Cartilha de Piscicultura

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7/23/2019 Cartilha de Piscicultura http://slidepdf.com/reader/full/cartilha-de-piscicultura 1/66 SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO PISCICULTURA INSTALAÇÃO PREPARO D DO VIVEIRO P OVOAMENTO M ONITORAMENTO E E C CONTROLE S SANITÁRIO M ANEJO ALIMENTAR D ESPESCA “O SENAR/SP está permanentemente empenhado no aprimoramento profissional e na promoção social, destacando-se a saúde do produtor e do trabalhador rural.” Fábio Meirelles Presidente da FAESP e do SENAR/SP

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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURALADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

PISCICULTURA IINNSSTTAALLAAÇÇÃÃOO PPRREEPPAARROO DDOO VVIIVVEEIIRROO PPOOVVOOAAMMEENNTTOO MMOONNIITTOORRAAMMEENNTTOO EE CCOONNTTRROOLLEE SSAANNIITTÁÁRRIIOO MMAANNEEJJOO AALLIIMMEENNTTAARR DDEESSPPEESSCCAA

“O SENAR/SP está permanentementeempenhado no aprimoramento

profissional e na promoção social,destacando-se a saúde do produtor

e do trabalhador rural.”Fábio Meirelles

Presidente da FAESP e do SENAR/SP

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FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA DO ESTADO DE SÃO PAULO

FÁBIO DE SALLES MEIRELLESPresidente

JUVENAL DOMINGOS MARTINS LOPESVice-Presidente

JOSÉ MATHEUS GRANADOVice-Presidente

WILSON MACENINO PALHARESVice-Presidente

MAURÍCIO LIMA VERDE GUIMARÃESVice-Presidente

LENY PEREIRA SANT’ANNADiretor 1º Secretário

MANOEL ARTHUR B. DE MENDONÇADiretor 2º Secretário

ARGEMIRO LEITE FILHO Diretor 3º Secretário

LUIZ SUTTI Diretor 1º Tesoureiro

IRINEU DE ANDRADE MONTEIRO Diretor 2º Tesoureiro

EDUARDO DE MESQUITA Diretor 3º Tesoureiro

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL A DMINISTRAÇÃOR EGIONAL DO ESTADO DE S ÃOP AULO

FÁBIO DE SALLES MEIRELLESPresidente

GERALDO GONTIJO RIBEIRORepresentante da Administração Central

BRAZ AGOSTINHO ALBERTINI

Presidente da FETAESP ANTONIO EDUARDO TONIELO

Representante do Segmento das Classes Produtoras

AMAURI ELIAS XAVIERRepresentante do Segmento das Classes Produtoras

MARCIO DE MOURA BARROS Superintendente em Exercício do SENAR-AR/SP

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IDEALIZAÇÃOFábio de Salles MeirellesPresidente da FAESP e do SENAR/SP

COORDENAÇÃO Jair KaczinskiChefe da Divisão Técnica do SENAR/SP

AUTORES Manuel dos Santos Pires Bráz Filho

Zootecnista

Teodoro Miranda Neto Zootecnista - Divisão Técnica do SENAR/SP

REVISÃO DO TEXTO Antonio Nazareno FavarinProfessor

Direitos Autorais:é proibida a reprodução total

ou parcial desta cartilha,e por qualquer processo, sem a

expressa e prévia autorizaçãodo SENAR/SP.

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INTRODUÇÃO

A piscicultura remonta há cerca de 3.000 anos antes de Cristo, no Extremo Oriente. Os pioneirosdessa atividade foram os chineses. Em 475 a.C., o Imperador Fan Li afirmava ser a criação depeixes uma atividade lucrativa. Os chineses há mais de 1.000 anos já fertilizavam os viveiroscom esterco de bovinos, visando aumentar a produção e obter cerca de 1,2 t/ha de pescado nosviveiros.

A piscicultura comercial iniciou-se há pouco mais de 150 anos no Japão, com o aproveitamentodas encostas do estuário com gaiolas flutuantes, e a utilização de rações balanceadas e aeraçãodos viveiros de água doce.

A evolução da piscicultura ocorreu de forma intensiva na Alemanha, em Israel e nos EUA, quedesenvolveram técnicas de manejo, equipamentos para criação, dietas adequadas e o uso detecnologias no abate e na conservação do pescado.

No Brasil, estudos sobre a piscicultura tiveram avanços em 1932, com o pesquisador RodolfoVon Ihering que desenvolveu técnicas de indução à desova dos peixes de piracema (peixes quenecessitam subir o rio para desovarem).

A partir da década de 80, a piscicultura assumiu características de uma atividade econômica elucrativa, em virtude de uma série de fatores que possibilitaram sua implantação e crescimento,tais como: tecnologia avançada, viabilizando a produção em escala comercial; melhoria daprodutividade da criação, qualidade do produto oferecido e retorno financeiro da atividade.

Esse crescimento deu-se em virtude da necessidade do consumo de proteína animal pelapopulação mundial. Com a piscicultura, podemos obter esta proteína a baixo custo, emabundância e em tempo rápido.

Atualmente a necessidade de melhor se inserir no mercado obriga ao aquicultor compreendertodas as etapas da cadeia produtiva e tomar medidas que reduzam as agressões ambientais. Dessaforma será possível atender as exigências do mercado e se garantir quanto a possibilidade dos

recursos naturais estarem disponíveis para se produzir no futuro.

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Aspectos gerais A criação racional de peixes é uma das atividades de maior crescimento no Brasil e no mundo(de 1996 a aquicultura tem apresentado crescimento em torno de 14 % ao ano, enquanto que apesca não mantém aumentos superiores a 1%). Contudo, ela depende da manutenção dascondições naturais do meio ambiente, como: preservação dos mananciais, conservação dasvegetações marginais dos córregos e nascentes, preservação da ictiofauna e da qualidade da água.

Para a criação de peixes são necessárias instalações apropriadas, respeitando as condições locaise preservando o meio ambiente. Estas instalações devem estar dentro das normas específicas parasua construção, principalmente para se obter um ambiente ideal para o desenvolvimento ecrescimento dos peixes.

A exploração de peixes alcança sucesso quando adquirimos conhecimento do funcionamento eorganização de seu sistema; pois, assim, saberemos aplicar as técnicas corretas de reprodução,nutrição e manejo.

O sistema de cultivo a ser adotado na propriedade e o correto povoamento contribuem para osucesso da piscicultura. Um bom manejo e a aquisição de alevinos de ótima procedênciafavorecem o crescimento e desenvolvimento dos peixes, obtendo assim um produto de qualidade.

Dentro deste contexto, esta cartilha tem o intuito de fornecer subsídios ao piscicultor sobre asformas corretas de se cultivar peixes, observando os cuidados necessários para a execução decada tarefa.

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I – INSTALAÇÃO DA PISCICULTURA

1. Legislação Ambiental

Para se criar peixes no Estado de São Paulo, são necessárias algumas licenças para a construçãode viveiros, utilização da água dos mananciais e comercialização do pescado.

Estas licenças são adquiridas por meio da apresentação do projeto técnico dentro dos padrões

especificados por cada órgão, do preenchimento dos formulários específicos e da apresentação daART (Atestado de Responsabilidade Técnica), fornecida pelo técnico responsável.

O Decreto-Lei n.º 221, de 28/02/1967, dispõe sobre a proteção e estímulos à pesca e sobre outrasprovidências para o aqüicultor. O artigo n.º 51 estabelece o registro para o aqüicultor, em todo opaís. O artigo 2º, da portaria n.º 95 do IBAMA, estabelece que o aqüicultor é uma pessoa físicaou jurídica que se dedica à produção e reprodução de animais e vegetais aquáticos, em ambientesnaturais e artificiais.

Portanto, para qualquer implantação ou funcionamento de pisciculturas ou pesqueiros, énecessária a regularização da propriedade junto aos órgãos ambientais.

Os órgãos ambientais que exigem documentação são: DPRN - Departamento de Proteção de Recursos Naturais

O DPRN fornecerá a Licença Ambiental, liberando a área para a construção de viveiros outanques.

DAEE - Departamento de Água e Energia Elétrica

O DAEE é o órgão responsável pela expedição da “Outorga de Uso da Água”. É por meio doprojeto técnico que será determinada a quantidade de água a ser usada no empreendimento, comoserá a sua captação e em que condições será feito o seu descarte.

Ele determinará, também, o fluxo de água, que deverá ser constante, obrigando a propriedade

rural a ter um reservatório de água ou restringir o enchimento dos viveiros, no período das secas.

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e da Amazônia Legal

O IBAMA é o órgão que controla a comercialização de todos os organismos aquáticos,fornecendo o Registro do Aqüicultor e diferenciando os produtores de peixe daqueles quepescam na natureza.

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2. Escolha do local para instalação dos viveiros

A escolha do local para a implantação da piscicultura envolve vários aspectos importantes, como:clima, solo, topografia, água, vias de acesso e mercado. Estes dados são fundamentais para aelaboração do projeto técnico da piscicultura a ser desenvolvida. Com estas informações, épossível determinar qual será o tipo de criação a ser implantada e o tamanho da instalação a serconstruída.

2.1. Clima

As características climáticas são determinantes para a escolha das espécies a serem criadas.Alguns peixes são mais sensíveis, portanto devem ser criados de acordo com o seu habitatnatural. Exemplo:

Clima Espécie

Quente Tambaqui

Temperado Pacu

Frio Truta

2.2. Solo

O solo da propriedade influi na construção dos viveiros devido às suas características físicas equímicas, ou seja, deve ser rico em nutrientes e de boa estrutura física para a construção,conservação e manutenção da água no viveiro. Os solos podem ser:

a) argilosos - são constituídos de partículas finas, o que os tornam impermeáveis. Quando secam,formam rachaduras e placas na superfície;

b) areno-argilosos - apresentam uma mistura de partículas finas e grossas, tornando-seimpermeáveis à medida em que aumenta a concentração de partículas finas. Por não trincaremcomo o solo argiloso, são mais adequados para a construção de viveiros;

c) arenosos - são formados por partículas grosseiras, que permitem a infiltração de água. Podeser necessário revestimento para a construção de viveiros.

Os procedimentos, para determinar qual é a estrutura física do solo, devem seguir as seguintesetapas:

a) selecionar o material para a coleta de uma amostra de solo: uma enxada ou um enxadão, umapá reta e um balde. Estes materiais deverão estar em bom estado de uso, para evitar riscos deacidentes no trabalho;

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b) limpe o local em que será recolhida a amostra, retirando restos de matéria orgânica evegetação;

c) colete a amostra de solo e coloque-a no balde;

d) após coletar a primeira amostra, repita esta operação em diversos locais onde se pretendeinstalar o viveiro. Escolha locais aleatórios e colha várias amostras de solo;

e) misture todas as amostras de terra que estão no balde. Após, retire uma amostra, à qualchamamos de amostra composta;

f) na seqüência, umedeça a amostra composta, adicionando um pouco de água. Faça um rolinhocom as palmas das mãos e junte suas extremidades. Com isso, poderá definir o tipo de soloda propriedade de forma rápida e funcional.

Argiloso: ao fazer o rolinho e juntar suas extremidades, este formará um anel perfeito, semformação de trincas a sua volta. Outra característica é sua consistência mole que lhe confere acapacidade de ser facilmente moldado.

Areno-argiloso: ao fazer o rolinho e juntar suas extremidades, este formará o anel más irá

apresentar rachaduras em sua volta, más não irá se desfazer.Arenoso: ao fazer o rolinho e juntar suas extremidades, verifica-se que ele racha por nãoapresentar liga entre as partículas.

ATENÇÃO!O solo ideal para a construção dos viveiros é o areno-argiloso e o argiloso. Aconstrução de viveiros em solo arenoso sem revestimento é possível se existir uma camadaimpermeável a pouca profundidade.

2.3. Topografia

A topografia do terreno influencia diretamente na implantação e construção dos viveiros. Parafacilitar a entrada e saída de água bem como a construção do viveiro, a declividade do terreno

deve estar entre 2% a 10%, ou seja, deve ter uma inclinação leve, para facilitar a drenagem e amovimentação das máquinas.

As características topográficas ideais garantem:

a) o abastecimento de água por gravidade;

b) proteção dos viveiros contra ventos fortes;

c) uma boa insolação, ou seja, presença de raios solares no viveiro.

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Estas características são determinadas por um levantamento topográfico da área ou pelautilização das plantas do Instituto Geográfico e Cartográfico (IGC). É por meio destes dados quese definirão:

a) número e dimensões dos viveiros;

b) sistemas de abastecimento e saída de água;

c) curvas de nível;

d) área de vegetação permanente;

e) sistemas de proteção dos viveiros e meio ambiente.

O ideal é que o terreno tenha uma configuração em “V” aberto, pois favorece a construção dabarragem e de viveiros a um baixo custo, além de propiciar o abastecimento por gravidade, ouseja, sem a utilização de bombas.

2.4. Água

Á água é um fator limitante para a piscicultura. A criação de peixes dependerá da origem,qualidade e quantidade da água destinada ao cultivo.

A origem da água pode ser de nascentes, córregos, rios, represamentos ou até mesmo do subsolo.O importante é que seja uma fonte constante, livre de poluição e que atenda às necessidades dacriação.

Em geral, a quantidade deve ser suficiente para renovar a água do viveiro em, aproximadamente,10% ao dia (a cada 10 dias o viveiro será renovado por completo) e repor as perdas porevaporação e infiltração, para facilitar, assim, a regulagem do seu nível, diariamente.

A qualidade da água será determinada por análise em laboratório.

A água é composta por substâncias dissolvidas que lhe conferem propriedades físicas e químicas.

As propriedades físicas são:

a) Cor: a cor da água é resultante do reflexo das suas partículas dissolvidas. No caso de águaverde, podemos encontrar uma grande quantidade de algas, vegetais que fazem parte da cadeiaalimentar de muitos organismos aquáticos. Águas com coloração amarronzada ou verde bemescuro, podem caracterizar problemas, como excesso de material orgânico em solução, queprovocará a formação de gases tóxicos e reduzirá a oxigenação.

b) Temperatura: fator de grande importância, pois exerce influência sobre a vida aquática. Asatividades fisiológicas dos peixes, como: a respiração, digestão, excreção, alimentação emovimentação estão relacionadas à variação da temperatura da água. Quanto maior a

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temperatura, maior será o metabolismo dos peixes, acelerando o seu desenvolvimento, mas, sea temperatura superar a faixa de conforto do animal, este poderá morrer por falta de oxigênioou por alterações nas suas atividades biológicas. Temperaturas baixas reduzem o consumo dealimentos, deixando os peixes debilitados e suscetíveis a doenças.

c) Turbidez: águas turvas ou sujas não são indicadas para a maioria dos peixes de criaçào, poisdificultam o processo de fotossíntese, que é essencial para a produção de alimentos naturais

no viveiro. As partículas, que poluem a água, também poderão provocar irritações nasbrânquias dos peixes. Peixes como carpa e curimbatá, com a falta de ração, procuramalimentos no lodo, turvando a água, já alguns tipos de bagres turvam a água com movimentosde cauda no lodo, para se ocultarem dos peixes que são seu alimento.

d) Transparência: Uma grande quantidade de partículas dissolvidas na água reduz adisponibilidade de luz para a fotossíntese e, conseqüentemente, a produção de algas. Acapacidade de penetração da luz solar na lâmina d’água é determinada pela sua transparência.

