. Por esse motivo, no Brasil ocenário de desperdício não é diferente do mundial: tem gente que desperdiçamuita água e tem gente que caminha horas para encontrá-la, sendo que nemsempre essa água é apropriada para o consumo humano.

Rotina diária para buscarágua

Foto: Andrei L Roos

Mas de forma geral, o Brasil é um dos países que mais desperdiçaágua no planeta. Em um século, a população brasileira aumentou três vezes,mas o consumo de água foi multiplicado por seis. O desperdício provocadopelos usuários no seu consumo doméstico é muito alto, mas também é graveo volume de água coletada pelas estações de tratamento (áreas onde a águaé tratada antes de ir para a população) que se perde entre o reservatório e atorneira do consumidor: são quase 50% de perda, devido a problemas nosistema de abastecimento e a falhas na operação.

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Principalmente na grandes cidades, convive-se com uma cultura dodesperdício, por isso é importante que haja mudanças de no modo que a águaé utilizada, veja alguns exemplos:

• durante o banho: um banho demorado chega a gastar de 95 a 180litros de água limpa. Banhos de no máximo 5 a 15 minutos economizam águae energia elétrica.

• durante a escovação dos dentes: escovar os dentes com a torneiraaberta gasta até 25 litros de água. O certo é primeiro escovar e depois abrir atorneira apenas o necessário para encher um copo com a quantidade necessáriapara o enxágüe.

• ao apertar a descarga: um válvula de privada no Brasil chega a utilizar20 litros de água em um único aperto. Por isso aperte apenas o tempo necessárioe não jogue lixo na privada.

• ao usar as torneiras: uma torneira aberta gasta 12 a 20 litros porminuto e pingando 46 litros por dia. Vazamentos também devem serconsertados.

• ao lavar louças: lavar as louças, panelas e talheres com a torneiraaberta o tempo todo acaba desperdiçando até 105 litros. O certo é primeiroescovar e ensaboar e depois enxaguar tudo de uma só vez.

• lavando calçadas: muitas pessoas costumam utilizar a mangueiracomo vassoura e desperdiçam muita água durante a lavagem das calçadas. Ocerto é utilizar vassoura e quando necessário um balde ao invés de deixar amangueira aberta o tempo todo gastando até 300 litros de água.

• lavando o automóvel: para o automóvel, o correto é a utilização debalde ao invés de mangueira. Uma mangueira ligada o tempo todo durante alimpeza do automóvel consome até 600 litros de água. Com balde no máximo60 litros.

Poluição das águas

A crescente poluição das águas é uma das principais preocupaçõesmundiais de nosso tempo. Até mesmo o Brasil, que possui a maior reserva deágua doce do planeta, tem muito que se preocupar. Nossos rios, córregos,açudes, lagos e reservas de águas subterrâneas (lençol freático) estão sendocontaminados por lixo, esgoto, produtos químicos industriais, agrotóxicos, etc.A degradação dessas águas tem colocando em risco a sobrevivência de peixes,plantas, animais e dos homens, mulheres e crianças que se utilizam desterecurso.

Os resíduos gerados pelas cidades (lixo, entulhos e produtos tóxicos)e utilizados no campo (agrotóxicos e adubos) muitas vezes são transportadospelas chuvas para os rios e águas subterrâneas. Isso é facilitado peladegradação da vegetação nas margens de rios e suas nascentes, pois ela

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Os gases poluentes da fumaça dos carros e das indústrias também vãopara as nossas fontes de água, pois eles voltam a terra em forma de chuvaácida. Essa chuva é muito prejudicial ao meio ambiente, a nossa saúde e anossa agricultura.

Saneamento básico

Além de serem transportados pela chuva, muitos poluentes, comoesgoto domésticos ou resíduos industriais, chegam aos nossos rios ou oceano,através de canalizações irregulares ou por canalizações construídas pelosmunicípios (rede pública de esgoto), sem passar por qualquer tipo de tratamento.Quando puxa a descarga no banheiro de sua casa, você sabe para onde estáindo essa água suja?

A falta de saneamento básico e de redes de tratamento de esgotodoméstico é um dos maiores problemas do país. Mais da metade da populaçãonão têm seus esgotos ligados à rede pública. Essas são principalmente pessoasde baixa renda ou que vivem no meio rural. Também aproximadamente 80%da população brasileira não têm tratamento de seus esgotos. Toda casa deveriater uma rede de canos para levar o seu esgoto para grandes centrais detratamento, onde ele seria tratado e separado em água e sujeira. A água poderiaser então reaproveitada para indústrias, diminuindo o consumo de água e apoluição dos rios.

As indústrias produzem grande quantidade de resíduos em seusprocessos. São produtos químicos muito tóxicos e malcheirosos, que não sãofacilmente degradados em processos naturais ou nas usinas de tratamento deesgotos. A lei exige que as indústrias limpem esses dejetos antes de lançá-losem águas limpas, mas isso nem sempre acontece. Algumas indústrias possueminstalações para o tratamento das sobras de sua produção, mas muitas delasainda lançam diretamente seus resíduos nos rios, causando sérios danosambientais e a nossa saúde.

Água e saúde

Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 5 milhõesde pessoas morrem por ano no mundo devido às doenças transmitidas pelaágua. No Brasil, mais da metade das internações hospitalares são decorrentesdas doenças transmitidas pela água, como diarréia, muitas verminoses, hepatite,meningite, leptospirose, esquistossomose e outras. Isso é o resultado daprecariedade dos serviços saneamento básico dos municípios brasileiros, e

funciona como uma espécie de filtro para o rio, impedindo ou dificultando aentrada de materiais estranhos que chegam com as chuvas e também dificultao desmoronamento de suas margens.

