Cartilha do patrimônio cultural de piracicaba referência de ação patrimonial no território...

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Mirza Pellicciotta Doutora em História Cultural (Unicamp) e coordenadora do Departamento de Turismo da Prefeitura Municipal de Campinas Cartilha do Patrimônio Cultural de Piracicaba : referência de ação patrimonial no território paulista e brasileiro

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Reflexão de conceitos patrimoniais a partir da ação do IPPLAP Piracicaba e de sua cartilha de preservação patrimonial

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Mirza Pellicciotta Doutora em História Cultural (Unicamp) e coordenadora do Departamento de Turismo da Prefeitura Municipal de Campinas

Cartilha do Patrimônio Cultural de Piracicaba : referência de ação patrimonial no território paulista e brasileiro

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Qualidade de vida

identidade

Desenvolvimento sustentável

Propósitos e desafios de toda e qualquer sociedade... questões, no entanto, que se tornam essenciais quando os processos de desenvolvimento se aceleram

Sentidos de preservação

Bens edificados

Bens culturais

Paisagem Saberes e Fazeres

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As projeções de futuro necessitam se somar a um maior entendimento do passado porque corremos o risco de que nossos agentes não se reconheçam mais em meio a tantos redesenhos produtivos, e também porque um olhar sobre o passado implica em reconhecer passos, em identificar esforços e em reconhecer as superações que se fizeram necessárias para se alcançar tais níveis de desenvolvimento

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Precisamos perceber de maneira mais profunda o engendramento de um "mundo paulista" que se acha contido no território que deu lugar aos nossos municípios e regiões; um "mundo paulista" que tornou possível a nossa própria constituição. E para tanto, torna-se essencial reconhecer a existência de processos que no curso do tempo fizeram nascer áreas especializadas, redes produtivas, núcleos rurais e urbanos... processos que em vários aspectos e sentidos permaneceram vivos no prolongamento de funções e atribuições especializadas de caráter centenário.

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As lavouras paulistas de cana de açúcar começaram a surgir nas últimas décadas do século XVIII na porção sul da Capitania, no chamado “quadrilátero do açúcar” (entre os atuais municípios de Piracicaba, Mogi Guaçu, Campinas e Itu). data deste período a abertura e instalação de grandes propriedades monocultistas, a introdução do trabalho escravo africano, a transformação dos sistemas viários, o desenvolvimento do comércio internacional, uma série de inovações tecnológicas, além de uma profunda transformação ambiental.

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Casa do Padre Ignácio/Cotia

Numa escala ainda mais recuada, as atividades de abastecimento e de pecuária (dimensões fundantes do mundo paulista desde os primeiros séculos de formação) também fizeram nascer e sobreviver atividades, áreas e redes especializadas. As atividades de abastecimento, em especial, foram responsáveis pela fixação dos colonizadores no território paulista ainda no século XVI e se traduziram no cultivo e comercialização de gêneros procedentes das culturas indígenas e européia para uma população que pouco a pouco se espraiava pelos sertões.

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No século XVIII, com a descoberta do ouro nos atuais estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, a produção de gêneros se faria intensificada, transformando-se o território paulista numa zona de abastecimento da região das minas. A região da atual Piracicaba integrava um território de papel central nestas atividades, fornecendo gêneros através de caminhos fluviais e terrestres, entre eles, a Estada para a Vila da Constituição, o Picadão de Cuiabá, a Estrada dos Goiases. Com o passar do tempo, ainda, a chegada de novas populações promoveu uma grande diversificação de gêneros sem no entanto alterar as antigas dinâmicas de comércio, mas sim amplia-las.

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A pecuária, em meio a tudo isso, ganhou forma no curso do século XVIII e contou desde suas origens com a fixação de outras populações (em particular, de mineiros); esta atividade foi promotora não apenas de força motriz e alimentos, mas de um sistema viário que transformou de maneira profunda a dinâmica interna e externa deste território, podendo-se atribuir as origem da logística contemporânea ao papel de entrocamento viário que no século XVIII passou a ser desempenhado pelas picadas e estradas de tropas e carroças, substituídas no final do século XIX pelas redes ferroviárias.

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No âmbito da produção agrícola, a chamada “economia cafeeira” que entrou em cena substituindo os canaviais, promoveu a partir de meados do século XIX um novo conjunto de transformações, entre eles a transformação do trabalho escravo para o trabalho livre; a intensificação da agricultura para exportação; a expansão do comércio internacional; a substituição acelerada da cobertura vegetal pela produção de café (e cultivo diversificado de gêneros); a entrada massiva de grupos populacionais procedentes das mais variadas regiões do Brasil e do mundo (cerca de 70 grupos étnicos); a intensificação da urbanização; a complexificação dos sistemas de escoamento (estradas tropeiras, linhas férreas, estradas de rodagem, aviação); a complexificação e divesificação do uso de tecnologias na produção. A economia cafeeira, neste caso, seria responsável pela complexificação, integração e mercantilização de uma grande variedade de atividades rurais e urbanas, redesenhando não apenas o território da atual RMC, mas todo o território paulista.

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A ausência de um entendimento mais detalhado destes processos nos dificulta compreender as trajetórias singulares de desenvolvimento tecnológico e inovação presentes no curso do tempo, oi ainda, o desempenho de papéis e funções de tempos imemoriais – que muitas vezes, por se fazerem desconhecidas das populações contemporâneas, impõem dificuldades para a projeção do futuro. Este limite de entendimento nos leva também a refletir sobre as razões do desinteresse e descuido com que muitos municípios tratam de seu patrimônio histórico. Desvendar nossa paisagem cultural: eis aqui uma tarefa que nos próximos anos poderá nos ajudar a potencializar ainda mais os nossos caminhos de desenvolvimento.

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Sentidos de patrimônio

valorar os testemunhos (cultura, história, ambiente, arquitetura,

arqueologia, turismo, afetividade)

registrar, reconhecer, manter

respeitar a propriedade

“escolher” coletivamente

Conselho municipal

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Sentidos de gestão da preservação e do patrimônio

sociedade tombamento

Projetos de desenvolvimento Desafios de

sustentabilidade

Propósitos de coletividade

Conselho municipal

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“Toda a cidade tem uma história (...) Ela está presente na cultura de seu povo, nos ciclos de seu desenvolvimento econômico e social, nas obras ilustres, e também nas edificações, memória visível da evolução urbana. Selecionar na cidade e em seu entorno exemplares de arte, arquitetura, ou ainda conservar as paisagens naturais constituem ações significativas para a integração desses elementos à história. Assim, eles podem cumprir a função social, contando o que aconteceu no desenvolvimento humano em cada época”

“A escolha e a manutenção de determinados valores através das edificações e obras de arte, principalmente quando feitas de uma maneira clara, com participação de segmentos da comunidade (...) podem contribuir para o desenvolvimento de uma cidade”

“É meta do IPPLAP incentivar modos de atuação junto à comunidade, promovendo ações que estimulem o cidadão comum a identificar os bens de patrimônio, resgatando com isso parte da história da coletividade. Estas ações podem gerar uma relação positiva de compartilhar-se as responsabilidades entre o cidadão e o Pode Público no lugar onde se vive, elevado o civismo e a valorização da história da cidade”

Obra do/pelo bem comum

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Parabéns Piracicaba!

Mirza Pellicciotta [email protected]