As propriedades químicas são:

a) Alcalinidade: é a disponibilidade de bases (elementos químicos que neutralizam a ação dos

ácidos) na água. Funcionam como um regulador do pH na água, ou seja, evitam a variação dopH no viveiro.

b) Oxigênio: presente no ambiente aquático, é originário da fotossíntese dos vegetais e daatmosfera.

c) pH: pode ser alcalino, ácido ou neutro. Para a piscicultura, é importante que o pH seja neutroou levemente alcalino.

Maiores detalhes serão fornecidos na cartilha de monitoramento.

2.5. Vias de acesso

As vias de acesso são as estradas ou rodovias que possibilitam e favorecem a chegada deinsumos e o escoamento da produção. Estas devem ser de bem conservadas e bem sinalizadas.

2.6. Mercado

O mercado de consumo é constituído por locais com capacidade de absorção da produção, taiscomo: restaurantes, feiras, indústrias e pesqueiros.

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3. Planejamento da Construção de Viveiros

A construção de viveiros deve obedecer aos critérios técnicos que assegurem a integridade daobra e permitam o melhor aproveitamento dos recursos da propriedade (solo, água etc.), com omenor custo e respeitando o meio ambiente.

Tipos de viveiros

O viveiro constitui-se de um reservatório de água. Pode ser de barragem ou de derivação(escavado), revestidos ou não, sendo a escolha do tipo de viveiro dependente das condiçõestopográficas, nível de investimento e tecnologia a ser aplicada.

Os viveiros deverão ser construídos, de acordo com a origem da água, da seguinte forma:

3.1. Viveiro de barramento.

É feito por meio da intercepção de um curso de água. Este viveiro poderá ter um custo deconstrução muito baixo, porém o manejo é mais complicado.

Para a construção da barragem, a área deve ser desmatada (deve estar livre de todo materialorgânico), até atingir a camada de solo firme.

ALERTA ECOLÓGICO: O desmatamento deverá ser feito somente com a permissão dosÓrgãos Ambientais.

3.2. Viveiro de derivação

Pode ser total ou parcialmente escavado, de acordo com a topografia local. Sua característicaprincipal é que seu abastecimento é feito pela derivação de um curso de água, possibilitandoregular seu fluxo.

Os viveiros, quanto ao tipo de material de construção, podem ser:

a) Viveiros de terra: são construções mais simples e com menor custo de produção, por envolversomente a terra no processo. As paredes devem possuir um pouco de inclinação (45°), paraque a força da água não venha rompê-las, e devem ter uma proteção a sua volta; por fora dotanque deve haver gramados, para evitar, assim, desmoronamentos. Este tipo de viveiro seassemelha ao habitat natural do peixe, facilitando sua adaptação e desenvolvimento.

Os viveiros de terra podem ser forrados com lona plástica.

b) Viveiros revestidos: são tanques escavados ou erguidos sobre o solo com alvenaria, fibra devidro, estrutura metálico ou de madeira revestidos com/ou sem mantas de PVC. Apresentammenor custo de manutenção e a produtividade pode ser até 40 vezes maior que a dos viveirosde terra.

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Os viveiros, quanto a sua finalidade de produção, podem ser:

a) Viveiros de reprodutores: utilizados para estocar os reprodutores. Em média, coloca-se um (1)reprodutor (macho ou fêmea) a cada 5 m2.

b) Viveiros de reprodução: utilizados para reprodutores que se reproduzem em cativeiros.

c) Viveiros de larvicultura: utilizados para criação de larvas de peixe.

d) Viveiros de alevinagem: após as larvas atingirem de 2 a 3 cm, serão transferidas para esteviveiro onde permanecerão até alcançarem cerca de 5 a 10 cm de comprimento.

e) Viveiros de crescimento: utilizados para estocar alevinos que passarão por um processo derecria e engorda. São os viveiros mais utilizados atualmente e sua carga de estocagem dependedo tipo do viveiro, do tamanho e da espécie a ser cultivada.

f) Viveiros de recria e engorda: são destinados ao crescimento dos peixes até o abate.

g) Viveiros de depuração: são viveiros revestidos onde estocamso os peixes com constanterenovação de água limpa, onde eles permanecerão em jejum até eliminarmos odoresdesagradáveis provenientes da alimentação.

Características do viveiro

Os viveiros possuem formas e dimensões que variam de acordo com a topografia do terreno,disponibilidade de água, tipo de criação, espécies a serem criadas etc.

A profundidade nos viveiros deve ser de um (1) a dois (2) metros, variando de acordo com ascaracterísticas do local. Profundidades inferiores a 0,80 metro apresentam tanto problemas detemperatura como de invasão de vegetação aquática.

O tamanho varia de acordo com as condições topográficas do terreno e é definido a partir daprodução e da finalidade pretendidas. Viveiros muito grandes dificultam o manejo,principalmente o da despesca.

Podem ser de diferentes formatos, porém, o viveiro em forma retangular faz com que a águapercorra uma distância maior nele, resultando numa melhor distribuição do oxigênio e numaeficiente eliminação do material orgânico proveniente das fezes e restos de ração dos peixes.

Sistema de abastecimento

Sistema de abastecimento consiste na maneira de encher ou abastecer o viveiro com água. Osviveiros devem ser abastecidos, preferencialmente, por gravidade através de canaletas. A tomadade água do córrego ou nascente deve permitir um controle sobre o volume de água a ser captado.

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Esta deverá ser captada abaixo do nível mínimo do curso, prevendo assim problemas com asestiagens, pois nestes períodos o nível de água abaixa.

A entrada de água no viveiro deve estar localizada do lado oposto ao da saída. O cano deve ficara uma distância de pelo menos um (1) metro para dentro do viveiro e ficar no mínimo 0,50 metrodo nível da água. Este procedimento favorece a oxigenação da água e a integridade do viveiro, jáque a água não estará batendo diretamente nas paredes e bordas do viveiro, provocando erosão.

Para facilitar o processo de aeração e aumentar o fracionamento de água, um cano ou tubo furadona extremidade poderá ser utilizado.

Deve haver também um sistema de proteção com telas ou filtros, para evitar a entrada de peixesindesejáveis.

O sistema de entrada de água deve ter algum tipo de controle, podendo ser um registro ou algoque interrompa o abastecimento.

Sistema de escoamento

Sistema de escoamento consiste na forma de esvaziar ou escoar a água do viveiro. Deve ser defácil operacionalização e estar localizado do lado oposto ao da entrada de água. Deve permitir atotal drenagem do viveiro.

O sistema de escoamento deve retirar a água do fundo do viveiro, que apresenta uma grandeconcentração de fezes, restos de ração e restos de animais mortos que, ao entrarem emdecomposição, irão produzir substâncias tóxicas, alem disso, a água do fundo é pobre emplânctons e oxigênio e é mais fria.

Os sistemas mais indicados são: cachimbo, monge e vertedouro de superfície.

a) Cachimbo: sistema feito com um cotovelo articulado e um tubo de PVC na extremidadeexterna no fundo do viveiro. Ao girar esta articulação, pode-se esvaziar ou manter o nível doviveiro.

b) Monge: é uma caixa de concreto ou alvenaria com uma abertura inferior e um sistema internode controle de nível de água. Pode ser instalado internamente ou externamente no viveiro.

c) Vertedouro de superfície: deve ser construído na encosta da barragem entre o limite superiordo monge e a crista da barragem. Deve estar posicionado de forma a escoar todo o excedente deágua que o monge ou o cachimbo não suportar. Pode ser um canal de alvenaria, tubos deconcreto ou PVC.

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ATENÇÃO!Todas as saídas do sistema de escoamento deverão estar com telas, para evitar afuga dos peixes.

Sistemas de proteção

Sistemas de proteção são os meios para proteger o viveiro tanto da possível entrada de objetosestranhos e peixes indesejáveis como das ações de intempéries, ou seja, das variações dascondições atmosféricas (temperatura, umidade, chuvas, ventos etc.).

Para proteger o viveiro contra ações de intempéries é necessário tomar algumas providências, taiscomo: construção de curvas em nível e plantio de vegetação permanente.

Estes procedimentos favorecerão a estrutura do solo e impedirão a entrada de água contaminada(através da enxurrada), principalmente com resíduos de agrotóxicos, provenientes de plantações.Os resíduos carregados pelas enxurradas reduzem a transparência da água e podem provocar amorte dos peixes, ali estocados.

As curvas em nível são feitas nas áreas superiores às dos viveiros para desviar e/ou diminuir ofluxo das águas das enxurradas. Estas curvas devem ser construídas em locais previamenteestabelecidos por um técnico responsável, após a feitura das medições e nivelamento.

O plantio de vegetação permanente deverá ser próximo às nascentes, ao lado de córregos e aoredor dos viveiros. As plantas de grande porte deverão ficar na face sul, para evitar osombreamento dos viveiros e reduzir a ação dos ventos no inverno. Na face norte do viveiro deveutilizar espécies de menor porte para não provocar o sombreamento do viveiro.

As espécies vegetais escolhidas devem fazer parte da flora local, dando preferência às frutíferasnativas que fornecerão tanto alimento a diversos animais como promoverão uma maiorestruturação do solo, proporcionando ao local uma paisagem agradável, valorizando-o.

4. Construção de Viveiros

Definido o projeto global da piscicultura a ser instalada, o produtor fará uma análise dos recursosdisponíveis na propriedade (máquinas, mão-de-obra etc.) e o cronograma de execução para aimplantação.

A construção do viveiro não consiste simplesmente na escavação de um buraco na terra.Devemos fazer um planejamento do trabalho a ser realizado e escolher pessoas que tenhamcapacidade e destreza para a sua construção.

Os procedimentos necessários para a construção do viveiro são:

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a) fazer a locação do(s) viveiro(s). Com a ajuda de um topógrafo, o proprietário irá delimitar aárea do viveiro, de acordo com o projeto técnico estabelecido anteriormente, marcando tantoos limites do(s) viveiro(s) como o monge e as canaletas de abastecimento e escoamento;

b) após a locação do viveiro, devem ser marcadas as áreas de corte de terra e de aterro,procurando a forma mais rápida e econômica de se construir. Chamamos esta etapa de locaçãoda terraplanagem, que significa um conjunto de operações de escavação, transporte, depósito e

compactação de terra;

c) na seqüência, remova a vegetação arbustiva e rasteira presente no local onde será construído oviveiro, roçando-a toda com a autorização dos órgãos ambientais. Vale ressaltar que estavegetação deve ser retirada do local onde será construído o viveiro, podendo até ser queimada,quando estiver seca, ou simplesmente deixada para apodrecer com o tempo. Este processoservirá para não dificultar o trabalho das máquinas e evitar infiltrações indesejáveis noviveiro, futuramente;

ATENÇÃO:Podemos utilizar as plantas retiradas do local para reflorestarmos outras áreas dapropriedade.

PRECAUÇÃO:Os equipamentos devem estar em boas condições de uso.

ALERTA ECOLÓGICO:A vegetação será retirada somente com a autorização do DPRN(Departamento de Proteção de Recursos Naturais)

d) após a remoção da vegetação, construa um dreno para facilitar a drenagem do terreno caso eleesteja encharcado. Utilizando uma retroescavadeira, construa um canal principal, com cercade um (1) metro de profundidade e vários canais secundários, com 0,5 metro de profundidade,

para facilitar a drenagem do terreno. O canal principal será construído, seguindo o nível maisbaixo do terreno. Os demais, secundários, serão construídos em forma de espinha de peixe;

e) ao iniciar a construção, deve-se construir também o sistema de escoamento e abastecimentodos viveiro.

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II- PREPARO DO VIVEIRO

O preparo do viveiro consiste em duas fases: limpeza e reparo.

1. Limpeza do viveiro

A limpeza do viveiro é muito importante, pois materiais estranhos, como: raízes, tocos, pedras,lixo etc., prejudicam a criação de peixes.

Os resíduos existentes no viveiro classificam-se em líquidos e sólidos.

Resíduos líquidos, como: o lodo, composto a base de fezes, restos de alimentos, terra e água,provocam fermentação, afetando o desenvolvimento dos peixes.

Resíduos sólidos, como: pedras, tocos, folhas, raízes etc., prejudicam a despesca, isto é, aretirada dos peixes do viveiro, podendo, também, provocar acidentes ao trabalhador.

Os materiais utilizados para a limpeza do viveiro são: pá, balde, carrinho de mão, enxadão, rodogrande, botas e luvas. Após a sua utilização, estes materiais devem ser lavados e guardados emlugares que os protejam da ação do tempo, a fim de aumentar a sua vida útil.

Com o objetivo de não comprometer a produtividade e a qualidade, recomenda-se que a limpeza

seja feita a cada 12 meses, ou seja, todas as vezes que se proceder a despesca.

Procedimentos para a limpeza do viveiro:

a) com um rodo, empurre os sedimentos líquidos para a parte mais funda do viveiro, a fim defacilitar a sua retirada;

ATENÇÃO!Verifique o estado de uso e a conservação do material a ser utilizado. Caso nãoesteja em boas condições, substitua-o por outro.

PRECAUÇÃO:Utilize botas e luvas, em bom estado de conservação, evitando contaminações e

ferimentos.

b) na seqüência, retire o lodo com um balde. Coloque-o no carrinho de mão e transporte-o paraum terreno, onde não ocorrem enxurradas. Esse lodo poderá ser utilizado para adubação deplantações ou compostagem para criação de minhocas; contudo, deverá ser tratado de acordocom as recomendações técnicas próprias;

ALERTA ECOLÓGICO: O lodo é um produto poluente; portanto, não deve ser jogado emcórregos ou rios.

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c) depois de retirar os sedimentos líquidos, retire os sedimentos sólidos (pedras, raízes, tocos,folhas) com a ajuda de uma enxada, amontoando-os no local mais alto do viveiro, o que facilita asua retirada;

d) o lixo deve ser colocado num carrinho de mão e transportado para locais apropriados, taiscomo: saias de barragens, áreas erodidas (que sofrem erosão), valas etc. Os lixos, como:plásticos, garrafas etc., devem ser jogados em locais apropriados, ou seja, em aterros sanitários.

ALERTA ECOLÓGICO:Esse tipo de lixo contribui com a natureza, permitindo que haja umareconstrução natural das saias de barragens, áreas erodidas, valas etc.

ATENÇÃO: para os grandes viveiros recomendamos o uso de mini-dragas

INFORMAÇÃO TECNICA: os viveiros antigos tendem a ser menos produtivos quando nãofazemos a limpeza periódica.

2. Reparo do viveiro

Após a limpeza do viveiro, deve-se, então, proceder aos reparos.

Esses reparos são realizados para recuperar o desgaste provocado: pelos peixes, pelamovimentação da água, por plantas invasoras e pelo manejo do viveiro. Esses fatores provocam,muitas vezes, o desmoronamento dos barrancos e o desnivelamento do fundo do viveiro.

Os reparos necessários, na grande maioria das vezes, são: controle da vegetação que cresce nasmargens, reforma dos taludes e uniformização do fundo do viveiro.

Os materiais utilizados são os mesmos empregados na limpeza do viveiro, ou seja, pá, balde,carrinho de mão, enxadão, botas e luvas. Após a utilização, estes materiais devem ser lavados eguardados em lugares que os protejam da ação do tempo (chuvas, vento), a fim de aumentar a suavida útil.