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também do pouco investimento na educação de nosso povo. Você sabia quecada real investido pelo governo em saneamento básico resultaria em umaeconomia de cinco reais em atendimento médico?

Mais da metade dos municípios brasileiros não possuem estações detratamento de água, o que mostra muitos brasileiros não estão tendo acesso auma água limpa e potável (que pode ser bebida). Entretanto, é importantesaber que mesmo as águas tratadas podem estar contaminadas, devido aosinúmeros encanamentos que elas percorrem da estação de tratamento atéchegar em nossas torneiras. Por isso, toda água, até mesmo aquelas queparecem ser cristalinas, deve passar por filtração ou adição de cloro antes deser bebida.

Ação

A melhor maneira de tratar a questão da água é organizando suacomunidade (bairro, escola, igreja, etc) para levantar e compreender osproblemas de água vivenciados em sua região e estudar estratégias conjuntasde ação. É fundamental que as pessoas sejam sensibilizadas quanto aoproblema da poluição e desperdício de água e que sejam multiplicadas asmudanças de hábitos sugeridas no texto, para um uso correto da água. Mastambém é importante que a comunidade se mantenha organizada para monitorara qualidade da água, se envolver na recuperação de seus rios e se manifestarjunto ao poder público, em defesa da qualidade da água e dos serviços deesgoto e abastecimento, para toda a população.

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6. O LIXO, UM PROBLEMA DE TODOS NÓS

A nossa sociedade atual produz um volume muito grande de resíduos,ou seja, restos resultantes das atividades humanas na sociedade. As indústrias,o comércio, as fazendas, os hospitais, os domicílios, descartam, além deresíduos gasosos e líquidos, também grande quantidade de resíduos sólidos,na forma de plásticos, metais, papéis, papelões, borracha, vidros, alimentos eoutros objetos. Esses resíduos sólidos são considerados lixo por queaparentemente não servem mais, porém o que é lixo para alguns, pode ter umvalor para outros.

Tipos de lixo

Podemos separar os tipos de lixo conforme sua origem:

• lixo doméstico ou domiciliar: ele geralmente é constituído porsobras de alimentos, embalagens, papéis, papelões, plásticos, vidros, trapos,etc. Mas também pode conter produtos perigosos (tóxicos ou inflamáveis),como produtos de limpeza (soda cáustica, ácidos, água sanitária), solventes,tintas, produtos de manutenção de jardins (praguicidas), venenos, inseticidas,medicamentos, spray, pilhas, etc. Este lixo perigoso exige cuidado e atençãoespeciais quanto ao seu destino final, porque contém substâncias prejudiciaisà saúde humana.

• lixo comercial: provenientes de estabelecimentos comerciais, comolojas, lanchonetes, restaurantes, açougues, escritórios, hotéis, bancos, etc.Os componentes mais comuns do lixo comercial são papéis, papelões,plásticos, restos de alimentos, embalagens de madeira, resíduos de lavagens,sabões, etc. Mas também podem conter os mesmos produtos perigosos dolixo doméstico.

• lixo industrial ou agroindustrial: é todo e qualquer sobra resultanteda atividade industrial ou da agricultura, estando também incluído o lixo dasconstruções. Esses tendem a conter resíduos tóxicos e perigosos, como ácidos,mercúrio, chumbo, dióxido de enxofre, berílio, oxidante, alcatrão, butano, cloro,agrotóxicos, fertilizantes, etc. As indústrias devem ter um plano especial paratratamento desses resíduos, pois eles são prejudiciais à saúde humana.

• lixo hospitalar: é constituído pelos resíduos de diferentes áreasdos hospitais, como: refeitório (restos de comidas); tecidos desvitalizados

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(restos provenientes das cirurgias), seringas descartáveis, ampolas, curativos,medicamentos, papéis, restos de laboratórios. Neste grupo incluem-se osresíduos sólidos provenientes das unidades de medicina nuclear, radioterapia,radiologia e quimioterapia. Este lixo exige cuidado e atenção especiais, devendoser coletado separadamente e destinados a queima, porque existe o riscodesses resíduos transmitirem doenças infecto-contagiosas.

• lixo público: é o lixo proveniente da varrição ou corte de galhos deárvores em logradouros públicos, mercados, feiras.

Cada tipo de lixo merece uma separação, coleta e destinaçãoadequada, conforme seu grau de periculosidade (perigo tóxico, de transmitirdoenças ou de pegar fogo) e capacidade de reutilização ou reciclagem.

Lixo não coletadoFoto: Andrei L. Roos

Lixo não coletado nascasas

Foto: Andrei L Roos

Origem do lixo

O aumento da industrialização é o fator principal de produção do lixo. Porém,a produção só é grande porque existe o consumo desses materiais produzidos.Mas de que maneira funciona essa relação?

As industrias estão sempre modificando seus produtos e fazendopropaganda deles para aumentar suas vendas. Essa propaganda causa emnós a vontade de consumir um produto, ou trocar os nossos “antigos” por

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aqueles mais “modernos”. Assim, muitas vezes compramos um tênis novo nãoporque realmente precisamos de calçados, mas porque achamos o nossoultrapassado e desejamos aquele último modelo que está na moda. Semperceber, não estamos mais comprando produtos pela sua funcionalidade, maspela sensação de felicidade que é TER algo. Mas será que felicidade é isso?

Além disso, esse consumo é aumentado pela diminuição da vida útildos produtos atuais. Veja o exemplo dos eletrodomésticos: em 1950 essesutensílios eram resistentes e feitos para durar. Caso eles quebrassem, aspessoas levavam esses aparelhos em técnicos especializados, pois era maisvantajoso arrumá-los do que comprar outro. Hoje em dia isso é raro. Os produtossão mais frágeis e duram menos tempo. Quando eles quebram, suas peças eseu concerto são tão caros que muitas vezes preferimos algo novo, de últimageração. Isso leva ao aumento das vendas das indústrias e um gasto a maisem nosso orçamento.

Hoje em dia esse consumismo é um dos principais responsáveis pelosproblemas ambientais gerados pelo lixo. O descarte de produtos é imenso eparece inesgotável, por outro lado o tempo que a natureza leva para degradá-los pode ser muito lento, vejamos alguns exemplos:

- jornais........................................... 14 a 42 dias- embalagens de papel.................... 01 a 04 meses- guardanapos de papel e frutas...... até 03 meses- pontas de cigarros e fósforos........ até 02 anos- chicletes........................................ até 05 anos- náilon............................................ até 30 anos- garrafas de plásticos..................... até 100 anos- garrafas e frascos de vidro............ até 01 milhão de anos

Prática dos 3rs

No Brasil temos grupos que estão atentos aos prejuízos causadospelo lixo e estão praticando a Educação Ambiental com o objetivo de reduzir asua quantidade nas casas, escolas, comércio, escritórios, universidades, etc.A principal metodologia que se trabalha é da sensibilização para a prática dos3 Rs: REDUZIR, REUTILIZAR e RECICLAR. Essas ações devem ser praticadaspor todos, na seguinte ordem de importância:

Reduzir o lixo em nossas casas significa diminuir o consumo de tudoo que não é realmente necessário para nós. Devemos cuidar e valorizar nossosbens, para tentar aumentar a vida útil deles: carros, pneus, eletroeletrônicos,eletrodomésticos, etc.

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Reutilizar significa usar um produto que já não tem mais valor para suafunção original, mas que pode ser utilizado de outras maneiras. Como porexemplo: utilizar roupas e livros didáticos de nossos irmãos, primos e amigos;reutilizar potes de plásticos ou vidro de produtos industriais para armazenarnovos produtos; reutilizar como rascunho o verso das folhas de papel usadas;reutilizar envelopes, colocando etiquetas adesivas sobre os nomes do remetentee destinatário; reutilizar materiais para outros fins, como vasos de plantas,construção de brinquedo, etc.

Por isso é importante que na hora da compra, você dê preferênciapara produtos que tenham embalagens com potencialidade de seremreutilizadas. Use a imaginação!

Porém é importante lembrar que embalagens de produtos tóxicos, alémde materiais hospitalares, como seringas e luvas, nunca devem ser reutilizados.Eles podem fazer mal a nossa saúde.

Reciclar é uma maneira de fazer novos produtos a partir do materialde algo descartado. A reciclagem contribui para a redução do volume do lixo,mas principalmente na economia da matéria-prima dos materiais a seremreciclados, e que estariam sendo explorados na natureza. Veja os exemplos: oreaproveitamento do plástico ajuda a poupar os derivados de petróleo; reciclarpapel significa menos árvores derrubadas; reciclar latinhas, significa menosextração do minério do alumínio; cacos de vidros são usados na fabricação denovos vidros, o que permite a economia de energia, etc.

Indústrias brasileiras já iniciaram programas de substituição deembalagens descartáveis, dando lugar a materiais recicláveis. Há uma grandediferença entre produto RECICLÁVEL e o RECICLADO. O produto reciclável éaquele que tem o potencial de ser reciclado. Já o produto reciclado é aqueleproduto que foi feito a partir da matéria-prima reciclada (usada). Prefira comprarmarcas de produtos reciclados para incentivar a prática da reciclagem entre asempresas. Também procure escolher produtos com embalagem reciclável, emvez daquelas não-reciclavel, como isopor.

Apesar da importância da reciclagem, ela não é uma solução mágica.Ela não destrói os resíduos tóxicos e no processo de reciclagem de papel,vidro ou metal, também se gasta muita energia e água. Além disso, a maioriados materiais não pode ser reciclada eternamente sem perda de qualidade.Por isso, é sempre melhor reduzir o consumo e reutilizá-los.

Três setas compõem o símbolo da Reciclagem, cada uma representaum grupo de pessoas que são indispensáveis para garantir que a reciclagemocorra. A primeira seta representa os produtores, as empresas que fazem oproduto. Eles vendem o produto para o consumidor, que representa a segunda

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seta. Após o produto ser usado ele pode ser reciclado. A terceira seta represen-ta as companhias de reciclagem que coletam os produtos recicláveis e atravésdo mercado, vendem de volta o material usado para o produtor transformá-loem novo produto. Se alguma dessas setas não funcionar, não é possívelcompletar o processo de reciclagem.

FIGURA SÍMBOLO DARECICLAGEM

Uma grande dificuldade da prática da reciclagem é o bom funcionamen-to de das três setas de seu símbolo ao mesmo tempo: os consumidores muitasvezes não separam seus lixos recicláveis; os municípios geralmente não possu-em serviços de coleta seletiva e usinas de reciclagem; e grande parte das indús-trias não se preocupa com a destinação final dos materiais que elas produzi-ram, como se isso não fosse problema delas.