O crescimento das plantas, usado para proteger as encostas, deve ser controlado para que elas nãoinvadam os viveiros. Essas plantas provocam redução do espelho d’água, aumentam aconcentração de matéria orgânica e, conseqüentemente, prejudicam o manejo dos peixes noviveiro.

As paredes laterais dos viveiros, chamadas taludes, sofrem erosão causada pelos peixes, pelomovimento da água e pelo manejo diário do viveiro. Esse reparo deve ser feito antes de se enchero tanque e proceder ao peixamento.

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A uniformização do fundo do viveiro facilita o escoamento da água, pois elimina os buracos, osquais podem, também, causar acidentes e servir de esconderijo para os peixes durante a despesca.Ao proceder essa operação, devemos manter uma declividade que permita o escoamento da águasem provocar o arraste do solo.

Procedimentos para o reparo nos viveiros:

a) corte o capim com uma foice ou alfanje, faça pequenos montes com o material cortado com ouso de um rastelo e retire-o com um carrinho de mão;

PRECAUÇÃO: Dirija os movimentos da foice ou alfanje o mais longe possível do corpo,

principalmente das pernas e dos pés, e utilize botas e luvas.

b) na seqüência, localize as áreas do talude com erosão. Devemos preencher os espaços erodidoscom terra, e, em seguida, molhá-los com água, compactando a terra, de baixo para cima, atéuniformizar o talude;

ATENÇÃO!Utilize solo areno-argiloso para os reparos, pois apresenta melhor compactação.

c) depois de reformar os taludes, uniformize o fundo do viveiro, cobrindo os buracos e as valetaspresentes. Por último, ágüe o fundo do viveiro, fazendo sua compactação.

3. Calagem

A calagem consiste no processo de corrigir a acidez do solo e melhorar as condições higiênicasnos viveiros, eliminando os microorganismos prejudiciais à criação de peixes. É tão necessáriapara a piscicultura como para a agricultura.

A calagem deve ser realizada uma vez ao ano, durante o período de descanso do viveiro (após adespesca), pois, nessa época, o viveiro encontra-se vazio e livre de impurezas.

Os produtos corretivos utilizados na piscicultura para esta tarefa são: cal virgem ou hidratada,calcário calcítico e calcário dolomítico. A quantidade e o tipo de calcário a ser utilizado devemestar sempre de acordo com as recomendações técnicas, pois dependem do tipo de solo existente.

ATENÇÃO!As dosagens devem ser verificadas com o técnico responsável pela criação, pois aquantidade para a correção do solo e para a higienização é diferente.

Os materiais utilizados para a aplicação do calcário são: balde, concha, carrinho de mão, calcárioe EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual).

Procedimentos para a execução da calagem:

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a) antes de iniciar a aplicação do calcário, é necessário fechar a saída de água, pois, caso chova,não ocorrerá perda do produto aplicado nem contaminação do ambiente;

b) em seguida, espalhe o calcário, a lanço, por igual, em toda a superfície do viveiro. Evite suautilização em dias chuvosos e com ventos fortes. Após sua aplicação, aguarde dez (10) dias parafazer a adubação, favorecendo a reação com o solo.

ATENÇÃO!Procure orientação técnica para o tipo e a quantidade de cal a ser utilizada.

PRECAUÇÃO:Utilize EPI’s, pois o calcário é um produto corrosivo. Deve-se evitar o seucontato com a pele, a sua inalação e a sua ingestão.

INFORMAÇÃO TÉCNICA: a falta da corrreção do pH inutiliza o aproveitamento da adubação ecompromete o desenvolvimento dos peixes, sendo que algumas espécies exigem pH específico.

4. Adubação

A adubação, também conhecida como fertilização, consiste no ato de aumentar a produtividadedo viveiro pela produção de plânctons (microorganismos existentes na água), essenciais para aalimentação dos alevinos e peixes juvenis.

Ela é feita de duas formas: adubação de fundo, quando o viveiro está vazio, e adubação demanutenção, quando o viveiro está cheio. Nessas duas formas, podemos utilizar adubosdiferentes, variando de acordo com a disponibilidade e o custo do produto a ser aplicado. Valeressaltar que a adubação deverá ser realizada de 7 a 10 dias após a calagem; tempo necessáriopara que o produto aplicado na calagem não destrua os componentes do adubo.

Os materiais utilizados para a aplicação do adubo são: balde, carrinho de mão, adubo e EPI’s(Equipamentos de Proteção Individual).

Os adubos são classificados em orgânicos, químicos e mistos.

Os estercos são considerados adubos orgânicos. Os mais utilizados são os de aves poedeiras,suínos e bovinos. As dosagens variam de acordo com o tipo de esterco a ser utilizado; para isso,é necessário consultar um técnico especializado.

Esse tipo de adubo é utilizado tanto para a adubação de fundo como para a de manutenção, porser encontrado facilmente nas propriedades e a um baixo custo.

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ATENÇÃO!O esterco de cama de frango deve ser peneirado, a fim de eliminar a palha, cascasou maravalhas. Após, deve passar por um período de curtimento.

INFORMAÇÃO TECNICA: em viveiros novos devemos utilizar esterco bovino para reduzir ainfiltração da água

Os adubos químicos são os mesmos utilizados na agricultura. São compostos que contêmelementos como: nitrogênio, fósforo e potássio, indispensáveis ao desenvolvimento dos seresvivos que compõem a cadeia alimentar.

São utilizados, somente, quando há deficiência de algum composto, verificada por meio daanálise da água. Os mais utilizados são: superfosfato simples e o sulfato de amônia. A adubaçãoquímica de fundo deve ser feita a lanço; a de manutenção, por meio de recipientes flutuadores(recipientes que bóiam na superfície do viveiro), dos quais sai, pouco a pouco, o adubo.

Os adubos orgânicos e químicos podem ser utilizados em conjunto, de acordo com a

recomendação técnica. Chamamos esse procedimento de adubação mista. A mistura de adubosquímicos - pouco volumosos - com os orgânicos facilita a distribuição e a fixação dos adubos noviveiro.

ATENÇÃO! As taxas de aplicação e os intervalos devem ser feitos de acordo com asrecomendações técnicas.

Procedimentos para a aplicação de adubo orgânico no fundo do viveiro:

a) escolha o produto a ser aplicado, conforme recomendação técnica;

b) em seguida, aplique o produto, espalhando-o, por igual, em toda a superfície. Verifique adosagem, conforme o tamanho do viveiro.

ATENÇÃO!Procure orientação técnica para o tipo e quantidade de adubos a serem utilizados.

PRECAUÇÃO: Utilize EPI’s durante a aplicação.

PRECAUÇÃO: Lave os equipamentos, os utensílios e as roupas usados na aplicação,separadamente.

Procedimentos para a aplicação de adubo orgânico no viveiro:

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a) escolha o produto a ser aplicado, conforme recomendação técnica;

b) em seguida, aplique-o, espalhando o produto por igual, em toda a superfície do viveiro,usando luvas para proteger as mãos.

Procedimentos para a aplicação de adubo químico no viveiro:

A lanço:

a) escolha o produto a ser aplicado, conforme recomendação técnica;

b) em seguida, aplique-o, espalhando o produto por igual, em toda a superfície do viveiro,usando luvas para proteger as mãos.

Com flutuadores:

a) escolha o produto a ser aplicado, conforme recomendação técnica;

b) na seqüência, coloque o produto nos recipientes flutuadores e instale-os no viveiro.

5. Abastecimento de água no viveiro

O abastecimento de água conclui as etapas necessárias do preparo do viveiro, para que haja seupovoamento.

Para a criação de alevinos, o abastecimento deverá ser parcelado, ou seja, o viveiro deveráreceber água até a metade da sua capacidade, permanecendo, assim, por um período de 7 a 10dias.

Esse processo é utilizado a fim de favorecer o desenvolvimento do plâncton, proporcionandoalimento adequado para os alevinos. Após esse período, o viveiro poderá ser abastecido porcompleto.

O canal de abastecimento deve ser protegido com telas ou redes, evitando a introdução de peixes

indesejáveis no viveiro.

Ao encher o viveiro, em virtude do adubo presente, a água deverá adquirir uma coloraçãoesverdeada, semelhante a uma sopa rala de ervilha.

Procedimentos para o abastecimento de água no viveiro:

a) inicialmente, verifique a estrutura de controle de predadores no canal de abastecimento, ouseja, se ele está protegido com telas, evitando a entrada de corpos estranhos e peixesindesejáveis;

b) regule a entrada de água de acordo com a vazão disponível, calculada no projeto técnico;

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c) abasteça o viveiro, mantendo a saída de água fechada, evitando, assim, a saída do aduboaplicado.

INFORMAÇÃO TECNICA: viveiros de alevinagem podem permanecer sem renovação de água,desde que não haja falta de oxigenação, a fim de manter a concentração de plâncton.

III- POVOAMENTO 1. Características anatômicas dos peixes

Os peixes são animais vertebrados aquáticos e “pecilotérmicos”, ou seja, são animais quepossuem a capacidade de variar sua temperatura corporal, de acordo com a do meio, também sãoconhecidos como animais de sangue frio.

Seu corpo é dividido em cabeça, tronco e nadadeiras; porém, são de diferentes formas etamanhos.

As principais características externas são: revestimento do corpo, forma do corpo, tipo de boca ehábito alimentar.

De maneira geral, os peixes possuem um corpo recoberto de escamas, que ficam entre a derme eepiderme, e têm a função de proteger o peixe contra acidentes ou parasitas (animais que sealimentam do sangue do outro). Os peixes que não possuem escamas têm uma pele grossa quedenominamos couro.

As formas características dos peixes são: corpo alongado e levemente achatado lateralmente. Aaltura e o tamanho variam de espécie para espécie.

Movimentam-se e se equilibram-se por meio de nadadeiras. São conhecidas como nadadeiraspares e ímpares. As nadadeiras pares estão localizadas a cada lado do corpo e são: a peitoral,(próximo às brânquias); e a pélvica (abaixo e atrás das peitorais). As nadadeiras ímpares são:

dorsal, localizada no dorso do peixe; adiposa, pequena nadadeira, localizada no dorso próximo àcauda, existente somente em algumas espécies de peixes; caudal, localizada na região posteriordo corpo; e anal, localizada logo atrás da abertura anal (local por onde saem as fezes).

O tamanho e formato de sua boca está diretamente relacionado com o hábito alimentar do peixe.Na parte anterior da cabeça, encontra-se a boca, cuja forma e característica diferem de acordocom a espécie. É a partir desta diferença que se conhecem os seus alimentos. Existem 5 espéciesde peixes com características alimentares diferentes. São elas:

1. Peixes onívoros - alimentam-se de vegetais, insetos, aranhas e restos de alimentos. Exemplos:carpa, lambari etc.

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2. Peixes carnívoros - alimentam-se de carnes (peixes menores). Exemplo: piranha, dourado etc.

3. Peixes herbívoros - alimentam-se de frutos e vegetais. Exemplo: pacu e piau.

4. Peixes iliófagos - alimentam-se do lodo encontrado no fundo do viveiro. Exemplo: curimbatá.

5. Peixes raspadores - alimentam-se das crostas e lodo presentes nas pedras no fundo do viveiro.Exemplo: cascudo.

No tronco, encontram-se os órgãos internos dos peixes, ou seja, bexiga, estômago, intestino,fígado, rins, ovários, testículos etc.

2. Sistemas de criação

O sistema de criação é a forma em que serão criados os peixes. Existem quatro tipos: extensivo,semi-intensivo, intensivo e superintensivo.

O sistema extensivo consiste em colocar os peixes no viveiro de maneira não-ordenada. Nãoexiste controle e um manejo técnico sobre este sistema. Normalmente, a alimentação é a que seencontra na natureza. São alimentos que caem de árvores frutíferas presentes ao redor dos

viveiros, restos de alimentos da propriedade e a alimentação existente no próprio viveiro,produzido pelo esterco de animais, tais como aves e suínos. Sua produtividade é baixa.

O sistema semi-intensivo é utilizado comumente pelos piscicultores, sofrendo uma maiorinfluência do homem em relação ao manejo do viveiro, inclusive em relação à alimentação dospeixes. Consiste em criar peixes de maneira racional, aproveitando as condições necessárias parao seu bom desenvolvimento no viveiro, isto é, pelo controle diário executado, controle de pH,temperatura, adubação etc. A produtividade neste sistema é grande, pois a adição de insumosagrícolas ou ração balanceada favorecem o crescimento e a engorda dos peixes.

O sistema intensivo consiste em criar um maior número de peixes por metro quadrado. Este

sistema exige um alto controle do manejo da piscicultura, pois o volume de água deve ser grandee monitorado constantemente. A alimentação, balanceada, deve, conseqüentemente, ser de altovalor protéico, evitando desperdícios. Neste sistema, utiliza-se o monocultivo, isto é, a criaçãode, apenas, uma espécie no próprio viveiro. Sua produtividade é bastante alta, chegando aalcançar 25 t/ha/ano.

O sistema superintensivo é pouco utilizado atualmente e consiste em estocar os peixes acima dacapacidade normal. É necessária a utilização de aeradores, rações superbalanceadas e a água deveser monitorada nos seus diversos aspectos físico-químicos. Em países como o Japão e Israel, jáse alcançou uma produtividade neste sistema de até 150 ha/ano.

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A criação de peixes, ou seja, o meio pelo qual os peixes são distribuídos no viveiro, pode ser o:monocultivo, policultivo e consorciado.

Monocultivo - criação de, apenas, uma espécie no viveiro, isto é, o povoamento de um só tipo depeixe.

Policultivo - criação de mais de uma espécie no viveiro, variando de acordo com ascaracterísticas alimentares de cada peixe.

Consorciado - criação de peixes juntamente com outra atividade agropecuária, como, porexemplo, suínos e aves. A utilização de outros animais está relacionada com o aproveitamentodos dejetos dos animais para adubação do viveiro e da ração desperdiçada. O consorciamentodepende do número de animais e suas respectivas idades em relação ao tamanho do viveiro e àforma de cultivo.

ATENÇÃO! O sistema consorciado deve ser controlado por técnico especializado,principalmente devido às questões sanitárias do viveiro.

3. Espécies para a pisciculturaNo Brasil, existem mais de duas mil (2.000) espécies de peixe de água doce, sendo algumas jáadaptadas para o cultivo em ambientes fechados, ou seja, em viveiros. Espécies exóticas tambémsão utilizadas para a produção no Brasil.

A escolha da espécie a ser criada deve obedecer às seguintes características e condições:

a) boa aceitação do mercado consumidor, com um custo acessível;

b) ser aclimatada à região onde será criada;

c) crescimento rápido;

d) resistente à doenças;

e) eficiência no aproveitamento dos alimentos, sejam naturais ou artificiais;

f) manejo controlado.

Há dois tipos de espécies conhecidas: a exótica e a nativa.

3.1. Espécies exóticas

As espécies exóticas são: tilápia, truta, carpa, carpa chinesa, catfish, bagre-africano e black-bass.Estas estão adaptadas ao sistema de cultivo em viveiros.

a) Tilápias

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São mais de 300 espécies, todas nativas da África e atualmente estão presentes em cultivos portodo o mundo.

São animais rústicos que se adaptam a qualquer tipo de confinamento, apresentando boaconversão alimentar (relação da quantidade de alimentos transformada em ganho de peso). Suacarne tem boa aceitação no mercado.

A reprodução dessa espécie é bastante ativa, devido a sua precocidade sexual e alto poder dereprodução em viveiros; por isso, a sua criação atualmente é feita com animais unissexuados, ousejam, animais de um só sexo e, preferencialmente, do sexo masculino.

Para isso, as tilápias, atualmente, sofrem o processo de reversão sexual, que consiste natransformação de fêmeas em machos, na fase de larvas, utilizando hormônios para estatransformação. Vale ressaltar que este método deve ser realizado por técnico especializado.

A Tilápia Nilótica ou do Nilo é a espécie mais indicada para a piscicultura intensiva. Alimenta-sede plânctons (pequenos seres vivos animais e vegetais) e aceita bem a alimentação artificial.Pode ser criada em sistemas convencional e consorciado. Pode atingir cerca de ½ quilo emquatro a oito meses, conforme a temperatura e o tipo de dieta. Desenvolve-se bem em

temperaturas altas, ou seja, entre 29 e 31oC (graus Celsius).Sua carne é muito gostosa e permite a obtenção de filés devido à sua estrutura óssea.

b) Trutas

Há muitas espécies de trutas, criadas em cativeiro atualmente. As três mais comuns são: trutaarco-íris, truta marrom e truta do riacho.

As condições ambientais é o fator principal para o seu desenvolvimento, necessitando de águascom temperatura baixa, entre 9 e 20°C. A temperatura ideal é em torno de 15°C.

c) Carpas

São originárias da China e têm alta resistência à variação de temperaturas, podendo viver,portanto, em ambientes frios e quentes. Crescem rapidamente e podem chegar a um (1) quilo emmenos de um ano. Possuem desova natural em viveiros.

No Brasil, são criadas a carpa escama e a carpa espelho, em qualquer sistema de produção. Estasaceitam, normalmente, alimentação artificial, pois são espécies rústicas e têm alta resistência.

d) Black-Bass

É uma espécie originária da América do Norte, e tem hábito alimentar carnívoro. Apresenta bomdesenvolvimento em temperaturas que variam de 18 a 26°C.

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Por ser um peixe carnívoro, necessita de viveiros adequados, sendo utilizado em consórcio comoutras espécies.

É um dos peixes mais utilizados para a pesca esportiva nos EUA.

e) Catfish

É um peixe originário do delta do Mississipi. Não possui escamas e tem hábito alimentarcarnívoro. Sua carne é firme e pode ser cortada na forma de file.

ATENÇÃO!O consórcio de peixes deve ser feito na seguinte proporção: 15% de peixescarnívoros para 85% de peixes prolíferos.

3.2. Espécies nativas

As espécies nativas que estão adaptadas e estudadas para o sistema de criação em viveiros são:pacu, tambaqui, curimba, matrinchã, dourado, pintado e tucunaré.

a) Pacu

O pacu é encontrado na América do Sul, nos rios Paraná e Paraguai. É um dos peixes maispesquisados, atualmente, e um dos mais cobiçados pela pesca extrativa, principalmente no

Pantanal Matogrossense, pelo seu alto valor comercial.

É um peixe de piracema que, em cativeiro, necessita sofrer a reprodução induzida.

b) Tambaqui

Peixe originário da Bacia Amazônica, com reprodução semelhante a do Pacu. São animais poucoresistentes à variação de temperaturas. Em temperaturas abaixo de 16 graus, apresentam umabaixa resistência; conseqüentemente, apresentam várias doenças.

É um peixe muito apreciado pela qualidade e paladar de sua carne.

c) Curimba

Também chamado de curimbatá ou papa-terra.

Apresenta rusticidade em seu cultivo, podendo chegar, ao final de um ano, com o peso de um (1)quilo. Sua reprodução em viveiros é feita artificialmente.

d) Matrinchã

Espécie pouco utilizada atualmente, mas que vem crescendo gradativamente devido ao grandevalor comercial de sua carne. Apresenta boa qualidade de filé e sua procura em pesque-pague égrande.

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Necessitam de reprodução induzida em cativeiro, ou seja, por serem peixes de piracema,necessitam ser reproduzidos em laboratório, retirando os óvulos e sêmen dos peixes, unindo-osartificialmente.

e) Dourado

É uma espécie que se encontra na Bacia do Prata. Tem coloração amarela-dourada e sua carne émuito apreciada pelos pescadores, principalmente por possuir grande valor comercial.

Os estudos para a criação do dourado em cativeiros vêm sendo desenvolvidos desde 1975. Suaagressividade e o seu canibalismo dificultam a criação em viveiros, principalmente pelo altocusto com a alimentação. Necessita de reprodução induzida quando em cativeiro.

f) Pintado

O pintado é um peixe de couro e de grande porte, sendo encontrado principalmente nas bacias doRio Prata, Uruguai e São Francisco. É um peixe muito visado pelos pescadores, devido ao seugrande valor comercial e de carne muitíssimo apreciada.

Os estudos para o seu cultivo em cativeiros iniciaram na década de 90; porém, ainda há fatoreslimitantes que impedem o seu total desempenho em cativeiros.

Este é, também, uma espécie de piracema. Sua carne tem demanda garantida em todo ano, e estásendo utilizado, também, como peixe ornamental em outros países.

g) Tucunaré

É proveniente da Bacia Amazônica. Tem como principal finalidade a pesca esportiva eextrativista.

4. Povoamento do viveiro

O povoamento consiste no ato de colocar os alevinos no viveiro garantindo a sobrevivência dosanimais.

É de fundamental importância adquirir os alevinos em estações de aqüicultura, especializados nasua produção. É necessário conhecer antes o local, verificar as condições de trabalho e aqualidade dos peixes reprodutores, utilizados neste processo.

É preciso adquirir alevinos com mais de três (3) centímetros de comprimento e cerca de dois (2)gramas de peso, do contrário será necessário fazer uma segunda etapa da alevinagem napropriedade.

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Os alevinos serão transportados em embalagens plásticas, contendo oxigênio. É necessárioverificar se estes alevinos passaram por um jejum de 24 horas, em um tanque de estocagem, paraque eles não defequem na água em que serão transportados, ocasionando intoxicação e até a suamorte.

Procedimentos a serem observados no momento da captura dos alevinos:

a) os alevinos deverão ser capturados do tanque de estocagem com um puçá (espécie de peneira),sendo colocados, em seguida, num balde;

b) com um puçá menor, deverão ser colocados em outro balde, sendo contados durante estaoperação;

c) em seguida, os alevinos devem ser embalados em sacos com capacidade para 60 litros, comcerca de 12 a 15 litros de água e 1.000 a 1.200 alevinos;

d) inserindo a mangueira de oxigêneo na água,;

e) retiramos o ar de dentro do saco;

f) seguramos a boca com as mãos;

g) abrimos o registro do oxigênio até inflar o saco;

h) retiramos a mangueira de oxig6enio;

i) fechamos a boca do saco plástico, torcendo-a e amarrando-a com uma tira de câmara de ar,para que não haja vazamento do oxigênio.

ATENÇÃO!As embalagens deverão ser acondicionadas no veículo com cuidado, evitandoperfurar os sacos, transportando-os nas horas mais frescas do dia.

Procedimentos para a realização do povoamento:

ATENÇÃO!Os alevinos deverão ser imediatamente alojados nos viveiros após seu transporte.

Não poderão ficar no saco de transporte por muitas horas, pois podem morrer.a) deixe os sacos plásticos por 20 minutos dentro do viveiro, para igualar as temperaturas;

b) na seqüência, abra o saco e introduza a água do viveiro aos poucos, deixando os alevinosnadarem para fora do saco plástico.

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IV – MONITORAMENTO E CONTROLE SANITÁRIO

1. Prevenção de enfermidades

As enfermidades dos peixes podem ser decorrentes da contaminação da fonte de água,da introdução de peixes doentes no viveiro e da perda da resistência dos animais poralterações ambientais ou nutricionais.

Quando utilizamos uma fonte de água que tenha passado por outras criações, principalmente depeixes, estamos correndo o risco de infectar nossos animais com bactérias, parasitas ou fungos.Geralmente, os parasitas são a principal preocupação, pois, se não levam os peixes diretamente àmorte, causam redução no crescimento e possibilitam infecções causadas por organismosoportunistas. Os organismos oportunistas são as bactérias, fungos e protozoários que vivem noviveiro e só ocasionam doenças em peixes debilitados ou com ferimentos.

1.1. Principais parasitas e doenças de peixe:

1.1.1. Lerneose

É um crustáceo, com cerca de 1 centímetro de comprimento, semelhante a um fio decabelo, que na forma adulta se fixa na pele dos peixes, alimentando-se do seu sangue.

O peixe parasitado muda o comportamento: perde o equilíbrio e nada lentamente e semrumo. Essas mudanças no comportamento levam o peixe a parar de se alimentar. Aospoucos, o peixe vai perdendo a sua resistência orgânica, causada por anemia e inanição,propiciando o ataque por bactérias e fungos.

1.1.2. Carrapato de peixe (Arguleo)

Estes parasitas assemelham-se aos carrapatos por possuírem o corpo em forma de disco,com quatro pares de patas, medindo de milímetros até centímetros. São facilmentevisíveis sobre a pele do peixe, não só pelo seu tamanho como por sua movimentaçãocontínua.

Esses parasitas alimentam-se introduzindo um “estilete”, peça bucal, na pele do peixe. Apartir deste ponto, para sugarem o sangue, segregam substâncias para digerirem a pele eos músculos do peixe. Além da anemia, ocorre o aparecimento de feridas na pele e nosmúsculos, prejudicando a natação e permitindo o ataque de fungos e bactériasoportunistas, que levam o animal à morte.

1.1.3. Monogenéticos

São vermes chatos, de forma oval ou circular e medem de 1 milímetro a 3 centímetrosde comprimento. Possuem, em uma das extremidades, um conjunto de ganchos

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utilizados para se fixarem na superfície dos peixes, preferencialmente nas brânquias.Geralmente, alimentam-se do muco e da pele dos peixes e, eventualmente, de sangue.

O peixe aumenta a produção de muco a fim de se proteger dos parasitas. No caso de altainfestação, este muco cobre as brânquias, provocando asfixia e levando-o à morte.

Em geral, os monogenéticos provocam ferimentos nas brânquias, reduzindo acapacidade de respiração do peixe e possibilitando o aparecimento de infecçõessecundárias nas feridas.

1.1.4. Protozoários

Devemos destacar o íctio ( Icht hyophthirius mut ifi lii s ) e o costiose ( Icht hyobodo

necator ), pois são os responsáveis pelas maiores perdas na piscicultura de água docemundial.

O íctio apresenta o corpo arredondado, coberto por cílios, com um núcleo em forma deferradura. Mede cerca de 0,5 a 0,8 milímetro de diâmetro e se fixa na pele do peixe,formando pontos brancos, facilmente identificáveis ao observarmos a pele do animal.

Nesta fase, o íctio se alimenta dos líquidos das células do hospedeiro, provocandoirritação, sangramento e uma grande produção de muco, que dificulta a respiração dopeixe.

O costiose apresenta o corpo ligeiramente côncavo, com 2 flagelos (caudas) de tamanhosirregulares em uma das extremidades e mede cerca de 10 a 15 micrômetros.

Ele se alimenta da pele do hospedeiro, o que provoca perdas de sais, causandodebilidade no peixe. Os pontos atingidos podem ser infectados por bactérias e fungos.

Os peixes parasitados apresentam a superfície da pele esbranquiçada e tornam-se lentos,procurando lugares com menos correnteza. Para confirmarmos a infestação, deve-seraspar a pele do peixe com uma lâmina e observar o material com um microscópio. Omovimento irregular e um tanto rotatório acusará a doença.

1.1.5. Bactérias

A bactéria mais comum é a columariose (Flexibacter collumnaris ), muito comum ao meioaquático e na superfície dos peixes. Manifesta-se quando ocorrem alterações no viveiro, como:alta temperatura, alta concentração de amônia e de matéria orgânica na água, além de baixosteores de oxigênio dissolvido.

Esses fatores provocam a redução das defesas orgânicas do peixe, permitindo que essas bactériasdestruam a sua pele. Com isso, aparecem feridas que se iniciam como lesões esbranquiçadas no

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corpo, cabeça e nadadeiras, que evoluem para um quadro hemorrágico e espalham-se,rapidamente, por todo o animal.

Estas lesões vão aumentando, chegando a expor todo o músculo do peixe, causando a morte porhemorragia.

1.1.6. Fungos

Dos vários tipos de micoses (ataques de fungos), a saprolenhose (Saprolenha sp .) é a que atinge amaior parte dos peixes, no mundo inteiro.

Como outras infestações provocadas por fungos, ocorre a formação de tufos, semelhantes aalgodão, sobre a pele do peixe. Este fungo vai se alimentando da pele e dos músculos eprolifera-se por todo o animal. A infestação ocorre a partir de ferimentos na pele e nas brânquiasdos peixes.

1.2. Manejo preventivo:

1.2.1. Cuidados no povoamento

Para evitar a ocorrência de parasitas na criação, devemos adquirir peixes saudáveis ou fazermos

uma quarentena, antes de introduzi-los nos viveiros.O tanque de observação pode ser um viveiro de segunda alevinagem ou um tanque de lona oualvenaria da propriedade. Os peixes deverão ser estocados por alguns dias a fim de se esperaruma possível manifestação de qualquer parasita ou doença. Então, serão tratadospreventivamente, antes de serem introduzidos nos viveiros de engorda.

ATENÇÃO!É importante que a água saída dos tanques de tratamento não entre em contato coma água de abastecimento de outros viveiros.

1.2.2. Cuidados no abastecimento de água

A maioria dos organismos patogênicos apresentam parte de seu ciclo de vida na água, sendo este

um dos principais meios de transmissão de doenças nos viveiros. No caso de se utilizar águas quetenham origem fora da propriedade rural ou que passem por outros viveiros ou, ainda, que sejamhabitadas por peixes ou por outros organismos aquáticos, elas devem ser filtradas ou ozonizadas.

a) Filtros

Os filtros são constituídos de um corpo e de elementos filtrantes. O corpo pode ser feito emalvenaria ou manta de PVC ou podemos aproveitar tanques ou caixas d’água encontrados nocomércio.

O corpo do filtro define se ele será horizontal ou vertical.

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Os elementos filtrantes são: carvão, areia e brita. Cada elemento apresenta uma capacidade parao escoamento da água, devendo-se dimensionar a vazão com a área filtrante.

Com o tempo, os elementos filtrantes vão acumulando partículas. Isso reduz a passagem de águae obriga a troca do material. Observamos que sobre a camada de carvão encontramos uma“gelatina” formada por microorganismos decompositores. Esta camada deverá ser retirada eguardada. Após a troca dos elementos filtrantes, devemos repor a camada superficial com a

“gelatina”, para inocularmos novamente os organismos decompositores.

b) Ozonizador

É um equipamento encontrado no comércio, que produz uma corrente elétrica em seu interior etransforma o O2 (oxigênio) em O3 (ozônio). Um sistema de venturi aspira este gás e o incorporana água. Esse gás, além de instável, é altamente reativo, eliminando bactérias, fungos, parasitas epeixes invasores.

Antes de chegar ao viveiro, a água usada para o abastecimento deve passar por um canal a céuaberto ou deve ser transferida para a atmosfera, para que o O3 volte à forma de O2, pois o O3 éprejudicial aos peixes.