Ação

Por isso é importante que nós, cidadãos consumidores, façamos anossa parte separando o nosso lixo e procurando destina-lo de forma adequada,sempre em lixeiras de:

• Orgânicos: é composto por restos de alimentos, cascas de legumese frutas, folhas e galhos secos, esterco (fezes) de animais, etc; Esses materiaissão facilmente degradados pela natureza e podem ser utilizados como adubospara o solo. Podemos construir um local para compostagem em nossas casasou encaminhar esse lixo para propriedades que trabalham a terra, como hortas,viveiros de mudas, etc. Caso isso não for possível ele deve ser depositado noslocais de coleta de lixo de seu município.

• Não orgânicos e recicláveis: é composto por materiais recicláveis,como papéis, vidros, metais e plásticos; Primeiramente devemos tentar reutiliza-los em nossa casa. Caso isso não for possível, esse lixo deve ser encaminhadopara os locais de coleta seletiva de sua cidade, que levarão esse material paraas usinas de reciclagem. Ele também pode ser entregue a catadores de sucata,tão comuns em nossas ruas, pois esses tentarão vender o material para locaisque promovem a reciclagem. É importante que as embalagens de alimentossejam lavadas antes de serem jogadas nesse lixo, para que não apodreçamdurante o destino até reciclagem. Também deve-se embalar cuidadosamentemateriais de vidro e outros produtos cortantes, para que sejam evitadosacidentes com os trabalhadores que fazem a coleta de lixo.

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• Não orgânicos e não-recicláveis: outros materiais diferentes da-queles citados no item acima, que não podem ser reciclados. Esse lixo deve serdepositado nos locais de coleta de lixo de seu município. Entretanto, algunsmateriais perigosos, como pilhas, embalagens de produtos tóxicos comsímbolos de perigo nos rótulos, e outros, devem ser descartadas em locaisespeciais. É importante que as embalagens sejam lidas, pois elas podemesclarecer sobre qual é o melhor destino. Caso não exista esse tipo deinformação, devemos contatar os fabricantes desses produtos ou a Secretariade Meio Ambiente de seu Estado ou Município para obtermos maisesclarecimentos.

Além dessas ações, também devemos organizar a comunidade parase manifestar juntos aos governantes para que (1) todo o barro tenha coleta delixo adequada; (2) e que sejam implementados programas de EducaçãoAmbiental para estímulo da prática dos 3Rs e programas de reciclagem,envolvendo associações comunitárias, cooperativas e microempresas, comoestratégia de geração de emprego e de renda para a população.

Destino final do lixo

Quando colocamos nosso lixo para fora de nossa casa, muitas vezesnão sabemos qual será o seu destino depois da coleta. Esperamos que eleseja encaminhado para um local adequado, mas isso nem sempre acontece.

A estrutura dos órgãos públicos em relação ao tratamento do lixo éfalha. No Brasil se produz cerca de 90 mil toneladas por dia de lixo, sendo que34 milhões de habitantes urbanos não dispõem de coleta domiciliar. Em 64%dos municípios brasileiros, os resíduos sólidos são depositados em lixões acéu aberto. Como não há a preparação adequada para a recepção do lixo, oslixões produzem mau cheiro, contaminam o solo, o lençol freático e outroscorpos d’água localizados próximos a área. Esses também são locais quepermitem o desenvolvimento de moscas, ratos e outros animais que transmitamdoenças.

Os locais corretos para o encaminhamento do lixo são:

• • • • • Aterros sanitários: São locais rigorosamente escolhidos para odepósito do lixo, devendo obedecer critérios como: ter uma geologia e terrenoadequados, ser distante de rios e córregos, entre outros.

No aterro, o lixo é confinado sem causar maiores danos ao meioambiente. Nesses locais, o lixo é comprimido sobre o solo (compactação),através de máquinas que diminuem seu volume. Posteriormente, esse lixocompactado é coberto por uma camada de areia, minimizando odores, evitandoincêndios e impedindo a proliferação de insetos e roedores.

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A compactação tem como objetivo reduzir a área ocupada pelo lixo,aumentando o tempo de vida do aterro. Ao mesmo tempo, esse processoresulta na firmeza do terreno, possibilitando seu uso futuro para outros fins,como implantação de praças e parques municipais.

• • • • • Incineradores: São instalações onde é realizada a queima do lixoem altas temperaturas. É um método de alto custo devido a utilização deequipamentos especiais. Neste método existe uma grande redução do volumedo lixo, sobrando apenas cerca de 3% do volume original.

Apesar de atualmente existem modernos incineradores, ainda háinconvenientes envolvendo seu uso. O problema mais grave é a poluição do arpelos gases da combustão (queima) e a não retenção de algumas partículaspelos filtros do equipamento e que podem ser danosos à saúde. O lixo hospitalardeve ser obrigatoriamente encaminhado para incineração.

• Composteira de lixo: São locais onde lixo orgânico passa peloprocesso de decomposição, resultando em um composto que pode servir deadubo pra melhorara a qualidade do solo. Além do adubo também é produzidoo gás Metano, que pode ser utilizado como combustível em caldeiras, fogões epequenos motores, através de aparelhos chamados biodigestores

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7. ATIVIDADES PROPOSTAS

As atividades aqui propostas têm por finalidade ajudar você professor(a)a desenvolver em seu aluno, o senso de responsabilidade para com o meioambiente. Veja qual atividade reflete melhor a realidade de sua turma. Seprecisar, adapte a atividade ao cotidiano do aluno.