1.2.3. Cuidados com o equipamento

O equipamento utilizado para o manejo pode transmitir as doenças de peixes, devendo serdesinfetado, como está descrito na cartilha de despesca.

1.2.4. Manejo apropriado

Os peixes devem ser manipulados em condições adequadas para não provocarmos seu estresse.Para isso, utilizamos equipamentos apropriados e só fazemos o manejo com temperatura da águaadequada para a espécie.

Baixos teores de oxigênio e altos níveis de amônia e de matéria orgânica reduzem a resistênciado peixe, possibilitando a ocorrência de doenças; portanto, corte a ração e a adubação dosviveiros alguns dias antes do manejo e, se possível, aumente a vazão de água.

2. Monitoramento da água

Desde a captação até o seu escoamento, a água deverá ser monitorada, ou seja,controlada, a fim de proporcionar à criação um ambiente saudável para odesenvolvimento e crescimento dos peixes, protegendo e preservando o meio ambiente.Portanto, a água do viveiro deve ser inspecionada periodicamente, para que as condiçõesideais para o desenvolvimento dos peixes sejam mantidas.

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O local de captação de água deverá estar protegido da erosão; para isso, deve havervegetação em sua volta e ser de fácil acesso, para possível manutenção. É recomendadoo uso de telas ou grades para impedir a passagem de galhos, folhas e/ou lixo.

ATENÇÃO!O local de captação de água deve ser de fácil acesso, a fim de facilitarqualquer tipo de ação.

A água descartada diariamente dos viveiros deve ser tratada antes do seu destino final(rios, córregos etc.). A presença das fezes dos peixes, restos de material orgânico esobras de alimentos são prejudiciais ao meio ambiente. Para isso, é necessário instalarum tanque de decantação e oxidação da matéria orgânica. Em locais onde o corpo deágua que receberá o efluente é muito limpo, deve-se instalar um filtro de partículas,como o descrito anteriormente.

ALERTA ECOLÓGICO:Desaguar os viveiros sem tratamento é crime ambiental.

Diariamente, devemos observar nos viveiros a situação que se encontra a água, ou seja,verificar: sua coloração, o comportamento dos peixes na superfície e a presença decheiro forte, anormal no viveiro.

Ao caminhar ao redor dos viveiros, podemos observar o comportamento dos peixes e seuaspecto. Este tipo de tarefa deve ser realizada nas primeiras horas do dia, observando osseguintes aspectos:

a) Peixes buscando o oxigênio próximo à entrada de água: este fator é comum quando arenovação de água não está acontecendo da forma necessária ou após alguns diasnublados, que impedem a produção de oxigênio pelas algas. Neste caso, é precisorenovar a água do viveiro de uma forma mais acelerada e suspender a alimentação e aadubação dos peixes. Podemos utilizar equipamentos de aeração, caso existam napropriedade.

b) Coloração da água: a coloração da água varia de acordo com o manejo. Deve seresverdeada, como uma “sopa rala de ervilha”, devido à presença de nutrientes. Estacoloração significa, portanto, a presença de alimento para larvas e alevinos. Caso estejacom a coloração diferente da normal, ou seja, muito verde, transparente, avermelhadaetc., deve-se, imediatamente, medir a transparência da água e proceder a sua correção,como será descrito mais adiante.

c) Presença de cheiro forte: ao se detectar cheiro forte na água, deve-se, primeiramente,suspender a alimentação e a adubação. A renovação e a análise da água do viveiro

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devem ser executadas como será explicado a seguir, determinando, principalmente, osteores de amônia e de oxigênio dissolvidos.

ATENÇÃO! Se detectar o problema, entre em contato com um técnico em piscicultura, o maisbreve possível, informando-o do ocorrido e fornecendo-lhe esses dados.

2.1. Análise física

Na análise física, verificamos a temperatura e a transparência da água.a)Temperatura

Os peixes possuem a temperatura do corpo semelhante à do meio em que vivem (cercade 0,5 ºC acima). Se a temperatura aumenta, dentro da sua zona de conforto, o peixepassa a se alimentar mais. Isso acelera seu metabolismo e resulta num crescimento emum menor período. O contrário também é verdadeiro, ou seja, ao reduzir a temperatura,reduzimos o desenvolvimento dos peixes.

Temperaturas muito elevadas ou muito baixas provocam redução das atividades e quedana resistência orgânica, propiciando as doenças.

Diariamente, devemos medir a temperatura da água do viveiro, a fim de ajustarmos ofornecimento de ração e amenizarmos o efeito das variações de temperatura. Se a águaestiver muito quente, poderemos sombrear o viveiro, utilizando plantas flutuantes outelas de sombreamento. Para águas frias, podemos diminuir a circulação de água, fazerproteção contra ventos frios e, se possível, melhorar a insolação do viveiro.

Para medirmos a temperatura dos viveiros, é recomendado o uso de termômetro demáxima e mínima, que deverá ficar imerso a uma profundidade de 0,3 a 0,5 metro.

b) Transparência

A transparência da água indica o quanto a luz solar está penetrando no viveiro, sendo

utilizado o Disco de Secchi para se fazer esta medida. Este disco é formado por umachapa metálica ou de madeira redonda, de 15 centímetros de diâmetro e é pintado depreto e branco. Neste disco, fica presa uma corda graduada em centímetros.

Quanto maior o número de partículas em suspensão na água, menor será a transparência,que varia de acordo com a fase de desenvolvimento e a espécie de peixe a ser criada.Exemplos:

larvas e alevinos 0,2 a 0,3 m

peixes não-filtradores 0,3 a 0,5 m

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peixes filtradores 0,2 a 0,4 m

As partículas em suspensão na água deverão ser compostas por microorganismosformadores do planctôn, exceto no caso da criação de bagres, no qual poderá ser usadaágua barrenta. Águas claras não são recomendadas para a criação de peixes tropicais,uma vez que nessas condições eles evitam subir à tona para se alimentarem.

Apesar das larvas e alevinos serem mais exigentes em oxigênio, os peixes maioresconsomem este gás numa maior quantidade.

O excesso de planctôn deve ser evitado, pois, além de produzirem toxinas, as algascompetem com os peixes no consumo de oxigênio, à noite.

Para aumentar a transparência da água, podemos cessar a adubação e o arraçoamento eaumentar a circulação de água. Caso a fonte de partículas seja argila em suspensão,devemos agir de três maneiras:

• fazer curvas em nível, evitando a água de enxurradas;

• replantar áreas desmatadas;

• utilizar produtos para limpar a água.

A cal virgem e o sulfato de alumínio podem ser utilizados para a limpeza da água, massua utilização deve seguir a orientação de um especialista.

ATENÇÃO! Procure um especialista para orientá-lo na utilização de cal virgem esulfato de alumínio, pois trata-se de produtos que causam danos à saúde e ao meioambiente.

ATENÇÃO! Algumas espécies de peixes como a capa, corimbatá e o bagre africanomovimentam o fundo provocando a turvação da água

Procedimentos para avaliar o estado de qual idade da água por meio da anál ise fís ica :

a) com um termômetro, meça a temperatura, introduzindo-o a uma profundidade médiada massa líquida (40 a 50 cm);

b) após cerca de 5 minutos, retire o termômetro da água, verificando a temperatura, eanote o valor na caderneta de campo;

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c) na seqüência, com um disco de Secchi, meça a transparência da água, mergulhando odisco até o seu total desaparecimento. Leia a distância obtida pelo cordão graduado e anoteos valores na caderneta de campo.

ATENÇÃO!Pode-se manter um termômetro de valores máximo e mínimo dentro doviveiro, para obtenção da variação diária da temperatura.

2.2. Análise química

a) pH

Na análise química, observamos o pH, que verifica a concentração de hidrogênoe presente naágua. Por meio desta análise, podemos detectar se a água está ácida, neutra ou básica.

Seus valores variam de 1 a 14. Indicam acidez quando estiverem abaixo de 7; neutro,quando o valor for igual a 7; e alcalino, quando os valores estiverem acima de 7. Para apiscicultura, o ideal é que este número esteja entre 6,8 e 7,5.

A realização desta análise é feita por meio de equipamentos eletrônicos, papel tornassole análise em laboratório. O mais comum e barato é o papel tornassol.

Procedimentos para avaliar o estado de qualidade da água por meio da análisequímica:

a) mergulhe uma fita indicadora de pH na água, retirando-a após 10 segundos. Esta fitaindicará a concentração de íons H+;

b) comparando a coloração da fita com a coloração da escala de cores, anote os valoresna caderneta de campo.

b) Oxigênio

É o gás mais importante para a sobrevivência dos peixes. Por isso, deve-se manter teoresacima de 5 miligramas do gás, por litro de água. Existem quatro fatores responsáveispela oxigenação da água: a fotossíntese das algas, a renovação de água, a troca diretacom o ar atmosférico e por meio do uso de equipamentos para a aeração.

Para medir o teor de oxigênio dissolvido na água, utilizamos um kit de análisesquímicas ou aparelhos eletrônicos, encontrados no comércio. As medições deverão serfeitas nas primeiras horas da manhã. Se estiverem abaixo do nível estipulado, devemostomar as seguintes providências: reduzir o arraçoamento, aumentar a circulação de águae ligar os aeradores.

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ATENÇÃO! Os aeradores permitem que se aumente a taxa de lotação dos viveiros,desde que a água não fique comprometida por excesso de amônia.

c) Amônia

A amônia é uma substância altamente tóxica para peixes e é proveniente: dadecomposição da matéria orgânica, da poluição, da excreção dos organismos aquáticos edevido à morte de algas.

O monitoramento da amônia é feito utilizando-se um kit de análises químicas ouaparelhos eletrônicos, encontrados no mercado.

Teores entre 0,4 e 2,5 miligramas dessa substância por litro são mortais. Concentraçõesentre 0,05 e 0,4 miligrama por litro prejudicam a criação, sendo ideal uma concentraçãoabaixo de 0,05 miligramas pro litro.

Para mantermos baixos os níveis de amônia, podemos:

a) aumentar a aeração do viveiro;

b) evitar excesso de adubação, principalmente, quando se utilizam estercos;

c) manter uma densidade de peixes compatível com a renovação de água;

d) evitar a superalimentação dos peixes;

e) introduzir bactérias nitrificantes no viveiro.

Se ocorrer esse problema, devemos: suspender a alimentação e a adubação do viveiro,aumentar a circulação e a aeração da água e utilizar produtos, como o sal ouacidificantes na água, para reduzir o efeito tóxico da amônia.

ATENÇÃO!Procure um especialista para que possa determinar a quantidade de sal oude produtos para acidificar a água.

d) DurezaRepresenta a quantidade de Carbonato de Cálcio existente na água. Essa substância éimportante para a manutenção do pH e como fonte de Cálcio para os organismosaquáticos.

Existem equipamentos que fazem a medida por métodos químicos ou eletrônicos e quese encontram no comércio.

Devemos manter mais de 40 miligramas de Cálcio por litro de água, pois quantidadesmenores impedem o efeito da adubação nos viveiros.

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Podemos fazer a calagem ou manter um saco de calcário dentro do viveiro a cada 1.000m2 de viveiro, como fonte de cálcio.

3. Correção da água

Após a realização das análises da água, devemos observar se existe a necessidade decorrigi-la, de acordo com os parâmetros ideais estabelecidos para o bomdesenvolvimento da criação.

Vale ressaltar que a renovação de água é constante no viveiro e que, por isso, ocorrerãoperdas das substâncias necessárias que já haviam sido repostas. Necessita-se, portanto,corrigir a água, principalmente em relação à sua transparência (adubação) e pH(aplicação de calcário).

ATENÇÃO!A aplicação do fertilizante e do calcário deve ser realizada conforme oresultado das análises. As quantidades devem ser, necessariamente, recomendadas porum técnico especializado.

Procedimentos para a fertilização (adubação) do viveiro:a) ao verificar a necessidade de adubar o viveiro, separe o adubo a ser aplicado e os

equipamentos necessários, tais como: balde, esterco ou adubo químico, concha,luvas, botas, EPI’s etc.;

b) na seqüência, espalhe o adubo por toda a superfície do viveiro, de acordo com aquantidade estipulada tecnicamente.

Procedimentos para correção do pH do viveiro:

Utilizando cal virgem

a) separe a cal e os equipamentos necessários, tais como: balde, concha, luvas, botas,

EPI’s etc.;

b) após esse procedimento, prepare a solução com a cal e a água em um balde, deacordo com a quantidade recomendada tecnicamente. Este procedimento de misturara cal com água evita acidentes ao ser lançado no viveiro, bem como melhora oaproveitamento do produto;

c) em seguida, espalhe a solução de cal por toda a superfície do viveiro.

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Atenção:se optar pela aplicação da cal sem água, evite dias com vento e de especial atenção ao

uso dos EPI’s.

utilizando calcário

a) separe o calcário e os equipamentos necessários, tais como: balde, concha, luvas,

botas, EPI’s etc.;b) em seguida espalhe o calcário por toda a superfície do viveiro.

PRECAUÇÃO: Utilize luvas, óculos, máscaras, botas e roupas adequadas paraaplicação do calcário.

4. Triagem

A triagem consiste no acompanhamento mensal do crescimento dos peixes. Esteacompanhamento é muito importante para verificar o quanto os peixes estão sedesenvolvendo no viveiro. Este procedimento é importante, principalmente se a criaçãofor de policultivo, ou seja, existe mais de uma espécie sendo criada ao mesmo tempo.Chamamos, a esta população de peixe no viveiro, de biomassa.

Para se medir ou calcular a biomassa de um viveiro, é necessário coletar alguns peixes e fazer apesagem.

Vale ressaltar que este trabalho depende do controle zootécnico da piscicultura, ou seja,do controle de todos os dados pertinentes ao viveiro, tais como: número de alevinosdepositados, de peixes mortos, etc. O resultado obtido deverá ser analisado juntamentecom a planilha de dados ambientais a fim de se detectar as causas de qualquer desvio daprodução esperada.

Quando a piscicultura não tem um controle zootécnico, dificulta o levantamento dabiomassa do viveiro.

Para realizar este trabalho, são necessários alguns equipamentos, como, por exemplo:rede de arrasto, puçá, balança e as fichas de controle.

Procedimentos para definição da biomassa do viveiro :

a) primeiramente, é necessário preparar uma calda à base de cloreto de sódio (sal), deacordo com a medida recomendada por um técnico especializado, deixando-a na

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beirada do viveiro. Esta calda tem a finalidade de banhar o peixe antes dele voltarpara o viveiro, evitando, assim, a transmissão de doenças e o estresse;

b) com uma rede de arrasto, colete os peixes, levando-os até uma das bordas do viveiro,onde estarão instalados os equipamentos para a realização da sua pesagem;

c) retire os peixes com o auxílio de um puçá ou com as mãos, pesando-os um a um.Durante este procedimento, anote o peso nas fichas de controle;

d) após pesá-lo, mergulhe o peixe na solução de sal, preparada anteriormente,devolvendo-o, em seguida, ao viveiro. Repita este procedimento para todos os peixescoletados;

PRECAUÇÃO: Utilize equipamentos e materiais adequados para a despesca; elesdevem estar limpos, desinfetados e em bom estado de conservação.

e) feitas as pesagens e anotações, calcule, em seguida, o peso médio. A diferença entre aúltima pesagem e a atual indica o ganho de peso. Para calcular o ganho de peso totaldo viveiro, multiplica-se o peso médio pelo número total de peixes, ou seja, o númerode alevinos colocados no viveiro menos os peixes mortos.