7.1. Jogo dos Bichos (adaptado do “Animal Game” – de Joseph Cornell)

Objetivo: identificar, através de pistas um animal e desenvolver acoordenação motora do aluno.

Método: formar duas equipes iguais. Cada equipe escolhe um animaldiferente do outro, e para cada animal formula-se pistas, o número de pistasdeve ser igual ao número de integrantes da equipe. Em seguida cada equipeficará atrás de uma linha feita com galhos ou risco no chão. Entre essas duaslinhas se fará outra linha bem ao centro. Após isso inicia-se o jogo, onde cadamembro das equipes terá sua vez para dar e receber as pistas.

Informações: os participantes devem ter pré-requisitos sobrecaracterísticas gerais dos animais que serão utilizados no jogo.

Material: galhos ou giz; lápis e papel.

Procedimento: formar duas equipes iguais, cada equipe escolhe umanimal, e para cada animal pensam e escrevem um número de pistasequivalente ao número de pessoas de cada equipe, que devem serprogressivamente fáceis. Depois das pistas prontas, cada equipe ficará atrásde sua linha, feita com galhos ou riscos no chão, sendo esta linha a base daequipe e no centro das duas linhas, fazer uma outra linha:

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Inicia-se então o jogo, as equipes alternam-se para dar pistas, devendocada equipe decidir antecipadamente qual pista cada membro dará.

Um membro de cada equipe sai da sua base para a linha central, entãoo membro do A dá a 1ª pista, o membro do B reúne-se com sua equipe tentandoidentificar o animal. Dez segundos (podendo ser maior) depois volta à linhacentral para dizer o nome do bicho. Se acertar, corre para tentar pegar omembro do A antes que ele chegue de volta a sua base, assim terá um amenos na equipe adversária, e conseguindo pegar ou não, a equipe B teráganho a 1ª partida do jogo. Se o membro B errar o nome do bicho, quemcorrerá atrás será o membro A, tentando pegar o membro B para assim deixarum membro a menos na equipe adversária, se não conseguir pegar não temproblema.

Dessa maneira o jogo continua, agora é a vez da equipe B dar a 1ªpista, segue da mesma maneira; o mesmo membro do B que recebeu a 1ªpista do membro A, dessa vez, dará a pista, e o mesmo membro da equipe Areceberá a pista, seguindo o mesmo procedimento descrito anteriormente, asoutras pistas serão dadas de cada vez a um membro de cada equipe.

Vencerá o jogo a equipe que adivinhar o animal, ou aquela que pegartodos os adversários antes mesmo de identificar o bicho.

Para classes numerosas forme várias equipes e deixe que os finalistasdisputem uma partida para decidirem a vitória.

Avaliação: a avaliação será feita mediante o desempenho dosparticipantes durante o jogo, pois tendo os participantes obtidos informações eexplicações prévias sobre os animais, os mesmos terão um bom desempenhopara identificar os animais.

7.2. Saracura, as Saracurinhas e o Guaxinim

Objetivo: desenvolver a coordenação motora, velocidade e atenção.

Método: dividir uma área em 3 partes com 2 riscos (feitos com giz ougalhos), onde um lado da risca se posicionará uma criança (saracura mãe), nomeio uma outra criança (guaxinim) e atrás da outra risca o restante da turmapara serem as saracurinhas.

Informações: o guaxinim também conhecido como mão pelada, é ummamífero muito inteligente, o pêlo de seu corpo é acinzentado, com anéis pretosno rabo, possui uma mancha preta ao redor dos olhos como uma máscara. Éonívero, tem uma dieta que varia desde frutos e vegetais, até insetos,

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crustáceos, ratinhos, aves e anfíbios. Gostam de freqüentar lugares próximo àágua, pois tem o hábito de lavar o alimento antes de comer. Na verdade esteato tem o objetivo de facilitar o sentido táctil, pois ele se exerce melhor com osdedos molhados.

Material: galhos ou giz.

Procedimento: na área dividida em 3 partes, coloca-se uma criançaao centro (guaxinim), uma outra atrás da risca (a saracura mãe) e as outrascrianças atrás da outra risca. O jogo inicia-se com a mãe dizendo:

- minhas saracurinhas venham cá!

As saracurinhas respondem:- não vou não, tenho medo do guaxinim.

Repetir várias vezes, até quando a Saracura dizer:- minhas saracurinhas venham já!!

As saracurinhas deverão atravessar a área, passando pelo guaxinim,que tentará pegá-las, e irem se proteger do outro lado da risca onde se encontraa saracura mãe. As saracurinhas que forem apanhadas pelo guaxinim, passarãoa ser guaxinim. A saracura mãe passará para o outro lado, na outra risca,continuando o jogo.

A última saracurinha será o vencedor, e será o novo iniciante do jogo(saracura mãe).

7.3. Jogo dos vestígios

Objetivo: Despertar entusiasmo e espírito de coesão em grupo.Diferenciar, distinguir, observar e descrever animais de diferentes classificações.

Método: Os alunos são dispostos em um único grupo onde serãodistribuídos 40 cartões contendo em cada, um vestígio de um animalespecificado, sendo 10 vestígios por animal.

Material: 40 cartões com vestígios de animais.

Procedimento: O professor precisará de 40 cartões do mesmotamanho, que pode ser de 7x10 cm, nos quais serão escritos um único vestígiopara identificar 1 de 4 animais (10 cartões – vestígio por animal). O professorpode variar o número de animais e vestígios.