Procedimentos para realizar o cálculo da biomassa:

Supomos um viveiro com capacidade para engordar 1.200 peixes.

a) ao obter o peso dos peixes coletados na amostra, deve-se proceder ao cálculo do pesomédio.

Peixe Peso (g)* Peixe Peso (g)

1 210 8 190

2 200 9 210

3 206 10 208

4 198 11 201

5 195 12 202

6 200 13 199

7 203 14 194

* Gramas: 1 quilo é igual a 1.000 gramas

O cálculo do peso médio é realizado da seguinte forma: soma-se o peso dos peixes e divide-se pelonúmero de peixes pesados, ou seja:

Foram pesados, neste exemplo, 14peixes.

O peso dessa amostra foi de 2.816gramas, ou seja, 2 quilos e 816 gramas.

Soma do peso dospeixes

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Peso médio = (P1+P2+P3+P4+P5+P6+P7+P8+P9+P10+P11+P12+P13+P14)Número de peixe pesados

Peso médio = 210+200+206+198+199+200+203+190+210+208+201+202+199+19414

Peso médio = 2.81614

Peso médio = 201,14 gramas

b) após obter o peso médio dos peixes, deve-se calcular a biomassa do viveiro; para isso, deve-se multiplicar o peso médio pela quantidade de peixes no viveiro. Os peixes mortos nãopodem ser controlados na sua totalidade; por isso, devemos estimar uma porcentagem deperda, normalmente estimada em 20% da produção.

ATENÇÃO!Adicionamos, no início da criação, uma porcentagem a mais de alevinos, parasanar as perdas no viveiro.

Biomassa = Quantidade de alevinos x peso médio

Biomassa = 1.200 x 201,14

Biomassa = 241.368 gramas ou 241 quilos e 368 gramas.

c) em seguida, verificar o crescimento dos peixes em relação à última pesagem. Estes dadosdevem ser armazenados na ficha de controle do viveiro.

ATENÇÃO!Após várias crias, pode-se estimar a quantidade média de perda no viveiro.

5. Controle de plantas invasoras

As plantas invasoras podem ser: flutuantes, submersas e marginais. São prejudiciais àpiscicultura nos seguintes aspectos:

1. diminuem o espaço no viveiro para os peixes;

2. prejudicam a qualidade da água quando se decompõem;

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3. reduzem a penetração da luz solar, diminuindo a fotossíntese.

4. reduzem a superfície do viveiro em contato com o ar.

O controle das plantas invasoras é realizado, basicamente, pelo processo mecânico, ouseja, por meio de ferramentas manuais ou mecânicas. O processo de aplicação deprodutos químicos também pode ser utilizado; porém, para isso, é importante consultarpreviamente um técnico responsável.

ATENÇÃO!A utilização de qualquer produto químico deve feito sob a orientação umtécnico responsável pela criação.

5.1. Controle das plantas marginais

O controle das plantas que ficam nas margens do viveiro é feito com o uso de foices ouroçadeiras.

O material cortado deverá ser removido com um rastelo e, em seguida, levado para umlocal apropriado. Vale lembrar que a vegetação cortada que cair na água deverá serretirada com o auxílio, por exemplo, de uma rede ou puça.

5.2. Controle das plantas submersas O controle deste tipo de vegetação pode ser realizado com o viveiro cheio ou vazio.

Caso o viveiro esteja vazio, deve-se deixar a vegetação exposta ao sol por longo tempo, a fim deque seque, para depois ser capinada com o auxílio de uma enxada e removida com um rastelo.

Caso o viveiro esteja cheio, de água, deve-se cortar a vegetação perto da raiz, utilizando-se umafoice. No caso de taboas, uma lâmina d’água de 1 metro é suficiente para evitar o rebrote.Relembramos que a vegetação submersa, pode ser retirada com auxílio de uma rede.

5.3. Controle das plantas flutuantes

Estas plantas devem ser retiradas da mesma forma que as do viveiro cheio (controle plantassubmersas), ou seja, com o auxílio de uma rede ou peneira.

Deve-se fazer um controle rigoroso quanto a esta vegetação, pois, por um período curto, ela podeinvadir completamente o viveiro, prejudicando o manejo e o desenvolvimento da criação.

6. Controle de predadores e competidores

A criação de peixes pode ser prejudicada por animais predadores e competidores, destruindodesde os ovos dos peixes até os peixes adultos. Estes animais são chamados de inimigos naturais,ou seja, provêm da própria natureza.

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Os animais competidores são os que competem com os peixes de cultivo na alimentação, espaçoe oxigênio, causando prejuízos à produção, podendo também ser vetores de doenças e parasitas.São eles:

a) mamíferos terrestres (lontra e ariranha): são animais com hábitos aquáticos, que têm comoprincipal alimentação o peixe;

b) pássaros aquáticos (martim-pescador, garça, socó e bem-te-vi) e morcego pescador: sãopássaros que rondam os viveiros a fim de pescar peixes, seu principal alimento;

c) peixes carnívoros (traíra e piranha): são conhecidos como peixes vorazes, pois alimentam-sede peixes menores. O controle destes peixes é feito com a proteção de telas na entrada deágua;

d) anfíbios (sapos e rãs): encontram-se na beira dos viveiros e alimentam-se, principalmente, dealevinos;

e) insetos (libélula, barata-d’água etc.): os insetos são predadores dos alevinos dos peixes;

f) répteis (jacaré, jibóia e sucuri): raramente são encontrados nos viveiros; porém, a presença

destes animais pode trazer prejuízos grandiosos para a criação, pois alimentam-se de peixes jovens e adultos e em grandes quantidades.

g) lambaris, carás, girinos: assim como outros peixes menores, competem com os peixes decultivo consumindo algas, ração e oxigêneo. Por serem oriundos do ambiente eles podemcarriar doenças ou parasitas.

ALERTA ECOLÓGICO:Ao verificar a presença de cobras e/ou jacarés no viveiro, chameimediatamente a Polícia Florestal.

O controle deverá ser realizado de acordo com as Normas e Legislação ambientais; neste caso, osanimais predadores e competidores não deverão ser destruídos ou eliminados, e, sim, ser

afastados por meio dos sistemas, citados a seguir:

1. Cerque os viveiros - uma das grandes barreiras para impedir a passagem de mamíferos, comoa lontra e a ariranha, é a construção de cercas ao redor do viveiro; porém, às vezes, não sãosuficientes para impedir a passagem deles. Hoje em dia, pode-se usar a cerca elétrica de gado,que não faz mal aos animais e os espanta de vez da propriedade. Cerque os viveiros com telade alambrado, parcialmente enterrada, circundando toda a piscigranja.

2. Coloque tela sob o viveiro - ela serve de proteção contra as aves e morcegos. Deve seresticada a 30 cm da camada de água.

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V. MANEJO ALIMENTAR

1. Hábitos Alimentares

Pela posição e forma da boca, sabe-se a preferência alimentar do peixe. Dentro da boca estão asbrânquias, que têm a mesma função do nosso pulmão, ou seja, realizar a respiração.

Dentro das brânquias existem estruturas chamadas rastros branquiais que, em algumas espécies,

funcionam como rastelos que prendem o plâncton ou alimentos farelados, para que eles nãoescapem.

Existem várias categorias de peixes em relação ao seu hábito alimentar. São elas:

a) Carnívoros: possuem boca ampla, que geralmente se abre para frente; às vezes, com dentesfortes para capturar a presa. Suas brânquias possuem rastros branquiais não adaptados para afiltração de alimentos quando adultos.. Ex:. dourado, piranha.

b) Herbívoros: são aqueles que se alimentam de vegetais e que se dividem em várias categorias.Sua característica principal é o fato de apresentarem o sistema digestivo longo ou por terestruturas que possibilitam triturar os alimentos no trato digestivo, já que não possuem a

capacidade de mastigar os alimentos na boca. A carpa capim é o exemplo de um peixe que sealimenta da vegetação aquática e de gramíneas que se desenvolvem na beira do tanque.

c) Frugívoros: são peixes herbívoros que se alimentam, preferencialmente, de frutas.Geralmente, a boca é provida de dentes fortes para quebrar os alimentos com cascas duras epode abrir-se para cima (pacu), para frente (piraputanga) ou para baixo (piauaçu).

d) Filtradores: os peixes filtradores apresentam rastros branquiais bem desenvolvidos. Um grupose alimenta de fitoplânctons (vegetais microscópicos) e o outro, de zooplânctons (bactérias,protozoários, assim como larvas de insetos, crustáceos e peixes). Esses microorganismosfazem parte da alimentação natural do viveiro. Peixes como a carpa cabeça grande e a carpaprateada são exemplos de peixes que se alimentam destes microorganismos.

e) Raspadores: nestes peixes, a boca é ventral, ou seja, se abre bem para baixo e, por isso, épraticamente impossível apanhar alguma coisa que não esteja no fundo. Possuem lábiosgrossos e dentes muito pequenos que servem para raspar. Usam os lábios para se prenderem àspedras como ventosas, os dentes para rasparem o alimento (algas, pequenos animais aderidosàs pedras) e os rastros branquiais para filtrarem o material raspado e direcioná-lo para osistema digestivo. Ex.: cascudos.

f) Iliófagos (alimenta-se de lodo): neste tipo de peixe, a boca se abre para baixo, os lábios sãomuito fortes, e os dentes, quando existem, são muito pequenos. O tipo de alimentação destes

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peixes é muito semelhante ao anterior; a diferença é que os iliófagos não raspam o fundo, massugam as substâncias nele depositadas. Possuem, ainda, vários rastros branquiais. Ex.:curimbatá e sagüiru.

g) Onívoros: este tipo de peixe alimenta-se de material vegetal e animal.

2. Alimentação

Por serem criados em ambientes aquáticos, torna-se difícil obter dados concretos sobre oaproveitamento dos alimentos pelos peixes; porém, por meio de pesquisas realizadas, foramdeterminadas as necessidades nutricionais de algumas espécies de peixes usados para a criação.

Essas exigências englobam as necessidades de níveis adequados de proteína, energia, minerais evitaminas para a sua manutenção, crescimento e reprodução.

As funções destes nutrientes são:

Proteína: é o principal componente dos músculos e tecidos, além de ser responsável pelarealização de reações químicas no corpo, como: a digestão, a produção de anticorpos etc.

Energia: utilizada para a respiração, digestão, excreção, locomoção etc., os quais sãoresponsáveis pela manutenção das atividades do corpo.

Gorduras: além de serem uma importante fonte de energia na ração balanceada, são responsáveispelas reservas energéticas dos peixes migradores.

Minerais: fazem parte da composição dos ossos, escamas, sangue, carne e auxiliam em muitasfunções orgânicas do corpo, como a respiração (Ferro) e a contração muscular (Fósforo).

Vitaminas: agem como promotores de crescimento, na prevenção de doenças e na manutençãodas funções orgânicas.

As exigências nutricionais dos peixes podem ser supridas por meio de alimentos naturais,existentes no próprio viveiro, ou artificiais, fornecidos pelo homem.

2.1. Alimentação natural

Existem milhares de seres vivos no viveiro que, muitas vezes, não podem ser vistos a olho nu,porém, contribuem diretamente ou indiretamente na produção de peixes. Estes seres vivoscompõem a cadeia alimentar dentro do viveiro, essencial para o crescimento das larvas e demuitos alevinos de peixes.

Os principais seres vivos, considerados fontes de alimentos naturais, existentes no viveiro são:

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• Fitoplânctons: são os seres vegetais. Ex.: as algas. São seres microscópicos que, quandoagregados em colônias, é possível a sua visualização a olho nu.

• Zooplânctons: são os seres animais. Ex.: os rotíferos e crustáceos. São pequenos animaisaquáticos importantíssimos para a produção de larvas e pós-larvas.

A produção destes alimentos naturais é feita pela adubação nos viveiros, realizada na fase depreparação para o povoamento e durante todo período de criação, de acordo com a necessidadeobservada no manejo diário.

Existem vários esquemas de adubação de viveiros, e sua prática é obrigatória na larvicultura ealevinagem. As recomendações para adubação são:

Adubação orgânica: utiliza-se esterco de animais ou resíduos orgânicos. É recomendada comoadubação inicial, pois, apesar de ser eficiente na produção de plâncton, reduz o oxigênio na água.

Tipo Adubação inicial Adubação de manutenção

Aves 250 g/m2 * 1,5 t/ha/mês**

Suínos 400 g/m2 2,2 t/ha/mês

Bovinos 600 g/m2 3,0 t/ha/mês

* g/m2 - gramas por metro quadrado.

** t/ha/mês - toneladas por hectares, por mês

Adubação química: utilizam-se adubos químicos, produzidos a partir de rochas moídas. Érecomendada para manter a produção do plâncton, pois não afeta diretamente a disponibilidadede oxigênio na água.

Tipo Fórmula Quantidade

Superfosfato P2O5 150 a 200 kg/ha

Sulfato de amônia NH4(SO4)2 200 a 500 kg/ha

Adubação mista: utiliza-se tanto o adubo químico como o orgânico.

Atenção: é recomendado que se faça análise do solo e da água do viveiro para que umespecialista determina as reais necessidades de adubo

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2.2. Alimentação artificial

Vários são os alimentos disponíveis na propriedade que podem ser utilizados na alimentação dospeixes.

É necessário conhecer o tipo de alimento a ser oferecido, bem como os teores nutricionais que ocompõem. Com este conhecimento, pode-se estabelecer as quantidades de alimento a seroferecido à criação, de acordo com o manejo adotado pela propriedade.

Os alimentos podem ser de origem animal ou vegetal. Quando estes alimentos são misturados emquantidades predeterminadas, fornecendo todos os nutrientes exigidos pelo animal para o seudesenvolvimento, com o menor custo, chamamos de ração comercial balanceada.

Alimentos de origem animal são aqueles elaborados a partir de substâncias encontradas emoutros animais e no próprio peixe, tais como:

• Farinha de peixe: excelente em proteínas, porém, tem alto custo.

• Farinha de carne: apresenta bom nível de proteína quando não é misturada com ossos .

• Farinha de sangue: apresenta baixa digestibilidade.

• Farinha de penas: apresenta baixa digestibilidade.

• Farinha de crisálidas: tem bom nível de proteína, mas imprime sabor desagradável na carnedo peixe.

ATENÇÃO! A quantidade de alimento a ser oferecida aos peixes deve ser respeitada, de acordocom as recomendações técnicas.

Os alimentos de origem vegetal são os pertencentes às sementes de grãos e oleaginosas e seussubprodutos, tais como:

• Farelo de soja: é a mais rica fonte de proteína vegetal para os peixes.

• Farelo de algodão: apesar de apresentar boa quantidade de proteína, seu uso deve serlimitado, devido ao teor de uma enzima, chamada gossipol, que é prejudicial à saúde dospeixes.

• Farelo de amendoim.

• Farelo de girassol.

• Milho: é o cereal mais utilizado para a alimentação animal, caracterizando-se pelo alto teorenergético.

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2.3. Ração comercial balanceada

As rações comerciais são feitas a partir de uma mistura de vários ingredientes (alimentos), osquais são misturados e processados, para atenderem às necessidades nutricionais dos peixes nasvárias fases de desenvolvimento. Deve-se escolher aquela que melhor se adequar ao manejoalimentar adotado.