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Para jogar, embaralhe os cartões e distribua entre os jogadores, cadajogador pode receber mais de um cartão e vestígios de mais de um animal. Osjogadores devem estar parados enquanto recebem os cartões e depois elespodem misturar-se livremente. A meta do jogo é descobrir a identidade decada um dos 4 animais e juntar todos os 10 cartões que descrevem cadaanimal. Todos só devem começar juntos, ao ser dado o sinal.

Os jogadores falam os nomes dos animais que eles acham que estãodescritos em seus cartões. Exemplo: um cartão de um jogador pode dizer:“tem sangue quente, uma longa cauda e 4 pés”, o jogador pensa: “talvez sejaum esquilo”, então ele grita: “esquilo! Esquilo!” Ninguém mais grita “esquilo,mas alguém está gritando “lontra”, então o jogador percebe muitas outraspessoas encaminhando-se na direção da pessoa “lontra”. Ele confere seuvestígio novamente e imagina que ele poder ser uma lontra e não o esquilo,então ele se une ao grupo e eles tentam juntar todos os 10 vestígios.

Para resultados rápidos, o grupo deve escolher uma pessoa para tentarjuntar todos os 10 vestígios. Uma pessoa para cada animal, assim um jogadorpoderia querer dar seu cartão lontra para o coletor lontra e se concentrar emseus outros cartões.

O professor pode misturar-se com o grupo, dando ajuda se precisarem,mas os jogadores devem confiar uns nos outros.

Compare os cartões de cada grupo apenas quando eles disserem quejá coletaram todos os vestígios. Quando todos os animais são identificados eos outros cartões são juntados, cada grupo lê 2 ou 3 de seus vestígios maisinteressantes em voz alta. O professor pode adaptar os vestígios para cadafaixa etária.

Extensão: após a leitura dos vestígios serem feitas, pode-se compararas características dos animais encaixando-os em suas respectivasclassificações.

Avaliação: a avaliação é feita com a conclusão do jogo e com aidentificação correta dos animais.

7.4 – Jogo do equilíbrio

Objetivo: os participantes serão capazes de memorizar nomes dealgumas espécies de plantas nativas, os problemas que uma monoculturaacarreta e a importância da diversidade para a manutenção das florestas.

Método: os alunos serão dispostos em círculo, cada aluno receberá

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um cartão contendo o nome de duas espécies. Após a brincadeira, será feita aexplicação e a conclusão da mesma.

Informações: nas florestas e matas nativas existem diferentes espécies deplantas e animais. Quanto maior for a diversidade das espécies, maiores asinter-relações entre elas e as chances de sobreviverem ou se recomporemfrente à situação adversas (caça, destruição do habitat, epidemia, etc.), anatureza consegue se sustentar e manter o equilíbrio ecológico. Em umamonocultura, se ocorrer uma “catástrofe”, como por exemplo: praga, todo osistema é atingido.

Material: cartões pequenos para cada participante.

Procedimento: conte o número de participantes e escreva em cartõesindividuais o nome de 4 espécies vegetal nativa da região, repetindo o nomequantas vezes forem necessárias, em uma linha do cartão, de maneira que asnativas fiquem distribuídas entre os participantes de uma maneira alternada.Na outra linha do cartão escreva o nome de uma espécie de monocultura(exemplo: eucalipto) para todos. Veja o modelo abaixo:

1 – quaresmeira 1 – ipê 1 - jacarandá

2 – eucalipto 2 – eucalipto 2 - eucalipto

Cada criança pegará um cartão e manterá em segredo o que estiverescrito nele. Peça para que todos fiquem de braços dados, bem perto e firmes,formando um círculo. A primeira fase da brincadeira será para os primeirosnomes escritos nos cartões. A cada chamada do nome da espécie vegetalnativa as pessoas com os nomes correspondentes (exemplo: quaresmeira,ipê, jacarandá, etc) deverão abaixar-se e as outras sustenta-las com os braços.Desta forma até que todos tenham sido chamados.

A segunda fase será para o segundo nome escrito nos cartões. Ascrianças não sabem que todos serão eucaliptos, e todas cairão no chão quandoeucalipto for chamado.

Extensão: após a atividade o professor poderá pedir uma pesquisasobre monocultura de eucaliptos, vantagens e desvantagens para o meioambiente.

Avaliação: o professor poderá pedir aos alunos para que façam umjúri simulado sobre o problema da monocultura de eucaliptos, seus prós econtras, com advogados de defesa e acusação.

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7.5. Animal Misterioso

Objetivo: os alunos serão capazes de registrar em forma visual umanimal e seu habitat.

Método: o professor deve induzir os estudantes a prestarem atençãoem tudo o que ele disser, pois, eles terão que produzir um desenho do animalem seu meio.

Informações: de acordo com o animal escolhido, terá que se saberalgumas características do animal como habitat, alimentação, modo de vida,morfologia e assim por diante. Deve ser criado um clima de mistério cheio deinformações intrigantes.

Material: barbante, pregador, lápis e cartões.