O processamento melhora o valor nutritivo do alimento, a sua palatabilidade (aceitação) e aestabilidade da dieta na água, além de destruir substâncias tóxicas e eliminar microorganismospatogênicos.

Tipos de ração:

a) Ração farelada: é aquela em que os nutrientes que compõem a ração sofrem o processo demoagem e mistura. Este tipo de ração é utilizada durante a fase inicial de vida dos peixes,larvas e alevinos. Na fase adulta, são pouco utilizadas, pois, ao cair na água, os ingredientesse separam, perdendo-se facilmente.

b) Ração peletizada: o processo de peletização consiste na prensagem de alimentos farelados,pela compactação mecânica, transformando-os em péletes. Alguns ingredientes aglutinantes

são adicionados à mistura para aumentar a sua estabilidade na água, só que em pouco tempoa ração se dissolve e os ingredientes se separam como a ração farelada.

c) Ração extrusada: atualmente, este é o processo mais avançado na produção de rações, pois osalimentos adquirem mais digestibilidade, apresentam maior estabilidade na água e, porflutuarem, podem permitir melhor controle da quantidade oferecida, evitando desperdícios eprejuízos na qualidade da água.

d) Ração triturada: é produzida pela moagem de uma ração peletizada ou extrusada. As raçõestrituradas, a partir de uma ração extrusada, apresentam maior estabilidade na água que aspeletizadas e, portanto, as perdas de nutrientes são menores. Sua utilização é recomendada

para os alevinos e peixes filtradores.

3. Manejo alimentar

O sistema de criação é que determinará o manejo alimentar, ou seja, o tipo de alimento, aquantidade, os horários, enfim, as estratégias de alimentação para se atingir a melhorprodutividade no viveiro.

A alimentação racional dos animais domésticos tem como objetivo fornecer nutrientes, emquantidade e qualidade, capazes de assegurar o crescimento e o desenvolvimento pretendidos.

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A rentabilidade obtida por uma piscicultura, com base na alimentação natural, é muito pequena,devido à baixa produtividade e por empregar peixes de pequeno valor comercial. O uso de raçãocomercial aumenta a produtividade e possibilita a criação de peixes nobres, em um curto período,promovendo um ótimo retorno do investimento.

ATENÇÃO! As rações possuem custos elevados; por isso, devemos usá-las racionalmente,transformando o seu custo em benefícios.

É preciso avaliar bem a ração antes de adquiri-la; para isso, devemos estar atentos a váriosaspectos:

a) Preço: nem sempre a ração mais cara é a melhor ou a mais barata, a pior. Existe um padrãode preço para cada região. Devemos, sempre, estar informados com outros piscicultores sobrequanto estão pagando e onde compram. Procurem fazer as compras em grupos deaqüicultores, pois quantidades maiores fazem com que os preços diminuam.

b) Data de fabricação e prazo de validade: é de suma importância observar a data de fabricaçãoe o prazo de validade da ração, pois, caso esteja vencida, pode causar enfermidades nospeixes e/ou não apresentar o desempenho esperado.

ATENÇÃO! Respeite o prazo de validade da ração.

c) Uniformidade dos péletes: os péletes devem ter tamanho, cor e consistência uniformes,significando que foram produzidos de forma adequada; porém, se processadosincorretamente, poderão não produzir o efeito esperado.

d) Flutuabilidade: existem rações que afundam e rações que flutuam. É necessário fornecer aração, de acordo com as características alimentares dos peixes; sejam eles de superfície ou defundo ou então seremos obrigados a condicionar os animais para que assumam novoshabitos.

e) Estabilidade: é importante que os péletes não se desfaçam muito depressa, pois, dependendodo horário e da temperatura da água, os peixes podem demorar a comer. Com isso, haveráperda de ração.

f) Tamanho dos péletes: não devem exceder 20% do tamanho da boca aberta dos peixes. Assim,eles engolem com facilidade, evitando perdas. É preciso verificar, sempre, o tamanho dopeixe para fornecer a ração ideal.

g) Tipo de rações: dar preferência às rações extrusadas ou trituradas. O processo de extrusãomelhora a digestibilidade dos nutrientes e as torna flutuantes e mais estáveis na água, já àsrações prensadas, além de não modificarem as características digestivas dos alimentos, sofre

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uma elevação da temperatura durante o processo, desnaturando alguns de seus componentes.As rações podem deteriorar rapidamente se não forem armazenadas em local apropriado. Olocal de armazenamento da ração deve ser isolado de outros depósitos, ou seja, não devehaver nada guardado no mesmo local, por exemplo, medicamentos e pesticidas. Este localdeve ser seco, fresco e livre de roedores. A ração deve, ainda, estar ao abrigo da luz solardireta, sobre estrados, afastada da parede e os sacos empilhados, de maneira que possa

circular ar entre eles.3.1. Horário e local da alimentação

Os peixes devem ser alimentados em horários nos quais o teor de O2D (oxigênio dissolvido) sejasuperior a 4 mg/litro, para que haja um bom aproveitamento da ração. Em criações intensivas,com o uso de ração balanceada, modificamos os hábitos alimentares dos peixes por meio docondicionamento.

O alimento deve ser oferecido em locais de fácil acesso aos peixes e, de preferência, em volta detodo o viveiro, evitando lugares rasos (margens).

Quando estiver ventando, lance a ração a favor do vento, para não encostar muito depressa nos

barrancos e dificultar o acesso dos peixes.Pode-se utilizar o sistema de cochos ou comedouros dentro dos viveiros. Este método contribuipara observar o consumo de ração pelos peixes, bem como o seu aproveitamento. Existem váriosmodelos e formas de comedouros disponíveis, porém, você poderá idealizar o seu.

3.2. Fatores que afetam o consumo de alimentos

O apetite dos peixes varia muito; entre os fatores que nisto interferem, podemos citar:

a) Temperatura da água - quanto mais quente a água maior o apetite dos peixes, desde quedentro da faixa de conforto térmico da espécie.

b) Transparência da água - algumas espécies (bagres) preferem águas mais turvas enquantooutras (piauaçu) preferem águas mais claras, pois usam a visão para localizar e abocanhar oalimento.

c) Luminosidade - alguns peixes preferem dias nublados, ou ao amanhecer e ao entardecer parase alimentarem e outros, as horas mais claras do dia.

d) Qualidade da ração - quanto melhor for a ração, menor a quantidade exigida para satisfazerao apetite dos peixes.

e) Teor de O2D (oxigênio dissolvido) - quanto maior o teor de O2D na água, maior é o apetitedos peixes, pois estes estão mais ativos e a digestão exige maior oxigenação do sangue.

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3.3. Freqüência da alimentação

O fornecimento de ração, várias vezes ao dia, reduz os custos com a alimentação e melhora aqualidade da água. Isso ocorre pelas seguintes razões:

a) melhora a conversão alimentar* por permitir uma melhor digestão do alimento, uma vez queo trato digestivo não fica totalmente preenchido com ração;

b) reduz as perdas da ração, pois os peixes sempre estão dispostos a comer;

c) aumenta a homogeneidade do lote, pois diminui a competição;

d) melhora a qualidade da água por diminuir as perdas de ração e a quantidade de fezesproduzidas pelos peixes, passando eles a aproveitar melhor o alimento.

Alevinos e juvenis podem receber ração 4 a 8 vezes por dia, enquanto que na engorda afreqüência pode ser de 3 a 6 vezes ao dia.

ATENÇÃO! É importante que os horários de arraçoamento sejam seguidos, para que haja ocondicionamento dos peixes.

Tamanho ideal de partículas de alimento para peixes tropicais cultivados:

Tamanho do peixe(cm)

Tipo de ração Tamanho da partícula(mm)

pós-larva farelada fina 0,42 a 0,601,3 a 2,5 triturada/farelada 0,60 a 0,842,5 a 3,8 triturada 0,84 a 1,193,8 a 6,3 triturada 1,19 a 1,686,3 a 10 peletizada ou extrusada 1,68 a 2,3810 a 15 peletizada ou extrusada 2,38 a 3,36

> 15 peletizada ou extrusada > 4,75____________________________________________________________________________________________

* Conversão alimentar: é o valor medido entre a quantidade de ração oferecida e o peso final do peixe, ou seja,

dizemos que a conversão alimentar é de dois por um (2:1) quando oferecemos dois quilos de ração para cada quilo

de peso vivo ganho.

Procedimentos para determinar a quantidade de ração a ser oferecida:a) lance uma tarrafa no viveiro, colocando os peixes coletados em um balde com água. Esta

operação deverá se repetir até se obter uma amostra representativa. Caso os peixes coletadostenham tamanho e peso variados, deve-se capturar um número maior de peixes. Procurelançar a tarrafa em vários locais do viveiro;

b) após ter coletado os peixes, execute a contagem e a pesagem de cada um;

Peixe Peso (g)* Peixe Peso (g)

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1 210 8 190

2 200 9 210

3 206 10 208

4 198 11 201

5 195 12 202

6 200 13 199

7 203 14 194

* Gramas = 1 quilo é igual a 1.000 gramas

c) na seqüência, some o peso total dos peixes e divida esse valor pelo n.º de peixes pesados.Assim, você obterá o peso médio dos peixes em seu viveiro;

Peso médio = (P1+P2+P3+P4+P5+P6+P7+P8+P9+P10+P11+P12+P13+P14)Número de peixes pesados

Peso médio = 210+200+206+198+199+200+203+190+210+208+201+202+199+19414

Peso médio = 2.81614

Peso médio = 201,14 gramas

d) multiplique o valor obtido (peso médio) pelo número de peixes em seu viveiro. Dessa forma,você obterá o peso total dos peixes ou peso vivo (PV);

N.º peixes no viveiro = 2.000Peso médio = 201,14 gramas

Peso vivo = n.º de peixes x peso médioPeso vivo = 2.000 x 201,14Peso vivo = 402.280 gramas ou 402 quilos e 28 gramas

e) após determinar o peso vivo dos peixes no viveiro, deve-se verificar a quantidade de alimentoa ser oferecida, baseando-se em tabelas. Abaixo, apresentamos um exemplo do número derefeições por dia e o nível de arraçoamento diário, para peixes tropicais:

Número de refeições/dia e nível de arraçoamento diário (%PV)

Pós-larvas Alevinos Recria e Engorda

⇒ Total de peixes pesados: 14.⇒ Peso total: 2.816 gramas ou 2 quilos

e 816 gramas.

Soma do peso dospeixes

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Temperatura(°°°° C)

Refeições/dia % PV* Refeições/dia % PV Refeições/dia % PV

acima de 32 4 a 5 15 a 20 1 a 2 3 a 5 1 128 a 32 6 a 8 20 a 30 2 a 3 5 a 8 2 a 3 324 a 28 4 a 5 15 a 20 1 a 2 3 a 5 1 a 2 220 a 24 3 a 4 10 a 15 1 2 a 3 1 1

abaixo de 20 dias alternados 5% PV Dias alternados 2% PV dias alternados 1% PV

Fonte: Ono E. A. & Kubitza, F.

*PV: Peso vivo do peixe

f) em seguida, calcule a porcentagem de ração a ser jogada no viveiro, bem como o número derefeições a ser oferecida diariamente.

Conforme a tabela acima, os peixes do exemplo, com 201,14 gramas, estão em fase de recria eengorda.

ATENÇÃO! Cada espécie de peixe possui uma pesagem diferente quanto à classificação empós-larva, alevinos e recria/engorda; portanto, consulte um técnico para determinar ascaracterísticas da espécie cultivada.

Suponhamos que a temperatura da água esteja em torno de 30°C. Teremos, então, o fornecimento

de ração referente a 3% do peso vivo.

Então, teremos três refeições diárias, na seguinte proporção:

⇒ 402.280 gramas de peso vivo (PV)

402.280 gramas -------------------- 100%X gramas ----------------------- 3%100 x X = 402.280 x 3

100 x X = 1.206.840X = 1.206.840

100

X = 12.068,40 gramas ou 12,07 quilos

Esta quantidade de ração será oferecida, conforme a tabela, em três (3) refeições:aproximadamente, 4 quilos por refeição.

X = 12.068,40

3

X = 4.022,80 gramas ou, aproximadamente, quatro quilos e vinte e três gramas.

A tabela é um instrumento de referência e a observação do consumo é fundamental para aeficiência da criação. O ideal é fornecermos a ração e constatarmos o consumo em menos de 10

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minutos, caso o tempo seja superior devemos reduzir a quantidade de ração na próxima refeição.Se observarmos grandes distorções entre os valores da tabela e o consumido, provavelmenteteremos algum fator adicional interferindo no sistema. Este fator deverá ser identificado etransformado em aliado do cultivo.

VI - DESPESCA

A despesca consiste na colheita da piscicultura, ou seja, é o momento em que o produtor retira ospeixes do viveiro.

A despesca é feita, pelo menos, uma vez ao ano, quando os peixes estão no tamanho adequadopara serem comercializados.

Ela se dá, normalmente, no início do verão; época ideal para manejar os peixes e, também,povoar o viveiro, já que as desovas geralmente ocorrem nos meses mais quentes do ano.

Caso haja necessidade de se comercializar os peixes fora deste período, é importante vender toda

a produção, pois a temperatura da água encontra-se baixa, a menos de 22°C, fazendo com que aresistência dos peixes caia consideravelmente, propiciando o aparecimento de doenças quepoderão levá-los à morte.

ATENÇÃO! Evite a despesca nos meses de maio, junho, julho e agosto (meses sem a letra “R”)por serem meses de tempo frio.

1. Equipamentos e materiais utilizados.

Os equipamentos e materiais utilizados na despesca precisam estar em bom estado deconservação e desinfetados, conforme veremos a seguir.

Características/Uso dos Materiais

a) redes

A captura dos peixes é feita utilizando-se uma rede de arrasto ou arrastão. Ela é formada por umapanagem, com cordas nas partes superior e inferior. Uma das cordas possui um conjunto de bóiase a outra, pesos, geralmente de chumbo.

Para capturar alevinos de 0,1 a 0,5 grama, utilizamos malha de 0,5 cm entre os nós. Acima destepeso, podemos utilizar malhas com 2 cm entre os nós. O fio da panagem pode ser o 210-6 ou o210-8 para alevinos e o 210-12 ou o 210-24 para peixes maiores, sempre com fio soldado, pois onó provoca ferimentos na pele do peixe ou arranca suas escamas. As redes precisam ter o dobroou o triplo da largura do viveiro e de 1,5 a 2,0 metros de altura.

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Em caso de grandes populações de peixes, utiliza-se um arrastão para concentrá-los em umaparte do viveiro e outro para fazermos a retirada parcial dos peixes.

b) traves

São forquilhas de madeira ou metal, com 1,5 a 2,0 metros de altura, destinadas a prender a redecom os peixes já capturados. Essas forquilhas dão sustentação as redes enquanto que osfuncionários trabalhem com as mãos livres durante a seleção e o ensacamento dos peixes.

c) macas de transporte

Destinam-se ao transporte dos peixes entre a sua captura e o acondicionamento. A maca detransporte é feita, fixando-se dois sarrafos a um saco de ração ou tela de mosquiteiro. Assim,facilita o transporte e evita que os peixes sejam esmagados com o peso do lote.

d) balança

A balança, de fácil leitura, precisa ser apropriada para receber a maca de transporte e comportar opeso dos peixes capturados. Normalmente, é utilizada a balança de peixeiro ou a balança combase.e) caixa-d’água

Utiliza-se uma caixa-d’água plástica ou de fibra de vidro, entre 1.000 e 2.000 litros, para fazer oabate dos peixes por choque térmico.

f) caixas plásticas ou de isopor

São usadas para o transporte dos peixes abatidos. O tamanho varia de acordo com a necessidade.

g) caixas isotérmicas de transporte ou tambores

São usados para transportar peixes vivos. Contêm uma estrutura própria para oxigenar a água.

h) termômetro

A temperatura da água é medida por meio de um termômetro. O mais utilizado é o de laticínio oucom capa protetora.

i) puçás

São utilizados para captura de alevinos ou juvenis.

j) balde

O balde serve para preparar as soluções necessárias ou transportar os peixes dentro da água.

2. Tipos de despesca

Existem dois tipos de despesca: a parcial e a total.

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2.1. Despesca Parcial

É quando retiramos parte da população de peixes do viveiro.

O inconveniente desta operação é a movimentação dos trabalhadores dentro do tanque, bemcomo o arrastamento da rede, fazendo com que a sujeira do fundo do viveiro fique em suspensão,sujando a água. Além disso, os peixes se estressam, provocando a queda de resistência orgânica,tornando-os suscetíveis a doenças.Porém, utilizando um quilo de sal para cada 1.000 litros de água, após a despesca, reduzimos o

estresse dos peixes e aceleramos a cicatrização de possíveis ferimentos causados pela rede,evitando as eventuais infecções provocadas por fungos e bactérias.

A sujeira do fundo do viveiro, ao se depositar sobre as brânquias, pode provocar a asfixia dospeixes, levando-os, até, à morte, dependendo da espécie. Este problema poderá ser evitado, nãopassando o arrastão mais de três vezes por dia e observando se os peixes estão subindo àsuperfície para respirar.

Se a quantidade de peixes capturada for inferior à desejada, deve-se continuar a operação no diaseguinte.

Após a despesca, aumenta-se o volume de água que entra no viveiro, para melhorar a sua

qualidade.2.2. Despesca Total

A despesca total consiste na retirada de todos os peixes do viveiro. Ela ocorre em duas situações:

a) quando há necessidade de reparo no viveiro;

b) na comercialização.

Inicialmente, procede-se como a despesca parcial, isto é, passando o arrastão até três vezes nomesmo dia, para extrair o máximo de peixes. Posteriormente, faz-se o esvaziamento total dospeixes do viveiro, para a retirada dos que sobraram.

ATENÇÃO! Toda despesca merece muito cuidado e rapidez, pois disso depende a sobrevivênciae a boa conservação dos peixes.

3. Etapas da despesca

A despesca é dividida em três etapas, que veremos a seguir:

a) manejo anterior (pré-captura) ;

b) a despesca propriamente dita;

c) manejo posterior (pós-captura).

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3.1. Manejo Anterior (Pré-Captura)

Existem algumas práticas de manejo que antecedem a despesca, como:

3.1.1. Determinação do padrão dos peixes do viveiro

Para comercializar os peixes, é necessário determinar o peso e o comprimento médio dosanimais, assim como ter uma estimativa de sua população no viveiro. No caso de policultivo(diferentes espécies no mesmo viveiro), os procedimentos são os mesmos.

Com estas informações, estipula-se o número de funcionários para executar as operações,calcula-se o equipamento necessário para a captura e o transporte do pescado e, principalmente,estima-se a quantidade de produto a ser comercializado.

A determinação do padrão do pescado é idêntica à triagem estabelecida para o arraçoamento dospeixes.

3.1.2. Desinfecção dos materiais

Todos os equipamentos e materiais utilizados na despesca são desinfetados para evitar acontaminação do pescado.

Desinfetar redes, puçás, prato da balança e termômetro, da seguinte forma:

a) prepare a solução desinfetante em um balde, caixa-d’água ou tambor, utilizando um (1) quilode sal para cada dez (10) litros de água. Por exemplo: em um tambor com capacidade decinqüenta (50) litros, coloca-se a mesma medida de água (50 litros) e cinco (5) quilos de sal;

b) mergulhe esses materiais nessa solução por trinta (30) minutos.

Desinfete o restante dos materiais com um pano limpo umedecido na solução.

No caso de se utilizar tambor, lave-o de forma a não ficar nenhum resíduo.

ATENÇÃO! Faça esta operação pouco antes da hora da despesca, pois, o sal corrói os utensílios.

ALERTA ECOLÓGICO: Tambores que foram utilizados com produtos agrotóxicos ecombustíveis não poderão ser reaproveitados.

3.1.3. Funcionários

Os funcionários devem ser avisados da despesca com dois dias de antecedência, no mínimo, paraque eles possam se preparar.

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No dia da captura, todos deverão estar em boas condições de saúde e munidos de tênis, luvas,camisetas de manga longa, calção e boné.

PRECAUÇÃO: O trabalho em viveiros ou em locais inundados intensifica os efeitos solares,podendo aumentar a probabilidade de câncer de pele.

PRECAUÇÃO: Os funcionários devem ser vacinados, periodicamente, contra o tétano e a gripe;para tanto, procure o posto de saúde de seu município.

A operação de captura deve ser lenta, mas o transporte do pescado, a pesagem e oacondicionamento devem ser rápidos, sendo necessária uma equipe com experiência e emnúmero suficiente para realizar todas as operações, sem perda de tempo.

Os trabalhos poderão ser divididos da seguinte forma:

a) três ou mais pessoas para passar a rede;

b) uma ou mais pessoas para fazer o transporte dos peixes até a balança;

c) uma pessoa para fazer a pesagem;

d) uma pessoa para receber os peixes no caminhão, no caso de peixe vivo, ou duas paradistribuir o gelo entre o pescado, no caso de peixe abatido.

ATENÇÃO! Evite programar outras atividades para o mesmo dia, com os mesmos funcionários.

O número de pessoas dependerá do tamanho e/ou quantidade de viveiros e do número de peixes aserem retirados.

3.1.4. Alimentação

A alimentação dos peixes deve ser suspensa de um a dois dias antes de se fazer a despesca, pois osistema digestivo cheio de alimentos causa as seguintes conseqüências:

Para peixes vivos:

a) falta de oxigênio no viveiro e no tanque de transporte, devido ao sistema digestivo dos peixesestar em funcionamento;

b) aumento da contaminação por fezes, provocada pela defecação dos peixes;

c) aumento da concentração de amônia e de gás carbônico;

d) aumento do estresse, causado pelo metabolismo.

Para peixes abatidos:

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Contaminação da carcaça visto que, com o estômago cheio, são mais propensos a estourar.

Para despesca parcial:

Contaminação da água pela ocorrência de muita movimentação, levantando sujeiras; além disso,os peixes ficam estressados e a necessidade de oxigênio aumenta.

3.1.5. Água

Na véspera da despesca, abra a saída de água do viveiro (um pouco mais que o habitual), semfechar a entrada, de maneira que o nível abaixe, mas não esvazie o viveiro completamente. Dessaforma, a sujeira estará sendo removida, deixando a água e o fundo do viveiro mais limpo.

3.1.6. Confirmação da comercialização do pescado

Antes de se iniciar a despesca, o piscicultor deve confirmar com o comprador o dia e o horário daentrega do produto.

3.2. Despesca Propriamente Dita

A despesca deve se iniciar pela manhã, pelas seguintes razões:

a) a temperatura em elevação provoca o aquecimento da água do tanque, diminuindo aoxigenação;

b) caso haja algum problema inesperado, como, por exemplo, a quebra do caminhão, há temposuficiente para tentar solucioná-lo, antes do anoitecer.

Procedimentos que antecedem o arrasto:

a) confira os equipamentos, verificando se estão em ordem (sem defeitos) e na quantidadedesejada para a operação, determinando o local onde será feita a retirada da rede;

b) determine o local onde será feita a despesca;

c) fixe e regule a balança para a pesagem do pescado;

d) distribua as tarefas entre os funcionários, determinando a equipe que ficará na rede, notransporte dos peixes até a balança, na conferência e no registro dos pesos e quemacondicionará o pescado para a comercialização.

e) verifique as condições do viveiro, como:

• temperatura entre 20 e 25ºC para peixes de clima temperado e entre 22º e 26ºC para peixes declima tropical;

• se há uma grande quantidade de partículas em suspensão na água que podem prejudicar arespiração dos peixes;

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• se a profundidade máxima está em torno de 1 metro;

• se os peixes não apresentam alteração no comportamento.

ATENÇÃO! Caso o viveiro ou os peixes não apresentarem as condições supracitadas, adie adespesca.

Procedimentos de arrasto:

a) um trabalhador entra no viveiro pela parte mais rasa e central, puxando a rede pela corda combóias, até atingir o lado oposto. Em seguida, um outro trabalhador também entra paraexecutar a mesma tarefa, só que vai em direção oposta ao primeiro, isto é, um segue para olado direito e o outro para o lado esquerdo;

b) inicia-se o arrasto, com um trabalhador de cada lado da rede, puxando a corda com bóiaspelas mãos e a corda com chumbada pelos pés, de maneira que a rede fique entre otrabalhador e a lateral do viveiro. Com isso, impede-se a fuga dos peixes por baixo da rede epelas laterais;

c) dependendo do comprimento da rede, um ou mais trabalhadores ficam a cada cinco (5) ou

dez (10) metros ao longo da rede, a fim de desprendê-la de qualquer enrosco que apareça,como também livrá-la do lodo acumulado na malha. Para isso, o trabalhador levanta a suaparte mais funda, soltando o enrosco ou o lodo, sem permitir a fuga dos peixes;

d) a rede deve ser passada na forma de meia-lua, numa velocidade que não afunde as bóias;

e) à medida que os trabalhadores, nas extremidades da rede, atingirem o local da retirada dopescado, deverão ficar mais próximos uns dos outros, formando, com a rede, um “U”;

f) quando se captura muito peixe com o arrasto, mantemos a rede dentro da água, estaqueando-acom traves, formando um cercado. Com uma rede menor, retiramos os peixes em pequenoslotes, seguindo a mesma seqüência descrita anteriormente;

g) a retirada da rede é feita aproximando-se a corda com chumbada do barranco e juntando-acom a corda com bóias, “ensacando” os peixes;

h) erguendo as extremidades da rede, concentramos o pescado em três (3) a quatro (4) metros derede e fixamos a parte do ensaque com duas (2) traves;

i) os trabalhadores que puxaram a rede vão separando os peixes por tamanho e/ou por espécie,de acordo com a exigência do comprador, colocando-os nas macas de transporte. No caso dealevinos e juvenis, poderemos utilizar puçás para retirá-los;

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j) outro trabalhador leva a maca com o pescado até a balança, onde serão registrados o tipo e opeso do lote. Alevinos e juvenis poderão ser transportados em baldes com água;

k) conforme a distância e o volume de pescado capturado, o mesmo trabalhador que opera abalança poderá acondicionar o pescado.

Acondicionamento do pescado

Após a captura, devemos acondicionar o pescado para a sua comercialização, podendo ser depeixes vivos ou abatidos.

Acondicionamento de peixes vivos:

Para a venda de peixes vivos são necessárias caixas isotérmicas de transporte ou tambores, poispermitem a entrada de ar, mantendo o peixe vivo durante o transporte.

A caixa de transporte já deverá estar abastecida com água limpa, temperatura e pH semelhantesao do viveiro e com o sistema de aeração ligado. Para melhorar a eficiência do transporte,utilizam-se:

a) barras de gelo, para manter a água com temperatura mais baixa durante o transporte;

b) 40 a 80 g de benzocaína para cada 1.000 litros de água, a fim de tranqüilizar os peixes;

c) 1 a 3 kg de sal para cada 1.000 litros de água, para reduzir o estresse;

d) cálcio na água, na forma de gesso (150 g/m3) ou cloreto de cálcio (120 g/m3), paracontrabalançar as perdas de sais do organismo dos peixes;

e) adicionar agentes profiláticos, como: permanganato, sulfato de cobre ou outros produtos queeliminam bactérias, fungos e ectoparasitas.

ATENÇÃO! O uso de agentes profiláticos deve ser acompanhado por um especialista.

PRECAUÇÃO: O aumento da temperatura durante o transporte pode levar os peixes à morte.Oxigênio em excesso pode causar danos aos peixes.

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Transporte dos peixes vivos

Recomendações para transportar os peixes do viveiro, conforme tabela abaixo.Espécie Peso mínimo Temperatura

crítica demanuseio

Resistência Densidade(kg por cada1.000 litros)

Cuidados no transporte

Carpa comum > 0, 5 kg > 25°C boa emtemperatura

baixa

200 < 22°C

Carpa cabeça grande > 1,5 kg > 25°C boa entre 19 e25°C

200 trocar a água emviagens longas

Carpa capim > 1,0 kg > 25°C razoável 150 razoável

Carpa prateada > 1,5 kg > 25°C boa entre 19 e25°C

150 trocar a água emviagens longas

Pacu > 1,0 kg < 20°C boa entre 22 a28°C

180 entre 22 a 25ºC

Tambaqui > 1,0 kg < 23°C regular 180 entre 22 a 25ºC

Tambacu > 1,0 kg < 20° entre 22/28°C 180 entre 22 a 25ºCCurimbatá > 0,8 kg < 20°C boa 150 entre 22 a 25ºC

Piauçu > 0,6 kg < 20°C boa 150 entre 22 a 25ºC

Tilápia > 0,4 kg < 19°C boa 200 > 19°C

Piraputanga > 0,6 kg < 20°C boa 150 entre 22 a 25ºC

Matrinxã > 0,6 kg < 22°C boa 150 entre 22 a 25ºC

Cat-fish americano > 0,5 kg > 25°C boa 200 < 25°C

Acondicionamento de peixes abatidos

Os peixes abatidos devem ser colocados em caixas plásticas com gelo, para evitar adecomposição.

Os peixes que serão abatidos devem ser submetidos a um jato de água clorada (10 PPM), para aretirada de sujeiras da pele e das brânquias e, depois, colocados em uma caixa-d’água com 10quilos de gelo e 0,5 quilo de sal para cada 100 litros de água. Após alguns minutos, ocorre amorte dos peixes por choque térmico.

Esse procedimento evita a morte sem estresse, reduzindo a contaminação da carne pela pele ebrânquias, melhorando a sua conservação. Neste processo, o peixe concentra o sangue nos

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grandes vasos sangüíneos e no coração, o que melhora o aspecto do filé ou das postas e evita ogosto desagradável de sangue na carne.

Acondiciona-se o pescado em caixas plásticas ou de isopor, intercalando camadas de gelo moído.Deve-se utilizar um (1) quilo de gelo para cada quilo de peixe, garantindo, assim, a suaconservação.

3.3. Manejo Posterior (Pós-Captura)

Ao terminar a despesca, lave todos os equipamentos utilizados, armazenando-os em local seguroe bem ventilado. Se precisar, faça a sua manutenção, a fim de tê-los preparados para a próximadespesca.

No caso de despesca parcial, deve-se completar o viveiro com água, corrigir o pH com calcário,se necessário, e voltar a alimentar os animais, adequando o arraçoamento para a nova densidade.

No caso da despesca total, o viveiro deverá passar por um processo de preparo, ou seja, limpeza,reparo, calagem, adubação e enchimento, de acordo com as informações das cartilhas referentes aestes assuntos.

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VII - BIBLIOGRAFIA

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