Procedimento: Nesta atividade o professor deve escolher um animale transmitir as informações sobre ele. Com adultos e adolescentes ele deveusar uma narrativa que envolva os sentidos, o som da mata, o calor e umidade,o cheiro e assim por diante. Incluindo informações sobre o meio onde o animalvive, seus hábitos, etc. Induza os alunos a prestarem atenção e diga que elesterão que produzir um relatório. No final da narrativa ao invés deles produziremum relatório, distribua canetas e os cartões e diga-lhes que o relatório será umdesenho do animal em seu meio ambiente (não mencione o desenho até ofinal para não criar um clima de desconforto, e depois diga que não precisaassinar). Faça um varal e pendure os cartões como uma pequena “exposiçãode arte”. Depois mostre-lhes uma foto do animal para que pesquisem osdetalhes que você mencionou e os que eles incluíram nos desenhos.

7.6. Brincadeira dos animais

Objetivo: o aluno será capaz de distinguir os animais nativos que vivemem sua região dos outros que não vivem. O aluno será capaz de distinguir osanimais nativos dos animais exóticos.

Informações: a fauna brasileira é uma das mais ricas do planeta.Apesar deste mérito, a maioria da população brasileira desconhece grandeparte desta fauna e tem dificuldades em diferenciar animal nativo (brasileiro)de animal exótico.

Material: nenhum.

Método: os alunos ficarão sentados no chão dispostos em círculo.

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Desenvolvimento: inicia-se o jogo com o professor dizendo as seguin-tes frases:

- Atenção! (3 palmas)- Concentração! (3 palmas)- Ritmo! (3 palmas)- Vai começar! (3 palmas)- A brincadeira (3 palmas)- Dos animais (3 palmas)

O professor diz o nome de um animal nativo e os alunos devem bater3 palmas no ritmo. Se o professor disser o nome de um animal que não sejanativo os alunos não devem bater as palmas. O aluno que bater palmas paraum animal exótico, imitará o bicho que foi dito, saindo, em seguida, dabrincadeira.

7.7. Que animal sou eu?

Objetivo: os alunos serão capazes de identificar e classificar um animale ter noções de ecologia animal.

Material: gravura de animais e alfinetes ou barbantes.

Método: um dos participantes ficará de pé e de costas para os seuscompanheiros com uma gravura de animal alfinetada nas costas

Procedimento: prenda com um alfinete uma gravura de um animalqualquer nas costas de um participante do grupo. Não mostre a gravura paraele. Este deverá ficar de costas para os outros participantes de modo que elesvejam que animal está na gravura. Em seguida o participante que estiver coma gravura do animal nas costas fará perguntas para descobrir a identidade deseu animal. Os demais participantes poderão responder somente sim, não etalvez.

Informações: o professor que ministrar a brincadeira deverá pesquisarsobre os hábitos dos animais das gravuras que ele separou previamente paraque, se necessário, auxiliar nas perguntas garantindo o bom andamento dabrincadeira. A maioria das gravuras deverá ser de animais nativos paradespertar a curiosidade e a valorização dos animais brasileiros.

Extensão: a partir desta brincadeira o professor poderá pedir para osalunos uma pesquisa detalhada sobre o animal nativo.

Avaliação: o professor poderá avaliar a brincadeira dividindo os alunos

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em grupos e distribuindo as gravuras durante a brincadeira entre os grupos epedir para que eles escrevam tudo o que souberem sobre o animal da gravura.

7.8. Fogo na Mata

Objetivo: demonstrar a perturbação do agente fogo, sobre os animaissilvestres em uma floresta.

Informações: o professor deve ter alguns dados para informar arespeito de animais nativos que vivem nas florestas, como por exemplo hábitosalimentares, características dos animais, etc.

Material: cadeiras.

Procedimento: forme um circulo com os participantes sentados emcadeiras. Cada um receberá secretamente o nome de um animal de uma listade 4 animais para um grupo de até 40 alunos, que se alternam repetidamente.

O professor inicia o jogo ficando no centro do círculo em pé. Ele contaum pouco do hábito de um animal e quando disser o nome dele as pessoasque o representam devem trocar de lugar e assim sucessivamente.

Quando for dito: “fogo na mata” – todos os animais devem trocar delugar e o professor sentar. Quem ficar de pé deverá conduzir a brincadeira. Eo professor será o animal que esta pessoa representava. A pessoa que sobrarpor 3 vezes deverá imitar o seu animal. No fim, o professor deverá explicar asgrandes perturbações do fogo nas matas,

Extensão: após a atividade o professor poderá pedir uma pesquisasobre queimadas em matas e florestas.

Avaliação: o professor poderá pedir aos alunos que façam um júrisimulado sobre o problema do fogo nas matas, seus prós e contras, comadvogados de defesa e acusação.

7.9. Como se encontram os bichos nas matas?

Objetivo: os alunos serão capazes de identificar e diferenciar avocalização dos animais e definir demarcação de território.

Método: os estudantes através de uma brincadeira com emissão desons e Expressão corporal irão identificar o som ou ruído do seu semelhante eagrupar-se.

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Material: lápis e papel.

Informações: na natureza, além do homem, outros animais secomunicam. Os da mesma espécie tendem a se unir e encontrar mecanismospara se localizarem na matas, com os sons e ruídos. Cada espécie possuiuma vocalização própria.

Os animais possuem um tipo de linguagem de acordo com a situação.Existem vocalizações para demarcação do território, para acasalamento e dealerta, quando há aproximação de algum predador.

Procedimento: conte o número de participantes e escreva o nome de3 animais em pedaços de papel. Ex.: sapo, bem-te-vi, onça, ou outros animaissilvestres de sua região.

Repita os animais quantas vezes forem necessárias para que todostirem um. Ao sinal do professor, todas os alunos devem emitir simultaneamenteo ruído do seu animal sorteado, com o fim de se agruparem.

Extensão: A partir das informações, os alunos poderão ir as matas,campos ou zoológicos, observar e ouvir os diferentes tipos de vocalização dosanimais.

Avaliação: o professor poderá gravar uma fita K-7 com sons dediferentes animais, sendo que as crianças deverão fazer uma lista com nomesa medida em que forem ouvindo.

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8. GLOSSÁRIO

Agenda 21: documento político, com compromissos assumidos pelas partes,formando a base de um processo que deverá substituir os modelos tradicionaisde desenvolvimento e de proteção ao meio ambiente. A implementação dasrecomendações nela contidas resultarão na efetiva aplicação do conceito dodesenvolvimento sustentável.

Biodegradável: material poluidor sujeito a biodegradação, que é a capacidadedos organismos, principalmente das bactérias e fungos, de compor materiaisorgânicos resistentes.

Bioma: uma unidade biosférica grande, caracterizada em geral pelo tipo devegetação, de clima e da localização geográfica. Por exemplo a caatinga.

Conservação: manejo dos recursos do ambiente, ar, água, solo, minerais eespécies viventes, incluindo o homem de modo a conseguir a mais alta qualidadede vida humana sustentada. Nesse contexto, o manejo dos recursos incluemprospecções, pesquisa, legislação, administração, preservação, utilização,educação e treinamento.

Degradação Ambiental: processo gradual de alteração negativa do ambiente,resultante de atividades humanas que podem causar desequilíbrio e destruição,parcial ou total, dos ecossistemas.

Ecossistemas: a interação das comunidades vivas com o ambiente físico poreles ocupado. É a unidade funcional básica do estudo ecológico.

Educação Ambiental: processo formativo utilizando conjunto de atividadesidéias que levam o homem a conhecer o ambiente e utilizar os recurso naturaisde maneira racional.

Heterogeneidade: diversidade.

Meio Ambiente: conjunto de todas as condições e influências externascircundantes, que interagem com um organismo, uma população ou umacomunidade.

Preservação Ambiental: ações que garantem a manutenção das

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características próprias de um ambiente e as interações entre os seus compo-nentes.

Recurso Natural: qualquer recurso ambiental que pode ser utilizado pelohomem. O recurso será renovável ou não na dependência da exploração e/oude sua capacidade de reposição.

Unidades de Conservação: área natural sob proteção governamental, podendoser classificada como: área de proteção ambiental (APA); área natural tombada;estação ecológica; parque, reserva ou santuário.

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A PROAVES - Associação Brasileira para Conservação das Aves - é umasociedade civil de direito privado, sem fins lucrativos.

Criada em 1991, tem como objetivos :

- Executar e apoiar estudos voltados à conservação das aves silvestres eseus habitats;- A conservação dos recursos naturais renováveis;- Fornecer informações técnicas para apoiar ações de formulação depolíticas de meio ambiente;- Promover e participar de encontros de caráter cultural e científico eprogramas e ações educativas na conservação de ambientes especialmenteàs aves silvestres.

Desde o ano de sua fundação atua em parceria com o CEMAVE-Centro Nacional de Pesquisa para Conservação das Aves Silvestres,do IBAMA.

Áreas de Atuação:

- Inventariamento de avifauna;- Estudos de impactos sobre a avifauna em empreendimentos;- Planejamento e gerenciamento em Unidades de Conservação;- Desenvolvimento de Pesquisas com avifauna;- Estudos com aves relacionados a problemas;- Treinamento e capacitação de ornitólogos;- Desenvolvimento de projetos relacionados a aves de caça, ameaçadas de extinção, migratórias e coloniais;- Publicação de livros e guias de ornitologia;- Gerenciamento e apoio a projetos relacionados à avifauna;- Implementação de atividades de educação ambiental.

PROAVES - SCLN 315, Bloco B, Sala 211. Brasília, DF. CEP 70774-520Telefone / fax: 0XX61 - [email protected]

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O CEMAVE - Centro Nacional de Pesquisa para Conservação das AvesSilvestres é um centro especializado do IBAMA que tem como missão subsidiartecnicamente a conservação das aves silvestres brasileiras e dos ambientesdos quais elas dependem.

Desenvolve pesquisas relacionadas ao manejo de espécies ameaçadasde extinção como a Arara-azul-de-lear na Bahia, espécies que sofrem pressãode caça como as arribaçãs no Nordeste, à busca de alternativas para problemasrelacionados com aves, como pragas na agricultura e colisões com aeronavese, para a conservação das aves migratórias e seus ambientes.

Coordena um programa nacional de marcação de aves na natureza – oSistema Nacional de Anilhamento / SNA - por meio de anéis numerados (anilhas).As anilhas diferenciam cada ave marcada de forma similar à nossa carteira deidentidade: duas aves jamais terão o mesmo número de anilha, assim comoduas pessoas não possuem o mesmo número de identidade.

O SNA, conta com mais de 900 pesquisadores cadastrados e cerca de600 mil aves anilhadas de, aproximadamente, 58% das espécies conhecidaspara o país.

Promove ainda a capacitação e o treinamento de profissionais atravésde cursos nacionais e internacionais.

CEMAVE – IBAMA.Floresta Nacional da Restinga de Cabedelo, BR 230 Km 10, Estrada de CabedeloSN, Cabedelo-PB, CEP 58.310-000Caixa postal 102, João Pessoa/PB. CEP 58040-970Telefones/Fax: 0XX 83 - 245 2611/[email protected]/cemave

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